Agressao Documentario 1943

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-Z>ocumgnTRRio DOS FOTOS

QUE LEVRRflfT) O BRRSIL q' GUERRR


DOCUMENTÁRIO DOS
FATOS QUE LEVARAM
O BRASIL À GUERRA

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I M P R E N S A N A C I O N A L
J A N E I R O — 1 9 - 4 3
A AGRESSÃO À NOSSA SOBERANIA

Aos 18 de agosto, a estação transmissora do Departamento de


Imprensa e Propaganda irradiou para todo o país, e os jornais publi-
caram, os três seguintes comunicados :
"Pela primeira vez, embarcações brasileiras, servindo ao trá-
fego das nossas costas no transporte de passageiros e cargas de um
Estado para outro, sofreram o ataque dos submarinos do Eixo. Nes-
tes três últimos dias, entre Baía e Sergipe, foram afundados os va-
pores Baependí e Aníbal Benévolo, do Loide Brasileiro, e Araraquara
do Loide Nacional S.A. O inominável atentado contra indefesas
unidades da marinha mercante de um país pacífico, cuja vida se
desenrola à margem e distante do teatro da guerra, foi praticado
com desconhecimento dos mais elementares princípios de Direito e
de humanidade. Nosso país, dentro de sua tradição, não se atemoriza
diante de tais brutalidades ; e o Governo examina quais as medidas
a tomar em face do ocorrido. Deve o povo manter-se calmo e con-
fiante, na certeza de que não ficarão impunes os crimes praticados
contra a vida e os bens dos brasileiros".
''Em complemento à nota distribuída pelo Governo, cabe ajun-
tar que mais dois vapores brasileiros, o Ita&iba e o Arará, vêem de
ser também torpedeados por submarinos do Eixo, à altura do lito-
ral da Baía.
Cumpre, ainda, esclarecer que, a bordo do Baependí, seguia para
o Nordeste parte de uma unidade do Exército, com reduzido efetivo
em praças, das quais apenas algumas poucas eram reservistas convo-
cados, não tendo, portanto, fundamento as notícias propagadas sobre
elevadas perdas militares a lamentar".

"Teem chegado de vários pontos do litoral da Baía e de Sergipe


noticias telegráficas de que diversas baleeiras vêem aportando a pe-
quenas localidades da costa, havendo sido já grande o número de
náufragos dos navios, de cujo torpedeamento acabamos de dar notí-
cia, que foram salvos, esperando-se que ainda mais outros possam
ser recolhidos no decurso desta noite e dos próximos dias".
OS NAVIOS TORPEDEADOS

OS COMANDANTES DOS NAVIOS TORPEDEADOS


RJ EDEADOS

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OS COMANDANTES DOS NAVIOS
TORPEDEADOS

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Capitão João Soares da Silva, comandante do Baependi


1 1 - i i r ii|ur Miisrart-nhas da Silveira, comandante do Aníbal Lauro Augusto Teixeira de Freitas, comandante do Araraquara
Benévolo
João Ricardo Nunes, comandante do
op 'satuor)
COMO OCORRERAM OS CINCO TORPEDEAMENTOS

O ataque aos cinco navios mercantes bra- depoimento, duas vezes alude o comandante
sileiros revestiu-se das mais evidentes carac- daquela unidade do Loide Brasileiro e que
terísticas de um ato de guerra. Tendo afun- não é para ser esquecido. A 14 de agosto,
dado 13 barcos brasileiros em zonas distan- estando marcada, na Baía, entrada e saída
tes, desta vez, os submarinos do Eixo afron- de navios para esse dia e para o dia seguinte,
taram-nos em nossas águas territoriais, dentro sem que se possa precisar a causa — diz o
dos limites que, quando os países americanos comandante do Aníbal Benévolo —, desar-
resolveram estabelecer a linha de 300 milhas, ranjou-se o encanamento dégua destinado a
a Alemanha reconheceu, proclamando como abastecer a navegação. O acidente não foi
legítimos. de pouca monta, porquanto demandou muito
A viagem dos nossos navios torpedeados tempo para o conserto dos canos, retendo,
em agosto realizava-se obedecendo, rigorosa- porisso, todos os vapores ancorados no porto
mente, a instruções baixadas pelo Estado de Salvador e atrazando-lhes as partidas, que
Maior da Marinha, nas quais se reconmen- só puderam ser feitas na manhã de 15, com
dava navegar bem próximo da costa e, à pequenos intervalos, como aconteceu com o
ncite. com as luzes dos camarotes e salões Araraquxra, o Baependí e o Aníbal Benévolo.
apagadas, conservado aceso, apenas, o que "Friso desconhecer até hoje — declara o
os marítimos chamam "faróis de navegação". comandante do último navio — a causa que
Prova disto é o tempo, relativamente, curto motivou a impossibilidade de nos abastecer-
era que os náufragos salvos lograram alcan- mos dágua e zarpamos na hora devida".
çar terra. Os do Baependí, tendo começado Uma questão há-de ser suscitada no caso
a lutar com as ondas às 8 horas da noite, do afundamento dos cinco barcos brasileiros:
aicancaram a costa ao clarear do dia- O Aní- sendo torpedeados três deles entre Baía e
bal Benévolo achava-se a sete milhas da Alagoas e os dois outros entre Baía e Espí-
costa, e o Itagiba e o Arará podiam distin- rito Santo, os primeiros na noite de 15 para
guir praia. 16 e os dois outros, um às 10,50, o segundo à
E' voz corrente que súditos do Eixo resi- 1,10, de 17, coube a ação a um só submarino
dentes no Brasil auxiliam os submarinos ata- ou mais de um ? Isso, porem, pouco afeta à
cantes, avisando-os da partida e do destino consideração moral do ataque, agravado pelo
dói navios, com informes relativos à qua- desrespeito às praxes internacionais, pois so-
lidade e quantidade das cargas; e tem sido mente de relações diplomáticas rompidas nos
ccnstante a apreensão, no Rio e nos Estados, encontrávamos com os países do Eixo, cujos
eni poder delss. de excelentes aparelhos trans- súditos, mesmo sob as naturais restrições da
ei is^res. situação nova que os próprios agressores ha-
O r c ~.a T.C ar: e do Arjfca/ Benévolo é de viam criado afundando 13 barcos mercantes
cpinisD que. r.a caso dos r.avios brasileiros brasileiros, eram por nós tratados benigna-
sacrificados em r.osso próprio mar. houve mente. Neste particular, a confissão de vário»
essa traiçoeira colaboração. deles comprova o que aqui se evoca.
O afundamento dos nossos cinco barcos A partida dos navios saídos da Baía veri-
está, ainda, ligado a um fato a que, em seu ficou-se na seguinte ordem: o Baependí, ai
7; o Araraquara, ás II; o Aníbal Benévolo, cima do outro, escaparam os navios que nave-
às 12; todos no dia 15. O Itagiba, zarpando, gavam ao sul da Baía, por isto ser dispensá-
também a IS, de Vitória, vem defrontar-se vel . Agredidos de dia, o submarino julgou
com o Arará, que largou da Baía a 17, rumo uficiente um só tiro no Itagiba e o mesmo con-
a Santos, sendo ambos torpedeados com a cebeu no tocante ao Arará. Se foram dois
diferença de poucas horas, em condições que e não um os atacantes, dir-se-ia que, pou-
fazem crer haja o submarino aíacante afun- pando munição, o do Sul quis gozar as mi-
dado o primeiro e esperado o outro. núcias da luta dos náufragos com as ondas,
O serem praticados os afundamentos por a par da descida dos doía barcos ao fundo do
um ou mais de um submarinos não invalida mar. Autoriza a assim pensar o caso do
a convicção, assinalada pelo comandante do afundamento antarior de navio nosso, no qual
Aníbal Benévolo, de haver o ataque obede- tripulantes do vaso agressor assistiram rindo à
cido a aviso enviado de terra, como leva a não angústia dos brasileiros procurando salvamen-
se por inteiramente de parte a referência ao to. E' verdade que o Araraquara, torpedeado à
desarranjo do encanamento cãgua desti- noite, demorou cinco minutos a afundar. Mas
nada à navegação, que ajuntou, no porto da o Itagiba, afundado de dia, desapareceu em
Baía, quatro dos cinco navios, retardando a dez. Haver um torpedo único despedaçado o
partida ás três. Devido a esse retardamento Arará, apressou-lhe o afundamento com os
e à saída dos três çue seguiram para o Norte socorridos do Itagiba. Como o Araraquara, os
na manhã de 15, logrou o agressor torpedeá- dois outros da noite foram a pique rapida-
los na mesma noite (o Baspsndí às 19 horas, mente: o Aníbal Benévolo em dois minutos, o
o Araraquaza às 21, de 15, e o Aníbal Be- Baependí em um.
névolo, às 4,15 da madrugada de 16) e apro- Os ataques noturnos foram feitos em um
veitar a conjunção do ííagiba e do Arará mar agitado e em inteira escuridão. No Bae-
navegando com destinos contrários. Seria ne- penÓí, os passageiros acabavam de jantar
cessária a mais ingénua boa vontade e, mes- quando a embarcação recebeu o primeiro tor-
mo, parcialidade, para, em tal acordo de pedo. O chefe das- máquinas desta unidade
coincidências, negligenciar a suposição de mo- refere que entre ele e o outro mediaram uns
vimentos combinados do agressor com infor- cinco segundos. São ouvidos dois fortíssimos
mes de terra precisos, favorecendo-lhes os estrondos. Arrebentam os tanques de com-
intuitos. bustível, e as labaredas sobem logo, quase,
Os navios brasileiros afundados pelo Eixo ao topo do mastro. Ao primeiro estampido,
próximo das nossas praias conduziam 837 o segundo comissário com o segundo maqui-
pessoas: o Ânibsl Benévolo 154 (71 tripu- nista e um passageiro tentaram arriar uma
lantes e 83 passageiros); o Arará 35 (todos da baleeira. Esforço inútil, porque o outro tor-
equipagem); o Araraquara 146 (73 tripulan- pedo completava a brutalidade do crime.
tes e 73 passageiros) ; o Baependí 323 (73 Ver-se-á, pelos resultados imediatos dos
tripulantes e 250 passageiros; o ííagiba 179 novos ataques, que as providências para pro-
(60 tripulantes e 119 passageiros). Também teção dos passageiros e tripulantes de pou-
não teve em conta o agressor a carga que quíssimo valeram. O comandante do Ara-
transportavam os nossos cinco barcos, com- raquara ordenou fossem postos os coletes de
posta de remessas do comércio interno bra- salvamento e se corresse as baleeiras. O pri-
sileiro, representando Cr$ 30.155.597,20 meiro torpedo penetrara entre o porão 3 e
(Arará, Cr$ 135.745,00; Itagiba, a casa das máquinas, dando-se, minuto e meio
Cr$ 7.402.828,10; Araraquara, após, a outra explosão. Corre para uma ba-
Cr$ 9.454.297,60, Baependí, leeira o primeiro piloto. Estava inutilizada:
Cr$ 11.454.763,90 & Aníbal Benévolo, sobre ela cairá a tolda do botequim, e ne-
CrS 1.707.962,20). nhuma outra poude ser retirada dos picadei-
Os torpedeamentos foram desfechadoi com ros, devido à inclinação do navio, que ader-
d esh uma n i da de igual ao desprezo peio Direito nava e afundava desde o primeiro choque,
dos Gentes. De receber dois torpedos, um era lato se pas&ava z^ax trevas, com forte mar a
— 19 —

Grita-se para que os passageiros virá-la. Os homens atiram-se ao mar. Depõe


tosquem salvar-se de qualquer modo. O Um dos tripulantes dessa baleeira — o ime-
navio tomava a posição horizontal: quem diato do navio — ter sido puxado pela sucção
pc\:de jcgou-se às ondas. das águas para grande profundidade. Só de-
No ataque ao Aníbal Benévolo, o imediato, pois de muito se debater torna ele à tona.
percebendo que o barco afundava, põe a fun- E não voltaram todos à baleeira. Os que obti-
cionar a sereia de alarma, enquanto o co- veram meio de se manter à superfície dão
mandante tenta colocar fora da borda uma com um hiate — o Aragipe, que presenciara
tias baleeiras salva-vidas. O navio afunda lan- o naufrágio. O hiate aguarda as demais em-
barcações de salvamento e acolhe quantoa
çando nágua, somente, o comandante; visto
nelas vinham. E' quando se nota a aproxi-
que o imediato, indo à casa do leme para
mação do Arará, navegando para prestar so-
fazer funcionar a sereia, não mai* regressou.
corro às vítimas. Sem com ele poder comu-
Morrer dentro do navio constituiu a sorte
nicar-se, o Aragipe, trazendo 150 pessoas,
da totalidade dos passageiros, que, àquela
avançava para terra, temendo ataque do sub-
hora. 4.05 da madruçada, estavam em seus
marino. Para o /Irará. O seu comandante faz
camarotes, como os tripulantes fora do ser-
viço, nos alojamentos. Nem houve meio de arriar duas baleeiras, cada uma com cinco
ser utilizado o sparelho telegráfico. Conta o homens, afim de apanharem os náufragos a
comandante ter tudo decorrido tão depressa, bordo do hiate, e que suplicavam auxílio.
que não deu tempo, sequer, para pânico. O Já estava o Arará com os 18 náufragos, divi-
ArJbaJ Benévolo perdeu-se em dois minutos. sa-se do seu bordo o torpedo contra ele man-
Pe-.?e-se no Baependí, que afundou em um. dado. O navio desmantela-se e afunda, levan-
Os afundamentos do dia 17, dando-se de do consigo os 18 náufragos do Itagiba.
dia. trouxeram, com a tragédia comum, um A agressão verifíca-se com o mais nítido
fato, até então, inédito: o ataque ao Arará carater de ato de guerra e afronta à soberania
quando este acabava de recolher dezoito náu- do Brasil. Morreram, no afundamento dos
fragos do Itagiba. Este é atacado no mo- nossos cinco navios, 652 brasileiros (Bae-
r-.fr:;> em que o imediato combinava, no seu pendí, 318; Araraquara, 135; Aníbal Bené-
camarote, às 10,50, com outra pessoa, exer- volo, 144; Itagiba, 39; Arará, 21). Depoi-
cício de salvamento a realizar-se ao meio mentos e narrativas dos que se salvaram dão
dia. Recorrem os dois às baleeiras. Grande ideia do drama dos nossos 652 patrícios, entre
parte dos passageiros da terceira classe fazia o os quais se achavam mulheres e crianças,
coesão. atacados tão ostensivamente, Três deles, já
Ltvsr.do o navio dez minutos a afundar, apanhados das águas, ante as cenas a que
deu tempo a que muitos passageiros e tri- assistiam, na horrenda noite de 15 de agosto,
pulantes apanhassem as baleeiras. Mas nem enlouqueceram, atirando-se de novo ao mar,
todos se salvaram; e alguns dos que não per- com palavras emocionantes, como as do que
deram a vida conservaram-na a custa de du- mergulhou depois de perguntar por pessoas
ríssirr.os sofrimentos. Uma das baleeiras, suas queridas, Desta forma, fomos atacados
quando eram feitos esforços para a afastar à traição e sem motivo, defronte das nossas
do navio, cai em cima do convés, unindo-se praias, à vista da nossa terra tão dadivosa e
à charrjné. bastante inclinada e ameaçando tão hospitaleiramente acolhedora.
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ATITUDE DO GOVERNO NACIONAL

O torpedeamento dos cinco navios brasileiros causou a maior surpresa e


indignação em todo o país. A 19, grande massa popular foi ao palácio Guana-
bara levar ao Senhor Presidente da República o seu protesto contra a brutali-
dade da agressão à soberania brasileira. Recebendo o povo, o Sr. Dr. Getulio
Vargas pronunciou as palavras abaixo, recebidas com o mais caloroso apoio da
massa popular.

Falou de improviso e pausadamente, focalizando a nossa posição em face


dos últimos acontecimentos, como se desejasse que as suas palavras ficassem
gravadas na mente de cada um, naquele ambiente de revolta e vibração cívica.
Bem compreendia — disse o Chefe do Governo — o sentimento de pesar e
a exaltação patriótica que, no momento, enchiam aqueles corações vibrantes.
Todos os brasileiros deviam participar desse sentimento e, ao mesmo tempo, da
revolta e da indignação com que fôramos colhidos, de surpresa, por um ato de
rir~ta.r:=. Nada tínhamos feito para que os nossos navios mercantes, fazendo
percurso nas linhas do litoral, fossem agredidos e afundados, desaparecendo
rrar-lr-heircs cos que os conduziam e oficiais e soldados do nosso Exército, como,
até. descuidados passageiros.
Isso não devia ficar impune. Os navios pertencentes aos países agressores
seriam incorporados ao património brasileiro, para pagamento dos prejuízos
causados: os bens dos súditos do Eixo, adquiridos no Brasil — essa grande
terra que lhes deu hospitalidade e onde fizeram fortuna — seriam também res-
pcnsaveís. Os quinta-colunistas, os espiões, todos aqueles que traíssem os inte-
ressei brasileiros e que teriam sido os denunciantes da partida dos navios afun-
dados, todos os que houvessem trabalhado contra os interesses da Pátria, todos
esses rj;:< ratré-ís r.t-s qurrerr. cortar as viss marítimas, iriam, de enxadão, de
pá e pizareii ar irr.rri ::rtar e-?tr = dês r.2 internr d:: Brasil.
Ttrr^ir1- : ?TT-r. ie-:s G-er.il:: Vargas faUr.^r i::e:a~ente aos manifes-
t=rr:±-: I - t r^^ira^.^— a:-í >=_= la.-== :; — ^ ::-:.-;r.:.= " = r.;u:!a e de cabeça
alt=- '.-- ar-i: = : _ í " i rar.~T-.-i i.r =:; '^rr.a :".irr._Ia de t í 7 r : = r.:a e que deveria
s.rr-r.ra.- rara ::c:= z.~ is :;:"T-:.;; ;:r.tra as cu = -s se protestava não po-
r;:que c Brás:! era imortal.
A SOLIDARIEDADE DOS MARÍTIMOS

Agradecendo a expressiva manifestação dos marítimos, o Presidente


Getulio Vargas proferiu, entre palmas e aclamações, eloquente improviso, no
qual recordou as oportunidades anteriores em que se encontrara com os tra-
balhadores do mar — encontros de júbilo, de alegria, nos grandes dias come-
morativos. Hoje, infortunadamente, o motivo era diverso : os marítimos esta-
vam de luto e vinham dizer da sua mágua pelo sacrifício de companheiros,
mortos ao serviço do Brasil. Se, porem, o faziam com imensa tristeza, não
traziam na alma qualquer vestígio de desânimo. Um dos motivos que levaram
os agressores a atacar os nossos navios tinha sido intimidar-nos. Mas esse in-
tento não seria alcançado. Corajosos, tenazes, os marítimos não recuariam,
não se deixariam abater por ameaças, partissem de onde partissem, viessem
de onde viessem. O Brasil, em toda a sua história, jamais recuou de um ca-
minho traçado, por ameaça ou agressão; ao contrário, revidou sempre, lutou
sempre, e venceu sempre. A Marinha de guerra e a Aeronáutica brasileiras,
articuladas com a Armada e a Aviação dos Estados Unidos da América, iam,
agora, proteger melhor os nossos mares, para que não mais se repetissem aten-
tados como os de que fomos vítimas. Ficassem certos os marítimos de que os
poderes públicos não os haviam esquecido, e que os nossos navios, comboiados,
continuariam a singrar os mares, levando tripulações intemeratas e bravas.
Concitou-os a voltarem às suas oficinas, afim de que os navios fossem repa-
rados, outras quilhas batidas e a bandeira do Brasil continuasse a tremular
nos oceanos, transportando os nossos produtos de comércio com os povos
amigos. O lema é — disciplina e trabalho. Dele nunca se afastaram os nossos
marinheiros.
Conclue dizendo que o mar é um símbolo de liberdade; e o povo que
na: d e: e-3 e c-s &e:i5 mires não é d:eno de viver. O Brasil defenderá as suas
á^uas, g-_ = —e-e:á zs suas crstas- r.a certeza de que. dessa maneira, obedece à
tra±râ; '.ir.I da sua histcr.a e trabalha pela sua grandeza.
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O Chefe do Governo, ao receber os
universitários no Pitliirio Guanabara

Os universitários recebidos pelo


Chefe do Governo, no Palácio
Guanabara, a 20 de agosto
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O ESTADO DE BELIGERÂNCIA

A 22. o Chefe do Governo reuniu o Ministério, no Palácio do Catete.


O Departamento de Imprensa e Propaganda divulgou nestes termos o que se
passou na reunião :

"O Sr. Presidente da República reuniu, hoje, o Ministério, tendo compa-


recido todos os ministros.
Diante da comprovação dos atos de guerra contra a nossa soberania, foi
reconhecida a situação de beligerância entre o Brasil e as nações agressoras —
Alemanha e Itália. Em consequência, expediram-se, por via diplomática, as
devidas comunicações àqueles dois países.
Examinaram-se, em seguida, diversas providências atinentes à situação, fi-
cando os ministros incumbidos de preparar os atos necessários.
Resolveu, ainda, o Sr. Presidente da República que o Ministério, daqui
por diante, se reuna semanalmente para assentar outras medidas exigidas pelas
circunstâncias".
NOTAS DO GOVERNO BRASILEIRO AOS GOVERNOS
DA ALEMANHA E ITÁLIA

Em 21 de agosto de 1942. dido, seguida, algum tempo depois, da inter-


rupção das relações diplomáticas, com os
A orientação pacifista da política inter- Estados agressores.
nacional do Brasil manteve-o, até agora, afas- Sem consideração para com essa atitude
tado do conflito em que se debatem quase pacífica do Brasil e sob o pretexto de que
todas as nações, inclusive deste hemisfério. precisava fazer guerra total à grande nação
Apesar das declarações de solidariedade americana, a Alemanha atacou e afundou,
americana, votadas na Oitava Conferência sem prévio aviso, diversas unidades navais
Internacional de Lima, e na Primeira, Se- mercantes brasileiras, que faziam viagens de
gunda e Terceira Reuniões de Ministros das comércio, navegando dentro dos limites do
Relações Exteriores das Repúblicas Ame- "Mar Continental", fixados na Declaração
ricanas, efetuadas, respectivamente, no Pana- XV de Panamá.
má, 1939, em Havana, 1940, e no Rio de Ja- A esses atos de hostilidade, ii*m'tamo-n<ía
neiro, 1942, não variou o Governo brasileiro a opor protestos diplomáticos, tendentes a
de atitude, embora houvesse sido, ínsolita- obter satisfações e justa indenização, reafir-
mente, agredido o território dos Estados mando, porem, nesses documentos, nossos pro-
Unidos da América, por forças do Japão, se- pósitos de manter o estado de paz.
guindo-se o estado de guerra entre aquela Maior prova não era possível, da tolerân-
República irmã e o Império agressor, a Ale- cia do Brasil e de suas intenções pacíficas.
manha e a Itália. Ocorre, porem, que agora, com flagrante
Entretanto, a declaração XV, d^ Seg^r.da ir.:"-;-:. - i- - r. rrrr.q.i cê D i r e i t o Internacional
daquelas reuniões, consagrada pelos votos de e dos mais comezinhos princípios de humani-
todos os Estados da América, estabeleceu: dade, foram atacados, na costa brasileira, via-
;;-. .- _i'_- -.a^e-n. os vapores "Baependí"
"Qus todo atentada de um Estadc e "Aníbal Benévolo", do Loide Brasileiro, Pa-
não arr.eriranc ccr-.tra a integridade ou a ~.— -. .";: :-;!. c "Arará" e o "Arara-
CD :=rri::r-.3 e crr.rra a quara", do Loide Nacional S. A., e o "Jta-
giba", da Cia. Navegação Costeira, os quais
-; - —. - - - ;;;.?;:- rr.;!;tares e civis
portes do norte da país.
que a Alemanha pra-
o Brasil atos de guerra, criando
que somos for-
deíesa da nossa dig-
d* BMBB aobarania e da nossa segu-
^ - - - : - . * £ -~\--...- r.s rr.ecid»
•a força*.
Oswaldo Aranha
MANIFESTAÇÕES DOS TRABALHADORES NACIONAIS
E DOS FUNCIONÁRIOS DO ESTADO

Aceito pelo Governo o estado de guerra provocado pela agressão do Eixo


à soberania nacional, o país inteiro manifestou ao Sr. Presidente da República
a sua solidariedade. No Rio de Janeiro e em todos os Estados, grandes comícios
efetuaram-se, em apoio à atitude de Sua Excelência, e a imprensa, unânime e
vibrantemente, profligou a afronta sofrida pelo Brasil sem nenhum ato nosso
que a justificasse. Correspondendo ao sentimento geral, os trabalhadores e os
funcionários públicos do Distrito Federal, depois dos universitários e da mulher
brásile-j-a em numerosa e emocionante visita, foram ao Palácio Guanabara em-
penhar ao Chefe do Estado o seu firme propósito de cooperar com Sua Exce-
lência nc apresto e na defesa da Nação reclamados pelas circunstâncias. As duas
manifestações realizaram-se, a primeira a 2 e a segunda a 3 de setembro. Rece-
bendo os trabalhadores e os funcionários do Estado, o Presidente Getulio Vargas
falou-lhes entre aclamações patrióticas e os mais entusiásticos aplausos.
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O Estádio do "Vasco da Gama", na ocasião do discurso do Presidente Getulio Vargas

Os trabalhadores Ckrfc da GUMJJMI pefa aceitação do estado


EXCERPTOS DO DISCURSO DO CHEFE DO GOVERNO
AOS TRABALHADORES NACIONAIS

"Se os inimigos da Pátria tiveram o intuito de, com a brutal e inesperada


agressão que nos fizeram, intimidar o Brasil para que se alterassem os rumos
da sua política internacional, vendo um espetáculo como esta presença dos tra-
balhadores nacionais, deverão estar profundamente desapontados".

"O Brasil não treme nem recua diante de ameaças ou agressões. Ao conr
trárío, elas estimulam o brio dos brasileiros, unem os espíritos, levantam orf
corações, fazendo que todos se ergam com o mesmo pensamento, a mesma con-
ciência, a mesma compreensão do perigo comum, ante a necessidade de se con-
jugarem para a defesa da Pátria".

"O trabalhador brasileiro não ignora os métodos que os alemães usam para
com os trabalhadores dos países por eles invadidos. Sabem qual tem sido a sorte
dos operários e técnicos franceses, belgas, holandeses, noruegueses, tchecos e os
dos outros territórios por eles ocupados, todos tangidos como rebanhos, para
trabalhar como escravos".

"Se temos nas nossas fábricas e nas nossas oficinas indivíduos pertencentes
aos paises nossos inimigos ou deles descendentes, não os expulsemos; antes,
obriguemo-los a trabalhar para o Brasil. Não façamos com eles o que, na Eu-
ropa, foi feito com os trabalhadores escravizados, mas obriguemo-los a trabalhar
sob as vistas e sob a fiscalização do trabalhador brasileiro".
O DISCURSO DO CHEFE DO GOVERNO AOS FUNCIONÁRIOS
PÚBLICOS

"Servidores públicos do Brasil


Ontem, disse aos trabalhadores brasileiros o que lhes cumpria fazer nesta
hora grave da nacionalidade.
A adesão e o entusiasmo das classes trabalhistas deram-me a segurança de
que nada há de faltar ao país para resolver, satisfatoriamente, os problemas da
produção numa economia de guerra.
Agora, cumpre-me dizer-vos o que espero de vós, que sois as peças pro-
pulsoras da máquina administrativa.
E' preciso não esquecer que chegou a hora dos sacrifícios, das renúncias,
do serviço sem horário, dos esforços sem conta.
Não quisemos a guerra. Ela nos foi imposta de maneira brutal, com perdas
de vida de civis e militares. Ela nos foi declarada, tacitamente, com um mas-
sacre premeditado, a algumas milhas da costa brasileira. Não quisemos a
guerra; mas os que nô-la impuseram verão que não ficará impune a injúria à
nossa soberania.
Se tivermos de entrar em operações bélicas, conto que cada homem, cada
mulher, cada funcionário de qualquer categoria, saberá proceder de acordo com
as circunstâncias, tornando-se um combatente no seu sètor, multiplicando esfor-
ços, auxiliando, por todos os meios e modos, os soldados incumbidos da defesa
armada do Brasil
E' necessário não vacilar, não temer, manter permanente vigilância contra
todas as formas de derrotismo e de fraqueza. O que outros povos teem podido
fazer, criando e forjando as suas armas sob o fogo mortífero dos combates, des-
truindo tudo que aproveite ao inimigo, sobrepondo-se a todas as contingências,
também os brasileiros saberão fazer, e o farão, se houver necessidade. Ao con-
trário, enquanto não se verificar tal emergência, é preciso poupar, amealhar,
economizar, o que vos pertence e o que é do Estado, para que possa servir, mais
e melhor, quando for oportuno.
O que vos peço, e estou certo de que cumprireis, é pouco e é o bastante :
disciplina, para que as tarefas sejam executadas sem perturbação; aplicação,
para que o rendimento do vosso trabalho seja o máximo, sobrando-vos tempo
para as obrigações auxiliares da defesa passiva, dos serviços de enfermagem, de
cooperação espontânea no cuidado de velhos, crianças, enfermos e feridos; dis-
creção, com o objetivo de evitar que se conheçam as vossas atividades e o ini-
migo possa aproveitar desse conhecimento, pois, para os serviços de informação
de guerra, todos os dados podem ser preciosos; união, para reafirmar, em todas
as circunstâncias, a vontade, a decisão de vencer.
Agradeço a vossa manifestação de solidariedade e concito-vos a tudo em-
penhar — vida, bens, tranquilidade, trabalho e futuro — na defesa da Pátria".
tua 'eiejd B op ODJBQ

e je3âip ap sajuf! 'oetAR tun ap opejejSojoj 'ipuadâtfg op 'septA-BAjes


J-

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Praia da Atalaia, no município de Aracaju, vendo-se, ao fundo, o Rio Sergipe. Baleeira que trouxe náu-
fragos do Araraquara

O náufrago do Baependí, 1,° Tenente do Exército, José Castelo Branco Verçosa, depois de verificar
haver perdido sua esposa e um filho, com os quais viajava
Bestn* (coro a boneca), filha do capitão Canto, °«e navio, Bam» Cavalcante, e Vera
salva do Araraquara
A menina Walderez, ao l;ido de seu pai, no Hospil-1 ua Beneficência Portuguesa, em Salvador

Um náufrago hospitalizado
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4
II
,
áufragos do Itagiba, ainda com os salva-vidas de que se utilizaram para salvar-se

Em Valença: (l e 2), capitão Tito Couto e sua esposa (3), o comerciante Benevides de Aíevedo
(4), Sr. Gentil Domingues da Silva (5), Dr, Simões, juiz de Valença (6), Sr. Epifanio de Andrade, com
outros náufragos do Itagiba
Tripulantes do ítagíba e do Arará em Valença, Baía

Tripulantes do Arará
f l

•rxtão Lauro Moutinho Reis Soldado José Moreira Cristo Soldado Wilson Goulart da
Fonseca

-•

fci
Na-íragos do Itagiba e do Arará, orando aos pés do Senhor do Bonfim, no altar-mor da igreja da Sa-
grada Colina
Saveiro Deas </o Mar, do qual pescadores baianos assistiram ao torpedeamento do Itagiha e do Arará
ALGUNS DOS MILITARES MOR-
TOS NOS NAVIOS TORPEDEADOS

Major Landerico de Albuquer Capitão Nestor Góes Ferreira


que Lima

L •
p*tão Osvaldo José Monteiro Tenente Luiz Cláudio Assunção Tenente José Alves Acioh

Tenente Paulo César de Tenente Aguinaldo Soares 3.° Sargento João Sampaio l
Paiva Pereira Alves

l
2.° Tenente Osvaldo Machado 2.° Tenente Norberto Sílvio 2.° Tenente Nelson Sales
de Paiva Anciães Pereira Leite

2.° Tenente Alberto Elisio 2.° Tenente Luiz Eduardo 2.° Tenente Eduardo Alexai
Silveira Villafane Gomes dre Baumann

2.° Tenente Paulo Moitmho 2.° Tenente Aníbal de Souza 3° Sargento Valdemar Figuei-
Neiva Gonçalves redo Lima

" Soldado Cláudio Cruz Paes


A f .: _
A PALAVRA DO CHEFE DA NAÇÃO
SOBRE A ATITUDE DO BRASIL

Discurso pronunciado a 7 de Setembro,


por ocasião da "Hora da Independência", no
Estádio do "Vasco da Gama"

Brasileiros: A Comemoração do Dia da In- uma ação deliberada e perversa de corsários


dependência, se teve, nos últimos anos, cunho sob a bandeira das nações de presa que lan-
de puro culto cívico, reveste-se, hoje, de sig- çaram o Mundo no mais sangrento conflito
nificação maior, constitua, mesmo, aconteci- deste século.
mento extraordinário na vida nacional. O fato não constituía novidade, é certo.
Por um quarto de século, as festividades Desde que paises pacíficos e desarmados da
públicas eram ocasião para demonstrar os Kuropa foram talados pelos carros de guerra.
esforços do Brasil no sentido do progresso entrara em eclipse a conciência jurídica da
pacífico e acolher as representações de outros Humanidade e atos nefandos praticavam-se
povos que vinham congratular-se conosco e diariamente, em desafio aos princípios de con-
compartilhar da nossa justa alegria. vivência civilizada. Opor-se ao arbítrio, ob-
servar normas de Direito, repelir imposições
A SEMANA DA PÁTRIA, neste ano de 1942, e restrições violentas à soberania de cada
assume o carater ds um movimento de mobi- nação, era colccar-se sob a ameaça da força
lização geral das forces morais e materiais da bruta, servida pela técnica aprimorada de
Nação. Serve para conclamar os brasileiros oprimir e matar.
ao cumprimento de obrigações penosas, im- Tivemos a dignidade de revidar afrontas;
postas por circunstâncias incontrolaveís, para guardámos o respeito a nós próprios, defen-
as quais não concorremos, mas a o,ue ternos dendo tenazmente a nossa forma de viver e os
de fazer frente corn quantas energias possa-
nossos deveres continentais, e, por iãso mes-
mos dispor. mo, fomos agredidos e mais de seiscentos bra-
Cultivando as boas relações com todos os sileiros perderam a vida numa emboscada
povos, praticando uma política sadia de apro- marítima executada com requintes de inaudita
ximação e concórdia, fomos, entretanto, sur- crueldade.
preendidos com uma agressão brutal e ines- A vossa reação, brasileiros, esteve à altura
perada, por parte de Estados que haviam da ofensa.
desde tempos perdido o respeito de si pró- Protestastes cem indignação, solicitastes, por
prios e não podiam, consequenternente, man- tcdas as formas de expressar a vontade pcpu-
ter o respeito devido aos outros. lar, que o Governo declarasse r^erra ac*
Como todos vós sabeis, em agosto último, agressores, e assim foi feito.
cavics da marinha mercante brasileira foram A hcnra g es interesses mau sagrado* d*
Pátria exigiam, imperativamente, a atitude Pátria exigiam, imperativamente, • mõtmà*
— 62 —

que tomámos, Agora, nos sentimos de con- aplicaremos com rigor as leis de guerra. E
ciência tranquila, resolutos e dispostos a de- em relação aos semeadores de boatos e der-
fender os brios legítimos do nosso povo, que rotistas de qualquer nacionalidade, nenhuma
nunca se ajustou às atitudes de servo e há de complacência existirá. Serão segregados do
prosseguir independente e soberano, meio social, reduzidos^ à condição de suspeitos
A declaração do estado de beligerância colo- e declarados indignos da cidadania brasileira.
cou-nos na posição de combatentes, e, de acor- Povo pacífico, educado nas virtudes cristãs,
do com ela, já assentámos es planos de tra- não cultivamos pendores guerreiros, mas fare-
balho e de ação. Militarmente, teremos de mos como os cidadãos pacatos e trabalhado-
completar a mobilização para fazer face às res assaltados na própria casa: — devolve-
necessidades efetívas da guerra. No setor eco- remos golpe por golpe, resistindo, por todas
nómico, chefes de empresa e operários cerram as formas concebiveís, aos que pretendem opri-
fileiras em torno do Governo; e, estou certo, mir-nos. Nada nos deterá nessa determina
em beneficio coletivo, ninguém poupará esfor- cão. Ameaças, injúrias ou violências servi-
ços ou bens. Os dissídios classistas e os cho- rão apenas para acrescer a nossa combativida-
quês de natureza política não nos farão, feliz- de a tornar mais forte a reação.
mente, perder tempo. As consequências da luta em que nos em-
Existe, generalizada, a firme compreensão penhamos e que decidirá dos destinos do
de que precisamos, uninos, esquecer diver- Mundo não podem causar-nos apreensões. Os
gências e particularismos, para só cuidarmos privilégios de casta, os preconceitos raciais,
dos objetivos supremos da defesa da Pátria. as desigualdades de fortuna, as opressões de
A frente interna, coesa e decidida a arros- classe, os ódios mesquinhos, todos os valores
tar, de ânimo viril, qualquer emergência; as aparentemente inconciliáveis da civilização
forças armadas, prontas a repelir qualquer contemporânea, hão de fundir-se nesse incên-
golpe: tudo isto constituo o magnífico espetá- dio de vastas proporções, em holocausto ao
culo da vida brasileira, neste momento grave surto de uma nova era. O Brasil, como país
da nacionalidade. jovem, da estrutura social plástica, rico de
Qualquer inimigo que pise o solo pátrio, possibilidades e com uma formação de equi-
sobrevoe as nossas cidades ou infeste o mar líbrio adaptável a todas as transformações,
territorial, receberá o mesmo castigo infligido está, naturalmente, projetado para o futuro, e
aos submarinos que, numa prática de pira- nele terá de encontrar a solução definitiva das
taria, investiram contra a nossa navegação equações de seu progresso. Não deve, por-
costeira e foram afundados pelos intrépidos tanto, temer os dias vindouros e os sacrifícios
e eficientes pilotos das nossas forcas aéreas. inevitáveis que lhe assegurarão o direito de
Seremos implacáveis no combate aos inva- colaborar nas renovações de ordem política e
sores e aos seus agentes, infiltrados, traiçoeira- económica que resultarem desse tremendo
mente, no meio das nossas populações labo- choque de poderíos, mentalidades e culturas.
riosas . Não importará isso em quebra do A causa que defendemos desperta o senti-
nosso sentimento comprovado de hospitalida- mento de justiça das conciências livres, tra-
de. Os nacionais dos países com os quais zendo-nos a solidariedade dos povos do Con-
estamos em guerra que aqui vieram e cons- tinente, através dos seus governos e homens
truíram os seus lares de forma regular e representativos. Todas as nações americanas
honesta, nada devem receiar enquanto per- compreendem que estão sob a ameaça de
manecerem entregues ao trabalho, obedientes idênticos perigos e sujeitas a idênticos atos de
à lei e prontos a colaborar nas atividades de- brutalidade e violência. Isolar-se equivale a
fensivas do país. De modo bem diverso serão expor-se maís facilmente à cobiça dos con-
tratados os que, traindo os compromissos quistadores. A união nacional e a união con-
assumidos e ludibriando o nosso acolhimento tinental são os imperativos da hora presente, e,
generoso, auxiliarem de alguma forma os ini- por isso, só temos motivos para regosijar-nos
migos, com eles mantiverem entendimentos, diante das manifestações de simpatia e apoio
espionando ou fazendo sabotagem. A esses recebidas dos outros povos americanos em
hora da tamanhas apreensões e responsabili- com o seu gesto generoso e cavalheiresco, os
dades. sentimentos da sua nobre Pátria e a forma
Foram os Estados Unidos a primeira nação ativa dos ideais americanistas.
do Continente a sofrer o golpe da insídia e Brasileiros: Estou certo da vossa lealdade,
o ataque armado; e a solidariedade que lhe da vossa coragem, do vosso ânimo para en-
demos, então, sem hesitações, nós a sentimos frentar a luta,
retribuída, agora, de forma inequívoca, no apoio A exaltação patriótica, a vibração cívica, o
fraternal do seu valoroso povo e na colaboração calor de brasiíidade, postos nestas comemora-
para repelir pelas armas a agressão à nossa ções do DIA DA INDEPENDECIA, revelam, acima
soberania. Tudo isso significa a existência de de tudo, o grau de homogeneidade dos nossos
um movimento unânime de repúdio e adesão sentimentos e das nossas disposições de repe-
nos povos americanos. E, aqui mesmo, ao tir e reafirmar o sentido heróico da nossa his-
nosso lado, temes a honra e o orgulho de tória e a inflexível decisão de vencer.
ver, como testemunho direto desse espírito Combatendo até à vitória decisiva, seremos
de compreensão fraternal, a figura por tantos dignos da América, Continente de homens
títulos respeitável e prestigiosa do General livres, e do Brasil, Pátria grande e gloriosa,
Aguatín Justo, nosso hóspede e companheiro merecedora da todas as renúncias e todos os
do armas, que bem representa, neste momento, sacrifícios.
CONCLUSÃO

As narrações e o documentário consignados nestas páginas de-


monstram, objetivamente, o carater da agressão cometida pela Ale-
manha e Itália à soberania do Brasil. Fomos atacados injusta e
traiçoeiramente, defronte das nossas praias acolhedoras e quando
os nossos cinco navios navegavam sem a proteção de qualquer ele-
mento de defesa e revide. Afora o Arará, que trazia a seu bordo,
apenas, equipagem, os outros barcos conduziam passageiros, entre
os quais se encontravam mulheres e crianças. Navegavam todos
eles em viagens de comércio ordinário, para portos nacionais,
transportando, como se viu, alem de mercadorias no valor de
CrS 30.155.597,20, 837 brasileiros, 652 dos quais pereceram,
vítimas dos inomináveis torpedeamentos.
Semelhante provocação, depois do afundamento, em águas
afastadas, de várias outras unidades da nossa frota mercante, sur-
preendeu e revoltou a generosa alma brasileira, pois os nossos navios
não se achavam em nenhuma zona de guerra ou bloqueio, nem le-
vavam auxílio a adversário das potências do Eixo.
A agressão da Alemanha e Itália à soberania nacional veio,
assim, estender a guerra, inesperadamente, à América do Sul. E
o Brasil houve de reconhecer a situação de beligerância criada
pelos dois países agressores, cujos súditos, no momento, gozavam
da segurança e benevolência das autoridades nacionais.
Entrámos na guerra provocados, em defesa da nossa sobera-
nia e da nossa dignidade afrontosamente ofendidas.
APÊNDICE
CARACTERÍSTICAS DOS CINCO NAVIOS

"BAEPENDÍ" — Ex-nome: "Tíjuca" Accmodações em uso p /passageiros:

Construção : Data : 1899. (lotação)

País : Alemanha. l.a classe 75


3.a classe c/camarotes . . . . . . . 244
Máquinas : Força em cav. indicados 2.250.
Casco : — aço.
NAVIO MOTOR "ARARAQUARA"
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
Dimensões em metros : PROPRIETÁRIO — Loide Nacional S.A.

Comprimento 119.00m ARMAÇÃO — Iate.


Boca 14.10m BOCA — 16,370111.
Pontal 9.26m PONTAL — 7,440 m.
CALA20 — 5,410 m.
Número de cobertas — 2. APAKELHO MOTOR — 2 motores.
Cavalos indicados — 2.250. PROPULSORES — 2 hélices.
VELOCIDADE — 12 milhas.
Velocidade horária :
EQUIPAGEM — 73.
Máxima 11 milhas PASSAGEIROS — 118.
Económica 8 milhas
INSCRIÇÃO — Em 1927, sob o n. 42, na Ca-
Tonelaéem : pítania dos Portos do Distrito Federal e
Estado do Rio de Janeiro.
ru a CONSTRUTOR — Cantiere Navale — Tríeste
Líquida 3.066 _,,,.
— Itália.
Deadweight (P. morto) ... 6.290
TONELAGEM BRUTA — 4 . 8 7 1 .
Capacidade dos porões c/o abai. 15% TONELAGEM DE REGISTO — 2.974.
para cardas de vários géneros COMPRIMENTO — 117,970 m.
Total em pés cúbicos — 255.380
"ANÍBAL BENÉVOLO"— Ex-"Comandante
Carvoeiras — Capacidade em tons.: Alvim"
Óleo 850
Consírtrcão
Tanques — Capacidade em to^s.:
Data — 1905.
Lastro 630 ... .
Pais — Alemanha.

Calado : Máquina

Máximo 25'— Força era cav . nominais — 1.264.


Mínimo 10'— Casco — Aço.
— 70-

D/mensões em meíroa CONSTRUTORES — Ailsa S/B. 8s Co. Ltd., de


Comprimento ............ 86 . OOm Troon ~ ^g^erra •

Boca ................... ll.SOm TONELAGEM BRUTA — 2.055.


Pontal ................. 6.62m TONELAGEM DE REGISTO — 927.
Número de cobertas ---- l COMPRIMENTO — 87,550 m.
BOCA — 13,070 m.
Velocidade horária : PONTAL — 5,6 10 m.
Máxima .................. 10 milhas CALADO — 4,090 m.
Económica ............... 8 milhas APARELHO MOTOR — 2 máquinas a vapor.
PROPULSORES —• 2 hélices.
Tonelagem : VELOCIDADE — 10 milhas horárias.
Bruta ................... l . 905 EQUIPAGEM — 60 .
Líquida .................. 984 PASSAGEIROS — 139 .
Deadweight (P. morto) ____ 1.470
VAPOR "ARARA"
Capacidade doa porões c/o abai. 15%
p. cargas de vários géneros PROPRIETÁRIO — Loide Nacional S . A .
Total em pés cúbicos ............ 57.324 ARMAÇÃO — Escuna.
SERVIÇO — Carga.
Carvoeiras — Capacidade em tons.: „- — ,,
INSCRIÇÃO _ ., . dos _
Na Capitania ,
Portos , _
do Es-
Carvoeira .......... .... 300 . „. T _. _ ,
tedo do Rio de Janeiro e Distrito Federal,
Tanques — Capacidade em tons.: em 1928, sob o n. 401.
Agua potável ..................... 515 CONSTRUTORES — Hawthorn, Leslie Cs Co. Ltd.
Calado médio — de New Castle on Tyne — Inglaterra
Máximo ......................... J4'2" — em 1907.
MínÍm° ......................... 8> — TONELAGEM BRUTA — 1 . 0 7 5 .
. - , . . TONELAGEM DE REGISTO — 655.
Acomodações em uso p/passa^eiros
COMPRIMENTO - 73,250 m.
(lotação) BOCA _ 17,550 m.
I.a classe .......... . ................ 93 PONTAL — 3,960 m.
3.a classe c/camarotes ................ 61 CALADO — 2,800 m.
APARELHO MOTOR — Máquina de tríplice ex-
VAPOR "ITAGIBA" pansão, com a força de 570HP., acionada
PROPRIETÁRIO — Companhia Nacional de Na- Por duas ^ aldeiras -
vegação Costeira. MARCHA — 7 milhas horárias.
ARMAÇÃO — Escuna. EQUIPAGEM — 75 homens.
SERVIÇO — Carga e passageiros.
INSCRIÇÃO — Na Capitania dos Portos do Dis- NOTA — Este navio, na data do seu torpe-
trito Federal e Estado do Rio de Janeiro, deamento, estava arrendado à Companhia Na-
em 1915, sob o n. 236. cional de Navegação Costeira.
PASSAGEIROS E TRIPULANTES DOS CINCO NAVIOS

BAEPENDÍ 23. António Joaquim dos Santos — Mari-


RELAÇÃO DOS TRIPULANTES nheiro, salvo.
24. Eustaquio Dias dos Santos — Marinhei-
1. João Soares da Silva — Comandante, ro, salvo.
desaparecido. 25. Manuel Francisco da Silva Pessoa —
2. António Diogo de Queiroz — Imediato, Moço, desaparecido.
desaparecido. 26. Raymundo Corrêa da Silva — Moço,
3. Alicio Borges Tavares — 1.° Piloto, salvo.
salvo. 27. Dooclides Gomes da Silva — Moço,
4. Frutuoso Egidio Chaves — 2.° Piloto, saívo.
desaparecido. 28, Napoleão Ferreira Nobrega — Moço,
5. Balthazar Santos Pereira—1.° Radíotele- desaparecido.
grafista. salvo. 29, Henrique Francisco dos Santos — Moço,
6. Lidio Freire de Carvalho — 2.° Radio- salvo.
telegrafista, desapsrecido. 30. Cícero Sebastião da Silva — Moço, de-
7. Adolfo Arthur Kern — 1.° Maquinista, saparecido .
salvo. 31. Arsenio José dos Santos — Moço, de-
8. Manuel Lelis de Assumpção — 2.° Ma- saparecido .
quinista, desaparecido. 32. Augusto Caetano de Medeiros — Moço,
9. Sebastião Moura de Andrade — 3.° Ma- salvo.
quinista, desaparecido. 33. Zacarias da Conceição — Moço, salvo.
10. David Ferreira Gomes — 3.° Maqui- 34. Aristides Francisco de Almeida — Ca-
nista, desaparecido. bo-fcguista, desaparecido.
11. José Hercuíano Santos Dias — 3.° Ma- 35. José Quintino doa Santos — Cabo-fo-
quinista, desaparecido. guista, desaparecido.
12. Emanuel Levi Paiva de Morais — 3.° 36. João Alves da Silva — Cabo-foguísta,
Maquinista, desaparecido. desaparecido.
13. Sebastião Ferreira Tarouquela — 1.° 37. Júlio Gomes da Silva — Cabo-foguista,
Comissário, desaparecido. desaparecido.
14. Mário Ferreira Earros — 2.° Comissá- 38. Euclídes Manuel do Nascimento — Ca-
rio, desaparecido. bo-foguista, desaparecido.
15. José Guerra — 2.° Comissário, salvo. 39. António Ferreira da Silva — Foguista,
16. Stelio Peixoto de Azevedo — Médico, desaparecido.
desaparecido. 40. Alfredo Cardoso da Silva — Foguista,
17. Wagner de Oliveira Braga — Conferen- desaparecido.
te, desaparecido. 41. Francisco de Castro — Foguista, salvo.
18. Pascácio Calado — Enfermeiro, salvo. 42. Minervino Severiano de Souza — Car-
19. Roberto Ferreira Salgado — Contra- voeiro, salvo.
Mestrs, desaparecido. 43. Raul Olímpio da França — Carvoeiro,
20. José Rodrigues Campeio — Carpinteiro, desaparecido.
desaparecido. 44. Severino Teles dos Santos — Carvoeiro.
21. João Alves Caídas — Marinheiro, salvo.
22. Emílio Ferreira de Morais — Marinhei- 45. José Vicente da Sil^a — l:
ro. desaparecido. desaparecido.
— 72 -

46. Eliodoro Lins Cavalcanti — 2.° Cozinhei- 73. Celso Andrade Pereira Lyra — Saxofo-
ro, desaparecido. nista, desaparecido.
47. António Luciano da Silva — 2.° Cozi-
KELAÇÃO DOS PASSAGEIROS
nheiro, desaparecido.
48. Arlindo Monteiro da Silva — 3.° Cozi- Embarcados no Rio de Janeiro:
nheiro, salvo. Para Recife :
49. Luiz Vargas — Adj. Cozinha, salvo.
50. José Correia de Moio — Padeiro, desa- 1. Dulce Mota Haydt — Desaparecida.
parecido. 2. Landerico de Albuquerque Lima — De-
51. Joaquim Jesus de Brito — Paioleiro, de- saparecido .
saparecido . 3. Netor Góes Ferreira — Desaparecido.
52. Deocleciano Ramos da Silva — Bote- 4. Lailad Salgado Ferreira — Desaparecida.
quineiro, desaparecido. 5. Niréo Ferreira — Desaparecida.
53. Eduardo Rodrigues Uchôa — Copeiro, 6. Marion Ferreira -— Desaparecida.
desaparecido. 7. José Joel Marcos — Salvo.
54. Maria José Ferreira — Camareira, de- 8. José Castelo Branco Verçosa — Salvo.
saparecida . 9. Ruth Cruz Castelo Branco — Desapa-
55. José Joaquim Esteves Filho — Taifeiro,' recida .
desaparecido. 10. Nilson Cruz Castelo Branco — Desapa-
56. Joaquim Mendonça de Souza — Taifei- recido .
ro, desaparecido. 11. Lauro Moutínho dos Reis — Salvo.
57. Francisco Rodrigues de Faria — Tai- 12. Luiz Claudino Assunção — Desapare-
feiro, desaparecido. cido.
58. Manuel Messias dos Santos — Taifeiro, 13. José Alves Acioli — Desaparecido.
desaparecido. 14. Lucilia Lima Acioli — Desaparecida.
59. Francisco Marques Cavalcanti — Tai- 15. Helena Ferreira Acioli — Desaparecida.
feiro, desaparecido. 16. Lourdes Acioli — Decaparecida.
60. Luiz Vilanova — Taifeiro, desaparecido. 17. José Acioli — Desaparecido.
61. Manuel Ribeiro da Silva — Taifeiro, 18. Oswaldo José Montana — Desaparecido.
desaparecido. 19. Otilia de Souza Cosme — Desaparecida.
62. José Mosqueira Gonzalez — Taifeiro, 20. Gilberto Lima — Salvo.
desaparecido. 21. Pedro Dionisio Pereira — Desaparecida.
63. Raimundo do Carmo Vidal — Taifeiro, 22. Eíza Ferreira — Desaparecida.
desaparecido. 23. Pedro Pereira — Desaparecido.
64. Joaquim Corrêa de Oliveira — Taifeiro, 24. Elcío Pereira — Desaparecido.
desaparecido. 25. Manoel Pereira — Desaparecido.
65. José Bispo dos Santos — Taifeiro, des- 26. Agumaído Soares Pereira — Desapa-
aparecido . recido .
66. Ulisses Chaves da Silva — Taifeiro, des- 27. Luiz França Corrêa — Desaparecido.
aparecido. 28. Diva Baptista Corrêa — Desaparecido.
67. António Torquato — Taifeiro, desapa- 29. Vicente de Paula Souza Pulcherio —
recido . Salvo.
68. Raimundo Cavalcanti da Silva — Tai- 30. Djanira Baptista Pulcherio — Desapa-
feiro, desaparecido. recida .
69. Manuel Ferreira Cavalcanti — Taifeiro, 31. Jorge Tramotim — Salvo.
desaparecido. 32. Benjamin Ferreira — Desaparecido.
70. João Ribeiro de Souza — Barbeiro, des- 33. Lindonor Ferreira — Desaparecido.
aparecido. 34. Heleintí Ferreira —- Desaparecida.
71. Clovis Brandão — Pianista, desapare- 35. Deidy Ferreira — Desaparecida.
cido. 36. Heloise Ferreira — Desaparecida.
72. Higino Severino Pessoa — Baterista, 37. Tadeu Scsocher — Desaparecido.
desaparecido. 38. Alipio Lavay — Salvo.
- 73 —

39. Samuel Martins de Almeida — Desapa- 70. Soldado Abel Dantas — Salvo.
recido . 71. Soldado Adalberto José de Souza —
40. João Sampaio Alves — Desaparecido. Desaparecido.
41. Renato de Amorim Garcia — Desapa- 72. Soldado Alberto de Andrade Pereira
recido. — Desaparecido.
42. Silvia de Amorim Garcia — Desapa- 73. Soldado Alfredo Souza Filho — Desa-
recida . parecido .
43. Zamir de Oliveira — Salvo. 74. Soldado Alfredo Pereira Chapes — De-
44. Viterbo Storry — Salvo. saparecido .
45. Apolinario Ribeiro Lima — Desapare- 75. Soldado Altair da Cunha — Desapa-
cido. recido .
46. Alcdel Sampaio — Desaparecido. 76. Soldado Américo Rodrigues — Desapa-
47. José Octaviano Ferreira da Cruz — De- recido .
saparecido. 77. Soldado Angelinn Cassiano — Desapa-
48. Maria da Conceição — Desaparecida. recido .
49. José Gabriel de Souza — Salvo. 78. Soldado Arnol Silva — Desaparecido.
50. Major Landerico de Albuquerque Lima 79. Soldado Ayrton dos Santos — Desapa-
— Desaparecido. recido .
51. Cap. Nestor Góes Ferreira — Desapa- 80. Soldado Benedito Paulo Viana — De-
recido . saparecido ,
52 . Cap. Lauro Moutinho dos Reis — Salvo. 81. Soldado Claudionor Amaral Soares —•
53. Cap. J/E Oswaldo José Montana — Desaparecido.
Desaparecido. 82. Soldado Dario da Silva Dantas — De-
54. 1.° Tte. José Joel Marcos — Salvo. saparecido .
55. 1.° Tte. José Castelo Branco Verçosa 83. Soldado Djalma Dias — Desaparecido,
— Salvo.
84. Soldado Everaldo Cardoso Ferreira —
56. 2.° Tte. Luiz Claudino de Assumpção Desaparecido.
— Desaparecido.
85. Soldado Felipe Dias Ribeiro Sobrinho
57. 2.° Tte. José Alves Acioly — Desapa-
— Desaparecido.
recido ,
58. Sub-Tte. Aguinaldo Soares Pereira — 86. Soldado Floriar.o Claudino da Silva —
Desaparecido.
Desaparecido.
59. 1.° Sargt. Luiz Franca Correia — De- 87. Soldado Francisco Caetano das Chagas
saparecido . Baptista — Desaparecido.
60. I.° Sargt. Vicente de Paula Souza Pul- 83. Soldado Francisco Fernandes Oorique
cherio — Salvo. Júnior — Desaparecido.
61. 3.° Sargt. Jorge Tramontim — Salvo. 89. Soldado Castão dos Santos Filho — De-
62. 3.° Sargt. Benjamin Ferreira — Desa- saparecido .
parecido. 90. Soldado Gilberto de Oliveira Domingues
63. 3-° Sargt. Tadeu Scsocher — Desapa- — Desaparecido.
recido . 91. Soldado Godofredo Pinto de Vasconcelos
64. 3.° Sargt. Alipio Lavay — Salvo. — Desaparecido.
65. 3.° Sargt. Samuel Martins de Almeida 92. Soldado Guilherme Coelho Moreira —
— Desaparecido. Desaparecido.
66. 3.° Sargt. João Sampaio Alves — De- 93. Soldado Guilherme Gomes — Desapa-
saparecido. recido .
67. Cabo Newton Mendonça Rezende — 94. Scicado Hslio da Silva Lins — Desapa-
Desaparecido. recido.
68. Soldado Dalmo de Medeiros — Desapa- 95. S:\i-- K E - - . - - ; r . . : 7:^::^: -^ ,\t-
recido.
69. Soldado Pedro Mel 3 Ferreira — Desa- 96. Soldado Jair d« S;-ES Eírrsa — I>«-
parecido. p37ecido.
74 —

97. Soldado Jeremias Octavio de Carvalho 124. Soldado Rubens Nunes de Oliveira —
— Desaparecido. Desaparecido.
98. Soldado João Baptista Muniz do Ama- 125. Soldado Sebastião Euzebio da Costa —
ral — Desaparecido. Desaparecido.
99. Soldado João de França Ferreira — De- 126. Soldado Sebastião Ferreira da Silva —-
saparecido . Desaparecido.
100. Soldado João de Almeida — Desapa- 127. Soldado Sylvio Gomes de Abreu — De-
recido. saparecido .
101. Soldado João Portugal — Desaparecido. 128. Soldado Sylvio Morelli — Desaparecido.
102. Soldado Joaquim Figueiras Fernandes 129. Soldado Valdino de Souza Ortiz — De-
— Desaparecido. saparecido .
103. Soldado Jorge Gomes de Carvalho — 130. Soldado Walter Pinto Brandão — Salvo.
Desaparecido. 131. Soldado Wilson David Domet — Desa-
104. Soldado Jorge Henrique dos Santos — parecido .
Desaparecido. 132. Soldado Newton Constantíno Chaves —
105. Soldado Gcrgíno Fonseca de Assis — Desaparecido.
Desaparecido. 133. Soldado Francisco Muniz Alves Júnior
106. Soldado Jorge José de Oliveira — De- — Desaparecido.
saparecido . 134. Soldado Walter Ferreira da Silva —
Salvo.
107. Soldado Joscph Correia de Melo Olivei-
135. Soldado Oswaldo Ferreira Ariosa —
ra — Desaparecido.
Salvo.
108. Soldado Manoel Augusto Aguilar — De-
136. Soldado Mário Lúcio Barbosa Lima —
saparecido .
Desaparecido.
109. Soldado Manoel de Anunciação — De- 137. Soldado Levy Bittencourt de Vasconce-
saparecido . los — Desaparecido.
110. Soldado Manoel de Souza Filho — De- 138. Soldado Pedro Menezes — Desapare-
saparecido . cido.
111. Soldado Maurilío Figueiredo Barbosa — 139. Soldado Osmar de Souza Ferraz — De-
Desaparecido. saparecido.
112. Soldado Milton Gemal — Desaparecido. 140. Soldado Adalberto Ferreira dos Santos
113. Soldado Moacyr Augusto Martins — — Desaparecido,
Desaparecido. 141. Soldado Anercides Garcia do Nascimen-
114. Soldado Moacyr Gonçalves Kodrigues — to — Desaparecido.
Desaparecido. 142. Soldado António Abralmo — Desapa-
115. Soldado Moysés Nunes Pereira — De- recido .
saparecido . 143. Cabo José Araújo Guimarães — Dês;
116. Soldado Natalino Pinto Ignacio — De- parecido.
saparecido. 144. Soldado Adherbal Francisco Coelho —
117. Soldado Nilton Louzada Teixeira — De- Desaparecido.
saparecido. 145. Soldado António Duarte Morgado —
118. Soldado Norival da Silva Cardoso — Desaparecido.
Desaparecido. 146. Soldado António José do Nascimento —
119. Soldado Orlando Teixeira Soares — De- Desaparecido.
saparecido. 147. Soldado Aprígio Guilherme Victorino —
120. Soldado Odyr do Nascimento — Salvo. Desaparecido.
121. Soldado Oswaldo da Costa Oliveira — 148. Soldado Bento da Silva Brito — Desa-
Desaparecido. parecido.
122. Soldado Paulo Martins de Abrantes — 149. Soldado Davino Orozimbo Cardoso —
Desaparecido Desaparecido.
123. Soldado Porfirio Mendes dos Santos Fi- 150. Soldado Edgard de Souza Pinto — De-
lho — Desaparecido. saparecido.
— 75

151. Soldado Pedro Corrêa Ferreira — De- 179. Soldado Rubens Domingues dos Santos
saparecido. — Desaparecido.
152. Soldado Eurico Filho de Oliveira — De- 180. Soldado Rubens Soares de Albuquerque
saparecido . — Desaparecido.
153. Soldado Fernando Pedro de Carvalho — 181. Soldado Sílvio Cristóvão — Desapare-
Desaparecido. cido.
154. Soldado Flavío Vieira Gomes — De- 182 . Soldado Ubaldo Marinho — Desapa-
saparecido. recido .
155. Soldado Geny Saraiva dos Santos — 183 . Soldado Waldír Cassiano — Desapa-
Desaparecido. recido .
156. Soldado Humberto Gonçalves Roma — 184. Soldado Walter Pacheco da Rocha —
Desaparecido. Desaparecido .
157. Soldado Joio Baptista Figueira — De- 185. Soldado Hilton Araújo — Desaparecido.
saparecido. 186. Soldado José Teixeira de Souza — De-
158. Soldado João da Silva — Desaparecido. saparecido .
159. Soldado João marques — Desaparecido. 187 . Soldado Wilson de Azevedo Teles de
160. Soldado Jorge de Souza Martins — De- Noronha — Desaparecido.
saparecido . 188. Soldado Eleuterio Trindade — Salvo.
161. Soldado José Luiz Mastrangelo Staneck 189. Cabo Teofanes Bispo dos Santos — De-
—- Desaparecido. saparecido.
162. Soldado José Marinho — Desaparecido, 190. Soldado Mozart Pereira da Luz — De-
163. Soldado José Salomão — Desaparecido, saparecido.
164. Soldado Joviniano José de Oliveira — 191. Soldado João Alfredo Costa Filho —
Desaparecido. Desaparecido.
165. Soldado Joviniano Marques da Silva —
Para Cabedelo :
Desaparecido.
192. Manuel Henrique de Oliveira — Desa-
166. Soldado Marcelio Barbosa — Desapa-
parecido.
recido .
193. Jurandí Henrique Dias — Desaparecido.
167. Soldado Manoel Rodrigues Vidal — De-
194. Maria Ramos — Desaparecida.
saparecido.
195 . Saturnino Lima da Silva (não em-
168. Soldado Maurício Ponciano dos Santos
barcou) .
— Desaparecido.
159. SolJado João Marques — Desaparecido, Para Natal :
recido. 196. Paulo Cezar de Paiva — Desaparecido.
170. Soldado Nathaniel Felinto de Oliveira 197. Venina Mendes — Desaparecida.
— Desaparecido. 198. Walter Mendes — Desaparecido.
171. Soldado Norival Santana — Desapa- 199. Dila Mendes — Desaparecida.
recido . 200. Francisco Cirilo Bonfim — Desapa-
172. Soldado Octacilio Soares — Desapare- recido.
cido. 201. Ana Bonfin — Desaparecida.
173. Soldado Orlando Moreira — Desapa- 202 . Corina Paula Bonfin — Desaparecida.
recido . 203. Jací Batista Bonfin — Desaparecida.
174. Soldado Pedro Garcia de Araújo — De- 204. Doralice Nogueira Ribeiro — Desapa-
saparecido . recida .
175. Soldado Raymundo da Silva Ramos — 205. Maria Barbosa dos Santos — Desapa-
Desaparecido. recida .
176. Soldado Renato Redes — Desaparecido. 206. Teresinha Nogueira Ribeiro — Desapa-
177. Soldado Roberto de Oliveira da Veiga recida.
— Desaparecido. 207.
178. Soldado Rogério Cardoso Parreira — eido.
Desaparecido. 208. Oswaldo Werthein —
76 —

209. Elena Fracho Werthein — Desaparecida. 244. Walter Chaves Carvalho — Desapare-
210. João Ibiapino do Nascimento — Desa- cido.
parecido . 245. Raymunda Pio da Silva — Desaparecida.
211. Olegário Guedes — Desaparecido. 246. Zafira Pereira Lima — Desaparecida.
212. António T. Sobrinho — Desaparecido. 247. Ivonete Pereira Lima — Desaparecida.
213. Manuel S. das Chagas — Desaparecido. 248. Ivone Lima Guimarães — Desaparecida.
214. Valmaro S. Cardoso — Desaparecido, 249. Eduardo Manoel Paiva — Desaparecido.
215. Moacir Drumond — Desaparecido. 250. Lourenço Cavancante Amorim — Desa-
parecido.
Para Fortaleza :
216. Pedro Fernandes da Costa — Desapa- ARARAQUARA
recido . RELAÇÃO DOS TRIPULANTES
217. Isabel Fernandes da Costa — Desapa-
recida . 1. Lauro Augusto Teixeira de Freitas —•
218. Francisco Mousinho — Desaparecido. Comandante, desaparecido.
2. João Fernandes Bio — Imediato, desa-
Para Betem : parecido .
3. Milton Fernandes da Silva — 1.° Piloto,
219. Floriano de Freitas Ceará — Salvo.
salvo.
Para Manaus : 4. Benedicto lunes — 2.° Piloto, desapa-
recido .
220. Rosalina Sayd — Desaparecida. 5. João Vassalo de Earros — 2.° Piloto,
221. António Pinheiro de Lima — Desapa- desaparecido.
recido . 6. Jayme Teixeira de Freitas — Pte. Pi-
222. Manoel Cravino Cavalcanti — Desapa- loto, desaparecido.
tecido. 7. Dr. Carlos Ramos de Azambuja — Mé-
223. Joaquim Reginaldo Souza — Desapa- dico, desaparecido.
recido . 8. Odilon Muniz Barreto — 1.° Rádio, de-
saparecido .
Embarcados em Vitória: 9. Carlos Saraiva Alonso — 2.° Rádio, de-
224. Severina Luiz e Araújo — Desaparecida. saparecido .
225. Adão Bonezalh — Desaparecido- 10. José Martins Reis Júnior — C. Mestre,
226. José Augusto Almeida — Desaparecido. desaparecido.
227. João Mariano Santos — Desaparecido, 11. Octacilio Gomes da Silva — Carpintei-
228. João Pereira Farias — Desaparecido. ro, desaparecido.
229. Manoel Bezerra Filho — Desaparecido. 12. José Rufino dos Santos — Marinheiro,
230 a 234. Irineu Alves Araújo, esposa, três salvo.
filhos com 4, 2, l anos — Desaparecidos. 13. Francisco José dos Santos — Marinhei-
235. Manoel Costa Silva — Desaparecido. ro, salvo.
236. Alipio Souza Leite — Desaparecido. 14. Manoel Francisco da Silva — Mari-
237. Maria Lourdes Araújo — Desaparecida. nheiro, desaparecido.
238. José Ramos Araújo — Desaparecido. 15. Manoel Martins de Souza — Marinhei-
239. Odete, com seis meses — Desaparecida. ro, desaparecido.
16. Melchizedeck de Carvalho — Mari-
Embarcados em Salvador: nheiro, desaparecido.
240. António Campos Ferreira Santos — De- 17. Luiz Gonzaga Freire — Marinheiro, de-
saparecido . saparecido ,
241. Vilma Fernandes Castello Branco — 18. João Ferreira dos Santos — Marinheiro,
Salva. desaparecido.
242. Arlindo Menezes — Desaparecido. 19. Sebastião Simões dos Anjos — Moço,
243. José Peixoto Souza — Desaparecido. desaparecido.
- 77 -

20. Mário Gomes da Silva — Moço, desa- 46. Enoch Sandes Oliveira e Silva — 1.°
parecido . Comissário, desaparecido.
21. Jayme Gomes Pinto — Moço, desapa- 47. Pascnoal Visconti — 2.° Comissário, de-
recido . saparecido .
22 . Pedro da Motta Silveira — Moço, de- 48 . Francisco Xavier Dias — 1.° Cozinhei-
saparecído. ro, desaparecido.
23. Esmerino Elias Siqueira — Moço, desa- 49. José Laurentino dos Santos — 2.° Cozi-
parecido. nheiro, desaparecido.
24. João Dias Pinto — Moço, desaparecido. 50. Jeronymo Benedícto da Silva — 2.° Co-
25. Carlos dos Santos Pires — Moço, desa- zinheiro, desaparecido.
parecido. 51. Manoel Rodrigues de Oliveira — 3.° Co-
26 . Wlademiro Mattos — 1.° Maquinista, zinheiro, desaparecido.
desaparecido. 52. Sebastião Jardim dos Anjos — Padeiro,
27. Christovão Machado — 2.° Maquinista, desaparecido.
desaparecido . 53 _ Irineu Pereira da Silva — Paioleiro, de-
28. Erothildes Bruno de Barros — 3.° Ma- saparecido.
quinista, salvo. 54 Oswaldo Andrade — Lavador, desapa-
29. Manoel Serejo Linhares — 3.° Maqui- recido .
nista, desaparecido. 55 Amarilio Lins das Neves — Taifeiro,
30 . Amaro Antunes de Almeida — 3.° Ma- desaparecido.
quinista, desaparecido. ec José Calazans dos Santos — Taifeiro,
31. Aurélio Delgado Serviço — 3.° Maqui- desaparecido.
nista, desaparecido. 57 Milton Soares da Silva — Taifeiro, de-
32. Luiz Rangel da Silva — 3.° Maquinista, saparecido .
desaparecido . 53 António Tavares dos Santos — Taifeiro,
33. Manfredo Bezerra — 3.° Maquinista, desaparecido.
desaparecido . 50, Oliveiros Rodrigues Lucena — Taifeiro,
34. José Farias da Paixão — 3.° Maquinis- desaparecido.
ta, desaparecido. 60 Severino Chagas Coutinho — Taifeiro,
35. 'Graciliano M. Assumpção — Pte. Má- desaparecido.
quinas, desaparecido. g l _ António Miranda da Silva — Taifeiro,
36. Acacio de Souza Machado — 1.° Ele- desa pn recido.
tricista, desaparecido. 62. Adão Brasil Rodrigues — Taifeiro, de-
37. Olegario de Souza Júnior — 2.° Eletri- saparecido .
cista, desaparecido. 53. Celso Rosas da Silva — Taifeiro, desa-
38 . Pedro Vieira — C. Caldeirinha, desapa- parecido .
recido . 64 . Pedro Bezerra Wanderley — Taifeiro,
39. Abdon Corcino de Medeiros — C. Fo- desaparecido.
guista, desaparecido. 65. José Elias Filho — Taifeiro, desapare-
40. Henrique Guedes de Moura — Foguista, cido.
desaparecido. 66. João Pereira de Lima — Taiíeiro, desa-
41. Moysés Joaquim de Oliveira — Foguis- parecido .
ta, desaparecido. 67. Roque Martins da Silva — Taifeiro, de-
42. Santino Vicente — Foguista, desapa- saparecido.
recido . 68 . João de Oliveira Filho — Taifeiro, de-
43. Vicente Ferreira da Silva — Foguista, parecido.
desaparecido. 69. Miguel Alves das Chagas — Taifeiro.
44. José Alves de Mello — Carvoeiro, salvo. desaparecido.
45. Francisco Freitas Barboza — Carvoeiro, 70. Pedro Maurício òe
desaparecido. desaparecido.
— 78 —

71. Maurício Pereira Vital — Taifeiro, 23. Manoel António Teixeira — Cabedelo
salvo. — Militar, desaparecido.
72. António Quirino da Costa — Moço, de- 24. Annibal de Souza Gonçalves — Cabe-
saparecido . delo — Militar, desaparecido.
73. José Corrêa dos Santos — Moço, salvo. 25. Haydée Pitta Gonçalves — Cabedelo —
Doméstica, desaparecida.
RELAÇÃO DOS PASSAGEIROS 26. Washington Nobre da Silva — Cabede-
lo — Militar, desaparecido.
1. José Fernandes — Cabedelo — Maríti- 27. Virgínia Auto de Andrade — Recife —
mo, desaparecido. Doméstica, desaparecida.
2. Manoel Barbosa dos Santos — Cabe- 28. Gustavo Giorge — Recife — Militar,
delo — Marítimo, desaparecido. desaparecido.
3. Wilson Pereira de Mendonça —- Cabe- 29. Beatriz Giorge — Recife — Domésti-
delo — Marítimo, desaparecido. ca, desaparecida.
4. José Dutra — Cabedelo — Músico, de- 30. Marilene Giorge — Recife — Menor,
saparecido .
desaparecida.
5. Alirio Cerqueíra — Cabedelo — Músico, 31. Marlene Giorge — Recife — Menor,
desaparecido.
desaparecida.
6. Edelviro SanfAnna — Cabedelo — 32. Gildo Antunes da Silva — Recife — In-
Músico, desaparecido. dústria, desaparecido.
7. José Pedro da Costa — Cabedelo —• 33. Nelson Salles Pereira Leite — Recife —
Barbeiro, salvo. Militar, desaparecido.
8. Hermes Dantas da Silva — Recife — 34. Alberto Elysio Silveira — Recife — Mi-
Estudante, desaparecido. litar, desaparecido.
9. Francisco de Castro — Recife — Co- 35. Waldemar Figueiredo Lemos — Recife
mércio, desaparecido. — Militar, desaparecido.
10. António Campos da Arruda Beltrão — 36. Luiz Eduardo Villafane Gomes — Reci-
— Recife — F. Público, desaparecido. fe — Militar, desaparecido.
11. Elisa Beltrão — Recife — Doméstica, 37. Carmen Mottoso — Cabedelo — Do-
desaparecida. méstica, desaparecida.
12. Gaspar Monteiro Oliveira Pinto — Re- 38. Hermencio Catanhede — Recife — Co-
cife — Comércio, desaparecido. mércio, desaparecido.
13. Cacilda de Souza Pinto — Recife — 39. António Lins Cavalcanti — Recife —
Doméstica, desaparecida. Militar, desaparecido.
14. Jayme de Souza Pinto — Recife — Es- 40. Alayde Lins Cavalcanti — Recife —
tudante, desaparecido. Doméstica, salva.
15. Paulo Moitinho Neiva — Recife — Mi- 41. António Cavalcanti — Recife — Estu-
litar, desaparecido. dante, desaparecido.
16. Roberto Ribeiro Carvalho — Recife — 42. Hélio Cavalcanti — Recife — Estudan-
Comércio, desaparecido. te, desaparecido.
17. Odete Vieira Cunha Carvalho — Recife 43. Noemi Cavalcanti — Recife — Menor,
— Doméstica, desaparecida. desaparecida.
18. Maria de Lourdes Souza Rangel — Re- 44. Constantino Pereira d'Almeida — Reci-
cife — Comércio, desaparecida. fe — Comércio, desaparecido.
19. Oswaldo Machado — Recife — Militar, 45. Nancy Ferreira d'Almeida — Recife —•
desaparecido. Menor, desaparecida.
2 O. Palmira Alvarez Anciães —^ Cabedelo 46. Almerinda Nogueira — Recife — Do-
— Doméstica, desaparecida. méstica, desaparecida.
21. Palmira Alvarez Anciães Filha — Ca- 47. José Baptista da Silva — Recife — Mi-
bedelo — Doméstica, desaparecida. litar, desaparecido.
22. Norberto Sílvio Paiva Anciães — Cabe- 48. Caetano Moreira Falcão — Recife —
delo — Militar, desaparecido. Estudante, salvo.
79

49. Amélia Figueira Ferreira — Recife — ANÍBAL BENÉVOLO


Doméstica, desaparecida.
50. Eodizun Ferreira — Recife — Estudan- RELAÇÃO DOS TRIPULANTES
te, desaparecido. 1. Henrique Mascarenhas Silveira — Co-
51. Edson Ferreira — Recife — Estudante, mandante, salvo.
desaparecido. 2. Manuel Duarte Cordeiro Filho — Ime-
52. Weber Ferreira — Recife — Estudan- diato, desaparecido.
te, desaparecido. 3. Hélio Corrêa de Oliveira — 1.° Piloto,
53. Aríete Ferreira — Recife — Estudante, desaparecido.
desaparecida. 4. José Furtado Soares de Meireles — 2.°
54. Heinrich Fahlbusch — Recife — Técni- Piloto, desaparecido.
co, desaparecido, 5. Mathias Bandeira de Morais — 1.° Ra-
55. Francisco José de Souza — Recife — diotelegrafista, desaparecido.
Comércio, desaparecido. 6. Hugo Pedro Krapt — 2.° Radiotelegra-
56. Renato Cardoso Mesquita — Recife — fista, desaparecido.
Comércio, desaparecido. 7. Osório França — Médico, desaparecido.
57. Gilberto Costa — Recife — F. Público, 8. Servulo da Costa — Conferente, desapa-
desaparecido. recido .
58. Murilo Gonçalves da Silva — Recife — 9. Firmino Pereira da Silva — Mestre, de-
Médico, desaparecido. saparecido .
59. Elza Boiss — Recife — Doméstica, de- 10. António de Almeida — Carpinteiro, de-
saparecida . saparecido .
60. Eduardo Alexandre Eaumann — Recifa 11. Júlio Alexandre de Carvalho — Mari-
— Militar, desaparecido. nheiro, desaparecido.
61. Eunice Neiva Eaumann — Recife —• 12. José Rodrigues dos Santos — Marinhei-
Doméstica, salva. ro, desaparecido.
62. João Dias Júnior — Cabedelo — Advo- 13. Cristóvão de Deus Oliveira — Mari-
gado, desaparecido. nheiro, desaparecido.
63. Flavio Andrade Guimarães — Recife — 14. Amintas Ascendino dos Santos — Ma-
Estudante, desaparecido. rinheiro, desaparecido.
64. José Dutra Pereira — Cabedelo — Mú- 15. João Joaquim Sérgio — Marinheiro, de-
sico, desaparecido, saparecido .
65. Edelviro Santana — Cabedelo — Mú- 16. Manuel Nunes da Silva — Moço, salvo.
sico, desaparecido. 17. José Bomfim da Hora — Moço, desa-
parecido .
66. Aloysio Oswaldo Cerqueira — Cabedelo
18. António Ferreira de Alcântara — Moço,
— Músico, desaparecido.
desaparecido.
67. José Gonçalves Fernandes — Cabedelo 19. Francisco Fernandes — Moço, desapa-
— Marítimo, desaparecido. recido .
68. Wilson Pereira Mendonça — Cabedelo 20. Cosme de Oliveira Silva — Moço, de-
— Marítimo, desaparecido. saparecido .
69. José Pedro da Costa — Cabedelo — 21. Heliodoro de Holanda Cavalcante — 1.°
Marítimo, desaparecido. Maquinista, desaparecido.
70. Manoel Barbosa dos Santos — Cabedelo 22. Raymundo Lira de Azevedo — 2.° Ma-
— Marítimo, desaparecido. quinista, desaparecido.
71. Virgílio Alves de Figueiredo — Recife 23. Mariano Cesta — 3.° Maquinista, desa-
— Marítimo, desaparecido. parecido .
72. Annibal Whatley Dias — Recife — Co- 24. José Gonçalo Duarte Lara — 4.
mércio, desaparecido. T_. ~_i -~-^ ~í rs-r: - :
73. Jayme Sagorsky — Recife — Comércio, 25. Thiago Jo*é da SBn —
desaparecido. is -: - T;.::
— 80

26. Manuel Vieira dos Santos — Csbo-fo* 53. José Marques da Costa — Taifeiro, de-
guista, desaparecido. saparecido .
27. Josau de Brito — Cabo-foguista, desa- 54. Jonio Alves tíe Barros — Taifeiro, desa-
parecido. parecido .
28. José Evarísto Gomes Filho — Cabo-fo- 55. Carlos de Azevedo Coutinho — Taifeiro,
guista, desaparecido. desaparecido.
29. Valdemiro Pinheiro — Foguista, salvo. 56. Edgard Silva Ramalho — Taifeiro, de-
30. Pedro Paulo Mota — Foguista, desapa- saparecido .
recido. 57. Raimundo Ribeiro da Silva — Taifeiro,
31. Virgílio Pires — Foguista, desaparecido. desaparecido.
32. Inocencio Alves dos Santos — Foguista, 58. Pedro Martins Fonte — Taifeiro, desa-
desaparecido. parecido .
33. João Laurentino da Silva — Foguista, 59. Amaro Martins dos Santos — Taifeiro,
desaparecido. desaparecido.
34. Olavo Pereira da Cruz — Foguista, de- 60. António Francisco dos Santos — Tai-
saparecido . feiro, desaparecido.
35. tacharias Aíves — Carvoeiro, desapa- 61. Navaldo Navarro de Morais — Taifeiro,
recido. desaparecido.
36. Anterior Manuel da Luz — Carvoeiro, 62. Manuel Fernandes da Silva — Taifeiro,
desaparecido. desaparecido,
37. Inocencio Sèverino dos Santos — Car- 63. António Castanheira — Barbeiro, desa-
voeiro, desaparecido. parecido .
38. André Gomes Sena — Carvoeiro, desa- 64. Jonas Manuel dos Santos — Praticante,
parecido. desaparecido.
39. Manuel Sêverino da Silva — Carvoeiro, 65. Mário Gomes de Carvalho — Barbeiro,
desaparecido. desaparecido.
40. Calmon Ferreira da Silva — Carvoeiro, 66. José António de Oliveira — Moço, salvo.
desaparecido. 67. Manuel Gomes de Oliveira — Cabo-fo-
41. António Santana Ferreira — Carvoeiro, guista, salvo.
desaparecido. 68. Manuel Ferraz — Foguista, salvo.
42. Manuel Vangeloti — 1.° Comissário, de- 69. Casimiro Manuel Lima — Foguista,
saparecido. salvo.
43. Maurício José Pindenfeld — 2.° Comis- 70. Wilson Gil — Taifeiro, salvo.
sário, desaparecido. 71. Arménio de Castro Bezerril — Taifeiro,
saJvo.
44. Firmino Gomes da Silva — 1.° Cozi-
nheiro, salvo. RELAÇÃO DOS PASSAGEIROS
45. Aristides Matos dos Santos — 2.° Cozi- Embarcados no Rio de Janeiro:
nheiro, desaparecido.
Para Aracaju :
46. Ernesto de Azevedo Silva — 2.° Cozi-
1. Benicio Montes Flores — Desaparecido.
nheiro, desaparecido.
2. Isabel Montes Flores — Desaparecida.
47. José Muníz de Oliveira — 3.° Cozi-
3. José Lacerda Dantas — Desaparecido.
nheiro, desaparecido.
4. leda Gomes Dantas — Desaparecida.
48. José Souza — Ajd. Cozinha, desapa-
5. Lucí Gomes Dantas — Desaparecida.
recido.
6. Inéa Nogueira Gomes — Desaparecida.
49. Carivaldo Francisco da Soledade — Pa- 7. Josias Alves de Souza — Desaparecido.
deiro, desaparecido. 8. Guilhermína Alves de Souza — Desa-
50. Sérgio Clementino Bezerra — Paioleíro, parecida.
desaparecido. 9. Lenz Alves de Souza — Desaparecido.
51. Guilherme Ribeiro — Botequineiro, de- 10. Fernando de Oliveira — Desaparecido.
saparecido. 11. Evangelina de Barros Oliveira — Desa-
52. Ozeas Góes — Copeiro, desaparecido. parecida.
- 81

12. Carlos de Oliveira — Desaparecido. 57. Vitalina Dias da Silva — Desaparecida.


13. Manuel Messias de Souza — Desapa- 58. Maria Dias da Silva — Desaparecida.
recido . 59. Severino Dias da Silva — Desaparecido.
14. EHsabeth Santos — Desaparecida. 60. Maria Anunciada Dias da Silva — De-
15. Edmundo Dantas — Desaparecido. saparecida .
16. Josefa Cardoso Santos — Desaparecida. 61. Aurora Dias da Silva — Desaparecida.
17. José Carlos do Nascimento — Desapa- 62. Maria José Dias da Silva — Desapa-
recido . recida .
18. Jerônímo Alves Torres — Desaparecido. 63. Octacilio Dias da Silva —• Desaparecido.
39. Valtercio José de Sá — Desaparecido. 64. Josefina Dias da Silva — Desaparecida.
20. Aurora Santos — Desaparecida. 65. José Martins dos Santos — Desapare-
21. Marlene Santos Prior — Desaparecida. cido.
22. Mariler.a Santos Prior — Desaparecida. 66. Amara Martins dos Santos — Desapare-
23. Oswaldo Caldas de Assis — Desapa- cida.
recido. 67. Maria das Dores dos Santos — Desapa-
24. José Alves — Desaparecido. recida .
25. Adelina Alves — Desaparecida. 68. Severino dos Santos — Desaparecido.
26. Derlin Alves — Desaparecido. 69. Tompson Teles Vieira — Desaparecido.
27. Olga Alves — Desaparecida. 70. Clarice Prudente Vieira — Desaparecida.
28. Pedro Marinho da Sílva — Desapare- 71. Marisete Prudente Vieira — Desapa-
cido. recida .
72. Maria dos Santos — Desaparecida.
29. Clarinha Rego Silva — Desaparecida.
73. Milton dos Santos Vieira — Desapa-
30. José Soares de Brito — Desaparecido.
recido.
31. José Gomes da Silva — Desaparecido.
74. António Ciríaco — Desaparecido.
32. Severina Moreira — Desapar^ida.
75. Maria Alves — Desaparecida.
33. Maria Gomes — Desaparecida.
76. Maria José dos Santos — Desaparecida.
34. Alcides Gomes — Desaparecido.
35. Ismael Cordeiro — Desaparecido. Embarcados em Caravelas:
36. Acielé Cordeiro — Desaparecido, Para Aracaju :
37. José Gomes — Desaparecido.
38. José Aprigio — Desaparecido. 77. Francisco Garcia — Desaparecido.
78. João Ferreira da Silva -— Desaparecido.
39. Wanda Lessa — Desaparecida. 79. David Góes — Desaparecido.
40. Gracil Aprigio — Desaparecido. 80. João C. Castro — Desaparecido.
41. Mário Aprigio — Desaparecido.
42. Ivo Aprigio — Desaparecido. Embarcados em Vitória:
43. José António Martins — Desaparecido. 81. António Fernandes Neto — Desapare-
44. Maria Martins — Desaparecida. cido.
45. Cesaria Martins — Desaparecida.
46. Sevenna Martins — Desaparecida) Embarcsdcf em Salvador:
47. Joaquina Martins — Descc-rcci^t
8Í. Júlio Alexandre — Desaparecido.
48. Luzia Martins — Desaparecida.
83. Manoel Messias dos Santos — Desapa-
49. António Martins — Desaparecido.
recido .
50. Antonía Martins — Desaparecida.
51. Pedro Martins — Desaparecido. ITAGIBA
52. Msriano Ramos M. Pereira — Desapa-
RELAÇÃO DOS TRIPULANTES
recido.
53. Cecília Ramos Pereira — Desaparecida. 1. José Ricsrdo Nunes — Comandante,
54- Lourival Ramos Pereira — Desapare- salvo.
cido, 2. Msrir H-J^O Prauni — Ii"***"ft\.
55. Creusa Ramos Pereira — Desaparecida. 3- A:-:: ! I _ . ~ .-
56. Narciso Dias da Silva — Desaparecido. salvo.
— 32 —

4. Osny Moura — 1,° Piloto, salvo. 37. Alberto Alves dos Santos — Carvoeiro,
5. Milton Pirnentel — Pte. Piloto, salvo. salvo.
6. Dr. Augusto de Araújo Bulcão — Mé- 38. Bento Alberto de Oliveira — Carvoeiro,
dico, salvo. salvo.
7. João Guatiguaba — 1.° Rádio, salvo. 60. Josué Xavier de Souza — Teifeiro,
8. Bellival Pereira de Mello — 2.° Rádio, 39. Juvenal Vicente de Moura — Carvoeiro,
salvo. salvo.
9. José Eleotérío de Mattos — C. Mestre, 40. Octacílio Marinho da Silva — Carvo-
desaparecido. eiro, salvo.
10. Eugênio Jesuino da Silva — Carpinfei 41. Milton Bezerra do Nascimento — Car-
ro, salvo. voeiro, desaparecido.
11. António José Pires — Marinheiro, salvo. 42. Apolonio Braz de Araújo — Carvoeiro,
12. Romão José Rayol — Marinheiro, desa- salvo,
parecido . 43. António Nauta — l.D Comissário, salvo.
13. António Cassiano de Lima — Marinhei- 44. Oswaldo Machado Dias — 2.° Comissá-
ro, salvo. rio, salvo.
14. José Marinho Leão — Marinheiro, salvo. 45. António Procopio de Oliveira — 1.° Co-
15. Eduardo Cruz da Silva — Marinheiro, zinheiro, salvo.
salvo. 46. Leonel Paulino de Almeida — 2.° Co-
16. Manoel Henrique da Silva — Marinhei- zinheiro, desaparecido.
ro, salvo. 47. José Conceição da Graça — 3.° Cozi-
17. Manoel Brítto — Moço, salvo. nheiro, salvo.
18. Manoel Barbosa Maciel — Moço, ;;alvo. 48. Raul Almeida Carvalho — Botequinei-
19. António Ribeiro — Moço, salvo. ro, salvo.
20. Octavio de Barros Cavalcanti — Moço, 49. Arlindo Vicente Borges — Copeiro,
salvo. salvo.
21. João Ferreira Ramos — Moço, salvo. 50. Mário Muníz Fernandes — Paioleíro,
22. Paulo Laudelino de Senna — Moço, de- salvo.
saparecido . 51. Raymundo Rodrigues — Padeiro, desa-
23. Arlindo Soares Ribeiro — 1.° Maqui- parecido .
nista, salvo. 52. João Francisco de Barros — Taifeiro,
24. José Monteiro da Silva — 2.° Maqui- salvo.
nista, salvo.
53. João Lopes de Jesus — Taifeiro, salvo.
25. Júlio Minasi — 3.° Maquinista, salvo.
54. Hermelindo Alves da Costa — Taifeiro,
26. João Arthur Cunha — 4.° Maquinista,
salvo.
desaparecido.
55. Joaquim Severino da Silva — Taifeiro,
27. Armando Mendes — Pte. Máquinas,
salvo. salvo.
28. Ernesto Monteiro Chaves — Q Caldei- 56. Alfredo António Azevedo — Taifeiro,
rinha, salvo. salvo.
29. Ulysses de Oliveira — C. Foguista, salvo. 57. Arlindo Ayres de Lima — Taifeiro,
30. Manoel Ramos da Silva — C. Foguista, desaparecido.
salvo. 58. Pedro João Francisco — Taifeiro, salvo.
31. Mamede Salustiano Monte — Foguista, 59. Jorge Carvalhal — Taifeiro, salvo.
salvo. 60. Josué Xavier de Souza — Taífeiro,
32. João da Silva — Foguista, salvo, salvo.
33. Manoel de Góes — Foguista, desapa-
RELAÇÃO DOS PASSAGEIROS
recido.
34. João Fagundes dcs Santos — Foguista 1. José Joaquim Malheiros — Maceió —
salvo. Comércio, salvo.
35. Luiz de França — Foguista, salvo. 2. Alipio Napoleão Andrade Serpa — Re-
36. Waldemar Mattos — Foguista, salvo. cife — Militar, desaparecido.
3. José Tito do Canto — Recife — Mili- 29. António Gomes de Souza — Recife —
tar, salvo. Militar, salvo.
4. Noemia Peres do Canto — Recife — 30. Ary Abreu de Azevedo — Recife — Mi-
Doméstica, salva. litar, salvo.
5. Vera Beatriz Peres do Canto — Recife 31. Ary Bastos — Recife — Militar, salvo.
— Doméstica, salva. 32. Ary Fernandes — Recife — Militar,
6. Odíla Silva Darey — Maceió — Do- desaparecido.
méstica, salva. 33. Claudionor Jacintho Nazareth — Recife
7. Gentil Domingues da Silva — Baía — — Militar, salvo.
F. Público, salvo. 34. Eloy José de Oliveira — Recife — Mi-
8. Hélio Leite de Castro Velloso — Baía litar, salvo.
— Médico, salvo. 35. Euripedes Francisco da Cruz — Recife
9. José Benevides de Azevedo — Baía — — Militar, salvo.
Comércio, desaparecido. 36. Firmo Marques — Recife — Militar,
10. Alter Ber Eylbersztajn — Maceió —- salvo.
Comércio, desaparecido. 37. Floriano Peixoto — Recife — Militar,
11. Nute Fainel Zilberstein — Maceió — salvo.
Comércio, desaparecido. 38. Geraldo Cardoso — Recife — Militar,
12. Natalio Aísenberg — Maceió — Comér- desaparecido.
cio, salvo. 39. Germano Manoel da Costa — Recife —
13. Czestava S. Aisenberg — Maceió — Militar, desaparecido.
Doméstica, salva. 40. Gil Ferreira Soares — Recife — Mili-
14. Luiz Barboza Cordeiro — Recife — tar, desaparecido.
Militar, salvo. 41. HypoJito Schiavo Júnior — Recife —
15. João de Oliveira Barros — Recife — Militar, desaparecido.
Militar, salvo, 42. Isaias Pina de Carvalho — Recife —
16. Eurides Garcia — Cabedelo — Militar, Militar, salvo.
salvo. 43. João Baptista — Recife — Militar,
17. Miguel Ferreira de Souza — Cabedelo salvo.
— Militar, desaparecido. 44. João Moraes Sarmento Júnior — Recife
IS. Manoel Baptista da Silva — Cabedelo — Militar, salvo.
— Militar, salvo. 45. Joaquim de Araújo Neto — Recife —
19. Pedro Daniel de Souza — Cabedelo — Militar, salvo.
Militar, salvo. 46. Jorge Rodrigues — Recife — Militar,
20. Manoel Celestino Magarão — Recife — salvo.
Militar, salvo. 47. José Fcinandes Gomes — Recife — Mi-
21. Waldemar Gonçalves Aguado — Recife litar, desaparecido.
— Militar, salvo. 43. José Fernandes Rabello — Recife —
22. Abílio Pereira Christino — Recife —• Militar, desaparecido.
Militar, salvo. 49. José Ferreira — Recife — Militar, salvo
23. Ademar Machado — Recife — Militar, 50. José Pereira de Aquino — Recife —
salvo. Militar, salvo.
24. Agostinho Eugênio dos Santos — Recife 51. José Francisco de Oliveira — Recife —
— Militar, salvo. Militar, salvo.
25. Alcides Salça Ribeiro — Recife — Mi- 52. José Moreira Christo — Recife — Mi-
litar, desaparecido. litar, salvo.
26. Alporandyr Souto da Silva — Recife —> 53. José Nazareno Riguetti — Recife —
Militar, salvo. Militar, salvo.
27. Álvaro Bastos — Recife — Militar, 54. José Pedro Ximenes — Recife — Mi-
salvo. litar, salvo.
28. Álvaro Sant'Anna — Recife — Militar, 55. Juvenal Lucas — Recife — Militar, de-
desaparecido. saparecido.
_ 84 —

56. Luiz Anacleto da Fonseca — Recife — 82. Walter Siqueira — Recife — Militar,
Militar, salvo. salvo.
57. Luiz Macedo — Recife — Militar, de- 83. Washington Moreira — Recife — Mili-
saparecido. tar, salvo.
58. Luiz Menzini — Recife — Militar, de- 84. Wilson Goulart da Fonseca — Recife —
saparecido . Militar, salvo.
59. Manoel Martins Domingos — Recife — 85. Mário Alves Silva Sobrinho — Recife
Militar, salvo. — Militar, desaparecido.
60. Manoel Rangel — Recífe — Militar, 86. Walter de Oliveira — Recife — Militar,
desaparecido. salvo.
61. Murillo Poly — Recife — Militar, salvo. 87. Oscar Alves de Oliveira — Recife —
62. Nestor Neres da Silva — Recife — Mi- Militar, salvo.
litar, salvo. 88. Alcides Gomes da Silva — Recife —
63. Newton Meirelles — Recife — Militar, ceio — Militar, salvo.
desaparecido. 89. Lourival dos Santos — Recife — Mili-
64. Octaciiio José da Silva — Recife — Mi- tar, salvo.
litar, salvo. 90. Paulo Pereira de Castro — Recife —
65. Oswaldo Alves de Oliveira — Recife — Militar, salvo.
Militar, salvo. 91. Jorge Baptista Serra — Recife — Mi-
66. Paulo João Frish — Recife — Militar, litar, desaparecido.
salvo. 92. BenvJndo Neto — Recife — Militar,
67. Paulo Mariano de Camargo — Recife — salvo,
Militar, salvo. 93. Moysés Pituba — Recife — Militar,
68. Pedro Paulo de Faria Moreira — Re- salvo.
cife — Militar, salvo. 94. Orlando de Souza — Recife — Militar,
69. Reynaldo Nazareth de Mattos — Re- salvo.
cife — Militar, salvo. 95. Hélio de Paula Ribeiro — Recife —
70. Roberval Rodrigues Place — Recife — Militar, salvo.
Militar, salvo. 96. Sylvio Reis de Souza — Recife — Mi-
71. Rubens de Souza Pires — Recife — Mi- litar, salvo.
litar, salvo. 97. José Alves de Freitas — Recife — Mi-
litar, salvo .
72. Rubens Seguir — Recife — Militar,
98. Carlos Salomão Bacarat — Recife —
salvo.
Miíitar, desaparecido.
73. Santino Alves de Lima — Recife — Mi-
99. João Carneiro Soares — Recife — Mi-
litar, salvo.
litar, desaparecido.
74. Serafim Anacleto da Fonseca — Recife
100. José Maria de Moraes — Recife — Mi-
— Militar, desaparecido.
litar, salvo,
75. Scilas de Oliveira Assumpção — Recife 101. Alfredo Ribeiro Júnior — Recife — Mi-
— Militar, salvo. litar, salvo.
76. Sinézio de Souza — Recife — Militar, 102. Álvaro José de Oliveira — Recife —
salvo. Militar, salvo.
77. Ubirajara Francisco Lessa — Recife — 103. Edson Carlos de Lemos — Recife —
Militar, salvo. Militar, salvo.
78. \VaIdemiro Francisco Ferraz — Recife 104. Floripes José Maria — Recife — Mi-
— Militar, salvo, litar, desaparecido.
79. Walter Sileiro Fiz — Recife — Militar, 105. Glaudio Cruz Paes — Recife — Militar,
salvo. desaparecido.
80. Carmemberum Zito Ortiz — Recife — 106. Heitor da Silva Ramos — Recife —
Militar, desaparecido. Militar, salvo.
81. Elcio Antunes — Recife — Militar, J07. Gilson Magalhães Couto — Recife —
salvo. Militar, salvo.
- 85 -

108. Homero Tavares Coelho — Recife — 12. Manoel Rodrigues Tavares — Moço,
Militar, desaparecido. desaparecido.
109. Paulo Augusto Macedo Magalhães — 13. João Pedro dos Santos — Moço, desa-
Recife — Militar, desaparecido. parecido .
110. Juvencio Fernandes de Oliveira — Re- 14. Aldo Alves — Moço, desaparecido.
cife — Militar, salvo. 15. Josué Pereira — 1.° Maquinista, desa-
111. Valderez Monteiro Cavalcanti — Ma- parecido .
ceió, salvo. 16. Innocencio Ferreira do Carmo — 2.°
112. João Ricardo de Souza — Baía — Mili- Maquinista, desaparecido.
tar, salvo. 17. João Martins Simões — 3.° Maquinista,
113. Geraldo Ciudo — Baía — Militar, salvo. desaparecido.
114. Carlos Trindade Lopes — Recife •— 18. José Ribeiro da Silva — C. Caldeiri-
Militar, salvo. nha, salvo.
115. Curt Cartner — Recife — Militar, salvo. 19. Rozendo José Marciano — C. Foguista,
116. Anadir Samuel — Recife — Militar, desaparecido.
desaparecido.
20. José Flora da Silva — C. Foguista,
117. Godofredo Pinto Frota — Recife — salvo.
Militar, salvo.
21. Aprigio Camillo de Souza — Foguista,
118. Claiton Bolgeraux — Recife — Militar, salvo.
salvo.
22. Severino Francisco dos Santos — Fo-
119. Guilherme Neid — Recife —• Militar,
guista, desaparecido.
salvo.
23. João Esmerio dos Santos — Foguista,
ARARÁ desaparecido.
24. Raymundo Nonato da Silva — Foguista,
RELAÇÃO DOS TRIPULANTES
desaparecido.
1. José Coelho Gomes — Comandante, 25. João da Silva Porto — Foguista, desa-
salvo. parecido .
2. Ignacio Carlos — Imediato, desapa- 26. Manoel Maurício dos Santos — Foguis-
recido . ta, desaparecido.
3. Ubirajara Cirne — 2.° Piloto, desapa- 27. Sebastião José de Oliveira — Carvoeiro,
recido . salvo.
4. Angelo Merico — 2.° Piloto, salvo. 28. Santos Ulquim — Carvoeiro, desapa-
recido .
5. Aurélio Raymundo Delgado — Pte. Pi-
29. Firmo Lima — Carvoeiro, salvo.
loto, salvo.
30. Armando Simões da Cruz — Carvoeiro,
6. Octacilio José dos Santos — C. Mestre,
desaparecido.
salvo.
31. Durvaí Baptista dos Santos — 2-° Co-
7. Olavo de Souza — Carpinteiro, desapa-
missário, desaparecido.
recido .
32. Pedro Dyonisio Vencke — 2.° Cozinhei-
8. João Bello de Souza — Marinheiro,
ro, desaparecido.
salvo.
33. António Manoel da Silva — 3.° Cozi-
9. Philadelpho Eduardo da Silva — Mari-
nheiro, salvo. nheiro, salvo.
10. Severíno Gomes de Senna — Marinhei- 34. Jayme Santos de Oliveira — Taifeiro,
ro, salvo. desaparecido.
11. Eipidio Barbosa Leal — Marinheiro, 35. Juver.a! Th;-^z ca S^v» —
salvo. desa parecido.
TRECHOS DE DEPOIMENTOS DE TRIPULANTES DO
"BAEPENDÍ", "ANÍBAL BENÉVOLO", "ARARAQUARA",
"ITAGIBA" E "ARARÁ"
BAEPENDÍ tona, numa noite escura e de mar agitado.
Nessa baleeira salvaram-se vinte e oito pes-
Depoimento do Sr. Adolfo Artur Kern, soas.
chefe de máquinas Quanto à presença de navio de guerra agres-
sor, submarino ou mina, nada posso, concien-
"Saímos do porto de Salvador, na Baía, temente, informar. Afirmo apenas que fnram
às 7 horas da manhã do dia 15 de agosto, a dois torpedos. Quando me encontrei dentro
bordo do Baependí, que se destinava a Manaus dágua, vi, naquele ambiente de destroços flu-
e portos de escala, íamos navegando normal- tuantes, um resto de fogueira e compreendi
mente, com destino ao porto de Maceió, sem que era óleo combustível em chamas, que se
nada haver-se registado logo depois da saída. entornara com o movimento do navio. Ao lado
Às 19 horas do mesmo dia 15, logo depois dessa fogueira, notei 12 ou 15 velinhas acesas,
do jantar, sentimos o primeiro estampido forte, parecendo velinhas de baleeiras, que acendem
que, pelas características do som metálico, lo- logo que estas batem nágtia.
go compreendemos que se tratava de um tor-
Os que, por graça divina, se salvaram foram
pedo. Cinco segundos depois, provavelmente,
28, sendo 15 tripulantes e 13 passageiros.
desse primeiro estrondo, produziu-se outro es-
tampido, correspondendo ao segundo torpedo, Não me salvei na baleeira. Depois de per-
manecer cerca de meia hora dentro dágua, no
também assim presumido por se terem apre-
meio de todo mundo que estava na mesma si-
sentado as mesmas características da deto-
nação. tuação angustiosa, veio para cima de mim,
arrastado pela correnteza, urn pedaço da tolda
O primeiro torpedo, presumivelmente, deu-
se na casa das caldeiras, e o segundo, também de madeira da cobertura do passadiço. Não
presumivelmente (porque foi tão rápido que sei se foi a explosão ou se foi a força dágua
não deu tempo para localizar nada), arreben- que a arrancou do navio. Era um pedaço de
tou nos tanques de óleo combustível. Em con- tolda de trêa e quatro metros quadrados.
sequência disso e simultaneamente com o es- Depois de subir para esse pedaço de tolda
tampido, registou-se uma forte explosão, des- e de estar ali vogando durante meia hora, ouvi
tapando-se a escotilha do porão n. 2, explosão
gritos perto. Nos primeiros momentos, nada
acompanhada de labaredas, que iam até, quase,
pude distinguir. Passado algum tempo, vi um
ao tope do mastro, provocando violento in- indivíduo nágua, meio enregelado. Era um
cêndio . soldado. Ajudei-o a subir na tábua e aí ficá-
Desde o primeiro estampido, contando um mos. Transcorrido não muito tempo, sem sa-
minuto ou talvez dois, o navio submergiu ber determinar de onde partia, pois a noite
completamente. Submergiu todo adernado para estava fechada, ouvimos outro grito. Poucos
o lado de boreste, lado por onde foi agredido, instantes depois, no meio das ondas, observei
arrastando todo mundo ; porque, dada a rapi- um volume constituído de dois colchões. Nele
dez com que o navio foi tragado pelo mar, se havia recolhido um terceiro náufrago, que
não houve tempo, sequer, de se iniciar o ser- era o enfermeiro de bordo. Ficámos nessa si-
viço de salvamento com as baleeiras. Todas tuação apenas com as peças do vestuário, e aí
as baleeiras foram arrastadas para o fundo nos mantivemos precariarner.te desde 8 horas
: .-/. : r.i-.io. íusr.^: u:r.a i:r.:;a. que se des- c.s n r i t e . ?":—.:; . à v a i i ; pelai cr.iis i:
prer. i ^ j sozinha, por graça divina. Foi essa L.•:-. ; •;.":- ;-;~ :V- :-;"•; = r = * í
baleeira que recolheu os que iam surgindo à
— 90 —

quase ao clarear do dia, nas mais lamentáveis De Crasto nos conduziram para Estância,
condições físicas. cidade de Sergipe, onde passámos uma noite
Ao atravessar, porem, a arrebentação, pro- no hospital. Aí nos foram prestados socorros
vocada pelo vento sul que agita muito a praia, médicos, porque na tolda em que nos salvára-
o soldado já tinha perdido a conciência, pela mos havia muitas pontas de pregos, e estas nos
alta febre. Ficou alucinado, e nós tínhamos de tinham deixado bastante feridos. Alem disso,
segurá-lo constantemente para que pudesse fi- estávamos semi-nus. Quando cai nágua, estava
car com a cabeça fora dágua. Resistiu à passa- com o meu fardamento branco. Fiquei só com
gem da primeira arrebentação, mas, infeliz- a camiseta e o dólman.
mente, na madrugada de segunda-feira, logo No hospital, fizeram-se os curativos, inclu-
depois da segunda arrebentação, quando che- sive da minha vista, que estava inflamada, já
gamos para cima da tábua novamente, já o pela ação do óleo, já pela ação corrosiva da
soldado não estava. Ficamos lutando, o enfer- água salgada. Tinha também queimaduras pro-
meiro e eu. Eu estava já perdendo o controle. duzidas por águas vivas em todo o corpo. Fi-
De fato, enquanto o enfermeiro supunha ver cámos em tratamento no hospital até ao mo-
luzes, eu me considerava estar no Chopp da mento em que pudemos locomover-nos nova-
Brahma, e, quando senti a realidade, estava mente.
para afrouxar. Era Deus que inspirava o meu A respeito do comandante João Soares da
dever de pai; porque, do contrário, não teria Silva, devo dizer que tinha acabado de jantar
tido forças para chegar à praia. O esforço era quando o vi pela última vez. Foi da seguinte
superior à minha resistência física. Lembrei- maneira : "encontrava-me no tombadilho, do
me das minhas filhinhas. lado de fora da sala de música, em uma reu-
Ao clarear de segunda-feira, pareceu-me ou- nião na qual se encontravam o tenente Castelo
vir gritos humanos. Como estivesse com os Branco e sua família, um funcionário do Loíde
meus sentidos auditivos e visuais um tanto Brasileiro, marítimo, que viajava a serviço.
perturbados, consultei o companheiro, que, Estávamos reunidos, quando o comandante,
aliás, estava em idênticas condições. Ele tam- após ter acabado de jantar no salão, passou
bém ouvira gritos. Então, procurando reunir por nós. Tinha dado uns cinco passos, no má-
nossas forças, clamamos por socorro. Lern- ximo, quando se produziu a primeira explosão.
fara-me bem que eu, em vez de pedir socorro, Como todos os outros, foi colhido de grande
gritei : "Quero água!" Já estava quase in- surpreza, devido ao ataque inesperado. Vol-
conciente. tou-se e perguntou-me : "Chefe, que foi isso?"
Fomos recolhidos numa pequena canoa, em Percebi, pelo cheiro de pólvora, que se trata-
uma paragem denominada Mangue Seco, no va de torpedo, e respondi : "E" fora de dúvida.
limite da Baía com Sergipe, porem território Mande arriar as baleeiras". Quando acabava
baiano. Tivemos o primeiro socorro prestado de pronunciar essas palavras, deu-se a segunda
por aquela gente muito humilde e modesta, explosão. Por isso, calculo em cinco segundos
mas que nos deixou a convicção de que é uma o intervalo entre a primeira e a segunda ex-
das grandes reservas do país. Gente sem cul- plosão. À explosão do segundo torpedo, ele
tura, porem cristã e humana, que sofria tanto correu para a escada do passadiço. Ainda con-
quanto nós. O auxílio nos foi prestado por um segui vê-lo no alto da escada, já passando para
grupo de pescadores e por uma velha cabocla. o passadiço, que é a ponte de comando. E aí,
Esta, que possuía um oratório, foi logo agrade- de um salto, quando o navio já adernava, ele
cer à Virgem Nossa Senhora o nosso salva- segurou no apito. O navio começou a apitar e
mento. O que eles possuíam ficou logo à nos- só deixou de fazê-lo quando foi tragado pelas
sa disposição. ondas. O marinheiro, também sobrevivente,
Chegaram outros náufragos, também reco- que estava de serviço no leme, viu-o agarrar
lhidos, inclusive o tenente Castelo Branco, no apito para dar o sinal de alarma. Notou
Ao meio-dia, já por providências tomadas que o comandante estava coberto de sangue,
pela Interventoria do Estado de Sergipe, fo- ferido, naturalmnte, pelos estilhaços prove-
mos conduzidos de Mangue Seco para a lo- nientes da explosão. Daí a razão por que afir-
calidade sergipana de Crasto, que é um porto. mo que o comandante morreu no seu posto".
— 91 —

ARARAQUARA afundamento do barco. Nenhuma baleeira —


estou certo — pode ser arrancada dos pi-
Depoimento do Sr. Milton Fernandes
cadeiros, devido à inclinação do navio. Quan-
da Silva, l.° piloto
do o Araraquara acabava de submergir, fui
"Deixamos o porto do Rio de Janeiro no dia apanhado por um vagalhão e atingido na ca-
11 de agosto p.p., com destino à Baía, onde beça por destroços de uma caixa que fazia
chegámos a 14 do mesmo mês. No decurso da parte da carga depositada no porão. Ocor-
viagem, no dia 13, às 13 horas, procedemos ao reu-me agarrar num pedaço dessa caixa, o que
exercício de salvamento, que foi executado nor- fiz. Passava boiando um pedaço de tolda do
malmente e com toda a presteza. Zarpámos botequim, pois esta se inutilizara com a ex-
da Baía às 11 horas do dia 15, rumo a Ma- plosão, e foi aí que consegui me firmar, evi-
ceió. A viagem prosseguiu sem novidade até tando que o mar me tragasse. Dentro em
às 21 horas, quando se verificou o torpedea- pouco, recolhia um companheiro que se achava
mento. Achava-me, nessa ocasião, dormindo, próximo: o terceiro maquinista, Eroghildes
tendo acordado por motivo de estremecimento Bruno de Barros ; depois, um moço de convés,
do navio, precedido de forte estampido. Vi por nome Esmerino Elias Siqueira, e um 2.°
aproximar-se de mim o comandante, pergun- tenente do Exército, passageiro, que me disse,
tando ao oficial de quarto: "O que foi isso?" mais tarde, chamar-se Oswaldo Costa. Da lista
— Nervoso, o oficial perdera a fala, tendo sido de passageiros, entretanto, não constava este
eu quem lhe respondeu : "Comandante, fomos nome, mas o de Oswaldo Machado. Não era
torpedeados e estamos submergindo". Seguiu- possível recolher mais ninguém, pois a tábua
se a voz de comando, no sentido de que colo- já se achava bastante carregada e o vagalhão
cássemos os coletes salva-vidas e corrêssemos as a arrastava cada vez com maior fúria. Assim,
baleeiras. Isso fizemos sem perda de tempo. seguimos os quatro. O moço de convés e o
E' difícil precisar quantos torpedos foram dis- tenente estavam um pouco desanimados. Cla-
parados contra o navio. Suponho terem sido reando o dia, melhoraram. À medida que nos
dois. Há quem afirme que as ampoulas de afastávamos do navio, eu ia recolhendo o que
ar arrebentaram-se, mas não acredito que podia, para fazer lastro na tábua. A água já
isso se tenha verificado, pois o primeiro tor- nos tocava aos joelhos. Estávamos em pé.
pedo bateu entre o porão 3 e a casa das má- A muito custo, consegui equilibrar um pouco
quinas, e, minuto e meio após, ocorria outra a tábua, com o auxílio de destroços que ia apa-
explosão. A baleeira 3, para onde corri, acha- nhando . Sentíamos f orne e sede, e, em breve,
va-se completamente inutilizada; sobre ela o moço de convés e o tenente se achavam, ou-
cairá a tolda do botequim. Julguei, no pri- tra vez, descoroçoados. Na madrugada de se-
meiro instante, que ninguém se salvaria, da gunda-feira (o torpedeamento verificou-se às
minha guarnição, uma vez que a baleeira es- 21 horas do dia 15), o moço de bordo pediu
tava, como disse, inutilizada, pelo que subi café. Percebi que não estava com o juizo
para procurar as balsas. Também estas já ha- perfeito e procurei acalmá-lo, fazendo ver que
viam caido, dada a inclinação do navio. En- era impossível atender ao seu pedido. Retor-
tão, desci ao local da baleeira e gritei para os quiu-me que ouvira bater a campa, e, pois,
passageiros que tratassem de se salvar da me- estava na hora de tornar café com pão. Que
lhor maneira, correndo para o outro bordo. lhe desse, ao menos, pão com farinha. Mo-
A inclinação do navio já era bastante acen- lhando a mão na água salgada, passeia-a pela
tuada, achando-se o barco quase na posição sua cabeça e pedi-lhe que dormisse. Foi tudo
horizontal. Deslizei pelo costado até à quilha inútil. O homem levantou-se e quis agarrar a
e lancei-me ao mar. Estava muito escuro, e, garganta do tenente, já louco. Então, eu e o
das pessoas que se encontravam perto de mím, maquinista, empregando a força, conseguimos
só pude reconhecer o 3.° maquinista. Ventava impedir que segurasse o tenente, que se acha-
muito, e o mar era bem forte. Boiei um pouco, va inerte. Então, o moço atirou-se ao mar, di-
depois me virei e percebi que o navio ia des- rigindo-me, antes, as seguintes palavras : "Já
aparecendo. Mediaram, talvez, uns cinco mi- que não me quer dar comida, vcmne «nbo-
nutos do primeiro torpedo até ao completo ra". Ergueu-se o ter.er.te e perru^tou £•" :m
— 92 —

colega : "Onde está Nelson?" Disse, também, trário, em baixo da embarcação, onde passou
outros nomes, o seu inclusive, que, como já a noite inteira. Quando clareou o dia, bateu
declarei, é Oswaldo Costa. Minutos depois, no fundo do barco, porque ouvira conversa do
lançava-se ao mar. Agarrei-o pelas botinas, lado de fora. Então, um dos marinheiros mer-
num grande esforço, e fi-lo voltar para cima gulhou e foi buscá-la. Quando deixei Sergipe,
da tábua. Censurei o seu procedimento, pedi- soube, pelo capitão do Porto, que, das baleei-
lhe que tivesse calma, fiz-lhe ver que uni já ras do Araiaquara, somente três haviam dado
se fora e não havia necessidade de agravar a à costa. Sofri alguns ferimentos leves. La-
situação com a perda de mais um companheiro. mento haver perdido toda a minha bagagem,
Respondeu-me : "Você está é embriagado. de que fazia parte o meu sextante e alguma
Sabe o que mais ? Vou para casa". E jogou-se roupa".
nágua, desta vez sem que eu nada pudesse
fazer. Se o tivesse tentado salvar, a tábua te- ANÍBAL BENÉVOLO
ria virado e morreríamos todos. Quando cla- Depoimento do Sr. Henrique Jacques Masca-
reou o dia, por volta das 5 e meia, mais ou renhas Silveira, comandante
menos, perto de Aracaju, fomos alcançados
pela arrebeníação e atirados, eu e o maqui- "No dia 10 de agosto de 1942, achando-se
nista, um para cada lado. Nadamos, eu com o navio fundeado em Caravelas, fiz executar,
o colete selva-vidas e ele ccrn uma bóia. Às 9 com a presença de passageiros e tripulantes,
horas, o meu companheiro deu mostras de es- exercícios de salvamento e incêndio. Peque-
tar avistando terra. Perguntou-me se também ninas falhas foram por mim corrigidas, de
estava vendo. Respondi que não, que se tra- sorte que o sistema de salvamento do Aníbal
tava de ilusão de ótica. Mas ele insistiu, di- Benévola estava em ótimas condições. No dia
zendo : "Repare quando subir na crista da seguinte, 11, às 13 horas, levantei ferros, com
vaga". Então, observando melhor, percebi que destino ao porto da Baía. A viagem decorreu
era, de fato, uma coroa. Ali fomos bater, to- normalmente, seguindo o navio a rota traçada
cados pela arrebentação. Descançámos uns 10 de acordo com as instruções do Estado Maior
minutos e, depois, nos fizemos ao mar, pois não da Armada. Salvador foi alcançada sem qual-
podíamos ficar naqusle ponto. Pelas 3 horas quer novidade. Nesse porto, porem, em conse-
da tarde, atingimos a praia que fica próxima quência de acidente na rede de abastecimento
da Fazenda da Barra, de Manoel Sobral, Dei- dágua, acidente que não sei a que atribuir,
támo-nos na areia. Pouco depois, meu com- todos os navios ali fundeados tiveram sua par-
panheiro foi buscar cocos ; comemos a polpa tida retardada, Assim é que, devendo o Aníbal
e bebemos a água. Reanimados, andámos, in- Benévolo zarpar às 6 horas da tarde cio dia 14
do bater na fazenda referida. Nesse lugar de agosto, só poude fazê-lo ao meio dia de 15.
prestaram-nos toda a assistência, transportan- O Baeoendt só saiu às 7 horas da manhã desse
do-nos, em canoa, até São Cristóvão, onde mesmo dia 15. O Araraquara, às 8 ou 9 da
chegámos à noite. Nada sabiam a respeito do manhã. Houve, assim, por causa daquele aci-
torpedeamento. Telegrafei para casa. O pre- dente no encanamento dágua, um retarda-
feito da cidade nos remeteu para Aracaju, onde mento geral, que determinou o agrupamento
chegámos por volta das 11 e meia. Semente o de vários navios, todos eles saindo quase ao
segundo comissário sabe o número exato de mesmo tempo, com pequenos intervalos. A via-
passageiros ; todavia, pelas pessoas que vi no gem de Salvador para Aracaju processou-se,
refeitório e, tendo conhecimento de que a tri- rigorosamente, em consonância com as instru-
pulação se compunha de 73 ajustados em rol, ções emanadas do Estado Maior da Armada,
rrtEis um barbeiro, três músicos e quatro pra- isto é, navegando-se bem próximo da costa,
ticantes de taifeiro, faço um cálculo de que com as luzes dos camarotes e salões apagadas,
somávamos ao todo 170 pessoas. Da guarni- conservando apenas acesos o que chamamos
ção, salvaram-se oito, Dos passageiros, apenag de "faróis de navegação".
três se salvaram : duas senhoras e um rapaz. O fato — "Singrávamos a sete milhas da
A senhora foi salva providencialmente. Soube costa, na posição de 15 milhas ao sul do farol
que se achava sentada no barco, do lado con- do rio Real, quando, precisamente, às 4 horas
e 5 minutos da manhã do dia 16 de agosto, sageiros ascendiam a mais ou menos 100, en-
foi o navio violentamente sacudido, ouvindo- tre adultos e crianças.
se forte estampido abafado. Nessa ocasião, eu Montando nessa balsa, havendo conseguido
achava-me no passadiço, assim como o imedia- arrumar alguns pedaços de madeira, impro-
to, Manoel Duarte Cordeiro. Este, percebendo visei, com eles e o meu dólman (na ocasião
que o navio afundava rapidamente, dirigiu-se, do naufrágio eu estava de chinelos e calça de
incontinenti, para a casa do leme, onde pôs a pijama, porem de dólman), uma vela, graças
funcionar a sereia de alarma, enquanto eu ten- à qual pude alcançar terra,1 que se achava à
tava colocar fora da borda uma das baleeiras vista, o que só se verificou na noite desse dia,
salva-vidas. Mas o navio, com incrível rapi- 18 horas depois do torpedsamento. Mas, antes
dez, enquanto se ouvia o contínuo estridor da de atingir terra firme, quatro vezes fui "em-
sereia de alarma, acionada pelo imediato, afun- brulhado" com a balsa, na arrebentação, pois o
dou de todo, e eu fui lançado nágua, descendo mar, ali, é bem forte. Os outros tripulantes
a uma profundidade que calculo em 10 metros. lograram também ajeitar-se em balsas. O fo-
Procurei ter livres os movimentos, nadando guista, Waldomiro Pinheiro, apegou-se a um
para chegar à tona. Aí, busquei atingir, dentro "quartel" de escotilha (pranchão de madeira).
da escuridão reinante, qualquer coisa em que — Acha que o submarino tinha pleno co-
pudesse me apoiar, achando, por fim, um tam- nhecimento da rota desses navios?
bor, no qual logo me apoiei. Mas um tambor — Creio que sim, pois, segundo os jornais
torna a pessoa cedo exausta, pois com o mo- teem publicado, eram transmitidas informa-
vimento das ondas gira continuamente. Pou- ções de terra sobre a rota dos vapores. Pos-
co depois, divisei uma das quatro balsas sal- sivelmente, a notícia criminosa foi para um
va-vidas que o navio possuía, ne!a conseguindo ou dois, mas o submarino aproveitou a coinci-
me aprumar, e aí me mantive até ao clarear do dência da passagem de vários navios, para tcr-
dia, sempre perscrutando em volta, na ânsia pedear todos.
de descobrir algum outro náufrago que tivesse — Como explica essa coincidência de mui-
logrado se desembaraçar do navio e a quem tos navios?
eu pudesse prestar qualquer auxílio naquela — Deve estar lembrado de que, no começo
dolorosa contingência. Mas em redor, infeliz- de minhas declarações, aludi ao desarranjo
mente, só vogavam destroços; só destroços me havido no porto da Baía no tocante ao enca-
circundavam. O imediato, que, mal se produ- namento para abastecer os navios de água. O
ziu o choque do torpedo, acorrera para a casa desarranjo havido demandou muito tempo
do leme, afim de fazer funcionar a sereia de para ser reparado, e esse concerto determinou
alarma, desceu com o navio e dele não logrou a retenção de todos os vapores e, consequen-
sair. Foi um magnifico exemplo de civismo, temente, o seu atrazo na partida para prosse-
bravura e patriotismo, pois a morte desse ofi- guimento da viagem. Friso desconhecer, até
cial ocorreu quando ele se achava no cumpri- hoje, a causa do acidente que motivou a im-
mento do seu dever. Por mais que tentasse possibilidade de nos abastecermos dágua e zar-
ouvir o grito angustioso de algum náufrago ou parmos na hora devida.
o gemido de algum ferido, nada ouvia. Ape- — Em quanto tempo calcula haja o navio
nas o marulho das vagas. Daí a pouco, porem, afundado ?
avistava dois tripulantes, e somente dois, do — Admito um tempo máximo de dois mi-
que se infere que todos os passageiros e d&mais nutos. Tudo se passou com tamanha rapiJez
tripulantes, no curtíssimo lapso de tempy que que nem sequer houve pânico a bordo ! Não
mediou entre o torpedeamento e o afunda- houve possibilidade, sequer, de nos utilizarmos
mento, não tendo pedido ssfar-se dos respecti- do aparelho de telegrafia. O terpedcarner.to
vos camarotes e alojamentos, sucumbiram den- foi às 4 horas e 5 minutos da manhã, quando
tro do próprio navio, que os levou para o tudo estava escuro e todos acomodados aça
fundo do mar. A tripulação compunha-so de seus camsrctes ou alojamento*. Depois qa»
64 homens, dos quais apenas quatro se salva- voltei à superfície, atida loco da oCbar e=
ram (incluindo-me eu nesse número), e os pas-
não vi ninguém, a não ser, pouco depois, os unidade inimiga. O navio levou cerca de 10
tripulantes a que já me referi. minutos para afundar.
— A que ponto da costa chegou? Quando nos esforçávamos para nos afastar
— Ao lugar chamado Mangue Seco, no Es- do navio, a baleeira caiu-lhe em cima do con-
tado de Sergipe. Ali, na Fazenda Santo An- vés, encostando-se à chaminé. Tentamos afas-
tónio, eu e os demais náufragos fomos cari- tá-la, mas, como a chaminé já estivesse bas-
nhosamente recebidos pela população, que, tante inclinada e ameaçasse virar a nossa em-
num gesto generoso, nos forneceu roupas, sa- barcação, resolvi atirar-me à água, no que fui
patos, tudo enfim. Ainda ali, recebemos os acompanhado pelos demais tripulantes. Nessa
necessários socorros médicos enviados pelo go- ocasião, fui puxado pela sucção das águas pro-
verno de Sergipe, que tudo nos prodigalizou. vocada pelo afundamento do navio, tendo sido
De Mangue Seco fui transportado para Estân- arrastado a grande profundidade. Somente a
cia e, dali, para Aracaju, regressando, poste- muito custo consegui voltar à tona; e, quando
riormente, ao Rio por avião. O Loide Brasi- me encontrei de novo à superfície, vi, afas-
leiro autorizou os náufragos a adquirirem tudo tada de mim cerca de 200 metros, a baleeira
quanto precisavam, e a todos dispensou a mais que havíamos abandonado, completamente
completa assistência". vazia. No fim de pouco tempo, alguns tripu-
lantes tornaram a nela embarcar.
ITAGIBA Impossibilitado de nadar, por estar muito
Depoimento do Sr. Mário Hugo Praun, cansado, segurei-me em alguns destroços de
imediato madeira, até encontrar uma porta que flutua-
va, e sobre ela me deitei. Aí aguardei a apro-
"A partida de Vitória para a Baía veri- ximação da baleeira, que se achava nas ime-
ficou-se no dia 15, às 6 horas da manhã. Até diações, já com o capitão Tito Canto, o se-
ao dia 17, fizemos boa viagem, sem nenhuma gundo-rádio telegraíisra, Bellival Mello, e al-
ocorrência anormal. Neste dia, porem, cerca guns outros tripulantes. Recolhido à baleeira
das 10,50, fomos surpreendidos por urna explo- e, após verificarmos que nas proximidades não
são e estremecimento geral do navio, o que havia outros náufragos, dirigimo-nos para a
determinou a queda de objetos que se encon- costa, que se achava à vista. Estávamos a 13*
travam no camarote, onde me achava, quebra milhas de distância do farol do morro de São
de vidros, etc, . . Percebendo o que se passara, Paulo. Pouco tempo depois, avistamos, mais
disse: "Fomos torpedeados; vamos para as ou menos a 3 milhas de nós, o iate Aragipe,
baleeiras". Em seguida, com o passageiro que presenciara o naufrágio do nosso navio.
Frota, parti para as baleeiras, e aí encontrá- Aguardou as embarcações de salvamento e re-
mos grande parte dos passageiros que viaja- colheu a seu bordo todas as vítimas.
vam na terceira classe. Todos se encaminha- Quando já nos encontrávamos a bordo do
vam para a saida, em perfeita ordem. Na im- referido iate, assistimos à aproximação do na-
possibilidade de subir pela escada da proa, vio Arará, que se dirigia para o local do aci-
que dava acesso à tolda, fiz a volta pelo salão dente para socorrer as vítimas. Impossibilita-
de refeições. Ao chegar perto da baleeira que dos de lhe dar qualquer avião, devido à gran-
devia descer sob o meu comando, ordenei aos de distância de que dele nos achávamos, conti-
passageiros e tripulantes as primeiras mano- nuámos a navegar, a toda força, em direcào à
bras, aconselhando a todos a necessária calma, costa, com receio de sermos atacados nova-
afim de que se salvassem ou, pelo menos, se mente. Passada uma hora, assistimos de longe
salvasse o maior número de pessoas. Minha à explosão do Arará, quando o mesmo se en-
baleeira foi uma das últimas a flutuar, e, logo contrava parado no local. Não pudemos prestar
que foi lançada ao mar, ordenei o embarque socorro, porque a nossa embarcação era peque-
dos passageiros e, em seguida, assumi meu na e bastante frágil e na mesma se achavam
posto. cerca de 150 pessoas, inclusive mulheres e cri-
Só houve uma explosão em baixo da escoti- anças. No dia seguinte foi que soubemos doa
lha do porão n. 3, a boroeste, e não se viu a pormenores.
— 95 —

O iate transportou-nos para a cidade de Vá- eiras viesse em meu socorro. Socorrido, já na
lença, na Baía. Nessa localidade, os feridos baleeira, ordenei aos meus homens remassem
foram recolhidos ao hospital e os náufragos manco e sem ruido, afim de não despertar a
restantes recolhidos em casas de famílias e nos atenção do submarino, evitando, assim, viesse
salões da Prefeitura. ele noa metralhar. Às 21 horas, tendo alcan-
Ao chegarmos em terra, foi, imediatamente, çado a enseada do farol São Paulo, fomos ali
organizada a lista dos sobreviventes, notando- hospitalizados. Às 2 horas do dia seguinte,
se a falta de 11 tripulantes, inclusive o co- chegava ao aludido farol uma lancha, vinda
mandante . Este apareceu no dia seguinte, de Valença, com ordem de transferir os náu-
acompanhado de um taifeiro. Estão desapa- fragos para a referida cidade, onde chegámos
recidos 9 tripulantes, inclusive um oficial de às 5 horas da manha. Aí passei 2 dias, sendo,
máquinas, um sub-oficial e 7 membros da ma- posteriormente, transportado, a bordo do cru-
rinhagem. Os passageiros desaparecidos são zador Rio Grande do Sul, para a cidade do
cerca de 18". Salvador. Nessa cidade, fui internado no Hos-
pital Português. Ali passei 14 dias em trata-
ARARÁ mento, findos os quais voltei ao Rio, por via
terrestre, aqui chegando a 10 de setembro
Depoimento do Sr. José Coelho Gomes, corrente.
comandante — Quando viu o Ifagiba afundando, que
supôs ?
"Às 7 horas do dia 17 de agosto de 1942,
deixei o porto da Baía com destino a Santos, — Formulei duas hipóteses : explosão de
levando um carregamento de l. 000 toneladas caldeira ou torpedo. Achava-me tão próximo
de ferro velho. Às 10,45, avistei um navio do Itagiba, isto é, dentro do raio de ação de
afundando a cerca de 6 milhas de minha rota. um submarino, que tanto fazia ir em socorro
desse navio como não ir, corria o mesmo risco
Imediatamente dirigi-me para o local. Às 11
horas, já no lugar em que se verificara o afun- de ser torpedeado. Decidi, assim, correr em
damento e onde boiava grande número de auxílio do Itagiba, para prestar-lhe todo o so-
destroços de toda espécie, o meu vigia, colo- corro possível, podendo, ainda, ficar a salvo
cado no galope do mastro, assinalou náufragos da sanha do submarino atacante.
pedindo socorro, por bombordo e boreste. — Viu o submarino?
Mandei arriar logo duas baleeiras, cada uma — Não. Nem o periscópio. Vi apenas o
com 5 homens, sendo iniciado, então, o ser- torpedo, quando o meu navio já estava de
vira de salvamento. Às 13,10, já com 18 náufra- máquinas paradas.
gos a bordo, divisei uni torpedo dirigido contra — Que providência tomou?
o meu navio. Tive tempo apenas de gritar : — Tudo se passou tão rápido, que mal tem-
"Torpedo !" E, ato contínuo, foi ouvida tre- po tive de gritar: "Torpedo!". Logo em se-
. menda explosão. O navio desmantelou-se. O guida, o navio era sacudido pelo embate do
madeiramento caiu. Um dos pedaços atingiu- torpedo.
me na testa, jogando-me ao chão desacordado — E que providências havia tomado quando
e com a perna direita presa a um dos des- se certificou do afundamento do Itagiba?
troços. Assim desci com o navio, só dando
— Alem de fazer arriar as baleeiras, man-
acordo de mim quando me achava a certa
dei afrouxar as balsas.
profundidade. Tratei logo de desvencilhar a
perna, procurando subir à tona. Quando isso — Quantos náufragos havia recolhido ?
consegui, entre escombros, já não mais avistei — Dezoito. Depois de haver sido torpedea-
o navio. Tinha afundado por inteiro. Eis por do o meu navio, somente 5 conseguimos vir
que calculo em l minuto apenas o tempo de- do fundo do mar à tona, sendo que pereceram
corrido entre o torpedeamnto e o afundamento todos os náufragos recolhidos do ííagiba. Dez
do barco. De novo na superfície, fui passando outros tripulantes do Arará, que se encontra-
de escombro em escombro até atingir uma bal- vam nas baleeiras procu-ando recolher náufra-
sa, onde aguardei que uma de minhas bale- gos do Itagiba, ccnseã-oirí — ;..= /.-sr-se.
-96 —

— Quantos oficiais do Arará sobreviveram — Infelizmente, nem todos os navios mer-


ao torpedeamento ? cantes são dotados de aparelho de rádio. Sai-
— Apenas três : o 2.° piloto, o praticante e mos da Baía às 7 horas da manhã. Às 9 horas,
eu. Os demais, em número de seis, morreram. quando ainda estávamos na altura da barra,
foi expedido o rádio-circular não permitindo
— Dos sobreviventes, quantos se encontram
mais a saida de qualquer navio. Se, pois, dis-
no Rio ?
puséssemos de rádio, teríamos voltado ao por-
— Apenas eu. to, isentos do torpedeamento. O próprio Ita-
— E não dispunha de meios de dar aviso giba recebera, uma hora antes de ser torpe-
do afundamento do Itagiba t deado, esse rádio-circular".

f*
lf

:
IMPRENSA NACIONAL

— RIO DE JANEIRO —

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