Desculpe Me Socialista Minilivro

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DESCULPE-ME,

SOCIALISTA
DESMASCARANDO AS 50 MENTIRAS MAIS CONTADAS PELA ESQUERDA

Editado por L AW R E N C E W. R E E D

Tradução:
leonardo castilhone

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Uma mentira repetida mil vezes
se torna verdade?

Desde que o uso das redes sociais se tornou quase universal, já não há quem
não tenha opinião sobre todos os assuntos. Há, no entanto, certo grupo de
pessoas cujas opiniões são não apenas invariavelmente previsíveis, mas inva‑
riavelmente uniformes, ao ponto de ser possível conceber um gerador eletrô‑
nico delas. Não importa se o tema em discussão é econômico, sociológico,
cultural ou moral: as opiniões são variações do mesmo refrão. Se parece, por‑
tanto, que existe uma espécie de fábrica de clichês da qual todos esses pontos
de vista se originam, é porque existe.
Quem são essas pessoas? O que têm em comum? O leitor atento terá
notado certos traços característicos. Por exemplo, quase sempre elas têm algum
tipo de ligação com o mundo cultural e acadêmico, fato que dá àquilo que
dizem o peso da autoridade instituída, o que leva à sua repetição por milhares
de outras pessoas que não têm relação com essa autoridade. Uma mentira repe‑
tida mil vezes se torna verdade? Não, se torna um clichê. Esse grupo fala tam‑
bém em nome do futuro e do progresso. Progresso, esta é a palavra: de um
modo ou de outro, essas pessoas são o que podemos chamar de progressistas.
O filósofo norte‑americano Thomas Sowell explica que por trás da dis‑
tinção aparente entre as várias correntes políticas há, na verdade, uma distin‑
ção entre duas visões da natureza humana. A visão que costuma corresponder
à esquerda pode ser resumida na famosa frase de Jean‑Jacques Rousseau: “O
homem nasceu livre e por toda a parte se encontra acorrentado”. A guerra, a
pobreza, a escassez, a infelicidade humana e os males do mundo, enfim, são

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causados pelas instituições e pelas convenções sociais. Para resolvê‑los, por‑
tanto, é preciso mudar as instituições e para isso é preciso mudar as pessoas,
com base na educação e na “conscientização”. John Stuart Mill chegou ao
ponto de afirmar que o único impedimento real para a obtenção da felicidade
geral era a péssima qualidade da educação. Trotsky foi ainda mais longe e pro‑
clamou que sob o socialismo todo o ser humano seria um Goethe ou um Da
Vinci. De acordo com essa visão, pois, a natureza humana é essencialmente
boa ou, no mínimo, maleável: é preciso apenas direcioná‑la para a finalidade
adequada. Evidentemente, o direcionador será o intelectual de esquerda ilu‑
minado. Daí a tara por tudo problematizar e a todos conscientizar; daí a ten‑
dência, por parte dos progressistas, a crer que a humanidade inteira vive e
sempre viveu nas trevas e precisa ser conscientizada; daí a vocação para o pro‑
selitismo, a moralização, a formação de seitas, o patrulhamento ideológico. Os
rótulos de “redneck” e “coxinha”, que os progressistas norte‑americanos e bra‑
sileiros, respectivamente, deram ao cidadão comum não poderiam ser mais
eloquentes: para a esquerda, quem ainda não é de esquerda é um índio à espera
do seu jesuíta.
Se tudo isso parece longínquo e abstrato, que o leitor faça a experiência
de abrir um grande jornal qualquer. Sem dúvida terá a impressão de que a
sociedade brasileira chegou ao consenso de que: “a redução da maioridade
penal não é a solução”; a principal causa da violência é a desigualdade social; o
aborto é um direito da mulher; pode‑se definir o próprio gênero; uma “educa‑
ção pública, gratuita e de qualidade é direito de todos”; o porte de armas deve
ser proibido; os países europeus têm obrigação de receber refugiados árabes; é
preciso combater os carros; vivemos em uma sociedade patriarcal; é preciso
corrigir uma injustiça histórica contra os negros. Todas essas são opiniões tipi‑
camente de esquerda, embora adorem se passar por consensos universais.
Mas, pergunta ao leitor, se essas opiniões estão ligadas ao mundo aca‑
dêmico e cultural, se são reproduzidas nos maiores jornais do país, será que
não são mais embasadas, mais sérias, mais científicas? Como mostra, com
sobra de exemplos, o livro que o leitor tem em mãos, a resposta é um defini‑
tivo não. Essas opiniões não são adoradas por acadêmicos e jornalistas por‑
que estão certas, mas porque lhes dão poder. Por exemplo, se afirma que a
economia deve ser gerida pelo Estado, naturalmente especialistas em econo‑
mia estarão a cargo da gerência. Se, ao contrário, se defende que a economia

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deve ser organizada pelas forças do mercado, isso significa que ninguém tem
controle sobre ela.
Muitas ideias progressistas são e foram valiosas. Entretanto, elas adquiri‑
ram tal autoridade automática e se tornaram tão repetidas, que, atualmente,
não passam — pelo menos a maioria delas — de clichês vazios. Expor esses
clichês, traçá‑los até sua fonte e mostrar por que são um erro teórico e prático
é o que fazem aqui Lawrence W. Reed e seus coautores. Quem tiver lido este
livro nunca mais verá as discussões públicas, em que abundam os clichês, da
mesma forma.

Eduar do Lev y
Tradutor e professor de inglês. Estudou Filosofia e
Letras na Universidade Federal de Minas Gerais além de
artes liberais e literatura na Universidade de Wisconsin (EUA),
com estudos em diversas outras áreas.

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Introdução

Clichês são cansativos, desgastantes e, quase sempre, induzem ao erro. Por‑


tanto, por que compilar um livro cheio deles? Porque, quando eles são utiliza‑
dos a serviço de uma ideologia falha e travestida de algo novo e revigorante,
conduzem pessoas bem‑intencionadas a becos sem saída.
Embora quase sempre emane das redomas de vidro do meio acadêmico,
o progressismo é uma filosofia sem futuro, cuja noção fundamental é a de que
uma elite cultural deveria planejar e estruturar as sociedades por intermédio
de um poder central. Os progressistas rejeitam muitos dos princípios sobre os
quais os Estados Unidos foram fundados, inclusive o de governo pequeno e
limitado, liberdade e escolha individualizadas, a santidade do contrato e da
propriedade privada e uma economia de livre mercado.
Sob diversos aspectos, existe pouco de verdadeiramente “progressivo” no
progressismo. Uma das principais lições da história é que o progresso humano
acontece quando os humanos são livres e, mesmo assim, a agenda progressista
visa diminuir substancialmente as liberdades enquanto promete o inatingível:
um Estado gigantesco, mas, de certa forma, sábio e compassivo. Pelo fato de os
progressistas não terem êxito quando expõem para as pessoas suas ideias em
termos claros e precisos, eles recorrem a uma sequência infinita de meias‑ver‑
dades. Esse pessoal faz isso há tanto tempo — mais de um século — que mui‑
tas dessas meias‑verdades tornaram‑se clichês conhecidos por todos, mas
frequentemente respondidos de maneira pouco eficaz.

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Pense nesta coletânea como um guia de referência útil, independente‑
mente de seu nível de escolaridade ou escolha profissional. Você não precisa
ser economista ou filósofo para compreender o que está escrito aqui. Clichês
progressistas são apresentados, e depois suas farsas são desvendadas com
argumentos convincentes para o público leigo em geral. Para aqueles que são
ativamente engajados em promover a liberdade e combater falácias esquerdis‑
tas, esta obra será uma contribuição indispensável ao seu arsenal de munição
intelectual.
É mais do que uma feliz coincidência a possibilidade de a Fundação para a
Educação Econômica (FEE, na sigla em inglês) colaborar com a Fundação da
Juventude Americana (YAF, na sigla em inglês) neste importante projeto. Dois
outros trabalhos antecederam este livro, quais sejam, duas publicações clássicas
da FEE que a YAF ajudou a distribuir no passado: Clichés of Politics, publicado em
1994, e, o mais influente, Clichés of Socialism, que fez sua primeira aparição em
1962. De fato, esta nova coleção contém alguns capítulos desses dois trabalhos
prévios, agora atualizados. Outros registros apareceram antes em certas versões
na revista da FEE, The Freeman. Outros ainda são novos, inéditos.
Esta antologia de ensaios apareceu sob o título da série on‑line Clichés of
Progressivism [Clichês do Progressismo], de abril de 2014 a abril de 2015, nos
sites da YAF e da FEE. Nossas duas organizações têm o prazer de oferecer este
livro para um público maior, tanto de recém‑apresentados às ideias de liber‑
dade quanto de velhos amigos que buscam respostas atualizadas às engana‑
ções em evolução dos estadistas de esquerda.
A ligação FEE/YAF assume uma perspectiva pessoal com o presidente da
FEE, Lawrence W. (“Larry”) Reed, como editor deste projeto. Aos 14 anos,
Larry foi profundamente afetado pela invasão soviética na Checoslováquia,
em agosto de 1968. Em questão de semanas, ele participou de uma manifesta‑
ção da YAF contra aquela invasão no centro de Pittsburgh, Pensilvânia. Larry
se juntou à YAF e devorou o pacote informativo fornecido para os novos mem‑
bros, que incluía: uma contribuição para a Freeman; A lei, de Frédéric Bastiat
(publicado pela Faro Editorial); Economia numa única lição, de Henry Hazlitt;
The Mainspring of Human Progress, de Henry Grady Weaver; O caminho da ser-
vidão, de Friedrich Hayek; e, sim, uma edição antiga de Clichés of Socialism.
Como o próprio Larry colocou: “A mensagem era: ‘Se você quer ser um anti‑
comunista, tem de ir além de apenas ser contra tanques e armas usados em

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pessoas inocentes. Você também precisa conhecer, de trás para a frente, filo‑
sofia e economia.’ A YA F me apresentou à FEE, e agora, quase meio século
mais tarde, nós dois estamos apresentando nossos valores em comum a novas
gerações de jovens.”
Mais ou menos na época em que Larry começava no “movimento” para a
liberdade, eu fazia o mesmo, evoluindo na senda de fundador de subseções para
posições de liderança dentro da YAF. Posso confirmar o poder das publicações
e dos seminários da FEE produzidos na época, o que ocorre ainda hoje, pois eles
também foram fundamentais na evolução do meu pensamento. Tem sido um
prazer trabalhar nos últimos anos com Larry para reavivar nossas associações
e, por conseguinte, expandir a influência tanto da FEE quanto da YAF.
Desculpe-me, Socialista não tem a pretensão de ser a resposta definitiva
para uma ideologia prejudicial. A esquerda, no mínimo, tem se provado uma
besta astuta e pérfida. Ele tem agido como aquele jogo de fliperama “Whac‑A‑
‑Mole”.* Desmascara‑se um mito, e outro ergue sua cabeça logo em seguida. E
aquele que você desmascarou não deixa de ressurgir de tempos em tempos;
quando as pessoas se esquecem de seus embustes implícitos ou quando surge
uma nova geração, ele volta a figurar em seus discursos. Este é um projeto que
irá demandar nossa constante vigilância no futuro, para que não nos deixemos
cair em suas narrativas.
Por fim, quero agradecer a Rick e Jane Schwartz por nos inspirar e tornar
possível esta publicação. Rick sempre busca as respostas mais persuasivas pos‑
síveis para dar aos seus funcionários e amigos. As intuições de Rick e Jane aju‑
dam a causa libertária de inúmeras maneiras.

Ron Robinson
Presidente
Fundação da Juventude Americana
Reston, Virgínia

* N. do T.: Trata‑se de um jogo em que há vários buracos de onde saem toupeiras, e o jogador precisa
bater nelas com um martelo.

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A desigualdade econômica
1 deriva das forças do mercado
e exige intervenção estatal
Por Max Borders

A D E S IGUALDAD E E S TÁ EM T OD O S O S LUG AR E S . NUM A F LOR E S TA


tropical, árvores de mogno absorvem mais água e luz do sol do que todas as
demais plantas e os animais. Em nossos ecossistemas econômicos, empreende‑
dores e investidores controlam a maior parte dos ativos do que o restante de
nós. Ninguém dá a mínima para as árvores de mogno, mas há terríveis discus‑
sões sobre os mais abastados. Porém, no caso dos ecossistemas e das econo‑
mias, há ótimas razões para uma distribuição desigual de recursos.
As fontes de algumas formas de desigualdade possuem melhores emba‑
samentos que outras. Por exemplo, a desigualdade que se manifesta em conse‑
quência do capitalismo de compadrio — ou “crapitalismo”,* como o editor da
Barron, Gene Epstein, prefere chamá‑lo — certamente não é nada desejável.
Por isso, é importante que façamos uma distinção entre empreendedores eco‑
nômicos e empreendedores políticos: os primeiros criam valor para a socie‑
dade; os últimos descobriram como transferir recursos dos outros para seus
próprios cofres, normalmente por meio de lobby para a obtenção de subsídios,
favores especiais ou leis anticoncorrenciais.
Se pudermos desassociar a imagem dos “crapitalistas” dos verdadeiros
empreendedores, poderemos ver as diferenças entre os aproveitadores e os
criadores. E a desigualdade gerada pelo empreendedorismo honesto, longe de

* N. do T.: Contração de crony capitalism (capitalismo de compadrio), gerando um trocadilho com


crap capitalism (capitalismo de merda).

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indicar que algo está errado, indica geração de prosperidade para todos. Num
sistema em que todos se beneficiam por meio do intercâmbio de conheci‑
mento e da criatividade, algumas pessoas, fatalmente, se tornarão bem‑suce‑
didas. É uma característica natural do sistema — um sistema que recompensa
empreendedores e investidores por serem bons administradores do capital.
Sem dúvida, quando as pessoas não administram bem o capital, elas tendem a
falhar. Em outras palavras, aqueles que fazem maus investimentos ou que não
servem bem seus consumidores dificilmente ficarão ricos.
Sempre que ouvíssemos alguém se lamentando da desigualdade, devería‑
mos reagir de imediato com a pergunta: “E daí?” Algumas das pessoas mais
inteligentes (e até mesmo algumas das mais ricas) misturam preocupações
com os mais pobres com preocupações sobre os ativos controlados pelos mais
ricos. Essa noção está enraizada naquele velho pensamento de soma zero — a
ideia de que se um pobre não tem é porque o rico tem. Mas uma pessoa só se
beneficia à custa da outra no “crapitalismo”, não sob condições de empreende‑
dorismo honesto e livre comércio.
Com exceção daqueles que lucraram muito contratando advogados e
lobistas em vez de pesquisadores e desenvolvedores, indivíduos ricos chega‑
ram a essa condição por criarem grande quantidade de valor para grande
quantidade de pessoas. Assim, a ausência de super‑ricos, na verdade, seria um
péssimo sinal para todos nós — sobretudo para os mais pobres. Com efeito,
isso indicaria uma de duas hipóteses: ou que nenhum valor teria sido criado
(menos coisas boas em nossas vidas, como iPhones e trufas de chocolate), ou
que o governo se comprometera com radicais redistribuições de renda, remo‑
vendo todo tipo de incentivos significativos para que as pessoas se tornassem
criadoras de valor e administradoras de capital.
Sejamos honestos. Quando os recursos estão alocados em investimentos
ou em contas bancárias, eles não estão ociosos. Ou seja, a maioria dos mais
ricos não sai por aí enfiando seus milhões debaixo de colchões ou mergu‑
lhando em seus cofres cheios de moedas de ouro. Em condições de estabili‑
dade econômica, esses recursos atuam constantemente na economia. Em
condições mais estáveis, parte é destinada para um restaurador criativo do
interior na forma de um empréstimo. Outra parte é utilizada por árbitros que
ajudam a estabilizar os preços das mercadorias. Outra parte ainda é empres‑
tada a uma enfermeira, que assim poderá comprar sua primeira casa. Sob

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circunstâncias normais, todas essas são coisas boas. Mas quando demasiados
recursos são interceptados pelo governo, antes de chegarem a esses atores fun‑
damentais das redes econômicas, acabam sendo dilapidados por causa da
burocracia federal — um vórtice em que a prosperidade desaparece.
Deveríamos nos lembrar de que, por conta de nossos mercados produti‑
vos, a maioria de nós vive de forma luxuosa. As diferenças nos ativos não são
iguais às diferenças nos padrões de vida, embora as pessoas tendam a criar feti‑
ches quanto àquelas. O economista Donald Boudreaux reforça que a fortuna
de Bill Gates deve ser cerca de 70 mil vezes maior que a dele. Mas isso significa
que Bill Gates ingere 70 mil vezes mais calorias do que o professor Boudreaux?
As refeições de Bill Gates são 70 mil vezes mais saborosas que as dele? Seus
filhos são 70 mil vezes mais bem‑educados? Ele pode viajar para a Europa ou
para a Ásia 70 mil vezes mais rápido ou mais seguro? Gates viverá 70 mil vezes
mais anos que ele? Hoje, até o mais pobre em um país como os Estados Uni‑
dos tem uma vida melhor do que quase qualquer pessoa que vivia no século
XVIII e melhor do que dois terços da população mundial.
Ao ouvirmos pessoas aflitas com as desigualdades econômicas devería‑
mos nos perguntar: será que essa gente está genuinamente preocupada com os
mais pobres ou apenas se sente indignada com os ricos? Veja só como distin‑
guir: sempre que alguém reclamar sobre “a disparidade”, pergunte‑lhe se ele
gostaria que os ricos fossem ainda mais ricos se isso gerasse melhorias nas con‑
dições dos miseráveis entre nós. Se ele disser que “não”, estará, assim, admi‑
tindo que sua real preocupação é com o que os endinheirados possuem, não
com o que falta aos pobres. Se sua resposta for “sim”, então torna‑se irrelevante
tratar da tal “disparidade”. Depois, você poderá dirigir a conversa para uma
preocupação legítima — por exemplo, como melhorar as condições dos mais
pobres sem ter que pagar para mantê‑los sob a tutela do Estado. Em outras
palavras, a conversa verdadeiramente produtiva que deveríamos ter é sobre a
pobreza absoluta, a miséria, não sobre a pobreza relativa.
Na maior parte das discussões sobre desigualdade econômica, uma dinâ‑
mica emocional básica encontra‑se em atividade. Determinada pessoa se dá
conta de que tem menos do que outra, e passa a sentir inveja. Porventura, per‑
cebe que tem mais do que outra, e sente culpa. Ou vê que alguém tem mais do
que outros, e sente indignação. Inveja, culpa e indignação. São essas as emo‑
ções que deveriam motivar as políticas sociais? Quando começarmos a

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compreender as origens da riqueza — empreendedores honestos e adminis‑
tradores do capital em um ecossistema desigual desde a raiz — poderemos
aprender a deixar nossas emoções mais primitivas para trás.

RESUMO

• Desigualdades econômicas, como traços de personalidade que for‑


mam cada indivíduo, são uma característica inata da humanidade.

• Quando há um aumento natural da desigualdade econômica no mer‑


cado, isso reflete amplamente na capacidade dos indivíduos de ser‑
virem seus semelhantes; quando tal aumento ocorre por ligações
políticas, a injustiça e a corrupção tomam conta.

• Permitir que a desigualdade econômica ocorra, contanto que não


seja derivada de ações políticas, inevitavelmente, eleva o padrão de
vida de todos.
• Preocupações pelos “pobres” é, quase sempre, uma mera forma de
disfarçar inveja ou desdém pelos “ricos”.

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