Nhachungo.2024.Reprovacao 10classe

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FACULDADE DE EDUCAҪÃO

DEPARTAMENTO DE ORGANIZAҪÃO E GESTÃO DA EDUCAҪÃO

CURSO DE ORGANIZAҪÃO E GESTÃO DA EDUCAҪÃO

Monografia

Análise Das Causas Das Reprovações Na 10ᵃ Classe: Caso da Escola Secundária da Matola (2015-
2019)

Alcívia João Nhachungo

Maputo, 23 Abril de 2024


Análise das causas das reprovações na 10ᵃ Classe: Caso da Escola Secundária da Matola (2015-2019)

Monografia apresentada ao Departamento de


Organização e Gestão da Educação, como
requisito final para a obtenção do grau de
Licenciatura.

Alcívia João Nhachungo

SUPERVISOR:

Doutor Octávio José Zimbico

Maputo, Abril de 2024


DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE

Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura

em Organização e Gestão da Educação e aprovada na sua forma final pelo Departamento de Organização
e Gestão da Educação, da Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane.

O Director do curso

_____________________________________

JÚRI DE AVALIAÇÃO

O(A) Presidente

__________________

O(A) Examinador(a)

__________________

O Supervisor

__________________

I
DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra, que esta Monografia Científica, resulta da minha pesquisa, bem como das
orientações do meu supervisor. Este trabalho, não foi apresentado em alguma outra instituição para a
obtenção de qualquer grau académico, seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto e na bibliografia final.

______________________________________

(Alcívia Joao Nhachungo)

Maputo, 23 Abril de 2024

II
DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha mãe Odete Bernardo Munguambe pois sempre foi seu sonho me ver
alcançar o nível académico superior.

III
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu supervisor, Doutor Octávio Zimbico pela paciência e pela atenção prestada no decurso
da elaboração deste trabalho.

Agradeço à Universidade Eduardo Mondlane, por me ter concedido a oportunidade de me formar


profissionalmente.

O meu agradecimento é extensivo à equipa de docentes do curso de Organização e Gestão da Educação.

Agradeço com muito prazer a minha mãe, Odete Bernardo Munguambe, por me ter trazido a este mundo
e pelo seu amor incondicional, carinho e zelo. Sinto muito orgulho por tê-la como minha mãe, pois sua
garra e resiliência me inspiram todos os dias.

Agradeço ao meu amado Deus Todo-Poderoso, por me conceder o fôlego da vida, me guiar e proteger
todos os dias da minha vida.

Por fim, expresso a minha gratidão a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para que
esta Monografia, se tornasse uma realidade final.

IV
"A revolução e a libertação das mulheres andam juntas. Nós não falamos de emancipação feminina como
um acto de caridade ou fora de uma onda da compaixão humana. É uma necessidade básica para a
revolução triunfar. As mulheres seguram a outra metade do céu."

(Thomas Sankara in The Burkina Faso Revolution 1983-87).

V
RESUMO

A presente pesquisa visa aprofundar a compreensão sobre as razões subjcentes as reprovações na 10ª
Classe, concentrando-se na Escola Secundária da Matola. O cerne do estudo consiste em analisar essas
causas, fornecendo uma perspectiva crítica que sirva como base para estratégias eficazes de intervenção
educacional. A abordagem metodológica adoptada abraça tanto métodos quantitativos quanto
qualitativos, integrando entrevistas detalhadas com alunos e professores, análise meticulosa do
desempenho acadêmico e revisão exaustiva de documentos escolares pertinentes. Cabe ressaltar que a
delimitação do escopo desta pesquisa a uma instituição, embora forneça informações importantes, impõe
uma limitação à generalização dos resultados a um contexto mais amplo. Neste contexto é fundamental
reconhecer que a singularidade da Escola Secundária da Matola pode influenciar as dinâmicas específicas
associadas as reprovações. Os resultados alcançados durante a pesquisa revelam uma percepção
predominante entre os alunos, apontando os conteúdos difíceis como factor primário para as reprovações
na 10ª classe. Esta constatação sinaliza a necessidade premente de abordagens pedagógicas mais
acessíveis e estratégias de ensino que facilitem a compreensão dos temas complexos, alinhadas as
capacidades cognitivas dos alunos. A discussão desses resultados põe em destaque a importância de
adaptar métodos de ensino para atender às necessidade dos estudantes, promovendo ambientes de
aprendizagem mais inclusivos. Além disso, a ênfase recai sobre a relevância de aprimorar as habilidades
de comunicação e didácticas dos educadores, visando melhorar a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem. Este estudo não apenas contribui para um entendimento mais abrangente das percepções
dos alunos na Escola Secundária da Matola, mas também desempenha um papel crucial na formulação de
estratégias efectivas de intervenção. Contudo, reconhece-se que investigações futuras, englobando
múltiplas escolas, poderiam proporcionar uma visão mais holística das causas das reprovações na 10ª
Classe. Essa abordagem mais abrangente permitiria uma comparação mais robusta entre diferentes
contextos educacionais, enriquecendo assim o corpo de conhecimento nesta área.

Palavras-chaves:Reprovação, Reprovação Escolar, Causa.

VI
LISTA DE ABREVIATURAS

ESM – Escola Secundaria da Matola

PEA – Processo de Ensino e Aprendizagem

S.D. – Sem Data

SNE – Sistema Nacional de Educação

PROF –Professor

IFP – Instituto de Formação de Professores

VII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Mapa de reprovados entre os anos 2015-2019 na Matola...........................................................6

Tabela 2: Professores inquiridos............................................................................................................. 22

Tabela 2: Alunos inquiridos ................................................................................................................... 23

Tabela 3: Aspectos que Contribuíram para as Reprovações na 10ª Classe............................................... 32

Tabela 4: Atendimento Especial dos Professores aos Alunos com Dificuldades .....................................33

Tabela 5: Participação dos Alunos nas Aulas ......................................................................................... 34

Tabela 6: Motivação dos Alunos na Sala de Aula ................................................................................... 35

VIII
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Histórico das Reprovações na ESM de 2015 a 2019 ................................................................ 28

Figura 2: Opinião dos Professores em relação ao nível de qualidade do ensino de acordo com os recursos
matérias disponíveis na ESM .................................................................................................................31

Figura 3: Opinião dos alunos em relação ao nível de qualidade do ensino de acordo com os recursos
matérias disponíveis na ESM .................................................................................................................36

IX
Índice

DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE ....................................................................................... I

DECLARAÇÃO DE HONRA ...................................................................................................... II

DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... III

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ IV

RESUMO ....................................................................................................................................VI

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................... VII

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. VIII

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................IX

CAPÍTULO I: Introdução...............................................................................................................1

1. Contextualização ...........................................................................................................1

1.2 Problematização ............................................................................................................2

1.3 Objectivos .....................................................................................................................4

1.3.1 Objectivo geral..............................................................................................................4

1.3.2 Objectivos específicos ...................................................................................................4

1.4 Perguntas de Pesquisa ...................................................................................................5

1.5 Justificativa ...................................................................................................................5

1.6 Estrutura do trabalho .....................................................................................................6

CAPÍTULO II: Revisão da Literatura .............................................................................................7

2.1 Definição de conceitos ..................................................................................................7


2.1.1 Reprovação ...................................................................................................................7

2.1.2 Reprovação Escolar.......................................................................................................7

2.2 Teorias Explicativas do Insucesso Escolar .....................................................................8

2.2.1 Corrente Biogenética .....................................................................................................8

2.2.2 A corrente do Handicap Sociocultural ...........................................................................9

2.2.3 A teoria sócio-instituicional ..........................................................................................9

2.2.4 A corrente Sistémica ................................................................................................... 10

2.3 Factores que contribuem para a reprovação do aluno ................................................... 10

2.4 Consequências da Reprovação .................................................................................... 13

2.5 A Escola face a Reprovação Escolar............................................................................ 13

2.6 Estado da Arte............................................................................................................. 14

CAPÍTULO III: Procedimentos Metodológicos ............................................................................ 21

2. Metodologia ................................................................................................................ 21

3.1 Estudo de Caso ....................................................................................................................... 21

3.2 Universo ..................................................................................................................... 21

3.3 Amostra-Estratificada e por Conveniência................................................................... 21

3.4 Critério de selecção da amostra ................................................................................... 24

3.5 Instrumentos de recolha de dados ................................................................................ 24

3.5.1. Questionário ....................................................................................................................... 24

3.5.2. Entrevista ........................................................................................................................... 25


3.5.3 Pesquisa documental ........................................................................................................... 25

3.5.4. Pesquisa bibliográfica ................................................................................................. 25

3.6. Considerações Éticas ................................................................................................... 26

3.7. Limitações do estudo .................................................................................................. 26

CAPITULO IV: Apresentação, Análise e Discussão De Resultados ........................................ 27

4.1. Descrição do local de estudo.................................................................................................. 27

4.2. Causas das reprovações na 10ª Classe na Escola Secundária de Matola ................................. 28

4.2.1. Visão da Direcção da Escolar ............................................................................................. 29

4.2.2. Visão dos professores ......................................................................................................... 30

4.3. Discussão sobre as causas de reprovações na 10ª Classe na Escola Secundaria de Matola ...... 36

4.4. Prácticas desenvolvidas pela ESM para garantirem o sucesso do PEA a nível da escola......... 39

4.4.1. Monitoria do processo pedagógico da escola ...................................................................... 39

4.4.2. Intervenção dos professores ................................................................................................ 40

4.5. Recomendações e medidas para mitigação das reprovações na 10ª Classe na ESM ................ 41

4.5.1. Recomendações e medidas sugeridas pelos professores ...................................................... 41

4.5.2. Recomendações e medidas sugeridas pelos alunos .............................................................. 41

CAPÍTULO V: Conclusões e Sugestões ....................................................................................... 43

5.1. Conclusão ............................................................................................................................. 43

5.2. Sugestões .............................................................................................................................. 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 45


APÊNDICES ............................................................................................................................... 49

APENDICE 1: Guião de entrevista ao Director da Escola Secundaria da Matola .......................... 50

APENDICE 3: Questionário dirigido aos professores ................................................................... 51

APENDICE 4: Questionário dirigido aos alunos .......................................................................... 54

Anexo A:….................................................................................................................................. 58

Anexo B:… .................................................................................................................................. 59

Anexo C:… .................................................................................................................................. 60


CAPÍTULO I: Introdução

1. Contextualização

A presente monografia, cujo tema é “Análise das causas das reprovações na 10ᵃ classe: estudo de
caso da Escola Secundária da Matola (2015-2019),surge no contexto da conclusão do curso de
Licenciatura em Organização e Gestão da Educação.

O presente trabalho resulta da necessidade de analisar os reais motivos por de trás das reprovações
massivas na 10ª Classe na Escola Secundária da Matola, não obstante que, as reprovações têm
implicações psíquicas negativas no processo de desenvolvimento do aluno e interfere na
programação do processo de ensino/aprendizagem (PEA).

A educação é tida hoje em dia, como um factor imprescindível para o desenvolvimento sustentável
de uma nação, na medida em que, é a ela atribuída a responsabilidade de capacitar indivíduos,
aumentando assim as suas habilidades e competências e o consequente nível de rendimento a estes
associados.

Segundo Intaquê & Subuhana (2018), desde o primeiro momento da independência, a área da
educação foi considerada o factor principal para o desenvolvimento do país e a concretização da
democracia popular. O aparelho judicial do novo Estado de Moçambique, a chamada Constituição
da República de 1975, considerou a Educação um dever e um direito de toda a população na qual o
Estado assumiu o papel de promover as condições necessárias para que todos moçambicanos
pudessem usufruir desse direito.

Com o objectivo de reajustar o quadro geral do Sistema Nacional de Educação (SNE) a


Assembleia da República publicou a Lei 18/2018 de 28 de Dezembro, cujos objectivos
concentram-se basicamente em eliminar o analfabetismo; proporcionar uma educação de base com
vista a inclusão do cidadão no desenvolvimento do país; formar profissionalmente todos
moçambicanos; formar professores como educadores conscientes e cientificamente capacitados;

1
elevara qualidade do PEA, formar cientistas e especialistas qualificados e com uma sólida
preparação científica, técnica, cultural e física sólida e elevada educação moral, ética, cívica e
patriótica, bem como desenvolver a sensibilidade estética e artística nas crianças; valorizar as
línguas, cultura e história moçambicanas; desenvolver as línguas nacionais e a língua de sinais;
desenvolver o conhecimento da língua portuguesa como língua oficial; promover o acesso a
educação e retenção da rapariga; desenvolver, ampliar e aprofundar a aprendizagem do aluno nas
mais diversificadas áreas; desenvolver o pensamento lógico, abstracto; e por fim levar o aluno a
assumir uma posição de agente transformador do mundo.

No período de 1978 a 1990, Moçambique tinha um aproveitamento pedagógico razoável, os alunos


mostravam grande nível de habilidades linguísticas na leitura, interpretação de textos, contagem e
domínio da tabuada. Isto foi motivado por exercícios de cópia de textos, treinamento de caligrafia
e ditados (Valente, 2016).

As reprovações em massa de uma forma geral, representam uma desvantagem enorme não só para
os alunos, mas para o país como um todo, na medida em que perpetuam o retrocesso económico,
social e político gerando tristeza nacional pois são a manifestação de um sistema de ensino frágil.
Neste contexto o presente estudo teve como objectivo analisar as causas das reprovações na 10ᵃ
classe da Escola Secundária da Matola (2015-2019).

1.2 Problematização

De acordo com o levantamento feito pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano


(MINEDH), no ano de 2015, mais de 70% dos estudantes do ensino secundário geral reprovaram
nos exames finais em Agosto e Dezembro de 2015, facto que deixou a educação em Moçambique
até certo ponto em crise pois iniciou-se o questionamento sobre a qualidade de ensino no país e o
futuro deste sector.

De acordo como relatório do Ministério de Educação em 2014 constatou-se uma estagnação das
taxas de aproveitamento na 10ª classe, que pioraram desde 2007 (Bonde, 2016, p.6).

2
A tabela abaixo apresenta um quadro abrangente do histórico de reprovações nas escolas do
município da Matola durante o período de 2015 a 2019, discriminando os resultados por género
(masculino e feminino). Os números reflectem não apenas estatísticas, mas também indicam
desafios e padrões que podem influenciar o ambiente educacional na região.

Tabela 1: Mapa de reprovados entre os anos 2015-2019 na Matola

2015 2016 2017 2018 2019 Total


Escolas Sec. Do Curso

Diurno
M H M H M H M H M H

1 E. Sec. Matola 505 813 512 792 524 606 9 17 286 444 4.508

2 E. Sec. Liberdade 125 169 373 478 89 226 55 101 76 102 1.794

3 E. Sec. Machava-Sede 235 405 218 341 147 261 71 116 288 494 2.576

4 E. Sec. Infulene 270 500 356 612 234 403 178 264 215 260 3.292

5 E. Sec. A. Namitete 10 154 188 275 112 212 143 231 25 39 1.158

6 E. Sec. S. Damaso 193 256 198 346 185 361 82 122 120 52 1.915

7 E. Sec. Malhampsene 141 254 205 348 159 208 36 69 51 81 1.552

8 E. Sec. Khongolote 310 517 253 406 214 375 71 131 80 156 2.513

9 E. Sec. Zona Verde 198 314 234 368 234 376 78 216 132 249 2.399

10 E. Sec. Mach. Bedene 164 286 96 199 73 146 40 96 52 41 1193

11 E. Sec. De Boquisso ---- ---- ----- ----- 38 96 9 17 141 242 543

12 E. Sec. Bonif. Gruveta 275 453 368 511 125 250 13 24 57 110 2186

13 E. Sec. Nkobe 177 255 295 535 178 287 22 42 73 144 2008

14 E. Sec. De Matlemele ---- ---- ----- ----- 113 161 75 126 136 225 836

Fonte: Serviço Distrital da educação, juventude e tecnologia da Matola

3
O aumento consistente nas reprovações na Escola Secundária Matola, de 813 em 2016 para 1.045
em 2019, sugere a necessidade de uma análise aprofundada das práticas pedagógicas e estratégias
de ensino nesta instituição. Isso pode incluir a identificação de áreas específicas de dificuldade
curricular, a implementação de métodos de ensino mais acessíveis e a criação de programas de
apoio aos estudantes.

A Escola Secundária da Matola destacou-se como a escola que apresentou maior índice de
reprovação na 10ª classe, na cidade da Matola, com cerca de 4.508alunos reprovados de 2015 a
2019.

A 10ª classe é uma classe onde mais se registam reprovações nos exames finais e este tema visa
especificamente responder a este problema, afinal quais são os factores que levam os alunos a
reprovarem a 10ᵃ classe na Escola Secundária da Matola?

Do problema exposto, surgiu a seguinte questão de partida:

 Quais são os factores que concorrem para as reprovações na 10ª Classe na Escola
Secundaria da Matola?

1.3 Objectivos

1.3.1 Objectivo geral

Analisar os factores que concorrem para as reprovações na 10ᵃ classe na Escola Secundária da
Matola.

1.3.2 Objectivos específicos

 Apresentar o histórico de reprovações na 10ᵃ classe de 2015-2019 na Escola Secundária


da Matola;
 Identificar as causas das reprovações na 10ᵃ classe na Escola Secundária da Matola;
 Discutir as causas das reprovações na 10ᵃ classe na Escola Secundária da Matola;

4
 Apresentar as propostas de intervenção para o combate a prevalência das reprovações na
10ᵃ classe na Escola Secundária da Matola.

1.4 Perguntas de Pesquisa

 Qual é a tendência das reprovações na 10ᵃ classe, na Escola Secundária da Matola de


2015-2019?
 Quais são as causas das reprovações na 10ᵃ classe na Escola Secundária da Matola?
 Qual é a natureza das causas das reprovações na 10ᵃ classe na Escola Secundária da
Matola?
 Quais são as soluções para resolução dos problemas de reprovações na 10ª classe na
Escola Secundária da Matola?

1.5 Justificativa

No âmbito pessoal, o estudo surge a partir de constatações vivenciadas durante a vida estudantil.
O escândalo de reprovações em massa em 2015 no ensino secundário, com maior destaque para a
10ª classe, despertou grande interesse e preocupação. O insucesso escolar resultante das
reprovações, especialmente na 10ª classe, atingiu contornos alarmantes. Alunos que não
conseguem resultados suficientes para serem aprovados enfrentam um risco significativo de
abandono escolar. Mann (1987), citado por Rebelo (2009), afirma que alunos que reprovam um
ano têm entre 40 a 50% mais probabilidade de abandonar a escola do que os que transitam de
ano; se reprovarem dois anos, essa probabilidade sobe até 90%.

A reprovação escolar impulsiona comportamentos de risco, como a criminalidade, e contribui


para a marginalização e delinquência juvenil. O trauma da reprovação e do insucesso escolar tem
consequências ao longo da vida. Além disso, implica gastos futuros em materiais escolares,
recursos humanos e tempo. O desgaste psicológico dos alunos, professores e encarregados de
educação devido ao abarrotamento das salas de aula e à ausência de vagas para os recém-

5
transitados é evidente. Todos perdem, desde o nível macro até o nível micro da estrutura
educacional (Lopes, S/D).

Academicamente, este estudo visa analisar as perdas associadas à reprovação e como superar esse
desafio. Socialmente, pretende despertar professores, escolas e a sociedade em geral para buscar
novas estratégias visando o sucesso escolar dos alunos, eliminando qualquer possibilidade de
abandono escolar e contribuindo para o combate à pobreza absoluta. A reflexão sobre as causas da
reprovação é essencial para orientar a sociedade em direcção a uma educação de qualidade efectiva
(Saviani, 1980).

1.6 Estrutura do trabalho

Esta monografia, obedece a uma estrutura rígida que compreende os seguintes capítulos:

O Capítulo I apresenta a Introdução, problematização, objectivos da pesquisa, perguntas da


pesquisa, justificativa e estrutura do trabalho respectivamente;

O Capítulo II compreende a revisão da literatura que consistiu na definição de conceitos acerca do


tema em estudo, a reprovação, reprovação escolar, as teorias explicativas do insucesso escolar, os
factores que contribuem para a reprovação, consequências da reprovação e escolar e estado da arte;

O Capítulo III diz respeito as metodologias que guiaram e conduziram este trabalho para realização
do mesmo e alcance dos respectivos resultados;

O Capitulo IV concentra-se na apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos no abito


desta pesquisa.

O Capítulo V referencia as conclusões e sugestões a respeito da escola em estudo; e finalmente o


Capítulo VI onde se apresentam as referências bibliográficas citadas nesta pesquisa e os
respectivos apêndices que servem de testemunha aos factos arrolados até se chegar a realidade que
é esta monografia.

6
CAPÍTULO II: Revisão da Literatura

O presente capítulo faz uma abordagem teórica sobre o esclarecimento dos conceitos que serviram de
suporte para o estudo, nomeadamente: (i) reprovação, (ii) reprovação escolar, (iii) as teorias explicativas
do insucesso escolar, (iv) os factores que contribuem para a reprovação escolar, (v) consequências da
reprovação escolar e o (vi) estado da arte.

2.1 Definição de conceitos

2.1.1 Reprovação

A palavra reprovação provém do conceito latino reprobatĭo e refere-se à acção e ao efeito de reprovar.
Este verbo (do latim reprobāre), por sua vez, significa não aprovar (ou desaprovar), por conseguinte,
reprovar é não obter uma qualificação positiva (Linhares, 2005).

A ideia de reprovação, regra geral, é utilizada no âmbito da educação. Um estudante pode reprovar um
exame/uma prova, uma disciplina/cadeira ou, inclusivamente reprovar um ano lectivo devido ao seu
fraco rendimento académico (Barbos, Casrto, & Araujo, 2006).

2.1.2 Reprovação Escolar

De acordo com o Linhares (2005), reprovação escolar consiste em o aluno repetir o ano, isto é, voltar a
cursar todas as cadeiras para obter as qualificações necessárias que lhe permitam prosseguir os seus
estudos.

Petrenas (2009, p. 166) nos adverte que a falta de sucesso no âmbito da escola está
muito mais no sistema do que no próprio aluno, mas, socialmente, é o próprio
educando que acaba recebendo o rótulo de fracassado, e consequentemente, a própria
reprovação. Tais factores vão desde a capacidade interior de cada indivíduo, suas
condições psicológicas, o universo escolar, entre outros, que acabam influenciando a
sua vida como um todo.

A reprovação é um assunto constante no ambiente escolar, pois a distorção idade-série pode trazer para o
aluno vários problemas não apenas relacionados à aprendizagem, mas de baixa auto-estima, além da

7
possível consequência mais severa, a médio e longo prazo, a evasão (abandono) escolar (Silva & Weide,
S/D). Essa última pode ser ocasionada, principalmente, pelo choque que a reprovação pode causar em
alunos que se encontram em fase de desenvolvimento, os quais nem sempre conseguem distinguir a
realidade escolar da realidade de suas vidas. (Sens & Bolze, 2015). Manifestação

2.2 Teorias Explicativas do Insucesso Escolar

De acordo com Pinto & Tome (s.d.) existem 4 teorias principais que se inserem em correntes de
pensamento sócio-educativos muito bem estruturadas, nomeadamente: a corrente Biogenética, a corrente
do Handicap Sociocultural, a teoria socio-instituicional e a corrente Sistémica.

2.2.1 Corrente Biogenética

De acordo com esta corrente a vontade de aprender é uma característica essencial do ser humano pois
somente este possui o a carácter intencional de aprender. Segundo Rey (1988) citado por Pinto & Tomé
(s.d.), a explicação encontra se nas deficiências inatas, quer sensoriais, quer de atenção ou de inteligência
desta forma entre as principais causas que podem determinar o insucesso escolar estão a Dislexia
(transtono de aprendizagem onde o aluno apresenta dificuldade na leitura), a Discalculia (transtorno de
aprendizagem a matemática) e todo tipo de deficiências sensoriais, atrasos na maturidade e mesmo
bloqueios afectivos.

Para os defensores desta corrente o desempenho escolar está dependente da inteligência inata do aluno
que integra a sua herança genética e que pode ser medida por intermédio do quociente de inteligência
(Q.I.), cujo valor médio e de 100 assim alunos que manifestam um Q.I. inferior a 90, entre 70 e 80
enfrentam dificuldades intransponíveis desde o 1º ciclo e dificilmente concluem a escolaridade
obrigatória.

Os alunos que possuem o Q.I. entre 90 e 100 são dotados de uma inteligência que se pode denominar de
normal-media-fraca. Os alunos que tem um Q.I. 100 e 110 são normalmente julgados como pouco
capazes de terminar o ensino secundário e se concluírem este nível é sempre como ponto de chegada e
nunca como ponto de partida para universidade. E por fim os alunos que integram a faixa de Q.I. entre

8
110 e 140 são bem-sucedidos no ensino secundário e poderão aceder a universidade ainda que seja
necessário um Q.I. superior a 120 para estar a nível das exigências deste nível de ensino.

2.2.2 A corrente do Handicap Sociocultural

De acordo com estudos sociológicos, a partir da década de 60 o insucesso escolar passa a ser explicado
pelas diferenças entre os níveis sociais das famílias, esta corrente apoia-se na forte correlação estatística
entre insucesso ou sucesso e origem social e neste contexto destacam se os estudos de Bourdieu &
Passeron que explicam o problema do insucesso em termos de sistemas de diferenças: as diferenças de
posições sociais dos pais correspondem as diferenças de posições escolares dos filhos e mais tarde de
diferenças de posições sociais entre estes filhos já adultos (Petitat,1994).

De acordo com Charlot (1997), citado por Pinto & Tome (s/d), há uma reprodução das diferenças. Para
Pinto (2002), citado por Pinto & Tome (s.d.), a escola reproduz e legitima a hierarquia social pois as
normas instituídas como normas escolares das quais são avaliadas as competências individuais
correspondem as normas culturais das próprias classes individuais privilegiadas, dessa forma os alunos
que possuem um capital cultural e um habitus próximo do da escola tem maior predisposição para o
sucesso porém, a motivação tem uma papel fundamental na aprendizagem pois ninguém aprende se não
estiver motivado e desejar aprender de facto.

2.2.3 A teoria sócio-instituicional

Nesta teoria o insucesso escolar desloca-se das diferenças individuais e das desigualdades sociofamiliares
para a escola como instituição.

A partir dos anos 70, o trabalho de análise da produção do insucesso escolar foca-se nos mecanismos
operados no interior da própria escola, questionando seu funcionamento e suas práticas, a corrente sócio-
intituicioanl sublinha a necessidade da diferenciação pedagógica colocando em evidência o carácter
activo da escola na produção do insucesso. (Silva & Weide, s.d.)

9
O relatório de Coleman (Nunes, 2014), relativo a avaliação dos resultados das reformas no sistema
educativo americano e os seus efeitos sobre os grupos minoritários em desvantagem escolar mostra que o
insucesso escolar deixa de ser resultado unicamente dos factores exteriores a instituição escolar (meio,
família) passando a ser construído sob as interacções que se estabelecem entre os alunos e as práticas
escolares quotidianas.

2.2.4 A corrente Sistémica

Esta abordagem teórico-prática está concentrada no processo de interacção e comunicação entre os


membros de um sistema, mais do que sobre as dinâmicas intrapsíquicas ou a reconstrução psicogenética
dos problemas individuais. (Evequoz 1987, apud Pinto & Tome s.d.)

Esta abordagem pauta por uma análise ponderada a complexidade das relações, Rosney (1975) citado por
(Pinto & Tome, s.d.) apresenta o conceito de “microscópio “ para expressar a necessidade de se olhar
mais profundamente a sociedade humana, a abordagem sistémica constitui uma metodologia que
possibilita a integração dos conhecimentos e assim assegurar uma maior eficácia, esta análise recompõe
as suas componentes numa totalidade atenta a dinâmica das suas interacções e suas interdependências e
neste contexto o insucesso escolar é visto como consequência da disfuncionalidade da comunicação entre
os sistemas. Para esta corrente o insucesso escolar aumenta quando entra em choque com outros
insucessos vividos pela família, pelos professores ou mesmo pela instituição sendo necessário mudar a
forma de ver e actuar estudando o sentido e a função do insucesso nestes 3 eixos.

2.3 Factores que contribuem para a reprovação do aluno

De acordo com Williamson citada por (Mendonça, s.d.) existem 10 razões intrínsecas que levam os
alunos a fracassar no ensino secundário.

 Falta de preparação: Muitos adolescentes não são desafiados e têm uma mentalidade
preguiçosa, dai a necessidade de preparação. Consequentemente, eles acham que as coisas devem
ser feitas para eles ou dadas a eles com pouco esforço de sua parte. Quando os pais e professores

10
não os desafiam nesta área, eles os condenam ao fracasso sendo que planeiam a transição para a
educação pós-secundária.

 Muitas distracções/falta de foco: Com as redes sociais,i Pads, smartphones, etc., os adolescentes
têm muitas ferramentas para distraí-los em suas vidas. Quando se junta isso as tarefas domésticas
em casa, o estresse deles aumenta, fazendo com que percam o foco. Os pais e / ou encarregados de
educação devem ensinar aos jovens como equilibrar tecnologias concorrentes e elementos
externos para que estejam preparados para os desafios educacionais pós-secundários.

 Má gestão do tempo: administrar o tempo de forma eficaz é fundamental para a capacidade de


um aluno de equilibrar as várias responsabilidades que vêm com estar na escola (dever de casa,
projectos, trabalho, tempo social, obrigações familiares, etc.) É importante que aprendam essa
habilidade agora, antes de entrar na faculdade, para que possam aprender com suas falhas em um
ambiente menos dispendioso. Aprender a não se comprometer demais faz parte do processo de
encontrar equilíbrio para se concentrar no que é necessário e importante.

 Falta de perseverança: os alunos devem aprender que tudo na vida é um processo. A vida não é
uma corrida, mas uma maratona. Com isso, há lições a serem aprendidas, obstáculos a serem
superados e desafios a serem vencidos. Passar pela vida pensando que o sucesso, as conquistas e
as vitórias vêm com facilidade é uma falsa sensação de esperança que não leva a lugar nenhum.

 Dependência Excessiva de Pensamento: Isso é o que chamam de “Mentalidade Preguiçosa”, que


é um subproduto da geração do “direito”. A incapacidade dos jovens de pensar por si mesmos, de
assumir a responsabilidade por suas acções / aprendizagem ou de se tornarem orientados para a
solução prejudicará seu futuro. Caminhar pela vida esperando que as pessoas lhe digam o que
fazer em cada fase de sua vida deixará os alunos à margem da vida. Ter uma mentalidade
independente é o que diferencia um jovem adulto

 Auto-estima baixa/Autoconfiança excessiva: Ter uma boa auto-estima está correlacionado com
o sucesso mais tarde na vida - principalmente porque boas notas e confiança podem permitir que
um adolescente comece com bolsas de estudo e outras oportunidades. Também ajuda os jovens a

11
fazerem boas escolhas. Consequentemente, o efeito adverso de não ter uma boa auto-estima pode
paralisar a capacidade de crescer e progredir ao longo da vida. Por outro lado, ter muita
autoconfiança pode ser prejudicial para o futuro de um jovem. Pensar "Eu sou melhor" do que
alguém ou algo reflecte um mau carácter e faz com que as pessoas fujam de você.
Independentemente dos dons e habilidades do aluno, ele deve ser humilde e saber como interagir
com as pessoas, envolvê-las e não afastá-las. É a única maneira de alcançar o sucesso.

 Sentido de Direito: Cada vez mais vemos exemplos de jovens que andam por aí sentindo que o
mundo lhes deve algo. Adoptar essa abordagem com seus trabalhos escolares os leva ao fracasso,
porque os alunos não fazem o esforço necessário para passar em uma aula, vencer um jogo /
competição ou ter sucesso. Esse comportamento é um factor determinante que aparece em outras
etapas descritas aqui. Por outro lado, os pais e líderes, devem trabalhar para corrigir essa
mentalidade na juventude, pois ela pode ser a mais prejudicial.

 Medo de falhar: o fracasso é um fato da vida e a base de todo sucesso. Ninguém acorda dizendo
que quer falhar, nem gosta de falhar. A chave é resiliência e aprender com o fracasso, mudando no
processo e crescendo em direcção ao sucesso. Deve-se ensinar aos jovens a importância de não se
afundar em seus erros, mas aprender as lições rapidamente e seguir em frente.

 Procrastinação: a procrastinação é a antítese do manejo e não existe na fórmula do sucesso.


Fazer as coisas no último minuto não é apenas ineficaz e improdutivo, mas leva ao estresse,
trabalho abaixo do padrão / marginal e baixo desempenho. Não corrigir essa prática no ensino
médio pode ser prejudicial e custoso no nível universitário.

 Incapacidade de pensar criticamente, analiticamente e criativamente: esta é uma das áreas


mais deficientes para a força de trabalho do século XXI. As empresas procuram pessoas com
essas habilidades, mas infelizmente esta geração está sendo prejudicada pelos avanços
tecnológicos e pela falta de desafio. Os alunos devem ser desafiados a analisar situações, resolver

problemas, ser criativos, intuitivos e pensar criticamente dentro e fora da escola.

12
2.4 Consequências da Reprovação

A reprovação escolar tem consequências a nível psicológico afectando directamente a auto-estima dos
alunos que são reprovados e também a nível social, para o país em geral, pois condiciona a continuidade
dos estudos, influenciando fortemente as taxas de abandono escolar anos depois de sua ocorrência (Mark,
2017).

O abandono escolar é uma das consequências imediatas da retenção escolar. Rebelo (2009), concluiu que
uma simples retenção aumentava, de 18 a 28%, a probabilidade de abandono escolar. Também
Rumberger (1995) apud Rebelo (2009), calculou que alunos do ensino médio (middleschool) tinham 11
vezes maior probabilidade de abandonar a escola se tivessem sido retidos.

Para Holmes (1989), os alunos retidos obtêm piores resultados do que os que não reprovaram, quer em
adaptação pessoal, quer em desempenho académico, o que acarreta um enorme desperdício de recursos
materiais e humanos.

A reprovação também apresenta consequências a nível emocional pois as expectativas de poderem ser
rejeitados tornam os alunos hipersensíveis a sinais mínimos, não intencionais ou ambíguos de rejeição,
levando, consequentemente, a más interpretações, reacções emocionais e comportamentais desajustadas,
hostilidade, ansiedade e agressão, o que pode prejudicar o seu desenvolvimento psicossocial e o
empenhamento na escola.(Rebelo, 2009).

2.5 A Escola face a Reprovação Escolar

Para (Barbos, Casrto & Araujo, 2006), a rigidez na sala de aula para as crianças com dificuldades de
aprendizagem, é fatal. Para progredirem, tais alunos devem ser encorajados a trabalhar ao seu próprio
modo. Se forem colocados com um professor inflexível sobre tarefas e testes, ou que usa materiais e
métodos inapropriados às suas necessidades, eles serão reprovados.

Os autores acima citados enfatizam que ao tratarmos pessoas diferentes de forma igualitária dentro da
sala de aula, estamos, provavelmente, aumentando o déficit nos alunos de menor rendimento e,
possivelmente, estamos traçando um ambiente de reprovação. Muito embora essa possa parecer que

13
assusta grande parte dos alunos, “isso tem demonstrado não funcionar em uma escola para todos, porque
ela precisa trabalhar também com aqueles que não se submetem a esse tipo de medida.

Por sua vez Souza (1996) apud Aline Berghetti Simoni Belleboniem (Profala.com), coloca que os
factores relacionados ao sucesso e ao fracasso académico se dividem em três variáveis interligadas,
denominadas de ambiental, psicológica e metodológica.

O contexto ambiental engloba factores relativos ao nível socioeconómico e suas relações com ocupação
dos pais, número de filhos, escolaridade dos pais, etc. Esse contexto é o mais amplo em que vive o
indivíduo. O contexto psicológico refere-se aos factores envolvidos na organização familiar, ordem de
nascimento dos filhos, nível de expectativas sobre a educação e etc., e as relações desses factores são
respostas como ansiedade, agressão, auto-estima, atitudes de desatenção, isolamento e não concentração.
O contexto metodológico engloba o que é ensinado nas escolas e sua relação com valores como
pertinência e significado, com o factor professor e com o processo de avaliação em suas várias acepções
e modalidades.

Nessa perspectiva, autores como Charlot (2005) & André (1999) afirmam que, pelo fato de muitos
professores rotularem seus alunos, criando estereótipos, e não oferecem a devida atenção às necessidades
dos jovens, esses, por sua vez, ficam desmotivados em frequentar a escola e terminam por abandonar os
estudos. (Nunes, 2017, p.7).

O autor acima citado trás nos à tona a necessidade da sensibilização dos professores face a reprovação,
adoptando uma postura, mas calma e delicada na interacção com alunos em situação de repetência, isto
não significa vitimizá-los ou poupá-los das tarefas na sala de aulas, mas sim evitando atitudes
discriminatórias ou até mesmo ataques como tratá-los de forma rude e julgadora fazendo com que estes
tenham um sentimento de não pertença a turma ou ao contexto de ensino e aprendizagem inseridos

2.6 Estado da Arte

A retenção escolar tem constituído, desde o início do século XX, tema dos mais variados estudos, cujos
autores procuraram saber os efeitos que produz na aprendizagem, no comportamento e no
desenvolvimento emocional dos alunos.

14
 Moçambique

Macamo (2015), efectuou um estudo de caso na Escola Secundaria Graça Machel, situada no centro da
vila de Massingir, a norte da Província de Gaza em Moçambique onde são leccionados o 1º e 2º ciclos do
ensino secundário geral (8ª a 12ª classe) e a problemática do insucesso escolar é notória.

O projecto educativo da Escola consiste, fundamentalmente, no desafio de a partir das suas condições,
dos recursos disponíveis e do contexto em que se insere, ser capaz de responder às reais necessidades
educativas dos alunos ao longo do tempo. De acordo com os dados referenciados no relatório de
aproveitamento escolar, elaborado pela direcção da escola, no ano lectivo de 2013, dos 56 alunos internos
que concluíram a 12ª classe do Ensino Secundário Geral nesse ano lectivo, apenas 29 alunos
completaram o ensino secundário em exactamente cinco anos. Isto significa que só 51.7% dos alunos
internos do 12ºano que concluíram o ensino secundário no ano lectivo de 2013, tinham realizado a sua
primeira matrícula na 8ª classe em 2009 (Macamo, 2015).

No mesmo relatório Macamo (2015), com base na análise das atas dos conselhos de notas finais do 3º
trimestre e dos resultados escolares dos alunos, após a realização das avaliações finais e dos exames
nacionais no ano lectivo 2013, chegou às seguintes conclusões: num universo de 825 alunos internos,
distribuídos pelos cinco anos de escolaridade, o número de alunos retidos ou não aprovados foi o
seguinte:

 8ªClasse – dos 264 alunos matriculados ficaram retidos 102 alunos;


 9ª Classe - dos 189 alunos inscritos não progrediram 84 alunos;
 10ª Classe – dos 177 alunos inscritos não concluíram 66 alunos;
 11ª Classe – dos 113 alunos não progrediram 35 alunos;
 12ª Classe – de um total de 82 alunos não concluíram 26 alunos.

Em termos percentuais a taxa de reprovações corresponde na 8ª classe a 38.6%, na 9ª classe a 44.4%, na


10ª classe a 37.2%, na 11ªclasse a 30.9% e na 12ª classe a 31.7% (Macamo, 2015).

Esta investigação teve como objectivo geral, identificar na Escola Secundária Graça Machel as
percepções da gestão, dos docentes e dos alunos sobre as causas do insucesso escolar e as medidas

15
tomadas para combate-lo, com o intuito de ver melhorado o processo de ensino e aprendizagem
(Macamo, 2015).

Foram aplicadas entrevistas aos gestores da escola, na pessoa do director da escola e do presidente do
conselho da escola sobre os factores que concorrem para o insucesso e as medidas de combate a esse
insucesso.

Na opinião do director e do presidente do conselho da escola, as disciplinas de ciências exactas,


sobretudo as de Física, Química e Matemática, são as que mais contribuem para o insucesso de alunos, o
que pode estar relacionado com a insuficiência do equipamento de laboratório para as aulas prática.

Para os alunos os factores que concorrem para o insucesso escolar, esta a falta de tempo em casa para
revisão da matéria, o que se relaciona com os trabalhos domésticos e da pastagem. Os casamentos
prematuros e gravidezes precoces são referidos como uma das causas para a desistência da escola.

Quanto combate ao insucesso escolar os alunos assim com o director e os colaboradores acham que os
pais e encarregados de educação têm grande responsabilidade no acompanhamento de seus educandos na
educação formal visto que muitos não participam nem se quer nas reuniões periódicas que a escola
convoca. (Macamo, 2015).

Foi constatado nesta investigação que tanto o director, como os seus colaboradores, não frequentam
formação contínua, o que é preocupante, no que concerne a dinâmica de conhecimentos que o mundo
contemporâneo impõe, pois, o educador nunca está definitivamente completo para o exercício das suas
tarefas.

 Brasil

Linhares (2005), analisa em um estudo de caso o método de avaliação em uma escola do ensino básico e
se o mesmo influencia na aprendizagem do aluno e os factores que podem influenciar para que haja
reprovação tendo em conta a opinião de alguns professores desta escola.

A pesquisa foi realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora das Graças
localizada na periferia da cidade de Caçapava do Sul, Brasil.

16
Nesta pesquisa foi constatado que alguns professores trabalham com o método tradicional onde repassam
o conteúdo aos alunos fazendo com que estes apenas decorrem o que esta sendo passado, porém a
maioria dos professores trabalha para que os alunos construam o seu próprio pensamento e encontram
grandes dificuldades pois alguns alunos resistem a isso pois consideram que essa função não cabe a eles.
Apesar de a escola trabalhar com projectos como maratonas de matemática, ciências etc. Para melhorar a
qualidade da aprendizagem ainda há incidência da reprovação. Portando foi necessário compreender
como a avaliação era feita e verificou-se que no ano 2002 o método de avaliação na escola em que a
pesquisa foi realizada era feita de maneira aritmética ou seja as notas eram somadas e depois divididas. E
se tratando de avaliação no método aritmético o aluno era avaliado somente através de provas, portanto o
professor não tinha um acompanhamento contínuo da aprendizagem do aluno dificultando assim o seu
trabalho (Linhares, 2005).

Desta forma para a maioria dos professores o método de avaliação contribui sim para a qualidade ou não
da aprendizagem do aluno e os mesmos consideram a forma de avaliação sumativa é a melhor pois com
esta forma de avaliação qualquer exercício dado na sala de aulas pode se tornar uma avaliação o que leva
os alunos a dedicarem-se mais na sala de aulas e fazendo com que o professor tenha uma ideia do nível
de qualidade da aprendizagem (Vigostsky, 1984).

Rumberger (1995), efectuou um estudo de caso em 3 escolas públicas estaduais sobre as causas e
implicações da reprovação dos alunos na 5ª série do ensino fundamental. As possíveis causas apontadas
que levam a reprovação ou o fracasso escolar possuem sua génese em elementos de ordem
socioeconómica, afectiva, cognitiva e outros. Dados colectados nesta pesquisa trazem o posicionamento
dos pais, professores, coordenadores, directores e dos próprios alunos sobre as causas da reprovação.

Para os coordenadores a falta de interesse, falta de acompanhamento da família, excesso de


oportunidades desde as primeiras séries dá uma certa naturalidade à reprovação além dos professores
serem muito questionados e acabarem por aprovar alunos sem condições.

O facto de a partir da 5ª série passarem a ter vários professores também gera uma certa “confusão” na
cabeça do aluno e tem também questão da adolescência onde eles não conseguem assimilar as mudanças.

17
A situação familiar faz com que a família não possa acompanhar e incentivar o estudo. Os pais não têm
interesse, o importante para eles é a questão da sobrevivência (Wagner & Antunes, 2016).

Para os professores a falta de interesse dos alunos é a principal causa das reprovações pois eles se
preparam para dar aulas usam diferentes instrumentos de ensino, dando oportunidade para todos, tais
como: provas e trabalhos orais e escritos, apresentações e músicas. Os instrumentos acabam sendo
diversificados como forma de melhor contemplar e apanhar o que o aluno tem para expressar (Roazzi &
Almeida, 1988).

Para as direcções das escolas um dos factores da reprovação é por que os alunos saem de uma 4ª série e
iniciam no fundamental com um professor para cada disciplina, o mesmo apontado pelos coordenadores.
A adaptação ao currículo é completamente diferente, a imaturidade também pode ser uma causa de
reprovação.

Os pais têm consciência do tempo perdido com a reprovação, e a necessidade do seu educando estudar
mais para recuperar o ano, porem afirmam que o professor precisa de qualificação para trabalhar com os
alunos.

Os alunos por sua vez assumem que a falta de interesse pelos estudos é a maior causa das reprovações
pois poderiam ter -se dedicado mais.

Para (Rumberger, 1995), a relação ensino-aprendizagem, o acto de “transmissão” do conhecimento, não é


tão mecânico quanto acredita-se, há uma complexidade maior que envolve esta relação. Cada um aprende
de uma maneira, com maior ou menor esforço, envolvendo mais ou menos emoção, estabelecendo mais
ou menos sentido. São usados a mente, o corpo, os sentidos. É o “todo” que entra em jogo para que a
aprendizagem aconteça. E mobilizada maior ou menor energia em função do grau de esforço que é feito
para atingir determinado objectivo.

Os professores, quase que diariamente, afirmavam que não conseguem mais ser ouvidos, que possuem
dificuldade de transmitir o que desejam, que os alunos estão “dispersos”, desconcentrados e que precisam
fazer esforços fora do comum para atingir o mínimo desejado.
De acordo com os autores acima citados esta realidade da escola faz pensar a necessidade de se reverem

18
os contratos didácticos possuídos hoje. Quem seria responsável por esta situação? Os pais? Os
professores? Os próprios alunos? Ao olhar-se para a reprovação pode se verificar que ela é a
consequência, o reflexo, o produto, de uma cadeia de múltiplas responsabilidades e inúmeras incertezas
que nos fazem pensar na função e no papel da escola. A escola ainda teria sentido? Para quê os alunos
vêm para este espaço? A que se reduziu a profissão de professor?

O quanto são grandes as limitações que impedem ou não permitem que a aprendizagem possa acontecer.
A causa é a pobreza? A violência doméstica? O fato do aluno não ter estudado? O pouco incentivo do
professor e dos pais? A baixa expectativa em relação ao que a escola pode acrescentar à vida do aluno? A
metodologia inadequada do professor? A falta de recursos didáctico-metodológicos? As transformações
do corpo e da mente da criança?

Para este autor inúmeros factores podem ser considerados causas da reprovação, mas por si só e
isoladamente não explicam o fracasso do aluno e a insuficiência da escola e de pedagogia pois as
concepções sobre educação, as metodologias, as relações didácticas não mudaram. A conduta educativa
tem-se perpetuado a mesma.

 Canadá

Pagani & Colaboradores (2001), citados por Rebelo (2009), fizeram um estudo usando uma amostra de
1.830 crianças (875 rapazes e 955 raparigas) de escolas do ensino básico da província do Quebeque
(Canadá), para estudar os efeitos da retenção no seu desempenho escolar e no seu comportamento, a
médio e a longo prazo. O comportamento foi avaliado pelos respectivos educadores e professores dos
alunos, ao fim do jardim-de-infância e no 2º, 4º e 6º ano de escolaridade.

Em primeira instância foi constatado que a retenção afectou, negativamente, o desenvolvimento


psicossocial dos repetentes, independentemente das características que já possuíam antes da reprovação
(por exemplo: problemas de atenção, mau comportamento) e da trajectória de desenvolvimento que se
poderia prever, a partir das mesmas características.

As consequências negativas da retenção foram dramáticas e, geralmente, duradouras. Além disso, os


efeitos, a longo prazo, não só persistiram, como, em alguns casos, ainda se agravaram.

19
Tanto para os rapazes, como para as raparigas, houve um impacto negativo e contínuo da retenção sobre
a ansiedade e sobre a falta de atenção alunos.

Esses problemas de ansiedade e de falta de atenção não só persistiam, ao longo da escolaridade, como
também se agravavam, de ano para ano. E, segundo os mesmos autores, a retenção escolar não produziu
um efeito imediato sobre a ansiedade, mas, sim, a longo prazo o que, segundo eles, se deveria ao facto de
só mais tarde, na adolescência, os alunos se darem conta de que são mais velhos que os seus colegas,
provocando-lhes uma tal consciência e alguns sentimentos de desvalorização e de ansiedade perante as
avaliações (Mark, 2017).

20
CAPÍTULO III: Procedimentos Metodológicos

2. Metodologia

A metodologia consiste em um conjunto de técnicas e procedimentos utilizados pelo pesquisador para


desenvolver sua pesquisa e assim chegar aos objectivos estabelecidos e ainda guiar o pesquisador em
como trilhar o caminho de pesquisa, de forma a ajuda-lo a reflectir e estimular um olhar curioso,
indagador e criativo sobre o mundo (Prodanov & Freitas, 2013).

3.1 Estudo de Caso

Este estudo visa efectuar um estudo de caso, pois este tipo de estudo permitirá descrever a situação no
contexto em que está sendo feita a investigação, explorar situações da vida real cujos limites não estão
claramente definidos e preservar o carácter unitário do objecto estudado. O estudo de caso consiste no
estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira que permita seu conhecimento amplo
e detalhado (Gil, 2002).

Importa referir que esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa, apesar de empregar alguns dados
estatísticos para mostrar e explicar a tendência das reprovações na 10ª classe na ESM.

3.2 Universo

O universo, ou população, é o conjunto de elementos que possuem as características que serão objecto do
estudo, e a amostra, ou população amostral, é uma parte do universo escolhido seleccionada a partir de
um critério de representatividade (Vergara, 1997).

O universo da ESM é constituído pela Directora, pelos Professores, e pelos alunos que se encontram a na
10ᵃ classe em situação de repetência nesta escola.

3.3 Amostra-Estratificada e por Conveniência

Marconis & Lakatos (2008), definem amostra como sendo uma porção ou uma parcela,
convenientemente seleccionada da população.

21
Para esta pesquisa serão usados dois tipos de amostra: a amostra estratificada e a amostra por
conveniência.

1. Estrato dos Membros da direcção da escola (director). Seleccionados por tipicidade ou


intencionalidade pois este tipo de amostragem permite seleccionar um subgrupo com base nas
informações disponíveis. (Gil 2008, P.94)

2. Estrato de Professores da 10ª classe entre os anos 2015 a 2019. Também seleccionados por
tipicidade ou intencionalidade pois este tipo de amostragem permite seleccionar um subgrupo
com base nas informações disponíveis. (Gil 2008, P.94)

3. Estrato de Alunos repetentes da 10ª classe em 2021 (todos). Serão seleccionados por
acessibilidade, pois este tipo de amostra permite ao pesquisador seleccionar os elementos que
tem acesso, admitindo que estes possam de alguma forma representar o universo. (Gil 2008,
p.94)

Tabela 1: Professores inquiridos

Variável Frequência Percentagem


Discrição
Masculino 6 85,7%
Feminino 1 14,3%
Sexo
Menos de 5 anos 2 28,6%
Mais de 5 anos 2 28,6%
Anos de Mais de 10 anos 3
Trabalho 42,8%
0 0,0%
IFP
0 0,0%
Bacharelato
7 100%
Formação Licenciatura
0 0,0%
Mestrado
100%
Total 7

22
A Tabela 1 apresenta informações detalhadas sobre os professores inquiridos na pesquisa, destacando
variáveis como sexo, anos de trabalho e formação académica. No que diz respeito ao sexo, a amostra é
composta principalmente por professores do sexo masculino, totalizando 85,7%, enquanto apenas
14,3% são do sexo feminino. Em relação aos anos de trabalho, 28,6% dos professores têm menos de 5
anos de experiência, 28,6% têm mais de 5 anos, e 42,8% têm mais de 10 anos. Quanto à formação
académica, todos os professores possuem licenciatura, representando 100% da amostra. Nenhum dos
professores possui formação no Instituto de Formação de Professores (IFP), bacharelato ou mestrado.

Tabela 2: Alunos inquiridos

Variável Frequência Percentagem


Descrição
Masculino 29 41,4%
Feminino 41 58,6%
Sexo
Mais de 15 anos 28 40%
60%
Idade Mais de 17 anos 42
Mais de 20 anos 0 0,0%
Letras 6 8,7%
Ciências 26 37,1%
Secção Reprovada
Todas Secções 38 54,2%
1 Vez 59 84,3%
2 Vezes 11 15,7%
Vezes de
Mais de 3 Vezes 0 0,0%
Repetência
70 100%
Total

23
A Tabela 2 fornece uma descrição abrangente dos alunos inquiridos neste estudo, apresentando diferentes
variáveis e suas respectivas frequências e percentagens. No que diz respeito ao sexo, a amostra é
composta por 29 alunos do sexo masculino, representando 41,4%, e 41 alunas do sexo feminino,
totalizando 58,6%. Quanto à idade, 40% dos alunos têm mais de 15 anos, enquanto 60% têm mais de 17
anos. Notavelmente, nenhum aluno indicou ter mais de 20 anos. Em relação à secção reprovada, 8,7%
dos alunos pertencem à secção de Letras, 37,1% à secção de Ciências e 54,2% reprovariam em todas as
secções. No que diz respeito às vezes de repetência, a maioria dos alunos (84,3%) repetiu uma vez,
15,7% repetiu duas vezes, e nenhum aluno indicou ter repetido mais de três vezes.

3.4 Critério de selecção da amostra

A selecção da amostra para esta pesquisa foi estratificada devido a extensão do universo em si sendo,
necessário dividi-lo em subgrupos ou estratos para que haja uma representatividade efectiva por
tipicidade e por conveniência pela facilidade e pré-disposição dos elementos.

3.5 Instrumentos de recolha de dados

Os instrumentos para a recolha de dados nesta investigação serão os seguintes:

3.5.1. Questionário

O método do questionário, conforme Marconis & Lakatos (2008), revela-se eficaz para colectar dados
tanto quantitativos quanto qualitativos. O método do questionário foi empregado como meio de colectar
dados dos professores e alunos para compreender as dinâmicas relacionadas às reprovações na 10ª classe
na Escola Secundária da Matola. O questionário, composto por dezasseis questões para os professores e
dezoito para os alunos, abordou diversos aspectos, desde informações pessoais e profissionais até
reflexões sobre a instituição. A escolha por esse método se justifica pela eficiência na colecta de dados
quantitativos e qualitativos em larga escala. Contudo, é importante reconhecer que a presença da
pesquisadora durante o preenchimento pode influenciar as respostas, e a análise das questões abertas
demanda cuidado na interpretação.

24
3.5.2. Entrevista

A entrevista, segundo Marconis & Lakatos (2008), proporciona uma compreensão mais profunda e
contextualizada das estratégias adoptadas pela gestão escolar.
A entrevista foi utilizada como uma ferramenta para obter informações significativas da directora da
Escola Secundária da Matola. Esse método permitiu uma compreensão mais aprofundada das
perspectivas da gestão escolar em relação às reprovações. A escolha pela entrevista foi motivada pela
necessidade de explorar, de maneira mais profunda e contextualizada, as opiniões da directora sobre as
causas e estratégias adoptadas para combater as reprovações. Apesar de oferecer profundidade, a
subjectividade na interpretação e as possíveis limitações de tempo são factores a serem considerados.

3.5.3 Pesquisa documental

A pesquisa documental, fundamentada na visão de GIL (2002), baseia-se em materiais que não foram
analisados, permitindo um acesso valioso a registros autênticos.
Esta fase foi realizada para explorar registros e documentos arquivados sobre a Escola Secundária da
Matola. Esta abordagem aproveita materiais que ainda não passaram por análise crítica, como
documentos em arquivos públicos e privados. Os documentos, como cartas, regulamentos e fotografias,
são fontes ricas e estáveis de dados, proporcionando uma compreensão mais profunda do contexto
histórico e institucional. No entanto, é necessário considerar a disponibilidade e possível viés na
selecção de documentos.

3.5.4. Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica, conforme delineado por Gil (2002), apresenta-se como um método que permite
ao pesquisador cobrir uma gama ampla de fenómenos educacionais.
Esta técnica desempenhou um papel crucial ao embasar teoricamente a pesquisa nas reprovações na 10ª
classe. Essa abordagem se baseia em materiais já elaborados, como livros e artigos científicos,
oferecendo uma visão abrangente de fenómenos relacionados à educação. A pesquisa bibliográfica
permitiu ampliar o entendimento sobre teorias educacionais e prácticas, embora tenha limitações, como a

25
possibilidade de desactualização e a visão limitada de algumas perspectivas não contempladas nas fontes
existentes.

3.6. Considerações Éticas

Quanto aos participantes (População e amostra): A participação destes intervenientes nesta pesquisa
será de livre e espontânea vontade mediante ao consentimento dos mesmos e a sua identidade será
mantida em anonimato;

Quanto a colecta de dados: os dados para esta pesquisa serão tratados com neutralidade como forma de
preservar a integralidade da informação recolhida para que não haja interpretações equivocadas;

Quanto a análise de dados: os dados serão tratados e analisados de forma rigorosa presando sempre
pela honestidade pois esta pesquisa visa beneficiar a sociedade em geral, serão respeitados os direitos
autorais de cada uma das afirmações assinadas e serão enumeradas as suas proveniências.

3.7. Limitações do estudo

A maior limitação para este estudo foi a falta de dados relativos as pautas referentes a 10 ͣ classe que nos
permitiriam compreender de forma absoluta a tendência de reprovação nesta escola, isto deveu se a época
em foi feita a visita a escola, isto no último mês das aulas onde se registava um certo alvoroço por parte
da escola devido a correria que se regista nesta época. Outra limitação para esta pesquisa foi o facto de
que alguns professores tendo recebido os questionários, não devolveram os mesmos. Falta de material
bibliográfico sobre o tema em pesquisa.

26
CAPITULO IV: Apresentação, Análise e Discussão De Resultados

O presente capítulo dedica-se à exposição detalhada dos dados colectados durante a pesquisa de campo,
compreendendo a apresentação, análise e discussão dessas informações. A colecta de dados foi
conduzida por meio de questionários e entrevistas estruturadas aplicadas na Escola Secundária da Matola,
abordando especificamente as causas das reprovações na 10ᵃ Classe.

A estrutura gráfica dos resultados facilitou a compreensão e interpretação das tendências emergentes, ao
passo que as tabelas ofereceram uma visão mais detalhada dos dados brutos. Essa abordagem
metodológica permitiu uma análise rigorosa das informações colectadas, auxiliando na identificação de
padrões, correlações e percepções relevantes para a compreensão das causas das reprovações na 10ᵃ
Classe na Escola Secundária da Matola.

4.1. Descrição do local de estudo

Esta pesquisa foi realizada na Escola Secundária da Matola, fundada em 1971 antes da independência do
país e localizada na zona sul da província de Maputo, na Cidade da Matola.

A estrutura da escola compreende 40 salas de aula, 1 bloco administrativo (que inclui a sala dos
professores e dois gabinetes de direcção pedagógica - um para o curso diurno e outro para o curso
nocturno), posto de primeiros socorros, 2 blocos com 18 salas, 1 bloco com 3 salas, 1 bloco com uma
sala de aula, uma sala de informática, biblioteca, arquivo, duas cantinas, ginásio grande composto por
balneários, 2 campos de basquetebol, campo de atletismo e oficinas.

Actualmente, a escola funciona com quatro turnos: três no curso diurno e um no curso nocturno, onde as
turmas, inicialmente compostas por 90 alunos cada, foram divididas em grupos de 30 alunos por turma
como medida projectiva contra a Covid-19. A escola conta com cerca de 10 mil alunos, 158 professores e
42 funcionários, sendo 15 dedicados ao sector administrativo e 27 divididos entre guardas e serventes,
totalizando 200 profissionais que trabalham nesta instituição.

Quanto aos professores que leccionam na 10ᵃ classe, todos possuem o nível de licenciatura. Segundo o
director pedagógico, os professores utilizam o método de ensino centrado no aluno, onde este

27
desempenha um papel activo na produção do conhecimento. Neste momento, 79 alunos encontram-se a
frequentar a 10ᵃ classe na categoria de repetentes, considerado um número razoável pela escola. Dessa
forma, estão ilustrados na tabela abaixo os números referentes às reprovações na 10ª classe
correspondentes aos últimos cinco anos.

Figura 1: Histórico das Reprovações na ESM de 2015 a 2019

No período dos cinco anos tomados por referência para este estudo, tornou-se notório o facto do número
de reprovados do sexo masculino sempre ultrapassar o das raparigas. Por outro lado, vem se registando
um decréscimo nos valores de índice de reprovações na Escola Secundaria da Matola. No ano de 2015, a
escola registou reprovações de ordem de 505 mulheres e 813 homens, o que totaliza 1318 reprovações.
No entanto, quatro anos depois em 2019, as reprovações baixaram até a metade do registado em 2015,
sendo que o seu total era de 730, dos quais 286 são mulheres e 444 são homens.

4.2. Causas das reprovações na 10ª Classe na Escola Secundária de Matola

Para identificar as possíveis causas das reprovações na 10ª Classe na Escola Secundária da Matola,
recorreu-se ao mapeamento das diferentes camadas da comunidade escolar. Foram colectadas opiniões
que reflectem a perspectiva da administração, do corpo docente e da comunidade estudantil. De maneira
mais abrangente, pode-se afirmar que as causas subjacentes às reprovações nesta instituição levam a uma

28
reavaliação e reflexão sobre as responsabilidades de cada esfera envolvida no processo de ensino e
aprendizagem.

4.2.1. Visão da Direcção da Escolar

No contexto da Escola Secundária da Matola, a direcção avalia as possíveis causas das reprovações na
10ª Classe, reconhecendo a existência de vários factores. A Directora destaca como causa das
reprovações nesta escola o relaxamento e desleixo por parte dos alunos e encarregados de educação,
notando que muitos alunos carecem de material didáctico, prejudicando o acompanhamento das aulas.
Apesar da disponibilidade de uma papelaria na escola, onde cópias custam apenas 1mt, muitos alunos
não adquirem as fichas de leitura necessárias.

A falta de controle da revisão da matéria em casa pelos encarregados de educação é outra causa das
reprovações apontada, contribuindo para o atraso dos alunos nas aulas. A situação se agravou durante a
pandemia, com alunos chegando à escola a qualquer hora, dificultando o controlo de entrada. Além disso,
a redução do tempo de aulas devido à Covid-19 exacerbou a falta de colaboração, com alunos chegando
tarde e não realizando trabalho de casa, afectando directamente seu desempenho académico.

A Directora também reconhece a falta de comprometimento de alguns professores, especialmente diante


da redução do tempo de leccionação contribui para as reprovações em massa nesta escola e destaca que a
ênfase muitas vezes recai apenas no cumprimento do conteúdo programático, esquecendo-se da
responsabilidade de educar para além da instrução. A superlotação da escola também é uma das causas
das reprovações constituindo assim um desafio adicional, com salas frequentemente ultrapassando a
capacidade ideal de 30 alunos.

A escola, embora tenha condições para aulas laboratoriais, enfrenta dificuldades de implementação eficaz
devido à superlotação e à falta de resposta às preocupações dos funcionários. Em suma, a visão da
direcção enfatiza a necessidade de uma abordagem holística, envolvendo alunos, encarregados de
educação e professores, para enfrentar efectivamente os desafios e contribuir para a redução das
reprovações na 10ª Classe.

29
4.2.2. Visão dos professores

A perspectiva dos docentes sobre as causas das reprovações na 10ª Classe na Escola Secundária de
Matola é apresentada, reflectindo diferentes pontos de vista, moldados pelas crenças e experiências de
cada professor no processo de ensino e aprendizagem.

Inicialmente, por questões de sigilo, optou-se por não integrar os nomes dos entrevistados nos
questionários. Apenas informações relevantes para esta pesquisa foram incorporadas, tais como o género,
experiência profissional, nível académico, formação académica na disciplina que leccionam, acumulação
de tarefas em organizações distintas, tempo gasto de casa para a escola e meio de transporte utilizado.

Nos depoimentos dos professores, destacaram-se as seguintes causas:

- "Número excessivo de alunos por turma, falta de acompanhamento, material didáctico e,


fundamentalmente, a carga horária dos professores." - Prof. A

- "A fraca aplicação dos alunos; ausências excessivas nas aulas, pontualidade reduzida." - Prof. D

- "Creio que o problema está na base, sendo que não se pode corrigir o topo sem atacar a base, falo do
ensino primário deficiente que posteriormente vai se reflectir nestas classes." - Prof. B

- "A falta de dedicação nas actividades propostas para casa; a não realização dos TPCs e repetição das
matérias; turmas superlotadas; programas de ensino desajustados com a realidade dos alunos." - Prof.
E

Os professores enfatizam que o insucesso estudantil dos educandos é parcialmente atribuído à falta de
acompanhamento do processo de ensino por parte dos encarregados de educação. Este posicionamento é
apresentado nos seguintes termos:

- Prof. A (+5 anos na ESM): As crianças têm uma liberdade excessiva e acabam por desleixar-se dos
seus compromissos escolares.

- Prof. B (+5 anos na ESM): A educação parte e começa em casa, mas hoje os papéis estão invertidos.

30
- Prof. C (+10 anos na ESM): A falta de acompanhamento dos encarregados faz com que os alunos não
executem as actividades de casa, contribuindo para o insucesso escolar.

- Prof. D (-5 anos): Normalmente, os alunos que têm o acompanhamento do encarregado de educação
apresentam os trabalhos de casa bem feitos, sendo activos e participativos nas aulas.

- Prof. E (+10 anos na ESM): Os alunos necessitam de um acompanhamento contínuo, devido à


globalização do meio em que se encontram.

- Prof. F (-5 anos na ESM): O encarregado de educação dá continuidade ao processo de aprendizagem.

- Prof. G (+10 anos na ESM): Os encarregados não têm a informação real sobre a vida académica de
seus filhos.

Figura 2: Opinião dos Professores em relação ao nível de qualidade do ensino de acordo com os recursos matérias
disponíveis na ESM

31
O Gráfico 1, intitulado "Percepção dos Professores sobre a Qualidade do Ensino em Relação aos
Recursos Materiais na ESM", proporciona uma visão abrangente das opiniões docentes na Escola
Secundária da Matola (ESM) relacionadas aos recursos educacionais disponíveis. A análise das respostas
categorizadas em quatro níveis revela que uma significativa parcela de professores (42,8%) avalia a
qualidade do ensino como "Alto". Isso sugere uma percepção positiva da eficácia dos recursos materiais
e métodos de ensino na instituição. Um adicional de 28,6% classifica a qualidade como "Médio",
indicando uma visão mais equilibrada, enquanto 14,3% consideram tanto "Baixo" quanto "Muito Alto".
A variação nas respostas destaca a diversidade de perspectivas entre os professores, com alguns
identificando áreas de aprimoramento e outros expressando uma satisfação considerável. Essas
percepções dos professores oferecem uma valiosa visão interna que pode orientar a escola na
identificação de pontos fortes e áreas potenciais para aprimoramento, proporcionando uma base sólida
para o desenvolvimento contínuo da qualidade do ensino na ESM.

4.2.3 Visão dos Alunos

As respostas dos alunos foram compiladas e sintetizadas em tabelas para a análise pormenorizada. Essas
análises mais detalhadas das tabelas proporcionam uma compreensão mais profunda das percepções dos
alunos e oferecem uma compreensão dos aspectos importantes para o desenvolvimento de estratégias
educacionais que visem melhorar o desempenho académico e o engajamento dos estudantes na 10ª
classe.

Tabela 3: Aspectos que Contribuíram para as Reprovações na 10ª Classe

Respostas Frequência Percentagem

a) Falta de compreensão da matéria 8 11%

b) Conteúdos difíceis 46 66%

c) Os professores não dão bem as aulas 9 13%

32
d) Falta de tempo para rever a matéria em casa 7 10%

Total 70 100%

A tabela 3 revela que a maioria dos alunos (66%) identificou os "conteúdos difíceis" como o principal
factor contribuinte para as reprovações na 10ª classe. Essa percepção sugere a necessidade de uma
abordagem pedagógica mais acessível e estratégias de ensino que auxiliem os alunos na compreensão dos
tópicos complexos. Além disso, 11% dos estudantes apontaram a "falta de compreensão da matéria",
indicando a importância de métodos de ensino que promovam uma compreensão mais profunda dos
conceitos. A tabela também destaca que 13% dos alunos percebem que "os professores não dão bem as
aulas", o que destaca a relevância do aprimoramento das habilidades de comunicação e didácticas dos
educadores. A "falta de tempo para revisão em casa" foi mencionada por 10% dos alunos, ressaltando a
necessidade de equilibrar a carga de trabalho escolar.

Tabela 4: Atendimento Especial dos Professores aos Alunos com Dificuldades

Respostas Frequência Percentagem

a) Sim 20 28,6%

b) Não 39 55,7%

c) As vezes 11 15,7%

Total 70 100%

Os resultados indicam que 55,7% dos alunos não sentem que recebem atenção especial dos professores
quando enfrentam dificuldades. Esta percepção levanta questões sobre a eficácia das estratégias de apoio

33
e intervenção pedagógica. Os educadores podem considerar métodos mais individualizados para ajudar
os alunos com dificuldades, promovendo um ambiente de aprendizado mais inclusivo. Os 28,6% que
responderam afirmativamente sugerem que existe um grupo que percebe atenção especial, e compreender
as práticas que levam a essa percepção pode fornecer insights valiosos para melhorar o suporte
educacional.

Tabela 5: Participação dos Alunos nas Aulas

Respostas Frequência Percentagem

a) Sim 38 54,2%

b) Não 9 12,9%

c) As vezes 23 32,9%

Total 70 100%

A análise da participação dos alunos nas aulas indica que 54,2% se sentem incentivados a participar
activamente. Esse é um sinal positivo, sugerindo um ambiente que valoriza a interacção e a contribuição
dos alunos. Ainda assim, 32,9% dos alunos afirmam que a participação ocorre "às vezes", indicando uma
possível variação na dinâmica da sala de aula. Apenas 12,9% afirmaram que os professores não permitem
a participação, o que sugere que a maioria dos alunos percebe um ambiente propício à expressão de
ideias e dúvidas.

34
Tabela 6: Motivação dos Alunos na Sala de Aula

Respostas Frequência Percentagem

a) Sim 55 79,6%

b) Não 15 21,4%

Total 70 100%

A tabela sobre a motivação dos alunos revela um dado positivo, pois 79,6% dos alunos afirmam sentir-se
motivados na sala de aula. Esse é um indicativo encorajador da eficácia do ambiente educacional em
cultivar o interesse dos estudantes. No entanto, 21,4% dos alunos afirmam não se sentirem motivados,
sugerindo que ainda há espaço para aprimorar estratégias de engajamento e estímulo. Identificar as
razões subjacentes à falta de motivação pode ser crucial para desenvolver abordagens personalizadas que
atendam às necessidades individuais dos alunos.

35
Figura 3: Opinião dos alunos em relação ao nível de qualidade do ensino de acordo com os recursos matérias
disponíveis na ESM

O Gráfico 2, intitulado "Opinião dos Alunos sobre a Qualidade do Ensino em Relação aos Recursos
Materiais na ESM", oferece uma visão abrangente das percepções dos alunos sobre a qualidade do ensino
na Escola Secundária da Matola (ESM), vinculada aos recursos materiais disponíveis. A maioria dos
alunos (68,6%) expressa uma visão moderada, indicando que percebem o ensino como satisfatório, mas
com espaço para melhorias. Um segmento significativo (18,6%) avalia a qualidade como alta, sugerindo
uma satisfação substancial com os recursos e métodos educacionais. Entretanto, 8,6% consideram a
qualidade como baixa, indicando áreas de preocupação que podem necessitar de atenção para aprimorar a
experiência educacional. Uma minoria (4,2%) atribui uma avaliação muito alta, o que destaca uma
percepção extremamente positiva.

4.3. Discussão sobre as causas de reprovações na 10ª Classe na Escola Secundaria de Matola

Considerando que os indicadores acima mencionados influenciam as decisões em prol da mitigação das
reprovações na 10ª classe, iniciam-se as discussões com base na abordagem geral da pesquisa.

36
Inicialmente, é importante considerar a influência das políticas públicas de educação. Conforme discutido
em Bonde (2016), essas políticas podem desempenhar um papel crucial na qualidade do ensino,
afectando directamente as taxas de reprovação. Se as políticas não estiverem alinhadas com as
necessidades dos estudantes ou se não forem adequadamente implementadas, isso pode contribuir para o
aumento das reprovações.

Ao analisar o nível de instrução dos professores, verifica-se que todos possuem formação académica
superior. Isso permite afirmar que a questão das reprovações na 10ª classe na Escola Secundária de
Matola não está associada à falta de instrução ou formação para exercer as funções de docente. Da obra
de Rebelo (2009) destaca-se uma abordagem em que sugere que, a falta de qualificação dos docentes não
é geralmente um factor determinante para as reprovações escolares. No entanto, é importante considerar
que a qualidade da formação dos professores e sua capacidade de aplicar métodos de ensino eficazes
podem influenciar significativamente o desempenho dos alunos.

Além disso, a diversidade nas condições de deslocamento dos professores para o local de trabalho e o
tempo que o professor leva de casa para o serviço ressalta a importância de políticas que garantam
acessibilidade e facilidade de transporte para os docentes, pois factores individuais como a localização da
residência, podem influenciar o tempo de chegada ao local de trabalho. O tempo e as condições de
deslocamento dos professores podem afectar sua disposição e energia para ensinar, o que, por sua vez,
pode influenciar indirectamente o desempenho dos alunos. Pimenta (2005).

No que concerne à especialização na disciplina em que lecciona, todos os professores que forneceram
respostas sobre a especialização na disciplina em que leccionam possuem uma formação académica
adequada para o ensino secundário. Essa condição anula a possibilidade de falta de enquadramento na
área de formação interferir no rendimento escolar dos alunos.

Quanto ao número de escolas onde trabalham, todos os professores responderam afirmativamente,


indicando que trabalham apenas numa escola. Isso é coerente com a compreensão de que, no serviço
público, não é permitida a acumulação de tarefas em distintas instituições governamentais.

37
Quanto ao número de funções acumuladas, cinco dos docentes afirmaram não exercerem nenhuma outra
função além da leccionação, enquanto um concilia as funções docentes com o cargo de delegado de
disciplina, e outro também é director de classe. Essa diversidade nas respostas ressalta a importância de
compreender as múltiplas responsabilidades que os professores podem assumir.

A segunda parte da discussão aborda questões específicas relacionadas ao processo de ensino e


aprendizagem (PEA) e ao currículo.

Sobre a utilização de planos de aulas, os professores foram unânimes em afirmar que a escola utiliza e
possui planos de aulas para todas as disciplinas. Isso evidencia a preocupação com a organização e a
estruturação adequada do PEA.

A discussão sobre o uso de planos de aula e a adequação dos programas ao nível dos alunos remete à
importância de uma análise mais aprofundada dos currículos e programas educacionais, visando adaptá-
los às necessidades reais dos estudantes, como mencionado por Petitat (1994).

Sobre a adequação dos programas/currículos ao nível dos alunos, a pergunta 11 do inquérito visava
avaliar se os programas e currículos estão adequados ao nível dos alunos. Aqui, observamos respostas
divergentes, com cinco docentes afirmando que os programas se adequam às capacidades cognitivas dos
alunos e dois indicando que a adequação é mais ou menos. Essa divergência pode indicar áreas de
melhoria nos currículos em relação às necessidades dos estudantes. Conforme discutido por Prodanov &
Freitas (2013), as divergências nas respostas dos professores em relação à adequação dos programas aos
níveis dos alunos destacam a necessidade de uma reflexão conjunta mais profunda sobre as estratégias de
ensino utilizadas,

Em resumo, estas discussões fornecem percepções cruciais para compreender o contexto em que as
reprovações na 10ª classe ocorrem e contribuem para a identificação de possíveis áreas de intervenção. O
exame cuidadoso desses indicadores permite uma abordagem mais informada na busca por estratégias
eficazes de redução das reprovações.

38
4.4. Prácticas desenvolvidas pela ESM para garantirem o sucesso do PEA a nível da escola

4.4.1. Monitoria do processo pedagógico da escola

Para a Directora da escola em estudo, o aproveitamento tende a melhorar, apesar de ter havido um ligeiro
acréscimo na percentagem de reprovações entre os anos de 2019 e 2020, cerca de 6%.
Em resposta à questão sobre como é feita a monitoria do projecto pedagógico da escola, a Directora
esclareceu que, em primeiro lugar, realiza o controlo das planificações quinzenais. Essas planificações
são extraídas do programa de uma determinada classe, que corresponde à dosagem de conteúdos a serem
leccionados durante um ano. O programa é então adaptado para o trimestre, resultando nos planos
analíticos elaborados a nível provincial. Os planos analíticos descem para as escolas, e a partir deles, os
professores elaboram as planificações quinzenais e, posteriormente, as planificações diárias. O controlo é
realizado a partir desses planos analíticos, garantindo que cada grupo de disciplina tenha acesso ao plano
analítico. Essa monitoria consiste em discussões ou conversas com os professores, onde cada membro
pode relatar se cumpriu ou não o planejado na quinzena. Caso não tenham cumprido, é necessário
explicar as razões do descumprimento e definir as formas de superação, uma vez que o período de
leccionação é igual para todos. A direcção da escola realiza esse controle das planificações quinzenais e
também das planificações diárias, que são aquelas que o professor faz em casa para leccionar no dia-a-
dia, seja directamente no caderno do professor ou de outra forma, nos livros de turma, onde ele registra
os temas ou os conteúdos leccionados. Portanto, em algum momento, é necessário visitar o livro de turma
e o caderno dele para fazer essa confrontação que se reflecte no plano analítico, ou seja, no plano
trimestral.
A escola recebe inspecção provincial três vezes ao ano e inspecção nacional duas vezes ao ano.

Com o objectivo de reduzir o índice de reprovações, foram realizadas diversas sensibilizações,


direccionadas especialmente aos próprios alunos, com ênfase nas estudantes. Onde se procura recuperar
aqueles alunos dos quais se tem conhecimento de alguma conduta não positiva, como indisciplina,
consumo de álcool e drogas. Para alcançar esses alunos são implementados núcleos na escola, como os
núcleos de Geração Bizz e de Saúde Escolar. Alguns outros núcleos não estão operacionais devido à
situação pandémica, mas estes dois continuam funcionando, auxiliando-os no acompanhamento desses
alunos identificados como necessitados de ajuda.

39
‘’Alguns desses alunos apresentam necessidades educativas especiais. Com a actual obrigatoriedade do
uso de máscaras, aproximamo-nos deles, oferecendo máscaras e, sempre que possível, disponibilizamos
material didáctico. Essa abordagem visa criar motivação neles, buscando evitar que desistam. Essas
acções visam não apenas melhorar o desempenho académico, mas também proporcionar suporte e
incentivo emocional aos estudantes em situações mais vulneráveis.” Directora da Escola.

4.4.2. Intervenção dos professores

Para compreender as acções dos professores visando a melhoria e garantia do sucesso do Processo de
Ensino e Aprendizagem (PEA), foram questionados sobre o conhecimento das necessidades da turma e
se dedicavam atenção individual e estímulo aos alunos com dificuldades. As respostas foram divergentes,
destacando-se que dois dos professores, designados como A e B, ambos com mais de cinco anos de
experiência na Escola Secundária da Matola (ESM), afirmaram não fornecer atenção especial a alunos
com dificuldades e não terem conhecimento das necessidades da turma.

Em contrapartida, cinco dos inquiridos afirmaram conhecer adequadamente as necessidades da turma,


dedicando atenção individual e estímulo aos alunos com dificuldades. O Professor C, com menos de 5
anos leccionando na ESM, explicou que sua supervisão é realizada observando os cadernos dos alunos,
revisando e explicando a matéria, orientando trabalhos de casa e sua correcção. O Professor D, com
menos de 5 anos de experiência, destacou que age conversando com os alunos individualmente e/ou com
a turma em geral. O Professor E, com mais de 10 anos na ESM, motiva os alunos, adequa os conceitos à
realidade de cada turma e sensibiliza para o estudo em grupo. O Professor F, com mais de 10 anos na
ESM, supervisiona elaborando fichas de apoio e interagindo com os alunos por meio electrónico. A
supervisão do Professor G, com mais de 10 anos na ESM, é realizada dialogando com os alunos.

Cabe ressaltar que os professores que afirmaram não conhecer as necessidades de suas turmas e não
dedicar atenção aos alunos com dificuldades contrariam o papel que, normalmente, deveria ser
desempenhado pelo professor. Esse comportamento pode ser considerado uma das causas das
reprovações na 10ᵃ classe na Escola Secundária da Matola, uma vez que é obrigação do professor
conhecer seus alunos e entender as necessidades e dificuldades de aprendizagem de cada um. A

40
abordagem docente não se limita apenas aos alunos inibidos, mas também deve focalizar a atenção nos
desinibidos, impulsionando assim o desenvolvimento de todos os estudantes.

4.5. Recomendações e medidas para mitigação das reprovações na 10ª Classe na ESM

4.5.1. Recomendações e medidas sugeridas pelos professores

“Voltando para a base.”Prof. B

“Começando do ensino primário com a leitura e escrita, a composição e tabuada.”Prof. C

“Aplicando-se mais, evitando as faltas e sendo pontuais.”Prof. D

“Preparando os alunos desde o inicio do ano.” Prof. E

“Participação do aluno em todas actividades da escola no caso de dúvida procurar


esclarecimento.”Prof. G

4.5.2. Recomendações e medidas sugeridas pelos alunos

“Eu acho que devem parar de trocar de professores e salas, porque assim os alunos acabam não
percebendo quase nada da matéria, também devem falar com outros professores pois eles só chegam na
sala assinam o livro e vão embora.” Aluno A

“Os professores as vezes não entram nas turmas, cobram muito dinheiro para as fichas e outros não dão
atenção aos alunos. Devem mudar!” Aluno B

“No meu ponto de vista deveriam nos preparar melhor para o exame.” Aluno C

“Para combater as reprovações na 10ª classe deve haver mais esforço dos alunos, eles devem esforçar-
se mais e concentrar-se nos estudos, assim talvez os alunos não irão reprovar muito.” Aluno D

“Que digam aos professores darem bem as aulas com sua vontade própria.” Aluno E

“No meu ponto de vista os professores devem explicar bem e esclarecer as dúvidas dos alunos.” Aluno
F

41
“Os professores deveriam esclarecer mais as nossas dúvidas e explicar melhor a matéria porque só nos
mandam comprar fichas, mas não nos explicam nada, e nem todos os professores nos dão aulas
frequentemente”. Aluno G

“Os professores nos dão fichas e não explicam nada, é difícil rever a matéria sozinha por falta de
compreensão.” Aluno H

“Estudar bastante, rever as matérias em casa, lançar dúvidas na sala de aula e tentar tirar boas notas.”
Aluno I

“Para combater as reprovações na 10ª classe e necessário que os alunos se esforcem, ter mais presenças
nas aulas e tenham mais interesse nos estudos.” Aluno J

“O professor não deve vir a escola para nos cobrar dinheiro de fichas e não explicar, devem ter muita
paciência com os alunos.” Aluno K

“É preciso pararem de trocar de professores assim compreenderemos melhor a matéria de uma forma
adequada.” Aluno L

“No meu ponto de vista o que pode ser feito e os alunos se esforçarem muito e os professores darem
mais atenção aos alunos.” Aluno M

“Eu acho que deveriam dar aulas com calma e sem berrações para os alunos.” Aluno N

“Os professores devem dar melhor as aulas e saberem como explicar e nós os alunos temos que nos
esforçar.” Aluno O

42
CAPÍTULO V: Conclusões e Sugestões

5.1. Conclusão

Os dados apresentados reflectem um aumento nas taxas de reprovação na Escola Secundária da Matola
entre os anos de 2015 e 2019. A análise histórica indica variações significativas, sendo essencial
compreender as razões por trás dessas mudanças para desenvolver estratégias eficazes.

A pesquisa identificou diversas causas para as reprovações na 10ª classe na Escola Secundária da Matola.
Dentre as principais razões destacam-se: o número excessivo de alunos por turma, a falta de
acompanhamento e material didáctico, a ausência excessiva dos alunos nas aulas, problemas de leitura e
escrita, e a não dedicação às actividades propostas para casa.

A análise das causas revelou um cenário complexo, envolvendo factores pedagógicos, socioeconómicos e
organizacionais. A superlotação das salas de aula, a falta de material didáctico, a não dedicação dos
alunos, e a não colaboração dos encarregados de educação emergiram como desafios cruciais. A
discussão dessas causas busca aprofundar a compreensão do fenómeno e orientar estratégias de
intervenção.

Com base nas causas identificadas, propõe-se um conjunto de intervenções para combater a prevalência
das reprovações na 10ª classe na Escola Secundária da Matola. Estas intervenções incluem:

- Implementação de programas de acompanhamento individual para alunos com dificuldades.

- Melhoria das condições de ensino, como a redução do número de alunos por turma.

- Incentivo à participação activa dos encarregados de educação no processo educativo.

- Disponibilização adequada de material didáctico e recursos para professores e alunos.

- Desenvolvimento de estratégias pedagógicas que promovam a participação e o interesse dos alunos.

43
5.2. Sugestões

À direcção da escola

“A escola tem de nos pôr em contacto com realidades e culturas que, sem ela, nos teriam ficado
inacessíveis. Nesse sentido, não pode limitar-se a reproduzir a vida, mas tem de aspirar a ser mais do
que “esta” vida, abrindo viagens e oportunidades que, de outro modo, jamais teriam acontecido. A
escola não se pode nunca desviar da sua finalidade primordial: conseguir que os alunos aprendam a
pensar. Para isso, precisa do esforço analítico, mas também da pulsão criadora, precisa da capacidade
de ler, e da vontade de escrever”. – Nóvoa (2022)

Este autor nos traz à luz a necessidade de a escola expandir a sua dinâmica de trabalho e de interacção
com os seus educandos educadores. Daí a necessidade de motivá-los a empreender acções que visam
combater as reprovações: sensibilização dos encarregados de educação a participar activamente no PEA
dos seus educandos, abrir um espaço para que os alunos deixem assuas inquietações e prontamente
respondê-las e criar um ambiente organizacional favorável aos professores.

Aos professores

Persuadir os alunos de forma gentil e educada, criando novas formas de transmitir o saber de modo a
evitar estresse nos alunos. ‘’Ninguém se educa sozinho, nem mesmo com o admirável mundo da
inteligência artificial que bate às nossas portas. Precisamos de outros humanos, dos nossos professores
e dos nossos colegas’’- Nóvoa (2022). Dos professores, espera-se acções que tragam uma expansão do
repertório dos educandos, ajudando-lhes na aquisição de linguagens que lhes permitam ler o mundo e
interpretar a avalanche diária de informação e desinformação.

Aos alunos

Estudar mais, obedecendo as orientações dos professores (fazer os TPC’s e exercícios de aplicação na
sala de aulas);

Ter mais resiliência e encarrar a escola como um lugar de crescimento e de desenvolvimento pessoal.

44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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48
APÊNDICES

49
APENDICE 1: Guião de entrevista ao Director da Escola Secundaria da Matola

1. Nome completo?
2. Há quanto tempo trabalha nesta escola?
3. Teve alguma formação especializada na área em que ocupa?
4. Como é o seu dia-a-dia na liderança da escola?
5. A quanto tempo existe esta escola?
6. Como se encontra estruturada internamente a escola?
7. Quantos alunos e quantas turmas têm a escola?
8. Quantos professores têm escola?
9. Quantos alunos frequentaram a 10ª classe nesta escola de 2015-2019?
10. Qual é a tendência do aproveitamento escolar na10 a classe de 2015-2019?
11. Como tem sido feita a monitoria do plano anual da escola?
12. Quantas vezes é feita a inspecção na escola?
13. Como é feita a supervisão na escola?
14. Na sua opinião quais são os factores que contribuem para as reprovações na 10ª classe nesta
escola?
15. Quem é o culpado do insucesso escolar dos alunos?
16. Os objectivos delimitados nos programas e currículos são cumpridos?
17. Como caracteriza o clima organizacional nesta escola?
18. O que é que se tem feito para reduzir o índice de desperdício escolar nesta escola?

50
APENDICE 3: Questionário dirigido aos professores

O presente questionário destina-se a um estudo de licenciatura sobre as causas da reprovação na 10ᵃ


classe na Escola Secundária da Cidade da Matola. É Garantida a confidencialidade dos dados obtidos.
Agradecemos a colaboração prestada.

1. Sexo?
a) Feminino____
b) Masculino____
2. A quanto tempo trabalha nesta escola?
a) Mais de 5 anos____
b) Mais de 10 anos____
c) Menos de 5 anos____
3. Qual e o seu nível académico?
a) Instituto de Formação de Professores____
b) Bacharelato ____
c) Licenciatura____
d) Mestrado____
e) Outro ___Qual?_____________________________________________________
4. É especializado na disciplina em que lecciona?
a) Sim____
b) Não ____
5. Lecciona somente nesta escola?
a) Sim____
b) Não____
6. Quantas horas leva de casa até a escola?
a) 30 Min ____
b) 1 Hora ____
c) Mais de 1 hora ____
7. Como faz para deslocar – se até a escola?
a) A pé____

51
b) De carro pessoal____
c) Transporte Publico____
8. Para além de professor exerce alguma outra função nesta escola?
a) Não ____
b) Sim ___Qual?________________________________________________________
9. A escola possui e utiliza os planos de aulas para as diferentes disciplinas?
a) Sim_____
b) Não _____
c) Sim, as vezes_____
10. Acha que os programas/ currículos estão adequados ao nível do alunos?
a) Sim_____
b) Não _____
c) Mais ou menos_____
11. Tem conseguido cumprir com aquilo que é o plano de aulas?
a) Sim____
a) Não ____
b) Mais ou menos____
12. Os professores conhecem as necessidades da turma e dão atenção individual e estimulo aos
alunos com dificuldades?
a) Não ____
b) Sim___Como?_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
________________________________________________________
13. No seu ponto de vista a falta acompanhamento dos encarregados de educação contribui
para o insucesso escolar?
a) Sim____
b) Não____
Justifica
__________________________________________________________________________

52
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
______________________________________________________
14. De acordo com os recursos matérias disponíveis aos alunos, como avalia o nível desta
escola?
a) Baixo (___)
b) Médio (___)
c) Alto (___)
d) Muito alto (___)
15. No seu ponto de vista quais são as razões que contribuem para as reprovações na 10ᵃ
classe nesta escola?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_______________________________________________
16. Como acha que a reprovação na décima 10ᵃ classe pode ser combatida nesta
escola?_______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________

53
APENDICE 4: Questionário dirigido aos alunos

O presente questionário destina-se a um estudo de licenciatura sobre as causas da reprovação na 10ᵃ


classe na Escola Secundária da Cidade da Matola. É Garantida a confidencialidade dos dados obtidos.
Agradecemos a colaboração prestada.

Assinale com X a opção que corresponde a sua situação.

1. Sexo
a) Feminino (___)
b) Masculino (___)
2. Com quantos anos frequentou a 10ᵃ classe pela primeira vez?
a) 14-15 Anos (___)
b) 16-18 Anos (___)
c) 10-21 Anos (___)
3. Qual secção foi reprovada na 10 classe?
a) Secção de letras (___)
b) Secção de ciências (___)
c) Todas secções (___)
4. Quantas vezes frequentou a 10ᵃ classe?
a) 2 Vezes (___)
b) 3 Vezes (___)
c) <4 Vezes (___)
5. Qual dos seguintes aspectos contribuiu para que fosse reprovado?
a) Falta de capacidade intelectual (___)
b) Conteúdos difíceis (___)
c) Os professores não dão bem as aulas (___)
d) Falta de tempo para rever a matéria em casa (___)

6. Qual tem sido a sua actividade ao chegar em casa?


a) Reve a matéria____

54
b) Trabalha_____
c) Brinca_____
7. Os professores dão atenção individual aos alunos com dificuldades?
a) Sim_____
b) Não_____
8. Os professores permitem a participação dos alunos na aula ou só liberam os conteúdos?
a) Sim______
b) Não ______
c) As vezes______
9. No período e que esta na escola consegue lanchar?
a) Sim_____
b) Não _____
c) As vezes_____
10. Há carteiras disponíveis para todos?
a) Sim _____
b) Não _____
11. Os professores explicam as matérias de forma clara?
a) Sim ____
b) Não _____
12. Sente motivação na sala de aulas?
a) Sim ____
b) Não ____

13. Quanto tempo levava para se deslocar até a escola?


a) 30 Min (___)
b) 1 Hora (___)
c) Outro ________________________________________
14. Qual meio de transporte era usado?
a) A pé (___)
b) Carro (___)

55
c) Outro _________________________________________
15. Qual era profissão dos seus pais/ encarregados de educação?

Mãe?__________________________________________________________

Pai ____________________________________________________________

16. Indica 2 factores que contribuem para as reprovações nesta escola?


a) Políticas educativas não adequadas (___)
b) Antipatia entre professores e alunos (___)
c) Falta de material (___)
d) Casamentos prematuros (___)
e) .Condições socioeconómicas dos alunos difíceis (___)
f) Turmas muito numerosas (___)
g) Falta de compreensão das matérias dadas(____)
17. De acordo com os recursos matérias disponíveis aos alunos, como avalia o nível da ESNSL
T-3?
e) Baixo (___)
f) Médio (___)
g) Alto (___)
h) Muito alto (___)
18. No seu ponto de vista o que pode ser feito para combater as reprovações na 10ª classe
nesta
escola?_______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________

56
ANEXOS

57
Anexo A: Credencial de pedido de autorização para recolha de dados apresentada a secretaria da ESM

58
Anexo B: Credencial de pedido de autorização para recolha de dados apresentada a secretariada da
Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento humano da Matola.

59
Anexo C: Credencial de Pedido para recolha de dados apresentada ao Serviço Distrital da Educação,
Juventude, Tecnologia da Matola

60

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