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Consulta Pública n° 42/ 2020– ANEEL – 2ª fase

Obter subsídios para o aprimoramento dos módulos, da consolidação de resultados, do Mecanismo de


Compensação de Sobras e Déficits, e do Mecanismo de Vendas de Excedentes das Regras de
Comercialização de Energia Elétrica

A AES Tietê Energia, detentora de um portfólio de 3.343 MW composto pelas fontes hídrica, eólica e
solar, majoriatriamente comercializadas no Mercado Livre de energia, vem constantemente investindo
nesse mercado por sua credibilidade, segurança jurídica, regulatória e previsibilidade. Nesse espírito,
portanto, vimos expor e solicitar o que segue no tema autoprodução de energia.

1. Autoprodução e os encargos setoriais

O consumidor alcançado pela Lei nº 11.488/2007, em seu art. 26, é equiparado a autoprodutor e,
portanto, faz jus ao não pagamento dos encargos setoriais (CDE, CCC e Proinfa) na parcela do seu
consumo próprio, objeto do referido comando legal.

Num primeiro momento, cabe esclarecer que existem vários encargos que visam o desenvolvimento do
setor elétrico, estabelecidos por políticas públicas governamentais. Esses encargos são impostos por leis
e alguns deles não alcançam os agentes de Autoprodução na parcela do seu consumo próprio.

Conta de Consumo de Combustíveis (CCC)


O Decreto nº 2.003, de 10 de setembro de 1996 – que regulamentou a Lei nº 9.074, de 7 de julho de
1995 - regulamentou a produção de energia elétrica por Produtor Independente de Energia Elétrica e
por Autoprodutor. Em seu art. 2º, o referido decreto considerou autoprodutor a pessoa física ou jurídica
ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização para produzir energia
elétrica destinada ao seu uso exclusivo.

Já em seu art. 16, ao tratar dos encargos aos quais o Produtor Independente de Energia Elétrica (PIEs) e
o Autoprodutor (APEs) se sujeitam, o Decreto nº 2003/1996 apontou a Compensação Financeira pelo
Uso de Recursos Hídricos (CFURH) e a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Ao tratar da CCC do
sistema isolado (CCC isolado), o decreto apenas impôs o pagamento ao produtor independente de energia
elétrica, na parcela comercializada com consumidores finais, isentando implicitamente esse encargo
sobre a parcela de consumo próprio.

Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)


O Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004 - que regulamentou a Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002
- em seu art. 74, estabeleceu, explicitamente, que os autoprodutores e produtores independentes não
estão sujeitos ao pagamento das quotas da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) na parcela da
energia elétrica destinada ao consumo próprio, conforme se reproduz:

Av. das Nações Unidas, nº 12.495, 12º Andar – Brooklin Paulista - São Paulo
CEP 04578-000 – São Paulo – SP – Brasil

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“Art. 74. Os autoprodutores e produtores independentes não estão sujeitos ao pagamento das quotas da
Conta de Desenvolvimento Energetico - CDE, tanto na produção quanto no consumo, exclusivamente com
relação a parcela de energia eletrica destinada a consumo próprio.” (grifo nosso)

Por sua vez, o §1º, do art. 13, da Lei nº 10.438/2002, com redação dada pela Lei nº 12.783/2013, dispôs
que os recursos da CDE serão provenientes das quotas anuais pagas por todos os agentes que
comercializem energia com o consumidor final, mediante encargo tarifário, incluído nas tarifas de uso
dos sistemas de transmissão ou de distribuição, além de outras fontes.

Logo, a redação vigente, acima reproduzida, permanece alinhada com o estabelecido no Decreto
5.163/2004, ao isentar o produtor independente e o autoprodutor do pagamento da cota de CDE na
parcela de energia destinada ao consumo próprio, uma vez que essa parcela não será comercializada
com o consumidor final.

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa)


A Lei nº 10.438/2002, já mencionada, também criou o Proinfa com o objetivo de aumentar a
participação da energia elétrica produzida por empreendimentos de produtores independentes
autônomos, concebidos com base em fontes eólicas, pequenas centrais geradoras e biomassa.

Com alteração dada pela Lei nº 12.212, de 20 de janeiro de 2010, o art. 3º, da Lei 10.438/2002,
estabeleceu que o valor pago pela energia no âmbito do Proinfa, bem como os custos administrativos e
financeiros e os encargos serão rateados entre todas as classes de consumidores finais atendidos pelo
Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN). Logo, o autoprodutor, por não se caracterizar como
consumidor final atendido pelo SIN e sim pela sua própria produção de energia, por determinação legal
não deve participar do rateio para custeio do Proinfa, sendo esse também um encargo do qual o
Autoprodutor fica afastado.

Diferentemente dos encargos CCC, CDE e PROINFA, o fato gerador do EER e do ESS não é a
comercialização de energia, mas sim o consumo líquido.

Encargo de Serviço de Sistema (ESS)


Conforme definição constante do Caderno de Regras de Comercialização da CCEE, os Encargos de
Serviços do Sistema (ESS) consistem basicamente num valor em R$/MWh correspondente à média dos
custos incorridos na manutenção da confiabilidade e da estabilidade do sistema para o atendimento do
consumo em cada Submercado, e que não estão incluídos no Preço de Liquidação das Diferenças. Este
valor é pago por todos os Agentes com medição de consumo registrada na CCEE, na proporção do
consumo sujeito ao pagamento desse encargo, contratado ou não.

Os ESS contemplam o ressarcimento aos Agentes de geração dos Custos das Restrições de Operação,
prestação de Serviços Ancilares e Encargos de Serviços do Sistema por Razão de Segurança Energética.

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Cabe ainda frisar que do parágrafo único do Art. 59 do Decreto n° 5.163/2004, o autoprodutor equipara-
se ao consumidor na parcela de seu consumo líquido no SIN.

Encargo de Energia de Reserva (EER)


Conforme definido na Resolução Normativa ANEEL nº 337/2008, o EER é o encargo específico destinado
a cobrir os custos decorrentes da contratação de energia de reserva, incluindo os custos administrativos,
financeiros e tributários, a serem rateados entre os Usuários de Energia de Reserva, que são agente de
distribuição, consumidor livre, consumidor especial, autoprodutor na parcela da energia adquirida,
produtor de geração com perfil de consumo ou agente de exportação e, por equiparação, o gerador
hidráulico participante do Mecanismo de Realocação de Energia - MRE, em virtude da repactuação do
risco hidrológico.

E ainda, conforme a referida norma, as regras de comercialização deverão conter mecanismo que
considere, no cálculo do EER dos agentes de autoprodução, dos consumidores livres e dos consumidores
especiais, apenas a parcela do consumo verificado que exceda o atendimento feito por geração própria.

Corrobora com esta redação a Nota Técnica n° 209/2008-SEM/ANEEL, constante da Audiência Pública
055/2008 para elaboração de ato regulamentar, estabelecendo as disposições relativas à contratação
de energia de reserva e o modelo do Contrato de Uso de Energia de Reserva, CONUER. Da mesma forma
que para o ESS, a parcela da energia do autoprodutor “decorrente da interligação ao SIN” está associada
ao seu consumo líquido:

“A diretoria da ANEEL, no processo de aprovação das regras de comercialização aplicáveis ao despacho


fora da ordem de mérito de custo econômico, nos termos da Resolução CNPE nº 08/2007, consagrou o
entendimento de que os custos adicionais de geração térmica despachada por razão de segurança
energética, ressarcidos mediante cobrança de ESS, devem ser rateados proporcionalmente ao consumo
líquido do agente autoprodutor, “posto que agentes com unidades geradoras localizadas ou não no
mesmo ponto de consumo já contribuem para o incremento da segurança sistêmica e confiabilidade do
SIN e, portanto, não podem ser onerados, para fins de pagamento de encargos, ao ponto de se
desconsiderar sua geração injetada no sistema”.
Dado que a contratação de energia de reserva também está alinhada com o propósito de promover
incremento da segurança sistêmica e da confiabilidade do SIN, a SEM entende que, no processo de rateio
dos custos decorrentes da contratação de energia de reserva, deva ser considerada a carga líquida do
agente de autoprodução, independentemente da localização dos pontos de geração e de consumo.” (grido
nosso)

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Com relação à Nota Técnica nº 2/2020-SRM-SRG/ANEEL, de 17/01/2020, que embasou o encerramento
da AP nº 33/20191, foi proposto alterar o que segue, no entanto, não se procedeu a atualização das
regras naquele momento:

(i) a forma de cálculo do pagamento de ESS e EER, proporcionalmente ao consumo líquido


de cada agente, utilizando para tal, apenas a geração de uso exclusivo do agente nesse
cálculo, e não a geração total produzida; e
(ii) quais usinas deveriam ser consideradas para o cômputo da Geração Total do Agente,
sendo que atualmente são consideradas todas as usinas outorgadas ao agente em
questão e também aquelas em que o agente detém participação societária (Sociedades
de Propósito Específico – SPE), de acordo com o percentual de participação. Já a proposta
seria apenas para, segundo o Decreto nº 5.163, considerar aquelas em que o
autoprodutor é o agente titular da concessão ou autorização, e não naquelas em que o
consumidor detém participação societária como sendo geração própria, já que não há
previsão na Lei nº 11.488/2007 para o caso do ESS e EER.

Já a Nota Técnica n° 100/2020 – SRM-SRG-SEL/ANEEL, de 01/09/2020, informa que na presente Consulta


Pública, portanto, será tratada apenas a álgebra disposta nas REGRAS, conforme determinação da
Diretoria Colegiada da ANEEL. Contudo, há que se observar a ausência de divulgação da Análise de
Impacto Regulatório (AIR) acerca da mudança pretendida, o que não condiz com a realidade da alteração
em questão já que é verdadeira a opção de outra alternativa regulatória (o que não permite que se
prescinda de AIR) para cobrança/isenção de encargos, opção essa que vigora desde 2006 e é destacada
na aprovação das Regras de Comercialização vigentes para o ano 20202.

Assim, para o item (i), diferente do apresentado nas definições citadas anterioremente, quando a ANEEL
considera apenas a geração de uso exclusivo do agente, priorizando sua geração efetivamente
produzida para outros compromissos, está desconsiderando uma parcela da geração que efetivamente
concorre para promover a segurança do sistema, além do incremento da oferta de energia, já que
quando da implantação de um empreendimento de geração para atendimento da sua carga, o
autoprodutor libera esta energia que seria requerida do SIN para atendimento dos demais
consumidores do mercado.

Ademais, se o autoprodutor investe, por sua conta e risco, num empreendimento que concorre para a
segurança do abastecimento, assim como os encargos ESS e EER o fazem, não há propósito em onerá-
lo com um encargo adicional que não trará benefício e/ou contrapartida a ele, ou seja, o autoprodutor

1A AP 33/2019 tratou do aprimoramento da proposta das Regras de Comercialização de Energia Elétrica, versão 2020.
2 “91. Diante do exposto na Nota Técnica nº 2/2020-SRM-SRG/ANEEL e tendo em vista que: (i) as Regras de Comercialização, desde 2006,
apesar de não haver previsão legal, tratam consumidores com participação em outras empresas geradoras como autoprodutores; (...):”
(Voto Condutor da REN 869/2020 – Aprovação das Regras de Comercialização de Energia Elétrica aplicáveis ao Sistema de Contabilização
e Liquidação – SCL).

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justamente opta pela produção de energia própria dentre outras razões para minimizar os riscos de não
atendimento do sistema e ao fazê-lo ainda assim teria que pagar encargos para o sistema suprir a
segurança de outros consumidores, que apesar de igualmente importantes, não pagam pela
implantação do empreendimento de geração, gestão de risco, geração a maior de energia, dentre
muitos outros aspectos de responsabilidade dos autoprodutores para garantia de seu suprimento de
energia.

Desta forma, tanto o EER quanto o ESS devem incidir apenas sobre eventual parcela atendida pela
energia requerida do SIN (consumo líquido), mantendo-se, portanto, a adequada alocação de custos e
riscos setoriais, não imputando ao autoprodutor um custo que não é seu.

Importa referir ainda que ao falar de consumo líquido resta claro que trata-se de energia consumida e
produzida, não de contratos de compra e venda, como propõe essa Agência indicando que a energia
gerada pelo autoprodutor seria inicialmente para atendimento de seus contratos de venda de energia,
o que não guarda qualquer relação com a realidade, principalmente, porque o autoprodutor tem como
finalidade produzir energia para seu autoconsumo e ainda assim este agente tem o direito à
comercialização de energia.

Com relação ao arranjo societário, item (ii), cabe considerar que a destinação da energia será a mesma
se o autoprodutor for agente titular da concessão/ autorização ou mesmo participante em uma SPE,
qual seja, atender sua carga. Desta forma, sendo equivocado e desproporcional onerar o empreendedor
que investe por sua conta e risco em empreendimento cuja produção de energia será por ele
autoconsumida.

Deve-se caracterizar também que apesar de existir um registro de contrato entre a SPE autoprodutora
(parte produtora) e o APE/PIE (parte consumidora) junto à CCEE, trata-se apenas da operacionalização
do repasse de energia a ser autoconsumida dado o diferente registro do agente no sistema da Câmara,
não havendo, então, caracterização de uma relação contratual típica de comercialização de energia a
terceiros, mas sim como geração própria.

Ainda, há que se observar com atenção que dado ao alto valor envolvido para implantação de uma
central geradora, entre outros desafios, com vistas a viabilizar os empreendimentos de geração, muitas
empresas diversificam a seus arranjos societários. A constituição de uma SPE para receber uma
autorização de geração, por exemplo, visa atender exigência das instituições financeiras para que o
projeto a ser financiado seja isolado de eventuais compromissos, riscos e resultados das empresas por
ele responsáveis e que participam da sociedade.

Assim, é nítido que o que distingue o autoconsumo do APE nas suas deferentes figuras societárias é tão
somente a sua operacionalização. Na figura de consórcio, o consorciado autoprodutor é personalizado
por seu CNPJ, o que é suficiente para a CCEE, responsável pelo controle e supervisão da comercialização

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de energia elétrica, tratá-lo como tal, fazendo jus às isenções dedicadas ao autoprodutor na parcela de
seu consumo/participação no empreendimento. Já no caso de uma SPE, o consumidor/investidor, com
participação societária na SPE que explora o empreendimento, não figura com seu CNPJ no ato de
outorga do empreendimento de geração, impossibilitando à CCEE visualizar essa correlação com o CNPJ
registrado no segmento consumo. O agente autoprodutor perde a sua caracterização como tal,
assumindo personalidade jurídica como participante do controle da SPE constituída.

Atento a essa situação, o Regulador empenhou-se e publicou a Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007,
que em seu art.26 equiparou a autoprodutor aquele consumidor participante de SPE constituída para
explorar, mediante autorização ou concessão, a produção de energia elétrica.

“Art. 26. Para fins de pagamento dos encargos relativos à Conta de Desenvolvimento Energético - CDE, ao
Programa de Incentivos de Fontes Alternativas - PROINFA e à Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis dos
Sistemas Isolado - CCC-ISOL, equipara-se a autoprodutor o consumidor que atenda cumulativamente aos seguintes
requisitos:
I - que venha a participar de sociedade de propósito específico constituída para explorar, mediante autorização ou
concessão, a produção de energia elétrica;
II - que a sociedade referida no inciso I deste artigo inicie a operação comercial a partir da data de publicação
desta Lei; e
III - que a energia elétrica produzida no empreendimento deva ser destinada, no todo ou em parte, para seu uso
exclusivo.
§ 1o A equiparação de que trata este artigo limitar-se-á à parcela da energia destinada ao consumo próprio do
consumidor ou a sua participação no empreendimento, o que for menor.”

Em contrapartida, o Decreto n° 5.163/2004, quando tratou da comercialização de energia, incluiu


também a figura do autoprodutor, aqui destacada pela Nota Técnica n° 100/2020 – SEM/SRG-
SEL/ANEEL, e que utiliza o conceito específico da comercialização:

“Art. 1º A comercialização de energia elétrica entre concessionários, permissionários e autorizados de serviços e


instalações de energia elétrica, bem como destes com seus consumidores no Sistema Interligado Nacional - SIN, dar-
seá nos Ambientes de Contratação Regulada ou Livre, nos termos da legislação, deste Decreto e de atos
complementares.
(...)
§ 2º Para fins de comercialização de energia elétrica, entende-se como:
(...)
V - agente autoprodutor o titular de concessão, permissão ou autorização para produzir energia elétrica destinada
ao seu uso exclusivo;” (grifo nosso)

Ora, se o Decreto nº 2.003/1996, no seu art. 2°, inciso II, considerou autoprodutor a pessoa física (PF)
ou jurídica (PJ) ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização para
produzir energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo e se o Regulador equiparou a autoprodutor
aquele consumidor participante de SPE, na parcela da energia elétrica destinada ao consumo próprio,
não há que se falar em incidência de novos encargos sobre esta parcela de energia, e sim, somente,
sobre eventual parcela atendida pela energia requerida do SIN.

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Em síntese, a destinação da energia elétrica produzida pelo autoprodutor para uso exclusivo é a
característica principal da figura aqui em questão, já que o objetivo é que o investidor na geração se
aproprie da produção mediante a alocação da energia produzida para próprio consumo. Nesse caso, a
operação é independente das unidades de geração e de consumo estarem ou não no mesmo local, bem
como da estrutura societária adotada pelo titular da outorga.

Diante do exposto, solicitamos que sejam mantidas as regras vigentes, tanto para o cálculo do consumo
líquido para autoprodutores, como a consideração da Geração Total do Agente, quanto a aplicação do
ESS e do EER apenas sobre eventual parcela atendida pela energia requerida do SIN (consumo líquido),
independente do arranjo societário. Afastando-se, portanto, a avaliação deste aspecto específico na CP
42/2020 até que seja apresentada a correspondente AIR tendo em vista a ampla necessidade de
discussão aqui evidenciada.

Não menos importante, cumpre destacar que os investimentos em empreendimentos de energia são
de grande monta e um período de transição deve ser rigorosamente estudado, tão quanto qualquer
mudança que se pretenda realizar. No caso apresentado, a transição apenas se configuraria para
outorgas que tenham sido emitidas no ano de 2020, sendo que estas permaneceriam sob a apuração
das regras atualmente em vigor. Contudo, a medida é danosa e punitiva ao desconsiderar que há uma
série de investimentos já iniciados com base no modelo atual de negócios do setor elétrico que estão
em processo de autorização e não necessariamente teriam suas outorgas publicas em 2020, levando à
possíveis falências de negócios já maduros e comprometidos.

Por fim, importa recordar que a proposta veiculada nessa CP caminha de forma contrária ao
aprimoramento do setor elétrico, altamente discutido nos últimos anos pelos instrumentos de Consulta
Pública MME nº 33/017 e, atualmente, pelos Projetos de Lei nº 1.917/2015 (Câmara) e nº 232/2016
(Senado), que melhoram o reconhecimento da figura autoprodutor ao chancelar o conceito do consumo
líquido que se dá pela diferença entre o consumo total do autoprodutor e a energia elétrica
autoproduzida.

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