Obrigações 11

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DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

1. Introdução
- Regra: pacta sunt servanda.

- Exceção: Descumprimento, inexecução, inadimplemento.

- Quando uma dívida que deixa de ser paga, ocorre atraso ou o


pagamento feito de forma equivocada, a lei confere ao lesado
mecanismos para fazer com que essa obrigação seja cumprida, ou,
no caso de impossibilidade, que o sujeito insatisfeito minore a sua
insatisfação.
2. Formas de inadimplemento
2.1 Culposo
- Decorre de fato imputável ao devedor, a título de dolo ou culpa.

* Consequências:
- Garante ao credor o direito de pleitear:

a) O cumprimento forçado da obrigação; ou

b) A indenização cabível
- Perdas e danos + juros e atualização monetária + honorários
advocatícios (art. 389 CCB).
2.2 Involuntário
- Trata-se do inadimplemento decorrente de fato não imputável ao
devedor.

- Podem ser provocados:

a) Por terceiro
- Ex.: Terceiro inutiliza a coisa devida.
b) Pelo credor
- Ex.: Não posou para o pintor contratado.
c) Pelo próprio devedor, embora sem culpa
- Ex.: Surgimento de uma incapacidade.
d) Por caso fortuito ou força maior
* Consequências:
- O devedor, em regra, não responde pelos prejuízos, salvo quando:

a) Expressamente se responsabilizou pelo fato


- Art. 393, caput CCB.

b) Estava em mora por ocasião da verificação do fato


- Art. 399 CCB.

c) Tratar-se de hipótese de genus nunquam perit


- Art. 246 CCB (obrigações de dar coisa incerta).
3. Espécies de inadimplemento

* Inadimplemento absoluto

- Ocorre quando a obrigação não for cumprida no tempo, lugar ou


forma convencionados e o cumprimento tardio for inútil ao credor.

- A possibilidade de cumprimento da obrigação deve ser analisada


sob o prisma da utilidade para o credor.

- Ex.: descumprimento da entrega do bolo de casamento antes da


festa.
* Consequências:

- Responsabilidade patrimonial.

- O patrimônio do devedor que responde por suas obrigações.

- Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do


devedor (art. 391 CCB).
* Inadimplemento relativo ou mora
- Trata-se do não cumprimento ou cumprimento defeituoso de uma
obrigação quanto ao tempo, lugar e forma.
- “(...) mas ainda é conveniente e desejável o cumprimento da
prestação” (Donizetti; Quintella).
- Art. 394 CCB.

* Espécies de mora:
a) Mora solvendi, mora debitoris ou mora debendi
- É o atraso ou imperfeito cumprimento da obrigação por ato
culposo do devedor. Logo, para que exista a mora, a sua causa
não poderá decorrer de caso fortuito ou força maior.
- Art. 395, caput CCB.
1. Requisitos da mora solvendi:
a) Culpa do devedor
- Para que reste configurada é indispensável a caracterização da
culpa do devedor no não cumprimento ou cumprimento imperfeito
da prestação.
- Não existe mora sem culpa.
- Art. 396 CCB.

b) Vencimento da dívida
- Exigibilidade da prestação.

c) Viabilidade do cumprimento tardio da prestação


2. Espécies de mora solvendi

2.1 Mora ex re
- Art. 397, caput CCB.

- Ocorre nas obrigações líquidas e certas, com prazo previsto para o


cumprimento.

- O simples advento do prazo, sem cumprimento, importa na mora


do devedor.

- Decorre de fato previsto em lei ou em contrato.


* Configurações:

a) Nas obrigações positivas e líquidas


- O não cumprimento de obrigação positiva no dia do vencimento
constitui em mora o devedor.
- Art. 397, caput CCB.
- Ex.: atraso do pagamento do aluguel, no dia convencionado.
- Devedor estará automaticamente em mora.

b) Nas obrigações provenientes de ato ilícito


- Considera-se o devedor em mora no momento em que o ato ilícito
foi praticado.
- Art. 398 CCB.
c) Nas obrigações negativas
- Considera-se o devedor em mora no dia em que executou o ato ao
qual deveria se abster.

- Art. 390 CCB.


2.2 Mora ex persona
- Verifica-se quando não houver estipulação de um prazo
determinado para a execução da obrigação.

- Nesse caso, a mora depende de providência judicial ou


extrajudicial do credor (interpelação, notificação).

- Art. 397, parágrafo único CCB.


AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROMESSA DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. PRAZO DE ENTREGA.
DESCUMPRIMENTO. INDENIZAÇÃO. TERMO INICIAL. MORA EX
PERSONA. NOTIFICAÇÃO. NECESSIDADE.
1. Necessária é a prévia notificação para configuração da mora ex
persona, a partir de quando tem início o prazo relativo à
indenização decorrente do atraso na entrega do imóvel.

2. Agravo regimental não provido.

(STJ, 4ª T., AgRg nos EDcl no REsp 540307-DF, Rel. Min. Raul Araújo,
DJ 20/08/2013)
* Efeitos da mora solvendi

- Art. 395 CCB.

- Responsabilização por todos os prejuízos causados ao credor,


incluindo:

a) Juros moratórios.

b) Atualização monetária.

c) Honorários advocatícios.

d) Cláusula penal.
* Espécies de mora:
b) Mora accipiendi ou mora creditoris
- É a mora causada pelo credor.

- Ocorre com a injusta recusa de receber ou quando o credor não


toma as medidas a ele cabíveis para tanto.

- Não necessita de culpa do credor, mas apenas de sua recusa ou


impossibilidade de receber a prestação.

- “A ação de consignação judicial da coisa pelo devedor é requisito


para a constituição da mora do credor” (LEITE, Marcelo; STRAUSS,
Thiago).
* Requisitos da mora creditoris:

a) Existência de dívida líquida e vencida;

b) Oferta real da prestação pelo devedor ou terceiro interessado;

c) Recusa injustificada do credor em receber o pagamento ou


fornecer a quitação;

d) Ajuizamento da ação de consignação em pagamento.


* Efeitos da mora accipiendi:
- Art. 400 CCB.

a) Não responsabilidade do devedor isento de dolo pela


conservação da coisa
- Se o credor não quiser aceitar a coisa e esta vier a deteriorar, o
devedor não responde por esses danos.

b) Responsabilidade do credor pelo pagamento das despesas


efetuadas pelo devedor para a conservação da coisa.

c) Sujeição do credor ao recebimento da coisa pela estimação mais


favorável ao devedor.
- Art. 400 CCB. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à
responsabilidade pela conservação, obriga o credor a ressarcir as
despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela
estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o
dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.

- Portanto, as consequências não se aplicam ao credor, todavia,


quando do dolo do devedor.

- Ex: Haverá alguma responsabilidade sobre o devedor que matar o


cachorro do credor estando este em mora?

“Não respondendo ele (devedor) por conduta culposa


(imprudência, negligência ou imperícia) que gerar a perda do objeto
obrigacional” (Tartuce).
PURGAÇÃO DA MORA
1. Conceito
- Purgar (ou emendar) a mora é neutralizar os seus efeitos. É o ato
mediante o qual quem incorreu em mora (credor ou devedor)
dirime seus efeitos.

- A parte que incorreu em mora corrige a sua falta, de forma


voluntária, cumprindo a obrigação que foi descumprida.

- Deve ressarcir também os eventuais prejuízos causados à outra


parte.

- É possível apenas nos inadimplementos relativos. Quando o


inadimplemento for absoluto, a pendência se resolverá através de
perdas e danos.
2. Formas de purgação da mora

2.1 Pelo devedor


- Art. 401, inciso I CCB.
- Ocorre com a oferta da prestação pelo devedor, acrescida da
importância dos prejuízos ocorridos até o dia deste pagamento.

2.2 Pelo credor


- Art. 401, inciso II CCB.
- Ocorre quando o credor se oferece para receber o pagamento,
sujeitando-se aos efeitos da mora já ocorridos.
PERDAS E DANOS
PERDAS E DANOS

1. Conceito
- Constituem o equivalente em dinheiro referente ao dano
suportado pelo credor, em virtude do inadimplemento da
obrigação.

- Se a prestação se tornar inútil ao credor, devido ao


inadimplemento da obrigação, este poderá enjeitá-la, e exigir a
satisfação das perdas e danos.

- Art. 395, parágrafo único CCB.


2. Abrangência das perdas e danos
- Art. 402 CCB.

a) Dano positivo ou emergente


- Prejuízo real e efetivo no patrimônio do credor.
- Diminuição patrimonial sofrida pela vítima.

b) Lucros cessantes
- Também denominado dano negativo ou lucro frustrado.
- Lucro que o credor deixou de auferir, em razão do
descumprimento da obrigação pelo devedor.
- Engloba o que a vítima “razoavelmente” deixou de lucrar.
3. Nexo de causalidade
- Art. 403 CCB.

- Relação entre a inexecução da obrigação pelo devedor e o


prejuízo apurado pelo credor.

- Deve estar presente, ainda que a inexecução resulte de dolo do


devedor.

- Obs.: dano remoto ou indireto não é indenizável.


4. Perdas e danos nas obrigações de pagamento em dinheiro
- Art. 404 CCB.

* Serão pagas incluindo-se:


a) Atualização monetária segundo índices oficiais.
b) Juros
- Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não
havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor
indenização suplementar (art. 404, parágrafo único CCB).
c) Custas
d) Honorários advocatícios
e) Cláusula penal
- Se houver previsão no contrato.

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