PROFISSIONAIS DA SAÚDE - Cartilha Hanseníase

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

HANSENÍASE
HANSENÍASE
Cartilha com conceitos e orientações
sobre hanseníase para profissionais
de saúde.

Projeto de extensão:

Palmas - TO
2021

@quemanchaeessa
Ficha técnica
Coordenadora do Projeto
Marcela Antunes Paschoal Popolin - Doutora em Ciências
pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (EERP/USP)

Colaboradores:
Anna Júlia Aires da Silva
Ana Edith Farias Lima
Ana Kleiber Pessoa Borges
Elaboração:
Dayana Aparecida Franco
João Gabriel Ferreira da Silva
Domingos Oliveira
Ériko Marvão
Revisão: Gabriela Cariolano Moreira
Ana Kleiber Pessoa Borges Izadória Lopes Rego
Joseane Araújo Franco Karinne Carneiro de Castro
Lutchely Moreira Gomes
Morgana de Azambuja Picoli
Sarah Reis Bucar
Paloma Vanessa Gomes da Silva
Sumário

Apresentação 3

O que é hanseníase? 4

Quem transmite? 5

Quando suspeitar da doença?(principais sintomas) 6

Como abordar o paciente? 7


Como fazer o diagnóstico? 8
exames complementares 14
Tratamento 15
Reações hansênicas? 16
Referências 18
Apresentação
Este material é parte integrante do projeto de extensão “Que
mancha é essa? de olho na Hanseníase”, promovido por docentes e
discentes do curso de Enfermagem da Universidade Federal do
Tocantins (Palmas – TO) e tem por objetivo contribuir com
informações e conceitos voltados aos profissionais de saúde que
fazem o rastreio, atendimento, diagnóstico e tratamento da
doença.

A hanseníase é uma enfermidade histórica e negligenciada que


persiste como um grave problema de saúde pública. Está
diretamente ligada a condições econômicas, sociais e ambientais
desfavoráveis. É uma doença altamente incapacitante e que pode
deixar sequelas se não diagnosticada e tratada de forma precoce
(BRASIL, 2017).

O Brasil se apresenta como o segundo país no mundo em número


de casos, contribuindo com 93% dos novos casos de hanseníase na
Região das Américas (WHO, 2019b).

Dessa forma, é imprescindível que os profissionais tenham o


conhecimento e condições necessárias para que essa demanda seja
atendida de forma eficiente. Nesse contexto, essa cartilha aborda
os principais pontos a serem considerados para a suspeita,
diagnóstico e tratamento da hanseníase de acordo com o
Ministério da Saúde.
3
O
O QUE
QUE É
É HANSENÍASE?
HANSENÍASE?

É uma doença crônica,


infectocontagiosa, de
progressão lenta e
possui como agente
etiológico o
Mycobacterium leprae.

Atinge principalmente nervos


superficiais da pele e troncos
nervosos periféricos, localizados na
face, mãos, antebraços, pernas e pés.

Incubação: 2 a 5 anos Paucibacilar -


5 a 10 anos Multibacilar.
Acomete pessoas de qualquer idade e
sexo, inclusive crianças e idosos.

É curável e o tratamento é oferecido


de forma gratuita no Sistema Único
de Saúde (SUS).
4
QUEM TRANSMITE?

A principal via de eliminação do


bacilo e, consequentemente,
porta de entrada são as vias
aéreas.
É transmitida por pacientes em
estágio avançado, ou seja,
doente multibacilar e que não
esteja em tratamento.
O doente elimina o bacilo ao
falar, tossir ou espirrar. As
pessoas que convivem por tempo
prolongado respiram a bactéria,
que se instalada no organismo,
pode vir a provocar a doença.

5
QUANDO SUSPEITAR
QUANDO SUSPEITAR
DA
DA DOENÇA?
DOENÇA?

A HANSENÍASE É MANIFESTADA POR:

Manchas brancas, acastanhadas ou


avermelhadas, com perda ou
redução da sensibilidade (térmica,
dolorosa, tátil)

Formigamentos, choques ou
câimbras, que evoluem para
dormência (braços e pernas).

Pápulas, tubérculos e nódulos,


normalmente sem sintomas.

6
COMO
COMO ABORDAR O
ABORDAR O
PACIENTE?
PACIENTE?
O PACIENTE PODE ENCONTRAR-SE FRÁGIL E COM
BAIXA AUTO ESTIMA DEVIDO A DOENÇA E O ESTIGMA
QUE ELA CARREGA.

Adote uma abordagem


humanizada praticando um
atendimento integral, que gere
acolhimento e vínculo com o
paciente.

PARA ISSO, PODE SER ADOTADO AS SEGUINTES AÇÕES:


Mostrar-se interessado no problema do paciente;
Faça um primeiro contato cordial (dê bom dia e toque o
paciente).
Elimine qualquer possibilidade de preconceito seu ou do
paciente em relação à doença;
Adapte a linguagem na consulta;
Realize um atendimento abrangente;
Explique sobre a doença e os motivos de estar
considerando o diagnóstico de hanseníase;
Enfatize que a doença tem cura e o tratamento é
oferecido de forma gratuita pelo SUS;
Alerte sobre a importância da adesão ao tratamento
para evitar a resistência;

Por fim, esclareça qualquer duvida do paciente e escute se


ele apresenta algum anseio, devido a doença e tratamento.
7
COMO
COMO FAZER O
FAZER O
DIAGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico é
essencialmente clínico

Anamnese + Exame físico

FIQUE ATENTO!

NA ANAMNESE:
dê atenção sempre
Casos confirmados na família;
Queixa de lesões de pele que
não melhoram com
tratamentos, mesmo que não
exista dormência!

NO EXAME FÍSICO:
Inspeção: Examinar toda a pele do paciente,
independente das queixas apresentadas (sempre
deixar o paciente o mais confortável possível e em
local privativo).
Buscar lesões dermatológicas e manifestações
neurológicas (deformidades e incapacidades físicas).
8
COMO
COMO FAZER O
FAZER O
DIAGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO?
TESTE DE SENSIBILIDADE
Inicia-se na sequência: Oriente o paciente
Demonstre o teste e confirme o
1 TÉRMICA entendimento do paciente quanto a ele
2 DOLOROSA
3 TÁTIL

1
MATERIAIS NECESSÁRIOS:
2 tubos de ensaio de vidro
1 garrafa térmica para a água quente
1 copo com água e gelo
REALIZAR OS TESTES DE
SENSIBILIDADE NA ÁREA DE
FUNÇÃO DO NERVO AFETADO.

Teste primeiro em você para certificar que está na


temperatura adequada.
Depois no paciente em áreas em que não estão
afetadas e pergunte se ele sente o quente e o frio.

Deve ser realizado em todas as lesões e/ou áreas da


pele com suspeita de déficit sensitivo e comparado
com área de pele normal.
Se percebido alteração é confirmado o diagnóstico,
não necessitando outros testes de sensibilidade.
9
COMO
COMO FAZER O
FAZER O
DIAGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO?
TESTE DE SENSIBILIDADE DOLOROSA

2
MATERIAIS NECESSÁRIOS:
Agulha de insulina ou
alfinete de costureira

Encoste a ponta nas lesões com uma leve pressão,


tendo cuidado para não perfurar.

Pode comparar se o paciente nota a diferença da


ponta e o cabo da agulha.

TESTE DE SENSIBILIDADE TÁTIL

3
MATERIAIS NECESSÁRIOS:
Algodão, fio dental ou monofilamento
verde do kit estesiométrico.

10
COMO
COMO FAZER O
FAZER O
DIAGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO?
PALPAR NERVOS PERIFÉRICOS:

Ficar atento para nervo espessado ou se o


paciente referir dor, choque e formigamento
no nervo palpado.

11
COMO
COMO FAZER O
FAZER O
DIAGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO?

12
COMO
COMO FAZER O
FAZER O
DIAGNÓSTICO?
DIAGNÓSTICO?
AVALIÇÃO DERMATONEUROLÓGICA SIMPLIFICADA

Consultar Guia prático sobre a hanseníase, páginas 35 a


39 (BRASIL, 2017)
Link:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/201
7/novembro/22/Guia-Pratico-de-Hanseniase-WEB.pdf

Para tutorial detalhado em vídeo acesse:


https://www.youtube.com/watch?v=UIV3dNCdQGo&t=364s

13
EXAMES
EXAMES
COMPLEMENTARES?
COMPLEMENTARES?

BACILOSCOPIA DE RASPADO
INTRADÉRMICO
Deve ser utilizado como exame
complementar e o resultado
correlacionado com a clínica.
Resultado negativo não exclui
resultado positivo.

A técnica é descrita no “Guia de


procedimentos técnicos: baciloscopia
em hanseníase” (2010), disponvel em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/pub
licacoes/guia_procedimentos_tecnicos
_corticosteroides_hanseniase.pdf

Além disso existem outros exames subdsiários:

Exame histopatológico da pele


Prova da histamina
Avaliação da sudorese 14
TRATAMENTO
TRATAMENTO

Anteriormente o
tratamento para
hanseníase consistia
na combinação de 3
medicamentos:
RIFAMPICINA
DAPSONA
CLOFAZIMINA

Para Multi
bacilar (ca
rosa, 12 m rtela
eses) dose
s mensais Par
de rifampc a Pa
ina e daps (car ucip
supervisio ona t aba
nada e diá mes ela ver cilar
rias de es) d de,
dapsona e ose por
clofazimin rifa men 6
a. mpi s
diár cina al d
ias d e dos e
e da es
pso
A partir de 01 de julho de 2021 de acordo na.
com a NOTA TÉCNICA Nº 16/2021-
CGDE/.DCCI/SVS/MS, tratamento passa
a ser denominado Poliquimioterapia Única.

Os 3 medicamentos passam a ser utilizados tanto nos casos


paucibacilares como multibacilares, o tempo de tratamento
permanece o mesmo. 15
REAÇÕES HANSÊNICAS
REAÇÕES HANSÊNICAS

São fenômenos de aumento da atividade da doença, como


piora clínica que podem ocorrer de forma aguda, antes,
durante ou após o tratamento com poliquimioterapia. Decorre
da inflamação gerada pela atuação do sistema imunológico
contra o bacilo. Além disso, pode ser um fator contribuinte para
o abandono do tratamento.

TIPO 1 TIPO 2
Inflamação das lesões Manchas ou caroços na
(mais avermelhadas, pele, às vezes ulcerados;
inchadas); Febre, "dor nas juntas",
Nervos periféricos mais mal estar;
doloridos; Comprometimento dos
Piora dos sintomas olhos;
neurológicos, perda de Anemia;
sensibilidade e força Comprometimento do
muscular; fígado, baço, linfonodos,
surgimento de novas rins, testículos e
lesões. suprarrenais.

16
IMPORTANTE
TODAS AS PESSOAS QUE MORAM OU QUE TEM
CONTATO PROLONGADO COM O PACIENTES
DEVEM SER EXAMINADOS TAMBÉM. SE NÃO
DIAGNOSTICADA A PESSOA PODERÁ RECEBER
UMA DOSE DE VACINA DA BCG.

O TRATAMENTO É GRATUITO.
OS PACIENTES APÓS O INÍCIO DO TRATAMENTO
DEIXAM DE SER TRANSMISSORES DA DOENÇA, NÃO
HÁ NECESSIDADE DE ALTERAR A ROTINA.

ARA
ORIENTAR P
IDA DO , CO MO
AUTOCU LE.
ÃO D A PE
HIDRATAÇ

PACIENTES EM TRATAMENTO DE 12 MESES


PODEM APRESENTAR PELE ESCURECIDA.
ORIENTAR PARA NÃO SE EXPOR AO SOL.

AUTOCUIDADO EM HANSENÍASE
FACE, MÃOS E PÉS. 17
REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de


Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Guia de procedimentos técnicos
Baciloscopia em Hanseníase. Brasília, DF: MS;
2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de


Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
das doenças transmissíveis. Guia prático sobre a
Hanseníase. Brasília, DF: MS; 2017.

WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global


leprosy update, 2018: moving towards a leprosy-
free world. n. 35/36, v. 94, p. 389–412, 2019.

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