Protocolo_da_Hansen_ase_2016__2_

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PROTOCOLO PARA VIGILÂNCIA,

ATENÇÃO, CONTROLE E
ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE
NO ESTADO DO PIAUÍ
Secretaria de Saúde do Estado - SESAPI
Superintendência de Atenção Integral à Saúde - SUPAT
Diretoria de Unidade de Vigilância e Atenção à Saúde - DUVAS
Gerência de Atenção à Saúde - GAS
Coordenação de Doenças Transmissíveis – CDT
Supervisão de Hanseníase

PROTOCOLO PARA VIGILÂNCIA,


ATENÇÃO E CONTROLE DA
HANSENÍASE NO ESTADO DO
PIAUÍ

Teresina(PI),2016
FICHA TÉCNICA Karinna Alves Amorim de Sousa - Enfermeira

REALIZAÇÃO Luciana Sena Sousa – Enfermeira

Secretário de Estado da Saúde do Piauí Lindalva Maria Ferreira Marques- Téc. Saúde
Francisco de Assis Oliveira Costa Pública

Superintendente de Atenção Integral à Saúde Rosineidia do P. Socorro Araújo – Nutricionista


Cristiane Maria Ferraz Damasceno Moura Fé
Telma Maria Evangelista de Araújo-
Diretor de Unidade de Vigilância à Saúde Enfermeira
Herlon Clístenes Lima Guimarães
REVISÃO TÉCNICA
Gerente de Atenção à Saúde
Luciana Sena Sousa Ana Lúcia França da Costa - Médica

Coordenadora de Doenças Transmissíveis Luimar de Jesus Santos- Médico


Karinna Alves Amorim de Sousa
Marco Andrey Cipriani Frade - Médico
Supervisão de Hanseníase
E-mail: hanseniase@saúde.pi.gov.br
Eliracema Silva Alves
Contato: (86) 3216-3663
ORGANIZAÇÃO
HOMEPAGE
Eliracema Silva Alves www.saude.pi.gov.br
Tiragem: 1ª edição – 2016 – 5.000 exemplares
Isabela Maria Magalhães Sales FICHA CATALOGRÁFICA
P582p Piauí.Secretaria de Saúde do Estado
Inara Viviane de Oliveira Sena
Protocolo para vigilância, atenção e controle
Karinna Alves Amorim de Sousa da hanseníase no Estado do Piauí/Organização,
Eliracema Silva Alves...[et.al].
EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Teresina:EDUFPI,2015. 62.p.:il ISBN: 978-85-7463-
Eliracema Silva Alves – Enfermeira 844-7

1. Hanseníase-Diagnóstico.2.Hanseníase-
Francisco Braz Milanêz Oliveira - Enfermeiro
Tratamento3.Vigilância Epidemiológica.
Isabela Maria Magalhães Sales – Enfermeira I.Alves, Eliracema Silva. II.Título

CDD 616.993
Inara Viviane de Oliveira Sena - Enfermeira
SUMÁRIO

1. Apresentação........................................ 5
2. Introdução........................................... 6
3. Sinais e Sintomas................................... 8
4. Diagnóstico.........................................10
5. Classificação Operacional........................13
6. Classificação Clinica...............................14
7. Reações Hansênicas............................... 21
8. Avaliação do Grau de Incapacidade.............31
9. Tratamento......................................... 44
10. Vigilância Epidemiológica........................51
11. Encerramento do Tratamento................... 53
12. Anexos...............................................54
1. APRESENTAÇÃO

A Secretaria Estadual de Saúde, através da


Coordenação de Doenças Transmissíveis e
Supervisão de Hanseníase, apresenta este
protocolo com o objetivo de orientar os
profissionais de saúde acerca da vigilância,
manejo clínico, diagnóstico e tratamento frente
aos casos de hanseníase com finalidade de reduzir
a carga de doença.

“Quanto mais rápido for o diagnóstico da


hanseníase mais fácil será curar as pessoas sem
deixar marcas e sem prejudicar suas vidas”

5
2. INTRODUÇÃO

As ações devem ser executadas em toda


rede de atenção primária do Sistema Único de
Saúde (SUS), bem como, na atenção
especializada nas unidades de referência
ambulatorial em hanseníase, devido ao
potencial incapacitante da doença.
A atenção à pessoa com hanseníase, suas
complicações e sequelas, deve ser oferecida de
acordo com a necessidade de cada caso.
A hanseníase é uma doença de
notificação compulsória em todo o território
nacional e de investigação obrigatória. Os casos
diagnosticados devem ser notificados, utilizando-
se a ficha de notificação e investigação do
Sistema de Informações de Agravos de
Notificação/Investigação (SINAN) (ANEXO I).
6
2. INTRODUÇÃO

 O QUE É HANSENÍASE?
É uma doença causada pelo
Mycobacterium leprae (bacilo), contagiosa que
passa de uma pessoa doente que não esteja em
tratamento para outra. Em geral, para aparecer
os primeiros sintomas, demora de 3 a 5 anos,
podendo atingir crianças, adultos e idosos de
todas as classes sociais, desde que tenham
contato prolongado com o bacilo. Pode causar
incapacidades e deformidades, quando não
tratada ou tratada tardiamente. Porém é uma
doença que tem cura e o tratamento é gratuito
disponível em todas as unidades do SUS, sendo
um direito de todo cidadão.

7
3. SINAIS E SINTOMAS

Considera-se um caso de hanseníase a pessoa


que apresenta um ou mais dos seguintes sinais
cardinais e que necessita de tratamento
polioquimioterápico:
a) lesão(ões) e/ou àrea(s) da pele com
alterações de sensibilidade;
b) acometimento dos nervo(s) periférico(s), com
ou sem espessamento, associado a alterações
de sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
e
c) baciloscopia de esfregaço intradérmico e/ou
histopatologia (biopsia)positiva.

8
3. SINAIS E SINTOMAS
*Manchas esbranquiçadas
(hipocrômicas) ou
avermelhadas
DERMATOLÓGCOS *Pápulas
*Infiltrações
*Tubérculos
*Nódulos

*Dor e/ou espessamento dos


nervos periféricos
*Diminuição e/ou perda da
NEUROLÓGICOS
sensibilidade e força
muscular, principalmente nas
mãos, olhos e pés;
*Neurite aguda, crônica ou
silenciosa;

*A hanseníase Virchoviana doença


sistêmica com manifestações
viscerais importantes ( febre,
mal- estar e dor) e acomete
SISTÉMICOS
órgãos como: globo ocular,
laringe, fígado, baço,
suprarrenais, sistema vascular
periférico, linfonodos e testículos;
4. DIAGNÓSTICO
É essencialmente clínico e realizado por meio:
a) da análise da história clinica e das condições
de vida do paciente;

b) do exame dermatológico para identificar


lesões ou áreas de alteração de sensibilidade
e/ou comprometimento dos nervos periféricos
(sensitivo, motor e/ou autonômico).

Teste de sensibilidade Teste de sensibilidade Teste de sensibilidade tátil


térmica dolorosa
10
IMPORTANTE

A alteração de sensibilidade da hanseníase se


caracteriza pela distribuição em ilhas, ou seja,
áreas de hipoestesias e/ou anestesias circundada
por áreas de normoestesias, o que definem
padrão de mononeuropatia focal múltipla, com

elevada sensibilidade e especificidade para o


diagnóstico da hanseníase.

11
4. DIAGNÓSTICO

4.1 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL


• Exame bacilocópico: a baciloscopia de pele
(esfregaço intradérmico), quando disponível,
deve ser utilizada como exame complementar
para classificação dos casos.
• Sítios para a coleta do material:

*Esfregaço dos lóbulos auriculares D e E.


*Esfregaço da lesão.
*Esfregaço do cotovelo contralateral à
lesão.

12
5. CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL
DA HANSENÍASE

 Visa definir o tratamento com polioquimioterapia,


baseado na característica e no número de lesões cutâneas
de acordo com os seguintes critérios:

a) PAUCIBACILAR (PB): Características clinicas definidas


como Indeterminado ou Tuberculóide ,até cinco lesões de
pele;
b) MULTIBACILAR (MB): Características clinicas definidas
como Dimorfo ou Virchowiana, mais de cinco lesões de
pele;

 Exame complementar para classificação: baciloscopia


intradérmica( em caso de positividade do resultado, o
caso é classificado como MB, independentemente do
número de lesões) assim como no resultado de
histopatológico.

ATENÇÃO: A baciloscopia é importante, mas sua


ausência ou seu resultado negativo não inviabiliza o
diagnóstico clinico firmado.
13
6. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA
HANSENÍASE
FORMAS CLÍNICAS
• Forma Indeterminada (MHI): caracterizada por
mancha(s) hipocrômica(s) de limites imprecisos e
com alteração de sensibilidade térmica.
Diagnóstico laboratorial de baciloscopia negativo
e ausência de comprometimento neural.

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6. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA
HANSENÍASE

• Forma Tuberculoide (MHT): caracterizada por


lesões cutâneas isoladas ou assimétricas, são
placas eritêmato-hipocrômicas ou eritematosas,
bem delimitadas, frequentemente com bordas
externas bem elevadas e centro normal,
apresentando alterações importantes na
sensibilidade, geralmente anestésicos.

15
6. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA
HANSENÍASE

• Forma Dimorfa (MHD): caracterizada pela


concomitância das manifestações clínicas da forma
tuberculoide e virchowiana. Podendo apresentar
lesões de pele bem delimitadas, ou ao mesmo
tempo lesões infiltradas mal delimitadas, com
alteração de sensibilidade. As lesões podem
apresentar bordas interna nítida e externa difusa,
lesões foveolares(favo de mel). Pode também se
manifestar por múltiplas máculas hipocrômicas
difusas(dorso,mmii e mmss) e com alteração de
sensibilidade (hipo e/ou anestésicas). Pode causar
comprometimento neural (episodio reacional de
alto risco para o desenvolvimento de incapacidades
físicas). Quanto a baciloscopia o resultado pode se
apresentar negativo ou positivo.

16
6. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA
HANSENÍASE

• Forma Dimorfa (MHD):

17
6. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA
HANSENÍASE
• Forma Virchowiana (MHV): caracterizada por
infiltrações de pele(face,lóbulos ou dorso);lesões
papulosas ou nodulares, distribuição simétrica.
Pode ocorrer rarefação ou perda da lateral das
sobrancelhas(madarose) e/ou cílios. Alteração de
sensibilidade pode ser difusa ficando difícil a
caracterização de áreas normais; requerendo
maior cuidado ao exame. Trata-se de uma doença
sistêmica com comprometimento visceral e
neural. Quanto a baciloscopia o resultado será
sempre positivo.

18
IMPORTANTE

Em caso de dúvida na
classificação do caso,
recomenda-se que ele
seja tratado como
Multibacilar .

19
7. DIAGNÓSTICO

7.1 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


Algumas das seguintes dermatoses podem se
assemelhar a algumas formas e reações de
Hanseníase e exigem uma segura diferenciação:
- Pitiríase versicolor, vitiligo, nervo acrômico,
eczemátides, pitiríase rósea de Gilbert, eritema
solar, eritrodermias, eritema nodoso, lúpus
eritematoso, dentre outras.
OBS: A principal diferença entre a hanseníase e
as outras doenças dermatológicas é que as lesões
de pele da hanseníase são caracterizadas pela
presença de alterações de sensibilidade,
enquanto que as demais doenças não apresentam
essa alteração.

20
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

As reações são a principal causa dos danos


neurais e incapacidades na hanseníase. Uma
característica da hanseníase é a possibilidade da
ocorrência de reações – períodos de inflamação
aguda no curso de uma doença crônica que
podem afetar os nervos.
Os estados reacionais ou reações hansênicas
(tipos 1 e 2) são alterações do sistema
imunológico que se exteriorizam como
manifestações inflamatórias agudas e subagudas
que podem ocorrer mais frequentemente nos
casos MB. Elas podem ocorrer antes (às vezes
levando à suspeição diagnóstica de hanseníase),
durante ou depois do tratamento com
Poliquimioterapia (PQT).
21
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

Na pele -Lesões Inflamadas e súbitas, reagudizadas


e/ou novas lesões satélites

-Dor ou hipersensibilidade;
Nos Nervos -Perda de sensibilidade;
-Fraqueza muscular ;

-Dor, hiperemia conjutival, fotofobia;


-Piora da acuidade visual;
Nos olhos
-Piora da força muscular palpebral;
-Piora da sensibilidade corneana;

-Edema súbito
Mãos e pés -Piora recente da sensibilidade;
-Piora recente da força muscular

-Orquite, artralgia, febre, calafrios,


Sistêmica
mal estar geral(ENH - reação tipo 2)
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

7.3 TIPOS DE REAÇÕES HASÊNICAS


-Reação do Tipo 1 ou Reação Reversa:
É causada pelo aumento da atividade do sistema
imunológico contra o bacilo da hanseníase ou a
resto de bacilos. Caracteriza-se pela inflamação
das lesões de pele pré-existentes,lesões
satélites, com edema,eritema e calor, com ou
sem espessamento e dor de nervos periféricos .

23
7. REAÇÕES HANSÊNICAS
Reação do Tipo 2 ou Eritema Nodoso Hansênico –
ENH
Ocorre nos casos de alta carga bacilar por
formação de imunocomplexos. A reação tipo 2 é
sistêmica e caracteriza-se pelo aparecimento de
nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados
ou não de febre, dores articulares e mal-estar
generalizado, com ou sem espessamento e dor
de nervos periféricos(neurite).

24
7. REAÇÕES HANSÊNICAS
7.4 SINAIS E SINTOMAS DAS REAÇÕES HASÊNICAS

Sinais e Reação Tipo 1 Reação Tipo 2


Sintomas

Forma clinica Paucibacilares e Multibacilares


Multibacilares (mais
frequente)
Área envolvida Mais localizada nas lesões Generalizada/sistêmica
pré-existentes
Inflamação da As lesões de pele estão Novos nódulos sensíveis ao
pele inflamadas (eritema e toque, vermelhos/violáceos,
edema), mas o resto da pele independente da localização
está normal das lesões pré-existentes da
hanseníase

Acometimento Frequente Menos frequente


neural
Estado geral do Bom, sem febre ou com Ruim, com febre e mal-estar
paciente febre baixa geral
Tempo de Precocemente durante a Mais tardiamente no curso
aparecimento e PQT; tanto em pacientes PB do tratamento;somente nos
tipo de quanto MB MB.
paciente
Envolvimento Piora da capacidade de Inflamação ocular
ocular oclusão palpebral (irite,iridociclite, esclerite)

25
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

 Dor aguda;
 Piora da sensibilidade e da força muscular em
relação a avaliação anterior;

26
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

ATENÇÃO
ATa

Neurites na Hanseníase
Dor espontânea ou à compressão nos nervos
periféricos, acompanhado ou não de edema
localizado. Para efeito de classificação, considera-
se neurite isolada casos que apresentam apenas
sintomas neurais sem manifestações cutâneas de
reações tipo 1 e tipo 2.

27
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

28
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

Frente à suspeita dos episódios reacionais


recomenda-se:

 Diferenciar o tipo de reações hansênica;


 Investigar os fatores predisponentes, bem como,
infecções, infestações, distúrbios hormonais,
anemia, fatores emocionais, dentre outros;
 Tratar com prednisona(0,5 a 1 mg/kg/dia) se tipo
1 ou Talidomida 100 a 300mg/dia se tipo 2.
 Se mulheres em idade fértil substituir talidomida
por prednisona e encaminhar à referência.
 As drogas devem ser usadas até melhora clinica
das lesões quando devem ser reduzidas
lentamente(Prednisona 0,2 mg/kg/dia a cada
semana).

29
7. REAÇÕES HANSÊNICAS

7.5 IDENTIFICAÇÃO DOS EPISÓDIOS REACIONAIS

EXAME FÍSICO EXAME DERMATO-


GERAL NEUROLÓGICO

EDEMA, RUBOR,
COMORBIDADES E CALOR NAS LESÕES
FOCOS INFECCIOSOS CUTÂNEAS

PERDA DA FUNÇÃO
ESTADO GERAL NEURAL, SENSITIVA E
MOTORA EM OLHOS,
MÃOS E PÉS

Esses procedimentos são fundamentais para


monitorar o comprometimento de nervos
periféricos e para avaliação da terapêutica
antirreacional
30
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇAO NEURAL

Para determinar o grau de incapacidade física


deve-se realizar o teste de sensibilidade dos olhos,
das mãos e dos pés. É recomendada a utilização do
conjunto de monofilamentos de Semmes-Weinstein
(6 monofilamentos: 0.05g, 0,2g, 2g, 4g, 10g e 300g)
nos pontos de avaliação de sensibilidade em mãos e
pés e do fio dental (sem sabor) para os olhos. Nas
situações em que não houver a disponibilidade de
estesiômetro ou monofilamento lilás, deve-se fazer
o teste de sensibilidade de mãos e pés com a ponta
da caneta esferográfica. Considera-se grau um de
incapacidade a ausência de resposta ao
monofilamento igual ou mais pesado que o de 2 g
(cor violeta), ou não resposta ao toque da caneta.

31
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

8.1 TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE


COM ESTENSIÔMETRO

 Antes de iniciar o teste, retire os monofilamentos do


tubo e encaixe-os cuidadosamente no furo lateral do
cabo. Disponha-os em ordem crescente do mais fino para
o mais grosso;
 O teste começa com o monofilamento mais fino - 0,05g
(verde). Se o paciente não sente o monofilamento, utilize
o 0,2g (azul) e assim sucessivamente;
 Aplique os filamentos de 0,05g (verde) e 0,2 (azul) com
três toques seguidos sobre a pele testada; nos demais
monofilamentos, teste somente com um toque;
 Repita o teste, em caso de dúvida;
 Aplique o teste nos pontos específicos correspondentes
aos nervos da mão e do pé.

32
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

• Monofilamentos Semmes-Weinstein

Verde (0,05g) – sensibilidade normal

Azul (0,2g) - sensibilidade diminuída

Violeta (2,0g) – sensibilidade protetora


diminuída

Vermelho fechado (4,0g) – perda da


sensibilidade protetora
x Vermelho cruzado (10,0g) – perda da
sensibilidade protetora

Vermelho circular (300g) – sensibilidade à


pressão profunda

Preto – não sente o filamento de 300g

33
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL
8.2 TESTE DE SENSIBILIDADE
• Teste de sensibilidade para os olhos (córnea)

Tocar lateralmente o fio no


quadrante inferior externo (temporal)
da córnea e observar a resposta a
piscar

34
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

 Teste de sensibilidade das mãos

Nervo ulnar Nervo mediano

 Teste de sensibilidade dos pés

35
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

 Formulário para avaliação do grau de


incapacidade física (ANEXO II).
-Indica a existência da perda de sensibilidade
protetora e/ou deformidades visíveis em olhos,
mãos ou pés e/ou cegueira;
-Valores: 0, 1, 2;
-Pode indicar a precocidade do diagnóstico (grau
2 indica diagnóstico tardio);
-ATENÇÃO: não serve para monitoramento da
função neural;
-Essa avaliação deve ser realizada por todo
profissional capacitado ao menos, no momento
do diagnostico e na alta do paciente;

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8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL
GRAU CARACTERÍSTICAS

0 -Realizar o movimento completo contra


a gravidade com resistência máxima.

1 -Diminuição ou perda de sensibilidade


nos olhos
-Diminuição ou perda da sensibilidade
protetora nas mãos e/ ou pés(não
sente o violeta)

2 -Olhos: lagoftalmo e/ou ectrópio;


triquíase; opacidade corneana central;
acuidade visual menor que 0,1 ou
incapacidade de contar dedos a 6m de
distância.
-Mãos: lesões tróficas e/ou lesões
traumáticas; garras; reabsorção; mão
caída.
-Pés: lesões tróficas e/ou traumáticas;
garras; reabsorção; pé caído; contratura
do tornozelo.

37
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

8.3 AVALIAÇÃO DO NARIZ


Queixas: entupimento, ressecamento, sangramento
e coceira;
Inspeção: condições de pele e mucosas nasal,
integridade do septo nasal, lesões traumáticas,
hansenomas, cicatrizes e deformidades;

38
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL
8.4 AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR
 Força motora dos olhos
O fechamento dos olhos deve ser sem força
(nervo facial)

Fisiológico Patológico (uso de


força)

Logoftalmo Triquíase 39
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL
 Força motora dos membros superiores

Palpação do nervo Palpação do nervo


radial radial cutâneo

Teste de força muscular através do movimento da


extensão do punho

Atenção a espessamentos, dor e choque à palpação dos nervos na


hanseníase.
40
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL
 Força motora dos membros superiores

Deve-se palpar o nervo ulnar Teste da força muscular


na fossa epitroclear e também, através do movimento de
na posição distal do braço (5 a abdução do 5° dedo
6 cm acima do cotovelo).

Teste de força muscular


através da abdução do
polegar (nervo mediano)

Atenção a espessamentos, dor e choque à palpação dos


nervos na hanseníase
41
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

 Força motora dos membros inferiores

Teste de força muscular do


Palpação do nervo extensor próprio do hálux
fibular (dedão do pé)
Atenção a espessamentos, dor e choque à palpação dos
nervos na hanseníase.
42
8. AVALIAÇÃO DO GRAU DE
INCAPACIDADE E DA FUNÇÃO NEURAL

• Formulário para monitoramento da função neural


(ANEXO III)
Os critérios de graduação da força muscular podem
ser expressos como forte, diminuída e paralisada ou
de zero a cinco, conforme o quadro a seguir:

DESCRIÇÃO
FORÇA
Forte 5 Realiza o movimento completo contra a
gravidade com resistência máxima.
4 Realiza o movimento completo contra a
gravidade com resistência parcial.
Diminuí 3 Realiza o Diminuída movimento completo
da contra a gravidade.
2 Realiza o movimento parcial.
Paralisa 1 Contração muscular sem movimento.
da
0 Paralisia (nenhum movimento).

43
9. TRATAMENTO

ATENÇÃO

Para os pacientes com


frequência irregular, é
importante verificar o
O tratamento da registro de doses
hanseníase é um direito supervisionadas tomadas
de todo individuo e é que poderão ser
garantido pelo SUS. aproveitadas para dar
continuidade ao
tratamento respeitando
prazos máximos para
esquemas.

O tratamento de Hanseníase é ambulatorial,


utilizando-se os esquemas terapêuticos
padronizados de acordo com a classificação
operacional.

44
9. TRATAMENTO

9.1 TRATAMENTO COM POLIQUIMIOTETERÁPICO –


PQT/OMS
 Tratamento infantil paucibacilar (PB):

Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg


(1 cápsula de 150 mg e 1 cápsula de 300 mg),
com administração supervisionada.

Dapsona (DDS): dose mensal de 50 mg


supervisionada e dose diária de 50 mg
autoadministrada.

Duração: 6 doses

Segmento dos casos: comparecimento mensal


para as doses supervisionadas

Tratamento completo:
- 6 blísteres;
- Dose supervisionada a cada 28 dias;
- Duração: 6 doses supervisionadas em até 9
meses;

Atenção as crianças com peso superior a 50kg utilizar o mesmo


tratamento para adulto.

45
9. TRATAMENTO

 Tratamento infantil multibacilar (MB):

- Rifampicina (RFM): dose mensal de 450


mg ( 1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de
300 mg) com administração
supervisionada.
- Dapsona (DDS): dose mensal de 50 mg
supervisionada uma dose diária de 50 mg
auto administrada.
- Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150
mg (3 cápsulas de 50 mg) com
administração supervisionada e uma dose
de 50 mg auto administrada em dias
alternados.

Atenção as crianças com peso superior a 50kg utilizar o mesmo


tratamento para adulto.

46
9. TRATAMENTO
NOTAS: Para tratamento em crianças com hanseníase,
deve-se considerar o peso corporal como fator mais
importante que a idade seguindo as seguintes
orientações:
 Crianças com peso superior a 50kg utilizar o mesmo
tratamento para adulto;
 Crianças com peso entre 30kg e 50kg deve-se utilizar
cartelas infantis;
 Crianças menores que 30kg deve-se fazer os ajustes de
dose conforme quadro a seguir:

DOSE MENSAL DOSE DIÁRIA


Rifampicina (RFM) – 10 -
a 20 mg/kg

Dapsona (DDS) – 1,5 Dapsona (DDS) – 1,5


mg/kg mg/kg

Clofazimina (CFZ) – Clofazimina (CFZ) – 1


5mg/kg mg/kg

47
9. TRATAMENTO

•Tratamento adulto Paucibacilar (PB):

- Rifampicina (RFM): dose mensal de 600


mg com administração supervisionada.
- Dapsona (DDS): dose mensal de 100 mg
supervisionada e dose diária de 100 mg
autoadministrada.

OBSERVAÇÃO:
- Critério de alta: o tratamento estará
concluído com seis (6) doses
supervisionadas em até nove (9) meses. Na
6ª, os pacientes deverão ser submetidos ao
exame dermatológico, à avaliações
neurológica simplificada e do grau de
incapacidade física e receber alta por
cura.

48
9. TRATAMENTO

 Tratamento adulto multibacilar (MB):

- Rifampicina (RFM): dose mensal de 600


mg (2 cápsulas de 300 mg) com
administração supervisionada.
- Dapsona (DDS): dose mensal de 100 mg
supervisionada e uma dose diária de 100 mg
autoadinistrada.
- Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300
mg (3 cápsulas de 100 mg) com
administração supervisionada e uma dose
diária de 50 mg autoadministrada.

49
9. TRATAMENTO
9.2. Esquemas de tratamento para casos especiais -
situações extremas (transtornos mentais, uso de álcool
e de outras drogas, entre outras situações).

Em situações extremas, principalmente de casos multibacilares, que não se


enquadram nos esquemas acima, recomenda-se a administração mensal
supervisionada, do esquema ROM, conforme quadro a seguir:

FAIXA CASOS PAUCIBACILARES CASOS MULTIBACILARES

Rifampicina (RFM): cápsula Rifampicina (RFM): cápsula


de 300 mg (2) de 300 mg (2)
Ofloxacino(OFX): comprimido Ofloxacino(OFX): comprimido
de 400 mg (1) de 400 mg (1)

Minociclina (MNC): Minociclina (MNC):


comprimido de 100 mg (01) comprimido de 100 mg (01)
Duração: 06 doses. Duração: 24 doses.
Seguimento dos casos: Seguimento dos casos:
comparecimento mensal para comparecimento mensal para
dose supervisionada e exame dose supervisionada e exame
ADULTO dermatoneurológico. dermatoneurológico.
Critério de alta: o Critério de alta: o
tratamento estará concluído tratamento estará concluído
com 6 (seis) doses com 24 (vinte e quatro)
supervisionadas em até 9 doses supervisionadas em até
(nove) meses. Na 6ª dose, os 36 (trinta e seis) meses. Na
pacientes deverão ser 24ª dose, os pacientes
submetidos ao exame deverão ser submetidos ao
dermatológico, às avaliações exame dermatológico e
neurológica simplificada e do baciloscópico, às avaliações
grau de incapacidade física e neurológica simplificada e do
receber alta por cura. grau de incapacidade física e
receber alta por cura

50
9. TRATAMENTO

OBSERVAÇÕES
- Critério de alta: o tratamento estará concluído com doze
(12) doses supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª dose, os
pacientes deverão ser submetidos ao exame dermatológico, a
avaliações neurológicas simplificada e o grau de
incapacidade física e receber alta por cura.
-Os pacientes MB que excepcionalmente não apresentarem

melhora clínica, com presença de lesões ativas da doença,


no final do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas)
deverão ser encaminhados para avaliação em serviço de
referência (municipal, regional, estadual ou nacional) para
verificar a conduta mais adequada para o caso.

51
10. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA

A vigilância epidemiológica deve ser organizada em


todos os níveis de atenção, da unidade básica de saúde à
atenção especializada ambulatorial e hospitalar, de modo a
garantir informações sobre a distribuição, a magnitude e a
carga de morbidade da doença nas diversas áreas
geográficas. Ela propicia o acompanhamento rotineiro das
principais ações estratégicas para o controle da hanseníase.
A descoberta de caso de hanseníase é feita por meio da
detecção ativa (investigação epidemiológica de contatos, e
exame de coletividade, como inquéritos e campanhas) e
passiva (demanda espontânea e encaminhamento).

Considera-se caso novo de hanseníase a


pessoa que nunca recebeu qualquer
tratamento específico.

Cada caso diagnosticado deve ser notificado na semana


epidemiológica de ocorrência do diagnóstico, utilizando-se a
ficha de notificação e investigação do Sistema de Informação
de Notificação de Agravos Nacional - Sinan (Anexo I) nos três
níveis de atenção à saúde.

52
10.VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA

A vigilância de contatos tem por finalidade a descoberta


de casos entre aqueles que convivem ou conviveram, de
forma prolongada com caso novo de hanseníase
diagnosticado ( caso índice).
Todo contato de hanseníase deve ser informado que a vacina
BCG não é específica para hanseníase.
A vacina BCG-ID deve ser aplicada nos contatos
examinados sem a presença de sinais e sintomas de
hanseníase no momento da investigação, independente da
classificação operacional do caso índice. A aplicação da
vacina BCG depende da história vacinal e/ou da presença da
cicatriz vacinal e deve seguir as recomendações a seguir:

CICATRIZ VACINAL CONDUTA

Ausência de cicatriz Uma dose


BCG
Uma cicatriz de BCG Uma dose

Duas cicatrizes de Não prescrever


BCG

53
ENCERRAMENTO DO TRATAMENTO NA
ALTA POR CURA

O encerramento da PQT (alta por cura) deve


ser estabelecido segundo os critérios de regularidade
ao tratamento: número de doses e tempo de
tratamento, de acordo com cada esquema
mencionado anteriormente, sempre com avaliação
neurológica, avaliação do grau de incapacidade física
e orientação para os cuidados pós-alta.
Considera-se um caso de abandono todo
paciente que não conseguiu completar o tratamento
dentro do prazo máximo permitido. Sempre que um
paciente PB perdeu mais de três meses de tratamento
ou um paciente MB mais de seis meses de tratamento,
não será possível completá-lo no tempo máximo
permitido e deverão ser informados no campo
correspondente como abandono.
Deve ser orientado para retorno imediato à
unidade de saúde em caso de aparecimento de novas
lesões de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos
periféricos e/ou piora da função sensitiva e/ou
motora.

54
ANEXO I- Ficha de Notificação no
SINAN

55
ANEXO II

56
ANEXO III

57
ANEXO IV
Formulário para avaliação do grau de incapacidade

58
ANEXO V
AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA DAS FUNÇÕES NEURAIS E
COMPLICAÇÕES
Nome ______________________________________________________________ Data
Nasc. ____/____/____
Ocupação:_________________________________ Sexo: M |__| F |__|
Município ____________________________________________ Unidade
Federada______________________
Classificação Operacional PB |__| B |__| Data início PQT:____/____/____ Data Alta
PQT:____/____/____

59
ANEXO VI
Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância Epidemiológica
Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle
da Hanseníase

60
ANEXO VII
GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SUPAT/ DUVAS/ GERÊNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
COORDENAÇÃO DE ATENÇÃO ÀS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
PROGRAMA ESTADUAL DE CONTROLE DA HANSENÍASE

FICHA DE TRANSFERÊNCIA

UF: PIAUÍ MUNICIPÍO:

UNIDADE DE SAÚDE DE ORIGEM:

NOME DO PACIENTE:

DATA DE NASCIMENTO: ___/___/___

DATA DO DIAGNÓSTICO: ____/____/_____ INÍCIO DE TRATAMENTO: ____/____/____


TIPO DE ENTRADA:
( ) Caso Novo ( ) Transferência ( ) Outros Reingressos ( ) Recidiva
CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL:
( ) Paucibacilar – 6 doses ( ) Multibacilar – 12 doses
FORMA CLÍNICA:
( ) Indeterminada ( ) Tuberculóide ( ) Dimorfa ( ) Virchowiana
DIAGNÓSTICO:
Nº de lesões: ___________ Nº de nervos afetados: __________ GIF: ___________
Baciloscopia: _________
DROGAS UTILIZADAS:
( )Rifampicina ( )Clofazimina ( ) Dapsona
DATA DO ÚLTIMO COMPARECIMENTO:____/_____/______

MOTIVO DA TRANSFERÊNCIA:_______________________________________________
___________________________________________________________________ _______

ENDEREÇO DE DESTINO (Residencial ou do trabalho, incluindo número do telefone):


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

CONTRA REFERÊNCIA

NOME DO PACIENTE :______________________________________________________


MUNICIPIO QUE RECEBEU O PACIENTE:______________________________________
PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELA TRANSFERÊNCIA (Nome legível e/ou carimbo, data)
______________________________________________________________
________________/__________/____________
ATENÇÃO!

Esta parte do documento deverá ser destacada e enviada à Unidade de Saúde que encaminhou e/ou
transferiu o paciente. Este procedimento é importante e necessário para se ter certeza que o
paciente compareceu ao serviço de saúde para dar continuidade ao tratamento.

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