Cristologia No Chão Da Vida

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 3

Cristologia – Teologia Sistemática

Filipenses 2.5-11
5. Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus,
6. que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que
deveria ser retido a qualquer custo.
7. Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante
aos seres humanos. E, reconhecido em figura humana,
8. ele se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
9. Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de
todo nome,
10. para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra,
11. e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

- Encarnação
- Divino-humano
Os cuidados que devemos ter com a cristologia alta.

O que Deus faz ao esvaziar-se? O que ele pretende?

A vontade de Deus se comunicar de uma forma mais profunda.

Deus se inclinou radical e eternamente em favor da humanidade.

A Cristologia estuda a pessoa de Jesus Cristo, a partir de uma perspectiva bíblica ampla.
O termo Cristo é uma palavra grega que foi associada à pessoa de Jesus, como um
adjetivo, mas que se origina em um conceito da fé hebraica, registrada no Antigo
Testamento, que é representado pela expressão Messias. Ambas as expressões, Cristo e
Messias, carregam consigo a mesma ideia, mas foi a expressão grega que prevaleceu
designando a referência e identidade religiosa daqueles que criam em Jesus Cristo:
cristãos e cristianismo. Assim, esta primeira unidade procurará investigar a origem e
significado da expressão Cristo, ou Messias, incluindo a implicação disso para o
entendimento do ministério e dos ofícios de Jesus, além do significado que isso trouxe
para a fé cristã. Seguindo esse raciocínio, a Cristologia poderia ser chamada
“Messianologia” ou “Messiologia”, pois, o título Cristo (Χριστος – christos) é a
tradução grega para Messias ( ‫ – חִִיָש מ‬mashiah) que significa ungido.

Muitos talvez não saibam, mas Cristo não era o sobrenome de Jesus, como alguns
podem vir a pensar. Estamos falando de uma época em que não havia o registro de
sobrenomes. As referências dos nomes vinham da localização, profissão, filiação ou
outra característica marcante da pessoa. Sendo Jesus (Iesous) a forma helenizada do
nome hebraico Josué (Yehoshua), entende-se que este era um nome comum na cultura
israelita. Em seu ministério terreno ele era identificado como Jesus de Nazaré ou Jesus,
o nazareno, referindo-se à cidade onde fora criado. Outra maneira de identificá-lo era
como filho de José e por sua profissão de carpinteiro. Mais tarde também foi
identificado por sua atividade social e religiosa como mestre (rabi).

A associação da adjetivação “Cristo” à pessoa de Jesus só veio a ser firmada depois de


sua morte e ressurreição pelos seus discípulos e pela igreja, a comunidade daqueles que
criam que Jesus era o filho de Deus. Por trás desta associação está, de fato, uma
compreensão teológica e afirmação de fé. Chamar Jesus de Messias, ou de Cristo, era
depositar sobre aquele ser humano judeu toda a carga teológica desenvolvida pela fé
judaica conforme registrada nas Escrituras. O que estava em jogo era a identificação da
pessoa de Jesus como sendo o Messias de Israel, aquele que havia sido prometido nas
Escrituras do Antigo Testamento, aquele em torno de quem havia se criado uma grande
expectativa e uma forte esperança.

Essa corrente filosófica defendia que Jesus era totalmente divino e que em sua vida
terrena ele teria apenas uma aparência humana permanecendo, portanto, ainda
completamente divino, algo semelhante às teofanias do passado. Os cristãos que
propunham essa explicação eram do círculo helênico, fortemente influenciado pelo
pensamento gnóstico, que priorizavam e valorizavam, de maneira dicotômica, o mundo
imaterial em detrimento do mundo material.

O modalismo afirmava que a autorrevelação divina se dava em três modos e tempos


distintos. De forma resumida, essa corrente defendia que Deus havia se revelado no
Antigo Testamento como um ser único e conhecido como Javé, ou o Pai. Já no Novo
Testamento encontramos Deus manifestado como Jesus de Nazaré e após a sua morte e
ressurreição como o Espírito Santo.

Essa opção teológica nega a encarnação ou a humanidade de Jesus. Como apenas um


modo de ser Deus, Jesus seria totalmente divino e não teria nada de humano.

A cristologia baixa se dedica à reflexão sobre a humanidade de Cristo. Diferente do


momento histórico dos primeiros concílios da igreja, que se preocuparam com a
divindade de Jesus, a cristologia baixa tomou grande força após o iluminismo
influenciar o campo da Teologia com as ciências humanistas. Alguns estudiosos
procuraram isolar o “Jesus Histórico” do “Cristo da Fé”.

Nesse sentido, a construção de uma teologia bíblica sobre Jesus torna-se mais fácil dado
o volume de textos que se referem a sua vida e ministério, principalmente nos
evangelhos. De certa forma, entendendo que o Cristo também é o cumprimento daquilo
para o qual Antigo Testamento apontava em sua intencionalidade de elaboração de uma
vivência ideal para o povo de Israel, acabamos por ter um horizonte mais amplo de
investigação incluindo também esses textos em nossa análise.

O mistério de Jesus Cristo como Deus-homem carrega ainda outro importante aspecto
que não podemos relegar. Esse aspecto é a função reveladora de Jesus, como atesta
Hebreus 1:1-2. Jesus, sendo a “expressão exata” de Deus quebra um paradigma
histórico e teológico, até então em vigor para o mundo judeu, que apontava para um
Deus Javé distante e inacessível. O Cristo encarnado aproxima Deus da humanidade.
Ele passa a ser o Emanuel, Deus conosco, amoroso, cuidadoso, que não apenas conhece
a condição humana, mas a vive de maneira integral.
ALMEIDA, M. Orison. Teologia Sistemática II: Cristologia e Pneumatologia. Londrina,
FTSA: 2019.

CARVALHO, César Moisés; CARVALHO, Céfora. Teologia sistemático-carismática: a


conexão pneumática entre as principais doutrinas da fé cristã. Rio de Janeiro: Thomas
Nelson Brasil, 2022.

Carvalho, Céfora. Box Teologia Sistemático-Carismática (p. 2). Thomas Nelson Brasil.
Edição do Kindle.

DE NAZARÉ
Já faz um tempo que ando impressionado, e cada vez mais, com o homem
chamado Jesus de Nazaré, o Messias, o Cristo (Mt 16.16; Mc 8.29; Jo 6.69, 11.27). Ele
é o Filho de Deus, mas também é o Filho do Homem. Ele é divino, mas também
humano. Ele é o Verbo Eterno, o Logos pré-existente, mas também é gente como a
gente, um entre nós. O homem que nasceu em Belém, a cidade do grande rei Davi, mas
diz-se ser de Nazaré, lugar acerca do qual pergunta-se: “poderia vir algo bom daí?”.
Mas Ele escolheu esse lugar para chamar de seu, Nazaré na Galileia dos Gentios.
É muito interessante notar que, no testemunho da Igreja no poder do Espírito em
Atos dos Apóstolos, a expressão “Jesus, o Nazareno” estava recorrentemente presente
na fala dos discípulos. No discurso de Pedro no dia de Pentecostes (At 2.22), na cura do
aleijado que ficava na porta do Templo (At 3.6) e depois no testemunho ousado do
mesmo Pedro diante dos líderes judeus quando, cheio do Espírito Santo, declarou:

“Saibam os senhores e todo o povo de Israel que ele foi curado


pelo nome de Jesus Cristo, nazareno, a quem os senhores
crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos”.
(Atos 4.10).

Além disso, em minha opinião, é ainda mais impressionante que Paulo, ao relatar
sua experiência de conversão a caminho de Damasco, também testemunhe que ouviu o
próprio Jesus, ressurreto, cuja luz era mais brilhante que o sol do meio-dia (26.13), ao
ouvir de Paulo a pergunta “quem és tu, Senhor”, tenha respondido “Eu sou Jesus, o
nazareno, a quem tu persegues” (At 22.8).
Segundo essa experiência de Paulo narrada por Lucas, o próprio Jesus se
identifica como Nazareno.

Alguém já disse que de tão humano que era, Jesus só podia ser Deus.

Você também pode gostar