Box Série - Familia Escobar
Box Série - Familia Escobar
Box Série - Familia Escobar
Depois de anos sem tirar férias, estou próximo a isso. Hoje é meu último dia e logo depois
irei para Miami, ficar dois meses por lá.
Ser advogado criminalista e muito conhecido faz com que eu não tenha tempo nem para
respirar. Venho de uma família importante. Minha irmã é promotora, meu irmão delegado, meu tio
juiz, meu falecido pai, juiz e minha mãe, advogada civil. Minha família é uma família da “lei”, ou
quase.
Aos 37 anos de idade, sinto o peso do cansaço. Quero paz e tranquilidade por um tempo.
Minha mãe, a dona Paula, odeia a profissão que eu e meus irmãos escolhemos. Ela diz que não
temos amor à vida e a ela.
Muitos me julgam por minha escolha de profissão, mas o que posso fazer? Simples, ligo o
botão do foda-se e está tudo certo. Tenho problemas demais para ficar dando ouvidos às pessoas
que não tem o que fazer.
Entro na sala privada e a Senhorita Ferdinand não faz questão alguma de me olhar.
Sento-me de frente para ela e apoio meus braços na mesa.
— Vamos iniciar isso de uma maneira amigável. Primeiro, qual seu nome completo?
— Ana Louise Ferdinand.
— Como ele se chamava?
— Rodolfo Batista.
— Olhe para mim quando eu falar.
Ela ergue o olhar me desafiando.
— Preciso que me conte como era sua relação com ele.
— Boa. Não era perfeita, mas era boa. Todavia, estávamos brigando muito desde que
ficamos noivos. Ele começou a ficar estranho, não tínhamos mais conversas, nossa relação estava
esfriando...
— Ele tinha inimigos?
— Todo mundo sempre tem, mas a ponto de matá-lo? Duvido.
— Eu lido com muitos assassinos e vejo em seus olhos que você não o matou. Você pode me
dizer o que aconteceu quando chegou e o encontrou morto?
— Eu tinha ido dar umas voltas, estava de cabeça cheia, queria um pouco de paz. À tarde,
retornei, tudo estava trancado do lado de fora, o carro dele estava na garagem. Quando entrei e
fui abrir a porta da sala, percebi que não estava trancada, e foi aí que dei de cara com ele, na
sala, todo sujo de sangue, com a arma em suas mãos. Me desesperei e me joguei em cima dele, fui
ver se ele estava vivo. Peguei a arma na hora do desespero, tudo ali indicava um suicídio.... — Ela
começa a chorar.
— Um suicida? Não, eu acho que não, mas somente a perícia será capaz de dizer. Você
que acionou a polícia?
— Não. Eu comecei a gritar desesperada. Os vizinhos chamaram e, quando a polícia
chegou, eles começaram a dizer que brigávamos muito e que não viram ninguém entrar. A polícia
descobriu que a arma continha silenciador. Eu estava desesperada, em estado de choque. E, pelo
sangue, constataram que a morte havia ocorrido há pouco tempo, e aí já me prenderam.
Chegaram mais policiais, ambulância e tudo o que tinha que chegar. E então, fui trazida para cá.
— Não viu nada suspeito?
— Não.
— Quem o matou queria que parecesse um suicídio ou sabia que você chegaria e levaria a
culpa. Vou pedir uma liminar em habeas corpus para te tirar daqui e, assim, resolver toda essa
bagunça antes do julgamento, porque enfrentaremos um e não será fácil. Tudo vai depender da
perícia, e eu irei fazer de tudo para não permitir sua prisão.
— Não me importo em ficar aqui, só me importo em encontrar o verdadeiro assassino. Ele
me amava, não seria capaz de tirar a própria vida.
— Já vi muitos casos em que aquele que se mata não pensa em mais ninguém a não ser em
si mesmo.
— Mas ele não.
— Certo.
Ela é retirada da sala, pois tem que dar um depoimento corretamente e agora está mais
calma.
Vou até meu tio Marcos, que é o juiz responsável pelo caso, porém o processo ainda não
chegou ao seu conhecimento, o que me leva a aguardar.
Quando cheguei e o encontrei morto, não sabia o que fazer e me prejudiquei por isso. Eu já
não sabia se o amava, mas sabia que sentia carinho por ele. Sou recém-formada. Ainda nem
comecei a atuar como advogada criminalista. Fiz tudo certinho desde o início. Passei com notas
excelentes na faculdade e na prova da OAB. Não jogaria todo meu esforço no lixo, não mesmo.
Quem quer que tenha feito isso destruiu a minha vida e a vida do Rodolfo, professor em uma
renomada universidade. Ele era professor de psicologia, amava a carreira, fazia aquilo com amor.
Nosso relacionamento estava uma merda, mas não ao ponto de eu assassiná-lo. Minha família sabe
que estou na delegacia, pois o delegado avisou, porém ninguém veio até aqui. Estou, pelo visto,
sozinha nessa.
Eu não queria nenhum advogado, mas o delegado foi bom e chamou o irmão dele, o
advogado criminalista conhecido por “detonador”, nunca perde uma causa e, quando perde, é de
propósito, para ferrar com o réu, pelo menos é o que dizem. Ele e a família são muito conhecidos.
Vivem com a arma apontada diretamente para cada um deles, porém eles nunca recuam.
Sempre imaginei conhecê-lo, mas não dessa forma humilhante. Comecei bem minha carreira.
Meu currículo será maravilhoso.
Dou o meu depoimento agora que estou mais calma, e o delegado me envia para uma cela,
sozinha novamente.
Estou sentada no chão e completamente desesperada. Eu posso jamais sair daqui e pior, ser
enviada à penitenciária de segurança máxima para mulheres. Como advogada criminalista, sei que
meu caso é muito grave.
Henrique ainda não voltou e deve ser porque nada chegou às mãos do juiz ainda.
Nunca o vi pessoalmente, ele é muito lindo, como toda a família, mas pessoalmente é uma
beleza descomunal. Seus olhos tem uma intensidade difícil de explicar. Ele é difícil de explicar.
Me assusto com um barulho na grade. Olho e vejo minha mãe. Me levanto rapidamente.
— Mãe...
— Sua assassina. Eu vim aqui para dizer que nem pense em contar com a família. Você é
uma vergonha. Desde que escolheu ser advogada criminalista, eu sabia que traria riscos a nós, mas
assassinar alguém? Isso eu não esperava de você. Para você, nossa família morreu.
Não tenho o que dizer, ela se retira. As lágrimas escorrem pelo meu rosto. Como ela pôde
me dizer isso? Ela nem sequer perguntou como estou ou como tudo aconteceu!
Henrique encosta na grade. Suas mãos estão em seus bolsos e seu semblante é indecifrável.
— Quanto ouviu?
— O suficiente. Sinto muito.
— Conseguiu algo?
— Ainda não. Vim pegar umas coisas aqui para tentar adiantar. Confie em mim, não vai
passar a noite aqui.
— Melhor aqui do que na rua, porque não posso voltar para minha casa e da minha
família, bom, pelo visto, estou morta para eles. — Tento controlar as lágrimas que não param de
cair.
— Não se preocupe. Esse caso se tornou pessoal, pois eu estava saindo de férias.
— Desculpa. Eu não queria advogado algum.
— E morreria em uma cela?
— Não sei, sempre dou um jeito.
— Você tem sorte do meu irmão querer destruir minhas férias — diz rindo.
— Pensei que advogados, principalmente no nosso ramo, fossem mais sérios, vivessem
armados, coisas do tipo.
— Você não viu nada. Nem sempre o volume em minhas calças é uma ereção. Só fique
calada e não diga nada que não queira ou sem me avisar, tudo pode te prejudicar.
Concordo, e ele se retira.
CAPÍTULO 3
Estou agoniada, é tarde da noite, tenho certeza, e nada do Henrique. Não sei nem como
irei pagá-lo, se bem que não o contratei e nunca o autorizei.
Quero muito esquecer a cena de encontrar o Rodolfo morto na nossa sala, mas não consigo,
estou vivendo um inferno. Ele não merecia isso. Sinto-me culpada, pois, se eu não tivesse saído,
poderia ter evitado aquilo tudo, mas eu saí, maldita hora que saí. Nosso relacionamento estava
uma merda, nem sequer sabia se ainda o amava, pensei muito em separar, mas jamais pedi a
morte dele, de ninguém. Ele tinha muito para viver. A carreira dele era maravilhosa. Ele era
maravilhoso. Cinco anos ao lado dele, ele nunca me fez nada para que eu pudesse ansiar pela
morte dele e que merda de ser humano eu seria se ansiasse?
— Hora de alguém ir embora!
Me assusto com o Henrique.
— Conseguiu?
— O que eu não consigo? O delegado fez o trabalho dele, porém o juiz viu que não tem
provas o suficiente para te deixar aqui, porque você estar na cena do crime não quer dizer que
você é culpada. Porém não poderá sair da cidade até as investigações terminarem.
— Nunca pensei em sair da cidade; primeiro, porque não tenho dinheiro; segundo, porque
aí é que vão me acusar.
— Esperta a Senhorita.
— Apenas Ana ou Louise.
— Certo, Ana.
***
Vou embora junto com o Henrique. Estou no carro dele, já que me ofereceu uma carona, só
não sei para onde.
— Para que lugar está me levando?
— Não acho seguro você ficar em um hotel, com o assassino a solta. Você não pode voltar
à sua casa. Sua família, pelo visto, não vai ajudar. E você não tem dinheiro. Restou minha casa.
— Sua o quê?! Não! Isso é um absurdo e, o principal, antiético.
— Bem esperta, mas é isso ou dormir na rua e, pelo o que vejo, vai chover.
— Vai piorar minha situação. Vão dizer que você era meu amante e, por isso, matei o
Rodolfo e você está como meu advogado!
— Jamais dirão que eu era seu amante. Todos sabem que não sou a segunda opção, sou a
primeira, e não aceito ninguém pela metade.
Fico boquiaberta, olhando para ele.
— Que seja! Não preciso de mais problemas. Só preciso de um banho e descansar, porque
meu dia foi cheio.
— Minha casa tem muitos banheiros e, com isso, muitos chuveiros. Aceite. Estou aqui para te
ajudar. Se eu fosse um merda de advogado, te deixaria apodrecer na cadeia e estaria em Miami,
aproveitando minhas férias, ou te deixaria agora na rua. Você tem sorte, porque eu não fui um
cara educado com nenhum dos meus clientes. Se estou te ajudando é porque sinto que você
merece, saiba que não conquistei inimigos à toa.
Fico em silêncio, não tenho o que dizer depois dessas palavras.
Ao chegar em casa, ela fica deslumbrada, como qualquer outro visitante. Não posso negar
que minha casa é um espetáculo, bem masculina, porém bem elegante, e tudo isso por minha
escolha, sempre tive bom gosto e sempre fui perfeccionista, puxei isso do meu pai. Se tenho
dinheiro para viver bem e com total conforto, por que não viveria?
— Estou sem empregados, como ia sair em férias, liberei todos. Segundo andar à direita,
pode escolher qualquer quarto, todos têm banheiro. Vou pedir roupas para você e irei fazer algo
para comermos. À noite, sempre tem circulação dos meus seguranças pela casa, não se assuste. E
antes que eu esqueça, não saia pelada pela casa, tem câmeras, meus seguranças iriam amar.
— Por que eu sairia pelada?
— Vou saber? Apenas avisei.
— Obrigada. Estou sendo muito rude quando você só quer me ajudar. É que não está
sendo fácil.
— Acredite, você está sendo um anjo perto dos meus outros clientes. — Ela sorri. — Vou
ligar para minha irmã arrumar umas roupas, afinal, ela que me colocou nesse caso, então ela vai
ter que ajudar.
— Você não parece nada com o tal do destruidor que mídia e todos comentam.
— Detonador.
— Mesma coisa.
— Não acredite em tudo sem ter todas as provas. Não é porque todos me temem e tenho
um sobrenome famoso que quer dizer que sou um homem rude, exibido, que pisa nos demais. Sou
humano, tenho uma vida e não a destruo porque sou o Advogado Criminalista Henrique Escobar, o
Detonador que não perde uma causa.
— Já perdeu alguma causa, digo, perder mesmo e não propositalmente? Seja sincero.
— Claro, nem tudo sempre se ganha. — Ela me olha com desconfiança.
— Quando perde é proposital pelo que disseram.
— Mas já perdi de verdade e isto a mídia não divulga.
— Será que a minha você ganha, perde de verdade, ou perderá de propósito? —
pergunta preocupada.
— Só depende de você.
— O que quer dizer?
— Faça o que mando e tudo acabará bem.
— E se eu não fizer?
— Simples. Você estará mirando a arma para você mesma e o gatilho será puxado por
você também. Afinal, quem o matou pode querer matar você. Se fossem outros clientes, eu estaria
com a arma apontada para mim, deixando-os presos, mas veja só, os que tentaram me matar
acabaram mortos. Já você, pode ir ali na esquina e nunca mais voltar, dependendo das suas ações,
porque tem um assassino a solta que provavelmente não gostará de ter o caminho cercado. É como
um jogo tudo isso e ele se brinca assim: minhas decisões. Suas escolhas. Quem vai ganhar? Suas
escolhas dirão. Porém aqui é a vida real e esse jogo não temos como reiniciar e nem mais de uma
vida.
Dou uma piscadela para ela e vou para o escritório, ligar para minha irmã.
Eu poderia ter a enviado a um hotel e colocado diversos seguranças na cola dela, mas eu a
trouxe para minha casa, porque, desde que a vi na delegacia, desesperada, em seus olhos eu
encontrei um pedido de socorro que seu orgulho não permitiu que se manifestasse, não pude evitar,
isso mexeu comigo de uma forma diferente. De repente, livrá-la da culpa e ficar em cima das
investigações para encontrar o verdadeiro culpado se tornou preferência para mim. Se tornou
pessoal.
Ligo para minha irmã e ela envia as roupas através de um dos seus seguranças. Vejo que
Ana escolheu o primeiro quarto à direita. Deixo as coisas em cima da cama enquanto ela está
trancada no banheiro e vou para cozinha.
Sempre gostei de cozinhar, isso é relaxante para mim e estressante para dona Jurema, a
cozinheira, pois detono a cozinha dela; e a dona Marcela, pior ainda, pois ela pira ajudando a
dona Jurema na limpeza.
Sou um homem que adora sexo, como outros. Que quer estar na companhia de mulheres.
Mas estou cansado. Tenho quase 40 anos e não posso mais viver de sexo, com uma aqui e outra
ali. Mas, antes de colocar alguém em minha vida, tenho que pensar muito bem, pois ser uma
Escobar é estar na mira de um revólver sempre e não sei se quero trazer outra pessoa para o
perigo. Dizem que advogado criminalista não pode ter família e estão certos, pois não se tem paz.
Porém, quando se ama algo, não temos escolhas, mesmo que isso interfira em sua vida pessoal.
Quando eu escolhi essa carreira, sabia onde estava me colocando e, assim, eu sabia que dormiria
com um olho aberto e outro fechado, que morreria pela minha família se fosse preciso. Mas antes
eu não pensava em me casar, ter filhos e, quando esse desejo cresceu, foi a primeira vez em que
senti muito medo, já que ter filhos e uma esposa estaria os trazendo para o perigo, dobrando o
número de pessoas com que tenho que me preocupar.
CAPÍTULO 4
Acordo com gritos vindos do corredor. Levanto-me desesperadamente e pego minha arma
na primeira gaveta do criado-mudo. Estou apenas de cueca, mas que se foda. Saio do quarto e
vou em direção ao meu segurança, que já ameaça abrir a porta do quarto em que Ana está.
— Não — digo ao Luciano.
— Mas, senhor...
— Eu cuido disso. Leve minha arma.
— OK.
Ele pega a arma e se afasta.
Entro no quarto e fecho a porta. Ela está suando. Seu corpo se debate enquanto ela grita
por socorro. Pobre menina, está tendo pesadelos e, provavelmente, com a cena do noivo morto.
Olho no relógio e vejo que são 5:30 da manhã. Estou com a porra de uma ereção, apenas de
cueca e sem ter ideia do que fazer.
Sem pensar muito, me aproximo. Sento ao seu lado e coloco a mão em seu braço.
— Ei, Ana... — Ela acorda sobressaltada. Está apavorada. — Calma, estou aqui, foi só uma
merda de um pesadelo.
Ela está ofegante e com os olhos arregalados. De repente, pula em cima de mim, me
obrigando a segurá-la rapidamente para não cair. Sentada em meu colo e ainda apavorada, sei
que ainda não está totalmente bem. Para ajudar, minha ereção não diminuiu, e ela está na porra
de uma camisola curta, na cor preta, que a minha irmã trouxe e, tenho certeza, de propósito,
praga!
— Está tudo bem.
— Eu que o matei... no sonho, eu o matei.
— Foi um sonho apenas, só isso. Muita coisa aconteceu ontem, está difícil para você
assimilar tudo. Se acalma.
Ela se mexe, acordando ainda mais o indivíduo, cacete!
De repente, ela salta do meu colo e me olha assustada.
— Ai, meu Deus! Olha só onde fui parar. E você está de cueca e ainda por cima...
— Em minha defesa, é cedo e ele é um “cara” que acorda cedo.
Juro que nunca fiquei tão constrangido como estou, que porra!
— E-eu, vou... — Ela não termina e entra no banheiro.
Vou para meu quarto e pego meu celular. Ligo para Daiane. Depois de uma eternidade, ela
atende.
— Eu juro que, se não estiver em perigo e me ligando apenas para me encher, eu te mato,
Henrique!
— Eu que vou te matar, sua demônia! Que porra de camisola foi aquela que enviou? Tem
merda na cabeça?
— Era a única nova que eu tinha. Eu não acredito que me ligou para isso!
— Não acredito, você tem uma porra de um closet maior que minha casa!
— Não exagere. Olha, eu quero dormir. Vá dormir também e pare de encher meu saco.
Tchau. — Desliga na minha cara.
Eu a conheço, fez para me irritar, nunca vi pessoa para querer me irritar tanto como ela. O
volume entre minhas pernas some.
— Agora que você some? Cacete!
Visto uma calça de moletom cinza, faço minha higiene e saio do quarto. Vou até o quarto
da Ana, chamo por ela, mas um dos seguranças que passa pelo corredor disse que ela está na
cozinha.
Vou até a cozinha e ela está trocada. Merda, será que nada que ela vista a deixará
menos gostosa?!
Se concentre Henrique, ela é sua cliente e acaba de ficar viúva do noivo.
Ela coloca o copo na pia. Ainda não percebeu minha presença. Está de costas para mim, me dando
uma bela visão do seu corpo coberto por um vestido vermelho que ressalta suas curvas e sua
bunda, que me deixa duro só de ver.
Se concentre, Henrique.
Pigarreio para chamar sua atenção, e ela se assusta.
— Está melhor? — pergunto.
Me encosto no batente da porta e cruzo os braços.
— Sim. Obrigada.
— Desculpe pelo que aconteceu.
— Tudo bem, eu que não pensei direito, estava assustada e me joguei no seu colo.
— Isso tudo vai passar logo, assim que o verdadeiro culpado for condenado.
— Meu medo é quanto de tempo vai levar.
— Não tenha medo. Eu te prometo que será rápido.
— Tomara, eu quero voltar a tentar viver, ter paz e tentar reconstruir minha vida.
— Vai ser complicado, mas tudo isso vai acontecer, confie em mim.
— Preciso ver o que farei, porque não terá como trabalhar, ninguém vai me querer depois
dessa confusão toda, até que provem o contrário. Não posso ficar aqui. E preciso ver como irei
pagá-lo, porque, ganhando ou perdendo, você tem me ajudado, mesmo, às vezes, eu sendo dura
demais.
— Não precisa se preocupar com nada disso agora. Fique aqui até resolvermos tudo, é por
questão de segurança.
— Não posso ficar atrapalhando sua vida.
— E não está. Eu quero te ajudar e vou.
— Eu não sei se isso é correto.
— OK. Como seu advogado, eu digo que é para ficar nesta casa até segunda ordem e,
assim, ficará em total segurança, até as investigações terem um resultado e vermos o que o juiz vai
determinar. — digo em um tom autoritário, o mesmo que uso com os outros clientes.
— Está bem. Já estou na merda, se tiver que piorar, que piore.
— Não pense assim. Já que acordou cedo, já sei o que pode te deixar um pouco melhor.
— O quê?
— Vem comigo.
Estico a mão e ela a segura, a levo até meu espaço de treino, em uma sala reservada.
Meus seguranças ficam olhando e Luciano dá uma risadinha, idiota. Eles sabem que nunca levei
ninguém nesta sala, além dos meus irmãos e os seguranças.
Ela olha todo o lugar, impressionada.
— Que lugar incrível. E perigoso. — Sorrio.
— Aqui é onde desconto toda tensão do dia a dia. Ou onde chamo meus irmãos para
treinar e, assim, socá-los, dizendo ser apenas um treino. — Ela sorri.
Pego um par de luvas de boxe no armário. Me aproximo dela, que me olha com
curiosidade. Visto as luvas nela, que não diz nada, apenas observa.
— Quero que você vá até ali, naquele saco de pancadas, e soque sem parar.
— E por quê?
— Você vai descobrir.
Seguro o saco de pancadas e ela apenas me observa.
— Eu não vou socar isto com você segurando, vou te machucar e tudo o que menos preciso
é de mais problemas.
— Não reclame, Anjo, apenas soque isto com toda sua força e deixe as emoções irem com
ela, soque sem parar.
— Isso não vai dar certo.
— Apenas faça.
— Está bem.
Ela dá um soco.
— Mais forte!
Ela dá outro soco.
— Não tenha medo. Imagine que isso são seus problemas e os soque.
Ela começa a socar sem parar, intercalando as mãos. Cada vez mais, ela soca com mais
força. O suor começa a escorrer por seu rosto e seu corpo. As lágrimas começam a escorrer e ela
não para.
— Isso, jogue tudo para fora, até sentir que não aguenta mais.
Ela continua. As emoções em seu semblante são diversificadas. Ela vai socando, até que vai
perdendo as forças e cai de joelhos, baixando a cabeça e chorando.
Me agacho a sua frente e retiro as luvas. Levanto e a puxo para mim, trazendo-a para
meus braços.
— Por que isso tinha que acontecer comigo? Eu não estava sendo uma boa noiva, mas não
merecia isso. Ele não merecia isso. E agora estou sem ninguém, porque minha família me deixou.
Minha carreira mal começou e a sujei. Não tenho onde morar. Não tenho emprego. Eu estou
ferrada.
— Você não está sozinha, você tem a mim.
As palavras saem de mim sem eu pensar. Ela ergue o rosto e me olha.
— Por que está sendo tão bom comigo? Nos conhecemos há menos de 24 horas.
— Porque eu acredito na sua inocência, merece uma pessoa que acredite em você e que te
proteja.
— Obrigada, não sei como agradecer. Isso aqui foi maravilhoso, tirou boa parte do peso
que estou sentindo desde ontem.
— Não agradeça, não é necessário.
Nos afastamos e saímos dali. Ela vai tomar banho e eu vou para meu escritório.
Ligo para meu escritório no centro e aviso que não irei hoje. David me envia uma
mensagem, dizendo que amanhã terá uma resposta da perícia. Peço para ele me enviar por
scanner o depoimento recolhido e a ficha completa do Rodolfo. Preciso começar a analisar tudo,
juntar as provas necessárias e me manter em cima das investigações, pois odeio ficar no escuro,
gosto de acompanhar tudo de perto.
Minha mãe me liga, pedindo para almoçar com ela e os outros, porém não posso mais
perder tempo, tenho que me concentrar no trabalho.
Coloco meus óculos e fico analisando tudo o que meu irmão me enviou. Detalhe por detalhe.
Rodolfo não tinha antecedentes criminais e tampouco arranjava confusões ou problemas na
universidade que lecionava. O cara era bom no que fazia, pois era muito elogiado como
profissional.
Acesso o site da universidade e vou à galeria de fotos. Era uma universidade com muitos
eventos. Ele foi a todos, porém nunca com a Ana. Sempre sozinho e, quando não, surge em fotos
com professores e alunos, alguns bem mais que outros.
Por que ela não o acompanhava nesses eventos? Se ela fosse minha, a levaria comigo até
na padaria da esquina e, se um filho da puta olhasse, meteria uma bala no meio da testa dele.
Fico horas analisando tudo e só paro quando sou interrompido pela Ana, que bate à porta
e pergunta se pode entrar. Com os cabelos molhados e penteados, um short jeans e uma camiseta
cinza, ela entra na sala.
— Desculpa atrapalhar, mas é que já está há muito tempo aqui e não comeu nada. Tomei a
liberdade de preparar algo para nós comermos — diz com timidez.
— Estava tão concentrado que nem senti fome, mas agora que falou, posso senti-la. —
Sorrio.
— Você usa óculos — diz com admiração.
— E continuo lindo. — Pela primeira vez escuto sua risada alta e é uma maravilha.
— Fica com a aparência de um homem mais sério.
— Eu sou um homem sério.
— Claro que é — fala com um pouco de ironia, me fazendo sorrir.
— Vamos, agora os dez leões dentro de mim acordaram. Só vou colocar uma camiseta.
Ela fez um macarrão à bolonhesa, divino, tenho que admitir. Peguei um vinho branco, para
acompanhar a comida, para ela e para mim, suco, pois não bebo álcool, tenho em casa apenas
para visitas.
— Usa óculos, não bebe álcool, é engraçado, bom advogado, sabe cozinhar. Estou me
surpreendendo cada vez mais em menos de 24 horas.
— Sou assim, não é à toa que me conhecem por Detonador. Detono tudo, inclusive o juízo
das pessoas. — Ela sorri.
Terminamos de comer em silêncio e a ajudo com a louça.
— Estava delicioso, é uma ótima cozinheira.
— Não sou, não, sou péssima na cozinha, fiz macarrão, porque ele e omelete são as únicas
coisas que saem boas. — Sorrio.
— Que bom que fez ele, então. — Sorrimos.
Terminamos tudo e a levo até o escritório. Ela nota no que estou trabalhando e seu
semblante triste retorna. Coloco uma cadeira ao meu lado e ela se senta. Sento-me e pego meu
óculos.
— Estive olhando algumas coisas e algo me deixou curioso. Por que não tem fotos de vocês
dois juntos nos eventos da faculdade, mas tem de outros membros de lá com amigos e familiares?
— Eu sempre queria ir, acompanhá-lo, estar ali com ele, mas ele sempre dizia que eram
chatos, que eu não iria gostar, que não deveria faltar as minhas aulas para acompanhá-lo e que
acabariam tarde. Então, eu nunca ia, mas eram muitos.
— E você nunca tentou descobrir se estes eram mesmo os motivos?
— No início, não. Porém, quando ficamos noivos, tudo mudou e comecei a estranhar isso e
questioná-lo, mas terminava em discussões, e ele dizia que eu não tinha por que desconfiar ou
estranhar, que ele nunca me deu motivos para nada e aí eu desistia e ficava em casa.
— E ele realmente nunca deu um motivo sequer?
— Não. Ele realmente ia aos eventos e eram as únicas vezes que chegava tarde. Do
contrário, era sempre trabalhando em casa ou na universidade.
— Vi que ele perdeu os pais há muito tempo e era filho único, não tem ninguém. Isso é
correto afirmar?
— Sim. Quando o conheci, já havia perdidos os pais.
— Entendi. — Me viro completamente para ela. Retiro os óculos e fecho a tela do
notebook. — Você realmente o amava? Vi em seu depoimento certa dúvida. E preciso saber de
tudo, porque qualquer vírgula pode se transformar em um problema enorme.
— Desde que as brigas sem limites iniciaram, ele me procurando apenas para sexo e não
para outras coisas, como saberia se eu estava bem ou precisava de atenção? Não me deixava ir
aos eventos com ele e nem me levava para sair pelo menos um pouco e, quando ele suspeitou que
eu estava grávida, tudo mudou. O amar se transformou em carinho, consideração, não existia mais
amor da minha parte, só desgaste. Quando saí ontem, era para pensar em tudo e ver o que faria
da minha vida, eu realmente pensava em terminar tudo, mas aí ele morreu...
— Por que mudou tudo quando ele suspeitou que você estava grávida?
— Ele ficou estranho, parecia não querer aquilo, não tenho uma explicação, mas ele mudou
ainda mais e infelizmente morreu acreditando que eu estava, mas não estou, era apenas uma
intoxicação alimentar e minha menstruação que sempre foi desregulada, fiz os exames. Ele só
queria saber do trabalho, não tinha como conversar com ele e explicar que ele estava enganado e
que eu estava muito feliz por isso, porque não queria ter um filho, não vivendo daquela maneira.
Coloco os óculos na mesa e seguro uma de suas mãos.
— Eu sinto muito.
Meu celular vibra na mesa e vejo uma mensagem do David.
Amanhã, sem falta, venha aqui, pois descobri algo que ainda não passei a ninguém, porém acho
importante, tudo se tornou importante agora para livrá-la dessa furada, porque sei que ela não foi a
assassina, eu vi a verdade em seus olhos e o desespero dela. Não diga nada a ela ainda, para não dar
falsas esperanças. Aproveita e me traz um presentinho, tipo chocolates, porque flores, não curto muito.
— Bom, eu vou me deitar, minha cabeça está doendo muito.
— Certo. Quer um remédio?
— Não, quando eu ficar quieta e deitada, passará, é a preocupação que faz isso.
Ela se retira e fico ali, olhando para o nada.
Mesmo tendo 27 anos, ela tem a doçura de uma menininha. Sua identidade a declara
adulta e a vida declarou que ela tem que ser muito madura, porém ela só precisa de carinho,
atenção e um alguém que a ame incondicionalmente, porque, em um único dia, a vida lhe deu uma
rasteira que a colocou completamente no chão e a deixou impossibilitada de se levantar e aqueles
que eram para ajudar, apoiar, viraram as costas. Ela necessita de amor, compreensão e alguém
que mostre que realmente acredita nela, disposto a ajudá-la sem medo, e eu não me importo de
ser esta pessoa. Ela está vivendo este momento no modo automático e, quando a ficha realmente
cair, pode ser um choque muito grande. Ao ganharmos esta causa, será uma mistura de choque
com alívio. Vamos ganhar esta causa, pois não deixarei o filho da puta do culpado sair impune e
Ana Louise ser condenada.
CAPÍTULO 5
Estou na delegacia do meu irmão, a deixei em casa com os seguranças. Ela estranhou,
ontem, quando pediram o sapato que ela usou no dia que encontrou o noivo morto, mas não
discutiu e entregou. Parece que a perícia encontrou pegadas.
— Henrique, o resultado da perícia ainda não chegou, vai atrasar mais, que inferno. Tentei
adiantar, mas não consegui, eles disseram que está complicado!
— Porra! Isso não está caminhando bem.
— Assim que sair e as investigações acabarem, terá o primeiro julgamento dela e se não
tivermos outras provas que não a incriminem...
— Ela vai ser presa no lugar do verdadeiro assassino — ele concorda.
— Sozinho, resolvi ir atrás de algumas coisas e descobri isso. — Ele me mostra papéis da
universidade que o Rodolfo lecionava. — Ele estava faltando muito ao trabalho e sem justificativas.
O diretor da universidade chegou a questioná-lo, mas ele dizia ser problemas em casa. Porém, no
depoimento da Ana Louise, ela alega que ele só pensava no trabalho e não citou uma única vez
que ele tenha faltado. Pelo que ela disse, ele nunca faltou. Aqui estão todas os dias, horas e meses
que ele faltou.
— Você acha que isso tem relação com a morte dele?
— Olhe isso aqui. — Ele vai até a última folha e indica a última falta. — No dia em que
ele foi morto, não compareceu ao trabalho. Ela não percebeu, porque, olhe aqui, era um dos dias
da semana que ele chegava cedo.
— Vendo algumas fotos dos eventos, eu notei que ela nunca estava, ele nunca a levava,
sempre com desculpas.
— Ela não me disse isso. O que aumenta minha suspeita neste instante. Preciso de um novo
depoimento e que ela me conte tudo até em relação a estes eventos.
— Por quê? Do que suspeita.
— O assassino pode estar infiltrado na faculdade.
— Por isso nunca a levava aos eventos.
— E tem mais, quem entrou na casa, usou a entrada principal, era conhecido.
— Alguém que ele já esperava. E a pessoa sabia que ela não estaria em casa e, assim,
quando chegasse, ela seria a culpada. A pessoa limpou a cena do crime.
— A perícia viu apenas pegadas dele e da Ana Louise na entrada, todas dos sapatos
deles e é isso que está piorando a situação também.
— Talvez a pessoa tenha usado um sapato dele ou sacos nos pés, algo do tipo.
— Pensei nisso também, o que tornaria a pessoa ainda mais conhecida, para usar algo
dele, e seria um homem.
— E se estivermos olhando de forma errada? E se a perícia estiver olhando da maneira
errada?
— Como assim?
— E se a pessoa não entrou normalmente? E se a pessoa encontrou outra maneira de
entrar?
— Impossível, alguém teria visto.
— A rua não tem câmeras?
— Não estavam funcionando naquele dia.
— E a pessoa sabia disso.
— Com toda certeza.
— Está história é um quebra-cabeça e estou enlouquecendo.
— Na faculdade, ele era muito querido, talvez tenha despertado inveja em alguém.
— Ela disse que ele mudou ainda mais quando desconfiou que ela estava grávida. E se
tiver algo a ver com isso? O assassino talvez seja algum lunático que a ama.
— Muito improvável.
— A Daiane disse que desconfia de uma coisa, mas precisa ter total certeza antes de nos
contar.
— Ótimo, a louca vai fazer a calada.
— Foi o que disse a ela. — Ele sorri.
— Ela não pode ser presa, temos que encontrar o verdadeiro culpado antes do julgamento.
— Ou tirá-la do caminho da culpa até lá e conseguir mais provas.
— Não indo a júri popular, estaremos bem. Ela está sendo odiada até pela família.
— Sim, todos vierem depor ontem e sabe o que a mãe e o pai dela disseram?
— Não, mas imagino.
— Que ficaram contra a filha assassina. O que não ajudou em nada.
— Este caso está se complicando. Se o assassino aparecesse e se entregasse, resolveria
nossas vidas.
— E como!
— Pera aí, por que primeiro julgamento? — pergunto preocupado.
— Porque o tio disse que talvez as provas desse caso não sejam suficientes para ter uma
decisão, ele está acompanhando cada passo e, claro, interferindo, ou seja, saindo da lei como
sempre!
— Porra, se ele declarar um segundo julgamento...
— Ele pode querer que ela fique presa. Não sei como ele permitiu o habeas corpus.
— Ele sempre consegue tudo o que quer.
— Isso é mal dos Escobar — diz sorrindo.
— Eu preciso ir.
— Vai para o escritório?
— Para casa.
— Eu fiquei sabendo que ela está lá e achei uma ótima atitude ajudá-la. Henrique, eu juro
que quero ver você feliz e se for com ela, tudo bem, mas não acho que seja uma boa você se
envolver com a acusada e você ainda ser o advogado dela. Isso pode acabar mal. Não faça
nada com o coração, somente com a razão, porque nossa carreira é assim, somente razão, jamais
coração, porque nem sempre tudo é o que parece.
— No caso dela é diferente.
— Porque ela não é a culpada, nós sabemos, mas os lobos que querem o mal de todos,
não. Conhecemos as leis do nosso país.
— Nós somos as leis.
— E, veja só, as estamos quebrando.
— Eu sei o que estou fazendo, David.
— E isso me preocupa, porque você não vai foder apenas nossas vidas.
— Eu não vou deixar nada acontecer a ela. Eu vou livrá-la!
— E o assassino que está a solta, se levarmos tempo para encontrá-lo, será que ele vai
livrar ela ou se livrar dela? Pense bem. Talvez ela ficar em uma cela privada, não seja tão ruim,
seria seguro.
— Ela não vai ficar em uma cela, não seja idiota!
— Você é o advogado dela, deve saber o que está fazendo.
— E eu sei.
— Espero que sim. Você tem que ir, tenho dois idiotas ali fora, à espera de eu prendê-los...
pela quinta vez. — Rio.
— Boa sorte. Vou trabalhar.
Estou abrindo a porta para sair quando ele diz:
— O trabalho vai ser bom ao lado da ruiva, eu devia ter escolhido ser advogado
criminalista.
— Não deveria, já basta um louco na família. — Ele ri, e eu saio.
Encontro no corredor os dois que meu irmão espera e começo a rir.
— João Ricardo e Maximiliano, sério isso? O que fizeram agora?
— Doutor, livra a gente, vai. Não fizemos nada, seu irmão implica com a gente.
— Vocês nunca fazem nada. — Rio ainda mais e o Cleber, o policial com eles, ri também.
— Certo, mano, roubamos uma senhora, só isso, e o senhor aqui chegou na hora.
— Para que chamá-lo de senhor? Vocês já são íntimos. Relaxa, logo vão tirar vocês.
Aproveitem para comer bem e tirar férias, trabalham muito — digo com ironia.
— Não prestam nem para roubar, doutor. Vão seus merdas! — Ele leva os dois pra sala do
David.
Escuto meu irmão dizer: Estou começando a acreditar que vocês querem um caso comigo,
porque não saem do meu caminho.
Saio rindo da delegacia. Mas minha alegria morre quando vou entrar no meu carro.
— Não me conformo que o doutor esteja defendendo aquela menina.
— A sua filha, a senhora quis dizer.
— Eu sempre a odiei, desde que nasceu. Ela mereceu tudo isso. Merecia coisa pior.
— Estou começando a achar que a senhora tem algo a ver com isso que aconteceu.
Ela fica pálida e se afasta rapidamente, atravessando a rua.
Tem algo errado, talvez estejamos olhando de forma errada. Essa mulher tem muito ódio da
filha, iria adorar ver a Ana presa.
Entro no carro e sigo para casa.
CAPÍTULO 6
Estou definitivamente cansada de ficar trancada dentro da casa do Henrique. Tudo o que
mais quero é que esse pesadelo acabe rápido. Henrique não comenta nada comigo. Faz 3 dias
desde que tudo aconteceu. E eu não sei o que é ver o movimento fora desta casa. Todos aqui
dentro são muito sérios. Henrique está muito focado no trabalho e não o culpo. Ninguém da família
dele vem aqui. Já ouvi conversas dele ao telefone, falando com a família e indo se encontrar com
eles a trabalho. Estou com medo, não tenho um pingo de esperança de me livrar dessa bagunça.
Estou na enorme sala, sentada no chão, próxima as enormes janelas que dão acesso ao
jardim da casa. O dia está lindo, até parece que tudo o que aconteceu foi um pesadelo, aí acordei
e estava tudo normal, mas as lembranças retornam e vejo que tudo foi real.
— Admirando meu jardim?
Sorrio animada ao ouvir a voz do Henrique. Pelo menos, com ele aqui, tenho com quem
conversar e esquecer por instantes tudo o que aconteceu.
— Um belo jardim.
— Eu sei, fui eu que escolhi. — Sorri.
— Bom gosto, doutor.
Ele retira a gravata e o paletó, jogando no sofá junto com a pasta.
— Pergunte.
— Perguntar o quê?
— Eu sei que está passando muita coisa nessa cabecinha e que está com medo. Pergunte o
que quiser, não tenha medo.
— Eu só queria poder sair um pouco, me distrair. Não aguento mais ficar trancada aqui.
Esse habeas corpus é como não ter, pois estou aqui e me sinto em uma cela.
— Opa, minha casa é muito melhor que uma cela. — Ele se senta na mesa de madeira
rústica de centro. — A comida é melhor ainda e o cozinheiro, não tem igual.
— É sério. Eu agradeço tudo que está fazendo por mim, porém não aguento mais. Eu vou
pirar.
— Eu já estou pirando, você não tem noção.
Ele me olha diferente. Talvez eu esteja louca de vez, mas vejo amor em seus olhos. E meu
peito se enche de esperança de repente, só não sei pelo o quê em si.
— Por que está me olhando assim?
— Porque você é linda e merece ser olhada com amor e carinho.
Sinto minha pele esquentar. Devo estar muito vermelha. Abaixo a cabeça e meus cabelos
caem em camadas, cobrindo meu rosto.
Escuto seus passos e logo sinto suas mãos colocando meus cabelos para trás. Olho para ele,
agachado ao meu lado. Seu cheiro é tão bom. A cor de seus olhos brilham devido ao Sol.
— O que quer fazer?
— Sair um pouco.
— Eu tenho medo de você sair e algo acontecer.
— Não vai acontecer. Pelo menos, eu acho que não.
— Eu, infelizmente, não poderei ir, mas enviarei uma equipe de segurança com você. Pode
ser?
Olho animada para ele e sorrio.
— Pode. Aceito até a polícia atrás de mim, desde que eu possa sair um pouco.
— Ótimo. Vá se arrumar, vou prepará-los.
— Obrigada!
Levanto animada e corro para o quarto.
Não tenho como negar nada a ela. Sei que está sofrendo e tenho que diminuir este
sofrimento.
Chamo Luciano, que vem rapidamente até mim.
— Ana Louise vai sair. Quero homens na cola dela o tempo inteiro. Sem qualquer descuido.
Sem falhas. Vá junto.
— Não se preocupe, ficaremos bem de olho nela.
— Não precisa ficar tão de olho assim.
— Mas, senhor, como vamos cuidar sem ficar de olho?
— Se virem. Se eu sonhar que olharam para a bunda dela ou esbarram nela, eu mato
vocês. Não se esqueça nunca: nem sempre o volume em minhas calças é uma ereção.
— Senhor, seremos profissionais.
— Acho bom.
Ana aparece na sala com um short jeans, sapatilhas e uma camisa branca. Eu vou matar
minha irmã. Isso é roupa para arrumar para ela?
— Podemos ir? — ela pergunta.
— Sim.
Vou pegar a carteira e ela me interrompe.
— Não, não quero dinheiro. Eu só quero ir passear mesmo. Será rápido.
— Ana...
— Por favor, já fez muito por mim.
— Está bem.
Ela passa por mim e me dá um beijo no rosto.
— Vá de carro com eles.
— Certo.
Ela sai animada e fico feliz por isso. Luciano me olha e sorri.
— O que foi, palhaço? Virei dentista agora, para ficar me mostrando esse sorrisinho?
— Não, senhor.
— Vá logo — digo sorrindo, e ele se retira.
O restante do meu dia de ontem não poderia ter terminado melhor. Não tenho como negar,
estou completamente apaixonado pela minha cliente, a ruiva que domina meus pensamentos e me
faz querer matar o desgraçado que a está prejudicando.
Ontem, depois do nosso beijo, nada mais aconteceu, cada um dormiu em seu quarto. Eu não
queria e isso é obvio, mas ela quis assim, disse que prefere que as coisas sejam mais devagar até
toda essa história terminar, e a compreendi.
Hoje, estou no meu escritório no centro, esperando o pessoal vir. Minha irmã alega ter uma
pista muito forte e, quando se trata dela, não tenho como duvidar.
A porta, em instantes, se abre. Daiane, Marcos e David entram na sala.
— Olha só, meu aniversário e eu não lembrava. Cadê meu presente? — brinco.
— Sério mesmo que você é meu sobrinho? — Marcos pergunta.
— Eu acho que caiu quando nasceu — David provoca. — Aí, ficou assim...
— Os bebês podem parar para tratarmos do que realmente viemos fazer aqui? — a
morena alta e bem séria pergunta.
— OK. O que tem para nós, maninha? — pergunto.
— Eu encontrei uma pista, eu já tinha avisado o David, mas queria ter certeza antes.
— E como nos garante ser uma pista? — Marcos pergunta.
— Sério mesmo que está me questionando em uma pista, tio? — ela rebate.
— Desembucha — ele diz.
— Fui olhar todos os eventos da universidade que o Rodolfo trabalhava, porque, desde o
início, cismei que o assassino tem algum envolvimento com a faculdade. É um sexto sentido. E,
olhando as fotos dos eventos, encontrei uma coisa e, depois que o David me disse que ela alega
que ele não a levava aos eventos, tudo fez mais sentido.
— Pare de enrolar, seja direta! — digo.
Minha irmã sempre teve essa mania de explicar nos mínimos detalhes.
— Ele sempre tem fotos com vários alunos, mas tem uma aluna, especificamente, com quem
ele tem muito mais fotos.
— Sim, eu vi, uma loira, mas não vi nada demais — David diz.
— Também vi — digo.
— Vocês são idiotas ou o quê? — ela pergunta.
— Poderia te prender por desacato — David provoca.
— Tente! — ela diz, olhando seriamente para ele. — Eu sou mulher e conheço o olhar de
uma mulher que olha para um homem com segundas intenções. O olhar que ela direcionava a ele
em todas as fotos era muito suspeito. E por que muitas fotos justo com ela?
— Talvez ele seja o professor preferido dela — digo.
— Eu tive professores preferidos e nunca olhei daquele modo para eles. Aquele olhar tinha
segundas intenções. E o olhar que ele dirigia a ela era um olhar diferente de uma relação entre
professor e aluna.
— Faz sentindo, afinal, ele não queria a noiva presente nos eventos da faculdade e
começou a ficar estranho com ela. Talvez houvesse uma traição da parte dele — Marcos diz.
— Vão por mim, ele e aquela loira escondem algo, e ela é a chave para desvendar tudo
isso.
— Vamos à universidade, lembrando que estamos indo por conta própria, hoje é meu dia
de folga e não estou avisando a delegacia e nem aos meus homens. Delegado também tem regras
e leis.
— E desde quando os Escobar não interferem em algumas leis? — minha irmã diz, sorrindo.
— A pirralha está certa — Marcos diz.
— OK. O tempo máximo que aguento ao lado de vocês terminou. Fui, antes que me
contagiem com a doença da idiotice.
Ela sai, deixando-nos a sós.
— Vamos agora — digo.
— Coloque um terno, David — Marcos fala, e David o olha com cara de interrogação.
— O que tem de mais em uma calça jeans e camiseta branca? — pergunta.
— Na nossa profissão, tudo vai de como conseguimos intimidar quem está em nossa mira
com uma placa onde se lê: culpado — Marcos diz, sorrindo.
— OK. Pego um do Henrique, a casa dele é mais perto.
— Vou querer lavado e passado.
— Eu queria ser filho único e olhe só.
— Vim primeiro, você veio de enxerido.
— Meu Deus! Parecem duas crianças!
— Qual é, tio, você é apenas 3 anos mais velho que eu. Se somos crianças, você não foge
disso.
— Não é isso que as mulheres que levo para a cama dizem.
— Só na cama? — David provoca.
— Não dou detalhes de como ajo com as mulheres, mas, se quiserem uma aula, posso dar.
— Dispenso. Vamos logo — digo, sorrindo.
***
Chegamos à universidade e, por onde passamos, todos nos olham. O que não é nenhuma
novidade.
Fomos até a coordenação do local. Uma mulher alta, muito bonita, está distraída no
computador.
Encostamos perto dela, e ela se levanta assustada. É realmente muito bonita, um corpo belo,
cabelos longos na cor castanho claro. Porém minha ruiva continua sendo minha predileta e, pelo
visto, sempre será. Olho para meu tio, que a olha com um olhar que eu conheço muito bem, parece
um predador em noite de caça com este olhar.
— Bom dia — dizemos juntos.
— Bom dia, senhores, em que posso ajudar?
— Qual é o seu nome? — pergunto.
— Beatriz Ferreira.
— Somos...
— Sei quem são — ela interrompe meu irmão.
— Queremos que nos mostre onde todos os professores assinam o ponto ou algo do tipo —
digo, para não ser direto. Ela está nervosa.
— Sou eu quem cuido. Temos uma regra rígida aqui, eles têm que assinar e eu que coloco
no sistema as faltas ou presenças.
— Ótimo. Poderia nos informar se o professor Rodolfo Batista faltava frequentemente?
Já sabemos a resposta, mas David sabe o que faz.
— Olha, eu não tenho autorização para comentar sobre este professor. São ordens da
direção. Melhor falarem com eles.
— Já falamos com eles, porém suspeitamos que falta algo e gostaríamos de ir mais a
fundo. Poderia nos ajudar?
— Não posso, recebo ordens e as sigo. É meu emprego em risco.
— Está bem — David diz. — Obrigado.
Nos afastamos e ele cochicha em meu ouvido que não pode prejudicar o emprego dela.
Olhamos para trás e vimos que meu tio ficou. Voltamos, porque esse olhar dele não é nada bom.
— Senhorita Beatriz, acredito que tenha amigos e que se eles fossem acusados de algo
que não cometeram, faria de tudo para ajudá-los. Nós somos parte da autoridade deste país e
estamos aqui para ajudar uma pessoa que está sendo acusada injustamente. Você gostaria que à
noite, quando se deitasse em sua cama, a culpa lhe caísse por não ter ajudado alguém quando
podia? — ele diz.
— Está bem. Farei melhor, mas ficarão esperando aqui. Porque, como autoridades, sabem
que as ordens existem e muitos têm que as seguir. Com licença. — Ela passa por ele, esbarrando
com força.
— Nossa, se minhas funcionárias trabalhassem vestidas com roupas tão justas, eu estava
fodido — digo.
— Eu estaria preso — David diz, sorrindo.
— O que foi tio? Ela te deixou sem fala? — provoco.
— Essa boca atrevida vai me pagar. Nenhuma mulher jamais me tratou assim. Ela mexeu
com o homem errado.
— Não faça nenhuma merda, ela parece ser perigosa, já viu o tamanho do salto agulha
dela? Aquilo é um perigo e muito sexy — David diz, rindo, e eu o acompanho no riso.
— Vamos sair daqui — ele diz.
— Ela pediu para esperarmos. Não vamos abusar da ajuda da bela moça — digo,
provocando.
— Foda-se ela. Vamos! — ele diz.
— É para já, titio — David provoca.
— Você não está com seu colete a prova de balas, e eu estou armado! — Marcos diz. Está
nervoso.
— Resta saber de que forma está armado — digo, passando por ele, e escuto quando me
xinga.
Encontramos ela se aproximando de uma porta. Paramos atrás dela.
— Vocês realmente são o que dizem, não seguem regras, ordens, leis. — ela diz e dou um
sorriso.
Ela entra na sala e ficamos observando de lado, para não chamar atenção dos alunos
dentro dela.
— Liziara Araújo, preciso dela, professor.
— EU NÃO FIZ NADA! — escutamos uma moça gritar.
— Senhorita Liziara, acompanhe a nossa coordenadora.
Escutamos um barulho de carteira sendo empurrada. Olho disfarçadamente para que
ninguém me veja e vejo uma bela jovem se levantando. Eu não acredito que ela caiu. — Sorrio.
— ESTOU BEM, PROFESSOR!
— Tenha mais cuidado. Esse ano ainda morro! — o professor diz.
A jovem de cabelos negros e longos, com as pontas cacheadas, vestida em um short curto,
uma camisa branca e all star nos pés, aparece junto a Beatriz, que fecha a porta.
— Eu morri e não estava sabendo. Amiga, o que é isso aqui? Ai, meu pai. Eu estou
enfartando. É muita beleza. Eu morri!
— Não apronte nada. É meu emprego em jogo — Beatriz diz a ela. — Esta era uma das
alunas do professor Rodolfo e acho que podem conseguir algo com ela, já que os outros alunos
dele não querem falar nada sobre o assunto e estão proibidos.
— Eu não sigo regras, sabe.
— Somos dois — meu irmão diz, sorrindo maliciosamente. Não acredito que ele está
flertando com ela.
Beatriz nos deixa em uma sala privada e saí sob o olhar raivoso do meu tio.
— Lizilda...
— É Liziara, de onde tirou Lizilda, criatura? — ela diz a meu irmão e seguro um riso.
Meu tio está encostado na janela com as mãos no bolso, ele revira os olhos e sorri.
— Ai, me desculpa! Não me prenda. Me defende, senhor? — ela diz e sorrio.
— Eu que peço desculpas. Liziara, precisamos de algumas informações e acho que você
pode nos ajudar, pelo menos é o que sua amiga disse.
— Podem soltar a bomba... Quero dizer... Podem perguntar. Estou nervosa, vocês todos de
ternos pretos, sérios, estão me deixando intimidada.
Olho para meu tio, lembrando do que ele disse, e ele dá de ombros, sorrindo.
— Não precisa ficar nervosa. Só queremos saber sobre uma aluna — digo.
— E qual seria? — ela pergunta.
— O professor Rodolfo tinha alguma aluna preferida... — David diz.
— Na verdade, quer dizer alguma que ele tinha um caso? — concordamos. — Nunca vi
eles se beijando ou qualquer coisa do tipo, porém eu sempre estranhei ele com a Luana Silva.
— Uma loira? — meu tio pergunta.
— Isso mesmo.
— E por que estranhava? — pergunto.
— Ela é estranha por natureza. É a mais velha da turma, tem 28 anos. Eles sempre ficavam
na sala depois que todos saiam. Ele nunca a tratava como uma aluna, sempre com mais intimidade.
Nas festas ou eventos, como preferirem, eles simplesmente ficavam colados. Nenhum outro
professor ou funcionário dizia algo, mas os alunos, sim. Sempre estranhamos. Chegou um tempo em
que ele começou a faltar muito e, quando ele não vinha, ela não vinha. Estudo psicologia, sou nova,
tanto na idade quanto em tempo de faculdade, para julgar alguém da forma que irei julgar, mas
acredito que a loirinha seja bem psicopata, como sempre digo: a praga é porra louca. — Ela
arregala os olhos. — Perdão. Eu sou um desastre, nervosa falo o que não devo.
— Não, tudo bem — David diz, sorrindo. — Você tem certeza do que diz?
— Muita. Tenho medo dela, para falar a verdade. Ela é estranha. Algo nela é estranho. E
tenho certeza que eles tinham algo. E como sabemos ele era noivo, tenho muita pena da noiva, pois
sei que está levando a culpa pelo o que não cometeu.
— Como assim? Você sabe de algo? — pergunto alarmado.
— Não tenho como provar nada. Mas fazendo umas pesquisas para um trabalho, eu vi uns
casos de sociopatas, pessoas que são antissociais agem sem consciência, moral ou responsabilidade.
E tudo se encaixa com o jeito dela. Uma mulher apaixonada ou que acredite estar sendo engana,
sendo ela uma sociopata, é capaz de tudo. Ela era uma histriônica nas aulas dele, queria ser
sempre o centro das atenções, mas, em outras aulas, o comportamento mudava. Ela era paranoide
também, sempre desconfiava de que estávamos falando de algo sobre ela ou distorcia histórias.
Uma vez, teve um surto e quase me matou, se não fosse pelos seguranças, eu nem estaria aqui.
Olho para meu irmão.
— Temos tudo o que precisamos. Mais uma coisa, ela veio hoje?
— Saiu mais cedo.
— OK. Muito obrigado. Gostaria que isso ficasse em sigilo — David diz.
— Está bem. Agora tenho que ir, uma prova me espera.
— Pode ir — digo. — Obrigado.
— Eu posso dar um beijo em vocês? Sou muito fã — diz animada.
— Pode... — David diz desconfiado.
Ela dá um beijo em seu rosto e no meu, mas, quando vai cumprimentar meu tio, ele estende
a mão, e rimos.
— Ah, amanhã tem uma festa aqui e ela virá, pegou convite, acho que poderiam observar
ela de perto, isso iria ajudar mais. Realmente quero muito que a moça acusada consiga se livrar.
— E como fazemos para entrar sem chamar atenção de todos e, consequentemente, dela?
— Fique com o número do meu celular. — Ela passa o número — Quando estiverem perto,
me avisem e arrumarei um jeito de entrarem. Com licença.
Ela tropeça antes de sair e pede desculpas, envergonhada.
— Sério que vão escutar essa doida? Ela me assusta e não me assusto com mulheres —
meu tio diz e sorrio.
— As doidinhas são as melhores — David diz.
— Eu não acredito que, ao invés de vocês focarem no caso, ficam babando por aluna e
coordenadora.
— Disse o homem que está pegando a cliente ruiva e muito gostosa, em apenas quatro dias
— David provoca
— Presta atenção em como fala da Ana ou eu não terei medo de ser preso por te matar.
— Não está mais aqui quem falou!
— Vamos logo! — Marcos diz, passando por nós.
— Não vamos agradecer a Beatriz? — pergunto, provocando.
— Espero que ela não cruze meu caminho de novo ou vai se arrepender por ter feito o
que fez. Vamos embora daqui.
Ele diz, irritado, e vamos embora rindo dele.
Agora tudo faz sentido. Se esta tal de Luana for a culpada, estaremos salvos, pois virarei o
mundo de ponta cabeça, mas ela vai se entregar ou não me chamo Henrique Escobar.
CAPÍTULO 8
Tortura, é isso o que eu sinto. Estou sendo torturada pela vida. Cada dia que se passa, a
agonia aumenta e o medo vem com ela. O Henrique é o único que tem o poder de me distrair, seu
carinho e seu amor estão sendo minha base de apoio. É como se no meio da tempestade ele fosse
meu salva-vidas. Porém sinto que ele me esconde algo e não sei o que é e não sei se isso é bom ou
ruim.
Estou no quarto, sentada na cama, com a cabeça apoiada na cabeceira. Minha mãe, ou
melhor, minha família pouco está se importando e isso me deixa pior ainda. Eu já sabia do
desprezo deles por mim, mas não imaginava que iria além.
A porta do quarto abre. Henrique está apenas de calça social e camisa branca. A gravata
está em sua mão.
— Claro.
— Ana, você precisa comer. Chegou o laudo da perícia, fui informado agora e estou indo
para a delegacia.
— Posso ir junto?
— Deve. Porém vai precisar comer e me dar um beijo ou não irá. — Sorrio.
Ele me dá um beijo com carinho. Seu perfume me invade. Suas mãos seguram forte meu
rosto, sinto a gravata na minha bochecha. Ele morde meu lábio inferior. Estamos ofegantes. Ele
encosta a testa na minha e sorri.
— Isso não deveria estar acontecendo, droga! Seria realmente possível estarmos
apaixonados um pelo o outro em poucos dias?
Passo as mãos pelo cabelo e solto o ar com força. Me levanto e vou pegar as roupas.
Encontro ele na sala. Está conversando com o Luciano. Assim que me aproximo, ele se vira
para mim e sorri. Me aproximo dele, e ele passa o braço ao redor da minha cintura. Saímos assim,
até o estacionamento. Fomos escoltados pela equipe de segurança.
***
David está distraído, olhando várias coisas em cima da mesa e, com isso, não nota nossa
presença.
— Infelizmente, sim.
— Muita coisa não foi possível encontrar, porque, ou foi bem limpo, ou simplesmente não foi
tocado. As únicas coisas que obtiveram resultados confirmados foram as pegadas no chão, digitais
na arma, no corpo e no portão.
— Hoje vão juntar tudo. O advogado que cuida do caso da vítima vai verificar tudo e,
após as últimas análises, enviará tudo para o departamento de homicídios e, de lá, o caso será
passado ao juiz e, em breve, teremos o julgamento, porque, infelizmente, pela perícia, você já é
culpada, eles afirmam isso. E o advogado que entrou no caso, defendendo a vítima, também.
— Não acredito. Justo esse merdinha que não saí do meu pé!
— Hoje, coletarei tudo e estudarei todas as formas de libertá-la. Quero adiantar tudo para
no dia do julgamento não ser pego de surpresa.
— Que destino. Meu ex-professor de direito penal contra mim. Maravilha! — digo com
ironia.
— Não acredito que esse bosta que te deu aula. Pelo menos o infeliz é bom no que faz.
— Henrique, ele me odiava. Se ele não fosse bom, iria aprender a ser para acabar
comigo. Eu o questionava muito e isso o tirava do sério. Eu batia de frente com ele enquanto todos
o temiam. Ele vai me destruir, mais do que estou destruída.
— Meu amor, presta atenção: eu não sou conhecido por Detonador à toa. Nós dois não nos
suportamos. Ele virá com 10 armas contra você, e eu irei com 1000 coletes a prova de balas e, se
ele mirar na sua cabeça, já vai ter uma arma na dele, com o gatilho puxado. Luiz não vai ganhar.
— Ele me dá um beijo casto nos lábios.
— Hoje temos algo para resolver, irmãozinho, e tio Marcos vai ter que ir junto.
— Uma reunião um pouco boa para o David e fodida para mim e para meu tio. Afinal,
alguns Escobar vão a trabalho, já outros, pelo visto, não. — Sorrio.
— Vamos aproveitar e colher mais um depoimento seu, Ana. Fazer novas perguntas.
— Certo.
— Você sabe que ela só fala na presença do advogado dela, não é, irmãozinho?
— Henrique, eu vou interrogá-la, e não a assediar. Não precisa vir com ameaças.
— Nem sempre o volume em minhas pernas é uma ereção. Ande na linha sem tropeçar.
— Henrique! — chamo-o.
Nós três estamos encostados no bar. O lugar é escuro, apenas as luzes coloridas e, às
vezes, brancas que piscam iluminam. É bem no estilo de uma boate.
Liziara se aproxima. Está vestida em uma roupa que deveria ser proibida, de tão curta e
justa. Se Ana usar isso um dia, eu a enforco, se eu não enfartar antes.
— Ela está isolada no canto direito, próximo a mesa do DJ — Liziara diz. — E não fiquem
tão grudados ou chamaram mais atenção, porque já estão notando — ela diz e vai para trás do
bar.
Vou para o canto do bar, David continua no mesmo lugar e Marcos fica do outro lado.
Vejo a Liziara preparar bebidas. Deve ser a barwoman. David está de costas para o bar,
observando o movimento.
Viemos sem seguranças, porém estamos armados. Algumas pessoas já estão notando nossa
presença e cochicham, apontando. Não podemos chamar atenção ou nosso alvo vai desconfiar.
Marcos me olha e dá um sinal disfarçadamente, indicando que vai se aproximar do alvo. David me
olha e faz um sinal com o dedo que vai para onde o Marcos estava e para que eu vá para onde
ele está. Trocamos de lugar. Marcos está próximo ao alvo, que está sozinho, bebendo. Quando ela
olha para o Marcos, ele se vira rapidamente, disfarçando. Ele retorna até mim.
— É ela mesmo. Está sem ninguém pelo visto. Parece tranquila e muito observadora.
Marcos se vira como um louco e começa a olhá-la. Isso vai dar merda, não podemos
desviar do foco!
O bochicho começa, alguns se aproximam para ver se somos nós mesmos e se afastam. Isso
não é bom. Ligo para Daiane, ela sempre sabe o que fazer.
— Vai à merda! Os três patetas saem juntos e não querem chamar atenção? Me poupe.
Estou ocupada. Se virem sozinhos. Amo vocês. Beijos! — Ela desliga. Vou matá-la.
— Essa porra da língua afiada vai fingir que não estou aqui?! E esse puto do barman,
babando nela. Uma porra de um pirralho! — ele diz.
Tarde demais. Ele encosta ao lado dela. Olho para o David, que arregala os olhos. Meu
modo alerta é ativado. Encosto o mais próximo dele, sem ficar tão grudado.
Merda!
O barman fica sem jeito. Ele entrega a bebida a Beatriz, e eu torço que saía logo daqui de
perto.
— Vai fingir que não está me vendo mesmo? — ele pergunta a ela.
— Fugindo, língua afiada? Achei que fosse mais corajosa, depois do que fez, Bia — ele diz
a ela.
— Não estou fugindo. Estou ocupada. E, para o senhor, é Beatriz Ferreira. Com licença.
— Vamos focar na porra que viemos fazer aqui. Precisamos prestar somente atenção nas
atitudes do nosso alvo! — digo irritado.
— Você está certo... Porra, o reitor está vindo para cá, disfarça!
Olho para Liziara que, assim que vê o reitor, se assusta e derruba um copo, chamando
atenção, ele olha para ela, mas ela rapidamente disfarça, se empoleirando no balcão e puxando
o David pela camisa, o ataca, beijando. Olho para meu tio, que me olha franzindo o cenho. O
reitor olha para ela e sorri, como se já conhece as loucuras dela, e então ele se afasta. David a
puxa, pegando-a no colo e a coloca para fora do bar. Ele a agarra com força.
— Se o delegado falou, quem sou eu para discordar, não é mesmo, senhor juiz?
— Melhor vocês fazerem logo o que vieram fazer, antes que dê merda. — Liziara diz, se
afastando.
Ficamos a observando e é como a Liziara disse. Ela é estranha, antissocial. Não saiu do
lugar, não falou com ninguém. Apenas fica observando.
Ela, assim que nos vê, sai do lugar parecendo assustada e se mistura na multidão, sumindo
da nossa vista.
— Irei adorar! — Marcos diz, sorrindo. Esse adora um papo com o inimigo.
Saímos do evento e cada um foi para sua casa. Amanhã mesmo iremos visitar uma pessoa.
CAPÍTULO 9
Estou na delegacia. Hoje, eu e David, iremos falar com a tal da Luana Silva. Nosso tio não
poderá ir, tem compromisso.
— E se ela não confessar nada? Isso seria ótimo demais.
— Henrique, não seja pessimista! Vamos conseguir algo, porra.
Estou completamente chocada com tudo que ouvi da boca do Henrique. A ficha não caiu
ainda. Como ele pôde me trair e, ainda por cima, com uma aluna louca?! Eu sofrendo pela morte
dele, sendo acusada, quando a amante fez tudo isso. Fui humilhada e, mesmo depois de tudo ser
esclarecido, continuo sendo.
Fiquei esse tempo todo sendo uma burra!
Estou tremendo de ódio, alívio... muitas emoções ao mesmo tempo. A TV está ligada e passa
uma matéria sobre o caso. A porta da delegacia está lotada de repórteres.
— Eu não acredito que foi uma amante dele que fez isso? Como ele pôde me trair? Eu fui
acusada por um crime quando, na verdade, ele foi o causador da própria morte, se metendo com
uma louca! Minha família me virou as costas, quase fiquei na rua... Aquele... Eu...
Caio sentada no sofá, chorando desesperada.
— Ana, eu sinto muito, mas toda desgraça vem para uma vitória. Você está livre!
— Eu sei que não deveria sentir ódio, mas eu sinto muito ódio dele neste momento. Eu
queria que ele estivesse vivo, pois eu socaria muito a cara dele. Em cinco anos, tentei ser a mulher
perfeita para aquele idiota, e ele estava me traindo o tempo todo e levando aquela vadia para
transar na nossa cama, onde eu dormia com ele! — grito alterada.
A porta se abre e entram duas mulheres morenas e lindas.
— Filho, viemos para cá assim que soubemos.
— Mãe.
Eles se abraçam.
— Eu sinto tanto por tudo — a mãe dele me diz.
— Agora está tudo esclarecido. Eu sabia que você era inocente. — a morena diz.
— Essas são minha mãe, Paula e Daiane, minha irmã.
— Prazer. Já as conhecia por jornais, revistas... essas coisas.
Sorriem.
— Assim que soubemos, viemos para cá. David está indo à loucura na delegacia — Daiane
diz.
— Imagino. Quando aquela mulher entrou naquela sala e disse tudo aquilo, eu juro que eu
me controlei para não voar nela. O jeito que ela falava, gargalhava... Aquela porra é doente!
— Eu preciso... — Me levanto. — Preciso ir até um lugar.
— Aonde? Está louca? Sair com esse inferno lá fora? — Henrique diz nervoso — Você não
vai!
— Preciso ir até um lugar e agora! Prometo voltar. Com licença.
***
Saio e vou até a casa da minha família, que fica bem próxima.
Empurro o portão baixo, que sempre está aberto esse horário. Bato à porta com força.
A porta se abre, revelando Francisco, meu pai.
— Louise?!
— Surpreso, pai?! — pergunto com ironia.
Entro na casa e minha mãe, que estava no sofá, se levanta rapidamente.
— O que faz aqui sua assassina?!
Olho para TV e está passando um filme.
— Pelo visto, Marcela ainda não viu! — Pego o controle e coloco no canal da TV local.
Eles olham para TV e ficam assustados.
— Então... — minha mãe começa a dizer, mas para.
— Eu sempre fui inocente. Mas vocês simplesmente me viraram as costas. Até um advogado
contrataram para me prejudicar. Você, mãe, me humilhou. E você, pai, pouco se importou. Eu sofri a
cada dia desse inferno e minha família fez pouco caso. Fui amparada pelo meu advogado, a
quem devo muito! Mas a justiça felizmente foi feita. A filha assassina estava sendo traída pelo noivo
e, por culpa da amante dele, foi acusada, mas vocês nem se importam, não é mesmo? A partir de
hoje, não me procurem nunca mais e pensem muito bem antes de dizerem qualquer coisa sobre
mim!
Deixo eles boquiabertos. E me viro para ir embora, sentindo um completo alívio.
Saio da casa e me assusto ao ver Luciano no portão.
— Senhorita, me perdoe, mas o patrão me mandou te seguir...
— Tudo bem, Luciano, não se preocupe.
Voltamos para a casa do Henrique, onde agora encontro Marcos também. Ele me olha e
sorri.
— Parece que não será desta vez que terei uma bela ruiva no tribunal. — diz e sorrio.
— Parece que não!
— Você sabe que está totalmente livre agora e pode sair daqui e ir curtir sua liberdade,
não é? — Henrique diz, parecendo preocupado.
— Sei. Mas, doutor, acredito que eu tenha que te pagar por seus serviços.
Ele se aproxima, sorrindo.
Pulo em seus braços e ele me segura. Me rodopia.
— Estou livre.... LIVRE!
— Sim.
Ele me coloca no chão e me beija com carinho, e retribuo na mesma intensidade.
— Porra, porque escolhi ser juiz? — Marcos diz enquanto se senta no sofá.
— Porque todos nessa família não tem amor à vida e nem a mim! — Paula fala e todos
riem.
— Mamãe, menos drama... Deixe eu ir, o dever me chama — Daiane diz.
— Nos chama. Vamos, pirralha! — Marcos fala para ela.
— Deveríamos comemorar — Daiane diz animada.
— Como nos velhos tempos? — Henrique pergunta.
— Isso mesmo — Marcos responde.
— Eu ainda vou enfartar com essa família. Até você, Marcos, entrando nas farras dos meus
filhos? Onde eu errei?!
Henrique abraça a mãe por trás.
— Você errou em ter o David, mas ele não precisa saber disso.
— Sai daqui, seu palhaço! — Ela bate nele, que começa a rir. — Linda, adorei conhecer
você. Saiba que pode contar sempre conosco. Erga a cabeça e siga em frente, pois o mundo te
espera, mesmo já sabendo que escolheu uma profissão para loucos, Daiane me falou que é
advogada criminalista!
— Obrigado, pela parte que me toca! — Henrique diz.
— Muito obrigada! — digo a ela.
À noite, todos nós fomos a uma boate, como fazíamos no início de nossas carreiras quando
alguém ganhava um caso. Uma vitória sempre merece ser comemorada, mesmo que antes dela
muitas desgraças tenham vindo.
Luciano fica próximo com a equipe. Estamos na área VIP.
— Eu ainda acho que eu não deveria estar aqui — Ana diz.
— Você merece comemorar sua vitória.
Começa a tocar Fifth Harmony - Worth It ft. Kid Ink.
— Vamos dançar? Amo essa música! — Daiane grita.
— Eu topo — David diz.
Marcos se levanta junto com eles.
— Vocês vêm, não é? — Daiane pergunta a nós.
— Eu vou ficar aqui, por enquanto, mas vão lá! — Ana diz.
— Uma porra. Não aguentei tudo aquilo, hoje e esses dias, por você para, quando
inocentada, ficar amuada. Levanta essa bunda daí! — David fala.
— Vou me arrepender de dizer isso, mas estou com meu irmão nessa! — falo.
— Está bem, vamos!
— Ótimo, pensei que teria que arrastar você — Marcos diz.
— Ninguém me arrasta, nem mesmo um juiz! — ela fala.
— Foi um desafio, senhorita Ferdinand?
— Não, foi um aviso. — Dá uma piscadela e se vira. — Sempre quis dizer isso. — Rio.
Descemos para a pista de dança. Algumas pessoas nos olham e isso é normal toda vez que
saímos juntos.
Formamos uma rodinha onde dançamos. Daiane dança com David e Marcos, levando o
olhar de todos a eles. Danço com Ana, porque jamais deixaria que ela dançasse com eles desse
modo, conheço bem meu tio e meu irmão.
Agarro ela por trás e dançamos juntos no ritmo da música. A ruiva provocadora se vira
para mim, colocando uma das mãos em meu ombro enquanto dança se esfregando em mim.
Me aproximo de seu ouvido e digo:
— Não provoque, não aqui.
— Estou apenas dançando. Achei que eu tinha que comemorar.
Puxo-a para mim com força, prendendo-a completamente a mim.
Beijo-a com intensidade enquanto minha mão livre alisa seu corpo, e nos mexemos,
dançando.
Outra música se inicia, e continuamos dançando ao som dela: Major Lazer & DJ Snake –
Lean On.
Chupo sua língua e ela aperta forte meu braço.
David a puxa para ele, rindo, e Daiane começa a dançar na minha frente.
— Que porra ele pensa que está fazendo?!
— Dançando. E evitando dos dois darem um show aqui. — Ela ri.
Puxo a Ana para mim, e ela ri.
— Vamos terminar a noite em outro lugar!
— Que lugar seria?
— Descobrirá em breve.
CAPÍTULO 11
Tempos depois...
Porra, estou vivendo a melhor temporada da minha vida. Quem diria que eu um dia estaria
casado com uma mulher que já foi minha cliente e que foi amor à primeira vista? Com toda
certeza, eu não diria.
— Posso roubar a noiva para uma dança? — Marcos pergunta.
— Não — respondo.
— Henrique!
— Ele perguntou e eu, muito educado, respondi.
— Pode roubar, sim — ela diz.
— Quem diria, uma mulher tendo autoridade, e não você! — Marcos provoca.
— Você pode até ser meu tio, mas isso não vai evitar que eu soque sua cara.
— Tente!
— Ninguém vai socar nada! Ela dança comigo! — David a puxa.
— Perdeu a vez, juiz — Ana provoca.
— Nunca perco. Ele só vai dançar agora com você porque gosto de fazer caridade.
Rio.
— Sei bem a caridade que faz.
— Vai para a porra, Henrique!
— É muito cara a passagem para ir a porra?
— Não sei por que perco meu tempo com você!
Ele se afasta.
David a leva para dançar.
— A que ponto chegamos, eu tendo que pedir ao meu filho uma dança!
— Mas não pediu!
— Foi uma ironia, Henrique!
— Ah, tá. Então, vai pedir?!
— Henrique!
— OK. É tímida!
— Eu acho que seu exame de pesinho acusou algo e não reparei, menino!
— Adorei o menino, me senti novo.
— Vai levar sua mãe para dançar?
— Não estou com muita vontade!
— Eu juro que vou te dar uns petelecos!
Rio.
— Vamos, minha rainha!
Pego ela no colo e ela grita assustada. Todos nos olham, rindo.
— Sua praga, me coloca no chão. Henrique, eu vou cair! Você vai me derrubar. Socorro. —
Ela bate no meu ombro e rio.
Coloco ela de pé na pista de dança.
— Eu juro que não sei onde errei! — diz, arrumando o vestido.
— Já disse que foi em ter o David.
A música Rude, do Magic, começa a tocar e ser cantada suavemente pela banda que anima
o ambiente.
— Quer dançar a moda do século XIX, que foi seu tempo ou...
— Menino, me respeite ou te bato aqui mesmo! — diz, rindo.
— Que advogada civil mais agressiva.
— Ter dois filhos terríveis e um cunhado pior que eles me fez ficar assim.
Rio.
Ficamos dançando.
Olho para a Ana e sorrio. Ela está linda. A minha Senhora Escobar.
— Você está tão feliz — Minha mãe diz e a olho.
— Estou, mãe. Muito feliz! Ela foi a melhor coisa que me aconteceu.
— Fico tão feliz em saber que você encontrou sua outra metade. Seu pai e eu tínhamos
esse mesmo olhar que vocês dois... Um olhar apaixonado e tivemos até seu último dia. Sei que,
onde ele estiver, está transbordando alegria por você.
Sorrio e dou um beijo em sua testa.
A dança termina e busco minha esposa.
— Já disse que te amo?
— Hoje? Acho que não — responde, rindo.
— Acho que é uma péssima mentirosa.
— Também acho.
Dou um beijo nela.
— Te amo, meu Anjo ruivo.
— Te amo, meu advogato. Mas, não me enrola. Diz logo para onde iremos viajar!
— Está bem, curiosa! Nós iremos para Miami.
Ela ri.
— Não acredito. Então, vai finamente conseguir suas férias para Miami.
— Virou um desafio viajar para lá!
— Então, vamos para Miami.
— Nas minhas férias, eu teria muitas americanas.
Ela me dá um tapa no braço.
— Eu te jogo do avião.
— E quem iria te defender?
— Não pensei ainda nisso.
— Anjo, suas ideias nunca são tão boas.
— Percebeu isso desde que me conheceu ou fez um cursinho?
— Me formei ontem no cursinho quando você tentou aprender a atirar.
— Em minha defesa... Pera aí, como sabe? Marcos e David te proibiram de ficar perto de
mim para a despedida de solteiro.
— Um Escobar nunca revela seus segredos.
— Bom saber, pois não revelarei meu segredo por baixo desse vestido.
— Isso é jogo sujo.
— Quem disse que um Escobar joga limpo?!
— Boa. Por falar nisso, que tal fugirmos daqui e partirmos para nossa viagem?
— Bom plano.
— Então venha!
Pego ela no colo e a jogo por cima do ombro. Ela começa a rir.
— Estou raptando essa linda ruiva e, se alguém olhar para a bunda dela, não me
responsabilizo por meus atos, pois nem sempre o volume entre minhas pernas é uma ereção.
Agradecemos a todos por compartilhar esse maravilhoso dia, mas temos necessidades.
— HENRIQUE! — ela grita e todos riem.
FIM
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus leitores do Wattpad que piraram muito com a história e me alegram
com seu carinho.
Obrigada a Editora Angel por mais essa oportunidade, pois, mesmo sabendo que era um
conto, de tão pequeno, quis fazer em formato físico e deixou tudo lindo.
Obrigada a revisora, que deixou tudo mais caprichado.
Obrigada ao senhor Google, que me ajudou em muitas coisas para poder escrever.
E, por fim, obrigada a Dona Clarice, minha amada mãe, que me salvou em diversas dúvidas
para escrever essa história.
Não me esqueci de você que está lendo, não. Muito obrigada a você que pegou essa
pequena história para folhear e ver se agradava e obrigada a você que comprou e terminou de
ler neste momento.
PLAYLIST
Fifth Harmony - Worth It ft. Kid Ink
Magic - Rude
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Nota da autora
Capíulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Epílogo
Agradecimentos
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Nota da autora
Caros leitores, este livro... melhor dizendo,
este conto foi feito com muito amor e carinho.
Torço para que gostem. Fazer uma história que
envolva um lado criminal, mesmo sendo muito
curta, não foi fácil, e foram feitas algumas
pesquisas. Tudo aqui é totalmente ficcional.
Pulei alguns atos da lei para não falar demais e
acabar falando coisas sem sentido. Espero que
gostem.
Com amor, Deby.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capíulo 1
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Quando se tem 22 anos, e não se tem juízo, é
um caso muito sério. E este é meu caso. Eu
confesso que não tenho juízo. Sou muito
impulsiva, faço as coisas, e depois que vou
pensar na loucura que fiz. Há meses larguei o
curso de psicologia em uma renomada
universidade. Meus pais ficaram loucos, não
porque querem um futuro bom para mim, mas
porque se preocupam demais com o que a
sociedade vai dizer, já que são empresários, e
tem amigos que adoram uma fofoca. Desde que
larguei o curso, eles tornaram um inferno minha
vida, e por isso sai de casa. Não aguentava mais
ter que ficar dependendo deles para tudo e
aguentando os surtos que eles davam. Então
arrumei um emprego como barwoman e vim
morar em um apartamento junto a minha
melhor amiga, Beatriz, que é coordenadora da
universidade que eu estudava. E confesso que
estou mais feliz agora do que antes. Quem sabe
daqui um tempo eu decida se é psicologia que eu
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
bochecha.
— Oi Bia, dormiu comigo essa noite? — ele
provoca.
— Dormi, e foi uma maravilha! — ela rebate
e eu rio.
— Pare de atormentá-la.
— Sou um anjo.
— Sabemos! — ela e eu dizemos em
uníssono.
Ele da partida no carro.
O celular dele começa a tocar.
— Pega aqui, amor. Deve ser minha mãe
pirando comigo.
Pego o celular no bolso que ele indica
enquanto continua dirigindo. Olho na tela e é a
própria.
— O que eu devo dizer?
— Que está trânsito, e por isso estou
demorando.
— Resumindo: você mentiu dizendo que
estava na delegacia, e na verdade estava perdido
no meio das pernas de uma mulher, acertei?
— Basicamente.
— Bia, fica com essa função... não sou boa
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
bem conhecidos.
— Até que enfim chegaram! — Daiane, a
irmã mais nova, diz.
— O trânsito estava péssimo. — digo e David
sorri.
— Sei qual é este trânsito. A mim ele não
engana. Sigam para o Jardim dos fundos, mamãe
e Ana estão lá.
Deixamos o presente no sofá e fomos para o
jardim dos fundos enquanto Daiane ficou na
sala.
Dona Paula vem rapidamente nos
cumprimentar, seguida da Ana.
— Achei que não viriam. — Ana diz.
— E perder festinha de criança com muitas
besteiras para comer? Nunca! — brinco.
Sorrimos.
— Beatriz, isso é uma miragem? Não
acredito que veio! — ela diz, e a Bia sorri
timidamente.
— Adoro a Yasmim, faço sacrifícios por ela.
Rimos, pois sabemos ao que ela se refere.
Beatriz e Marcos não se dão bem desde a vez
em que ele foi meio estupido com ela na
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Marcos pergunta.
— Claro, tio!
— Essa porra não presta nem para mentir.
Passei na delegacia e você estava de folga hoje.
— ele diz, rindo.
— Definitivamente não é meu irmão! Não
sabe nem mentir. — Henrique provoca ainda
mais.
— Seu filho de uma boa mãe! Eu não
acredito que me enganou. E você ajudou, Liziara!
— Paula diz e dá um tapa em seu braço.
— Em minha defesa, fui obrigada! Não foi,
Bia?
— Total! — ela responde com ironia.
— Muito obrigado, pela ajuda! — ele diz
para a gente.
— Lizi, pegue as bebidas lá dentro, por favor.
Preciso ligar para minha mãe, e ver o que ela
quer dessa vez. Nunca vou ter paz, pelo visto. —
Ana diz.
— Claro, mas vou precisar de ajuda se for
muita coisa.
— Vamos, porra louca, eu te ajudo. —
Marcos fala.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Eu também.
Temos uma regra: Quando um vai para cama
com outra pessoa, nada de sexo entre nós.
— Vai dormir aqui?
— Não sei. Amanhã entro cedo no trabalho.
— Eu te levo.
— OK. Devo ter roupa ainda aqui.
— Tem sim. Vou tomar um banho.
— Pega o controle da TV para mim.
— Folgada!
— Quanta calunia!
Ele ri e me joga o controle.
Depois que ele toma banho, eu faço o
mesmo, e coloco uma camiseta dele, pois as
minhas roupas que estão lá não são nada
confortáveis.
Deitamos na cama. Ele me agarra e deito a
cabeça em seu peito. A TV está ligada, e está
passando um filme.
O celular dele toca e ele atende.
— Oi... Amanhã?... OK... Te aguardo... Beijos...
Ele desliga.
Interrompem o filme para uma alerta.
— Acabamos de recebe a notícia, que Jorge, o
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 2
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
David me deixou na boate em que trabalho.
Não consegui dormir nada bem. Ele ficou quase
que a noite toda acordado, levantando e
deitando. Está preocupado; e eu no lugar dele
também ficaria. Ser um Escobar exige muita
segurança, e para piorar, ele é um delegado, o
que complica ainda mais a situação.
Quando começamos a ter uma amizade, ele
sempre me disse que todos que entram para
família, seja da forma que for, passam a correr
riscos; e por isso começou a me treinar, me
ensinar a atirar e lutar. Sou um desastre com
tudo, eu confesso, mas faço porque sei que isso o
deixa tranquilo.
Daniel, o dono da boate, me chama.
— Sim?
— Você está com a cara péssima. Dê um jeito
ou vai espantar nossos clientes. Sair com o
delegado está acabando com você! Passe um
blush e um corretivo!
Sim, ele é gay, e um amor quando quer.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Merda!
— O que foi?
— Um rolo bem grande. E tenho medo de
como isso vai acabar.
— Esse cara é furada. Se meter com um
Escobar é furada. Você mesmo sabe disso desde
que o tal do Henrique se casou com a cliente que
foi acusada de assassinar o noivo.
— Mas foi provado que ela não fez nada. E
tem mais, ambos se amam. Foi amor à primeira
vista. E saiba que eu queria muito um dia ter um
amor como o deles.
— Que seja. Se cuida, os caras vivem no
perigo. Não é brincadeira se envolver com um
delegado. Te conheço desde que entrou na
faculdade, e sei que seu estilo é diferente do
dele... Você não está pronta para enfrentar o que
ele enfrenta. Você foi interrogada por ele e pela
família para resolver o caso da esposa do irmão
dele que eu sei, e colocou eles dentro da festa da
faculdade quando trabalhamos nela...
— Eu não fiz...
— Não minta. Eu sei, te conheço bem.
Sempre quer ajudar, e acho legal isso. Mas desde
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
A boate abre.
Joaquim não tocou mais no assunto, e
agradeci por isso.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou parecendo louco desde que soube que
o filho da puta do Jorge fugiu. Não dormi de
noite. Estou uma pilha de nervos. E para ajudar,
fui informado que receberam uma ligação que
ele foi visto aqui na cidade. Dobrei a segurança
da minha mãe e minha irmã. Já falei com o
Henrique e meu tio Marcos para dobrarem a
segurança deles. Mandei seguranças disfarçados
para ficarem de olho na boate que a Liziara
trabalha, e na faculdade da Beatriz. Ela não
convive muito conosco, mas é muito amiga da
Liziara, e quanto mais segurança, melhor.
Cleber, grande policial e amigo, entra na
minha sala.
— Está péssimo.
— E como! Alguma novidade sobre o Jorge?
— Nada. O cara parece fantasma, some e
aparece.
— Precisamos encontrá-lo antes que ele
tente algo.
— Faremos o necessário.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Já está quase na hora do almoço. Minha mãe
vai me matar, mas vou chegar atrasada.
Ligo para o David, que depois de uma
eternidade, atende.
— Hoje o almoço será nível família Araújo.
— digo e escuto sua risada.
— Bem que eu queria aguentar as loucuras
dos seus pais e provocá-los, mas não poderei
almoçar com você hoje.
— Mentira. Não me deixe sozinha! Um casal
de amigos dos meus pais vão estar lá, e minha
mãe me ligou enchendo o saco. Sabe que nunca
dá certo almoçar com eles porque sempre
brigamos. Você tem que ir junto, é um caso de
vida ou morte.
— Eu sinto muito, mas não poderei. Hoje
chega uma nova policial e ela vai precisar de
mim. E tenho muita coisa para fazer.
— OK. Sem problemas. Nos vemos a noite?
— Não sei, mas é provável que não. O dia
será cheio hoje. Na verdade, parece que a
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 3
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Levei Poliana para almoçar em casa. Não
porque eu realmente queria, mas porque minha
mãe soube da vinda dela e me intimou a isto. Ela
e eu éramos muitos apegamos na faculdade, e
com isso sempre estávamos juntos. Minha mãe
criava uma expectativa com a gente, porém
mesmo que naquela época eu quisesse algo, não
rolaria. Poliana parecia cortar para o outro lado.
Enfim, eu deveria estar trabalhando com ela
e buscado pelo Jorge ao invés de estar
almoçando.
Minha mãe está animada com ela, e a
conversa flui. Dou risada algumas vezes para
não deixar elas constrangidas por acharem que
estou dando atenção a tudo, quando não estou.
— Que bom que retornou. Eu sabia que não
se adaptaria a tanto tempo no interior. Você é
agitada demais. — minha mãe diz e ela sorri. —
Poliana Gonçalves, é uma moça de adrenalina.
Igual aos meus filhos, que não tem amor a vida e
a mim.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Sorrio.
— Viver no interior é muito bom, mas
apenas para descanso. Eu realmente gosto de
agitação. Me enviarem para cá foi a melhor
coisa, e não evitei. Quando soube que era para
trabalhar na equipe do David, vim rapidamente.
— Ela sorri para mim, e retribuo para não deixá-
la sem jeito.
Vejo a Marcela disfarçadamente me
chamando.
— Já venho. — digo a elas e me retiro.
Entro em casa.
Marcela está com uma cara estranha.
— O que houve, mulher? Parece que alguém
morreu.
— Senhor...
— David! Ainda não aprendeu?
— David, a senhorita Liziara veio aqui. Ela
pediu para eu não dizer nada, mas ela saiu tão
triste... o Luciano disse que ela chegou estranha
e foi embora pior, e nem aceitou carona dos
seguranças. Estou preocupada. Ela viu vocês lá
fora. Eu a encontrei... coitadinha, estava mal. Um
lado de seu rosto estava bem marcado, e os
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou deitada na sala, lendo um livro, mas
não estou prestando muita atenção. Prova disso
é que já li o mesmo parágrafo cinco vezes.
Olho meu celular toda hora, e não tem uma
alma boa me ligando.
A campainha toca, e só pode ser alguém com
autorização para subir.
— Não tem ninguém!
— Esse ninguém poderia abrir a porta? —
David! Merda.
Levanto e abro a porta.
Ele me olha e sorri.
— Posso?
— Entra. — digo secamente.
Ele entra e eu fecho a porta. Sento no sofá e
coloco as pernas em cima dele.
Ele se senta ao meu lado e puxa minhas
pernas para seu colo.
— Não estaria ocupado? — pergunto.
— Sim. Mas fiquei sabendo que alguém me
viu hoje e nem foi me dar um beijo. Talvez um
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
no rosto.
— Se cuida, minha maluquinha.
— Está falando com uma pessoa que
aprendeu a atirar, então não tente me comprar
com carinho.
— Esse é meu medo. A maioria das pessoas
que morrem afogadas é porque sabiam nadar.
— Relaxa, não sei nadar.
— Você entendeu o que eu disse. — Sorrio.
Ele sai.
— David? — Ele me olha — Não me esconda
mais nada, por favor.
— Pode deixar. — Ele dá uma piscadela.
Fecho a porta e me jogo no sofá.
Polivaca chega depois de não sei quanto
tempo e vem querer tirar meu tempo com o meu
delegato. Estava demorando para eu dançar
nessa merda. Eu preciso me desapaixonar do
David com urgência, antes que pire de vez!
— Vou tomar um banho, porque aquele
idiota me deixou molhada. Que broxe com todas
as mulheres! — Merda, falando sozinha de novo.
Tomo um banho e coloco um vestido.
Pego bolacha e vou para o sofá tentar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Amei tudo.
Mas deveria saber que suborno é crime.
Vou pensar no seu caso sobre a lingerie. Estou
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Ele responde:
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 4
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou na sala de treinamento. Depois que me
despedi de Liziara, comprei os presentes para
ela e vim para delegacia.
Poliana está treinando tiros, e estou
observando. Ela tem equilíbrio quando atira,
mas tem alguns pontos muito negativos que
podem prejudicá-la.
— Abra um pouco mais as pernas. — digo a
ela e ela o faz.
— Assim?
— Isso. Outra coisa, você tem que ver qual
olho te faz ter a melhor mira. Está acertando
quando atira, mas depois de várias tentativas.
— É porque você está me deixando nervosa.
Nunca treinei com um delegado! — sorrio.
— Esquece que sou delegado. Sou apenas o
David aqui.
— Ok.
— Tenta de novo.
Ela respira fundo e tenta novamente, mas
erra.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Ela responde:
Relaxa! Beijos.
ofendido.
— Até que enfim chegou, meu filho! —
minha mãe diz, entrando junto com a Dona
Jurema.
— Olha só, Henrique vai ficar enciumado que
está cozinhando para mim, Juju. — brinco e dou
um beijo nela. — Está cheirosa. Não quer ir para
meu apartamento?
— Me respeite, menino! — Ela bate com o
pano de prato no meu braço e sorrio.
Ela deixa a jarra de suco na mesa e se retira.
— Deixe ela em paz. Já basta o Henrique a
atormentando. — minha mãe diz, se sentando.
— O Henrique tem sérios probleminhas, eu
já disse.
— E você tem o que? — Daiane provoca.
— Fica quieta ai que a conversa ainda não
chegou na miss Sabe Tudo.
— Como você é idiota, David!
— Parem os dois. Parece que têm dois anos.
Por favor! — minha mãe repreende.
Olho para a Daiane e começamos a rir.
— Vocês ainda vão me enlouquecer! —
minha mãe fala.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
rebate.
— Não sei porque agem assim. Ela é uma boa
moça, um pouco vulgar as vezes e oferecida, mas
é boa moça. Porém jamais desejaria ela para
algum dos meus meninos... mas não escolho,
infelizmente.
— Mãe, eu não quero nada, nem com ela e
nem com ninguém.
— E a Liziara sabe disso? — Marcos
pergunta sorrindo.
— Porra, chega desse assunto. Vamos
comer? — Estou irritado.
— Vamos esperar mais um pouco para ver se
ela vem. — minha mãe diz. — E cadê a minha
menina?
— Trabalhando. — respondo.
— Estou com saudades dela. Ela anima
qualquer um. — não consigo evitar e sorrio.
Minha mãe se levanta sorrindo. Viro para
trás.
— Que bom que chegou! — minha mãe diz
educadamente.
Poliana está com um vestido preto, justo, de
mangas longas, um pouco acima dos joelhos. E
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
pergunta a Poliana.
— Não encontrei a pessoa certa ainda. — ela
responde sorrindo.
Tomo um gole do meu vinho.
Terminamos de comer e nos retiramos para
a sala. Sento, e a Poliana faz questão de sentar ao
meu lado. Esse grude está começando a me
irritar.
— David está te ajudando a treinar? —
minha mãe pergunta animada.
— Está sim. E estou melhorando cada vez
mais.
— Apenas está pegando rápido o que eu
ensino. — digo e sorrio.
Meu celular vibra e é uma mensagem da
Beatriz. — Franzo o cenho, estranhando.
— Algum problema? — Marcos pergunta em
alerta.
— Beatriz me enviando mensagens.
— A praga sabe atrapalhar uma boa
conversar!
Sorrio.
— Não ligue, Poliana. Beatriz é uma amiga da
família... e ela e Marcos são como cão e gato. —
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
descansar.
Ela concorda e se levanta, indo ao banheiro.
Quando ela entra no banheiro ligo para o
Marcos.
— O que houve? — ele já pergunta.
— Aquele filho da puta mexeu com a pessoa
errada. Vai ser do nosso jeito agora. Fodam-se as
leis. Eu quero esse filho da puta morto!
— Estava me perguntando quando diria isso.
Quando começamos a agir do nosso jeito?
— Amanhã. Avise Daiane... menos ao
Henrique, ele precisa descansar.
— Pode deixar. Até amanhã.
— Passo no seu escritório.
— Ficarei no aguardo.
— Até.
Desligo.
Entro no banheiro e vejo o sutiã que dei a ela
no chão.
Abro o box, e ela está apenas com a calcinha
do conjunto do sutiã. Está lavando os cabelos.
— Achei que eu tinha dado um aviso sobre
essa lingerie. Eu não acredito que descumpriu
uma ordem de um delegado!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 5
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Acordei sem o David na cama. Ele apenas
deixou um bilhete, dizendo que tinha que se
encontrar com o Marcos e a irmã. Por mim, eu
passaria o resto do dia na cama, mas tenho
coisas para fazer.
Levanto, e prendo o cabelo.
Entro no banheiro e paro em frente ao
espelho. Estou com cara de quem passou a noite
na balada. Eu me aproximo do espelho para
olhar uma pequena manchinha no meu pescoço.
— Filho da puta, ele fez de propósito. Eu não
acredito que o David me deixou um chupão!
Pequeno, mas deixou! Ele sabe que odeio isso.
Estou me sentindo no início da faculdade
vendo isso, quando eu simplesmente queria
saber de sair cada semana com um cara
diferente, e eu sempre aparecia com marcas.
Acho que é por isso que odeio que me marquem.
Foi uma época difícil. Eu tinha 18 anos, meus
pais me obrigaram a entrar para a faculdade, e
eu, como sempre, só queria ter atenção deles, e
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Dias Depois...
Não vejo a Liziara a dias, e não tenho uma
pista sequer sobre o paradeiro do Jorge. Estou
enlouquecendo.
Meu tio e Daiane estão me ajudando na
procura daquele imbecil, mas está difícil… é
como procurar uma agulha no palheiro. Cleber
também tem feito de tudo, mas não posso
arriscar muito com ele, porque não quero que
ele se prejudique fazendo algo fora da lei. É meu
melhor amigo, mas não posso arriscar tanto.
Poliana não desgruda de mim, e tendo que
treiná-la, prejudica mais ainda meu tempo.
Sei que a Liziara deve estar pirando comigo,
porque nem tempo de pegar no meu celular
ando tendo. Está foda a situação, e não sei mais
para onde correr ou o que fazer.
Entro na minha sala. Paulo ainda está
trabalhando.
— Ainda aqui? Pode ir já.
— Estou finalizando umas coisas. E você, já
não era para ter ido?
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Foda.
— E como. Encontrei ele e a esposa na sala
quando cheguei, e ela saiu bem brava daqui. Aí
ele me contou o que aconteceu.
— Débora não a suporta… e nunca
conviveram juntas.
— Estou com a esposa do Cleber. Não
suporto a Poliana. Acho ela muito vulgar,
oferecida. E me desculpa, mas ela é louca por
você. Essa daí é perigosa, fique de olho.
Alguém bate na porta.
— David? — É a Poliana.
Olho para o Paulo.
— Eu não estou! — cochicho para ele.
Levanto rapidamente e entro no banheiro.
Espero uns minutos até que Paulo diz que já
posso sair.
— Porra, vivi para ver você fugir de mulher!
Rio.
— Hoje não estou com cabeça para nada.
Olho no relógio e são nove horas da noite.
— Estou saindo, não volto hoje. — digo a ele.
— Oh vida boa! — brinca.
— Nem tanto!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
sorrindo.
— Cala a boca, porra!
— Me respeita, sobrinho! — provoca.
— Melhor pedir bebidas! — Débora diz.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou querendo matar o Joaquim. Como
aquele filho da puta foi capaz de me agarra e me
beijar?
Acertei um tapa na cara dele, e só não fiz
mais porque eu tinha que entrar para trabalhar.
Esse imbecil foi longe demais!
Beatriz encosta no balcão.
— Com essa cara vai espantar os clientes. —
ela brinca.
— Eu quero espantar a praga que trabalha
comigo!
— Essa cara não é apenas porque o Joaquim
foi um idiota. Você e o David não se veem há
dias. O que aconteceu?
Preparo as bebidas dos pedidos.
— Ele é outro filho da puta. Vive mentindo
para mim desde que aquela idiota da amiga dele
apareceu. Nem sequer me liga, e quando eu ligo
da caixa postal. Se ligo na delegacia, ele está
treinando aquela mulher; e se ligo na dona
Paula, aquela vadia está lá. Porra, estou pirando.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Chegamos em casa.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Sento no sofá.
— Está mal. O que houve dessa vez?
— Nada, Bia. Mas foi surpreendente ver você
com o Marcos.
— Você me salvou! Aquele homem sabe
como hipnotizar uma mulher. Vou tomar um
banho, para tirar o cheiro dele de mim. Arg!
Entra no corredor.
Tiro os saltos, e não consigo mais segurar.
Começo a chorar.
O Joaquim estava certo quando disse tudo
aquilo sobre o David. Eu sempre fui uma idiota.
Foi só aparecer outra mulher e ele me esqueceu.
Fui uma burra! Beatriz tinha razão quando dizia
para mim que os Escobar são para foder o juízo,
e não de um bom jeito. Eu não consigo me
desapaixonar. Estou ferrada. Eu estou mais que
apaixonada por ele… eu estou amando. Eu
jamais devia ter dado continuidade a essa
loucura depois do dia que ele foi até o evento da
universidade junto ao irmão e o tio para coletar
coisas e ajudar a Ana Louise, esposa do
Henrique.
A campainha toca, seguida de batidas na
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
porta.
— Liziara, abre essa porta. Sei que já está aí.
— David grita.
— Vai embora daqui!
— Se não abrir, eu a coloco abaixo. Abre
logo, porra!
Abro a porta. Ele está nervoso, seu olhar
entrega.
— Vai embora, por favor!
— A gente precisa conversar.
— Sobre o que? Como fui idiota? Ou como é
bom estar com sua amiga Poliana? Ah, já sei!
Falar sobre tudo isso, e que nada mais pode
acontecer entre a gente.
— Você quer o que? Enquanto estou
trabalhando que nem louco, você está aos beijos
com o Joaquim. E agora quer falar da Poliana?
Nosso trato sempre foi nada de relacionamento,
então não me venha falar sobre Poliana, ou a
porra que for.
— Ah... então você viu ele me beijar. Pena
que não ficou para ver eu acertar um tapa na
cara daquele outro idiota! E sim, nosso trato foi
este, mas eu me apaixonei por você. Vai me
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— David!
Ele olha para ela de toalha, e ela fica
ruborizada.
— Queremos dormir! — um vizinho grita.
— Vá embora, David. — ela diz.
— Eu não vou. Preciso terminar minha
conversa com a Liziara!
— Você está alterado, bebeu. Vai embora.
Amanhã vocês conversam. É tarde. Os vizinhos
estão reclamando. Por favor.
Ele me olha.
— Isso não acabou.
— Acabou sim, e a tempos, apenas você não
viu. — digo a ele.
— Eu vou voltar!
— Tchau, David! — Beatriz diz.
Ele se afasta e ela fecha a porta.
— Eu nunca mais quero ver esse filho da
puta! — grito de ódio.
Ela vem até a mim e me abraça, me
molhando toda.
— Amiga, vai passar. Vocês vão se entender.
— Nunca brigamos assim. Ferimos um ao
outro demais hoje. Não tem perdão. David foi ao
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
limite.
— Shiu... Vou terminar meu banho. Vá tomar
banho, e depois iremos assistir algum filme e
comer besteiras. E amanhã será um novo dia.
— Um péssimo dia, pelo visto.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 6
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Faz dias que não vejo o David, e não tenho a
mínima vontade de ver. Ele me magoou muito.
Foda-se se fui idiota, ciumenta, burra. Não
importa. Ele não tinha o direito de me dizer
tantas merdas como fez!
Sei pela mídia notícias dele e da família dele;
e não porque eu fico procurando, mas porque
calha de eu encontrar acessando sites, redes
sociais, essas coisas. O canalha ainda deixou
nossa foto juntos no whatsapp. Sei também que
já foi a dois eventos com a tal da Poliana. A
família dele estava junto, mas mesmo assim isso
me deixa com raiva. Ele poderia tanto ser como
o irmão dele, Henrique, um homem amoroso,
que sabe demonstrar isso. Ana Louise foi uma
mulher de sorte, e fico feliz por ela ter um
Henrique em sua vida. Já eu sou cagada no amor,
família e amizade. Bem, minha amizade com a
Beatriz continua boa, e espero que dure muito,
porque perder ela também seria demais para
mim.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
e tentando contato...
Sim, ele vive fazendo isso, mas em nenhum
momento veio realmente atrás de mim. Nada se
resolve por telefone.
— Problema dele. Eu tenho mais o que fazer.
— Eu sempre disse que os Escobar são para
foder o juízo, e não é no bom sentido.
— Estou bem, Bia. Relaxa.
— Sua mãe não te procurou mais? — ela
muda de assunto.
— Não, desde o almoço desastroso.
— Amiga, se benze, reza, ora, chama o Papa,
mas faça algo para tirar a nuvem negra de cima
de você. — ela ri.
— Palhaça. Como eu sofro! — digo
dramatizada.
— Atriz P, você precisa reagir. Não dá para
ficar vendo ele bem, e você fingindo estar.
— Atriz P? — franzo o cenho.
— Você tem uma cara de atriz pornô quando
está de óculos.
— Beatriz!
Ela ri.
— Sou sincera, meu amor! Vou tomar banho
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Sorrio.
querer.
— Merda! — digo vendo o que aconteceu. —
Quebrou. Jura? Já derrubei de tantos lugares e
uma queda idiota faz quebrar!
— Vamos com o meu.
— Relaxa. Tenho a outra chave. Essa acho
que foi a que estava com defeito já. Quando
deixei o carro na revisão deixei as duas, e depois
não sabia qual estava boa. — Deixo a bolsa no
sofá. — Já venho.
Vou para meu quarto e começo a procurar a
chave reserva.
Guardei tanto, que guardei de mim mesma!
Vou até o último lugar que pode estar, a
última gaveta da cômoda. Costumo guardar ela
embaixo das roupas… não sei porque, é uma
mania.
Puxo as roupas do fundo da gaveta e
encontro algo além da chave. Uma das armas do
David.
Na hora me vem o que ele disse quando
deixou aqui.
— Ela sempre vai estar carregada. Se algo
acontecer, jamais mostre que está armada. Pegue
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
provar nada.
— Confie em mim!
Levanto e ela faz o mesmo.
Ela cochicha em meu ouvido
disfarçadamente onde está o cara. Olho e o vejo.
A luz é escura e as luzes que piscam atrapalham,
mas realmente parece o tal de Jorge. Ele sorri, e
sinto novamente o calafrio.
— Preciso limpar isso aqui. Daniel vai me
matar.
— Pegue a vassoura e eu fico aqui te
cobrindo. Não faça nenhuma loucura!
— Obrigada, Bia. Pode deixar.
Olho para o cara, e ele sai pela saída dos
fundos da boate.
Saio dali e olho para ver se a Bia me olha.
Quando ela se distrai, eu saio em direção a saída
dos fundos da boate, onde tem as latas de lixo…
nada demais além de uma rua morta que
somente saímos para pôr o lixo para fora.
Preciso saber se é ele e assim ligar para a
polícia.
Saio e a rua está um pouco escura. Não tem
ninguém. Finjo mexer no lixo.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou na delegacia com o Cleber e Poliana.
Estamos vendo estratégias para encontrar o
Jorge do jeito Escobar.
Estou um inferno, sem cabeça para nada.
Ficar longe da Liziara está sendo difícil demais.
Só quero que esse inferno termine logo. Sei que
magoei muito a ela, e que talvez ela jamais me
perdoe, porém preciso tentar conquistar seu
perdão. Mas com a situação desse jeito, não tem
como, simplesmente não dá. Eu me sinto um lixo
longe dela, e a cada dia piora. Me prejudiquei ao
assalto no banco, mas naquele momento
descarreguei a raiva que estou guardando desde
a briga com a minha maluquinha. Estou fodido.
A porta da sala se abra fortemente. Olhamos
assustados. Marcos e Beatriz entram juntos.
Beatriz está pálida.
— Não acredito. Vivi para ver uma mulher te
denunciar, tio! — brinco.
— Eu vou acabar com sua vida, sua vadia! —
Beatriz grita.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 7
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Acordo um pouco zonza e com dor de
cabeça. Meu estomago está embrulhado. Meu
corpo, dolorido. Tento me mexer, mas estou
completamente imobilizada. Olho ao redor e não
reconheço o lugar que estou. É um quarto, e não
parece ser de um hotel, mas de um apartamento
ou casa.
Onde estou?!
Tento me soltar, porém não consigo.
A porta do quarto é aberta. Jorge entra
sorridente. Seu olhar é assustador. Parece um
louco.
— Até que fim acordou, branquinha.
— O que você quer comigo?
— Com você? Nada. Mas com seu
namoradinho, tudo.
— Eu não sou namorada do David, seu
idiota.
— Não me engane. Ele é louco por você, o
que te torna importante para mim.
— Me solta, seu filho da puta! — grito.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
irmã.
Ele se aproxima e acerta um tapa meu rosto,
fazendo a cadeira em que estou se arrastar um
pouco. Sinto a ardência e a dor do lado direito do
meu rosto.
— Filho da puta! Vai se arrepender por ter
feito isso! — digo com raiva.
— Sua voz me irrita, garota! — ele grita. —
Vou sair, e não tente nada. Como eu disse, essa
cidade é minha, e meus parceiros estão ao lado
de fora. Nenhum deles tem um pingo de
consideração quando veem uma mulher jovem,
gostosa e teimosa. Não irei impedi-los de
abusarem de você. Então tome cuidado, aqui
ninguém tem pena de nada. — Ele segura meu
rosto com força e solta bruscamente.
Sai do quarto e fecha a porta com força.
Desgraçado.
Por que fui tão teimosa ao ponto de me
colocar em perigo? Que inferno. Minha mania de
ser impulsiva só me prejudica!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou exausto. Já rodei a cidade inteira atrás
de pistas e não encontro. Deixei a todos em
reunião antes de sair horas atrás. A notícia já
vazou na mídia devido a confusão que ficou na
boate pelo desespero da Beatriz. Os pais da
Liziara me ligam sem parar, e não sei o que
dizer. A delegacia está uma zona de repórteres
na porta. Tudo está uma confusão em poucas
horas. Eu me sinto o verdadeiro culpado de
tudo. As câmeras da boate não revelam nada que
possa ser usado. Estou uma pilha de nervos
prestes a explodir.
Estou na estrada, mas meu pensamento está
longe. Não sei o que ela está passando e nem se
está viva ainda. Não sei mais o que pensar.
Meu celular começa a tocar novamente, e
pego no bolso para ver quem é. O nome da
minha mãe aparece na tela, mas não tenho
tempo de atender. O volante gira sem meu
controle. O celular cai. Tento controlar o volante,
mas não consigo. Vejo o acostamento da estrada,
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Débora? — pergunto.
— O que você faz aqui, David? Meu Deus,
você está sangrando. Droga, olha seu carro! Você
está bem?
— Calma, eu estou bem. O que você faz essa
hora por aqui?
— Estou vindo da casa da minha mãe.
— E sozinha? — Eu me controlo para não
gritar com ela.
— Sim. Nada demais.
— Você é esposa de um policial, porra!
Trabalha para um juiz. Tem merda nessa
cabeça?
— Talvez eu tenha um pouco. E se contar
para o Cleber que resolvi voltar a esta hora, eu te
mato, e ninguém vai encontrar os vestígios.
Agora vamos dar um jeito nisso. Não vou te
deixar sozinho aqui!
— Começa ligando o pisca-alerta do seu
carro!
— Ótima ideia.
Ela se afasta.
Débora é uma ótima amiga de anos, porém
as vezes é pior do que uma criança. É louca!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou cansada. Tento me manter acordada,
mas não consigo. Está amanhecendo, vejo pelas
frestas da janela. Estou dolorida. Meu estômago
implora por comida.
Eu preciso dar um jeito. Não vou aguentar
ficar muito tempo aqui. Eu devia ter pego a
arma, mas fui idiota!
Beatriz deve estar desesperada e deve ter
ido atrás do David. Ele deve estar me achando
uma louca agora, porque eu estou me achando
louca.
Esse cara é mais louco do que eu pensei.
Esfrego os pulsos para tentar lacear a corda,
mas não adianta, apenas me machuca mais.
— Filhos da puta, isso não vai ficar assim! —
grito irritada.
Foda-se! Se entrei na chuva, não vou me
proteger. Vou me molhar e encarar a
tempestade, custe o que custar!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 8
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Três dias de puro inferno, mas amanhã é o
grande dia. Recebi informações pelo Cleber, que
a cidade no interior do estado que o Jorge
comandava continua sob controle dos homens
dele. É uma cidade muito pequena e bem
perigosa. Os policiais têm receio de invadir o
lugar, porque na última invasão, na qual eu
participei, houveram muitas vítimas feridas. O
lugar talvez seja pior que o inferno. E é lá que
temos certeza que ele esconde a Liziara. Não
estou fazendo isso dentro da lei, estou colocando
meu tio e meu amigo em perigo e arriscando
nossas carreiras; mas se fossemos agir dentro a
lei, chamaria mais a atenção e isso pode ser
perigoso. Cada Escobar está com uma função
para que nada de errado. E cada membro fora da
família que vai participar, também. Nada pode
dar errado, qualquer desvio pode colocar tudo a
perder. Estou arriscando minha carreira, mas
por ela vale tudo.
Descobri que meus homens, que ficaram
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 9
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estamos agoniados à espera de notícias da
Débora. Eu devia estar louco ao permitir a ida
dela. Agora são duas correndo risco. Estou
tentando me concentrar nas papeladas na minha
mesa, mas não consigo. Outros casos precisam
de mim. As horas estão passando e nada de
notícias. Temos que pegar a Liziara hoje. Eu não
aguento mais esse inferno. A cidade que Jorge
comanda é pequena, porém pode ser difícil
encontrar ela...
Porra, é isso!
— Cleber! — grito por seu nome.
Ele entra rapidamente na sala, junto a
Poliana.
— O que aconteceu?
— Eu sei onde ele deixou a Liziara. Débora
só precisa nos dar certeza.
— Onde? — Ele pergunta
— Quando invadimos aquele lugar, ele tinha
um prédio de seis andares ao lado de uma
lanchonete. Era ali que ele morava, fazia o
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Algo está acontecendo. Está tudo muito
calmo aqui dentro, porém lá fora está bem
movimentado, vi pela janela. Não escutei os
homens do Jorge e nem ele retornou aqui.
Preciso pensar com calma. Se tem uma coisa
que aprendi muito bem nesses dois anos ao lado
do David, é que nenhum crime é perfeito,
sempre tem falhas. Jorge deve ter deixado falhas
e irei descobrir, pois será minha chance de
sumir deste lugar, porque não aguento mais.
Escuto um falatório estranho, parece ser voz
de mulher e está aqui dentro.
— Me solta, seus desgraçados! Socorro! Eu
quero sair daqui. Vocês vão se arrepender de
terem feito isso. Eu vou sair daqui, e minha vai
irmã vai junto! Vocês mexeram com a família
errada! Me soltem!
A porta do quarto se abre e me assusto.
— Jorge vai amar descobrir isso! — um dos
homens dele diz com um sorriso malicioso.
Um outro surge e joga uma pessoa que eu
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
bota.
Saímos correndo do banheiro e nos
sentamos na cama.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
O caminho até essa maldita cidade foi um
inferno. Porém agora estou me aproximando, a
cada quilometro sinto meu coração acelerar.
Nunca senti isso antes.
Os outros vão ficar alguns quilômetros atrás
à espera do sinal para virem.
Uma moto sai do matagal e surge na minha
frente. O cara está armado. Ele desce na moto.
— Desce do carro, porra! — ele grita.
Saio do carro com a arma na mão, pois faz
parte do plano.
— Delegado! — ele diz sorrindo. — Muito
otário mesmo para aparecer aqui. — ri —
Coloca a arma no chão... Vai, caralho! — ele
grita e aponta a arma para mim.
Eu me abaixo lentamente, indicando que
colocarei a arma onde pediu, mas quando estou
próximo de encostar ela no chão, miro em sua
perna direita e atiro em seu joelho.
— Filho da puta! — ele grita e cai no chão.
— Isso é pelo xingamento! — Dou outro tiro
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
ele.
Seu olhar tem ódio. Ele mira a arma em mim.
— Esperei tanto por esse dia. Porém, você
atrapalhou minha festa. Todos estão lá
comemorando, e eu aqui. Isso é errado… sou o
rei deles, o prefeito que amam. Eu planejei tudo.
Pesquisei cada ponto de vocês. Infiltrei pessoas
dentro da boate que ela trabalhava. Na cadeia já
recebia informações de vocês. Foi tão fácil. Tudo
foi esquematizado. Nada poderia dar errado. E
vejam só, não deu. Você deixou muitas brechas,
delegado. — ele gargalha. — Sua princesinha é
ingênua. Descobri todos os pontos fracos dela, e
o principal é a família. Não teve atenção dos pais
desde cedo, e claro que faria qualquer loucura
por aquele que ama. Tão burra. — Ele acaricia o
rosto dela, e ela vira o rosto bruscamente. Um
ódio me consome. Tento me aproximar, mas ele
vira a arma para ela, me fazendo recuar.
Porra, tenho que ser frio, não posso colocar
tudo a perder!
— Você ficou mais louco do que já era...
SOLTA ELAS, SEU FILHO DA PUTA! — Empurro
ele com força, e ele se equilibra para não cair. —
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Maldita!
Ela se vira para ele e dá um soco em seu
rosto. Chuta a mão dele, que está com a arma, e
ela cai no chão.
— Filho da puta! — ela grita para ele quando
o mesmo chuta sua perna.
— Poliana, não! — grito para ela quando
vejo que vai atirar, mas não há a menor chance
de acertar o Jorge.
Ele consegue recuperar a arma de uma
forma muito rápida e começa uma luta com a
Liziara. Tento me aproximar, mas meu tio me
segura. Os outros homens já estão no chão.
— Me solta! Essa arma pode disparar! Me
solta, porra! — Cleber ajuda a me segurar.
— David, não! — Débora grita.
E então um barulho que conheço muito bem
ecoa. Sinto meu mundo congelar. Quero gritar,
mas não consigo. Não...
Liziara está com os olhos arregalados. Ela e o
Jorge caem no chão. Ambos repletos de sangue,
Eles me soltam. Meu peito dói fortemente.
Poliana olha assustada. Débora se aproxima
deles e se joga ao lado da Liziara.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
rosto.
Fico olhando e rindo.
— David, não vai fazer nada? — Marcos grita
e sorrio.
— Deixa um pouco. Liziara merece isso, e
Poliana ainda mais. — Sorrio.
— Porra! Você é foda, delegado! — Henrique
diz, segurando a Liziara.
Meu tio segura a Poliana, que está com a
boca sangrando e com o rosto todo vermelho e
arranhado.
— Eu vou te processar, sua puta! — Poliana
grita.
— Tenta! Tenta, porra! Mete processo ou o
caralho que for, que sou capaz de te arrebentar
na frente do Juiz, do Papa, ou o que for. Não
tenho medo de você. E puta, é somente você.
— Na verdade você já fez isso na frente de
um Juiz! — Meu tio diz a ela, e sorrio mais ainda.
— David, essa maldita! Como pode? Eu toda
linda. Vim de longe para tentar uma chance com
você que sempre foi louco por mim na faculdade.
— Poliana diz chorando.
— Eu? Louco por você? Poliana, eu sou louco
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 10
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou ainda muito assustada com tudo o que
aconteceu. Os Escobar conseguiram abafar o
caso e tirar um pouco do foco da mídia. David
recebeu uma advertência… uma bronca para
melhor dizer. E tudo isso eu sei através da
Daiane, que veio me visitar junto a Paula. Depois
de tudo eu vim para casa, e a Bia tem me
ajudado. A fraqueza já passou, me alimentei
bem, porém será um pouco complicado tirar
aquele momento da minha mente. Dormir noite
passada foi difícil, e fiquei revivendo o momento.
David não veio me ver, deve estar ocupado
resolvendo a bagunça. O que mais me irrita é
saber que a culpada de destruir minha vida com
o David teve a cara de pau de ir até aquele fim
do mundo me ajudar. Quando ataquei o Jorge foi
porque a raiva me subiu à cabeça. Fui louca,
irresponsável e orgulhosa, porque não queria ter
ajuda dela, e por isso o ataquei; mas se eu disser
que me arrependo, estarei mentindo. Meu único
arrependimento é ter me apaixonado por um
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Folgada.
— Sempre.
Ele se aproxima e me pega no colo.
— David! — grito rindo.
Ele caminha comigo em seus braços até o
quarto, onde me coloca com cuidado na cama e
fecha a porta.
Ele sobe em cima de mim com cuidado.
— Eu te amo, meu delegado.
— Só seu, minha maluquinha. Eu também te
amo, meu amor.
Sua boca ataca a minha com uma gostosa
necessidade. Como eu senti falta do beijo dele!
Sinto um frio na barriga. Ele esfrega sua ereção
em mim, e isso me deixa excitada. Solto um
gemido involuntário. Agarro seu cabelo e puxo
com força, e o safado gosta.
— Eu deveria te prender por puxar meu
cabelo desse jeito. — ele diz com a voz rouca de
desejo.
— E o que diria em sua defesa? Afinal, quem
me colocou na cama e me atacou foi você. E tem
mais, não pense que isso é sexo de reconciliação,
porque não sou dessas… ainda estou puta de
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
meu corpo!
— Amor, eu tenho que me trocar. Não tem
nada demais, foi apenas uma coisa que reparei,
nada demais.
— Como assim nada demais? Se reparou é
porque está grave. David, você como delegado é
um bom observador, não iria dizer isso à toa.
Diga logo! — Largo o pote de nutella e a colher
na pia.
— Deixa eu me trocar primeiro.
— Você está fugindo do assunto... Fala logo!
— Está bem. — Ele respira fundo. Até parece
que vai dizer a rainha da Inglaterra que o cabelo
dela está péssimo. — Desde que estávamos no
quarto eu notei, e agora percebi ainda mais. Seus
seios estão maiores, seu quadril um pouco largo,
e você sempre teve a barriga lisa, mas ela está
parecendo um pouco inchada...
— David Escobar, você está me chamando de
gorda?!
— Não... Eu apenas quis dizer que seu corpo
está mudado.
— As características foram basicamente me
chamando de gorda!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
dela.
David para na minha frente e segura minha
cintura.
— Amor, eu não te chamei de gorda. Não
precisa surtar. Apenas fiz um comentário
inocente. Porém quero te fazer uma pergunta
séria.
— Faça.
— Você está tomando regularmente o
anticoncepcional?
Engulo a seco. Acho que fiquei pálida porque
ele me olha estranho. Eu me afasto e me sento
no braço do sofá.
— Anticoncepcional?
— Sim.
— Aquele que evita gravidez?
— Liziara...
— Claro... Estou tomando certinho. Afinal
você confiou em mim, pois sou a única que você
foi para a cama sem camisinha. Eu jamais, em
hipótese alguma eu ferraria com tudo...
— Não confiei no que disse, mas irei deixar
passar porque tenho que ir. — Ele me dá um
beijo — Tenho que me trocar.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 11
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Faz alguns dias desde o sequestro e estou
mais calma. David não desgruda de mim, e amo
isso, sua preocupação, amor e carinho sem
limites. Ainda estou afastada da boate… Daniel
preferiu assim até eu me recuperar totalmente.
As pernas já não doem mais, porém o que as
vezes acontece são alguns enjoos, mas é muito
raro… e, sim, eu estou com medo sobre o que
pode estar causando os enjoos; o que me deixa
longe dos hospitais e farmácias, porque a única
coisa que se passa na minha cabeça é gravidez, e
estou apavorada que seja isso, afinal minha
menstruação está atrasada, e pelas minhas
contagens a dois meses. Louca por ainda não ter
feito um teste? Sim, eu sou. Mas, eu irei fazer,
estou criando a coragem que me falta. Se o David
sonhar que eu comecei a me atrapalhar com os
horários do anticoncepcional e esquecia de
tomar devido ao trabalho na boate, que me
gerava muita canseira e me tirava muito tempo,
e o tempo livre eu queria saber de dormir, estar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
pego.
— Na piscina? Que cachorro! Irei focar na
parte que agora ele está comigo. — digo e elas
riem. — Mas eu pensei em um determinado
lugar... Droga. Por que ele não puxou ao tio dele?
Esse sim tem cara que não liga para fazer certas
coisas em lugares inapropriados. — Daiane ri.
— Sorte sua que não puxou ao meu tio.
Aquele ali é o pior de todos da história da
safadeza. Ele é dono do cabaré todo. São tantas
cenas que vi sem querer e que fui obrigada a
ouvir da boca dele, que sinceramente, tenho até
nojo. Não é algo que uma sobrinha quer ver ou
saber do tio. Uma vez peguei ele na sala dele
com a Débora...
— Com quem? — Beatriz quase grita.
— Vocês não sabiam? — franzimos o cenho
— Ele e ela tiveram um relacionamento a anos
atrás... Bom, eles diziam que era apenas um caso
e nada mais, porém não era o que parecia...
Enfim, o assunto é o David. Você quer algo
romântico e sensual. Por que não vão para a
fazenda da família? Lá é lindo para isso. Ou a
casa de praia.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
É tarde, estou praticamente só na delegacia.
Não fui ainda ver a Liziara, mas depois daqui
irei. Estou cansado. Quero férias, eu preciso de
férias.
Meu celular toca. É a Liziara.
— Oi, meu amor. — digo a ela.
— Está na delegacia? Me diz que sim!
— Estou. Por que?
— Está sozinho?
— Estou... Mais ou menos, tem policiais, e
mais ninguém.
— Ótimo. Eu já imaginava. Estou entrando.
— ela desliga.
O que está acontecendo?
Minutos depois a porta se abre. As persianas
estão fechadas. Ela entra. Está com um
sobretudo preto, saltos altos, bolsa. E isso até
seria sexy se não fosse preocupante.
— Amor, está um calor terrível lá fora. Por
que está...
Não tenho tempo de dizer. Ela retira o
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
provocando.
Pego ela no colo e caminho até minha
cadeira. Coloco ela no chão. Eu me sento na
cadeira e puxo-a para se sentar em meu colo de
costas para mim. Assim que ela senta, afasto
suas pernas, e sem cerimonias, invado sua
entrada com um dedo enquanto aperto um de
seus seios. Ela grita, e pouco me fodo para quem
vai ouvir. Faço um vai e vem com o dedo, e ela se
abre mais para mim. Desço a outra mão e
massageio seu clitóris. Ela tenta fechar as
pernas, mas a impeço. Meu pau está cada vez
mais duro e irei gozar nas calças se ela rebolar
mais um pouco em meu colo como faz.
— David, eu vou...
Escuto barulho na fechadura da porta. Tiro
rapidamente meu dedo de dentro dela. Ela se
levanta, assustada, e se coloca embaixo da minha
mesa. Eu me ajeito e tento esconder a porra da
ereção que estou, mas não resolve muito… justo
hoje vim com uma calça bem justa.
Cleber entra na sala e finjo estar olhando uns
papeis. Coloco os pés em cima da mesa, para
tentar esconder mais a ereção.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
É sexta-feira. David e eu, junto aos Escobar e
a Beatriz, estamos na fazenda da família que
ninguém vem a tempos. É tudo lindo como já
poderia se imaginar. Dona Paula não quis vir, diz
ainda não estar preparada para vir para cá sem
o falecido esposo, Joseph, pois quando recebeu a
notícia da morte dele, ela estava aqui. E desde
todos esses anos, nunca mais quis vir para cá.
É noite e faz um pouco de frio. Estamos ao
redor de uma fogueira, contando histórias,
rindo, comendo marshmallow e nos divertindo
bastante. Estou no meio das pernas do David.
Henrique tem a cabeça deitada no colo da Ana.
Daiane e Bia estão juntas em um cobertor, e
Marcos está deitado com a cabeça nas minhas
pernas. Yasmim, a filha do Henrique e da Ana
está dormindo lá dentro, mas a babá eletrônica
está aqui para qualquer alerta.
— Então, qual era a novidade que queria nos
contar, Liziara? — Ana pergunta animada.
— Contarei se prometerem não rir.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
sussurro.
— Eu sei. Também fiquei quando engravidei.
É difícil ser mãe quando não teve um bom
exemplo. Minha mãe, todos sabem que nunca me
suportou, mas tem coisas que nunca contei a
ninguém, mas sinto que devo te contar. Quando
pequena ela nunca me fez uma festa sequer de
aniversario, e nem me dava parabéns. Certa vez
escutei ela dizer ao meu pai que eu fui o pior
erro dela, e ele concordou. Eles nunca quiseram
ter filho, mas aconteceu. Nunca foram a
nenhuma apresentação escolar minha, nem ao
menos a minha formatura da faculdade. Sempre
odiaram eu ter escolhido Direito Criminalista...
Yasmim dorme mamando e ela retira a
mamadeira.
— Quando conheci o meu ex-noivo, Rodolfo,
o seu antigo professor. — ela sorri — Eu
trabalhava, estudava e mantinha a vida dos
meus pais, que só queriam meu dinheiro. Mas
então quando fui morar com ele, decidimos que
eu deixaria o emprego e focaria na faculdade e
ele me ajudaria; e foi neste momento que tudo
piorou. Eu não tinha mais dinheiro para oferecer
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— O que foi?
— Liziara, há quanto tempo a sua
menstruação está atrasada?
— Dois meses... por ai.
— Eu não acredito. Então quando você se
meteu em perigo, lutou com o Jorge e sabe se lá
o que mais aprontou, estava gravida! Eu vou te
enforcar! — ele diz nervoso.
— Em minha defesa, ainda não confirmei
que estou gravida.
— Quer mais provas? Menstruação atrasada,
enjoos, engordando, comendo mais que o
normal e ficando bipolar não são o suficiente?
— Em minha defesa? Não. Apenas amanhã
cedo depois do teste você surta... Nossa, estou
com um sono. — Eu me viro para o outro lado.
— Isso não acabou. Depois desse teste você
vai ao médico, e pode ter certeza que vai
implorar para eu te deixar, porque serei mais
protetor do que nunca, porque você é louca! E
pode esquecer sexo, porque não irei machucar
nosso filho.
— David, isso é demais! Mulher gravida pode
fazer sexo, porém tem que ter mais cuidado.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 12
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Meses depois...
Estou com quatro meses. Minha barriga já é
notável. E como não seria? Estou gravida de
gêmeos. Isso mesmo. David quase morreu
quando soube, e eu desmaiei, literalmente. Mas
aos poucos nos acostumamos com a ideia. Ainda
não sabemos o sexo, porém Marcos provoca
dizendo que serão duas meninas para arruinar a
vida do David, e ele diz que se isso acontecer é
porque está pagando os pecados.
Hoje vou almoçar com ele. Irei me encontrar
na delegacia, onde acabo de chegar.
Saio do carro sem esperar pela porta ser
aberta pelo Alex, contratado pelo David e
escolhido pelo Luciano e Simon, seguranças
mais velhos da família. Ele está ao meu dispor a
todo momento.
Encontro Cleber na entrada. Ele me
cumprimenta.
— Quem matou? — ele brinca.
— Vim para matar o que está me matando.
— A fome. Adivinhei?
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Totalmente. — sorrimos.
— David está ocupado agora, mas entre e
espere na sala de reuniões se preferir.
— Certo. — Olho para ele e percebo que não
está de farda. — Folga?
— Não. — Ele sorri. — Não sou mais policial.
— Que?! Como? Por que? — pergunto
preocupada.
— Vim trazer a notícia ao David. Sou o mais
novo investigador da delegacia.
— Ai que maravilha!
Dou um abraço ele.
— Parabéns. Você merece.
— Obrigado! Agora entre, se David te pegar
aqui, me enforca e te enforca.
— Nem me lembre. Boa sorte na nova
carreira. Mande a Débora ir me visitar, ela some.
— Mando sim. — Ele me da um beijo no
rosto. — Até mais.
— Até mais! — Ele se afasta.
Entro na delegacia. Cumprimento algumas
pessoas que já me conhecem.
Eu me aproximo da sala do David ,e ele está
saindo com uma moça chorando
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Vamos almoçar.
— Vamos sim.
Ele olha para trás de mim e xinga.
— Porra, estou pagando meus pecados!
Vocês novamente! Acho que vou dar um jeito de
contratar vocês, já se tornaram parte de mim!
João Ricardo e Maximiliano, o que aprontaram
agora?
Eu me viro e sorrio.
Desde que conheço o David, perdi as contas
quantas vezes vierem parar aqui.
Cleber está com eles e sorri.
— Tinha que trazer os dois até aqui dentro
antes de sair. Não resisti. Pedro trouxe eles, mas
eu tive que fazer essa honra. — rimos.
— Senhor, esse moço implica muito! Toda
vez nos pega. A gente dessa vez não fez nada. —
João Ricardo diz.
— Não fizeram nada? Santos, claro! — David
fala. — Leve eles para sala. E chame Pedro para
relatar o que aconteceu.
— Esses vão entrar para o livro de recordes
de tanto que estão vindo aqui! — Cleber fala.
— Senhor, livra nós! — Maximiliano pede.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Epílogo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Tempos depois...
David está na delegacia e eu estou na casa da
Dona Paula. Meus pais tiveram que viajar com
urgência, e com a Bia trabalhando, David ficou
com medo de me deixar sozinha, porque estou
nos dias finais da gravidez. Meu médico disse
que tenho como ter o parto normal, pois as
minhas meninas Laura e Helena, estão na
mesma posição. Fiquei muito feliz, pois meu
sonho é o parto normal.
Estou deitada na cadeira embaixo do guarda
sol na beira da piscina. Marcos e Daiane estão na
piscina. Dona Paula está trabalhando. Ana foi
levar a Yasmim ao médico, pois ela está
gripadinha; e o Henrique, assim como o irmão,
está trabalhando.
Marcos se empoleira na beira da piscina.
— Se o David sonha que está de biquíni e
comigo na casa sem ele, eu terei minhas bolas
cortadas. — Ela brinca e eu rio.
— Com toda certeza. Mas seria divertido. —
Provoco. Ele me joga água e Daiane ri.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
fez.
— Eu também não...
Ele se afasta e caminha até onde as meninas
estão. Sorri emocionado. Helena dorme,
enquanto Laura está bem acordada.
Ele segura as mãozinhas delas com fitinhas.
— Minhas princesinhas. — ele diz e enxuga
as lagrimas.
— Parece que cada uma será uma mini nós.
— digo enquanto ele pega a Laura no colo que
começa a chorar, mas ele a acalma.
— Por que diz isso? — pergunta sorrindo
para ela e acariciando seu rostinho.
— Laura é bem agitada, brava, e os olhos
bem azuis. Helena é calma, sorridente, se deixar
come toda hora, e tem os olhos escuros como os
meus.
— Então quer dizer que você é uma mini
David. — ele diz a Laura e sorrio. — Estou
fodido! — me olha assustado.
— O que foi?
— Duas meninas, uma mulher e uma irmã!
Estou fodido.
— David, olha a boca perto delas! — Ele dá
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
de ombros.
Helena acorda e começa a chorar. David me
entrega a Laura e pega a Helena.
— Outra princesa do papai. — Ele dá um
beijo nela. — Sabe, princesinha, acho que já está
na hora do papai algemar de vez sua mamãe, e
prender ela totalmente a mim.
Olho para ele franzo o cenho.
— Será que a mamãe aceita casar comigo e
ser oficialmente uma senhora Escobar?
— O que? — Lembro da Laura e olho para
meu colo.
— Amor, cuidado. — ele diz sorrindo. —
Pelo visto papai terá que ficar de olho nas três,
ou receberei ligações de que estão no hospital.
— David, eu ser o que?
— A senhora Escobar. Aceita? — Ele pega no
bolso da calça uma caixinha e me entrega. —
Não aceito não como resposta. — Sorrio
emocionada.
Abro a caixinha e vejo o lindo anel dentro
dela.
— Então Laura, acha que a mamãe deve
aceitar? Se eu tiver que aceitar, você chora. —
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Brinco.
— Se ela não chorar? — David pergunta.
— Então não casarei. — provoco.
Ele se aproxima com cuidado para não
derrubar a Helena de seu colo. Coloca a boca no
ouvido da Laura e diz algo bem baixo, não é
nítido. E por incrível que pareça, ela começa a
chorar.
— David! — repreendo ele. — O que você
fez?
— É, parece que tenho uma cumplice já.
Ele coloca a Helena no lugar dela e pega a
Laura, fazendo o mesmo.
Pega o anel e coloca em meu dedo.
— Futura senhora Escobar. — Ele me dá um
beijo nos lábios que me deixa louca.
— Epa! Não esqueça do que o médico disse.
Quarentena, Liziara. — Marcos entra sorrindo.
— Mentira? — David pergunta e eu nego.
Marcos para ao lado dele e bate em seu
ombro.
— É, meu sobrinho. Duas filhas e sem sexo.
Não queria estar na sua pele.
— Eu realmente estou fodido! — David diz
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
uníssono.
Essa família vai ser minha loucura e minha
maior alegria.
David me dá uma piscadela, e então se
aproxima enquanto todos estão admirando as
meninas. Ele cochicha em meu ouvido:
— Sexo oral não deve ter problema. — Sinto
um arrepio no corpo, e tenho certeza de que
fiquei vermelha.
— Eu ouvi. — Marcos fala. — Acho que não
tem problema, e que não custa nada tentar.
Começamos a rir e todos nos olham sem
entender.
Eles estão aqui. Pela primeira vez estão
perto de mim em um momento muito especial.
— Mãe, pai, venham!
Fim
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por mais
um sonho realizado, e por sempre me dar forças
e alegrias no decorrer do caminho.
Obrigada a Editora Angel, mais uma vez, por
acreditar no meu trabalho.
Obrigada ao senhor Google, por me ajudar
em diversas dúvidas.
Um obrigada bem especial a um alguém que
me ajudou muito, inclusive nas inspirações.
Minhas amadas betas e amigas, Liziara
Araújo e Beatriz Ferreira, muito obrigada por
todas as dicas, inspirações e por aguentarem
minhas loucuras por essa série, e entrarem na
loucura também.
Obrigada as minhas leitoras da plataforma
Wattpad, que me animaram e me deram carinho
e muito amor, e tornaram a série Escobar um
sucesso.
Obrigada a blogueira Joyce Penedo por
apoiar sempre meu trabalho, e estar apoiando
recentemente a série e divulgando em seu blog
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Livros Encantos.
Meninas do grupo fechado no facebook e do
Whatsapp, obrigada a vocês também, pois são
demais.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
WWW.EDITORAANGEL.COM.BR
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Sumário:
Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Epílogo
Bônus
Agradecimentos
Biografia
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Editora Angel
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Nota da autora
Caros leitores,
Este livro... melhor dizendo, este conto foi feito
com muito amor e carinho. Fazer uma história
que envolva um lado criminal, mesmo sendo
muito curta, não foi fácil, e foram feitas algumas
pesquisas. Tudo aqui é totalmente ficcional. Pulei
alguns atos da lei para não falar demais e acabar
falando coisas sem sentido. Espero que gostem.
Com amor,
Deby.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 1
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Beatriz me avalia.
Eu e ela não nos suportamos desde que a
conheci na universidade que a Liziara
estudava há alguns anos. Eu e meus
sobrinhos precisávamos dela para um caso. E
ela meio que me desafiou e desde então
somos como cão e gato, e vivemos assim.
— Não é necessário. Apenas traga as
meninas.
— Está com medo de entrar e não querer
ou conseguir sair?! — provoco.
— Não me tira do sério, porque não tenho
unhas grandes à toa — rebate.
— Cuidado, quem assina a sentença sou
eu. Pode ser que a sua seja longa e peculiar.
Ela engole em seco e fica ruborizada.
— Traga logo elas, Marcos.
— Entre logo!
Ela entra e fecho a porta.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
que usa.
Não posso negar que ela é bem gostosa e
que sua língua afiada apenas comigo, mesmo
sendo tímida, me deixa louco.
Porra, se controle! Estou ficando duro
com essa visão.
Ela se vira para mim e pega a Helena.
Contorna o carro e abre o outro lado para
pôr a menina na cadeirinha.
Quando termina, fecha a outra porta e
caminha até o lado que estou para fechar a
porta que ficou aberta.
— Sem segurança?
— Vim do litoral. Passei em casa, peguei
as cadeirinhas reservas e vim para cá. Não
tem nada demais.
— Ambas são filhas de um delegado e são
Escobar.
— Não pira, homem!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Tome cuidado!
— Tchau, Marcos.
Ela passa por mim e entra no carro.
Essa porra é teimosa!
Viro-me e vejo o Simon, meu segurança,
sorrindo.
— O que foi, porra?
— Nada, senhor!
— Envie uma equipe atrás dela. Não vou
testar a sorte.
— É para já.
Ela sai rapidamente com o celular na
mão.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
te chamo.
— O que quer? — Solto a caneta na mesa
e passo a mão pelo cabelo.
— Precisa assinar esses papéis. — Ela os
coloca na mesa — Tem audiência amanhã, às
8h, e precisa disso tudo aí assinado.
— Qual caso?
— Está de brincadeira, não é?! Como
assim qual caso? Com um juiz assim, entendo
o motivo do país estar nesse estado.
Olho seriamente para ela, que sorri.
Débora é uma grande amiga, a conheço
há anos. Ela trabalha para mim como
secretária enquanto cursa Direito. É casada,
linda, e mesmo sendo louca quase sempre, é
muito inteligente e boa no que faz. Tivemos
no passado um caso de alguns meses, mas
nada grande e que deixasse marcas ou
qualquer sentimento complicado... Bom, com
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
sem segurança.
— Se acostuma. Viver com um Escobar é
viver assim. E antes que me enforque me
refiro a você ser amiga de membros da
família Escobar. Amiga, você tem noção que
eu, Liziara, sou uma Escobar?! — ela diz
animada.
— Tenho, e não sei se isso é bom ou ruim.
— Respiro fundo e cruzo os braços.
— Por quê? — ela pergunta enquanto
fecha a porta traseira do carro.
— Porque você já é perigosa por conta
própria, sendo uma Escobar, ferra tudo de
vez.
— Quanta calúnia. Já vou, pois hoje você
está para me agredir verbalmente e tenho
certeza de que em pensamentos também,
credo! — Ela dá a volta no carro e me joga
um beijo, que retribuo.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 2
Dias depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
carteirinha.
— Hoje tem palestra surpresa, o reitor
está aí e com um homem importante. Sorte
sua. Afinal, está uma hora atrasada. — Ele
olha no relógio e dá uma piscadela.
— Obrigada! Não sei se fico aliviada ou
apavorada de vez.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
quis.
— Eu não quis nada. O reitor me obrigou,
porque os professores precisam assinar a
lista. Agora tenho que ir. — Ela joga o cabelo
para o lado e sai da sala.
Eu mereço um prêmio por ter tanta
paciência e, principalmente, com essa
mulher louca.
Deixo minha bolsa na mesa mesmo e pego
a lista para passar as presenças dos
professores para o sistema.
licença.
Ela se retira sem olhar para mim. O reitor
não tira os olhos da bunda dela, e isso me
deixa com uma raiva dos infernos. Caralho,
quem esse velho pensa que é?! Porra, preciso
ir embora daqui, ou sairei dentro do carro da
polícia.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 3
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
de mim.
Estaciono o carro e o porteiro, que já me
conhece, libera minha entrada.
Chego ao andar deles e aperto a
campainha. Escuto a chave na porta e David a
abre.
— Sério, David? Logo cedo sou obrigada a
ver você de cueca?
— Bia, você acaba de ver o paraíso e
reclama?! Bom dia para você também.
— Bom dia.
Ele me dá passagem.
— Eles estão na sala de jantar. Eu ia
tomar um banho, mas você atrapalhou.
— Não tenho unhas grandes à toa, então
não provoca.
— Não está mais aqui quem reclamou.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Eles quem?
— Marcos e Liziara. As meninas estão
dormindo.
— Certo. Vou embora, e você finge que
era o síndico.
— Amor, a Bia chegou! — ele grita.
— Você vai me pagar, David! — Ele me dá
uma piscadela e fecha a porta.
Vou até à sala de jantar e Liziara sorri
animada assim que me vê. Marcos murmura
algo, mas não entendo.
Vou até Liziara e a cumprimento com um
beijo no rosto.
— Tome café com a gente. Daqui a pouco,
acordo as meninas.
— Estou sem fome, mas obrigada. — Olho
para o Marcos antes de me sentar. — Bom
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
dia.
Ele assente apenas.
— Te liguei, mas só chamava. Queria
minha bolsa preta que esqueci lá. Vou usar
ela hoje.
Coloco a mão no bolso do short e percebo
que esqueci o celular.
— Eu o esqueci. Ultimamente não
esqueço a cabeça que fica grudada no corpo.
— Bem-vinda ao clube. Folga hoje?
— Sim. Bom, sim e não. Com minha tia
vindo para cá, não existirá folga. — Sorrio.
— Jaque é um amor. Adoro-a.
— Fique uma semana com ela, e você
pede socorro. E você está de folga?
— Que nada. Mais tarde vou para a boate.
A Daiane vai vir pra cá ficar com as meninas.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Marcos.
— Não posso acreditar que Edson tenha
feito tudo isso! Como conseguiu isso?!
Ele ergue a sobrancelha esquerda e me
olha como se eu fosse uma idiota.
— Ok. Vou refazer a pergunta. Para que
foi pesquisar isso?
— Porque não confiei naquele cara
depois do que ele fez.
— E o que resolve eu saber disso? Eu não
sou a lei, e não posso fazer nada. Porque o
principal para minha segurança eu já faço,
que é evitá-lo ao máximo.
— Apenas quero que saiba. Porque se ele
aparecer quebrado, teve motivos.
— Por que ficou com tanta raiva assim
dele a ponto de investigar o seu passado?
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Vá se...
Ele ri e desliga antes que eu termine de
falar.
Eu vou infartar com esses sobrinhos. Que
porra!
Lembro que tenho que ler e assinar uns
papéis. Faço isso antes de ligar para a
Daiane.
Assim que termino, ligo para ela
imediatamente.
— Oi, tio. Aconteceu algo? — pergunta
preocupada.
— Não. Apenas soube que veio aqui. O
que está acontecendo?
— Nada. É que passei na delegacia depois daí,
e soube que o David está na rua, em uma invasão
a um mercado, e tem reféns. Já pensei o pior,
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
um tempo.
— Oi. — Ela está chorando.
— Está tudo bem? — pergunto
preocupado.
— Não. O David, acabei de receber a notícia
de que ele está na rua com a equipe dele.
Ninguém sabe mais nada. Não consigo falar com
ele. Estou desesperada. Na delegacia falaram que
eles estão fora há mais de três horas e que não
podem passar mais informações. Pediram até
para os jornais não transmitirem mais nada.
Marcos, e se...
— Não diga. Estou saindo do escritório.
Fique calma. Vá para a casa da Paula com as
meninas. Qualquer novidade ligo para vocês.
— Ok!
Desligo e pego minhas coisas na mesa.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 4
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Rimos.
— Bom, vou almoçar. Depois a gente se
fala. Beijos.
— Beijos. E coma muito por mim.
— Pode deixar. Até. — Desligo o celular.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
imediato.
— O quê?
— Não gosto de macarrão e muito menos
molho vermelho. — Afasto o prato.
— E por que não pediu outra coisa?
— Porque não sei se você reparou, o
restaurante que escolheu é italiano, porém
apenas de macarrão de vários tipos.
— Droga, por que não disse antes? —
indaga nervosa.
— Porque seria uma desculpa ótima para
você fugir.
— Isso é verdade. Mas você queria
almoçar, e não comeu nada.
— Não importa. Usei a desculpa de
almoçar apenas para acompanhar você.
— E para ter minha companhia, valia um
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 5
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Levanto-me.
— Senta aí agora! — ela diz seriamente e
obedeço. — Quer que eu aja como uma tia de
verdade? Certo! Pare de fugir dos seus
sentimentos. Não sou ingênua. Vi o modo que
se olhavam. Se gostam. Desde que virou
amiga dessa família, você está diferente.
Parece que está em uma corda bamba com
medo de que, se cair, não tenha algo para te
salvar. E sabe por que fica assim? Porque
algo dentro de você te pede para correr para
os braços do tesudo, e outra coisa te puxa e
sobe um muro ao seu redor te fechando para
novas tentativas. Você se proíbe de tentar,
por causa de um maldito planejamento de
vida. Nem sempre as coisas são como
queremos.
Engulo em seco. Ela sabe tocar no meu
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
nada simples?!
Estou jogado no sofá da sala da Paula,
vendo o pessoal do buffet para lá e para cá, e
Paula e Daiane dando ordens. Não tenho
paciência para isso não.
— Cadê a Ana Louise? Ela disse que viria
ajudar. Vou enforcá-la — Daiane diz
digitando algo no celular.
— Ela faz bem em não estar nesta
loucura. E cadê o David e família?
— Não queremos eles aqui antes da festa,
pois é para o David, não quero nem ele e nem
a Liziara ajudando. E você, por que não está
fazendo nada? Poderia estar conferindo o
moço que vai cuidar das bebidas e ver se está
tudo certo.
— Eu poderia. Mas não irei. Estou
cansado. Ontem foi um inferno aquela
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
e rio.
Deito novamente no sofá e coloco o
telefone na orelha.
— Oi — digo.
— Marcos? Isso é perseguição.
— Você que ligou. Então você que está
perseguindo! Diga o que quer?
— Quero falar com a Paula, Liziara...
Qualquer uma das mulheres que devem estar por
aí.
— Só está a Paula e a Daiane e não me
atrevo a chamá-las para nada, pois tenho
amor as minhas bolas.
— Não tenho um pingo de interesse de saber
do amor por suas bolas. Estou tentando falar com
a Liziara, mas não consigo. Avise, por favor, que
irei com minha tia.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— pergunto a ela.
— Não — ela responde e bebe sua bebida
para disfarçar o riso.
— E por que ri então?
— Porque você realmente está ficando
para "titio". Depois de dizer a moça "nunca
mexa com o homem de uma Escobar", me fez
perceber que você é o único homem Escobar,
velho, mal-humorado e sozinho — provoca.
Em seguida, ela me entrega a taça e se
afasta, rindo.
— Beatriz Ferreira de Oliveira, você me
paga! Titio, é uma porra!
Eu não acredito que essa porra veio até
aqui para me provocar. Isso não vai ficar
assim. Agora ela conseguiu me irritar!
Entrego as taças para um garçom que
passa.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
David segura.
— Hoje não, caralho! — David diz.
Beatriz dá um passo para trás e acaba
batendo as costas em mim.
— Ai, des... — ela vai pedir desculpa, mas
desiste quando me vê.
Viro-a para mim. E foda-se, sei que as
meninas olham e os rapazes também e que
está lotado de gente. Ela me olha assustada.
— Titio, Beatriz, é uma porra!
Ela vai responder, mas não permito.
Seguro-a com mais força, e a beijo. No
início, ela não corresponde, mas logo o faz.
Mergulho com força minha língua e a dela se
encontra com a minha. Escuto o berro da
Liziara e da Débora, mas não me importo.
Desço minha mão até a altura da sua bunda,
enquanto permaneço com a outra em sua
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Marcos, entenda...
— Entenda você. Eu não brinquei quando
disse aquilo no almoço para você. Eu não
brinquei quando te beijei agora...
— Eu estou confusa. Só preciso ficar
sozinha — sussurro.
— Você não está confusa. Sabe o que
sentiu agora há pouco, pois foi o mesmo que
eu. Porque, se aquele beijo não tivesse tido
nenhuma importância, não teria fugido.
Sinto um frio na barriga.
— Marcos. A gente sempre implicou um
com o outro. Eu não posso... Não faz sentido.
Eu não quero ser brinquedo de ninguém, e
não posso ter ninguém, não agora. Então...
— Cale a boca e me ouve, porra! Qual a
parte que você ainda não entendeu que algo
está acontecendo entre nós e não é de hoje?
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 6
Grosso?...
— Basicamente.
— Meu anjo, ele é um Escobar. Os homens
Escobar, ou você doma, ou eles te
enlouquecem. Porém, também tem que
aprender a conviver no ritmo deles.
— Eu planejei tanto sobre o amor, minha
vida, minha carreira. E agora, estou aqui,
perdida, com medo...
— Ninguém deve planejar o amor, porque
não tem como saber quando ele vai
acontecer. Eu tive medo também. Não tinha
noção do que a vida me guardava, mas
quando conheci meu falecido marido, eu
soube que coisas não planejadas, na maioria
das vezes são as melhores. — Sorri
emocionada e bebe um gole de seu café.
— Somos muito opostos. Meu ritmo de
vida, minhas decisões, meu jeito, é muito
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Reviro os olhos.
Meu celular começa a tocar e é um
número desconhecido.
— Com licença.
Levanto-me para ir atender. Passo
correndo pela entrada da sala, e trombo com
a Daiane.
— Meu Deus, isso que é disposição de
correr logo cedo! — ela diz rindo e sai da
casa.
Atendo ao celular.
— Beatriz?
— É ela. Quem fala?
— Edson.
Porra!
— Aconteceu algo?
O que ele quer no domingo?!
— Preciso que me reenvie alguns documentos,
pois os apaguei do meu e-mail e amanhã cedo
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
carro do Edson.
O que ele quer aqui? Eu não acredito que
ele foi ver meus dados na contratação da
universidade!
Atravesso a rua e ele sai do carro.
— O que faz aqui? — pergunto e ele me
olha de um jeito bem estranho e isso me
deixa desconfortável.
— Como eu disse, preciso do e-mail.
Só para me livrar logo, enviarei a merda
que ele quer. Mas pera aí...
— O senhor não tinha necessidade de vir
até aqui para isso.
Ele sorri de um jeito estranho.
— Tinha sim...
Ele me puxa para si, tento me soltar, mas
ele é mais forte, e segura meu rosto me
beijando à força. Sinto um nojo terrível, e as
lágrimas escorrerem. Mordo com força o
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
diz nervoso.
— Não, não suje suas mãos com aquele
homem.
— Homem? Aquele filho da puta é um
desgraçado! Ele estava te vigiando, te
assediou, por pouco não aconteceu o pior e
ainda te ameaçou. Ele mexeu com a pessoa
errada. Esse desgraçado vai ter a pior
sentença que alguém poderia ter.
— Marcos...
— Ele vai ter a fúria de um Marcos
Escobar que ninguém quer conhecer. Esse
desgraçado vai pedir para morrer! — Seu
tom é assustador assim como seu olhar.
— Me promete que não vai fazer nada que
suje sua carreira?
— Foda-se minha carreira. O que importa
é você. Amanhã mesmo vai denunciar a ele. E
se você pisar naquela universidade, eu juro
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Tia!
Ela ri.
— E a Beatriz falou algo sobre, Jaqueline?
— ele pergunta para provocar.
— Tímida como sempre, e teimosa, diz
que não reparou.
— Pois a mim ela falou — ele diz e olho
para ele franzindo o cenho.
— O quê?! — Minha tia não perde uma!
— Respondeu com gemidos.
— Alguém liga o ar-condicionado, por
favor! — ela grita e Marcos ri.
Eu não mereço isso, sério!
— Eu estou no carro, não finjam o
contrário.
— Eu sei que está, delícia, e para seu
alívio, estamos chegando.
— Que pena, o papo estava tão bom! —
minha tia reclama.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 7
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
com isso.
— Meu anjo, eu sei! Mas que você nasceu
com o rabo pra lua, nasceu. — Sorrio e
Marcos também.
— Vamos, antes que eu tranque ela no
carro — digo e minha tia me olha fingindo
estar ofendida.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Ela concorda.
— Pelo visto voltaremos amanhã, porque
tem que dar depoimento.
— Sim. Então curte bem seu passeio —
brinco.
— Alegria de pobre dura bem pouco. Vou
ver essa mansão! — Ela sai animada.
Saio à procura do Marcos, pois preciso
pegar minhas coisas e também saber o que
aconteceu.
Olho em direção ao carro dele, e vejo ele
dentro. Vou até lá. Bato no vidro do
passageiro e ele abre.
— Está aberto o carro.
— Me ajuda com as malas? — pergunto.
— Claro. — Ele desce do carro e esfrega o
rosto. Posso estar ficando louca, mas
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— E sua tia?
— Foi conhecer a casa — respondo
sorrindo.
— Ela sempre foi assim? Animada?
— Sim. Minha tia não age conforme a
idade, e isso é bom!
— Quantos anos ela tem?
— Quer o tamanho da calcinha também?
— pergunto irritada, e fico com raiva de mim
mesma por isso.
— Calma. Segure as garras. Apenas
curiosidade.
— 40 anos.
— Ela é linda, pouca diferença de idade
comigo... Não é de se jogar fora!
— Juiz de quinta! Marcos some daqui!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
passeio.
— Jantar sim. Passeio com você, não!
— Não está em condições de opinar ou
discutir. — Ele sorri e se retira do quarto.
Idiota, mil vezes idiota!
Tomo um banho e visto um vestido de
alça preto, acima dos joelhos. Penteio meu
cabelo que lavei, passo um perfume e calço
chinelo. Saio do quarto e vou para a sala de
jantar.
Minha tia, que preparou a janta, e estava
tudo uma delícia. Jantamos entre risos das
conversas dela, que sabe como animar uma
pessoa. Depois do jantar, ela disse que
cuidava de limpar tudo, e depois iria tomar
um banho e deitar.
Marcos e eu fomos para sala e quando
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
interrompo o silêncio.
Ele coloca um braço atrás da cabeça e me
olha sorrindo.
— Você é bem insistente.
Concordo.
— É que, de repente, tive algumas
lembranças do passado, que ainda
machucam.
— Quer falar sobre isso?
— Não posso, não agora.
Ele olha para o rio e fica sério e me sinto
culpada por ter tocado no assunto, talvez
seja bem difícil para ele.
— Por que me trouxe para cá? Poderia ter
ficado na cidade mesmo, na Paula, qualquer
outro lugar, se o problema é segurança.
— Porque eu queria ficar sozinho com
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
você.
Engulo em seco e olho para ele, que me
olha atentamente.
— Minha tia está aqui também.
— Não aqui. — Ele vira o corpo para mim
e apoia a cabeça na mão. Com a outra mão
acaricia meu rosto.
— Eu estou com medo — deixo sair o que
eu realmente sinto.
— Não fique. Daremos um jeito no Edson.
— Não me refiro a ele, pois sei que ele vai
pagar, os Escobar não falham. Eu me refiro a
você.
— Está com medo de mim? — pergunta
preocupado.
— Estou com medo do que você
despertou em mim, Marcos.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
calcinha à mostra.
Não precisamos de palavras no momento,
apenas olhares mostrando o desejo
crescendo cada vez mais. Ele retira a camisa
e joga ao lado. Admiro suas tatuagens e seu
físico.
— Espero que não tenha muito apego por
este vestido.
Ele puxa o vestido com força e as alças
estouram. Com isso ele retira o mesmo, me
deixando apenas de calcinha e sutiã. Se
levanta e seu olhar é diferente, me traz um
calor inexplicável. Ele retira a calça sem tirar
os olhos dos meus. Sua cueca marca
visivelmente o seu membro duro. A lua
reflete sobre seu corpo e isso deixa a visão
mais adorável ainda. Sem cerimônia, ele tira
a cueca revelando o quão grande e duro está.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
sua declaração.
— E eu por você, juiz de quinta. Quem
diria?!
Sua boca ataca a minha novamente, e
passamos a noite assim, nos amando sem
importar com a hora, o vento que começou,
ou com qualquer outra coisa.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 8
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
mesmo.
Vejo o carro do Simon estacionar e dele
desce Simon e mais três seguranças.
— Fiquem aqui — Marcos diz a eles e
então separa uma chave que estava junto a
algumas outras no chaveiro.
Ele abre o portão e me dá passagem.
Por fora, a casa é enorme demais. Parece
de filmes antigos, onde tem aquelas lindas
construções.
Ele caminha em silêncio até a enorme
porta de madeira e eu o sigo.
Mais uma vez, ele separa uma chave e
abre a porta.
Sinto um medo. Que lugar é esse?!
Ele entra e eu fico parada na porta.
— Venha, não tenha medo. Somos apenas
nós aqui. — Ele segura minha mão e entro.
Olho ao redor completamente chocada.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
incentivo-o.
— Quando eu ia fazer a surpresa da casa,
ela me surpreendeu primeiro, dizendo que
tinha recebido uma proposta para morar em
Milão durante dois anos e ser a modelo
estrela de um estilista famoso. Era o sonho
dela e eu, óbvio, que fiquei feliz. Disse a ela
que onde ela fosse eu iria, e então ela me
disse que precisava ir para Milão ficar quinze
dias lá, para resolver tudo do contrato, antes
de ir definitivamente, então eu resolvi fazer
uma surpresa. — Ele passa a me olhar agora
e vejo a forte dor em seus olhos. — Para me
despedir dela antes da viagem, levei-a à casa
da família na praia, e dei a ela uma noite dos
sonhos, e no dia seguinte levei ela ao
aeroporto.
Ele está desconfortável dizendo isso, sei
que está ocultando detalhes, mas é melhor.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
pergunto a ele.
— Não pode ver.
Afasto-me dele, que está sorrindo.
— Por quê? Afinal, acho que já vi mais do
que imaginaria ver de você um dia.
Ele sobe a cueca e a calça. Ajeito meu
vestido, pois minha calcinha já era.
Ele se aproxima e me dá um beijo na
testa.
— Não pode ver, mas pode sentir. — Ele
segura minha mão e leva até seu coração. —
Minha nova tatuagem é seu nome em meu
coração.
Sorrio emocionada.
— Você vai acabar comigo com essas
declarações!
Ele me dá um beijo casto nos lábios.
— Precisamos voltar para a fazenda, mas
antes vamos pegar roupa no seu
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 9
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Mar...
Simon olha pelo retrovisor e sorri. As
lágrimas se multiplicam em meu rosto.
— Meu amor... você acordou! Não diz
nada. Estamos te levando para o hospital. Vai
ficar tudo bem. Eu prometo! — Ela está fraca,
tenta sair do meu colo, mas não permito.
— O que... aconteceu? — pergunta com
dificuldade.
— Está tudo bem. Fique quietinha, poupe
energia e tente ficar acordada.
Ela concorda.
— Estou enjoada. — Devagar ela vira o
rosto, e se inclina com cuidado, e então
começa a vomitar. Seguro seu cabelo.
— Você caiu. Isso é uma reação.
Simon estica o braço com um lenço e eu
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
pego.
— Você me surpreende sempre — digo a
ele.
Ajudo-a limpando sua boca. Abro um
pouco os vidros.
— Que nojo! — ela diz, parecendo estar
um pouco melhor. — Eu vou acabar
vomitando novamente se eu ficar aqui
dentro com esse vômito.
— Estamos chegando, senhorita.
— Só olha para mim. — Ela se senta no
banco com as pernas para cima. Retiro
minha camiseta e a entrego.
— Hã? — Ela me olha sem entender.
— Coloca no rosto, assim não sente o
cheiro do vômito e não olha, assim não passa
mais mal ainda.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
apavorada.
— Vamos lá! — ela diz.
— Merda! — Tenho certeza de que minha
pressão foi pra China. Eu tenho pavor de
injeção. Pavor mesmo!
— Amor, sua tia é bem gostosa, estava
aqui me lembrando dela...
— Você o quê?! Eu vou te matar, seu
idiota! Que ódio de você, Marcos! — digo a
ele com raiva.
— Prontinho.
— Prontinho o quê? — pergunto.
— Já apliquei e você nem sentiu. Bom
trabalho, senhor — a enfermeira diz a ele.
— Fez isso apenas para me distrair? —
pergunto e ele sorri.
— A raiva, o estado de choque, o prazer
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 10
Semanas depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
salário.
Sorrimos.
— Ai, meu Deus! — Escutamos alguém
gritar.
Marcos se levanta correndo e saímos da
sala rapidamente. Deparamo-nos com a
Débora olhando assustada e com batatas
fritas caídas no chão.
— O que foi?! — Marcos pergunta
preocupado.
— Nunca mais faça isso! Achei que tinham
invadido. Não tem nem cinco minutos que saí
para roubar as batatinhas da Daisy do
primeiro andar, e quando volto vejo sua sala
aberta. Isso não se faz! Nem vi vocês
entrando.
Rio.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
brinca e sorrimos.
— Pode deixar! — Sorrio. — Preciso te
pedir desculpa. — Ela me olha sem entender.
— Não gostava muito de você, ainda mais
quando soube de você e do Marcos, mas fui
tola. Entre vocês dois, apenas existe uma
grande e linda amizade, é como eu e a
Liziara, só que sem a parte do sexo no
passado... — Rimos.
— Normal, muitos condenam sem saber, e
fico grata por você ter visto que somos
apenas grandes amigos. Eu amo meu marido,
e não o trocaria nunca, mesmo quando ele
me proíbe de sair com o carro porque
sempre dou prejuízo, ou quando ele me
proíbe de comer besteiras o dia todo. E vou
te confessar algo: o ciúme que o Cleber sente
do Marcos não é pelo nosso passado junto, é
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Paula gostava.
— Epa! Pode parar. Eu era educada, o que
é diferente. Ninguém é bocudo e cara de pau
como você e Henrique! — Paula se defende e
eu rio.
— Chega, vamos mudar de assunto.
Afinal, ninguém merece ficar falando dessa
cobra — Ana se manifesta.
— Eu apoio! Vamos falar de quando
Beatriz e Marcos vão casar, ter filhos... —
Paula diz, e eu começo a me engasgar. Minha
tia ri e Marcos dá leves tapas nas minhas
costas.
— Nossa, Bia, está bem? — Daiane
pergunta preocupada.
— Isso aí é apenas susto, porque sabe que
vai acontecer, só não tinha ouvido em voz
alta — Henrique diz.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 11
Meses depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
do mundo.
— Ana está grávida novamente.
— Mentira?! Henrique deve estar todo
bobo! — Filho da mãe não me falou nada hoje
quando falei no caminho para entrevista,
para ver se ele e David já tinham feito o que
pedi.
— Está sim. Estava na Paula quando eu
soube da notícia. Paula pirou, aquela ali ama
crianças.
— Imagino! Ser avó é tudo para ela!
— Sim. Fiquei boba sabendo da novidade.
Eles dois são tão fofos, e agora pais
novamente, vai ser incrível.
— Com certeza! Tomara que seja um
menininho, assim faz casal!
— Sim! Essa família precisa de menino.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
para a Débora.
— Oi, Bia.
— Chegou algo?
— Algo tipo o quê?
— David ou Henrique estiveram por aí?
— Henrique sim.
— Então não chegou nada?
— Não. O que aconteceu?
— Nada. E, por favor, não diga ao Marcos
que liguei desta vez.
— Ok. — Desligo.
Estou muito ansiosa. Planejei tudo com o
Henrique e David há semanas, só que não
contava com a entrevista hoje, para sair dos
horários programados.
Ligo para o David, que atende no
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
primeiro toque.
— Calma. Tive que despistar a Liziara o dia
todo, e só agora o Henrique conseguiu um tempo.
Estamos bolando aqui. Vai rolar hoje, se acalma!
— Estou agoniada. Ele não me atende.
Quero dar logo as novidades a ele. Tive que
fazer quase que um teatro hoje mais cedo.
— Henrique pensou em você aparecer lá.
Assim que chegar lá, nos avisa e enviaremos para
o e-mail da Débora. Ela também não pode saber
de nada. Se quer que dê certo essa surpresa, por
enquanto apenas, eu você e o Henrique podemos
ficar sabendo.
— Pode deixar. Vou me arrumar e vou
para lá. Hoje, já despistei ele e a Liziara.
— Ok. Henrique o viu hoje, e disse que ele está
estranho.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
de verdade?
— Totalmente!
— Marcos, eu...
— Não gosto de perguntar e você sabe.
Mas por você eu faço tudo! Beatriz Ferreira
de Oliveira, diga sim para mim? — Ele me
olha com amor.
— Sim. Merda, estou mais uma vez saindo
dos meus planos, mas por você vale a pena.
Sim, eu digo mil vezes sim para você, Marcos
Escobar!
Ele coloca o anel na minha mão trêmula.
Em seguida coloca a caixinha de lado e
segura meu rosto com ambas as mãos.
— Você é meu ponto fraco, meu sonho,
minha raiva, meu controle, meu amor. Você é
minha! — Ele me beija emocionado.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
vez.
— Qual seria sua melhor taça? —
provoco.
— Você. — Ele me pega no colo e rio.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 12
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Na semana seguinte...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
cozinha.
— O perigo torna tudo mais excitante.
— Marcos, aqui não!
— Tudo bem! — Ele se levanta e me ajuda
a levantar. — Vamos subir.
— Você não vale nada.
Ele ri.
— Nem um centavo. Vamos logo, mulher!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
escolhesse tudo.
— Podemos entrar? — pergunto chocada.
— Claro.
Ele abre a porta e entramos na casa. O
primeiro cômodo que nos deparamos é
enorme, todo branco, tem um longo
corredor, e uma escada de madeira com o
corrimão de vidro que dá acesso ao andar
superior, embaixo há flores, parece de casa
de novela.
— Marcos... Isso...
— Precisa de reforma, eu sei. Acredito
que em menos de seis meses esteja do jeito
que quer. É muito grande, tem cinco quartos,
todos com suíte, sala de jantar e de estar, três
banheiros, e três lavabos, piscina, biblioteca,
ambientes para escritórios... Bom, vou te
mostrar, é bem grande, então pode ser que a
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
abraça.
— Eu te amo, e farei de tudo por vocês.
— Você já é tudo que eu preciso.
— Idem, amor. — Ele me beija e sorrio. —
Não vejo a hora de assinar muitas sentenças
suas em cada cômodo aqui.
— Marcos! — Dou um tapa de leve em seu
braço e ele ri. — Te amo, seu louco!
— Louco por você, porra! — Ele me beija.
Às vezes, penso que tudo pode ser um
sonho, mas toda vez que sinto seus beijos,
seus toques, vejo que é real. Merda, é real!
Depois de sábado, não terei mais como
pensar que pode ser um sonho, a realidade
vai gritar para mim e dizer: Sua louca, você vai
ser mãe, se casou com Marcos Escobar, o juiz mais
conhecido do país!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 13
Meses depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— É MENINO!
Concordo e ele chora emocionado.
— Este era o momento certo para te
contar. Na tranquilidade, e com essa vista
esplêndida. Amor, seremos pais de um
garotão.
Ele segura meu rosto com as mãos
trêmulas, e me beija.
— Porra, Henrique e David precisam
saber! — diz animado e planta um beijo na
minha barriga. — É, vai ser foda como o
papai.
Rio.
— Não! Vai me prometer que vai guardar
segredo. Vão saber só quando nascer. Quero
manter o suspense para eles.
— Eu prometo.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Epílogo
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
estou brincando!
— Me acalmar? Nunca! Chame o Simon,
porque eu quero testemunhas quando eu te
matar.
— Na verdade, não deveria querer.
— Mas eu quero. Para todos terem a
certeza do porquê te matei!
— Amor, senta.
— Só vou fazer isso, porque estou
tremendo!
Ela se senta e fica me olhando
atentamente. Começo a retirar o paletó.
— Não quero um striptease!
— Porra, apenas espere!
Entrego o paletó a ela, e logo depois
começo a retirar a camisa com um pouco
mais de dificuldade. Entrego a camisa a ela,
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Fim
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Bônus
“BELOS E FAMOSOS”
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por mais
um sonho realizado, e por sempre me dar
forças e alegrias no decorrer do caminho.
Obrigada a Editora Angel, mais uma vez,
por acreditar no meu trabalho.
Obrigada ao Sr. Google, por me ajudar em
diversas dúvidas. E Cláudia por me dar uma
excelente ideia em um dos capítulos.
Minhas amadas betas e amigas, Liziara
Araújo e Beatriz Ferreira, muito obrigada
por todas as dicas, inspirações e por
aguentarem minhas loucuras por essa série,
e entrarem na loucura também.
Obrigada as minhas leitoras da
plataforma Wattpad, que me animaram, me
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Biografia
Deby Incour nasceu em Guarulhos, na
Grande São Paulo. Apaixonada por livros, ela
escreveu seu primeiro romance em 2014,
que foi publicado pela Editora Angel. Desde
então, nunca mais parou. Os livros fazem
com que se sinta em um mundo mágico, onde
existe tudo que se pode imaginar. Em 2016,
foi best-seller na Amazon brasileira, com o
livro “Meu advogado”; e isso foi para ela uma
imensa conquista.
Instagram.com/autoradebyincour
wattpad.com/debyincour
facebook.com/debyincour
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Editora Angel
Visite nosso site:
www.editoraangel.com.br
PERIGOSAS ACHERON
Copyright © 2018 Deby Incour
Copyright © 2018 Editora Angel
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer
forma, meios eletrônico ou mecânico sem a permissão por escrito do Autor e/ou Editor.
(Lei 9.610 de 19/02/1998.)
1ª Edição
Caros leitores,
Este livro... melhor dizendo, este conto foi feito com muito
amor e carinho. Torço para que gostem. Fazer uma história
que envolva um lado criminal, mesmo sendo muito curta, não
foi fácil, e foram feitas algumas pesquisas. Tudo aqui é
totalmente ficcional. Pulei alguns atos da lei para não
falar demais e acabar falando coisas sem sentido. Espero que
gostem.
Com amor, Deby.
Dedicatória:
Para Beatriz e Liziara, minhas grandes fontes de inspirações para as
cenas em que seus nomes aparecem no livro.
Senhor Google, você também merece estar aqui, mesmo me dando várias
respostas diferentes para algumas pesquisas. Te dedico este conto.
Um
Daiane Escobar
Daiane Escobar
— Sério, Daiane, você tinha que dar motivos para fofocas justo neste
momento? — Henrique me questiona.
Estamos todos na sala da minha mãe. Viemos para cá, após o enterro. E
eu que pensei que as notícias sairiam amanhã, saiu hoje mesmo.
— Eu dar motivos? Era só o que me faltava! — Abaixo a tela do
notebook com força. Levanto-me do sofá.
— Nossa família anda muito na mídia, não acha? — David pergunta. —
Não dava para evitar uma fofoca pelo menos nessa semana?
— Só pode ser brincadeira de vocês.
— Gente, por favor... — minha mãe diz.
— Por favor, uma porra! — Henrique diz alterado.
— Henrique! — Ana diz a ele. — Parem. Ela não tem culpa desses
idiotas.
— Ana está certa. Chega disso, pessoal — Liziara se manifesta.
— Eles têm razão. Daiane está demais. Poderia ter evitado pelo menos
hoje! — meu tio diz.
— Marcos, não coloque mais lenha! Respeitem o momento — Beatriz
diz.
— Estou atrapalhando, não é isso? Está tudo bem!
Saio da sala e subo para meu quarto, já de saco cheio de tudo isso. Pego
duas malas no closet e começo a colocar tudo que será necessário. Coloco uma
calça jeans e bota sem salto. Visto uma blusa de frio, pois está chovendo e frio.
Pego minha bolsa, as malas e desço.
Todos me olham.
— Filha, onde vai? — minha mãe pergunta preocupada.
— Vou viajar. Aproveitem o tempo sem a mídia difamar o sobrenome
Escobar por minha causa. Ana, você pode me ligar se precisar. Não quero
seguranças na minha cola.
— Daiane, é tarde. Aonde vai?! — meu tio, pergunta.
— Não interessa.
Saio da sala com o David e Henrique me chamando. Mas escuto quando
minha mãe diz para me deixarem em paz, porque preciso ficar sozinha.
Coloco as malas no carro e sigo para qualquer lugar, longe do ambiente
Escobar. Talvez eu vá para o interior do estado, sempre gostei de lugares assim.
Chegando ao local, vejo uma pousada ou hotel. Só quero sair logo da cidade.
Mãe, estou bem. Vou tirar minhas férias merecida. Avise que não estarei
para a audiência, e que passem para outro promotor. Sei que posso me
prejudicar por isso, mas preciso deste tempo. Depois entro em contato e digo
sobre minhas férias com eles. Amo a senhora, beijos.
Jacob Casagrande
— Ainda não acredito, que estamos voltando. Jacob, não tivemos nem
dois dias de lua de mel! — Poliana reclama ao meu lado.
— Não tive escolhas. Você viu quando me ligaram, preciso estar aqui
para substituir uma promotora que não poderá ficar com um caso.
— E só tem você de promotor?
— Poliana, menos. Depois retornamos para a viagem.
Entro com o carro na fazenda. Vim logo após receber a ligação do meu
escritório. Por sorte estávamos em uma cidade vizinha, onde a Poliana escolheu.
— Choveu muito aqui. A estrada estava um caos.
— Sim... E de quem é esse carro na entrada da casa? De branco está
marrom!
— Não tenho ideia. — Estaciono o carro, e desligo. — Ainda é muito
cedo.
Descemos do carro.
— Depois pego as malas. Vamos.
— Prefiro ir para nossa casa. Sua avó e sua filha não são muito minhas
fãs, e não quero que quando acordem, vejam a mim de primeira.
— Deixe de medo, vamos.
— Jacob, não. Eu vou para nossa casa.
— Está bem. Vá com o carro, depois vou com o outro que está aqui.
— Ok. — Entrego a chave e dou um beijo rápido nela.
Ela entra no carro e dá partida.
Subo a escada, e abro a porta, com minha chave.
Entro e fecho a porta. Está tudo calmo. Devem estar dormindo. Vou
direto para o quarto da minha pequena. Abro a porta com cuidado. Ela dorme,
tranquilamente. Fecho a porta com cuidado, e escuto barulho na cozinha.
Caminho para a cozinha. Minha avó está preparando café.
— Já fora da cama?
— Ah, menino! Santo Deus, quer me matar?!
Rio.
Aproximo-me dela e dou um beijo em seu rosto. Encosto na pia.
— Desistiu do casamento? — pergunta animada.
— Não, vó. Eu voltei porque tinha trabalho.
— E Poliana?
— Foi para casa.
— Melhor, assim alivia a bomba.
— Que bomba?
— Nada.
— Vó, o que aprontou?
— Eu? Nada.
— Sei... Vou para o meu quarto. Preciso de um banho para acordar de
vez.
— NÃO! — ela grita. — Quero, dizer... Não. Tome banho no meu, e eu
levo a roupa. Seu quarto está com problemas no banheiro, e vão arrumar.
— Eu pego a roupa e tomo banho em outro banheiro.
— Eu pego a roupa, deve estar cansado.
— Vó, o que está aprontando? Está escondendo algo, e vou descobrir!
— Vá para seu banho! Deixe de papo.
— Está bem, estressada.
Saio da cozinha. Verifico para ver se não me segue. Caminho até meu
quarto, e com cuidado tento abrir a porta, mas sou impedido.
— Papai!
— Oi, princesa! — Pego ela no colo. Está cada dia maior e mais pesada.
— Já voltou? A bisa disse que demoraria um pouco.
— Tive que voltar antes.
Ela sorri e beija meu rosto.
— Vai ficar comigo hoje?
— O dia todo, meu amor.
— Ebaaaaa! — ela grita animada.
Coloco ela no chão.
— Vou escovar os dentes, e tomar café. Você vem, papai?
— Já vou, meu amor. Primeiro vou tomar um banho.
Ela volta para o quarto.
Minha avó vem trazendo roupas limpas.
— Por que não pegou no meu quarto? — questiono.
— Porque estas estavam passadas e limpinhas na lavanderia.
— Hum-hum...
Pego e vou para o banheiro, que fica ao lado do meu quarto. Mas retorno
ao lembrar de algo.
— Vó? — Ela para no corredor e me olha. — De quem é o carro aí fora?
— Carro? Não sei.
— Não sabe? Tem um carro na sua fazenda, na sua porta, e você não
sabe?
— Ah, é do encanador.
— Meu banheiro está com problemas no encanamento?
— Seu banheiro não está com problemas.
— Você disse que estava.
— Ah, é mesmo! Está. Que cabeça a minha. Tenho que ir.
Ela está me escondendo algo. Dona Joana não me engana!
Daiane Escobar
Seu quarto parece de princesa. Sento-me na cama enquanto ela vai até o
guarda-roupa e começa a procurar algo.
— Então, o que devo vestir?
— O que te fizer sentir confortável.
— Verdade!
Ela pega um lindo vestido, entra no banheiro e, depois de alguns
segundos, sai.
— Linda.
— Obrigada.
Ela guarda o pijama e se senta ao meu lado.
— Posso fazer uma trança em você? Vai ficar ainda mais bonita.
— Sim! Eu adoraria.
Ela pega elásticos de cabelo, escova e me entrega. Se senta na cama, de
costas para mim. Começo a pentear seu cabelo com cuidado.
— Você trabalha de quê?
— Sou promotora. Igual seu pai.
— Ele trabalha muito. Quase não temos tempo, porque o que temos, a
Polichata tira de nós.
Sorrio com o apelido.
— Não gosta dela, pelo visto.
— Nem um pouco. E ela também não gosta de mim.
— Por que diz isso?
— Ela não gosta. Eu vejo pela forma que me trata.
— Acredito que seja impressão sua, ou seu pai não se casaria com ela —
tento amenizar.
— Não. Meu pai casou porque ela vivia dizendo que eu precisava de uma
mãe, e porque os pais dela ficavam insistindo.
— Quem te disse isso?
— Tenho dez anos, não sou um bebê mais. E eu escutei conversas.
— Entendo. Sinto muito.
— Só queria meu pai mais tempo comigo.
Não tenho o que responder. Começo a trançar seu cabelo.
— Você tem pai?
— Não. Meu pai morreu há um tempo.
— Que triste. Eu não tenho mãe. Meu pai e minha bisa dizem que ela
morreu, mas que me amou muito e foi uma linda mulher. Eu não lembro dela.
— Nunca viu em fotos?
— Não tem fotos. Sempre pedi uma, mas meu pai nunca me deu.
— Sinto muito.
Termino a trança.
— Terminei. Tem algum espelho pequeno além deste do quarto?
— Sim. Vou pegar.
Ela vai até o banheiro e retorna com um espelho menor. Pego e posiciono
ela em frente ao enorme espelho. Posiciono o espelho pequeno de uma forma
que ela veja sua trança refletida no grande.
— Está linda.
— Que bom que gostou.
Coloco o espelho na cama.
— Vamos — ela diz e saímos do quarto.
Ao passar pela sala, pego meu celular. Tem mensagem da minha mãe.
Vou para a cozinha. Daiane enxuga a louça que minha avó lava e Sophie
guarda.
— Pai, Daiane é boa no UNO, me venceu todas as vezes.
— Isso é um milagre. Todos que jogam com você perdem.
— Deixei ela ganhar — ela diz e ri.
— Ah é... — Daiane bate o pano de prato no braço da Sophie, que ri. —
Sou uma excelente jogadora.
— Verdade. É mesmo — Sophie concorda.
— Jacob, se veio comer vai lavar a louça depois — minha avó diz.
— Sim, senhora.
— A coisa não vem? — ela pergunta.
— Não vó. E a coisa tem nome.
— Não gosto nem de lembrar do nome dela.
Daiane enxuga a louça e finge que não escuta a conversa.
— Você mora onde, Daiane? — Sophie pergunta.
— Na cidade. Mas minha família tem uma fazenda algumas horas antes
daqui.
— Que legal!
— Eu que o diga. Deve ser foda ser da família Escobar! — digo
animado.
— Nem sempre. Pode acreditar. — Noto a sinceridade em suas palavras e
olhar.
— Levaram o carro dela para a garagem. Ajude ela a trazer a outra mala
que ficou lá e a fazer a tal da chupeta no veículo.
— Descarregado? — pergunto.
— É o que parece — Daiane responde.
— Eu posso trazer. É só me dizerem onde é.
— Eu ajudo. — Pego uma maçã na fruteira, mas desisto de comer e
retorno ela. — Vamos.
— Não terminei ainda aqui.
— Vai logo, menina! — minha avó diz tirando o pano de prato dela. Rio.
Levo ela até a garagem.
— É, meu carro precisa de um banho.
— Com certeza.
Ela abre o carro e pega a mala. Mas fica procurando por algo dentro.
— Perdeu algo? — pergunto.
— Espero que não. Merda!
— O que procura?
— Minha arma.
— Não precisa me matar. Vim apenas ajudar. — Ela me olha séria. —
Estou brincando. Onde deixa ela?
— Embaixo do banco. Mas não está. Eu tenho certeza de que eu trou...
Achei! Estava embaixo do banco do passageiro.
Ela coloca embaixo do banco dela e sai do carro.
— Então a moça Escobar tem as habilidades dos irmãos e do tio?
— Quem me dera. Apenas tenho arma por precaução. — Sorrio.
— Vou fazer chupeta no seu carro, com o meu.
Ela concorda. Caminha até o porta-malas, pega o cabo e me entrega.
Faço o que tem que ser feito e o carro dela liga.
— Obrigada.
— Imagine. Agora posso morrer em paz. Ajudei um Escobar.
Ela sorri.
— Você realmente é fã da minha família, não é?
— Sim. Vocês são uma inspiração na lei.
— Nem sempre.
— Sei que fogem as vezes das leis, mas é isso que me atrai. Porque
mesmo fazendo errado, agem certo.
— Pensando por esse lado.
— Vamos?
— Vamos sim.
Estamos retornando para a casa. O caminho é em silêncio. Já percebi que
ela fica desconfortável perto de mim, e por isso não insisto em falar. Ela sobe a
escada na minha frente. E porra, que me chamem de pecador, mas que bunda do
caralho! Sou casado, e não cego.
Entramos na sala.
— Obrigada mais uma vez. Preciso falar com sua avó. Com licença. —
Ela sai rapidamente da sala.
Ela realmente está fugindo de mim. Porra, tenho a chance de estar
próximo a um Escobar, e quando estou, foge de mim. Está foda!
Três
Daiane Escobar
Uma foto dele está logo abaixo da notícia, junto a outros homens na
reunião de Nova York.
Pergunto-me por que ele se inspira na minha família, nós que temos que
nos inspirar nele, que faz tudo correto. Todas as notícias que vi até agora são
elogios, até mesmo nos sites de fofocas.
— É, Poliana, você ganhou na loteria. Bonito, inteligente e, de brinde,
rico. Tudo o você sempre quis — penso alto.
Largo o celular e fico olhando para o teto.
Se existe realmente o papo de destino, o meu está brincando com a minha
cara. Tanto lugar para parar, e vim parar justo nesta fazenda. Se isso não é azar,
desisto de pensar o que pode ser.
A porta se abre lentamente e fico observando. Se for aquela louca, ela vai
sair voando daqui.
— Daiane?
Sophie entra.
Sento na cama. Ela acende a luz.
— Posso falar com você? — pergunta já encostando a porta.
— Claro. Sente aqui. — Indico a cama. Ela se senta. — Pensei que já
estava dormindo.
— Não. Na verdade, eu estava pesquisando sobre você na internet.
— Sério?! — pergunto surpresa.
— Eu disse que já tinha te visto. Você é bem falada na internet.
— Sim...
— É verdade tudo o que dizem?
— Depende. Algumas coisas sim, outras não.
— Meu pai também aparece muito em notícias, mas nunca falam de
mim.
— Posso contar um segredo?
Ela concorda.
— Eu queria não aparecer nas notícias. Nem sempre é bom o que dizem,
e isso pode te fazer mal.
— Pode ser que tenha razão... A Poliana conhece seu irmão? — Engulo
em seco — Vi sobre ela com um tal de David, mas é antiga as notícias.
— Você não deveria dormir? E realmente tem dez anos? — pergunto
assustada.
— Tenho dez anos, e em dias de chuvas assim, suspendem as aulas aqui.
Então não tenho o porquê de dormir cedo. E tenho tablet e celular em mãos.
— Percebi.
— Não me respondeu. — Garota direta.
— Sophie, isso é passado. Melhor esquecermos esse assunto.
— Você também não gosta dela. Eu percebi e está me escondendo algo.
Mas tudo bem. Ninguém gosta dela mesmo. Nem minha bisa gosta dela. Só
queria saber por que você não gosta.
Certo, eu estou pagando meus pecados. Uma criança está me
questionando e me deixando sem fala!
— Não é que não gosto dela. Apenas não sou a favor de algumas atitudes
dela... — minto.
— Isso é não gostar.
— Você é sempre assim? Inteligente demais?
Ela sorri.
— Sou esperta, fazer o quê!
— Notei. Mas é melhor ir para a cama, está tarde, antes que seu pai
acorde e veja você acordada.
— Ele vai apenas dizer: “Sophie, vai para cama já!” — ela diz com uma
voz grossa, e rio.
— Mas vamos evitá-lo de dizer isso?
— Está bem. Me leva até o quarto?
— Com certeza! Vou garantir que ficará longe da internet.
Ela ri.
Fomos para seu quarto. Ela deita na cama.
— Boa noite, espertinha!
Ela sorri.
— Boa noite, princesinha Escobar. — Fico boquiaberta.
— Você realmente precisa ficar longe da internet.
Ela ri.
Apago a luz e saio de seu quarto.
Entro no quarto que estou, a tempo de escutar meu celular tocar.
O nome do Henrique aparece na tela.
— O que você quer? Não tem noção da hora?
— Daiane, onde está? Porra, está todo mundo preocupado. Você não
usou cartões, nem a fazenda. — Sua voz é de desespero.
— Sério que estão me rastreando? Que ridículo! — Rio.
— Tentamos até seu celular e carro, mas não encontra o lugar. Por
favor, estamos preocupados. Desculpe o que falei. Porra, eu estava nervoso.
Volta para casa.
— Henrique, acorda! Sou maior de idade, vacinada, e não preciso do
dinheiro de vocês. Então cuide da sua filha, e sua mulher, e deixe que da minha
vida cuido eu. Não interessa aonde estou, e pouco interessa para onde irei
depois. Apenas me deixe em paz.
— Daiane, para de putaria. A mãe está angustiada. Você deixou a
audiência que tinha de lado.
— Eu estou bem. Muito bem. Não precisa ninguém se preocupar.
— Pode, pelo menos, dizer em que lugar está?
— Em uma fazenda. Satisfeito?
— Não. Eu não estou satisfeito.
— Problema seu!
— Nos mantenha informados. Você está sem segurança.
— Henrique, a única pessoa que vai precisar de segurança é uma idiota
que calhei de encontrar, caso ela me provoque. Vai dormir.
— Se cuida. Te amo, pirralha!
— Eu sei, também amo você. Amo todos vocês, mas preciso ficar longe
um tempo. Beijos. — Desligo.
Essa noite está cheia de questionamentos.
Saio do quarto. Preciso de água e ar.
Vou para a cozinha, que é iluminada pelos clarões da tempestade. Encho
um copo com água.
Abro a porta que dá para o quintal, e encosto no batente. Fico observando
a tempestade. Bebo um pouco da água e fico segurando o copo.
Nunca pensei, que seria bom, ficar um pouco longe da cidade, e da
família. Viver um pouco da independência que tenho direito. Vivi minha vida em
função de todo mundo, e esqueci de mim. Não estou com raiva pelo que me
disseram em casa, apenas chateada, mas logo passa. Ficar longe por um tempo
vai me fazer muito bem.
— Gosta de tempo assim?
Viro-me assustada e sorrio.
— Gosto sim, Joana.
— Eu também. Ela acalma. Mas também nos ajuda a refletir.
— E como!
— Fugir dos problemas não vai resolvê-los.
— Não estou fugindo.
— Sempre dizemos isso, mas vivemos em constante fuga.
— Foram problemas familiares. Digamos que estava fazendo o
sobrenome Escobar ser citado demais, e quando precisei não tive apoio das
pessoas que tanto ajudei.
— Eu sei como é isso. Por isso não coloco minha mão no fogo por
ninguém, porque já fui queimada. Por mais que amemos alguém, temos que
limitar esse amor e nos colocarmos em primeiro lugar as vezes.
— Percebi isso... Demorei, mas percebi.
— Antes tarde do que nunca. Vocês jovens fazem tantas burradas, que
essa frase se tornou constante em minha boca.
Sorrio.
— Até que eu não faço tantas.
— Poderia ensinar ao meu neto, então. Porque eu quero acreditar que
Poliana fez alguma mandinga para prender ele. Não pode ser burro ao nível que
está sendo. Tem que ser mandinga.
Rio.
— Ele deve amar ela. Tem louco para tudo.
Ela ri.
— Amar ela? Menina, se aquilo é amor, desisto da humanidade.
— Não posso dizer nada a respeito. Para o amor, eu sou um desastre. No
entanto, nunca namorei, sempre foram casos de uma noite, e nada mais.
— Melhor ser assim do que encontrar um cara estilo Poliana.
Sorrio.
— Pelo visto, ninguém realmente gosta dela.
— Acho que nem ela mesmo se gosta. Por isso digo que foi mandinga
em cima do Jacob. Mulher interesseira como a mãe, vulgar, e nem sequer aceita
a Sophie. Tenho muitos motivos para não gostar dela, e você quais os motivos?
— Está realmente na minha cara que não gosto dela — comento
sorrindo. — Bom, minha família teve alguns problemas por culpa dela, e eu
nunca fui com a cara dela.
— Nunca foi com a cara de quem?
Joana grita com a voz que surgiu.
— Menino, quer me matar? Deus me livre!
Ele sorri.
— Fica fofocando, e não vê as pessoas chegarem — Jacob diz sorrindo.
— Você me respeita! — Ela acerta um tapa em braço e, em seguida, pega
uma garrafa de água na geladeira.
— Vou dormir. Boa noite! — Ela para ao lado dele e me olha. — Eu digo
que é mandinga. Lua de mel, e nem sexo, pelo visto, está acontecendo — diz
apontando para ele e me engasgo com a própria saliva. Bebo o restante de água
no meu copo.
Ela se afasta, rindo. Coloco o copo na pia.
— Não ligue para o que ela diz.
Concordo sorrindo.
— Vou dormir.
— Por que foge de mim?
— Não estou fugindo. Apenas vou dormir.
— Percebi que evita contato visual, e sempre arranja uma oportunidade e
foge.
— Impressão sua — minto.
— Duvido, mas fingirei que acredito.
Que se dane, vou perguntar.
— Por que se casou com ela?
Ele me olha impressionado.
— Porque...
— Amor, o que faz aqui? — Ele é interrompido por ela.
— Já vou indo.
Saio da cozinha o mais rápido possível. Preciso sair daqui, antes que eu
abra minha boca de vez sobre Poliana. E que merda foi essa de questioná-lo?
Quanto menos eu souber, será muito melhor.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Jacob Casagrande
Abro os olhos e vejo de quem estou querendo fugir, e sei que não é uma
miragem. Ela me observa, surpresa. Não paro o que estou fazendo, porém, desta
vez, de olhos bem abertos focados nela.
Daiane Escobar
Estefan chega, e coloca as coisas em seu carro. Disse que vão vir buscar
meu automóvel.
Despeço-me da Joana e da Sophie. Jacob e Poliana não vejo, e dou
graças a Deus por isso.
A chuva não amenizou, mas sairia até em um dilúvio, para não ficar mais
nem um segundo aqui.
Entro no carro e Estefan se vira para trás.
— A Sra. Escobar está bem preocupada — ele diz. E só então me lembro
de uma coisa.
— Merda, é por isso tantas ligações no meu celular e eu perdi todas e
esqueci de ligar. Amanhã é aniversário dela. Como eu posso ter esquecido? Que
péssima filha! Estefan, vamos para casa. E não esqueça que meu carro precisa
sair daqui hoje. — Ele concorda e se vira para frente.
O caminho para sair da estrada da fazenda é bem tenso, mas
conseguimos passar. Estefan é um bom motorista e sabe o que faz. Pegamos o
atalho da estrada, que nos leva direto para a rodovia.
Ligo para minha mãe, que atende rapidamente.
— Pelo amor de Deus, me diga onde está!
— Daqui algumas horas chego em casa. Não avise ninguém. Depois
conversamos.
— Graças a Deus. Eu estou desesperada. Te aguardo. Te amo, filha!
— Também te amo. Beijos. — Desligo o celular e jogo na bolsa.
Encosto a cabeça no banco, e imagens do Jacob cantando invadem minha
memória.
— Estefan, dá para atirar nas memórias sem atingir o cérebro? — Ele me
olha pelo retrovisor e sorri.
— É, então estou bem ferrada.
— Senhorita, sei que pediu para que eu não dissesse nada. Mas o Simon
é meu supervisor, e eu tive que dizer.
— Tudo bem, Estefan.
— E a senhorita sabe que o Simon não esconde nada do senhor Marcos,
não é?
— Sei. E é por isso que já estou me preparando para aguentar a chuva de
perguntas.
— Sinto muito — ele é sincero em suas palavras.
— Relaxa. Até parece que não conheço como funciona essa família. O
pateta chefe descobre e fofoca para o pateta número um, que fofoca para o pateta
número dois, então os três patetas se juntam e vão patetar a vida alheia. —
Sorrio e vejo ele fazendo o mesmo. — Eu sei, buguei sua mente. — Ele ri.
Jacob Casagrande
Já estou em São Paulo, no hotel que reservei. Vim o caminho todo com
os pensamentos em certa pessoa, e que Deus me perdoe, mas não era na minha
esposa.
Estou começando a achar que esse tempo todo, a única pessoa da família
Escobar que eu realmente sou fã é uma bela morena, que vou substituir amanhã
na audiência.
— É, Daiane, acho que minha fascinação na verdade era por você!
Esfrego o rosto e deito na cama. Olho para o aro dourado em minha mão
esquerda, e logo me vem à memória quando decidi que tinha que colocá-lo em
meu dedo, e no da Poliana.
Entrei na sala, onde fui informado que o pai dela estava. Vi o senhor de
cabelos brancos, aparência de uma pessoa cansada. Ele estava sentado na
poltrona, e assim que me viu sorriu. Ele é um bom homem, diferente da esposa.
Respirei fundo. Precisava seguir em frente com o que tinha ido fazer.
— Assim que me disseram que estava aqui, e queria falar comigo,
imaginei o que seria.
Olhei sem entender.
— Minha esposa não está e nem minha filha. Uma ótima oportunidade
para dizer o que tem em mente.
Engoli em seco.
— Sente, por favor. — Ele indicou o sofá ao lado e fiz o que pediu.
— Senhor Luiz, não sei nem como dizer isso, sem parecer grosso ou
direto.
Ele sorriu de um modo triste.
— Mas não posso mais... Não posso dar continuidade a este
compromisso com ela. Eu tentei, mas não dá. Nunca foi a minha intenção casar
com ela. O senhor sabe que foi por insistência de sua esposa e da sua filha que
ficamos noivos, mas ela sempre soube que eu nunca a amei. Eu não posso
continuar com isso. Eu sinto muito, mas não posso me casar com ela. E por
valorizar demais a família, queria que o primeiro a saber disso fosse o senhor —
soltei as palavras de uma vez, e senti um peso sair de mim.
— Eu já sabia. Sempre soube que nunca a amou. Você é um bom rapaz,
menino, e merece alguém que te faça feliz, e ela não fará isso. Infelizmente,
acredito que ela nunca faça ninguém feliz, e isso também é culpa minha, por ter
permitido que minha esposa criasse-a desse modo e não intervisse. — A tristeza
está em suas palavras. E isso me corta o coração. — Eu nem tenho o direito de
te fazer qualquer pedido, mas eu preciso.
— Pode me pedir qualquer coisa!
— Case-se com ela. — Olhei espantado. — Nem que seja para se
separar no dia seguinte, ou na semana seguinte. Eu peço isso, não por ela, mas
pelo nome da minha família. Poliana já destruiu demais o sobrenome Xavier. —
As lágrimas escorrem por seu rosto. — Eu não vou aguentar mais pessoas nos
apontando. A cidade inteira já sabe desse casamento. Pode ser uma cerimônia
apenas no civil, não precisa de jornais, e nem quero que saia neles. Mas por
mim, pela minha família. Já não temos mais nada, e não posso perder o resto de
dignidade que me resta. Estou cansado, já não sou mais saudável o bastante
para aguentar mais humilhações. Se fosse apenas ela que saísse humilhada, eu
juro que não iria me importar, e não me envergonho de dizer isso, porque ela
merece depois de tantas coisas ruins que tem feito. Mas, meu rapaz, é o
sobrenome da única coisa que me resta, que vai sujar ainda mais. — As
lágrimas não param de escorrer por seu rosto, e suas mãos tremem sem parar.
Fiquei sem saber o que fazer. Vi a dor em suas palavras e em seus olhos.
— Ela se casando e separando, já não será tão falado, quando você
desistir antes do casamento. Eu te imploro. Até me ajoelharia a sua frente, para
pedir isso, se eu pudesse. O que estou te pedindo pode ser um absurdo para
você, mas é a única forma de não destruir por completo essa família. Não quero
seu dinheiro, e nem aconselho que partilhe algo com ela. Sei que tem uma filha,
e pela sua filha também não aconselho que fique com Poliana. Tudo o que eu
peço é que se case apenas e depois tem meu total apoio para se separar dela,
quando quiser. Eu imploro. — Sua voz é carregada pelas lágrimas. E sinto uma
dor forte ao vê-lo assim. Sei o quanto tem sofrido com as atitudes da filha e da
mulher, e hoje se vê que não tem mais forças para tentar mudar os erros da
criação. — Pensei o quanto será falado que o promotor Casagrande largou-a
antes do casamento. Depois podem fazer de um modo restrito a separação...
Levantei-me do sofá. Ele olhou para o chão e com as mãos trêmulas
enxugou as lágrimas.
— Não se preocupe. Farei o que for possível para não sujar a sua
família. O senhor não merece. Eu devia ter dado um basta quando começou a
ser um namoro, mas não fiz, então devo ao senhor um apoio, pois sei que é um
bom homem e merece um pouco de paz. Preciso ir, agora. — Saí da sala às
pressas. Eu precisava de ar, muito ar.
Daiane Escobar
Sua Cara começa a tocar. Olho para ele, que mostra suas intenções
apenas com o olhar. O que me motiva a continuar dançando sensualmente. Se a
mídia quer falar de mim, que fale com motivos agora. Ao imaginar as manchetes
amanhã, sorrio novamente. Suas mãos contornam meu corpo, e não impeço.
Iludido, se acha que depois dessa dança terá algo.
A música termina, e ele indica o bar, para onde vamos.
Está lotado, mas encontro um espaço onde encostamos, à espera de
sermos atendidos.
— Tão linda quanto nas revistas e jornais — ele diz. Não é feio, mas
também não tem cara que faz meu tipo, nem para conversar.
— Obrigada. Eles usam muito Photoshop, a realidade na maioria das
vezes é sempre melhor. — Sorrio.
— Me chamo Nathan — ele diz.
— Bom, o meu já deve saber, afinal me viu nos jornais e revistas — sou
direta.
— Touché!
Assim que nos atendem, pedimos a bebida. Optei por cerveja, não sou
muito fã de bebidas com muitas misturas. Já deixamos paga.
— Vodca! — alguém diz ao meu lado, e tenho certeza de que não estou
bêbada, e nem louca, para garantir que conheço essa voz.
Não me viro. Fico estática.
— Vamos dançar novamente? Ou se preferir, podemos ir para outro lugar
— o cara, que até esqueci o nome, de tão nervosa que estou, diz.
— Na verdade, não vai rolar. Estou com a família. Às vezes, sou santa!
— Ele me olha sem entender e se afasta.
Viro-me lentamente, para o lado de onde ouvi a voz. Mas é uma mulher.
Fico olhando sem compreender. Eu não estou louca!
Tomo um bom gole da cerveja, e deixo no balcão. Afasto-me e subo para
a área VIP. Todos já estão lá.
— Está pálida, Daiane. O que houve? — minha mãe pergunta e todos me
olham em alerta.
— Acho que virei a bebida rápido demais — minto. — Cansou de
dançar, mãe? — mudo de assunto e me sento.
— Pior que sim — ela diz rindo.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Aquele cara está testando minha humilde paciência. Ele tinha que estar
no mesmo lugar que eu? Não poderia ser em outro lugar? Acho que em outra
vida, cometi muitos erros, e estou pagando nessa.
— Daiane, o que houve? — Olho rapidamente para minha mãe e volto a
atenção para a avenida.
— Nada. Absolutamente nada! — Dou um soco de leve no volante.
Preferi vir dirigindo. Não deveria, mas preferi. Estou bem.
— Aconteceu sim. Largou todos na boate e resolveu vir embora,
dirigindo, depois de ter bebido. Tive que te acompanhar, ou seu tio e seu irmão
te matariam. Então trate de me dizer o que está acontecendo para estar estranha.
Sou sua mãe e isso não foi um pedido, foi uma ordem. Desembucha, Daiane
Gabrielle Escobar!
Respiro fundo. Entro em uma rua movimentada, onde estaciono o carro,
e então desligo.
Viro-me para ela, que me olha atentamente.
— A culpa por eu estar assim é do Jacob Casagrande. De alguma forma,
completamente inexplicável, quando ele está por perto, começo a sentir coisas
estranhas, e estou com medo. O imbecil é casado com a inimiga da família
Escobar. E tudo o que eu não preciso é de problemas, ainda mais neste momento
que meu nome não sai da mídia.
Ela solta o cinto e segura minha mão.
— Filha, o que realmente aconteceu naquele lugar?
— Nada, mãe, eu juro! Mas Poliana e a filha dele perceberam algo, não
sei. Mãe, eu estou ferrada!
— Sei que isso não foi uma pergunta, mas tenho que concordar. Está
muito ferrada!
— O que eu faço? Estou sem saber, e odeio quando fico sem saber como
resolver algo.
Ela sorri.
— Poderia dizer para seguir seu coração, mas eu estaria sendo errada. Às
vezes, não podemos seguir o coração, pois muita gente pode sair ferida,
inclusive nós. Deixe o tempo cuidar de tudo. Sempre acreditei em destinos, e não
deve ser à toa que você foi parar justo na casa da avó dele, e ele tenha ficado
com a audiência que era sua na promotoria, e também ambos estarem no mesmo
lugar hoje. — Ela toma fôlego e continua: — Deixe o tempo cuidar de tudo, mas
não tente interferir, e tenha consciência de suas ações, pois não envolve apenas
ele, ou você, mas também Poliana, que, por mais que não seja uma pessoa legal,
você não deve descer ao nível dela, e ela é um ser humano, e envolve uma
criança, que pode ficar confusa no meio dessa bagunça. Pense muito bem antes
de tomar qualquer decisão. — Ela solta minha mão e recoloca o cinto.
— Vamos ver o que vai acontecer, mas obrigada pelo conselho, de
verdade, mãe!
Ela sorri e assente.
— Mas e o homão da porra, que você ficou dançando?
Ela sorri envergonhada.
— Não foi nada de mais. Me diverti, mas foi apenas isso.
Ligo o carro e sorrio, retomando o caminho para casa.
— Ele tem os traços semelhantes com...
— É, eu sei... — ela me interrompe e logo após fica olhando pela janela.
Coloco uma mão na sua, e acaricio. Sei que será muito difícil para ela
conseguir superar o grande amor da vida dela: meu pai.
Ao chegarmos em casa, entro primeiro, pois minha mãe fica falando com
os seguranças que a parabenizam pelo seu dia.
Alguém grita atrás de mim, e grito junto de susto. Me viro e é o
Henrique.
— Filho da mãe! Quer me matar, infeliz? — digo com a mão sobre o
peito, onde sinto meu coração completamente acelerado. O idiota fica rindo.
— Está devendo? Se assustando à toa.
— À toa? Você surge do nada e ainda grita! Quanta maturidade, nem
parece ser meu irmão mais velho e um homem que é pai e casado! — Ele me dá
um beijo na bochecha e se joga no sofá. — O que faz aqui? Cadê a Ana?
— Vim dar pessoalmente parabéns para a mãe e trazer o presente dela. A
Ana está em casa. Logo irei embora. Cheguei agorinha. Marcos avisou que
tinham saído da boate.
— Que maravilha. Agora tenho um GPS humano rastreando cada passo
meu!
Ele ri.
Minha mãe entra e Henrique vai até ela, parabenizando em nome dele e
da Ana.
Sento no sofá e retiro o salto.
Ele entrega uma caixinha a ela, e é uma Pandora.
— Que linda, Henrique! — ela diz emocionada e ele coloca nela.
— E no meu aniversário você me deu um buquê de flores! Direitos iguais
existem apenas no trabalho, pelo visto — brinco e ele ri.
— Ciuminho, maninha? — provoca e mostro o dedo para ele.
— Não comecem! — minha mãe repreende e começamos a rir. — Vocês
querem me deixar louca! Eu sou cardíaca.
— Mãe, já vou. Saí de casa e a Ana Louise estava dormindo. Não sei se
ela vai ver o celular e nem o bilhete, deixei mensagem para ela avisando que
viria, então melhor eu retornar para ela não se preocupar. E também a Yasmim
estava dormindo na cama com a mãe, mas como aprendeu descer sozinha, se
acordar antes da Ana, vai colocar fogo na casa.
Minha mãe sorri.
— Vai lá e dá um beijão nas duas por mim. Amanhã tenho uma
audiência, e depois passo lá para ver elas.
— Vai sim. — Ele dá um beijo nela e, em seguida, em mim. — Fui. —
ele sai.
Minha mãe me olha e depois para a pulseira sorrindo.
— Não adianta me olhar, não comprei nada para te dar. Estou falida —
brinco e ela pega uma almofada e atira em mim.
— Vou mostrar para o David e o Marcos depois — ela diz rindo.
— Que horror, mãe! Depois eu sou a terrível. Sabe muito bem que eles
competem nos presentes para te dar. — Rio.
— Eu apenas dou a lenha, fica a critério deles colocar o fogo. — Rimos.
— Vou tomar um banho, e descansar. Estou precisando disso. Aproveitar
que peguei minhas férias. Talvez eu vá para a casa de praia, não sei ainda.
— Só não suma como fez! — Dou uma piscadela, pego meus sapatos e
subo para meu quarto.
Jacob Casagrande
Acabo de sair da audiência. Estou acabado. Não dormi quase nada noite
passada, e enfrentar uma audiência hoje, não ajudou em nada.
Saio para a escadaria da entrada. Retiro meu celular do bolso e ligo ele.
Tem duas chamadas perdidas da minha avó, e uma da Sophie, e dez da Poliana.
Depois eu ligo, pois sei que essas chamadas significam problemas, e não estou
querendo resolvê-los no momento.
— Que porra, Henrique! Saia logo, antes que eu te mate. Eu queria estar
longe deste lugar nas minhas férias, e você fez eu vir te buscar, porque seu carro
não poderia rodar hoje, e agora fica me enrolando? Estou há quase uma hora
aqui te esperando. Sei muito bem que já terminou a sua audiência. Saia logo,
merda!
Viro-me para onde escuto a voz da pessoa raivosa. Ela senta na escadaria
e joga o celular na bolsa.
Essa eu não perco por nada. Desço parando no degrau abaixo dela. Ela
me olha assustada e depois revira os olhos. Retiro meu paletó, está um calor
infernal.
— Qual é, cara? Isso já é perseguição!
— Bom, eu tinha uma audiência hoje, já você... — provoco.
— Não estava te esperando, e nunca estaria. Eu vim buscar meu irmão,
mas me esqueci de que ele adora ficar fofocando nos corredores, quando acaba a
audiência.
— Adorei nossa foto nos jornais.
Ela me olha assustada.
— Nossa o quê? Eu não acredito! — diz alterada e se levanta.
Está nas notícias mais lidas em um site e na capa de um jornal minha foto
com ela, ontem na boate, o que imagino que seja esse o motivo das ligações em
meu celular.
— Só não entendo por que não colocaram “Jacob Casagrande e Daiane
Gabrielle Escobar são vistos juntos” ao invés de “Jacob Casagrande e Daiane
Escobar”...
Ela me olha franzindo o cenho.
— Como você sabe...
— Que se chama Daiane Gabrielle? Fiquei com sua audiência.
— Verdade, você teve acesso a minha ficha.
— Fiquei curioso. Porque nunca usa o segundo nome, e pelo visto
somente no trabalho sabem da existência dele.
— Longa história, e não lhe diz respeito.
— Nossa, não tem nem cinco minutos que estamos conversando e já me
deu patada. Isso é tão indelicado — provoco e ela me olha com mais raiva ainda.
— Faz assim, vou embora amanhã, então janta comigo hoje e me conta sobre
esconder seu segundo nome.
— Eu não vou sair com você. Você é casado!
— Te chamei para jantar, não para meu quarto de hotel. Te pego hoje as
oito, e sim, também vi seu endereço e número de celular na sua ficha. Até mais!
— Desço as escadas, sem dar tempo dela dizer qualquer coisa.
Entro em meu carro no estacionamento e só então ligo para minha avó, e
assim saber o que aconteceu.
— Jacob, menino do céu, eu estou desesperada atrás de você.
— Aconteceu algo com a Sophie? — pergunto alarmado.
— Não! É que parece que saiu não sei o que sobre você e a moça
Escobar, e a megera da sua esposa viu, e começou a surtar e a Sophie provocou
a doida, e eu não sabia mais o que fazer.
— Sophie foi para a escola?
— Menino, eu disse que mundo estava acabando aqui, e você me
pergunta isso? Mas, foi sim! Levei ela, porque não queria de jeito nenhum
deixar a Poliana levar.
— Fez bem em não deixar elas juntas sozinhas.
— É verdade que esteve com a moça?
— Acabamos nos esbarrando, mas não foi nada planejado. E a mídia,
como vive em cima da família dela, acabou registrando o momento.
— Sua mulher está louca. Se eu fosse você voltava logo.
— Não se preocupe, depois me entendo com ela.
— Não estou preocupada com ela. Estou preocupada comigo, de eu
perder a paciência e afogar ela no rio, ou jogar ela no estrume das vacas.
Rio.
— Amanhã retorno.
— Pensei que viria hoje.
— Tenho compromisso. Mais tarde ligo e falo com a Sophie. Qualquer
coisa me ligue.
— Ligarei mesmo. Você fez a cagada de casar com a louca, e eu que
tenho que aturar. Estou ficando uma velha mole!
Sorrio.
— Beijos, vó.
— Beijos e se alimente direito! — diz e desliga.
Coloco o cinto e saio do estacionamento. Se a Poliana já surtou pela foto
na boate, não quero nem imaginar se sair alguma foto no restaurante onde vou
levar a Daiane. Mas, é como eu disse: Estou levando ela para jantar, e não para
o meu quarto de hotel.
Coloco meus óculos de sol e ligo o som do carro.
Jacob Casagrande
Retorno para o escritório e Poliana ainda está lá, sentada e bem irritada.
— Vamos a um evento hoje.
Ela me olha animada.
— Sophie também vai.
— Melhor do que nada!
— Vou buscá-la na minha avó.
— Vou junto!
— Coloca um rastreador no meu pênis, assim você não precisa me seguir
em todo local.
— Seu ridículo! — Ela passa por mim. — Eu vou e ponto final. Não sou
obrigada a ficar aqui. E sim, desconfio de cada passo que dá.
— Jura? Não fui capaz de notar — ironizo.
Isso vai acabar. Só preciso de mais alguns dias.
Estamos na sala da minha avó. Ela está preparando um bolo e disse que
Sophie não sai, enquanto não comer.
— Pai, é muito longe o lugar que vamos? — pergunta sentada no meu
colo.
— Não, meu amor.
— E aquela ali também vai?
Poliana olha feio e sorrio.
— Vai sim.
— Todo lugar que a gente for, ela vai? Credo!
— Vou sim, porque sou mulher do seu pai, queridinha.
— E eu sou filha! — Sophie mostra a língua para ela.
— Olha aqui, queridinha...
— Chega as duas! — falo firme.
— Jacob vem aqui um pouquinho! — minha avó me grita.
— Já venho. E não precisa me seguir, Poliana — provoco.
Coloco Sophie sentada no sofá e me levanto. Vou até a cozinha, onde
minha avó cobre um bolo com calda de chocolate.
— Sente! — Ela indica a cadeira e pelo seu tom, não é nada bom o que
vai dizer.
— Prefiro ficar de pé.
— Eu mandei sentar! — ela diz e sento.
— Olha aqui, mocinho, eu estou cansada!
— O que eu fiz? — Faço careta.
— Não nega quem a Sophie puxou. Faz igualzinho a ela quando sabe que
errou, e que vai levar bronca.
Ela termina o que está fazendo e coloca a panela suja junto a colher na
pia. Então se encosta na pia e cruza os braços.
— Eu não aguento mais a Sophie ligando para mim, dizendo que o pai e
a madrasta estão brigando como loucos. Assim como eu também não aguento
mais essas brigas da Poliana e da menina. Ela não tem idade para ficar passando
por tudo isso...
— Vó...
— Eu ainda não terminei. Se as coisas estão a este ponto, é melhor
encerrar. Não sei o que está acontecendo dentro da sua cabeça ou do seu coração,
mas tem muita gente envolvida nisso. Você não ama a Poliana, e só Deus sabe o
porquê casou com ela. A briga de vocês dois sempre envolve a Daiane Escobar, a
pobre moça que nem aqui fica para se defender. Então se está tendo um caso
com ela, ou sei lá, como vocês jovens chamam, trate de resolver a situação aqui
primeiro.
— Pelo amor de Deus! Eu não tenho nada com a Daiane. Nunca que eu a
sujeitaria ser uma amante. Ela merece muito mais que isso. Posso não amar a
Poliana, mas não traio, porque não sou assim. E tampouco usaria Daiane para
isso.
— Ah, então confessa que não a ama! Por que se casou, Jacob? Me diga
de uma vez por todas, ou eu juro que te coloco no forno, e ligado, até você dizer.
— Não posso falar disso aqui.
— Então quando?
— Assim que eu voltar do lugar que irei hoje.
— Ótimo. E pense bem, porque seja lá o que sente pela Daiane, precisa
ser resolvido.
— Eu não sei...
— Não sabe o quê?
— O que sinto. Estou muito confuso. Eu nem a conheço direito, mas
quando a vejo, fico estranho, e só de ouvir seu nome, eu... Esquece. — Deixo o
ar sair, e relaxo os ombros.
— Meu filho, você sempre teve grande admiração pela família dela.
Porém, talvez tenha criado tanta admiração por ela, que isso se transformou em
outro sentimento. Nos dias que ela esteve aqui fez com que este sentimento se
libertasse por completo.
— Vai ser ridículo o que vou dizer, mas e se eu apenas estiver sentindo
isso por ser um grande fã dela e da família?
— Também pode ser, o que eu duvido, mas só vai descobrir tentando, e
estando com uma mulher que não ama, não vai ajudar. Entenda, não podemos
colocar substitutos em nossos sentimentos. Cada pessoa terá seu lugar. O tempo
é a resposta para tudo. Mas antes de tomar qualquer atitude em relação a esta
moça, precisa resolver sua situação aqui...
Ouvimos um grito da Poliana e corremos para a sala.
— Ela pisou de propósito! — Poliana grita mexendo no pé.
— Não pisei! Eu não iria fazer isso! — Sophie grita, mas vejo em seu
rosto que está mentindo. — Pai, eu não fiz nada.
— Você fez sim, garota! — Poliana grita.
Minha avó me olha e balança a cabeça negativamente. Então sussurra em
meu ouvido:
— Pegou essa bomba sabendo que poderia explodir, agora arque com os
estragos — diz e sai da sala, levando a Sophie junto.
Daiane Escobar
Faz um mês que não vejo o Jacob, mas o babaca não sai da minha mente.
E depois de conhecê-lo ainda mais no dia do jantar, eu fico inconformada por ele
estar com a Poliana. Se fosse qualquer outra mulher, tudo bem, mas a Poliana é
loucura. Porém, não quero pensar nisso. Prefiro deixar qualquer coisa estranha
que sinto por ele, de lado, estou fora de confusões.
— Você vai, não é? — Liziara pergunta. Estamos sentadas na sala.
— Vou, Lizi.
— Ótimo. O evento é por uma boa causa, mas as pessoas ali
normalmente são irritantes. Vou deixar as meninas com minha mãe. Paula disse
que vai ao evento também.
— Mas não irei ficar enrolando lá. Tenho um compromisso hoje.
Ela me olha e sorri.
— Conheço?
— Sim. É grande, grosso...
— Daiane, poupe os detalhes.
— Mas eu disse que você conhecia. E já se sentou e deitou nele!
— Daiane!
Gargalho.
— É meu colchão, tonta. Eu quero voltar logo e dormir. Não estou com
cabeça para festas hoje.
Ela me dá um tapa na perna.
— Sua idiota! — diz rindo.
— Você que é maliciosa.
— Sou mesmo. Seu irmão me ensinou a ser assim.
— Me poupe totalmente desses detalhes!
Ela ri.
— Bom, tenho que ir. Tenho alguns compromissos. Não tenho aula, mas
tenho muita coisa para fazer. Nos encontramos lá, ou vamos todos juntos?
— Nos encontramos lá. Não sei que horas irei ficar pronta, e o David não
é um homem muito paciente. — Sorrio.
— Nisso você tem total razão.
— Sempre tenho. — Nos levantamos e ela se despede com um beijo.
Da porta, grita que nos vemos à noite.
Subo para o meu quarto e me jogo na cama.
— Eu devia ter ido viajar antes de qualquer evento. Enrolei para ir a
qualquer lugar e sumir da mídia, e hoje vou para um lugar repleto deles —
resmungo.
Preciso ainda visitar a Ana hoje. Eu apenas queria sumir do planeta. Será
que a NASA topa me enviar para qualquer lugar no espaço por alguns dias?
Meu celular vibra no criado-mudo, e quando pego para ver o que é,
apenas me surpreendo.
Abro a mensagem.
Daiane, eu vou para pertinho de você hoje! Meu pai vai me levar com ele em
um lugar e ele disse que é em São Paulo, e você mora aí. Será que vamos nos
ver?
Oi, meu amor! Fico feliz por isso. Você sabe onde é?
Estou com um pressentimento um pouco ruim. Algo me diz... Não! Seria muito
azar para mim. Óbvio que não.
Não sei direito. Mas acho que é algo de ajudar. Depois falo com você. Beijos.
Estou com saudades!
Chego ao local onde será o evento. Estaciono, e dou sinal para o Estefan
ficar. Subo a escadaria de entrada. Está um entra e sai de pessoas com caixas e
arranjos de flores. Paro na frente de um rapaz que olha uma lista nas mãos.
— Oi! — digo o mais animada possível.
Ele me olha e não tem a melhor expressão.
— Este local está fechado para um evento. Não pode entrar, senhorita.
— É eu sei! Eu queria saber se o senhor poderia confirmar se meu nome
está na lista? Eu confirmei, mas meu celular pifou, bem na hora. Estou
desesperada — minto e ele me olha com desconfiança. Sorrio e ele bufa.
— Qual o seu nome?
— Daiane Escobar. — Ele puxa o último papel e analisa.
— Sim. Seu nome está — diz secamente.
— E confirma também se encontra o da minha tia. É Jaqueline Ferreira.
— Que a tia da Beatriz me perdoe por mentir usando ela, mas é o único nome
com J que me veio à memória. — Por favor, moço!
Ele respira fundo.
Aproximo-me bem, e corro os olhos por onde ele passa lentamente e
caneta, e então vejo o nome que tanto queria não encontrar: Jacob Casagrande.
Mil vezes merda!
Meu celular começa a tocar na hora, e ele me olha surpreso, e só então
me lembro da minha mentira.
— Veja só, é um milagre! — Retiro o celular da bolsa. Ele me olha sério.
— O nome da sua tia não está na lista!
— Que pena para ela. Queria tanto vir. Mas obrigada. Fui!
Desço as escadas correndo e por pouco não caio. Entro em meu carro, e
então vejo quem me ligava. Era a Ana. Provavelmente para saber se eu vou na
casa dela.
Ajeito-me no carro, coloco o cinto e dou partida.
Sigo diretamente para a casa dela. E com muito ódio. Eu tenho que ter
feito algo de muito ruim em outra vida — se é que existiu — para ter tanto azar
assim.
Chego à casa dela, e saio do carro fechando a porta com raiva. Passo
pelos seguranças e cumprimento. Luciano, o segurança mais antigo do meu
irmão, abre a porta para mim. Entro chamando pela Ana, que não responde.
— Aqui ela está ou os seguranças teriam dito o contrário.
Caminho para a cozinha. Preciso de água para me acalmar.
— Ah! Meu Deus! — Viro-me de costas.
— Daiane... E-eu... N-nós...
— Achei que a quarentena fosse algo para ser seguido corretamente. Que
nojo ver isso — digo.
— Maninha, já te avisaram que se avisa quando vem na casa do seu
irmão casado? — Henrique diz com a ironia bem evidente.
— Já te falaram que sua irmã viria hoje, e que ela tem passe livre para
entrar aqui sem ser anunciada? Porra, já se vestiu?
Ele passa por mim e diz:
— E quem disse que precisa estar dentro, para ter prazer — diz se
referindo ao que eu disse sobre a quarentena.
Dou um tapa em seu braço com força e ele sai rindo.
Viro-me e Ana, que é bem branquinha, está muito vermelha.
— Daiane, eu te liguei, achei que não viria.
— Então resolveu usar a cozinha para outra coisa? — provoco.
— Seu irmão...
— Esquece, boba!
Cumprimento-a, pego água. Bebo e vamos para a sala.
— Onde estão as princesinhas?
— Ambas dormindo. — Sorri.
— E como se sente?
— Bem. Na primeira gravidez foi mais complicado a recuperação, agora
está sendo melhor.
— Laís dando muito trabalho?
— Sabe que não! — diz animada. — Já Yasmim, sim. Cada vez andando
melhor, e começando a falar mais. Mexendo em tudo, então se junta com o pai e
me deixa louca. Acredita que até aprendeu a cruzar os braços e me olhar brava
como ele?
Rio.
— Se não puxasse nada do Henrique, não seria divertido. Minha mãe diz
que ele era muito agitado, e foi o que mais deu trabalho quando pequeno, junto
ao meu tio.
— Nem me fale! Mas, então, fiquei sabendo do evento hoje, porém não
tenho como ir. Quero ficar mais tempo com as meninas, aproveitar que estou
longe do trabalho. O Henrique não quer ir, se eu não for.
— Eu meio que fui obrigada a ir pela Liziara. Confirmei presença ontem,
porque ela passou a semana inteira me enchendo o saco. Mas eu não queria ir.
Minha mãe também vai, o que se torna mais uma me obrigando a ir.
— Se anima, boba. Esses eventos sempre têm algo para nos divertir.
— Não vejo o quê! — digo desanimada.
— Imagino que o Marcos não vá também.
— Não. Com o Arthur recém-nascido, não tem como. — Sorrimos.
— Então, por que essa carinha desanimada?
— É que...
— Mulheres da minha vida, tenho que ir! — Henrique deposita um beijo
na minha testa e um beijo na Ana, então sai.
— Então, agora pode me dizer. O que tem te deixado desanimada?
— Nem eu sei dizer o porquê estou ficando assim. É complicado, mas
vou resolver.
Passamos o resto do tempo conversando sobre várias coisas. Ela disse
como tem se mantido firme em relação aos pais. Antes de ir embora, a Yasmim
acordou, e brinquei um pouco com ela. Depois dei um beijo na Laís, que ainda
dormia, e fui embora. Queria ver o Arthur, mas o banho para relaxar falou mais
alto.
Cheguei em casa e fui direto para o banho, coloquei algo confortável e
me deitei para descansar bem, porque a noite será muito, mas muito longa.
Óbvio que eu não deixaria ele em uma cela, apenas precisava acabar com
todo aquele escândalo. Dei o endereço de casa e pedi para o Alessandro ir dar
notícias a minha mãe e tentar mantê-la calma. Estamos na sala do David.
Jacob retira o paletó e joga na cadeira. Pega o celular, mexe em algo e
coloca no bolso, então se encosta na parede e cruza os braços. Está cansado, para
não dizer derrotado. A ira ainda permanece em sua face.
— Poliana, eu vou enviar um relatório para a delegacia onde trabalha,
informando sobre o que aconteceu. Não vou me envolver em caso algum que
tenha você, então apenas mandarei que alguém venha retirar você daqui, e levá-
la para que as autoridades de lá possam resolver.
— Não, você não vai fazer isso. Eu vou para casa normalmente, e não
terá relatório. Ou eu conto tudo o que sei sobre o caso da Liziara, e que todos os
Escobar colocaram a mão para que fosse abafado da lei. Eu posso cair, David,
mas levo todos ao poço comigo!
David me olha e esfrega o rosto. Liziara me olha e sei que se sente
culpada neste momento, seu olhar mostra isso.
— Você é muito baixa mesmo! — David diz.
— Eu posso ter feito muita coisa errada como policial. Talvez até
quebrado leis, e hoje provocado a ira do Jacob e até prejudicado a relação dele
com a filha, mas vocês são piores. Tem muitos casos que resolveram fora da lei,
e o da Liziara é um, eu participei e sei de cada detalhe. Me ferram e ferro vocês.
Então eu vou embora, tranquilamente. — Ela se levanta.
Olho para o David e ele abre os braços em rendição. Sei que se fosse
apenas ele envolvido no caso da Liziara, ele não iria se importar, mas se
preocupa muito com a família, para sujar a todos nós.
Poliana se aproxima da porta e se vira sorrindo.
— Jacob, não precisa pedir o divórcio, eu darei, mas irei querer um carro
novo, uma casa nova, e muito dinheiro. Ou a polícia da nossa cidade vai adorar
saber que você me agrediu! — Ela ri cinicamente. — E antes que eu me esqueça.
Quero meu nome fora da mídia, em relação a tudo que aconteceu hoje. Pensando
bem, não será legal eles na minha cola, e isso vai me sujar. Não se esqueçam, eu
me ferro, mas levo os Escobar e os Casagrande juntos.
Ela abre a porta.
— Poliana? — Jacob chama por ela, que olha para ele.
Ele retira o celular do bolso e então começamos a ouvir a gravação de
tudo o que foi dito nesta sala. Ela olha surpresa assim, como todos nós.
— Ouvimos apenas você se entregando e dizendo tudo o que fez. Então,
faremos assim: Você vai embora, acompanhada por um oficial. David vai fazer o
relatório. Vamos nos divorciar, e você não terá nada. A mídia, vai sim, apagar
todo o material, por causa da minha filha, e cada um segue a sua vida. Se abrir
sua boca, você não vai para o fundo do poço, mas sim para o fundo do bueiro,
porque vai se afundar nas próprias merdas, e não vai levar ninguém junto. — Ele
guarda o celular no bolso. — Então fica aqui, espera um oficial, e o relatório, ou
essa gravação vai parar na mídia. E você terá dois promotores, e um delegado,
contra você. Sendo assim terá Casagrande e Escobar contra Xavier e Poliana,
isso não será nada bom. Porque não restará nem o bueiro, porque seria caçada
até em outro planeta, e sabe que seria encontrada em algum momento!
Ela tem raiva no olhar. Se senta na cadeira e vejo o quanto suas mãos
tremem.
— Isso não vai ficar assim! — ela diz com ódio nas palavras.
— Poliana, acabou para você e, na verdade, não são apenas dois
promotores e um delegado contra você. Terá um juiz, duas advogadas e um
advogado que ama uma briga — digo a ela.
A porta se abre e Cleber e Débora entram.
— Escutamos tudo. Me coloca na lista das advogadas contra ela —
Débora diz e sorrio.
— Tem um investigador também! — Cleber fala.
— É, Poliana, realmente acabou para você! — Liziara diz rindo.
Poliana está vermelha de raiva e seu olhar é duro.
Após tudo o que tinha que ser feito, avisei por cima ao meu tio e ele
cuidará da mídia. Os repórteres foram retirados da porta da delegacia.
— Preciso ver minha filha.
— Eu te levo até em casa!
Ele concorda.
— Depois mando buscarem seu carro no estacionamento do evento.
— Daiane, eu...
— Não Jacob, agora não. Aconteceu muita coisa e quase destruí a
carreira da minha família, então não!
Ligo para o Estefan da delegacia e o mando vir me buscar.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Daiane Escobar
Jacob Casagrande
Sabe aquela liberdade que tanto queremos ter? Então, estou sentindo
neste momento. Assinamos o divórcio, e em até quarenta e oito horas, Poliana
deixa oficialmente de ser minha esposa. Tudo no modo amigável. Estamos no
prédio que fica o meu advogado, que nos acompanhou em tudo.
Poliana sorri sem parar.
Combinei tudo com Tobias, meu advogado, antes de vir para cá. Tudo
está esquematizado, assim como a delegacia onde Poliana trabalha. Eu precisava
entrar no jogo dela, para vencê-la. Sabia que ela jamais entregaria o divórcio de
forma amigável. Eu queria tudo muito rápido, e nunca gostei ou fui a favor de
abuso de poder, e então jamais faria algo imprudente por ser promotor para
liberar o divórcio rapidamente. Antes de promotor, sou como qualquer outro
cidadão. E desta forma, entrando no jogo da Poliana, não conseguiria apenas o
divórcio, como também faria ela pagar a humilhação que causou a minha filha e
a família Escobar, que pouco tem a ver conosco.
Entramos no escritório, seguido de Tobias. Poliana se senta e eu opto por
ficar de pé.
— Então... O meu cliente, senhor Jacob Casagrande, me informou de que
a senhorita ficaria com uma propriedade dele, mesmo sem ter qualquer direito. O
que entendo por ser uma generosidade do mesmo, já que desde que casaram não
adquiriram nada juntos — Tobias diz e Poliana sorri. Tudo está saindo como
planejei.
— Generosidade? Não! Isso se chama acordo. Era isso, ou nunca teria o
divórcio — digo, e Poliana me olha vitoriosa. Mal sabe o que te espera, cobra!
— Certo. Antes, gostaria de informar algumas coisas. — Tobias, se senta
em sua cadeira. — A senhorita sabe que o que pede ao meu cliente é chantagem?
— Ele gira a caneta nas mãos esperando por sua resposta.
— Não é não! É apenas meu direito. Não irei sair de mãos abanando
mais uma vez. Olha aqui, doutorzinho, eu já me ferrei demais nessa vida, e não
será agora, que tenho uma oportunidade de sair ganhando que não irei utilizar.
Quero sumir deste país, pois aqui não tenho mais benefícios.
Sorrio, e Tobias me olha balançando levemente a cabeça.
Poliana está entrando no próprio jogo, só que ainda não percebeu, que ela
é a vítima da vez.
— Se é assim, faremos do seu jeito. Desde que deixe meu cliente em paz.
— Deixarei, até quando me for conveniente. Quem faz as regras sou eu
agora. Cansei de ter sempre os Escobar destruindo minha vida. E se eles pensam
que a maldita de uma gravação vai me intimidar, estão enganados. Jacob não
perde por esperar. Nunca darei a paz que ele e a entojada da filha tanto querem.
— Ela se vira para mim e ri. — Você foi um idiota por fazer o que o velho do
meu pai queria. Ele é um idiota tanto quanto você. E farei tudo o que for preciso
para conseguir tudo o que eu quero. — Se volta para Tobias e aponta o dedo para
ele. — E nem pense em deixar escapar qualquer coisa dita aqui, porque não vai
querer conhecer a Poliana que existe dentro de mim. E entenda isso como uma
ameaça. Agora agilize toda essa merda!
Tobias me olha e faço um sinal disfarçadamente para ele, que
compreende de imediato.
É hora desse jogo entrar em ação.
— Está bem. Irei buscar alguns documentos. Aguardem, por favor.
Ele se retira e fecha a porta. Me aproximo da janela e pego meu celular.
— O que está fazendo? — ela pergunta alarmada.
— Cuide das suas coisas, que das minhas cuido eu.
— Quem diria, Jacob Casagrande, o famoso promotor, cair nas garras de
uma humilde policial. Que vergonha — debocha e rio.
Envio a mensagem, que faz parte do plano, e guardo o celular.
— Para você ver, todos erramos. — Cruzo os braços e me encosto na
parede.
— Desta vez, eu apenas acertei. Escolhi o cara certo. Um bom moço, que
preza sempre pelo bem-estar de todos, que tem um coração tão bom, que coloca
a própria felicidade de lado, para conseguir alegrar o próximo. Nunca te
ensinaram que não se deve deixar a própria alegria de lado, pelas pessoas? — ela
diz e ri.
— Veja só, aprendi isso estando com você. — Entro no seu jogo ainda
mais.
Ela não gosta da minha resposta, seu olhar entrega isso. Poliana não está
gostando da minha calmaria, pois sempre discordo dela, e hoje não está sendo
assim. Ela se remexe na cadeira. Está ficando desconfortável.
— Esse advogado está demorando muito. Não precisava dele. Poderia ter
feito isso sozinho.
— Não gosto das partes burocráticas na minha vida pessoal.
Tobias entra na sala, e faz um sinal que entendo o que quer dizer. Poliana
se vira para ele.
— Demorou. Ande logo, não tenho todo tempo do mundo.
— Só mais um minuto. Faltou apenas mais uma coisa, que já está vindo.
Peço um pouco de paciência — ele diz se aproximando na mesa.
Olho e a porta ficou apenas encostada.
— Poderia ler? — Ele entrega três documentos a ela, que pega e revira os
olhos, mas então começa a ler.
A porta levemente é aberta por completo. O delegado Almir acompanha a
equipe. Ele faz um sinal, para que Tobias se afaste e para que eu permaneça onde
estou. Tobias caminha para próximo da copiadora, que fica ao meu lado. Três
policiais entram pela esquerda rapidamente, em um silêncio espantoso. Duas
policiais caminham para a direita.
— Como assim, terei que arcar com tudo da casa? — Poliana se
manifesta alterada, e então se levanta e só agora nota os policiais no lugar. Ela
arregala aos olhos e deixa os documentos caírem.
— Que merda é essa? — ela grita.
— Senhorita, nos acompanhe! — Almir diz a ela, calmamente.
— Não irei. Que porra é essa, Almir? — ela grita novamente.
— Poliana Xavier, tem que nos acompanhar, e na delegacia
conversaremos. Tem o direito de pedir por um advogado, ou de permanecer
calada, e já deve saber que tudo o que disser poderá ser usado contra você — ele
diz e as duas policiais femininas se aproximam dela.
— Eu não vou! Jacob, seu filho da puta, armou para cima de mim! Isso
não vai ficar assim, desgraçado! Eu vou matar você e aquela sua filha entojada.
Você me paga! — ela grita histérica.
— Mantenha a calma, ou pode ser pior. Não nos faça usar a força! —
Almir diz a ela.
— Eu não irei. Já fui afastada do cargo, não preciso de mais nada! — ela
grita e empurra uma policial, e a outra a segura com força. — Me solta! — Ela
se debate, e tem que ser segurada pelas duas.
— Poliana, você mexeu com minha filha e eu jamais te deixarei impune.
Vai pagar por tudo — digo, e sinto um tremendo orgulho por vê-la nesta
situação.
— Seu imbecil. Vai me pagar, Jacob! Vocês todos vão! — ela grita e olha
para Almir. — Eu exijo ter meu advogado!
— Ótimo, da delegacia você pede um. Agora levem ela daqui, e se
precisar, algemem — ele diz rispidamente, e retiram ela da sala, sob protestos e
muitos gritos.
Aproximo-me de Almir, e lhe cumprimento.
— Obrigado!
— Estamos apenas fazendo nosso trabalho, Casagrande. Terá que nos
acompanhar. Quero a gravação do celular que tem, e tudo o que tiver de provar
contra ela, pois, junto ao relatório que recebi da capital, Poliana não vai escapar
desta. Nosso investigador conseguiu muitas provas contra ela, no quesito
profissional. Ela abusou demais do poder e até ameaças fez contra membros da
equipe. Poliana perdeu totalmente o controle.
— Tem mais uma prova — Tobias diz entregando a caneta gravadora que
retira do bolso. — Gravei toda nossa conversa. Isso aqui é um bom conteúdo. —
Ele sorri e faço o mesmo.
— Eu quero que ela pague pela humilhação que causou a minha filha, e a
tudo de errado que fez.
— Certo. Nos acompanhe até a delegacia, e Tobias também. Uma equipe
já foi enviada até a casa dela. Preciso ouvir aos pais dela também.
— Tenho certeza de que Poliana pegará muito tempo atrás das grades,
essa mulher é louca e nem o hospício a merece. Vamos! — digo animado.
Daiane Escobar
Daiane, esquece o que eu disse! Tem sim algo sobre os pais da Poliana, na
verdade sobre o pai dela. Luiz Xavier é um ex-policial aposentado, porém ele
apenas se aposentou após alguns resultados médicos. Tenho um conhecido
que trabalha no hospital que ele visitava e me devia um favor, e com isso
descobri que o Luiz tem um tumor no cérebro inoperável, e que os médicos
deram a ele dois anos, mas que este tempo poderia ser reduzido. Ele foi
afastado do cargo por não poder passar estresse, ou emoções do tipo. O
homem tem uma bomba relógio dentro da cabeça. Te enviei o exame dele por
e-mail, e pelo que fui informado, ele nunca foi com a família, sempre sozinho,
e pediu sigilo. Não me deixe essa informação vazar, ou ferra para mim.
Quando retornar para casa, vamos conversar seriamente, porque fiquei
sabendo da porra que aconteceu na casa da mãe. O tio viu, pois estava na
janela da casa dele, e se a mocinha não sabe, ele mora de frente para você.
Essa merda não ficará assim.
Daiane Escobar
Estou com a cabeça em seu peito, e nossos corpos nus estão colados um
ao outro. Já tive muito sexo bom, mas nunca igual a este. O sentimento que
esteve presente foi diferente. Foi mais caloroso.
— Só tem uma forma que você não me estressa — digo para quebrar o
silêncio. Olho e vejo que sorri, os clarões, que não param de atravessar a janela,
permitem esta visão.
Segurando meu queixo, ele me beija. É diferente do nosso primeiro beijo
e dos beijos de hoje. Este é tão calmo, que parece até um carinho.
— Você é linda, Moreninha.
— Agora é Moreninha?
— Tudo tem sua hora.
Sorrio.
— Riu do meu quarto, mas aproveitou bem dele — provoco.
— Ele foi ofuscado pelo tesão que sinto só de ter você por perto.
— Então é apenas tesão? — continuo nas provocações.
— Se fosse, eu não teria dado a você dois dias. E por falar nisso, qual a
resposta?
Inclino-me sobre ele, e sinto uma alegria enorme me consumir. Quer
saber? Que se danem tudo e todos.
— Vamos deixar rolar. Agora, eu quero outra coisa, aproveitar que
estamos sem luz para qualquer outra coisa mesmo... — brinco.
— Monstrinha do sexo? — pergunta rindo.
— É o pacote, baby. Se quer a mim, tem que saber que sou insaciável.
— Eu nunca disse que eu não era.
Ele me deita, pegando-me de surpresa e ficando por cima, e com isso
solto um gritinho acompanhado por risos.
— Quero ver suas desculpas, quando formos embora e estiver andando
com dificuldade.
— Direi que certo promotor sabe fazer um bom trabalho. — Rimos.
Doze
Jacob Casagrande
Acordo com meu celular tocando sem parar. Com cuidado retiro Daiane
dos meus braços, e me levanto para pegá-lo. Vejo o nome da Sophie no visor.
Atendo enquanto visto minha cueca.
— Oi, princesa.
— Pai, sabe da Daiane? — Olho para a morena deitada na cama,
dormindo e sorrio.
— Não tenho ideia — minto.
— A Jaqueline disse que estavam juntos.
— É... — Começo a vestir a calça. — Já tomou café? — mudo
rapidamente de assunto.
— Já. A Daiane prometeu ficar comigo e sumiu.
— Antes do almoço, ela vai estar por aí.
— Como sabe? — Esqueço o quanto ela consegue ser curiosa as vezes.
— Sabendo, amor.
— Sei... Está me enganando. — Escuto sua risada e isso me preenche de
amor por dentro.
— Não estou. O pai tem que desligar agora. Mas fique tranquila, que
logo ela estará aí.
— Você vai vir? Jaqueline disse que provavelmente viria.
Não conheço essa mulher, mas já estou começando a ficar puto com ela.
Sophie é o tipo de garota que não esquece nada do que dizem, e faz perguntas,
atrás de perguntas, até a pessoa ficar confusa e falar o que ela tanto quer ouvir.
— Sim. Eu irei.
— Então está com a Daiane? — pergunta animada.
— Depois conversamos. Beijos, princesa.
— Beijos, pai! — Ela desliga.
Coloco o celular no bolso e termino de me vestir. Daiane se mexe na
cama e então se senta, enrolada no cobertor.
— A luz voltou. — Indica com a cabeça a luz acesa. — E você mente
muito mal.
— Coisa feia, escutando conversas. E bom dia para você também. — ela
sorri, e que sorriso lindo.
— Bom dia. No meu banheiro tem escova de dente nova, só não tenho
cueca nova, a não ser que queira vestir alguma calcinha — diz rindo.
— Engraçadinha! — Aproximo-me e ela se cobre por completo com o
cobertor.
— Jacob, nem pensar. Temos que ir logo para o litoral. — Puxo a
coberta, deixando a completamente exposta com seu corpo nu.
— Mente poluída. Apenas vim fazer isso. — Dou um beijo demorado em
seus lábios. — Depois diz ser santa. — Afasto-me.
— E sou! — Rio e vou até o banheiro dentro do quarto.
A música Pesadão toca no som. Se tem uma coisa que eu amo é não ter
trânsito. Talvez eu realmente dirija como uma doida, como meus irmãos e tio
dizem. Mas, na verdade, não devo ser tão doida, afinal, nunca recebi uma multa,
ou fui parada por alguma blitz da polícia. Isso conta como boa motorista?
Jacob deve estar bem puto, porque consegui escutar ele gritando comigo.
Mas estou tão concentrada dirigindo e pensando, que nem sequer me importa o
estresse dele.
Porra, ontem tivemos uma noite de puro sexo. E foi o melhor da minha
vida toda. Clichê? Talvez, mas é a verdade. Eu nunca namorei, e nem sei como é
ter um relacionamento do tipo com alguém. O que vai ser quando a mídia
começar a desconfiar de algo? E a Sophie? Ela vai me odiar. Ela odeia todas as
mulheres que se aproximam do pai. Meus irmãos não vão dar paz. E meu tio?
Estou fodida!
Droga, Daiane, por que esta loucura de sentimentos dentro de você?
Seria o tal do amor? Nessas horas, a saudade do meu pai triplica.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Já se passaram alguns dias desde que estive com Jacob. O trabalho tem
ocupado meu tempo e o dele também. O que fez nosso contato ser por telefone
apenas. Hoje, por fim, depois de trabalhar tanto, resolvi sair com a Débora.
Marquei com ela na boate que sempre vamos. Preciso muito relaxar a mente e
esquecer do trabalho neste fim de semana, começando por hoje, sexta-feira.
A mídia não mudou nada. A cada passo que dou eles estão atrás.
Especulam se estou com alguém, por não estar saindo com outros homens. Em
partes estão certos. Não estou saindo com outros homens, meu tempo estava tão
corrido, que mesmo se eu quisesse — o que não quero — não teria tempo. Está
tão difícil de dizer o que sinto pelo Jacob, que prefiro não colocar mais
confusões em minha mente.
Estamos na área VIP como sempre. Mas, desta vez, viemos apenas nós
duas. Liziara disse estar atolada de trabalho da faculdade e a Helena — uma das
gêmeas — está gripada e consequentemente bem enjoadinha. Ana Louise falou
que está tentando evitar deixar as meninas com outras pessoas, porque Yasmim
tem ficado enciumada com a irmã. Beatriz disse que o Arthur tomou vacina e
também ficou enjoadinho. Dona Paula nem adianta tentar trazer, aquela ali foge
de passeios como o Diabo foge da cruz. Então sobrou eu e a Débora.
— Isso sim deve ser considerado épico. De toda a turma apenas nós aqui
— Débora diz e ri.
— Para você ver como as coisas mudam. E o Cleber não quis vir?
— Ele e o David não têm hora para saírem daquela delegacia hoje. Estão
que nem loucos com um caso. Passei lá antes de vir para cá, e apenas com isso
posso te dar um bom conselho para hoje: Não tente falar uma palavra com
nenhum dos dois, ou vai ganhar um belo coice gratuito.
Rio.
— Estou fugindo de trabalho e da tropa Escobar. Esses últimos dias
foram muito difíceis. Estou literalmente acabada, tanto mentalmente, quanto
fisicamente.
— Nem me fale. Por sorte estou pegando apenas casos pequenos ainda,
ou não sei se daria conta. Não ando muito bem.
— O que você tem? — pergunto preocupada e dou um gole na minha
bebida.
— Se o teste de gravidez não estiver errado, estou grávida de três
semanas. — Fico surpresa. — Não conte a ninguém, além de você ninguém mais
sabe. Quero confirmar primeiro na consulta que marquei segunda-feira e ver se
está tudo bem, e espero que sim.
— Meus parabéns, Déb! Que maravilha. — Abraço-a desajeitadamente,
devido ao fato de estarmos sentadas ao redor da mesa. — Cleber vai endoidar —
digo assim que nos afastamos. — Por isso não quis beber nada. Deveria ter dito
antes, e iríamos para outro lugar.
— Não se preocupe. Gosto de vir aqui e queria sair. Nossa, se eu não
contasse para alguém piraria.
Rimos.
— O Cleber não desconfiou nem um pouco? Ele rastreia cada
movimento seu, já que diz que você é louca. — Ela sorri.
— Que nada. Ele está tão focado no trabalho, que nem sequer percebeu.
O único que, por incrível que pareça, desconfiou foi seu tio.
— Nada passa despercebido dele. Não sei como ainda aguenta trabalhar
com ele.
— Não é tão ruim quanto parece. Ele me ofereceu a oportunidade de
utilizar a sala que estava vazia para meu escritório e assim continuar ajudando
ele em algumas coisas, enquanto me ajuda também. Digamos que entre
palavrões, patadas, e um bom-dia, nos damos bem.
Rio.
— Se passar um dia com um Escobar eu já fico louca, imagine trabalhar
no mesmo ambiente. Deus me livre! Porém, tem um detalhe: não confirmou a
ele que estava grávida, não é?
— Não! Depois que ele me viu indo vomitar umas mil vezes e perguntou,
eu menti dizendo que era intoxicação alimentar. Conheço bem como aquele ali
pode ser fofoqueiro.
Gargalho.
— Bia é a prova disso. Ele abriu a boca sobre a gravidez e sobre o sexo
do bebê e nome. Se tem uma pessoa que pode confiar algo do tipo, não é ao meu
tio.
— Com certeza.
Sorri.
— Mas me fala sobre você. Fiquei sabendo que esteve com o promotor
bonitão.
Franzo o cenho.
— Estive com sua mãe esses dias, e ela me contou.
— Nossa, como essa família é fofoqueira.
Ela ri.
— Bom, não tem muito o que dizer.
— Ah, Daiane! Está rolando algo entre vocês?
— Rolou. Mas não sei dizer ao certo. Estamos deixando acontecer, sem
pressa.
— E a Poliana? Fiquei sabendo que foi presa, e que vai ser levada a
julgamento, a coisa está feia para o lado dela.
— Mereceu isso. Sinto apenas pelo pai dela, que faleceu sem um pingo
de orgulho da filha.
— Triste. Infelizmente algumas pessoas não sabem aproveitar os
pequenos detalhes que a vida nos dá. Hoje aproveito cada momento. Já sofri
muito no passado, e precisei de todo o sofrimento para ver que o que realmente
importa é estar ao lado de quem nos faz bem. Uma pena ela não perceber isso. A
ganância pelo poder e dinheiro, afundaram ela, o que é uma realidade de muitos.
— Sim! Ela terá que pagar por tudo o que fez, e tomara que perceba que
foi pelas próprias escolhas, que foi parar em uma cela. Só sei que não quero vê-
la nunca mais.
Ela concorda.
— Vamos mudar de assunto. Quero saber como está sendo com ele? Tem
que me contar detalhes de algo. Sou curiosa, sabe disso!
— Bom. Estivemos juntos na fazenda e acabou rolando.
— Ai, meu Deus! Não perdeu tempo, hein! Assim que eu gosto. A
Daiane poderosa ressurgiu dos mortos.
Rimos.
— Não nos vemos há dias. Ele tem trabalhado muito e eu também. Nosso
contato tem sido por ligações e mensagens.
— Que tipos de mensagens? — pergunta com uma voz sensual me
fazendo rir.
— Nada do que está pensando, tarada.
— Que sem graça! — Faz beicinho e ri.
Pego meu celular lembrando que deixei no silencioso. Vejo ter uma
mensagem e ligações perdidas também.
— Merda! Deixei no silencioso e está cheio de ligações perdidas, e uma
mensagem.
— Hummm... — Débora fala enquanto se levanta. — Vou ao banheiro;
se for ele, eu quero saber de tudo. Sou uma mulher grávida e se não quiser que
meu filho nasça com cara de curiosidade, vai me contar tudo. — Rio e ela se
afasta.
E a mensagem é do próprio:
Tentei de ligar, mas só chama. Aconteceu algo? Preciso falar com você.
A resposta é rápida:
Leio mais duas vezes sua mensagem e sorrio. Ele não manda mais
nenhuma. Débora retorna e fica me olhando como um gatinho perdido.
— Era ele. Mas não tem nada de mais. Só acho que ele ficou com
ciúmes.
— Por quê? — pergunta rindo.
— Eu disse que estava em uma boate com uma amiga, e ele respondeu
assim... — Mostro a mensagem para ela.
— E você apenas acha que ele ficou com ciúmes? Esse aí está caidinho
por você, pode ter certeza de que por ele já seria muito mais do que um deixar
rolar. E não parece que ele acreditou muito que está com uma amiga.
Reviro os olhos.
— Foda-se! Não tenho que provar nada a ele. Já basta meus irmãos e tios
controlando meus passos. E não temos nada, para ele ficar enciumado.
— Como é bobinha. Daiane, se ele está com ciúmes, é porque realmente
sente algo por você. Pelo pouco que sei sobre ele, não é do tipo que brincaria
com alguém. E vai por mim, um pouquinho de ciúmes é até fofo, só não deixe
isso ser constante, que aí já pode se agravar. Agora, ele apenas está inseguro, já
que estão nessa de não saberem o que está rolando. Dá um desconto para ele, o
homem foi casado com a Poliana, deve estar traumatizado.
— Nunca tive nada parecido com outro homem, então é complicado. Por
isso, um passo de cada vez.
— Você é realmente uma Escobar? Porque, conhecendo como foi o
relacionamento de cada um, só posso dizer que não teve passos, foi mais para
uma corrida, ou melhor, uma maratona. — Rimos.
— Eu sempre digo que sou eles de saia, mas nunca disse em que
momento sou igual ou pior.
— Nem precisa dizer, já tenho ideia. Acredito que até se a fazenda
falasse teria ideia.
Ficamos mais algumas horas rindo, jogando conversa fora, nos
divertindo, e até dançamos um pouco, mas não muito, afinal todo cuidado é
pouco agora com a saúde e bem-estar da Débora.
Daiane Escobar
Estou na cozinha e hoje dona Jurema e Marcela não estão. Então pego
tudo o que for prático, para o café da manhã.
Minha mãe ainda não chegou, disse que teve um imprevisto, mas logo
chegaria.
Coloco tudo na mesa da cozinha mesmo.
Encho um copo com suco e me aproximo da pia, olhando pela janela que
dá para os fundos da casa, no jardim. Bebo um gole de suco.
Passos atrás de mim causa um tremor. O perfume amadeirado, misturado
com o cheiro de sabonete, me deixa fascinada.
Sorrio.
Seus braços envolvem minha cintura e um beijo é depositado em meu
pescoço.
— Bom dia, Moreninha.
— Bom dia. — Deixo o copo de suco na pia e me viro, ficando de frente
para ele.
Seguro seu rosto e beijo seus lábios. Ele retribui, pressionando-me contra
a pia, e apertando seus braços em mim.
— O café da manhã está na mesa — digo a ele, que sorri.
— Eu preferiria outro tipo de café.
— Eu adoraria te servir. — Mordo meu lábio inferior.
Desta vez é ele que inicia o beijo. Enrosco meus braços ao redor de seu
pescoço. Sinto sua ereção endurecer através da calça jeans justa que usa. Coloca-
me sobre a pia fazendo com que meu vestido já curto, fique ainda mais. Encaixa-
se entre minhas pernas. Enrolo-as em sua cintura e uma de suas mãos desliza
pela minha pele, arrepiando-me.
— Que porra é essa?! — Nosso beijo é interrompido.
Uma voz, quase como um trovão, preenche o ambiente. Jacob não se
afasta, e tampouco faz menção de que irá fazer. Olho para a figura alta, com suas
tatuagens expostas devido à camiseta que usa. Seu olhar é frio. Sua mandíbula
está rígida, e uma de suas mãos se fecha tão forte que as veias saltam ainda mais.
Jacob me coloca no chão, mas em momento algum mantém distância,
abraçando-me por trás.
Sorrio, e seu olhar escurece ainda mais.
— Eu fiz uma pergunta, e ainda não obtive a resposta.
— Acho que estava bem claro o que estava acontecendo — respondo
com firmeza.
— O que esse cara faz aqui? — Ele dá um passo para frente.
Beatriz surge na porta com Arthur em seus braços. Seus olhos se
arregalam e sua boca se abre, mas não sai qualquer tipo de som.
— Vim visitar a Daiane — Jacob responde e, pela primeira vez, não
existe qualquer mansidão em sua voz ou brincadeira por estar diante de um
homem Escobar e isso me surpreende.
Meu tio ergue a sobrancelha, e outro passo é dado. Agora, eu realmente
estou começando a ficar preocupada.
— Eu tentei ser razoável. Porra, até conversei com seus irmãos. Mas
agora ver este cara, com você nessas situações, na cozinha, é demais!
— Marcos, ela é adulta. E está na casa dela.
— Dane-se, Beatriz. Eu vou matar esse cara. Porra, vou arrancar esse
projeto de pau e com as próprias mãos, e nunca mais vai encostá-lo na minha
sobrinha.
Meu tio caminha em passos largos, ficando muito próximo.
— Marcos! — Beatriz diz apavorada e Arthur, que dorme, se mexe. Ela
olha para ele e depois para mim, assustada.
— Sai da frente, Daiane! — ele diz e seu olhar é como o de um alfa que
protege sua matilha. Engulo em seco.
— Não! Tio, pelo amor de Deus, não fizemos nada de mais. Sabia que
isso aconteceria. E como sua esposa disse, sou adulta e a casa não te pertence
para chegar aqui ditando regras! — Deixo as palavras escaparem, e só então me
dou conta delas. — Desculpe. Não queria dizer isso... Mas não sou mais criança.
Você e todos os outros precisam parar de agir como se eu fosse.
Jacob me afasta, ficando cara a cara com meu tio.
— Jacob, não faça isso! — imploro a ele.
— Vamos lá, faça o que quer fazer. Eu tenho uma filha e com toda
certeza agiria da mesma forma. Só que tem um detalhe, eu apenas faria se eu
soubesse que o cara não prestasse. Se você, ou qualquer outro membro desta
família, tiver qualquer prova de algo ruim contra mim faça o que quer fazer. Do
contrário, cancelamos esse show e seguimos como se nada tivesse acontecido —
Jacob diz e, desta vez, sou eu quem arregala os olhos. Beatriz sorri e chacoalha
Arthur em seus braços, que resmunga um pouco.
— Só saia da minha frente! — meu tio diz a ele, e se afasta esfregando o
rosto. Então se aproxima da pia onde se mantém de costas.
Jacob me olha e sussurro um “pode ir”.
— Venha comigo — Beatriz diz a ele, e ambos saem da cozinha.
Aproximo-me do meu tio, tocando seu braço. Ele me olha de lado e sua
raiva já não está mais presente em seu olhar.
— Vocês todos precisam parar com isso. Ainda vão acabar entrando em
uma briga, por motivos tolos. Se todo homem que surgir no caminho das
mulheres Escobar, vocês tiverem reações assim, vamos acabar solteiras, cheias
de gatos. — Ele sorri e reviro os olhos. — Não quero acabar assim. Desculpe-me
de verdade por ter dito aquilo. A raiva...
— É só que eu prometi cuidar de vocês, caso algo acontecesse ao Joseph.
Quando vi vocês naquela situação, eu perdi o controle. Porra, você é minha
sobrinha predileta, sabe disso.
Sorrio.
— Eu sei. E ainda preciso gravar você dizendo isso, e mostrar aos meus
irmãos.
Ele ri.
— Gosta realmente dele? — Ele se vira, ficando de frente para mim.
— Sim. Ele se tornou muito especial, mas se continuar tendo que
enfrentar vocês, não sei se vai querer permanecer ao meu lado — brinco.
— Se ele realmente gostar de você, vai aguentar.
— Mas viver em um pouco de paz, não seria ruim.
— Vou tentar me controlar.
— Vai tratá-lo bem?
— Não exija muito.
Rio.
— Se ele te fizer qualquer coisa, eu não irei recuar.
Concordo.
— Agora, vamos atrás deles.
— Por que vieram?
— Sua mãe disse que queria todos os Escobar aqui.
Franzo o cenho.
— Por quê?
— Não disse.
— Estranho.
Ele concorda.
Não demora muito para a casa ser preenchida por todos os Escobar. Dos
filhos aos pais. Estamos na sala. Jacob está sentado ao meu lado, com os braços
em mim. David e Henrique não tiram os olhos de nós, e meu tio não tira os olhos
das mãos do Jacob. Yasmim está em meu colo, brincando com o pingente da
minha pulseira.
— Paula, estou curiosa! — Ana diz.
Minha mãe está no centro da sala, nos olhando.
— Bem-vinda ao clube, Ana! — Liziara fala, enquanto coloca a chupeta
na boca da Helena, que está em seu colo, quietinha.
Observo Laura, irmã de Helena, brincando de passar o urso no pé do
Henrique, e sorrio. Laís e Arthur dormem no colo de suas mães. Todas as
crianças estão tranquilas, enquanto nós adultos, ansiosos para saber o porquê
desta reunião.
David e Henrique sabem o que aconteceu mais cedo, pois vi quando
chegaram e meu tio rapidamente se reuniu com eles no escritório. E óbvio que o
olhar deles entrega que sabem realmente de tudo.
— Mãe, agiliza! — digo. — Estou curiosa.
— Esse aí não é da família. Acredito que nem aqui, deveria estar —
Henrique não se aguenta, e diz.
— Ele fica! Parem de implicar. Jacob é um amor de pessoa, e se está com
a Daiane, fica! — minha mãe diz e lança um sorriso para o Jacob, que olha para
o Henrique e sorri.
— Cuidado, cara, nem sempre o volume em minhas calças é uma ereção.
— Sou um anjo. Fique tranquilo aí. Só não tenho culpa que sua mãe me
adorou.
— Parem os dois! — digo.
— Chega. Vamos ao que interessa. Eu queria todos aqui, porque irei
fazer um belo almoço e queria a família reunida, de verdade. Sem brigas, ou
provocações.
— Então tira esse cara, e não terá brigas! — David se manifesta e Liziara
dá um tapa em seu braço.
— Eu já disse que ele fica! Estão surdos? — minha mãe diz. — Eu
cansei de tentar reunir vocês e sempre virem com desculpas de filhos, marido,
faculdade, serviço ou a puta que pariu que for. — Todos olhamos assustados. —
Estão vendo como estou cansada? Até palavrão me fizeram dizer. A partir de
hoje, quero que, pelo menos, uma vez por semana, estejamos todos juntos.
— Paula... — Meu tio vai começar a dizer, mas ela faz um sinal para ele
se calar.
— Não quero desculpas. Não é porque casaram que devem deixar de se
unirem. Quero esta família unida novamente. Passando um dia juntos, sem
tentarem se matar. E não estou fazendo um pedido. Isso é uma ordem. — Seu
tom é sério e seu olhar não é nada amável. — Então eu vou até aquela cozinha,
começar a preparar um belo almoço para a minha família, e quero minhas noras
junto, porque os filhos não vão morrer por ficarem sozinhos brincando, ou
dormindo, por pouco tempo, tem babá eletrônicas, e pais que não serviram
apenas para colocarem eles no mundo. Afinal, andam mimando também demais
essas crianças, por isso estão doentes, ou demorando para andarem bem, falarem
mais. Na idade delas, vocês subiam e desciam escadas, falavam muito e viviam
brincando sem preocupação de sujar roupa. Até parece que nunca foram
crianças, parem de criar essas crianças como robôs.
Jacob tenta esconder o riso, me fazendo sorrir.
— Paula, não sei se estando gripada seria a melhor escolha ir para a
cozinha — Bia diz.
— Daremos um jeito. Sobreviverá!
Rio.
— Você também, Daiane. Vamos, agora.
Meus irmãos começam a rir e Henrique chega a ficar vermelho. Fuzilo
ambos com o olhar.
— Rindo por quê? Vocês vão ficar olhando as crianças e tratando muito
bem meu anjo ali. — Ela aponta para o Jacob e a risada se encerra bruscamente.
— Eu sou o anjo! — Jacob diz levantando a mão, e Liziara ri.
— Porra! Conquista minha irmã e rouba minha mãe. Cara, eu não gosto
de você! — Henrique diz irritado.
— Que pena, eu sou muito fã de vocês — Jacob fala sorridente.
— Ele está me irritando! — David comenta se ajeitando no sofá.
— Vamos! — minha mãe fala.
— A Yasmim vai chorar. Ela está tão bem comigo — digo preguiçosa.
E neste momento, a traíra da minha sobrinha se joga para o colo do Jacob
e ri. Ele a segura, sorrindo, e a mesma se aproxima do seu rosto lhe dando um
beijo molhado. Um “Ai, que amor!” sai em uníssono das mulheres, exceto de
mim, que apenas sorrio fascinada, já que Yasmim não se dá com todos.
— Acho que conquistei mais alguém, não é, gatinha? — ele diz, e ela
esconde o rostinho em seu pescoço, tímida.
— Agora a porra ficou séria! A minha filha também, cara? Qual o seu
problema comigo?
— Nem comigo ela fica assim! Porra! — Marcos diz irritado.
— Marcos, no final do dia quero o dinheiro. Hoje, as meninas vão lucrar,
pelo visto! — Liziara diz, se referindo a ele não poder falar palavrão na frente
das gêmeas.
— Já disse para abrir uma conta bancária a elas!
Henrique se aproxima, enciumado, para pegar a Yasmim.
— Vem, filha! — ele diz a ela.
Ela olha o pai e depois o Jacob, e faz isso por um tempo.
Não faça isso, pequena.
— Nãn! — ela diz franzindo o cenho, e então agarra o pescoço do Jacob.
Não me aguento e gargalho. Henrique me lança um olhar furioso.
— Posso falar? — Jacob diz olhando para ele. — Falaria mesmo que não
pudesse. Acho que ela realmente gostou de mim, mas não se preocupe, sou
muito atraente, é normal isso.
— Eu vou matar esse cara! — Henrique diz olhando para todos.
— Pegue a senha! — David diz. — Fique longe das minhas filhas, ou
morre! — Jacob ri e Yasmim também, sem ao menos saber do quê.
— Chega! Vamos, mulherada! — minha mãe fala.
Henrique se afasta. Levanto-me e, quando vou dar um beijo no Jacob,
sou impedida por Yasmim, que me empurra dizendo não. Fico chocada e Ana ri.
— É, vai ter que me dividir com mais uma — Jacob diz, rindo.
— Pateta!
— Eita! Chamou-o de pateta. Cara, esquece, não tem mais como fugir da
família — Beatriz diz entregando Arthur para o Marcos.
— Beatriz, lembra-se da sentença? Então, é melhor não colaborar com
aquele ali! — Marcos diz e sorrio.
— Vamos, e eles que se entendam. Não quero sangue pela casa, e
tampouco móveis quebrados. E se o Jacob estiver machucado, vocês não vão
querer ver o que pode acontecer! — minha mãe fala, saindo da sala.
Ana entrega Laís para o Henrique. David pega Helena, e então todas nós
saímos da sala.
Jacob Casagrande
Brinco com Yasmim em meu colo, e uma das gêmeas — a que estava no
chão — se aproxima.
— Não toque! Você tem algo de ruim que atrai elas para você. — David
diz e sorrio.
Pego a outra no chão e, então, uma batalha de quem ganha mais a minha
atenção começa em meu colo, e rio.
Os olhares são fixos em mim. Tenho vontade de rir, mas evito.
— Melhor fazermos logo. Aproveitar que elas não estão. Crianças que
estiverem dormindo, colocamos no quarto com a babá eletrônica — Marcos diz.
Eles sobem, deixando-me sozinho com as duas acordadas.
— Acho que o pai de cada uma não gosta muito de mim. Tenho esta leve
impressão — digo a elas, que riem, quando começo as distribuir beijos em
ambas.
Eles retornam, parando na minha frente.
— O que querem agora? — pergunto.
— Venha conosco. — Eles pegam as meninas sob seus protestos.
— Não posso deixar um beijo de despedida na Daiane antes? — provoco.
— Não brinque, cara! — David fala e rio.
Sigo-os até um corredor, onde entram em um ambiente, em que a porta
estava aberta. Entramos e vejo ser um escritório. Eles colocam as meninas no
carpete e fecham a porta.
— Que pecado. Vão cometer um crime na frente de duas crianças...
— Cale a boca, cara! — Henrique diz.
— Sente-se! — Marcos aponta o sofá.
— Só irei, porque ando muito idoso e fadigado — brinco.
Sento-me no sofá, e eles vão para trás da mesa.
— Tribunal? Porque se for, terei que falar somente a verdade, entendem,
não é? — Os olhares não são nada amigáveis.
Duas, exatamente duas armas, são jogadas em cima da mesa de madeira.
Do David e do Henrique.
— Não incomoda andar com elas na cintura? A mim incomoda um pouco
quando utilizo.
David gira a sua arma na mesa, e ela fica apontada para mim.
— Faltou uma, não? — pergunto olhando para o Marcos, que se mantém
no meio deles, com as mãos no bolso.
— Não preciso de uma.
— Porra, gostei de como falou! Senti uma firmeza excepcional. — Sorrio
e ele se inclina apoiando ambas as mãos sobre a mesa.
— Não brinque. É melhor escutar muito bem o que iremos dizer.
— Podem falar. Porra, quem diria, que eu estaria em uma reunião um
pouco violenta com os Escobar.
David olha as meninas que brincam no chão, e depois retorna o olhar a
mim.
— Se quer realmente sobreviver nesta família, tem que estar a par das
regras! — Henrique diz.
— Quais? — pergunto realmente ficando curioso.
— Primeiro, jamais faça a Daiane sofrer — David diz.
— Segundo, não tente interferir no modo em como agimos — Marcos
fala.
— Terceiro, nunca pense que pode fazer o que bem entender nesta
família — Henrique diz cruzando os braços. — Quarto, se tentar roubar minha
mãe e minha filha de mim, morre.
— No caso, eu já fiz isso. É agora que tenho que me despedir do mundo?
— Você sempre faz piada de tudo? Porra, eu odeio isso! — Henrique diz.
— Sério?! — Marcos e David dizem olhando para ele, que dá de ombros.
— Quinta regra, e não menos importante. A memória do meu irmão é
muito respeitada, não tente desrespeitá-la jamais. — Marcos se afasta da mesa.
— Compreendeu? — David questiona.
— Sim. Mas tenho algo para dizer. — Levanto-me e vou até a mesa. Giro
a arma do David, como ele fez, e ela fica apontada para ele. — Primeiro, armas
não me intimidam ou não teria me tornado promotor. Segundo, não sou homem
de brincar com mulheres, então Daiane jamais sofreria comigo. Terceiro,
deveriam ter feito essa reunião, ou seja lá o nome que dão a isso, depois que
realmente tivéssemos algo, porque estamos apenas saindo, nada oficial.
— Não é oficial? — Henrique pergunta surpreso, enquanto os outros
franzem o cenho. — Você dormiu aqui e ainda está aqui, porra.
— Isso se chama século XXI, devem estar familiarizados. E eu já havia
dito que ela era difícil — falo e sorrio.
A porta se abre e me viro. Daiane entra e olha para as meninas no chão e
logo depois para nós, e só então para a mesa onde vê as armas.
— Quer nos dizer algo, Daiane? — Marcos pergunta. Henrique e David
pegam as armas. Mas Daiane fica pálida.
— Você disse que não contaria, Jacob! — ela diz e franzo o cenho, sem
entender.
— Contar o quê? — David pergunta em um tom desconfiado.
— Eu vou te esganar! — ela diz olhando para mim. E só então entendo
ao que se refere. Faço um sinal para que se cale.
— Talvez queira nos dizer o que ele não deveria contar, Daiane! —
Marcos diz a ela.
— Para quê? O fofoqueiro já contou!
— Daiane, acho que te chamaram — digo, tentando fazer com que ela se
cale.
— Não mude de assunto.
— O que está acontecendo? — Henrique pergunta.
— Não se façam de idiotas. Sei que sabem de tudo — diz irritada. —
Vamos lá, surtem de uma vez.
Porra, ela realmente é difícil!
Eles me olham e dou de ombros.
— Vamos. Podem dizer que sou louca, que confiaram em mim e fiz isso!
— Eles olham para ela sem entender, porém, desconfiados.
— Daiane, podemos conversar um minuto? — pergunto me aproximando
dela.
— Para você contar a eles tudo o que iremos falar? Realmente é um
pateta. Perfeito para o clube deles.
Fico em sua frente, de costas para eles. Olho para ela, e digo um “não”
silencioso. Ela inclina um pouco a cabeça para o lado, olhando para eles, e então
arregala os olhos, voltando o olhar para mim. Balança a cabeça negativamente e
concordo.
— Droga! — diz.
— Chega. Que merda estão escondendo?! — Marcos grita, enfurecido, e
as meninas se assustam, mas voltam a brincar juntas.
— Nada! — dissemos juntos e me viro para eles.
— Nada uma porra! O que aconteceu? — Henrique questiona.
— Daiane, o que faz... Meu Deus, o que está acontecendo? — Dona
Paula entra no escritório, e começa a olhar de um para o outro.
— Estamos esperando eles responderem! — David diz, cruzando os
braços.
— O que aconteceu? — Paula pergunta para nós e Daiane me olha em
busca de uma resposta. — Daiane, você não está grávida, não é? — pergunta
desesperada, e me contenho para não rir.
— Não! Está louca? Gente, não é nada. Apenas uma grande confusão.
Vou indo!
— Ninguém sai daqui sem me dizer o que está acontecendo! — Paula
fala enfurecida.
— Está bem — digo. — Daiane pensou que eu...
— Jacob... — Daiane tenta me impedir, mas impeço fazendo um sinal
com a mão.
— Daiane pensou que eu havia dito do pedido que fiz a ela, e a mesma
disse que responderia depois.
Ela concorda entrando no jogo.
— Que pedido? — Marcos pergunta desconfiado.
— Um pedido! — ela diz.
— Daiane Gabrielle Escobar, o que estão escondendo?! — Henrique
indaga.
— Então, Jacob, o pedido... — Ela me olha, procurando ajuda.
Olho para todos e respiro fundo. Já que a gasolina foi jogada, é melhor
acender de vez a porra do fogo!
— Vamos, porra! — David fala.
— Jacob? — Daiane procura por uma resposta, está assustada.
— O pedido foi bem simples — digo.
— Então diga para nós, meu anjo. Conheço estes homens, enquanto não
tiverem certeza de que não estão o enganando, não vão terminar isso, e tenho um
almoço para continuar preparando.
— Lá vai. — Respiro fundo. — Perguntei a ela se queria casar comigo.
Então, Daiane, será que agora pode me dar a resposta, aproveitando que todos
estão aqui? — digo de uma vez, e rápido.
Um grito e uma queda na cadeira é o que acontece a Paula. Marcos,
David e Henrique estão com uma cara que, porra, agora estou preocupado.
Porém, a única coisa que me mantém muito mais preocupado é o fato de Daiane
estar muito pálida.
— Este foi o pedido. Simples, rápido, porém sincero. E foi exatamente
isso que ela ficou com medo de eu ter contado antes de me dar a resposta. O que
realmente espero é que a resposta seja um “sim”, porque ela me conquistou
desde o primeiro encontro. E sei que o que sinto não é paixão apenas. É
admiração, respeito e amor. Te amei desde o primeiro momento, só tentei negar.
Amor à primeira vista? Talvez — digo olhando em seus olhos e deixando meu
coração falar, aproveitando a oportunidade que me foi dada. — Aceita se casar
comigo?
— Quê?! — todas as outras mulheres gritam na porta, e nem ao menos
havia notado a presença delas.
O silêncio reina. Mantenho meus olhos em Daiane, mas sinto todos os
outros olhares em mim. Desvio o olhar por apenas um instante, para as meninas
no chão, que estão sem entender, até que sorriem para mim.
Pelo visto, coloquei o fogo.
Quinze
Daiane Escobar
Faz dois meses, desde que tudo aconteceu. Quando digo tudo, eu me
refiro ao pedido de casamento e à confusão com meus irmãos. Nossa! Que
loucura!
Observo a cidade através da sacada do vigésimo andar. A noite está
estrelada, e nem mesmo as luzes da grande cidade são capazes de ofuscar os
diversos brilhos no céu.
Foi tudo tão rápido, e confuso, que até agora me pego lembrando tudo, e
tendo as mesmas reações daquele momento: o frio na barriga, o medo e o susto.
Sorrio encabulada.
Minha vida mudou tão rápido nos últimos tempos. Senti-me em um mar
revolto, onde diversas ondas me surpreendiam cada vez que eu tentava me
equilibrar.
Parando para pensar em tudo, eu tenho apenas um grande aprendizado:
Nada será como imaginamos. Nem tudo virá no tempo que desejamos.
Jamais saberemos como vamos reagir em uma situação, até que ela aconteça.
Essa é a vida, e ela corre, e temos apenas duas escolhas: ficamos parados
lamentando por tudo o que não fizemos, ou seguimos com ela, aprendendo a
lidar com a constante oscilação de adrenalina que ela nos impõe.
A vida é uma loucura. Em um instante tudo muda, e ela nem sequer te
oferece um manual de como agir. Ela basicamente te diz “se vira”.
Mas hoje, estando aqui, sentindo a brisa desta noite iluminada, eu sinto
algo. Eu sinto um arrependimento por ser tão medrosa, e usar uma máscara
invisível contra isso. É tão normal sentir medo. Isso é humano. Arrependo-me
sim, por isso. Porque penso o quanto já perdi pelo medo. Mas de nada vai me
adiantar agora. Tenho apenas que seguir meu caminho, lembrando-me sempre
disso.
Sorrio mais uma vez, porém, agora ao me lembrar daquele dia...
— Lá vai. — Jacob respira fundo e isso me deixa ainda mais nervosa. —
Perguntei a ela se queria casar comigo. Então, Daiane, será que agora pode me
dar a resposta, aproveitando que todos estão aqui? — ele diz rápido. Meu
raciocínio não acompanha claramente. Fico parada.
Olho para todos e, pelo visto, não sou a única que está tendo a mesma
reação de choque, pois minha mãe grita e cai sentada na cadeira atrás dela.
Olho para os três patetas e não sei dizer o que a expressão deles significa.
Estou assustada.
Jacob me olha e meu corpo inteiro treme ainda mais. Tento manter ao
máximo minhas pernas firmes.
— Este foi o pedido. Simples, rápido, porém sincero. E foi exatamente
isso que ela ficou com medo de eu ter contado antes de me dar a resposta. O que
realmente espero é que a resposta seja um “sim”, porque ela me conquistou
desde o primeiro encontro. E sei que o que sinto, não é paixão apenas. É
admiração, respeito e amor. Te amei desde o primeiro momento, só tentei negar.
Amor à primeira vista? Talvez — diz olhando em meus olhos. — Aceita se casar
comigo?
Suas palavras transmitem verdades e isso me deixa ainda mais nervosa.
— Quê?! — Ouço as meninas gritarem atrás de mim.
Todos os olhos estão fixos em mim. Eu não tenho nenhuma reação.
Maldição, eu não consigo reagir.
Eu pensei que ele havia dito aos meus irmãos e ao meu tio sobre eu não
saber atirar. Porém, jamais imaginei que ele sairia da confusão que armei com
um pedido de casamento.
Posso estar louca, mas é como se Pabllo Vittar cantasse K.O. como
música tema deste momento.
Jacob sorri. O pateta número quatro simplesmente sorri, como se o que
tivesse dito fosse a coisa mais normal deste mundo.
— Daiane? — minha mãe diz. Eu apenas olho, porque me falta voz.
Vejo Beatriz, Ana Louise e Liziara caminhando, e então ficando na
lateral da mesa, onde os três patetas estão.
— Titi! — Yasmim chama por mim, e só percebo que está tão perto,
quando suas mãozinhas tocam minha perna. Sua mãe rapidamente se aproxima
e a pega no colo.
— Alguém, pelo caralho da minha paciência, pode dizer algo?! — David
indaga nervoso.
Forço as palavras a saírem:
— É... Eu... Nós...
— Daiane, fale algo! — Liziara fala animada.
Olho para o Jacob e seu olhar é de preocupação. Pelo visto, não estou
tendo uma boa reação.
— Filha, eu sou cardíaca! — minha mãe exclama, com a mão sobre o
peito.
Henrique se joga na cadeira e bufa, jogando a arma sobre mesa.
— Eu já disse que não gosto deste cara? Porra, agora até entrar para a
família o infeliz quer! — Henrique reclama.
— Cale a boca, Henrique! — Ana grita. — Estamos deixando ela mais
nervosa. Vamos deixá-los sozinhos.
— Não! — Os três patetas acompanhados por Liziara dizem.
— Estou curiosa! Ninguém brinca com a minha curiosidade assim —
Liziara fala com as mãos na cintura.
— Gente, ela está pálida demais — Beatriz comenta transparecendo
preocupação.
— Não vai desmaiar agora, porra! — meu tio fala furiosamente. —
Quero uma resposta agora, porque preciso saber qual o nível de tortura que
esse cara merece.
— Marcos! — Beatriz o repreende e ele dá de ombros.
— Filha, pelo amor de Deus, reaja! — minha mãe diz se levantando da
cadeira.
Jacob que apenas me observava se aproxima segurando meu rosto com
as mãos e então diz baixinho:
— Não precisa ter medo. Eu só pensei que estava na hora de me jogar de
cabeça em algo que valesse a pena. Você vale a pena. Eu já tive dois
relacionamentos péssimos. Fiz péssimas escolhas. Mas o coração sabe
identificar quando a escolha certa está na nossa frente. Podemos fingir que não
estamos vendo, mas no fundo, bem lá no fundo, uma seta iluminada aponta para
a pessoa que nos completará. — Suas mãos acariciam meu rosto. — Eu sei que
estou sendo rápido, pulando diversas etapas, mas por você vale a pena pular
todas. Daiane, eu só preciso da resposta; e seja qual for, não irei desistir de
você. Só respira fundo.
Faço o que pede. Respiro fundo, e começo a sentir meu corpo relaxar,
mas o frio na barriga não vai embora, e o medo também não.
— Gente, vou precisar alugar um vestido para o casamento, ou comprar
lencinhos para as lágrimas de tristeza que irei derramar, caso seja um “não”?
— Liziara pergunta, mas logo reclama quando Beatriz belisca seu braço.
— Pare de ser curiosa! Deixe-os — Beatriz diz a ela.
— Quanta calúnia! — reclama.
Laura vai até minha mãe, que a pega no colo.
— Morena? — Seu tom agora me invade a alma, causando-me um calor
acompanhado de uma montanha-russa de sentimentos. — Casa comigo?
Fecho os olhos e respiro fundo.
Deixo o que estou sentindo falar por mim.
— Eu posso estar fazendo uma escolha maluca, afinal foi tudo tão
rápido, mas eu aceito. Sim. Eu aceito me casar com você, Sr. Jacob Casagrande!
— Sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto. — Você alcançou os dez pontos
neste momento!
— Jesus, Maria e José! Sou cardíaca. Alguém chama um médico. —
Minha mãe cai na cadeira mais uma vez, porém com a Laura em seus braços,
que ri.
— Porra! — ele diz sorrindo, e me abraça, me obrigando a contornar
seu pescoço com meus braços.
— Aaaaaah! Eu vou alugar o vestido então! — Liziara grita animada, e
começa a pular batendo palmas.
— Chega, eu desisto. Querem saber? Que se foda! — Henrique fala
nervoso e sorrio.
Jacob toma meus lábios com os seus e sua língua invade minha boca,
entrelaçando-se à minha.
— Que lindos! — Beatriz e Ana dizem juntas.
— Vamos lá, David, pode me matar. Ficarei aqui, e você mira essa porra
de arma em mim e me mata neste instante.
— Sempre tive vontade de te matar, Henrique, mas, desta vez, cara, terá
que enfrentar essa barra comigo. Cacete!
— Agora, pode soltá-la! Paula, poderia se manifestar sobre esta
loucura? — meu tio diz todo autoritário. Jacob se afasta apenas para ficar
abraçado a mim.
— Eu? Agora quer que eu diga algo? Pois irei dizer. — Ela entrega
Laura para Liziara, e então se aproxima de nós dois. — Seja feliz, meu amor.
Que seja igual ou mais feliz do que fui com seu pai. Você merece, minha
princesa! — ela diz chorando e me abraça.
— Porra, não era isso que eu esperava — Marcos diz entredentes.
— Posso começar a chamá-lo de tio? — Jacob provoca.
— Agora, eu irei te matar! — meu tio grita.
Uma confusão se inicia. Ouço “Parem” para todos os lados, mas só faço
sorrir. Não me importa quem está “matando” quem, estou tão nas nuvens, que
nada importa agora.
My broken pieces
You pick 'em up
Don't leave me hanging, hanging
Come give me some
When I'm without ya
So insecure
You are the one thing, one thing
I'm living for
Fecha os olhos por um momento, e vejo o quanto a música fala por ele.
Mais uma vez, seus olhos encontram os meus e me pego sorrindo, pois é
o que tenho feito direto nos últimos dias. Droga, estou tão emotiva. Isso é o
resultado de ter alguém tão especial ao meu lado.
Em um sinal rápido, ele me chama. E então caminho em passos lentos,
com meus saltos brancos, com o solado vermelho. Meu vestido azul-turquesa,
curto na frente e mais longo atrás, balança com o andar e me sinto a caminho da
minha felicidade, o que não é mentira alguma. Meus cabelos estão soltos com
ondas bem-feitas, e balançam também.
Paro ao seu lado, e ele se vira para mim e continua cantando:
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Olho através do enorme espelho. Meu vestido branco, de alças finas, com
um pequeno decote em “V”, desce por meu corpo, se ajustando a minha cintura,
e caindo com leveza cobrindo completamente meus pés. Nas pontas, toques de
renda dão uma delicadeza e sofisticação. Meus cabelos estão mais curtos, e
soltos, com ondas que tanto amo. Uma tiara de flores compõe o penteado. Meus
brincos são de brilhantes — ganhei de meu tio —, em formato de losango, não
muito longo, combinando com a pulseira que minha mãe me presenteou.
Dispensei o colar. Queria delicadeza na composição do look e foi o que
consegui, junto à equipe contratada para me arrumar. Nos pés, optei por uma
sandália branca, com pequenos detalhes em prateado.
Estou me sentindo uma princesa.
O local escolhido para a cerimônia foi a fazenda de minha família. Aqui,
eu consigo sentir a presença de meu pai de uma forma diferente. Sei que, de
alguma forma, ele participará deste momento.
Decidi fugir do modo tradicional, em escolher padrinhos para cada um
dos noivos. Todos os padrinhos serão de nós dois. Assim como também não
casarei na igreja, mas teremos o juiz de paz e não colocarei as crianças para
entrar, afinal não precisaria de todas, e jamais colocaria apenas uma.
Optamos também por convidar apenas os mais íntimos. Não queríamos
nada grande e que chamasse ainda mais a atenção da mídia, o que me lembra que
estava na hora de responder com classe o que certa revista merecia, e por isso
foram os únicos convidados.
A porta se abre, assustando-me.
— Daiane está tudo pronto, mas temos uma dúvida.
Miranda é a organizadora que sempre contrato para me ajudar em todas
as festas da família, e para ela ter dúvida de algo, é porque se tornou um
problema, e ela está tentando não me deixar nervosa.
— Qual dúvida?
— Os padrinhos já chegaram. Convidados faltam apenas um casal... —
Ela faz uma pausa, olha para a lista e para mim. — Sua mãe não confirmou
presença, e tampouco chegou. Perguntamos por ela, mas não souberam
responder.
— Quê? Como assim? Os convites foram enviados há semanas. Como
não me comunicaram sobre isso antes?
— Porque ela é sua mãe. Normalmente não temos que confirmar a
presença da mãe da noiva — diz e sorri.
— Miranda, você sabe muito bem que gosto de tudo correto. Festas para
mim são como julgamentos, tem que estar tudo em ordem. Se bobear, até o meu
noivo teria que ter confirmado presença. Eu sou a louca da lista de convidados.
Eu quase não vi minha mãe nos últimos dias. — Fico nervosa.
— Calma, vai borrar a maquiagem se ficar nervosa e começar a
transpirar.
— Quero meu celular! Onde está meu celular. — Olho para todos os
cantos à procura dele.
— Aqui! — Ela pega de cima da cômoda e me entrega. — Irei conferir
algumas coisas e retorno em breve. Tente ficar calma.
— O noivo está aí? Porque era só o que me faltava, ele ter sumido.
— Está sim, e bem nervoso. Pergunta o tempo todo por você. A tal
revista também está de prontidão, e infelizmente já notou que sua mãe não
chegou ainda. Mas tudo dará certo. Já venho! — Ela se retira.
Ligo para a minha mãe, e apenas na segunda tentativa ela atende.
— Mãe, pelo amor de Deus, onde está?
— Filha, calma. Logo estarei aí. Eu... estou chegando.
— Mãe, como não confirmou presença?
— Daiane, me poupe! Sou sua mãe. Não preciso confirmar nada.
— Mãe, eu sou paranoica com listas. Onde está? — Tento controlar o
choro.
— Filha, tenho que desligar, estou chegando. Se acalme.
Ela desliga e me sento na cama.
A porta se abre e Sophie entra sorridente.
— Você está muito linda!
— Obrigada, raio de sol. Você está uma verdadeira princesa. —
Sorrimos.
— Vai demorar? — pergunta ansiosa.
— Noivas sempre atrasam — brinco.
— Entendi. Meu pai está nervoso. É engraçado. Minha bisa disse que
daqui a pouco ele vai gritar até com o vento. — Rimos.
— Filma tudo, depois quero ver.
Ela concorda.
— Vou indo! — Ela se retira.
Fico andando de um lado para o outro. Estou nervosa demais. Sempre
fico nervosa no casamento dos outros, não seria diferente no meu.
— Não, vocês não podem! Ela disse que não queria nenhum homem
aqui. — Ouço a voz da Miranda.
— Você tem duas opções: sair por vontade própria ou retiramos você —
David fala.
Sorrio.
Caminho até a porta e abro. Os três patetas me olham.
— Pode deixar, Miranda. — Eles olham para ela e sorriem, provocando-
a.
— Sua mãe chegou, e daqui a pouco vem até você... — Olha para eles.
— Vocês são impossíveis! — diz se retirando.
Fecho a porta e eles ficam me olhando.
— Está linda! — dizem juntos.
— Sempre estou — provoco.
— Seu pai teria muito orgulho — meu tio diz e sorrio emocionada.
A porta se abre, e minha mãe entra em um belo vestido e penteado.
Henrique bate palmas e ela cora.
— Demorei, mas cheguei!
— Como pode sumir assim? O que aconteceu? Quase não a vi! Mãe, não
queria vir? — indago sem parar.
— Se acalme! Eu ajudei na escolha de decoração, óbvio que viria. Só que
os últimos dias foram de grande surpresa.
— Como assim? — David questiona.
Ela caminha até a cama onde se senta. Faço o mesmo.
— Estive mexendo nas coisas de seu pai, no escritório no centro da
cidade...
— Mãe, já falamos para você que está na hora de alugar ou vender
aquilo. Tem que começar a desapegar ou nunca vai deixar de lado essa dor —
digo.
— Não é nada disso. Fui exatamente para ver do que iria me desfazer,
para vender o lugar, mas, para a minha grande surpresa, seu pai mantinha uma
gaveta trancada. Nunca mexi em nada, sabem que sempre foi muito difícil para
mim.
Concordamos.
Ela retira da bolsa um pequeno caderno preto, com o nosso sobrenome
escrito em branco na capa, em uma letra bem detalhada.
— O que é isso? — Marcos pergunta.
— Pedi para o Conrado abrir a gaveta, pois não encontrei qualquer
chave, e nela havia apenas este diário. — Seus olhos estão marejados. —
Escreveu alguns anos antes de sua morte. Ele falava de tudo, e de cada um de
nós. E passei os últimos dias lendo com calma e sentindo cada palavra escrita.
Então encontrei uma parte que... — ela abre o diário em uma página e me
entrega — que você precisava ler hoje, Daiane.
Com as mãos trêmulas, olho para todos e para o pequeno caderno. Então
começo a ler em voz alta o pequeno texto:
— Hoje, acordei antes de todos, precisava estudar um pouco mais um
caso difícil, antes do julgamento que tive nesta tarde. A casa estava silenciosa e
eu me acomodei em minha cadeira no escritório, com uma caneca de café, a
minha preferida, e fiquei tão concentrado, que não notei quando minha menina
adentrou o escritório e se sentou no sofá de frente para mim a me observar. —
Minha voz está trêmula e minha mãe passa os braços ao meu redor. Henrique e
David se abaixam a minha frente, e se apoiam em minha perna. Já meu tio,
apenas observa através da janela. — Quando a notei, ela sorriu para mim e me
desejou um grande bom dia. Sorri. Perguntei o porquê de estar acordada àquela
hora, então me disse que queria me fazer companhia, porque sabia que eu
estava bastante estressado nos últimos dias. Ela sempre me conheceu muito
bem...
Não consigo terminar de ler, e David percebe, pois pega de minhas mãos
dando continuidade:
— Ela sempre me conheceu muito bem. Se tem uma pessoa, depois de
minha esposa, que consegue me acalmar é minha pequena Gabi. E então,
perguntou se eu queria ajuda; e sem esperar a resposta, se colocou ao meu lado
e começou a ler cada pergunta daquelas folhas, enquanto aguardava minhas
respostas. E olhando ela tão concentrada no que fazia, e com aquela perfeita
postura e dicção, não tive dúvidas de que teria uma carreira brilhante como
uma mulher da lei. E foi então que também percebi que sua escolha de carreira,
nunca foi por mim e sim por ter nascido com o dom para tal. Minha pequena
está se tornando uma grande mulher. Tempo, vá mais devagar.
David termina de ler e fecha o caderno. Minha mãe pega e coloca ao
outro lado da cama. Lágrimas escorrem por meu rosto, e Henrique as enxuga
com cuidado.
— Eu o queria aqui... — digo entre um soluço, que me escapa.
— Eu sei, maninha. Todos queríamos. Mas ele está aqui, dentro de cada
um de nós! — Henrique diz e sorri emocionado para mim.
— Henrique tem razão. Nosso pai está aqui neste momento prestigiando
você. Olhando por todos nós. Somos brutos, às vezes irritantes, mas sabemos
que ele está orgulhoso da escolha que fez. Aquele cara lá embaixo nos irrita, mas
é perfeito para você. Joseph Escobar abençoaria esta união com toda certeza —
David fala enquanto acaricia minha mão.
— Sim. Seus irmãos estão certos — minha mãe diz e deposita um beijo
em minha cabeça.
Meu tio se aproxima. E sorri para mim.
— Posso dizer com toda certeza que ele realmente está orgulhoso por
você. Eu estou orgulhoso, e sentindo-me muito honrado em representá-lo neste
dia. Uma responsabilidade do caralho! A menininha da casa cresceu, e se tornou
uma excelente mulher, porque recebeu conselhos e amor da melhor pessoa que
poderia lhe oferecer. Estamos contigo, e sempre vamos estar — ele me diz. Meus
irmãos se afastam e me levanto, abraçando-o.
— Obrigada! — digo a todos.
Estou muito emocionada, e jamais poderia imaginar senti-lo tão próximo
novamente como hoje.
A porta se abre e Miranda entra.
— Ah, meu Deus! Todos saiam. Vão para suas posições. Vou chamar a
equipe de maquiagem para retocar esse estrago. Estamos muito atrasados! — diz
desesperada, arrancando risos de todos. — Não riam. São quase seis horas da
tarde. Vamos, vamos! — diz retirando todos do quarto.
Jacob Casagrande
São quase onze horas da noite e nada do Jacob. Agora dá apenas caixa
postal no celular, e no escritório só chama. Eu vou arrumar uma secretária para
este homem. Sophie acabou dormindo cansada de esperar o pai, depois de chorar
porque sabe que não vai hoje para a casa da bisavó. Dona Joana me ligou
preocupada, e eu disse que não daria para a Sophie ir hoje, mas que a levaria
amanhã. Não contei que o neto ainda não chegou e não tenho notícias, de
preocupada basta eu.
Pedi ao Estefan para ir até o escritório do Jacob, e ver se está lá e estou
no aguardo de notícias.
A porta da sala se abre e levanto rapidamente do sofá. Jacob entra. Meu
coração fica aliviado.
Ele deixa as coisas no sofá e vem até a minha direção, mas impeço de se
aproximar.
— Morena, perdão. O celular e o telefone estavam no mudo, e eu estava
tão concentrado no caso que estou estudando, que perdi noção da hora. Estefan
foi até o escritório e vim na mesma hora.
— Jacob, não é para mim que deve desculpas. Sua filha foi dormir depois
de tanto chorar porque o pai não a levaria para o interior.
— Eu vou levar. Só vou trocar de roupa.
— A esta hora? Ficou louco! Não vai sair com a menina uma hora destas
com este tempo.
— Relaxa, amor.
— Eu já viajei com ela de madrugada, mas estava com meu segurança e
não tinha chuva. Você não a levará com chuva, e cansado. Sua aparência entrega
o cansaço.
Ele retira a gravata e o paletó. Abre os primeiros botões da camisa
branca.
— Realmente estou bem cansado. Mas...
— Não vai levar e pronto. Amanhã eu me viro e levo-a, ou peço ao
Estefan para levar, não sei. Dou um jeito. Agora você arrasta esta bunda até
aquele quarto, e passe a noite com ela, porque está bem chateada com você, e vai
ser bom quando ela acordar encontrar o pai.
— Amor, está nervosa apenas por isso, ou tem mais?
— Nervosa? Estou com muita raiva. Você chega tarde, esquece de dar
satisfações, eu tenho que ficar em casa tentando controlar os problemas que
causou, e quando chega age como se nada tivesse acontecido. Tenha a santa
paciência. Está com muito trabalho? Eu também, mas estou me virando para
lidar com tudo, então é melhor você também começar a lidar.
Saio da sala com ele me seguindo até o quarto. Ele fecha a porta.
— Daiane, você está achando que não atendi suas ligações ou fiquei até
agora trabalhando de propósito? Porque se estiver, porra não me conhece. Eu
estou fazendo de tudo para conciliar o trabalho com vida pessoal. Divido-me em
mil para dar atenção a você e a Sophie, além da minha avó. Então, por favor, não
tente se transformar em vítima, quando sabe que faço de tudo para que nosso
casamento seja de alegrias na maior parte do tempo. — Está irritado. Eu também
estou.
Respiro fundo e conto mentalmente até dez.
— Desculpa. Estou cansada.
Ele se aproxima e desta vez eu deixo. Beija-me com carinho.
— Me desculpa por hoje. Estou tentando adiantar tudo para ter mais
tempo para as duas. — Beija-me com carinho.
— Está bem. Só vá ficar com a Sophie, ela precisa mais do pai.
— Vou tomar um banho e vou ficar com ela.
— Está com fome?
— Não. Comi na rua.
Concordo.
Ele se afasta e vai até o banheiro.
Eu já tomei banho e estou de pijama. Deito na cama e me cubro. A noite
está ainda mais fria.
Fim
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por sempre estar comigo em todas as
conquistas e todos os momentos difíceis também.
Obrigada a Editora Angel por me apoiar desde o início.
Também tenho que agradecer as leitoras do Wattpad que tornaram esta
série completamente especial. E as meninas do grupo no Facebook e WhatsApp
também.
Cláudia Pereira, obrigada por cada dica que tem dado para esta série e
pelo apoio constante.
Betas Liziara e Beatriz, obrigada. Além de grandes amigas, vocês são
excelentes fontes de inspirações para a série Escobar.
Wesley Ferraz, caro marido, merece estar aqui também, já que vive me
ajudando quando o assunto é carro em cena, mesmo me deixando louca pedindo
atenção.
Obrigada a você que está lendo também, está tornando este conto ainda
mais especial.
Biografia
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou
transmitida por qualquer forma, meios eletrônico ou mecânico sem a permissão por
escrito do Autor e/ou Editor.
(Lei 9.610 de 19/02/1998.)
1ª Edição
Bia a Lizi, vocês me deixaram louca com suas ideias, mas seguraram as
pontas comigo e fizeram essa série chegar até aqui.
Um
Joseph Escobar
Anos antes...
— Não. Apenas estou preocupada com você que não chega logo. Mas
agora sei que está bem. Estava demorando demais...
Sorrio.
Desligo.
Uma moto surge na lateral que estou. Não tenho tempo de fechar o
vidro do carro, que é blindado, porque outra moto encosta e o delinquente
encosta a arma na minha cabeça.
— Não pense em olhar, vai passando tudo sem olhar! — ele pede. —
Carteira! Vai, vai! — Está nervoso. — Esse caralho tem que parecer um
assalto! Vai, porra!
Abro o vidro do passageiro. Respiro fundo. Isso não vai acabar bem.
Para que esse cara quer o outro vidro aberto, porra?
— Sabia que era você. Carro blindado, Juiz Escobar? Achou mesmo
que isso te ajudaria? — O outro motoqueiro ri. — Valeu a pena seguir cada
passo seu, desgraçado!
— Quem diria que um dia estaria cara a cara com filho da puta que
fodeu a vida do meu pai e da minha família.
Tento virar o rosto para ele, mas o que mantém a arma na minha
cabeça impede.
Preciso de ajuda...
Eu quero dizer que tem no meu bolso, mas não consigo. Merda!
— Vai ficar tudo bem... Ah, droga, é o juiz Escobar. Meu Deus! Vai
ficar tudo bem. Estão pedindo socorro — é uma mulher que diz
desesperada. Mas eu não consigo dizer nada, e nem me mover.
Aquele filho da puta, eu devia esperar que ele não iria sair daqui sem
fazer nada. Veio vingar o pai que condenei a anos de prisão, um chefe da
máfia, que acabou morrendo dentro da prisão.
Ser juiz criminal, não faz de você apenas um herói para alguns, ele
faz de você um alvo, e você nunca sabe quando será atingido.
Eu preciso dizer a minha família que amo eles, que vão ficar bem... Eu
preciso dizer ao menos um adeus. Eu preciso! Não posso partir, como meus
pais e meu velho amigo Joel, que não puderam me dizer adeus.
Paula precisa saber que ela vai ficar bem e que ela precisa continuar
lutando por nossa família. Ela precisa continuar lutando por si mesma...
Precisa continuar sorrindo... Eu tenho que dizer isso.
Eles precisam saber que vai ficar tudo bem, mesmo que aqui eu não
esteja. Meus filhos precisam saber que eu tenho orgulho demais deles...
Minha menina Daiane, não irei vê-la se formar, e não verei meu David ser
um delegado... Marcos, meu irmão, vai perder mais uma pessoa que é
sangue do seu sangue, ele não merece. Henrique terá de ser forte por todos,
ele vai conseguir, vai trazer alegria, mesmo que chorem.
Paula Escobar
Dias atuais...
Bom, está quase tudo calmo. Por ironia do destino, após anos
do julgamento na qual Joseph como juiz condenou o maldito
mafioso, e o infeliz foi morto na prisão, já era de se esperar que ele
tivesse herdeiros e foi o que aconteceu. O herdeiro dele, que
ocupava o lugar do pai, foi encontrado após tempos de trabalho
árduo da polícia, e hoje foi seu julgamento, e é aí que entra a ironia.
Anos atrás, o pai foi sentenciado a anos de prisão por meu falecido
esposo Joseph Escobar, e hoje o filho dele é sentenciado pelo irmão
do Joseph, o Marcos Escobar.
Alessandro.”
— Como está?
— Bem.
Alessandro Santos
— Não sou Deus para fazer milagres. Teve muito tempo para
estudar. Sabe que não sou do tipo que dá segunda chance.
— Quem tem que fazer notas altas são vocês e não eu. Eu já
passei desta fase, e hoje sou reconhecido como um dos melhores
professores de filosofia, e estou aqui ensinando a vocês. Agora, se
não se esforçam, o problema é de vocês. Não posso pegar a matéria
e socar no cérebro de cada um. Já viu o tamanho desta universidade
e do tanto de alunos que tenho? Se eu for ajudar cada um que não se
preocupa com estudos, estou ferrado. Aqui não é mais o ensino
fundamental, que precisam de babás e não professores.
Porra, amo dar aulas, sou apaixonado pela filosofia, mas tem
horas que meus alunos testam a minha humilde paciência. Sou tão
bom, e tentam abusar disso. É foda!
— Professor...
Ele ri.
— Senhor?
— Puta que pariu! Mulher, quer me matar? Parece um
fantasma, cacete! — Irene me olha assustada.
— Não. Por Deus, senhor. Não tenho mais idade para isso.
Paula Escobar
Respiro fundo.
Ele não vai desistir enquanto eu não falar com ele. Concordo, e
ele pergunta que horas pode me buscar, e falo que eu irei até ele,
para me enviar o endereço do local, que assim que eu sair do meu
compromisso informo que horas poderei ir ao jantar.
Eu não vou fazer isso. Elas sabem que na minha idade, uma
travada na coluna já era.
— Oi!
— Ok.
Sorrio.
— Vamos, meninas. Ainda não acredito que fiz isso. Vocês vão
acabar comigo.
— Nossa, nem me fale. Pensei que iria ficar mais tranquilo com
o tempo, mas que nada! Faculdade de manhã, treinos à tarde,
trabalhos, David e as meninas à noite. Vou endoidar. Mudei os
horários de tudo, mas não adiantou. A babá ajuda, mas não alivia
tanto, porque as meninas querem sempre minha atenção e quero
dar a elas.
Atendo.
— Senhora, não achamos certo ficar aqui nesse trânsito para pegar a
saída lá na frente. Vamos mudar a rota. Saiam pela primeira à direita, e
sigam em frente. Estamos logo atrás. Assim que saírem, eu irei seguir na
frente de vocês, e o Simon vai ficar atrás. Não tem como continuarmos
seguindo assim.
Desligo.
— Nossa, vamos dar uma volta. Indo por aqui, vamos seguir
sentido ao escritório do Marcos, que é bem no centro, e de lá vamos
ter de cortar sentido à delegacia, para ir para casa. Hoje não é o
nosso dia — Beatriz declara.
— Eu já vim por aqui. Marcos corta por aqui, quando não quer
pegar trânsito, mas ele não é fã de passar aqui à noite.
— Nos filmes que assisti, quando mandam não olhar para trás,
é porque vai dar merda! — Beatriz fala com a voz tomada pelo
pânico.
Liziara faz o que ele pede, assim que ele da ré em cima das três
motos, e elas jogam para a lateral. Então pisca o farol e ela corta o
carro do Pascoal, e agradeço a Deus por não ter outros carros aqui.
Seriam mais vidas em risco. A chuva intensifica. As duas motos
próximas do Pascoal, agora seguem a nós, e vejo apontarem algo,
mas não preciso ver direito para saber o que é.
— Liziara.
— Mãe...
— Não olhe para trás. Eles disseram para não fazermos isso.
Vai ficar tudo bem — digo e ela concorda.
— Alessandro?!
— Porra, por que ele tinha que ser o herói?! — Henrique chuta
a mesa de centro que voa em direção à parede próxima marcando a
parede e quebrando o vaso em cima dela. Então vai para o chão, e
deita cobrindo o rosto. Ana vai até ele.
— Fale! — imploro.
Não vejo mais nada. Sinto meu corpo ficar leve, e paro de
escutar qualquer coisa.
Quatro
Paula Escobar
— Amor, por favor, escuta sua mãe. Henrique, olha todo esse
clima. Suas filhas precisam de você e eu também. Por favor... — Ana
pede chorando.
— Eu não posso ficar aqui. Ele tem que estar vivo. Ele está em
algum lugar. Ele tem que estar. — Ela começa a caminhar para sair,
mas Henrique impede sua saída.
— Beatriz, não tem o que ser feito agora. Temos que esperar!
— David fala autoritário.
— Paula, tem razão. Você foi bem. Não se culpe — Marcos diz a
ela.
— Sim. Estou bem. E fiz porque faria qualquer coisa por vocês.
E deu certo. Simon contou que, quando a explosão aconteceu, as
motos começaram a sair, vocês voltaram a dirigir, alguns tentaram
atacá-las, mas seguiram sem olhar para trás. Eu faria qualquer
caralho que fosse para vocês ficarem bem. Eles não queriam alguém
específico, eles queriam qualquer Escobar.
— Eu sei o que fiz. Eu fiz por elas. Aquilo não ia acabar bem.
Quanto mais estivessem lá, mais merda aconteceria. Era isso ou
foder tudo!
— David, por favor... — Liziara tenta falar, mas ele a olha feio.
— Claro que sabia. Você fez isso sabendo que iria morrer e
nem sequer pensou na família. No seu filho, e sua esposa... Você foi
um idiota! — Henrique esbraveja e sai da sala subindo para o
segundo andar. Ana o segue.
— Marcos, você foi louco, por que fez isso? — Bia questiona
com a voz trêmula e ele a olha, mas não responde.
— Paula...
— Me perdoa.
É nítido a sinceridade em seu tom. Sei que ter que fazer isso
doeu muito para ele também, eu vi quando olhou para a esposa e o
filho, e quando olhou para nós. Sei o que é ficar sem escolhas, mas
sei que agir sem pensar um pouquinho que seja é bem pior.
— Não é para mim que tem que pedir perdão. Peça aos seus
sobrinhos, que têm você como um pai também, e peça a sua esposa
e filho. Pois a Beatriz quase faz uma loucura saindo que nem louca
para te encontrar. E agora sou eu quem diz: “Não seja o herói”. —
Deixo meu tom mais leve. — Precisa de médico, Marcos.
— Tome um banho e vai curtir com sua família. Vou falar com
o David para ver como serão os depoimentos e toda a burocracia.
Jacob está tentando abafar tudo isso. Por ora, precisamos
descansar. A tia da Beatriz e avó do Jacob chegam a qualquer
momento. Então, acho melhor todos ficarem hoje aqui, já que elas
vão vir para cá... Tem mais uma coisa, viram quando Simon o
encontrou?
Paula Escobar
— Oi.
— Fico feliz que tenha resolvido não rejeitar a ligação.
Paro para pensar. E não sei. São tantas coisas envolvidas que
simplesmente não sei.
— Podemos sair para conversar? Isso pode ser bom. Cacete, eu nunca
corro atrás de ninguém. Não me faça te odiar, inferno! — diz rindo e
acabo sorrindo.
— Já sei onde é. Não tem problema. Posso te buscar, pois é bem fácil
do meu apartamento até o local. Vai sozinha, ou com todas elas?
— Universidade?
— Até. E se cuida.
— Tentarei. Tchau.
— O que foi?
— Senhora, com todo respeito, mas não tinha como não ouvir a
ligação, afinal estamos no mesmo carro. Enfim, não acho bom que
fique passando tantas informações ao indivíduo com quem falava.
Até descobrirmos quem está por trás ao ataque, todos são
suspeitos.
— Confia em mim?
— Claro.
Alessandro Santos
Por que cacete ainda não coloquei olho mágico nessa porta?
Inferno!
— Por que pensa isso? E sabe que não sou muito de manter
contato, apenas quando quero.
— Fale de uma vez que merda faz aqui! — peço mais alterado.
— Você não vai fazer nada. Se tentar algo contra algum deles,
eu...
— Você o quê? Vai me matar? Sabe que não faria isso, porque
no fundo me ama e quer meu bem. E eu também amo você e quero
seu bem. Sei de tudo o que está acontecendo com eles. Caia fora,
irmão! Saia dessa loucura, porque você vai ficar na mira!
— Foi por isso que veio? Você tem algo com essa história toda?
— Sinto meu sangue gelar e a raiva me dominar.
Ele ri.
— Sabe, tudo isso acontecendo com eles... Fiquei pensando até
que poderia ser você. Afinal, da última vez que nos vimos, você
enfrentou muita adrenalina para me ajudar e pareceu gostar.
Olho com raiva para ele, mas no fundo o desgraçado sabe que
quero o bem e a proteção dele.
— Que bom que lembra daquela que foi uma mãe para você
antes de sumir pelo mundo e ser duas caras! — acuso sem nenhuma
dó.
Como lidar com algo que nunca teve que lidar antes? Merda!
Tento, mas não consigo mais ser o homem tranquilo que fui
desde o início e ficar vendo as pessoas julgarem a mim como um
cretino, quando é ela que foge desde que nos conhecemos, como se
eu sempre forçasse a situação. Eu sempre disse que mulher era
encrenca, e agora entendo por que dizia isso. Mas nunca disse que
não poderia acontecer essa armadilha comigo. E olha a loucura que
foi e está sendo.
— Temos tempo.
— Não! Ele iria querer me ver seguindo minha vida e feliz. Mas
eu não consigo. Não posso colocar mais ninguém nessa confusão da
minha família.
Esse cara quer morrer com a própria arma dele? Que porra é
essa de duas opções?
— Está.
Não espero ele falar mais nada. Entro no carro e a chave está
nele. Paula entra e saio a mil dali.
Não deixo que ela termine. Puxo-a para meus braços e beijo-a.
Não é calmo e não desejo que seja. Levo as mãos a cada lado de seu
rosto. Ela está entregue ao beijo. Eu nem sabia que precisava disso.
Caralho, o que esta mulher fez comigo? Maldita foi a hora que a vi
naquela boate e o Jacob não me impediu de ir até ela. Maldito seja
nossos encontros em seguida. Maldito seja o mundo por me obrigar
a fazer o que não queria, mas se faz necessário agora.
— Por quê? O que houve? Olha, não beijo tão mal assim, não é?
Faz tempo que não beijo... Que vergonha! Eu deveria calar a boca.
— Homem, não faça isso. Primeiro diz que fujo, e agora você
me beija, e fica estranho em seguida!
— Sabia.
— Ok. E comi a torta de morango que a Irene fez para você. Ela disse
que estou magrinho.
Sou surpreendido por Jacob bem ao meu lado. Cacete, o que ele
ouviu? Merda!
— Que aviso?
— Se você for...
— Está preparado?
— Nunca fiz isso. Porra, não posso ser educado com nenhuma
mulher? Jaqueline e eu nunca tivemos e nunca iremos ter nada.
Puta que pariu, está difícil compreender isso?!
— Ótimo. Espero que ela saiba, porque viu os dois se beijando,
e deixou escapar para a Beatriz, que por pouco não deixa o Marcos
ouvir o motivo dela mandar a tia calar a boca.
Paula Escobar
— Querida, por que não disse que viria? Teria preparado uma
mesa de café do jeitinho que gosta.
Ela sorri.
Sorrimos.
— Isso mesmo!
— Mas por que passou aqui? Adoro sua companhia, mas veio
sozinha... Por que não trouxe as meninas? Minhas netas animariam
meu dia.
— Liziara!
Ela ri.
— Sou sincera. Enquanto fica aqui bebendo café, sua vida está
passando, e talvez tudo termine e nada tenha feito. Levante o
bumbum daí, mulher, e seja a Paula Escobar, a mulher mais
poderosa que conheço.
— Joseph, pare com isso. Sabe que não gosto desses papos.
— Você me faz a mulher mais feliz. Eu não poderia querer mais que
isso.
— Promete, Paula...
— Sim. Eu prometo.
— Joseph, eu não sou você. Não sei como lidar com os problemas
graves.
— Você é melhor do que eu. Você é a principal voz desta família. Suas
palavras são leis inquebráveis. Só precisa acreditar nisso.
— Eu... Eu prometo. Vou cuidar de tudo. Mas agora é você que tem
que prometer uma coisa.
— O quê?
— Eu prometo. Mas talvez não tenha jeito, meu amor. Essa é a vida
que levo.
— Se não tiver, prometa que não vai... sem dizer adeus. Eu preciso
ouvir você diante de qualquer circunstância. Não me deixe sem ao menos
me dar a chance de me despedir de verdade. — O choro não é mais
controlado, e ele enxuga cada uma das minhas lágrimas, com seus dedos.
— Eu prometo...
— Paula!
— Se cuide, Débora.
— Olha a boca! E sim, irei falar. Até porque sou cardíaca, e você
quase me mata.
Que homem mais ranzinza. Não lembro de ter dado limão para
ele no lugar do leite. Se bem que, como o criei como meu filho, posso
dar uns tapas... Bom, guardarei essa possibilidade.
Arregalo os olhos.
Fico olhando para eles, e vendo o ponto que chegou tudo isso.
— E agora, como vamos saber quem é? Gente, isso é loucura
demais! Que inferno é este?
Sinto uma sensação ruim. Da última vez que senti algo assim
perdi o Joseph. Esfrego o peito e respiro fundo.
— Querem que eu acredite que ele tem alguma coisa com isso?
Então me tragam provas. Do contrário, ele é inocente.
— Paula, o Jacob o escutou pedindo ajuda para alguém...
— Mãe, o que sente por este cara? Por que tanta proteção?
— Mãe...
Alessandro Santos
— Que ótimo! Quero saber qual foi o pecado que fiz, para estar
pagando tudo?
— O que é isso?
Merda!
— Não, sem me ferrar. Sem ferrar a nós dois. Agora pense bem
no que vai fazer, Alessandro. Vou indo, tenho que ver o espaço da
minha nova clínica. — Ele me encara sério. — Deixe para abrir a
porra da boca no momento certo, não seja um fofoqueiro, porque
vai foder a todos.
— Oi, Jaqueline.
— Jaqueline, eu...
— É urgente. Me encontre no endereço que vou te mandar.
Alessandro Santos
— Sei que não. E não vim te cobrar nada. Eu pedi que viesse
por dois motivos.
Concordo.
— Preciso encontrar um jeito dessa informação chegar até
eles, sem que leve até a mim.
— Você me deu um papel dizendo que não tem nada a ver com
isso. Mas por que os Escobar estão atrás de você neste momento? —
Ela se levanta.
— Foi passado.
Paula Escobar
— Me mostrem então!
— Mas você fugiu, David, como sempre faz. Você foge quando a
vida te aperta. Você foge quando os sentimentos te deixam confuso.
Sempre foi assim. Você tem isso do seu pai. Prefere morrer do que
ter que assumir seus sentimentos. Então não venha dizer que é por
minha causa que o legado da merda de um sobrenome está indo por
água abaixo. Eu não sou uma delegada, nem juíza e tampouco uma
promotora ou advogada criminalista. Se o legado que tanto quer
estufar o peito ao dizer está indo pelo ralo, é por culpa de vocês, que
estão ficando vulneráveis e atirando culpa para todos os lados, ao
invés de honrar a profissão que escolheram. E nisso seu pai não
teria orgulho. Porque ele jamais iria admitir que acusações sem
sentido acontecessem, e o foco das investigações desviassem. Você é
meu filho, David, e vai me respeitar, quer queira ou não. Fora desta
casa, você pode ser um delegado. Aqui dentro, embaixo do meu teto,
é meu filho, e não me faça perder a cabeça porque sou capaz disso.
Hoje foi puxado, mas foi bom. Estou me sentindo mais leve.
Uma pena Liziara e Bia não terem vindo.
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Paula Escobar
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Paula Escobar
Semanas depois...
Alessandro Santos
Estou indo para o local onde a Paula treina. Se ela pensa que
vou treinar, está enganada. O único modo que pretendo suar é com
sexo, o que ela tem evitado desde a nossa viagem. Só me lasco, eu
digo!
Sigo com o segurança fazendo escolta. Quem vê pensa que sou
parente da rainha. Acabo rindo disso. Quem diria que teria um
homem na minha cola!
O percurso não é longo, mesmo com um pequeno trânsito
chego rápido. Estaciono e Josh me assusta parando a minha frente.
Quando ele saiu da moto?
— Eu vou entrar, e não precisa vir.
— Ficarei na recepção, senhor.
— Você quem sabe. E pare de me chamar de senhor.
— Senhor Henrique mandou não acatar nenhuma ordem sua.
— Senhor Henrique é um idiota, pode transmitir essa
informação a ele? Não, né? Não tenho poder sobre nada aqui.
Ele sorri.
Entro e aviso que vim ver a Paula Escobar. Estou autorizado ao
que parece, já havia vindo essa semana trazê-la, mas não entrei
além da recepção. Informam a sala que ela está e como chegar até
lá.
Faço o trajeto e paro diante de uma enorme porta, de uma sala
muito grande, com alguns colchonetes, uma parede de espelhos, e
alguns instrumentos que devem usar nos treinos.
Jacob está encostado em um canto e assim que me vê se
aproxima.
Daiane, Paula, Ana, Liziara e Beatriz treinam com dois homens
fortões. Vejo Jaqueline saindo de outra porta dentro da sala, e ela se
senta em um canto bebendo a água da garrafa e faz um aceno rápido
para mim, que retribuo.
— Até a Jaqueline veio para essa loucura?
— Ela quis tentar. Mas desde que cheguei, apenas a vi sentada
e olhando assustada.
— Nem imagino o motivo! — ironizo.
É soco, chute, braçadas e gritos para tudo quanto é lado. Porra,
preciso me lembrar de nunca irritar a Paula! Ela me mata, com toda
certeza! Como esse corpo tão pequeno e magrinho consegue tudo
isso?
Liziara cai e sinto a dor. Será que devo chamar um médico?
— É, Frederico e Laerte não perdoam ninguém! Daiane às
vezes chega roxa em casa. Estou começando a cogitar que ela grave
os treinos, para usar como provas que eu nunca encostei nela. Já
pensou se alguém a vê assim na rua e denuncia?
Acabo sorrindo.
Laerte prende a Paula por trás, e ela tenta se livrar. Esse
mamute não pode ficar mais distante, não?
— Precisa ser tão colado assim? Apenas uma dúvida.
— Se acostume ou vai pirar.
Jaqueline se aproxima sorridente como sempre.
— Olha, eu vou embora, pedir uma deliciosa pizza e
atormentar o Arthur. Isso não é para mim. Prefiro andar com mais
seguranças, até porque não acho ruim. Adoro!
Rimos e ela passa por nós.
Ela está vendo casa na cidade. Vai se mudar, quer ficar mais
próxima de todos. Então já está ficando na Beatriz enquanto isso.
— Notícias do seu irmão? — Jacob questiona.
— Não.
— Eu sinto muito. Se precisar de ajuda...
— Não se preocupe. Não quero colocá-los em problemas.
— Não aceitamos o que seu irmão faz, mas, diante de tudo, ele
foi nosso apoio; e graças a ele, não tivemos que justificar muitas das
merdas naquele dia, como a morte da Poliana, que poderia ter sido
evitada. Se ele precisar de ajuda, conte conosco, temos uma dívida
com vocês.
— Não, vocês não têm e eu faria de tudo para proteger a Paula.
— Que bom que você tem amor por nossa amizade. E fez isso
pensando em nós também — ironiza e rio.
Daiane xinga quando vai ao chão e olhamos para ela, que nos
vê e sorri.
— E sua avó, não quer vir morar para cá? — Me lembro da
discussão deles no dia seguinte ao acontecido.
— Não. Ela ama aquele lugar. E é até bom, pois é um lugar a
mais para Sophie ir e ela tem amigas lá. Daiane e eu temos a vida
corrida, então infelizmente não dá para levar a Sophie para viajar
com tanta frequência. A melhor opção é ter minha avó no interior,
que sempre pega minha menina.
Assinto, e fico olhando para elas. Eu não estou simpatizando
com esses mamutes. É muito contato físico para meu gosto... Porra,
era só o que me faltava: crises de ciúmes.
— No dia do acontecido, a Daiane estava suspeitando que
poderia estar grávida. — Olho assustado para ele, que mantém os
olhos nela. — Não contamos a ninguém. E porra, nunca desejei tanto
que ela não estivesse, porque as chances de ela perder seriam
grandes. Por fim, ela não estava, e foi um alívio. Ela redobrou os
cuidados com o medicamento, porque um susto desse novamente
não aguentaríamos.
— Eu sinto muito... O pavor de vocês então estava triplicado.
Ele assente e leva as mãos aos bolsos da calça.
— Vocês formam um casal bonito. Na verdade, uma família
bonita... Mas pretendem... Sabe, aumentar a família?
Ele me olha e sorri.
— Não. É algo nosso já. Não queremos. Se acontecer, tudo bem.
Mas vamos cuidar ao máximo para não termos mais surpresas. Mal
temos tempo para Sophie, ser promotores já toma mais do nosso
tempo do que queríamos, imagine ter outra criança? Vê a vida da
Liziara, sem tempo até para respirar, se divide em mil para estudos,
trabalhos, gêmeas, treinos; a Paula vai passar a ajudá-la, porque
apenas a babá não está sendo suficiente. Tem a Ana também, duas
meninas, e vive em constante desespero, prezando a segurança
delas, afinal, as duas têm pais advogados criminalistas, que não são
tão amados por seus réus... Essa vida é foda. Admiro muito todos os
Escobar que conseguem lidar com tudo e todas as crianças. Porém,
não quero ver a Daiane mais pirada do que fica para cuidar da
Sophie, e não quero ficar mais preocupado do que fico quando saio,
viajo e tenho que deixá-las. Já arrisquei muitas coisas quando me
casei com a Poliana e quando escolhi ser promotor, não sou tão
forte quanto eu pensei para querer arriscar ainda mais, colocando
mais um filho no mundo. E a Daiane conversou comigo, ela pensa o
mesmo, diz não estar preparada tão cedo para isso.
— Vocês dois são mais fortes do que pensam. São pais
incríveis, Sophie tem muito orgulho de vocês. São ainda mais fortes
por saberem respeitar que agora não é o momento para outra
criança, e não ligarem para as fofocas da mídia e tampouco para
comentários que sei que devem ocorrer. Sempre acreditei que ser
um bom pai é, acima de tudo, saber compreender o momento certo
para colocar um filho no mundo, e não colocar apenas para dizer
“eu que fiz”. Só por pensar nisso já mostra o quanto vocês são
ótimos pais para a Sophie e seriam ótimos pais para outra criança,
que, sem existir, já tem a proteção de vocês.
Ele leva uma mão ao meu ombro e aperta, então surge um
sorriso em seu rosto.
Anunciam o fim do treino e elas se deitam no colchonete,
exceto a Paula que caminha até a mim, sorridente. Um dos homens a
chama e joga uma toalha, que pegaram no canto dos acessórios; ela
enxuga o suor e torna a se aproximar.
— Sempre me lembre do porquê não posso te irritar — peço
levando a mão a sua cintura.
— Pode deixar.
Inclino o corpo e beijo seus lábios.
— Está vendo, Daiane? É assim que você tem que me tratar. —
Jacob aponta para ela, que mostra o dedo a ele.
Elas se levantam e se aproximam.
— São moles demais! Uma hora de aula e estão assim?
— Cala a boca, Frederico! Com a raiva que estou por este
treino, eu mato você e o Laerte! — Paula rebate.
Agora já sei quem é o mamute um e o mamute dois. Eles
acenam com a cabeça para mim, e retribuo bem sério. De verdade,
não gostei deles. Porra, para que esse olho azul, esses músculos só
do Laerte? E o Frederico com essa cara de “fodo melhor que você”...
Porra!
— Eu não sinto minhas pernas. Ainda bem que vim com o Alex
e ele vai dirigindo — Liziara diz se apoiando na Beatriz e na Ana.
— Eu vim de carona com Simon, então estou de boa também. E
minha tia? — Beatriz questiona franzindo o cenho.
— Ela foi embora. Melhor, fugiu — digo e ela revira os olhos.
— Por isso ela veio com o carro dela. Para fugir a hora que
quisesse — Beatriz constata, sorrindo.
— E eu me lasquei! Vim no meu carro e o Luciano no dele.
Henrique vai trabalhar até tarde, não posso explorar ele.
— Ana deveria ter dito que, na hora em que o Jacob me deixou
aqui, traria você e agora iria conosco. Saiba que vou explorar muito
o meu pateta, porque esses ogros aqui ferraram com minha coluna.
— Qual é, princesinha Escobar, pensei que era mais forte! —
Frederico provoca.
— Me chama assim de novo, que arranco seu pênis e enforco
você com ele.
— Daiane! Tenha modos! — Paula exclama horrorizada.
— Eu tenho, mamãe. Mas as pessoas me irritam!
Eles riem.
— Vamos, antes que saia alguma morte — Paula fala
segurando minha mão.
— Antes, eu quero saber quando vai se assumir de vez com o
pateta número cinco?
— Queria entender isso de pateta — comento.
— Ela só chama de pateta os homens que ela já considera da
família — Beatriz responde.
— Isso é para ser um elogio? — indago provocando a Daiane.
— Não. Eu descobri que sou ogra, não curto elogiar demais —
Daiane diz agarrando o braço do marido, que sorri.
— Agora que descobriu que é ogra? Mulher, eu já sabia há
tempos. Merda, que dor nas pernas! Estou ferrada, sem sexo hoje.
— Liziara! — Paula a repreende e ela dá de ombros.
— Vou te passar o nome do produto que uso para dores depois
do treino. Nunca fico sem sexo — Ana comenta.
— Ana Louise! Até você, o anjo puro desta família? — Paula a
repreende e acabo rindo.
— Eu sou o único anjo, sogrinha — Jacob fala fazendo cara de
santo.
A ruiva revira os olhos e sorri.
— Sim, meu amor. É o único mesmo. Agora vamos. — Paula
entra na dele.
— Melhor. Não precisamos saber da vida íntima de vocês —
Laerte diz empurrando todos para fora da sala.
Caminho na frente com a Paula.
— Ana, não esquece de me dar o nome. Vou comprar antes de
ir para casa! — Liziara diz bem alto.
— Mãe e Pateta, não fujam do assunto. Quando vão se assumir?
Olho para a Paula que está muito vermelha, e não é pela
adrenalina do treino.
— Essa família ainda vai me matar de vergonha — diz
baixinho.
— Quando está com loucos, seja mais um — falo para ela. — Se
eu disser namorados, irei mentir, porque nunca conversamos sobre
isso! — rebato e escuto os risinhos atrás.
— Gente, cuidem da vida de vocês. Estão me matando de
vergonha! — Paula reclama.
— Ela tem razão. Mas fala aí, são apenas beijinhos, mãos dadas
ou estão levando a sério o envolvimento? — Jacob provoca e rio,
mas Paula acerta um tapa no meu braço. Cacete, ela tem força!
— São inocentes demais, por ainda não verem que já rolou
uma rodada bem intensa de sexo! — Liziara diz e Beatriz briga com
ela. — Meu povo, não se façam de santos não! Aqui todo mundo faz
sexo!
— Fala baixo, Liziara! — Ana rebate rindo.
Paramos na porta e os seguranças se aproximam.
— Senhora Beatriz, antes de irmos para casa, temos que passar
em um lugar.
— Que lugar, Simon? Não inventa. Que merda o Marcos pediu?
Estou cansada.
— Pediu para a senhora escolher um bom vinho e levar. E
depois se arrumar e se encontrar com ele no local que irei levá-la.
Ela fica vermelha. Posso estar louco, mas tem algo nesse
convite do juizinho estressado.
— Olha, esses dias o Marcos me usou de secretária e fez eu ir
ao banco para ele; folgado demais, vale ressaltar. Mas, enfim, o
extrato bancário do homem tem vinho pra caramba! Estão abrindo
uma adega ou coisa do tipo, ou gostam muito de beber vinho? —
Liziara indaga cruzando os braços e dando risinhos.
— Olha, Liziara, eu só não te mato, porque te amo. Vamos,
Simon.
Ela entra no carro rapidamente, sem se despedir de ninguém.
Jacob me olha e não aguentamos, começamos a rir. Ficam
olhando para nós com cara de interrogação.
— Esse juiz vive embriagado — Jacob comenta sem parar de
rir.
— Taça especial, será? Besta somos nós, Jacob — comento já
entendendo tudo.
— Do que os patetas estão falando? — Paula questiona. —
Nossa, filha, é realmente bom chamar de pateta!
Daiane sorri do comentário da mãe.
— Apenas pensamos o mesmo. Vamos? — digo a Paula.
— Cacete! Eu entendi. Depois séculos... Bia está safada! Estou
nas antigas mesmo, usando algemas ainda, acreditam? Esses dias
prendi o David na grade da cama e quebrei a chave quando fui
abrir. Tive que chamar um segurança para ajudar. Se eu sumir, já
sabem, ele me matou. Está puto por isso e não me deixa encostar em
mais nenhuma algema.
— Luciano pegou o Henrique e eu transando na piscina. Sei
bem o que é ver um homem puto. Henrique por pouco não mata ele!
— Liziara e Ana, como podem? Meu Deus! Vamos, Alessandro.
Saímos dali com os risos deles.
E eu achando que era louco, mas essa família se supera!
Paula Escobar
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Alessandro Santos
“Pare de vasculhar o que não deve. Estou vivo, é tudo o que precisa
saber. Não quero essa família puxando minha vida, até porque não sou
idiota e não deixo rastros e sei cada acesso que qualquer um faz sobre mim.
Segunda-feira, eu encontro você na sua casa. Precisamos conversar sobre
uma coisa. Não retorne a este número, será inútil.
F.S.”
Paula Escobar
Respondo:
Alessandro Santos
Paula Escobar
Um mês depois...
Paula não parece muito feliz. Seu olhar diz que a qualquer
instante ela pode matar alguém, prova disso que expulsou a todos
da nova casa e disse que faria tudo sozinha, mas a Marcela e Jurema
disseram que ficariam e ajudariam, não deram ouvidos a mulher
bastante estressada, e estão na cozinha organizando as coisas.
Eu já havia vindo aqui durante o processo da compra da casa e
sou apaixonado pelo lugar. É incrível. Ela tem um bom gosto. Mas
foda-se a casa, quero saber da mulher a minha frente!
— Você vai continuar com essa cara emburrada? Porque
preciso saber se vou ficar aqui o dia todo com você assim, pois
prefiro aturar a Irene me xingando — digo com sinceridade e ela
me olha feio. O arrependimento bateu forte agora, ela vai me matar
nessa porra.
— Só estou brava porque vocês são terríveis e me
enlouquecem demais.
Me aproximo e abraço-a por trás.
— Não tente me agradar.
— Longe de mim. — Beijo seu pescoço e sinto seus ombros
relaxarem. — Os últimos dias foram corridos, você precisa relaxar.
— Não... enquanto não estiver tudo ajeitado.
— Estou sem seu corpo há dias. Isso é tortura. — Viro-a
deixando de frente para mim, e pressiono seu corpo ao meu.
— Não diga essas coisas, e alto. Marcela e Jurema podem ouvir
e os seguranças também.
— Foda-se! Eu sei como te fazer relaxar e sabe disso. — Levo a
mão a sua nuca e aproximo meu rosto.
— Aqui não, estamos na sala.
— Assim que é mais divertido.
— Ale...
Não deixo que termine de falar. Beijo sua boca com vontade.
Meu corpo reage ao contato rapidamente. Caralho, estou há dias
sem ela. Caminho levando-a até o sofá, sem tirar os lábios dos seus.
Fico entre suas pernas, onde seu vestido já curto – essa porra é
curta demais – sobe ainda mais. Ela afasta os lábios lentamente e
sorri.
— Você é louco. Sorte que as câmeras da casa vão ser ligadas à
noite pelos meninos com a equipe.
— Daríamos um belo show. — Sorrio e esfrego meu pau nela,
que geme baixinho.
— Marcela e Jurema vão ter um treco. É sério.
— Eu já disse que foda-se! Eu preciso de você.
Levo a mão entre suas pernas e esfrego sua boceta, fazendo-a
gemer ainda mais. Aproximo os lábios de seu ouvido e mordo sua
orelha de leve.
— Vou fodê-la nesta sala e agora... Porra, que saudade!
— Alessandro, você é louco... — Sua voz é trêmula. Ela sorri.
Afasto-me o suficiente para retirar sua calcinha e deixar de
lado. Ela olha para os lados e sorrio.
— Perigoso é mais gostoso, nunca ouviu dizer? — indago
abrindo a calça e abaixando o suficiente junto com a cueca.
Seus olhos vão direto para o meu pau e ela morde o lábio.
Safada, ela quer tanto quanto eu e ficou torturando a nós dois nos
últimos dias.
Fico entre suas pernas mais uma vez, e encaixo meu pau em
sua entrada molhada. Deixo uma mão em seu rosto e a outra, uso de
apoio ao lado de sua cabeça. Levo meus lábios aos seus, e penetro-a
de uma vez. Seu gemido é abafado por mim. Suas mãos agarram
minhas costas e suas pernas me contornam. Afasto os nossos lábios
e começo a movimentar-me rápido e forte, ela acompanha e morde
o lábio, mas suas tentativas de diminuir os gemidos são inúteis,
assim como as minhas.
— Amo seu corpo, sua boceta... Amo você, Paula — falo em seu
ouvido e ela geme alto desta vez, enquanto suas mãos me apertam
ainda mais.
— É tão bom... Também amo... — geme. — Amo você.
Sentir meu pau dentro dela é delicioso demais. Sua boceta é
quente, e ela me aperta muito. É uma sensação do caralho.
Nossa respiração é irregular. Meus movimentos são brutos e o
calor de sua boceta, os gemidos tímidos que saem de seus lábios,
suas expressões, todo o conjunto está me deixando ainda mais
louco.
Levo as mãos por baixo de seu corpo, elevando-o um pouco e
deixando as estocadas ainda mais profundas. Agarra meu pescoço e
esconde o rosto nele. Sua respiração quente e rápida me causa
arrepios pelo corpo inteiro.
— Goza comigo, meu amor.
Ela xinga entre os gemidos insanos.
Saio de dentro dela e penetro de uma vez novamente. Repito
isso algumas vezes, e seu corpo fica rígido. Ela me aperta com mais
força. Sua boceta contrai ainda mais meu pau.
— Caralho! — xingo e seu corpo começa a tremer. Gozo com
ela, derramando todo o meu prazer dentro dela, que me envolve em
um deslizar perfeito.
Ficamos abraçados por alguns minutos, recuperando nossas
forças e fôlego.
— Você é louco, muito louco e vai me enlouquecer...
— Meu destino é fazer exatamente isso a você. — Beijo com
carinho seus lábios e sorrio.
— Obrigada, por fazer parte da minha vida. Por ser incrível.
Você é maravilhoso, Alessandro.
— Nunca acreditei na redenção de um homem que leva a vida
como eu, mas hoje entendo que ele precisa apenas encontrar a
pessoa certa. Encontrei você, e porra, que sorte a minha!
Ela sorri e segura meu rosto.
— Eu te amo e me sinto muito bem em lhe dizer isso.
— Eu também te amo, meu mulherão da porra!
Sorrimos.
Se eu tivesse apostado, teria perdido. Era para ser apenas uma
noite, eu planejei isso desde que a vi na boate pela primeira vez,
mas caralho de destino. E tenho que agradecê-lo, porque desta vez
ele caprichou demais. Não é apenas o recomeço dela, é o meu e isso
é um fato.
— Meu recomeço... sempre foi você. — Beijo-a com carinho.
Preciso levá-la para o quarto, porque meu pau quer
comemorar muito essa nova fase. Sou um safado incurável.
Sempre foi ela. Desde que a conheci, meu olhar, pensamentos,
desejos e coração foram dela, e fui um idiota em notar apenas
agora. Mas ainda bem que descobri a tempo.
— Meu recomeço — ela repete e sorri.
Epílogo 1
PAULA SANTOS
ARTHUR ESCOBAR
— Deixa de ser ogro! Não nega ser filho do tio Marcos — diz
com seu jeitinho doce, assim como o de sua mãe, a tia Ana.
— A mamãe diz que daqui uns dias só vai ver seu olho, pois
está indo pelo mesmo caminho do papai.
— Não mais que a minha. Quando meu pai fez uma tatuagem,
ela surtou. Falou que se casou com um gibi humano, sendo que foi
apenas uma.
— Laura, tia Liziara é louca. Ainda não sei como conseguiu ser
nomeada a melhor delegada do país.
— Por falar em nossos pais, meu pai está louco comigo, porque
não estou indo aos treinos — Yasmim diz desanimada.
Laís se afasta e passa pelas primas que tentam falar com ela,
mas a pequena faz sinal que quer ficar sozinha.
— Estava demorando...
Queria entender por que meu pai e meus tios pegam casos com
pessoas loucas ao extremo? Sempre sobra para nós, pois a nova
geração está no destaque. Puta merda! Por que não se aposentam
logo? Meu Deus!
Parece que fica mais forte a cada ano e isso me assusta, sério, e
poucas coisas me assustam.
Não é novidade para ninguém que a nova geração dos herdeiros Escobar
tem dado o que falar. E desta vez marcaram presença na boate mais
famosa da cidade, e podem gritar corações apaixonados, todos juntinhos e
solteiros.
Até mesmo Eric Fernandez (filho de umas das advogadas mais requisitadas
e do investigador mais conhecido) esteve com eles.
Mas ao que parece a vida deles não anda tão tranquila. Assim como no
passado, a família continua enfrentando diversas perseguições, e ao que
tudo indica a saída repentina foi em questão disso.
Mas a pergunta que não quer calar é: Quando veremos esses jovens dando
o que falar em busca dos seus grandes amores?
Babi: Laís sempre com cara de anjinho, essa menina tem jeito de sonsa.
Mas esse primo dela e o Eric, gatos demais, eu pegava.
Resposta a Babi:
Precisa ver se eles iriam querer você. E a Laís é fofinha, tem seu charme,
assim como as outras! Menos recalque, e mais amor.
Com amor,
Deby Incour.
#SérieEscobarParaSempre
Biografia
Deby Incour é brasileira e começou a escrever em 2014 e
desde então nunca mais parou. Seus livros foram publicados no
Wattpad e renderam milhares de leituras. Em 2016 se destacou
ainda mais com a Série Escobar, se tornando autora bestseller com
o primeiro livro da série na Amazon brasileira. Sempre amou o
mundo do “era uma vez”, e poder criar o seu próprio foi como ter
uma varinha mágica ou um gênio da lâmpada realizando seus
desejos. Também é completamente apaixonada por romances de
época, onde sonha com bailes e vestidos bufantes. Adora tirar fotos,
e assistir filmes clichês como as famosas comédias românticas.
Porém, é quando escreve ou lê que tudo fica perfeito, além de
escutar músicas e cantar na ilusão de que faz isso muito bem.
Instagram.com/deby.incour
Editora Angel
www.editoraangel.com.br
REDES SOCIAIS
instagram.com/editoraangel
facebook.com/editoraangel
twitter.com/editoraangel
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Nota da autora
Capíulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Epílogo
Agradecimentos
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Nota da autora
Caros leitores, este livro... melhor dizendo,
este conto foi feito com muito amor e carinho.
Torço para que gostem. Fazer uma história que
envolva um lado criminal, mesmo sendo muito
curta, não foi fácil, e foram feitas algumas
pesquisas. Tudo aqui é totalmente ficcional.
Pulei alguns atos da lei para não falar demais e
acabar falando coisas sem sentido. Espero que
gostem.
Com amor, Deby.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capíulo 1
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Quando se tem 22 anos, e não se tem juízo, é
um caso muito sério. E este é meu caso. Eu
confesso que não tenho juízo. Sou muito
impulsiva, faço as coisas, e depois que vou
pensar na loucura que fiz. Há meses larguei o
curso de psicologia em uma renomada
universidade. Meus pais ficaram loucos, não
porque querem um futuro bom para mim, mas
porque se preocupam demais com o que a
sociedade vai dizer, já que são empresários, e
tem amigos que adoram uma fofoca. Desde que
larguei o curso, eles tornaram um inferno minha
vida, e por isso sai de casa. Não aguentava mais
ter que ficar dependendo deles para tudo e
aguentando os surtos que eles davam. Então
arrumei um emprego como barwoman e vim
morar em um apartamento junto a minha
melhor amiga, Beatriz, que é coordenadora da
universidade que eu estudava. E confesso que
estou mais feliz agora do que antes. Quem sabe
daqui um tempo eu decida se é psicologia que eu
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
bochecha.
— Oi Bia, dormiu comigo essa noite? — ele
provoca.
— Dormi, e foi uma maravilha! — ela rebate
e eu rio.
— Pare de atormentá-la.
— Sou um anjo.
— Sabemos! — ela e eu dizemos em
uníssono.
Ele da partida no carro.
O celular dele começa a tocar.
— Pega aqui, amor. Deve ser minha mãe
pirando comigo.
Pego o celular no bolso que ele indica
enquanto continua dirigindo. Olho na tela e é a
própria.
— O que eu devo dizer?
— Que está trânsito, e por isso estou
demorando.
— Resumindo: você mentiu dizendo que
estava na delegacia, e na verdade estava perdido
no meio das pernas de uma mulher, acertei?
— Basicamente.
— Bia, fica com essa função... não sou boa
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
bem conhecidos.
— Até que enfim chegaram! — Daiane, a
irmã mais nova, diz.
— O trânsito estava péssimo. — digo e David
sorri.
— Sei qual é este trânsito. A mim ele não
engana. Sigam para o Jardim dos fundos, mamãe
e Ana estão lá.
Deixamos o presente no sofá e fomos para o
jardim dos fundos enquanto Daiane ficou na
sala.
Dona Paula vem rapidamente nos
cumprimentar, seguida da Ana.
— Achei que não viriam. — Ana diz.
— E perder festinha de criança com muitas
besteiras para comer? Nunca! — brinco.
Sorrimos.
— Beatriz, isso é uma miragem? Não
acredito que veio! — ela diz, e a Bia sorri
timidamente.
— Adoro a Yasmim, faço sacrifícios por ela.
Rimos, pois sabemos ao que ela se refere.
Beatriz e Marcos não se dão bem desde a vez
em que ele foi meio estupido com ela na
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Marcos pergunta.
— Claro, tio!
— Essa porra não presta nem para mentir.
Passei na delegacia e você estava de folga hoje.
— ele diz, rindo.
— Definitivamente não é meu irmão! Não
sabe nem mentir. — Henrique provoca ainda
mais.
— Seu filho de uma boa mãe! Eu não
acredito que me enganou. E você ajudou, Liziara!
— Paula diz e dá um tapa em seu braço.
— Em minha defesa, fui obrigada! Não foi,
Bia?
— Total! — ela responde com ironia.
— Muito obrigado, pela ajuda! — ele diz
para a gente.
— Lizi, pegue as bebidas lá dentro, por favor.
Preciso ligar para minha mãe, e ver o que ela
quer dessa vez. Nunca vou ter paz, pelo visto. —
Ana diz.
— Claro, mas vou precisar de ajuda se for
muita coisa.
— Vamos, porra louca, eu te ajudo. —
Marcos fala.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Eu também.
Temos uma regra: Quando um vai para cama
com outra pessoa, nada de sexo entre nós.
— Vai dormir aqui?
— Não sei. Amanhã entro cedo no trabalho.
— Eu te levo.
— OK. Devo ter roupa ainda aqui.
— Tem sim. Vou tomar um banho.
— Pega o controle da TV para mim.
— Folgada!
— Quanta calunia!
Ele ri e me joga o controle.
Depois que ele toma banho, eu faço o
mesmo, e coloco uma camiseta dele, pois as
minhas roupas que estão lá não são nada
confortáveis.
Deitamos na cama. Ele me agarra e deito a
cabeça em seu peito. A TV está ligada, e está
passando um filme.
O celular dele toca e ele atende.
— Oi... Amanhã?... OK... Te aguardo... Beijos...
Ele desliga.
Interrompem o filme para uma alerta.
— Acabamos de recebe a notícia, que Jorge, o
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 2
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
David me deixou na boate em que trabalho.
Não consegui dormir nada bem. Ele ficou quase
que a noite toda acordado, levantando e
deitando. Está preocupado; e eu no lugar dele
também ficaria. Ser um Escobar exige muita
segurança, e para piorar, ele é um delegado, o
que complica ainda mais a situação.
Quando começamos a ter uma amizade, ele
sempre me disse que todos que entram para
família, seja da forma que for, passam a correr
riscos; e por isso começou a me treinar, me
ensinar a atirar e lutar. Sou um desastre com
tudo, eu confesso, mas faço porque sei que isso o
deixa tranquilo.
Daniel, o dono da boate, me chama.
— Sim?
— Você está com a cara péssima. Dê um jeito
ou vai espantar nossos clientes. Sair com o
delegado está acabando com você! Passe um
blush e um corretivo!
Sim, ele é gay, e um amor quando quer.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Merda!
— O que foi?
— Um rolo bem grande. E tenho medo de
como isso vai acabar.
— Esse cara é furada. Se meter com um
Escobar é furada. Você mesmo sabe disso desde
que o tal do Henrique se casou com a cliente que
foi acusada de assassinar o noivo.
— Mas foi provado que ela não fez nada. E
tem mais, ambos se amam. Foi amor à primeira
vista. E saiba que eu queria muito um dia ter um
amor como o deles.
— Que seja. Se cuida, os caras vivem no
perigo. Não é brincadeira se envolver com um
delegado. Te conheço desde que entrou na
faculdade, e sei que seu estilo é diferente do
dele... Você não está pronta para enfrentar o que
ele enfrenta. Você foi interrogada por ele e pela
família para resolver o caso da esposa do irmão
dele que eu sei, e colocou eles dentro da festa da
faculdade quando trabalhamos nela...
— Eu não fiz...
— Não minta. Eu sei, te conheço bem.
Sempre quer ajudar, e acho legal isso. Mas desde
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
A boate abre.
Joaquim não tocou mais no assunto, e
agradeci por isso.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou parecendo louco desde que soube que
o filho da puta do Jorge fugiu. Não dormi de
noite. Estou uma pilha de nervos. E para ajudar,
fui informado que receberam uma ligação que
ele foi visto aqui na cidade. Dobrei a segurança
da minha mãe e minha irmã. Já falei com o
Henrique e meu tio Marcos para dobrarem a
segurança deles. Mandei seguranças disfarçados
para ficarem de olho na boate que a Liziara
trabalha, e na faculdade da Beatriz. Ela não
convive muito conosco, mas é muito amiga da
Liziara, e quanto mais segurança, melhor.
Cleber, grande policial e amigo, entra na
minha sala.
— Está péssimo.
— E como! Alguma novidade sobre o Jorge?
— Nada. O cara parece fantasma, some e
aparece.
— Precisamos encontrá-lo antes que ele
tente algo.
— Faremos o necessário.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Já está quase na hora do almoço. Minha mãe
vai me matar, mas vou chegar atrasada.
Ligo para o David, que depois de uma
eternidade, atende.
— Hoje o almoço será nível família Araújo.
— digo e escuto sua risada.
— Bem que eu queria aguentar as loucuras
dos seus pais e provocá-los, mas não poderei
almoçar com você hoje.
— Mentira. Não me deixe sozinha! Um casal
de amigos dos meus pais vão estar lá, e minha
mãe me ligou enchendo o saco. Sabe que nunca
dá certo almoçar com eles porque sempre
brigamos. Você tem que ir junto, é um caso de
vida ou morte.
— Eu sinto muito, mas não poderei. Hoje
chega uma nova policial e ela vai precisar de
mim. E tenho muita coisa para fazer.
— OK. Sem problemas. Nos vemos a noite?
— Não sei, mas é provável que não. O dia
será cheio hoje. Na verdade, parece que a
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 3
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Levei Poliana para almoçar em casa. Não
porque eu realmente queria, mas porque minha
mãe soube da vinda dela e me intimou a isto. Ela
e eu éramos muitos apegamos na faculdade, e
com isso sempre estávamos juntos. Minha mãe
criava uma expectativa com a gente, porém
mesmo que naquela época eu quisesse algo, não
rolaria. Poliana parecia cortar para o outro lado.
Enfim, eu deveria estar trabalhando com ela
e buscado pelo Jorge ao invés de estar
almoçando.
Minha mãe está animada com ela, e a
conversa flui. Dou risada algumas vezes para
não deixar elas constrangidas por acharem que
estou dando atenção a tudo, quando não estou.
— Que bom que retornou. Eu sabia que não
se adaptaria a tanto tempo no interior. Você é
agitada demais. — minha mãe diz e ela sorri. —
Poliana Gonçalves, é uma moça de adrenalina.
Igual aos meus filhos, que não tem amor a vida e
a mim.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Sorrio.
— Viver no interior é muito bom, mas
apenas para descanso. Eu realmente gosto de
agitação. Me enviarem para cá foi a melhor
coisa, e não evitei. Quando soube que era para
trabalhar na equipe do David, vim rapidamente.
— Ela sorri para mim, e retribuo para não deixá-
la sem jeito.
Vejo a Marcela disfarçadamente me
chamando.
— Já venho. — digo a elas e me retiro.
Entro em casa.
Marcela está com uma cara estranha.
— O que houve, mulher? Parece que alguém
morreu.
— Senhor...
— David! Ainda não aprendeu?
— David, a senhorita Liziara veio aqui. Ela
pediu para eu não dizer nada, mas ela saiu tão
triste... o Luciano disse que ela chegou estranha
e foi embora pior, e nem aceitou carona dos
seguranças. Estou preocupada. Ela viu vocês lá
fora. Eu a encontrei... coitadinha, estava mal. Um
lado de seu rosto estava bem marcado, e os
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou deitada na sala, lendo um livro, mas
não estou prestando muita atenção. Prova disso
é que já li o mesmo parágrafo cinco vezes.
Olho meu celular toda hora, e não tem uma
alma boa me ligando.
A campainha toca, e só pode ser alguém com
autorização para subir.
— Não tem ninguém!
— Esse ninguém poderia abrir a porta? —
David! Merda.
Levanto e abro a porta.
Ele me olha e sorri.
— Posso?
— Entra. — digo secamente.
Ele entra e eu fecho a porta. Sento no sofá e
coloco as pernas em cima dele.
Ele se senta ao meu lado e puxa minhas
pernas para seu colo.
— Não estaria ocupado? — pergunto.
— Sim. Mas fiquei sabendo que alguém me
viu hoje e nem foi me dar um beijo. Talvez um
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
no rosto.
— Se cuida, minha maluquinha.
— Está falando com uma pessoa que
aprendeu a atirar, então não tente me comprar
com carinho.
— Esse é meu medo. A maioria das pessoas
que morrem afogadas é porque sabiam nadar.
— Relaxa, não sei nadar.
— Você entendeu o que eu disse. — Sorrio.
Ele sai.
— David? — Ele me olha — Não me esconda
mais nada, por favor.
— Pode deixar. — Ele dá uma piscadela.
Fecho a porta e me jogo no sofá.
Polivaca chega depois de não sei quanto
tempo e vem querer tirar meu tempo com o meu
delegato. Estava demorando para eu dançar
nessa merda. Eu preciso me desapaixonar do
David com urgência, antes que pire de vez!
— Vou tomar um banho, porque aquele
idiota me deixou molhada. Que broxe com todas
as mulheres! — Merda, falando sozinha de novo.
Tomo um banho e coloco um vestido.
Pego bolacha e vou para o sofá tentar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Amei tudo.
Mas deveria saber que suborno é crime.
Vou pensar no seu caso sobre a lingerie. Estou
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Ele responde:
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 4
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou na sala de treinamento. Depois que me
despedi de Liziara, comprei os presentes para
ela e vim para delegacia.
Poliana está treinando tiros, e estou
observando. Ela tem equilíbrio quando atira,
mas tem alguns pontos muito negativos que
podem prejudicá-la.
— Abra um pouco mais as pernas. — digo a
ela e ela o faz.
— Assim?
— Isso. Outra coisa, você tem que ver qual
olho te faz ter a melhor mira. Está acertando
quando atira, mas depois de várias tentativas.
— É porque você está me deixando nervosa.
Nunca treinei com um delegado! — sorrio.
— Esquece que sou delegado. Sou apenas o
David aqui.
— Ok.
— Tenta de novo.
Ela respira fundo e tenta novamente, mas
erra.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Ela responde:
Relaxa! Beijos.
ofendido.
— Até que enfim chegou, meu filho! —
minha mãe diz, entrando junto com a Dona
Jurema.
— Olha só, Henrique vai ficar enciumado que
está cozinhando para mim, Juju. — brinco e dou
um beijo nela. — Está cheirosa. Não quer ir para
meu apartamento?
— Me respeite, menino! — Ela bate com o
pano de prato no meu braço e sorrio.
Ela deixa a jarra de suco na mesa e se retira.
— Deixe ela em paz. Já basta o Henrique a
atormentando. — minha mãe diz, se sentando.
— O Henrique tem sérios probleminhas, eu
já disse.
— E você tem o que? — Daiane provoca.
— Fica quieta ai que a conversa ainda não
chegou na miss Sabe Tudo.
— Como você é idiota, David!
— Parem os dois. Parece que têm dois anos.
Por favor! — minha mãe repreende.
Olho para a Daiane e começamos a rir.
— Vocês ainda vão me enlouquecer! —
minha mãe fala.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
rebate.
— Não sei porque agem assim. Ela é uma boa
moça, um pouco vulgar as vezes e oferecida, mas
é boa moça. Porém jamais desejaria ela para
algum dos meus meninos... mas não escolho,
infelizmente.
— Mãe, eu não quero nada, nem com ela e
nem com ninguém.
— E a Liziara sabe disso? — Marcos
pergunta sorrindo.
— Porra, chega desse assunto. Vamos
comer? — Estou irritado.
— Vamos esperar mais um pouco para ver se
ela vem. — minha mãe diz. — E cadê a minha
menina?
— Trabalhando. — respondo.
— Estou com saudades dela. Ela anima
qualquer um. — não consigo evitar e sorrio.
Minha mãe se levanta sorrindo. Viro para
trás.
— Que bom que chegou! — minha mãe diz
educadamente.
Poliana está com um vestido preto, justo, de
mangas longas, um pouco acima dos joelhos. E
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
pergunta a Poliana.
— Não encontrei a pessoa certa ainda. — ela
responde sorrindo.
Tomo um gole do meu vinho.
Terminamos de comer e nos retiramos para
a sala. Sento, e a Poliana faz questão de sentar ao
meu lado. Esse grude está começando a me
irritar.
— David está te ajudando a treinar? —
minha mãe pergunta animada.
— Está sim. E estou melhorando cada vez
mais.
— Apenas está pegando rápido o que eu
ensino. — digo e sorrio.
Meu celular vibra e é uma mensagem da
Beatriz. — Franzo o cenho, estranhando.
— Algum problema? — Marcos pergunta em
alerta.
— Beatriz me enviando mensagens.
— A praga sabe atrapalhar uma boa
conversar!
Sorrio.
— Não ligue, Poliana. Beatriz é uma amiga da
família... e ela e Marcos são como cão e gato. —
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
descansar.
Ela concorda e se levanta, indo ao banheiro.
Quando ela entra no banheiro ligo para o
Marcos.
— O que houve? — ele já pergunta.
— Aquele filho da puta mexeu com a pessoa
errada. Vai ser do nosso jeito agora. Fodam-se as
leis. Eu quero esse filho da puta morto!
— Estava me perguntando quando diria isso.
Quando começamos a agir do nosso jeito?
— Amanhã. Avise Daiane... menos ao
Henrique, ele precisa descansar.
— Pode deixar. Até amanhã.
— Passo no seu escritório.
— Ficarei no aguardo.
— Até.
Desligo.
Entro no banheiro e vejo o sutiã que dei a ela
no chão.
Abro o box, e ela está apenas com a calcinha
do conjunto do sutiã. Está lavando os cabelos.
— Achei que eu tinha dado um aviso sobre
essa lingerie. Eu não acredito que descumpriu
uma ordem de um delegado!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 5
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Acordei sem o David na cama. Ele apenas
deixou um bilhete, dizendo que tinha que se
encontrar com o Marcos e a irmã. Por mim, eu
passaria o resto do dia na cama, mas tenho
coisas para fazer.
Levanto, e prendo o cabelo.
Entro no banheiro e paro em frente ao
espelho. Estou com cara de quem passou a noite
na balada. Eu me aproximo do espelho para
olhar uma pequena manchinha no meu pescoço.
— Filho da puta, ele fez de propósito. Eu não
acredito que o David me deixou um chupão!
Pequeno, mas deixou! Ele sabe que odeio isso.
Estou me sentindo no início da faculdade
vendo isso, quando eu simplesmente queria
saber de sair cada semana com um cara
diferente, e eu sempre aparecia com marcas.
Acho que é por isso que odeio que me marquem.
Foi uma época difícil. Eu tinha 18 anos, meus
pais me obrigaram a entrar para a faculdade, e
eu, como sempre, só queria ter atenção deles, e
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Dias Depois...
Não vejo a Liziara a dias, e não tenho uma
pista sequer sobre o paradeiro do Jorge. Estou
enlouquecendo.
Meu tio e Daiane estão me ajudando na
procura daquele imbecil, mas está difícil… é
como procurar uma agulha no palheiro. Cleber
também tem feito de tudo, mas não posso
arriscar muito com ele, porque não quero que
ele se prejudique fazendo algo fora da lei. É meu
melhor amigo, mas não posso arriscar tanto.
Poliana não desgruda de mim, e tendo que
treiná-la, prejudica mais ainda meu tempo.
Sei que a Liziara deve estar pirando comigo,
porque nem tempo de pegar no meu celular
ando tendo. Está foda a situação, e não sei mais
para onde correr ou o que fazer.
Entro na minha sala. Paulo ainda está
trabalhando.
— Ainda aqui? Pode ir já.
— Estou finalizando umas coisas. E você, já
não era para ter ido?
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Foda.
— E como. Encontrei ele e a esposa na sala
quando cheguei, e ela saiu bem brava daqui. Aí
ele me contou o que aconteceu.
— Débora não a suporta… e nunca
conviveram juntas.
— Estou com a esposa do Cleber. Não
suporto a Poliana. Acho ela muito vulgar,
oferecida. E me desculpa, mas ela é louca por
você. Essa daí é perigosa, fique de olho.
Alguém bate na porta.
— David? — É a Poliana.
Olho para o Paulo.
— Eu não estou! — cochicho para ele.
Levanto rapidamente e entro no banheiro.
Espero uns minutos até que Paulo diz que já
posso sair.
— Porra, vivi para ver você fugir de mulher!
Rio.
— Hoje não estou com cabeça para nada.
Olho no relógio e são nove horas da noite.
— Estou saindo, não volto hoje. — digo a ele.
— Oh vida boa! — brinca.
— Nem tanto!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
sorrindo.
— Cala a boca, porra!
— Me respeita, sobrinho! — provoca.
— Melhor pedir bebidas! — Débora diz.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou querendo matar o Joaquim. Como
aquele filho da puta foi capaz de me agarra e me
beijar?
Acertei um tapa na cara dele, e só não fiz
mais porque eu tinha que entrar para trabalhar.
Esse imbecil foi longe demais!
Beatriz encosta no balcão.
— Com essa cara vai espantar os clientes. —
ela brinca.
— Eu quero espantar a praga que trabalha
comigo!
— Essa cara não é apenas porque o Joaquim
foi um idiota. Você e o David não se veem há
dias. O que aconteceu?
Preparo as bebidas dos pedidos.
— Ele é outro filho da puta. Vive mentindo
para mim desde que aquela idiota da amiga dele
apareceu. Nem sequer me liga, e quando eu ligo
da caixa postal. Se ligo na delegacia, ele está
treinando aquela mulher; e se ligo na dona
Paula, aquela vadia está lá. Porra, estou pirando.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Chegamos em casa.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Sento no sofá.
— Está mal. O que houve dessa vez?
— Nada, Bia. Mas foi surpreendente ver você
com o Marcos.
— Você me salvou! Aquele homem sabe
como hipnotizar uma mulher. Vou tomar um
banho, para tirar o cheiro dele de mim. Arg!
Entra no corredor.
Tiro os saltos, e não consigo mais segurar.
Começo a chorar.
O Joaquim estava certo quando disse tudo
aquilo sobre o David. Eu sempre fui uma idiota.
Foi só aparecer outra mulher e ele me esqueceu.
Fui uma burra! Beatriz tinha razão quando dizia
para mim que os Escobar são para foder o juízo,
e não de um bom jeito. Eu não consigo me
desapaixonar. Estou ferrada. Eu estou mais que
apaixonada por ele… eu estou amando. Eu
jamais devia ter dado continuidade a essa
loucura depois do dia que ele foi até o evento da
universidade junto ao irmão e o tio para coletar
coisas e ajudar a Ana Louise, esposa do
Henrique.
A campainha toca, seguida de batidas na
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
porta.
— Liziara, abre essa porta. Sei que já está aí.
— David grita.
— Vai embora daqui!
— Se não abrir, eu a coloco abaixo. Abre
logo, porra!
Abro a porta. Ele está nervoso, seu olhar
entrega.
— Vai embora, por favor!
— A gente precisa conversar.
— Sobre o que? Como fui idiota? Ou como é
bom estar com sua amiga Poliana? Ah, já sei!
Falar sobre tudo isso, e que nada mais pode
acontecer entre a gente.
— Você quer o que? Enquanto estou
trabalhando que nem louco, você está aos beijos
com o Joaquim. E agora quer falar da Poliana?
Nosso trato sempre foi nada de relacionamento,
então não me venha falar sobre Poliana, ou a
porra que for.
— Ah... então você viu ele me beijar. Pena
que não ficou para ver eu acertar um tapa na
cara daquele outro idiota! E sim, nosso trato foi
este, mas eu me apaixonei por você. Vai me
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— David!
Ele olha para ela de toalha, e ela fica
ruborizada.
— Queremos dormir! — um vizinho grita.
— Vá embora, David. — ela diz.
— Eu não vou. Preciso terminar minha
conversa com a Liziara!
— Você está alterado, bebeu. Vai embora.
Amanhã vocês conversam. É tarde. Os vizinhos
estão reclamando. Por favor.
Ele me olha.
— Isso não acabou.
— Acabou sim, e a tempos, apenas você não
viu. — digo a ele.
— Eu vou voltar!
— Tchau, David! — Beatriz diz.
Ele se afasta e ela fecha a porta.
— Eu nunca mais quero ver esse filho da
puta! — grito de ódio.
Ela vem até a mim e me abraça, me
molhando toda.
— Amiga, vai passar. Vocês vão se entender.
— Nunca brigamos assim. Ferimos um ao
outro demais hoje. Não tem perdão. David foi ao
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
limite.
— Shiu... Vou terminar meu banho. Vá tomar
banho, e depois iremos assistir algum filme e
comer besteiras. E amanhã será um novo dia.
— Um péssimo dia, pelo visto.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 6
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Faz dias que não vejo o David, e não tenho a
mínima vontade de ver. Ele me magoou muito.
Foda-se se fui idiota, ciumenta, burra. Não
importa. Ele não tinha o direito de me dizer
tantas merdas como fez!
Sei pela mídia notícias dele e da família dele;
e não porque eu fico procurando, mas porque
calha de eu encontrar acessando sites, redes
sociais, essas coisas. O canalha ainda deixou
nossa foto juntos no whatsapp. Sei também que
já foi a dois eventos com a tal da Poliana. A
família dele estava junto, mas mesmo assim isso
me deixa com raiva. Ele poderia tanto ser como
o irmão dele, Henrique, um homem amoroso,
que sabe demonstrar isso. Ana Louise foi uma
mulher de sorte, e fico feliz por ela ter um
Henrique em sua vida. Já eu sou cagada no amor,
família e amizade. Bem, minha amizade com a
Beatriz continua boa, e espero que dure muito,
porque perder ela também seria demais para
mim.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
e tentando contato...
Sim, ele vive fazendo isso, mas em nenhum
momento veio realmente atrás de mim. Nada se
resolve por telefone.
— Problema dele. Eu tenho mais o que fazer.
— Eu sempre disse que os Escobar são para
foder o juízo, e não é no bom sentido.
— Estou bem, Bia. Relaxa.
— Sua mãe não te procurou mais? — ela
muda de assunto.
— Não, desde o almoço desastroso.
— Amiga, se benze, reza, ora, chama o Papa,
mas faça algo para tirar a nuvem negra de cima
de você. — ela ri.
— Palhaça. Como eu sofro! — digo
dramatizada.
— Atriz P, você precisa reagir. Não dá para
ficar vendo ele bem, e você fingindo estar.
— Atriz P? — franzo o cenho.
— Você tem uma cara de atriz pornô quando
está de óculos.
— Beatriz!
Ela ri.
— Sou sincera, meu amor! Vou tomar banho
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Sorrio.
querer.
— Merda! — digo vendo o que aconteceu. —
Quebrou. Jura? Já derrubei de tantos lugares e
uma queda idiota faz quebrar!
— Vamos com o meu.
— Relaxa. Tenho a outra chave. Essa acho
que foi a que estava com defeito já. Quando
deixei o carro na revisão deixei as duas, e depois
não sabia qual estava boa. — Deixo a bolsa no
sofá. — Já venho.
Vou para meu quarto e começo a procurar a
chave reserva.
Guardei tanto, que guardei de mim mesma!
Vou até o último lugar que pode estar, a
última gaveta da cômoda. Costumo guardar ela
embaixo das roupas… não sei porque, é uma
mania.
Puxo as roupas do fundo da gaveta e
encontro algo além da chave. Uma das armas do
David.
Na hora me vem o que ele disse quando
deixou aqui.
— Ela sempre vai estar carregada. Se algo
acontecer, jamais mostre que está armada. Pegue
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
provar nada.
— Confie em mim!
Levanto e ela faz o mesmo.
Ela cochicha em meu ouvido
disfarçadamente onde está o cara. Olho e o vejo.
A luz é escura e as luzes que piscam atrapalham,
mas realmente parece o tal de Jorge. Ele sorri, e
sinto novamente o calafrio.
— Preciso limpar isso aqui. Daniel vai me
matar.
— Pegue a vassoura e eu fico aqui te
cobrindo. Não faça nenhuma loucura!
— Obrigada, Bia. Pode deixar.
Olho para o cara, e ele sai pela saída dos
fundos da boate.
Saio dali e olho para ver se a Bia me olha.
Quando ela se distrai, eu saio em direção a saída
dos fundos da boate, onde tem as latas de lixo…
nada demais além de uma rua morta que
somente saímos para pôr o lixo para fora.
Preciso saber se é ele e assim ligar para a
polícia.
Saio e a rua está um pouco escura. Não tem
ninguém. Finjo mexer no lixo.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou na delegacia com o Cleber e Poliana.
Estamos vendo estratégias para encontrar o
Jorge do jeito Escobar.
Estou um inferno, sem cabeça para nada.
Ficar longe da Liziara está sendo difícil demais.
Só quero que esse inferno termine logo. Sei que
magoei muito a ela, e que talvez ela jamais me
perdoe, porém preciso tentar conquistar seu
perdão. Mas com a situação desse jeito, não tem
como, simplesmente não dá. Eu me sinto um lixo
longe dela, e a cada dia piora. Me prejudiquei ao
assalto no banco, mas naquele momento
descarreguei a raiva que estou guardando desde
a briga com a minha maluquinha. Estou fodido.
A porta da sala se abra fortemente. Olhamos
assustados. Marcos e Beatriz entram juntos.
Beatriz está pálida.
— Não acredito. Vivi para ver uma mulher te
denunciar, tio! — brinco.
— Eu vou acabar com sua vida, sua vadia! —
Beatriz grita.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 7
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Acordo um pouco zonza e com dor de
cabeça. Meu estomago está embrulhado. Meu
corpo, dolorido. Tento me mexer, mas estou
completamente imobilizada. Olho ao redor e não
reconheço o lugar que estou. É um quarto, e não
parece ser de um hotel, mas de um apartamento
ou casa.
Onde estou?!
Tento me soltar, porém não consigo.
A porta do quarto é aberta. Jorge entra
sorridente. Seu olhar é assustador. Parece um
louco.
— Até que fim acordou, branquinha.
— O que você quer comigo?
— Com você? Nada. Mas com seu
namoradinho, tudo.
— Eu não sou namorada do David, seu
idiota.
— Não me engane. Ele é louco por você, o
que te torna importante para mim.
— Me solta, seu filho da puta! — grito.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
irmã.
Ele se aproxima e acerta um tapa meu rosto,
fazendo a cadeira em que estou se arrastar um
pouco. Sinto a ardência e a dor do lado direito do
meu rosto.
— Filho da puta! Vai se arrepender por ter
feito isso! — digo com raiva.
— Sua voz me irrita, garota! — ele grita. —
Vou sair, e não tente nada. Como eu disse, essa
cidade é minha, e meus parceiros estão ao lado
de fora. Nenhum deles tem um pingo de
consideração quando veem uma mulher jovem,
gostosa e teimosa. Não irei impedi-los de
abusarem de você. Então tome cuidado, aqui
ninguém tem pena de nada. — Ele segura meu
rosto com força e solta bruscamente.
Sai do quarto e fecha a porta com força.
Desgraçado.
Por que fui tão teimosa ao ponto de me
colocar em perigo? Que inferno. Minha mania de
ser impulsiva só me prejudica!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estou exausto. Já rodei a cidade inteira atrás
de pistas e não encontro. Deixei a todos em
reunião antes de sair horas atrás. A notícia já
vazou na mídia devido a confusão que ficou na
boate pelo desespero da Beatriz. Os pais da
Liziara me ligam sem parar, e não sei o que
dizer. A delegacia está uma zona de repórteres
na porta. Tudo está uma confusão em poucas
horas. Eu me sinto o verdadeiro culpado de
tudo. As câmeras da boate não revelam nada que
possa ser usado. Estou uma pilha de nervos
prestes a explodir.
Estou na estrada, mas meu pensamento está
longe. Não sei o que ela está passando e nem se
está viva ainda. Não sei mais o que pensar.
Meu celular começa a tocar novamente, e
pego no bolso para ver quem é. O nome da
minha mãe aparece na tela, mas não tenho
tempo de atender. O volante gira sem meu
controle. O celular cai. Tento controlar o volante,
mas não consigo. Vejo o acostamento da estrada,
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Débora? — pergunto.
— O que você faz aqui, David? Meu Deus,
você está sangrando. Droga, olha seu carro! Você
está bem?
— Calma, eu estou bem. O que você faz essa
hora por aqui?
— Estou vindo da casa da minha mãe.
— E sozinha? — Eu me controlo para não
gritar com ela.
— Sim. Nada demais.
— Você é esposa de um policial, porra!
Trabalha para um juiz. Tem merda nessa
cabeça?
— Talvez eu tenha um pouco. E se contar
para o Cleber que resolvi voltar a esta hora, eu te
mato, e ninguém vai encontrar os vestígios.
Agora vamos dar um jeito nisso. Não vou te
deixar sozinho aqui!
— Começa ligando o pisca-alerta do seu
carro!
— Ótima ideia.
Ela se afasta.
Débora é uma ótima amiga de anos, porém
as vezes é pior do que uma criança. É louca!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou cansada. Tento me manter acordada,
mas não consigo. Está amanhecendo, vejo pelas
frestas da janela. Estou dolorida. Meu estômago
implora por comida.
Eu preciso dar um jeito. Não vou aguentar
ficar muito tempo aqui. Eu devia ter pego a
arma, mas fui idiota!
Beatriz deve estar desesperada e deve ter
ido atrás do David. Ele deve estar me achando
uma louca agora, porque eu estou me achando
louca.
Esse cara é mais louco do que eu pensei.
Esfrego os pulsos para tentar lacear a corda,
mas não adianta, apenas me machuca mais.
— Filhos da puta, isso não vai ficar assim! —
grito irritada.
Foda-se! Se entrei na chuva, não vou me
proteger. Vou me molhar e encarar a
tempestade, custe o que custar!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 8
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Três dias de puro inferno, mas amanhã é o
grande dia. Recebi informações pelo Cleber, que
a cidade no interior do estado que o Jorge
comandava continua sob controle dos homens
dele. É uma cidade muito pequena e bem
perigosa. Os policiais têm receio de invadir o
lugar, porque na última invasão, na qual eu
participei, houveram muitas vítimas feridas. O
lugar talvez seja pior que o inferno. E é lá que
temos certeza que ele esconde a Liziara. Não
estou fazendo isso dentro da lei, estou colocando
meu tio e meu amigo em perigo e arriscando
nossas carreiras; mas se fossemos agir dentro a
lei, chamaria mais a atenção e isso pode ser
perigoso. Cada Escobar está com uma função
para que nada de errado. E cada membro fora da
família que vai participar, também. Nada pode
dar errado, qualquer desvio pode colocar tudo a
perder. Estou arriscando minha carreira, mas
por ela vale tudo.
Descobri que meus homens, que ficaram
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 9
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
Estamos agoniados à espera de notícias da
Débora. Eu devia estar louco ao permitir a ida
dela. Agora são duas correndo risco. Estou
tentando me concentrar nas papeladas na minha
mesa, mas não consigo. Outros casos precisam
de mim. As horas estão passando e nada de
notícias. Temos que pegar a Liziara hoje. Eu não
aguento mais esse inferno. A cidade que Jorge
comanda é pequena, porém pode ser difícil
encontrar ela...
Porra, é isso!
— Cleber! — grito por seu nome.
Ele entra rapidamente na sala, junto a
Poliana.
— O que aconteceu?
— Eu sei onde ele deixou a Liziara. Débora
só precisa nos dar certeza.
— Onde? — Ele pergunta
— Quando invadimos aquele lugar, ele tinha
um prédio de seis andares ao lado de uma
lanchonete. Era ali que ele morava, fazia o
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Algo está acontecendo. Está tudo muito
calmo aqui dentro, porém lá fora está bem
movimentado, vi pela janela. Não escutei os
homens do Jorge e nem ele retornou aqui.
Preciso pensar com calma. Se tem uma coisa
que aprendi muito bem nesses dois anos ao lado
do David, é que nenhum crime é perfeito,
sempre tem falhas. Jorge deve ter deixado falhas
e irei descobrir, pois será minha chance de
sumir deste lugar, porque não aguento mais.
Escuto um falatório estranho, parece ser voz
de mulher e está aqui dentro.
— Me solta, seus desgraçados! Socorro! Eu
quero sair daqui. Vocês vão se arrepender de
terem feito isso. Eu vou sair daqui, e minha vai
irmã vai junto! Vocês mexeram com a família
errada! Me soltem!
A porta do quarto se abre e me assusto.
— Jorge vai amar descobrir isso! — um dos
homens dele diz com um sorriso malicioso.
Um outro surge e joga uma pessoa que eu
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
bota.
Saímos correndo do banheiro e nos
sentamos na cama.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
O caminho até essa maldita cidade foi um
inferno. Porém agora estou me aproximando, a
cada quilometro sinto meu coração acelerar.
Nunca senti isso antes.
Os outros vão ficar alguns quilômetros atrás
à espera do sinal para virem.
Uma moto sai do matagal e surge na minha
frente. O cara está armado. Ele desce na moto.
— Desce do carro, porra! — ele grita.
Saio do carro com a arma na mão, pois faz
parte do plano.
— Delegado! — ele diz sorrindo. — Muito
otário mesmo para aparecer aqui. — ri —
Coloca a arma no chão... Vai, caralho! — ele
grita e aponta a arma para mim.
Eu me abaixo lentamente, indicando que
colocarei a arma onde pediu, mas quando estou
próximo de encostar ela no chão, miro em sua
perna direita e atiro em seu joelho.
— Filho da puta! — ele grita e cai no chão.
— Isso é pelo xingamento! — Dou outro tiro
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
ele.
Seu olhar tem ódio. Ele mira a arma em mim.
— Esperei tanto por esse dia. Porém, você
atrapalhou minha festa. Todos estão lá
comemorando, e eu aqui. Isso é errado… sou o
rei deles, o prefeito que amam. Eu planejei tudo.
Pesquisei cada ponto de vocês. Infiltrei pessoas
dentro da boate que ela trabalhava. Na cadeia já
recebia informações de vocês. Foi tão fácil. Tudo
foi esquematizado. Nada poderia dar errado. E
vejam só, não deu. Você deixou muitas brechas,
delegado. — ele gargalha. — Sua princesinha é
ingênua. Descobri todos os pontos fracos dela, e
o principal é a família. Não teve atenção dos pais
desde cedo, e claro que faria qualquer loucura
por aquele que ama. Tão burra. — Ele acaricia o
rosto dela, e ela vira o rosto bruscamente. Um
ódio me consome. Tento me aproximar, mas ele
vira a arma para ela, me fazendo recuar.
Porra, tenho que ser frio, não posso colocar
tudo a perder!
— Você ficou mais louco do que já era...
SOLTA ELAS, SEU FILHO DA PUTA! — Empurro
ele com força, e ele se equilibra para não cair. —
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Maldita!
Ela se vira para ele e dá um soco em seu
rosto. Chuta a mão dele, que está com a arma, e
ela cai no chão.
— Filho da puta! — ela grita para ele quando
o mesmo chuta sua perna.
— Poliana, não! — grito para ela quando
vejo que vai atirar, mas não há a menor chance
de acertar o Jorge.
Ele consegue recuperar a arma de uma
forma muito rápida e começa uma luta com a
Liziara. Tento me aproximar, mas meu tio me
segura. Os outros homens já estão no chão.
— Me solta! Essa arma pode disparar! Me
solta, porra! — Cleber ajuda a me segurar.
— David, não! — Débora grita.
E então um barulho que conheço muito bem
ecoa. Sinto meu mundo congelar. Quero gritar,
mas não consigo. Não...
Liziara está com os olhos arregalados. Ela e o
Jorge caem no chão. Ambos repletos de sangue,
Eles me soltam. Meu peito dói fortemente.
Poliana olha assustada. Débora se aproxima
deles e se joga ao lado da Liziara.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
rosto.
Fico olhando e rindo.
— David, não vai fazer nada? — Marcos grita
e sorrio.
— Deixa um pouco. Liziara merece isso, e
Poliana ainda mais. — Sorrio.
— Porra! Você é foda, delegado! — Henrique
diz, segurando a Liziara.
Meu tio segura a Poliana, que está com a
boca sangrando e com o rosto todo vermelho e
arranhado.
— Eu vou te processar, sua puta! — Poliana
grita.
— Tenta! Tenta, porra! Mete processo ou o
caralho que for, que sou capaz de te arrebentar
na frente do Juiz, do Papa, ou o que for. Não
tenho medo de você. E puta, é somente você.
— Na verdade você já fez isso na frente de
um Juiz! — Meu tio diz a ela, e sorrio mais ainda.
— David, essa maldita! Como pode? Eu toda
linda. Vim de longe para tentar uma chance com
você que sempre foi louco por mim na faculdade.
— Poliana diz chorando.
— Eu? Louco por você? Poliana, eu sou louco
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 10
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Estou ainda muito assustada com tudo o que
aconteceu. Os Escobar conseguiram abafar o
caso e tirar um pouco do foco da mídia. David
recebeu uma advertência… uma bronca para
melhor dizer. E tudo isso eu sei através da
Daiane, que veio me visitar junto a Paula. Depois
de tudo eu vim para casa, e a Bia tem me
ajudado. A fraqueza já passou, me alimentei
bem, porém será um pouco complicado tirar
aquele momento da minha mente. Dormir noite
passada foi difícil, e fiquei revivendo o momento.
David não veio me ver, deve estar ocupado
resolvendo a bagunça. O que mais me irrita é
saber que a culpada de destruir minha vida com
o David teve a cara de pau de ir até aquele fim
do mundo me ajudar. Quando ataquei o Jorge foi
porque a raiva me subiu à cabeça. Fui louca,
irresponsável e orgulhosa, porque não queria ter
ajuda dela, e por isso o ataquei; mas se eu disser
que me arrependo, estarei mentindo. Meu único
arrependimento é ter me apaixonado por um
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Folgada.
— Sempre.
Ele se aproxima e me pega no colo.
— David! — grito rindo.
Ele caminha comigo em seus braços até o
quarto, onde me coloca com cuidado na cama e
fecha a porta.
Ele sobe em cima de mim com cuidado.
— Eu te amo, meu delegado.
— Só seu, minha maluquinha. Eu também te
amo, meu amor.
Sua boca ataca a minha com uma gostosa
necessidade. Como eu senti falta do beijo dele!
Sinto um frio na barriga. Ele esfrega sua ereção
em mim, e isso me deixa excitada. Solto um
gemido involuntário. Agarro seu cabelo e puxo
com força, e o safado gosta.
— Eu deveria te prender por puxar meu
cabelo desse jeito. — ele diz com a voz rouca de
desejo.
— E o que diria em sua defesa? Afinal, quem
me colocou na cama e me atacou foi você. E tem
mais, não pense que isso é sexo de reconciliação,
porque não sou dessas… ainda estou puta de
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
meu corpo!
— Amor, eu tenho que me trocar. Não tem
nada demais, foi apenas uma coisa que reparei,
nada demais.
— Como assim nada demais? Se reparou é
porque está grave. David, você como delegado é
um bom observador, não iria dizer isso à toa.
Diga logo! — Largo o pote de nutella e a colher
na pia.
— Deixa eu me trocar primeiro.
— Você está fugindo do assunto... Fala logo!
— Está bem. — Ele respira fundo. Até parece
que vai dizer a rainha da Inglaterra que o cabelo
dela está péssimo. — Desde que estávamos no
quarto eu notei, e agora percebi ainda mais. Seus
seios estão maiores, seu quadril um pouco largo,
e você sempre teve a barriga lisa, mas ela está
parecendo um pouco inchada...
— David Escobar, você está me chamando de
gorda?!
— Não... Eu apenas quis dizer que seu corpo
está mudado.
— As características foram basicamente me
chamando de gorda!
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
dela.
David para na minha frente e segura minha
cintura.
— Amor, eu não te chamei de gorda. Não
precisa surtar. Apenas fiz um comentário
inocente. Porém quero te fazer uma pergunta
séria.
— Faça.
— Você está tomando regularmente o
anticoncepcional?
Engulo a seco. Acho que fiquei pálida porque
ele me olha estranho. Eu me afasto e me sento
no braço do sofá.
— Anticoncepcional?
— Sim.
— Aquele que evita gravidez?
— Liziara...
— Claro... Estou tomando certinho. Afinal
você confiou em mim, pois sou a única que você
foi para a cama sem camisinha. Eu jamais, em
hipótese alguma eu ferraria com tudo...
— Não confiei no que disse, mas irei deixar
passar porque tenho que ir. — Ele me dá um
beijo — Tenho que me trocar.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 11
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
Faz alguns dias desde o sequestro e estou
mais calma. David não desgruda de mim, e amo
isso, sua preocupação, amor e carinho sem
limites. Ainda estou afastada da boate… Daniel
preferiu assim até eu me recuperar totalmente.
As pernas já não doem mais, porém o que as
vezes acontece são alguns enjoos, mas é muito
raro… e, sim, eu estou com medo sobre o que
pode estar causando os enjoos; o que me deixa
longe dos hospitais e farmácias, porque a única
coisa que se passa na minha cabeça é gravidez, e
estou apavorada que seja isso, afinal minha
menstruação está atrasada, e pelas minhas
contagens a dois meses. Louca por ainda não ter
feito um teste? Sim, eu sou. Mas, eu irei fazer,
estou criando a coragem que me falta. Se o David
sonhar que eu comecei a me atrapalhar com os
horários do anticoncepcional e esquecia de
tomar devido ao trabalho na boate, que me
gerava muita canseira e me tirava muito tempo,
e o tempo livre eu queria saber de dormir, estar
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
pego.
— Na piscina? Que cachorro! Irei focar na
parte que agora ele está comigo. — digo e elas
riem. — Mas eu pensei em um determinado
lugar... Droga. Por que ele não puxou ao tio dele?
Esse sim tem cara que não liga para fazer certas
coisas em lugares inapropriados. — Daiane ri.
— Sorte sua que não puxou ao meu tio.
Aquele ali é o pior de todos da história da
safadeza. Ele é dono do cabaré todo. São tantas
cenas que vi sem querer e que fui obrigada a
ouvir da boca dele, que sinceramente, tenho até
nojo. Não é algo que uma sobrinha quer ver ou
saber do tio. Uma vez peguei ele na sala dele
com a Débora...
— Com quem? — Beatriz quase grita.
— Vocês não sabiam? — franzimos o cenho
— Ele e ela tiveram um relacionamento a anos
atrás... Bom, eles diziam que era apenas um caso
e nada mais, porém não era o que parecia...
Enfim, o assunto é o David. Você quer algo
romântico e sensual. Por que não vão para a
fazenda da família? Lá é lindo para isso. Ou a
casa de praia.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
David Escobar
É tarde, estou praticamente só na delegacia.
Não fui ainda ver a Liziara, mas depois daqui
irei. Estou cansado. Quero férias, eu preciso de
férias.
Meu celular toca. É a Liziara.
— Oi, meu amor. — digo a ela.
— Está na delegacia? Me diz que sim!
— Estou. Por que?
— Está sozinho?
— Estou... Mais ou menos, tem policiais, e
mais ninguém.
— Ótimo. Eu já imaginava. Estou entrando.
— ela desliga.
O que está acontecendo?
Minutos depois a porta se abre. As persianas
estão fechadas. Ela entra. Está com um
sobretudo preto, saltos altos, bolsa. E isso até
seria sexy se não fosse preocupante.
— Amor, está um calor terrível lá fora. Por
que está...
Não tenho tempo de dizer. Ela retira o
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
provocando.
Pego ela no colo e caminho até minha
cadeira. Coloco ela no chão. Eu me sento na
cadeira e puxo-a para se sentar em meu colo de
costas para mim. Assim que ela senta, afasto
suas pernas, e sem cerimonias, invado sua
entrada com um dedo enquanto aperto um de
seus seios. Ela grita, e pouco me fodo para quem
vai ouvir. Faço um vai e vem com o dedo, e ela se
abre mais para mim. Desço a outra mão e
massageio seu clitóris. Ela tenta fechar as
pernas, mas a impeço. Meu pau está cada vez
mais duro e irei gozar nas calças se ela rebolar
mais um pouco em meu colo como faz.
— David, eu vou...
Escuto barulho na fechadura da porta. Tiro
rapidamente meu dedo de dentro dela. Ela se
levanta, assustada, e se coloca embaixo da minha
mesa. Eu me ajeito e tento esconder a porra da
ereção que estou, mas não resolve muito… justo
hoje vim com uma calça bem justa.
Cleber entra na sala e finjo estar olhando uns
papeis. Coloco os pés em cima da mesa, para
tentar esconder mais a ereção.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
É sexta-feira. David e eu, junto aos Escobar e
a Beatriz, estamos na fazenda da família que
ninguém vem a tempos. É tudo lindo como já
poderia se imaginar. Dona Paula não quis vir, diz
ainda não estar preparada para vir para cá sem
o falecido esposo, Joseph, pois quando recebeu a
notícia da morte dele, ela estava aqui. E desde
todos esses anos, nunca mais quis vir para cá.
É noite e faz um pouco de frio. Estamos ao
redor de uma fogueira, contando histórias,
rindo, comendo marshmallow e nos divertindo
bastante. Estou no meio das pernas do David.
Henrique tem a cabeça deitada no colo da Ana.
Daiane e Bia estão juntas em um cobertor, e
Marcos está deitado com a cabeça nas minhas
pernas. Yasmim, a filha do Henrique e da Ana
está dormindo lá dentro, mas a babá eletrônica
está aqui para qualquer alerta.
— Então, qual era a novidade que queria nos
contar, Liziara? — Ana pergunta animada.
— Contarei se prometerem não rir.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
sussurro.
— Eu sei. Também fiquei quando engravidei.
É difícil ser mãe quando não teve um bom
exemplo. Minha mãe, todos sabem que nunca me
suportou, mas tem coisas que nunca contei a
ninguém, mas sinto que devo te contar. Quando
pequena ela nunca me fez uma festa sequer de
aniversario, e nem me dava parabéns. Certa vez
escutei ela dizer ao meu pai que eu fui o pior
erro dela, e ele concordou. Eles nunca quiseram
ter filho, mas aconteceu. Nunca foram a
nenhuma apresentação escolar minha, nem ao
menos a minha formatura da faculdade. Sempre
odiaram eu ter escolhido Direito Criminalista...
Yasmim dorme mamando e ela retira a
mamadeira.
— Quando conheci o meu ex-noivo, Rodolfo,
o seu antigo professor. — ela sorri — Eu
trabalhava, estudava e mantinha a vida dos
meus pais, que só queriam meu dinheiro. Mas
então quando fui morar com ele, decidimos que
eu deixaria o emprego e focaria na faculdade e
ele me ajudaria; e foi neste momento que tudo
piorou. Eu não tinha mais dinheiro para oferecer
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— O que foi?
— Liziara, há quanto tempo a sua
menstruação está atrasada?
— Dois meses... por ai.
— Eu não acredito. Então quando você se
meteu em perigo, lutou com o Jorge e sabe se lá
o que mais aprontou, estava gravida! Eu vou te
enforcar! — ele diz nervoso.
— Em minha defesa, ainda não confirmei
que estou gravida.
— Quer mais provas? Menstruação atrasada,
enjoos, engordando, comendo mais que o
normal e ficando bipolar não são o suficiente?
— Em minha defesa? Não. Apenas amanhã
cedo depois do teste você surta... Nossa, estou
com um sono. — Eu me viro para o outro lado.
— Isso não acabou. Depois desse teste você
vai ao médico, e pode ter certeza que vai
implorar para eu te deixar, porque serei mais
protetor do que nunca, porque você é louca! E
pode esquecer sexo, porque não irei machucar
nosso filho.
— David, isso é demais! Mulher gravida pode
fazer sexo, porém tem que ter mais cuidado.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Capítulo 12
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Meses depois...
Estou com quatro meses. Minha barriga já é
notável. E como não seria? Estou gravida de
gêmeos. Isso mesmo. David quase morreu
quando soube, e eu desmaiei, literalmente. Mas
aos poucos nos acostumamos com a ideia. Ainda
não sabemos o sexo, porém Marcos provoca
dizendo que serão duas meninas para arruinar a
vida do David, e ele diz que se isso acontecer é
porque está pagando os pecados.
Hoje vou almoçar com ele. Irei me encontrar
na delegacia, onde acabo de chegar.
Saio do carro sem esperar pela porta ser
aberta pelo Alex, contratado pelo David e
escolhido pelo Luciano e Simon, seguranças
mais velhos da família. Ele está ao meu dispor a
todo momento.
Encontro Cleber na entrada. Ele me
cumprimenta.
— Quem matou? — ele brinca.
— Vim para matar o que está me matando.
— A fome. Adivinhei?
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Totalmente. — sorrimos.
— David está ocupado agora, mas entre e
espere na sala de reuniões se preferir.
— Certo. — Olho para ele e percebo que não
está de farda. — Folga?
— Não. — Ele sorri. — Não sou mais policial.
— Que?! Como? Por que? — pergunto
preocupada.
— Vim trazer a notícia ao David. Sou o mais
novo investigador da delegacia.
— Ai que maravilha!
Dou um abraço ele.
— Parabéns. Você merece.
— Obrigado! Agora entre, se David te pegar
aqui, me enforca e te enforca.
— Nem me lembre. Boa sorte na nova
carreira. Mande a Débora ir me visitar, ela some.
— Mando sim. — Ele me da um beijo no
rosto. — Até mais.
— Até mais! — Ele se afasta.
Entro na delegacia. Cumprimento algumas
pessoas que já me conhecem.
Eu me aproximo da sala do David ,e ele está
saindo com uma moça chorando
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
— Vamos almoçar.
— Vamos sim.
Ele olha para trás de mim e xinga.
— Porra, estou pagando meus pecados!
Vocês novamente! Acho que vou dar um jeito de
contratar vocês, já se tornaram parte de mim!
João Ricardo e Maximiliano, o que aprontaram
agora?
Eu me viro e sorrio.
Desde que conheço o David, perdi as contas
quantas vezes vierem parar aqui.
Cleber está com eles e sorri.
— Tinha que trazer os dois até aqui dentro
antes de sair. Não resisti. Pedro trouxe eles, mas
eu tive que fazer essa honra. — rimos.
— Senhor, esse moço implica muito! Toda
vez nos pega. A gente dessa vez não fez nada. —
João Ricardo diz.
— Não fizeram nada? Santos, claro! — David
fala. — Leve eles para sala. E chame Pedro para
relatar o que aconteceu.
— Esses vão entrar para o livro de recordes
de tanto que estão vindo aqui! — Cleber fala.
— Senhor, livra nós! — Maximiliano pede.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Epílogo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Liziara Araújo
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Tempos depois...
David está na delegacia e eu estou na casa da
Dona Paula. Meus pais tiveram que viajar com
urgência, e com a Bia trabalhando, David ficou
com medo de me deixar sozinha, porque estou
nos dias finais da gravidez. Meu médico disse
que tenho como ter o parto normal, pois as
minhas meninas Laura e Helena, estão na
mesma posição. Fiquei muito feliz, pois meu
sonho é o parto normal.
Estou deitada na cadeira embaixo do guarda
sol na beira da piscina. Marcos e Daiane estão na
piscina. Dona Paula está trabalhando. Ana foi
levar a Yasmim ao médico, pois ela está
gripadinha; e o Henrique, assim como o irmão,
está trabalhando.
Marcos se empoleira na beira da piscina.
— Se o David sonha que está de biquíni e
comigo na casa sem ele, eu terei minhas bolas
cortadas. — Ela brinca e eu rio.
— Com toda certeza. Mas seria divertido. —
Provoco. Ele me joga água e Daiane ri.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
fez.
— Eu também não...
Ele se afasta e caminha até onde as meninas
estão. Sorri emocionado. Helena dorme,
enquanto Laura está bem acordada.
Ele segura as mãozinhas delas com fitinhas.
— Minhas princesinhas. — ele diz e enxuga
as lagrimas.
— Parece que cada uma será uma mini nós.
— digo enquanto ele pega a Laura no colo que
começa a chorar, mas ele a acalma.
— Por que diz isso? — pergunta sorrindo
para ela e acariciando seu rostinho.
— Laura é bem agitada, brava, e os olhos
bem azuis. Helena é calma, sorridente, se deixar
come toda hora, e tem os olhos escuros como os
meus.
— Então quer dizer que você é uma mini
David. — ele diz a Laura e sorrio. — Estou
fodido! — me olha assustado.
— O que foi?
— Duas meninas, uma mulher e uma irmã!
Estou fodido.
— David, olha a boca perto delas! — Ele dá
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
de ombros.
Helena acorda e começa a chorar. David me
entrega a Laura e pega a Helena.
— Outra princesa do papai. — Ele dá um
beijo nela. — Sabe, princesinha, acho que já está
na hora do papai algemar de vez sua mamãe, e
prender ela totalmente a mim.
Olho para ele franzo o cenho.
— Será que a mamãe aceita casar comigo e
ser oficialmente uma senhora Escobar?
— O que? — Lembro da Laura e olho para
meu colo.
— Amor, cuidado. — ele diz sorrindo. —
Pelo visto papai terá que ficar de olho nas três,
ou receberei ligações de que estão no hospital.
— David, eu ser o que?
— A senhora Escobar. Aceita? — Ele pega no
bolso da calça uma caixinha e me entrega. —
Não aceito não como resposta. — Sorrio
emocionada.
Abro a caixinha e vejo o lindo anel dentro
dela.
— Então Laura, acha que a mamãe deve
aceitar? Se eu tiver que aceitar, você chora. —
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Brinco.
— Se ela não chorar? — David pergunta.
— Então não casarei. — provoco.
Ele se aproxima com cuidado para não
derrubar a Helena de seu colo. Coloca a boca no
ouvido da Laura e diz algo bem baixo, não é
nítido. E por incrível que pareça, ela começa a
chorar.
— David! — repreendo ele. — O que você
fez?
— É, parece que tenho uma cumplice já.
Ele coloca a Helena no lugar dela e pega a
Laura, fazendo o mesmo.
Pega o anel e coloca em meu dedo.
— Futura senhora Escobar. — Ele me dá um
beijo nos lábios que me deixa louca.
— Epa! Não esqueça do que o médico disse.
Quarentena, Liziara. — Marcos entra sorrindo.
— Mentira? — David pergunta e eu nego.
Marcos para ao lado dele e bate em seu
ombro.
— É, meu sobrinho. Duas filhas e sem sexo.
Não queria estar na sua pele.
— Eu realmente estou fodido! — David diz
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
uníssono.
Essa família vai ser minha loucura e minha
maior alegria.
David me dá uma piscadela, e então se
aproxima enquanto todos estão admirando as
meninas. Ele cochicha em meu ouvido:
— Sexo oral não deve ter problema. — Sinto
um arrepio no corpo, e tenho certeza de que
fiquei vermelha.
— Eu ouvi. — Marcos fala. — Acho que não
tem problema, e que não custa nada tentar.
Começamos a rir e todos nos olham sem
entender.
Eles estão aqui. Pela primeira vez estão
perto de mim em um momento muito especial.
— Mãe, pai, venham!
Fim
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por mais
um sonho realizado, e por sempre me dar forças
e alegrias no decorrer do caminho.
Obrigada a Editora Angel, mais uma vez, por
acreditar no meu trabalho.
Obrigada ao senhor Google, por me ajudar
em diversas dúvidas.
Um obrigada bem especial a um alguém que
me ajudou muito, inclusive nas inspirações.
Minhas amadas betas e amigas, Liziara
Araújo e Beatriz Ferreira, muito obrigada por
todas as dicas, inspirações e por aguentarem
minhas loucuras por essa série, e entrarem na
loucura também.
Obrigada as minhas leitoras da plataforma
Wattpad, que me animaram e me deram carinho
e muito amor, e tornaram a série Escobar um
sucesso.
Obrigada a blogueira Joyce Penedo por
apoiar sempre meu trabalho, e estar apoiando
recentemente a série e divulgando em seu blog
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
Livros Encantos.
Meninas do grupo fechado no facebook e do
Whatsapp, obrigada a vocês também, pois são
demais.
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS
WWW.EDITORAANGEL.COM.BR
NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Sumário:
Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Epílogo
Bônus
Agradecimentos
Biografia
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Editora Angel
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Nota da autora
Caros leitores,
Este livro... melhor dizendo, este conto foi feito
com muito amor e carinho. Fazer uma história
que envolva um lado criminal, mesmo sendo
muito curta, não foi fácil, e foram feitas algumas
pesquisas. Tudo aqui é totalmente ficcional. Pulei
alguns atos da lei para não falar demais e acabar
falando coisas sem sentido. Espero que gostem.
Com amor,
Deby.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 1
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Beatriz me avalia.
Eu e ela não nos suportamos desde que a
conheci na universidade que a Liziara
estudava há alguns anos. Eu e meus
sobrinhos precisávamos dela para um caso. E
ela meio que me desafiou e desde então
somos como cão e gato, e vivemos assim.
— Não é necessário. Apenas traga as
meninas.
— Está com medo de entrar e não querer
ou conseguir sair?! — provoco.
— Não me tira do sério, porque não tenho
unhas grandes à toa — rebate.
— Cuidado, quem assina a sentença sou
eu. Pode ser que a sua seja longa e peculiar.
Ela engole em seco e fica ruborizada.
— Traga logo elas, Marcos.
— Entre logo!
Ela entra e fecho a porta.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
que usa.
Não posso negar que ela é bem gostosa e
que sua língua afiada apenas comigo, mesmo
sendo tímida, me deixa louco.
Porra, se controle! Estou ficando duro
com essa visão.
Ela se vira para mim e pega a Helena.
Contorna o carro e abre o outro lado para
pôr a menina na cadeirinha.
Quando termina, fecha a outra porta e
caminha até o lado que estou para fechar a
porta que ficou aberta.
— Sem segurança?
— Vim do litoral. Passei em casa, peguei
as cadeirinhas reservas e vim para cá. Não
tem nada demais.
— Ambas são filhas de um delegado e são
Escobar.
— Não pira, homem!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Tome cuidado!
— Tchau, Marcos.
Ela passa por mim e entra no carro.
Essa porra é teimosa!
Viro-me e vejo o Simon, meu segurança,
sorrindo.
— O que foi, porra?
— Nada, senhor!
— Envie uma equipe atrás dela. Não vou
testar a sorte.
— É para já.
Ela sai rapidamente com o celular na
mão.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
te chamo.
— O que quer? — Solto a caneta na mesa
e passo a mão pelo cabelo.
— Precisa assinar esses papéis. — Ela os
coloca na mesa — Tem audiência amanhã, às
8h, e precisa disso tudo aí assinado.
— Qual caso?
— Está de brincadeira, não é?! Como
assim qual caso? Com um juiz assim, entendo
o motivo do país estar nesse estado.
Olho seriamente para ela, que sorri.
Débora é uma grande amiga, a conheço
há anos. Ela trabalha para mim como
secretária enquanto cursa Direito. É casada,
linda, e mesmo sendo louca quase sempre, é
muito inteligente e boa no que faz. Tivemos
no passado um caso de alguns meses, mas
nada grande e que deixasse marcas ou
qualquer sentimento complicado... Bom, com
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
sem segurança.
— Se acostuma. Viver com um Escobar é
viver assim. E antes que me enforque me
refiro a você ser amiga de membros da
família Escobar. Amiga, você tem noção que
eu, Liziara, sou uma Escobar?! — ela diz
animada.
— Tenho, e não sei se isso é bom ou ruim.
— Respiro fundo e cruzo os braços.
— Por quê? — ela pergunta enquanto
fecha a porta traseira do carro.
— Porque você já é perigosa por conta
própria, sendo uma Escobar, ferra tudo de
vez.
— Quanta calúnia. Já vou, pois hoje você
está para me agredir verbalmente e tenho
certeza de que em pensamentos também,
credo! — Ela dá a volta no carro e me joga
um beijo, que retribuo.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 2
Dias depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
carteirinha.
— Hoje tem palestra surpresa, o reitor
está aí e com um homem importante. Sorte
sua. Afinal, está uma hora atrasada. — Ele
olha no relógio e dá uma piscadela.
— Obrigada! Não sei se fico aliviada ou
apavorada de vez.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
quis.
— Eu não quis nada. O reitor me obrigou,
porque os professores precisam assinar a
lista. Agora tenho que ir. — Ela joga o cabelo
para o lado e sai da sala.
Eu mereço um prêmio por ter tanta
paciência e, principalmente, com essa
mulher louca.
Deixo minha bolsa na mesa mesmo e pego
a lista para passar as presenças dos
professores para o sistema.
licença.
Ela se retira sem olhar para mim. O reitor
não tira os olhos da bunda dela, e isso me
deixa com uma raiva dos infernos. Caralho,
quem esse velho pensa que é?! Porra, preciso
ir embora daqui, ou sairei dentro do carro da
polícia.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 3
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
de mim.
Estaciono o carro e o porteiro, que já me
conhece, libera minha entrada.
Chego ao andar deles e aperto a
campainha. Escuto a chave na porta e David a
abre.
— Sério, David? Logo cedo sou obrigada a
ver você de cueca?
— Bia, você acaba de ver o paraíso e
reclama?! Bom dia para você também.
— Bom dia.
Ele me dá passagem.
— Eles estão na sala de jantar. Eu ia
tomar um banho, mas você atrapalhou.
— Não tenho unhas grandes à toa, então
não provoca.
— Não está mais aqui quem reclamou.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Eles quem?
— Marcos e Liziara. As meninas estão
dormindo.
— Certo. Vou embora, e você finge que
era o síndico.
— Amor, a Bia chegou! — ele grita.
— Você vai me pagar, David! — Ele me dá
uma piscadela e fecha a porta.
Vou até à sala de jantar e Liziara sorri
animada assim que me vê. Marcos murmura
algo, mas não entendo.
Vou até Liziara e a cumprimento com um
beijo no rosto.
— Tome café com a gente. Daqui a pouco,
acordo as meninas.
— Estou sem fome, mas obrigada. — Olho
para o Marcos antes de me sentar. — Bom
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
dia.
Ele assente apenas.
— Te liguei, mas só chamava. Queria
minha bolsa preta que esqueci lá. Vou usar
ela hoje.
Coloco a mão no bolso do short e percebo
que esqueci o celular.
— Eu o esqueci. Ultimamente não
esqueço a cabeça que fica grudada no corpo.
— Bem-vinda ao clube. Folga hoje?
— Sim. Bom, sim e não. Com minha tia
vindo para cá, não existirá folga. — Sorrio.
— Jaque é um amor. Adoro-a.
— Fique uma semana com ela, e você
pede socorro. E você está de folga?
— Que nada. Mais tarde vou para a boate.
A Daiane vai vir pra cá ficar com as meninas.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Marcos.
— Não posso acreditar que Edson tenha
feito tudo isso! Como conseguiu isso?!
Ele ergue a sobrancelha esquerda e me
olha como se eu fosse uma idiota.
— Ok. Vou refazer a pergunta. Para que
foi pesquisar isso?
— Porque não confiei naquele cara
depois do que ele fez.
— E o que resolve eu saber disso? Eu não
sou a lei, e não posso fazer nada. Porque o
principal para minha segurança eu já faço,
que é evitá-lo ao máximo.
— Apenas quero que saiba. Porque se ele
aparecer quebrado, teve motivos.
— Por que ficou com tanta raiva assim
dele a ponto de investigar o seu passado?
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Vá se...
Ele ri e desliga antes que eu termine de
falar.
Eu vou infartar com esses sobrinhos. Que
porra!
Lembro que tenho que ler e assinar uns
papéis. Faço isso antes de ligar para a
Daiane.
Assim que termino, ligo para ela
imediatamente.
— Oi, tio. Aconteceu algo? — pergunta
preocupada.
— Não. Apenas soube que veio aqui. O
que está acontecendo?
— Nada. É que passei na delegacia depois daí,
e soube que o David está na rua, em uma invasão
a um mercado, e tem reféns. Já pensei o pior,
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
um tempo.
— Oi. — Ela está chorando.
— Está tudo bem? — pergunto
preocupado.
— Não. O David, acabei de receber a notícia
de que ele está na rua com a equipe dele.
Ninguém sabe mais nada. Não consigo falar com
ele. Estou desesperada. Na delegacia falaram que
eles estão fora há mais de três horas e que não
podem passar mais informações. Pediram até
para os jornais não transmitirem mais nada.
Marcos, e se...
— Não diga. Estou saindo do escritório.
Fique calma. Vá para a casa da Paula com as
meninas. Qualquer novidade ligo para vocês.
— Ok!
Desligo e pego minhas coisas na mesa.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 4
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Rimos.
— Bom, vou almoçar. Depois a gente se
fala. Beijos.
— Beijos. E coma muito por mim.
— Pode deixar. Até. — Desligo o celular.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
imediato.
— O quê?
— Não gosto de macarrão e muito menos
molho vermelho. — Afasto o prato.
— E por que não pediu outra coisa?
— Porque não sei se você reparou, o
restaurante que escolheu é italiano, porém
apenas de macarrão de vários tipos.
— Droga, por que não disse antes? —
indaga nervosa.
— Porque seria uma desculpa ótima para
você fugir.
— Isso é verdade. Mas você queria
almoçar, e não comeu nada.
— Não importa. Usei a desculpa de
almoçar apenas para acompanhar você.
— E para ter minha companhia, valia um
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 5
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Levanto-me.
— Senta aí agora! — ela diz seriamente e
obedeço. — Quer que eu aja como uma tia de
verdade? Certo! Pare de fugir dos seus
sentimentos. Não sou ingênua. Vi o modo que
se olhavam. Se gostam. Desde que virou
amiga dessa família, você está diferente.
Parece que está em uma corda bamba com
medo de que, se cair, não tenha algo para te
salvar. E sabe por que fica assim? Porque
algo dentro de você te pede para correr para
os braços do tesudo, e outra coisa te puxa e
sobe um muro ao seu redor te fechando para
novas tentativas. Você se proíbe de tentar,
por causa de um maldito planejamento de
vida. Nem sempre as coisas são como
queremos.
Engulo em seco. Ela sabe tocar no meu
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
nada simples?!
Estou jogado no sofá da sala da Paula,
vendo o pessoal do buffet para lá e para cá, e
Paula e Daiane dando ordens. Não tenho
paciência para isso não.
— Cadê a Ana Louise? Ela disse que viria
ajudar. Vou enforcá-la — Daiane diz
digitando algo no celular.
— Ela faz bem em não estar nesta
loucura. E cadê o David e família?
— Não queremos eles aqui antes da festa,
pois é para o David, não quero nem ele e nem
a Liziara ajudando. E você, por que não está
fazendo nada? Poderia estar conferindo o
moço que vai cuidar das bebidas e ver se está
tudo certo.
— Eu poderia. Mas não irei. Estou
cansado. Ontem foi um inferno aquela
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
e rio.
Deito novamente no sofá e coloco o
telefone na orelha.
— Oi — digo.
— Marcos? Isso é perseguição.
— Você que ligou. Então você que está
perseguindo! Diga o que quer?
— Quero falar com a Paula, Liziara...
Qualquer uma das mulheres que devem estar por
aí.
— Só está a Paula e a Daiane e não me
atrevo a chamá-las para nada, pois tenho
amor as minhas bolas.
— Não tenho um pingo de interesse de saber
do amor por suas bolas. Estou tentando falar com
a Liziara, mas não consigo. Avise, por favor, que
irei com minha tia.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— pergunto a ela.
— Não — ela responde e bebe sua bebida
para disfarçar o riso.
— E por que ri então?
— Porque você realmente está ficando
para "titio". Depois de dizer a moça "nunca
mexa com o homem de uma Escobar", me fez
perceber que você é o único homem Escobar,
velho, mal-humorado e sozinho — provoca.
Em seguida, ela me entrega a taça e se
afasta, rindo.
— Beatriz Ferreira de Oliveira, você me
paga! Titio, é uma porra!
Eu não acredito que essa porra veio até
aqui para me provocar. Isso não vai ficar
assim. Agora ela conseguiu me irritar!
Entrego as taças para um garçom que
passa.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
David segura.
— Hoje não, caralho! — David diz.
Beatriz dá um passo para trás e acaba
batendo as costas em mim.
— Ai, des... — ela vai pedir desculpa, mas
desiste quando me vê.
Viro-a para mim. E foda-se, sei que as
meninas olham e os rapazes também e que
está lotado de gente. Ela me olha assustada.
— Titio, Beatriz, é uma porra!
Ela vai responder, mas não permito.
Seguro-a com mais força, e a beijo. No
início, ela não corresponde, mas logo o faz.
Mergulho com força minha língua e a dela se
encontra com a minha. Escuto o berro da
Liziara e da Débora, mas não me importo.
Desço minha mão até a altura da sua bunda,
enquanto permaneço com a outra em sua
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Marcos, entenda...
— Entenda você. Eu não brinquei quando
disse aquilo no almoço para você. Eu não
brinquei quando te beijei agora...
— Eu estou confusa. Só preciso ficar
sozinha — sussurro.
— Você não está confusa. Sabe o que
sentiu agora há pouco, pois foi o mesmo que
eu. Porque, se aquele beijo não tivesse tido
nenhuma importância, não teria fugido.
Sinto um frio na barriga.
— Marcos. A gente sempre implicou um
com o outro. Eu não posso... Não faz sentido.
Eu não quero ser brinquedo de ninguém, e
não posso ter ninguém, não agora. Então...
— Cale a boca e me ouve, porra! Qual a
parte que você ainda não entendeu que algo
está acontecendo entre nós e não é de hoje?
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 6
Grosso?...
— Basicamente.
— Meu anjo, ele é um Escobar. Os homens
Escobar, ou você doma, ou eles te
enlouquecem. Porém, também tem que
aprender a conviver no ritmo deles.
— Eu planejei tanto sobre o amor, minha
vida, minha carreira. E agora, estou aqui,
perdida, com medo...
— Ninguém deve planejar o amor, porque
não tem como saber quando ele vai
acontecer. Eu tive medo também. Não tinha
noção do que a vida me guardava, mas
quando conheci meu falecido marido, eu
soube que coisas não planejadas, na maioria
das vezes são as melhores. — Sorri
emocionada e bebe um gole de seu café.
— Somos muito opostos. Meu ritmo de
vida, minhas decisões, meu jeito, é muito
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Reviro os olhos.
Meu celular começa a tocar e é um
número desconhecido.
— Com licença.
Levanto-me para ir atender. Passo
correndo pela entrada da sala, e trombo com
a Daiane.
— Meu Deus, isso que é disposição de
correr logo cedo! — ela diz rindo e sai da
casa.
Atendo ao celular.
— Beatriz?
— É ela. Quem fala?
— Edson.
Porra!
— Aconteceu algo?
O que ele quer no domingo?!
— Preciso que me reenvie alguns documentos,
pois os apaguei do meu e-mail e amanhã cedo
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
carro do Edson.
O que ele quer aqui? Eu não acredito que
ele foi ver meus dados na contratação da
universidade!
Atravesso a rua e ele sai do carro.
— O que faz aqui? — pergunto e ele me
olha de um jeito bem estranho e isso me
deixa desconfortável.
— Como eu disse, preciso do e-mail.
Só para me livrar logo, enviarei a merda
que ele quer. Mas pera aí...
— O senhor não tinha necessidade de vir
até aqui para isso.
Ele sorri de um jeito estranho.
— Tinha sim...
Ele me puxa para si, tento me soltar, mas
ele é mais forte, e segura meu rosto me
beijando à força. Sinto um nojo terrível, e as
lágrimas escorrerem. Mordo com força o
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
diz nervoso.
— Não, não suje suas mãos com aquele
homem.
— Homem? Aquele filho da puta é um
desgraçado! Ele estava te vigiando, te
assediou, por pouco não aconteceu o pior e
ainda te ameaçou. Ele mexeu com a pessoa
errada. Esse desgraçado vai ter a pior
sentença que alguém poderia ter.
— Marcos...
— Ele vai ter a fúria de um Marcos
Escobar que ninguém quer conhecer. Esse
desgraçado vai pedir para morrer! — Seu
tom é assustador assim como seu olhar.
— Me promete que não vai fazer nada que
suje sua carreira?
— Foda-se minha carreira. O que importa
é você. Amanhã mesmo vai denunciar a ele. E
se você pisar naquela universidade, eu juro
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Tia!
Ela ri.
— E a Beatriz falou algo sobre, Jaqueline?
— ele pergunta para provocar.
— Tímida como sempre, e teimosa, diz
que não reparou.
— Pois a mim ela falou — ele diz e olho
para ele franzindo o cenho.
— O quê?! — Minha tia não perde uma!
— Respondeu com gemidos.
— Alguém liga o ar-condicionado, por
favor! — ela grita e Marcos ri.
Eu não mereço isso, sério!
— Eu estou no carro, não finjam o
contrário.
— Eu sei que está, delícia, e para seu
alívio, estamos chegando.
— Que pena, o papo estava tão bom! —
minha tia reclama.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 7
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
com isso.
— Meu anjo, eu sei! Mas que você nasceu
com o rabo pra lua, nasceu. — Sorrio e
Marcos também.
— Vamos, antes que eu tranque ela no
carro — digo e minha tia me olha fingindo
estar ofendida.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Ela concorda.
— Pelo visto voltaremos amanhã, porque
tem que dar depoimento.
— Sim. Então curte bem seu passeio —
brinco.
— Alegria de pobre dura bem pouco. Vou
ver essa mansão! — Ela sai animada.
Saio à procura do Marcos, pois preciso
pegar minhas coisas e também saber o que
aconteceu.
Olho em direção ao carro dele, e vejo ele
dentro. Vou até lá. Bato no vidro do
passageiro e ele abre.
— Está aberto o carro.
— Me ajuda com as malas? — pergunto.
— Claro. — Ele desce do carro e esfrega o
rosto. Posso estar ficando louca, mas
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— E sua tia?
— Foi conhecer a casa — respondo
sorrindo.
— Ela sempre foi assim? Animada?
— Sim. Minha tia não age conforme a
idade, e isso é bom!
— Quantos anos ela tem?
— Quer o tamanho da calcinha também?
— pergunto irritada, e fico com raiva de mim
mesma por isso.
— Calma. Segure as garras. Apenas
curiosidade.
— 40 anos.
— Ela é linda, pouca diferença de idade
comigo... Não é de se jogar fora!
— Juiz de quinta! Marcos some daqui!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
passeio.
— Jantar sim. Passeio com você, não!
— Não está em condições de opinar ou
discutir. — Ele sorri e se retira do quarto.
Idiota, mil vezes idiota!
Tomo um banho e visto um vestido de
alça preto, acima dos joelhos. Penteio meu
cabelo que lavei, passo um perfume e calço
chinelo. Saio do quarto e vou para a sala de
jantar.
Minha tia, que preparou a janta, e estava
tudo uma delícia. Jantamos entre risos das
conversas dela, que sabe como animar uma
pessoa. Depois do jantar, ela disse que
cuidava de limpar tudo, e depois iria tomar
um banho e deitar.
Marcos e eu fomos para sala e quando
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
interrompo o silêncio.
Ele coloca um braço atrás da cabeça e me
olha sorrindo.
— Você é bem insistente.
Concordo.
— É que, de repente, tive algumas
lembranças do passado, que ainda
machucam.
— Quer falar sobre isso?
— Não posso, não agora.
Ele olha para o rio e fica sério e me sinto
culpada por ter tocado no assunto, talvez
seja bem difícil para ele.
— Por que me trouxe para cá? Poderia ter
ficado na cidade mesmo, na Paula, qualquer
outro lugar, se o problema é segurança.
— Porque eu queria ficar sozinho com
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
você.
Engulo em seco e olho para ele, que me
olha atentamente.
— Minha tia está aqui também.
— Não aqui. — Ele vira o corpo para mim
e apoia a cabeça na mão. Com a outra mão
acaricia meu rosto.
— Eu estou com medo — deixo sair o que
eu realmente sinto.
— Não fique. Daremos um jeito no Edson.
— Não me refiro a ele, pois sei que ele vai
pagar, os Escobar não falham. Eu me refiro a
você.
— Está com medo de mim? — pergunta
preocupado.
— Estou com medo do que você
despertou em mim, Marcos.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
calcinha à mostra.
Não precisamos de palavras no momento,
apenas olhares mostrando o desejo
crescendo cada vez mais. Ele retira a camisa
e joga ao lado. Admiro suas tatuagens e seu
físico.
— Espero que não tenha muito apego por
este vestido.
Ele puxa o vestido com força e as alças
estouram. Com isso ele retira o mesmo, me
deixando apenas de calcinha e sutiã. Se
levanta e seu olhar é diferente, me traz um
calor inexplicável. Ele retira a calça sem tirar
os olhos dos meus. Sua cueca marca
visivelmente o seu membro duro. A lua
reflete sobre seu corpo e isso deixa a visão
mais adorável ainda. Sem cerimônia, ele tira
a cueca revelando o quão grande e duro está.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
sua declaração.
— E eu por você, juiz de quinta. Quem
diria?!
Sua boca ataca a minha novamente, e
passamos a noite assim, nos amando sem
importar com a hora, o vento que começou,
ou com qualquer outra coisa.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 8
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
mesmo.
Vejo o carro do Simon estacionar e dele
desce Simon e mais três seguranças.
— Fiquem aqui — Marcos diz a eles e
então separa uma chave que estava junto a
algumas outras no chaveiro.
Ele abre o portão e me dá passagem.
Por fora, a casa é enorme demais. Parece
de filmes antigos, onde tem aquelas lindas
construções.
Ele caminha em silêncio até a enorme
porta de madeira e eu o sigo.
Mais uma vez, ele separa uma chave e
abre a porta.
Sinto um medo. Que lugar é esse?!
Ele entra e eu fico parada na porta.
— Venha, não tenha medo. Somos apenas
nós aqui. — Ele segura minha mão e entro.
Olho ao redor completamente chocada.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
incentivo-o.
— Quando eu ia fazer a surpresa da casa,
ela me surpreendeu primeiro, dizendo que
tinha recebido uma proposta para morar em
Milão durante dois anos e ser a modelo
estrela de um estilista famoso. Era o sonho
dela e eu, óbvio, que fiquei feliz. Disse a ela
que onde ela fosse eu iria, e então ela me
disse que precisava ir para Milão ficar quinze
dias lá, para resolver tudo do contrato, antes
de ir definitivamente, então eu resolvi fazer
uma surpresa. — Ele passa a me olhar agora
e vejo a forte dor em seus olhos. — Para me
despedir dela antes da viagem, levei-a à casa
da família na praia, e dei a ela uma noite dos
sonhos, e no dia seguinte levei ela ao
aeroporto.
Ele está desconfortável dizendo isso, sei
que está ocultando detalhes, mas é melhor.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
pergunto a ele.
— Não pode ver.
Afasto-me dele, que está sorrindo.
— Por quê? Afinal, acho que já vi mais do
que imaginaria ver de você um dia.
Ele sobe a cueca e a calça. Ajeito meu
vestido, pois minha calcinha já era.
Ele se aproxima e me dá um beijo na
testa.
— Não pode ver, mas pode sentir. — Ele
segura minha mão e leva até seu coração. —
Minha nova tatuagem é seu nome em meu
coração.
Sorrio emocionada.
— Você vai acabar comigo com essas
declarações!
Ele me dá um beijo casto nos lábios.
— Precisamos voltar para a fazenda, mas
antes vamos pegar roupa no seu
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 9
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— Mar...
Simon olha pelo retrovisor e sorri. As
lágrimas se multiplicam em meu rosto.
— Meu amor... você acordou! Não diz
nada. Estamos te levando para o hospital. Vai
ficar tudo bem. Eu prometo! — Ela está fraca,
tenta sair do meu colo, mas não permito.
— O que... aconteceu? — pergunta com
dificuldade.
— Está tudo bem. Fique quietinha, poupe
energia e tente ficar acordada.
Ela concorda.
— Estou enjoada. — Devagar ela vira o
rosto, e se inclina com cuidado, e então
começa a vomitar. Seguro seu cabelo.
— Você caiu. Isso é uma reação.
Simon estica o braço com um lenço e eu
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
pego.
— Você me surpreende sempre — digo a
ele.
Ajudo-a limpando sua boca. Abro um
pouco os vidros.
— Que nojo! — ela diz, parecendo estar
um pouco melhor. — Eu vou acabar
vomitando novamente se eu ficar aqui
dentro com esse vômito.
— Estamos chegando, senhorita.
— Só olha para mim. — Ela se senta no
banco com as pernas para cima. Retiro
minha camiseta e a entrego.
— Hã? — Ela me olha sem entender.
— Coloca no rosto, assim não sente o
cheiro do vômito e não olha, assim não passa
mais mal ainda.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
apavorada.
— Vamos lá! — ela diz.
— Merda! — Tenho certeza de que minha
pressão foi pra China. Eu tenho pavor de
injeção. Pavor mesmo!
— Amor, sua tia é bem gostosa, estava
aqui me lembrando dela...
— Você o quê?! Eu vou te matar, seu
idiota! Que ódio de você, Marcos! — digo a
ele com raiva.
— Prontinho.
— Prontinho o quê? — pergunto.
— Já apliquei e você nem sentiu. Bom
trabalho, senhor — a enfermeira diz a ele.
— Fez isso apenas para me distrair? —
pergunto e ele sorri.
— A raiva, o estado de choque, o prazer
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 10
Semanas depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
salário.
Sorrimos.
— Ai, meu Deus! — Escutamos alguém
gritar.
Marcos se levanta correndo e saímos da
sala rapidamente. Deparamo-nos com a
Débora olhando assustada e com batatas
fritas caídas no chão.
— O que foi?! — Marcos pergunta
preocupado.
— Nunca mais faça isso! Achei que tinham
invadido. Não tem nem cinco minutos que saí
para roubar as batatinhas da Daisy do
primeiro andar, e quando volto vejo sua sala
aberta. Isso não se faz! Nem vi vocês
entrando.
Rio.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
brinca e sorrimos.
— Pode deixar! — Sorrio. — Preciso te
pedir desculpa. — Ela me olha sem entender.
— Não gostava muito de você, ainda mais
quando soube de você e do Marcos, mas fui
tola. Entre vocês dois, apenas existe uma
grande e linda amizade, é como eu e a
Liziara, só que sem a parte do sexo no
passado... — Rimos.
— Normal, muitos condenam sem saber, e
fico grata por você ter visto que somos
apenas grandes amigos. Eu amo meu marido,
e não o trocaria nunca, mesmo quando ele
me proíbe de sair com o carro porque
sempre dou prejuízo, ou quando ele me
proíbe de comer besteiras o dia todo. E vou
te confessar algo: o ciúme que o Cleber sente
do Marcos não é pelo nosso passado junto, é
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Paula gostava.
— Epa! Pode parar. Eu era educada, o que
é diferente. Ninguém é bocudo e cara de pau
como você e Henrique! — Paula se defende e
eu rio.
— Chega, vamos mudar de assunto.
Afinal, ninguém merece ficar falando dessa
cobra — Ana se manifesta.
— Eu apoio! Vamos falar de quando
Beatriz e Marcos vão casar, ter filhos... —
Paula diz, e eu começo a me engasgar. Minha
tia ri e Marcos dá leves tapas nas minhas
costas.
— Nossa, Bia, está bem? — Daiane
pergunta preocupada.
— Isso aí é apenas susto, porque sabe que
vai acontecer, só não tinha ouvido em voz
alta — Henrique diz.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 11
Meses depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
do mundo.
— Ana está grávida novamente.
— Mentira?! Henrique deve estar todo
bobo! — Filho da mãe não me falou nada hoje
quando falei no caminho para entrevista,
para ver se ele e David já tinham feito o que
pedi.
— Está sim. Estava na Paula quando eu
soube da notícia. Paula pirou, aquela ali ama
crianças.
— Imagino! Ser avó é tudo para ela!
— Sim. Fiquei boba sabendo da novidade.
Eles dois são tão fofos, e agora pais
novamente, vai ser incrível.
— Com certeza! Tomara que seja um
menininho, assim faz casal!
— Sim! Essa família precisa de menino.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
para a Débora.
— Oi, Bia.
— Chegou algo?
— Algo tipo o quê?
— David ou Henrique estiveram por aí?
— Henrique sim.
— Então não chegou nada?
— Não. O que aconteceu?
— Nada. E, por favor, não diga ao Marcos
que liguei desta vez.
— Ok. — Desligo.
Estou muito ansiosa. Planejei tudo com o
Henrique e David há semanas, só que não
contava com a entrevista hoje, para sair dos
horários programados.
Ligo para o David, que atende no
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
primeiro toque.
— Calma. Tive que despistar a Liziara o dia
todo, e só agora o Henrique conseguiu um tempo.
Estamos bolando aqui. Vai rolar hoje, se acalma!
— Estou agoniada. Ele não me atende.
Quero dar logo as novidades a ele. Tive que
fazer quase que um teatro hoje mais cedo.
— Henrique pensou em você aparecer lá.
Assim que chegar lá, nos avisa e enviaremos para
o e-mail da Débora. Ela também não pode saber
de nada. Se quer que dê certo essa surpresa, por
enquanto apenas, eu você e o Henrique podemos
ficar sabendo.
— Pode deixar. Vou me arrumar e vou
para lá. Hoje, já despistei ele e a Liziara.
— Ok. Henrique o viu hoje, e disse que ele está
estranho.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
de verdade?
— Totalmente!
— Marcos, eu...
— Não gosto de perguntar e você sabe.
Mas por você eu faço tudo! Beatriz Ferreira
de Oliveira, diga sim para mim? — Ele me
olha com amor.
— Sim. Merda, estou mais uma vez saindo
dos meus planos, mas por você vale a pena.
Sim, eu digo mil vezes sim para você, Marcos
Escobar!
Ele coloca o anel na minha mão trêmula.
Em seguida coloca a caixinha de lado e
segura meu rosto com ambas as mãos.
— Você é meu ponto fraco, meu sonho,
minha raiva, meu controle, meu amor. Você é
minha! — Ele me beija emocionado.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
vez.
— Qual seria sua melhor taça? —
provoco.
— Você. — Ele me pega no colo e rio.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 12
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Na semana seguinte...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
cozinha.
— O perigo torna tudo mais excitante.
— Marcos, aqui não!
— Tudo bem! — Ele se levanta e me ajuda
a levantar. — Vamos subir.
— Você não vale nada.
Ele ri.
— Nem um centavo. Vamos logo, mulher!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
escolhesse tudo.
— Podemos entrar? — pergunto chocada.
— Claro.
Ele abre a porta e entramos na casa. O
primeiro cômodo que nos deparamos é
enorme, todo branco, tem um longo
corredor, e uma escada de madeira com o
corrimão de vidro que dá acesso ao andar
superior, embaixo há flores, parece de casa
de novela.
— Marcos... Isso...
— Precisa de reforma, eu sei. Acredito
que em menos de seis meses esteja do jeito
que quer. É muito grande, tem cinco quartos,
todos com suíte, sala de jantar e de estar, três
banheiros, e três lavabos, piscina, biblioteca,
ambientes para escritórios... Bom, vou te
mostrar, é bem grande, então pode ser que a
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
abraça.
— Eu te amo, e farei de tudo por vocês.
— Você já é tudo que eu preciso.
— Idem, amor. — Ele me beija e sorrio. —
Não vejo a hora de assinar muitas sentenças
suas em cada cômodo aqui.
— Marcos! — Dou um tapa de leve em seu
braço e ele ri. — Te amo, seu louco!
— Louco por você, porra! — Ele me beija.
Às vezes, penso que tudo pode ser um
sonho, mas toda vez que sinto seus beijos,
seus toques, vejo que é real. Merda, é real!
Depois de sábado, não terei mais como
pensar que pode ser um sonho, a realidade
vai gritar para mim e dizer: Sua louca, você vai
ser mãe, se casou com Marcos Escobar, o juiz mais
conhecido do país!
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Capítulo 13
Meses depois...
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
— É MENINO!
Concordo e ele chora emocionado.
— Este era o momento certo para te
contar. Na tranquilidade, e com essa vista
esplêndida. Amor, seremos pais de um
garotão.
Ele segura meu rosto com as mãos
trêmulas, e me beija.
— Porra, Henrique e David precisam
saber! — diz animado e planta um beijo na
minha barriga. — É, vai ser foda como o
papai.
Rio.
— Não! Vai me prometer que vai guardar
segredo. Vão saber só quando nascer. Quero
manter o suspense para eles.
— Eu prometo.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Epílogo
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
estou brincando!
— Me acalmar? Nunca! Chame o Simon,
porque eu quero testemunhas quando eu te
matar.
— Na verdade, não deveria querer.
— Mas eu quero. Para todos terem a
certeza do porquê te matei!
— Amor, senta.
— Só vou fazer isso, porque estou
tremendo!
Ela se senta e fica me olhando
atentamente. Começo a retirar o paletó.
— Não quero um striptease!
— Porra, apenas espere!
Entrego o paletó a ela, e logo depois
começo a retirar a camisa com um pouco
mais de dificuldade. Entrego a camisa a ela,
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Fim
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Bônus
“BELOS E FAMOSOS”
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por mais
um sonho realizado, e por sempre me dar
forças e alegrias no decorrer do caminho.
Obrigada a Editora Angel, mais uma vez,
por acreditar no meu trabalho.
Obrigada ao Sr. Google, por me ajudar em
diversas dúvidas. E Cláudia por me dar uma
excelente ideia em um dos capítulos.
Minhas amadas betas e amigas, Liziara
Araújo e Beatriz Ferreira, muito obrigada
por todas as dicas, inspirações e por
aguentarem minhas loucuras por essa série,
e entrarem na loucura também.
Obrigada as minhas leitoras da
plataforma Wattpad, que me animaram, me
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Biografia
Deby Incour nasceu em Guarulhos, na
Grande São Paulo. Apaixonada por livros, ela
escreveu seu primeiro romance em 2014,
que foi publicado pela Editora Angel. Desde
então, nunca mais parou. Os livros fazem
com que se sinta em um mundo mágico, onde
existe tudo que se pode imaginar. Em 2016,
foi best-seller na Amazon brasileira, com o
livro “Meu advogado”; e isso foi para ela uma
imensa conquista.
Instagram.com/autoradebyincour
wattpad.com/debyincour
facebook.com/debyincour
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Editora Angel
Visite nosso site:
www.editoraangel.com.br
PERIGOSAS ACHERON
Copyright © 2018 Deby Incour
Copyright © 2018 Editora Angel
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer
forma, meios eletrônico ou mecânico sem a permissão por escrito do Autor e/ou Editor.
(Lei 9.610 de 19/02/1998.)
1ª Edição
Caros leitores,
Este livro... melhor dizendo, este conto foi feito com muito
amor e carinho. Torço para que gostem. Fazer uma história
que envolva um lado criminal, mesmo sendo muito curta, não
foi fácil, e foram feitas algumas pesquisas. Tudo aqui é
totalmente ficcional. Pulei alguns atos da lei para não
falar demais e acabar falando coisas sem sentido. Espero que
gostem.
Com amor, Deby.
Dedicatória:
Para Beatriz e Liziara, minhas grandes fontes de inspirações para as
cenas em que seus nomes aparecem no livro.
Senhor Google, você também merece estar aqui, mesmo me dando várias
respostas diferentes para algumas pesquisas. Te dedico este conto.
Um
Daiane Escobar
Daiane Escobar
— Sério, Daiane, você tinha que dar motivos para fofocas justo neste
momento? — Henrique me questiona.
Estamos todos na sala da minha mãe. Viemos para cá, após o enterro. E
eu que pensei que as notícias sairiam amanhã, saiu hoje mesmo.
— Eu dar motivos? Era só o que me faltava! — Abaixo a tela do
notebook com força. Levanto-me do sofá.
— Nossa família anda muito na mídia, não acha? — David pergunta. —
Não dava para evitar uma fofoca pelo menos nessa semana?
— Só pode ser brincadeira de vocês.
— Gente, por favor... — minha mãe diz.
— Por favor, uma porra! — Henrique diz alterado.
— Henrique! — Ana diz a ele. — Parem. Ela não tem culpa desses
idiotas.
— Ana está certa. Chega disso, pessoal — Liziara se manifesta.
— Eles têm razão. Daiane está demais. Poderia ter evitado pelo menos
hoje! — meu tio diz.
— Marcos, não coloque mais lenha! Respeitem o momento — Beatriz
diz.
— Estou atrapalhando, não é isso? Está tudo bem!
Saio da sala e subo para meu quarto, já de saco cheio de tudo isso. Pego
duas malas no closet e começo a colocar tudo que será necessário. Coloco uma
calça jeans e bota sem salto. Visto uma blusa de frio, pois está chovendo e frio.
Pego minha bolsa, as malas e desço.
Todos me olham.
— Filha, onde vai? — minha mãe pergunta preocupada.
— Vou viajar. Aproveitem o tempo sem a mídia difamar o sobrenome
Escobar por minha causa. Ana, você pode me ligar se precisar. Não quero
seguranças na minha cola.
— Daiane, é tarde. Aonde vai?! — meu tio, pergunta.
— Não interessa.
Saio da sala com o David e Henrique me chamando. Mas escuto quando
minha mãe diz para me deixarem em paz, porque preciso ficar sozinha.
Coloco as malas no carro e sigo para qualquer lugar, longe do ambiente
Escobar. Talvez eu vá para o interior do estado, sempre gostei de lugares assim.
Chegando ao local, vejo uma pousada ou hotel. Só quero sair logo da cidade.
Mãe, estou bem. Vou tirar minhas férias merecida. Avise que não estarei
para a audiência, e que passem para outro promotor. Sei que posso me
prejudicar por isso, mas preciso deste tempo. Depois entro em contato e digo
sobre minhas férias com eles. Amo a senhora, beijos.
Jacob Casagrande
— Ainda não acredito, que estamos voltando. Jacob, não tivemos nem
dois dias de lua de mel! — Poliana reclama ao meu lado.
— Não tive escolhas. Você viu quando me ligaram, preciso estar aqui
para substituir uma promotora que não poderá ficar com um caso.
— E só tem você de promotor?
— Poliana, menos. Depois retornamos para a viagem.
Entro com o carro na fazenda. Vim logo após receber a ligação do meu
escritório. Por sorte estávamos em uma cidade vizinha, onde a Poliana escolheu.
— Choveu muito aqui. A estrada estava um caos.
— Sim... E de quem é esse carro na entrada da casa? De branco está
marrom!
— Não tenho ideia. — Estaciono o carro, e desligo. — Ainda é muito
cedo.
Descemos do carro.
— Depois pego as malas. Vamos.
— Prefiro ir para nossa casa. Sua avó e sua filha não são muito minhas
fãs, e não quero que quando acordem, vejam a mim de primeira.
— Deixe de medo, vamos.
— Jacob, não. Eu vou para nossa casa.
— Está bem. Vá com o carro, depois vou com o outro que está aqui.
— Ok. — Entrego a chave e dou um beijo rápido nela.
Ela entra no carro e dá partida.
Subo a escada, e abro a porta, com minha chave.
Entro e fecho a porta. Está tudo calmo. Devem estar dormindo. Vou
direto para o quarto da minha pequena. Abro a porta com cuidado. Ela dorme,
tranquilamente. Fecho a porta com cuidado, e escuto barulho na cozinha.
Caminho para a cozinha. Minha avó está preparando café.
— Já fora da cama?
— Ah, menino! Santo Deus, quer me matar?!
Rio.
Aproximo-me dela e dou um beijo em seu rosto. Encosto na pia.
— Desistiu do casamento? — pergunta animada.
— Não, vó. Eu voltei porque tinha trabalho.
— E Poliana?
— Foi para casa.
— Melhor, assim alivia a bomba.
— Que bomba?
— Nada.
— Vó, o que aprontou?
— Eu? Nada.
— Sei... Vou para o meu quarto. Preciso de um banho para acordar de
vez.
— NÃO! — ela grita. — Quero, dizer... Não. Tome banho no meu, e eu
levo a roupa. Seu quarto está com problemas no banheiro, e vão arrumar.
— Eu pego a roupa e tomo banho em outro banheiro.
— Eu pego a roupa, deve estar cansado.
— Vó, o que está aprontando? Está escondendo algo, e vou descobrir!
— Vá para seu banho! Deixe de papo.
— Está bem, estressada.
Saio da cozinha. Verifico para ver se não me segue. Caminho até meu
quarto, e com cuidado tento abrir a porta, mas sou impedido.
— Papai!
— Oi, princesa! — Pego ela no colo. Está cada dia maior e mais pesada.
— Já voltou? A bisa disse que demoraria um pouco.
— Tive que voltar antes.
Ela sorri e beija meu rosto.
— Vai ficar comigo hoje?
— O dia todo, meu amor.
— Ebaaaaa! — ela grita animada.
Coloco ela no chão.
— Vou escovar os dentes, e tomar café. Você vem, papai?
— Já vou, meu amor. Primeiro vou tomar um banho.
Ela volta para o quarto.
Minha avó vem trazendo roupas limpas.
— Por que não pegou no meu quarto? — questiono.
— Porque estas estavam passadas e limpinhas na lavanderia.
— Hum-hum...
Pego e vou para o banheiro, que fica ao lado do meu quarto. Mas retorno
ao lembrar de algo.
— Vó? — Ela para no corredor e me olha. — De quem é o carro aí fora?
— Carro? Não sei.
— Não sabe? Tem um carro na sua fazenda, na sua porta, e você não
sabe?
— Ah, é do encanador.
— Meu banheiro está com problemas no encanamento?
— Seu banheiro não está com problemas.
— Você disse que estava.
— Ah, é mesmo! Está. Que cabeça a minha. Tenho que ir.
Ela está me escondendo algo. Dona Joana não me engana!
Daiane Escobar
Seu quarto parece de princesa. Sento-me na cama enquanto ela vai até o
guarda-roupa e começa a procurar algo.
— Então, o que devo vestir?
— O que te fizer sentir confortável.
— Verdade!
Ela pega um lindo vestido, entra no banheiro e, depois de alguns
segundos, sai.
— Linda.
— Obrigada.
Ela guarda o pijama e se senta ao meu lado.
— Posso fazer uma trança em você? Vai ficar ainda mais bonita.
— Sim! Eu adoraria.
Ela pega elásticos de cabelo, escova e me entrega. Se senta na cama, de
costas para mim. Começo a pentear seu cabelo com cuidado.
— Você trabalha de quê?
— Sou promotora. Igual seu pai.
— Ele trabalha muito. Quase não temos tempo, porque o que temos, a
Polichata tira de nós.
Sorrio com o apelido.
— Não gosta dela, pelo visto.
— Nem um pouco. E ela também não gosta de mim.
— Por que diz isso?
— Ela não gosta. Eu vejo pela forma que me trata.
— Acredito que seja impressão sua, ou seu pai não se casaria com ela —
tento amenizar.
— Não. Meu pai casou porque ela vivia dizendo que eu precisava de uma
mãe, e porque os pais dela ficavam insistindo.
— Quem te disse isso?
— Tenho dez anos, não sou um bebê mais. E eu escutei conversas.
— Entendo. Sinto muito.
— Só queria meu pai mais tempo comigo.
Não tenho o que responder. Começo a trançar seu cabelo.
— Você tem pai?
— Não. Meu pai morreu há um tempo.
— Que triste. Eu não tenho mãe. Meu pai e minha bisa dizem que ela
morreu, mas que me amou muito e foi uma linda mulher. Eu não lembro dela.
— Nunca viu em fotos?
— Não tem fotos. Sempre pedi uma, mas meu pai nunca me deu.
— Sinto muito.
Termino a trança.
— Terminei. Tem algum espelho pequeno além deste do quarto?
— Sim. Vou pegar.
Ela vai até o banheiro e retorna com um espelho menor. Pego e posiciono
ela em frente ao enorme espelho. Posiciono o espelho pequeno de uma forma
que ela veja sua trança refletida no grande.
— Está linda.
— Que bom que gostou.
Coloco o espelho na cama.
— Vamos — ela diz e saímos do quarto.
Ao passar pela sala, pego meu celular. Tem mensagem da minha mãe.
Vou para a cozinha. Daiane enxuga a louça que minha avó lava e Sophie
guarda.
— Pai, Daiane é boa no UNO, me venceu todas as vezes.
— Isso é um milagre. Todos que jogam com você perdem.
— Deixei ela ganhar — ela diz e ri.
— Ah é... — Daiane bate o pano de prato no braço da Sophie, que ri. —
Sou uma excelente jogadora.
— Verdade. É mesmo — Sophie concorda.
— Jacob, se veio comer vai lavar a louça depois — minha avó diz.
— Sim, senhora.
— A coisa não vem? — ela pergunta.
— Não vó. E a coisa tem nome.
— Não gosto nem de lembrar do nome dela.
Daiane enxuga a louça e finge que não escuta a conversa.
— Você mora onde, Daiane? — Sophie pergunta.
— Na cidade. Mas minha família tem uma fazenda algumas horas antes
daqui.
— Que legal!
— Eu que o diga. Deve ser foda ser da família Escobar! — digo
animado.
— Nem sempre. Pode acreditar. — Noto a sinceridade em suas palavras e
olhar.
— Levaram o carro dela para a garagem. Ajude ela a trazer a outra mala
que ficou lá e a fazer a tal da chupeta no veículo.
— Descarregado? — pergunto.
— É o que parece — Daiane responde.
— Eu posso trazer. É só me dizerem onde é.
— Eu ajudo. — Pego uma maçã na fruteira, mas desisto de comer e
retorno ela. — Vamos.
— Não terminei ainda aqui.
— Vai logo, menina! — minha avó diz tirando o pano de prato dela. Rio.
Levo ela até a garagem.
— É, meu carro precisa de um banho.
— Com certeza.
Ela abre o carro e pega a mala. Mas fica procurando por algo dentro.
— Perdeu algo? — pergunto.
— Espero que não. Merda!
— O que procura?
— Minha arma.
— Não precisa me matar. Vim apenas ajudar. — Ela me olha séria. —
Estou brincando. Onde deixa ela?
— Embaixo do banco. Mas não está. Eu tenho certeza de que eu trou...
Achei! Estava embaixo do banco do passageiro.
Ela coloca embaixo do banco dela e sai do carro.
— Então a moça Escobar tem as habilidades dos irmãos e do tio?
— Quem me dera. Apenas tenho arma por precaução. — Sorrio.
— Vou fazer chupeta no seu carro, com o meu.
Ela concorda. Caminha até o porta-malas, pega o cabo e me entrega.
Faço o que tem que ser feito e o carro dela liga.
— Obrigada.
— Imagine. Agora posso morrer em paz. Ajudei um Escobar.
Ela sorri.
— Você realmente é fã da minha família, não é?
— Sim. Vocês são uma inspiração na lei.
— Nem sempre.
— Sei que fogem as vezes das leis, mas é isso que me atrai. Porque
mesmo fazendo errado, agem certo.
— Pensando por esse lado.
— Vamos?
— Vamos sim.
Estamos retornando para a casa. O caminho é em silêncio. Já percebi que
ela fica desconfortável perto de mim, e por isso não insisto em falar. Ela sobe a
escada na minha frente. E porra, que me chamem de pecador, mas que bunda do
caralho! Sou casado, e não cego.
Entramos na sala.
— Obrigada mais uma vez. Preciso falar com sua avó. Com licença. —
Ela sai rapidamente da sala.
Ela realmente está fugindo de mim. Porra, tenho a chance de estar
próximo a um Escobar, e quando estou, foge de mim. Está foda!
Três
Daiane Escobar
Uma foto dele está logo abaixo da notícia, junto a outros homens na
reunião de Nova York.
Pergunto-me por que ele se inspira na minha família, nós que temos que
nos inspirar nele, que faz tudo correto. Todas as notícias que vi até agora são
elogios, até mesmo nos sites de fofocas.
— É, Poliana, você ganhou na loteria. Bonito, inteligente e, de brinde,
rico. Tudo o você sempre quis — penso alto.
Largo o celular e fico olhando para o teto.
Se existe realmente o papo de destino, o meu está brincando com a minha
cara. Tanto lugar para parar, e vim parar justo nesta fazenda. Se isso não é azar,
desisto de pensar o que pode ser.
A porta se abre lentamente e fico observando. Se for aquela louca, ela vai
sair voando daqui.
— Daiane?
Sophie entra.
Sento na cama. Ela acende a luz.
— Posso falar com você? — pergunta já encostando a porta.
— Claro. Sente aqui. — Indico a cama. Ela se senta. — Pensei que já
estava dormindo.
— Não. Na verdade, eu estava pesquisando sobre você na internet.
— Sério?! — pergunto surpresa.
— Eu disse que já tinha te visto. Você é bem falada na internet.
— Sim...
— É verdade tudo o que dizem?
— Depende. Algumas coisas sim, outras não.
— Meu pai também aparece muito em notícias, mas nunca falam de
mim.
— Posso contar um segredo?
Ela concorda.
— Eu queria não aparecer nas notícias. Nem sempre é bom o que dizem,
e isso pode te fazer mal.
— Pode ser que tenha razão... A Poliana conhece seu irmão? — Engulo
em seco — Vi sobre ela com um tal de David, mas é antiga as notícias.
— Você não deveria dormir? E realmente tem dez anos? — pergunto
assustada.
— Tenho dez anos, e em dias de chuvas assim, suspendem as aulas aqui.
Então não tenho o porquê de dormir cedo. E tenho tablet e celular em mãos.
— Percebi.
— Não me respondeu. — Garota direta.
— Sophie, isso é passado. Melhor esquecermos esse assunto.
— Você também não gosta dela. Eu percebi e está me escondendo algo.
Mas tudo bem. Ninguém gosta dela mesmo. Nem minha bisa gosta dela. Só
queria saber por que você não gosta.
Certo, eu estou pagando meus pecados. Uma criança está me
questionando e me deixando sem fala!
— Não é que não gosto dela. Apenas não sou a favor de algumas atitudes
dela... — minto.
— Isso é não gostar.
— Você é sempre assim? Inteligente demais?
Ela sorri.
— Sou esperta, fazer o quê!
— Notei. Mas é melhor ir para a cama, está tarde, antes que seu pai
acorde e veja você acordada.
— Ele vai apenas dizer: “Sophie, vai para cama já!” — ela diz com uma
voz grossa, e rio.
— Mas vamos evitá-lo de dizer isso?
— Está bem. Me leva até o quarto?
— Com certeza! Vou garantir que ficará longe da internet.
Ela ri.
Fomos para seu quarto. Ela deita na cama.
— Boa noite, espertinha!
Ela sorri.
— Boa noite, princesinha Escobar. — Fico boquiaberta.
— Você realmente precisa ficar longe da internet.
Ela ri.
Apago a luz e saio de seu quarto.
Entro no quarto que estou, a tempo de escutar meu celular tocar.
O nome do Henrique aparece na tela.
— O que você quer? Não tem noção da hora?
— Daiane, onde está? Porra, está todo mundo preocupado. Você não
usou cartões, nem a fazenda. — Sua voz é de desespero.
— Sério que estão me rastreando? Que ridículo! — Rio.
— Tentamos até seu celular e carro, mas não encontra o lugar. Por
favor, estamos preocupados. Desculpe o que falei. Porra, eu estava nervoso.
Volta para casa.
— Henrique, acorda! Sou maior de idade, vacinada, e não preciso do
dinheiro de vocês. Então cuide da sua filha, e sua mulher, e deixe que da minha
vida cuido eu. Não interessa aonde estou, e pouco interessa para onde irei
depois. Apenas me deixe em paz.
— Daiane, para de putaria. A mãe está angustiada. Você deixou a
audiência que tinha de lado.
— Eu estou bem. Muito bem. Não precisa ninguém se preocupar.
— Pode, pelo menos, dizer em que lugar está?
— Em uma fazenda. Satisfeito?
— Não. Eu não estou satisfeito.
— Problema seu!
— Nos mantenha informados. Você está sem segurança.
— Henrique, a única pessoa que vai precisar de segurança é uma idiota
que calhei de encontrar, caso ela me provoque. Vai dormir.
— Se cuida. Te amo, pirralha!
— Eu sei, também amo você. Amo todos vocês, mas preciso ficar longe
um tempo. Beijos. — Desligo.
Essa noite está cheia de questionamentos.
Saio do quarto. Preciso de água e ar.
Vou para a cozinha, que é iluminada pelos clarões da tempestade. Encho
um copo com água.
Abro a porta que dá para o quintal, e encosto no batente. Fico observando
a tempestade. Bebo um pouco da água e fico segurando o copo.
Nunca pensei, que seria bom, ficar um pouco longe da cidade, e da
família. Viver um pouco da independência que tenho direito. Vivi minha vida em
função de todo mundo, e esqueci de mim. Não estou com raiva pelo que me
disseram em casa, apenas chateada, mas logo passa. Ficar longe por um tempo
vai me fazer muito bem.
— Gosta de tempo assim?
Viro-me assustada e sorrio.
— Gosto sim, Joana.
— Eu também. Ela acalma. Mas também nos ajuda a refletir.
— E como!
— Fugir dos problemas não vai resolvê-los.
— Não estou fugindo.
— Sempre dizemos isso, mas vivemos em constante fuga.
— Foram problemas familiares. Digamos que estava fazendo o
sobrenome Escobar ser citado demais, e quando precisei não tive apoio das
pessoas que tanto ajudei.
— Eu sei como é isso. Por isso não coloco minha mão no fogo por
ninguém, porque já fui queimada. Por mais que amemos alguém, temos que
limitar esse amor e nos colocarmos em primeiro lugar as vezes.
— Percebi isso... Demorei, mas percebi.
— Antes tarde do que nunca. Vocês jovens fazem tantas burradas, que
essa frase se tornou constante em minha boca.
Sorrio.
— Até que eu não faço tantas.
— Poderia ensinar ao meu neto, então. Porque eu quero acreditar que
Poliana fez alguma mandinga para prender ele. Não pode ser burro ao nível que
está sendo. Tem que ser mandinga.
Rio.
— Ele deve amar ela. Tem louco para tudo.
Ela ri.
— Amar ela? Menina, se aquilo é amor, desisto da humanidade.
— Não posso dizer nada a respeito. Para o amor, eu sou um desastre. No
entanto, nunca namorei, sempre foram casos de uma noite, e nada mais.
— Melhor ser assim do que encontrar um cara estilo Poliana.
Sorrio.
— Pelo visto, ninguém realmente gosta dela.
— Acho que nem ela mesmo se gosta. Por isso digo que foi mandinga
em cima do Jacob. Mulher interesseira como a mãe, vulgar, e nem sequer aceita
a Sophie. Tenho muitos motivos para não gostar dela, e você quais os motivos?
— Está realmente na minha cara que não gosto dela — comento
sorrindo. — Bom, minha família teve alguns problemas por culpa dela, e eu
nunca fui com a cara dela.
— Nunca foi com a cara de quem?
Joana grita com a voz que surgiu.
— Menino, quer me matar? Deus me livre!
Ele sorri.
— Fica fofocando, e não vê as pessoas chegarem — Jacob diz sorrindo.
— Você me respeita! — Ela acerta um tapa em braço e, em seguida, pega
uma garrafa de água na geladeira.
— Vou dormir. Boa noite! — Ela para ao lado dele e me olha. — Eu digo
que é mandinga. Lua de mel, e nem sexo, pelo visto, está acontecendo — diz
apontando para ele e me engasgo com a própria saliva. Bebo o restante de água
no meu copo.
Ela se afasta, rindo. Coloco o copo na pia.
— Não ligue para o que ela diz.
Concordo sorrindo.
— Vou dormir.
— Por que foge de mim?
— Não estou fugindo. Apenas vou dormir.
— Percebi que evita contato visual, e sempre arranja uma oportunidade e
foge.
— Impressão sua — minto.
— Duvido, mas fingirei que acredito.
Que se dane, vou perguntar.
— Por que se casou com ela?
Ele me olha impressionado.
— Porque...
— Amor, o que faz aqui? — Ele é interrompido por ela.
— Já vou indo.
Saio da cozinha o mais rápido possível. Preciso sair daqui, antes que eu
abra minha boca de vez sobre Poliana. E que merda foi essa de questioná-lo?
Quanto menos eu souber, será muito melhor.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Jacob Casagrande
Abro os olhos e vejo de quem estou querendo fugir, e sei que não é uma
miragem. Ela me observa, surpresa. Não paro o que estou fazendo, porém, desta
vez, de olhos bem abertos focados nela.
Daiane Escobar
Estefan chega, e coloca as coisas em seu carro. Disse que vão vir buscar
meu automóvel.
Despeço-me da Joana e da Sophie. Jacob e Poliana não vejo, e dou
graças a Deus por isso.
A chuva não amenizou, mas sairia até em um dilúvio, para não ficar mais
nem um segundo aqui.
Entro no carro e Estefan se vira para trás.
— A Sra. Escobar está bem preocupada — ele diz. E só então me lembro
de uma coisa.
— Merda, é por isso tantas ligações no meu celular e eu perdi todas e
esqueci de ligar. Amanhã é aniversário dela. Como eu posso ter esquecido? Que
péssima filha! Estefan, vamos para casa. E não esqueça que meu carro precisa
sair daqui hoje. — Ele concorda e se vira para frente.
O caminho para sair da estrada da fazenda é bem tenso, mas
conseguimos passar. Estefan é um bom motorista e sabe o que faz. Pegamos o
atalho da estrada, que nos leva direto para a rodovia.
Ligo para minha mãe, que atende rapidamente.
— Pelo amor de Deus, me diga onde está!
— Daqui algumas horas chego em casa. Não avise ninguém. Depois
conversamos.
— Graças a Deus. Eu estou desesperada. Te aguardo. Te amo, filha!
— Também te amo. Beijos. — Desligo o celular e jogo na bolsa.
Encosto a cabeça no banco, e imagens do Jacob cantando invadem minha
memória.
— Estefan, dá para atirar nas memórias sem atingir o cérebro? — Ele me
olha pelo retrovisor e sorri.
— É, então estou bem ferrada.
— Senhorita, sei que pediu para que eu não dissesse nada. Mas o Simon
é meu supervisor, e eu tive que dizer.
— Tudo bem, Estefan.
— E a senhorita sabe que o Simon não esconde nada do senhor Marcos,
não é?
— Sei. E é por isso que já estou me preparando para aguentar a chuva de
perguntas.
— Sinto muito — ele é sincero em suas palavras.
— Relaxa. Até parece que não conheço como funciona essa família. O
pateta chefe descobre e fofoca para o pateta número um, que fofoca para o pateta
número dois, então os três patetas se juntam e vão patetar a vida alheia. —
Sorrio e vejo ele fazendo o mesmo. — Eu sei, buguei sua mente. — Ele ri.
Jacob Casagrande
Já estou em São Paulo, no hotel que reservei. Vim o caminho todo com
os pensamentos em certa pessoa, e que Deus me perdoe, mas não era na minha
esposa.
Estou começando a achar que esse tempo todo, a única pessoa da família
Escobar que eu realmente sou fã é uma bela morena, que vou substituir amanhã
na audiência.
— É, Daiane, acho que minha fascinação na verdade era por você!
Esfrego o rosto e deito na cama. Olho para o aro dourado em minha mão
esquerda, e logo me vem à memória quando decidi que tinha que colocá-lo em
meu dedo, e no da Poliana.
Entrei na sala, onde fui informado que o pai dela estava. Vi o senhor de
cabelos brancos, aparência de uma pessoa cansada. Ele estava sentado na
poltrona, e assim que me viu sorriu. Ele é um bom homem, diferente da esposa.
Respirei fundo. Precisava seguir em frente com o que tinha ido fazer.
— Assim que me disseram que estava aqui, e queria falar comigo,
imaginei o que seria.
Olhei sem entender.
— Minha esposa não está e nem minha filha. Uma ótima oportunidade
para dizer o que tem em mente.
Engoli em seco.
— Sente, por favor. — Ele indicou o sofá ao lado e fiz o que pediu.
— Senhor Luiz, não sei nem como dizer isso, sem parecer grosso ou
direto.
Ele sorriu de um modo triste.
— Mas não posso mais... Não posso dar continuidade a este
compromisso com ela. Eu tentei, mas não dá. Nunca foi a minha intenção casar
com ela. O senhor sabe que foi por insistência de sua esposa e da sua filha que
ficamos noivos, mas ela sempre soube que eu nunca a amei. Eu não posso
continuar com isso. Eu sinto muito, mas não posso me casar com ela. E por
valorizar demais a família, queria que o primeiro a saber disso fosse o senhor —
soltei as palavras de uma vez, e senti um peso sair de mim.
— Eu já sabia. Sempre soube que nunca a amou. Você é um bom rapaz,
menino, e merece alguém que te faça feliz, e ela não fará isso. Infelizmente,
acredito que ela nunca faça ninguém feliz, e isso também é culpa minha, por ter
permitido que minha esposa criasse-a desse modo e não intervisse. — A tristeza
está em suas palavras. E isso me corta o coração. — Eu nem tenho o direito de
te fazer qualquer pedido, mas eu preciso.
— Pode me pedir qualquer coisa!
— Case-se com ela. — Olhei espantado. — Nem que seja para se
separar no dia seguinte, ou na semana seguinte. Eu peço isso, não por ela, mas
pelo nome da minha família. Poliana já destruiu demais o sobrenome Xavier. —
As lágrimas escorrem por seu rosto. — Eu não vou aguentar mais pessoas nos
apontando. A cidade inteira já sabe desse casamento. Pode ser uma cerimônia
apenas no civil, não precisa de jornais, e nem quero que saia neles. Mas por
mim, pela minha família. Já não temos mais nada, e não posso perder o resto de
dignidade que me resta. Estou cansado, já não sou mais saudável o bastante
para aguentar mais humilhações. Se fosse apenas ela que saísse humilhada, eu
juro que não iria me importar, e não me envergonho de dizer isso, porque ela
merece depois de tantas coisas ruins que tem feito. Mas, meu rapaz, é o
sobrenome da única coisa que me resta, que vai sujar ainda mais. — As
lágrimas não param de escorrer por seu rosto, e suas mãos tremem sem parar.
Fiquei sem saber o que fazer. Vi a dor em suas palavras e em seus olhos.
— Ela se casando e separando, já não será tão falado, quando você
desistir antes do casamento. Eu te imploro. Até me ajoelharia a sua frente, para
pedir isso, se eu pudesse. O que estou te pedindo pode ser um absurdo para
você, mas é a única forma de não destruir por completo essa família. Não quero
seu dinheiro, e nem aconselho que partilhe algo com ela. Sei que tem uma filha,
e pela sua filha também não aconselho que fique com Poliana. Tudo o que eu
peço é que se case apenas e depois tem meu total apoio para se separar dela,
quando quiser. Eu imploro. — Sua voz é carregada pelas lágrimas. E sinto uma
dor forte ao vê-lo assim. Sei o quanto tem sofrido com as atitudes da filha e da
mulher, e hoje se vê que não tem mais forças para tentar mudar os erros da
criação. — Pensei o quanto será falado que o promotor Casagrande largou-a
antes do casamento. Depois podem fazer de um modo restrito a separação...
Levantei-me do sofá. Ele olhou para o chão e com as mãos trêmulas
enxugou as lágrimas.
— Não se preocupe. Farei o que for possível para não sujar a sua
família. O senhor não merece. Eu devia ter dado um basta quando começou a
ser um namoro, mas não fiz, então devo ao senhor um apoio, pois sei que é um
bom homem e merece um pouco de paz. Preciso ir, agora. — Saí da sala às
pressas. Eu precisava de ar, muito ar.
Daiane Escobar
Sua Cara começa a tocar. Olho para ele, que mostra suas intenções
apenas com o olhar. O que me motiva a continuar dançando sensualmente. Se a
mídia quer falar de mim, que fale com motivos agora. Ao imaginar as manchetes
amanhã, sorrio novamente. Suas mãos contornam meu corpo, e não impeço.
Iludido, se acha que depois dessa dança terá algo.
A música termina, e ele indica o bar, para onde vamos.
Está lotado, mas encontro um espaço onde encostamos, à espera de
sermos atendidos.
— Tão linda quanto nas revistas e jornais — ele diz. Não é feio, mas
também não tem cara que faz meu tipo, nem para conversar.
— Obrigada. Eles usam muito Photoshop, a realidade na maioria das
vezes é sempre melhor. — Sorrio.
— Me chamo Nathan — ele diz.
— Bom, o meu já deve saber, afinal me viu nos jornais e revistas — sou
direta.
— Touché!
Assim que nos atendem, pedimos a bebida. Optei por cerveja, não sou
muito fã de bebidas com muitas misturas. Já deixamos paga.
— Vodca! — alguém diz ao meu lado, e tenho certeza de que não estou
bêbada, e nem louca, para garantir que conheço essa voz.
Não me viro. Fico estática.
— Vamos dançar novamente? Ou se preferir, podemos ir para outro lugar
— o cara, que até esqueci o nome, de tão nervosa que estou, diz.
— Na verdade, não vai rolar. Estou com a família. Às vezes, sou santa!
— Ele me olha sem entender e se afasta.
Viro-me lentamente, para o lado de onde ouvi a voz. Mas é uma mulher.
Fico olhando sem compreender. Eu não estou louca!
Tomo um bom gole da cerveja, e deixo no balcão. Afasto-me e subo para
a área VIP. Todos já estão lá.
— Está pálida, Daiane. O que houve? — minha mãe pergunta e todos me
olham em alerta.
— Acho que virei a bebida rápido demais — minto. — Cansou de
dançar, mãe? — mudo de assunto e me sento.
— Pior que sim — ela diz rindo.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Aquele cara está testando minha humilde paciência. Ele tinha que estar
no mesmo lugar que eu? Não poderia ser em outro lugar? Acho que em outra
vida, cometi muitos erros, e estou pagando nessa.
— Daiane, o que houve? — Olho rapidamente para minha mãe e volto a
atenção para a avenida.
— Nada. Absolutamente nada! — Dou um soco de leve no volante.
Preferi vir dirigindo. Não deveria, mas preferi. Estou bem.
— Aconteceu sim. Largou todos na boate e resolveu vir embora,
dirigindo, depois de ter bebido. Tive que te acompanhar, ou seu tio e seu irmão
te matariam. Então trate de me dizer o que está acontecendo para estar estranha.
Sou sua mãe e isso não foi um pedido, foi uma ordem. Desembucha, Daiane
Gabrielle Escobar!
Respiro fundo. Entro em uma rua movimentada, onde estaciono o carro,
e então desligo.
Viro-me para ela, que me olha atentamente.
— A culpa por eu estar assim é do Jacob Casagrande. De alguma forma,
completamente inexplicável, quando ele está por perto, começo a sentir coisas
estranhas, e estou com medo. O imbecil é casado com a inimiga da família
Escobar. E tudo o que eu não preciso é de problemas, ainda mais neste momento
que meu nome não sai da mídia.
Ela solta o cinto e segura minha mão.
— Filha, o que realmente aconteceu naquele lugar?
— Nada, mãe, eu juro! Mas Poliana e a filha dele perceberam algo, não
sei. Mãe, eu estou ferrada!
— Sei que isso não foi uma pergunta, mas tenho que concordar. Está
muito ferrada!
— O que eu faço? Estou sem saber, e odeio quando fico sem saber como
resolver algo.
Ela sorri.
— Poderia dizer para seguir seu coração, mas eu estaria sendo errada. Às
vezes, não podemos seguir o coração, pois muita gente pode sair ferida,
inclusive nós. Deixe o tempo cuidar de tudo. Sempre acreditei em destinos, e não
deve ser à toa que você foi parar justo na casa da avó dele, e ele tenha ficado
com a audiência que era sua na promotoria, e também ambos estarem no mesmo
lugar hoje. — Ela toma fôlego e continua: — Deixe o tempo cuidar de tudo, mas
não tente interferir, e tenha consciência de suas ações, pois não envolve apenas
ele, ou você, mas também Poliana, que, por mais que não seja uma pessoa legal,
você não deve descer ao nível dela, e ela é um ser humano, e envolve uma
criança, que pode ficar confusa no meio dessa bagunça. Pense muito bem antes
de tomar qualquer decisão. — Ela solta minha mão e recoloca o cinto.
— Vamos ver o que vai acontecer, mas obrigada pelo conselho, de
verdade, mãe!
Ela sorri e assente.
— Mas e o homão da porra, que você ficou dançando?
Ela sorri envergonhada.
— Não foi nada de mais. Me diverti, mas foi apenas isso.
Ligo o carro e sorrio, retomando o caminho para casa.
— Ele tem os traços semelhantes com...
— É, eu sei... — ela me interrompe e logo após fica olhando pela janela.
Coloco uma mão na sua, e acaricio. Sei que será muito difícil para ela
conseguir superar o grande amor da vida dela: meu pai.
Ao chegarmos em casa, entro primeiro, pois minha mãe fica falando com
os seguranças que a parabenizam pelo seu dia.
Alguém grita atrás de mim, e grito junto de susto. Me viro e é o
Henrique.
— Filho da mãe! Quer me matar, infeliz? — digo com a mão sobre o
peito, onde sinto meu coração completamente acelerado. O idiota fica rindo.
— Está devendo? Se assustando à toa.
— À toa? Você surge do nada e ainda grita! Quanta maturidade, nem
parece ser meu irmão mais velho e um homem que é pai e casado! — Ele me dá
um beijo na bochecha e se joga no sofá. — O que faz aqui? Cadê a Ana?
— Vim dar pessoalmente parabéns para a mãe e trazer o presente dela. A
Ana está em casa. Logo irei embora. Cheguei agorinha. Marcos avisou que
tinham saído da boate.
— Que maravilha. Agora tenho um GPS humano rastreando cada passo
meu!
Ele ri.
Minha mãe entra e Henrique vai até ela, parabenizando em nome dele e
da Ana.
Sento no sofá e retiro o salto.
Ele entrega uma caixinha a ela, e é uma Pandora.
— Que linda, Henrique! — ela diz emocionada e ele coloca nela.
— E no meu aniversário você me deu um buquê de flores! Direitos iguais
existem apenas no trabalho, pelo visto — brinco e ele ri.
— Ciuminho, maninha? — provoca e mostro o dedo para ele.
— Não comecem! — minha mãe repreende e começamos a rir. — Vocês
querem me deixar louca! Eu sou cardíaca.
— Mãe, já vou. Saí de casa e a Ana Louise estava dormindo. Não sei se
ela vai ver o celular e nem o bilhete, deixei mensagem para ela avisando que
viria, então melhor eu retornar para ela não se preocupar. E também a Yasmim
estava dormindo na cama com a mãe, mas como aprendeu descer sozinha, se
acordar antes da Ana, vai colocar fogo na casa.
Minha mãe sorri.
— Vai lá e dá um beijão nas duas por mim. Amanhã tenho uma
audiência, e depois passo lá para ver elas.
— Vai sim. — Ele dá um beijo nela e, em seguida, em mim. — Fui. —
ele sai.
Minha mãe me olha e depois para a pulseira sorrindo.
— Não adianta me olhar, não comprei nada para te dar. Estou falida —
brinco e ela pega uma almofada e atira em mim.
— Vou mostrar para o David e o Marcos depois — ela diz rindo.
— Que horror, mãe! Depois eu sou a terrível. Sabe muito bem que eles
competem nos presentes para te dar. — Rio.
— Eu apenas dou a lenha, fica a critério deles colocar o fogo. — Rimos.
— Vou tomar um banho, e descansar. Estou precisando disso. Aproveitar
que peguei minhas férias. Talvez eu vá para a casa de praia, não sei ainda.
— Só não suma como fez! — Dou uma piscadela, pego meus sapatos e
subo para meu quarto.
Jacob Casagrande
Acabo de sair da audiência. Estou acabado. Não dormi quase nada noite
passada, e enfrentar uma audiência hoje, não ajudou em nada.
Saio para a escadaria da entrada. Retiro meu celular do bolso e ligo ele.
Tem duas chamadas perdidas da minha avó, e uma da Sophie, e dez da Poliana.
Depois eu ligo, pois sei que essas chamadas significam problemas, e não estou
querendo resolvê-los no momento.
— Que porra, Henrique! Saia logo, antes que eu te mate. Eu queria estar
longe deste lugar nas minhas férias, e você fez eu vir te buscar, porque seu carro
não poderia rodar hoje, e agora fica me enrolando? Estou há quase uma hora
aqui te esperando. Sei muito bem que já terminou a sua audiência. Saia logo,
merda!
Viro-me para onde escuto a voz da pessoa raivosa. Ela senta na escadaria
e joga o celular na bolsa.
Essa eu não perco por nada. Desço parando no degrau abaixo dela. Ela
me olha assustada e depois revira os olhos. Retiro meu paletó, está um calor
infernal.
— Qual é, cara? Isso já é perseguição!
— Bom, eu tinha uma audiência hoje, já você... — provoco.
— Não estava te esperando, e nunca estaria. Eu vim buscar meu irmão,
mas me esqueci de que ele adora ficar fofocando nos corredores, quando acaba a
audiência.
— Adorei nossa foto nos jornais.
Ela me olha assustada.
— Nossa o quê? Eu não acredito! — diz alterada e se levanta.
Está nas notícias mais lidas em um site e na capa de um jornal minha foto
com ela, ontem na boate, o que imagino que seja esse o motivo das ligações em
meu celular.
— Só não entendo por que não colocaram “Jacob Casagrande e Daiane
Gabrielle Escobar são vistos juntos” ao invés de “Jacob Casagrande e Daiane
Escobar”...
Ela me olha franzindo o cenho.
— Como você sabe...
— Que se chama Daiane Gabrielle? Fiquei com sua audiência.
— Verdade, você teve acesso a minha ficha.
— Fiquei curioso. Porque nunca usa o segundo nome, e pelo visto
somente no trabalho sabem da existência dele.
— Longa história, e não lhe diz respeito.
— Nossa, não tem nem cinco minutos que estamos conversando e já me
deu patada. Isso é tão indelicado — provoco e ela me olha com mais raiva ainda.
— Faz assim, vou embora amanhã, então janta comigo hoje e me conta sobre
esconder seu segundo nome.
— Eu não vou sair com você. Você é casado!
— Te chamei para jantar, não para meu quarto de hotel. Te pego hoje as
oito, e sim, também vi seu endereço e número de celular na sua ficha. Até mais!
— Desço as escadas, sem dar tempo dela dizer qualquer coisa.
Entro em meu carro no estacionamento e só então ligo para minha avó, e
assim saber o que aconteceu.
— Jacob, menino do céu, eu estou desesperada atrás de você.
— Aconteceu algo com a Sophie? — pergunto alarmado.
— Não! É que parece que saiu não sei o que sobre você e a moça
Escobar, e a megera da sua esposa viu, e começou a surtar e a Sophie provocou
a doida, e eu não sabia mais o que fazer.
— Sophie foi para a escola?
— Menino, eu disse que mundo estava acabando aqui, e você me
pergunta isso? Mas, foi sim! Levei ela, porque não queria de jeito nenhum
deixar a Poliana levar.
— Fez bem em não deixar elas juntas sozinhas.
— É verdade que esteve com a moça?
— Acabamos nos esbarrando, mas não foi nada planejado. E a mídia,
como vive em cima da família dela, acabou registrando o momento.
— Sua mulher está louca. Se eu fosse você voltava logo.
— Não se preocupe, depois me entendo com ela.
— Não estou preocupada com ela. Estou preocupada comigo, de eu
perder a paciência e afogar ela no rio, ou jogar ela no estrume das vacas.
Rio.
— Amanhã retorno.
— Pensei que viria hoje.
— Tenho compromisso. Mais tarde ligo e falo com a Sophie. Qualquer
coisa me ligue.
— Ligarei mesmo. Você fez a cagada de casar com a louca, e eu que
tenho que aturar. Estou ficando uma velha mole!
Sorrio.
— Beijos, vó.
— Beijos e se alimente direito! — diz e desliga.
Coloco o cinto e saio do estacionamento. Se a Poliana já surtou pela foto
na boate, não quero nem imaginar se sair alguma foto no restaurante onde vou
levar a Daiane. Mas, é como eu disse: Estou levando ela para jantar, e não para
o meu quarto de hotel.
Coloco meus óculos de sol e ligo o som do carro.
Jacob Casagrande
Retorno para o escritório e Poliana ainda está lá, sentada e bem irritada.
— Vamos a um evento hoje.
Ela me olha animada.
— Sophie também vai.
— Melhor do que nada!
— Vou buscá-la na minha avó.
— Vou junto!
— Coloca um rastreador no meu pênis, assim você não precisa me seguir
em todo local.
— Seu ridículo! — Ela passa por mim. — Eu vou e ponto final. Não sou
obrigada a ficar aqui. E sim, desconfio de cada passo que dá.
— Jura? Não fui capaz de notar — ironizo.
Isso vai acabar. Só preciso de mais alguns dias.
Estamos na sala da minha avó. Ela está preparando um bolo e disse que
Sophie não sai, enquanto não comer.
— Pai, é muito longe o lugar que vamos? — pergunta sentada no meu
colo.
— Não, meu amor.
— E aquela ali também vai?
Poliana olha feio e sorrio.
— Vai sim.
— Todo lugar que a gente for, ela vai? Credo!
— Vou sim, porque sou mulher do seu pai, queridinha.
— E eu sou filha! — Sophie mostra a língua para ela.
— Olha aqui, queridinha...
— Chega as duas! — falo firme.
— Jacob vem aqui um pouquinho! — minha avó me grita.
— Já venho. E não precisa me seguir, Poliana — provoco.
Coloco Sophie sentada no sofá e me levanto. Vou até a cozinha, onde
minha avó cobre um bolo com calda de chocolate.
— Sente! — Ela indica a cadeira e pelo seu tom, não é nada bom o que
vai dizer.
— Prefiro ficar de pé.
— Eu mandei sentar! — ela diz e sento.
— Olha aqui, mocinho, eu estou cansada!
— O que eu fiz? — Faço careta.
— Não nega quem a Sophie puxou. Faz igualzinho a ela quando sabe que
errou, e que vai levar bronca.
Ela termina o que está fazendo e coloca a panela suja junto a colher na
pia. Então se encosta na pia e cruza os braços.
— Eu não aguento mais a Sophie ligando para mim, dizendo que o pai e
a madrasta estão brigando como loucos. Assim como eu também não aguento
mais essas brigas da Poliana e da menina. Ela não tem idade para ficar passando
por tudo isso...
— Vó...
— Eu ainda não terminei. Se as coisas estão a este ponto, é melhor
encerrar. Não sei o que está acontecendo dentro da sua cabeça ou do seu coração,
mas tem muita gente envolvida nisso. Você não ama a Poliana, e só Deus sabe o
porquê casou com ela. A briga de vocês dois sempre envolve a Daiane Escobar, a
pobre moça que nem aqui fica para se defender. Então se está tendo um caso
com ela, ou sei lá, como vocês jovens chamam, trate de resolver a situação aqui
primeiro.
— Pelo amor de Deus! Eu não tenho nada com a Daiane. Nunca que eu a
sujeitaria ser uma amante. Ela merece muito mais que isso. Posso não amar a
Poliana, mas não traio, porque não sou assim. E tampouco usaria Daiane para
isso.
— Ah, então confessa que não a ama! Por que se casou, Jacob? Me diga
de uma vez por todas, ou eu juro que te coloco no forno, e ligado, até você dizer.
— Não posso falar disso aqui.
— Então quando?
— Assim que eu voltar do lugar que irei hoje.
— Ótimo. E pense bem, porque seja lá o que sente pela Daiane, precisa
ser resolvido.
— Eu não sei...
— Não sabe o quê?
— O que sinto. Estou muito confuso. Eu nem a conheço direito, mas
quando a vejo, fico estranho, e só de ouvir seu nome, eu... Esquece. — Deixo o
ar sair, e relaxo os ombros.
— Meu filho, você sempre teve grande admiração pela família dela.
Porém, talvez tenha criado tanta admiração por ela, que isso se transformou em
outro sentimento. Nos dias que ela esteve aqui fez com que este sentimento se
libertasse por completo.
— Vai ser ridículo o que vou dizer, mas e se eu apenas estiver sentindo
isso por ser um grande fã dela e da família?
— Também pode ser, o que eu duvido, mas só vai descobrir tentando, e
estando com uma mulher que não ama, não vai ajudar. Entenda, não podemos
colocar substitutos em nossos sentimentos. Cada pessoa terá seu lugar. O tempo
é a resposta para tudo. Mas antes de tomar qualquer atitude em relação a esta
moça, precisa resolver sua situação aqui...
Ouvimos um grito da Poliana e corremos para a sala.
— Ela pisou de propósito! — Poliana grita mexendo no pé.
— Não pisei! Eu não iria fazer isso! — Sophie grita, mas vejo em seu
rosto que está mentindo. — Pai, eu não fiz nada.
— Você fez sim, garota! — Poliana grita.
Minha avó me olha e balança a cabeça negativamente. Então sussurra em
meu ouvido:
— Pegou essa bomba sabendo que poderia explodir, agora arque com os
estragos — diz e sai da sala, levando a Sophie junto.
Daiane Escobar
Faz um mês que não vejo o Jacob, mas o babaca não sai da minha mente.
E depois de conhecê-lo ainda mais no dia do jantar, eu fico inconformada por ele
estar com a Poliana. Se fosse qualquer outra mulher, tudo bem, mas a Poliana é
loucura. Porém, não quero pensar nisso. Prefiro deixar qualquer coisa estranha
que sinto por ele, de lado, estou fora de confusões.
— Você vai, não é? — Liziara pergunta. Estamos sentadas na sala.
— Vou, Lizi.
— Ótimo. O evento é por uma boa causa, mas as pessoas ali
normalmente são irritantes. Vou deixar as meninas com minha mãe. Paula disse
que vai ao evento também.
— Mas não irei ficar enrolando lá. Tenho um compromisso hoje.
Ela me olha e sorri.
— Conheço?
— Sim. É grande, grosso...
— Daiane, poupe os detalhes.
— Mas eu disse que você conhecia. E já se sentou e deitou nele!
— Daiane!
Gargalho.
— É meu colchão, tonta. Eu quero voltar logo e dormir. Não estou com
cabeça para festas hoje.
Ela me dá um tapa na perna.
— Sua idiota! — diz rindo.
— Você que é maliciosa.
— Sou mesmo. Seu irmão me ensinou a ser assim.
— Me poupe totalmente desses detalhes!
Ela ri.
— Bom, tenho que ir. Tenho alguns compromissos. Não tenho aula, mas
tenho muita coisa para fazer. Nos encontramos lá, ou vamos todos juntos?
— Nos encontramos lá. Não sei que horas irei ficar pronta, e o David não
é um homem muito paciente. — Sorrio.
— Nisso você tem total razão.
— Sempre tenho. — Nos levantamos e ela se despede com um beijo.
Da porta, grita que nos vemos à noite.
Subo para o meu quarto e me jogo na cama.
— Eu devia ter ido viajar antes de qualquer evento. Enrolei para ir a
qualquer lugar e sumir da mídia, e hoje vou para um lugar repleto deles —
resmungo.
Preciso ainda visitar a Ana hoje. Eu apenas queria sumir do planeta. Será
que a NASA topa me enviar para qualquer lugar no espaço por alguns dias?
Meu celular vibra no criado-mudo, e quando pego para ver o que é,
apenas me surpreendo.
Abro a mensagem.
Daiane, eu vou para pertinho de você hoje! Meu pai vai me levar com ele em
um lugar e ele disse que é em São Paulo, e você mora aí. Será que vamos nos
ver?
Oi, meu amor! Fico feliz por isso. Você sabe onde é?
Estou com um pressentimento um pouco ruim. Algo me diz... Não! Seria muito
azar para mim. Óbvio que não.
Não sei direito. Mas acho que é algo de ajudar. Depois falo com você. Beijos.
Estou com saudades!
Chego ao local onde será o evento. Estaciono, e dou sinal para o Estefan
ficar. Subo a escadaria de entrada. Está um entra e sai de pessoas com caixas e
arranjos de flores. Paro na frente de um rapaz que olha uma lista nas mãos.
— Oi! — digo o mais animada possível.
Ele me olha e não tem a melhor expressão.
— Este local está fechado para um evento. Não pode entrar, senhorita.
— É eu sei! Eu queria saber se o senhor poderia confirmar se meu nome
está na lista? Eu confirmei, mas meu celular pifou, bem na hora. Estou
desesperada — minto e ele me olha com desconfiança. Sorrio e ele bufa.
— Qual o seu nome?
— Daiane Escobar. — Ele puxa o último papel e analisa.
— Sim. Seu nome está — diz secamente.
— E confirma também se encontra o da minha tia. É Jaqueline Ferreira.
— Que a tia da Beatriz me perdoe por mentir usando ela, mas é o único nome
com J que me veio à memória. — Por favor, moço!
Ele respira fundo.
Aproximo-me bem, e corro os olhos por onde ele passa lentamente e
caneta, e então vejo o nome que tanto queria não encontrar: Jacob Casagrande.
Mil vezes merda!
Meu celular começa a tocar na hora, e ele me olha surpreso, e só então
me lembro da minha mentira.
— Veja só, é um milagre! — Retiro o celular da bolsa. Ele me olha sério.
— O nome da sua tia não está na lista!
— Que pena para ela. Queria tanto vir. Mas obrigada. Fui!
Desço as escadas correndo e por pouco não caio. Entro em meu carro, e
então vejo quem me ligava. Era a Ana. Provavelmente para saber se eu vou na
casa dela.
Ajeito-me no carro, coloco o cinto e dou partida.
Sigo diretamente para a casa dela. E com muito ódio. Eu tenho que ter
feito algo de muito ruim em outra vida — se é que existiu — para ter tanto azar
assim.
Chego à casa dela, e saio do carro fechando a porta com raiva. Passo
pelos seguranças e cumprimento. Luciano, o segurança mais antigo do meu
irmão, abre a porta para mim. Entro chamando pela Ana, que não responde.
— Aqui ela está ou os seguranças teriam dito o contrário.
Caminho para a cozinha. Preciso de água para me acalmar.
— Ah! Meu Deus! — Viro-me de costas.
— Daiane... E-eu... N-nós...
— Achei que a quarentena fosse algo para ser seguido corretamente. Que
nojo ver isso — digo.
— Maninha, já te avisaram que se avisa quando vem na casa do seu
irmão casado? — Henrique diz com a ironia bem evidente.
— Já te falaram que sua irmã viria hoje, e que ela tem passe livre para
entrar aqui sem ser anunciada? Porra, já se vestiu?
Ele passa por mim e diz:
— E quem disse que precisa estar dentro, para ter prazer — diz se
referindo ao que eu disse sobre a quarentena.
Dou um tapa em seu braço com força e ele sai rindo.
Viro-me e Ana, que é bem branquinha, está muito vermelha.
— Daiane, eu te liguei, achei que não viria.
— Então resolveu usar a cozinha para outra coisa? — provoco.
— Seu irmão...
— Esquece, boba!
Cumprimento-a, pego água. Bebo e vamos para a sala.
— Onde estão as princesinhas?
— Ambas dormindo. — Sorri.
— E como se sente?
— Bem. Na primeira gravidez foi mais complicado a recuperação, agora
está sendo melhor.
— Laís dando muito trabalho?
— Sabe que não! — diz animada. — Já Yasmim, sim. Cada vez andando
melhor, e começando a falar mais. Mexendo em tudo, então se junta com o pai e
me deixa louca. Acredita que até aprendeu a cruzar os braços e me olhar brava
como ele?
Rio.
— Se não puxasse nada do Henrique, não seria divertido. Minha mãe diz
que ele era muito agitado, e foi o que mais deu trabalho quando pequeno, junto
ao meu tio.
— Nem me fale! Mas, então, fiquei sabendo do evento hoje, porém não
tenho como ir. Quero ficar mais tempo com as meninas, aproveitar que estou
longe do trabalho. O Henrique não quer ir, se eu não for.
— Eu meio que fui obrigada a ir pela Liziara. Confirmei presença ontem,
porque ela passou a semana inteira me enchendo o saco. Mas eu não queria ir.
Minha mãe também vai, o que se torna mais uma me obrigando a ir.
— Se anima, boba. Esses eventos sempre têm algo para nos divertir.
— Não vejo o quê! — digo desanimada.
— Imagino que o Marcos não vá também.
— Não. Com o Arthur recém-nascido, não tem como. — Sorrimos.
— Então, por que essa carinha desanimada?
— É que...
— Mulheres da minha vida, tenho que ir! — Henrique deposita um beijo
na minha testa e um beijo na Ana, então sai.
— Então, agora pode me dizer. O que tem te deixado desanimada?
— Nem eu sei dizer o porquê estou ficando assim. É complicado, mas
vou resolver.
Passamos o resto do tempo conversando sobre várias coisas. Ela disse
como tem se mantido firme em relação aos pais. Antes de ir embora, a Yasmim
acordou, e brinquei um pouco com ela. Depois dei um beijo na Laís, que ainda
dormia, e fui embora. Queria ver o Arthur, mas o banho para relaxar falou mais
alto.
Cheguei em casa e fui direto para o banho, coloquei algo confortável e
me deitei para descansar bem, porque a noite será muito, mas muito longa.
Óbvio que eu não deixaria ele em uma cela, apenas precisava acabar com
todo aquele escândalo. Dei o endereço de casa e pedi para o Alessandro ir dar
notícias a minha mãe e tentar mantê-la calma. Estamos na sala do David.
Jacob retira o paletó e joga na cadeira. Pega o celular, mexe em algo e
coloca no bolso, então se encosta na parede e cruza os braços. Está cansado, para
não dizer derrotado. A ira ainda permanece em sua face.
— Poliana, eu vou enviar um relatório para a delegacia onde trabalha,
informando sobre o que aconteceu. Não vou me envolver em caso algum que
tenha você, então apenas mandarei que alguém venha retirar você daqui, e levá-
la para que as autoridades de lá possam resolver.
— Não, você não vai fazer isso. Eu vou para casa normalmente, e não
terá relatório. Ou eu conto tudo o que sei sobre o caso da Liziara, e que todos os
Escobar colocaram a mão para que fosse abafado da lei. Eu posso cair, David,
mas levo todos ao poço comigo!
David me olha e esfrega o rosto. Liziara me olha e sei que se sente
culpada neste momento, seu olhar mostra isso.
— Você é muito baixa mesmo! — David diz.
— Eu posso ter feito muita coisa errada como policial. Talvez até
quebrado leis, e hoje provocado a ira do Jacob e até prejudicado a relação dele
com a filha, mas vocês são piores. Tem muitos casos que resolveram fora da lei,
e o da Liziara é um, eu participei e sei de cada detalhe. Me ferram e ferro vocês.
Então eu vou embora, tranquilamente. — Ela se levanta.
Olho para o David e ele abre os braços em rendição. Sei que se fosse
apenas ele envolvido no caso da Liziara, ele não iria se importar, mas se
preocupa muito com a família, para sujar a todos nós.
Poliana se aproxima da porta e se vira sorrindo.
— Jacob, não precisa pedir o divórcio, eu darei, mas irei querer um carro
novo, uma casa nova, e muito dinheiro. Ou a polícia da nossa cidade vai adorar
saber que você me agrediu! — Ela ri cinicamente. — E antes que eu me esqueça.
Quero meu nome fora da mídia, em relação a tudo que aconteceu hoje. Pensando
bem, não será legal eles na minha cola, e isso vai me sujar. Não se esqueçam, eu
me ferro, mas levo os Escobar e os Casagrande juntos.
Ela abre a porta.
— Poliana? — Jacob chama por ela, que olha para ele.
Ele retira o celular do bolso e então começamos a ouvir a gravação de
tudo o que foi dito nesta sala. Ela olha surpresa assim, como todos nós.
— Ouvimos apenas você se entregando e dizendo tudo o que fez. Então,
faremos assim: Você vai embora, acompanhada por um oficial. David vai fazer o
relatório. Vamos nos divorciar, e você não terá nada. A mídia, vai sim, apagar
todo o material, por causa da minha filha, e cada um segue a sua vida. Se abrir
sua boca, você não vai para o fundo do poço, mas sim para o fundo do bueiro,
porque vai se afundar nas próprias merdas, e não vai levar ninguém junto. — Ele
guarda o celular no bolso. — Então fica aqui, espera um oficial, e o relatório, ou
essa gravação vai parar na mídia. E você terá dois promotores, e um delegado,
contra você. Sendo assim terá Casagrande e Escobar contra Xavier e Poliana,
isso não será nada bom. Porque não restará nem o bueiro, porque seria caçada
até em outro planeta, e sabe que seria encontrada em algum momento!
Ela tem raiva no olhar. Se senta na cadeira e vejo o quanto suas mãos
tremem.
— Isso não vai ficar assim! — ela diz com ódio nas palavras.
— Poliana, acabou para você e, na verdade, não são apenas dois
promotores e um delegado contra você. Terá um juiz, duas advogadas e um
advogado que ama uma briga — digo a ela.
A porta se abre e Cleber e Débora entram.
— Escutamos tudo. Me coloca na lista das advogadas contra ela —
Débora diz e sorrio.
— Tem um investigador também! — Cleber fala.
— É, Poliana, realmente acabou para você! — Liziara diz rindo.
Poliana está vermelha de raiva e seu olhar é duro.
Após tudo o que tinha que ser feito, avisei por cima ao meu tio e ele
cuidará da mídia. Os repórteres foram retirados da porta da delegacia.
— Preciso ver minha filha.
— Eu te levo até em casa!
Ele concorda.
— Depois mando buscarem seu carro no estacionamento do evento.
— Daiane, eu...
— Não Jacob, agora não. Aconteceu muita coisa e quase destruí a
carreira da minha família, então não!
Ligo para o Estefan da delegacia e o mando vir me buscar.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Daiane Escobar
Jacob Casagrande
Sabe aquela liberdade que tanto queremos ter? Então, estou sentindo
neste momento. Assinamos o divórcio, e em até quarenta e oito horas, Poliana
deixa oficialmente de ser minha esposa. Tudo no modo amigável. Estamos no
prédio que fica o meu advogado, que nos acompanhou em tudo.
Poliana sorri sem parar.
Combinei tudo com Tobias, meu advogado, antes de vir para cá. Tudo
está esquematizado, assim como a delegacia onde Poliana trabalha. Eu precisava
entrar no jogo dela, para vencê-la. Sabia que ela jamais entregaria o divórcio de
forma amigável. Eu queria tudo muito rápido, e nunca gostei ou fui a favor de
abuso de poder, e então jamais faria algo imprudente por ser promotor para
liberar o divórcio rapidamente. Antes de promotor, sou como qualquer outro
cidadão. E desta forma, entrando no jogo da Poliana, não conseguiria apenas o
divórcio, como também faria ela pagar a humilhação que causou a minha filha e
a família Escobar, que pouco tem a ver conosco.
Entramos no escritório, seguido de Tobias. Poliana se senta e eu opto por
ficar de pé.
— Então... O meu cliente, senhor Jacob Casagrande, me informou de que
a senhorita ficaria com uma propriedade dele, mesmo sem ter qualquer direito. O
que entendo por ser uma generosidade do mesmo, já que desde que casaram não
adquiriram nada juntos — Tobias diz e Poliana sorri. Tudo está saindo como
planejei.
— Generosidade? Não! Isso se chama acordo. Era isso, ou nunca teria o
divórcio — digo, e Poliana me olha vitoriosa. Mal sabe o que te espera, cobra!
— Certo. Antes, gostaria de informar algumas coisas. — Tobias, se senta
em sua cadeira. — A senhorita sabe que o que pede ao meu cliente é chantagem?
— Ele gira a caneta nas mãos esperando por sua resposta.
— Não é não! É apenas meu direito. Não irei sair de mãos abanando
mais uma vez. Olha aqui, doutorzinho, eu já me ferrei demais nessa vida, e não
será agora, que tenho uma oportunidade de sair ganhando que não irei utilizar.
Quero sumir deste país, pois aqui não tenho mais benefícios.
Sorrio, e Tobias me olha balançando levemente a cabeça.
Poliana está entrando no próprio jogo, só que ainda não percebeu, que ela
é a vítima da vez.
— Se é assim, faremos do seu jeito. Desde que deixe meu cliente em paz.
— Deixarei, até quando me for conveniente. Quem faz as regras sou eu
agora. Cansei de ter sempre os Escobar destruindo minha vida. E se eles pensam
que a maldita de uma gravação vai me intimidar, estão enganados. Jacob não
perde por esperar. Nunca darei a paz que ele e a entojada da filha tanto querem.
— Ela se vira para mim e ri. — Você foi um idiota por fazer o que o velho do
meu pai queria. Ele é um idiota tanto quanto você. E farei tudo o que for preciso
para conseguir tudo o que eu quero. — Se volta para Tobias e aponta o dedo para
ele. — E nem pense em deixar escapar qualquer coisa dita aqui, porque não vai
querer conhecer a Poliana que existe dentro de mim. E entenda isso como uma
ameaça. Agora agilize toda essa merda!
Tobias me olha e faço um sinal disfarçadamente para ele, que
compreende de imediato.
É hora desse jogo entrar em ação.
— Está bem. Irei buscar alguns documentos. Aguardem, por favor.
Ele se retira e fecha a porta. Me aproximo da janela e pego meu celular.
— O que está fazendo? — ela pergunta alarmada.
— Cuide das suas coisas, que das minhas cuido eu.
— Quem diria, Jacob Casagrande, o famoso promotor, cair nas garras de
uma humilde policial. Que vergonha — debocha e rio.
Envio a mensagem, que faz parte do plano, e guardo o celular.
— Para você ver, todos erramos. — Cruzo os braços e me encosto na
parede.
— Desta vez, eu apenas acertei. Escolhi o cara certo. Um bom moço, que
preza sempre pelo bem-estar de todos, que tem um coração tão bom, que coloca
a própria felicidade de lado, para conseguir alegrar o próximo. Nunca te
ensinaram que não se deve deixar a própria alegria de lado, pelas pessoas? — ela
diz e ri.
— Veja só, aprendi isso estando com você. — Entro no seu jogo ainda
mais.
Ela não gosta da minha resposta, seu olhar entrega isso. Poliana não está
gostando da minha calmaria, pois sempre discordo dela, e hoje não está sendo
assim. Ela se remexe na cadeira. Está ficando desconfortável.
— Esse advogado está demorando muito. Não precisava dele. Poderia ter
feito isso sozinho.
— Não gosto das partes burocráticas na minha vida pessoal.
Tobias entra na sala, e faz um sinal que entendo o que quer dizer. Poliana
se vira para ele.
— Demorou. Ande logo, não tenho todo tempo do mundo.
— Só mais um minuto. Faltou apenas mais uma coisa, que já está vindo.
Peço um pouco de paciência — ele diz se aproximando na mesa.
Olho e a porta ficou apenas encostada.
— Poderia ler? — Ele entrega três documentos a ela, que pega e revira os
olhos, mas então começa a ler.
A porta levemente é aberta por completo. O delegado Almir acompanha a
equipe. Ele faz um sinal, para que Tobias se afaste e para que eu permaneça onde
estou. Tobias caminha para próximo da copiadora, que fica ao meu lado. Três
policiais entram pela esquerda rapidamente, em um silêncio espantoso. Duas
policiais caminham para a direita.
— Como assim, terei que arcar com tudo da casa? — Poliana se
manifesta alterada, e então se levanta e só agora nota os policiais no lugar. Ela
arregala aos olhos e deixa os documentos caírem.
— Que merda é essa? — ela grita.
— Senhorita, nos acompanhe! — Almir diz a ela, calmamente.
— Não irei. Que porra é essa, Almir? — ela grita novamente.
— Poliana Xavier, tem que nos acompanhar, e na delegacia
conversaremos. Tem o direito de pedir por um advogado, ou de permanecer
calada, e já deve saber que tudo o que disser poderá ser usado contra você — ele
diz e as duas policiais femininas se aproximam dela.
— Eu não vou! Jacob, seu filho da puta, armou para cima de mim! Isso
não vai ficar assim, desgraçado! Eu vou matar você e aquela sua filha entojada.
Você me paga! — ela grita histérica.
— Mantenha a calma, ou pode ser pior. Não nos faça usar a força! —
Almir diz a ela.
— Eu não irei. Já fui afastada do cargo, não preciso de mais nada! — ela
grita e empurra uma policial, e a outra a segura com força. — Me solta! — Ela
se debate, e tem que ser segurada pelas duas.
— Poliana, você mexeu com minha filha e eu jamais te deixarei impune.
Vai pagar por tudo — digo, e sinto um tremendo orgulho por vê-la nesta
situação.
— Seu imbecil. Vai me pagar, Jacob! Vocês todos vão! — ela grita e olha
para Almir. — Eu exijo ter meu advogado!
— Ótimo, da delegacia você pede um. Agora levem ela daqui, e se
precisar, algemem — ele diz rispidamente, e retiram ela da sala, sob protestos e
muitos gritos.
Aproximo-me de Almir, e lhe cumprimento.
— Obrigado!
— Estamos apenas fazendo nosso trabalho, Casagrande. Terá que nos
acompanhar. Quero a gravação do celular que tem, e tudo o que tiver de provar
contra ela, pois, junto ao relatório que recebi da capital, Poliana não vai escapar
desta. Nosso investigador conseguiu muitas provas contra ela, no quesito
profissional. Ela abusou demais do poder e até ameaças fez contra membros da
equipe. Poliana perdeu totalmente o controle.
— Tem mais uma prova — Tobias diz entregando a caneta gravadora que
retira do bolso. — Gravei toda nossa conversa. Isso aqui é um bom conteúdo. —
Ele sorri e faço o mesmo.
— Eu quero que ela pague pela humilhação que causou a minha filha, e a
tudo de errado que fez.
— Certo. Nos acompanhe até a delegacia, e Tobias também. Uma equipe
já foi enviada até a casa dela. Preciso ouvir aos pais dela também.
— Tenho certeza de que Poliana pegará muito tempo atrás das grades,
essa mulher é louca e nem o hospício a merece. Vamos! — digo animado.
Daiane Escobar
Daiane, esquece o que eu disse! Tem sim algo sobre os pais da Poliana, na
verdade sobre o pai dela. Luiz Xavier é um ex-policial aposentado, porém ele
apenas se aposentou após alguns resultados médicos. Tenho um conhecido
que trabalha no hospital que ele visitava e me devia um favor, e com isso
descobri que o Luiz tem um tumor no cérebro inoperável, e que os médicos
deram a ele dois anos, mas que este tempo poderia ser reduzido. Ele foi
afastado do cargo por não poder passar estresse, ou emoções do tipo. O
homem tem uma bomba relógio dentro da cabeça. Te enviei o exame dele por
e-mail, e pelo que fui informado, ele nunca foi com a família, sempre sozinho,
e pediu sigilo. Não me deixe essa informação vazar, ou ferra para mim.
Quando retornar para casa, vamos conversar seriamente, porque fiquei
sabendo da porra que aconteceu na casa da mãe. O tio viu, pois estava na
janela da casa dele, e se a mocinha não sabe, ele mora de frente para você.
Essa merda não ficará assim.
Daiane Escobar
Estou com a cabeça em seu peito, e nossos corpos nus estão colados um
ao outro. Já tive muito sexo bom, mas nunca igual a este. O sentimento que
esteve presente foi diferente. Foi mais caloroso.
— Só tem uma forma que você não me estressa — digo para quebrar o
silêncio. Olho e vejo que sorri, os clarões, que não param de atravessar a janela,
permitem esta visão.
Segurando meu queixo, ele me beija. É diferente do nosso primeiro beijo
e dos beijos de hoje. Este é tão calmo, que parece até um carinho.
— Você é linda, Moreninha.
— Agora é Moreninha?
— Tudo tem sua hora.
Sorrio.
— Riu do meu quarto, mas aproveitou bem dele — provoco.
— Ele foi ofuscado pelo tesão que sinto só de ter você por perto.
— Então é apenas tesão? — continuo nas provocações.
— Se fosse, eu não teria dado a você dois dias. E por falar nisso, qual a
resposta?
Inclino-me sobre ele, e sinto uma alegria enorme me consumir. Quer
saber? Que se danem tudo e todos.
— Vamos deixar rolar. Agora, eu quero outra coisa, aproveitar que
estamos sem luz para qualquer outra coisa mesmo... — brinco.
— Monstrinha do sexo? — pergunta rindo.
— É o pacote, baby. Se quer a mim, tem que saber que sou insaciável.
— Eu nunca disse que eu não era.
Ele me deita, pegando-me de surpresa e ficando por cima, e com isso
solto um gritinho acompanhado por risos.
— Quero ver suas desculpas, quando formos embora e estiver andando
com dificuldade.
— Direi que certo promotor sabe fazer um bom trabalho. — Rimos.
Doze
Jacob Casagrande
Acordo com meu celular tocando sem parar. Com cuidado retiro Daiane
dos meus braços, e me levanto para pegá-lo. Vejo o nome da Sophie no visor.
Atendo enquanto visto minha cueca.
— Oi, princesa.
— Pai, sabe da Daiane? — Olho para a morena deitada na cama,
dormindo e sorrio.
— Não tenho ideia — minto.
— A Jaqueline disse que estavam juntos.
— É... — Começo a vestir a calça. — Já tomou café? — mudo
rapidamente de assunto.
— Já. A Daiane prometeu ficar comigo e sumiu.
— Antes do almoço, ela vai estar por aí.
— Como sabe? — Esqueço o quanto ela consegue ser curiosa as vezes.
— Sabendo, amor.
— Sei... Está me enganando. — Escuto sua risada e isso me preenche de
amor por dentro.
— Não estou. O pai tem que desligar agora. Mas fique tranquila, que
logo ela estará aí.
— Você vai vir? Jaqueline disse que provavelmente viria.
Não conheço essa mulher, mas já estou começando a ficar puto com ela.
Sophie é o tipo de garota que não esquece nada do que dizem, e faz perguntas,
atrás de perguntas, até a pessoa ficar confusa e falar o que ela tanto quer ouvir.
— Sim. Eu irei.
— Então está com a Daiane? — pergunta animada.
— Depois conversamos. Beijos, princesa.
— Beijos, pai! — Ela desliga.
Coloco o celular no bolso e termino de me vestir. Daiane se mexe na
cama e então se senta, enrolada no cobertor.
— A luz voltou. — Indica com a cabeça a luz acesa. — E você mente
muito mal.
— Coisa feia, escutando conversas. E bom dia para você também. — ela
sorri, e que sorriso lindo.
— Bom dia. No meu banheiro tem escova de dente nova, só não tenho
cueca nova, a não ser que queira vestir alguma calcinha — diz rindo.
— Engraçadinha! — Aproximo-me e ela se cobre por completo com o
cobertor.
— Jacob, nem pensar. Temos que ir logo para o litoral. — Puxo a
coberta, deixando a completamente exposta com seu corpo nu.
— Mente poluída. Apenas vim fazer isso. — Dou um beijo demorado em
seus lábios. — Depois diz ser santa. — Afasto-me.
— E sou! — Rio e vou até o banheiro dentro do quarto.
A música Pesadão toca no som. Se tem uma coisa que eu amo é não ter
trânsito. Talvez eu realmente dirija como uma doida, como meus irmãos e tio
dizem. Mas, na verdade, não devo ser tão doida, afinal, nunca recebi uma multa,
ou fui parada por alguma blitz da polícia. Isso conta como boa motorista?
Jacob deve estar bem puto, porque consegui escutar ele gritando comigo.
Mas estou tão concentrada dirigindo e pensando, que nem sequer me importa o
estresse dele.
Porra, ontem tivemos uma noite de puro sexo. E foi o melhor da minha
vida toda. Clichê? Talvez, mas é a verdade. Eu nunca namorei, e nem sei como é
ter um relacionamento do tipo com alguém. O que vai ser quando a mídia
começar a desconfiar de algo? E a Sophie? Ela vai me odiar. Ela odeia todas as
mulheres que se aproximam do pai. Meus irmãos não vão dar paz. E meu tio?
Estou fodida!
Droga, Daiane, por que esta loucura de sentimentos dentro de você?
Seria o tal do amor? Nessas horas, a saudade do meu pai triplica.
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Já se passaram alguns dias desde que estive com Jacob. O trabalho tem
ocupado meu tempo e o dele também. O que fez nosso contato ser por telefone
apenas. Hoje, por fim, depois de trabalhar tanto, resolvi sair com a Débora.
Marquei com ela na boate que sempre vamos. Preciso muito relaxar a mente e
esquecer do trabalho neste fim de semana, começando por hoje, sexta-feira.
A mídia não mudou nada. A cada passo que dou eles estão atrás.
Especulam se estou com alguém, por não estar saindo com outros homens. Em
partes estão certos. Não estou saindo com outros homens, meu tempo estava tão
corrido, que mesmo se eu quisesse — o que não quero — não teria tempo. Está
tão difícil de dizer o que sinto pelo Jacob, que prefiro não colocar mais
confusões em minha mente.
Estamos na área VIP como sempre. Mas, desta vez, viemos apenas nós
duas. Liziara disse estar atolada de trabalho da faculdade e a Helena — uma das
gêmeas — está gripada e consequentemente bem enjoadinha. Ana Louise falou
que está tentando evitar deixar as meninas com outras pessoas, porque Yasmim
tem ficado enciumada com a irmã. Beatriz disse que o Arthur tomou vacina e
também ficou enjoadinho. Dona Paula nem adianta tentar trazer, aquela ali foge
de passeios como o Diabo foge da cruz. Então sobrou eu e a Débora.
— Isso sim deve ser considerado épico. De toda a turma apenas nós aqui
— Débora diz e ri.
— Para você ver como as coisas mudam. E o Cleber não quis vir?
— Ele e o David não têm hora para saírem daquela delegacia hoje. Estão
que nem loucos com um caso. Passei lá antes de vir para cá, e apenas com isso
posso te dar um bom conselho para hoje: Não tente falar uma palavra com
nenhum dos dois, ou vai ganhar um belo coice gratuito.
Rio.
— Estou fugindo de trabalho e da tropa Escobar. Esses últimos dias
foram muito difíceis. Estou literalmente acabada, tanto mentalmente, quanto
fisicamente.
— Nem me fale. Por sorte estou pegando apenas casos pequenos ainda,
ou não sei se daria conta. Não ando muito bem.
— O que você tem? — pergunto preocupada e dou um gole na minha
bebida.
— Se o teste de gravidez não estiver errado, estou grávida de três
semanas. — Fico surpresa. — Não conte a ninguém, além de você ninguém mais
sabe. Quero confirmar primeiro na consulta que marquei segunda-feira e ver se
está tudo bem, e espero que sim.
— Meus parabéns, Déb! Que maravilha. — Abraço-a desajeitadamente,
devido ao fato de estarmos sentadas ao redor da mesa. — Cleber vai endoidar —
digo assim que nos afastamos. — Por isso não quis beber nada. Deveria ter dito
antes, e iríamos para outro lugar.
— Não se preocupe. Gosto de vir aqui e queria sair. Nossa, se eu não
contasse para alguém piraria.
Rimos.
— O Cleber não desconfiou nem um pouco? Ele rastreia cada
movimento seu, já que diz que você é louca. — Ela sorri.
— Que nada. Ele está tão focado no trabalho, que nem sequer percebeu.
O único que, por incrível que pareça, desconfiou foi seu tio.
— Nada passa despercebido dele. Não sei como ainda aguenta trabalhar
com ele.
— Não é tão ruim quanto parece. Ele me ofereceu a oportunidade de
utilizar a sala que estava vazia para meu escritório e assim continuar ajudando
ele em algumas coisas, enquanto me ajuda também. Digamos que entre
palavrões, patadas, e um bom-dia, nos damos bem.
Rio.
— Se passar um dia com um Escobar eu já fico louca, imagine trabalhar
no mesmo ambiente. Deus me livre! Porém, tem um detalhe: não confirmou a
ele que estava grávida, não é?
— Não! Depois que ele me viu indo vomitar umas mil vezes e perguntou,
eu menti dizendo que era intoxicação alimentar. Conheço bem como aquele ali
pode ser fofoqueiro.
Gargalho.
— Bia é a prova disso. Ele abriu a boca sobre a gravidez e sobre o sexo
do bebê e nome. Se tem uma pessoa que pode confiar algo do tipo, não é ao meu
tio.
— Com certeza.
Sorri.
— Mas me fala sobre você. Fiquei sabendo que esteve com o promotor
bonitão.
Franzo o cenho.
— Estive com sua mãe esses dias, e ela me contou.
— Nossa, como essa família é fofoqueira.
Ela ri.
— Bom, não tem muito o que dizer.
— Ah, Daiane! Está rolando algo entre vocês?
— Rolou. Mas não sei dizer ao certo. Estamos deixando acontecer, sem
pressa.
— E a Poliana? Fiquei sabendo que foi presa, e que vai ser levada a
julgamento, a coisa está feia para o lado dela.
— Mereceu isso. Sinto apenas pelo pai dela, que faleceu sem um pingo
de orgulho da filha.
— Triste. Infelizmente algumas pessoas não sabem aproveitar os
pequenos detalhes que a vida nos dá. Hoje aproveito cada momento. Já sofri
muito no passado, e precisei de todo o sofrimento para ver que o que realmente
importa é estar ao lado de quem nos faz bem. Uma pena ela não perceber isso. A
ganância pelo poder e dinheiro, afundaram ela, o que é uma realidade de muitos.
— Sim! Ela terá que pagar por tudo o que fez, e tomara que perceba que
foi pelas próprias escolhas, que foi parar em uma cela. Só sei que não quero vê-
la nunca mais.
Ela concorda.
— Vamos mudar de assunto. Quero saber como está sendo com ele? Tem
que me contar detalhes de algo. Sou curiosa, sabe disso!
— Bom. Estivemos juntos na fazenda e acabou rolando.
— Ai, meu Deus! Não perdeu tempo, hein! Assim que eu gosto. A
Daiane poderosa ressurgiu dos mortos.
Rimos.
— Não nos vemos há dias. Ele tem trabalhado muito e eu também. Nosso
contato tem sido por ligações e mensagens.
— Que tipos de mensagens? — pergunta com uma voz sensual me
fazendo rir.
— Nada do que está pensando, tarada.
— Que sem graça! — Faz beicinho e ri.
Pego meu celular lembrando que deixei no silencioso. Vejo ter uma
mensagem e ligações perdidas também.
— Merda! Deixei no silencioso e está cheio de ligações perdidas, e uma
mensagem.
— Hummm... — Débora fala enquanto se levanta. — Vou ao banheiro;
se for ele, eu quero saber de tudo. Sou uma mulher grávida e se não quiser que
meu filho nasça com cara de curiosidade, vai me contar tudo. — Rio e ela se
afasta.
E a mensagem é do próprio:
Tentei de ligar, mas só chama. Aconteceu algo? Preciso falar com você.
A resposta é rápida:
Leio mais duas vezes sua mensagem e sorrio. Ele não manda mais
nenhuma. Débora retorna e fica me olhando como um gatinho perdido.
— Era ele. Mas não tem nada de mais. Só acho que ele ficou com
ciúmes.
— Por quê? — pergunta rindo.
— Eu disse que estava em uma boate com uma amiga, e ele respondeu
assim... — Mostro a mensagem para ela.
— E você apenas acha que ele ficou com ciúmes? Esse aí está caidinho
por você, pode ter certeza de que por ele já seria muito mais do que um deixar
rolar. E não parece que ele acreditou muito que está com uma amiga.
Reviro os olhos.
— Foda-se! Não tenho que provar nada a ele. Já basta meus irmãos e tios
controlando meus passos. E não temos nada, para ele ficar enciumado.
— Como é bobinha. Daiane, se ele está com ciúmes, é porque realmente
sente algo por você. Pelo pouco que sei sobre ele, não é do tipo que brincaria
com alguém. E vai por mim, um pouquinho de ciúmes é até fofo, só não deixe
isso ser constante, que aí já pode se agravar. Agora, ele apenas está inseguro, já
que estão nessa de não saberem o que está rolando. Dá um desconto para ele, o
homem foi casado com a Poliana, deve estar traumatizado.
— Nunca tive nada parecido com outro homem, então é complicado. Por
isso, um passo de cada vez.
— Você é realmente uma Escobar? Porque, conhecendo como foi o
relacionamento de cada um, só posso dizer que não teve passos, foi mais para
uma corrida, ou melhor, uma maratona. — Rimos.
— Eu sempre digo que sou eles de saia, mas nunca disse em que
momento sou igual ou pior.
— Nem precisa dizer, já tenho ideia. Acredito que até se a fazenda
falasse teria ideia.
Ficamos mais algumas horas rindo, jogando conversa fora, nos
divertindo, e até dançamos um pouco, mas não muito, afinal todo cuidado é
pouco agora com a saúde e bem-estar da Débora.
Daiane Escobar
Estou na cozinha e hoje dona Jurema e Marcela não estão. Então pego
tudo o que for prático, para o café da manhã.
Minha mãe ainda não chegou, disse que teve um imprevisto, mas logo
chegaria.
Coloco tudo na mesa da cozinha mesmo.
Encho um copo com suco e me aproximo da pia, olhando pela janela que
dá para os fundos da casa, no jardim. Bebo um gole de suco.
Passos atrás de mim causa um tremor. O perfume amadeirado, misturado
com o cheiro de sabonete, me deixa fascinada.
Sorrio.
Seus braços envolvem minha cintura e um beijo é depositado em meu
pescoço.
— Bom dia, Moreninha.
— Bom dia. — Deixo o copo de suco na pia e me viro, ficando de frente
para ele.
Seguro seu rosto e beijo seus lábios. Ele retribui, pressionando-me contra
a pia, e apertando seus braços em mim.
— O café da manhã está na mesa — digo a ele, que sorri.
— Eu preferiria outro tipo de café.
— Eu adoraria te servir. — Mordo meu lábio inferior.
Desta vez é ele que inicia o beijo. Enrosco meus braços ao redor de seu
pescoço. Sinto sua ereção endurecer através da calça jeans justa que usa. Coloca-
me sobre a pia fazendo com que meu vestido já curto, fique ainda mais. Encaixa-
se entre minhas pernas. Enrolo-as em sua cintura e uma de suas mãos desliza
pela minha pele, arrepiando-me.
— Que porra é essa?! — Nosso beijo é interrompido.
Uma voz, quase como um trovão, preenche o ambiente. Jacob não se
afasta, e tampouco faz menção de que irá fazer. Olho para a figura alta, com suas
tatuagens expostas devido à camiseta que usa. Seu olhar é frio. Sua mandíbula
está rígida, e uma de suas mãos se fecha tão forte que as veias saltam ainda mais.
Jacob me coloca no chão, mas em momento algum mantém distância,
abraçando-me por trás.
Sorrio, e seu olhar escurece ainda mais.
— Eu fiz uma pergunta, e ainda não obtive a resposta.
— Acho que estava bem claro o que estava acontecendo — respondo
com firmeza.
— O que esse cara faz aqui? — Ele dá um passo para frente.
Beatriz surge na porta com Arthur em seus braços. Seus olhos se
arregalam e sua boca se abre, mas não sai qualquer tipo de som.
— Vim visitar a Daiane — Jacob responde e, pela primeira vez, não
existe qualquer mansidão em sua voz ou brincadeira por estar diante de um
homem Escobar e isso me surpreende.
Meu tio ergue a sobrancelha, e outro passo é dado. Agora, eu realmente
estou começando a ficar preocupada.
— Eu tentei ser razoável. Porra, até conversei com seus irmãos. Mas
agora ver este cara, com você nessas situações, na cozinha, é demais!
— Marcos, ela é adulta. E está na casa dela.
— Dane-se, Beatriz. Eu vou matar esse cara. Porra, vou arrancar esse
projeto de pau e com as próprias mãos, e nunca mais vai encostá-lo na minha
sobrinha.
Meu tio caminha em passos largos, ficando muito próximo.
— Marcos! — Beatriz diz apavorada e Arthur, que dorme, se mexe. Ela
olha para ele e depois para mim, assustada.
— Sai da frente, Daiane! — ele diz e seu olhar é como o de um alfa que
protege sua matilha. Engulo em seco.
— Não! Tio, pelo amor de Deus, não fizemos nada de mais. Sabia que
isso aconteceria. E como sua esposa disse, sou adulta e a casa não te pertence
para chegar aqui ditando regras! — Deixo as palavras escaparem, e só então me
dou conta delas. — Desculpe. Não queria dizer isso... Mas não sou mais criança.
Você e todos os outros precisam parar de agir como se eu fosse.
Jacob me afasta, ficando cara a cara com meu tio.
— Jacob, não faça isso! — imploro a ele.
— Vamos lá, faça o que quer fazer. Eu tenho uma filha e com toda
certeza agiria da mesma forma. Só que tem um detalhe, eu apenas faria se eu
soubesse que o cara não prestasse. Se você, ou qualquer outro membro desta
família, tiver qualquer prova de algo ruim contra mim faça o que quer fazer. Do
contrário, cancelamos esse show e seguimos como se nada tivesse acontecido —
Jacob diz e, desta vez, sou eu quem arregala os olhos. Beatriz sorri e chacoalha
Arthur em seus braços, que resmunga um pouco.
— Só saia da minha frente! — meu tio diz a ele, e se afasta esfregando o
rosto. Então se aproxima da pia onde se mantém de costas.
Jacob me olha e sussurro um “pode ir”.
— Venha comigo — Beatriz diz a ele, e ambos saem da cozinha.
Aproximo-me do meu tio, tocando seu braço. Ele me olha de lado e sua
raiva já não está mais presente em seu olhar.
— Vocês todos precisam parar com isso. Ainda vão acabar entrando em
uma briga, por motivos tolos. Se todo homem que surgir no caminho das
mulheres Escobar, vocês tiverem reações assim, vamos acabar solteiras, cheias
de gatos. — Ele sorri e reviro os olhos. — Não quero acabar assim. Desculpe-me
de verdade por ter dito aquilo. A raiva...
— É só que eu prometi cuidar de vocês, caso algo acontecesse ao Joseph.
Quando vi vocês naquela situação, eu perdi o controle. Porra, você é minha
sobrinha predileta, sabe disso.
Sorrio.
— Eu sei. E ainda preciso gravar você dizendo isso, e mostrar aos meus
irmãos.
Ele ri.
— Gosta realmente dele? — Ele se vira, ficando de frente para mim.
— Sim. Ele se tornou muito especial, mas se continuar tendo que
enfrentar vocês, não sei se vai querer permanecer ao meu lado — brinco.
— Se ele realmente gostar de você, vai aguentar.
— Mas viver em um pouco de paz, não seria ruim.
— Vou tentar me controlar.
— Vai tratá-lo bem?
— Não exija muito.
Rio.
— Se ele te fizer qualquer coisa, eu não irei recuar.
Concordo.
— Agora, vamos atrás deles.
— Por que vieram?
— Sua mãe disse que queria todos os Escobar aqui.
Franzo o cenho.
— Por quê?
— Não disse.
— Estranho.
Ele concorda.
Não demora muito para a casa ser preenchida por todos os Escobar. Dos
filhos aos pais. Estamos na sala. Jacob está sentado ao meu lado, com os braços
em mim. David e Henrique não tiram os olhos de nós, e meu tio não tira os olhos
das mãos do Jacob. Yasmim está em meu colo, brincando com o pingente da
minha pulseira.
— Paula, estou curiosa! — Ana diz.
Minha mãe está no centro da sala, nos olhando.
— Bem-vinda ao clube, Ana! — Liziara fala, enquanto coloca a chupeta
na boca da Helena, que está em seu colo, quietinha.
Observo Laura, irmã de Helena, brincando de passar o urso no pé do
Henrique, e sorrio. Laís e Arthur dormem no colo de suas mães. Todas as
crianças estão tranquilas, enquanto nós adultos, ansiosos para saber o porquê
desta reunião.
David e Henrique sabem o que aconteceu mais cedo, pois vi quando
chegaram e meu tio rapidamente se reuniu com eles no escritório. E óbvio que o
olhar deles entrega que sabem realmente de tudo.
— Mãe, agiliza! — digo. — Estou curiosa.
— Esse aí não é da família. Acredito que nem aqui, deveria estar —
Henrique não se aguenta, e diz.
— Ele fica! Parem de implicar. Jacob é um amor de pessoa, e se está com
a Daiane, fica! — minha mãe diz e lança um sorriso para o Jacob, que olha para
o Henrique e sorri.
— Cuidado, cara, nem sempre o volume em minhas calças é uma ereção.
— Sou um anjo. Fique tranquilo aí. Só não tenho culpa que sua mãe me
adorou.
— Parem os dois! — digo.
— Chega. Vamos ao que interessa. Eu queria todos aqui, porque irei
fazer um belo almoço e queria a família reunida, de verdade. Sem brigas, ou
provocações.
— Então tira esse cara, e não terá brigas! — David se manifesta e Liziara
dá um tapa em seu braço.
— Eu já disse que ele fica! Estão surdos? — minha mãe diz. — Eu
cansei de tentar reunir vocês e sempre virem com desculpas de filhos, marido,
faculdade, serviço ou a puta que pariu que for. — Todos olhamos assustados. —
Estão vendo como estou cansada? Até palavrão me fizeram dizer. A partir de
hoje, quero que, pelo menos, uma vez por semana, estejamos todos juntos.
— Paula... — Meu tio vai começar a dizer, mas ela faz um sinal para ele
se calar.
— Não quero desculpas. Não é porque casaram que devem deixar de se
unirem. Quero esta família unida novamente. Passando um dia juntos, sem
tentarem se matar. E não estou fazendo um pedido. Isso é uma ordem. — Seu
tom é sério e seu olhar não é nada amável. — Então eu vou até aquela cozinha,
começar a preparar um belo almoço para a minha família, e quero minhas noras
junto, porque os filhos não vão morrer por ficarem sozinhos brincando, ou
dormindo, por pouco tempo, tem babá eletrônicas, e pais que não serviram
apenas para colocarem eles no mundo. Afinal, andam mimando também demais
essas crianças, por isso estão doentes, ou demorando para andarem bem, falarem
mais. Na idade delas, vocês subiam e desciam escadas, falavam muito e viviam
brincando sem preocupação de sujar roupa. Até parece que nunca foram
crianças, parem de criar essas crianças como robôs.
Jacob tenta esconder o riso, me fazendo sorrir.
— Paula, não sei se estando gripada seria a melhor escolha ir para a
cozinha — Bia diz.
— Daremos um jeito. Sobreviverá!
Rio.
— Você também, Daiane. Vamos, agora.
Meus irmãos começam a rir e Henrique chega a ficar vermelho. Fuzilo
ambos com o olhar.
— Rindo por quê? Vocês vão ficar olhando as crianças e tratando muito
bem meu anjo ali. — Ela aponta para o Jacob e a risada se encerra bruscamente.
— Eu sou o anjo! — Jacob diz levantando a mão, e Liziara ri.
— Porra! Conquista minha irmã e rouba minha mãe. Cara, eu não gosto
de você! — Henrique diz irritado.
— Que pena, eu sou muito fã de vocês — Jacob fala sorridente.
— Ele está me irritando! — David comenta se ajeitando no sofá.
— Vamos! — minha mãe fala.
— A Yasmim vai chorar. Ela está tão bem comigo — digo preguiçosa.
E neste momento, a traíra da minha sobrinha se joga para o colo do Jacob
e ri. Ele a segura, sorrindo, e a mesma se aproxima do seu rosto lhe dando um
beijo molhado. Um “Ai, que amor!” sai em uníssono das mulheres, exceto de
mim, que apenas sorrio fascinada, já que Yasmim não se dá com todos.
— Acho que conquistei mais alguém, não é, gatinha? — ele diz, e ela
esconde o rostinho em seu pescoço, tímida.
— Agora a porra ficou séria! A minha filha também, cara? Qual o seu
problema comigo?
— Nem comigo ela fica assim! Porra! — Marcos diz irritado.
— Marcos, no final do dia quero o dinheiro. Hoje, as meninas vão lucrar,
pelo visto! — Liziara diz, se referindo a ele não poder falar palavrão na frente
das gêmeas.
— Já disse para abrir uma conta bancária a elas!
Henrique se aproxima, enciumado, para pegar a Yasmim.
— Vem, filha! — ele diz a ela.
Ela olha o pai e depois o Jacob, e faz isso por um tempo.
Não faça isso, pequena.
— Nãn! — ela diz franzindo o cenho, e então agarra o pescoço do Jacob.
Não me aguento e gargalho. Henrique me lança um olhar furioso.
— Posso falar? — Jacob diz olhando para ele. — Falaria mesmo que não
pudesse. Acho que ela realmente gostou de mim, mas não se preocupe, sou
muito atraente, é normal isso.
— Eu vou matar esse cara! — Henrique diz olhando para todos.
— Pegue a senha! — David diz. — Fique longe das minhas filhas, ou
morre! — Jacob ri e Yasmim também, sem ao menos saber do quê.
— Chega! Vamos, mulherada! — minha mãe fala.
Henrique se afasta. Levanto-me e, quando vou dar um beijo no Jacob,
sou impedida por Yasmim, que me empurra dizendo não. Fico chocada e Ana ri.
— É, vai ter que me dividir com mais uma — Jacob diz, rindo.
— Pateta!
— Eita! Chamou-o de pateta. Cara, esquece, não tem mais como fugir da
família — Beatriz diz entregando Arthur para o Marcos.
— Beatriz, lembra-se da sentença? Então, é melhor não colaborar com
aquele ali! — Marcos diz e sorrio.
— Vamos, e eles que se entendam. Não quero sangue pela casa, e
tampouco móveis quebrados. E se o Jacob estiver machucado, vocês não vão
querer ver o que pode acontecer! — minha mãe fala, saindo da sala.
Ana entrega Laís para o Henrique. David pega Helena, e então todas nós
saímos da sala.
Jacob Casagrande
Brinco com Yasmim em meu colo, e uma das gêmeas — a que estava no
chão — se aproxima.
— Não toque! Você tem algo de ruim que atrai elas para você. — David
diz e sorrio.
Pego a outra no chão e, então, uma batalha de quem ganha mais a minha
atenção começa em meu colo, e rio.
Os olhares são fixos em mim. Tenho vontade de rir, mas evito.
— Melhor fazermos logo. Aproveitar que elas não estão. Crianças que
estiverem dormindo, colocamos no quarto com a babá eletrônica — Marcos diz.
Eles sobem, deixando-me sozinho com as duas acordadas.
— Acho que o pai de cada uma não gosta muito de mim. Tenho esta leve
impressão — digo a elas, que riem, quando começo as distribuir beijos em
ambas.
Eles retornam, parando na minha frente.
— O que querem agora? — pergunto.
— Venha conosco. — Eles pegam as meninas sob seus protestos.
— Não posso deixar um beijo de despedida na Daiane antes? — provoco.
— Não brinque, cara! — David fala e rio.
Sigo-os até um corredor, onde entram em um ambiente, em que a porta
estava aberta. Entramos e vejo ser um escritório. Eles colocam as meninas no
carpete e fecham a porta.
— Que pecado. Vão cometer um crime na frente de duas crianças...
— Cale a boca, cara! — Henrique diz.
— Sente-se! — Marcos aponta o sofá.
— Só irei, porque ando muito idoso e fadigado — brinco.
Sento-me no sofá, e eles vão para trás da mesa.
— Tribunal? Porque se for, terei que falar somente a verdade, entendem,
não é? — Os olhares não são nada amigáveis.
Duas, exatamente duas armas, são jogadas em cima da mesa de madeira.
Do David e do Henrique.
— Não incomoda andar com elas na cintura? A mim incomoda um pouco
quando utilizo.
David gira a sua arma na mesa, e ela fica apontada para mim.
— Faltou uma, não? — pergunto olhando para o Marcos, que se mantém
no meio deles, com as mãos no bolso.
— Não preciso de uma.
— Porra, gostei de como falou! Senti uma firmeza excepcional. — Sorrio
e ele se inclina apoiando ambas as mãos sobre a mesa.
— Não brinque. É melhor escutar muito bem o que iremos dizer.
— Podem falar. Porra, quem diria, que eu estaria em uma reunião um
pouco violenta com os Escobar.
David olha as meninas que brincam no chão, e depois retorna o olhar a
mim.
— Se quer realmente sobreviver nesta família, tem que estar a par das
regras! — Henrique diz.
— Quais? — pergunto realmente ficando curioso.
— Primeiro, jamais faça a Daiane sofrer — David diz.
— Segundo, não tente interferir no modo em como agimos — Marcos
fala.
— Terceiro, nunca pense que pode fazer o que bem entender nesta
família — Henrique diz cruzando os braços. — Quarto, se tentar roubar minha
mãe e minha filha de mim, morre.
— No caso, eu já fiz isso. É agora que tenho que me despedir do mundo?
— Você sempre faz piada de tudo? Porra, eu odeio isso! — Henrique diz.
— Sério?! — Marcos e David dizem olhando para ele, que dá de ombros.
— Quinta regra, e não menos importante. A memória do meu irmão é
muito respeitada, não tente desrespeitá-la jamais. — Marcos se afasta da mesa.
— Compreendeu? — David questiona.
— Sim. Mas tenho algo para dizer. — Levanto-me e vou até a mesa. Giro
a arma do David, como ele fez, e ela fica apontada para ele. — Primeiro, armas
não me intimidam ou não teria me tornado promotor. Segundo, não sou homem
de brincar com mulheres, então Daiane jamais sofreria comigo. Terceiro,
deveriam ter feito essa reunião, ou seja lá o nome que dão a isso, depois que
realmente tivéssemos algo, porque estamos apenas saindo, nada oficial.
— Não é oficial? — Henrique pergunta surpreso, enquanto os outros
franzem o cenho. — Você dormiu aqui e ainda está aqui, porra.
— Isso se chama século XXI, devem estar familiarizados. E eu já havia
dito que ela era difícil — falo e sorrio.
A porta se abre e me viro. Daiane entra e olha para as meninas no chão e
logo depois para nós, e só então para a mesa onde vê as armas.
— Quer nos dizer algo, Daiane? — Marcos pergunta. Henrique e David
pegam as armas. Mas Daiane fica pálida.
— Você disse que não contaria, Jacob! — ela diz e franzo o cenho, sem
entender.
— Contar o quê? — David pergunta em um tom desconfiado.
— Eu vou te esganar! — ela diz olhando para mim. E só então entendo
ao que se refere. Faço um sinal para que se cale.
— Talvez queira nos dizer o que ele não deveria contar, Daiane! —
Marcos diz a ela.
— Para quê? O fofoqueiro já contou!
— Daiane, acho que te chamaram — digo, tentando fazer com que ela se
cale.
— Não mude de assunto.
— O que está acontecendo? — Henrique pergunta.
— Não se façam de idiotas. Sei que sabem de tudo — diz irritada. —
Vamos lá, surtem de uma vez.
Porra, ela realmente é difícil!
Eles me olham e dou de ombros.
— Vamos. Podem dizer que sou louca, que confiaram em mim e fiz isso!
— Eles olham para ela sem entender, porém, desconfiados.
— Daiane, podemos conversar um minuto? — pergunto me aproximando
dela.
— Para você contar a eles tudo o que iremos falar? Realmente é um
pateta. Perfeito para o clube deles.
Fico em sua frente, de costas para eles. Olho para ela, e digo um “não”
silencioso. Ela inclina um pouco a cabeça para o lado, olhando para eles, e então
arregala os olhos, voltando o olhar para mim. Balança a cabeça negativamente e
concordo.
— Droga! — diz.
— Chega. Que merda estão escondendo?! — Marcos grita, enfurecido, e
as meninas se assustam, mas voltam a brincar juntas.
— Nada! — dissemos juntos e me viro para eles.
— Nada uma porra! O que aconteceu? — Henrique questiona.
— Daiane, o que faz... Meu Deus, o que está acontecendo? — Dona
Paula entra no escritório, e começa a olhar de um para o outro.
— Estamos esperando eles responderem! — David diz, cruzando os
braços.
— O que aconteceu? — Paula pergunta para nós e Daiane me olha em
busca de uma resposta. — Daiane, você não está grávida, não é? — pergunta
desesperada, e me contenho para não rir.
— Não! Está louca? Gente, não é nada. Apenas uma grande confusão.
Vou indo!
— Ninguém sai daqui sem me dizer o que está acontecendo! — Paula
fala enfurecida.
— Está bem — digo. — Daiane pensou que eu...
— Jacob... — Daiane tenta me impedir, mas impeço fazendo um sinal
com a mão.
— Daiane pensou que eu havia dito do pedido que fiz a ela, e a mesma
disse que responderia depois.
Ela concorda entrando no jogo.
— Que pedido? — Marcos pergunta desconfiado.
— Um pedido! — ela diz.
— Daiane Gabrielle Escobar, o que estão escondendo?! — Henrique
indaga.
— Então, Jacob, o pedido... — Ela me olha, procurando ajuda.
Olho para todos e respiro fundo. Já que a gasolina foi jogada, é melhor
acender de vez a porra do fogo!
— Vamos, porra! — David fala.
— Jacob? — Daiane procura por uma resposta, está assustada.
— O pedido foi bem simples — digo.
— Então diga para nós, meu anjo. Conheço estes homens, enquanto não
tiverem certeza de que não estão o enganando, não vão terminar isso, e tenho um
almoço para continuar preparando.
— Lá vai. — Respiro fundo. — Perguntei a ela se queria casar comigo.
Então, Daiane, será que agora pode me dar a resposta, aproveitando que todos
estão aqui? — digo de uma vez, e rápido.
Um grito e uma queda na cadeira é o que acontece a Paula. Marcos,
David e Henrique estão com uma cara que, porra, agora estou preocupado.
Porém, a única coisa que me mantém muito mais preocupado é o fato de Daiane
estar muito pálida.
— Este foi o pedido. Simples, rápido, porém sincero. E foi exatamente
isso que ela ficou com medo de eu ter contado antes de me dar a resposta. O que
realmente espero é que a resposta seja um “sim”, porque ela me conquistou
desde o primeiro encontro. E sei que o que sinto não é paixão apenas. É
admiração, respeito e amor. Te amei desde o primeiro momento, só tentei negar.
Amor à primeira vista? Talvez — digo olhando em seus olhos e deixando meu
coração falar, aproveitando a oportunidade que me foi dada. — Aceita se casar
comigo?
— Quê?! — todas as outras mulheres gritam na porta, e nem ao menos
havia notado a presença delas.
O silêncio reina. Mantenho meus olhos em Daiane, mas sinto todos os
outros olhares em mim. Desvio o olhar por apenas um instante, para as meninas
no chão, que estão sem entender, até que sorriem para mim.
Pelo visto, coloquei o fogo.
Quinze
Daiane Escobar
Faz dois meses, desde que tudo aconteceu. Quando digo tudo, eu me
refiro ao pedido de casamento e à confusão com meus irmãos. Nossa! Que
loucura!
Observo a cidade através da sacada do vigésimo andar. A noite está
estrelada, e nem mesmo as luzes da grande cidade são capazes de ofuscar os
diversos brilhos no céu.
Foi tudo tão rápido, e confuso, que até agora me pego lembrando tudo, e
tendo as mesmas reações daquele momento: o frio na barriga, o medo e o susto.
Sorrio encabulada.
Minha vida mudou tão rápido nos últimos tempos. Senti-me em um mar
revolto, onde diversas ondas me surpreendiam cada vez que eu tentava me
equilibrar.
Parando para pensar em tudo, eu tenho apenas um grande aprendizado:
Nada será como imaginamos. Nem tudo virá no tempo que desejamos.
Jamais saberemos como vamos reagir em uma situação, até que ela aconteça.
Essa é a vida, e ela corre, e temos apenas duas escolhas: ficamos parados
lamentando por tudo o que não fizemos, ou seguimos com ela, aprendendo a
lidar com a constante oscilação de adrenalina que ela nos impõe.
A vida é uma loucura. Em um instante tudo muda, e ela nem sequer te
oferece um manual de como agir. Ela basicamente te diz “se vira”.
Mas hoje, estando aqui, sentindo a brisa desta noite iluminada, eu sinto
algo. Eu sinto um arrependimento por ser tão medrosa, e usar uma máscara
invisível contra isso. É tão normal sentir medo. Isso é humano. Arrependo-me
sim, por isso. Porque penso o quanto já perdi pelo medo. Mas de nada vai me
adiantar agora. Tenho apenas que seguir meu caminho, lembrando-me sempre
disso.
Sorrio mais uma vez, porém, agora ao me lembrar daquele dia...
— Lá vai. — Jacob respira fundo e isso me deixa ainda mais nervosa. —
Perguntei a ela se queria casar comigo. Então, Daiane, será que agora pode me
dar a resposta, aproveitando que todos estão aqui? — ele diz rápido. Meu
raciocínio não acompanha claramente. Fico parada.
Olho para todos e, pelo visto, não sou a única que está tendo a mesma
reação de choque, pois minha mãe grita e cai sentada na cadeira atrás dela.
Olho para os três patetas e não sei dizer o que a expressão deles significa.
Estou assustada.
Jacob me olha e meu corpo inteiro treme ainda mais. Tento manter ao
máximo minhas pernas firmes.
— Este foi o pedido. Simples, rápido, porém sincero. E foi exatamente
isso que ela ficou com medo de eu ter contado antes de me dar a resposta. O que
realmente espero é que a resposta seja um “sim”, porque ela me conquistou
desde o primeiro encontro. E sei que o que sinto, não é paixão apenas. É
admiração, respeito e amor. Te amei desde o primeiro momento, só tentei negar.
Amor à primeira vista? Talvez — diz olhando em meus olhos. — Aceita se casar
comigo?
Suas palavras transmitem verdades e isso me deixa ainda mais nervosa.
— Quê?! — Ouço as meninas gritarem atrás de mim.
Todos os olhos estão fixos em mim. Eu não tenho nenhuma reação.
Maldição, eu não consigo reagir.
Eu pensei que ele havia dito aos meus irmãos e ao meu tio sobre eu não
saber atirar. Porém, jamais imaginei que ele sairia da confusão que armei com
um pedido de casamento.
Posso estar louca, mas é como se Pabllo Vittar cantasse K.O. como
música tema deste momento.
Jacob sorri. O pateta número quatro simplesmente sorri, como se o que
tivesse dito fosse a coisa mais normal deste mundo.
— Daiane? — minha mãe diz. Eu apenas olho, porque me falta voz.
Vejo Beatriz, Ana Louise e Liziara caminhando, e então ficando na
lateral da mesa, onde os três patetas estão.
— Titi! — Yasmim chama por mim, e só percebo que está tão perto,
quando suas mãozinhas tocam minha perna. Sua mãe rapidamente se aproxima
e a pega no colo.
— Alguém, pelo caralho da minha paciência, pode dizer algo?! — David
indaga nervoso.
Forço as palavras a saírem:
— É... Eu... Nós...
— Daiane, fale algo! — Liziara fala animada.
Olho para o Jacob e seu olhar é de preocupação. Pelo visto, não estou
tendo uma boa reação.
— Filha, eu sou cardíaca! — minha mãe exclama, com a mão sobre o
peito.
Henrique se joga na cadeira e bufa, jogando a arma sobre mesa.
— Eu já disse que não gosto deste cara? Porra, agora até entrar para a
família o infeliz quer! — Henrique reclama.
— Cale a boca, Henrique! — Ana grita. — Estamos deixando ela mais
nervosa. Vamos deixá-los sozinhos.
— Não! — Os três patetas acompanhados por Liziara dizem.
— Estou curiosa! Ninguém brinca com a minha curiosidade assim —
Liziara fala com as mãos na cintura.
— Gente, ela está pálida demais — Beatriz comenta transparecendo
preocupação.
— Não vai desmaiar agora, porra! — meu tio fala furiosamente. —
Quero uma resposta agora, porque preciso saber qual o nível de tortura que
esse cara merece.
— Marcos! — Beatriz o repreende e ele dá de ombros.
— Filha, pelo amor de Deus, reaja! — minha mãe diz se levantando da
cadeira.
Jacob que apenas me observava se aproxima segurando meu rosto com
as mãos e então diz baixinho:
— Não precisa ter medo. Eu só pensei que estava na hora de me jogar de
cabeça em algo que valesse a pena. Você vale a pena. Eu já tive dois
relacionamentos péssimos. Fiz péssimas escolhas. Mas o coração sabe
identificar quando a escolha certa está na nossa frente. Podemos fingir que não
estamos vendo, mas no fundo, bem lá no fundo, uma seta iluminada aponta para
a pessoa que nos completará. — Suas mãos acariciam meu rosto. — Eu sei que
estou sendo rápido, pulando diversas etapas, mas por você vale a pena pular
todas. Daiane, eu só preciso da resposta; e seja qual for, não irei desistir de
você. Só respira fundo.
Faço o que pede. Respiro fundo, e começo a sentir meu corpo relaxar,
mas o frio na barriga não vai embora, e o medo também não.
— Gente, vou precisar alugar um vestido para o casamento, ou comprar
lencinhos para as lágrimas de tristeza que irei derramar, caso seja um “não”?
— Liziara pergunta, mas logo reclama quando Beatriz belisca seu braço.
— Pare de ser curiosa! Deixe-os — Beatriz diz a ela.
— Quanta calúnia! — reclama.
Laura vai até minha mãe, que a pega no colo.
— Morena? — Seu tom agora me invade a alma, causando-me um calor
acompanhado de uma montanha-russa de sentimentos. — Casa comigo?
Fecho os olhos e respiro fundo.
Deixo o que estou sentindo falar por mim.
— Eu posso estar fazendo uma escolha maluca, afinal foi tudo tão
rápido, mas eu aceito. Sim. Eu aceito me casar com você, Sr. Jacob Casagrande!
— Sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto. — Você alcançou os dez pontos
neste momento!
— Jesus, Maria e José! Sou cardíaca. Alguém chama um médico. —
Minha mãe cai na cadeira mais uma vez, porém com a Laura em seus braços,
que ri.
— Porra! — ele diz sorrindo, e me abraça, me obrigando a contornar
seu pescoço com meus braços.
— Aaaaaah! Eu vou alugar o vestido então! — Liziara grita animada, e
começa a pular batendo palmas.
— Chega, eu desisto. Querem saber? Que se foda! — Henrique fala
nervoso e sorrio.
Jacob toma meus lábios com os seus e sua língua invade minha boca,
entrelaçando-se à minha.
— Que lindos! — Beatriz e Ana dizem juntas.
— Vamos lá, David, pode me matar. Ficarei aqui, e você mira essa porra
de arma em mim e me mata neste instante.
— Sempre tive vontade de te matar, Henrique, mas, desta vez, cara, terá
que enfrentar essa barra comigo. Cacete!
— Agora, pode soltá-la! Paula, poderia se manifestar sobre esta
loucura? — meu tio diz todo autoritário. Jacob se afasta apenas para ficar
abraçado a mim.
— Eu? Agora quer que eu diga algo? Pois irei dizer. — Ela entrega
Laura para Liziara, e então se aproxima de nós dois. — Seja feliz, meu amor.
Que seja igual ou mais feliz do que fui com seu pai. Você merece, minha
princesa! — ela diz chorando e me abraça.
— Porra, não era isso que eu esperava — Marcos diz entredentes.
— Posso começar a chamá-lo de tio? — Jacob provoca.
— Agora, eu irei te matar! — meu tio grita.
Uma confusão se inicia. Ouço “Parem” para todos os lados, mas só faço
sorrir. Não me importa quem está “matando” quem, estou tão nas nuvens, que
nada importa agora.
My broken pieces
You pick 'em up
Don't leave me hanging, hanging
Come give me some
When I'm without ya
So insecure
You are the one thing, one thing
I'm living for
Fecha os olhos por um momento, e vejo o quanto a música fala por ele.
Mais uma vez, seus olhos encontram os meus e me pego sorrindo, pois é
o que tenho feito direto nos últimos dias. Droga, estou tão emotiva. Isso é o
resultado de ter alguém tão especial ao meu lado.
Em um sinal rápido, ele me chama. E então caminho em passos lentos,
com meus saltos brancos, com o solado vermelho. Meu vestido azul-turquesa,
curto na frente e mais longo atrás, balança com o andar e me sinto a caminho da
minha felicidade, o que não é mentira alguma. Meus cabelos estão soltos com
ondas bem-feitas, e balançam também.
Paro ao seu lado, e ele se vira para mim e continua cantando:
Jacob Casagrande
Daiane Escobar
Olho através do enorme espelho. Meu vestido branco, de alças finas, com
um pequeno decote em “V”, desce por meu corpo, se ajustando a minha cintura,
e caindo com leveza cobrindo completamente meus pés. Nas pontas, toques de
renda dão uma delicadeza e sofisticação. Meus cabelos estão mais curtos, e
soltos, com ondas que tanto amo. Uma tiara de flores compõe o penteado. Meus
brincos são de brilhantes — ganhei de meu tio —, em formato de losango, não
muito longo, combinando com a pulseira que minha mãe me presenteou.
Dispensei o colar. Queria delicadeza na composição do look e foi o que
consegui, junto à equipe contratada para me arrumar. Nos pés, optei por uma
sandália branca, com pequenos detalhes em prateado.
Estou me sentindo uma princesa.
O local escolhido para a cerimônia foi a fazenda de minha família. Aqui,
eu consigo sentir a presença de meu pai de uma forma diferente. Sei que, de
alguma forma, ele participará deste momento.
Decidi fugir do modo tradicional, em escolher padrinhos para cada um
dos noivos. Todos os padrinhos serão de nós dois. Assim como também não
casarei na igreja, mas teremos o juiz de paz e não colocarei as crianças para
entrar, afinal não precisaria de todas, e jamais colocaria apenas uma.
Optamos também por convidar apenas os mais íntimos. Não queríamos
nada grande e que chamasse ainda mais a atenção da mídia, o que me lembra que
estava na hora de responder com classe o que certa revista merecia, e por isso
foram os únicos convidados.
A porta se abre, assustando-me.
— Daiane está tudo pronto, mas temos uma dúvida.
Miranda é a organizadora que sempre contrato para me ajudar em todas
as festas da família, e para ela ter dúvida de algo, é porque se tornou um
problema, e ela está tentando não me deixar nervosa.
— Qual dúvida?
— Os padrinhos já chegaram. Convidados faltam apenas um casal... —
Ela faz uma pausa, olha para a lista e para mim. — Sua mãe não confirmou
presença, e tampouco chegou. Perguntamos por ela, mas não souberam
responder.
— Quê? Como assim? Os convites foram enviados há semanas. Como
não me comunicaram sobre isso antes?
— Porque ela é sua mãe. Normalmente não temos que confirmar a
presença da mãe da noiva — diz e sorri.
— Miranda, você sabe muito bem que gosto de tudo correto. Festas para
mim são como julgamentos, tem que estar tudo em ordem. Se bobear, até o meu
noivo teria que ter confirmado presença. Eu sou a louca da lista de convidados.
Eu quase não vi minha mãe nos últimos dias. — Fico nervosa.
— Calma, vai borrar a maquiagem se ficar nervosa e começar a
transpirar.
— Quero meu celular! Onde está meu celular. — Olho para todos os
cantos à procura dele.
— Aqui! — Ela pega de cima da cômoda e me entrega. — Irei conferir
algumas coisas e retorno em breve. Tente ficar calma.
— O noivo está aí? Porque era só o que me faltava, ele ter sumido.
— Está sim, e bem nervoso. Pergunta o tempo todo por você. A tal
revista também está de prontidão, e infelizmente já notou que sua mãe não
chegou ainda. Mas tudo dará certo. Já venho! — Ela se retira.
Ligo para a minha mãe, e apenas na segunda tentativa ela atende.
— Mãe, pelo amor de Deus, onde está?
— Filha, calma. Logo estarei aí. Eu... estou chegando.
— Mãe, como não confirmou presença?
— Daiane, me poupe! Sou sua mãe. Não preciso confirmar nada.
— Mãe, eu sou paranoica com listas. Onde está? — Tento controlar o
choro.
— Filha, tenho que desligar, estou chegando. Se acalme.
Ela desliga e me sento na cama.
A porta se abre e Sophie entra sorridente.
— Você está muito linda!
— Obrigada, raio de sol. Você está uma verdadeira princesa. —
Sorrimos.
— Vai demorar? — pergunta ansiosa.
— Noivas sempre atrasam — brinco.
— Entendi. Meu pai está nervoso. É engraçado. Minha bisa disse que
daqui a pouco ele vai gritar até com o vento. — Rimos.
— Filma tudo, depois quero ver.
Ela concorda.
— Vou indo! — Ela se retira.
Fico andando de um lado para o outro. Estou nervosa demais. Sempre
fico nervosa no casamento dos outros, não seria diferente no meu.
— Não, vocês não podem! Ela disse que não queria nenhum homem
aqui. — Ouço a voz da Miranda.
— Você tem duas opções: sair por vontade própria ou retiramos você —
David fala.
Sorrio.
Caminho até a porta e abro. Os três patetas me olham.
— Pode deixar, Miranda. — Eles olham para ela e sorriem, provocando-
a.
— Sua mãe chegou, e daqui a pouco vem até você... — Olha para eles.
— Vocês são impossíveis! — diz se retirando.
Fecho a porta e eles ficam me olhando.
— Está linda! — dizem juntos.
— Sempre estou — provoco.
— Seu pai teria muito orgulho — meu tio diz e sorrio emocionada.
A porta se abre, e minha mãe entra em um belo vestido e penteado.
Henrique bate palmas e ela cora.
— Demorei, mas cheguei!
— Como pode sumir assim? O que aconteceu? Quase não a vi! Mãe, não
queria vir? — indago sem parar.
— Se acalme! Eu ajudei na escolha de decoração, óbvio que viria. Só que
os últimos dias foram de grande surpresa.
— Como assim? — David questiona.
Ela caminha até a cama onde se senta. Faço o mesmo.
— Estive mexendo nas coisas de seu pai, no escritório no centro da
cidade...
— Mãe, já falamos para você que está na hora de alugar ou vender
aquilo. Tem que começar a desapegar ou nunca vai deixar de lado essa dor —
digo.
— Não é nada disso. Fui exatamente para ver do que iria me desfazer,
para vender o lugar, mas, para a minha grande surpresa, seu pai mantinha uma
gaveta trancada. Nunca mexi em nada, sabem que sempre foi muito difícil para
mim.
Concordamos.
Ela retira da bolsa um pequeno caderno preto, com o nosso sobrenome
escrito em branco na capa, em uma letra bem detalhada.
— O que é isso? — Marcos pergunta.
— Pedi para o Conrado abrir a gaveta, pois não encontrei qualquer
chave, e nela havia apenas este diário. — Seus olhos estão marejados. —
Escreveu alguns anos antes de sua morte. Ele falava de tudo, e de cada um de
nós. E passei os últimos dias lendo com calma e sentindo cada palavra escrita.
Então encontrei uma parte que... — ela abre o diário em uma página e me
entrega — que você precisava ler hoje, Daiane.
Com as mãos trêmulas, olho para todos e para o pequeno caderno. Então
começo a ler em voz alta o pequeno texto:
— Hoje, acordei antes de todos, precisava estudar um pouco mais um
caso difícil, antes do julgamento que tive nesta tarde. A casa estava silenciosa e
eu me acomodei em minha cadeira no escritório, com uma caneca de café, a
minha preferida, e fiquei tão concentrado, que não notei quando minha menina
adentrou o escritório e se sentou no sofá de frente para mim a me observar. —
Minha voz está trêmula e minha mãe passa os braços ao meu redor. Henrique e
David se abaixam a minha frente, e se apoiam em minha perna. Já meu tio,
apenas observa através da janela. — Quando a notei, ela sorriu para mim e me
desejou um grande bom dia. Sorri. Perguntei o porquê de estar acordada àquela
hora, então me disse que queria me fazer companhia, porque sabia que eu
estava bastante estressado nos últimos dias. Ela sempre me conheceu muito
bem...
Não consigo terminar de ler, e David percebe, pois pega de minhas mãos
dando continuidade:
— Ela sempre me conheceu muito bem. Se tem uma pessoa, depois de
minha esposa, que consegue me acalmar é minha pequena Gabi. E então,
perguntou se eu queria ajuda; e sem esperar a resposta, se colocou ao meu lado
e começou a ler cada pergunta daquelas folhas, enquanto aguardava minhas
respostas. E olhando ela tão concentrada no que fazia, e com aquela perfeita
postura e dicção, não tive dúvidas de que teria uma carreira brilhante como
uma mulher da lei. E foi então que também percebi que sua escolha de carreira,
nunca foi por mim e sim por ter nascido com o dom para tal. Minha pequena
está se tornando uma grande mulher. Tempo, vá mais devagar.
David termina de ler e fecha o caderno. Minha mãe pega e coloca ao
outro lado da cama. Lágrimas escorrem por meu rosto, e Henrique as enxuga
com cuidado.
— Eu o queria aqui... — digo entre um soluço, que me escapa.
— Eu sei, maninha. Todos queríamos. Mas ele está aqui, dentro de cada
um de nós! — Henrique diz e sorri emocionado para mim.
— Henrique tem razão. Nosso pai está aqui neste momento prestigiando
você. Olhando por todos nós. Somos brutos, às vezes irritantes, mas sabemos
que ele está orgulhoso da escolha que fez. Aquele cara lá embaixo nos irrita, mas
é perfeito para você. Joseph Escobar abençoaria esta união com toda certeza —
David fala enquanto acaricia minha mão.
— Sim. Seus irmãos estão certos — minha mãe diz e deposita um beijo
em minha cabeça.
Meu tio se aproxima. E sorri para mim.
— Posso dizer com toda certeza que ele realmente está orgulhoso por
você. Eu estou orgulhoso, e sentindo-me muito honrado em representá-lo neste
dia. Uma responsabilidade do caralho! A menininha da casa cresceu, e se tornou
uma excelente mulher, porque recebeu conselhos e amor da melhor pessoa que
poderia lhe oferecer. Estamos contigo, e sempre vamos estar — ele me diz. Meus
irmãos se afastam e me levanto, abraçando-o.
— Obrigada! — digo a todos.
Estou muito emocionada, e jamais poderia imaginar senti-lo tão próximo
novamente como hoje.
A porta se abre e Miranda entra.
— Ah, meu Deus! Todos saiam. Vão para suas posições. Vou chamar a
equipe de maquiagem para retocar esse estrago. Estamos muito atrasados! — diz
desesperada, arrancando risos de todos. — Não riam. São quase seis horas da
tarde. Vamos, vamos! — diz retirando todos do quarto.
Jacob Casagrande
São quase onze horas da noite e nada do Jacob. Agora dá apenas caixa
postal no celular, e no escritório só chama. Eu vou arrumar uma secretária para
este homem. Sophie acabou dormindo cansada de esperar o pai, depois de chorar
porque sabe que não vai hoje para a casa da bisavó. Dona Joana me ligou
preocupada, e eu disse que não daria para a Sophie ir hoje, mas que a levaria
amanhã. Não contei que o neto ainda não chegou e não tenho notícias, de
preocupada basta eu.
Pedi ao Estefan para ir até o escritório do Jacob, e ver se está lá e estou
no aguardo de notícias.
A porta da sala se abre e levanto rapidamente do sofá. Jacob entra. Meu
coração fica aliviado.
Ele deixa as coisas no sofá e vem até a minha direção, mas impeço de se
aproximar.
— Morena, perdão. O celular e o telefone estavam no mudo, e eu estava
tão concentrado no caso que estou estudando, que perdi noção da hora. Estefan
foi até o escritório e vim na mesma hora.
— Jacob, não é para mim que deve desculpas. Sua filha foi dormir depois
de tanto chorar porque o pai não a levaria para o interior.
— Eu vou levar. Só vou trocar de roupa.
— A esta hora? Ficou louco! Não vai sair com a menina uma hora destas
com este tempo.
— Relaxa, amor.
— Eu já viajei com ela de madrugada, mas estava com meu segurança e
não tinha chuva. Você não a levará com chuva, e cansado. Sua aparência entrega
o cansaço.
Ele retira a gravata e o paletó. Abre os primeiros botões da camisa
branca.
— Realmente estou bem cansado. Mas...
— Não vai levar e pronto. Amanhã eu me viro e levo-a, ou peço ao
Estefan para levar, não sei. Dou um jeito. Agora você arrasta esta bunda até
aquele quarto, e passe a noite com ela, porque está bem chateada com você, e vai
ser bom quando ela acordar encontrar o pai.
— Amor, está nervosa apenas por isso, ou tem mais?
— Nervosa? Estou com muita raiva. Você chega tarde, esquece de dar
satisfações, eu tenho que ficar em casa tentando controlar os problemas que
causou, e quando chega age como se nada tivesse acontecido. Tenha a santa
paciência. Está com muito trabalho? Eu também, mas estou me virando para
lidar com tudo, então é melhor você também começar a lidar.
Saio da sala com ele me seguindo até o quarto. Ele fecha a porta.
— Daiane, você está achando que não atendi suas ligações ou fiquei até
agora trabalhando de propósito? Porque se estiver, porra não me conhece. Eu
estou fazendo de tudo para conciliar o trabalho com vida pessoal. Divido-me em
mil para dar atenção a você e a Sophie, além da minha avó. Então, por favor, não
tente se transformar em vítima, quando sabe que faço de tudo para que nosso
casamento seja de alegrias na maior parte do tempo. — Está irritado. Eu também
estou.
Respiro fundo e conto mentalmente até dez.
— Desculpa. Estou cansada.
Ele se aproxima e desta vez eu deixo. Beija-me com carinho.
— Me desculpa por hoje. Estou tentando adiantar tudo para ter mais
tempo para as duas. — Beija-me com carinho.
— Está bem. Só vá ficar com a Sophie, ela precisa mais do pai.
— Vou tomar um banho e vou ficar com ela.
— Está com fome?
— Não. Comi na rua.
Concordo.
Ele se afasta e vai até o banheiro.
Eu já tomei banho e estou de pijama. Deito na cama e me cubro. A noite
está ainda mais fria.
Fim
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por sempre estar comigo em todas as
conquistas e todos os momentos difíceis também.
Obrigada a Editora Angel por me apoiar desde o início.
Também tenho que agradecer as leitoras do Wattpad que tornaram esta
série completamente especial. E as meninas do grupo no Facebook e WhatsApp
também.
Cláudia Pereira, obrigada por cada dica que tem dado para esta série e
pelo apoio constante.
Betas Liziara e Beatriz, obrigada. Além de grandes amigas, vocês são
excelentes fontes de inspirações para a série Escobar.
Wesley Ferraz, caro marido, merece estar aqui também, já que vive me
ajudando quando o assunto é carro em cena, mesmo me deixando louca pedindo
atenção.
Obrigada a você que está lendo também, está tornando este conto ainda
mais especial.
Biografia
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra poderá ser reproduzida ou
transmitida por qualquer forma, meios eletrônico ou mecânico sem a permissão por
escrito do Autor e/ou Editor.
(Lei 9.610 de 19/02/1998.)
1ª Edição
Bia a Lizi, vocês me deixaram louca com suas ideias, mas seguraram as
pontas comigo e fizeram essa série chegar até aqui.
Um
Joseph Escobar
Anos antes...
— Não. Apenas estou preocupada com você que não chega logo. Mas
agora sei que está bem. Estava demorando demais...
Sorrio.
Desligo.
Uma moto surge na lateral que estou. Não tenho tempo de fechar o
vidro do carro, que é blindado, porque outra moto encosta e o delinquente
encosta a arma na minha cabeça.
— Não pense em olhar, vai passando tudo sem olhar! — ele pede. —
Carteira! Vai, vai! — Está nervoso. — Esse caralho tem que parecer um
assalto! Vai, porra!
Abro o vidro do passageiro. Respiro fundo. Isso não vai acabar bem.
Para que esse cara quer o outro vidro aberto, porra?
— Sabia que era você. Carro blindado, Juiz Escobar? Achou mesmo
que isso te ajudaria? — O outro motoqueiro ri. — Valeu a pena seguir cada
passo seu, desgraçado!
— Quem diria que um dia estaria cara a cara com filho da puta que
fodeu a vida do meu pai e da minha família.
Tento virar o rosto para ele, mas o que mantém a arma na minha
cabeça impede.
Preciso de ajuda...
Eu quero dizer que tem no meu bolso, mas não consigo. Merda!
— Vai ficar tudo bem... Ah, droga, é o juiz Escobar. Meu Deus! Vai
ficar tudo bem. Estão pedindo socorro — é uma mulher que diz
desesperada. Mas eu não consigo dizer nada, e nem me mover.
Aquele filho da puta, eu devia esperar que ele não iria sair daqui sem
fazer nada. Veio vingar o pai que condenei a anos de prisão, um chefe da
máfia, que acabou morrendo dentro da prisão.
Ser juiz criminal, não faz de você apenas um herói para alguns, ele
faz de você um alvo, e você nunca sabe quando será atingido.
Eu preciso dizer a minha família que amo eles, que vão ficar bem... Eu
preciso dizer ao menos um adeus. Eu preciso! Não posso partir, como meus
pais e meu velho amigo Joel, que não puderam me dizer adeus.
Paula precisa saber que ela vai ficar bem e que ela precisa continuar
lutando por nossa família. Ela precisa continuar lutando por si mesma...
Precisa continuar sorrindo... Eu tenho que dizer isso.
Eles precisam saber que vai ficar tudo bem, mesmo que aqui eu não
esteja. Meus filhos precisam saber que eu tenho orgulho demais deles...
Minha menina Daiane, não irei vê-la se formar, e não verei meu David ser
um delegado... Marcos, meu irmão, vai perder mais uma pessoa que é
sangue do seu sangue, ele não merece. Henrique terá de ser forte por todos,
ele vai conseguir, vai trazer alegria, mesmo que chorem.
Paula Escobar
Dias atuais...
Bom, está quase tudo calmo. Por ironia do destino, após anos
do julgamento na qual Joseph como juiz condenou o maldito
mafioso, e o infeliz foi morto na prisão, já era de se esperar que ele
tivesse herdeiros e foi o que aconteceu. O herdeiro dele, que
ocupava o lugar do pai, foi encontrado após tempos de trabalho
árduo da polícia, e hoje foi seu julgamento, e é aí que entra a ironia.
Anos atrás, o pai foi sentenciado a anos de prisão por meu falecido
esposo Joseph Escobar, e hoje o filho dele é sentenciado pelo irmão
do Joseph, o Marcos Escobar.
Alessandro.”
— Como está?
— Bem.
Alessandro Santos
— Não sou Deus para fazer milagres. Teve muito tempo para
estudar. Sabe que não sou do tipo que dá segunda chance.
— Quem tem que fazer notas altas são vocês e não eu. Eu já
passei desta fase, e hoje sou reconhecido como um dos melhores
professores de filosofia, e estou aqui ensinando a vocês. Agora, se
não se esforçam, o problema é de vocês. Não posso pegar a matéria
e socar no cérebro de cada um. Já viu o tamanho desta universidade
e do tanto de alunos que tenho? Se eu for ajudar cada um que não se
preocupa com estudos, estou ferrado. Aqui não é mais o ensino
fundamental, que precisam de babás e não professores.
Porra, amo dar aulas, sou apaixonado pela filosofia, mas tem
horas que meus alunos testam a minha humilde paciência. Sou tão
bom, e tentam abusar disso. É foda!
— Professor...
Ele ri.
— Senhor?
— Puta que pariu! Mulher, quer me matar? Parece um
fantasma, cacete! — Irene me olha assustada.
— Não. Por Deus, senhor. Não tenho mais idade para isso.
Paula Escobar
Respiro fundo.
Ele não vai desistir enquanto eu não falar com ele. Concordo, e
ele pergunta que horas pode me buscar, e falo que eu irei até ele,
para me enviar o endereço do local, que assim que eu sair do meu
compromisso informo que horas poderei ir ao jantar.
Eu não vou fazer isso. Elas sabem que na minha idade, uma
travada na coluna já era.
— Oi!
— Ok.
Sorrio.
— Vamos, meninas. Ainda não acredito que fiz isso. Vocês vão
acabar comigo.
— Nossa, nem me fale. Pensei que iria ficar mais tranquilo com
o tempo, mas que nada! Faculdade de manhã, treinos à tarde,
trabalhos, David e as meninas à noite. Vou endoidar. Mudei os
horários de tudo, mas não adiantou. A babá ajuda, mas não alivia
tanto, porque as meninas querem sempre minha atenção e quero
dar a elas.
Atendo.
— Senhora, não achamos certo ficar aqui nesse trânsito para pegar a
saída lá na frente. Vamos mudar a rota. Saiam pela primeira à direita, e
sigam em frente. Estamos logo atrás. Assim que saírem, eu irei seguir na
frente de vocês, e o Simon vai ficar atrás. Não tem como continuarmos
seguindo assim.
Desligo.
— Nossa, vamos dar uma volta. Indo por aqui, vamos seguir
sentido ao escritório do Marcos, que é bem no centro, e de lá vamos
ter de cortar sentido à delegacia, para ir para casa. Hoje não é o
nosso dia — Beatriz declara.
— Eu já vim por aqui. Marcos corta por aqui, quando não quer
pegar trânsito, mas ele não é fã de passar aqui à noite.
— Nos filmes que assisti, quando mandam não olhar para trás,
é porque vai dar merda! — Beatriz fala com a voz tomada pelo
pânico.
Liziara faz o que ele pede, assim que ele da ré em cima das três
motos, e elas jogam para a lateral. Então pisca o farol e ela corta o
carro do Pascoal, e agradeço a Deus por não ter outros carros aqui.
Seriam mais vidas em risco. A chuva intensifica. As duas motos
próximas do Pascoal, agora seguem a nós, e vejo apontarem algo,
mas não preciso ver direito para saber o que é.
— Liziara.
— Mãe...
— Não olhe para trás. Eles disseram para não fazermos isso.
Vai ficar tudo bem — digo e ela concorda.
— Alessandro?!
— Porra, por que ele tinha que ser o herói?! — Henrique chuta
a mesa de centro que voa em direção à parede próxima marcando a
parede e quebrando o vaso em cima dela. Então vai para o chão, e
deita cobrindo o rosto. Ana vai até ele.
— Fale! — imploro.
Não vejo mais nada. Sinto meu corpo ficar leve, e paro de
escutar qualquer coisa.
Quatro
Paula Escobar
— Amor, por favor, escuta sua mãe. Henrique, olha todo esse
clima. Suas filhas precisam de você e eu também. Por favor... — Ana
pede chorando.
— Eu não posso ficar aqui. Ele tem que estar vivo. Ele está em
algum lugar. Ele tem que estar. — Ela começa a caminhar para sair,
mas Henrique impede sua saída.
— Beatriz, não tem o que ser feito agora. Temos que esperar!
— David fala autoritário.
— Paula, tem razão. Você foi bem. Não se culpe — Marcos diz a
ela.
— Sim. Estou bem. E fiz porque faria qualquer coisa por vocês.
E deu certo. Simon contou que, quando a explosão aconteceu, as
motos começaram a sair, vocês voltaram a dirigir, alguns tentaram
atacá-las, mas seguiram sem olhar para trás. Eu faria qualquer
caralho que fosse para vocês ficarem bem. Eles não queriam alguém
específico, eles queriam qualquer Escobar.
— Eu sei o que fiz. Eu fiz por elas. Aquilo não ia acabar bem.
Quanto mais estivessem lá, mais merda aconteceria. Era isso ou
foder tudo!
— David, por favor... — Liziara tenta falar, mas ele a olha feio.
— Claro que sabia. Você fez isso sabendo que iria morrer e
nem sequer pensou na família. No seu filho, e sua esposa... Você foi
um idiota! — Henrique esbraveja e sai da sala subindo para o
segundo andar. Ana o segue.
— Marcos, você foi louco, por que fez isso? — Bia questiona
com a voz trêmula e ele a olha, mas não responde.
— Paula...
— Me perdoa.
É nítido a sinceridade em seu tom. Sei que ter que fazer isso
doeu muito para ele também, eu vi quando olhou para a esposa e o
filho, e quando olhou para nós. Sei o que é ficar sem escolhas, mas
sei que agir sem pensar um pouquinho que seja é bem pior.
— Não é para mim que tem que pedir perdão. Peça aos seus
sobrinhos, que têm você como um pai também, e peça a sua esposa
e filho. Pois a Beatriz quase faz uma loucura saindo que nem louca
para te encontrar. E agora sou eu quem diz: “Não seja o herói”. —
Deixo meu tom mais leve. — Precisa de médico, Marcos.
— Tome um banho e vai curtir com sua família. Vou falar com
o David para ver como serão os depoimentos e toda a burocracia.
Jacob está tentando abafar tudo isso. Por ora, precisamos
descansar. A tia da Beatriz e avó do Jacob chegam a qualquer
momento. Então, acho melhor todos ficarem hoje aqui, já que elas
vão vir para cá... Tem mais uma coisa, viram quando Simon o
encontrou?
Paula Escobar
— Oi.
— Fico feliz que tenha resolvido não rejeitar a ligação.
Paro para pensar. E não sei. São tantas coisas envolvidas que
simplesmente não sei.
— Podemos sair para conversar? Isso pode ser bom. Cacete, eu nunca
corro atrás de ninguém. Não me faça te odiar, inferno! — diz rindo e
acabo sorrindo.
— Já sei onde é. Não tem problema. Posso te buscar, pois é bem fácil
do meu apartamento até o local. Vai sozinha, ou com todas elas?
— Universidade?
— Até. E se cuida.
— Tentarei. Tchau.
— O que foi?
— Senhora, com todo respeito, mas não tinha como não ouvir a
ligação, afinal estamos no mesmo carro. Enfim, não acho bom que
fique passando tantas informações ao indivíduo com quem falava.
Até descobrirmos quem está por trás ao ataque, todos são
suspeitos.
— Confia em mim?
— Claro.
Alessandro Santos
Por que cacete ainda não coloquei olho mágico nessa porta?
Inferno!
— Por que pensa isso? E sabe que não sou muito de manter
contato, apenas quando quero.
— Fale de uma vez que merda faz aqui! — peço mais alterado.
— Você não vai fazer nada. Se tentar algo contra algum deles,
eu...
— Você o quê? Vai me matar? Sabe que não faria isso, porque
no fundo me ama e quer meu bem. E eu também amo você e quero
seu bem. Sei de tudo o que está acontecendo com eles. Caia fora,
irmão! Saia dessa loucura, porque você vai ficar na mira!
— Foi por isso que veio? Você tem algo com essa história toda?
— Sinto meu sangue gelar e a raiva me dominar.
Ele ri.
— Sabe, tudo isso acontecendo com eles... Fiquei pensando até
que poderia ser você. Afinal, da última vez que nos vimos, você
enfrentou muita adrenalina para me ajudar e pareceu gostar.
Olho com raiva para ele, mas no fundo o desgraçado sabe que
quero o bem e a proteção dele.
— Que bom que lembra daquela que foi uma mãe para você
antes de sumir pelo mundo e ser duas caras! — acuso sem nenhuma
dó.
Como lidar com algo que nunca teve que lidar antes? Merda!
Tento, mas não consigo mais ser o homem tranquilo que fui
desde o início e ficar vendo as pessoas julgarem a mim como um
cretino, quando é ela que foge desde que nos conhecemos, como se
eu sempre forçasse a situação. Eu sempre disse que mulher era
encrenca, e agora entendo por que dizia isso. Mas nunca disse que
não poderia acontecer essa armadilha comigo. E olha a loucura que
foi e está sendo.
— Temos tempo.
— Não! Ele iria querer me ver seguindo minha vida e feliz. Mas
eu não consigo. Não posso colocar mais ninguém nessa confusão da
minha família.
Esse cara quer morrer com a própria arma dele? Que porra é
essa de duas opções?
— Está.
Não espero ele falar mais nada. Entro no carro e a chave está
nele. Paula entra e saio a mil dali.
Não deixo que ela termine. Puxo-a para meus braços e beijo-a.
Não é calmo e não desejo que seja. Levo as mãos a cada lado de seu
rosto. Ela está entregue ao beijo. Eu nem sabia que precisava disso.
Caralho, o que esta mulher fez comigo? Maldita foi a hora que a vi
naquela boate e o Jacob não me impediu de ir até ela. Maldito seja
nossos encontros em seguida. Maldito seja o mundo por me obrigar
a fazer o que não queria, mas se faz necessário agora.
— Por quê? O que houve? Olha, não beijo tão mal assim, não é?
Faz tempo que não beijo... Que vergonha! Eu deveria calar a boca.
— Homem, não faça isso. Primeiro diz que fujo, e agora você
me beija, e fica estranho em seguida!
— Sabia.
— Ok. E comi a torta de morango que a Irene fez para você. Ela disse
que estou magrinho.
Sou surpreendido por Jacob bem ao meu lado. Cacete, o que ele
ouviu? Merda!
— Que aviso?
— Se você for...
— Está preparado?
— Nunca fiz isso. Porra, não posso ser educado com nenhuma
mulher? Jaqueline e eu nunca tivemos e nunca iremos ter nada.
Puta que pariu, está difícil compreender isso?!
— Ótimo. Espero que ela saiba, porque viu os dois se beijando,
e deixou escapar para a Beatriz, que por pouco não deixa o Marcos
ouvir o motivo dela mandar a tia calar a boca.
Paula Escobar
— Querida, por que não disse que viria? Teria preparado uma
mesa de café do jeitinho que gosta.
Ela sorri.
Sorrimos.
— Isso mesmo!
— Mas por que passou aqui? Adoro sua companhia, mas veio
sozinha... Por que não trouxe as meninas? Minhas netas animariam
meu dia.
— Liziara!
Ela ri.
— Sou sincera. Enquanto fica aqui bebendo café, sua vida está
passando, e talvez tudo termine e nada tenha feito. Levante o
bumbum daí, mulher, e seja a Paula Escobar, a mulher mais
poderosa que conheço.
— Joseph, pare com isso. Sabe que não gosto desses papos.
— Você me faz a mulher mais feliz. Eu não poderia querer mais que
isso.
— Promete, Paula...
— Sim. Eu prometo.
— Joseph, eu não sou você. Não sei como lidar com os problemas
graves.
— Você é melhor do que eu. Você é a principal voz desta família. Suas
palavras são leis inquebráveis. Só precisa acreditar nisso.
— Eu... Eu prometo. Vou cuidar de tudo. Mas agora é você que tem
que prometer uma coisa.
— O quê?
— Eu prometo. Mas talvez não tenha jeito, meu amor. Essa é a vida
que levo.
— Se não tiver, prometa que não vai... sem dizer adeus. Eu preciso
ouvir você diante de qualquer circunstância. Não me deixe sem ao menos
me dar a chance de me despedir de verdade. — O choro não é mais
controlado, e ele enxuga cada uma das minhas lágrimas, com seus dedos.
— Eu prometo...
— Paula!
— Se cuide, Débora.
— Olha a boca! E sim, irei falar. Até porque sou cardíaca, e você
quase me mata.
Que homem mais ranzinza. Não lembro de ter dado limão para
ele no lugar do leite. Se bem que, como o criei como meu filho, posso
dar uns tapas... Bom, guardarei essa possibilidade.
Arregalo os olhos.
Fico olhando para eles, e vendo o ponto que chegou tudo isso.
— E agora, como vamos saber quem é? Gente, isso é loucura
demais! Que inferno é este?
Sinto uma sensação ruim. Da última vez que senti algo assim
perdi o Joseph. Esfrego o peito e respiro fundo.
— Querem que eu acredite que ele tem alguma coisa com isso?
Então me tragam provas. Do contrário, ele é inocente.
— Paula, o Jacob o escutou pedindo ajuda para alguém...
— Mãe, o que sente por este cara? Por que tanta proteção?
— Mãe...
Alessandro Santos
— Que ótimo! Quero saber qual foi o pecado que fiz, para estar
pagando tudo?
— O que é isso?
Merda!
— Não, sem me ferrar. Sem ferrar a nós dois. Agora pense bem
no que vai fazer, Alessandro. Vou indo, tenho que ver o espaço da
minha nova clínica. — Ele me encara sério. — Deixe para abrir a
porra da boca no momento certo, não seja um fofoqueiro, porque
vai foder a todos.
— Oi, Jaqueline.
— Jaqueline, eu...
— É urgente. Me encontre no endereço que vou te mandar.
Alessandro Santos
— Sei que não. E não vim te cobrar nada. Eu pedi que viesse
por dois motivos.
Concordo.
— Preciso encontrar um jeito dessa informação chegar até
eles, sem que leve até a mim.
— Você me deu um papel dizendo que não tem nada a ver com
isso. Mas por que os Escobar estão atrás de você neste momento? —
Ela se levanta.
— Foi passado.
Paula Escobar
— Me mostrem então!
— Mas você fugiu, David, como sempre faz. Você foge quando a
vida te aperta. Você foge quando os sentimentos te deixam confuso.
Sempre foi assim. Você tem isso do seu pai. Prefere morrer do que
ter que assumir seus sentimentos. Então não venha dizer que é por
minha causa que o legado da merda de um sobrenome está indo por
água abaixo. Eu não sou uma delegada, nem juíza e tampouco uma
promotora ou advogada criminalista. Se o legado que tanto quer
estufar o peito ao dizer está indo pelo ralo, é por culpa de vocês, que
estão ficando vulneráveis e atirando culpa para todos os lados, ao
invés de honrar a profissão que escolheram. E nisso seu pai não
teria orgulho. Porque ele jamais iria admitir que acusações sem
sentido acontecessem, e o foco das investigações desviassem. Você é
meu filho, David, e vai me respeitar, quer queira ou não. Fora desta
casa, você pode ser um delegado. Aqui dentro, embaixo do meu teto,
é meu filho, e não me faça perder a cabeça porque sou capaz disso.
Hoje foi puxado, mas foi bom. Estou me sentindo mais leve.
Uma pena Liziara e Bia não terem vindo.
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Paula Escobar
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Paula Escobar
Semanas depois...
Alessandro Santos
Estou indo para o local onde a Paula treina. Se ela pensa que
vou treinar, está enganada. O único modo que pretendo suar é com
sexo, o que ela tem evitado desde a nossa viagem. Só me lasco, eu
digo!
Sigo com o segurança fazendo escolta. Quem vê pensa que sou
parente da rainha. Acabo rindo disso. Quem diria que teria um
homem na minha cola!
O percurso não é longo, mesmo com um pequeno trânsito
chego rápido. Estaciono e Josh me assusta parando a minha frente.
Quando ele saiu da moto?
— Eu vou entrar, e não precisa vir.
— Ficarei na recepção, senhor.
— Você quem sabe. E pare de me chamar de senhor.
— Senhor Henrique mandou não acatar nenhuma ordem sua.
— Senhor Henrique é um idiota, pode transmitir essa
informação a ele? Não, né? Não tenho poder sobre nada aqui.
Ele sorri.
Entro e aviso que vim ver a Paula Escobar. Estou autorizado ao
que parece, já havia vindo essa semana trazê-la, mas não entrei
além da recepção. Informam a sala que ela está e como chegar até
lá.
Faço o trajeto e paro diante de uma enorme porta, de uma sala
muito grande, com alguns colchonetes, uma parede de espelhos, e
alguns instrumentos que devem usar nos treinos.
Jacob está encostado em um canto e assim que me vê se
aproxima.
Daiane, Paula, Ana, Liziara e Beatriz treinam com dois homens
fortões. Vejo Jaqueline saindo de outra porta dentro da sala, e ela se
senta em um canto bebendo a água da garrafa e faz um aceno rápido
para mim, que retribuo.
— Até a Jaqueline veio para essa loucura?
— Ela quis tentar. Mas desde que cheguei, apenas a vi sentada
e olhando assustada.
— Nem imagino o motivo! — ironizo.
É soco, chute, braçadas e gritos para tudo quanto é lado. Porra,
preciso me lembrar de nunca irritar a Paula! Ela me mata, com toda
certeza! Como esse corpo tão pequeno e magrinho consegue tudo
isso?
Liziara cai e sinto a dor. Será que devo chamar um médico?
— É, Frederico e Laerte não perdoam ninguém! Daiane às
vezes chega roxa em casa. Estou começando a cogitar que ela grave
os treinos, para usar como provas que eu nunca encostei nela. Já
pensou se alguém a vê assim na rua e denuncia?
Acabo sorrindo.
Laerte prende a Paula por trás, e ela tenta se livrar. Esse
mamute não pode ficar mais distante, não?
— Precisa ser tão colado assim? Apenas uma dúvida.
— Se acostume ou vai pirar.
Jaqueline se aproxima sorridente como sempre.
— Olha, eu vou embora, pedir uma deliciosa pizza e
atormentar o Arthur. Isso não é para mim. Prefiro andar com mais
seguranças, até porque não acho ruim. Adoro!
Rimos e ela passa por nós.
Ela está vendo casa na cidade. Vai se mudar, quer ficar mais
próxima de todos. Então já está ficando na Beatriz enquanto isso.
— Notícias do seu irmão? — Jacob questiona.
— Não.
— Eu sinto muito. Se precisar de ajuda...
— Não se preocupe. Não quero colocá-los em problemas.
— Não aceitamos o que seu irmão faz, mas, diante de tudo, ele
foi nosso apoio; e graças a ele, não tivemos que justificar muitas das
merdas naquele dia, como a morte da Poliana, que poderia ter sido
evitada. Se ele precisar de ajuda, conte conosco, temos uma dívida
com vocês.
— Não, vocês não têm e eu faria de tudo para proteger a Paula.
— Que bom que você tem amor por nossa amizade. E fez isso
pensando em nós também — ironiza e rio.
Daiane xinga quando vai ao chão e olhamos para ela, que nos
vê e sorri.
— E sua avó, não quer vir morar para cá? — Me lembro da
discussão deles no dia seguinte ao acontecido.
— Não. Ela ama aquele lugar. E é até bom, pois é um lugar a
mais para Sophie ir e ela tem amigas lá. Daiane e eu temos a vida
corrida, então infelizmente não dá para levar a Sophie para viajar
com tanta frequência. A melhor opção é ter minha avó no interior,
que sempre pega minha menina.
Assinto, e fico olhando para elas. Eu não estou simpatizando
com esses mamutes. É muito contato físico para meu gosto... Porra,
era só o que me faltava: crises de ciúmes.
— No dia do acontecido, a Daiane estava suspeitando que
poderia estar grávida. — Olho assustado para ele, que mantém os
olhos nela. — Não contamos a ninguém. E porra, nunca desejei tanto
que ela não estivesse, porque as chances de ela perder seriam
grandes. Por fim, ela não estava, e foi um alívio. Ela redobrou os
cuidados com o medicamento, porque um susto desse novamente
não aguentaríamos.
— Eu sinto muito... O pavor de vocês então estava triplicado.
Ele assente e leva as mãos aos bolsos da calça.
— Vocês formam um casal bonito. Na verdade, uma família
bonita... Mas pretendem... Sabe, aumentar a família?
Ele me olha e sorri.
— Não. É algo nosso já. Não queremos. Se acontecer, tudo bem.
Mas vamos cuidar ao máximo para não termos mais surpresas. Mal
temos tempo para Sophie, ser promotores já toma mais do nosso
tempo do que queríamos, imagine ter outra criança? Vê a vida da
Liziara, sem tempo até para respirar, se divide em mil para estudos,
trabalhos, gêmeas, treinos; a Paula vai passar a ajudá-la, porque
apenas a babá não está sendo suficiente. Tem a Ana também, duas
meninas, e vive em constante desespero, prezando a segurança
delas, afinal, as duas têm pais advogados criminalistas, que não são
tão amados por seus réus... Essa vida é foda. Admiro muito todos os
Escobar que conseguem lidar com tudo e todas as crianças. Porém,
não quero ver a Daiane mais pirada do que fica para cuidar da
Sophie, e não quero ficar mais preocupado do que fico quando saio,
viajo e tenho que deixá-las. Já arrisquei muitas coisas quando me
casei com a Poliana e quando escolhi ser promotor, não sou tão
forte quanto eu pensei para querer arriscar ainda mais, colocando
mais um filho no mundo. E a Daiane conversou comigo, ela pensa o
mesmo, diz não estar preparada tão cedo para isso.
— Vocês dois são mais fortes do que pensam. São pais
incríveis, Sophie tem muito orgulho de vocês. São ainda mais fortes
por saberem respeitar que agora não é o momento para outra
criança, e não ligarem para as fofocas da mídia e tampouco para
comentários que sei que devem ocorrer. Sempre acreditei que ser
um bom pai é, acima de tudo, saber compreender o momento certo
para colocar um filho no mundo, e não colocar apenas para dizer
“eu que fiz”. Só por pensar nisso já mostra o quanto vocês são
ótimos pais para a Sophie e seriam ótimos pais para outra criança,
que, sem existir, já tem a proteção de vocês.
Ele leva uma mão ao meu ombro e aperta, então surge um
sorriso em seu rosto.
Anunciam o fim do treino e elas se deitam no colchonete,
exceto a Paula que caminha até a mim, sorridente. Um dos homens a
chama e joga uma toalha, que pegaram no canto dos acessórios; ela
enxuga o suor e torna a se aproximar.
— Sempre me lembre do porquê não posso te irritar — peço
levando a mão a sua cintura.
— Pode deixar.
Inclino o corpo e beijo seus lábios.
— Está vendo, Daiane? É assim que você tem que me tratar. —
Jacob aponta para ela, que mostra o dedo a ele.
Elas se levantam e se aproximam.
— São moles demais! Uma hora de aula e estão assim?
— Cala a boca, Frederico! Com a raiva que estou por este
treino, eu mato você e o Laerte! — Paula rebate.
Agora já sei quem é o mamute um e o mamute dois. Eles
acenam com a cabeça para mim, e retribuo bem sério. De verdade,
não gostei deles. Porra, para que esse olho azul, esses músculos só
do Laerte? E o Frederico com essa cara de “fodo melhor que você”...
Porra!
— Eu não sinto minhas pernas. Ainda bem que vim com o Alex
e ele vai dirigindo — Liziara diz se apoiando na Beatriz e na Ana.
— Eu vim de carona com Simon, então estou de boa também. E
minha tia? — Beatriz questiona franzindo o cenho.
— Ela foi embora. Melhor, fugiu — digo e ela revira os olhos.
— Por isso ela veio com o carro dela. Para fugir a hora que
quisesse — Beatriz constata, sorrindo.
— E eu me lasquei! Vim no meu carro e o Luciano no dele.
Henrique vai trabalhar até tarde, não posso explorar ele.
— Ana deveria ter dito que, na hora em que o Jacob me deixou
aqui, traria você e agora iria conosco. Saiba que vou explorar muito
o meu pateta, porque esses ogros aqui ferraram com minha coluna.
— Qual é, princesinha Escobar, pensei que era mais forte! —
Frederico provoca.
— Me chama assim de novo, que arranco seu pênis e enforco
você com ele.
— Daiane! Tenha modos! — Paula exclama horrorizada.
— Eu tenho, mamãe. Mas as pessoas me irritam!
Eles riem.
— Vamos, antes que saia alguma morte — Paula fala
segurando minha mão.
— Antes, eu quero saber quando vai se assumir de vez com o
pateta número cinco?
— Queria entender isso de pateta — comento.
— Ela só chama de pateta os homens que ela já considera da
família — Beatriz responde.
— Isso é para ser um elogio? — indago provocando a Daiane.
— Não. Eu descobri que sou ogra, não curto elogiar demais —
Daiane diz agarrando o braço do marido, que sorri.
— Agora que descobriu que é ogra? Mulher, eu já sabia há
tempos. Merda, que dor nas pernas! Estou ferrada, sem sexo hoje.
— Liziara! — Paula a repreende e ela dá de ombros.
— Vou te passar o nome do produto que uso para dores depois
do treino. Nunca fico sem sexo — Ana comenta.
— Ana Louise! Até você, o anjo puro desta família? — Paula a
repreende e acabo rindo.
— Eu sou o único anjo, sogrinha — Jacob fala fazendo cara de
santo.
A ruiva revira os olhos e sorri.
— Sim, meu amor. É o único mesmo. Agora vamos. — Paula
entra na dele.
— Melhor. Não precisamos saber da vida íntima de vocês —
Laerte diz empurrando todos para fora da sala.
Caminho na frente com a Paula.
— Ana, não esquece de me dar o nome. Vou comprar antes de
ir para casa! — Liziara diz bem alto.
— Mãe e Pateta, não fujam do assunto. Quando vão se assumir?
Olho para a Paula que está muito vermelha, e não é pela
adrenalina do treino.
— Essa família ainda vai me matar de vergonha — diz
baixinho.
— Quando está com loucos, seja mais um — falo para ela. — Se
eu disser namorados, irei mentir, porque nunca conversamos sobre
isso! — rebato e escuto os risinhos atrás.
— Gente, cuidem da vida de vocês. Estão me matando de
vergonha! — Paula reclama.
— Ela tem razão. Mas fala aí, são apenas beijinhos, mãos dadas
ou estão levando a sério o envolvimento? — Jacob provoca e rio,
mas Paula acerta um tapa no meu braço. Cacete, ela tem força!
— São inocentes demais, por ainda não verem que já rolou
uma rodada bem intensa de sexo! — Liziara diz e Beatriz briga com
ela. — Meu povo, não se façam de santos não! Aqui todo mundo faz
sexo!
— Fala baixo, Liziara! — Ana rebate rindo.
Paramos na porta e os seguranças se aproximam.
— Senhora Beatriz, antes de irmos para casa, temos que passar
em um lugar.
— Que lugar, Simon? Não inventa. Que merda o Marcos pediu?
Estou cansada.
— Pediu para a senhora escolher um bom vinho e levar. E
depois se arrumar e se encontrar com ele no local que irei levá-la.
Ela fica vermelha. Posso estar louco, mas tem algo nesse
convite do juizinho estressado.
— Olha, esses dias o Marcos me usou de secretária e fez eu ir
ao banco para ele; folgado demais, vale ressaltar. Mas, enfim, o
extrato bancário do homem tem vinho pra caramba! Estão abrindo
uma adega ou coisa do tipo, ou gostam muito de beber vinho? —
Liziara indaga cruzando os braços e dando risinhos.
— Olha, Liziara, eu só não te mato, porque te amo. Vamos,
Simon.
Ela entra no carro rapidamente, sem se despedir de ninguém.
Jacob me olha e não aguentamos, começamos a rir. Ficam
olhando para nós com cara de interrogação.
— Esse juiz vive embriagado — Jacob comenta sem parar de
rir.
— Taça especial, será? Besta somos nós, Jacob — comento já
entendendo tudo.
— Do que os patetas estão falando? — Paula questiona. —
Nossa, filha, é realmente bom chamar de pateta!
Daiane sorri do comentário da mãe.
— Apenas pensamos o mesmo. Vamos? — digo a Paula.
— Cacete! Eu entendi. Depois séculos... Bia está safada! Estou
nas antigas mesmo, usando algemas ainda, acreditam? Esses dias
prendi o David na grade da cama e quebrei a chave quando fui
abrir. Tive que chamar um segurança para ajudar. Se eu sumir, já
sabem, ele me matou. Está puto por isso e não me deixa encostar em
mais nenhuma algema.
— Luciano pegou o Henrique e eu transando na piscina. Sei
bem o que é ver um homem puto. Henrique por pouco não mata ele!
— Liziara e Ana, como podem? Meu Deus! Vamos, Alessandro.
Saímos dali com os risos deles.
E eu achando que era louco, mas essa família se supera!
Paula Escobar
Paula Escobar
Alessandro Santos
Paula Escobar
Alessandro Santos
“Pare de vasculhar o que não deve. Estou vivo, é tudo o que precisa
saber. Não quero essa família puxando minha vida, até porque não sou
idiota e não deixo rastros e sei cada acesso que qualquer um faz sobre mim.
Segunda-feira, eu encontro você na sua casa. Precisamos conversar sobre
uma coisa. Não retorne a este número, será inútil.
F.S.”
Paula Escobar
Respondo:
Alessandro Santos
Paula Escobar
Um mês depois...
Paula não parece muito feliz. Seu olhar diz que a qualquer
instante ela pode matar alguém, prova disso que expulsou a todos
da nova casa e disse que faria tudo sozinha, mas a Marcela e Jurema
disseram que ficariam e ajudariam, não deram ouvidos a mulher
bastante estressada, e estão na cozinha organizando as coisas.
Eu já havia vindo aqui durante o processo da compra da casa e
sou apaixonado pelo lugar. É incrível. Ela tem um bom gosto. Mas
foda-se a casa, quero saber da mulher a minha frente!
— Você vai continuar com essa cara emburrada? Porque
preciso saber se vou ficar aqui o dia todo com você assim, pois
prefiro aturar a Irene me xingando — digo com sinceridade e ela
me olha feio. O arrependimento bateu forte agora, ela vai me matar
nessa porra.
— Só estou brava porque vocês são terríveis e me
enlouquecem demais.
Me aproximo e abraço-a por trás.
— Não tente me agradar.
— Longe de mim. — Beijo seu pescoço e sinto seus ombros
relaxarem. — Os últimos dias foram corridos, você precisa relaxar.
— Não... enquanto não estiver tudo ajeitado.
— Estou sem seu corpo há dias. Isso é tortura. — Viro-a
deixando de frente para mim, e pressiono seu corpo ao meu.
— Não diga essas coisas, e alto. Marcela e Jurema podem ouvir
e os seguranças também.
— Foda-se! Eu sei como te fazer relaxar e sabe disso. — Levo a
mão a sua nuca e aproximo meu rosto.
— Aqui não, estamos na sala.
— Assim que é mais divertido.
— Ale...
Não deixo que termine de falar. Beijo sua boca com vontade.
Meu corpo reage ao contato rapidamente. Caralho, estou há dias
sem ela. Caminho levando-a até o sofá, sem tirar os lábios dos seus.
Fico entre suas pernas, onde seu vestido já curto – essa porra é
curta demais – sobe ainda mais. Ela afasta os lábios lentamente e
sorri.
— Você é louco. Sorte que as câmeras da casa vão ser ligadas à
noite pelos meninos com a equipe.
— Daríamos um belo show. — Sorrio e esfrego meu pau nela,
que geme baixinho.
— Marcela e Jurema vão ter um treco. É sério.
— Eu já disse que foda-se! Eu preciso de você.
Levo a mão entre suas pernas e esfrego sua boceta, fazendo-a
gemer ainda mais. Aproximo os lábios de seu ouvido e mordo sua
orelha de leve.
— Vou fodê-la nesta sala e agora... Porra, que saudade!
— Alessandro, você é louco... — Sua voz é trêmula. Ela sorri.
Afasto-me o suficiente para retirar sua calcinha e deixar de
lado. Ela olha para os lados e sorrio.
— Perigoso é mais gostoso, nunca ouviu dizer? — indago
abrindo a calça e abaixando o suficiente junto com a cueca.
Seus olhos vão direto para o meu pau e ela morde o lábio.
Safada, ela quer tanto quanto eu e ficou torturando a nós dois nos
últimos dias.
Fico entre suas pernas mais uma vez, e encaixo meu pau em
sua entrada molhada. Deixo uma mão em seu rosto e a outra, uso de
apoio ao lado de sua cabeça. Levo meus lábios aos seus, e penetro-a
de uma vez. Seu gemido é abafado por mim. Suas mãos agarram
minhas costas e suas pernas me contornam. Afasto os nossos lábios
e começo a movimentar-me rápido e forte, ela acompanha e morde
o lábio, mas suas tentativas de diminuir os gemidos são inúteis,
assim como as minhas.
— Amo seu corpo, sua boceta... Amo você, Paula — falo em seu
ouvido e ela geme alto desta vez, enquanto suas mãos me apertam
ainda mais.
— É tão bom... Também amo... — geme. — Amo você.
Sentir meu pau dentro dela é delicioso demais. Sua boceta é
quente, e ela me aperta muito. É uma sensação do caralho.
Nossa respiração é irregular. Meus movimentos são brutos e o
calor de sua boceta, os gemidos tímidos que saem de seus lábios,
suas expressões, todo o conjunto está me deixando ainda mais
louco.
Levo as mãos por baixo de seu corpo, elevando-o um pouco e
deixando as estocadas ainda mais profundas. Agarra meu pescoço e
esconde o rosto nele. Sua respiração quente e rápida me causa
arrepios pelo corpo inteiro.
— Goza comigo, meu amor.
Ela xinga entre os gemidos insanos.
Saio de dentro dela e penetro de uma vez novamente. Repito
isso algumas vezes, e seu corpo fica rígido. Ela me aperta com mais
força. Sua boceta contrai ainda mais meu pau.
— Caralho! — xingo e seu corpo começa a tremer. Gozo com
ela, derramando todo o meu prazer dentro dela, que me envolve em
um deslizar perfeito.
Ficamos abraçados por alguns minutos, recuperando nossas
forças e fôlego.
— Você é louco, muito louco e vai me enlouquecer...
— Meu destino é fazer exatamente isso a você. — Beijo com
carinho seus lábios e sorrio.
— Obrigada, por fazer parte da minha vida. Por ser incrível.
Você é maravilhoso, Alessandro.
— Nunca acreditei na redenção de um homem que leva a vida
como eu, mas hoje entendo que ele precisa apenas encontrar a
pessoa certa. Encontrei você, e porra, que sorte a minha!
Ela sorri e segura meu rosto.
— Eu te amo e me sinto muito bem em lhe dizer isso.
— Eu também te amo, meu mulherão da porra!
Sorrimos.
Se eu tivesse apostado, teria perdido. Era para ser apenas uma
noite, eu planejei isso desde que a vi na boate pela primeira vez,
mas caralho de destino. E tenho que agradecê-lo, porque desta vez
ele caprichou demais. Não é apenas o recomeço dela, é o meu e isso
é um fato.
— Meu recomeço... sempre foi você. — Beijo-a com carinho.
Preciso levá-la para o quarto, porque meu pau quer
comemorar muito essa nova fase. Sou um safado incurável.
Sempre foi ela. Desde que a conheci, meu olhar, pensamentos,
desejos e coração foram dela, e fui um idiota em notar apenas
agora. Mas ainda bem que descobri a tempo.
— Meu recomeço — ela repete e sorri.
Epílogo 1
PAULA SANTOS
ARTHUR ESCOBAR
— Deixa de ser ogro! Não nega ser filho do tio Marcos — diz
com seu jeitinho doce, assim como o de sua mãe, a tia Ana.
— A mamãe diz que daqui uns dias só vai ver seu olho, pois
está indo pelo mesmo caminho do papai.
— Não mais que a minha. Quando meu pai fez uma tatuagem,
ela surtou. Falou que se casou com um gibi humano, sendo que foi
apenas uma.
— Laura, tia Liziara é louca. Ainda não sei como conseguiu ser
nomeada a melhor delegada do país.
— Por falar em nossos pais, meu pai está louco comigo, porque
não estou indo aos treinos — Yasmim diz desanimada.
Laís se afasta e passa pelas primas que tentam falar com ela,
mas a pequena faz sinal que quer ficar sozinha.
— Estava demorando...
Queria entender por que meu pai e meus tios pegam casos com
pessoas loucas ao extremo? Sempre sobra para nós, pois a nova
geração está no destaque. Puta merda! Por que não se aposentam
logo? Meu Deus!
Parece que fica mais forte a cada ano e isso me assusta, sério, e
poucas coisas me assustam.
Não é novidade para ninguém que a nova geração dos herdeiros Escobar
tem dado o que falar. E desta vez marcaram presença na boate mais
famosa da cidade, e podem gritar corações apaixonados, todos juntinhos e
solteiros.
Até mesmo Eric Fernandez (filho de umas das advogadas mais requisitadas
e do investigador mais conhecido) esteve com eles.
Mas ao que parece a vida deles não anda tão tranquila. Assim como no
passado, a família continua enfrentando diversas perseguições, e ao que
tudo indica a saída repentina foi em questão disso.
Mas a pergunta que não quer calar é: Quando veremos esses jovens dando
o que falar em busca dos seus grandes amores?
Babi: Laís sempre com cara de anjinho, essa menina tem jeito de sonsa.
Mas esse primo dela e o Eric, gatos demais, eu pegava.
Resposta a Babi:
Precisa ver se eles iriam querer você. E a Laís é fofinha, tem seu charme,
assim como as outras! Menos recalque, e mais amor.
Com amor,
Deby Incour.
#SérieEscobarParaSempre
Biografia
Deby Incour é brasileira e começou a escrever em 2014 e
desde então nunca mais parou. Seus livros foram publicados no
Wattpad e renderam milhares de leituras. Em 2016 se destacou
ainda mais com a Série Escobar, se tornando autora bestseller com
o primeiro livro da série na Amazon brasileira. Sempre amou o
mundo do “era uma vez”, e poder criar o seu próprio foi como ter
uma varinha mágica ou um gênio da lâmpada realizando seus
desejos. Também é completamente apaixonada por romances de
época, onde sonha com bailes e vestidos bufantes. Adora tirar fotos,
e assistir filmes clichês como as famosas comédias românticas.
Porém, é quando escreve ou lê que tudo fica perfeito, além de
escutar músicas e cantar na ilusão de que faz isso muito bem.
Instagram.com/deby.incour
Editora Angel
www.editoraangel.com.br
REDES SOCIAIS
instagram.com/editoraangel
facebook.com/editoraangel
twitter.com/editoraangel