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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE REDENÇÃO/PA.

Prioridade: Idoso - Art. 1048, I do CPC.

VALERIO PANAZZOLLO, brasileiro, casado,


aposentado, inscrito no RG nº 838001 SSP/PR e CPF nº 025.453.309-49,
residente e domiciliado na Rua Ildonete Guimarães, nº 199, Bairro Jardim,
Umuarama, na cidade de Redenção/PA, vem, a presença de Vossa
Excelência, por seu advogado, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CONTRATO DE CARTÃO DE


CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RCM) E
INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
ANTECIPADA CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE VALORES EM DOBRO
E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

Em face de BANCO BONSUCESSO (BS2), pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o nº 71.027.866/0001-34, com sede na Av. Raja
Gabaglia, Andar 14 ao 16, nº 1143, Bairro Luxemburgo, Belo Horizonte/MG,
CEP 30.380-403, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
1. DOS FATOS

Na qualidade de aposentado junto ao INSS, o Autor


buscou, junto a Ré, obter empréstimos consignados. Consultada a margem a
consignar o Réu liberou dois empréstimos um de R$ 716,58 em 30/08/2018, e
outro de R$ 2.194,78 em 23/05/2017, o Autor vem pagando normalmente os
referidos empréstimos, conforme doc. histórico de créditos e doc. extrato de
empréstimo consignado anexo.

Ocorre Excelência, que o Autor recebeu em sua


residência um cartão de crédito emitido pela Ré, sendo que jamais utilizou o
referido cartão, nem sequer o desbloqueou, uma vez que em momento algum
fez a solicitação. Tampouco tinha ideia de que se tratava de um cartão de
crédito consignado.

Mesmo encontrando-se ainda bloqueado, o cartão de


crédito, desde 18/02/2017 que vem sendo descontado indevidamente no
benefício do Autor o valor de R$ 163,10 (cento e sessenta e três reais e dez
centavos) referente à suposta contratação do cartão, conforme documento
acostado.

Diante das parcelas que são descontadas em seu


benefício em razão dos empréstimos realizados com o Réu, o Autor não se deu
conta dos descontos que vinham sendo indevidamente realizados em seu
contra cheque e só agora se atentou para a lesão que vem sofrendo frente à
atitude ilícita do demandado.

Impõe-se ressaltar que o autor nunca pretendeu ter cartão


de crédito.

O popular empréstimo consignado com amparo legal na


Lei nº 10.820/2003, a mesma que autoriza o desconto em folha de pagamento,
atendido o limite de 35% do valor do benefício, devendo 5% ser reservado,
exclusivamente, para obtenção de cartão de crédito, percentual este conhecido
como Reserva de Margem de Consignável (RMC), conforme dispõe o Art. 1º,
§§ 1ºe 2º de mesma lei.
Porém cumpre destacar que o banco Réu concedeu
empréstimo consignado ao Autor, que de fato era o que o mesmo desejava,
mas acabou por "empurrar" outro serviço não contratado, via limite de cartão
de crédito, passando a descontar o valor mínimo da fatura no benefício do
segurado (mesmo não sendo utilizado o cartão), ou seja, utilizou os 5% de
RMC. Indo de encontro ao que discorre a IN 28/2008 do INSS em seu Art. 3º, §
1º, II, III, a qual determina que para utilização do RMC deverá haver
determinação expressa do beneficiário.

Fato este que não ocorreu, pois o autor nunca assinou


qualquer contrato de cartão de crédito com a demandada, e se por ventura o
tivesse feito, sem saber de que se tratava, como corriqueiramente as
instituições financeiras o fazem, através dos contratos de adesão, onde o
consumidor não recebe nenhuma explicação sobre o que assina. Mesmo assim
o autor NUNCA utilizou o cartão, como pode pagar por uma dívida de um
cartão ainda bloqueado?

No mais, Excelência é visível a abusividade da instituição


financeira na relação jurídica, visto que não houve solicitação, utilização ou
mesmo informação pela instituição financeira acerca da constituição da
Reserva de Margem Consignável.

Assim, acerca de vinte e seis meses o autor tem visto seu


beneficio ser reduzido, sua única fonte de renda esta sendo violada pela má fé
da Ré. O autor vem passando por constrangimentos de ordem econômica e
social, uma vez que viu seu poder aquisitivo ser reduzido, pois, o beneficio
garante seu sustento e o de sua família.

Após algumas tentativas de resolução do imbróglio


diretamente com o banco Réu restarem infrutíferas, somente lhe resta socorrer-
se do poder judiciário a fim de obter a tutela jurisdicional que o caso reclama.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
2.1. DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Preambular, é de ressaltar que tratam-se de questões


afeitas às relações de consumo, justificando a escolha desse foro para apreciá-
la, a teor do art. 101, I do Código de Defesa do Consumidor (CDC), prevendo a
possibilidade de propositura desta demanda no domicílio do Autor porquanto
reconhecidamente hipossuficiente.

Dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF/88) em seu


artigo 5º, inciso XXXII, que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”. A defesa de seus direitos é, portanto, garantia constitucional.

Dessa forma, por meio da Lei 8.078, de 11 de setembro


de 1990, o Estado Brasileiro instituiu o CDC, que regulamenta as formas de
proteção do consumidor, com normas de ordem pública e interesse social, em
consonância com a CF/88.

Entre os direitos básicos previstos no CDC está à garantia


de reparação dos danos patrimoniais e morais, o acesso à justiça e a inversão
do ônus da prova em favor do consumidor, nos termos do artigo 6º, incisos VI,
VII e VIII.

Cumpre destacar, em relação ao art. 6°, VIII, do CDC, que


o Autor encontra-se em nítida desvantagem em relação ao Réu, o que por si só
autoriza a inversão do ônus probandi, uma vez que se trata de aplicação do
direito básico do consumidor, inerente à facilitação de sua defesa em juízo.

Sobre a relação de consumo, as partes enquadram-se


nos conceitos de consumidor e fornecedor conforme dispõem os arts. 2º e 3º
do CDC, vez que o Autor é consumidor final e o Réu instituição financeira, nos
termos da Súmula 297 do STJ.

Sendo assim, inexistem maiores dificuldades em se


concluir pela aplicabilidade do referido Código, visto que este corpo de normas
pretende aplicar-se a todas as relações desenvolvidas no mercado brasileiro
que envolva um consumidor e um fornecedor.
Portanto, requer desde logo que o caso seja analisado e
julgado sob o prisma da relação de consumo, deferindo-se em favor do Autor o
benefício da inversão do ônus da prova consoante artigo 6º, VIII, do CDC, ante
a manifesta hipossuficiência técnica e financeira em relação ao Réu.

2.2. DA VIOLAÇÃO AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A modalidade de empréstimo consignado via contração


de cartão de crédito com reserva de margem consignável (RCM) é marcada
por abusividade, vez que o Réu, deliberadamente, impõe ao Autor o
pagamento mínimo da fatura mensal, o que para ele é vantajoso, já que enseja
a aplicação, por muito mais tempo, de juros e demais encargos contratuais,
sem data final de pagamento.

Nesse diapasão, o CDC considera tal situação abusiva, in


verbis:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas

I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao


fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos;

V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua


obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu
exclusivo critério.

Ao tecer comentário acerca do inciso I do art. 39, a


Professora Cláudia Lima Marques:

Tanto o CDC como a Lei Antitruste proíbem que o fornecedor


se prevaleça de sua superioridade econômica ou técnica para
determinar condições negociais desfavoráveis ao consumidor.
Assim, proíbe o art. 39, em seu inciso I, a prática da chamada
venda “casada”, que significa condicionar o fornecimento de
produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço. O inciso ainda proíbe condicionar o fornecimento, sem
justa causa, a limites quantitativos. A jurisprudência assentou
que a prática de venda casada não pode ser tolerada, pois
apenas os limites quantitativos é que podem ser valorados
como justificados ou com justa causa.

A despeito dos incisos V e XII do art. 39, sua violação


resta comprovada porquanto o Réu já exigiu do Autor quantia muito superior à
contratada, sem estipular data de início e fim para pagamento das parcelas.
Evidente essa abusividade flagrante dispensa ensinamentos doutrinários.

O Autor, diante da necessidade, apenas buscou contrair


um empréstimo consignado, mas como dito, restou ludibriado, por práticas
abusivas e sórdidas cometidas pelo Réu. A jurisprudência já apreciou milhares
de casos assim:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES


CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
TOGADO DE ORIGEM QUE JULGA IMPROCEDENTES OS
PEDIDOS DEDUZIDOS NA EXORDIAL. IRRESIGNAÇÃO DA
AUTORA. […] CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC).
DESCONTOS REALIZADOS DIRETAMENTE DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DA REQUERENTE, PESSOA
HIPOSSUFICIENTE E COM PARCOS RECURSOS.
CONTEXTO PROBATÓRIO QUE INDICA QUE A AUTORA
PRETENDIA FORMALIZAR APENAS CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. INEXISTÊNCIA DE
DECLARAÇÃO DE VONTADE QUANTO À CELEBRAÇÃO DE
AJUSTE DE CARTÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PROVAS
QUANTO À UTILIZAÇÃO DO CARTÃO DE CRÉDITO E
TAMPOUCO DO SEU ENVIO PARA O ENDEREÇO DA
CONSUMIDORA. PRÁTICA ABUSIVA CONFIGURADA.
INTELIGÊNCIA DO ART. 39, INCISOS I, III E IV DO CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE
AREÓPAGO. SENTENÇA REFORMADA. […] (Apelação Cível
n. 0300073-36.2018.8.24.0029, Rel. Des. José Carlos Carstens
Köhler, j. em 26/6/2018) (sem grifos no original).

Convêm pôr em relevo, que o Réu afigura à contração de


cartão de crédito com reserva de margem consignável (RCM) como sendo um
empréstimo consignado normal, quando de fato, não é! Registre-se que a
publicidade enganosa é definida pelo CDC como:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou


comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente
falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz
de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

[…]

3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por


omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do
produto ou serviço.

A despeito do r. artigo, leciona Rizzatto Nunes:

A primeira leitura nos remete ao problema do “dado essencial”.


A lei diz que a publicidade é enganosa por omissão quando
deixa de informar sobre dado essencial do produto ou serviço:
“Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por
omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do
produto ou serviço” (§ 3º do art. 37). […] constrói-se um
conceito de essencial naquilo que importa à publicidade. E,
nessa linha, é de dizer que essencial será aquela informação
ou dado cuja ausência influencie o consumidor na sua decisão
de comprar, bem como gere um conhecimento adequado do
uso e consumo do produto ou serviço, “realmente”, tal como
são.

Logo, não resta dúvida de que a intenção do Autor era a


de simples empréstimo consignado, mas quanto a contratação de cartão de
crédito com reserva de margem consignável (RCM) se mostra abusiva, e,
portanto, nula, nos termos do art. 51, IV, e § 1°, III, do CDC:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que:

IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,


que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou
sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem


que:
III – se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,
considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao
caso.

Resta mencionar, que o Réu trata a contração de cartão


de crédito com reserva de margem consignável (RCM) como sendo um Termo
de Adesão. Pois bem, o § 3º do art. 54 do CDC dispõe:

3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos


claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da
fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua
compreensão pelo consumidor.

Clarividente é a violação ao CDC praticada pelo Réu,


porquanto o referido termo de adesão, sequer expressa o número de parcelas;
data de início e de término das prestações.

2.3. DA NULIDADE DA CONTRAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM


RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RCM)

Os danos causados ao Autor são oriundos do vício


existente no negócio jurídico chamado “dolo”. Trata-se de um vício em que uma
das partes da relação jurídica induz a outra ao erro, causando-lhe um dano.
Todo negócio jurídico que possui como fato gerador o dolo é anulável nos
termos do art. 145 do Código Civil:

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando


este for a sua causa.

O final do artigo supra, observa que para que o negocio


jurídico seja anulado o dolo precisa ser sua causa. No caso em questão, o
Autor, com certeza, não teria aceitado um contrato tão adverso, se não fosse
levado a cometer tal erro, por isso, vale destacar também o artigo 147 do
Código Civil:

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional


de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra
parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que
sem ela o negócio não se teria celebrado.

O CDC, em seu art. 6º prevê ser um dos direitos básicos


do Consumidor a prestação que as informações sobre o produto ou serviço
devam ser adequadas e claras, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentarem, além de proteção contra práticas e
cláusulas abusivas no fornecimento de produtos e serviços.

No caso em comento, restou evidenciado que o Autor não


possuía informação clara sobre o serviço que estava adquirindo. Não sabia que
aquele contrato de crédito consignado que acreditava estar assinando, era na
verdade um contrato de cartão de crédito com reserva de margem consignável
(RCM), IMPAGÁVEL.

Não sabia ele, igualmente, que a parcela debitada


mensalmente em seus contracheques era apenas uma forma de adimplemento
mínimo, incapaz de amortizar a dívida original, em flagrante violação à
publicidade enganosa e falta de informação.

Neste sentido, o Emérito Desembargador Robson Luz


Varella, durante a relatoria da Apelação Cível n. 0301292-89.2018.8.24.0092,
registrou que:

Sobre essas duas modalidades de mútuo bancário, o Banco


Central do Brasil define como “empréstimo consignado aquele
cujo desconto da prestação é feito diretamente em folha de
pagamento ou benefício previdenciário. A consignação em
folha de pagamento ou de benefício depende de autorização
prévia e expressa do cliente à instituição financeira
concedente”
(http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/consignados.Asp).

Já a jurisprudência esclarece que no empréstimo por


intermédio de cartão de crédito com margem consignável, coloca-se “à
disposição do consumidor um cartão de crédito de fácil acesso ficando
reservado certo percentual, dentre os quais poderão ser realizados contratos
de empréstimo. O consumidor firma o negócio jurídico acreditando tratar-se de
um contrato de empréstimo consignado, com pagamento em parcelas fixas e
por tempo determinado, no entanto, acaba por aderir a um cartão de crédito, de
onde é realizado um saque imediato e cobrado sobre o valor sacado, juros e
encargos bem acima dos praticados na modalidade de empréstimo
consignado, gerando assim, descontos por prazo indeterminado[…]” (Tribunal
de Justiça do Maranhão, Apelação Cível n. 043633, de São Luis, Rel. Cleones
Carvalho Cunha).

Ressalte-se que a prática abusiva e ilegal difundiu-se,


atingindo escala significativa de aposentados e pensionistas, tendo como
consequência o ajuizamento de inúmeras ações, inclusive visando tutelar o
direito dos consumidores coletivamente considerados, a fim de reconhecer a
nulidade dessa modalidade de desconto via “RMC”.

O “modus operandi” utilizado pelas instituições financeiras


foi assim descrito pelo Núcleo de Defesa do Consumidor da defensoria Pública
do Estado do Maranhão, na ação civil pública ajuizada pelo órgão na defesa
dos interesses dos “aposentados e pensionistas do INSS”:

“O cliente busca o representante do banco com a


finalidade de obtenção de empréstimo consignado e a instituição financeira,
nitidamente, ludibriando o consumidor, realiza outra operação – a contratação
de cartão de crédito com RMC.” Assim, na folha de pagamento é descontado
apenas um pequeno percentual do valor obtido por empréstimo e o restante
desse valor é cobrado através de fatura de cartão de crédito, com incidência de
juros duas vezes mais caros que no empréstimo consignado normal.
(http://condege.org.br/noticias/473-ma-defensoria-promove-ação-civil-pública-
contrabancos-por-ilegalidades-em-consignados.Html)

A jurisprudência firmada em ocasião do julgamento supra


foi a seguinte:

[…] DEMANDA OBJETIVANDO A DECLARAÇÃO DE


INEXISTÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO POR MEIO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) –
ACIONADO QUE DEFENDEU A LEGALIDADE DOS
DESCONTOS EFETUADOS NO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DA AUTORA – ATO ILÍCITO
CONFIGURADO – DEDUÇÃO A TÍTULO DE CONSIGNAÇÃO
VIA CARTÃO DE CRÉDITO JAMAIS UTILIZADO PELA
CONSUMIDORA – PRÁTICA ABUSIVA – VASTO CONJUNTO
PROBATÓRIO A DERRUIR A TESE DEFENSIVA –
EXTRATOS QUE EVIDENCIAM A AUSÊNCIA DE
ABATIMENTO DO MONTANTE DO MÚTUO –
INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 6º, III, E 39, V, DO CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR – POSSIBILIDADE DE
READEQUAÇÃO DA AVENÇA CONVENCIONADA PARA A
MODALIDADE INICIALMENTE PRETENDIDA, QUAL SEJA,
DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO PURO E SIMPLES –
RECLAMO PROVIDO NO CAPÍTULO. A prática abusiva e
ilegal de contrair modalidade de empréstimo avesso ao objeto
inicialmente pactuado é conduta infensa ao direito, sobretudo
quando a instituição financeira, ao difundir seu serviço, adota
medida anômala ao desvirtuar o contrato de mútuo simples
consignado, modulando a operação via cartão de crédito com
reserva de margem. Ao regular seus negócios sob tal ótica,
subverte a conduta que dá esteio as relações jurídicas,
incidindo em verdadeira ofensa aos princípios da transparência
e da boa fé contratual, situando o consumidor em clara
desvantagem, provocando, por mais das vezes, a cobrança de
valores reconhecidamente descabidos e infundados, gerando
toda sorte de injusto endividamento. Na hipótese, constata-se
devidamente demonstrada a consignação ilegal da reserva de
margem consignável (RMC) em cartão de crédito jamais
utilizado pela demandante. Assim, em observância à pretensão
expressamente externada na exordial, determina-se a
readequação da contratação para a modalidade inicialmente
pretendida, qual seja, de empréstimo consignado puro e
simples. […] (TJSC, Apelação Cível n. 0301292-
89.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Des. Robson Luz Varella,
Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 20-11-2018).

Quando a Instituição Financeira omite que o valor


descontado no contracheque é insuficiente para amortizar a dívida, incorre com
propaganda enganosa, induzindo o cliente a erro, uma atitude claramente
criminosa nos termos do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria


saber ser enganosa ou abusiva.

Pena: Detenção de três meses a um ano e multa.

Observa-se assim que a desvirtuação do contrato de


empréstimo buscado pelo Autor para um cartão de crédito com reserva de
margem consignável (RCM), implica em ofensa aos princípios da transparência
e da boa-fé, além de caracterizar abusividade, colocando o consumidor em
franca desvantagem ao gerar um endividamento sem termo final portanto, é
nulo!

2.4. DANO MORAL CARACTERIZADO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA


DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

De início resta evidente que o Autor não pretendia


contratar o cartão de crédito oferecido pelo Réu.

A jurisprudência é pacífica no que tange à


responsabilidade objetiva da instituição financeira, ou seja, esta responde
independentemente da caracterização de culpa, pelos danos causados ao
consumidor, sendo suficiente a comprovação do dano (in reipsa) e do nexo de
casualidade.

Assim, estando evidente a conduta ilícita da instituição


financeira (venda casada de cartão de crédito e reserva de margem
consignável) e o dano moral (desvirtuar contrato de empréstimo consignado e
submeter o consumidor à dívida impagável), resta caracterizado o nexo de
causalidade, uma vez que a falha na prestação de serviço deu causa ao dano,
ou seja, é uma relação lógica jurídica, de causa e efeito.

Sabe-se que, nos termos dos artigos 186, 187 e 927 do


Código Civil, aquele que por ação voluntária violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, ficará obrigado a repará-lo. In verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,


ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Sobre o assunto, leciona Maria Helena Diniz:

Para que se configure o ato ilícito, será imprescindível que


haja: a) fato lesivo voluntário, causado pelo agente, por ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b)
ocorrência de um dano patrimonial ou moral; c) nexo de
causalidade entre o dano e o comportamento do agente.

O doutrinador Carlos Alberto Bittar conclui:

Assim sendo, para que haja ato ilícito, necessária se faz a


conjugação dos seguintes fatores: a existência de uma ação; a
violação da ordem jurídica; a imputabilidade; a penetração na
esfera de outrem. Desse modo, deve haver um comportamento
do agente, positivo (ação) ou negativo (omissão), que,
desrespeitando a ordem jurídica, cause prejuízo a outrem, pela
ofensa à bem ou a direito deste. Esse comportamento
(comissivo ou omissivo) deve ser imputável à consciência do
agente, por dolo (intenção) ou por culpa (negligência,
imprudência, imperícia), contrariando, seja um dever geral do
ordenamento jurídico (delito civil), seja uma obrigação em
concreto (inexecução da obrigação ou de contrato). […] Deve,
pois, o agente recompor o patrimônio (moral ou econômico) do
lesado, ressarcindo-lhe os prejuízos acarretados, à causa do
seu próprio, desde que represente a subjetividade do ilícito.

Constatado o ato do agente e o nexo de causalidade,


resta perquirir a extensão do prejuízo, não para garantir o recebimento da
indenização, mas para que o valor seja arbitrado com fundamento no artigo
944 do Código Civil, in verbis:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

No caso, é com certeza, um dano significativo, que


causou prejuízos para além da ordem patrimonial, motivo para fixação da
indenização no montante de R$ 15.000,00, consoante o abalo psíquico
experimentado.

O CDC, por seu turno, também contempla a indenização


por dano moral, nos incisos VI e VII, do artigo 6º, in verbis:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos e difusos;

VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

Tecidas estas considerações e, verificada a presença dos


requisitos necessários à caracterização da responsabilidade civil, cabe ao Réu
suportar o pagamento de indenização, já que estabelece a Constituição
Federal, em seu art. 5º, inciso V que “É assegurado o direito de resposta
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem“.

E ainda, o inciso X do referido artigo diz que “São


invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação“.

Ademais, a norma consumerista estatui que a


responsabilidade por falha na prestação dos serviços é objetiva, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

No que concerne ao quantum, deve ser levando em conta


os seguintes parâmetros, aceitos tanto pela doutrina quanto pela
jurisprudência: a) a posição social e econômica das partes; b) a intensidade do
dolo ou o grau de culpa do agente; c) a repercussão social da ofensa; e d) o
aspecto punitivo-retributivo da medida. Nesse sentido, o montante não pode
ser irrisório, a ponto de menosprezar a dor e o abuso sofridos pelo Autor.

Ainda durante o julgamento da r. Apelação Cível n.


0301292-89.2018.8.24.0092, o Des. Relator Robson Luz Varella fixou o
quantum indenizatório:
DANO MORAL – ATO ILÍCITO – RELAÇÃO DE CONSUMO –
INCIDÊNCIA DO ART. 14 DA LEI N. 8.078/1990 – ABALO
ANÍMICO EVIDENCIADO – DESCONTOS INDEVIDOS
EFETUADOS QUE COLOCARAM EM RISCO A
SUBSISTÊNCIA PESSOAL DA ACIONANTE, HAJA VISTA O
ÍNFIMO VALOR PERCEBIDO A TÍTULO DE PENSÃO POR
MORTE PREVIDENCIÁRIA – AGASALHAMENTO DA
IRRESIGNAÇÃO NO PARTICULAR. Nas relações de consumo
o fornecedor de serviços responde objetivamente na reparação
de danos causados aos consumidores, nos casos de defeito ou
por informações não prestadas ou inadequadas (CDC, art. 14).
Assim, para a configuração do dever de indenizar, necessária a
prova do ato ilícito, do dano e nexo causal entre a conduta do
agente e os prejuízos causados (CC, arts. 186 e 927) […] As
normas jurídicas pátrias não definiram expressamente os
critérios objetivos para arbitramento do “quantum” indenizatório,
sabendo-se, apenas, que “a indenização mede-se pela
extensão do dano” (CC, art. 944). Dessa forma, devem ser
analisadas as particularidades de cada caso concreto, levando
em consideração o mencionado dispositivo, as condições
econômico-financeiras das partes envolvidas, os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade e o caráter pedagógico do
ressarcimento. Na hipótese em análise, trata-se de pessoa cujo
benefício previdenciário perfaz a cifra de pouco mais de um
salário mínimo mensal, enquanto que a responsável pela
reparação é instituição financeira dotada de grande poder
econômico com larga atuação no mercado creditício.
Sopesando tais circunstâncias, principalmente em atenção ao
caráter punitivo pedagógico da condenação, entende-se
adequada a fixação do “quantum” indenizatório em R$
10.000,00 (dez mil reais), corrigidos pelo INPC, a partir do
presente arbitramento, e com incidência de juros de mora de
1% (um por cento) ao mês, desde o evento danoso (Súmulas
362 e 54 do STJ, respectivamente). (TJSC, Apelação Cível n.
0301292-89.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Des. Robson Luz
Varella, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. 20-11-2018).

Nesse norte, considerando-se que a contratação do


cartão de crédito ocorreu por meios ardilosos do Réu, que ignorou os deveres
da boa-fé objetiva e constrangeu o consumidor em evidente necessidade
financeira a contratar serviço por ele não desejado, obrigando-o a pagar
valores manifestamente excessivos, motivo pelo qual deve ser fixado como
valor justo e adequado, o montante de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a título
de indenização por dano moral.
2.5. DEVOLUÇÃO EM DOBRO

Constatada a cobrança de valores indevidos pela


instituição financeira, cabível é a aplicação do art. 876 do Código Civil, que
estabelece: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a
restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de
cumprida a condição”.

Nítida é a percepção que o Réu sabia exatamente dos


descontos que realizou e continua a realizar, e que também tem conhecimento
da ilegalidade da operação, entretanto, cômodo é cobrá-las e transferir ao
consumidor o ônus de reclamá-las.

Nesse sentido, tem entendido a Jurisprudência que o ato


de se apropriar indevidamente de valores referentes a salário, configura
hipótese de culpa gravíssima, equiparada, portanto, ao dolo, razão pela qual
sujeita o Réu à restituição em dobro dos valores descontados, na forma do
artigo 42, parágrafo único, do CDC:

Art. 42. […]

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida


tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do
que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Ocorre que não há, no caso em tela, engano justificável


para a cobrança de R$ 163,10 mensais com a continuidade dos descontos sem
previsão de término. Ao realizar descontos sobre o subsídio do Autor, sem
possibilitar a real amortização do saldo devedor ─ procedimento que
certamente atende a seus interesses econômicos ─ a toda evidência o Réu
assumiu o risco de prejudicá-lo.

A este proceder desidioso, por certo não se pode conferir


a qualidade de causa “justificável” de engano, eis que presente está o dolo do
Réu, que jamais enviou qualquer fatura ou documento ao endereço do Autor a
fim de informá-lo do valor devido ou adimplido.
Neste mesmo sentido, os Tribunais já decidiram:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. RECURSO DO BANCO RÉU. CONTRATO
DE UTILIZAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM
DESCONTO NO BENEFÍCIO DA AUTORA. (…) DESCONTO
INDEVIDO NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA AUTORA
DECORRENTE DE CONTRATO ENTABULADO MEDIANTE
INDUZIMENTO EM ERRO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO
CDC. (…) (Apelação Cível n. 2015.070554-6, rel.ª Des.ª Soraya
Nunes Lins, j. em 04.02.2016).

APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MORAIS. REPETIÇÃO DE


INDÉBITO. DESCONTO INDEVIDO. AUSÊNCIA DE ENGANO
JUSTIFICÁVEL. OBRIGAÇÃO DE DEVOLVER EM DOBRO O
VALOR DESCONTADO. (…) DESCONTOS INDEVIDOS.
CONTA BANCÁRIA NA QUAL A PARTE RECEBE PENSÃO.
DANO MORAL CONFIGURADO. A diminuição da capacidade
financeira decorrente de descontos mensais em benefício
previdenciário relativos a empréstimo consignado realizado de
forma ilegal, carateriza abalo moral, passível de compensação
pecuniária (TJSC, Ap. Cív. n. 0021112- 95.2010.8.24.0045, de
Palhoça, rel. Des. Joel Figueira Júnior, j. 8-9-2016). (…)
(Apelação Cível n. 0300034-78.2016.8.24.0071, rel.ª Des.ª
Janice Ubialli, j. em 02.05.2017).

Por fim, pleiteia ainda a devolução em dobro dos valores


que o Autor pagou, ou seja, durante 28 meses foram descontados R$ 163,10
de sua aposentadoria totalizando R$ 4.566,80, em repetição do indébito atinge
o montante de R$ 9.133,60 (nove mil cento e trinta e três reais e sessenta
centavos), acrescidos de juros e correção monetária.

3. NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA

A concessão da tutela de urgência depende do


preenchimento de três requisitos: a) existência de elementos que evidenciem a
probabilidade do direito; b) perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo; e c) ausência de perigo de irreversibilidade do provimento
antecipado (CPC, art. 300, caput, e § 3º).
In casu, a probabilidade do direito resta evidenciada
diante da prova de que não usou o cartão de crédito, sendo cobrado e
descontado indevidamente todo mês R$ 163,10 da aposentadoria do autor. Já
o perigo de dano, exsurge no risco a subsistência do Autor com a continuidade
dos descontos em seu contracheque do Autor, vez que não há no contrato nº
852258941-81, (doc. Extrato de Empréstimo Consignado – Pág – 2), data de
início e fim para o pagamento, muito menos, o número de parcelas que ainda
restam.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina já decidiu que os


descontos relativos à reserva de margem consignável são incompatíveis com o
empréstimo consignado e merecem ser suspensos de início:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REPETIÇÃO


DE INDÉBITO CUMULADA COM PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESERVA DE
MARGEM CONSIGNÁVEL. TUTELA DE URGÊNCIA
ANTECIPADA DEFERIDA NA ORIGEM. INSURGÊNCIA
DO BANCO. MÉRITO. TUTELA DE URGÊNCIA
ANTECIPADA. PROBABILIDADE DO DIREITO E
PERIGO DE DEMORA DEMONSTRADOS NA ORIGEM
VERIFICADOS. PRETENSÃO DE CONTRATA
EMPRÉSTIMO BANCÁRIO QUE RESULTOU EM
CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL. DESVIRTUAMENTO DA PRETENSÃO
OBRIGACIONAL. PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 300
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL SATISFEITOS.
MULTA DIÁRIA FIXADA PARA OBRIGAÇÃO DE FAZER.
LEGALIDADE ESTAMPADA NOS ARTIGOS 497 E 537
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E NO ARTIGO 84
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. Recurso conhecido e
desprovido. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4013678-
60.2018.8.24.0900, de Laguna, rel. Des. Guilherme
Nunes Born, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 23-
08-2018).

Por fim, cumpre destacar que a medida pleiteada


não é irreversível, porquanto, em caso de improcedência do pedido requerido
ao final da demanda, é viável, ao retorno da situação anterior. Portanto, cabível
a medida liminar a fim de suspender os descontos no contracheque do Autor, é
o que se requer.

4. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, REQUER:

A) A concessão de tutela de urgência antecipada,


para que o Réu se abstenha de descontar do contracheque do Autor, o valor
referente à contração de cartão de crédito com reserva de margem consignável
(RCM), bem como retire ou se abstenha de colocar o nome do Autor no
cadastro de inadimplentes, sob pena de multa por desconto realizado a ser
arbitrado por Vossa Excelência, não inferior a R$ 2.000,00;

B) A citação do Réu por carta, para apresentar


contestação, caso queira, bem como, que seja intimado a trazer aos autos, (I) o
saldo devedor do Autor; (II) prova de desbloqueio, de uso e as próprias faturas
do suposto cartão de crédito; e, (III) a prova de envio das faturas e do próprio
cartão de crédito ao Autor;

C) No mérito, seja declarada nula a contração de


cartão de crédito com reserva de margem consignável (RCM) com a
consequente inexistência de débito.

D) Requer a devolução em dobro dos valores que o


Autor (pagou 28 meses R$ 163,10 totalizando R$ 4.566,80) ao Réu, em dobro
atingindo o montante de R$ 9.133,60 (nove mil cento e trinta e três reais e
sessenta centavos), acrescidos de juros e correção monetária.

E) A condenação do Réu em R$ 15.000,00 a título


de danos morais, consoante todo o narrado.

F) A concessão de inversão do ônus da prova em


favor da Autor;
Protesta provar o alegado, através de todos os
meios de provas em direitos admitidos;

Dá-se à causa o valor de R$ 24.911,60 (vinte e


quatro mil novecentos e onze reais e sessenta centavos) R$ 778,00 do cartão de crédito declarar
inexistência do débito + R$ 9.133,60 repetição do indébito + R$ 15.000,00 de danos morais.

Pede deferimento.

Redenção/PA, 31 de Julho de 2019.

RICARDO H. QUEIROZ NERO DIEMERSON


OAB/PA 7.911-B OAB/PA 28.913

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