BNCC História 3º Ano

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EDUCAÇÃO É A BASE

CIÊNCIAS HUMANAS – HISTÓRIA


ENSINO FUNDAMENTAL

4.4.2. HISTÓRIA

Todo conhecimento sobre o passado é também um conhecimento do


presente elaborado por distintos sujeitos. O historiador indaga com
vistas a identificar, analisar e compreender os significados de diferen-
tes objetos, lugares, circunstâncias, temporalidades, movimentos de
pessoas, coisas e saberes. As perguntas e as elaborações de hipóte-
ses variadas fundam não apenas os marcos de memória, mas também
as diversas formas narrativas, ambos expressão do tempo, do caráter
social e da prática da produção do conhecimento histórico.

As questões que nos levam a pensar a História como um saber


necessário para a formação das crianças e jovens na escola são as
originárias do tempo presente. O passado que deve impulsionar a
dinâmica do ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental é aquele
que dialoga com o tempo atual.

A relação passado/presente não se processa de forma automá-


tica, pois exige o conhecimento de referências teóricas capazes de
trazer inteligibilidade aos objetos históricos selecionados. Um objeto
só se torna documento quando apropriado por um narrador que a
ele confere sentido, tornando-o capaz de expressar a dinâmica da
vida das sociedades. Portanto, o que nos interessa no conhecimento
histórico é perceber a forma como os indivíduos construíram, com
diferentes linguagens, suas narrações sobre o mundo em que viveram
e vivem, suas instituições e organizações sociais. Nesse sentido, “O
historiador não faz o documento falar: é o historiador quem fala e a
explicitação de seus critérios e procedimentos é fundamental para
definir o alcance de sua fala. Toda operação com documentos, por-
tanto, é de natureza retórica.”47

A história não emerge como um dado ou um acidente que tudo


explica: ela é a correlação de forças, de enfrentamentos e da batalha
para a produção de sentidos e significados, que são constantemente
reinterpretados por diferentes grupos sociais e suas demandas – o
que, consequentemente, suscita outras questões e discussões.

O exercício do “fazer história”, de indagar, é marcado, inicialmente,


pela constituição de um sujeito. Em seguida, amplia-se para o conhe-
cimento de um “Outro”, às vezes semelhante, muitas vezes diferente.

47 MENEZES, Ulpiano T. Bezerra de. Memória e cultura material: documentos pessoais no


espaço público. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, p. 89-104, jul. 1998.
Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2067>. Acesso
em: 23 mar. 2017.

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Depois, alarga-se ainda mais em direção a outros povos, com seus


usos e costumes específicos. Por fim, parte-se para o mundo, sempre
em movimento e transformação. Em meio a inúmeras combinações
dessas variáveis – do Eu, do Outro e do Nós –, inseridas em tempos
e espaços específicos, indivíduos produzem saberes que os tornam
mais aptos para enfrentar situações marcadas pelo conflito ou pela
conciliação.

Entre os saberes produzidos, destaca-se a capacidade de comu-


nicação e diálogo, instrumento necessário para o respeito à
pluralidade cultural, social e política, bem como para o enfren-
tamento de circunstâncias marcadas pela tensão e pelo conflito.
A lógica da palavra, da argumentação, é aquela que permite ao
sujeito enfrentar os problemas e propor soluções com vistas à
superação das contradições políticas, econômicas e sociais do
mundo em que vivemos.

Para se pensar o ensino de História, é fundamental considerar a


utilização de diferentes fontes e tipos de documento (escritos, ico-
nográficos, materiais, imateriais) capazes de facilitar a compreensão
da relação tempo e espaço e das relações sociais que os geraram.
Os registros e vestígios das mais diversas naturezas (mobiliário,
instrumentos de trabalho, música etc.) deixados pelos indivíduos
carregam em si mesmos a experiência humana, as formas especí-
ficas de produção, consumo e circulação, tanto de objetos quanto
de saberes. Nessa dimensão, o objeto histórico transforma-se em
exercício, em laboratório da memória voltado para a produção de
um saber próprio da história.

A utilização de objetos materiais pode auxiliar o professor e os alunos


a colocar em questão o significado das coisas do mundo, estimu-
lando a produção do conhecimento histórico em âmbito escolar. Por
meio dessa prática, docentes e discentes poderão desempenhar o
papel de agentes do processo de ensino e aprendizagem, assumindo,
ambos, uma “atitude historiadora” diante dos conteúdos propostos,
no âmbito de um processo adequado ao Ensino Fundamental.

Os processos de identificação, comparação, contextualização, inter-


pretação e análise de um objeto estimulam o pensamento.

De que material é feito o objeto em questão? Como é produzido?


Para que serve? Quem o consome? Seu significado se alterou no
tempo e no espaço? Como cada indivíduo descreve o mesmo
objeto? Os procedimentos de análise utilizados são sempre seme-
lhantes ou não? Por quê? Essas perguntas auxiliam a identificação
de uma questão ou objeto a ser estudado.

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Diferentes formas de percepção e interação com um mesmo objeto


podem favorecer uma melhor compreensão da história, das mudanças
ocorridas no tempo, no espaço e, especialmente, nas relações sociais. O
pilão, por exemplo, serviu para preparar a comida e, posteriormente, trans-
formou-se em objeto de decoração. Que significados o pilão carrega?
Que sociedade o produziu? Quem o utilizava e o utiliza? Qual era a sua
utilidade na cozinha? Que novos significados lhe são atribuídos? Por quê?

A comparação em história faz ver melhor o Outro. Se o tema for, por


exemplo, pintura corporal, a comparação entre pinturas de povos indíge-
nas originários e de populações urbanas pode ser bastante esclarecedora
quanto ao funcionamento das diferentes sociedades. Indagações sobre,
por exemplo, as origens das tintas utilizadas, os instrumentos para a
realização da pintura e o tempo de duração dos desenhos no corpo
esclarecem sobre os deslocamentos necessários para a obtenção de
tinta, as classificações sociais sugeridas pelos desenhos ou, ainda, a
natureza da comunicação contida no desenho corporal. Por meio de
uma outra linguagem, por exemplo, a matemática, podemos compa-
rar para ver melhor semelhanças e diferenças, elaborando gráficos e
tabelas, comparando quantidades e proporções (mortalidade infantil,
renda, postos de trabalho etc.) e, também, analisando possíveis desvios
das informações contidas nesses gráficos e tabelas.

A contextualização é uma tarefa imprescindível para o conhecimento


histórico. Com base em níveis variados de exigência, das operações mais
simples às mais elaboradas, os alunos devem ser instigados a apren-
der a contextualizar. Saber localizar momentos e lugares específicos de
um evento, de um discurso ou de um registro das atividades humanas
é tarefa fundamental para evitar atribuição de sentidos e significados
não condizentes com uma determinada época, grupo social, comuni-
dade ou território. Portanto, os estudantes devem identificar, em um
contexto, o momento em que uma circunstância histórica é analisada e
as condições específicas daquele momento, inserindo o evento em um
quadro mais amplo de referências sociais, culturais e econômicas.

Distinguir contextos e localizar processos, sem deixar de lado o que


é particular em uma dada circunstância, é uma habilidade neces-
sária e enriquecedora. Ela estimula a percepção de que povos e
sociedades, em tempos e espaços diferentes, não são tributários
dos mesmos valores e princípios da atualidade.

O exercício da interpretação – de um texto, de um objeto, de uma obra


literária, artística ou de um mito – é fundamental na formação do pensa-
mento crítico. Exige observação e conhecimento da estrutura do objeto
e das suas relações com modelos e formas (semelhantes ou diferen-
tes) inseridas no tempo e no espaço. Interpretações variadas sobre um

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mesmo objeto tornam mais clara, explícita, a relação sujeito/objeto e,


ao mesmo tempo, estimulam a identificação das hipóteses levantadas e
dos argumentos selecionados para a comprovação das diferentes pro-
posições. Um exemplo claro são as pinturas de El Greco. Para alguns
especialistas, tratam-se de obras que abandonam as exigências de
nitidez e harmonia típicas de uma gramática acadêmica renascentista
com a qual o pintor quis romper; para outros, tais características são
resultado de estrabismo ou astigmatismo do olho direito do pintor.

O exercício da interpretação também permite compreender o significado


histórico de uma cronologia e realizar o exercício da composição de outras
ordens cronológicas. Essa prática explicita a dialética da inclusão e da
exclusão e dá visibilidade ao seguinte questionamento: “O que torna um
determinado evento um marco histórico?” Entre os debates que merecem
ser enunciados, destacam-se as dicotomias entre Ocidente e Oriente e os
modelos baseados na sequência temporal de surgimento, auge e declí-
nio. Ambos pretendem dar conta de explicações para questões históricas
complexas. De um lado, a longa existência de tensões (sociais, culturais,
religiosas, políticas e econômicas) entre sociedades ocidentais e orien-
tais; de outro, a busca pela compreensão dos modos de organização das
várias sociedades que se sucederam ao longo da história.

A análise é uma habilidade bastante complexa porque pressupõe pro-


blematizar a própria escrita da história e considerar que, apesar do
esforço de organização e de busca de sentido, trata-se de uma atividade
em que algo sempre escapa. Segundo Hannah Arendt48, trata-se de um
saber lidar com o mundo, fruto de um processo iniciado ao nascer e que
só se completa com a morte. Nesse sentido, ele é impossível de ser con-
cluído e incapaz de produzir resultados finais, exigindo do sujeito uma
compreensão estética e, principalmente, ética do objeto em questão.

Nesse contexto, um dos importantes objetivos de História no Ensino


Fundamental é estimular a autonomia de pensamento e a capa-
cidade de reconhecer que os indivíduos agem de acordo com a
época e o lugar nos quais vivem, de forma a preservar ou transfor-
mar seus hábitos e condutas. A percepção de que existe uma grande
diversidade de sujeitos e histórias estimula o pensamento crítico, a
autonomia e a formação para a cidadania.

A busca de autonomia também exige reconhecimento das bases da epis-


temologia da História, a saber: a natureza compartilhada do sujeito e do
objeto de conhecimento, o conceito de tempo histórico em seus dife-
rentes ritmos e durações, a concepção de documento como suporte das

48 ARENDT, Hannah. A dignidade da política: ensaios e conferências. Rio de Janeiro:


Relume-Dumará, 1993.

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relações sociais, as várias linguagens por meio das quais o ser humano se
apropria do mundo. Enfim, percepções capazes de responder aos desa-
fios da prática historiadora presente dentro e fora da sala de aula.

Todas essas considerações de ordem teórica devem considerar a expe-


riência dos alunos e professores, tendo em vista a realidade social e o
universo da comunidade escolar, bem como seus referenciais históricos,
sociais e culturais. Ao promover a diversidade de análises e proposições,
espera-se que os alunos construam as próprias interpretações, de forma
fundamentada e rigorosa. Convém destacar as temáticas voltadas para
a diversidade cultural e para as múltiplas configurações identitárias, des-
tacando-se as abordagens relacionadas à história dos povos indígenas
originários e africanos. Ressalta-se, também, na formação da sociedade
brasileira, a presença de diferentes povos e culturas, suas contradições
sociais e culturais e suas articulações com outros povos e sociedades.

A inclusão dos temas obrigatórios definidos pela legislação vigente, tais


como a história da África e das culturas afro-brasileira e indígena, deve
ultrapassar a dimensão puramente retórica e permitir que se defenda o
estudo dessas populações como artífices da própria história do Brasil.
A relevância da história desses grupos humanos reside na possibilidade
de os estudantes compreenderem o papel das alteridades presentes na
sociedade brasileira, comprometerem-se com elas e, ainda, perceberem
que existem outros referenciais de produção, circulação e transmissão
de conhecimentos, que podem se entrecruzar com aqueles considera-
dos consagrados nos espaços formais de produção de saber.

Problematizando a ideia de um “Outro”, convém observar a presença


de uma percepção estereotipada naturalizada de diferença, ao se
tratar de indígenas e africanos. Essa problemática está associada à
produção de uma história brasileira marcada pela imagem de nação
constituída nos moldes da colonização europeia.

Por todas as razões apresentadas, espera-se que o conhecimento his-


tórico seja tratado como uma forma de pensar, entre várias; uma forma
de indagar sobre as coisas do passado e do presente, de construir expli-
cações, desvendar significados, compor e decompor interpretações, em
movimento contínuo ao longo do tempo e do espaço. Enfim, trata-se
de transformar a história em ferramenta a serviço de um discernimento
maior sobre as experiências humanas e as sociedades em que se vive.

Retornando ao ambiente escolar, a BNCC pretende estimular ações


nas quais professores e alunos sejam sujeitos do processo de ensino
e aprendizagem. Nesse sentido, eles próprios devem assumir uma
atitude historiadora diante dos conteúdos propostos no âmbito do
Ensino Fundamental.

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Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na


BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais
se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temá-
ticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os
agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo
obrigatório para o desenho dos currículos.

Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competên-


cias gerais da Educação Básica e com as competências específicas da
área de Ciências Humanas, o componente curricular de História deve
garantir aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE HISTÓRIA PARA O


ENSINO FUNDAMENTAL

1. Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos


e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais,
políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes
espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo.
2. Compreender a historicidade no tempo e no espaço, relacionando
acontecimentos e processos de transformação e manutenção das
estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais, bem como
problematizar os significados das lógicas de organização cronológica.
3. Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições
em relação a documentos, interpretações e contextos históricos
específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exercitando a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito.
4. Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos,
culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e
posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários.
5. Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias
no tempo e no espaço e seus significados históricos, levando em conta
o respeito e a solidariedade com as diferentes populações.
6. Compreender e problematizar os conceitos e procedimentos norteadores
da produção historiográfica.
7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e
comunicação de modo crítico, ético e responsável, compreendendo seus
significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.

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CIÊNCIAS HUMANAS – HISTÓRIA
ENSINO FUNDAMENTAL

4.4.2.1.
HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS:
UNIDADES TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO
E HABILIDADES

A BNCC de História no Ensino Fundamental – Anos Iniciais con-


templa, antes de mais nada, a construção do sujeito. O processo
tem início quando a criança toma consciência da existência de um
“Eu” e de um “Outro”. O exercício de separação dos sujeitos é um
método de conhecimento, uma maneira pela qual o indivíduo toma
consciência de si, desenvolvendo a capacidade de administrar a sua
vontade de maneira autônoma, como parte de uma família, uma
comunidade e um corpo social.

Esse processo de constituição do sujeito é longo e complexo. Os


indivíduos desenvolvem sua percepção de si e do outro em meio a
vivências cotidianas, identificando o seu lugar na família, na escola e
no espaço em que vivem. O aprendizado, ao longo do Ensino Fun-
damental – Anos Iniciais, torna-se mais complexo à medida que o
sujeito reconhece que existe um “Outro” e que cada um apreende o
mundo de forma particular. A percepção da distância entre objeto
e pensamento é um passo necessário para a autonomia do sujeito,
tomado como produtor de diferentes linguagens. É ela que funda
a relação do sujeito com a sociedade. Nesse sentido, a História
depende das linguagens com as quais os seres humanos se comuni-
cam, entram em conflito e negociam.

A existência de diferentes linguagens pode ser explicada pela


análise, por exemplo, de sistemas numéricos utilizados por distintas
culturas. Compreender a enorme variedade de sistemas (com base
um, com base dois, com base dez etc.) é um bom exercício, assim
como refletir sobre as ideias de adição, subtração, multiplicação e
divisão, evitando um olhar universalizante para os números.

Em determinadas culturas, o número usado para contar seres


humanos pode ser diferente do número que se usa para contar
mandiocas, como acontece com os membros da etnia palikur. O que
isso significa? Se na tradição de matriz grega, a unidade é o um
(1), para muitos povos indígenas originários, a unidade é o dois (2).
Para os xavantes, por exemplo, a ideia de paridade é um princípio
ordenador, pois em torno dela existe uma espécie de modelagem do
mundo. Identificar essas diferenças significa tomar consciência de
que existem várias formas de apreensão da realidade.

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Não são apenas os sistemas numéricos que explicam variações de


linguagem. Existem inúmeras maneiras de se comunicar por meio de
expressões corporais, sonoras ou gustativas – como o que se come
ou não se come. No Brasil, por exemplo, não se comem cachorros;
prefere-se carne de vaca ou uma dieta à base de vegetais. Por quê?
E a cobra, é uma boa opção para quem? Essas descobertas simples
resultam em um aprimoramento dos mecanismos de comunicação
e se constituem, posteriormente, no substrato para a elaboração do
diálogo e da resolução de conflitos.

Aprender a identificar códigos variados é tarefa necessária para o


desenvolvimento da cognição, comunicação e socialização, compe-
tências essenciais para o viver em sociedade.

Retomando as grandes temáticas do Ensino Fundamental – Anos


Iniciais, pode-se dizer que, do 1º ao 5º ano, as habilidades trabalham
com diferentes graus de complexidade, mas o objetivo primordial é
o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e do “Nós”. Há uma amplia-
ção de escala e de percepção, mas o que se busca, de início, é o
conhecimento de si, das referências imediatas do círculo pessoal,
da noção de comunidade e da vida em sociedade. Em seguida, por
meio da relação diferenciada entre sujeitos e objetos, é possível
separar o “Eu” do “Outro”. Esse é o ponto de partida.

No 3º e no 4º ano contemplam-se a noção de lugar em que se vive


e as dinâmicas em torno da cidade, com ênfase nas diferencia-
ções entre a vida privada e a vida pública, a urbana e a rural. Nesse
momento, também são analisados processos mais longínquos na
escala temporal, como a circulação dos primeiros grupos humanos.

Essa análise se amplia no 5º ano, cuja ênfase está em pensar a diver-


sidade dos povos e culturas e suas formas de organização. A noção
de cidadania, com direitos e deveres, e o reconhecimento da diver-
sidade das sociedades pressupõem uma educação que estimule o
convívio e o respeito entre os povos.

Para evitar uma visão homogênea, busca-se observar que, no inte-


rior de uma sociedade, há formas de registros variados, e que cada
grupo produz suas memórias como elemento que impulsiona o esta-
belecimento de identidades e o reconhecimento de pertencimento
a um grupo social determinado. As memórias podem ser individuais
ou coletivas e podem ter significações variadas, inserindo-se em
uma lógica de produção de patrimônios (materiais ou imateriais)
que dizem respeito a grupos ou povos específicos.

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CIÊNCIAS HUMANAS – HISTÓRIA
ENSINO FUNDAMENTAL

Convém observar que é pressuposto dos objetos de conhecimento,


no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, analisar como o sujeito se
aprimorou na pólis, tanto do ponto de vista político quanto ético.
Entretanto, respondendo aos desafios contemporâneos marcados
por grandes movimentos populacionais e pela globalização, consi-
derou-se uma nova dimensão para o projeto pedagógico.

Nessa perspectiva, emerge um sujeito coletivo mais desenrai-


zado, seja por contingências históricas (migrações), seja, ainda, em
razão de viver em uma época em que se buscam múltiplos refe-
renciais identitários que questionam as antigas construções do
ideário do Estado-nação. Seja como for, em ambos os casos, os
indivíduos devem se preparar para enfrentar os desafios do mundo
contemporâneo.

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HISTÓRIA – 3º ANO

UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

As pessoas e os grupos que compõem a O “Eu”, o “Outro” e os diferentes grupos


cidade e o município sociais e étnicos que compõem a cidade e
os municípios: os desafios sociais, culturais e
ambientais do lugar onde vive

Os patrimônios históricos e culturais da cidade


e/ou do município em que vive

O lugar em que vive A produção dos marcos da memória: os lugares


de memória (ruas, praças, escolas, monumentos,
museus etc.)

A produção dos marcos da memória: formação


cultural da população

A produção dos marcos da memória: a cidade e


o campo, aproximações e diferenças

A noção de espaço público e privado A cidade, seus espaços públicos e privados e


suas áreas de conservação ambiental

A cidade e suas atividades: trabalho, cultura e


lazer

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ENSINO FUNDAMENTAL

HABILIDADES

(EF03HI01) Identificar os grupos populacionais que formam a cidade, o município e a região,


as relações estabelecidas entre eles e os eventos que marcam a formação da cidade, como
fenômenos migratórios (vida rural/vida urbana), desmatamentos, estabelecimento de
grandes empresas etc.
(EF03HI02) Selecionar, por meio da consulta de fontes de diferentes naturezas, e registrar
acontecimentos ocorridos ao longo do tempo na cidade ou região em que vive.
(EF03HI03) Identificar e comparar pontos de vista em relação a eventos significativos do local
em que vive, aspectos relacionados a condições sociais e à presença de diferentes grupos
sociais e culturais, com especial destaque para as culturas africanas, indígenas e de migrantes.

(EF03HI04) Identificar os patrimônios históricos e culturais de sua cidade ou região e discutir


as razões culturais, sociais e políticas para que assim sejam considerados.

(EF03HI05) Identificar os marcos históricos do lugar em que vive e compreender seus


significados.
(EF03HI06) Identificar os registros de memória na cidade (nomes de ruas, monumentos,
edifícios etc.), discutindo os critérios que explicam a escolha desses nomes.

(EF03HI07) Identificar semelhanças e diferenças existentes entre comunidades de sua cidade


ou região, e descrever o papel dos diferentes grupos sociais que as formam.

(EF03HI08) Identificar modos de vida na cidade e no campo no presente, comparando-os com


os do passado.

(EF03HI09) Mapear os espaços públicos no lugar em que vive (ruas, praças, escolas, hospitais,
prédios da Prefeitura e da Câmara de Vereadores etc.) e identificar suas funções.
(EF03HI10) Identificar as diferenças entre o espaço doméstico, os espaços públicos e as áreas
de conservação ambiental, compreendendo a importância dessa distinção.

(EF03HI11) Identificar diferenças entre formas de trabalho realizadas na cidade e no campo,


considerando também o uso da tecnologia nesses diferentes contextos.
(EF03HI12) Comparar as relações de trabalho e lazer do presente com as de outros tempos e
espaços, analisando mudanças e permanências.

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