Memorial de Cálculo Biodigestor 1500L

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SISTEMA COMPACTO PARA TRATAMENTO DE

EFLUENTE SANITÁRIO

BIODIGESTOR FORTLEV
1.500L/DIA

Paula Cristina Montibeller

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PROJETO HIDRÁULICO SANITÁRIO

Memorial Descritivo, Justificativa, Memória de Cálculo, Resultados Práticos e


Procedimentos de Operação e Manutenção do Sistema de Tratamento de Esgotos

BIODIGESTOR
1.500 l/dia

Paula Cristina Montibeller

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1. OBJETIVO

Dimensionar sistema anaeróbio para tratamento de esgoto compacto, com os


elementos principais que compõe o sistema rotomoldados em Polietileno, e que atenda
aos padrões de descarte previstos na Legislação Brasileira Resolução CONAMA N°
430/2011.

2. DADOS DOS ENVOLVIDOS NO PROJETO

2.1. Projeto Hidráulico Sanitário

Engenheira Responsável: Paula Cristina Montibeller


CREA: ES-031971/D

2.2. FORTLEV – Executora do Projeto

Responsáveis:
Paula Cristina Montibeller

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3. ALTERNATIVA ESCOLHIDA E DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO

Os Biodigestores têm tido aplicação crescente, e representam hoje uma tecnologia


avançada no tratamento de esgotos domésticos e industriais.

De modo geral, o Projeto do Biodigestor FORTLEV 1.500L atende aos principais


requisitos que devem ser observados em um estudo técnico-econômico de escolha de
alternativas para tratamento de efluentes domésticos:

• Baixo custo operacional e de implantação;


• Elevada eficiência na remoção de diferentes poluentes;
• Alternativa sustentável para a disposição do lodo gerado na estação;
• Sistema sustentável;
• Fácil manutenção e operação;
• Espaço de instalação otimizado;
• Possibilidade de aplicação em pequena escala;
• Fluxograma simplificado de tratamento;
• Elevada vida útil;
• Ausência de transtorno às populações vizinhas à instalação;
• Existência de experimentos práticos.

O efluente a ser tratado é proveniente do uso de águas para fins higiênicos, que de
forma comum são coletados em banheiros, lavanderia e cozinha, e conduzidos pelo
sistema predial de esgoto sanitário até o equipamento. O esgoto proveniente da
cozinha deve primeiramente passar por uma caixa coletora de gordura antes do
despejo no equipamento. Águas pluviais não estão previstas neste projeto e não
deverão contribuir com o efluente em questão.

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O tratamento de efluentes deste projeto se dará através de dois módulos compactos
utilizando o processo anaeróbio. Esse sistema de tratamento será denominado
Biodigestor FORTLEV 1.500L, e terá em sua composição um reator/filtro anaeróbio e
uma caixa coletora/leito de secagem de lodo.

O sistema anaeróbico ascendente é basicamente uma unidade de contato, na qual os


esgotos passam através de uma massa de sólidos contida no corpo do Biodigestor. A
biomassa retida no filtro pode se apresentar de três formas distintas:

• Biofilme aderido às paredes do meio filtrante e suporte;


• Biomassa retida nos interstícios do meio filtrante e suporte;
• Na forma de flocos ou grânulos retidos no fundo falso, abaixo do meio filtrante e
suporte.

De acordo com a NBR 13.969 (ABNT), os materiais do meio suporte do equipamento,


podem ser peças de plástico (em anéis ou estrudados) ou outros materiais resistentes
ao meio agressivo.

O afluente bruto entra em contato com o lodo no fundo falso, e de forma ascendente,
difundindo, através das superfícies do biofilme e da biomassa, os compostos orgânicos
solúveis contidos no esgoto. Já na superfície, o efluente é conduzido à saída através
da calha de saída.

O dispositivo de entrada será um “Tê” acoplado à tubulação de entrada, tendo uma


face voltada para a tampa para facilitar a manutenção caso seja necessário. A terceira
abertura do “Tê”, imersa verticalmente no liquido, é fixado à tubulação que conduz o
afluente até o fundo falso do equipamento, evitando perturbações no efluente já
tratado, possibilitando melhor sedimentação de sólidos e diminuição de zonas mortas e
curtos-circuitos.

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Após tratado biologicamente o esgoto passará pelo clorador para remoção de
organismos patogênicos.

O efluente de um Biodigestor é geralmente bastante clarificado e tem relativamente


baixa concentração de matéria orgânica.

Um dispositivo com carga hidrostática será instalado no biodigestor, com o intuito de


remover periodicamente e em períodos pré-determinados pelo projeto, o lodo
sedimentado acumulado no sistema em funcionamento.

Uma saída coletora de gases também será instalada no equipamento, para que uma
tubulação conduza os gases provenientes do processo de digestão até um ponto
superior ao telhado da residência ou área afastada do fluxo de pessoas.

A unidade de tratamento será confeccionada em Polietileno de alta resistência química


e mecânica, e a caixa coletora de lodo deverá ser construída em alvenaria. O sistema
será dimensionado para tratar efluentes domésticos, com eficiência média de remoção
de DBO de 70%.

O descarte ou aproveitamento do efluente do sistema deverá seguir os padrões


exigidos pela legislação vigente em cada localidade onde o sistema será implantado. É
de responsabilidade do consumidor final do produto, buscar e seguir os padrões de
lançamento pertinentes.

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4. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

É indispensável a verificação dos padrões de lançamento exigidos pelos Decretos e


Resoluções Estaduais, e estabelecer se o equipamento se enquadra aos quesitos
exigidos. A Legislação Brasileira Resolução CONAMA N° 430/2011 – “Dispõe sobre
condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução
n° 357, de 17 de março de 2005, do conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA”,
na Seção II Art. 16 estabelece valores mínimos de remoção de DBO do efluente a ser
lançado no meio ambiente, conforme descrito abaixo:

g) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO 5 dias a 20°C): remoção mínima de 60% de


DBO sendo que este limite só poderá ser reduzido no caso de existência de
estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às metas do
enquadramento do corpo receptor;

Porém os estados podem usar também, como critério de qualidade:

• Carga Orgânica;
• DBO;
• Porcentagem de Eficiência.

A verificação desses parâmetros, anterior a compra e instalação do equipamento é de


responsabilidade do consumidor final e do engenheiro responsável pela obra.

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5. MEMORIAL DE CÁLCULO

5.1. Cálculo de vazão

Para o cálculo da vazão será considerada uma estimativa de 15 habitantes de


baixo padrão, que segundo ABNT NBR 7229 estima, por habitante, uma
produção de esgoto diária de 100 l/dia a uma temperatura média nos meses
mais frios, entre 10 e 20 °C.

H = habitantes
qh = vazão por habitante
Q = vazão total

𝑄 = 𝑞ℎ . 𝐻
100 𝑙
𝑄 = 𝑑𝑖𝑎 . 15 ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠
1500 𝑙
𝑄 = 𝑑𝑖𝑎

Sendo assim, a vazão média diária será de 1.500 l/dia de esgoto a ser tratado.

5.2. Cálculo de contribuição de carga orgânica

A contribuição carga orgânica estimada pela ABNT NBR 13799/1997 é de 40 g


de DBO5 diariamente por pessoa para uma residência de baixo padrão.

CO = carga orgânica
c = contribuição

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𝐶𝑂 = 𝑐 . 𝐻
𝐶𝑂 = 40 g . 𝐷𝐵𝑂5 . 1000 mg . 15 habitantes
ℎ𝑎𝑏𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 . 𝑑𝑖𝑎 1g
𝐶𝑂 = 600000 mg . 𝐷𝐵𝑂5
𝑑𝑖𝑎

5.3. Cálculo da DBO5 afluente

Com o valor da contribuição diária por contribuinte, estimamos o total da


DBO5 no esgoto de entrada.

DB𝑂5 = CO
Q
DB𝑂5 = 600000 mg
𝑑𝑖𝑎
1500 𝑙
dia
DB𝑂5 = 400 mg
𝑙

5.4. Dimensionamento do Biodigestor

Os tempos de detenção hidráulica preconizados pela ABNT NBR 13799/1997


são variáveis, em função da contribuição diária de esgotos, e fator de maior
importância para a eficiência resultante do processo de digestão. Tempos de
detenção mais elevados são utilizados a fim de complementar dois aspectos
principais segundo CHERNICHARO (2007):

• A sedimentação mais efetiva de sólidos;


• A depuração biológica da fase líquida.

Sendo assim, adotaremos o tempo de detenção hidráulica de 1 dia, conforme


previsto na Norma Brasileira, valor de referência para esgotos em temperatura
média do mês mais frio e na faixa de vazão até 1.500 l/dia. Portanto:

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V = volume útil (𝑙)
t = tempo de detenção hidráulica (dias)
1,08 = coeficiente proporcional ao volume ocupado pelo material filtrante

𝑉 = 1,16 . 𝑄. 𝑡
𝑉 = 1,08 . 1500 𝑙 . 1 dia
dia
𝑉 = 1620 𝑙

A altura útil deste projeto prevê:

• A altura do meio suporte;


• Altura de esgoto livre;
• Altura da calha coletora.

Portanto, o volume do fundo falso não será considerado no dimensionamento


para o volume encontrado.
Adotando-se Hútil = 1,59 m, temos:

𝑉 = π . D² . Hútil
4
1,620 m³ = π . D² . 1,59 m
4
D = 1,14 m

Logo, o equipamento será projetado em forma cilíndrica, com altura útil de 1,59
m e diâmetro de 1,14 m.

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5.5. Formação de lodo

Para uma vazão diária de 1.500 litros e uma concentração de DQO de


aproximadamente 0,2 kg DQO/dia e um coeficiente de produção celular entre 0,1
e 0,2 kg SST/kg DQOaplicada.

DQOaplicada = carga orgânica em DQO aplicada no equipamento

𝐷𝑄𝑂𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 = 1,3 . 𝐶𝑂𝐷𝐵𝑂


𝐷𝑄𝑂𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 = 1,3 . 200 g DBO
dia
𝐷𝑄𝑂𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 = 260 g DBO
dia
Temos:

Y = coeficiente de produção celular


Flodo = taxa de formação de lodo

𝐹𝑙𝑜𝑑𝑜 = 𝑌 . 𝐷𝑄𝑂𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎
𝐹𝑙𝑜𝑑𝑜 = 0,1 kg SST . 0,26 kg 𝐷𝑄𝑂𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎
kg DQO𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 dia

𝐹𝑙𝑜𝑑𝑜 = 0,03 kg SST


dia

Com a taxa de formação de lodo, podemos obter o volume de lodo gerado


diariamente, sabendo que a densidade do lodo varia entre 1.020 e 1.040 kg/m³:

ƴlodo = densidade do lodo


C = concentração de lodo (%)

V𝑙𝑜𝑑𝑜 = F𝑙𝑜𝑑𝑜
Ƴlodo . C

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V𝑙𝑜𝑑𝑜 = 0,03 kg SST . 1000 𝑙
dia 1 m³
1030 kg . 0,05

V𝑙𝑜𝑑𝑜 = 0,58 𝑙
dia

5.6. Descarte de lodo

Para o cálculo do intervalo de descarte do lodo, a consideração será de uma


coluna de 0,2 m de acumulo de lodo considerando o fundo falso do
equipamento.

Temos:
V𝑎cúmulo = π . D² . Hlodo
4

V𝑎cúmulo = π . (0,8 m)² . 0,2 m


4
V𝑎cúmulo = 0,1005 m³

Tempo de limpeza = 100 𝑙


0,58 𝑙
dia
Tempo de limpeza = 173 dias

Sendo assim, será adotado um intervalo de remoção do lodo de 6 meses.

Para descarte do lodo acumulado diariamente no Biodigestor, um dispositivo


auxiliar e um leito de secagem deverão compor o sistema, afim de facilitar a
manutenção, remoção, secagem e descarte do lodo. O projeto dispensa a
utilização de caminhão limpa fossa gerando economia ao usuário e uma solução
sustentável para o descarte do lodo, que após seco, pode ser misturado cal em

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uma proporção de 30%, e ser reutilizado como adubo.

Uma caixa coletora, que também será utilizada como leito de secagem do lodo
removido, deverá ser construída em alvenaria com fundo livre, para que o solo
possa absorver a umidade do lodo retirado do equipamento. A “saída de lodo”
indicada no equipamento deverá ser prolongada até o interior da caixa coletora,
e um registro instalado na extremidade do tubo, fará o controle do fluxo de
efluente através da tubulação. Uma tampa deve ser colocada sobre a caixa
coletora, para acesso do interior e retirada do lodo seco. O esquema pode ser
visualizado na Figura 01.

Figura 01

Com a abertura do registro no interior da caixa coletora, o lodo sedimentado no


sistema, alojado no fundo falso do equipamento, será conduzido por uma
tubulação até o leito de secagem, sem a necessidade de utilização de
equipamentos elétricos ou caminhão limpa fossa. A diferença de nível do
produto, entre o volume útil (300 litros) da caixa coletora e a saída de lodo do

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Biodigestor, terá exatamente o volume necessário para que a pressão
hidrostática empurre somente os 300 litros de lodo previstos neste projeto para a
remoção a cada 6 meses.

Caso haja resistência na saída do lodo, uma alternativa para descompactação


do deste no interior da tubulação, será colocada conforme a Figura 02,
garantindo a saída do lodo do equipamento para o leito de secagem. Um cap na
superfície externa do tubo direcionado à descompactação, evitará a expansão
de maus odores. Para a descompactação faz-se necessário somente a retirada
do cap, que não deverá estar soldado ao tubo, e conduzir através da tubulação
uma haste rígida de diâmetro inferior ao do tubo, e desobstruir o fundo até que o
efluente flua através do registro.

É importante ressaltar que a abertura do registro deve ser feita somente para a
retirada do volume total de lodo previsto no projeto, ou seja, até que cesse a
saída de efluente através do registro. Esse cuidado facilitará as remoções
futuras de lodo, evitando incrustações no interior da tubulação dificultando a
saída do lodo.

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O lodo removido do equipamento deve permanecer no leito de secagem até a
completa remoção da umidade, e então ser descartado ou reutilizado de maneira
adequada conforme prevê a Legislação.

5.7. Eficiência estimada do sistema

A eficiência média do produto para a remoção de matéria orgânica, segundo van


Haandel e Lettinga (1994), pode se estimada através da equação:

𝐸 = 100 . (1 − 0,87 . 𝑡−0,50)

No entanto, os valores encontrados serão testados e apresentados nos


resultados práticos, devido às limitações da equação.

Onde:

E = Eficiência do Biodigestor (%)


T = tempo de detenção hidráulica (h)

𝐸 = 100 . (1 − 0,87 . 24−0,50)


𝐸 = 82,24%

Com o valor de eficiência teórico em 82% podemos estimar a carga orgânica


contida no efluente, se todos os parâmetros contidos no projeto forem seguidos:

𝑆 = 𝑆0 – E . 𝑆 0
100
𝑆 = 400 mg – 82,24 . 400 mg
𝑙 𝑙
100
𝑆 = 71,04 mg
𝑙

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Onde:

S = Concentração de DBO efluente


S0 = Concentração de DBO afluente

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6. RESUMO DOS RESULTADOS PRÁTICOS

Durante 1 ano protótipos do equipamento em escala real, foram submetidos a testes de


resistência mecânica e de eficiência, para aprovação dos coeficientes estipulados
neste projeto.

Outros dois equipamentos foram instalados para acompanhamento da eficiência ao


longo dos 6 meses. As condições teóricas ideais foram extrapoladas e os resultados
também se apresentaram 100% satisfatórios, e os valores práticos encontrados, bem
próximos aos valores teóricos. As análises dos efluentes brutos e tratados foram
realizadas por laboratório com certificação.

Todos os equipamentos se enquadraram dentro dos parâmetros exigidos pela


Legislação Brasileira Resolução CONAMA N° 430/2011.

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7. RESUMO DO EQUIPAMENTO

A Tabela 01 mostra o resumo teórico e o prático do equipamento do último ensaio


laboratorial e as considerações do projeto.

Tabela 01: Resultados do projeto

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8. INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO

A instalação do equipamento deverá seguir as recomendações do fabricante (executor


do projeto) em acompanhamento do engenheiro responsável pela obra.

A manutenção é simples, e deve ser feita a cada 3 extrações, ou em caso de


obstrução. Limpe o interior do Biodigestor com jato de água, para realizar este
procedimento, a tampa de ¼ de volta deverá ser retirada. O material filtrante não deve
ser removido do equipamento.

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ANEXO 1 – ART DO PROJETO

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ANEXO 2 – LAUDOS LABORATORIAIS

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