Filosofia Moderna - 2024
Filosofia Moderna - 2024
Filosofia Moderna - 2024
Aulas 2
1. Filosofia Antiga
Pré-socráticos: Parménides, Heráclito, Empédocles e Demócrito. Foram os
primeiros a questionar a autoridade do pensamento mítico.
Sócrates: Figura emblemática da filosofia grega antiga; nasce por oposição aos
sofistas.
Pós-socráticos: Platão e Aristóteles.
Platão: autor da teoria das ideias, segundo a qual o caminho da verdade
é o intelecto.
Aristóteles: embora o conhecimento verdadeiro seja abstracto, o
caminho para ele são as coisas concretas.
2. Filosofia Medieval
Patrística: Agostinho de Hipona e outros (Deus e Alma).
Aproximação entre a religião então vigente na Europa e a fundamentação
filosófica.
Escolástica: Tomás de Aquino (essência e existência).
Aulas 6 e 7
Reforma Religiosa
A Igreja de Cristo, quando se tornou Romana, distanciou-se do seu ser mais próprio, que
é ser una, santa, católica e apostólica. Os reformadores queriam voltar ao que é
propriamente eclesial.
A reforma religiosa, começada, mais abertamente, em 1517, tem sido apresentada como o
começo da época moderna.
Preocupação de fundo: curar as muitas e graves chagas que afligem a Igreja, Corpo
Místico de Cristo.
O QUE ACONTECIA?
A cúria romana, os cardeais e os bispos eram corruptos, e os Papas agiam como soberanos
terrenos, esquecendo-se da sua missão fundamental, que era de guias espirituais da
cristandade.
A reforma era uma necessidade urgente para todas as nações cristãs. Ela começou na
Alemanha e se estendeu somente aos povos de sangue teutónico/alemão. É que havia um
anseio geral por se libertar do jugo do papado e do império, por se subtrair ao predomínio
dos povos latinos e por se livrar dos “gravames”/impostos da cúria romana.
Comummente, diz-se que a reforma começou com a fixação, na Igreja de Wittenberg, de
95 teses contra os teólogos radicais e contra Leão X. No entanto, com rigor, a reforma
de Lutero é, apenas, o ponto culminante de um processo de contestação dos rumos da
Igreja Católica nos últimos séculos da Idade Média. Com rigor, ainda, a fé cristã, por
sua natureza, é uma força reformadora: nasce como reforma do judaísmo.
Qual era o propósito dos reformadores?
Era de tornar a Igreja Católica mais autêntica, mais fiel à visão dos profetas e
menos submisso a Roma.
O grande cisma, encerrado com a realização do Concílio de Constança (1414-
18), era uma exigência de reforma, mas não bem sucedida.
Muitos pregadores alemães defendiam a volta a um cristianismo mais simples e
mais espiritual.
Na Inglaterra, Joahn Waycliffe (1320-84) pregou contra Roma, mantendo a
necessidade da pobreza do clero e criticando a hierarquia da Igreja. Além disso,
traduziu o Novo Testamento e parte do Antigo para o Inglês, algo proibido no
momento, o que lhe valeu a condenação. Um de seus tantos seguidores, Jan
Huss, que exerceu influência sobre Lutero, foi condenado à fogueira.
A reforma nasce como movimento de oposição a Roma e difunde-se por Suíça
(Zuínglio) e Genebra (Calvino).
Dois pontos fundamentais da reforma:
A recusa, por Lutero, da autoridade institucional da Igreja (Papa e
Concílios).
A valorização da consciência individual como dotada de autonomia e de
uma autoridade que toma o lugar da Igreja e da Tradição, por ser mais
autêntica.
Filosoficamente, a reforma aparece como representante da defesa da
liberdade individual e daa consciência como lugar de certeza.
1. Martinho Lutero
É conhecido como pai e principal artífice da reforma.
Doutorou-se em teologia, tendo se especializado nas epístolas aos Romanos, aos
Gálatas e aos Hebreus. À luz destas cartas, foi percebendo, claramente, os erros da
Igreja Católica Romana. Portanto, era um homem de elevado intelecto e
consideráveis habilidades pessoais.
Num momento em que a cristandade estava submersa a muitos males, Martinho
Lutero volta para si e preocupa-se com a salvação da sua alma, com a sua conduta
interior.
A pregação das indulgências, ordenada por Leão X para a construção da Basílica
de São Pedro, deu a Lutero oportunidade para a publicitação de suas convicções
pessoais. Para ele, venda das indulgências era, apenas, fábrica de dinheiro da
Igreja Católica Romana, sem qualquer orientação espiritual.
Num certo dia, a ler a Carta aos Romanos (1: 17), chegou a uma nova fé, que
enfatiza a graça de Deus e a justificação do ímpio mediante a fé. Daí, percebeu que,
afinal, a salvação não é obra do Homem, mas, exclusivamente, graça de Deus.
Em 1516, tornou-se Pároco da Igreja de Wittenberg, onde foi um pregador popular,
proclamando a sua nova fé e opondo-se à venda de indulgências, sob direcção de
João Tetzel, que, no seu entender, prejudicava o povo da sua congregação.
Inspirado por vários motivos e em oposição à venda das indulgências, na noite
vespertina do Dia de Todos os Santos, 31 de Outubro de 1517, Lutero afixou, nas
portas laterais da Igreja de Wittenberg, 95 teses académicas contra as indulgências
e a estrutura da Igreja, com o título “Sobre o Poder das Indulgências”.
A ruptura definitiva de Lutero com Roma deu-se em 1520.
A 15 de Junho de 1520, a cúria romana, através da bula Exurge Domine (Levanta-
te, Senhor!), condena 41 teses de Lutero, por as considerar heréticas, falsas e
escandalosas, com ameaças de excomunhão, caso não se retractasse dentro de
sessenta dias.
Lutero reage escrevendo “Contra a Bula do Anti-Cristo”, na qual falou da
influência do diabo na Igreja, dizendo que o Papa era o anticristo e o falso profeta,
selando, assim, a sua cisão com Roma, e queimando a bula de excomunhão na
praça de Wittenberg. Desta forma, Lutero recusou-se a retractar-se, dizendo que
sua consciência era cativa à Palavra de Deus, pelo que retractar-se não seria
correcto nem seguro, tendo concluído a defesa com as palavras: “Aqui estou. Não
posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém!”
Em retaliação, Carlos V, imperador do Santo Império Romano, mandou queimar
2. Ulrich Zuínglio
É conhecido como “terceiro homem da reforma protestante”, depois de Lutero e
Calvino.
Sacerdote da Igreja Romana, critica, em suas pregações, a venda das indulgências e
comenta a Sagrada Escritura segundo o “Evangelho Puro”, inspirando-se nos
Escritos de Lutero. Mais tarde, atacou o celibato eclesiástico e o jejum e começou a
conviver com uma viúva, com a qual veio a casar em 1524.
Por causa das suas tantas e duras críticas, o Bispo de Constança proibiu-o de
pregar, acusando-o de heresia.
Tendo Zuínglio se defendido, o governo de Zurique apoiou-o e desobrigou-o da
obediência ao Bispo de Constança, introduziu a língua alemã no culto e aboliu o
celibato eclesiástico.
Viu na Bíblia autoridade suficiente quanto às questões de fé e de prática,
desviando-se, assim, de raízes da Igreja Católica Romana.
Numa publicação que fez em 1523, escreve que o Evangelho não está sujeito à
aprovação da Igreja, podendo operar separado da autoridade e das restrições
eclesiásticas.
Outras posições de Zuínglio:
A súmula do Evangelho é a reconciliação e a redenção realizadas por Jesus
Cristo, que é o Cabeça dos Crentes, constituindo, eles, colectivamente, o
3. João Calvino
Doutrina: “Deus determinou alguns homens à salvação e outros à danação”.
Calvino elimina toda a hierarquia eclesiástica, embora aceite várias funções para
assegurar a boa organização da Igreja: Pastor, Mestre, Diácono e Ancião.
Tal como os que o precederam, Calvino reduz os sacramentos a dois: Baptismo e Ceia.
No entanto, se, apoiando-se em Zuínglio, não aceita a presença real de Cristo na
Eucaristia, aproximando-se de Lutero, reconhece a união profunda entre Cristo e o
cristão na Eucaristia, mediante a fé do cristão.
Posição de Calvino
A revelação bíblica é progressiva. O Novo Testamento ultrapassa o Antigo, e não é
homogéneo.
Deus é a causa absoluta e não condicionada de todas as coisas.
Deus revela a sua Mente no homem e na natureza.
Dado que o homem se tornou cego pelo pecado, precisa de mais do que somente a
Palavra objectiva de Deus para orientá-lo na direcção correcta da sua vida: precisa
de iluminação espiritual.
Deus ordena todas as coisas, mas sem fazer violência à liberdade de suas criaturas
inteligentes.
O homem foi criado puro e segundo a Imagem de Deus, mas caiu e ficou
corrompido, mediante o abandono voluntário do bem. Contudo, permanece nele
uma parte da imagem de Deus, mas não é suficiente para se salvar a si mesmo.
A ajuda de que o homem precisa para se salvar é Cristo, o Redentor.
O homem depende de Deus quanto a uma dupla predestinação: ou para a salvação
ou para a perdição.
Todos os crentes são iguais diante de Deus. As hierarquias criadas pelos homens
são prejudiciais à espiritualidade.
As Escrituras, com exclusividade, são a nossa autoridade de fé e prática.
Ideias Gerais de João Calvino
O Deus bíblico é eterno, misericordioso e justo, omnipotente, …
A vontade de Deus é absolutamente soberana e fundamenta tudo o que existe.
Embora a Criação e a Sagrada Escritura, os gentios e os judeus, digam que
Deusa é o Criador, apenas a Sagrada Escritura atesta com certeza que é o
Redentor.
Embora Deus seja, indubitavelmente, transcendente e excelso, um Deus
escondido, é, também, aquele que, ao eleito, se revela como misericordioso e o
reveste com a justiça e os dons salvíficos de Cristo.
Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, encarnado, unicamente,
para a redenção do homem (cf. Pedagogia divina da salvação: o lado maternal de
Deus).
Cristo é o único Mediador entre Deus e o homem. Para ser, verdadeiramente,
Mediador, deve ser perfeitamente divino e perfeitamente humano. É que, se
fosse unicamente divino, não teria sofrido a morte, e se fosse somente humano,
não a teria vencido.
O Espírito Santo é de natureza divina.
O Antigo e o Novo Testamentos são inspirados pelo Espírito Santo e têm a
pessoa de Cristo como centro focal. Por isso, as Escrituras devem ser lidas com a
ideia de descobrir Cristo nelas.
Enquanto Palavra de Deus, as Escrituras comunicam ao crente o próprio Jesus e
seu dom de salvação.
A Verdadeira Igreja Universal é constituída por todos os crentes de todo tempo e
lugar e é invisível. Seus membros são os eleitos que só Deus conhece.
Os únicos sacramentos são o Baptismo e a Eucaristia, instituídos directamente
por Cristo, e que servem para tornar mais actual e visível a autêntica Palavra de
Deus. No entanto, eles só trazem ajuda e proveito se forem recebidos com fé.
Antes de receber o dom da fé, o homem pertence à massa damnata (massa de
condenados). O homem sai dessa condição mediante o dom da fé.
Já que a Vontade de Deus é causa de todas as coisas, é, também, causa de
salvação e de reprovação.
A predestinação é o eterno decreto de Deus, no qual está estabelecido o fim de
todo homem: enquanto para uns foi preordenada a vida eterna, para outros
foi preordenada a condenação eterna.
4. Philipp Melanchton
Princípio material: justificação sem as obras.
Princípio formal: sola scriptura.
Diferentemente de Lutero, Melanchton afirma que a salvação do homem exige a sua
cooperação, mas não se pode falar de méritos. Portanto, a obra humana é concausa da
salvação.
3. Francisco Suarez
Da ordem dos jesuítas, é conhecido como o mais profundo e original pensador
da contra-reforma.
Realiza uma síntese entre as posições de São Tomás e o pensamento moderno.
Nisto, renuncia a alguns pontos-chaves da filosofia do aquinate:
Abandona o conceito de ser, entendido como perfeição absoluta, e
considera o ser como algo abstracto, não físico nem metafísico.
Rejeita a distinção real entre essência e existência.
Entende a matéria e a forma como existentes por si mesmas e não como
dois princípios essenciais da realidade material.
4. Tommaso Campanella
Da ordem dominicana.
Foi suspeito de heresia, por se ter aproximado da filosofia naturalista de
Bernardino Telésio.
Viu no catolicismo a forma perfeita de religião.
Disse: “Os cristãos souberam criar uma arte cristã, uma política cristã e uma
literatura cristã, mas não souberam elaborar uma filosofia cristã.
Entre a fé e a filosofia, existe profunda harmonia, porque a verdade de fé e a
verdade filosófica são irradiações da mesma e única verdade. Esta harmonia foi
perturbada com a introdução do pensamento aristotélico na filosofia cristã por
Tomás de Aquino.
Há necessidade de se elaborar uma filosofia nova, uma filosofia cristã.
Um dos elementos mais interessantes dessa filosofia de Campanella é a
doutrina do conhecimento de si, do mundo e de Deus.
O conhecimento de si precede e condiciona qualquer outro
conhecimento. É, por isso, inato.
Sob o influxo das modificações sensoriais, o homem adquire também o
conhecimento das coisas. Neste conhecimento, torna-se oculto o
conhecimento de si. A sabedoria filosófica consiste em reaver o
1545 a 1563.
O Concílio de Trento expôs os fundamentos da Doutrina Cristã, reformando a Igreja
e eliminando os tantos abusos que existiam. No entanto, a acção levada a cabo pelo
Concílio de Trento não corrigiu, imediatamente, os problemas da Igreja, que
continuou durante muito tempo ligada ao poder temporal.
Aulas 8 e 9
Reforma Religiosa e Contra-Reforma - Resumo
A Igreja de Cristo, quando se tornou Romana, distanciou-se do seu ser mais próprio, que
é ser una, santa, católica e apostólica. Os reformadores queriam voltar ao que é
propriamente eclesial.
A fé cristã nasce como uma reforma religiosa, voltada à purificação do judaísmo. Eis
por que Jesus parece ter entrado em conflito com alguns elementos da lei judaica (cf.
carne de porco).
A Igreja de Cristo, que é una, santa, católica e apostólica, quando se tornou romana,
começou a estar mais ligada ao poder temporal.
A Reforma da Igreja era um imperativo para as nações cristãs: as nações latinas
queriam reformar a Igreja sem se opor à centralidade de Roma; as nações
germânicas e outras queriam, também, se distanciar da influência romana.
A prova da necessidade imperiosa da reforma é encontrada na fundação de algumas
ordens religiosas, no chamado grande cisma, em pregações soltas clamando por um
cristianismo mais simples e mais espiritual, na tradução da Bíblia para línguas
nacionais, na crítica à hierarquia da Igreja e ao modo de vida de alguns clérigos, …
A necessidade da reforma é, assim, anterior à divisão, na Igreja de Cristo, entre os
fiéis a Roma e os opositores da supremacia romana. Desta forma, a acção de Lutero
é, apenas, o ponto culminante de um processo de contestação dos rumos da Igreja
Católica nos últimos séculos da Idade Média.
A Reforma Religiosa, vista como movimento de oposição a Roma, ganha sua
Aulas 10 e 11
Ciência Moderna
(Revolução Científica)
A época moderna, além de registar autonomia do Estado em relação à Igreja e o
distanciamento de algumas nações cristãs em relação a Roma, regista, igualmente, a
autonomia da ciência em relação à Filosofia e à Teologia.
Desde a antiguidade até ao fim dos medievos, a Filosofia abrangia a
Matemática, a Física e a Metafísica.
Bernardino Telésio, além de sustentar a autonomia da Filosofia em relação à
Teologia, é um renascentista da natureza.
Em Telésio, encontramos o germe da autonomia da pesquisa científica em relação à
Filosofia.
A Bacon e Galileu atribui-se o mérito de terem assegurado plena autonomia da
ciência, tanto em relação à Filosofia, quanto em relação à Teologia.
Não se pode, contudo, falar de revolução científica sem menção a Copérnico.
Nicolau Copérnico é o ponto de partida da revolução científica moderna. Ele rompe
com o sistema geocêntrico formulado por Cláudio Ptolomeu e defende o
heliocentrismo.
Além do sistema heliocêntrico, é, também, marco da revolução científica a
valorização da observação e do método experimental (oposição à ciência
contemplativa dos antigos).
Giordano Bruno, um admirador de Copérnico, leva à superfície a ideia de um
universo infinito, o que faz com que seja queimado na fogueira como herege.
Em 1616, a Inquisição condena a obra de Copérnico, apoiando-se em Josué 10: 12-
13.
Francis Bacon
Nasceu em 1561, em Londres, onde morreu em 1626.
Ocupou muitos cargos de relevo. Em 1621, foi acusado de suborno e condenado ao
pagamento de 40 mil libras. Disto, resultou que fosse impedido de exercer qualquer
(ídolos do teatro).
Na pesquisa científica, o comportamento a seguir não deve ser o da aranha, nem o da
formiga, mas o da abelha (contra os racionalistas e os empiristas).
Existem três grupos de ciência: as que se baseiam na memória (história natural e
civil), as que se baseiam na fantasia (poesia) e as que se baseiam na razão (filosofia e
ciências experimentais).
Nas quatro causas de Aristóteles, Bacon considera superficiais e inúteis a eficiente e
a final.
Galileu Galilei
Nasceu em Pisa, em 1564, e morreu em Arcetri, em 1642.
Em 1609, descobre o telescópio, que lhe permite observar novos satélites.
Aceita a teoria heliocêntrica de Copérnico e abandona o geocentrismo de Ptolomeu.
É acusado de heresia, por defender teorias opostas à Sagrada Escritura. Contudo,
esteve sempre sob protecção de Urbano VIII, que lhe era amigo e admirador.
Faz uma distinção clara entre religião, filosofia e ciência, apoiando-se no objecto.
Aulas 12 e 13
A Redescoberta do Cepticismo
Preliminar: A época moderna caracteriza-se:
No campo político: pela autonomia do Estado em relação à Igreja.
No campo religioso: pelo distanciamento de algumas nações cristãs em
relação a Roma.
No campo científico: pela autonomia da pesquisa científica em relação à
Filosofia e à Teologia.
Dado a acrescentar: A época moderna caracteriza-se, igualmente, pela redescoberta
do cepticismo.
Os cepticismos pirrónico e académico foram ignorados na época medieval.
O renascimento é, portanto, a volta também ao cepticismo.
Os cépticos foram os primeiros filósofos a questionar a possibilidade do
conhecimento.
O filósofo mais importante da retomada e do desenvolvimento do cepticismo é
Michel Montaigne, que exerce influência sobre René Descartes.
De acordo com Montaigne:
Não temos argumentos racionais para a defesa da religião.
Não havendo argumentos racionais em favor da religião, deve prevalecer a
fé, que não precisa de qualquer defesa racional.
Aulas 14 e 15
RENÉ DESCARTES
Da antiguidade à época medieval, a Filosofia era, essencialmente, ontológica
(investigação da razão última das coisas).
Com Descartes, a Filosofia passa a ser crítica e gnosiológica.
Descartes é considerado Pai da Filosofia Moderna.
Descartes combate o método e a física de Aristóteles, considerando-os responsáveis
pela falta de progresso das ciências.
Preocupação de Descartes: “Reformar a ciência e procurar a verdade, apoiando-
se na razão”.
Fez “Tratado sobre o Mundo”, que não o publicou por saber da condenação de
Galileu.
Foi acusado de ateísmo por Boécio.
O saber filosófico de Descartes está sintetizado em “Princípios da Filosofia”.
Pensamento cartesiano
Uns o consideram extensão da escolástica. Estes pensadores apresentam o
René Descartes
Filósofo francês, educado na Escola de La Flèche, dos
Jesuítas.
Rebelou-se contra a educação tradicional.
É tido como fundador da filosofia moderna.
Aborda o conhecimento pela via racionalista.
Aulas 16 e 17
RENÉ DESCARTES
1. Ideias Principais
A investigação filosófica deve começar, não pelo estudo das coisas, mas pelo estudo
da mente.
Grande número de homens ocupa-se com as coisas (costumes dos homens, plantas,
astros, metais, …).
Ninguém dirige o pensamento para a mente recta.
É possível obter certa dose de conhecimento. Contudo, a condição primária é
ultrapassar os limites do cepticismo.
Método a ser usado
Bacon e Galileu: Método essencialmente indutivo, indicado para as ciências
experimentais.
Descartes: método totalmente dedutivo, indicado para matemática e geometria.
Descartes procurou encontrar os primeiros princípios, dos quais emanam todos os
conhecimentos. Disso, resultou que concluísse que todo sistema assenta na
metafísica, cuja cúpula é a demonstração da presença de Deus: o método cartesiano
funda-se, não apenas num modelo matemático, mas, sobretudo, na metafísica.
O sistema cartesiano parte da dúvida. Neste caso, a intuição (instinto
intelectual/razão natural) e a dedução não constituem, por si sós, algum método, mas
o método indica como se deve usar a intuição para não cair no erro, e como se deve
servir da dedução, para chegar ao conhecimento de todas as coisas.
A dúvida cartesiana é a suspensão do espírito para alcançar a verdade e a certeza. É
diferente da dúvida céptica, que é adveniente da incapacidade da inteligência para
alcançar a verdade.
Princípios fundamentais do método cartesiano (regras conducentes à verdade)
Princípio de evidência: “Tomar como verdadeiro apenas o que é claro e distinto”.
Pascal e Vico opõem-se a Descartes, afirmando que o que à mente aparece como
claro e distinto é falso.
5. O Dualismo
A nossa razão segreda-nos que Deus é uma substância infinita e mental.
A alma do homem deriva dessa substância infinita, sendo, por isso, res
cogitans (substância pensante).
O mundo material/exterior é res extensa (substância extensa).
A matéria é distinta da mente.
A mente não pode exercer efeito sobre a matéria e a matéria não pode
exercer efeito sobre a mente. No entanto, elas interagem através da glândula
pineal.
O problema do corpo-mente é uma das principais dificuldades enfrentadas
pela filosofia.
o O homem é, ao mesmo tempo, res cogitans e res extensa,
que estão unidas pela glândula pineal. Portanto, a sua
união não é tão profunda como achava Aristóteles, para
quem a alma e o corpo são uma única substância, mas
também não é tão superficial, como precisava Platão, que
via a sua relação como a de cavalo e cavaleiro.
o Os corpos, reduzidos à extensão, são governados pelos
princípios de inércia, da conservação do movimento e da
tendência a se moverem em linha recta. Neste caso, todo
calor e todos os movimentos que existem em nós, a não
dependerem do pensamento, pertencem, exclusivamente,
ao corpo.
6. Se todos contam com ideias inatas que emanam de Deus, como um homem pode
errar naquilo que pensa? De acordo com Descartes, é por causa da vontade que,
sendo livre, pode correr mais que a razão.
7. As paixões da alma: As paixões são modos de expressão da substância pensante. Elas
estão em número de seis: admiração, amor, ódio, desejo/apetite, felicidade e tristeza.
8. O Problema do Mal: Se Deus é todo-poderoso, perfeito em seu conhecimento,
ilimitado em seu poder, como o mal penetrou no mundo? De acordo com Descartes,
penetrou através da vontade pervertida do homem.
Aulas 18 e 19
Descartes na posteridade
1. Substancialidade dos seres finitos
Descartes: Substância é o que existe por si. Esta definição aplica-se,
unicamente, a Deus, mas Descartes sustentou também a substancialidade
dos seres finitos.
Baruch Spinoza: Só Deus é Substância (Panteísmo).
2. Relações corpo-alma
Descartes: A res cogitans e a res extensa estão separadas uma da outra,
mas, no homem, estão unidas pela glândula pineal (dualismo
antropológico).
Malebranche: As substâncias pensante e corpórea não se influenciam.
O que para nós é acção recíproca não passa de coincidência
(Ocasionalismo).
3. Conhecimento do mundo físico
Descartes: Todas as ideias são inatas e algumas representam o mundo
físico.
Consequência do pensamento cartesiano: Desvalorização do
conhecimento sensitivo e desenvolvimento do racionalismo e do
idealismo.
NICOLAU DE MALEBRANCHE
Filósofo francês.
Estudou os escritos de Descartes.
Ocupou-se com a relação corpo-mente, tendo concluído que não existe comunicação
entre eles. No seu entendimento, o corpo, quando recebe impressões, envia
mensagem a Deus que, por sua vez, a comunica à mente. Da mente para o corpo,
acontece o mesmo.
Deus é a Única Causa de tudo e, por isso, causa também do mal, que não é, senão
um bem disfarçado.
Os males aparentes surgiram quando o homem caiu na finitude e na
particularidade. É que o espírito humano está para o que é finito e universal.
O ocasionalismo de Malebranche envolve mais do que a comunicação entre a
mente e o corpo por meio de Deus; envolve, também, a ideia de que Deus é
a única causa, pelo que a mente não movimenta o corpo.
A tarefa moral do homem é aprender a retornar ao Universal, ao Espiritual, em vez
de continuar fascinado pelo que é material e particular.
Os homens talvez não reconheçam, mas eles vêem todas as coisas através de Deus:
Deus é o mediador de toda forma de conhecimento, já que as ideias particulares
participam das ideias infinitas.
A alma difere do corpo e da materialidade por ser possuidora de força e de liberdade,
e sobrevive à desintegração do corpo material, dado participar do Grande Intelecto
BLAISE PASCAL
Matemático e cientista francês, que reconstituiu as provas da geometria euclidiana
até à Proposição 32, com a idade de 11 anos, sem nunca ter lido Euclides.
Deixou-se atrair muito por ideias religiosas, a ponto de, em 1654, ter uma
experiência mística durante duas horas. Disso, resultou que visse na fé cristã a
principal avenida para quem se quer aproximar da verdade.
O meio para encontrar Deus/Verdade não é o racionalismo, mas a vereda mística,
onde o coraçao e a vontade são agentes importantes.
Ideias de Pascal
O homem sofre neste mundo. Ele é, apenas, uma cana esmagada.
O homem é um anjo e uma fera, misturados em um só ser.
Só a graça divina pode ser solução para a grande agonia do sofrimento
humano.
O coração tem razões que a própria razão não compreende. Deus é muito
mais sentido pelo coração do que pela razão.
As provas racionais da existência de Deus fracassam, porque são expressão
de um poder finito que procura descrever uma Entidade Infinita. Contudo,
elas não devem ser abandonadas, dado guiarem algumas pessoas.
BARUCH SPINOZA
Filósofo judeu.
Recebeu treinamento rabínico, mas foi desligado da sinagoga, acusado de ateísmo.
Dava muito valor à solidão, à privacidade e ao isolamento.
Defendia vigorosamente a liberdade de pensamento e de expressão.
Disse “NÃO” a algumas tarefas bem remuneradas, por temer que lhe fossem
impostas limitações ao pensamento e às inquirições intelectuais e espirituais.
Ideias de Spinoza
JOHN LOCKE
Nasceu na Grã-Bretanha, em 1632.
Fez bacharelato e mestrado em Oxford, onde se tornou Professor de grego, retórica e
filosofia.
Foi praticante de medicina, embora não tivesse terminado o curso.
Durante vinte anos, escreveu sobre o entendimento humano, tendo publicado sua
obra em 1690.
Por problemas políticos, mudou-se para perto de Paris e, depois, para Holanda, onde
usou um nome falso, a fim de se proteger de seus inimigos.
Deposto o rei James II, John Locke retornou à Inglaterra, onde continuou a brilhar
na política.
Foi-lhe oferecida a posição de embaixador em Brandeburgo, mas ele não
aceitou.
Foi nomeado comissário do Comércio e da Agricultura e manteve o cargo
por quatro anos.
Faleceu em 1704, com 72 anos.
Ideias de Locke
1. Ataque contra ideias inatas
Nega que o homem tenha conhecimentos que transcendam os cinco sentidos.
Nega que o homem possa ter conhecimentos com base na intuição inata ou na razão.
2. Tabula Rasa (ardósia limpa)
O homem começa a viver neste mundo com a mente completamente vazia.
É por meio da experiência que o homem começa a escrever sobre a referida tabula
rasa.
3. O homem combina ideias, produzindo ideias complexas a partir de ideias mais
simples.
4. Tipos de ideias complexas: modos, substâncias e relações.
Modos: são ideias cujos objectos não podem existir por si mesmos.
Substâncias: são ideias de coisas que existem por si mesmas.
Relações: são ideias que resultam de comparações.
Ideias de Deus, infinitude, tempo, duração, substância resultam de nossas
comparações.
5. Substância. Por meio de inferências, chegamos a supor a existência de substâncias,
mas o que sabemos a respeito dessas substâncias são apenas suas qualidades e
poderes. Tais qualidades são por nós conhecidas através da percepção dos sentidos.
6. Qualidades: primárias, secundárias e terciárias.
As qualidades primárias são as inseparáveis dos objectos e imprescindíveis para a
sua existência.
As qualidades secundárias são as nossas avaliações mentais sobre alguma coisa e
não as qualidades que pertencem, necessariamente, às coisas.
As qualidades terciárias são os valores que atribuímos às coisas.
Uma antiga fotografia tem a sua essência (qualidade); tem, também, textura e cor
(qualidade secundária); mas tem, igualmente, o valor que nos faz guardá-la,
preterindo alguma outra (qualidade terciária).
7. Tipos de conhecimento
Temos um conhecimento intuitivo de Deus. Este conhecimento é imediato, embora a
Ideia de Deus não seja inata ao homem.
Temos um conhecimento demonstrativo da existência de Deus, mediante nossos
processos de raciocínio.
Temos um conhecimento sensível da existência de tudo o mais que cai dentro do
alcance da percepção de nossos sentidos.
8. A Ideia de Deus
De acordo com Locke, sabemos que existimos, e que a razão nos mostra que viemos
de um ser eterno.
Que nos reconheçamos como finitos, é suficiente para que percebamos a Infinitude
THOMAS HOBBES
Filósofo inglês, nascido em 1588.
Era amigo de Francis Bacon e conheceu Galileu em Florença, na Itália.
Escreveu o Leviatã.
Ideias de Hobbes
Todos os corpos são materiais e controlados por leis rígidas (materialismo).
O mais ténue de todos os corpos é o éter.
Qualquer ideia de espírito é absurda. Tudo é matéria e não existe uma matéria que
seja imaterial/espiritual.
Em relação ao método científico, Hobbes pensa que devemos reduzir qualquer todo
às suas partes e procurarmos compreender o todo a partir das suas partes.
As pessoas deixam-se governar por seus apetites, paixões, imaginações e emoções, e
existem causas físicas para tudo isso. Por isso, a liberdade do homem é apenas
aparente.
Veja-se o exemplo de água: ela corre livremente (segundo as aparências),
mas o seu destino (oceano) é seguro e previamente determinado.
A percepção é a base de todo o conhecimento que temos. Ela é dada a nós através da
observação dos movimentos.
Depois que um objecto observado é removido, o cérebro retém imagens sobre ele,
que são, apenas, sensações decadentes, fantasmas que dançam em torno do cérebro
e, gradualmente, vão desaparecendo. É assim como nossos pensamentos se formam,
sendo, por isso, menos seguros.
O ser está sempre presente. O passado é apenas um fantasma contido na
memória e o futuro ainda não tem existência.
Nada mais importa para os homens do que o auto-interesse (a vida humana é apenas
uma longa e demorada exibição de auto-amor).
Todos os actos aparentemente altruístas podem ser explicados como uma
demonstração de egoísmo, após a devida investigação.
As primeiras características dos homens são o orgulho, a avareza, a ambição e o
temor da morte.
Não existe alma, mas talvez haja ressurreição.
O soberano de um Estado tem o direito de estabelecer e pôr em vigor uma religião
oficial. O impulso religioso é baseado no temor humano pelo desconhecido.
A religião não é teologia nem filosofia, mas, antes, lei. Por isso, deve ser obedecida.
Embora fosse materialista, Hobbes tinha o conceito de Deus como uma
força cósmica que controla o universo e fonte de todos os movimentos
existentes na matéria.
Somente um Estado forte como uma monarquia pode controlar uma criatura maligna
como o homem. No entanto, é para esse mesmo homem que o Estado existe.
Um Estado tem o direito de fazer guerra, afim de preservar os seus interesses.
Todas as virtudes morais derivam-se do desejo humano pela paz.
Há uma lei que é absorvida nos contratos sociais; o direito individual subordina-se
ao direito comunitário.
O único direito natural do homem é o de viver. Portanto, o homem tem o direito de
defender a sua própria vida, mesmo que, para isso, tenha de recorrer à força.
DAVID HUME
Filósofo escocês, alcunhado pelos seus contemporâneos como tácito inglês.
Ainda jovem, sentiu que havia necessidade de revolucionar a ética e as ciências
sociais, com base em conceitos científicos (o mesmo que Newton fez com a física).
Escreveu “Sobre Natureza Humana”, que, como ele disse, saiu morto da impressora.
Deixou a França e tentou Filosofia Moral na Universidade de Edemburgo, na
Escócia. Não tendo conseguido, reescreveu o seu tratado “Sobre a Natureza
No campo filosófico, exerceu muita influência sobre Kant, que o considerava quem
o despertou da sonolência dogmática.
GEORGE BERKELEY
Bispo irlandês.
Afirma que os filósofos criam problemas artificiais e promovem soluções para eles.
Disse: “Primeiramente, levantamos poera; depois, queixamo-nos de que não
podemos ver”.
Ideias de Berkeley
Ser é ser percebido. Afinal, não há existência sem ideia (imaterialismo de Berkeley).
Todas as ideias originam-se na percepção dos sentidos. Contudo, não temos
percepção imediata do mundo material.
Antes, todas as nossas percepções são nossas ideias que impomos sobre uma
suposta existência exterior (idealismo subjectivo).
Aquilo que existe independente de nossas ideias continua sendo ideia
(idealismo objectivo).
A matéria, considerada como independente da mente, é autocontraditória. Tudo
quanto existe é ideia.
GOTTFRIED LEIBNIZ
Matemático de alto gabarito.
Filósofo e homem de muitos ofícios. Lia, com o mesmo entusiasmo, Platão e
Aristóteles e Bacon, Campanella, Hobbes, Locke, Galileu e Descartes.
Inventou uma máquina de calcular, que podia efectuar várias operações matemática,
incluindo a extracção da raiz quadrada.
Teve a intenção de aplicar o método matemático à Filosofia.
A Leibniz credita-se a origem do cálculo integral e diferencial.
Ideias de Leibniz
A filosofia de Leibniz é reacção ao dualismo cartesiano e ao empirismo inglês.
Contra o dualismo cartesiano, Leibniz afirma que o ser é, essencialmente,
uno. Não existem duas substâncias, mas uma só, que é a substância
espiritual (metafísica da mónada).
A divisão da realidade em pensamento e extensão não se justifica. A
extensão é, apenas, continuação da única substância.
O elemento último que compõe os mundos do espírito e da extensão é a
mónada, cujas propriedades são a simplicidade, a incorruptibilidade e a
auto-suficiência.
o Deus é a Grande Mónada reflectida por todas as
outras mónadas.
o As mónadas não são iguais umas às outras.
Contra o empirismo inglês, Leibniz afirma que o conhecimento intelectivo
não é simples reacção passiva às ideias dos sentidos, mas o desenvolvimento
de ideias inatas (epistemologia inatista).
Opondo-se a John Locke, sublinha as ideias inatas avançadas por René
Descartes.
Opondo-se a Descartes, sustenta que as ideias inatas são confusas e
obscuras.
A mónada tornou-se o conceito mais importante da filosofia de Leibniz.
Deus, que é a Grande Mónada, é omnisciente, omnipotente e omniprovidente.
De Deus, nasce o universo por fulguração.
A perfeição das criaturas vem de Deus; a sua imperfeição, da limitação
que lhes caracteriza.
O que nasce por fulguração equivale à sombra platónica.
A fulguração é o método pelo qual todas as coisas vieram à existência. Portanto, as
coisas não procedem do nada por criação.
Todas as mónadas são fechadas em si mesmas. Por isso, não há interacção entre elas.
Dado que tudo procede da Mente Divina por fulguração, então tudo deve reflectir a
bondade e a justiça essenciais da Mente Divina.
Este mundo é o melhor de todos os mundos possíveis.
GIANBATTISTA VICO
Especialista em Filosofia da História.
Estudou, especialmente, Platão, tendo concluído que ele não aplicara a doutrina das
ideias aos acontecimentos históricos. Segundo Vico, Platão ocupou-se com a
natureza e omitiu a história. Deste modo, resulta que aplique aos factos históricos a
Doutrina Platónica das Ideias.
De acordo com Vico, a História é racional.
Ideias de Vico
O homem compreende melhor o que faz, que é a sua história.
O homem alcança certeza em muitas coisas e verdade em poucas. Somente Deus
pode conhecer a verdade de todas as coisas, porque ele as faz.
No homem, o conhecimento apresenta-se sob três aspectos:
Sob o aspecto da teologia, em que a verdade é revelada e não estabelecida
por nós. Essa verdade é certa.
Sob o aspecto das matemáticas, em que o conhecimento é uma construção
da mente (realização da unidade entre o verdadeiro e o facto).
Sob o aspecto da física, em que o verdadeiro se separa do facto, dado que o
homem não é o criador da natureza.
Embora seja defensor de ideias de Descartes, Vico demonstra que o cogito, ergo sum
não pode ser um argumento contra os cépticos, porque o céptico não duvida da sua
dúvida, contradizendo-se.
Vico é conhecido pela constituição da “da ciência nova”, que é a ciência histórica.
Antes de Vico, a História não era tida como ciência, mas como arte literária.
Com Vico, a História fanha estatuto de verdadeira ciência, que satisfaz os
dois requisitos fundamentais do saber filosófico: a concretude e a
universalidade.
Mais do que ciência, a ciência nova de Vico é filosofia do espírito
humano na sua história.
Uma característica da ciência nova de Vico é a união necessária de Filosofia e
Filologia.
A Filologia (Ciência da História) estabelece os factos.
A Filosofia da História descobre, nos factos, a lei universal pela qual se dão.
O ILUMINISMO
Do latim lumen, que significa LUZ.
Duas são as principais características do iluminismo:
A desintegração do mundo teocêntrico.
A promoção da ciência e do método científico.
Foi levado avante pelos enciclopedistas franceses Diderot e D‟Alembert, e, também,
por Montesquieu, Voltaire e Rousseau.
De entre os domínios da vida penetrados pelo iluminismo, há que sublinhar o
religioso e o filosófico.
Domínio religioso: desenvolvimento do deísmo e consequente fragmentação
das organizações religiosas.
Domínio filosófico: ênfase sobre o cogito e o racionalismo.
Muitos iluministas eram contra a religião instituída, mas não eram ateus. Eles
acreditavam na possibilidade de chegar a Deus mediante a razão.
1. Montesquieu
Pensador de saber enciclopédico.
É conhecido como pai do constitucionalismo liberal moderno.
Em “O Espírito das Leis”, Montesquieu procura descobrir as leis naturais da vida
social.
Avança como tipos sociológicos fundamentais do Estado a democracia, a
monarquia e o despotismo.
Filosofia da evolução
Foi promovida por Charles Darwin.
Herbert Spencer trabalhou em quatro áreas das ciências: a biologia, a
psicologia, a sociologia e a ética.
Promove o agnosticismo, que faz o Absoluto incapaz de ser conhecido.
Pragmatismo: Charles S. Peirce, William James e John Dewey.
A verdade é definida em termos daquilo que funciona., que é prático,
dependendo dos resultados das acções.
Qualquer conceito de verdade absoluta, perfeita e imutável é abandonado.
Reavivamento do realismo: Brentano, Moore, Russell, Alexander e Whitehead,
entre outros.
O mundo exterior é real, mesmo que nenhum agente o esteja percebendo.
O idealismo supõe ou que o mundo é criação das nossas ideias ou que
aquilo que podemos saber a seu respeito vem apenas através das nossas
ideias.
O neotomismo é um realismo católico romano.
A fenomenologia é a ciência de todos os fenómenos reais ou, apenas,
aparentes.
Existencialismo: Kierkegaard, Heidegger, Sartre e outros.
Filosofias não ocidentais.