Anexos Ao Manual 0656

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ANEXOS MANUAL

A minha pátria é a Língua Portuguesa


Fernando Pessoa

1. Língua
A língua é um sistema gramatical comum a todos os membros de uma comunidade, que permite exercitar a
linguagem, e que está em constante evolução.

Exemplos de línguas são: a língua portuguesa, a língua francesa, a língua inglesa, entre outras.

Em Portugal, existem três línguas oficiais: a língua portuguesa, a língua mirandesa e a língua gestual
portuguesa.

A origem da língua portuguesa


A Língua Portuguesa surgiu em Portugal (que tem hoje praticamente a mesma superfície de quando se
tornou independente, em meados do século XII), a partir do latim vulgar lusitânico. Este desenvolveu-se
fundamentalmente em duas modalidades, uma ao norte, que se falava nas duas margens do Minho
(portanto também no território que hoje constitui a Galiza), e outra ao sul, com algumas diferenças
sobretudo fonéticas devidas à influência do árabe. Da interpenetração deste com a primeira (a fala galaico-
portuguesa) resultou a nossa língua.

A língua portuguesa no mundo


No séc. XVI, e nos seguintes, os portugueses chegaram a África, América e Ásia e implantaram a língua
portuguesa junto das populações nativas. O Português torna-se, progressivamente, a língua destes povos e
atualmente fala-se no Brasil, Timor e nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – PALOP – Angola,
Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe.

Atualmente, falado por aproximadamente 280 milhões de pessoas em todo o mundo, o português é a
quinta língua mais falada do globo.
Variedades da língua portuguesa
O português tem a variedade do português do Brasil e a variedade do português de Portugal (ou português
europeu). O português apresenta, também, as variedades africanas – dos PALOP.

As diferenças que opõem uma variedade a outra são diferenças de vocabulário, de sintaxe e de pronúncia.

Variedade europeia – português falado em Portugal Continental e nos arquipélagos dos Açores e da
Madeira.

Características Exemplos

Colocação do pronome pessoal depois do verbo Ele chamou-me.

Uso da preposição “a” + infinitivo Ela está a jantar.

Uso de preposições O Pedro foi ao cinema.

Uso da 2º pessoa do sing. “tu” em registo informal Tu queres jantar?

Vocabulário e expressões próprias Autocarro

Ortografia Cómico

Variedade brasileira – português falado no Brasil; apresenta influências de outras línguas.

Características Exemplos
Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me chamou.

Uso do gerúndio Ela está jantando.

Uso de preposições O Pedro foi no cinema.

Uso da 3º pessoa do sing. “você” em registo Você quer jantar?


informal

Vocabulário e expressões próprias Ônibus (= autocarro)

Ortografia Cômico

Variedades africanas – português falado em África, destacando-se o português falado em Moçambique e o


português falado em Angola.

Características Exemplos

Colocação do pronome pessoal antes do verbo Ele me chamou.

Não concordância do sujeito com o predicado. Você foste sozinha?

Uso de preposições O Pedro foi no cinema.

Pronome pessoal “lhe” como Complemento Direto Ela viu-lhe na feira.

Marca do plural nos determinantes. Ele partiu os braço.

Vocabulário e expressões próprias Machimbombo (= autocarro)

Variação geográfica da língua portuguesa


A língua portuguesa apresenta variações que diferem de região para região, no território português, quer a
nível fónico (pela diferente pronúncia de sons), quer a nível lexical (uso de palavras diferentes para o
mesmo conceito).

Dialetos portugueses – nível fónico


Dialetos portugueses setentrionais

Dialetos transmontanos e alto-


minhotos

Dialetos baixo-minhotos-
durienses-beirões

Dialetos portugueses centro-


meridionais

Dialetos do centro litoral

Dialetos do centro interior e do


sul

Limite de região subdialetal com


características peculiares bem
diferenciadas

A língua mirandesa
Quando falamos em dialetos, importa referir a língua mirandesa que é um dialeto do asturiano, língua
romântica falada no Norte da Península Ibérica. É falada em Terra de Miranda (Portugal), por quinze mil
pessoas nas aldeias do concelho de Miranda do Douro e de três aldeias do concelho de Vimioso, num
espaço de 484 km², estendendo-se a sua influência por outras aldeias dos concelhos de Vimioso,
Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Bragança. O Mirandês tem duas variantes estudadas:

 Mirandês Raiano: falado nas aldeias fronteiriças.

 Mirandês de Sendim ou Sendinês: que se fala na atual vila de Sendim e arredores.

O Mirandês foi reconhecido como Língua em finais dos anos 90, através de: “Reconhecimento oficial dos
direitos linguísticos da Comunidade Mirandesa”, Lei da Assembleia da República nº7/99 de 29 de janeiro,
Diário da República, I Série-A, nº24 de 29-1-1999, p. 544.

Miranda do Douro

Sendim

Regionalismos – nível lexical


Além das variações na pronúncia e na entoação, encontramos, também, numa mesma língua, variedades
lexicais, que se manifestam ao nível do vocabulário e da sintaxe.

Região do País Exemplo Significado


Norte fino copo de cerveja

Centro bica café

Madeira lambeca sorvete

Açores trincar o pé pisar o pé

Fala
O ato de falar é intrínseco ao indivíduo que utiliza diferentes estilos ou registos, em função das
circunstâncias, adequando a maneira de falar e de escrever à pessoa com quem comunicamos.

Registos de Língua
Registo corrente
O registo corrente corresponde à norma e é utilizado pela maioria dos membros da comunidade linguística.
Caracteriza-se por um vocabulário de fácil compreensão, claro e correto, utilizado nas conversas, na rádio e
na televisão.

Registo cuidado
O registo cuidado usa um vocabulário mais rico e uma sintaxe mais elaborada. É mais usado em situações
formais como discursos, conferências, etc.

Registo familiar
O registo familiar é utilizado em situações caracterizadas pela informalidade e pela
espontaneidade, em família, entre amigos. Usa um vocabulário muito simples e pouco variado e uma
sintaxe pouco elaborada. É o registo usado nas cartas para amigos e familiares.

Registo de língua popular


Utilizado pelas pessoas com menos instruídas, caracteriza-se por ser um registo com
vocabulário incorreto que nem sempre respeitas as regras de sintaxe.

Registos Especiais
Estes registos estão relacionados com as variedades sociais, tais como classe social, idade, instrução ou
profissão.

Gíria
É uma linguagem específica, com vocabulários próprios de determinados grupos ou profissões.
Ex.: setôra; micar; gata; mister;
Calão
É uma linguagem caracterizada pelo uso de palavras e expressões incorretas e, por vezes,
grosseiras.

Linguagem Técnico-Científica
É uma linguagem com um vocabulário específico de determinada área técnica, do saber ou ciência.

A oralidade e a escrita

Ambas as ações implicam a existência de todos os elementos da comunicação, mas são situações de
comunicação diferentes, pois o código oral e o código escrito são atos distintos.

A oralidade
A comunicação estabelece-se num determinado momento e num lugar preciso que os dois
interlocutores conhecem. O emissor serve-se da voz pode recorrer a gestos, à mímica, à entoação e às
pausas para complementar a mensagem. O recetor serve-se do ouvido para receber a informação.

A escrita
Nesta situação o emissor e o recetor encontram-se afastados no tempo e no espaço. O emissor serve-se da
escrita para enviar a mensagem e o recetor serve-se da visão para a receber. Muitas vezes podem nem
sequer conhecer-se, como é o caso do escritor e do leitor. As frases são mais longas e elaboradas, o
vocabulário é cuidado e as regras gramaticais devem ser rigorosamente seguidas, de modo a não
comprometer a compreensão da mensagem.

Língua Oral Língua Escrita


O emissor, que está presente fisicamente, utiliza O emissor normalmente está ausente.
frases curtas que podem ser muitas vezes
cortadas e portanto inacabadas; são frequentes
as repetições, hesitações e exclamações; são
vulgares as omissões de palavras e as formas
contraídas.
Entoação; Sinais de pontuação;
Pausas na voz; Pausas na pontuação;
Ritmo da fala; Ritmo da escrita.
Gestos.
Menos rigor no cumprimento das regras Frases mais longas e aperfeiçoadas com
gramaticais. vocabulário escolhido.
Bordões de fala (ora; vejamos; pronto(s); Maior rigor gramatical.
digamos; justamente).
O novo Acordo Ortográfico de 1990

Apesar de datar de 1990, o novo Acordo Ortográfico só entrou em vigor


em janeiro de 2009, tendo havido, até 2015, um período de transição,
durante o qual era permitido o uso das duas grafias.
Esta convenção não implica alterarmos a forma de falar, mas sim
simplificar as regras de ortografia da língua portuguesa comum a todos os
países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

O que muda:
- Alfabeto
São introduzidas as letras k, w e y, que passam a integrar o alfabeto da
língua portuguesa.
kosovar, kart, yoga

- Maiúsculas e minúsculas
Passam a escrever-se com minúscula
- os meses do ano
janeiro, fevereiro, março,…
- as estações do ano
primavera, verão, outono, inverno
- os nomes dos pontos cardeais e colaterais
norte, sul, este, oeste
Mas, se estas se referirem a uma região, escrevem-se com inicial
maiúscula.
O João é um homem do Norte.
Os meus tios passam sempre férias no Sul do país.

Passam a escrever-se, facultativamente, com maiúscula ou minúscula


- as disciplinas escolares, domínios de saber e cursos
Matemática ou matemática; Português ou português
- os nomes de lugares públicos, templos ou edifícios
Avenida da Liberdade ou avenida da liberdade
Torre de Belém ou torre de belém
- as formas de tratamentos e dignidades
Exmo. Senhor ou exmo. senhor
Senhor Doutor ou senhor doutor
- os nomes de livros ou obras, à exceção da primeira palavra e dos nomes
próprios
O crime do padre Amaro
A tragédia da rua das flores

- Acentos gráficos
Passam a escrever-se sem acento gráfico
- as palavras graves, com ditongo oi
asteróide → asteroide; bóia → boia; heróico → heroico; jóia → joia

Nota: as palavras dezoito e comboio já não se acentuavam


- as formas verbais terminadas em eem
vêem → veem; crêem → creem; lêem → leem
- as palavras graves homógrafas (com grafia igual, mas pronúncia e
significado diferentes)
para (verbo parar), para (preposição); pelo (nome), pelo (verbo pelar),
pelo (contração)

Estabelece-se o uso facultativo do acento gráfico


- nas formas verbais terminadas em –ámos (pretérito perfeito do
indicativo):
andámos ou andamos; falámos ou falamos; passámos ou passamos

- O que não se pronuncia, não se escreve


As consoantes mudas são suprimidas. Mantêm-se as consoantes que se
pronunciam.
Por exemplo:
Muda Não muda
(porque a consoante não se (porque a consoante se
pronuncia) pronuncia)
cc → c cc = cc
accionar – acionar ficcional,
coleccionar – colecionar friccionar
cç → ç cç = cç
acção – ação ficção
colecção – coleção convicção
direcção – direção sucção
ct → t ct = ct
actual – atual bactéria
adjectivo – adjetivo compacto
directo – direto néctar
pc → c pc = pc
decepcionar – dececionar egípcio
excepcional – excecional opcional
recepcionista - rececionista núpcias
pç → ç pç = pç
adopção – adoção corrupção
decepção – deceção erupção
excepção – excecão interrupção
pt → t pt = pt
adoptar – adotar adepto
baptizar – batizar apto

- Dupla grafia
Há casos em que, devido à oscilação de pronúncia, se estabelece a
aceitação de dupla grafia.
Carácter ou caráter
Conectar ou conetar
Característica ou caraterística
Caracterizar ou caraterizar
Infecção ou infeção
Insecticida ou inseticida
Olfacto ou olfato

Hífen
Supressão de hífen
- nas formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver
acompanhado da preposição de.
Hei-de → hei de; Hás-de → hás de; Há-de → há de; Heis-de → heis de;
Hão-de → hão de

- nas palavras com prefixo terminado em vogal e elemento seguinte


começado por r ou s, duplicando-se a consoante.
auto-rádio → autorrádio
mini-saia → minissaia
anti-rugas → antirrugas

- nas palavras com prefixo terminado em vogal e elemento seguinte


começado por vogal diferente
auto-estrada → autoestrada
agro-industrial → agroindustrial
anti-aéreo → antiaéreo

- em locuções (expressões constituídas por duas ou mais palavras que


funcionam como uma só)
fim-de-semana → fim de semana
dia-a-dia → dia a dia

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