STJ Info
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Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
SÚMULAS
SÚMULA N. 669
SÚMULA N. 670
SÚMULA N. 671
DESTAQUE
A eficácia preclusiva da coisa julgada impede o ajuizamento de nova ação para pleitear a
restituição de quantia paga a título de juros remuneratórios incidentes sobre tarifas bancárias
declaradas nulas em anterior ação de repetição de indébito.
Desse modo, o fato de, na primeira demanda, o autor pleitear a restituição em dobro "do
valor cobrado indevidamente" e na segunda pedir especificamente a "restituição em dobro do total
cobrado em obrigações acessórias" referentes às mesmas tarifas não é suficiente para autorizar a
conclusão de que se trata de lide diversa, pois a causa de pedir das duas demandas é a mesma.
Consoante consta do voto proferido no acórdão paradigma, no REsp n. 1.899.115/PB,
relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, ao analisar caso idêntico, a Terceira Turma reconhecera a
existência de coisa julgada material em relação ao pedido de repetição de indébito dos juros
remuneratórios, nos seguintes termos: "(...) se a parte eventualmente esqueceu de deduzir, de forma
expressa, a pretensão de ressarcimento dos juros remuneratórios que incidiram sobre as tarifas
declaradas nulas na primeira ação, não poderá propor nova demanda com essa finalidade, sob pena
de violação à coisa julgada. Não se pode olvidar que o acessório (juros remuneratórios incidentes
sobre a tarifa) segue o principal (valor correspondente à própria tarifa), razão pela qual o pedido de
devolução de todos os valores pagos referentes à tarifa nula abrange, por dedução lógica, a
restituição também dos encargos acessórios cobrados, sendo incabível nova ação para rediscutir
essa matéria".
Na hipótese sob exame, a discussão acerca da quantia paga a título de encargos acessórios
estava compreendida - embora certamente pudesse ter sido mais explicitamente formulada na parte
final da petição inicial dedicada ao "pedido" - na primeira demanda, em que pleiteada a devolução
dos valores cobrados indevidamente a título de taxas e tarifas, sendo incabível o ajuizamento de
nova ação para ampliar o alcance de sentença atingida pela coisa julgada material.
A Lei do Processo Eletrônico (Lei n. 11.419/2006) determina, em seu art. 10, que se o
sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente
prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.
Tal entendimento foi reiterado e ampliado no art. 224, §1º do atual Código Processual
Civil, o qual estabelece que, não somente os dia do vencimento, mas também os do começo, serão
protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com o dia em que houver
indisponibilidade da comunicação eletrônica.
Por outro lado, é entendimento deste STJ que a mera alegação de indisponibilidade do
sistema eletrônico do Tribunal, sem a devida comprovação, mediante documentação oficial, não tem
o condão de afastar o não conhecimento do recurso, em razão da impossibilidade de aferição da sua
tempestividade.
Contudo, apesar de haver recomendação para que este relatório seja publicado em até 12h
do dia seguinte ao da indisponibilidade, por questões técnicas nem sempre isso acontece - até
mesmo porque nessas ocasiões já está havendo uma instabilidade que dificulta o acesso ao sistema
eletrônico, sendo desarrazoado, portanto, exigir que, no dia útil seguinte ao último dia de prazo para
interposição do recurso, a parte já tenha consigo documentação oficial que comprove a instabilidade
de sistema, sendo que não compete a ela produzir nem disponibilizar este registro.
Tal exigência significaria onerar duplamente o jurisdicionado por falha técnica que
somente é imputável ao Judiciário. Primeiramente porque parte foi impedida de interpor o recurso
na data pretendida, em virtude da instabilidade do sistema eletrônico do Tribunal; e, se até o dia útil
seguinte, este mesmo Tribunal não disponibilizar documento oficial que ateste a falha técnica, o
recurso interposto será considerado intempestivo.
Dessa forma, a fim de evitar-se uma restrição infundada ao direito da ampla defesa,
necessário interpretar o art. 224, §1º do CPC e o art. 10 da Lei do Processo Eletrônico de forma mais
favorável à parte recorrente, que é mera vítima de eventual falha técnica no sistema eletrônico de
Tribunal. Assim, admite-se a comprovação da instabilidade do sistema eletrônico, com a juntada de
documento oficial, em momento posterior ao ato de interposição do recurso.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O entendimento de que antes das alterações promovidas na Lei de Arbitragem pela Lei n.
13.129/2015 era vedado à administração pública sujeitar-se ao procedimento arbitral contraria a
orientação dominante na doutrina especializada e destoa dos precedentes do Superior Tribunal de
Justiça e do Supremo Tribunal Federal, ao tempo em que essa possibilidade não era explícita na
legislação.
Dessa forma, não é legítima a pretensão da União em afastar o juízo arbitral quando
suceder sociedade empresária que houver celebrado contrato contendo cláusula compromissória de
arbitragem, em data anterior à liquidação e consequente incorporação do seu patrimônio pelo Ente
Federal. Ainda que se entendesse que a sucessão pela União teria mudado o regime do contrato, esse
entendimento não poderia invalidar o compromisso passado, sob pena de ofensa ao ato jurídico
perfeito.
Não tem relevância o fato de que a sucessão da União ocorreu sobre uma ação
indenizatória já em curso, que tem como causa de pedir o alegado descumprimento do contrato. Isso
porque, conforme entendimento positivado no art. 8º da Lei n. 9.307/1996 e pacificado em doutrina
e jurisprudência, a cláusula compromissória constitui um negócio jurídico autônomo, que tem
justamente a finalidade de permitir a resolução de disputas, expressando a vontade das partes de
que o juízo arbitral permaneça competente durante as controvérsias envolvendo o contrato.
Ainda, contraria a boa-fé objetiva que a União, por um lado, postule indenização pelo
descumprimento de contrato e, por outro, queira afastar a cláusula compromissória nele inserida.
Seja pela validade da cláusula compromissória, seja pela imposição ético-jurídica de que
sejam preservadas as legítimas expectativas dos contratantes, deve-se aplicar no caso o
entendimento que preconiza a transmissibilidade desse tipo de cláusula em caso de sucessão.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.129/2015
DESTAQUE
As instituições financeiras, de acordo com o art. 17 da Lei n. 4.595/1964, têm entre suas
atividades a operação de intermediação financeira, a qual consiste na captação de recursos dos
agentes econômicos superavitários (poupadores), remunerados com juros, para emprestá-los aos
agentes deficitários (tomadores), com a cobrança de juros.
O valor da remuneração paga aos correspondentes bancários, que pode ser composta por
comissões, na verdade, constitui despesa administrativa decorrente da escolha da instituição
bancária de se valer daqueles (os correspondentes) como um meio de prestar a atividade de
intermediação financeira, optando por contratá-los em substituição à admissão direta de
empregados e à expansão do número de agências e pontos de atendimento próprios.
Essas últimas despesas, portanto, servem para remunerar a relação jurídica estabelecida
entre a instituição financeira e o seu correspondente bancário, pelo que não se trata de despesas
com a operação de intermediação financeira propriamente dita. Por isso, não podem (tais despesas)
ser deduzidas da base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS, pois em nada se relaciona com
o ato econômico em si.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O serviço oferecido por plataforma de tecnologia, que envolve operações conjuntas com
empresas de fretamento, anúncio e cobrança individual de passagens para viagens interestaduais, é
um tipo de fretamento em circuito aberto e configura prestação irregular de serviço de transporte
rodoviário de passageiros.
Sobre o tema, o Decreto n. 2.251/1998 define, em seu art. 3º, XI, o fretamento eventual ou
turístico como o serviço que é "prestado à pessoa ou a um grupo de pessoas, em circuito fechado,
com emissão de nota fiscal e lista de pessoas transportadas, por viagem, com prévia autorização ou
licença da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT".
Ou seja, a legislação exige que o serviço de fretamento, para ser autorizado, deve ser
praticado somente em "circuito fechado" (as viagens de ida e de volta são realizadas com os mesmos
passageiros), o que não é o caso de pelo menos grande parte dos serviços oferecidos pela referida
empresa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Decr eto n. 2.251/1998, arts. 3º, XI, e 36, § 1º
DESTAQUE
Não podem ser consideradas válidas as relações jurídicas regidas por Medida Provisória
afastada por decisão liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade, quando esta decisão ainda se
encontrava em vigor no momento da rejeição da MP.
No presente caso, essa determinação abrange não apenas os atos diretos resultantes da
aplicação da MP, mas também os efeitos decorrentes desses atos, incluindo atos judiciais que
levaram à suspensão da eficácia da MP em controle concentrado de constitucionalidade.
A ausência de higidez jurídica é a marca destas relações formadas por norma jurídica
afastada em controle de constitucionalidade por decisão liminar. Conforme bem pontuado pelo
Tribunal de origem, no momento da edição do Ato Declaratório n. 1, do Senado Federal, em
20/7/2005, que rejeitou a MP, "vigia a medida cautelar concedida pelo STF, suspendendo a eficácia
da referida norma, razão pela qual admitir-se o entendimento defendido pela autarquia, de que se
perpetuariam as consequências concretas produzidas no período de vigência da MP, implicaria em
verdadeira repristinação, fazendo a norma ter efeitos em momento no qual estava suspensa;
repristinação essa que adviria, contraditoriamente, de sua própria revogação.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
MP n. 242/2005
PRECEDENTES QUALIFICADOS
ADI n. 3467/DF
TERCEIRA TURMA
DESTAQUE
Nos termos do art. 5º, I, combinado com o art. 12, §2º, da Lei Geral de Proteção de Dados -
LGPD, entende-se que o conjunto de informações que leva ao descredenciamento do perfil
profissional do motorista de aplicativo se configura como dado pessoal, atraindo a aplicação da
LGPD. A transparência é o princípio da LGPD que garante aos titulares informações claras, precisas e
facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento de dados.
O titular dos dados pessoais, que pode ser o motorista de aplicativo, possui o direito de
exigir a revisão de decisões automatizadas que definam seu perfil profissional, nos termos do art. 20
da LGPD. Conjugando este dispositivo com a eficácia dos direitos fundamentais nas relações
privadas, entende-se que o titular de dados pessoais deve ser informado sobre a razão da suspensão
de seu perfil, bem como pode requerer a revisão dessa decisão, garantido o seu direito de defesa.
Conferido o direito de defesa e ainda assim a plataforma concluir que restou comprovada
a violação aos termos de conduta, não há abusividade no descredenciamento do perfil. Até porque
não se afasta a possibilidade de revisão judicial da questão.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a Lei do Cadastro Positivo e a Lei Geral
de Proteção de Dados pessoais, as informações constantes do Órgão de Proteção ao Crédito devem
ser objetivas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão.
No mais, de acordo com a Lei do Cadastro Positivo, devem constar no banco de dados da
administradora do cadastro de inadimplentes informações "vinculadas à análise de risco de crédito
ao consumidor" (art. 3º, § 3º, I). Isso significa que, além dos registros tradicionalmente negativos
sobre inadimplência, as instituições responsáveis pelo cadastro também podem incluir informações
positivas, como histórico de pagamentos em dia e comportamento financeiro favorável.
Dados como o nome do credor, portador, CNPJ/CPF, endereço, tipo de título, numeração e
data da emissão do título, não estão intrinsecamente ligados à análise de risco de crédito ao
consumidor. Essas informações são mais relevantes para a documentação específica do título de
crédito e podem ser obtidas diretamente no tabelionato, cujo tabelião é o responsável por divulgar
informações relacionadas a títulos de crédito protestados.
O Código de Defesa do Consumidor (art. 43, § 1º) prevê expressamente que não podem
permanecer no cadastro de inadimplentes informações negativas referentes a período superior a 5
anos. Nesse sentido, foi editada a Súmula n. 323 do STJ.
Essa prática tem por finalidade salvaguardar os direitos dos consumidores, assegurando
que dados desatualizados não comprometam seu acesso ao crédito por um período excessivamente
prolongado. Dessa forma, a negativa do pedido para que conste no banco de dados do cadastro de
inadimplentes a data de vencimento da dívida ofende o art. 43, § 1º, da Lei n. 8.078/1990.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 9.492/1997, arts. 2º, 3º e 27
SÚMULAS
Súmula n. 323/STJ
DESTAQUE
A má-fé foi, portanto, foi afastada pelas instâncias ordinárias, tendo em vista que as partes
mantiveram um acordo comercial ao longo de trinta anos, não podendo, pois, as autoras, com tal
comportamento, dele se beneficiarem. Assim, teria havido uma atuação contraditória com as
pretensões deduzidas na presente ação, por terem as autoras, anteriormente, se relacionado por
três décadas com os réus, auferindo, logicamente, lucro dessa relação empresarial, para, depois de
tanto tempo assentindo, em última ratio, com a utilização da sua marca, postular a sua adjudicação
ou, alternativamente, a nulidade dos registros efetivados pelos réus.
O que a decisão na origem afirmou é que não pode alguém se beneficiar da má-fé da parte
contrária, se com esta manteve relação contratual que lhe teria sido anuente e benéfica, justamente
pelo lapso temporal em relação ao qual a referida má-fé é alegada para viabilizar a pretensão agora
posta em juízo. O ordenamento jurídico repudia esse proceder contraditório, tendo o STJ inúmeros
pronunciamentos sufragando a aplicação de vedação do venire contra factum proprio.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
A súmula n. 289 do STJ aplica-se apenas aos casos de desligamento e de resgate, não se
aplicando às de migração entre planos de previdência privada.
O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n. 289, segundo a qual "a restituição das
parcelas pagas a plano de previdência privada deve ser objeto de correção plena, por índice que
recomponha a efetiva desvalorização da moeda".
Essa questão já foi decidida no STJ sob a sistemática dos recursos repetitivos, em que
reafirmou o entendimento sumular acima citado (Tema 511: "É devida a restituição da denominada
reserva de poupança a ex-participantes de plano de benefícios de previdência privada, devendo ser
corrigida monetariamente conforme os índices que reflitam a real inflação ocorrida no período,
mesmo que o estatuto da entidade preveja critério de correção diverso, devendo ser incluídos os
expurgos inflacionários (Súmula n. 289 do STJ)".
Por sua vez, de acordo com o Tema 943 do STJ, no julgamento do REsp n. 1.551.488/MS,
decidiu-se que "1.1. Em caso de migração de plano de benefícios de previdência complementar, não
é cabível o pleito de revisão da reserva de poupança ou de benefício, com aplicação do índice de
correção monetária. 1.2. Em havendo transação para migração de plano de benefícios, em
observância à regra da indivisibilidade da pactuação e proteção ao equilíbrio contratual, a anulação
de cláusula que preveja concessão de vantagem contamina todo o negócio jurídico, conduzindo ao
retorno ao status quo ante".
Dessa forma, a Súmula n. 289 do STJ aplica-se apenas aos casos de desligamento e de
resgate, não se aplicando às de migração entre planos de previdência privada.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
SÚMULAS
Súmula n. 289
PRECEDENTES QUALIFICADOS
Tema 511/STJ
DESTAQUE
Afastar a vítima da discussão que busca delimitar ou condicionar seu direito de participar
ativamente nos feitos que afetam seus interesses viola exatamente o referido direito de participação.
Nessa esteira, a observância do devido processo legal perpassa pelo atendimento do art.
24 da Lei n. 12.016/2009, materializando-se com a formação do litisconsórcio passivo necessário
(art. 47 do CPC/1973 e art. 114 do CPC/2015), assegurando ao Banco Central o exercício do
contraditório na defesa dos seus interesses no bojo do pedido de restituição de valores arrecadados
com a alienação antecipada de bens adquiridos com produto do furto milionário do qual figura como
vítima.
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Nos termos do entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, nas ações que
tratam de matéria penal ou processual penal não incidem as regras do art. 219 do novo Código de
Processo Civil, referente à contagem dos prazos em dias úteis, porquanto o Código de Processo
Penal, em seu art. 798, possui disposição específica a respeito da contagem dos prazos, segundo o
qual todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo
por férias, domingo ou dia feriado.
A entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil não modificou o prazo para
interposição de agravo das decisões do relator em matéria penal, logo, mantida a disposição prevista
no art. 39 da Lei 8.038/1990. (AgRg no AREsp n. 2.087.225/DF, relator Ministro João Batista
Moreira (Desembargador convocado do TRF1), Quinta Turma, julgado em 23/5/2023, DJe
26/5/2023).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
A utilização de aparelho celular durante o trabalho externo, sem expressa vedação judicial,
não configura falta grave.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO