Semiotica Das Expressoes Marcarias Nomes

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http://dx.doi.org/10.11606/issn.1984-5057.

v9i1p1-3
1
SEMIÓTICA DAS EXPRESSÕES MARCÁRIAS:
NOMES, MASCOTES, SÍMBOLOS, LOGOTIPOS E
PUBLICIDADE EM ANÁLISE

A primeira edição de 2017 da Signos do Consumo oferece um conjunto de apresentação


reflexões que transitam pela teoria peirceana às reflexões psicossociológicas,
colocando em análise distintas perspectivas de marcas e publicidade
comerciais e governamentais. Ao todo, são nove artigos, praticamente todos
decorrentes de pesquisas que vão ao encontro da Comunicação e do Consumo
de diversas regiões do país e de instituições das mais variadas. Essa seleção,
uma vez mais, reforça nosso compromisso com o espaço da diversidade e da
abrangência nacional das investigações na área.
Nessa perspectiva pluralista, apresentamos o artigo “Deslizando pelas
categorias sígnicas de C. S. Peirce: um estudo de caso”, de Priscila Borges,
professora da Universidade de Brasília, e Marcelo Santos, professor da
Faculdade Casper Líbero. Os autores oferecem a análise semiótica da marca de
refrigerantes H2OH!, de propriedade da Ambev, aplicando a Teoria Geral dos
Signos de Peirce, que contribui para a já tradicional área de análise semiótica
das manifestações de marca.
“Dez vezes sem juros: uma análise dos mecanismos de persuasão
utilizados na publicidade de varejo” é o texto de autoria de José Maria Melim,
da Universidade Sociedade Educacional de Santa Catarina (UniSociesc), e
Maurício José Melim, da Associação Luterana Bom Jesus (Ielusc) de Santa
Catarina. Os autores apresentam um ensaio analítico sobre a persuasão na
publicidade, com arcabouço teórico multidisciplinar que integra conceitos de
psicologia social e semiótica. O foco da análise é um típico anúncio de varejo,
em que os autores buscam identificar a presença de certos mecanismos
psicológicos de persuasão, para em seguida descreverem o modo como
tais mecanismos estão materializados sob a forma de signos figurativos,
linguísticos e plásticos. É também uma contribuição muito relevante aos
estudos da persuasão publicitária em uma perspectiva que integra semiótica
e psicologia como fundamentos teóricos.
O pesquisador Ramon Bezerra Costa, professor da Universidade Federal
do Maranhão (UFMA), contribui para esta edição com o artigo “Comunicação
e consumo: sobre a produção de modos de vida no Airbnb”, que nos oferece
consistente reflexão sobre a marca e o negócio Airbnb, um site que permite
alugar a própria residência, estando ou não nela, para pessoas desconhecidas.
Sua fundamentação está na oferta e na comercialização pela internet,
evidenciando lógicas de organização que sugerem distender as fronteiras
entre a vida pública e a privada, além de conformar genuínos processos de
construção da confiança entre desconhecidos, o que em primeira abordagem
parece difícil. Esse novo negócio, que também impõe novas formas relacionais,
é abordado na perspectiva da Comunicação e do Consumo, entendidos como
processo de vinculação social e produção de modos de vida, mediados por
tecnologias digitais.
Dora Carvalho, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM),
apresenta suas reflexões sobre as novas formas de consumo de livros no
artigo “Booktrailers: novas formas de consumir livros e micronarrativas que

Como citar este artigo:


PEREZ,C.; TRINDADE, E. Semiótica das expressões marcárias: nomes, mascotes, símbolos, logotipos e
publicidade em análise. Signos do Consumo, São Paulo, v. 9, n. 1, p. 1-3, jan./jun. 2017.

2017 jan./jun.; 9(1):1-3 1


capturam o leitor”. Os booktrailers são atualmente uma das estratégias
de divulgação de lançamentos literários tanto no mercado mundial
quanto no brasileiro e visam atrair o leitor para as tramas apresentadas
nas novas obras utilizando conceitos e práticas tão distintos quanto
bricolagem, ready-made, gêneros discursivos clássicos da publicidade,
narrativas e explorações da memória. Nesse contexto, o estudo propõe
uma discussão sobre formas utilizadas por publicitários para persuadir
e encantar seus leitores, levando-os a consumir novos livros, objetivo
fim da estratégia.
A professora da Fundação “Armando Alvares Penteado” (FAAP)
Andrea Mello apresenta uma análise da mascote Pinguim da marca
varejista Ponto Frio, utilizando o método semiótico de Charles Peirce
aplicado ao contexto do ambiente digital, uma vez que, na origem, a
mascote nasce nesse cenário. A opção recaiu sobre o ambiente do
Twitter – rede social com mais de 300 milhões de usuários no mundo
– e o foco da análise está na busca da identificação de estratégias de
manifestação marcária mais rentáveis ao contexto do varejo brasileiro.
Alana Giro Jorge, da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da
Universidade de São Paulo (USP), apresenta o texto “Comunicação
do Governo Federal e identidade brasileira: análise das logomarcas
dos governos Lula e Dilma”. O artigo procura entender, por meio da
semiótica aplicada, o universo de sentido e os traços identitários
brasileiros empregados nas principais comunicações institucionais
do Governo Federal. Ao analisar os logotipos e símbolos dos Governos
Lula e Dilma, a autora observa a grande diferença entre os signos
empregados. Enquanto o governo do presidente Lula colocava em
destaque a miscigenação do povo brasileiro, no período Dilma, o tema
da desigualdade social e a estabilidade e força do Estado passam a ser
o foco. Aqui, fica evidente que uma análise semiótica das expressões
marcárias é capaz de manifestar o posicionamento estratégico e
ideológico dos respectivos governos analisados. É uma contribuição
importante aos estudos do potencial comunicativo das marcas no
contexto público e político.
As pesquisadoras gaúchas Fárida Rabuske Kuntz, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), e Elisa Reinhardt Piedras, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentam o artigo “‘Algumas
coisas não são muito verdadeiras’: consumo midiático e recepção da
publicidade televisiva na infância”, seguindo os tradicionais estudos
midiáticos da região Sul do país. O estudo tem o objetivo de explorar os
hábitos de consumo de televisão e, mais especificamente, a recepção da
publicidade dirigida à criança. Após discussão teórica sobre publicidade,
recepção e infância, operacionalizam metodologicamente a noção de
fluxo publicitário em pesquisa exploratória e qualitativa, realizada por
meio de entrevistas com seis crianças. Os resultados revelam hábitos de
consumo e práticas de recepção da publicidade televisiva.
Os pesquisadores do Núcleo de Pesquisas em Comunicação e Censura
(NPCC) Ivan Paganotti e Mariana de Toledo Marchesi oferecem o texto
“Selos e apelos: fabricação da imagem de açúcar ‘verde’ e agendamento”.
O objetivo da reflexão dos autores é analisar a construção da imagem de
marcas sustentáveis de açúcar a partir das informações e representações
imagéticas utilizadas nas embalagens desses produtos destinadas aos
consumidores. A representação da consciência socioambiental diverge
entre as empresas avaliadas: União, Native e Guarani. Os autores
concluem que tais diferenças se baseiam em estratégias divergentes

2 SIGNOS DO CONSUMO
de agendamento dos comportamentos dos consumidores e só União e
Native fundamentam sua imagem em selos e certificados de instituições
que avaliam a gestão sustentável dos produtos. Esses selos conferem
credibilidade, aliando perspectiva estética (selo-embalagem) à ética
(realmente “verdes”, pelo endosso).
Três pesquisadoras da Universidade Federal de Viçosa (UFV)
apresentam o artigo “O consumo dos serviços de crédito por idosos do
Programa Municipal de Terceira Idade de Viçosa, Minas Gerais”. Adriana
Vasconcelos, Neuza Maria da Silva e Marcia Barroso Fontes analisam
as diferentes formas como ocorrem o consumo dos serviços de crédito,
verificando valores contratados a título de crédito consignado, limite
do cartão de crédito e do crediário, por meio de pesquisa quantitativa
com cinquenta e dois idosos participantes de um Programa de Terceira
Idade do Município de Viçosa, Minas Gerais. As autoras verificaram
importante autonomia desse público ao que se refere à contratação do
crédito, como também à necessidade constante de recorrer a esse tipo
de serviço por razões diversas. Vale conferir. O estudo se insere nas
pesquisas que integram as investigações sobre periodização da vida e
consumo, bastante destacadas nos últimos anos nas preocupações do
Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) e do
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da
ECA-USP.
Para finalizar esta edição da Signos do Consumo, Pablo Moreno
Fernandes Viana, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC)
de Minas Gerais e pesquisador do Grupo de Estudos Semióticos em
Comunicação, Cultura e Consumo (GESC3), apresenta a resenha do
livro Da hibridização à regionalização: a publicidade contemporânea, de
Rogério Covaleski, síntese integradora de suas pesquisas, anteriormente
publicadas em outros dois livros.
Desejamos uma ótima leitura. Até a próxima edição.

Clotilde Perez e Eneus Trindade


Editores

2017 jan./jun.; 9(1):1-3 3

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