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23/04/2021 Memória
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Memória Memória
Memória: Definição e tipos.
Por: André R. Mendonça
A memória é umas das mais complexas funções neuropsicológicas, possibilitando ao indivíduo remeter-se a experiências imp auxiliando na comparação com experiência atuais e projetando-se nas prospecções e programas futuros; assim, a memória processo pelo qual as experiências passadas levam à alteração do comportamento. Estudos com indivíduos normais e com fornecem evidencias para afirmar que a memória não é unitária, mas consiste em diferentes componentes, mediados por proce são conduzidos por circuitarias neuronais diferentes (Moscovitch, 2004).
A memória comporta processos complexos pelos quais o indivíduo codifica, armazena e resgata informações. A codificação refe processamento das informações que serão armazenadas. A armazenagem, também chamada de retenção ou conservação, é o que envolve o fortalecimento das representações enquanto estão sendo registradas (Strauss, Sherman e Spreen, 2006) reconstrução ao longo da sua utilização e da entrada de novas informações. Finalmente, a recuperação ou repescagem é o pro lembrança da informação anteriormente armazenada. O resgate pode utilizar uma busca consciente das informações ou ainda ser de maneira não consciente através de associações dependentes do contexto, ativação por semelhança ou por necessidades 2008).
Dois mecanismos importantes na recuperação são utilizados: o resgate e o reconhecimento. O primeiro caracteriza-se por uma bu das informações armazenadas. Já o reconhecimento envolve comparações de estímulos anteriormente registrados com novos es sendo uma função bastante útil para se evitar falsas lembranças. Indivíduos com Doença de Alzheimer (DA) podem ap comprometimento em provas neuropsicológicas de resgate de palavras, porém com reconhecimento normal nos estágios iniciais, que tais provas parecem apresentar menor sensibilidade para diagnóstico precoce nesse tipo de demência.
Muitos modelos têm sido propostos para explicar os processos de memória. As fases ou estágios da memória foram as classicamente ao modelo modal de memória (Atkinson e Shiffin, 1968). Esse modelo comportou a ideia de que a informação pas um armazenador temporário sensorial, seguindo após para um de curta duração e finalmente um depósito de longa dura capacidade ilimitada. Esse modelo foi testado exaustivamente e alguns de seus pressupostos refutados. Primeiramente verificou- informação não precisa necessariamente passar por uma via linear, mas poderia seguir “em paralelo”. Além disso o sistema de cu não é único, mas subdividido em subsistemas específicos, como a alça fonológica e a visoespacial do modelo de memória ope Sistemas que funcionam de forma paralela e distribuída.
Uma abordagem relativamente recente é a de que a memória se constitui por componentes que são mediados independentem diferentes módulos do sistema nervoso, mas de maneira cooperativa (Helene e Xavier, 2003; Strauss, Sherman e Spreen, 2006). série de classificações para memória e alguns sistemas chegam a ter seis sistemas para memória de longa duração, tal como proposto por Squire e Zola (1996). Lezak e colaboradores (2004) Indicam que já foram listados 134 tipos diferentes de memória. contribuições mais importantes na distinção dos sistemas de memória partiu do clássico HM. O caso descrito por Scoville e Milne apresentava um homem com amnésia anterógrada profunda decorrente da excisão cirúrgica bilateral do hipocampo, compromete capacidade de registro de novas informações, havendo preservação bastante ampla da memória retrógrada. A dissociação cognit autores tornou o caso não somente um dos mais citados na literatura, mas contribuiu também para as novas classificações de m no que tange a sistemas paralelos distribuídos e fatores de gradiente temporal.
Estrutura dos sistemas de memória.
Estrutura dos sistemas de memória, memória de longa duração (adaptado de Strauss, Sherman Spreen, 2006).
Dentre as divisões da memória de LONGA DURAÇÃO, temos a Memória declarativa, também conhecida como explicita. A declarativa é a que nos permite expor através de palavras algo que lembramos, mas sempre recorrendo a evocação. Por exemplo para um amigo como foi sua viagem de férias a tanto tempo planejada.
ó â ó ó â á bio-neuro-psicologia.usuarios.rdc.puc-rio.br/memória.html 1/3 23/04/2021 Memória A memória declarativa se subdivide em semântica e episódica. A memória semântica e responsável por consolidar o conhecim mundo a nossa volta, mas através de palavras. Enquanto a episódica refere-se a nossa experiência de vida, mas em um dado m cronológico.
A memória episódica se subdivide em anterógrada e retrógrada. A memória anterógrada consiste na nossa capacidade de consolid memórias a partir de um ponto, enquanto a retrógrada consiste em lembrar de experiências que aconteceram anteriormente e vida. Para ilustrar todo o processo da memória declarativa, voltemos a situação da viagem de férias. Contar para um amigo co viagem para um determinado lugar consiste em um bom exemplo do usa da memória semântica, mas a episódica se enquad exemplo quando se quer contar por exemplo, como foi a viagem nos primeiros dias de férias.
Digamos que estivesse chovendo, o que impossibilitou um passeio à praia como planejado. Então através da memória semâ expressa o que aconteceu, mas a episódica permite evocar o que aconteceu num dado momento e local da viagem. Ainda nesse da viagem a memória retrógrada entraria como a capacidade de evocar fatos acorridos anteriormente. Por exemplo, a sugestã amigo ao recomendar fazer a viagem em uma determinada época do ano ou de visitar um lugar especifico. Enquanto a anterógra tudo de novo vivido durante a viagem, que agora seria considerado tempo passado, já que está sendo contada para alguém.
Outra divisão da memória de longo prazo é a implícita ou não declarativa. Esta subdivisão é a nossa capacidade de realizar um comportamento que originalmente exigiu algum esforço consciente, mas que não requer resgate intencional da experiência co Uma modalidade de memória que consiste em adquirir habilidades reguladas pela percepção ou pela motricidade, mas que não te declarar verbalmente. Um exemplo muito comum é andar de bicicleta. Não tem como decompor tal aprendizado prático, simpl montamos em cima de uma bicicleta e saímos pedalando. É claro que tem outros processos como o equilíbrio, impulso ou f pedalar, mas cada indivíduo tem seu jeito.
Andar de bicicleta ou escrever são exemplos de memória procedural, ou seja, uma aprendizagem de forma mais ou menos automa que foge a consciência. A memória procedural pode se estabelecer por condicionamentos, como no exemplo do cachorro de quando um estímulo antes neutro, passa a ser condicionado. Um cachorro salivar quando vê o dono chegando perto do meio-d inato, mas agora associado a comida, pois é o dono que o serve todo o dia no mesmo horário.
Certas memórias são adquiridas por habituação, como aprender a digitar no teclado de um computador, antes se digita co dificuldade. Porém, depois de muito treino e repetição o processo passa a ser automático. A adaptação pode ser exemplificada habilidade de digitar no computador, mas com um teclado diferente ou em um notebook. São as mesmas teclas, mas alg encontram dispostas em locais diferentes. O que a primeiro momento necessita de adaptação, se acostumar. Por vezes a habituaç super aprendizado. Uma modalidade de memória no qual o indivíduo memoriza determinada habilidade e a desenvolve a p executa-la sem dificuldades, mesmo em uma idade avançada. Idosos que dão aulas de piano são um bom exemplo disso. Mes funções sensoriais comprometidas como presbiopia ou ossos frágeis devido a idade. Ainda assim conseguem tocar piano com habilidade.
A memória priming (Pré-ativação). É um tipo de memória descoberta e muito utilizada recentemente na neurociência. Ela se evo através de um estimulo sensorial como som, imagem, cheiro ou alguma palavra. É representada por tudo associado aquele estim exemplo, o cheiro de terra molhada fazer você se lembrar de uma viagem que fez a uma fazenda no qual choveu o dia todo, mas nem se lembrava mais. Segundo efeitos experimentais, a memória priming refere-se à influência que um evento antecedente (pri sobre o desempenho de um evento posterior (alvo), por exemplo. Uma palavra pode ser acessada mais rapidamente se prece outra palavra no qual partilha características semânticas (médico/hospital), semântica (hora/oca), ou morfológicas (dança/da (França, Lenle, Pederneira, Gomes, 2005).
Há testes dentre as baterias neuropsicológicas que avaliam a memória de maneira direta ou indireta. Vejamos por exemplo complexa de Rey. No primeiro passo do teste o avaliando a cópia da forma mais exata possível, tendo como foco as estratégias p boa cópia. A avaliação da memória se faz presente no segundo passo do teste, quando o desenho deve ser evocado e desenha outros testes que trabalham com memória e curva de aprendizado é a lista de figuras e o RAVLT (Teste Auditivo Verbal de Rey). uma forma semelhante de aplicação, sendo que na lista de figuras o avaliando deve nomear, evocar, memorizar e reevocar por du e depois de um tempo deve evocar tardiamente e por fim reconhecer as figuras que viu, ignorando outras que são distratoras. No avaliando deve memorizar uma lista de palavras e evoca-las ao longo do teste, sendo que a versão do teste para adultos tem um mais e palavras que são mais do contexto de adultos, diferente da versão para crianças. Em baterias como a do WISC-IV há testes que avaliam a memória semântica. Um é Semelhanças, no qual a criança deve dizer o que há em comum entre duas p Outro é o vocabulário no qual a criança diz o que uma determinada palavra significa. Tais testes exigem que a criança evoque t aprendeu com base na escola e/ou experiências de vida, apesar do foco destes ser mais a linguagem, mas a memória sem fundamento para a expressão verbal.
A memória de CURTA DURAÇÃO parece estar associada ao tempo de recuperação de uma informação, geralmente limitada em minuto, o que é proveniente do sistema proposto originalmente de modelo serial (Atkinson e Shiffrin, 1968). Essa memória seria a uma quantidade de informação mediana e que necessitaria ou de descarte ou de uma aglutinação de novos elementos p ampliação (capacidade). Funcionalmente, a memória de curta duração parece depender de estruturas cerebrais distintas envolvidas na memória operacional.
A memória operacional é um sistema de memória responsável pelo arquivamento temporário de informação e serve para que o mentais sejam realizadas no decorrer do mesmo. Ela permite que operações matemáticas longas ou complexas possam ser re uma vez que as mesmas exigem manipulação mental de diversas informações simultânea e sequenciais. A memória operacional é pelo teste de dígitos (direta ou inversa) como um dos subtestes da bateria Wechsler de inteligência. A memória operacional é div um sistema “supervisor”, o executivo central, e com dois sistemas “escravos”; a alça fonológica e a sua equivalente, a alça viso (Baddeley e Hitch, 1974). As alças seriam subordinadas à central executiva, que funciona como um gerenciamento dos subsistem recentemente foi acrescentado um quarto componente ao sistema, o retentor episódico. Esse componente seria o responsá conexão das informações da memória de longo prazo tornando-as conscientes durante o processo de lembranças, integrando lembrança de episódios. Existem muitos testes para a avaliação da memória operacional. O mais conhecido é o span de díg baterias Wechster (WAIS; WISC; WMS). Para a avaliação da memória operacional visoespacial um dos testes mais utilizados é o C Corsi. É uma prova de fácil aplicação e sensível principalmente para lesões do lobo frontal e prejuízos no hemisfério direito (Leza 2004). Estudos conduzidos sobre a aprendizagem na alfabetização, leitura e matemática têm fornecido evidência consistente d memória operacional represente um papel fundamental no aprendizado.
A memória prospectiva refere-se à capacidade de lembrar-se de executar uma ação planejada para o futuro. Ela requer que o recorde tanto da natureza de um evento futuro, quanto da hora de sua ocorrência (intenção baseada no tempo) ou então lem conteúdo a ser tratado em um evento futuro (intensão baseada no evento). Ropeter e Mackinlay (2006), mostraram que crian transtorno do déficit de atenção/hiperatividade podem apresentar erros de intenção futura, provavelmente dependente do funcio executivo prejudicado nos portadores do transtorno.
Pode-se concluir que a compreensão dos sistemas explicativos do funcionamento da memória e dos melhores instrumentos p avaliação é crucial para a formação e o desenvolvimento do pesquisador e do profissional especialista em neuropsicologia.
REFERÊNCIAS:
ABREU. N, MATTOS. P. MEMÓRIA. Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed. 2010.
