Fundamentos de Energia Eolica
Fundamentos de Energia Eolica
Fundamentos de Energia Eolica
Unidade 1
FUNDAMENTOS
DA ENERGIA EÓLICA
Freepik
CEO
Diretora Editorial
ALESSANDRA FERREIRA
Gerente Editorial
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
RAPHAEL TOMAZ
RAPHAEL TOMAZ
AUTORIA
Oi, espero que você esteja bem e motivado para iniciar mais
uma unidade. Sou mestre em Engenharia de Materiais e tenho
experiência profissional na área de elaboração de apostilas para
cursos de graduação e de pós-graduação há três anos. Durante
a minha trajetória profissional, que se iniciou na graduação, tive
experiências em empresas como a União Brasiliense de Educação
e Cultura e também na Modular Criativo. Sou apaixonado pelo
que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles
que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta
fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
Unidade 1
4 ENERGIA EÓLICA
Estes iconográficos irão aparecer toda vez que:
ÍCONES
uma nova unidade
um texto, referências
letiva estiver sendo
bibliográficas e
iniciada, indicando
links para fontes de
que competências
OBJETIVO SAIBA MAIS aprofundamento se
serão desenvolvidas
fizerem necessários;
ao seu término;
houver necessidade de
houver necessidade se chamar a atenção
de se apresentar um sobre algo a ser
novo conceito; refletido ou discutido
DEFINIÇÃO REFLITA
sobre;
forem necessárias for preciso acessar um
observações ou ou mais sites para fazer
complementação download, assistir a
Unidade 1
para o um vídeo, ler um texto,
NOTA ACESSE
conhecimento; ouvir um podcast, etc;
ENERGIA EÓLICA 5
O sistema elétrico brasileiro..................................................... 9
SUMÁRIO
As energias renováveis............................................................ 22
Energias renováveis............................................................................................ 22
Energia solar....................................................................................................... 26
Fotovoltaica........................................................................................... 27
Termossolar.......................................................................................... 27
Termoelétrica........................................................................................ 29
Biomassa.............................................................................................................. 29
Unidade 1
Hidroeletricidade................................................................................................ 33
6 ENERGIA EÓLICA
Você sabia que a energia eólica é uma das principais
fontes renováveis de energia do mundo? Isso mesmo, por meio
INTRODUÇÃO
desse recurso é possível gerar energia para que se possa atender
às necessidades de várias famílias. O Brasil, por exemplo, é uma
nação privilegiada no que tange a esse recurso, por isso, tal
elemento tem conquistado espaço na matriz energética nacional.
Dessa maneira, ao longo dessa unidade, você aprenderá um
pouco mais acerca dessa fonte de energia, bem como suas
principais características e particularidades que a colocou como
um importante recurso energético em todo o mundo, capaz de
gerar energia elétrica por meio da ação dos ventos. Entendeu? Ao
longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo!
Unidade 1
ENERGIA EÓLICA 7
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
COMPETÊNCIAS
8 ENERGIA EÓLICA
O sistema elétrico brasileiro
Ao término deste capítulo, você será capaz de
entender como funciona o sistema elétrico brasileiro,
bem como suas principais particularidades. Tal
OBJETIVO sistema é indispensável para garantir o fornecimento
de energia para a população de modo a suprir suas
necessidades básicas como tomar banho, cozinhar,
entre outras coisas. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Vamos lá.
Unidade 1
diversas atividades. Tal instrumento é algo básico em diversos
processos de fabricação industrial, bem como na área de
comércio e de prestação de serviços em geral. Soma-se a isso,
ainda, o conforto que propicia aos domicílios. Nesse contexto,
Gerude (2017) destaca que:
A sociedade moderna tem uma dependência
direta no uso da energia elétrica de modo que
qualquer interrupção, por menor tempo que
seja, pode causar contratempos e prejuízos
por muitas vezes incalculáveis. Locais como
hospitais, sistemas de trânsito, fábricas,
colégios e sistemas de comunicação são
alguns dos exemplos que possuem extrema
dependência da eletricidade. Se por um lado,
a sociedade questiona o preço pago pelo
produto “energia elétrica”, por outro é difícil
imaginar quanto significa o custo do déficit
e que a falta pode provoca uma série de
impactos sociais nas cidades. (GERUDE, 2017,
p. 17)
ENERGIA EÓLICA 9
Frente a esse cenário, destaca-se o Sistema Elétrico
Brasileiro (SEB) que conta com algumas características únicas
que regem as decisões operacionais e de planejamento
ligadas aos processos de geração de energia no país. Entre as
particularidades mais relevantes a serem consideradas nesse
caso, merece atenção:
a. As dimensões continentais.
10 ENERGIA EÓLICA
O SIN consiste em uma série de instalações
de componentes como as usinas, as linhas
de transmissão, as subestações e as redes de
DEFINIÇÃO distribuição que trabalham de modo integrado,
formando, assim, um sistema elétrico único. Tal
elemento contempla grande parte do território
nacional, bem como todas as regiões do país.
É possível estratificá-lo em quatro subsistemas
maiores ou submercados, que são o Sul, o
Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste/Sudeste.
Unidade 1
parcela desse montante é advinda das energias renováveis, que
contribuem de forma significativa para minimizar a dependência
de combustíveis do tipo fósseis.
ENERGIA EÓLICA 11
O SIN conta com uma estrutura de rede de transmissão
mais complexa e extensa, sendo considerado único em âmbito
nacional e mundial devido às suas características e tamanho.
Isto posto, menciona-se que o sistema destinado à geração e à
transmissão da energia elétrica no Brasil consiste em um tipo de
sistema hidrotérmico de grande porte.
12 ENERGIA EÓLICA
o vertimento em reservatórios, bem como reduzir o uso da
geração térmica, por meio das termelétricas, mostrada na figura
a seguir. Desse modo, é possível diminuir os custos marginais
das operações entre as regiões que se encontram interligadas.
Figura 2 – Usina termelétrica
Unidade 1
Fonte: Freepik
ENERGIA EÓLICA 13
Para que o ONS possa cumprir sua missão
institucional e exercer suas atribuições legais, ele
realiza diversas pesquisas e medidas que devem ser
IMPORTANTE executadas nos sistemas e em seus agentes. Isso se
dá para que se possa manejar o estoque de energia
de maneira a assegurar maiores níveis de segurança
de suprimento contínuo em toda a nação.
Fonte: Freepik
14 ENERGIA EÓLICA
Para que os objetivos do ONS sejam alcançados,
existem diversas restrições de caráter regulatório. Entre as mais
comuns, cita-se as Políticas do Ministério de Minas e Energia
(MME), os Procedimentos da Rede e as Condicionantes Legais.
Existem, ainda, as restrições de cunho físico, como as restrições
operacionais das usinas e as condicionantes ambientais e de
utilização múltipla de águas.
Unidade 1
a. A volatilidade interanual.
b. A sazonalidade intra-anual.
ENERGIA EÓLICA 15
se encontram presentes em locais dotados de características
climáticas e físicas muito distintas. Dessa maneira, o
comportamento hidrológico também é distinto, sendo que,
em muitos casos, são complementares. Para exemplificar isso,
destaca-se o fato de que rios presentes no Nordeste e no Sudeste
do país podem estar vivenciando uma escassez hídrica severa,
enquanto os existentes no Sul contam com vazões superiores às
médias.
16 ENERGIA EÓLICA
Figura 4 – Usina hidrelétrica
Fonte: Freepik
Unidade 1
das decisões, merece destaque o processo de armazenamento
em reservatórios. Nesse caso, a vantagem propiciada por tal
elemento se liga intimamente à uma maior responsabilidade na
decisão acerca do momento mais oportuno do recurso.
a. Solar.
b. Biomassa.
c. Eólica.
d. Hidráulica.
ENERGIA EÓLICA 17
instalações. Para isso, deve-se proceder com leilões públicos a fim
de que se atenda à expansão de cargas de consumidores cativos.
A partir disso, traçam-se cenários de expansão na capacidade
instalada e contratada, como mostra a figura a seguir.
Figura 5 – Capacidade instalada e contratada do SIN em 2025
18 ENERGIA EÓLICA
do sistema no horizonte de planejamento. Isso implica que se
deve ter reservatórios adequados, uma vez que são tidos como o
modo mais adequado de estocar a energia a fim de assegurar o
fornecimento nos casos mais críticos.
Unidade 1
demanda.
Figura 6 – Energia solar
Fonte: Freepik
ENERGIA EÓLICA 19
de energia, além daquelas controláveis, como é o caso de
termelétricas flexíveis e de hidrelétricas dotadas de capacidade
de estoque, contribuem significativamente para suprir as
demandas mercadológicas.
20 ENERGIA EÓLICA
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza
de que você realmente entendeu o tema de
RESUMINDO estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Você deve ter aprendido que a energia
elétrica é essencial para o desenvolvimento de
inúmeras atividades. Aprendeu que, no Brasil,
existe o Sistema Elétrico Brasileiro que auxilia
em questões energéticas diversas ligadas à
operação e ao planejamento de geração de
energia. Para assegurar que os processos ocorram
adequadamente, leva-se em conta questões
diversas, como dimensões continentais, tempo
de maturação e construção de obras destinadas à
geração e à transmissão de energia, entre outras
Unidade 1
coisas. Merece destaque o Sistema Interligado
Nacional que corresponde à interligação de vários
tipos de componentes, algo que integra um sistema
único no país. Aponta-se ainda o Operador Nacional
do Sistema, criado em 1998 e que visa controlar e
coordenar a operação das instalações de geração
e transmissão de energia. Você aprendeu também
que o Brasil carece de investimentos em fontes
de energia renováveis como a solar, eólica, entre
outras. Contudo, tem-se vivenciado, em alguns
momentos, crises no abastecimento hidráulico,
algo que necessita da complementação de energia
e a forma mais eficiente de se atingir esse objetivo
é por meio das fontes renováveis.
ENERGIA EÓLICA 21
As energias renováveis
Ao término deste capítulo, você será capaz de
entender um pouco mais acerca das energias
renováveis, bem como das suas particularidades.
OBJETIVO Na contemporaneidade, tem-se buscado atender
às demandas do ser humano sem atenuar os
danos ao meio ambiente, e as energias renováveis
contribuem um pouco para caminhar rumo a tal
objetivo. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Vamos lá.
Energias renováveis
A produção de energia no Brasil requer intervenções
Unidade 1
22 ENERGIA EÓLICA
contribuir para o aumento das emissões de
GEE e para o agravamento dos impactos de
eventos climáticos extremos. [...] O Brasil está
em posição estratégica para diversificar e
descentralizar sua matriz elétrica a partir de
fontes renováveis. (FURTADO, 2010, p. 17)
Unidade 1
energias renováveis e, para tal, deve-se fomentar a incorporação
das estruturas descentralizadas de energia à matriz energética
brasileira. Por meio da implementação de medidas ligadas a tal
campo, é possível mitigar os impactos na sociedade, bem como
contribuir para o desenvolvimento sustentável da humanidade.
ENERGIA EÓLICA 23
Figura 7 – Bagaço de cana-de-açúcar
Fonte: Freepik
Unidade 1
a. As alterações climáticas.
24 ENERGIA EÓLICA
e diversificar a matriz energética atual no Brasil e no mundo para
atender às necessidades do ser humano.
Unidade 1
Esse produto é a matéria-prima para a construção de painéis
fotovoltaicos, mostrados na figura a seguir. Contudo, o país tem
um grande problema, pois não apresenta capacidade instalada
para que possa processar o minério, muito menos fabricar os
dispositivos para a captação de energia solar.
Figura 8 – Painéis fotovoltaicos
Fonte: Freepik
ENERGIA EÓLICA 25
O evento elencado anteriormente reforça o fato de que
é comum os projetos menores de geração de energia serem
rentáveis com o passar do tempo, mas os fabricantes não detêm
o capital inicial. Isso é algo que retira o estímulo para que se possa
fabricar novos equipamentos, esfriando, assim, as perspectivas
de desenvolvimento.
Linha de
financiamento para
Incentivos Criação de um novo
os compradores
tributários e fiscais marco regulatório
e produtores de
energia
Energia solar
A energia solar é muito versátil, assim, existem três
tecnologias principais que podem ser empregadas na geração
de energia, que são a fotovoltaica, a termossolar e a solar. Cada
26 ENERGIA EÓLICA
uma delas conta com suas particularidades e é explicada melhor
a seguir.
Fotovoltaica
O modelo fotovoltaico é aquele em que se tem a
transformação direta da energia solar em elétrica. Nesses
casos, a célula fotovoltaica consiste no componente básico do
sistema, tal elemento conta com um semicondutor, responsável
por promover a conversão de energia solar em energia elétrica
(corrente contínua). Para aproveitar a energia, promove-se a
junção das células fotovoltaicas, constituindo, assim, o painel ou
módulo fotovoltaico.
Unidade 1
Com a combinação dos painéis e outros tipos de elementos
como baterias e inversores, por exemplo, consegue-se aproveitar
a energia. Esses sistemas são altamente modulares, além disso,
fazem o uso de uma componente difusa além da luz solar direta
para a geração de eletricidade. A partir disso, consegue-se gerar
energia mesmo nos dias nublados.
Termossolar
Ao se tratar da energia termossolar ou aquecimento
solar, observa-se a transformação da radiação solar em calor por
meio do coletor. Por meio de um fluido, como a água, tem-se
a transferência do calor para um reservatório que é isolado do
ponto de vista térmico para que seja posteriormente utilizada.
A figura a seguir ilustra esse sistema.
ENERGIA EÓLICA 27
Figura 10 – Sistema termossolar
Fonte: Freepik
Unidade 1
28 ENERGIA EÓLICA
Termoelétrica
Em usinas solares termelétricas, tem-se a concentração
da radiação solar direta para o aquecimento de receptores que
promoverão o aquecimento do fluido. Nesses casos, o calor que
foi absorvido pelo fluido é convertido em energia mecânica por
meio de turbinas a vapor, por exemplo, somente depois disso
é que se torna energia elétrica. A figura a seguir sintetiza o
esquema de geração termoelétrica.
Figura 11 – Sistema de geração termoelétrica
Concen-
Energia
Sol tradores Vapor Turbina
elétrica
solares
Unidade 1
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
Biomassa
Diversos tipos de tecnologias e matérias-primas se
encontram disponíveis para a produção de energia elétrica
partindo da biomassa. Entre as fontes mais usuais, pode-se
mencionar:
ENERGIA EÓLICA 29
a. As oleaginosas (óleo de palma, sementes oleaginosas,
colza, girassol, soja, entre outras), culturas de amidos
(trigo e milho), culturas de açúcar (beterraba e cana-
de-açúcar), gramíneas (capim elefante), florestas
energéticas (pinus e eucalipto).
c. Os resíduos urbanos.
e. Os dejetos de animais.
f. Os resíduos agrícolas.
Unidade 1
30 ENERGIA EÓLICA
Figura 12 – Floresta de eucalipto
Unidade 1
Fonte: Freepik
ENERGIA EÓLICA 31
Figura 13 – Digestão anaeróbica na produção de biogás
Fonte: Freepik
Unidade 1
32 ENERGIA EÓLICA
Hidroeletricidade
Nos sistemas hidrelétricos, a água dos rios é utilizada
para que se possa obter energia, nesse caso, aproveita-se o
escoamento natural que vai do ponto mais alto para o mais baixo
de um relevo. Em usinas hidrelétricas, promove-se a conversão
da energia potencial advinda das águas em energia cinética.
Depois disso, tem-se a conversão desta para energia mecânica
por meio de uma turbina – mostrada na figura a seguir – que vira
energia elétrica nos geradores.
Figura 14 – Turbina
Unidade 1
Fonte: Pixabay
ENERGIA EÓLICA 33
a. As com bombeamento.
b. As de fio de água.
34 ENERGIA EÓLICA
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza
de que você realmente entendeu o tema de
RESUMINDO estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Você deve ter aprendido que as energias
renováveis são de suma relevância para o ser
humano, uma vez que propicia o desenvolvimento
sustentável, assegurando maior qualidade de
vida para as futuras gerações. O Brasil é um país
que conta com uma matriz energética formada
majoritariamente por energias renováveis, uma
vez que a maior parte da energia elétrica gerada
é advinda da hidroeletricidade. Contudo, existem
outras fontes que podem ser exploradas, como é
o caso da solar e da biomassa, por exemplo. Você
Unidade 1
também aprendeu que a energia solar, como o
próprio nome diz, faz o uso da radiação solar para
a geração de eletricidade. É possível converter tal
energia em energia elétrica (diretamente ou com
o auxílio de processos intermediários) utilizando
modelos como o fotovoltaico, o termossolar e a
termelétrica. Já a biomassa faz o uso de produtos
como resíduos úmidos, madeiras, entre outros
produtos que são, em grande parte dos casos,
queimados para gerar o vapor que movimenta uma
turbina. Por fim, aprendeu que a hidroeletricidade
está associada ao movimento dos rios, em tal
situação, gera-se energia durante seu escoamento
natural, isto é, do ponto mais alto para o mais
baixo de um relevo.
ENERGIA EÓLICA 35
O que é e para que serve a
energia eólica
Ao término deste capítulo, você será capaz de
entender como funciona, de modo geral, a energia
eólica, bem como suas principais particularidades.
OBJETIVO Esse tipo de geração de energia elétrica é renovável
e tem se popularizado no mundo devido aos seus
benefícios, assegurando que se atenda aos anseios
da humanidade de modo eficiente. E então?
Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá.
Generalidades
Unidade 1
36 ENERGIA EÓLICA
de um moinho de vento mais moderno. Nesse cenário, Martins
et al. (2008) afirma que:
A conversão da energia cinética dos ventos
em energia mecânica vem sendo utilizada
pela humanidade há mais de 3000 anos. Os
moinhos de vento utilizados para moagem de
grãos e bombeamento de água em atividades
agrícolas foram as primeiras aplicações
da energia eólica. O desenvolvimento
da navegação e o período das grandes
descobertas de novos continentes foram
propiciados em grande parte pelo emprego
da energia dos ventos. (MARTINS et al., 2008,
p. 1304)
Unidade 1
O uso da energia eólica com o objetivo de moer grãos e
bombear água remonta dos anos 200 a.C e ocorreu na Pérsia. Tal
moinho contava com um eixo vertical e se espalhou rapidamente
no mundo, algo que popularizou seu uso por diversos séculos.
ENERGIA EÓLICA 37
O começo do uso de cata-ventos na Europa ocorreu,
especialmente, no retorno das Cruzadas. A partir disso, passou-
se a utilizar tal elemento para inúmeras atividades, algo que
permitiu aperfeiçoar os projetos de tal dispositivo. Contudo,
destaca-se que os modelos primitivos perduraram até o século
XII, a partir disso começou-se a fazer o uso dos moinhos de eixo
horizontal na França, na Inglaterra, na Holanda e demais nações.
Isto posto, a figura a seguir mostra com mais detalhes um cata-
vento.
Figura 15 – Cata-vento
Unidade 1
Fonte: Freepik
38 ENERGIA EÓLICA
a plantação de árvores nas proximidades de um moinho,
garantindo, assim, o chamado direito ao vento.
Unidade 1
Desenvolvimento de Declínio do uso devido
moinhos de vento à Revolução Industrial
depois das Cruzadas Uso de moinhos de vento
para bombeamento na
Holanda e a disseminação
do seu uso na Europa
ENERGIA EÓLICA 39
o local em que Schermer Polder se encontrava foi drenado com
o auxílio de outros moinhos de vento. No total, drenou-se cerca
de 1000 metros cúbicos (m³) de água ao longo de quatro anos.
Fonte: Freepik
40 ENERGIA EÓLICA
Um marco relevante para a energia eólica se deu
na Europa, mais especificamente com a Primeira Revolução
Industrial, que ocorreu no fim do século XIX. O aparecimento das
primeiras máquinas a vapor fez com que houvesse o declínio da
utilização de energia eólica na Holanda. Do começo do século XX
até os anos de 1960, houve uma redução de 40% na quantidade
de moinhos em operação no país.
Unidade 1
de modo mais efetivo, assegurando, assim, que se tenha um
desempenho otimizado.
Figura 18 – Exemplo de máquina a vapor
Fonte: Pixabay
ENERGIA EÓLICA 41
para abastecer comunidades mais remotas, especialmente as
fazendas isoladas. Contudo, pode-se empregar a tecnologia para
o abastecimento de bebedouros de gado em pastagens que são
mais extensas.
42 ENERGIA EÓLICA
Os aerogeradores aos poucos foram substituindo
os tradicionais moinhos de ventos, uma vez que os
primeiros são mais eficientes. Concomitantemente
SAIBA MAIS a isso, emergiram normas e resoluções para tratar
do tema e, no Brasil, isso não é diferente, tem-se
fomentado o uso desses componentes como um
elemento alternativo à geração de energia elétrica.
Para saber um pouco mais sobre o assunto
leia o artigo “Instituições e redes na indústria
de aerogeradores: o caso da empresa WEG”,
disponível aqui.
Unidade 1
Desse modo, os tradicionais cata-ventos responsáveis
pela geração da energia elétrica foram sendo adaptados para
atender à demanda da população. Nesse contexto, Silva (2015)
afirma que, no fim do século XIX, mais especificamente no ano
de 1888, o industrial Charles Bruch que se dedicava ao processo
de eletrificação em campo construiu no município de Cleveland,
em Ohio, o primeiro cata-vento responsável por gerar energia
elétrica. Esse dispositivo fornecia cerca de 12 quilowatts (kW) em
corrente contínua.
ENERGIA EÓLICA 43
Para executar seu invento, Bruch fez o uso da configuração
do moinho, cuja roda principal apresentava 17 metros de diâmetro
e tinha 144 pás, instalada em uma torre contendo 18 metros de
altura. O sistema completo era sustentado por um tubo metálico
no ponto central contendo 36 centímetros de diâmetro. Com
isso, foi possível que todo o sistema girasse segundo a direção do
vento predominante. Tal sistema funcionou por 20 anos, sendo
desativado no ano de 1908 (SILVA, 2015).
44 ENERGIA EÓLICA
Por fim, o invento foi a tentativa inicial e mais ambiciosa
que buscava combinar elementos antagônicos até então. Isso
implica que houve um trabalho integrado da estrutura de
moinhos e aerodinâmica com as inovações tecnologias mais
recentes (naquele período) para a geração de energia elétrica.
Unidade 1
à demanda de uma usina termelétrica de 20 Megawatts (MW).
Portanto, essa foi a estratégia pioneira e mais bem sucedida
de se conectar um aerogerador de corrente alternada em uma
termelétrica.
ENERGIA EÓLICA 45
Figura 20 – Principais marcos da geração de energia elétrica utilizando o vento como fonte geradora
• Choque de petróleo
• Novos investimentos no
Vários países setor de Energia Eólica
investem na pesquisa
de aerogeradores
Unidade 1
46 ENERGIA EÓLICA
geração, fez-se o uso de um gerador do tipo síncrono contendo
1250 quilowatts que tinha rotação contínua igual à 28 rotações
por minuto. O componente era ligado de modo direto à rede
elétrica da região, uma vez que operava em corrente alternada.
Unidade 1
foi possível realizar uma quantidade elevada de inovações
tecnológicas nos sistemas de geração, nas pás, entre outros
componentes. Desse modo, a figura a seguir mostra com mais
detalhes uma pá eólica.
Figura 21 – Pá eólica
Fonte: Pixabay
ENERGIA EÓLICA 47
De modo geral, depois da Segunda Guerra Mundial,
tanto o petróleo como as grandes usinas hidrelétricas se
tornaram altamente competitivas do ponto de vista econômico.
Contudo, continuou-se investindo nos estudos acerca de
aerogeradores, algo que propiciou sua melhoria por meio do uso
e do aprimoramento das técnicas aeronáuticas no processo de
operação e desenvolvimento das pás, bem como dos sistemas
de geração.
48 ENERGIA EÓLICA
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que, com o avanço
da agricultura nos primórdios da humanidade,
passou-se a requerer instrumentos de trabalho
melhores e mais sofisticados para atender às
necessidades, e foi nesse momento em que se
construiu os primeiros moinhos de ventos (mais
primitivos), o que propiciou bombear água e
moer grãos, por exemplo. A partir disso, o uso de
moinhos de vento continuou evoluindo, sendo
aplicado para várias finalidades como a geração de
energia elétrica em pequena escala e em regiões
Unidade 1
mais remotas. Contudo, a Primeira Revolução
Industrial mudou esse panorama, colocando
tal instrumento em segundo plano. Porém, tal
componente ganhou destaque novamente com
a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião, era
necessário economizar combustíveis e demais
produtos ligados ao petróleo, com isso, passou-se
a gerar energia elétrica utilizando aerogeradores.
Aprendeu também que, com o fim desse evento,
constatou-se que investir na tecnologia não era
mais viável do ponto de vista econômico.
ENERGIA EÓLICA 49
Como funciona a geração de
energia eólica
Ao término deste capítulo, você será capaz de
entender como funcionam os recursos eólicos,
bem como suas principais particularidades,
OBJETIVO mecanismos gerais dos ventos, elementos que
interferem nos ventos, entre outras coisas.
Conceitos imprescindíveis para a sua formação
profissional. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Vamos lá!
Introdução
Unidade 1
50 ENERGIA EÓLICA
É importante sublinhar que a tecnologia
eólica se difere de outras tecnologias de
produção energética como (i) a nuclear ou
(ii) os combustíveis fósseis (não renováveis)
e também diferente dos (iii) biocombustíveis,
que incorporam o trabalho periculoso e
desumano dos trabalhadores dos canaviais,
conhecidos popularmente como boias frias e,
(iv) das barragens [...]. (HOEFSTAETTER, 2016,
p. 30)
Vale frisar que a energia eólica pode ser tida como uma
das maneiras de manifestação da energia advinda do sol, e a
razão disso se liga ao fato de que os ventos são provenientes
do aquecimento diferenciado da atmosfera. Isso, por sua vez,
Unidade 1
precisa ser creditado a dois elementos principais que englobam:
a. Os movimentos da terra.
b. Os raios solares.
ENERGIA EÓLICA 51
Figura 22 – Distribuição de ventos, segundo a região do globo terrestre
Altas pressões
polares
Baixas pressões
subpolares
Altas pressões
subtropicais
Baixas pressões
equatoriais
Altas pressões
subtropicais
Baixas pressões
subpolares
Altas pressões
Unidade 1
polares
52 ENERGIA EÓLICA
Considerando que o eixo terrestre se encontra inclinado
segundo o plano de sua órbita ao redor do sol é comum que haja
variações sazonais ao longo da distribuição da radiação que é
recebida na superfície terrestre. Desse modo, tem-se oscilações
sazonais na duração e na intensidade de ventos em quaisquer
pontos da superfície da Terra.
Unidade 1
contrário em outra, por exemplo.
ENERGIA EÓLICA 53
Figura 23 – Sol refletindo calor no mar
Unidade 1
Fonte: Freepik
54 ENERGIA EÓLICA
Destaca-se que sobreposto ao sistema apresentado
anteriormente, no que tange à geração de ventos, tem-se os
locais que são provenientes de outros tipos de mecanismos
específicos. Tais ventos sopram em algumas regiões, além disso,
são associados às condições locais, algo que faz com que sejam
altamente individualizados. A manifestação local dessa categoria
de vento se dá em montanhas e vales, mostradas na figura a
seguir.
Figura 24 – Montanhas e vales
Unidade 1
Fonte: Freepik
ENERGIA EÓLICA 55
Elementos que interferem
no regime de ventos
Destaca-se que o relevo impacta diretamente no regime
dos ventos, contudo, não é só isso, existem outros elementos
que são descritos a seguir. No entanto, antes de avançar, deve-se
destacar a relevância de se colher dados e levantar as condições
do local, algo que pode se dar por meio de visitas ao local ou
através de mapas do ponto de interesse, a fim de compreender
as particularidades da região. É possível também fazer o uso
de imagens aéreas, mostrada na figura a seguir, bem como de
satélites para que se tenha análises mais precisas.
Figura 25 – Imagem aérea de uma região
Unidade 1
Fonte: Freepik
56 ENERGIA EÓLICA
Vale reforçar que na situação apresentada no parágrafo
anterior é possível que haja diferenças na velocidade, resultando
na aceleração ou na diminuição da velocidade do vento. Merece
atenção ainda a rugosidade, bem como a altura que também
afeta a velocidade com a variação de tal parâmetro.
Unidade 1
d. A oscilação da velocidade segundo a altura.
ENERGIA EÓLICA 57
Figura 26 – Equação 1
1
Ec m v 2
2
Fonte: Rodrigues (2011, p. 14).
1
Unidade 1
Ec A v 2
2
Fonte: Rodrigues (2011, p. 14).
Em que:
58 ENERGIA EÓLICA
Figura 28 – Equação 3
P 1
DP v2
A 2
Fonte: Marques (2014, p. 27).
Unidade 1
de coeficiente de potência (Cp). Esse parâmetro corresponde à
fração de potência eólica disponível que foi extraída por meio das
pás de um rotor. Com vistas a definir o valor máximo da parcela
que foi extraída do vento desenvolveu-se um experimento.
v1 A1 v2 A2 v3 A3
Fonte: Marques (2014, p. 28).
ENERGIA EÓLICA 59
Nesse caso, a redução na pressão do ar passa a ser
mínima, fazendo assim com que se admita que a densidade do
ar também seja denominada constante. Outro ponto que merece
atenção se liga à energia cinética que é extraída (Eex) pela
turbina eólica, tal parâmetro corresponde à diferença que existe
entre a Ec a montante e a Ec a jusante das pás. Com isso, pode-
se determinar o valor de Eex ao se aplicar a figura na sequência.
Figura 30 – Equação 5
Ee x m v12 v32
1
2
Fonte: Marques (2014, p. 28).
E ex m v12 v32
1
2
Fonte: Marques (2014, p. 28).
60 ENERGIA EÓLICA
tal número quando se sabe a velocidade no rotor v2, nessas
situações obtém-se a massa de ar ao se empregar a figura a
seguir.
Figura 32 – Equação 7
m A 2
Fonte: Marques (2014, p. 32).
v1 v3
Unidade 1
2
2
Fonte: Marques (2014, p. 32).
1 1 v v 2
E ex A v1 1 3 1 3
3
2 2 v1 v1
Fonte: Marques (2014, p. 33).
ENERGIA EÓLICA 61
Figura 35 – Equação 10
1
Pmec A vw3 c p ,
2
Fonte: Marques (2014, p. 36).
R wt
vw
Fonte: Marques (2014, p. 36).
Unidade 1
Em que:
62 ENERGIA EÓLICA
Assim, esses são alguns dos cálculos que podem ser
levados em consideração no dimensionamento de aerogeradores.
Contudo, existem outros que são apresentados na próxima
Unidade.
Unidade 1
deles os movimentos de terra e os raios solares.
Destaca-se, ainda, que existem outros parâmetros
que podem impactar os ventos como o uso da
terra, a quantidade de construções, o relevo, os
obstáculos nas proximidades, entre outras coisas.
Por sim, merecem destaque os diferentes tipos
de ventos que se formam em regiões distintas do
globo terrestre como nos polos, no Equador, entre
outros. Isso impacta diretamente o mecanismo de
formação desses elementos, propiciando assim
a obtenção de ventos continentais ou periódicos,
as brisas, entre outros que são dotados de
características específicas.
ENERGIA EÓLICA 63
EPE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Plano decenal de
expansão de energia 2030: Geração centralizada de energia
REFERÊNCIAS
64 ENERGIA EÓLICA
SILVA, N. F. Energias renováveis na expansão do setor elétrico
brasileiro: o caso da energia eólica. 1. ed. Rio de Janeiro: Synergia,
2015.
Unidade 1
ENERGIA EÓLICA 65