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Ensaios de máquinas

elétricas
Unidade 1
Ensaios em transformadores monofásicos
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
RAPHAEL TOMAZ
AUTORIA
Raphael Tomaz
Olá. Sou mestre em Engenharia de Materiais e tenho experiência
profissional em elaboração de apostilas para cursos de Graduação e
de Pós-graduação há 2 anos. Durante minha trajetória profissional, que
se iniciou na graduação, tive experiências em empresas como a União
Brasiliense de Educação e Cultura e na Modular Criativo. Sou apaixonado
pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que
estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Generalidades dos transformadores monofásicos....................... 10
Os transformadores monofásicos........................................................................................10

Os transformadores reais........................................................................................................... 13

A resistência de enrolamentos............................................................................ 14

A reatância de dispersão......................................................................................... 15

A corrente de excitação........................................................................................... 16

Resistência do núcleo e reatância.................................................................... 18

Transformadores monofásicos – funcionamento e esquema....... 21


Processo de funcionamento de transformadores monofásicos................... 21

Características construtivas dos transformadores monofásicos..................26

Ensaios a vazio e em curto-circuito de transformadores


monofásicos................................................................................................... 31
Ensaio a vazio...................................................................................................................................... 31

Ensaio em curto-circuito.............................................................................................................35

Ensaios de carga e de temperatura em transformadores


monofásicos...................................................................................................40
Ensaio de carga................................................................................................................................ 40

Ensaio de elevação de temperatura................................................................................. 46


Ensaios de máquinas elétricas 7

01
UNIDADE
8 Ensaios de máquinas elétricas

INTRODUÇÃO
Você sabia que o transformador monofásico é um dos
dispositivos mais utilizados na modernidade? Isso mesmo. Por meio
desses componentes dotados de três bobinas que se encontram
ligadas no gerador/circuito primário, consegue-se alterar os valores de
tensão e de corrente elétrica, seja aumentando-os, seja diminuindo-os.
Pode-se mencionar que esses dispositivos são os mais comuns nas
máquinas de grande porte, bem como na transmissão e distribuição
de energia. Desse modo, é importante realizar ensaios nesses materiais
a fim de que assegurar que possam executar adequadamente o seu
papel, garantindo a segurança de todos e a efetividade operacional.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste
universo, então vamos aprender um pouco mais sobre esse assunto!
Ensaios de máquinas elétricas 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Ensaios em
transformadores monofásicos. Nosso objetivo é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término
desta etapa de estudos:

1. Definir o conceito e identificar as propriedades dos transformadores


monofásicos.

2. Descrever o esquema e compreender o funcionamento dos


transformadores monofásicos, bem como entender a sua
aplicação.

3. Realizar os procedimentos de ensaios a vazio e em curto-circuito,


para especificar transformadores monofásicos.

4. Aplicar as técnicas de ensaios de carga e de temperatura em


transformadores monofásicos.
10 Ensaios de máquinas elétricas

Generalidades dos transformadores


monofásicos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender um


pouco mais acerca dos transformadores monofásicos, bem
como alguns parâmetros relevantes desses componentes.
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão,
uma vez que esses dispositivos são indispensáveis nos
processos de transmissão e distribuição de energia, e para
o funcionamento de máquinas pesadas. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então, vamos lá.
Avante!

Os transformadores monofásicos
Os transformadores são objetos indispensáveis para a realização
de uma série de atividades desenvolvidas pelo ser humano. É normal
encontrar em postes, perto de casas, um componente maior, presente
na parte superior, esse componente é conhecido como transformador.
Dessa forma, pode-se mencionar que esse instrumento é indispensável
nas atividades associadas ao fornecimento da energia. De acordo com
Coutinho (2012):
Estas máquinas são compostas de componentes
isolantes (papel isolante e óleo mineral), magnéticos
(núcleo ferromagnético) e condutores (bobinas de cobre),
dispostos fisicamente de uma forma que faz com que
sua manutenção seja um pouco complexa. Por este
motivo, é necessário o desenvolvimento de técnicas de
diagnóstico de falhas que facilitem a sua manutenção
corretiva, indicando os possíveis defeitos ocorridos ou
antecipando-os para que possam ser tomadas medidas
preventivas adequadas. Devido a sua importância no
sistema elétrico, os transformadores devem ser bem
projetados e dimensionados para que respondam de
forma robusta aos diversos tipos de distúrbios do sistema
elétrico. (COUTINHO, 2012, p. 1-2)
Ensaios de máquinas elétricas 11

Vale mencionar que os transformadores consistem são dispositivos


que têm como objetivo promover a transmissão da potência elétrica ou da
energia entre os circuitos. Desse modo, atua-se reduzindo ou elevando o
valor de tensão que existe no sistema. São constituídos por duas bobinas
e um núcleo em que o primeiro conta com uma quantidade diferente de
espiras que se encontram isoladas do ponto de vista elétrico tanto para
si como de si. Já o segundo dispositivo é composto por um agente que é
altamente imantável.

Dessa forma, o transformador mostrado na Figura 1 tem um papel


relevante para a rede elétrica: por meio dele, consegue-se promover a
conversão da voltagem da eletricidade. Destaca-se que a voltagem
consiste no tamanho da força elétrica que conduz elétrons por meio de
um dado circuito.
Figura 1 – Transformador

Fonte: Pixabay.

Na maior parte dos casos os transformadores atuam promovendo a


transformação de eletricidade com alta tensão para uma voltagem mais
baixa. Tal atividade é de suma relevância para que se possa fornecer
energia elétrica para a rede domiciliar, pois a eletricidade advinda das
usinas de energia conta com uma voltagem elevada e não pode ser
utilizada em residências.

Chapman (2013) afirma que os transformadores consistem em


equipamentos essenciais para os sistemas elétricos, uma vez que
propiciam a atuação de uma série de dispositivos de medição e de
12 Ensaios de máquinas elétricas

proteção. Podem ser responsáveis ainda por converter a energia a níveis


de tensão distintos, papel dos transformadores de potência, comumente
adotados nas operações de distribuição e de transmissão de eletricidade.

Por esse motivo, compreender as características atreladas aos


transformadores de potência é indispensável para realizar sua operação
adequadamente. Isso contribui ainda para impedir que se tenham danos à
saúde dos sujeitos, bem como prejuízos econômicos para a rede a qual o
transformador está conectado.

Os transformadores trabalham de acordo com o chamado


fenômeno da indução mútua entre circuitos que se encontram isolados
eletricamente, porém conectados do ponto de vista magnético. A partir
do momento em que um dos circuitos, chamado de enrolamento primário
se conecta a uma dada fonte de tensão alternada produz-se um fluxo
variável. A amplitude nesse caso é completamente dependente:

a. Da quantidade de espiras no primário.

b. Da amplitude de tensão que foi aplicada.

c. Da frequência de fonte alternada.

Aponta-se que há o concatenamento do fluxo pelo outro circuito,


ou seja, pelo enrolamento secundário que irá atuar induzindo a tensão
alternada que é devidamente definida pela quantidade de espiras no
secundário, o valor de fluxo entrelaçado e a frequência. Destaca-se que
os nomes de enrolamentos consistem em somente uma convenção em
que o fluxo de potência tende a ocorrer no sentido do primário para o
secundário.

É importante mencionar ainda que se pode encontrar casos em que


o primário consiste no lado de alta tensão, enquanto o secundário é o de
baixa tensão e vice-versa, sendo que isso oscila em função da operação
do transformador, ou seja, se é elevador ou abaixador. Outro ponto que
merece atenção se liga à quantidade do fluxo de presente entre os
enrolamentos, pois tal parâmetro é completamente dependente de
fatores que existem entre duas bobinas, isto é, o núcleo do transformador.
Ensaios de máquinas elétricas 13

IMPORTANTE:

Em materiais ferromagnéticos existe uma quantidade


elevada de regiões em que os momentos magnéticos
dos átomos se encontram em paralelo, o que diminui a
corrente de excitação requerida para se potencializar o
acoplamento dos enrolamentos, propiciando, assim, o
correto funcionamento dos transformadores. Tais regiões
são denominadas domínios magnéticos e não existe um
fluxo magnético resultante na ausência de magnetização.
Porém, quando há a magnetização inicia-se um alinhamento
em que a orientação se volta para o campo, culminando
no aumento da força magnetomotriz devido à elevação da
permeabilidade efetiva até o alinhamento completo dos
momentos rumo ao campo aplicado.

Assim, pode-se mencionar que visando elevar o acoplamento


magnético nos enrolamentos e a energia que é transferida entre eles se faz
necessário utilizar materiais adequados. Os materiais adequados nesses
casos são aqueles dotados de permeabilidade magnética elevada, isto é,
os ferromagnéticos.

Os transformadores reais
Os transformadores ideais consistem em um componente que
contribui para representar de maneira hipotética os princípios responsáveis
por reger o funcionamento dos transformadores. Desse modo, tal modelo
não pode ser empregado para promover a modelagem das operações
dos dispositivos em situações distintas as quais serão submetidos.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o vídeo


Transformadores de potência clicando aqui.

É importante mencionar que mesmo sendo utilizados materiais


e processos sofisticados para a produção dos transformadores, não se
consegue fazer com que sejam isentos das perdas, independentemente se
14 Ensaios de máquinas elétricas

são por histerese ou ôhmicas e dos fluxos de dispersão de enrolamentos.


Dessa forma, é preciso realizar algumas alterações no modelo ideal de
modo a fazer com que os estudos dos transformadores adotados na
prática se aproximem da realidade e sejam eficientes.

Aponta-se que os modelos de transformadores mais elaborados


precisam considerar diversas questões como os impactos advindos da
resistência de um enrolamento, por exemplo. Deve-se levar em conta
ainda os chamados fluxos dispersos, bem como as correntes de excitação
finitas provenientes da permeabilidade não-linear e finita dos núcleos.
Frente a esse cenário, a seguir será discutido algumas particularidades
dos transformadores monofásicos reais.

A resistência de enrolamentos
É preciso mencionar que a resistência elétrica de condutores que
compõem os enrolamentos primários e secundários de um transformador
impacta de forma direta o funcionamento desses componentes. Isso
ocorre devido à ação de dois efeitos principais que são a queda de tensão
e a perda de energia por causa do efeito Joule.

IMPORTANTE:

O efeito Joule consiste em um fenômeno físico em que se


observa o aquecimento de um meio por meio da passagem
da corrente elétrica. Tal evento se dá devido a uma série
de colisões entre átomos e elétrons que integram a
estrutura cristalina do componente. É preciso apontar que
a dissipação da energia por meio do efeito Joule requer que
o material tenha uma capacidade de se opor à corrente
elétrica/resistência elétrica. Dessa forma, a resistência
elétrica é responsável por determinar a quantidade de calor
que será produzida durante o intervalo no qual o fluxo de
elétrons atravessa o corpo.

Visando diminuir a ação de perdas devido ao efeito Joule, além de


minimizar os custos dos transformadores, produz-se os enrolamentos
com condutores que apresentam uma seção compatível com o seu nível
Ensaios de máquinas elétricas 15

de corrente nominal. Observando essa questão, é possível fazer com que


os valores da resistência sejam inferiores.

Aponta-se que os enrolamentos de alta tensão são os que contam


com uma corrente menor (do ponto de vista teórico), sendo constituídos
por várias espiras que apresentam um diâmetro menor em comparação
com os enrolamentos de baixa tensão. No que tange ao enrolamento
de baixa tensão, pode-se afirmar que tem poucas espiras, no entanto, o
material condutor apresenta um diâmetro mais elevado em comparação
com o primário.

Mesmo se tendo uma resistência de enrolamento relativamente


alta, normalmente, mais elevada do que a resistência de enrolamento
com baixa tensão, deve-se escolher adequadamente os condutores. Isso
implica que a determinação do melhor deve se dar considerando que tal
parâmetro deve ser proporcional às correntes dos enrolamentos de forma
a se ter perdas de cobre muito parecidas em ambos.

A reatância de dispersão
Em transformadores reais, ao contrário do que ocorre nos
transformadores ideais, pode-se mencionar que nem todo o fluxo que
é enlaçado em um dos enrolamentos constituindo um fluxo mútuo que
se encontra presente no núcleo. Há parcelas denominadas como fluxo
disperso que são responsáveis por promover o fechamento do caminho
magnético pelo ar e a concatenar em somente um único enrolamento.

Aponta-se que o chamado fluxo mútuo resultante se encontra


canalizado de modo efetivo no núcleo, sendo esse o motivo no qual
se tem a concatenação dos enrolamentos. A criação do fluxo útil se dá
devido à combinação de forças magnetromotriz advindas do primário e
do secundário, desse modo passam a atuar como agentes que promovem
a transferência da energia entre os enrolamentos. Um enrolamento pode
ser visto com mais detalhes na Figura 2.
16 Ensaios de máquinas elétricas

Figura 2 – Enrolamentos de transformador

Fonte: Pixabay.

Um ponto que merece atenção se liga ao fato de que o fluxo disperso


no primário não irá se concatenar com o enrolamento secundário. O fato
de se ter uma parcela mais elevada do fluxo que se desenvolve no ar faz
com que não experimente a saturação do ferro. Além disso, tem-se uma
variação linear da corrente do primário que é produzida.

Quando conectada uma carga nos terminais do secundário


emerge uma segunda corrente que irá gerar a força magnetromotriz
desmagnetizante que precisa ser suprida com a elevação da corrente
primária. Isso deve ocorrer para que se tenha o fluxo mútuo do núcleo
inalterado, bem como ter um fluxo de secundário disperso que irá se
fechar de forma direta no ar, nas proximidades do enrolamento, não
envolvendo o primário. Nesse caso, observa-se também um evento
semelhante ao do enrolamento primário, isto é, tem-se um fluxo que é
diretamente proporcional à corrente responsável por produzi-lo, sendo
devidamente representado pela reatância da dispersão no secundário e
a indutância.

A corrente de excitação
No primário a corrente tem diversas funções como, por exemplo,
gerar a corrente requerida para uma carga eventual que está conectada.
Além disso, busca fazer com que se tenha a magnetização no componente
ferromagnético que constitui o núcleo e que não possibilitaria o
funcionamento do transformador caso não estivesse presente no
componente.
Ensaios de máquinas elétricas 17

Dessa forma, é importante estratificar a corrente advinda da fonte


de tensão em duas componentes distintas, a de excitação e a de carga
que atua compensando a força magnetomotriz proveniente da corrente
do secundário. O fluxo no núcleo é totalmente dependente da tensão
senoidal que é aplicada e que apresenta o formato de uma onda senoidal.
Porém, a corrente de excitação requerida para a geração do fluxo é
estabelecida pelas chamadas propriedades magnéticas do núcleo, sendo
que o formato da sua onda se distingue de uma senoide.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, assista ao vídeo


Transformadores (3/7) – Corrente de excitação clicando aqui.

Na corrente da excitação no regime permanente o formato da onda


é distorcido em relação às ondas de fluxo mútuo e as senoidais da tensão.
Pode-se mencionar ainda que os valores da corrente de excitação se
ligam intimamente ao laço da histerese presente no núcleo. Aponta-se
que as correntes de excitação não são do tipo senoidal, pois possuem
componentes harmônicas ímpares, advindas da saturação no núcleo
de um transformador e que tendem a aumentar com o incremento
da tensão que é devidamente aplicada no enrolamento primário. A
componente harmônica principal é a terceira e para os transformadores
típicos, normalmente consiste em aproximadamente 40% do valor de uma
corrente de excitação.

A histerese consiste na capacidade que determinados materiais


ou sistemas apresentam em conservar suas propriedades mesmo
quando removido o estímulo que as originou. Em transformadores,
a histerese pode ser denominada como sendo um ciclo que pode ser
observado graficamente. Esse gráfico é plotado levando em conta a
força magnetizante ou a intensidade do campo magnético e a densidade
do fluxo magnético. As curvas podem ser obtidas ao se variar de forma
cíclica as forças magnetizantes que são aplicadas entre os valores iguais
negativos e positivos constantes.
18 Ensaios de máquinas elétricas

É possível decompor a componente fundamental em outras


duas do tipo fasoriais, sendo uma com um atraso de 90º em relação
à força contraeletromotriz e outra que se encontra em fase com as
forças contraeletromotrizes. Destaca-se que a parcela que constitui a
componente fundamental no primeiro caso pode ser denominada como
sendo a corrente de magnetização e é a responsável por produzir o fluxo
útil que irá atravessar o núcleo.

A componente que está em fase é denominada como sendo a


corrente das perdas no núcleo e se liga à potência ativa que foi consumida
por correntes de Foucault e pela histerese. Em transformadores de
potência que funcionam nas condições de carga normal, a corrente de
excitação equivale a uma fração pequena da corrente total, sendo esse o
motivo no qual se omite, em muitos casos, os impactos de componentes
harmônicas.

Resistência do núcleo e reatância


É possível representar o núcleo de um dado transformador
como sendo uma impedância, formado por uma resistência e por uma
reatância que é atravessada por uma corrente de excitação. Há ainda a
componente resistiva denominada resistência das perdas em um núcleo
e a componente da corrente que são responsáveis pelas perdas por
corrente parasita e pela histerese.

É importante mencionar que as perdas devido à histerese magnética


ocorrem por causa da energia que foi dissipada por meio da força
magnética requerida na orientação dos domínios magnéticos presentes
no núcleo. Além disso, esses eventos se manifestam de modo cíclico ao
se percorrer o então laço da histerese.

As perdas por correntes de Foucault são aquelas pelo chamado


efeito Joule e se manifestam por meio da passagem do campo magnético
que oscila no tempo do componente que é ferromagnético e que gera os
campos elétricos. Esses eventos irão promover a indução de correntes
que não são desejadas na região interna presente no núcleo dos
transformadores.
Ensaios de máquinas elétricas 19

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, leia o artigo


Aplicação de sistema de frenagem por correntes de Foucault
abancada de testes para rotores eólicos clicando aqui.

Visando minimizar as perdas pelas correntes parasitas é comum que


as empresas fabricantes de transformadores adotem núcleos laminados.
Dessa forma, lamina-se o material do núcleo de modo separado e,
posteriormente promove-se a sua união com o auxílio de isolantes,
possibilitando assim otimizar o rendimento desses componentes. Por meio
dessa medida é possível minimizar a área para a circulação das correntes
parasitas, ou seja, aumentar a resistência à passagem da corrente em
comparação com núcleos sólidos.

A reatância da magnetização ou a componente reativa de impedância


é a responsável por determinar o fluxo magnético presente no núcleo
do transformador em consonância com a corrente de magnetização. Tal
parâmetro tende a variar em função da saturação do núcleo, no entanto,
é comumente especificada para as situações de frequência e de tensão
nominais, por esse motivo o seu valor será constante ao longo da operação
normal.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que transformadores consistem em elementos essenciais
para o ser humano, pois estão intimamente associados
ao desenvolvimento da humanidade. Além disso, existem
algumas aplicações específicas para esses dispositivos,
sendo as mais comuns no fornecimento de energia e
também no funcionamento de máquinas maiores.
20 Ensaios de máquinas elétricas

Os transformadores são equipamentos destinados a fazer com


que se tenha a transmissão de energia ou de potência elétrica entre os
circuitos de forma a aumentar ou abaixar os valores de tensão presentes
no sistema. Eles apresentam um núcleo e duas bobinas que realizam
essa operação de forma adequada, atendendo assim as necessidades do
consumidor de modo seguro e eficiente.

Há os transformadores ideais que possibilitam representar de modo


hipotético o funcionamento do sistema, porém, são simplificações e não
representam o que ocorre na prática, mas possibilitam atingir aproximações
úteis para o desenvolvimento de modelos de transformadores reais. É
importante considerar vários parâmetros ao se conceber um transformador
real, sendo que alguns deles são a resistência de enrolamentos, a
reatância de dispersão, a corrente de excitação e a resistência do núcleo
e reatância.
Ensaios de máquinas elétricas 21

Transformadores monofásicos –
funcionamento e esquema
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como os transformadores monofásicos funcionam. Isso
será fundamental para o exercício de sua profissão, pois
esses componentes são utilizados para a realização de
várias atividades cotidianas, requerendo assim que você
saiba exatamente as suas particularidades a fim de evitar
falhas e danos que podem culminar em acidentes. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então,
vamos lá. Avante!

Processo de funcionamento de
transformadores monofásicos
Chapman (2013) afirma que os transformadores apresentam como
mecanismos de funcionamento básico os chamados campos magnéticos,
sendo que nessas situações se faz necessário considerar dois princípios
básicos responsáveis por governar tais equipamentos. Dessa forma,
aponta-se que:

a. No primeiro princípio, admite-se que os campos magnéticos


oscilam em função do tempo e podem ser gerados por meio de
fios condutores a partir do momento em que começam a percorrer
correntes que também tendem a variar no tempo. Nesse caso, o
campo magnético que foi gerado existe ao redor dos fios.

b. No segundo, parte-se do pressuposto de que, ao deixar uma


bobina exposta a um dado campo magnético que oscila em
função do tempo, passa-se a ter uma diferença de potencial entre
as extremidades, fazendo assim com que haja a geração de uma
corrente que varia de acordo com o tempo e que é responsável
por percorrer os fios condutores de uma bobina.
22 Ensaios de máquinas elétricas

Do ponto de vista matemático, o funcionamento do campo


magnético pode ser analisado por meio da Lei de Ampere. É importante
destacar que essa lei é a responsável por reger ambos os princípios
descritos anteriormente:

φH * dI = Ilíq 〗(1)

Em que:

• H corresponde à intensidade do campo magnético, dado em


Ampere-espiras por metro.

• Ilíq equivale à corrente líquida, dada por Ampere.

• dI é igual ao elemento diferencial do comprimento pelo caminho


da integração.

Visando compreender melhor a Lei de Ampere é importante analisar


a Figura 3, que mostra um núcleo magnético simples que é retangular em
que o A corresponde à área da seção transversal do componente dotado
de um número N de espiras acoplado. É possível constatar ainda que
existe uma corrente denominada i que atravessa os fios da bobina, o que
gera o fluxo φ.
Figura 3 – O núcleo magnético simples

Fonte: Chapman (20139).

Partindo do pressuposto que o material do núcleo é formado


por um elemento ferromagnético, pode-se afirmar que o campo que é
produzido pela bobina se encontra completamente contido no interior do
Ensaios de máquinas elétricas 23

núcleo. Além disso, é possível afirmar que a corrente circula por meio do
caminho da integração a mesma quantidade de vezes que o número de
espiras. Diante disso, pode-se afirmar que a corrente líquida corresponde
ao número de espiras pela corrente, logo:

Ilíq = N * I (2)

Em que:

• N equivale ao número de espiras.

• I é a intensidade da corrente que irá percorrer o fio.

Porém, deve-se considerar o módulo ou a magnitude do vetor da


intensidade do campo magnético (H). Assim, obtém-se:

H * ln = N * I (3)

Em que:

• ln equivale ao caminho médio do núcleo.

Ao se promover o isolamento da variável de intensidade no


campo magnético. Por meio disso, é possível conseguir a magnitude de
intensidade no campo magnético na região do núcleo.

H = I * N / ln (4)

Tal magnitude de intensidade no campo magnético é facilmente


obtida ao se expressar a relação de densidade do fluxo magnético, que é
dado em Tesla no Sistema Internacional de Unidades (SI) pela chamada
permeabilidade magnética apresentada pelo material do núcleo, isto
é, a capacidade ou facilidade relativa no vácuo que um determinado
componente apresenta de conduzir o fluxo magnético. Assim:

H = B/µ (5)

Em que:

• M equivale à permeabilidade apresentada pelo material do núcleo.

• B corresponde à densidade de fluxo magnético.


24 Ensaios de máquinas elétricas

Considerando a Lei de Gauss, pode-se afirmar que é possível


determinar o fluxo magnético por meio da integral da densidade do fluxo
magnético multiplicada pelo diferencial da área que equivale à seção
reta presente no núcleo no qual o fluxo passa. Ao se resolver a integral e
levando em conta que o fluxo tende a ser perpendicular a área do ponto
de vista vetorial é possível obter:

φ=B*A (6)

Em que:

• A equivale a área no qual o fluxo atravessa.

• φ corresponde ao fluxo magnético.

IMPORTANTE:

O fluxo magnético consiste em uma forma de medição do


campo magnético total que passa por uma determinada
área. Essa é uma estratégia muito relevante para definir
quais são os impactos da força magnética que atua em
um dado corpo que se encontra presente em um local
específico. É importante mencionar que a medida do fluxo
magnético se relaciona diretamente a área, sendo possível
determinar qualquer tamanho para esse elemento, bem
como realizar a sua orientação de qualquer modo em
relação ao campo magnético.

Ao combinar as equações 5 e 6 e promover o isolamento do fluxo


magnético, obtém-se a fórmula a seguir, um dos modos mais utilizados
para determinar o fluxo magnético. φ = A * I * N * µ / ln (7)

Frente ao exposto, é possível afirmar que o fluxo é completamente


dependente e impactado pelos fatores construtivos inerentes ao
transformador como o tamanho do núcleo, a quantidade de espiras e o
material em que é produzido. Vale apontar ainda, que para otimizar e tornar
o processo de análise dos transformadores mais simples se faz necessário
realizar uma analogia desse componente com o circuito elétrico. A partir
disso, consegue-se fazer o uso das leis e das equações que governam o
funcionamento dos circuitos de modo a se obter os circuitos magnéticos,
conforme a Figura 4.
Ensaios de máquinas elétricas 25

Figura 4 – Circuito elétrico e circuito magnético, respectivamente

Fonte: Chapman (2013).

Nos circuitos elétricos há uma relação entre a resistência, a corrente


e a tensão que se encontra devidamente regida por meio da Lei de Ohm,
de forma análoga há uma relação íntima da relutância (semelhante à
resistência, sendo dada em Ampere-espira por Weber), o fluxo magnético
(similar à corrente) e a força magnetromotriz (correlata à tensão e é dada
em Ampere-espira). A relação nesse caso pode ser determinada por meio
desta fórmula: F = K * φ (8)

Em que:

• K corresponde à relutância.

• F equivale à força magnetomotriz.

Destaca-se que é possível expressar a força magnetomotriz


multiplicando a corrente que circula pela bobina pela quantidade de
espiras. Assim:

F=I*N (9)

É também possível traçar outra expressão para representar o fluxo


magnético. Assim:

φ = F * A * µ / ln (10)

É possível, ainda, realizar o isolamento da relutância, com isso


consegue-se obter uma equação que possibilita determinar o seu valor.
Assim:

K = ln / A * µ (11)
26 Ensaios de máquinas elétricas

Vale mencionar que para um determinado circuito magnético


a relutância irá se comportar de forma parecida com a resistência do
circuito elétrico. Isso implica que as relutâncias em séries são somadas de
forma direta a fim de se conseguir ter a relutância equivalente. Tal analogia
também é verídica para as associações em paralelo no qual se obtém a
relutância equivalente ao se realizar o somatório de valores inversos de
relutância.

Portanto, com as analogias e as equações dos circuitos elétricos


para os circuitos magnéticos consegue-se estudar de forma mais simples
o comportamento dos transformadores. Por meio disso é possível obter
dados satisfatórios que permitem compreender adequadamente o
processo de funcionamento dos transformadores.

Características construtivas dos


transformadores monofásicos
As etapas de montagem e de construção de um transformador
monofásico é uma das mais relevantes. Cada um dos produtores conta
com um modo de construção particular, porém, pode-se afirmar que os
elementos básicos tendem a ser praticamente os mesmos. Dessa forma,
é possível determinar um padrão construtivo.

No desenvolvimento do projeto é importante levar em conta o


desempenho elétrico responsável por estabelecer a relação entre as
tensões e a sua potência nominal, bem como a quantidade do fluxo
magnético requerido para atender as demandas. Após isso, é necessário
considerar as questões atreladas ao custo e à operação, uma vez que há
uma série de opções disponíveis no que tange à construção, sendo que
cada uma conta com suas particularidades. Portanto, deve-se sempre
atuar a fim de se traçar uma ótima relação custo versus benefício.

Existem várias partes que constituem um transformador


monofásico, porém, as principais são o núcleo magnéticos, as bobinas, o
sistema de isolamento, as buchas e o sistema de refrigeração. O núcleo
magnético dos transformadores, mostrado na Figura 5, é indispensável
para a construção desses componentes. Isso ocorre, pois por meio
Ensaios de máquinas elétricas 27

dele consegue-se permitir o estabelecimento de um caminho para a


passagem do fluxo magnético proveniente das correntes que circulam
pelo enrolamento.
Figura 5 – Núcleo magnético

Fonte: Pixabay.

O núcleo é constituído por lâmina de ferro e para dimensioná-lo é


necessário considerar a geometria e o tipo de material a ser utilizado. É
preciso levar em conta também a utilização do gap, o peso, as dimensões,
a espessura das lâminas que integram o núcleo, o método de fabricação
de bobinas, o custo dos materiais, entre outros fatores.

Uma das características mais relevantes do núcleo se refere


ao tipo de material empregado para a sua construção que, por sua
vez, se associa à aplicação em que esse componente será submetido.
Dessa forma, escolher o melhor é algo indispensável para o sucesso do
projeto. Os materiais mais utilizados para a fabricação de um núcleo do
transformador são:

a. O ferro-níquel.

b. O aço silício.

c. As ligas de cobalto.

d. Os materiais amorfos.

e. O ferro-níquel em pó.

f. O molibdênio em pó.

g. As ligas ferrosas em pó.

h. O pó de ferro.
28 Ensaios de máquinas elétricas

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo


Análise da eficiência energética do transformador de
distribuição com metal amorfo clicando aqui.

Já a bobina, mostrada na Figura 6, é um condutor isolado que se


encontra enrolado no núcleo do transformador, esse material pode ser
de alumínio ou de cobre. O cobre é o melhor condutor, além disso resiste
bem aos esforços mecânicos em comparação com o alumínio. Quando
se deseja ter uma capacidade mais elevada de resistir aos esforços
mecânicos, pode-se adotar ligas especiais como de cobre e prata, por
exemplo.
Figura 6 – Exemplo de bobina montada em uma placa

Fonte: Pixabay

Um fator relevante associado às bobinas se relaciona ao aspecto


construtivo dos enrolamentos. Diante disso, existem quatro modos
principais de enrolamento que podem ser do tipo panqueca, em camadas,
helicoidais e em disco. Cada modelo conta com suas características,
dessa forma, determinar qual o melhor é algo que requer uma análise das
necessidades do projeto, bem como a avaliação da relação custo versus
benefício. Outro ponto que merece atenção no que se refere à construção
dos transformadores diz respeito ao sistema de isolamento que está ligado
diretamente à vida útil desses equipamentos, assim como o processo de
produção do material utilizado e o material empregado no isolamento.
Ensaios de máquinas elétricas 29

Aponta-se que as características do sistema são completamente


dependentes dos gradientes da temperatura, da constituição do dielétrico,
da geometria do dielétrico e demais particularidades dos materiais que
forma empregados.

Para isolar os transformadores adota-se materiais como óleo


mineral e papel. O primeiro é empregado para promover o isolamento
dos enrolamentos da carcaça do transformador, bem como para garantir
a dissipação térmica das bobinas e dos núcleos. O papel, por sua vez, é
utilizado para recobrir os condutores a fim de impedir a ocorrência de
curtos-circuitos.

No que tange à bucha, mostrada na Figura 7, pode-se apontar que


esses elementos são os responsáveis pela transmissão da energia elétrica
de fora para dentro e vice-versa dos equipamentos como disjuntores,
transformadores, condensadores elétricos e reatores shunt. São formadas
de maneira que o condutor fica preso dentro dela, o que fornece um
caminho condutivo de uma extremidade para a outra. Esses componentes
são estratificados em algumas classes como o tipo de isolamento interno,
a construção e o meio de isolação de terminais.
Figura 7 – Transformador com bucha

Fonte: Pixabay

O sistema de refrigeração, por sua vez, é indispensável para retirar


calor advindo das bobinas e do núcleo, uma vez que o calor pode
culminar em diversos danos aos transformadores. Existem dois modos de
se realizar essa atividade, o primeiro é a seco em que a refrigeração se dá
30 Ensaios de máquinas elétricas

por meio da circulação do ar ao redor do núcleo e da bobina. Outra forma


é por meio de óleo, que irá circular entre esses componentes, porém,
adota-se essa estratégia para potências maiores (superiores a 1500 kVA) e
em ambientes dotados de poluição elevada (a poluição podem degradar
as bobinas caso se adote o método de resfriamento direto).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que o princípio básico de funcionamento de um
transformador é regido pelos campos magnéticos, sendo
indispensáveis para a execução das operações. Por meio
da Lei de Ampere, é possível analisar o comportamento do
campo magnético do ponto de vista matemático, sendo que
a adoção dessa estratégia otimiza o processo de análise
desse componente. Outro ponto que merece atenção se
relaciona com a possibilidade de se fazer uma analogia aos
circuitos dos transformadores com os circuitos elétricos.
Por meio disso consegue-se traçar um paralelo entre as leis
e as equações que regem o processo de funcionamento
dos circuitos, o que também tende a facilitar o processo de
estudo e de projeto dos transformadores. Você aprendeu
ainda um pouco sobre os componentes indispensáveis para
o funcionamento dos transformadores que são o núcleo
magnético, as bobinas, o sistema de isolamento, as buchas
e o sistema de refrigeração. Cada um desses elementos
apresenta suas especificidades e devem ser projetados
adequadamente de forma a se atender os requisitos
almejados e permitir a operação segura dos equipamentos.
Ensaios de máquinas elétricas 31

Ensaios a vazio e em curto-circuito de


transformadores monofásicos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como funciona o ensaio a vazio e o em curto-circuito.
Esses testes são de suma relevância para determinar uma
série de parâmetros atrelados ao funcionamento de um
transformador, bem como compreender o comportamento
desses instrumentos em operação de forma a determinar
as condições críticas de funcionamento. Por meio desses
testes é possível determinar os limites dos equipamentos e
evitar acidentes. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá. Avante!

Ensaio a vazio
Os transformadores são dispositivos de suma relevância para os
sistemas de potência que operam em corrente alternada. A justificativa
para isso se liga ao fato de que a energia que foi gerada, bem como a
sua transmissão é feita nas tensões corretas. Desse modo, consegue-
se trazer mais economia para o sistema, além de fazer com que se
consiga atender de modo adequado as tensões dos dispositivos. Eles
são comumente empregados também nos circuitos de controle, nos de
baixa corrente e nos de baixa potência. Desse modo, é necessário realizar
testes nesses componentes a fim de que se possam determinar possíveis
perdas que possam vir a ocorrer. Um ensaio comumente utilizado nos
transformadores é o a vazio ou em vazio que possibilita determinar as
perdas no ferro desses componentes. Nesse tipo de ensaio deixa-se o
lado secundário em vazio, concomitantemente a isso é aplicada uma
tensão nominal no lado primário.

Uma das principais características definidoras desse ensaio diz respeito


ao fato de se executar os testes com o lado da alta tensão em aberto, por
meio disso aplica-se a tensão nominal na região do transformador em que
se tem baixa tensão. No que tange à utilização dos lados do transformador,
32 Ensaios de máquinas elétricas

ou seja, de baixa ou de alta, pode-se afirmar que não há uma regra clara
definindo qual é o melhor a ser utilizado. Porém, devido à segurança e por
conveniência adota-se o lado da baixa, uma vez que se tem uma tensão
nominal reduzida em comparação com o lado de alta.

De acordo com Chapman (2013), de modo a tornar a alimentação


com a tensão nominal mais facilitado, normalmente, determina-se que
o lado primário é aquele em que se tem baixa tensão. A diminuição da
tensão observada na impedância e na resistência do primário é reduzida, o
que torna viável desprezá-la. Isto, posto o circuito equivalente empregado
conta com a abertura dos terminais do secundário de modo a se ter a
circulação da corrente nos ramos da magnetização.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo


Projeto e otimização da compensação de um transformador
de núcleo separado usado para recarregar as baterias de um
veículo subaquático autônomo clicando aqui.

Por meio desse ensaio consegue-se determinar diversos parâmetros


característicos ligados ao transformador. Esses dados apontam de modo
preciso e direto qual é o comportamento do transformador quando esse se
encontrar em carga, uma vez que tal tipo de medição permite obter dados
acerca de todas as suas condições ferromagnéticas. As informações mais
relevantes obtidas nesse teste contemplam:

a. A corrente a vazio.

b. A perda do núcleo/potência consumida.

c. A tensão nominal aplicada.

Del Toro (2011) aponta que a execução do ensaio a vazio se dá


para estabelecer as perdas ocorridas nos núcleos dos transformadores,
além das perdas por correntes parasitas, perdas por histerese, bem
como os termos no ramo de um circuito equivalente. Destaca-se ainda
que a impedância existente no ramo da magnetização é bem elevada
em comparação com a impedância que é formada pela reatância da
Ensaios de máquinas elétricas 33

dispersão e do enrolamento do primário. Desse modo, a queda de tensão


é muito baixa, o que torna viável desconsiderá-la.

Vale frisar que por meio do ensaio de circuito aberto ou ensaio a


vazio consegue-se obter dados acerca da reatância da magnetização e
da resistência do núcleo. Diante disso, a Figura 8 aponta o modelo para a
execução do teste.
Figura 8 – Modelo de circuito para o ensaio a vazio

Fonte: Chapman (2013).

Como mencionando anteriormente, o ensaio ocorre por meio da


aplicação de uma tensão em qualquer um dos lados de um transformador
(secundário ou primário), sendo que a escolha do melhor se dá por
causa da conveniência. Por exemplo, se tiver um lado de baixa igual a
220 V com um lado de alta equivalente a 1.100 V, pode-se inferir então
que é mais simples contar com uma fonte que é de 220V. Aponta-se
que o valor máximo de fluxo e a perda do núcleo tendem a ser iguais,
independentemente do valor.

Ao se desprezar as perdas provenientes dos equipamentos,


adota-se a medição informada no Watímetro como àquela perda
existente no núcleo que pode ser definida como P0. Destaca-se que a
corrente de magnetização tende a ser muito baixa, dessa maneira a
diminuição da impedância na dispersão do enrolamento primário pode
ser desconsiderada. Desse modo, a força eletromotriz induzida passa a
ser equivalente à tensão aplicada. É possível obter o chamado ângulo da
potência em vazio (θ0) por meio da Equação 12.

θ0 = (cos-1) P0 / I0 * V0 (12)
34 Ensaios de máquinas elétricas

Com isso, pode-se mencionar que a corrente da excitação (Iϕ) é


constituída por vetores com valores de corrente de magnetização (Im) e
pode ser calculada por meio da seguinte fórmula:

Im = Iϕ * sin θ0 (13)

Além disso, Iϕ conta ainda com outro vetor que é o dos valores de
corrente de resistência do núcleo (Ic), tal parâmetro pode ser obtido por
meio da seguinte equação:

IC = Iϕ * cos θ0 (14)

Aponta-se, ainda, que as duas últimas equações são responsáveis


por determinar a corrente de magnetização e a corrente que atravessa a
resistência do núcleo, respectivamente. O fato de se considerar somente
o ramo da magnetização no ensaio a vazio faz com que a corrente em
vazio (I0) seja idêntica à corrente da excitação. Destaca-se que o valor da
resistência da perna em um núcleo do lado da baixa é determinado por
meio da equação:

RCP = P/(I2C) = P/(Iϕ * cos θ0)2 (15)

De posse do valor do RP e sabendo ainda da relação da transformação


é possível determinar a resistência da perda do núcleo referido por meio
do lado de alta. Esse elemento pode ser devidamente calculado ao
empregar a seguinte equação:

RCS = RCP * (a)2 (16)

Já a reatância da magnetização para o lado da baixa pode ser


calculada por meio da equação:

XMP = Êp/Im =VP/(Iϕ * sin θ0) (17)

Para o lado da alta, é possível obter a reatância da magnetização


por meio da equação:

XMS = XMP * (a)2 (18)

É possível determinar a resistência da perda no núcleo (Rc), ou seja,


a resistência da magnetização por meio da equação da equação:

RC = V0 /IC (19)
Ensaios de máquinas elétricas 35

O cálculo da impedância da magnetização (Zm) se dá por meio da


queda de tensão observada em tal impedância, bem como da corrente
que resulta em tal queda. Pode-se afirmar que o cálculo desse parâmetro
ocorre por meio da divisão da tensão no primário (VP) pela corrente de
excitação como mostra a equação 20.

ZM = V0 /Iϕ (20)

No ensaio em vazio a reatância e a resistência ligada às perdas de


cobre devem ser consideradas, por esse motivo o circuito equivalente do
ensaio pode ser considerado como sendo, essencialmente, o ramo da
magnetização. Com isso, a reatância da magnetização (XM) se encontra
em paralelo com a resistência da magnetização. De posse desses dados
consegue-se determinar XM, sendo que isso se dá por meio da equação:

XM = 1/(√ (1/(Z2M) - 1/(R2C) (21)

Dessa forma, é possível determinar quais serão os valores


aproximados no circuito equivalente, além de se levantar os parâmetros
para o transformador. As informações apresentadas anteriormente são
relevantes para grande parte dos casos dos transformadores e se ligam
intimamente com a eficiência desse dispositivo.

Ensaio em curto-circuito
Vale mencionar que nesse tipo de ensaio os terminais de baixa
tensão são colocados de forma proposital em curto-circuito. Nesse caso, a
tensão que é aplicada no primário que corresponde ao lado da alta tensão,
precisa apresentar um valor igual ao de corrente nominal circulante na
tensão baixa. O fato de se ter uma tensão muito baixa aplicada ao primário
faz com que se possa desprezar a reatância da magnetização e as perdas
no núcleo. Em tal teste consegue-se determinar alguns parâmetros como:

a. As perdas no cobre/potência consumida.

b. A corrente nominal.

c. A tensão que é aplicada em alta tensão visando circular corrente


nominal em baixa tensão.
36 Ensaios de máquinas elétricas

Chapman (2013) afirma que nos ensaios de curto-circuito em


transformadores é preciso que sejam feitas algumas observações como
o fato de ser necessário relacionar as perdas do cobre com as perdas que
constituem as bobinas. Além disso, é preciso determinar as reatâncias, a
resistência e a impedância percentuais e, por fim, obter a queda interna
de tensão para o sistema.

IMPORTANTE:

Os ensaios de curto-circuito são realizados quando os


terminais do secundário são colocados em curto-circuito,
isso ocorre a fim de que se possa simular a carga máxima.
O fato de se ter o secundário em curto-circuito implica que
não se pode aplicar uma tensão nominal no secundário,
pois isso pode resultar na queima do transformador. Por
esse motivo, deve-se atuar para estabelecer uma corrente
nominal no primário. Por meio desse teste consegue-se
obter os parâmetros requeridos a fim de determinar as
perdas existentes no cobre.

Para a execução do ensaio de curto-circuito se faz necessário


promover o curto-circuito, sendo que a elevação da tensão se dá por
meio de um componente denominado “Varivolt” (dispositivo que recebe a
tensão fixa alternada da rede e gera uma tensão alternada que é ajustável
na saída). Eleva-se a tensão até que a corrente no lado da alta alcance o
valor da corrente nominal.

É preciso reforçar que nesse teste a impedância é praticamente


nula, além disso, a tensão requerida no primário para que se possa obter a
corrente tende a ser muito baixa. Em tal procedimento tem-se uma tensão
menor no primário, com isso a corrente que está fluindo pelo enrolamento
(Ip) também é menor.

Del Toro (2011) aponta que nesse ensaio deve-se aplicar o curto-
circuito no enrolamento da baixa tensão, é preciso ainda alimentar o
enrolamento da alta tensão por meio de uma fonte com uma alta tensão
do tipo senoidal. Mesmo a determinação do enrolamento que é colocado
em curto sendo arbitrária, por conveniência, recomenda-se que se tenha
a alimentação por meio do enrolamento com alta tensão. Isso ocorre, pois
Ensaios de máquinas elétricas 37

nesses locais há a circulação de correntes mais baixas, culminando na


diminuição da corrente requerida da fonte de alimentação, bem como da
capacidade necessária de instrumentos de medição da corrente.

Por causa de uma baixa impedância no circuito equivalente, caso


se aplicasse uma tensão nominal no enrolamento de alta tensão e,
consequentemente, promovesse o curto-circuito no enrolamento de
baixa tensão, provavelmente não haveria circulação da corrente nominal e
sim elevadas correntes do curto-circuito. Desse modo, a tensão requerida
a ser aplicada na execução do teste, visando promover a circulação das
correntes nominais nos enrolamentos, deve ter um valor menor do que
15% da tensão operacional nominal.

Por meio desse teste consegue-se obter a impedância equivalente


por meio dos valores da reatância equivalente (Xeq) e da resistência
equivalente (Req). Desse modo, coloca-se um dos enrolamentos em curto-
circuito e se aplica uma tensão pequena de corrente alternada no outro.
O modelo do circuito do ensaio de curto-circuito pode ser visto com mais
detalhes na Figura 9.
Figura 9 – Modelo de circuito para o ensaio a vazio

Fonte: Chapman (2013).

É possível determinar o ângulo de fator da potência em curto-


circuito (θCC) a partir dos valores da potência de curto-circuito (PCC), da
corrente do curto-circuito (ICC) e da tensão de curto-circuito (VCC) obtidos
por meio de medição. O cálculo do θCC se dá com a aplicação da seguinte
fórmula:

θCC = (cos-1) PCC /(VCC * ICC) (22)


38 Ensaios de máquinas elétricas

Após realizar a leitura no amperímetro e do valor que foi mensurado no


wattímetro é possível obter a resistência equivalente (Req) no enrolamento.
Esse parâmetro é determinado por meio da seguinte fórmula:

REQ = PCC / I2CC (23)

De posse dos valores da corrente de curto-circuito e do valor de


tensão é possível calcular a impedância equivalente (Zeq). Esse parâmetro
é obtido ao se utilizar a seguinte equação:

ZEQ = VCC /ICC (24)

Ao longo da execução do ensaio realiza-se um ajuste na tensão de


forma a se fazer com que a corrente seja, no mínimo, idêntica à corrente
nominal no enrolamento. Com isso, é possível determinar a reatância
equivalente (XEQ), sendo isso feito por meio da aplicação:

XEQ = √(Z2EQ - R2EQ) (25)

Vale apontar que os parâmetros calculados anteriormente são


responsáveis por indicar o somatório de todas as reatâncias da dispersão
para todos os enrolamentos, isso implica que não são fornecidos valores
individuais. Portanto, a partir do momento em que se adota o circuito
equivalente aproximado, se faz necessário considerar que os valores
existentes em cada um dos enrolamentos correspondem à metade dos
valores obtidos. Desse modo, parte-se do pressuposto que as reatâncias
de dispersão para todos os enrolamentos são idênticas.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo


Transformador de Distribuição de Classe 85ºC Autoprotegido
clicando aqui.
Ensaios de máquinas elétricas 39

É importante mencionar que no ensaio de curto-circuito se faz


necessário iniciar a tensão no primário em zero. A razão disso se liga ao
fato de que desse modo impede-se que o técnico inicie a variação e
comece em um valor que seja elevado e que se encontra em uma faixa
superior à suportada pelos transformadores. É necessário ainda fazer o
uso de wattímetros, amperímetros e voltímetros para se ter um nível de
controle mais elevado na evolução da corrente e da tensão.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que os ensaios a vazio são executados a fim de se determinar
as perdas que possam vir a ocorrer em transformadores,
assim como os ensaios em curto-circuito. No primeiro caso,
é possível obter a perda no ferro, sendo que é comum deixar
em vazio o lado secundário e se aplicar a tensão nominal no
lado do primário. Por meio disso, consegue-se obter uma
série de parâmetros como a corrente a vazio, a perda do
núcleo/potência consumida e a tensão nominal aplicada.
Já nos ensaios de curto-circuito pode-se colocar o lado de
baixa tensão em curto-circuito de modo intencional. Com
isso, a tensão aplicada no primário e que equivale ao lado
de alta tensão deve ter um valor idêntico ao da corrente que
passa em baixa tensão. Pode-se mencionar que esse teste
é realizado a fim de obter três parâmetros principais que
são as perdas no cobre/potência consumida, a corrente
nominal e a tensão que é aplicada em alta tensão visando
circular corrente nominal em baixa tensão.
40 Ensaios de máquinas elétricas

Ensaios de carga e de temperatura em


transformadores monofásicos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como funcionam os ensaios de carga e de temperatura para
os transformadores monofásicos. Isto será fundamental para
o exercício de sua profissão, pois com esses instrumentos
consegue-se obter mais informações relevantes acerca
do comportamento desses equipamentos, o que permite
obter o máximo de desempenho e eficiência. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então,
vamos lá. Avante!

Ensaio de carga
Vale mencionar que no sistema elétrico do Brasil, grande parte das
cargas advindas de unidades consumidoras como fornos de indução,
lâmpadas de descarga, transformadores, motores elétricos, entre outros
são responsáveis por consumir um percentual da energia reativa indutiva.
Sendo assim, as cargas dessa natureza requerem a presença de um
campo magnético para que funcionem adequadamente. Com isso, é
preciso destacar que a operação desses instrumentos precisa de potência
reativa e ativa.

A energia reativa é um parâmetro que pode ser obtido em quilovolt-


ampere-reativo-hora e consiste na energia elétrica que flui de forma
contínua entre uma série de campos magnéticos e elétricos de um dado
sistema em corrente alternada. Isso ocorre sem que haja a produção de
trabalho, mesmo assim é indispensável para a geração do fluxo magnético
requerido para o funcionamento dos transformadores, por exemplo.

Destaca-se que a energia reativa é a responsável por ocupar o


espaço no sistema no qual seria possível utilizar mais energia ativa. Dessa
forma, ter menor energia reativa significa ter mais energia ativa para o
sistema elétrico, o que possibilita minimizar as perdas nas instalações
residenciais e no sistema de forma geral.
Ensaios de máquinas elétricas 41

A potência ativa é aquela consumida durante a realização de


trabalho mecânico, som, luz ou calor. Já a potência reativa não gera
serviço, além de circular entre a fonte de alimentação e a carga, ou seja,
tende a tomar espaço em sistemas elétricos. Além disso, a potência reativa
e a potência ativa, em conjunto, formam a chamada potência aparente
que é mensurada em quilo-volt-ampere que corresponde à potência
total transmitida e gerada à carga. Existe uma relação direta das potências
reativas, ativas e aparentes como mostra a Figura 10.
Figura 10 – Relação das potências reativas, ativas e aparentes

Fonte: Adaptada de Chapman (2013).

Aponta-se que a razão existente entre a potência ativa e a potência


aparente para qualquer instalação é responsável pela constituição do
fator de potência. Tal componente atua ainda apontando o percentual de
potência total fornecida que foi usada de forma efetiva como potência
ativa. Desse modo, o fator de potência é o responsável por evidenciar o
nível de eficiência da utilização de sistemas elétricos, portanto, pode-se
inferir que:

a. Baixos valores de energia elétrica indicam que a energia elétrica


não está sendo utilizada adequadamente, atua ainda como um
elemento que evidencia a sobrecarga no sistema elétrico.

b. Altos valores de potência, mais perto de 1,0, demonstram que a


energia elétrica está sendo utilizada de forma eficiente.
42 Ensaios de máquinas elétricas

Nos testes de carga em laboratório, busca-se trabalhar com fator


de potência perto de 1, para tal, busca-se fazer o uso das cargas lineares
resistivas. Isso ocorre a fim de que se possa gerar as curvas de regulação
e de rendimento nos transformadores para obter uma série de dados
relevantes durante a operação com carga como a queda de tensão e a
eficiência na saída, por exemplo. É importante destacar que tais ensaios são
realizados visando avaliar pontos de operação distintos nesses dispositivos.

Os transformadores, normalmente, irão desenvolver um campo


magnético interno por causa da passagem da corrente elétrica pelo
enrolamento. Ao se alimentar esses dispositivos com a corrente alternada
nota-se que a energia que foi armazenada no formato do campo
magnético, geralmente, se opõe à variação de intensidade de corrente. Tal
evento faz com que se tenha o atraso da corrente devido à tensão, dessa
forma, uma parte da corrente não irá executar o trabalho útil, culminando
assim na geração da energia reativa.

Pode-se apontar que as reatâncias advindas das cargas indutivas


do tipo não lineares tendem a resultar na geração das harmônicas em
um circuito elétrico. De forma geral, destaca-se que os circuitos elétricos
tradicionais fazem o uso dos modelos matemáticos como fasores para que
se possa determinar os parâmetros e executar os cálculos. Porém, define-
se o fasor para os sistemas senoidais, isto é, desprovidos de harmônicas.

IMPORTANTE:

O fasor consiste em um número complexo responsável


por representar a fase e a amplitude de uma determinada
senoide. Porém, nesses casos é preciso estar atento a dois
fatores principais, o primeiro é que a corrente e a tensão
devem ser expressas no cosseno. No segundo caso, é
preciso estar atento à frequência que deve ser idêntica em
todo o circuito (comumente observado), somente assim é
possível fazer o uso da representação fasorial.

É importante mencionar que as cargas indutivas nos testes


laboratoriais de máquinas elétricas precisam de um nível de cuidado
maior. Além disso, é preciso que se realize análises mais aprofundadas
Ensaios de máquinas elétricas 43

devido aos dados que são obtidos, especialmente em comparação com


o teste com as cargas lineares resistivas.

Nos circuitos de corrente alternada que apresentam uma natureza


puramente resistiva os modos de corrente e de tensão se encontram
em fase uns contra os outros. Há ainda a alteração de polaridade
instantaneamente em cada um dos ciclos, fazendo com que a energia
que é entregue à carga seja consumida por ela própria. Dessa forma, a
adoção das cargas não lineares nos ensaios é algo não requerido, uma
vez que, tende a fazer com que as tradicionais análises dos circuitos se
tornem inviáveis.

IMPORTANTE:

As principais cargas são a capacitiva, a resistiva e a indutiva.


Cada uma conta com um significado e um método de cálculo
distinto. Todas se encontram diretamente associadas ao fator
de potência existente no sistema elétrico. Vale mencionar
que o tipo de carga se liga ainda ao índice de satisfação
dos consumidores e com a fonte de energia. Portanto, o
entendimento desses elementos possibilita compreender
melhor os sistemas, bem como avaliar todas as variáveis
existentes em um determinado ambiente.

Ainda no que tange ao ensaio de carga, se faz necessário discorrer


acerca das unidades de potência resistivas. Os resistores consistem em
componentes elétricos que visam, normalmente, promover a limitação na
intensidade da corrente elétrica. Quando tal dispositivo experimenta uma
corrente elétrica e uma diferença de potencial no seu interior, passa-se
então a haver a conversão da energia elétrica para a energia térmica.

Vale mencionar que mesmo se utilizando os resistores para


promover a limitação da corrente elétrica há aplicações em que se foca,
majoritariamente, na dissipação de potência própria. Esses componentes
podem ser de dois modelos principais, o com carvão depositado
destinado às aplicações com potência de dissipação menores e os de fio
enrolado. Cada um desses conta com suas características, porém, o mais
utilizado é o de fio enrolado.
44 Ensaios de máquinas elétricas

Faz-se o uso dos resistores com fio enrolado quando se requer


ter um nível de dissipação de potência mais elevado. Esses dispositivos,
normalmente, fazem o uso do esmalte de vidro na coloração verde, algo
típico desse material. Sob o revestimento promove-se o enrolamento do
condutor que apresenta resistividade elétrica mais elevada. O núcleo da
resistência (isolante) pode ser fabricado em argila cerâmica, papel sulfite,
baquelita ou porcelana, enquanto o fio é de nicromo, manganina ou
tungstênio.

IMPORTANTE:

Devido às suas características os resistores com fio


enrolado consistem em uma excelente alternativa no
que tange à unidade resistiva, especialmente naqueles
projetos em que se quer testar vários pontos operacionais
de um transformador. No entanto, os elementos resistivos
que aguentam maiores temperaturas durante a operação
tendem a ser uma ótima opção para essa aplicação.
Para exemplificar isso, pode-se mencionar as lâmpadas
incandescentes que trabalham em faixas de temperatura
maiores, dissipando a potência em forma de luminosidade
e de calor.

Vale mencionar que o calor consiste na energia que é trocada


pelo sistema com o ambiente por causa da existência de uma diferença
de temperatura. Para o caso de resistores com fio enrolado, a corrente
elétrica que atravessará o enrolamento interno ao longo da operação
culminará na elevação da sua temperatura.

Nesse caso, sabe-se que o fluido em que o resistor se encontra


em contato é o ar, com isso, a troca da energia entre o ambiente e o
componente se dará por meio da convecção. Em tal tipo, a temperatura
advinda do ar, ao entrar em contato com o resistor experimentará um
aumento, fazendo com que o ar mais denso/frio flua para ocupar o lugar
do que se encontra mais quente e que irá subir, tendo assim a variação
do calor cedido.
Ensaios de máquinas elétricas 45

Partindo do pressuposto que a temperatura operacional do resistor


de fio enrolado impacta de forma direta o seu desempenho, por causa
da variação advinda da resistividade no enrolamento interno, é comum
que fabricantes desses dispositivos forneçam as chamadas datasheets
que apresentam dados acerca de tais componentes em uma série de
temperaturas distintas. Frente a esse cenário, pode-se mencionar que
ao se aumentar a temperatura operacional o resistor começa a dissipar
uma quantidade de potência reduzida. Dessa maneira, para os resistores
de fio enrolado a diferença existente entre a temperatura ambiente e o
componente precisa ocorrer de forma que a variação da temperatura seja
constante naquela temperatura recomendada pelos fabricantes.

Essa classe de resistor é comumente empregada nos bancos de


carga para a realização de ensaios e testes em resistores e também em
outros como os de alimentação ininterrupta. Pode-se mencionar que no
último caso há um sistema de alimentação da energia elétrica secundário
que atuará para suprir, do ponto de vista energético, os dispositivos que
se encontram conectados a ele a partir do momento em que se tem a
interrupção do fornecimento da energia elétrica proveniente da fonte
primária. Os equipamentos de alimentação ininterrupta podem ainda ser
testados de forma individual, ou seja, analisa-se cada um a fim de minimizar
os custos dos testes devido ao fato de não adotarem os chamados
bancos de cargas. Porém, para que se assegure o funcionamento correto
das máquinas elétricas de tal natureza é imprescindível realizar testes
no sistema de modo integral por meio de dispositivos que propiciam a
simulação de vários cenários operacionais reais.

A partir dos testes de carga consegue-se realizar a validação


do desempenho operacional nos sistemas mecânicos e elétricos das
máquinas, assegurando assim o funcionamento adequado para a
utilização destes componentes ou ainda como um modo de manutenção
do tipo preventiva.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o vídeo


Ensaio de carga do transformador monofásico. Clique aqui.
46 Ensaios de máquinas elétricas

Destaca-se, por exemplo, que os ensaios e os testes de cargas


para os geradores que são acionados por motores movidos à diesel para
a aplicação mencionada anteriormente são indispensáveis para apontar
os problemas de modo controlado. Isso implica que se consegue avaliar
o que ocorre antes de se ter a queda da energia real. Dessa maneira,
consegue-se minimizar os riscos atrelados à falha da energia inesperada,
bem como elevar a confiabilidade operacional destes componentes.

Por meio dos ensaios de cargas resistivas é possível realizar várias


análises, além disso, tem-se uma importante estratégia que possibilita a
execução de cálculos posteriores. Desse modo, pode-se mencionar que
esses testes visam:

a. Determinar os valores da regulação da tensão para quatro


condições de carregamento (a 25, a 50, a 75 e a 10%%).

b. Realizar o levantamento de curvas de rendimento para aqueles


transformadores que oscilam a proporção de carga resistiva, indo
de 0 à 100% da carga nominal.

c. Obter o rendimento partindo de uma carga resistiva que apresenta


valor fixo.

Assim, o ensaio de cargas é muito útil para avaliar o comportamento


de transformadores em diferentes estágios operacionais. Portanto, deve-
se fazer o uso desse instrumento para garantir o correto funcionamento
desses equipamentos.

Ensaio de elevação de temperatura


O ensaio de temperatura ou de elevação de temperatura é de suma
relevância para o estudo dos transformadores, uma vez que por meio
deles consegue-se compreender seu comportamento em operação. Ao
se prever possíveis falhas consegue-se minimizar prejuízos e transtornos
maiores e uma forma de se fazer isso é por meio da utilização dos
medidores de temperatura.
Ensaios de máquinas elétricas 47

IMPORTANTE:

A utilização de componentes de medição em


transformadores é essencial para o correto funcionamento
desses dispositivos estáticos. Devido a essa característica,
tem-se temperaturas elevadas constantemente devido à
alta energia que é dissipada na forma de calor no núcleo
e no enrolamento. Assim, realizar o ensaio de temperatura
permite determinar possíveis anormalidades e atuar a
tempo, evitando catástrofes em potencial.

Estar atento à temperatura é necessário para evitar possíveis


danos ao óleo refrigerante ou ainda os materiais isolantes utilizados no
equipamento. Portanto, a temperatura operacional deve ser adequada de
forma a se assegurar o funcionamento perfeito dos transformadores.

Uma forma de se determinar a temperatura de trabalho se dá por


meio do ensaio de temperatura que fornece dados que são comparados
com as normas e as especificações técnicas. Com isso, é possível
determinar se durante o funcionamento os transformadores alcançarão
as temperaturas que podem degradá-los.

Com os ensaios de temperatura consegue-se obter um parâmetro


relevante que é o gradiente de enrolamento. Por meio dele é possível
ter uma ideia da temperatura que está sendo acrescida ao óleo pelo
enrolamento em graus Celsius. Além disso, comesse dado é possível
monitorar a chamada imagem térmica. Pode-se mencionar que a imagem
térmica é amplamente empregada para mensurar a temperatura no
enrolamento, uma vez que gera, de modo indireto, a temperatura do
enrolamento.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o artigo Efeito


das distorções harmônicas na elevação de temperatura de
transformadores a seco clicando aqui.
48 Ensaios de máquinas elétricas

Ainda no que tange ao imageamento térmico do enrolamento, pode-


se mencionar que se tem um sistema constituído por uma resistência no
aquecimento, bem como um sensor de temperatura que pode ser duplo
ou simples. Esses dispositivos são montados e encapsulados em um
poço protetor que fica contido em uma câmara de óleo.

Recomenda-se a instalação do conjunto na tampa do transformador a


fim de que se possa equalizar a temperatura no topo de óleo, evidenciando,
desse modo, a temperatura na região mais quente no enrolamento.
Aponta-se que a resistência do aquecimento é, normalmente, alimentada
pelo transformador da corrente que se encontra devidamente associado
com o enrolamento do transformador.

Vale mencionar que existe no mercado inúmeros sistemas digitais


empregados nos transformadores que visam medir e monitorar as
temperaturas. Esses modelos apresentam um nível de precisão mais
elevado, além disso, geram várias funções para supervisão.

Os medidores de temperatura são essenciais para o ensaio de


elevação de temperatura, uma vez que são associados com o gradiente
de enrolamento e demais dados advindos do monitoramento em campo.
A observância dessas questões e a realização do ensaio de elevação de
temperatura é essencial para postergar a vida útil dos transformadores.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o gráfico


Ensaio de elevação de temperatura para o transformador
clicando aqui.

Cabe ressaltar, que os instrumentos de medição e monitoramento


de temperatura analógico vêm sendo substituídos pelos digitais que,
caso forem parametrizados adequadamente, por meio dos valores
advindos do ensaio de elevação da temperatura, tendem a culminar em
um gerenciamento técnico melhor desses dispositivos. A razão disso se
liga ao fato de que se começa a ter mais precisão e consciência acerca do
aumento das temperaturas no transformador.
Ensaios de máquinas elétricas 49

A realização do ensaio de temperatura permite que se comprove


a potência nominal, uma vez que se atua executando as condições
operacionais fundamentais e nominais. Pode-se apontar que nos
transformadores imersos em óleo, em que se aplica com mais frequência
os testes, consegue-se obter a elevação na temperatura dos enrolamentos
e no topo de óleo.

Em pequenos transformadores realiza-se o ensaio colocando-os


em funcionamento e se mede a temperatura. Para os grandes faz-se com
que um dos enrolamentos fique em curto-circuito e se aplica no outro
uma tensão que culminará nas perdas que culminaram na geração do
calor nas condições nominais. É importante citar que ao longo de toda a
operação monitora-se a corrente nominal à temperatura ambiente.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que por meio do ensaio de carga consegue-
se executar uma série de análises que contribuem para
otimizar o desempenho e a vida útil dos transformadores
em diferentes condições de funcionamento. Com esse
teste é possível obter os valores acerca da regulação de
tensão para condições distintas de carregamento, traçar
curvas de rendimento e também determinar o rendimento
diante de uma carga resistiva. Já o ensaio de temperatura
é executado para determinar quais são as temperaturas de
operação em que um transformador irá operar. Por meio
dele consegue-se obter quais os valores os isolantes e o
óleo irão atingir. Com base nessas informações é possível
saber as temperaturas críticas (as que causam danos aos
componentes) serão atingidas. Caso se constate que essas
temperaturas sejam alcançadas pode-se atuar adequando
o projeto, evitando assim que tal evento ocorra.
50 Ensaios de máquinas elétricas

REFERÊNCIAS
BERTOLUZZI, A. P.; CARVALHO, R. J. O. Efeito das distorções
harmônicas na elevação de temperatura de transformadores a seco.
In: Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, 4., 2012, Goiânia. Anais [...]
Goiânia: SBSE, 2012.

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5. ed. Porto


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COUTINHO, L. M. A. Modelagem de transformadores de potência


utilizando técnicas no domínio da frequência. 2010. 66 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio
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DEL TORO, V. Fundamentos de Máquinas Elétricas. Rio de Janeiro:


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DIAS, R. V. et al. Transformador de distribuição de classe 85ºC


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MARTINS, M. A. et al. Aplicação de sistema de frenagem por


correntes de Foucault a bancada de testes para rotores eólicos. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR, 8., 2020, Fortaleza. Anais
[...] Fortaleza: CBENS, 2020.

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