PDF Cultivo de Pimenta Compress
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Agropecuário
rio
Uma publicação da EPAMIG
v.27 n.235 nov./dez. 2006
Belo Horizonte-MG
Sumário
Editorial ........................................................................................................................... 3
Entrevista ......................................................................................................................... 4
CONSELHO DE
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem
DIFUSÃO DE TECNOLOGIA E PUBLICAÇÕES
autorização escrita do editor. Todos os direitos são reservados à
Baldonedo
Baldone do Arthur Napoleão
Luiz Carlos Gomes Guerra EPAMIG.
Manoel Duarte Xavier
Os artigos assinados por pesquisadores não pertencentes ao quadro
Álvaro
Álva ro Seva
Sevaroll
rollii Caput
Caputee
da EPAMIG são de inteira responsabilidade de seus autores.
Maria Lélia Rodriguez
Rodriguez Simão
Artur Fernande
Fernandess Gonçalves Filho
Júlia Salles Tavares Mendes Os nomes comerciais apresentados nesta revista são citados apenas
Cristina Barbosa Assis para conveniência do leitor, não havendo preferências, por parte da
Vânia Lacerda EPAMIG,
EP AMIG, por este ou aquele produto comercial.
comercial. A citação de termos
técnicos seguiu a nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo.
DEPARTAMENTO DE
DEPARTAMENTO D E TRANSFERÊNCIA
E DIFUSÃO DE TECNOLOGIA O prazo para divulgação de errata expira seis meses após a data de
publicação da edição.
Cristina Barbosa Assis
NORMALIZAÇÃO
Fátima Rocha Gomes e Maria Lúcia de Melo Silveira
Informe Agropecuário. - v.3, n.25 - (jan. 1977) - . - Belo
PRODUÇÃO E ARTE
Horizonte: EPAMIG, 1977 - .
Diagramação/formatação: Maria Alice Vieira
Vieira,, FFabriciano
abriciano Chaves v.: il.
Amaral,, Letíc
Amaral Letícia
ia Marti
Martinez
nez
Capa: Letíci
Letíciaa Martin
Martinez
ez Cont. de Informe Agropecuário:
Agropecuário: conjuntura e estatísti-
ca. - v.1, n.1 - (abr.1975).
Foto da capa: Anna Wolniak ISSN 0100-3364
A EP
EPAMIG
AMIG inte
integra
gra o Siste
Sistema
ma Nacion
Nacional
al de Pe
Pesquis
squisa
a Agrope
Agropecuári
cuária,
a, coorden
coordenado
ado pela EMBR
EMBRAP
APA
A
Governo do Estado de Minas Gerais
Aécio Neves
Governador
Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Marco Antoni
Antonioo Rodrig
Rodrigues
ues da Cunha
Futuro
Futuro promissor para a cultura
da pimenta
Secretário
por essa cultura e decidi investir nesta minha propriedade no município de IA - Quais as principais dificuldades
produção. Contudo, devido à falta de Guarani, mantenho uma área plantada encontradas no manejo dessa
experiência e de informações sobre o de, aproximadamente, 3 hectares de cultura, no que diz respeito a
plantio, a iniciativa foi abandonada. Em variedades de pimentas vindas da produção de mudas, adubação,
1970, com a orientação de outros Coréia e do México, que são altamente irrigaç
irr igação,
ão, con
control
trolee de pla
planta
ntass
produtores, retomamos a atividade com produtivas. A intenção é diversificar e daninhas, de pragas e de doenças?
um plantio de 5 mil pés e, nesse melhorar a produtividade de pimentas Dário Alvim - O grande desafio é a
período, até 1985, cheguei a colher 35 e, assim, alcançar maiores e melhores colheita. O custo é alto e chega a ser
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.27, n.233, jul./ago. 2006
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40% do preço bruto da pimenta. Outra IA - Quais os maiores entraves ao dutor tem que oferecer avalistas com
dificuldade é a divulgação das infor- desenvolvimento da pimenti- exigências de outorga uxória, o que
mações ao produtor. Não há orienta- cultura da Zona da Mata? torna a operação muitas vezes im-
ções técnicas disponíveis e as que possível.
Dário Alvim - A mão-de-obra para
existem dificilmente chegam aos pe-
a colheita é um fator preponderante.
quenos produtores, que enfrentam IA - Como tem sido a produtividade
muitos problemas com as doenças Entretanto,
contrataçãohádediversos entraves
pessoal, para
tais como, da pimenta para o produtor e
causadas por insetos. para a região?
custos elevados e diversos contra-
É imprescindível a pesquisa para
tempos advindos dessa relação de Dário Alvim - Infelizmente,
a pro-
produção de pimenta orgânica e o
trabalho. Acredito que a melhor solu- dutividade está muito aquém do que
acesso, por parte dos produtores, às
ção para isso seria a produção no sis- poderia ser. Os motivos são a falta de
orientações técnicas para produção
tema de economia familiar, com o apoio orientação técnica, que vai desde a aná-
dessa cultura, que tem tido grande acei-
da assistência técnica e a garantia de lise da terra, da formação das mudas,
tação e procura em todo o mundo e que
preços mínimos por parte do governo. dos riscos de viroses de sementes con-
garantirá um excelente mercado no
taminadas, irrigação malplanejada,
Brasil e no exterior.
e xterior.
IA - Para
Para quai
quaiss merc
mercados
ados dest
destina-s
ina-see a adubação química sem orientação, de-
produç
produção
ão de pim
piment
entas
as da Zon
Zona
a da fensivos desnecessários e até por não
IA - Na sua opin
opinião,
ião, como a pesq
pesquisa
uisa
Mata minei
mineira?
ra? existir nenhum defensivo com in-
pode melhorar
melhorar esse quadro? E o
que precisa ser feito? Dário Alvim - Em regra, destina-se dicação para pimenta no mercado
a Belo Horizonte. Mas sabe-se que o brasileiro. Esse conjunto de dificul-
Dário Alvim - Algumas pesquisas
mercado é amplo. Há informações de dades ocasiona uma produtividade
sobre pimenta já foram desenvolvidas
que 1/4 da população do mundo con- baixíssima.
sem muito sucesso. Esse insucesso
some pimenta. Na realidade, o que falta
deve-se à falta de recursos e ao fato
fa to de
é o apoio aos pequenos exportadores, IA - Com todos esses problemas, plantar
muitos desses resultados não chegarem
com redução da burocracia, o que fa- pimenta é um bom negócio?
negócio?
ao destino certo. Um dado que con-
substancia esta afirmação está em nos- cilitaria as negociações. Dário Alvim- Mesmo com todos
sa realidade: no mercado não existe esses problemas, plantar pimenta é um
IA - Que dificuldades o senhor tem bom negócio sim, desde que a ativida-
nenhum defensivo indicado para pi-
encontrado na comercialização de seja desenvolvida no sistema de
menta.
de seu produto? economia familiar.
famili ar. A procura pelo pro-
Deveria existir um convênio com a
Universidade Federal de Viçosa (UFV), Dário Alvim - O que eleva nossos duto é muito grande e o mercado é
instituição de pesquisa em nossa região, custos são as despesas com encargos crescente, principalmente para o pro-
ou EPAMIG,
EPAMIG, para se fazer pesquisa
pesq uisa na sociais, impostos, juros altos. Como dutor que investir no processamento
área de entomologia, relacionada com pagar juros que chegam a 60% ao ano do produto. A lavoura precisa ser muito
a cultura da pimenta. Esse convênio com uma inflação de menos de 3%? bem administrada e conduzida de forma
deveria reunir a pesquisa e a exten- Porque os juros que estão disponíveis sustentável. Atualmente, colho, em
são rural, nesse caso envolvendo a no mercado são de 5%. Juros baixos só média 2 kg de pimenta-malagueta por
EMATER, e levar, dessa forma, os são encontrados em um período do ano, planta.
resultados ao pequeno produtor. entre março e maio. Além disso, o pro- Por Vânia Lacerda
Daniel
Dan iel Ca
Camarg
margoo Sal
Salim
im Pentea
Penteado
do
Resumo - Desde o início da civilização, a pimenta tem sido usada pelo homem como
condimento, planta ornamental e para fins medicinais. Esses usos têm evoluído ao
longo dos tempos. Hoje, o agronegócio de pimentas é um dos melhores exemplos de
integração entre agricultor e agroindústria. Além de consumidas in natura, as pimentas
podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de
alimentos, para consumo interno e exportação. As perspectivas da pimenta no País são
alentadoras. Produtos manufaturados como molhos, conservas e geléias de pimenta
estão abrindo mais perspectivas de mercado.
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8 Cultivo da pimenta
Cultivo da pimenta 9
COMERCIALIZAÇÃO NAS 1.000 mL de capacidade, de acordo com a do pedúnculo e dos frutos por um período
PRINCIPAIS CENTRAIS DE demanda do cliente. maior, principalmente sob refrigeração.
ABASTECIMENT
ABASTE CIMENTO
O Para as pimentas destinadas à indústria
de molhos e conservas, são retirados os Comercialização de pimenta
Formas de acondicionamento pedúnculos dos frutos na lavoura e arma- na CeasaMinas
para comercialização zenadas em recipientes plásticos como A Centrais de Abastecimento de Minas
Diferentes embalagens são usadas pa- bombonas ou polietileno tereftato (PETs), Gerais S/A (CeasaMinas) é uma empresa
ra a comercialização de pimentas no Brasil, contendo salmora (10% p/p) ou álcool. de economia mista, vinculada ao Ministério
de acordo com o tamanho e o tipo de fru- Esse processo reduz problemas de con- da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
to, região e demanda do mercado. Em geral, servação pós-colheita
pós-colheita dos frutos de pimen- (MAPA). O entreposto em Contagem, Uni-
os frutos são acondicionados em sacos ta colhidos, mantidos in natura. dade Grande Belo Horizonte, é o mais di-
plásticos grandes com 30 kg, caixas No varejo, as pimentas são comercia- versificado do Brasil e ocupa o segundo
plásticas ou de madeira com 15 kg ou ou- lizadas de diferentes formas, sendo a mais lugar nacional em vendas de hortigranjeiros.
tro tipo de embalagem demandado pelo comum a granel. Os consumidores sele- Somando-se todas as unidades, são 703
mercado. Na Companhia de Entrepostos e cionam manualmente a qualidade e a quan- empresas instaladas e cerca de 12,6 mil pro-
Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), tidade a ser comprada. Nas feiras-livres e dutores cadastrados. Em média, aproxi-
em São Paulo, por exemplo, as pimentas mercados menores, a medida adotada é um madamente, 4 mil produtores rurais co-
com frutos maiores, como ‘Cambuci’, copo de vidro ou lata (250 a 300 mL), sendo mercializam mensalmente sua produção
‘Dedo-de-moça’ e a pimenta-doce do tipo possível mesclar diferentes tipos de pi- nessa central de abastecimento. O valor co-
‘Americana’ são comercializadas em caixas mentas por um mesmo preço. Em super- mercializado de hortigranjeiros, cereais e
plásticas ou de madeira do tipo “K”, con- mercados e sacolões, as pimentas também produtos industrializados alimentícios e não
tendo entre 12 e 15 kg; as pimentas com são comercializadas em sacos plásticos alimentícios chega a R$ 2,9 bilhões anuais.
frutos menores, como ‘Malagueta’ e perfurados de 50 g do produto, bandejas de A CeasaMinas, ao longo da última dé-
‘Cumari-do-pará’ também são acondi- isopor recobertas com filmes de policloreto cada, comercializou anualmente, em média,
cionadas em caixas de papelão (1-2 kg) e de vinila (PVC), contendo de 50 a 100 g, e 200 mil kg de pimenta. O ano de maior volume
sacos plásticos (1, 2, 5 ou 10 kg). Em todos caixinhas tipo PET de 250 mL de capacidade. comercializado foi 1996, quando foram
os mercados atacadistas, as pimentas As embalagens com filmes ou sacos negociados quase 320 mil kg desse produto.
também são comercializadas em quan- plásticos são consideradas como as melhores Por outro lado, o menor volume comercia-
tidades menores, utilizando-se como opções de venda, pois reduzem a perda de lizado, aproximadamente
aproximadamente 127 mil kg de pi-
unidade copos de vidro ou latas de 250 a matéria fresca além de manter a coloração menta, ocorreu no ano de 2002 (Quadro 1).
QUADRO
QUADRO 1 - Quantidades (kg) mensais de
de pimentas in natura comercializadas na CeasaMinas, Unidade Grande BH, no período 1996 - 2005
Mês
Janeiro Fevere
evereiro
iro Março Abril Maio Junho
Junho Julho
Julho Agosto
Agosto Setembro
Setembro Outubro
Outubro Novembro
Novembro Dezembro Total
Ano
Ano
1996 21.505 30.237 35.168 33.650 33.623 11.613 18.909 15.590 20.194 36.452 34.580 25.727 317.248
1997 15.981 23.748 19.489 30.255 14.131 9.840 7.840 6.240 8.015 21.075 47.050 35.257 238.921
1998 12.224 10.586 11.375 12.988 14.537 13.896 8.920 13.816 12.460 11.778 19.840 28.365 170.785
1999 17.860 12.825 23.207 16.880 14.701 11.265 12.615 13.210 17.422 15.260 26.080 36.375 217.700
2000 16.405 9.010 9.835 11.291 10.470 6.185 5.576 8.608 7.885 11.760 31.216 16.675 144.916
2001 7.920 6.909 15.895 15.575 24.123 16.135 13.215 12.920 16.215 18.229 30.939 17.005 195.080
2002 14.801 14.721 11.747 7.341 7.675 6.507 5.160 6.082 10.750 15.741 18.719 7.415 126.659
2003 24.590 13.984 9.888 21.032 14.447 12.381 13.345 8.188 1.895 1.638 3.703 22.202 147.293
2004 11.474 7.755 12.372 6.801 6.881 6.751 5.209 5.001 3.031 4.883 43.175 57.591 170.924
2005 27.140 21.345 17.927 7.044 21.290 28.908 11.390 6.703 7.537 18.460 33.719 30.288 231.751
Média 16.990 15.112 16.690 16.286 16.188 12.348 10.218 9.636 10.540 15.528 28.902 27.690 196.128
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10 Cultivo da pimenta
QUADRO 2 - Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI maio 2006) de pimenta in natura na CeasaMinas, Unidade Grande BH, no período 1996 - 2005
Mês
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Junho Julho
Julho Agosto
Agosto Setembro
Setembro Outubro
Outubro Novembro
Novembro Dezembro Média
Ano
1996 2,20 2,24 3,29 2,35 2,88 2,16 1,40 0,73 0,68 0,57 0,52 0,96 1,66
1997 1,97 1,57 1,84 2,69 3,37 1,89 1,39 1,20 0,82 0,75 0,51 0,78 1,57
1998 0,57 1,53 0,64 1,25 2,04 1,68 1,57 0,87 0,91 1,57 0,75 0,61 1,17
1999 2,15 0,51 0,73 0,63 0,82 1,44 1,50 0,95 0,88 0,55 0,44 0,38 0,91
2000 0,48 0,61 0,65 0,78 0,81 1,61 0,86 0,84 1,34 0,66 0,67 1,53 0,90
2001 0,87 2,13 1,13 0,78 1,18 1,20 2,66 0,61 0,65 1,10 0,65 0,61 1,13
2002 0,64 0,56 0,71 0,89 1,43 1,30 1,20 0,99 1,06 0,56 0,86 0,60 0,90
2003 0,53 0,72 1,00 0,53 0,51 1,86 0,68 1,57 1,37 4,62 0,72 0,41 1,21
2004 4,49 3,36 0,43 0,60 0,43 1,42 1,04 1,30 0,75 1,13 0,85 4,25 1,67
2005 1,15 1,02 0,53 2,01 1,58 0,52 1,14 1,43 1,52 0,56 0,80 0,73 1,08
Média 1,50 1,43 1,10 1,25 1,51 1,51 1,34 1,05 1,00 1,21 0,68 1,09 1,22
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Cultivo da pimenta 11
QUADRO 3 - Quantidades (kg) mensais de pimentas in natura comercializadas na Ceagesp, entreposto de São Paulo, no período 1998 - 2005
Mês
Janeiro Feverei
evereiro
ro Março Abril Maio Junho
Junho Julho
Julho Agosto
Agosto Setemb
Setembro
ro Outubro Novemb
Novembro
ro Dezembro Total
Ano
Ano
1998 33.632 24.219 24.546 20.463 19.039 15.022 20.059 24.910 19.836 17.022 18.483 24.233 261.464
1999 28.892 26.414 24.008 25.454 20.656 16.005 14.615 15.469 22.783 19.119 24.526 22.700 260.641
2000 37.566 39.606 42.212 27.917 29.002 19.526 26.091 25.243 27.510 27.428 31.603 25.878 359.582
2001 37.528 40.703 40.285 30.137 18.377 20.993 34.059 29.664 30.177 25.849 30.761 31.976 370.509
2002 38.307 34.008 38.306 32.745 32.529 19.457 24.489 23.204 22.444 28.407 34.149 28.678 356.723
2003 47.182 36.575 35.958 27.635 22.897 22.980 21.780 21.731 24.449 27.401 26.769 33.041 348.398
2004 39.339 41.954 37.753 32.794 25.447 23.101 25.134 17.615 15.585 16.292 22.710 23.626 321.350
2005 34.201 30.520 39.137 31.985 42.073 31.682 25.252 25.460 22.105 26.346 24.296 31.136 364.193
Média 37.081 34.250 35.276 28.641 26.253 21.096 23.935 22.912 23.111 23.483 26.662 27.659 330.358
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12 Cultivo da pimenta
com
mesesmenores
de maiorvolumes comercializados.
oferta são Os
maio e dezembro,
quando comercializam-se, em média, 18 mil
kg de pimenta. Nos demais meses do ano,
o volume comercializado situa-se em torno
de 13 mil kg de pimenta.
No Quadro 6, observa-se a magnitude
Gráfico
Gráfico 4 - Quantidades
Quantidades médias mensais de pimentas in natura comercializadas na
dos preços médios mensais observados, em
Ceagesp, entreposto de São Paulo, no período 1998 - 2005
valores corrigidos, no mercado atacadista
de Salvador, desde 1999. Em termos de
médias anuais, o preço ficou abaixo de R$
A evolução dos preços médios ao longo parâmetros, o que indica haver tendência 5,00 apenas no ano de 2001. Já os maiores
do ano apresenta uma variação compatível de aumento dos preços praticados e das preços ocorreram no ano de 2004, cuja média
com a variação
médias da ordem na de
oferta
R$ do produto,
1,30 por kgcom
de quantidades ofertadas nessa praça. ficou
Naacima de R$ 8,00
evolução dos por kg demédios
preços pimenta.ao
pimenta, no período de maior oferta, e Comercialização de pimenta longo do ano observa-se variação bastante
valores máximos em torno de R$ 1,70 nos na Ceasa-BA acentuada, como resposta à sazonalidade
meses de agosto a outubro (Gráfico 5). Entre janeiro de 1999 e maio de 2006, de oferta mostrada anteriormente, com
No Gráfico 6, observa-se a evolução a Centrais de Abastecimento da Bahia média, nos meses de maio e novembro, de
simultânea entre as quantidades men- (Ceasa-BA) comercializou, aproximada- R$ 4,00 por kg de pimenta (Gráfico 8). Já os
salmente ofertadas e os preços médios mente, 172 mil kg de pimenta, em média, valores máximos ao longo do ano ocorrem,
mensais na Ceagesp, o índice de evolução por ano. O maior volume de comer- em média, durante os meses de julho,
desses parâmetros tem os primeiros dados cialização ocorreu no ano de 2001, quando agosto e setembro, quando tem início a
da série assumindo valores iguais a 100. foram negociados cerca de 224 mil kg desse entressafra de algumas variedades mais
Ao longo do período, observa-se que há produto. Contudo, o menor volume co- comercializadas.
tendência sutil de elevação para ambos os mercializado ocorreu em 2005, apro- No Gráfico 9, observa-se a evolução
QUADRO 4 - Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI maio 2006) de pimenta in natura na Ceagesp, entreposto de São Paulo, no período 1998 - 2005
Mês
Janeiro Fevereiro
Fevereiro Março Abril Maio Junho
Junho Julho
Julho Agosto
Agosto Setembro
Setembro Outub
Outubro
ro Novembro
Novembro Dezembro Média
Ano
1 99 8 1 , 31 1, 2 2 1, 44 1 ,5 2 1, 5 3 1 ,6 0 1, 8 0 1, 9 7 2, 06 2, 2 2 2, 1 2 1, 83 1, 72
1 99 9 1 , 80 1, 6 5 1, 51 1 ,4 8 1, 4 4 1 ,5 7 1, 5 0 1, 6 1 1, 72 1, 6 0 1, 4 2 1, 50 1, 57
2 00 0 1 , 11 0 , 89 0 , 87 0 ,8 1 0, 9 0 1 ,0 7 1, 5 9 1, 9 4 1, 99 1, 6 5 1, 2 6 1, 46 1, 29
2 00 1 1 , 49 1, 1 8 1, 32 1 ,5 1 1, 8 8 2 ,1 0 1, 5 1 1, 3 3 1, 49 1, 3 3 1, 2 9 1, 22 1, 47
2 00 2 1 , 50 1, 3 3 1, 15 1 ,1 7 1, 2 9 1 ,4 2 1, 5 1 1, 8 9 2, 03 1, 5 3 1, 3 1 1, 63 1, 48
2 00 3 1 , 45 1, 1 7 1, 25 1 ,4 4 1, 7 2 1 ,7 8 2, 1 7 1, 7 5 1, 46 1, 5 8 1, 5 0 1, 59 1, 57
2 00 4 1 , 27 1, 1 6 1, 20 1 ,3 2 1, 2 5 1 ,6 5 1, 5 3 1, 9 0 2, 28 1, 9 8 1, 8 1 2, 07 1, 62
2 00 5 1 , 94 1, 8 1 1, 61 1 ,3 1 1, 5 3 1 ,3 7 1, 5 4 1, 6 9 1, 81 1, 6 1 1, 6 1 1, 60 1, 62
Mé di a 1 ,4 8 1, 3 0 1, 29 1 ,3 2 1 ,4 4 1 ,5 7 1, 6 4 1, 7 6 1, 8 5 1 ,6 9 1, 5 4 1, 61 1, 54
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Cultivo da pimenta 13
percebe-se
quantidadestendência de edecréscimo
ofertadas das
elevação dos
preços praticados na região.
Comercialização de pimenta
na Ceasa-GO, Ceasa-RJ,
Ceasa-PR
Gráfico 5 - Média mensal corrigidos1 de pimenta in natura na Ceagesp,
mensal dos preços médios corrigidos Nas Centrais de Abastecimento de
entreposto de São Paulo, no período 1998 - 2005 Goiás S/A (Ceasa-GO) de Goiânia, fazem-
se a discriminação de todos os tipos de
pimentas e as cotações separadamente,
talvez pela importância desse produto para
a região. Nesse mercado, as unidades para
a comercialização e cotação em 2005 (média
anual) foram para pimenta-de-cheiro com o
preço mais comum de R$4,00, máximo de
R$47,00 e mínimo de R$1,00 o quilo;
pimenta-bodee R$ 1,00-R$ 3,00-R$ 0,80 a lata
pimenta-bod
com 500 g; pimenta-cumari R$ 3,00-R$ 4,00-
R$ 1,50 a lata com 500 g; pimenta-malagueta
R$ 3,00-R$ 7,00-R$ 2,00 a lata
lat a com 700 g;
pimenta-godê (‘Cambuci’) comercializada
a R$ 10,00-R$ 20,00-R$ 3,00 a caixa de 8 kg;
pimenta-dedo-de-moça R$1,00-R$ 14,00-R$
Gráfico
Gráfico 6 - Evolução
Evolução dos índices de quantidades de pimenta in natura mensalmente 1,00 a lata com 400 g.
ofertadas e dos preços médios mensais na Ceagesp, entreposto de São Nas Centrais de Abastecimento do
Paulo - jan. 1996 = 100 Estado do Rio de Janeiro S/A (Ceasa-RJ)
QUADRO 5 - Quantidades (kg) mensais de pimentas in natura comercializadas na Ceasa-BA, Unidade Salvador, no período 1999 - 2006
Mês
Janeiro Feverei
evereiro
ro Março Abril Maio Junho
Junho Julho
Julho Agosto
Agosto Setem
Setembro
bro Outubro
Outubro Novembro
Novembro Dezembro Total
Ano
Ano
1999 15.107 4.520 13.935 9.990 14.178 14.080 12.050 14.500 21.830 23.530 18.206 21.220 183.146
2000 24.318 11.840 11.530 14.093 12.773 7.204 15.210 14.285 15.606 17.875 11.690 21.695 178.119
2001 10.845 12.137 12.520 21.421 29.107 19.810 23.748 22.470 11.910 15.350 22.104 22.790 224.212
2002 13.485 12.840 11.115 15.354 20.753 12.252 18.276 16.025 18.449 21.001 12.426 11.490 183.466
2003 17.983 12.923 11.001 10.957 13.436 13.340 21.110 14.935 14.860 21.740 12.020 17.480 181.785
2004 11.165 10.100 19.770 18.421 25.200 9.980 7.810 11.340 10.110 9.120 17.120 24.310 174.446
2005 14.040 9.625 12.140 9.510 13.810 16.010 8.990 5.760 4.300 5.360 15.595 10.710 1 25.850
12
Média 15.197 11.159 12.645 12.956 17.242 13.239 15.313 14.188 13.866 16.282 15.594 18.528 171.869
I n f o rm e A g ro p e c u á ri o , B e l o H o ri z o n t e , v . 2 7 , n . 2 3 5 , p . 7 -1 5 , n o v . / d e z . 2 0 0 6
14 Cultivo da pimenta
(R$Nas
25,42).
Centrais de Abastecimento do
Paraná S/A (Ceasa-PR) de Curitiba, os pre-
ços também são cotados para o produto
pimenta, sem explicitar tipo ou variedade.
Nesses mercados, os preços de janeiro a
dezembro de 2005 para caixa de 10 a 13 kg
variaram de R$ 11,37 a R$ 9,17. O preço
Gráfico 7 - Quantidades médias mensais de pimentas in natura, comercializadas na mais baixo foi em abril, R$ 6,65, e mais alto
Ceasa-BA, Unidade Salvador, no período 1999 - 2006 em novembro, R$ 25,00.
QUADRO 6 - Preços médios (R$) corrigidos (IGP-DI maio 2006) de pimenta in natura na Ceasa-BA, Unidade Salvador, no período 1999 - 2006
Janeiro Fevereiro
Fevereiro Março Abril Maio Junho
Junho Julho
Julho Agosto
Agosto Setembr
Setembro
o Outubro Novembro
Novembro Dezembro Média
1999 4,81 6,68 4,55 4,80 4,61 4,98 6,65 5,46 5,02 5,77 3,78 3,30 5,03
2000 3,64 4,08 5,52 3,60 4,74 8,31 9,02 8,70 6,32 3,75 3,60 5,53 5,57
2001 5,40 3,68 7,51 6,95 2,88 4,01 2,95 3,85 5,44 4,25 3,35 8,24 4,88
2002 12,19 4,77 3,82 6,28 3,77 4,96 5,46 5,52 4,97 2,97 3,18 6,52 5,37
2003 10,55 13,80 10,14 5,63 3,50 4,51 3,84 4,91 5,11 2,99 3,45 4,29 6,06
2004 4,36 5,84 3,50 5,21 6,44 6,46 12,77 16,93 14,92 9,94 7,31 5,62 8,28
2005 6,28 8,20 5,20 4,73 5,51 5,49 9,40 11,65 10,22 6,86 5,13 9,44 7,34
Média 6,63 6,52 6,00 6,02 4,62 5,53 7,16 8,15 7,43 5,22 4,26 6,13 6,14
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os trêsemaiores
Ceagesp mercados
Ceasa-BA formamCeasaMinas,
magnitu-
des distintas com relação aos volumes de
pimenta comercializados, tendo compor-
Gráfi
Gráfico
co 8 - Média mensal
mensal dos preços médios
médios corrigidos
corrigidos1 de pimenta in natura, na tamento médio e evolução de quantidade e
Ceasa-BA, Unidade Salvador, no período 1999 - 2006 preços bem distintos. A Ceagesp comer-
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Cultivo da pimenta 15
cializou volume médio anual de, aproxima- Assim, de acordo com as particu- PIMENTAS (CAPSICUM SPP.), 1.; MOSTRA
NACIONAL DE PIMENTAS E PRODUTOS
damente, 330 t, enquanto que a comer- laridades de cada mercado em relação às DERIVADOS, 1., 2004, Brasília. Anais... Brasília:
cialização na CeasaMinas foi da ordem de preferências por determinado tipo de Embrapa Hortaliças, 2004. 1 CD-ROM.
196 t e a da Ceasa-BA em torno de 172 t. A pimenta, cabe aos produtores ficarem HENZ, G.P. Perspectivas e potencialidades do
evolução dos volumes comercializados atentos às distintas oportunidades ofe- mercado para pimentas. In: ENCONTRO DO
também guarda nítida diferença. Em São recidas pelos três mercados, já que pos- AGRONEGÓCIO PIMENTAS (CAPSICUM
Paulo, na última década, a quantidade suem características nitidamente di- SPP.), 1.; MOSTRA NACIONAL DE PIMENTAS
comercializada e o preço praticado têm ten- ferenciais em relação aos preços praticados E PRODUTOS DERIVADOS, 1., 2004, Brasí-
dência levemente crescente. Em Minas nos diversos períodos. No contexto apre- lia. Anais... Brasília: Embrapa Hortaliças, 2004.
Gerais, preço e quantidade são decrescen- sentado, vale destacar as oportunidades 1 CD-ROM.
tes e o decréscimo de quantidade mostra-se oferecidas pela Ceasa-BA, com preços NASCIMENTO, W.M. Mercado de sementes de
mais acentuado. Na Ceasa-BA, o preço é nitidamente mais remuneradores e o pimentas no Brasil. In: ENCONTRO DO
AGRONEGÓCIO PIMENTAS (CAPSICUM
crescente
Além enquanto o volume
das diferenças nasé quantidades
decrescente. cuidado com o decréscimo do mercado de
Belo Horizonte. SPP.), 1.; MOSTRA NACIONAL DE PIMENTAS
E PRODUTOS DERIVADOS, 1., 2004, Brasí-
totais comercializadas, vale destacar que a
lia. Anais... Brasília: Embrapa Hortaliças, 2004.
distribuição desse volume ao longo do ano BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 CD-ROM.
guarda significativas diferenças entre os ABREU, F.R. Produção de pimenta tabasco em PIMENTA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.
três mercados, com o conseqüente di- agricultura familiar no estado do Ceará. In: org/wiki/pimenta>. Acesso em: 15 jun. 2006.
ferencial no comportamento de preços. Ou ENCONTRO DO AGRONEGÓCIO PIMENT PIMENTASAS
PIERRO, A.C. Mercado mundial de sementes de
seja, os períodos de maiores ou menores (CAPSICUM SPP.), 1.; MOSTRA NACIONAL
Capsicum. In: ENCONTRO DO AGRONEGÓCIO
preços não ocorrem simultaneamente nas DE PIMENTAS E PRODUTOS DERIVADOS, 1.,
PIMENTAS (CAPSICUM SPP.), 1.; MOSTRA
três centrais de abastecimento. 2004, Brasília. Anais... Brasília: Embrapa
NACIONAL DE PIMENTAS E PRODUTOS
Vale destacar a elevação do preço pra- Hortaliças, 2004. 1 CD-ROM.
DERIVADOS,
DERIV ADOS, 1., 2004,
200 4, Brasília. Anais... Brasília:
ticado no mercado de Salvador, quando CEAGESP. Cotações. Disponível em: <http:// Embrapa Hortaliças, 2004. 1 CD-ROM.
comparado com o dos dois outros mer- www.ceagesp.gov.br/economia>. Acesso em: 10
SCHNEID, L.F. Produção de pimenta tipo ca-
cados. Enquanto que em Salvador, o preço set. 2006. labresa em Turuçu-RS. In: ENCONTRO DO
médio anual é da ordem de R$ 6,14, em CEASA-BA. Preços. Disponível em: <http:// AGRONEGÓCIO PIMENTAS (CAPSICUM
Belo Horizonte e São Paulo é de, res- www.ebal.ba.gov.br
www .ebal.ba.gov.br/CeasaNew/Consulta
/CeasaNew/Consulta SPP.), 1.; MOSTRA NACIONAL DE
pectivamente, R$ 1,22 e R$ 1, 54, ou seja, Precos.htm>. Acesso em: 28 jun. 2006. PIMENTAS E PRODUTOS DERIVADOS, 1.,
apenas 20% do preço praticado na capital CEASA-GO. Cotação anual. Disponível em: 2004, Brasília. Anais... Brasília: Embrapa
baiana. <http://www.ceasa.goias.gov
<http://www.ceasa.goias.gov.br/cotacoes/
.br/cotacoes/ Hortaliças, 2004. 1 CD-ROM.
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16 Cultivo da pimenta
Palavras-chave: Capsicum
Capsicum.. Planta para condimento. Pungência. Melhoramento.
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Cultivo da pimenta 17
ciados por vários fatores como genético, ‘Jalapeño’ podem ser obtidas de empresas Bianchetti (1996), ao estudar a mor-
grau de amadurecimento dos frutos e produtoras de sementes. fologia e a ecologia das espécies silvestres
condições climáticas. brasileiras, obteve resultados distintos
As diferenças no ardor dos frutos são ESPÉCIES DE PIMENTA daqueles encontrados para as espécies
atribuídas aos alcalóides denominados Pimentas do gênero Capsicum pos- andinas. A maioria destas espécies andi-
capsaicinóides (ISHIKAWA et al., 1998), nas vegeta em ambientes abertos e secos,
especialmente a capsaicina e a diidro- suem a seguinte classificação taxonômica: apresenta frutos eretos, ovalados, ver-
capasaicina (ZEWDIE; BOSLAND, 2000; Divisão: Spermatophyta melhos, com sementes claras e dispersadas
BOSLAND, 1993). Tais alcalóides são Filo: Angiosper
Angiospermae
mae por pássaros. Enquanto que a maioria das
produzidos na placenta e liberados quan- Classe: Dicotiledônea espécies brasileiras vegeta em ambientes
do o fruto sofre qualquer dano físico, con- Ramo: Malvales-Tubiflorae fechados e úmidos, tem frutos pendentes,
ferindo o que se chama pungência do fruto Ordem: Solanales (Personatae) globosos, verde-amarelados, sementes
(sabor ardido ou efeito picante), carac- Família: Solanaceae escuras e, provavelmente, não são disper-
terística exclusiva do gênero Capsicum. A Por muito tempo, o gênero Capsicum sadas por pássaros e sim por outro disper-
maioria das variedades produz frutos com foi motivo de confusões taxonômicas no sor (BIANCHETTI;
(BIANCHE TTI; CARVALHO,
CARVALHO, 2005).
2005) .
o característico sabor pungente, enquanto que se refere à evolução da forma do fruto As diferentes espécies e variedades de
que as sem pungência são classificadas nas espécies cultivadas (MCLEOD et al., pimenta podem ser discriminadas por
como doces. 1979). O gênero Capsicum é composto por características morfológicas visualizadas
Existe
entre grande variabilidade
as espécies genética,
do gênero Capsicum cerca de 35
riedades). Ostáxons
táxons(espécies e suas va-
são classificados de nos frutos ase, espécies
No Brasil, principalmente, nas flores.
mais cultivadas são:
observada principalmente nos frutos que acordo com o nível de domesticação. Dessa Capsicum frutescens, Capsicum chinense,
podem apresentar diferentes formatos, forma, o gênero é constituído por cinco Capsicum annuum e Capsicum baccatum.
coloração, tamanho e pungência. Há frutos táxons domesticados, cerca de dez semi-
de pimenta de várias colorações, desde domesticados e 20 silvestres (BIAN- VARIEDA
VARI EDADES
DES DE
D E PIMENTA
PIM ENTA
vermelha (a mais comum), até preta, mas CHETTI; CARVALHO, 2005) (Quadro 1). A maioria das cultivares de pimentas
também ocorrem as cores amarela, creme e Segundo Nuez Viñals et al. (1996), as plantadas no Brasil é considerada varie-
alaranjada. As pimentas têm uso bastante espécies do gênero Capsicum tiveram dade botânica ou grupo varietal, com
variado. Algumas cultivares ou tipos origem no Continente Americano. Uma das características de frutos bem definidas
varietais são mais consumidas na forma de hipóteses sobre o surgimento e a evolução (RIBEIRO, 2004). As principais são:
saladas, cozidos ou recheados, outras, mais dessas espécies sugere que a maior parte a) C. frutescens: ‘Malaguetas’ (‘Ma-
utilizadas como condimentos, em molhos do gênero originou-se no sul da Bolívia e, lagueta’, ‘Malaguetinha’, ‘Mala-
ou em conservas. As pimenteiras também então, migrou para os Andes e terras baixas guetão’ e ‘Malagueta-amarela’) e
estão sendo utilizadas como plantas or- da Amazônia, onde surgiram novas ‘Tabasco’;
namentais, em razão da folhagem variegada, espécies.
do porte anão e dos frutos com diferentes b) C. chinense: pimenta-de-cheiro,
O Brasil é o centro secundário de
cores no processo de maturação. Além pimenta-bode, ‘Cumari-do-pará’,
diversidade da espécie domesticada C.
‘Biquinho’, ‘Murupi’ e ‘Habanero’;
disso, também são atribuídas às pimentas chinense que tem a Bacia Amazônica como
algumas propriedades medicinais (GO- área de maior diversidade. As espécies c) C. annuum var. annuum: pimenta-
VINDARAJAN, 1991). Os capsaicinóides semidomesticadas e silvestres,
silvestr es, por sua vez, doce, ‘Jalapeño’, ‘Cayenne’, ‘Ser-
estão sendo utilizados na composição de restringem-se à região andina (Argentina- rano’ e ‘Cereja’;
medicamentos para aliviar dores mus- Venezuela, até a América Central)
Centr al) e à região d) C. baccatum var. pendulum: ‘Dedo-
culares, reumáticas, inflamações, quei- litorânea brasileira. O maior número de de-moça’ e ‘Cambuci’;
maduras, nevralgias, lumbago, torcicolo, espécies silvestres está no Brasil, espe- e) C. baccatum var. baccatum e C.
etc. (BIANCHETTI;
(BIANCH ETTI; CARVALHO,
CARVALHO, 2005).
2005) . cialmente na Região Sudeste e nas regiões baccatum var. pr ae te rm is su m :
A maioria das sementes das variedades de Mata Atlântica, principal centro de ‘Cumari’.
de pimenta é produzida pelos próprios diversidade delas (REIFSCHNEIDER, 2000).
agricultores ou extraída de frutos maduros Segundo Bianchetti (1996),
(1996) , o Rio de Janeiro ‘Malaguetas’
adquiridos em feiras e outros locais de é importante centro de diversidade do gê- A ‘Malagueta’ é plantada praticamente
comércio. As pimentas ‘Malagueta’, nero com grande número de espécies sil- em todo o Brasil e é a pimenta mais
‘Dedo-de-moça’, ‘Cambuci’, ‘Doce’ e vestres. cultivada na Zona da Mata mineira, cuja
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18 Cultivo da pimenta
QUADRO
QUADRO 1 - Distribuição
Distribuição das espécies do gênero Capsicum em diferentes categorias, de acordo produção é destinada tanto para o consumo
com o grau de domesticação
in natura, quanto para a fabricação de
Grau de domesticação Espécies molhos e de conservas. As plantas são
arbustivas, vigorosas com altura de 0,9 a
Domesticadas (1)
C. annuum var. annuum 1,2 m e bastante ramificadas, princi-
(1)
C. baccatum var. pend
pendulum
ulum palmente quando o trato cultural de cortar
(1)
C. chinense
o ápice da planta é utilizado, eliminando,
assim, a dominância apical. Os frutos são,
(1)
C. frutescens
geralmente, filiformes com 1,5 a 3 cm de
C. pubescens comprimento e 0,4 a 0,5 de largura. São de
coloração verde, quando imaturos, pas-
Semidomesticadas (1)
C. annuum var. glabriu
glabriusculum
sculum sando diretamente para a coloração ver-
(1)
C. baccatum var. baccatum
melha, quando maduros. Geralmente,
(1)
existem dois a cinco frutos por inserção,
C. baccatum var. prae
praeter
termiss
missum
um
os quais são muito picantes. A colheita
C. chinense (forma silvestre) inicia-se aos 110-120 dias após a semea-
C. frutescens (forma silvestre) dura. Após esse período, os frutos come-
C. cardenasii
çam a perder água intensamente, exibindo
murchamento e até deformações (SOUZA;
C. eximium CASALI, 1984).
C. tovarii As pimentas ‘Malaguetinha’, ‘Mala-
C. chacoense guetão’ e ‘Malagueta-amarela’ são varia-
ções da ‘Malagueta’ (Fig. 1), quanto ao
C. galapagonense
tamanho e coloração dos frutos e asse-
melham-se quanto à pungência. A ‘Mala-
(1)
Silvestres C. buforum guetinha’ possui frutos de tamanho re-
(1)
C. campylopodium duzido (1,5 cm de comprimento por 0,3 a
C. chacoense var. tomentosum 0,4 cm de largura), enquanto os frutos da
‘Malaguetão’ são maiores, com tamanho
C. ciliatum
ciliatum
que varia de 3 a 4 cm de comprimento
comprimen to a 0,8
C. coccineum a 10 cm de largura. Os frutos da ‘Malagueta-
C. cornutum amarela’ são amarelos, ao invés de ver-
C. dimorphum
dimorphum
melhos, quando maduros.
As pimentas ‘Malaguetas’ são utili-
(1)
C. dusenii zadas principalmente para consumo fresco,
no preparo de conservas e molhos.
(1)
Silvestres C. flexuosum
C. geminifolium
geminifolium 'Tabasco'
C. hookerianum
A pimenta-tabasco (Fig. 2) é a mais co-
nhecida nos Estados Unidos e tem sido
C. minuflorum
cultivada no estado do Ceará, para ex-
C. lanceotatum
lanceotatum portação, na forma de pasta. Distingue-se
(1)
C. mirabile da Malagueta pela coloração dos frutos
(1)
durante a maturação, passando de verde
C. parvifolium
para amarela ou alaranjada e só depois para
(1)
C. schottianum vermelha. Os frutos são picantes, com 2,5
C. scolnikianum a 5 cm de comprimento e 0,5 de largura.
(1)
C. villosum
Pimenta-de-cheiro
FONTE: Carvalho et al. (2003). As pimentas-de-cheiro pertencem à
(1)Espécies
(1)Espécies encontradas no Brasil. espécie C. chinense, considerada a mais
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Cultivo da pimenta 19
quanto
melhos) os
sãomaduros
utilizados,(amarelos ou ver-
principalmente, em
conservas de frutos inteiros (em vinagres
ou em azeite) e em molhos.
ro
e
i ‘Cumari-do-pará’
ib
R
a
st
A ‘Cumari-do-pará’ (Fig. 6) possui
o
a
C frutos de formato triangular, com 3 cm de
d
a
v
comprimento e 1 cm de largura, coloração
il
S
a i
amarela, quando maduros, aromáticos e com
d
u
á elevada pungência. É mais comum nos
l
C
20 Cultivo da pimenta
o t o t
n i n i
P P
a
ri a
ri
e
rr e
rr
e e
F F
a a
ri ri
a a
M M
e e
id id
e l e l
C C
(Capsicum chinense)
Figura 3 - Pimenta-de-cheiro (Capsicum chinense) (Capsicum chinense)
Figura 4 - Pimenta-bode amarela (Capsicum chinense)
roi
e
o t ib
n i R
P a
a st
ri o
e
rr C
e a
F d
a a
ri v
il
a S
M a
e i
d d
i u
el lá
C C
considerada um tipo varietal relativamente apresentar frutos doces, extremamente quando maduros, aromáticos e sem ardor,
novo. É cultivada principalmente na região saborosos e aromáticos. Possui frutos de embora existam cultivares picantes desta
do Triângulo Mineiro, no estado de Minas formato triangular com a ponta bem pimenta.
Gerais, sendo consumida mais na forma de pontiaguda, formando um biquinho
conservas. Esta pimenta ganhou, (Fig. 7), com 2,5 a 2,8 cm de comprimento e ‘Murupi’
rapidamente, expressão nacional por 1,5 cm de largura, de coloração vermelha, A pimenta-murupi é muito conhecida e
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Cultivo da pimenta 21
id
de comprimento e apresenta aroma e pun- e
C
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Outras cultivares de pimenta-jalapeño
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‘Habanero’ C
( Capsicum
Figura 9 - Pimenta-habanero (Capsicum
A pimenta-habanero
pendentes possui frutos
e em forma de lanterna, outros chinense) ‘Cayenne’
A pimenta-cayenne, também conhecida
são afilados na ponta. Os tipos caribenho
caribenhoss como pimenta-vermelha, é altamente
desta pimenta são achatados nas pontas e ‘Jalapeño’ picante e pode ser consumida in natura,
assemelham-se a um boné ou gorro. A A pimenta-jalapeño, junto com a mas geralmente, é utilizada na forma
‘Habanero’ é originária da península do Yu- ‘Cayenne’, ‘Serrano’ e ‘Cereja’, constitui desidratada ou em pó. O fruto, de coloração
catã, entre o México e Belize, e foi recen- um grupo de pimentas picantes perten- vermelha, quando maduro, geralmente
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22 Cultivo da pimenta
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Cultivo da pimenta 23
‘Serrano’
A pimenta-serrano, também chamada o
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pimenta-verde, é originária do México a
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(Fig. 12). É mais pungente que a ‘Jalapeño’. rr
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comprimento e 1 cm de largura. Os frutos C
‘Cereja’
Os frutos da pimenta-cereja são pe-
quenos, redondos (Fig. 13) e levemente
achatados, de coloração verde, quando
imaturos, e vermelha, quando maduros.
Podem ou não ser pungentes, dependendo
da cultivar. São usados para a produção de
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picles e também consumidos frescos e
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em saladas. Assim como as pimentas a
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apresentar frutos de maior tamanho e, às de tamanho mediano e, geralmente com 4 e l
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24 Cultivo da pimenta
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Cultivo da pimenta 25
MELHORAMENTO DE PIMENTA
Para o sucesso de um programa de me-
lhoramento é de fundamental importância
que haja progresso genético. No entanto,
a obtenção de plantas superiores depende
da existência de variabilidade genética no
germoplasma analisado. As variações têm
que ser estáveis, independentemente dos
diferentes ambientes, onde a nova cultivar
for plantada e avaliada. A análise das
variações genéticas intra e interespecíficas
possibilita o conhecimento da organização
e estrutura das relações evolucionárias o
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ocorrentes no gênero. Além disso, são de b
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grande importância em programas de o
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gerações segregantes.
O gênero possui ampla variabilida-
de genética, evidenciada pela grande (BGH), da Universidade Federal
Feder al de Viçosa
Viçosa recursos, é de fundamental importância o
variedade de espécies. Parte desse ger- (UFV), do Centro Tecnológico da Zona da conhecimento e a organização dessa va-
moplasma tem sido conservado em bancos Mata (CTZM), da EPAMIG,
EPAMIG, e da Embrapa
E mbrapa riabilidade genética existente.
de germoplasma, tais como as coleções do Hortaliças, dentre outros (Fig. 19). En- Os programas nacionais de melho-
Banco de Germoplasma de Hortaliças tretanto, para que haja maior uso desses ramento de pimentas são restritos em
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26 Cultivo da pimenta
QUADRO 3 - Características de cultivares e híbridos de 'Pimenta-doce ' ou 'Pimenta-americana' disponíveis no mercado brasileiro
Início da Peso médio de
Híbridos/ Ciclo colheita fruto e Empresa de
Planta Cor do fruto Formato Outras
Cultivares (dias) (dias após diâmetro x sementes
características
semeadura) comprimento
Doce Italiana 100-110 Vigorosa Verde/ Cônico 200 g Sabor suave Agristar/
vermelho 5 x 18 cm Topseed
NOTA:As informações contidas neste Quadro são provenientes de catálogos e sites das empresas de sementes Sakata, Clause Tezier, Sakama,
Agristar,, Topseed,
Agristar Topseed, Feltrin
Feltrin e Isla.
função, principalmente, do pouco interes- se pelo plantio de um grande número de produção escassa de sementes por frutos,
se das companhias de sementes em co- tipos varietais. Devem ser consideradas, uma vez que estes normalmente são muito
mercializar sementes de pimenta. Além de também, a dificuldade de manusear as pequenos e, ainda, a ardência extrema dos
a área cultivada com pimenta, no Brasil
Br asil ser, pequenas flores para a execução dos cru- frutos, dificultando a extração das se-
ainda, relativamente pequena, caracteriza- zamentos e multiplicação das sementes, a mentes.
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Cultivo da pimenta 27
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28 Cultivo da pimenta
São cultivados no Brasil diferentes tem-se concentrado principalmente na re- plementares, que resulta em indi-
tipos varietais pertencentes às quatro es- sistência múltipla a doenças como murcha- víduos híbridos.
pécies domesticadas de Capsicum e, pelo de-fitóftora (Phytophthora capsici), oídio
menos, três espécies semidomesticadas (Leve
Leveilul
ilula
a taur ica ), mancha-bacteriana
taurica CONSIDERAÇÕES FINAIS
(baccatum
C. annuum var. glabriusculum , C.
var. ppra
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(ria),
Xantho
murcha-bacteriana pv.
Xanthomonas
monas campest
campestris
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( R avesicato-
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O gênero Capsicum possui ampla
variabilidade, quer seja dentre as espécies
baccatum var. baccatum ). Para serem solanacearum ), Potyvírus (PepYMV),
com variedades cultivadas, quer seja entre
aceitos comercialmente, cada tipo de pi- Tospovirus (TSWV, GRSV, TCSV, CSNV) e, as espécies silvestres. Dessa forma, di-
menta deve manter as características de mais recentemente, Geminivírus. Como versas cultivares podem ser obtidas asso-
frutos do seu grupo. Dessa forma, para o resultado deste trabalho, foram liberadas ciando características comerciais das
desenvolvimento de novas cultivares, o linhagens que estão sendo utilizadas tanto cultivares com resistência a doenças e a
melhorista deve considerar o grupo de pi- no Brasil como no exterior, a exemplo da pragas das espécies silvestres. Por outro
mentas que está trabalhando e as exigên- linhagem CNPH 148, resistente à murcha- lado, o mercado de especiarias como pi-
cias e preferências do mercado. É um pro- de-fitóftora, e da linhagem CNPH 703, pa- mentas com ou sem ardor tem aumentado
cesso trabalhoso e que leva muito tempo. drão mundial de resistência estável e du- continuamente. Diversas variedades exis-
Algumas características, como pun- rável a Xa nt ho mo na s ca mp es tr is pv.
ntho
tem à disposição do consumidor, entre-
gência, são difíceis de ser manipuladas em vesicatoria (REIFSCHNEIDER, 2000).
tanto muito deve ainda ser feito para que
função da sua grande instabilidade. Pro- Os principais métodos de melhoramento se possam satisfazer as tendências de
dutores rurais, processadores e consu- usados no desenvolvimento de cultivares mercado.
midores têm demandas muito específicas de pimenta são:
em termos de pungência esperada para a) mét
método
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genealóg
lógico
ico ou pedi-
pedi- REFERÊNCIAS
diferentes tipos de pimentas e de produtos gree: baseia-se na seleção indivi- AGRISTAR. Topseed Garden. Pimenta .
à base de pimenta. Além disso, a produção dual de plantas superiores e cuja Disponível em: <http://www
<http://www.agristar.com
.agristar.com.br/
.br/
e concentração de capsaicinóides na pla- mance é avaliada por meio de
performance
perfor garden/produtog.php>. Acesso em: set. 2006.
centa de frutos de pimenta varia tanto em testes de seus descendentes, as
função do genótipo quanto das condições progênies; AGRISTAR. Topseed Premium. Pimenta-doce
ambientais em que as plantas estão sendo híbrida. Disponível em: <http://www.agristar.
cultivadas. b) método
método descen
descendent
dentee de uma
uma única
única com.br/premium/produto.htm>. Acesso em: set.
É crescente o interesse dos mercados semente - Single Seed Descent 2006.
nacional e internacional por cultivares de (SSD): onde as gerações são avan-
çadas, tomando-se uma única se- BIANCHETTI, L. de B. Aspectos mor-
pimentas-doces para
industrial, na forma processamento
de pó (páprica). No mente de cada indivíduo em cada fológicos, ecológicos e biogeográficos de dez
geração, até chegar a um nível sa- táxons de Capsicum (Solanaceae) ocorrentes
desenvolvimento de cultivares de pimenta-
tisfatório de uniformidad
uniformidade;
e; no Brasil. 174p. Tese (Mestrado em Botânica)
doce para páprica, a coloração dos frutos - Universidade de Brasília, Brasília.
maduros é a principal característica con- c) retrocru
retrocruzam
zamento
ento:: envolve
envolve o cruza-
cruza-
siderada. Quanto maior o teor de pigmen- mento de uma cultivar selecionada _______;; CARVALHO,
_______ CARVALHO, S.I.C. Subsídios
Subs ídios à coleta de
tos vermelhos, mais intensa é a coloração com um genitor que possua uma ou germoplasma de espécies de pimentas e pimentões
do pó. Os teores destes pigmentos são poucas características de grande do gênero Capsicum (Solanáceas). In: WALTER,
influenciados por vários fatores como interesse; B.M.T.; CA
CAVVALCANTI, T.B. Fundamento
Fundamentoss para
em
doceconta
paranoprodução
melhoramento de pimenta-
de páprica, pois e) método
método de retro
retrocruz
cruzamen
amentoto de Capsicum . Capsicum and Eggplant
Newsletter, n.12, p.25-31, 1993.
influenciam diretamente no rendimento linhagens - Inbred Backcross Line
industrial e na redução do consumo de System (IBLS): é uma mistura dos CASALI, V.W.D.; STRINGHETA, P.C.
métodos de retrocruzamento e SSD; Melhoramento de pimentão e pimenta para fins
energia necessário para a desidratação dos
industriais. Informe Agropecuário , Belo
frutos. f) hibridaç
hibridação:
ão: cons
consiste
iste no cruz
cruzamen
amento
to
Horizonte, ano 10, n.113, p.23-24, maio 1984.
Há mais de duas décadas, o Programa de dois genitores, geneticamente
de Melhoramento da Embrapa Hortaliças distintos e com características com- CARVALHO, I.C.S.; BIANCHETTI, L.B.;
I n f o rm e A g ro p e c u á ri o , B e l o H o ri z o n t e , v . 2 7 , n . 2 3 5 , p . 1 6 -2 9 , n o v . / d e z . 2 0 0 6
Cultivo da pimenta 29
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30 Cultivo da pimenta
INTRODUÇÃO racterizando-se tipicamente como agri- gência e no vigor das plântulas e pode
cultura familiar. também interferir na produtividade fi-
As pimentas ( Capsicum spp.) são
O cultivo de qualquer espécie de planta nal. Assim, a utilização de semente de alta
cultivadas em diferentes regiões do Brasil, propagada sexualmente, incluindo as qualidade é fundamental para obtenção
seja de clima subtropical, como no Sul, se- pimentas, deve começar com a utilização de hortas e/ou lavouras uniformes e pro-
ja de clim
climaa tro
tropica
pical,l, como no Nort
Nortee e
Nordeste. O cultivo de pimentas, con- de sementes de boa qualidade. A semente dutivas.
é, portanto, um insumo de grande re-
siderado até pouco tempo como uma levância no processo produtivo. MERCADO DE SEMENTES NO
atividade secundária, tem sofrido gran- Desde a fecundação do óvulo até o mo- BRASIL
des transformações e assumido grande mento da semeadura, a semente está sujeita
importância para o País. Essas trans- a uma série de condições adversas que São cinco as principais espécies bo-
formações visam atender às demandas determinam sua qualidade, refletindo po- tânicas cultivadas no Brasil: Capsicum
internas e externas do mercado consumi- sitiva ou negativamente na produtividade frutescens (‘Malagueta’, ‘Malaguetinha’,
dor. A agregação de valor ao produto, seja da cultura. A qualidade de um lote de se- ‘Malaguetão’ e ‘Tabasco’); Capsicum
na forma de molhos, conservas, geléias, mentes compreende uma série de caracte- baccatum (‘Dedo-de-moç
(‘Dedo-de-moça’,a’, ‘Chifre-de-
pimenta desidratada em pó (páprica), den- rísticas ou atributos que determinam o seu veado’, ‘Chapeu-de-frade’, ‘Cambuci’ e
tre outras, tem contribuído para amplia- valor para a semeadura. Esses atributos ‘Sertaõzinho’); Capsicum chinense
ção do setor. Além disso, apresenta-se referem-se à sua qualidade genética, física, (‘Bode’, ‘De-cheiro’ e ‘Murici’); Capsicum
ainda como
portância um segmento
social, de de
pois trata-se grande im-
uma cul- fisiológica e sanitária.
semente reflete-se A alta qualidade
diretamente da
na cultura,
praetermissum (‘Cumari’ e ‘Passarinho’) e
praetermissum
Capsicum annuum (pimenta-doce e pi-
tura que utiliza elevada mão-de-obra, ca- resultando em maior uniformidade na emer- menta-verde). As pimentas mais cultivadas
1
Engo Agro, Ph.D., Pesq. Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70359-970
70359-970 Brasília-DF. Correio eletrônico:
eletrônico: wmn@cnph.embrapa.br
wmn@cnph.embrapa.br
2
Enga Agra, D.Sc., Prof a UFV - Depto Fitotecnia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: dcdias@ufv.br
3
Enga Agra, Pesq. Embrapa Hortaliças, Caixa
Caixa Postal 218, CEP 70359-970 Brasília-DF
Brasília-DF.. Correio eletrônico:
eletrônico: raquel@cnph.embrapa.br
raquel@cnph.embrapa.br
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Cultivo da pimenta 31
no País, como a ‘Malagueta’, ‘Bode’, ‘De- produzir sua própria semente, pois as mentes de pimentão e, assim, prova-
cheiro’, ‘Dedo-de-moça’ e ‘Cumari’ são, na pimentas não são protegidas pela Lei de velmente incluídas sementes de pimenta ou
verdade, nomes populares e consideradas Proteção de Cultivares (BRASIL, 2006) e, Capsicum.
variedades botânicas ou grupos varietais. teoricamente, o manejo e as características O mercado brasileiro de sementes de
E isso, às vezes confunde não só produ- de um campo de produção de sementes não n ão pimenta é dividido entre empresas na-
tores, mas também técnicos da cadeia diferem muito daquele destinado à pro- cionais ou grandes grupos multinacio-
produtiva, o que torna um problema para a dução comercial de pimentas. Assim, nais, sendo a comercialização das sementes
produção, comercialização e fiscalização apesar de o Brasil ser o centro de origem e feita por distribuidores ou revendas para
das sementes. Cada região tem um nome diversidade do gênero Capsicum e um atendimento em todo o território nacional.
popular para cada tipo de pimenta, o que grande consumidor de pimentas nas dife- Atualmente, com a utilização cada vez mais
dificulta a identificação correta da cultivar. rentes culinárias regionais e também um freqüente da Internet, podem-se observar
Apenas como exemplo, a cultivar Chapéu- exportador, o mercado formal de sementes diferentes sites brasileiros que disponi-
de-bispo, Chapéu-de-frade ou Cambuci é de pimenta é bastante pequeno, mas com bilizam informações de cultivares e vendas
comercializada como pimenta por uma tendência de crescimento. Em 2003, o valor de sementes de pimenta.
empresa de sementes e, como pimentão, de comercialização de sementes de pimen- Com algumas exceções, o cultivo de
por outra. ta no Brasil foi de R$ 233.174,00, repre- pimentas nas diferentes regiões do País é
Existem poucas cultivares comerciais sentando apenas 0,1% do mercado de se- ainda feito por pequenos agricultores, em
desenvolvidas no Brasil por meio dos raros mentes de hortaliças. O preço pago por
programas de melhoramento genético, quilo de sementes em nível de produtor
como por exemplo, aquelas cultivares do tem variado entre R$ 40,00 (‘Cambuci’) a
Instituto Agronômico de Campinas (IAC). R$ 400,00 (‘De-cheiro’).
A Embrapa Hortaliças também vem de- Além da produção interna de sementes
senvolvendo cultivares de pimenta, tanto de pimentas que é realizada no País em
destinadas ao mercado in natura, como diferentes Estados (principalmente
(principalmente no RS,
para processamento. Por outro lado, ape- MG, GO e PE), (Fig. 1 e 2), o Brasil recorre à
nas para citar o grupo das ‘Malaguetas’, importação para atender à demanda interna.
e
existem registradas no Serviço Nacional de Apenas em 2002, o País importou cerca de a
l
vi
rt
Proteção de Cultivares (SNPC) do Mi- 191 kg de sementes no valor de US$ 20.943.
20.9 43. o
H
nistério de Agricultura, Pecuária e Abas- É possível que esses valores sejam maio- Figura 1 - Produção de sementes de
tecimento (MAPA), cerca de 58 cultivares res, uma vez que de 2002 a 2003 foram pimenta-de-cheiro (Capsicum
(Capsicum
provenientes de diferentes obtentores importadas grandes quantidades de se- ), em Petrolina, PE
chinense),
chinense
nacionais ou estrangeiros. Diferentemente
do pimentão, a maioria das cultivares de
pimenta comercializadas no País é de po-
linização aberta. Dados recentes do mer-
cado de sementes já apresentam pequenas
quantidades de sementes híbridas sendo
comercializadas.
Devido ao mercado limitado e a as-
pectos peculiares da produção de sementes
de pimenta, como baixo rendimento,
dificuldade de extração, problemas re-
lacionados com qualidade fisiológica,
dentre outros, existe, até então, um certo
o
desinteresse por parte das empresas de n
e
t
m
sementes pelo desenvolvimento de novas csi
a
cultivares, pela produção e até mesmo pela s
N
o
comercialização de sementes. Além disso, rc
a
M
o mercado de sementes de cultivares de y
e
rl
a
polinização aberta de pimenta pode ser W
limitado, uma vez que os produtores podem Figura 2 - Produção de sementes de pimenta-amarela (Capsicum
(Capsicum frutescens),
frutescens), em Orizona, GO
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um sistema de agricultura familiar. Nesse taminação genética por insetos (micro- utilizados tratamentos específicos capazes
sistema, para a implantação dos campos himenópteros), que perfuram botões florais de promover a superação da dormência.
de pimenta, vários produtores têm utiliza- em busca de pólen e néctar. Sementes recém-colhidas de espécies
do sementes próprias, ou seja, obtidas na do gênero Capsicum, no qual se incluem o
própria lavoura, sem uso de tecnologias Germinação e dormência pimentão e as pimentas, podem apresentar
adequadas para sua produção. A utilização Sementes de diversas espécies são ca- dormência (LAKSHMANAN; BERKE,
de sementes provenientes de frutos adqui- pazes de germinar logo após a colheita, 1998; BOSLAND, 1999; NASCIMENTO et
ridos em mercados e feiras também tem sido basta, para isso, que sejam fornecidos al., 2006). Há diversos relatos evidencian-
verificada. Com isso, obtêm-se sementes requisitos básicos para a germinaçã
germinação,
o, prin- do que a emergência das plântulas de pi-
de baixa qualidade. cipalmente suprimento adequado de umi- mentas é lenta e irregular mesmo sob con-
dade, temperatura e oxigênio. Para outras dições favoráveis (GERSON; HONMA,
ASP ECTOSS RELACIO
ASPECTO RELA CIONAD
NADOS
OS espécies, entretanto, a germinação é de- 1978; R ANDLE; HONMA, 1981;
COM A PRODUÇÃO DE suniforme ou simplesmente não ocorre, EDWARDS; SUNDSTROM, 1987;
SEMENTES mesmo que as condições de ambiente LAKSHMANAN; BERKE, 1998). Para
sejam favoráveis (Fig. 3). Tais sementes são Randle e Honma (1981), ao avaliarem
Forma de polinização ditas dormentes, pois embora estejam sementes de 19 cultivares representantes
outros genótipos, devido ao risco de con- Figura 3 - Desuniformidade de germinação de sementes de pimenta
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Cultivo da pimenta 33
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quais podem apresentar dormência. Uma (FARIA JÚNIOR, 2004; NASCIMENTO, solo recomendadas para a produção de
vez constatada a ocorrência de dormência, 2005). frutos. É desejável, portanto, buscar uma
as sementes deverão ser armazenadas por A qualidade da semente utilizada no época do ano com temperaturas e umidade
determinado
quatro meses,período, geralmente
para que de três
o fenômeno sejaa processo
fatores a de
serprodução é umpara
considerado dos aprincipais
implan- relativas mais baixas.
baixaso. O
além de minimizar clima seco
problema de eincidên-
ameno,
superado. Assim, a semeadura de se- tação do campo de produção. Assim, a cia de doenças, não prejudica a produção
mentes de pimenta recém-extraídas do fruto semeadura deve ser realizada com semen- e contribui para a obtenção de sementes
pode representar um risco para a obtenção tes de boa qualidade, levando-se em conta de alta qualidade, com menores riscos de
de estandes uniformes, contribuindo para os atributos de qualidade genética, física, perda de produção. Entretanto, tempe-
a elevação do gasto de sementes. fisiológica e sanitária. Mesmo assim, o raturas baixas na época da floração podem
Tratamentos de hidratação e desidra- tratamento químico é uma prática indis- reduzir a produção.
tação, conhecidos como condicionamento pensável nesse momento. Deve-se preferir A área destinada à produção de semen-
osmótico (priming) das sementes, também bandejas multicelulares, que contenham tes certificadas deve variar de um mínimo
melhoram a performance durante a ger- substrato comercial adequado para a pro- de 0,2 hectare a um máximo de 2 hectares,
minação. Essa técnica consiste em pré- dução de mudas. As bandejas mais uti- ser de fácil acesso, bem localizada, plana
embeber as sementes em água ou em uma lizadas ainda são as de poliestireno ex- ou suavemente inclinada, arejada, de pre-
solução osmótica por período e tempe- pandido (isopor), mas as plásticas de ferência não cultivada recentemente com
ratura determinados, de modo que restrinja polietileno vêm ganhando cada vez mais outras solanáceas. Deve apresentar solo
a quantidade de água absorvida. Assim, espaço no mercado. A profundidade da leve, profundo, bem drenado, rico em ma-
as sementes absorvem água até um nível semeadura deve ser de no máximo 1 cm. As téria orgânica e nutrientes e estar livre de
que permita a ativação de eventos meta- bandejas devem ser mantidas preferen- plantas daninhas, pragas e doenças li-
bólicos essenciais à germinação sem, cialmente em telados protegidos por telas mitantes para a cultura de pimenta.
contudo, emitir a raiz primária (KHAN, 1992; antiafídicas, evitando-se, assim, a entrada
NASCIMENTO, 1998). Sementes osmo- de insetos-vetores de viroses. Devem-se Instalação do campo de
condicionadas de pimenta germinam mais manter os telados livres de plantas da- produção de sementes
rápido, principalmente em condições ninhas, pois estas podem favorecer a pro- O preparo do solo deve ser bem-feito,
subótimas de temperatura (10oC-15oC) liferação de patógenos e de insetos-vetores começando pelo enterramento profundo
(RIVAS
(RIV AS et al., 1984). Sundstrom et al. (1987) de doenças. A irrigação deve ser realizada dos restos da cultura anterior. O espa-
observaram que o condicionamento osmó- com água de boa qualidade, evitando uti- çamento entre fileiras pode ser até 50%
tico acelerou a velocidade de germinação lizar água que escorra de lavouras conta- maior do que o comumente utilizado na
de sementes de Capsicum frutescens. minadas por doenças. São necessárias de produção de frutos, permitindo maior fa-
100 a 200 g de sementes, dependendo da cilidade na execução dos tratos culturais,
cilidade na execução dos tratos culturais,
Produção de mudas e espécie, para suprir a necessidade de maior espaço para a observação das plantas
transplantio mudas para um hectare. durante as inspeções de campo (roguing)
A produção de mudas deve ser encara- É essencial a adoção de práticas de se- e alteração do microclima em favor da
da como uma etapa inicial do processo gurança fitossanitária, para evitar a con- cultura. Espaçamentos menores (abaixo de
produtivo e, atualmente, tem-se tornado taminação das mudas com patógenos e 0,5 m) podem favorecer a ocorrência e trans-
trans -
uma atividade de alta tecnologia. No sis- insetos. missão de pragas e doenças entre as
tema de produção de mudas, a emergência O transplantio das mudas para o local plantas, além de dificultar as inspeções no
das plântulas é maximizada, devido às definitivo deve ser realizado, quando as campo de produção de sementes.
melhores condições de germinação e fa- mudas apresentarem de seis a oito folhas
cilidade na realização dos tratos culturais (10 a 15 cm de altura), o que corresponde a Tratos culturais
no início do estabelecimento das plântulas. 30 a 45 dias para o pimentão e 50 a 60 dias O cultivo de pimentas destinadas à
Além disso, o transplantio das mudas para a maioria das pimentas (FINGER; produção de sementes segue as mesmas
permite a implantação de campos com alta SILVA, 2005). exigências e tratos culturais do cultivo de
uniformidade, além de reduzir os riscos do pimentas para comercialização. Semeadu-
período inicial do desenvolvimento da Escolha da área ra, obtenção de mudas, transplantio, adu-
cultura, garantindo o espaçamento e/ou A produção de sementes de pimentas bação, controle de pragas, doenças e de
estande mais adequado. Esse sistema de pode ser desenvolvi
desenvolvida
da nas próprias regiões plantas espontâneas são práticas similares.
produção elimina a prática do desbaste e sob semelhantes condições de clima e A adubação deve-se basear na análise
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Cultivo da pimenta 35
de solo. É importante salientar que o esta- características da planta, flores, tamanho, biente. Inicia-se, então, um período de
do nutricional das plantas reflete-se na formato e coloração dos frutos, o que armazenamento no campo que pode
composição química das sementes em permitirá obter sementes de alta qualidade comprometer a qualidade da semente, já
desenvolvimento,
mazenados na semente e que osirão
nutrientes
suprir ar-
os genética,
1985). fisiológica e sanitária (GEORGE, que ela ficaquando
se agrava expostaoàsfinal
intempéries, o que
da maturação
elementos necessários para o estabe- coincide com períodos com alta incidência
lecimento da plântula, em seus estádios Colheita dos frutos de chuvas.
iniciais (CARVALHO; NAKAGAWA, As pimentas são plantas de crescimen- Em espécies onde o florescimento é
2000). to indeterminado com floração contínua, contínuo, como nas pimentas, a mesma
As pulverizações devem ser efetuadas apresentam, na época de colheita, frutos e, planta apresenta frutos em diferentes es-
sempre que necessárias, para manter as em conseqüência, sementes em diversos tádios de maturação, o que dificulta
plantas livres de pragas e doenças. Sabe- estádios de desenvolvimento e graus de determinar a época ideal para a colheita, vi-
se que importantes doenças que ocorrem maturidade fisiológica. A maturidade sando à obtenção de sementes de alta qua-
na cultura podem ser transmitidas pe- fisiológica da semente tem sido definida lidade (Fig. 4). Contudo, um período de
las se mentes, como a a ntra cnose como a ocasião em que cessa o fluxo de repouso ou armazenamento dos frutos após
( C o lle to tr ic h u m spp.), a mancha- substâncias fotossintetizadas da planta a colheita, antes da extração das sementes,
bacteriana ( Xa ntntho
ho mo
monana s ca mp
mpes
es tr is para a semente,
de matéria seca ou seja, quando
é máximo o conteúdo
(CARVALHO; permite
maduras,que estas, ainda
completem não totalmente
sua maturação, en-
pv. vesicatoria) e o cancro bacteriano
( Clavibacter michiganensis subsp. NAKAGAW
NAKAGA WA, 2000). Esta
E sta característica
caracter ística é quanto as já maduras terão sua qualidade
michiganensis) (LOPES; ÁVILA, 2003). o melhor e mais seguro indicativo da preservada por manterem-se em equilíbrio
Para fins de extração de sementes, deve-se ocorrência da maturidade fisiológica. Em osmótico dentro do fruto, ou seja, com alto
evitar a colheita de frutos em plantas com geral, o ponto máximo de germinação e vigor grau de umidade. Dessa forma, o emprego
sintomas dessas doenças. ocorre, quando a semente atinge o máximo adequado dessa técnica pode permitir co-
O sistema de irrigação deve ser pre- conteúdo de matéria seca. Isso é verificado lheitas precoces, diminuindo o tempo de
ferencialmente por infiltração e/ou go- principalmente nas espécies cujas se- permanência no campo, a fim de evitar
tejamento. A aspersão deve ser evitada, mentes estão contidas em frutos carnosos, riscos com possíveis condições desfa-
reduzindo, assim, a incidência de doenças como é o caso das pimentas. Assim, o re- voráveis. Além disso, este procedimento
pelo contato direto da água com as folhas conhecimento prático da maturidade reduz o número de colheitas, colhendo-se
e frutos. fisiológica assume grande importância, simultaneamente frutos em diversos está-
Além dos tratos culturais normais, pois caracteriza o momento em que a dios de maturação, extraindo imediatamen-
algumas práticas específicas devem ser semente deixa de receber nutrientes da te as sementes dos frutos maduros e sub-
aplicadas à produção de sementes. O es- planta e passa a sofrer influência do am- metendo os demais a um período adequado
taqueamento das plantas evita o seu tom-
bamento e garante níveis mais elevados de
qualidade fitossanitária nas sementes. A
desbrota das primeiras ramas laterais
contribui para ventilar o colo das plantas e
permite economizar energia para a formação
das sementes.
Em se tratando de produção de se-
mentes, a prática de inspeção ou roguing,
torna-se obrigatória. Esta operação con-
siste na eliminação
doentes de plantas
da mesma espécie ou atípicas
de outrase
espécies silvestres e cultivadas, visando, o
n
t
e
portanto, à garantia da pureza genética e m
csi
a
sanitária das sementes. Assim, durante o s
N
o
ciclo da cultura nos diversos estádios de cr
a
M
desenvolvimento (vegetativo, floresci- y
e
rl
mento e frutificação) são imprescindíveis a
W
as inspeções de campo. Devem-se observar Figura 4 - Desuniformidade na maturação dos frutos de pimenta
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Cultivo da pimenta 37
ultrapassar os 30oC, sob pena de danifi- annuum e de Capsicum frutescens contém condições adequadas para preservar sua
car o sistema de membranas das célu- de 150 a 165 sementes (BRASIL, 1992). O qualidade até o momento do plantio. A
las embrionárias. Esse processo de pré- peso de 100 sementes variou de 0,15 g embalagem utilizada está entre os fato-
secagem lenta pode ser efetuado também (‘Cumari-do-pará’) a 0,68 g (‘Cambuci’) res que influenciam sua conservação no
em salas adequadas, equipadas com re- (SOARES et al., 2005). decorrer do armazenamento. O acondi-
sistências elétricas e ventiladores, ou cionamento das sementes em embalagens
ainda utilizando-se estufas elétricas com Tratamento das sementes adequadas contribui para a preservação da
ar forçado, reguladas à temperatura de O tratamento das sementes visa redu- qualidade original do lote, fazendo com que
30oC. Uma vez eliminada a umidade su- zir possíveis infecções e/ou infestações de este chegue perfeito ao destino e apresente
perficial, as sementes devem ser trans- microrganismos nas sementes, além de um bom desempenho na nova semeadura.
feridas para estufas elétricas reguladas a proteger a planta na fase inicial do estabe- Assim, a embalagem das sementes é
38oC, onde devem permanecer de 24 a 48 lecimento da cultura. Esse período é consi- importante não apenas para o transporte,
horas até atingir um grau de umidade pró- derado crítico, pois as plantas apresentam, armazenamento e comercialização, mas
ximo a 6%. nesta fase, sistema radicular e parte aérea também para a conservação da qualidade
reduzida, de forma que a incidência de mi- sob determinadas condições ambientais de
Beneficiamento das crorganismos pode causar danos consi- temperatura e umidade relativa do ar
sementes deráveis e redução no estande. (POPINIGIS, 1985). O tipo de embalagem
Conforme já mencionado, após a ex- O tratamento de sementes destinadas utilizada exercerá grande influência na
tração e lavagem das sementes, realiza-se ao comércio formal é realizado em tratado- preservação da qualidade da semente
uma limpeza no lote de sementes, eli- res mecânicos de fluxo contínuo, que durante o armazenamento.
minando quase a totalidade das impurezas. adicionam doses corretas de produto quí- As sementes de pimenta devem ser
Mesmo assim, os lotes podem apresentar mico às sementes de maneira automática, acondicionadas em embalagens herméti-
pequena quantidade de impurezas (restos permitindo uma cobertura uniforme da sua cas (latas ou sacos de papel aluminizado),
de placenta e de polpa) e sementes de superfície. A produtividade desses equi- atentando-se para o fato de que para esse
qualidade inferior (imaturas, chochas, de- pamentos é geralmente bem maior do que tipo de embalagem, o grau de umidade das
formadas, etc.), sendo necessário ope- o da betoneira ou tambor rotativo, cujo sementes deve estar próximo de 6%.
rações de limpeza para o aprimoramento do processo é intermitente, menos eficiente e O teor de água das sementes e a tem-
lote no que se refere à qualidade física e eficaz. O tratamento pode ser feito com peratura de armazenamento são os dois
fisiológica da semente. O beneficiamento produtos de amplo espectro de ação (por fatores físicos que mais afetam a qualida-
de sementes de pimenta pode ser efetuado exemplo: Thiram ou Captan), na dosagem de das sementes durante o armazenamento
e, quando elevados, aceleram o processo
em mesa de gravidade e/ou soprador de 2 a 3 g de produto comercial por quilo
pneumático. de sementes. Além do tratamento químico, de deterioração das sementes. Sementes
as sementes podem receber tratamento armazenadas em ambiente com níveis
Rendimento de sementes físico, como a termoterapia. Grondeau e elevados de umidade relativa e/ou tem-
O rendimento de sementes é variável Samson (1994) sugerem como medida de peraturas altas ou oscilantes estão também
em função do clima, do solo, do manejo
man ejo da controle da mancha-bacteriana (Xa
Xant
ntho
homo
mona
nass mais predispostas à ação de micror-
cultura, da cultivar e se a espécie é do tipo campestris pv. vesicatoria ) em pimentão, ganismos, como as espécies de fungos
pungente ou doce. Segundo George (1985), o tratamento das sementes com água quen- pertencentes aos gêneros Asperg illu illuss e
os tipos pungentes geralmente alcançam te (52°C por 30 min). É importante ressaltar Penicillium , os quais também deterioram
maiores produtividades que os tipos do- que esse tipo de tratamento requer rigo- as sementes, reduzindo sua germinação e
ces. Materiais do tipo pungente produzem roso controle do binômino temperatura e vigor. No entanto, os fungos causadores
de 25 a 100 g de sementes por quilo de fru- tempo de exposição. Além disso, sementes de deterioração em sementes armazenadas
tos, enquanto que naqueles do tipo doce, tratadas por termoterapia apresentam maior podem-se associar às sementes ainda no
o rendimento é de 5 a 50 g de sementes taxa de deterioração durante o arma- campo (MACHADO, 2000). Quanto maior
por quilo de frutos. Segundo o autor a pro- zenamento em comparação às sementes o grau de umidade da semente armazenada,
dução satisfatória está entre 100 e 200 kg não tratadas (MACHADO, 2000). maior será o número de fatores adversos à
de sementes por hectare. Para pimentas do conservação da sua qualidade. O baixo
tipo ‘Jalapeño’, têm sido obtidas pro- Embalagem e grau de umidade das sementes é um dos
duções de 3 kg de sementes por 100 kg de armazenamento das fatores mais importantes na manutenção
frutos (LOBO JÚNIOR et al., 2000). sementes da germinação e vigor das sementes, uma
Cada grama de sementes de Capsicum A semente é um ser vivo que requer vez que quanto menor o grau de umidade,
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menor será a atividade dos agentes de- as RAS ainda não tenham descrito testes um risco para a obtenção de estandes
terioradores. para detectar o vigor de sementes, essa uniformes, o que contribui para a elevação
Apesar de o teor de água da semente avaliação tornou-se rotina nas companhias de seus gastos.
ser considerado o fator mais importante, produtoras de sementes e tem evoluído à
uma vez que seu aumento eleva a ativida- medida que os testes disponíveis vêm sen- REFERÊNCIAS
de metabólica das sementes, a temperatu- do aperfeiçoados, permitindo a obtenção BELLETTI, P.; QUAGLIOTTI, L. Problems of
ra de armazenamento contribui signi- de resultados consistentes e reproduzíve
reproduzíveis,
is, seed production
production and storage of pepper. In: IN-
ficativamente, afetando a velocidade dos facilitando, assim, a tomada de decisões TERNATIONAL SYMPOSIUM OF INTE-
processos bioquímicos e interferindo in- durante o manejo dos lotes de sementes. GRATED MANAGEMENT PRATICES, 1988,
diretamente no teor de água das sementes. Esses testes são, portanto, componentes Tainan, Taiwan. Proceedings… Tomato and
Conseqüentemente, o período de via- essenciais de programas de controle de pepper production in the tropics. Taipei: Asian
bilidade da semente pode ser aumentado qualidade, tendo em vista evitar o manuseio Vegetable Research and Development Center,
não somente pela redução da umidade, mas e a comercialização de sementes de qua- 1989. p.28-41.
também pela redução da temperatura de lidade inadequada. Em pimentão, os testes BOSLAND, P.W.; VOTAVA, E.J. Peppers:
armazenamento. Este deve ser feito de de envelhecimento acelerado e dete- vegetable and spice capsicums. Wallingford: CAB
preferência em ambiente refrigerado, com rioração controlada são os mais indicados International, 1999. 204p. (CAB. Crop
temperatura próxima a 4oC, se as sementes para a classificação dos lotes de sementes Production Science in Horticulture, 12).
estiverem acondicionadas em embalagens em função dos níveis de vigor (PANO-
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma
herméticas. Secas e resfriadas, as sementes BIANCO; MARCOS FILHO, 1998;
Agrária. Regras para análise de sementes .
reduzem a atividade metabólica, consomem TORRES; MINAMI, 2000). O teste de en- Brasília, 1992. 365p.
menos energia pela respiração e mantêm velhecimento acelerado (com solução
sua viabilidade por períodos mais pro- salina), a 38oC e 41oC, por 72 horas, de- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
longados. monstrou eficiência para detectar níveis de Abastecimento. Serviço Nacional de Proteção de
qualidade fisiológica de sementes de pi- Cultivares . Disponível em: <http://www.
Av aliaçã
Avali açãoo da qua
qualid
lidad
adee da
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A avaliação da qualidade das semen- CONSIDERAÇÕES FINAIS Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.
tes realizada em amostra representativa do A qualidade das sementes é um fator ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.
lote de sementes constitui um fator fun- de extrema importância para o processo
damental e de grande valia para os diversos
diverso s produtivo. A utilização de sementes pró- EDWARDS, R.S.; SUNDSTROM, F.J. After-
ripening and harvesting effects on tabasco pepper
segmentos que compõem o sistema de prias, ou seja, obtidas na própria lavoura, seed germination performance. HortScience,
produção de sementes. As sementes devem sem utilização de tecnologias adequadas Alexandria, v.22, n.3, p.473-475, 1987.
ser enviadas para laboratórios creden- para a produção, leva à obtenção de se-
ciados pelo MAPA para determinação da mentes com menor qualidade genética, FARIA JÚNIOR, P.A.J. Sistemas de produção de
sua qualidade. física, fisiológica e sanitária. É importante mudas hortícolas em ambiente protegido. In:
As RAS (BRASIL, 1992) prescrevem ressaltar que os estudos referentes à dor- ENCONTRO NACIONAL DO AGRONEGÓCIO
todos os procedimentos e informações para PIMENTAS ( Capsicum spp.), 1.; MOSTRA
mência em sementes de pimentas ainda não
os diferentes testes e determinações da NACIONAL DE PIMENTAS E PRODUTOS
são conclusivos. Entretanto não se pode
qualidade das sementes, funcionando DERIVADOS,
DERIVADOS, 1., 2004, Brasília.
B rasília. Anais... Brasília:
deixar de considerar que a aplicação de tra-
Embrapa Hortaliças, 2004. 1 CD-ROM.
como um guia para os laboratórios. As tamentos para a superação da dormência
análises de pureza física e da qualidade em sementes de pimenta só se faz ne- FINGER, F.L.; SILVA, D.J.H. Cultura do pimentão
fisiológica, esta última determinada pelo cessária, quando há interesse na avaliação e pimentas. In: FONTES, P.C.R. (Ed.).
teste de germinação, são essenciais e do potencial máximo de germinação de Olericultura: teoria e prática. Viçosa, MG: UFV,
exigidas pela fiscalização para a comer- sementes recém-colhidas, as quais podem 2005. p.429-437.
cialização das sementes. apresentar dormência. Uma vez constatada GEORGE, R.A.T. Vegetable seed production.
As RAS estabelecem procedimentos a ocorrência de dormência, as sementes New York: Longman, 1985. 318p.
para outros testes e determinações, como deverão ser armazenadas por determinado
o grau de umidade das sementes e o teste período, geralmente de três a quatro meses, GERSON, R.; HONMA, S. Emergence response
para que o fenômeno seja superado. Assim, of the pepper at low soil temperature. Euphytica,
de sanidade. Este último permite identifi-
Dordrecht, v.27, n.1, p.151-156, Feb. 1978.
car e quantificar a incidência dos micror- a semeadura de sementes de pimenta
ganismos associados às sementes. Embora recém-extraídas
recém-extra ídas do fruto pode representar GRONDEAU, C.; SAMSON, R. A review of
I n f o rm e A g ro p e c u á ri o , B e l o H o ri z o n t e , v . 2 7 , n . 2 3 5 , p . 3 0 -3 9 , n o v . / d e z . 2 0 0 6
Cultivo da pimenta 39
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40 Cultivo da pimenta
Resumo - No Brasil, as pimentas são cultivadas do Rio Grande do Sul até Roraima, sendo
Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul os principais produtores. O
clima exerce influência na germinação, no desenvolvimento e na frutificação das plantas
de pimenta. Trata-se de uma cultura de clima tropical sensível a baixas temperaturas e
intolerante a geadas e, por isso, deve ser cultivada nos meses quentes do ano. As
temperaturas médias mensais ideais situam-se entre 21 oC e 30oC, sendo a média das
mínimas ideal de 18 oC e das máximas, em torno de 35 oC. A época de semeadura é
condicionada às peculiaridades climáticas locais. Em regiões serranas, a semeadura é feita
de agosto a fevereiro e, naquelas de baixa altitude, pode ser o ano todo. A semeadura é
realizada em bandejas de isopor de 128 células com substrato comercial, em ambiente
protegido. As mudas são transplantadas dos 50 a 60 dias após a semeadura, para a
maioria das espécies, em sulcos ou covas. Os espaçamentos são definidos de acordo com
a cultivar, o manejo cultural, a região de plantio ou o ciclo da cultura, sendo utilizados de
0,33 a 1,00 m entre plantas e de 0,80 a 1,50 m entre fileiras.
1
Enga Agra, D.Sc.,
D.Sc., Pesq. EMBRAP
EMBRAP/EP
/EPAMIG-CT
AMIG-CTZM,
ZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Vi
Viçosa-MG
çosa-MG. Correio
Correio eletrônico: cleidemaria@
cleidemaria@vicosa.ufv
vicosa.ufv.br
.br
2
Engo Agro, Dr.,
Dr., Prof Adj. UFV - Depto Fitotecnia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: mpuiatti@ufv.br
3
Engo Agro, Doutorando Fitotecnia UFV, CEP 36570-000 Viçosa-MG
Viçosa-MG. Correio eletrônico:
eletrônico: frcaliman@yahoo.com.br
frcaliman@yahoo.com.br
4
Eng a Agr a, D.S c., Pro f a Adj. UFP - Dep to Informática, Rod. BR 135, km 3, CEP 64900-000 Bom Jesus-PI. Correio eletrônico:
grmoreira@hotmail.com
5
Engo Agro, Mestrando Fitotecnia UFV, CEP 36570-000 Viçosa-MG
Viçosa-MG. Correio eletrônico:
eletrônico: rnmattos@gmail.com
rnmattos@gmail.com
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Cultivo da pimenta 41
desenvolvimento e na frutificação de tardias mais exigentes em calor que as pre- vimento e crescimento do fruto, contudo,
plantas de pimenta. Trata-se de uma cultu- coces (BOSWELL et al., 1964). No estádio quando o número de sementes aumenta
ra de clima tropical sensível a baixas tem- de mudas, a faixa de temperatura ideal é em um fruto, há efeito inibitório sobre a
peraturas e intolerante a geadas e, por isso, de 26oC a 30oC, com melhor crescimen- frutificação e o crescimento dos frutos pos-
deve ser cultivada nos meses de tem- to obtido em temperatura diurna de 27 oC. teriores (MARCELIS; BAAN HOFMAN-
peraturas mais altas. A temperatura afeta a Em temperaturas mais baixas pode haver EIJER, 1997). Temperatura baixa durante o
qualidade dos frutos da pimenta, es- estiolamento e crescimento lento da plan- dia ou alta durante a noite favorece a
pecialmente o teor de açúcares e de vitami- ta. ocorrência de frutos partenocárpicos e
na C, bem como a intensidade das cores A faixa de temperatura diurna consi- esses, normalmente, apresentam defor-
vermelha e amarela, que são maiores em derada mais favorável para o cultivo das mações (BOSLAN
(BOSLAND D ; VOTAV
VOTAVA, 2000).
200 0).
temperaturas elevadas. Baixas tempera- pimentas é de 20oC a 30oC. Temperaturas Temperatura noturna superior a 24oC
turas podem afetar também a pungência abaixo de 15oC ou acima de 32ºC durante pode causar queda de flores em pimentas,
(ardume) dos frutos. longo período, causam redução da pro- possivelmente pela redução da viabilida-
dução (NUEZ VIÑALS et al.,1996; BERKE, de do pólen, visto que a temperatura do ar
EFEITO DA TEMPERATURA NA et al., 2005). Para o adequado desenvol- ótima para germinação do grão de pólen
o o
GERMINAÇÃO DAS SEMENTES vimento
na ótima das
deveplantas, a temperatura
estar entre diur-
23oC e 27oC ea está entre 20 C - 25 C (BOSLAND; VO-
A germinação das sementes de pimen- TAVA, 2000). Observações em campo e
noturna entre 5 C e 9 C abaixo da tempe-
o o
ambiente controlado constataram que em
ta é dependente da espécie, cultivar, qua-
ratura média diurna (NUEZ VIÑALS et plantas de Capsicum annuum ocorre
lidade da semente, substrato utilizado e da
al.,1996; FINGER; SILVA, 2005). Tem- abortamento de botões florais, quando
temperatura. Sementes de algumas espécies
peraturas inferiores a 12 oC retardam ou expostos a temperaturas diurnas maiores
de Capsicum recentemente colhidas po- inibem o desenvolvimento da planta.
dem exibir dormência, requerendo cerca de que 34oC ou temperaturas noturnas maiores
seis semanas em temperatura ambiente, que 21oC por longo período (COCHRAN,
EFEITO DA TEMPERATURA NO 1936 apud ERICKSON; MARKHART,
após amadurecimento, para superá-la
FLORESCIMENTO, 2002; RYLSKI; SPILGELMAN, 1982).
(RANDLE; HOMNA, 1981). A alternância
FRUTIFICAÇÃO, PRODUÇÃO E Erickson e Markhart (2001), em ex-
de temperatura 30oC-15oC (16 h/8 h), por 14 NA QUALIDADE DE FRUTOS
dias (RANDLE; HOMNA, 1981), ou tra- perimento com Capsicum annuum em con-
tamentos com nitrato de potássio ou ácido Espécies de Capsicum são conside- dições controladas, com plantas expostas
giberélico (BOSLAND; VOTAVA, 2000) são radas de clima quente, todavia há pouca à temperatura constante de 33oC, com e sem
mais eficientes na quebra da dormência. informação sobre o efeito da temperatura aumento do déficit de pressão de vapor,
De maneira geral, temperaturas entre 20oC no florescimento, frutificação, produção e concluíram que a reduzida frutificação era
e 30oC favorecem a germinação, enquanto qualidade dos frutos de pimenta. Serão conseqüência da elevada temperatura e
temperaturas abaixo de 15oC ou acima de descritas, a seguir, algumas informações não do déficit de pressão de vapor. Pos-
35oC resultam em inibição da germinação. existentes para a cultura do pimentão teriormente, Erickson e Markhart (2002)
De acordo com Berke et al. (2005), as se- ( Capsicum annuum), por pertencer ao concluíram que a temperatura elevada inibe
mentes poderão germinar em 13 dias à tem- mesmo gênero. Apesar de as pimentas o desenvolvimento do grão de pólen re-
peratura de 20oC e, em 25 dias, a 15oC. Em englobarem várias espécies, informações sultando em grãos estéreis. Como con-
baixa temperatura, o tratamento com osmo- sobre a cultura do pimentão podem auxi- seqüência, a baixa viabilidade do grão de
condicionantes (seed priming) tem sido liar o produtor no manejo da cultura da pólen reduz o tamanho e o vingamento dos
eficiente para acelerar e melhorar a ger- pimenta. frutos.
Alta temperatura pode causar signi- Para pimentão (C. annuum), tempe-
minação (BOSLAND; VOTAVA, 2000).
2 000). ficativa perda na produção de muitas es- raturas entre 21oC e 27oC proporcionam
pécies, devido à redução no número de maior produção de flores, porém pode
EFEITO DA TEMPERATURA NO
sementes e aumento da abscisão de flores haver maior porcentagem de queda des-
CRESCIMENTO E
(WHEELER et al., 2000). Apesar da exis- tas (RYSLKI; SPIGELMAN, 1982). Em
DESENVOLVIMENTO DAS
tência de frutos sem sementes e parte- temperaturas médias de 15oC a 20oC, as
PLANTAS
nocárpicos em Capsicum, normalmente flores apresentam pedicelos maiores, ca-
A pimenteira requer temperatura rela- poucos são os frutos que apresentam tal racterística associada ao maior pegamento
tivamente elevada durante o crescimento e diferenciação (BOSLAND; VOTAVA, 2000). ou vingamento do fruto (COCHRAN, 1932)
desenvolvimento, sendo as cultivares As sementes exercem efeito no desenvol- e, sob temperaturas baixas, de 10oC - 15oC,
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42 Cultivo da pimenta
há menor queda, porém com redução do sobre a temperatura ideal de armazena- EFEITO DO FOTOPERÍODO
número de flores emitidas. mento para cada tipo de pimenta cultivada Pimentas, assim como os pimentões,
Comparadas
pimentas é maisaotolerante
pimentão, aa maioria das
altas tem- no Brasil.devem
pimentas Comoserrecomendação geral,7oas
armazenadas entre C não apresentam fotoperiodismo, ou seja,
não há efeito do fotoperíodo no flores-
peraturas, apresentando, nestas condições, e 10oC e umidade relativa do ar entre
entr e 90% e cimento e na frutificação dessas espécies
menor intensidade de queda de flores e 95%. Como esta condição de umidade do (BERKE et al., 2005). No entanto, Demers
maior vingamento de frutos (BOSWELL et ar é dificilmente obtida na maioria das et al. (1998) obtiveram, em plantas de
al., 1964). unidades comerciais de refrigeração ou em Capsicum annuum cultivadas em casa de
Após a floração, temperatura notur- refrigerador doméstico, poderá ocorrer a vegetação, maior crescimento das plantas
na de 20oC acelera o crescimento do fruto desidratação rápida dos frutos. Isso pode e produção de frutos, quando estenderam
de pimentão (RYLSKI, 1973; RYLSKI; ser minimizado pelo uso de filmes plásticos o fotoperíodo para 16 e 20 horas.
HALEVY, 1975; RYLSKI; SPIGELMAN, (FINGER; VIEIRA, 1997). O acondi-
1982); de modo geral, temperatura diurna cionamento de frutos de pimentas ‘De- EFEITO DA INTENSIDADE DE
de cerca de 21oC é mais apropriada para a cheiro’ e ‘Bode’ em sacos plásticos per- LUZ
frutificação (CASALI et. al., 1979). Em C. furados, mantidos a 23 oC - 25 oC ou
annuum, Couto (1960) observou que a A luz, presença ou ausência, parece não
temperatura noturna ideal para a frutifica- embalados
la (PVC) em emtemperaturas
filmes de policloreto
de 12 oCde vini-
- 15 o
C, ser fator limitante para germinação de
ção e produção variou em função da idade permitiu boa conservação por cinco e dez sementes de Capsicum (BOSLAND; VO-
da planta, sendo de 21oC aos 90 dias, de dias, respectivamente (CRUZ; MAKI- TAVA, 2000). Entretanto, Deli e Tiessen
16oC aos 105 dias, de 12oC aos 120 dias e de SHIMA, 2004). As pimentas ‘Murupi’, (1969) observaram que plantas de pimenta
9oC aos 150 dias após a semeadura. ‘Cumari-do-pará’, ‘Bode-vermelha’ e expostas a 8.608 lux produziram maior
Temperaturas muito elevadas, em es- ‘Bode-amarela’ foram conservadas duran- número de flores que plantas expostas à
pecial associadas à umidade relativa baixa, te 22 dias a 8oC, acondicionadas em ban- intensidade de 17.216 lux, em decorrência
geralmente induzem à queda de flores e de do aumento de ramificação.
dejas de isopor envoltas com filme de PVC
frutos recém-formados. Quando o fruto es- Com relação à qualidade dos frutos,
(GRAVINA
(GRA VINA et al., 2004).
2004) .
tá em fase avançada de desenvolvimen- redução de 50% da radiação solar promo-
Apesar de o armazenamento sob baixa
to, torna-se menos sensível a tais efeitos veu aumento da massa fresca do pedún-
temperatura ser indicado, há resposta di-
(THOMPSON; KELLY, 1957 apud NUEZ culo, pericarpo, placenta e sementes; toda-
ferencial entre as variedades de pimentas,
VIÑALS et al., 1996). via, a massa seca destes componentes e
Temperaturas baixas inviabilizam a sobretudo
frio. Frutosquanto à tolerância
armazenados à injúria por
às temperaturas os conteúdos de capsaicina e de ácido as-
produção, provocam queda de flores e de córbico não foram influenciados pelos
de 5 oC e 10oC em embalagens perfuradas
frutos (CROCHRAN, 1932) e, ainda, níveis de radiação solar. Portanto, quanto
de polietileno tereftato (PET), dos acessos
exercem influência negativa na pungência maiores a luminosidade e a temperatura e
BGH 1646, 4366, 6029 (C. baccatum), BG BGHH
e na coloração dos frutos, fatores esses menor umidade, maior será a expressão da
4213 e 6371 (C. chinense) e das cultivares
responsáveis pela redução do valor co- pungência (CURRY et al., 1999).
Mirassol e New Mexican ( C. annuum)
mercial, principalmente do produto des-
apresentaram, ainda dentro da câmara e em
tinado à industrialização. Pesquisas com-
ambas as temperaturas, à exceção da BGH
EFEITO DA UMIDADE RELATIVA
provam que frutos de pimenteira cultivada
6029 e da ‘Mirassol’, pequenas manchas A combinação de umidade relativa bai-
na primavera-verão são mais pungentes
superficiais esbranquiçadas dispersas na xa com temperatura alta causa transpiração
que os de planta cultivada no outono-
superfície do pericarpo de fruto. Esses excessiva, o que pode levar ao déficit de
inverno (CURRY et al, 1999; ESTRADA
sintomas são típicos de injúria pelo frio e água na planta e promover queda de gemas
1999; KIRSCHBAUM-TITZE et al., 2002).
E frutos de plantas cultivadas em condições surgiram
BGH 4366primeiro nos afrutos
armazenados doseis
5oC, aos acesso
dias ereduzido
de flores(CHILE,
e formação de Se
1976). frutos de tamanho
a umidade rela-
de temperaturas mais altas apresentam cor
após o início do armazenamento. À tem- tiva do ar for muito baixa, aliada à temperatu-
vermelha ou amarela mais intensa (CRUZ,
peratura de 10oC, os sintomas apareceram ra acima de 35oC e ventos secos, o vingamento
2004).
primeiro no acesso BGH 1646 aos 12 dias dos frutos de pimenta é bastante prejudica-
de armazenamento, enquanto que frutos do do (BOSWELL et al., 1964). Baer e Smeets
EFEITO DA TEMPERATURA NO (1978) relatam haver aumento do peso e do
acesso BGH 6029 e da cultivar Mirassol
ARMAZEN
ARMA ZENAME
AMENTO
NTO DOS brilho do fruto e redução do tempo entre a
não apresentaram sintomas de injúria pelo
FRUTOS polinização e a colheita sob condições de
frio, mesmo após 30 dias de armazenamento
São poucas as informações disponíveis (MARQUES et al., 2005). umidade relativa acima de 95%.
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Cultivo da pimenta 43
44 Cultivo da pimenta
(poda natural), que ocorre quando a raiz minação, as bandejas podem ser em- células, copo plástico de 150 mL e canteiro)
principal atinge o fundo das células e cessa pilhadas e cobertas com lona plástica preta nos substratos: húmus (H), substrato
o seu crescimento. A partir daí, ocorre e mantidas em abrigo. Quando colocadas comercial (SC) e mistura de três partes de
secamento natural que causa morte desta para germinar diretamente nas estufas, o substrato comercial e uma parte de vermi-
raiz principal, o que estimula a emissão de cuidado no manejo de água deve ser culita (M) (Fig. 1) e concluíram que, ini-
raízes secundárias, proporcionando equi- redobrado até a completa emergência das cialmente, as mudas produzidas em copo
líbrio entre a parte aérea e o sistema plantas. plástico, independente do substrato,
radicular. Além disso, o não desenvol- Pinto et al. (2004) avaliaram a produção apresentaram maior desenvolvimento. No
vimento das raízes abaixo da bandeja de mudas de pimenta-malagueta em di- entanto, 30 dias após o transplantio, as
facilita a retirada das mudas por ocasião ferentes recipientes (bandeja de 128 plantas produzidas em bandeja com
do transplante, evita injúrias às raízes novas
e surgimento de condições favoráveis à
infecção por fungos e bactérias do solo
(ANDRIOLO, 2000; MINAMI, 1995, PINTO
et al., 2004).
Apesar de as bandejas de isopor ainda
serem as mais utilizadas, as de plástico de H - Húmus
polietileno injetado, já utilizadas na pro- M - Mistura de três partes de
dução de mudas de tomate, têm boa substrato comercial e
aceitação no mercado, havendo tendência uma parte de vermiculita
cada vez maior de substituir o poliestireno SC - Substrato comercial
comercial
pelo polietileno
polietilen o injetado (F
( FARIA JÚNIOR,
2004). Tais bandejas têm a vantagem de não
ser porosas, o que evita contaminações
químicas e biológicas. De material resis-
tente, as bandejas podem ser lavadas com
água em alta pressão e em menor volume,
com maior eficiência. Podem, inclusive, ser
desinfestadas com água quente, evitando
produtos químicos, como é feito atual-
mente. O índice de reposição de bandejas
cai para níveis próximos de 2% ao ano, ou
menos. Além disso, o material é reciclável,
diferentemente do poliestireno que, por ser
de difícil reciclagem, uma vez quebrado é A
queimado, causando graves prejuízos ao
ambiente.
Os modernos viveiros de mudas têm
procurado o maior índice possível de
automação dos serviços, utilizando se-
meadoras a vácuo, máquinas lavadoras de
o
t
n
iP
bandejas e câmaras de germinação. O ra
ambiente é, normalmente, escuro (na fase re
i
r
e
de germinação), com temperatura e umida- a
F
ri
de relativa do ar mantidas sob controle, a
M
e
dentro de limites estabelecidos para a es- e
d
i
l
C
pécie que se cultiva. Mantendo as bandejas :s
garante germinação máxima possível, aliada Figura 1 - Formação de mudas de pimenta – EPAMIG-CTZM, 2003
à grande homogeneidade na emergência NOT
NOTA: A - Métodos de formação
formação de mudas de pimenta-malagueta
pimenta-malagueta;; B - Detalhe do
das plântulas. Na falta da câmara de ger- sistema radicular das mudas formadas nos diferentes métodos.
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Cultivo da pimenta 45
substrato e as produzidas com húmus em cação deve ser aos dez dias após a ger- parte de esterco bovino curtido; o solo
copos apresentavam desenvolvimento minação; a segunda, dez dias após a pri- deve ser previamente corrigido com cal-
semelhante, sendo superiores às pro- meira, a terceira, dez dias após a segunda, cário, se necessário, após a análise química.
duzidas em bandejas com mistura de se necessário. Pode-se adubar com Ou- Distribuem-se duas ou três sementes por
substrato e vermiculita e às produzidas em ro Verde 3 H, ou equivalente, na dose de recipiente para evitar que estes sejam
canteiro. 3 g/L de água (REIFSCHNEIDER, 2000). perdidos por problemas de germinação das
Com relação ao controle de pragas e sementes. Os recipientes devem ser man-
Tratos culturais das mudas nas doenças, nos sistemas mais modernos de tidos em ambiente protegido para evitar a
bandejas produção de mudas, a pulverização dos entrada de insetos-praga e excesso de água
Quando as mudas apresentarem pelo defensivos é feita por meio das barras de chuva.
menos duas folhas definitivas, deve-se fazer móveis de irrigação. A barra, nesse caso,
o desbaste, com tesoura, eliminando-se as possui dois sistemas independentes, um Em copo plástico descartável
menos vigorosas, deixando-se apenas uma para irrigação e outro para pulverização. Outro tipo de recipiente que pode ser
plântula por célula. Evitar arrancar as Dosadoras acopladas às barras injetam o usado na produção de mudas de pimen-
mudas excedentes, o que pode abalar as defensivo no sistema, e a aplicação é fei- ta são copos de plásticos descartáveis de
raízes daquela que deve permanecer. ta sem o contato direto do aplicador. O 100 ou 200 mL. Devem ser feitos furos no
Durante a permanência das mudas nas sistema permite grande segurança para o fundo dos copos para drenagem do exces-
bandejas, devem ser feitos os tratos trabalhador, cobertura perfeita da área total so de umidade. Assim como as bandejas,
culturais, em particular a irrigação e a adu- do viveiro e margem de erro mínima. os copos devem ser preenchidos, pre-
bação de cobertura. A irrigação deve ser Além da aplicação de defensivos em ferencialmente com substrato comercial.
uniforme, a pouca altura e com gotas peque- caráter preventivo é feita, também, a Devem ser colocados em ambiente pro-
nas, preferencialmente por microaspersão prevenção no controle de entrada de pes- tegido, para evitar a entrada de insetos-
ou nebulização. Deve-se manter o nível soas e de veículos na área do viveiro, por praga e excesso de água de chuva e man-
adequado de umidade, realizando três ou meio do uso de rodolúvios e de pedilúvios tidos sobre estrado de madeira ou de arame,
mais irrigações por dia, sobretudo, nas com soluções desinfestantes à base de
a fim de que as raízes não se exponham e
épocas mais quentes e/ou de baixa umida amônia quaternária, produto rotineiramen-
não sejam danificadas por ocasião do
de relativa. O excesso de água deve ser te utilizado na desinfestação de sala de
transplantio .
evitado, pois lava os nutrientes do subs- ordenha. Recomenda-se também, em cul-
trato e pode favorecer o crescimento de tivo protegido, colocar caixa contendo cal Tratos culturais das mudas em
algas, musgos e o aparecimento de doen- virgem para desinfestação dos calçados
ças. A falta de água provoca aumento da recipientes
(LOPES, 2004).
salinidade, endurecimento do substrato e, Algumas técnicas preventivas contra Nas mudas produzidas tanto em sacos
em casos severos, morte das plântulas. fungos de solo têm sido usadas com su- de papel ou de plástico quanto em copos
No caso de viveiros automatizados, cesso. É o caso da inoculação do substrato plásticos descartáveis, devem ser feitos os
utilizam-se barras móveis de irrigação, em com o fungo benéfico Trichoderma sp. tratos culturais, como irrigação, desbaste,
substituição aos tradicionais chuveiros ou Este microrganismo impede o desen- adubação de cobertura entre outros,
sistemas fixos de microaspersão. A barra volvimento de outros fungos patogênicos, conforme o recomendado para as mudas
móvel é um equipamento com tração entre os quais Rizoctonia spp. e diversos produzidas em bandeja.
própria, para aplicação de água, solução outros fungos causadores de tombamento
nutritiva e defensivo e corre em trilhos (FARIA JÚNIOR, 2004). Segundo este Mudas em sementeiras
suspensos na estrutura da estufa ou em autor, o uso do Trichoderma é, hoje, (canteiros)
corredor no solo, em velocidade variável obrigatório nos viveiros de fumo no sul do A produção de mudas em sementeira é
de acordo com a necessidade das mudas. Brasil. um dos métodos mais antigos e baratos,
Na adubação de cobertura das mudas, restando poucos agricultores que ainda
normalmente, utiliza-se adubo nitrogenado Mudas em recipiente produzem mudas nesse sistema. Porém,
(sulfato de amônio ou nitrocálcio) diluído além da maior exposição das mudas ao
na dose de 50 g por 10 L de água, fazendo-
fazen do- Saco de plástico ou de papel ataque de insetos e da incidência de doen-
se a rega sobre as mudas. Logo em seguida, A produção de mudas também pode ser ças, este método provoca maior estresse
devem-se lavar as folhas das mudas com feita em sacos de papel ou de plástico, com das mudas na ocasião do transplante, o
outra rega, usando água pura, para evitar a volume entre 150 e 250 cm 3, preenchidos que pode prejudicar o desenvolvimento
queima (MINAMI, 1995). A primeira apli- com mistura de três partes de solo e uma inicial no campo.
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46 Cultivo da pimenta
Cultivo da pimenta 47
QUADRO
QUADRO 1 - Espaçamento, época de plantio e ciclo de cultivo dos principais tipos de pimentas em diferentes regiões do País
Região Tipo de
pimenta Espaçamento
(m x m) (n População
plantas/ha)
o
Época de
semeadura Ciclo da
cultura
pensa a menor produção por planta, visto perene, com ciclo maior que 12 meses, e que plantas e entre fileiras (0,4 x 1,0 m; 0,6 x 1,0
que a largura e o tamanho de frutos não são há pimenteiras de altura e diâmetro de copa m; 0,4 x 1,2 m e 0,6 x 1,2 m) terem pro-
afetados, resultando em maior produção por diversos, o espaçamento tem de ser maior, porcionado maiores produtividades de
área (BOSLAND
(BOSLAND;; VOTAV
VOTAVA, 2000).
2000). variando de 1,20 a 1,50 m entre fileiras e de frutos de pimenta-malagueta (13 t/ha),
Em regiões de inverno rigoroso, a 70 a 100 cm entre plantas. Espaçamentos espaçamentos maiores entre plantas (0,8 a
cultura é eliminada em meados de abril- muito estreitos conservam mais umidade 1,0 m) e maiores entre fileiras (1,2 m) pro-
maio com, aproximadamente, 150 dias de entre plantas e diminuem a incidência de porcionaram maior facilidade na condu-
ciclo de cultivo. O mesmo acontece com as pragas principalmente ácaros. Por outro ção da cultura e na colheita.
culturas de pimentas destinadas à indus- lado facilitam o ataque de doenças e Na Zona da Mata de Minas Gerais, são
trialização para páprica, quando o campo é dificultam os tratos culturais e a colheita. utilizados espaçamentos de 1,20 a 1,50 m
Pinto e Casali (1982) observaram que, entre fileiras e de 0,80 a 1,00 m entre plantas
eliminado após duas a três colheitas. Em apesar de menores espaçamentos entre no plantio de pimenta-malagueta (Fig. 2).
regiões onde o ciclo da cultura pode ser
prolongado por até um ano, é necessá-
rio garantir espaço adequado para o
crescimento vegetativo da planta de pi-
menta.
A determinação da densidade óti-
ma (população) e o espaçamento mais
adequado devem ser funções das ca-
racterísticas de cada exploração, ou seja, da
variedade a ser plantada (variedades mais
vigorosas, de porte alto, requerem meno-
res densidades de plantio do que as de porte
baixo), sistema de irrigação, mecanização
etc. (NUEZ VIÑALS et al., 1996). Por exem- o t
n
plo, Suso e Pardo (1993), trabalhando com i
P
a
ri
duas variedades de pimenta, em condições e
rr
e
F
homogêneas, chegaram a distintas densi- a
ri
a
dades ótimas, ou seja, de 250 mil plantas/ha e
M
id
para a variedade Buketen e 125 mil para a e l
C
variedade Pico. Figura
Figura 2 - Pimenta-malagueta
Pimenta-malagueta cultivada
cultivada nos espaçamento
espaçamentoss de 1,20 a 1,50 m entre
Considerando que a pimenteira pode fileiras e de 0,80 a 1,00 m entre plantas – EPAMIG-Fazenda Experimental do
ser conduzida como um arbusto semi- Vale
Va le do Piranga (FEVP), 2003
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Cultivo da pimenta 49
PINTO,
pimentaC.M.F.; CASALI,
malagueta V.W.D.daCultura
na Zona Mata de
da
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50 Cultivo da pimenta
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Cultivo da pimenta 51
acumulados
acumulados nos frutos. Apenas 8% a 13% devido a sua baixa mobilidade no solo e las plantas podem constituir-se em obser-
da quantidade total dos macronutrien- elevada capacidade de adsorção pelos mi- vações importantes para o dignóstico do
tes acumulados aos 140 DAT foram nerais de argilas em solos altamente in- estado nutricional em condições de campo.
absorvidos até os 60 DAT. Dos 61 aos 100 temperizados. São poucas as referências sobre os
DAT, o potássio foi o macronutriente mais A falta de nutrientes minerais na fase sintomas de deficiência de nutrientes em
absorvido (60% do total acumulado no de maior demanda da planta induz às pimenteiras. Contudo, alguns desses
ciclo); P, Ca e S foram mais absorvidos no desordens fisiológicas e às alteraçõe
alteraçõess mor- sintomas manifestam-se de forma geral nas
final do ciclo. Os macronutrientes mais fológicas, que acabam apresentando culturas, conforme Figura 1, o que ajuda
absorvidos, em gramas por planta, foram: sintomas de deficiência em alguma parte nas avaliações de campo. É importante,
N (6,6) > K (6,4) > Ca (2,6) > Mg (1,3) > S da planta. Há técnicas e processos reco- todavia, que se considerem particu-
(1,1) > P (0,7). mendados para a avaliação do estado laridades das espécies e mesmo entre cul-
Em alguns estudos com pimentão foi nutricional das plantas. Essas técnicas, tivares de uma dada espécie, no que tange
observada uma relação entre crescimen- quando empregadas no momento certo, po- ao desenvolvimento e aos sintomas de
to e absorção de nutrientes (FERNANDES, dem ser úteis para corrigir desequilíbrios
desequilíbrios e deficiência mineral. No caso de pimenteiras,
1971; HAAG et al., 1970; MILLER et al., deficiências nutricionais antes que os alguns sintomas mais específicos
1979). O maior acúmulo de N, P, K, Ca e problemas sejam visualmente mani- (FONTES; MONNERAT, 1984;
Mg, por grama de matéria seca de planta, festados. Por sua vez, os sintomas visuais BALAKRISHNAN, 1999) serão apre-
por dia, ocorreu nos estádios iniciais do ci- de deficiências minerais apresentados pe- sentados a seguir:
clo da planta até o aparecimento dos pri-
meiros frutos. A maior taxa absoluta de
absorção daqueles nutrientes, em kg/ha/dia,
ocorreu quando a maioria dos parâmetros
de crescimento também apresentava-se
nos seus máximos. Em condições de campo,
entretanto, foram observados que a partir Folhas velhas Folhas novas Folhas velhas e novas Gemas terminais
de 75 dias a absorção de nutrientes acen-
tuava-se (HAAG et al., 1970). Os elementos
mais absorvidos pelos frutos foram o K e o
N, seguidos de P, S, Ca e Mg. O N, P e K N, P, K, Mg, Mo S, Fe, Mn, Cu Zn Ca, B
acumularam-se na parte vegetativa e nos
frutos, enquanto somente 6% do Ca total
absorvido pela planta e 17% de Mg en-
contravam-se nos frutos. As extrações de Com Com
Nervuras Nervuras
boro, cobre, ferro, manganês e zinco por necrose necrose
verdes amarelas
nas bordas nas bordas
plantas cultivadas em areia irrigada com so-
lução nutritiva, foram 11,8; 44,3 e 12 g/ha,
respectivamente (OLIVEIRA et al., 1971).
Em condições de campo, por sua vez, va-
K, Mo N, P, Mg Fe, Mn Fe, Mn
lores de 27, 452, 114 e 99 g/ha são citados
para o cobre, ferro, manganês e zinco, res-
pectivamente (FERNANDES , 1971).
A demanda de nutrientes em cada etapa
do crescimento e do desenvolvimento de
Nervuras Nervuras
uma planta é informação essencial para verdes amarelas
aplicação eficiente dos fertilizantes. O
conhecimento prévio da demanda é essen-
cial no planejamento do parcelamento das Mg N
adubações, principalmente para elementos
móveis no solo e na planta, como o N e o
K. O fósforo, embora seja considerado Figura 1 - Fluxograma de identificação de sintomas de deficiência de nutrientes minerais
móvel na planta, é todo aplicado no plantio, FONTE: Reddy e Reddi (1997 apud KANT; KAFKAFI, 2006).
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52 Cultivo da pimenta
a) nit
nitrogê
rogênio
nio (N):
(N): os sintoma
sintomass ca- em relação às não deficientes. As enroladas, cloróticas na base e entre
racterísticos de deficiência de N são folhas do terço superior tornam-se as nervuras. Com o avanço da defi-
o amarelecimento uniforme das compactamente arranjadas no caule. ciência, as folhas tornam-se ne-
folhas, incluindo as nervuras, sendo Há aparecimento de clorose e de cróticas e caem, pois há necrose do
mais pronunciados nas folhas mais pontuações necróticas entre as pedúnculo. Pode haver queda total
velhas. Com a persistência da de- nervuras, iniciando-se na extre- das flores e, conseqüentemente,
ficiência, as plantas apresentam midade final das folhas medianas. não há frutificação. Há reduzida
crescimento reduzido, com folhas Com o avanço da deficiência, sur- formação de frutos pequenos e de
de tamanho reduzido e mais es- gem necroses nas bordas terminais coloração marrom na região estilar;
treitas. Pode também ocorrer ama- das folhas mais novas, expandindo- f) enx
enxofr
ofree (S):
(S): as plant
plantas
as com
com de-
relecimento das folhas mais novas, se até o pecíolo, ocasionando queda ficiência de S são mais baixas que
começando pela base, partindo da de folhas em solos arenosos ou
o u com as normais (pouco maiores que as
nervura principal e expandindo-se baixa capacidade de troca catiônica deficientes em N). Ocorre amare-
para toda a folha com o passar do (CTC), o K liberado para a solução lecimento das folhas começando
tempo. Com o avanço da deficiência, do solo pode sofrer maiores perdas pela base, expandindo-se gra-
todas as folhas tornam-se ama- por lixiviação, o que causa de- dativamente para a extremidade final
reladas. Há redução da floração e ficiência nas plantas e, conseqüen- da folha. Com o avanço da de-
da frutificação. Plantas deficien- temente, senescência prematura de ficiência, todas as folhas tornam-se
tes apresentam também sistema folhas, falhas na pigmentação do amareladas e não há formação de
radicular pouco desenvolvido. Teo- fruto e maior sensibilidade da plan- frutos. O limbo foliar tem aspecto
res elevados de N podem provocar ta a estresse hídrico. Seu excesso ondulado, como se fosse um cres-
desenvolvimento excessivo da reduz a absorção de cálcio e magné- cimento desigual de nervuras e do
parte aérea da planta, chegando a sio, que tornam os frutos mais sen- tecido internerval. Os frutos forma-
induzir o aparecimento de po- síveis à necrose apical; dos apresentam coloração verde-
dridões apicais nos frutos, parti- d) mag
magnési
nésioo (Mg):
(Mg): as planta
plantass com clara;
cularmente nos períodos mais deficiência de Mg são de tamanho g) boro (Bo):
(Bo): as planta
plantass com defici
deficiênc
ência
ia
quentes; reduzido em relação às normais.
nor mais. As
b) fósfo
fósforo
ro (P): com
com a deficiênc
deficiência
ia de P,
P, folhas completamente desenvol- de Bo são mais
deficientes, baixas que
compactas, as nãoà
devido
as folhas podem ficar de tamanho vidas do terço superior apresentam- morte do ponto de crescimento. As
reduzido e de cor verde mais intenso se cloróticas e as mais novas com folhas velhas tornam-se curvadas
(verde-azuladas), com necroses enrolamento do limbo em torno da para dentro e as novas são de ta-
internervais na parte mediana de nervura principal, com a face adaxial manho reduzido, enrugadas na
folhas completamente desen- para dentro. Com o avanço da defi- base, translúcidas e aparentemente
volvidas. Também pode ocorrer ciência, pode haver necrose entre mais grossas. O caule e as folhas
bronzeamento das partes inferiores as nervuras e lesões corticosas, de tornam-se quebradiços. Pode haver
das plantas e redução do cres- cor palha, no limbo foliar, prin- abortamento total das flores e a não
cimento do sistema radicular. Há cipalmente próximo das nervuras formação de frutos. O sistema ra-
relatos de plantas mais baixas, com das folhas mais novas, as folhas dicular é severamente afetado, sen-
menor número de folhas em relação baixeiras tornam-se cloróticas e as do pouco desenvolvido, com ne-
às normais. Com o avanço da nervuras permanecem verdes. Os
deficiência de P, aparecem inter- frutos apresentam-se reduzidos em crose nas extremidades;
h) zinco
zinco (Zn):
(Zn): as
as folhas
folhas do ápic
ápicee da
rupções irregulares no limbo foliar, número e tamanho. O sistema ra- planta com deficiência de Zn per-
as bordas das folhas mais velhas dicular de plantas deficientes não manecem pequenas e mais estreitas
tornam-se cloróticas e ocorre queda se desenvolve normalmente; e os folíolos mostram leve desco-
acentuada de folhas. Há número e) cál
cálcio
cio (Ca):
(Ca): as plan
plantas
tas com
com de- loração entre as nervuras. Pode
reduzido de frutos em conseqüência ficiência de Ca são mais baixas, ocorrer redução no alongamento
de queda da maioria das flores; compactas e com pequeno núme- da parte aérea e formação de rosetas
c) potá
potássio
ssio (K):
(K): os
os sintomas
sintomas na ro de folhas. As folhas novas apre- de pequenas folhas nas extre-
deficiência de K são plantas mais sentam desenvolvimento reduzido, midades de ramos jovens;
baixas, com menor número de folhas tornando-se encarquilhadas e i) ferr
ferroo (Fe):
(Fe): nas pla
planta
ntass com
com de-
de-
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Cultivo da pimenta 53
54 Cultivo da pimenta
ajuda no controle da erosão. Se for utiliza- apresentam mais MgO na sua constituição de nitrogênio e potássio aumentarem, mo-
do o arado de tração animal para o sul- que os magnesianos e estes mais que os mentaneamente, a concentração salina da
camento, a terra retirada do sulco deverá calcíticos. solução do solo que pode ser danosa às
ser acumulada do lado de baixo do sulco. O calcário deve ser aplicado, em solo mudas recém-transplantadas. Além disso,
Práticas de preparo do solo como a úmido, cerca de 15 dias, antes do plantio, nitrogênio e potássio são passíveis de ser
subsolagem são recomendadas para o cul- uniformemente espalhado sobre a área a lixiviados ou arrastados da área por pre-
tivo de pimenta por Nuez Viñals et al. (1996). ser plantada, por meio de máquinas pró- cipitação intensa ou irrigação mal-exe-
Na subsolagem, se necessárias, são abertas prias ou manualmente, e incorporado com cutada. Os micronutrientes, no entanto, que
galerias de 50 a 70 cm de profundidade no arado e grade na camada de 15 a 20 cm. Pa- podem ser misturados aos adubos NPK,
solo com objetivo de romper as camadas ra doses superiores a 2 toneladas por são aplicados na totalidade no sulco de
compactadas, visando facilitar a drenagem hectare, recomenda-se aplicar 50% do total plantio, imediatamente antes do trans-
e evitar o encharcamento do solo. Esta de calcário antes da aração e 50% após a plantio das mudas.
operação deve ser realizada em solo seco, aração, antes da gradagem e, para doses Nas aplicações de cobertura, os adubos
antes do plantio. Após a subsolagem, nor- inferiores a 2 toneladas por hectare, todo o deverão ser distribuídos na projeção da
malmente é feita a aração e a gradagem do calcário deve ser aplicado antes da aração. copa das plantas. Quando possível, uma
solo. Na ocasião do transplantio das mu- Quanto mais fina for a granulometria e irrigação controlada solubiliza o fertilizante
das, abrem-se sulcos no solo, ou covas, maior o valor neutralizante do calcário, e promove uma leve incorporação, o que
que irão receber a adubação de plantio e as maior o poder relativo de neutralização total diminui as perdas.
mudas. (PRNT) e mais rápido serão os efeitos É comum constatar, principalmente na
quanto à correção da acidez. Zona da Mata mineira, que o produtor de
CALAGEM pimenta aplica certos nutrientes em excesso
Em quase todo o território brasileiro, ADUBAÇÃO ou utiliza adubações desequilibradas, o que
os solos são geralmente mais ácidos que a O manejo adequado e preciso da adu- pode provocar perdas de adubos, bem
faixa ideal para o desenvolvimento da bação para qualquer cultura beneficia o como ocasionar problemas ambientais.
pimenteira, que exige
exig e pH entre 5,5 e 6,5. A meio ambiente, por causar menores níveis Adicionalmente, são aplicados diversos
de acidificação do solo, eutroficação das adubos foliares contendo nitrogênio o que
acidez elevada do solo pode causar uma
tem causado grandes desequilíbrios nu-
série de problemas para a lavoura, tais águas, poluição do lençol freático e sa- tricionais na cultura.
como: teores elevados de alumínio e/ou de linização das áreas (FONTES, 2001).
As necessidades de fertilizantes para a
manganês, o que reduz drasticamente a Em sistemas convencionais de pro-
cultura da pimenta devem ser calculadas
produção; deficiência de cálcio, magné- dução de pimenta, as fontes de adubos mais
com base nas características químicas do
sio, fósforo e de outros nutrientes in- solúveis são as preferidas, destacando-se:
solo, no tipo de irrigação utilizado e na
dispensáveis para o bom crescimento, uréia, sulfato de amônio, nitrocálcio,
produtividade esperada. Com relação a esta
desenvolvimento e produção das plantas. superfosfatos simples e triplo, mono e
última, devem-se levar em conta as quan-
É comum o descaso dos produtores de diamônio fosfato, cloreto de potássio e
tidades de nutrientes extraídas pela cultura.
pimenta no que diz respeito à calagem, da nitrato de potássio. A utilização do su-
Como tais quantidades extraídas são, na
mesma forma que não fazem a análise perfosfato simples e do sulfato de amônio maioria das vezes, desconhecidas, dados
química do solo. Em contrapartida, nota-se fornece também o enxofre. O fornecimento de vários autores são utilizados como
o costume de aplicar pesadas adubações dos micronutrientes pode ser feito pela referência para a adição de nutrientes na
minerais em áreas excessivamente ácidas, utilização de fontes inorgânicas (óxidos e cultura. Em uma tonelada de fruto de
comprometendo o bom aproveitamento dos sulfatos de Cu e Zn, bórax, ácido bórico, pimentão foram estimadas as extrações
nutrientes fornecidos, o desenvolvimen- molibdato de sódio e amônio), dos quela- de: 4,0-9,0 kg de N; 1,0-2,5 kg de P2O5; 5,0-
to das plantas e onerando o custo de pro- tos orgânicos ou sintéticos principalmen- 17,0 kg de K2O; 0,7 a 4,5 kg de MgO e de 3,0
dução. te o ácido etilenodiaminotetraacético a 3,5 kg de CaO (BATAL;
(BATAL; SMITTLE
SMITT LE ,1981;
A recomendação de calagem, com base (EDTA) e de Fritted Trace Elements (FTE) LORENZ; MAY M AYANARD,
ANARD, 1980; MAROTO,
na análise química do solo, deve ser feita (FONTES, 2005). Normalmente, os 1990; SIVIERO; GALLERANI, 1992;
por um agrônomo. Aplica-se calcário para fertilizantes são colocados no momento do SOMOS, 1984; ZAP Z APA ATA et al., 1992 apud
elevar a saturação por bases a 70% - 80% e o transplante das mudas e são feitas apli- NUEZ VIÑALS et al., 1996). Tais quan-
teor mínimo de magnésio a 0,8 - 1,0 cmolc/d
/dm
m3 cações complementares ao longo do ciclo tidades de nutrientes referem-se a um cul-
(CASALI; FONTES, 1999; FONTES; da cultura. O parcelamento é justificado tivo irrigado por infiltração. Na irrigação
RIBEIRO, 2004). Os calcários dolomíticos pela possibilidade de altas concetrações por gotejamento ou localizada, as doses
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Cultivo da pimenta 55
de fertilizantes devem ser reduzidas à QUADRO 2 - Doses de N P2O5 e K 2O (kg/ha) recomendadas na adubação de plantio da pimenteira
metade ou a um terço, em razão da menor no Distrito Federal, em São Paulo e Zona da Mata de Minas Gerais
perda por lavagem. Devem-se também (1)
Estado ou Região N Nível P2O5
reduzir as doses de fertilizantes caso se K2O
incorpore esterco no solo. Ressalta-se que (A)
Distrito Federal 150 Baixo 4 0 0 - 6 00 1 5 0 - 2 00
os conteúdos de nutrientes dos estercos
variam com o tipo de rebanho, alimentação Médio 2 0 0 - 4 00 1 0 0 - 1 50
dos animais, forma de exploração e estado Bom 1 0 0 - 2 00 50 - 100
de fermentação do esterco. Muito Bom 50 _
Muitas vezes, a quantidade de adubo a
ser aplicada no plantio é determinada com (B)
São Paulo 40 Baixo 600 180
base em boletins publicados para alguns Médio 320 120
Estados ou regiões (Quadro 2). Como na
Bom 160 60
maioria dessespara
comendações boletins não existem
pimenta, re-
utilizam-se (C)
Zona da Mata de 60 Baixo 300 240
estas para o pimentão. Apesar de as apro- Minas Gerais
ximações auxiliarem o produtor, quanto às Médio 240 180
quantidades e tipos de adubos a serem Bom 180 120
utilizados, este terá maiores chances de
acerto, ao fazer a análise química anual de FONTE: (A) EMATER-DF
EMATER-DF (1987), (B) Raij et al. (1996) (C) Pinto et al. (1999).
solo, dois a três meses antes do plantio (1)Nível de P e K de acordo com a análise do solo.
(FONTES; RIBEIRO, 2004).2004) . A quantidade
de fertilizantes indicada deverá ser dis-
tribuída uniformemente no sulco ou na cova 20-50 kg/ha de N e 20-50 kg/ha de K 2O algum tempo após a sua aplicação. Por
de plantio. (FONTES; RIBEIRO, 2004). isso, recomenda-se a adubação nitro-
Nos latossolos da região do Distrito No estado de São Paulo, os fertilizantes genada e potássica de forma parcelada,
Federal, recomenda-se a adubação orgâ- são aplicados dez dias antes do transplan- para aumentar a sua eficiência. As adu-
nica com 30 t/ha de esterco de curral ou 10 te das mudas, no sulco de plantio, em quan- bações nitrogenadas devem ser feitas com
t/ha de esterco de galinha no sulco e na tidades conforme análise do solo e re- a terra úmida, aplicando-se de cada vez 60
adubação mineral adota-se a recomen- comendações do Quadro 2. Aplica-se de kg/ha de N, o que corresponde a 300 kg/ha
dação do Quadro 2, conforme a análise do 10 a 20 t/ha de esterco curtido de bovino de sulfato de amônio ou 140 kg/ha de uréia,
solo (EMATER-DF, 1987). Também
Também são su-
s u- ou 1/4 dessas quantidades de esterco nas seguintes épocas:
geridos de 2 a 4 kg/ha de boro, 2 a 3 kg/ha curtido de galinha, 1 kg/ha
kg/ ha de boro, 3 kg de a) no flo
flores
rescim
cimen
ento;
to;
de zinco e 10 a 30 kg/ha de enxofre. A zinco e de 10 a 30 kg/ha de enxofre. Em
b) na matura
maturação
ção dos
dos primeir
primeiros
os frutos;
frutos;
adubação de plantio com N, P e K pode ser cobertura, recomenda-se aplicar de 80 a
120 kg/ha de N e de 80 a 120 kg/ha de K 2O, c) aos 30
30 a 45
45 dias
dias da matu
maturaçã
raçãoo dos
dos
feita misturando-se os adubos que contêm
cada um desses nutrientes ou adquirindo parcelando em quatro a seis vezes. As primeiros frutos;
o adubo formulado no comércio. Em co- quantidades menores ou maiores depen- d) aos 30 a 45 dias da terceira
terceira apli-
bertura, até a fase de florescimento, as derão da análise de solo, análise foliar, cação, podendo esta última ser
adubações são feitas com adubo nitro- cultivar, produtividade esperada e sistema suprimida, se as plantas apre-
genado e durante a frutificação com uma de cultivo (protegido ou campo aberto) sentarem bom desenvolvimento e
mistura de adubo nitrogenado com po- (RAIJ et al., 1996). ausência de amarelecimento das
tássico, em intervalos de 30-45 dias. No Na Zona da Mata mineira, sugerem-se folhas mais velhas.
caso das pimentas, em que a colheita pode aplicar 20 t/ha de esterco bovino curtido Aplicar 50 kg/ha de K2O, o que cor-
prolongar-se por mais de um ano, as ou 5 t/ha de esterco de galinha curtido no responde a 80 kg/ha de cloreto de potássio,
adubações de cobertura devem ser feitas sulco de plantio. Na adubação mineral com junto
jun to com a pri
primei
meira
ra adu
adubaçã
baçãoo de ni-
até o final do ciclo com base em obser- NPK, utiliza-se a recomendação do Quadro 2 trogênio de cobertura. Os fertilizantes mais
vações no crescimento ou aparecimento de (PINTO et al., 1999). Certos nutrientes, utilizados são: sulfato de amônio ou uréia,
sintomas de deficiências nutricionais. como o potássio e principalmente o como fonte de nitrogênio, e cloreto de
Normalmente, utilizam-se, por aplicação, nitrogênio, estão sujeitos a perdas no solo potássio, como fonte de potássio. For-
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56 Cultivo da pimenta
mulações comerciais
0-15 também como 20-0-20 ou 20-
são utilizadas. Para
dose potássio, a aplicação
proporcionou do dobro de
um decréscimo da tores, os produtores
estão utilizando dosesdedepimenta
até 250do Ceará
kg/ha de
Na Fazenda Experimental do Vale do 5,8% na produção de frutos em relação à N. Em pimentas-de-cheiro (C. chinense),
Piranga (FEVP)
(FEVP ) da EPE PAMIG
AMIG,, no município produção média de 14.255 kg/ha pro- Souza (1998), utilizou a dose de 335 kg/ha
de Oratórios, Zona da Mata mineira, foram porcionada pela menor dose desse nu- de N.
avaliadas em pimenta-malagueta duas triente. Assim, pode-se entender que a Outra adubação sugerida para pimen-
doses de N no plantio, mais cobertura cultura da pimenta foi mais responsiva à tão, de acordo com Casali e Fontes (1999),
(30+90 kg/ha) e (60+180 kg/ha), duas de aplicação de nitrogênio, seguida do fósfo- é a aplicação de uma primeira parcela dos
P2O5, apenas no plantio, 120 kg/ha e 240 ro e que a falta de resposta à elevação da fertilizantes com NPK no sulco, por ocasião
kg/ha, e duas doses de K2O no plantio mais dose de potássio, no aumento da produ- do transplantio das mudas. O restante dos
cobertura 60+25 kg/ha e 120+50 kg/ha nas ção, foi possivelmente, devido ao teor fertilizantes com nitrogênio e potássio é
densidades de 6.667 plantas/ha
plantas /ha e de 10.417 de potássio no solo estar em nível bom aplicado em cobertura, a cada 15 dias após
plantas/ha (Fig. 2). A média das produções (131 mg/dm3). o transplantio. Assim, na adubação mineral
o t
n i
P
a
ri
e
rr
e
F
a
ri
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M
e
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C
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F
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Cultivo da pimenta 57
cobertura.
dose total O fósforo devenoserplantio.
recomendada aplicadoPara
na de vital importância
sustentação paraprodutivo.
do sistema a harmoniaVale
ea HAAG, H.P.; HOMA,
Nutrição mineral P.;- V:
de hortaliça KIMOTO T.
absorção de
potássio, aplicam-se 20% da dose re- relembrar, nesse contexto, que aumentar a nutrientes pela cultura do pimentão. O Solo,
comendada no plantio; 10% na primeira, produtividade agrícola pelo uso racional Piracicaba: v.62, n.2, p.7-11, nov. 1970.
segunda e terceira cobertura, 15% na quar- de insumos significa evitar a necessidade JONES JUNIOR, J.B.; WOLF, B.; MILLS,
ta, 20% na quinta e 15% na sexta. de abertura de novas áreas. H.A. Plant analysis handbook . Athens,
As deficiências de zinco e de boro, caso Geórgia: Micro-Macro, 1991. 213p.
ocorram, podem ser corrigidas pela adu- REFERÊNCIAS
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bação foliar da pimenteira, sendo reco- BALAKRISNAN, K. Studies on nutrients deficiency strees. Disponível em: <http://
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bórico para 100 L de água, se a deficiência CASALI, V.W.D.; FONTES, P.C.R. Pimentão. MARCUSSI, F.F.N.; VILLAS BÔAS, R.L.;
for de boro.
ficiência Ocorrendo
dos dois sintomas
nutrientes, pode-sedefazer
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ALVAREZ
ALV AREZ V., V.H. (Ed.
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v.61
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boro e de zinco, além de cobre, via foliar, é
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momentopara
certo,ase plantas
de evitarde pimenta,
perdas, no
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Horiz onte: EPAMIG,
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39p. (EPAMIG. Boletim Técnico, 56).
_______; MONNERA
MONNERAT, T, P.H.
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Nutriçã o mineral
minera l
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aspecto econômico, há que se considerar de Produção, 4). Versão eletrônica. Disponível (Capsicum chinese Jacq.). 1998. 91f. Tese
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adubacao.htm> Federal de Lavras, Lavras, 1998.
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58 Cultivo da pimenta
Resumo - Muito embora apresente tolerância moderada à seca, irrigações oportunas são
decisivas para o sucesso da produção comercial
comerc ial da pimenteira. A planta é particularmente
sensível à falta de água durante a floração e frutificação. Já condições de excesso de água
favorecem as várias doenças de solo. As irrigações podem ser realizadas pelos sistemas
sulco, aspersão ou gotejamento, sendo a aspersão convencional o mais utilizado. Para o
1
Engo Agrícola, Ph.D., Pesq.
Pesq. Embrapa
Embrapa Hortaliças,
Hortaliças, Caixa Postal 218,
218, CEP 70359-970 Brasília-D
Brasília-DF
F. Correio
Correio eletrônico:
eletrônico: waldir@cnph.embr
waldir@cnph.embrapa.br
apa.br
2
Engo Agro, Ph.D., Pesq. Embrapa Hortaliças,
Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP
CEP 70359-970 Brasília-DF
Brasília-DF.. Correio eletrônico:
eletrônico: henoque@cnph.embrapa.br
henoque@cnph.embrapa.br
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Cultivo da pimenta 59
QUADRO 1 - Eficiência de irrigação, custo inicial de aquisição, gasto de energia e de mão-de-obra gação por sulco pode favorecer ainda a
para diferentes sistemas de irrigação disseminação de patógenos ao longo dos
(1)
(2) sulcos, caso a água de irrigação esteja con-
Eficiência Custo Energia Mão-de-obra
Sistema
(%) (R$/ha) (kWh/mm/ha) (h/ha/irrigação) taminada.
60 Cultivo da pimenta
NECESSIDADE DE ÁGUA DA A formação de mudas pode ser em 128 células ou mais, devem ser preenchidas
CULTURA sementeira, em copinhos de papel ou em com substrato comercial ou com misturas
Como a maioria das hortaliças, a pi- bandejas. Em qualquer caso, irrigações le- preparadas na propriedade. As regas, de
menteira tem seu rendimento compro- ves e freqüentes, de forma que evite fal- preferência nas horas de temperaturas mais
metido tanto sob condições de deficiên- ta ou excesso de água, são decisivas para amenas, devem ser de uma a três vezes por
cia quanto ao excesso de água no solo obtenção de mudas de qualidade. A água dia. A quantidade de água por irrigação
(BOSLAND; VOTAVA, 1999). A ne- deve ser de boa qualidade, pois, quando deve ser suficiente para iniciar escorrimento
cessidade total de água da cultura é va- proveniente de fontes contaminadas, pode na parte inferior da bandeja. Devido ao
riável, pois além das condições climáticas, transmitir doenças às mudas. pequeno volume de substrato disponível
depende do tipo de pimenta e da duração A sementeira deve ser em terreno com para cada muda, o controle adequado da
do ciclo de desenvolvimento. Em termos boa drenagem natural, de preferência em irrigação é muito mais importante que no
gerais, varia de 500 a 800 mm, podendo solo de textura média, sem torrões, com boa sistema de produção de mudas em
ultrapassar os 1.000 mm para cultivares de fertilidade e bom teor de matéria orgânica. sementeira.
ciclo longo. A necessidade diária de água, Para melhorar a drenagem do solo, os can-
chamada evapotranspiração da cultura, teiros devem ter em torno de 25 cm de altura, Estádio inicial
engloba a quantidade de água transpirada podendo ser mais altos durante o período O estádio inicial de estabelecimento da
pelas plantas mais a água evaporada do chuvoso. cultura, no caso de semeio direto no cam-
solo, variando de 3 a 10 mm/dia no pico
pic o de Antes da semeadura, os canteiros de- po, vai da semeadura até as plantas atin-
demanda da cultura. vem ser regados até o solo atingir umidade girem quatro a seis folhas definitivas. No
Similar a outras solanáceas, o ciclo entre 80% e 100% da água disponível na caso de mudas, a duração vai do trans-
fenológico da pimenteira não segue o mo- profundidade até 30 cm. Na primeira se- plante até o pleno pegamento, o que leva
delo clássico das hortaliças, em que é di- mana após a semeadura, as regas devem cerca de uma semana.
vidido em quatro estádios distintos com ser leves e freqüentes; em geral, duas vezes A deficiência de água pode prejudicar
relação às necessidades hídricas (inicial, por dia, uma pela manhã e outra à tarde. a germinação de sementes e o pegamento
vegetativo, frutificação e maturação), pois Sob condições de clima ameno e solo com de mudas e, dessa forma, comprometer o
nesta espécie os estádios de frutificação e alta capacidade de retenção de água, uma estande e a produtividade de frutos. Irri-
de maturação sobrepõem-se. Assim, exis- irrigação por dia deve ser suficiente. Com gações em excesso nesse estádio e nos
tem ao mesmo tempo plantas em pleno o crescimento das mudas, as regas devem subseqüentes favorecem uma maior inci-
florescimento, com frutos em desenvol- ser diárias ou em dias alternados, sempre dência de doenças.
vimento e com frutos maduros.
madur os. Ademais, o no período da tarde, evitando-se excesso A primeira irrigação antes da semeadura
ciclo da pimenteira pode-se estender por ou falta de água. A freqüência de irrigação ou do transplante das mudas deve ser
períodos de até cinco ou mais meses,
mes es, o que pode ser determinada no Quadro 2 em suficiente para elevar a umidade do solo
vai depender principalmente da sanidade função da textura do solo e da evapotrans- até a capacidade de campo nos primeiros
das plantas. A duração de cada estádio piração de referência (ETo3 ). Para minimi- 30 cm do solo. A lâmina de água a ser
depende da cultivar, das condições climá- zar os efeitos prejudiciais do impacto de aplicada depende da textura e da umidade
ticas e do sistema de cultivo. No caso do gotas ao solo, aconselha-se recobrir a su- inicial do solo, variando de 15 a 25 mm para
estabelecimento da cultura a partir de mu- perfície dos canteiros com uma fina camada solos de textura grossa até 30 a 50 mm para
das, ter-se-ia, antes do estádio inicial, um de palha. solos de textura fina.
quinto estádio, o de formação de mudas. No caso de sementeiras, as mudas de- Da semeadura direta no campo até a
vem ser retiradas com torrão, a fim de evitar emergência de plântulas, as irrigações
Estádio de formação de danos às raízes e possibilitar melhor pe- devem ser leves e freqüentes, procurando
mudas gamento. Para tanto, o canteiro deve ser manter a umidade da camada superficial do
Estende-se da semeadura até as mudas previamente irrigado para facilitar a retirada solo (0 a 15 cm) próxima à capacidade de
estarem prontas para o transplante, o que das mudas. campo. Nesse período, as regas devem ser
ocorre quando as plantas apresentam de A produção de mudas em bandejas a cada um a quatro dias, dependendo da
quatro a seis folhas (cerca de 10 cm de deve ser preferencialmente em ambiente textura do solo e das condições climáticas
altura). protegido. As bandejas, normalmente, com (Quadro 2). Em solos arenosos e sob con-
3
Evapotranspiração
Evapotranspir ação de um cultivo padrão (grama batatais). Usado para estimar o consumo de água de uma cultura específica por meio de
coeficientes tabelados.
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Cultivo da pimenta 61
QUADRO
QUADRO 2 - Turno de rega (dias) durante os estádios de formação de mudas em sementeir
sementeira a e inicial da cultura de pimenta, e número de dias, antes
da colheita, para se paralisar as irrigações em função da textura do solo e da evapotranspiração de referência (ETo), para irrigação por
aspersão e sulco
ETo
ETo < 5 mm/dia
mm/ dia ETo > 5 mm/dia
Fases da cultura
cult ura Textura Textura
Formação de mudas em sementeira 1-2 x dia 1-2 1-2 2-3 x dia 1-2 x dia 1-2
dições de alta temperatura e baixa umida- cidade de absorção de água e de nutrientes Irrigações excessivas em terrenos com
de relativa do ar, assim como antes da emer- pelas plantas. drenagem deficiente reduzem a aeração no
gência das plântulas, podem ser ne- Irrigações excessivas, tanto nesse solo e favorecem doenças de solo, o que
cessárias de uma a duas irrigações por dia. quanto nos estádios seguintes, favorecem compromete a produtividade de frutos.
No caso de mudas, as regas devem ser maior ocorrência de doenças, além de au- Irrigações freqüentes por aspersão devem
a cada um a três dias até o completo es- mentar a lixiviação de nutrientes, em es- ser evitadas em condições favoráveis à
tabelecimento delas; em solos arenosos pecial de nitrogênio na forma de nitrato. ocorrência de doenças da parte aérea.
podem ser necessárias mais de uma irri-
Estádio de frutificação
gação porgotejamento,
dia (Quadroas
2).irrigações devem Estádio
Para O estádio de frutificação vai da flo- O estádiode maturação
de maturação vai do período
ser mais freqüentes que para aspersão e ração plena até o início da maturação de entre o início da maturação4 de frutos e a
sulco; como proposta, sugere-se um turno frutos. É comum, entre os diferentes tipos última colheita. É um estádio menos sen-
de rega em torno de 50% maior do que de pimentas, a ocorrência de um período sível à deficiência de água no solo. Irri-
aqueles apresentados no Quadro 2. em que há flores, frutos verdes e madu- gações freqüentes, principalmente quando
ros, o que requer a realização de várias realizadas por aspersão, favorecem maior
Estádio vegetativo colheitas. Nesse caso, o término do estádio
incidência de podridão de frutos.
de frutificação deve ser por ocasião do iní-
O estádio vegetativo compreende o Maior pungência em pimentas picantes,
cio da maturação das pimentas que serão
período entre o estabelecimento inicial das maior teor de sólidos solúveis em pimentas
colhidas na penúltima colheita.
plantas e o florescimento pleno. Limita- para molhos, maior teor de matéria seca e
O estádio de frutificação é o mais crítico à
ção drástica no desenvolvimento vege- melhor coloração em pimentas para páprica
deficiência de água, em especial durante a
tativo das plantas resultantes da ocorrência floração plena e o pegamento de frutos. A e maior concentração na maturação de
de déficits hídricos durante a fase de rápido deficiência de água pode provocar a queda e frutos podem ser alcançadas pelas plantas
crescimento vegetativo tem efeito negativo o abortamento de flores e frutos, além de em condições de déficit moderado de água
na produção da pimenteira (BOSLAND; reduzir o tamanho de fruto maduro (NUEZ no solo. Isto é obtido irrigando-se mais es-
VOTAV
VOTA VA, 1999),
1999 ), mesmo
mesm o que o supriment
supr imentoo VIÑALS et al., 1996; SMITH et al., 1998). paçadamente do que durante o estádio de
de água no estádio de frutificação seja Ademais, a falta de água durante o está- frutificação e antecipando a data da última
adequado. Não obstante, deficiência mo- dio inicial de frutificação pode restringir a irrigação. Adicionalmente, irrigações menos
derada de água favorece maior crescimen- translocação de cálcio e favorecer a ocor- freqüentes durante o estádio de maturação
to do sistema radicular das plantas, o que é rência de podridão apical (BOSLAND; possibilitam frutos mais vermelhos e maior
conveniente, haja vista o aumento da capa- VOTAVA, 1999). uniformidade de maturação (BOSLAND;
4
No caso de várias colheitas,
colheitas, considerar
considerar o início da maturação
maturação dos frutos a serem colhidos na penúltima
penúltima colheita.
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62 Cultivo da pimenta
VOTAVA, 1999). No Quadro 2, é apresen- mento das propriedades físico-hídricas do dições climáticas históricas da região
tada uma sugestão de época de paralisação solo, das necessidades hídricas específi- (normais de temperatura e umidade relativa
das irrigações em função da textura do solo cas da cultura e/ou de fatores climáticos média do ar), da textura do solo e da pro-
e demanda evaporativa da atmosfera. usados na determinação da evapotrans- fundidade efetiva do sistema radicular da
piração (MAROUELLI et al., 1996). Esses cultura.
MANEJO DA ÁGUA DE métodos requerem o uso de equipamentos
IRRIGAÇÃO Sistemas por aspersão e
para o monitoramento do status de água sulco
O fornecimento de água às plantas no no solo 5 (tensiômetros, blocos de re-
momento e na quantidade correta envolve sistência elétrica etc.) e/ou para estimativa 1 passo
o
parâmetros relacionados com a planta, o da evapotranspiração (tanque Classe A, Determinar, por meio do Quadro 3, a
solo e o clima. Existem vários métodos para termômetros, higrômetros, radiômetros evapotranspiração de referência (ETo), em
o controle da irrigação; todos com van- etc.), além de mão-de-obra qualificada. função de dados históricos mensais mé-
tagens e desvantagens. Embora o mur- A seguir é apresentado passo a passo dios de temperatura e umidade relativa do ar
chamento das folhas no início da tarde seja o método do turno de rega simplificado, disponíveis na região. Os dados podem ser
um sinal da necessidade de irrigação (BOS- um procedimento alternativo que não obtidos, muitas vezes, no Serviço de Ex
LAND; VOTAV
VOTAVA, 1999),
1999 ), existem
exis tem critérios
cr itérios requer cálculos complicados e o uso de tensão Rural disponível da região.
mais precisos para indicar quando irrigar. equipamentos. O método, descrito por
Métodos que permitem um controle ade- Marouelli et al. (2001), possibilita estimar 2 passo
o
quado e em tempo real da irrigação, como valores de turno de rega e lâmina de irri- Determinar, por meio do Quadro 4, o
os do balanço de água no solo e da tensão- gação, para cada estádio de desenvolvi- coeficiente de cultura6 para cada estádio
limite matricial, baseiam-se no conheci- mento da cultura, em função das con- de desenvolvime
desenvolvimento.
nto.
QUADRO
QUADRO 3 - Evapotranspiração de referência (ETo), em mm/dia, em função da temperatura e umidade relativa média do ar
Umidade relativa
(%)
Temperatura
(oC)
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
14 5,5 5,0 4,6 4,1 3,7 3,2 2,7 2,3 1,8 1,4 0,9
16 6,1 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0
18 6,7 6,1 5,5 5,0 4,4 3,9 3,3 2,8 2,2 1,7 1,1
20 7,3 6,7 6,1 5,5 4,9 4,3 3,6 3,0 2,4 1,8 1,2
22 8,0 7,3 6,6 6,0 5,3 4,6 4,0 3,3 2,7 2,0 1,3
24 8,6 7,9 7,2 6,5 5,8 5,0 4,3 3,6 2,9 2,2 1,4
26 9,4 8,6 7,8 7,0 6,2 5,5 4,7 3,9 3,1 2,3 1,6
28 10,1 9,3 8,4 7,6 6,7 5,9 5,1 4,2 3,4 2,5 1,7
30 10,9 10,0 9,1 8,2 7,3 6,4 5,4 4,5 3,6 2,7 1,8
32 11,7 10,7 9,7 8,8 7,8 6,8 5,8 4,9 3,9 2,9 1,9
34 12,5 11,5 10,4 9,4 8,4 7,3 6,3 5,2 4,2 3,1 2,1
5
Status de água no solo diz respeito ao estado energético (tensão matricial) ou à fração de água no solo (porcentagem de umidade).
umidade).
6
Kc é um coeficiente que incorpora as características da cultura, sendo utilizado para estimar a evapotranspiração da cultura durante um estádio
de desenvolvimento específico, a partir da evapotranspir
evapotranspiração
ação de referência.
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Cultivo da pimenta 63
3 passo
o
QUADRO 4 - Coeficiente de cultivo (Kc) para sistemas de irrigação por aspersão, sulco e
gotejamento, e profundidade efetiva do sistema radicular (Z) nos diferentes estádios
Determinar a evapotranspiração da
de desenvolvimento da cultura de pimenta
pimenteira (ETc) para cada estádio da
cultura, pela seguinte expressão: Kc
Z
Estádio
ETc = Kc x ETo (cm)
Aspersão /Sulco Gotejamento
EToo = evapotranspiração
ET evapotranspiração de referênc
referência,
ia, Maturação 0,85 0,80 30-40
mm/dia. FONTE: Dados básicos: Doorenbos e Kassam (1986) e Nuez Viñals et al. (1996).
(1)No caso de semeadura direta no campo, usar Kc de 0,35 para aspersão/sulco e de 0,40 para
4 passo
o
todo o perfil do solo explorado pelas raízes, classe textural do solo por ser uma in- Determinar a lâmina de água total
mas apenas a profundidade efetiva, onde formação requerida por alguns bancos, necessária em função da eficiência de
se encontra cerca de 80% do sistema ra- para o financiamento agrícola. Caso não irrigação do sistema e da necessidade de
dicular. Para uma rápida estimativa, re- disponível, a análise pode ser feita a preços lixiviação pela expressão:
comenda-se fazer uma avaliação visual do acessíveis na maioria dos laboratórios
sistema radicular em uma trincheira aberta 100 x LRN
de análise de solo. LTN =
perpendicular
perpendicu lar à fileira de plantas. Ei x (1 - LR)
6 passo
o
5 passo
o
em que:
Determinar o turno de rega (intervalo
Determinar a textura do solo. LTN = lâmina de água total necessária, mm;
entre irrigações consecutivas) para cada
Dentre os fatores que afetam a capa-
estádio da cultura, em função da evapo- Ei = eficiência de irrigação, % (Quadro
(Quadr o 1);
cidade de armazenamento de água do solo
(textura, estrutura, tipo de argila, teor de transpiração, textura do solo e profun- LR = fração de lixiviação requerida, decimal.
matéria orgânica etc.), a textura é o mais im- didade efetiva das raízes. Utilizar o Qua-
Em regiões semi-áridas, principalmente, o
portante. Para fins de uso deste método dro 2 para os estádios de formação de
solo pode conter altas taxas de sais solúveis e
simplificado, a caracterização do solo é feita mudas e inicial e o Quadro 5 para os demais
a água de irrigação pode ser salina e prejudi-
de acordo com a classe textural, como a seguir: estádios.
car a cultura pelo efeito dos íons presentes.
o
a) textura
textu ra fina: franc
franco-argiloso,franco-argil
o-argilo-silto
argila o-siltoso,
arenosa,so, 7 passo Sob tais condições,
ção adicional de águadeve-se aplicar
para lavar os saisuma fra-
e evitar
argila siltosa, argila, muito argiloso; Determinar a lâmina de água real neces- que se acumulem no solo, que pode ser
sária por irrigação pela seguinte ex- computada por (AYERS; WESTCOT, 1989):
b) text
textura
ura média:
média: franco,
franco, franco
franco-sil
-siltoso
toso,,
pressão:
franco-argilo-arenoso, silte (solos de
cerrado de textura fina devem ser con- CEa
CEa
LR =
siderados, para efeito dos cálculos de LRN = TR x ETc 15 - CEa
irrigação, como de textura média); em que:
c) text
textura
ura grossa:
grossa: arei
areia,
a, areia
areia franca
franca,, em que: CEa = condutividade elétrica da água de
franco-arenoso. LRN = lâmina de água
água real necessári
necessária,
a, mm. irrigação7 , dS/m.
7
Expressa, de forma
forma indireta, a quantidade de sais dissolvida
dissolvida na água.
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64 Cultivo da pimenta
QUADRO
QUADRO 5 - Turno de rega (dia) para
p ara a cultura de pimenta
pimen ta irrigada por aspersão
asp ersão ou sulco em função da evapotranspiraçã
eva potranspiração
o da cultura (ETc),
profundidade de raízes, textura do solo e estádio de desenvolvimen
desenvolvimentoto das plantas
10 20 30 40
ETc
ETc
(mm/dia)
Textura Textura Textura Textura
Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina
1 3 7 10 _ _ _ _ _ _ _ _ _
2 2 3 5 3 7 10 5 11 15 7 14 20
3 1 2 3 2 5 7 4 7 10 5 10 13
13
4 1 2 3 2 4 5 3 5 8 4 7 10
5 1 1 2 1 3 4 2 4 6 3 6 8
6 2 x dia 1 2 1 2 3 2 4 5 2 5 7
7 2 x dia 1 1 1 2 3 2 3 4 2 4 6
8 _ _ _ 1 2 3 1 3 4 2 4 5
9 _ _ _ 1 2 2 1 2 3 2 3 4
10 _ _ _ 1 1 2 1 2 3 1 3 4
11 _ _ _ 2 x dia 1 2 1 2 3 1 3 3
10 20 30 40
ETc
ETc
(mm/dia)
Textura Textura Textura Textura
Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina
Estádio de frutificação
2 _ _ _ 3 5 8 4 8 12 5 11 16
16
3 _ _ _ 2 4 5 3 5 8 4 7 11
4 _ _ _ 1 3 4 2 4 6 3 5 8
5 _ _ _ 1 2 3 2 3 5 2 4 6
6 _ _ _ 1 2 3 1 3 4 2 4 5
7 _ _ _ 1 2 2 1 2 3 2 3 5
8 _ _ _ 1 1 2 1 2 3 1 3 4
9 _ _ _ 2 x dia 1 2 1 2 3 1 2 4
10 _ _ _ 2 x dia 1 2 1 2 2 1 2 3
11 _ _ _ 2 x dia 1 1 1 1 2 1 2 3
12 _ _ _ 2 x dia 1 1 1 1 2 1 2 3
13 _ _ _ 2 x dia 1 1 2 x dia 1 2 1 2 2
14 _ _ _ 2 x dia 1 1 2 x dia 1 2 1 2 2
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Cultivo da pimenta 65
Quando a água não apresenta pro- Sistema por gotejamento Outros métodos para o
blemas de salinidade (CEa < 0,7 dS/m) não manejo de irrigação
se faz necessário aplicar a fração de lixi- 1 ao 5 passo
o o
Ti = te
tempo
mpo de
de irriga
irrigaçã
ção,
o, min;
min; so, o valor de ETc
E Tc deve ser igual à média da
Determinar a lâmina de água real e total evapotranspiração ocorrida no período
Ia = intens
intensida
idade
de de apl
aplic
icaç
ação
ão de água
água do
necessária por irrigação, conforme re- entre duas irrigações consecutivas. Um
sistema, mm/h.
comendado para sistemas por aspersão e método simples para estimar a ETo é o
A intensidade de aplicação de água sulco. do tanque de evaporação Classe A
pelo sistema de irrigação varia com o (MAROUELLI et al., 1996). Como qualquer
diâmetro de bocais, pressão de serviço e 9 passo
o
66 Cultivo da pimenta
10 20 30 40
ETc
ETc
(mm/dia)
Textura Textura Textura Textura
Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina Grossa Média Fina
1 1 2 2 2 3 5 _ _ _ _ _ _
2 2 x dia 1 1 1 2 2 1 2 4 2 3 5
3 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1 1 2 2 1 2 3
4 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1 1 1 2 1 2 2
5 4 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1 1 1 2
6 5 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1 1 1 2
7 _ _ _ 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1 2 x dia 1 1
8 _ _ _ 3 x dia 2 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1
9 _ _ _ 4 x dia 2 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1 2 x dia 1 1
10 _ _ _ 4 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1
11 _ _ _ 5 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 2 x dia 2 x dia 1 1
12 _ _ _ 5 x dia 3 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 2 x dia 3 x dia 2 x dia 1
não fornece leituras contínuas de tensão, mas Os principais dispositivos de injeção Para gotejamento sugere-se aplicar de
indica se a tensão está abaixo ou acima de seu de fertilizantes são os do tipo Venturi, 10% a 20% da recomendação total de nitro-
valor de referência. Atualmente, o sensor está tanque de diferencial de pressão e bombas gênio e de potássio em pré-plantio. Tal es-
disponível para as tensões de referência de injetoras (diafragma e pistão). Todos os tratégia tem por objetivo formar uma
10, 25 e 45 kPa. Sensores com diferentes va- dispositivos podem ser utilizados em reserva no solo suficiente para o desenvol-
lores de referência podem ser instalados lado sistemas por gotejamento, sendo a bomba vimento inicial das plantas. O restante é
a lado para melhor monitorar a tensão matricial. de pistão a melhor opção para pivô central. fornecido via fertirrigação, à medida que
O injetor do tipo
t ipo Venturi
Venturi é o mais utilizado as plantas se desenvolvem (Quadro 7). Para
FERTIRRIGAÇÃO em sistemas por gotejamento, devido prin- solos arenosos, as fertirrigações devem ser
Fertirrigação é o processo de aplica- cipalmente ao baixo custo. Para aspersão realizadas a cada um a três dias e, para solos
ção de fertilizantes via água de irrigação. O convencional, o tanque de diferencial de argilosos, pode-se adotar freqüência semanal.
processo é próprio para uso em sistemas pressão é um dos mais utilizados. Para aspersão, deve-se aplicar um terço
por aspersão tipo pivô central e, princi- Os nutrientes mais comumente apli- do nitrogênio em pré-plantio e parcelar o
palmente, por gotejamento. Pela facilidade cados por fertirrigação são os de maior restante via água de irrigação a cada duas
de aplicação, os fertilizantes podem ser mobilidade no solo, como o nitrogênio e o ou três semanas. As aplicações devem
injetados na tubulação de forma parcelada, potássio. A ocorrência de podridão apical começar aos 30 dias após o plantio e ir até
visando atender às necessidades das e a necessidade de pulverizações folia- o início da maturação. O potássio e o cálcio,
plantas. O parcelamento permite manter a res com cálcio podem ser eliminadas, apli- embora menos utilizados, também po-
fertilidade no solo próxima ao nível ótimo cando-se parte do cálcio via fertirrigação dem ser aplicados via água. A adoção da
requerido durante todo o ciclo da cultura, durante o florescimento e a frutificação. Os fertirrigação em sistema por aspersão é viá-
o que possibilita incrementos de pro- demais nutrientes, a exemplo do fósforo, vel desde que a uniformidade de distri-
dutividade e minimiza a lixiviação de nu- devem ser fornecidos, preferencialmente, buição de água do sistema seja superior a
trientes (BOSLAND; VOTAVA, 1999). como adubação básica no sulco de plantio. 65%.
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Cultivo da pimenta 67
QUADRO
QUADRO 7 - Dosagens relativas
relativas (%) de nitrogênio, potássio e cálcio para fornecimento por fertirrigação ao longo do ciclo da cultura de pimenta, em
relação ao total recomendado
Nitrogênio/Potássio
Grossa 10 5 5 5 10 15 15 20 10 5
Fina 20 5 5 5 10 15 15 20 5 0
Cálcio
Todas 50 0 0 5 10 10 15 10 0 0
Os principais fertilizantes aplicados por utilização de sistemas com baixa eficiência, DOORENBOS, J.; KASSAM, A.H. Yield
fertirrigação são: uréia, cloreto de potássio, do manejo inadequado de irrigação ou até response to water . Rome: FAO, 1986. 193p.
mesmo pelo conceito errôneo de que água (FAO. Irrigation and Drainage Paper, 33).
nitrato de cálcio, nitrato de potássio, sulfato
de amônio, sulfato de potássio e cloreto de é um recurso abundante e inesgotável. Tal ESTRADA, B.; POMAR, F.; DÍAZ, J.; MERINO, F.;
situação pode ser revertida por meio do BERNAL, M.A. Pungency level in fruits of the padrón
cálcio. O cálcio não deve ser aplicado em
pepper with different water supply. Scientia
água contendo bicarbonato (acima de 400 simples uso de tecnologias e das informa- Horticulturae, Amsterdam, n.81, p.385-396, 1999.
mg/L) ou ser injetado simultaneamente
simultaneamente com ções disponibilizadas no presente artigo,
LOPES, C.A.; HENZ, G.P. Doenças e métodos de
fertilizantess à base de sulfatos ou fosfatos,
fertilizante muitas delas de fácil adoção pelos produtores. controle. In: COSTA, C.S.R. da; HENZ, G.P.
G.P. (Ed.).
sob o risco de precipitar e causar o entu- De modo
poníveis geral, as
na literatura informações
sobre dis-
irrigação para
Cultivo das pimentas . Brasília: Embrapa
pimento de gotejadores. Vários outros cui- Hortaliças, 2004. (Embrapa Hortaliças. Sistemas
dados, especialmente relacionados com a as diferentes variedades de pimentas, e até de Produção, 4). Versão eletrônica. Disponível
qualidade da água, devem ser tomados para mesmo espécies do gênero Capsicum, são em: <http://www.cnph.embrapa.br/sistprod/
escassas e incompletas. Estudos têm sido pimenta/doenças.htm>.
pimenta/doen ças.htm>. Acesso em: 11 jul. 2006.
evitar problemas de entupimento em sis-
temas por gotejamento. realizados, em todo o mundo, especialmente MAROUELLI, W.A.; SILVA,SILVA, H.R. Pimenta: como,
para pimentão ( Capsicum annuum var. quando e quanto irrigar. Cultivar: hortaliças e
frutas, Pelotas, v.4, n.24, p.10-13, 2004.
CONSIDERAÇÕES FINAIS annuum), razão de sua maior importância
econômica. Assim, ainda existem inúmeras _______; SILVA, W.L.C. Seleção de sistemas
O uso da irrigação é fator determinante de irrigação para hortaliças . Brasília:
questões a serem respondidas pela pesquisa
EMBRAPA-CNPH, 1998. 15p. (EMBRAPA-
na produção comercial da pimenteira em no que tange à irrigação da pimenteira. CNPH. Circular Técnica, 11).
regiões com precipitação escassa ou mal
_______; _______; SILVA, H.R. Irrigação por
distribuída. As plantas são particularmente REFERÊNCIAS aspersão em hortaliças: qualidade da água,
sensíveis à falta de água durante a floração ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, aspectos do sistema e método prático de manejo.
e a frutificação. Não obstante, água em M. Crop evapotranspiration: guidelines for Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/
excesso, especialmente em solos com computing crop water requirements. Rome: FAO, Embrapa Hortaliças, 2001. 111p.
problema de drenagem, favorece várias 1998. 328p. (FAO. Irrigation and Drainage Papers, _______; _______; _______. Manejo da irrigação
56). em hortaliças . Brasília: EMBRAPA-SPI/
doenças de solo. Assim, as regas devem
ser realizadas, visando atender à demanda AYERS, R.S.; WESTCOT, D.W. Water quality EMBRAPA-CNPH, 1996. 72p.
for agriculture. Rome: FAO, 1989. 174p. (FAO. NUEZ VIÑALS, F.; GIL ORTEGA, R.; COSTA
hídrica das plantas, nunca em demasia ou
Irrigation and Drainage Paper, 29). GARCIA, J. El cultivo de pimientos, chiles y
carência.
BOSLAND, P.W.; VOTAVA, E. Peppers: ajies. Madrid: Mundi-Prensa,1996. 607p.
Analogamente ao verificado em toda a vegetable and spice capsicums. Wallingford: CAB, SMITH, R.; HARTZ, T.; AGUIAR, J.; MOLINAR,
agricultura irrigada no Brasil, a irrigação da 1999. 204p. R. Chile pepper production in California .
pimenteira é realizada de forma empírica e CALBO, A.G.; SILVA, W.L. de C. e. Gaseous Oakland: University of California, 1998. 4p.
ineficiente, em geral, com grande desper- irrigation control system: descriptions and physical (Vegetable Production Series. Publication, 7244).
dício de água e prejuízos à produtividade e tests for performance assessment. Bragantia , SOMOS, A. The paprika. Budapest: Akadémiai
à qualidade de frutos. Isto ocorre, devido à Campinas, v.65, n.3, p.501-510, 2006. Kiadó,1984.
Kiadó,198 4. 302p.
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68 Cultivo da pimenta
1
Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZ
EPAMIG-CTZM,
M, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG
Viçosa-MG.. Correio eletrônico: icsantos@epamig.ufv
icsantos@epamig.ufv.br
.br
2
Enga Agra, D.Sc.,
D.Sc., Pesq. EMBRA
EMBRAP
PA/EP
A/EPAMIG-C
AMIG-CTZM,
TZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-00
36570-000
0 Viçosa-M
Viçosa-MG
G. Corr
Correio
eio eletrôni
eletrônico:
co: cleidemar
cleidemaria@vicos
ia@vicosa.ufv
a.ufv.br
.br
3
Engo Agro, Pós-Doc, Prof.
Prof. Tit. UFV - Depto Fitotecnia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: faffonso@ufv.br
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Cultivo da pimenta 69
aumentadas, drasticamente. Neste senti- túrbios do solo e ação alelopática (BUH- (PUTNAM, 1985; PUTNAM;
do, recomendam-se sementes de boa pro- LER et al., 1997). Se a área ficar simplesmen- TANG, 1986). Por meio dos alelo-
cedência, livres de propágulos de plantas te em pousio, espécies que são favorecidas químicos, organismos de uma
daninhas; limpeza de caminhões, máqui- pelas condições edafoclimáticas da en- espécie afetam o crescimento, o
nas e implementos agrícolas que tenham tressafra da pimenta poderão aumentar estado sanitário, o comportamento
sido utilizados em outras propriedades ou muito sua população, alterando a dinâmica ou a biologia da população de
em áreas com espécies daninhas-problema; da população de plantas daninhas. organismos de uma outra espécie.
certificação da origem de adubos orgâ- A utilização de cobertura morta pro- Além disso, com a repetição dessa
nicos, especialmente esterco de animais; porciona efeitos físicos, químicos e bio-
prática, a decomposição da cobertura ve-
não usar material proveniente de áreas lógicos sobre as plantas
plant as daninhas (ALVES;
getal aumenta o teor de matéria orgânica
infestadas com tiririca ou de pastagens PITELLI, 2001):
infestadas com tiririca ou de pastagens do solo, o que contribui para melhoria de
onde tenha sido usado o herbicida Tordon
(2,4-D + picloram). Resíduo de picloram no a) efeito
efeitocobertura
pela físico:
físico: a barreira
barrmorta
eira físic
física
a formada
formadaa
dificulta propriedades físicas, químicas e físico-
químicas do solo.
esterco pode afetar o desenvolvimento emergência das plantas daninhas, Pelo fato de a pimenteira apresentar
inicial de algumas hortaliças. porque aumenta o tempo para que ciclo longo e ser cultivada com espa-
A prática da adubação verde nos pe- tenha acesso à luz e inicie o pro- çamentos mais largos entrelinhas de
ríodos de entressafra também é uma impor- cesso germinativo, o que pode es- plantio, a consorciação com adubos ver-
tante ferramenta no manejo preventivo das gotar suas reservas, diminuindo sua des pode ser uma alternativa para
par a o manejo
plantas daninhas, uma vez que as cober- chance de sobrevivência; além dis- de plantas daninhas, para a proteção do
turas verdes sombreiam o solo enquanto so, impede ou diminui a penetração solo nas entrelinhas e para o fornecimento
vivas e formam cobertura morta após o da luz solar, o que dificulta a ger- de nutrientes para a cultura. Se o adubo
corte. Além disso, contribuem para a minação de sementes fotoblásticas verde for manejado, logo no início do flo-
fertilização do solo e para a melhoria de positivas e das sementes que re- rescimento, pode fornecer nutrientes no
suas características físicas, físico-químicas querem determinado comprimento mesmo ciclo de cultivo, especialmente
e biológicas.
Em sistemas de cultivo ecológico ou de onda de
diminui luz. A cobertura
as amplitudes morta
diárias das nitrogênio, caso seja usada espécie com
boa capacidade de fixação biológica desse
orgânico, esses métodos devem ser pri- variações térmica e hídrica na su- elemento e de rápida decomposição. O
vilegiados por serem menos impactantes perfície do solo, o que reduz a ger- desenvolvimento da planta e a produ-
para o meio ambiente. minação das sementes de algumas tividade da pimenta-malagueta (Capsicum
espécies; frutescens
frutesce ns), consorciada com espécies de
MÉTODOS CULTURAIS b) efe
efeito
ito bio
biológ
lógico
ico:: a cobertura morta adubos verdes, foram avaliados por Santos
Os métodos culturais caracterizam-se proporciona ambiente favorável et al. (2004a). Foram comparados os adubos
pela eficiente ocupação do espaço agrícola para a proliferação de diversos or- verdes de ciclo anual crotalária ( Crotalaria
pela cultura desfavorecendo o estabe- ganismos que podem utilizar as breviflora Roth), lab-lab (Dolichus lablab)
lecimento das plantas daninhas. Assim, estruturas de propagação das plan- e mucuna-anã (Stizolobium deeringianum
todas as práticas culturais que favoreçam tas daninhas como fonte de energia Bort.) e os de ciclo perene puerária (Pueraria
o rápido estabelecimento da cultura da e matéria, provocando sua de- ph
p h as e o l o i d e Hoxb.) e calopogônio
pimenta, como bom preparo do solo, adu- terioração e perda de viabilidade; (Calopogonium mucunoides L.) e, ainda,
bação e espaçamento adequados, irrigação c) efei
efeito
to químic
químico:
o: a lixiv
lixiviaçã
iaçãoo e a de-
de- uma testemunha sem adubo verde (Fig. 1).
direcionada e utilização de mudas sadias e composição da cobertura morta Todos os tratamentos receberam a mes-
vigorosas, contribuem para o manejo das originam compostos químicos que ma adubação no plantio. A parcela tes-
plantas daninhas. são liberados no meio e podem temunha foi mantida no limpo por meio de
A rotação de culturas deve ser incluída exercer efeito alelopático sobre as capina com enxada e somente ela recebeu
no plano de manejo, para proporcionar plantas daninhas. Alelopatia tem adubação de cobertura, com 120 kg/ha de
mudanças no ambiente onde a lavoura é sido definida como qualquer efeito uréia, parcelada em quatro vezes. Os adu-
conduzida (ALVES; PITELLI, 2001), mo- prejudicial, direto ou indireto, de bos verdes de ciclo anual foram cortados
dificando a dinâmica do banco de semen- uma planta sobre outra pela pro- 110 dias após o transplante das mudas de
tes e, por conseqüência, da comunidade dução de compostos químicos, pimenta e semeados, novamente, 20 dias
de plantas daninhas, por proporcionar normalmente designados alelo- depois nas mesmas parcelas. Já os adubos
diferentes modelos de competição, dis- químicos, que são liberados no meio verdes de ciclo perene foram apenas mane-
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70 Cultivo da pimenta
CAPINA
Este método ainda é amplamente uti-
lizado em pequenas propriedades. O pe-
ríodo crítico é de cerca de dois terços do
ciclo da cultura da pimenta, que é de 12
meses para a ‘Malagueta’ (C. frutescens) e
para as pimentas-de-cheiro (C. chinense)
e de oito meses, para a ‘Tabasco’ ( C.
A frutescens) e para a ‘Dedo-de-moça’ ( C.
baccatum var. pendulum) (CRUZ, 2004).
Para a pimenta-tabasco, no Ceará, são
utilizados, por hectare, 90 serviços com
capinas (CEARÁ, 2005).
A capina com enxada pode afetar o
s
o
sistema radicular das plantas de pimenta e
t
n
a
S
favorecer a erosão do solo, devendo ser
s
o
d realizada em dias mais secos para obter
a
n
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s
r
i
melhor eficiência.
C
l
e
b
a
z
:
s
I CEIFA
B o
o
t
F
Figura
Figura 1 - Adubos verdes na entrelinha da cultura da pimenta - EPAMIG
EPAMIG - Fazenda Em culturas que requerem espaçamen-
tos largos entrelinhas de plantio, uma
Experimental do Vale do Piranga (FEVP), 2003
alternativa de manejo das plantas daninhas
NOTA: A - Calopogônio; B - Puerária. é a ceifa ou roçada, realizada com foice ou
com máquinas. A eficiência da ceifa de-
jados de forma
forma que não venha
venha a invadir
invadir as pequenas, com quatro a oito folhas defi- pende das espécies e do estádio de desen-
linhas de plantio da pimenta. Concluiu-se nitivas. Nesse estádio, as plantas daninhas volvimento das plantas daninhas na área
que puerária e calopogônio são pro- podem ser removidas facilmente sem causar e, ainda, da freqüência da ceifa (DURIGAN,
missores para uso em consórcio com a dano à cultura. A eficiência do controle me-
m e- 1984; DEUBER, 1992). Dentre os métodos
pimenta, por proporcionarem maior diâ-
metro da copa (Quadro 1) e maior produção QUADRO
QUADRO 1- Médias de altura da planta (ALP),
(ALP), diâmetro da copa paralelo (DCP)
(DCP) e diâmetro da copa
de frutos (Quadro 2), em relação aos demais transversal (DCT) à linha de plantio, de pimenta-malagueta consorciada com adubos
adubos verdes. Por serem perenes, pro- verdes, aos 68 e 208 dias após o transplante - EPAMIG - Fazenda
Fazenda Experimental do
geiras, suportam bem o pisoteio na ocasião Calopogônio 45,3 90 57,8 98 58,8 108
das colheitas. Crotalária 54,0 94 61,2 98 54,3 97
Lab-lab 49,1 81 49,5 80 47,5 87
MÉTODOS MECÂNICOS Mucuna 48,0 95 50,6 88 42,6 90
O cultivo mecânico é mais eficiente, Média 50,73 92,5 56,35 95,00 53,82 100,33
quando as plantas daninhas estão ainda NOTA: DA
DAT
T - Dias após o transplante
tra nsplante..
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Cultivo da pimenta 71
QUADRO
QUADRO 2 - Produção por colheita e produção acumulada
acumu lada (g/planta) de frutos de pimenta perimento, aspecto importante no siste-
malagueta, consorciada com adubos verdes - EPAMIG - Fazenda
Fazenda Experimental do ma orgânico de cultivo. Apesar de pre-
Vale do Piranga (FEVP),
(FEVP ), 2004
liminares, com base nos resultados deste
Dias após o transplante (DAT)
(DAT) experimento, estes autores recomendam no
Tratamento máximo, 25% de cobertura do solo com
Produção
148 169 190 215 230 239 acumulada
plantas daninhas.
Testemunha 71,29 84,28 46,28 237,77 208,93 112,00 760,55 CULTIVO COM IMPLEMENTOS
Puerária 47,53 100,63 64,62 171,61 126,97 97,00 608,36
No preparo do solo com implementos
Calopogônio 51,80 94,93 50,84 19,50 117,64 139,33 474,04 agrícolas, o controle de plantas daninhas
Crotalária 47,64 55,04 19,71 63,14 78,54 82,50 346,57 ocorre pela exposição do sistema radicular
Lab-Lab 37,01 22,98 9,18 30,77 51,03 91,00 241,97 das plantas ao sol e enterrio de estruturas
vegetativas e reprodutivas. Entretanto, este
Mucuna 52,08 35,72 10,84 42,09 49,46 64,83 255,02
método favorece a erosão do solo, fator
Média 51,22 65,59 33,58 94,15 105,43 97,78 447,75 importante no cultivo da pimenta, que é
realizado, preferencialmente, em áreas de
encostas. Posteriormente, plântulas de
mecânicos, a ceifa, provavelmente, seja o diversidade da vegetação, um dos pre- espécies daninhas anuais ou perenes,
que causa menor impacto ao ambiente, ceitos da agricultura orgânica. Santos et oriundas de sementes, podem ser con-
pois, além de não causar distúrbios na al. (2004b) avaliaram o desenvolvimento da troladas mecanicamente com cultivadores,
superfície do solo, proporciona a formação planta de pimenta em sistema orgânico de os quais, basicamente, rompem o contato
de camada de cobertura vegetal morta que cultivo, no qual realizou-se a ceifa periódica íntimo da plântula com o solo, provocando
protege o solo contra incidência direta do das plantas daninhas, que foram mantidas sua morte ou retardando seu crescimento
sol e da chuva.
da cobertura Durante
vegetal, a decomposição
podem ser liberados formando faixas de cobertura do solo nas inicial. Plântulas de
maior acúmulo maisreservas,
desenvolvidas,
podemcom
so-
entrelinhas de plantio nas seguintes por-
compostos (aleloquímicos), que exercem centagens: 0% (testemunha mantida no breviver ao impacto do cultivo e voltar a
efeito químico benéfico no controle de limpo), 25%, 50%, 75% e 100% de cobertura crescer. Desse modo, essa operação deve
algumas espécies daninhas. Além disso, da entrelinha (Fig. 2). Aos 68 dias após o ser realizada no momento certo, visando
Alves e Pitelli (2001) ressaltam que a transplante (DAT), não havia diferença garantir eficiência no controle (ALVES;
redução do distúrbio do solo, por si só, entre tratamentos quanto à altura de PITELLI, 2001).
proporciona redução temporária das plantas, ao diâmetro da copa no sentido da Espécies perenes que se propagam ve-
populações de plantas daninhas nos linha de plantio e ao diâmetro da copa getativamente, como é o caso das trapoe-
agroecossistemas. rabas (Commelina spp.), requerem maior
transversal à linha de plantio. Mas aos 208
O simples fato de não movimentar o atenção, pois podem ser favorecidas pelo
DAT, as maiores médias para as carac-
solo com aradura e gradagem no seu cultivo mecânico. A eficácia do controle
terísticas citadas foram do tratamento
preparo, diminui a germinação de espé- mecânico dependerá, então, da quantida-
mantido com 0% de cobertura, seguido pelo
cies dependentes
germinativo como,depor
luzexemplo,
para o processo
Bidens tratamento mantido com 25% de cobertu- de de reservas armazenadas nas plantas
ra. A produtividade obtida no tratamento daninhas no início das operações, das
pilosa, Galinsoga parviflora e Portulaca
0% de cobertura foi de 7.326 kg/ha de fruto, condições climáticas após o cultivo e da
oleracea (BLANCO; BLANCO, 1991) e,
enquanto a média geral de produtividade capacidade destrutiva do método e do
em três anos, reduz em até 94% as ma-
no experimento foi de 3.726 kg/ha. Apesar implemento utilizado. Por isso, a eficá-
nifestações epígeas de Cyperus rotundus,
da queda na produtividade, há que se con- cia do primeiro controle deve ser acom-
pois sem o uso de implementos para a
movimentação do solo não ocorre a divisão siderar na análise do resultado, a economia panhada, visando decidir qual estratégia
dos tubérculos, a quebra da dormência e de mão-de-obra com capina e os benefícios deve ser adotada a seguir, a qual se pode
da dominância apical (JAKELAITIS et al., proporcionados pelas plantas daninhas em basear em dois princípios:
2003). termos de cobertura do solo e de abrigo a) realizaçã
realizaçãoo de suce
sucessivo
ssivoss cultivo
cultivoss
O manejo das plantas daninhas por para inimigos naturais de pragas da pi- mecânicos em curtos intervalos de
meio da ceifa é especialmente interessante menta, uma vez que não foi utilizado tempo, o que força novas brotações,
em cultivos orgânicos, pois mantém a
qualquer tipo de defensivo sintético no ex- exaurindo ao máximo as reservas da
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Cultivo da pimenta
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C D
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Figura 2 - Faixas de cobertura do solo nas entrelinhas da cultura da pimenta em cultivo orgânico
NOTA: A - Vista geral do experimento; B - 0%; C - 25%; D - 50%; E - 75%; F - 100%.
planta, impedindo-a de voltar a nico podem ser tracionados por tratores para outras culturas, correndo o risco de
acumulá-las (ALVES; PITELLI, ou por animais, dependendo da con- intoxicar a planta e a si mesmo, além de
2001); veniência e da infra-estrutura disponível. contaminar o ambiente. Com o objetivo
b) reti
retirada
rada do
do materia
materiall propagat
propagativo
ivo da de dar subsídio ao estudo de seletivida-
área por meio do arranquio manual CONTROLE QUÍMICO de de herbicidas à pimenta-malagueta,
Santos et al. (2004c) avaliaram 11 her-
das plantas-problema, o que só se
Como não há registro de herbicidas para bicidas comerciais, em casa de vegetação
aplica em pequenas áreas. a pimenteira, muitos agricultores utilizam, (Fig. 3).
Os implementos para o controle mecâ- erroneamente, herbicidas recomendados Os herbicidas Trifluralin (Premerlin) na
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Cultivo da pimenta 73
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I
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t
o
F
74 Cultivo da pimenta
dose de 2,0 L/ha, e metolachlor (Dual), na ecológico de plantas daninhas. Informe controle de plantas daninhas: plantio direto
dose de 2,5 L/ha, foram seletivos, quando Agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n.212, e convencional. 5.ed. Nova Odessa: Plantarum,
aplicados logo após o enchimento dos p.29-39, set./out. 2001. 2000. 339p.
vasos e incorporados ao substrato, antes BLANCO, H.G.; BLANCO, F.M.G. Efeito do PEREIRA, W. Manejo de plantas daninhas. In:
do plantio das mudas de pimenta- manejo do solo na emergênc
emergência
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w w w.
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químico não é recomendado para a cultura Acesso em: 10 set. 2004. UNIDERP, 2004a. 1 CD-ROM.
de pimenta, em razão da falta de registro
regis tro de
herbicidas junto
j unto ao MAPA. A eficiência do DEUBER, R. Ciência das plantas daninhas: _______; _______; _______; _______; _______;
controle dependerá do estádio de desen- fundamentos. Jabotical: FUNEP, 1992. 431p. _______. Produção de pimenta malagueta em
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Cultivo da pimenta 75
1
Enga Agra, Ph.D., Pesq. EPAMIG-CTZ
EPAMIG-CTZM,
M, Caixa Postal 216, CEP 36570-000
36570-000 Viçosa-MG
Viçosa-MG.. Correio eletrônico:
eletrônico: venzon@epamig.ufv.br
venzon@epamig.ufv.br
2
Bióloga, D.Sc., Pesq. UFRPE - Unidade
Unidade Acadêmica
Acadêmica de Serra
Serra Talhada,
Talhada, Fazenda Saco, s/n,
s/n, CEP
CEP 56900-000 Serra Talhada-PE. Corre
Correio
io eletrônico:
eletrônico:
ccyne@hotmail.com.br
3
Enga Agra, Mestranda, UFV - Depto Biologia Animal, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: mcrosado@insecta.ufv.br
4
Engo Agro, Ph.D., Prof.
Prof. UFV - Depto Biologia Animal, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: pallini@mail.ufv.br
5Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CT
EPAMIG-CTZM,
ZM, Caixa Postal, 216, CEP 36570-000
36570-000 Viçosa-MG
Viçosa-MG. Correio eletrônico:
eletrônico: icsantos@epamig.ufv
icsantos@epamig.ufv.br
.br
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76 Cultivo da pimenta
a
ri
intensa;
por 0,23asde
fêmeas (0,45são
largura) mmmaiores
de comprimento
que os
e
vil
O machos (0,26 mm de comprimento por
e
s
d 0,15 mm de largura). Fêmeas adultas de T.
o t
a
M evansi medem cerca de 0,5 mm de
s
o
ri
e
comprimento, possuem o corpo ovalado,
n
s
y
C de coloração laranja-avermelhada, com
a
n
e
e
l duas manchas laterais escuras (Fig. 3). Os
H
a i
d
machos são menores e de coloração ala-
u
á
l
C
ranjada.
Figura 1 - Ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus
ot
e
N
o
ni
L
sé
oJ
Cultivo da pimenta 77
Insetos
Pulgões
As principais espécies de pulgão, que
ataca as plantas de pimenta, são o pulgão-
verde, Myzus persicae Shulzer, o pulgão-
do-algodoeiro, Aphis gossypii Glover, e o
pulgão-das-solanáceas, Ma Macr
cros
osip
iphu
humm
euphorbiae (Thomas) (Homoptera:
Aphididae). A primeira espécie é polífaga,
cosmopolita e pode transmitir mais de 100
vírus em diversas culturas (BLACKMAN;
n
EASTOP,, 1984). Os adultos de M. persi
EASTOP persicae
cae o
z
n
e
medem cerca de 2 mm, sendo a forma ápte- V
e
n
i
ra de coloração geral verde-clara (Fig. 4) e a
l
e
d
a
a forma alada de coloração verde, com ca- M
beça, antena e tórax pretos. As ninfas são Figura 4 - Pulgão-verde Myzus persicae
de coloração verde a marrom-avermelhado.
O pulgão A. gossypii apresenta ampla
distribuição mundial e encontra-se asso- minado honey-dew, o qual deixa as folhas 1999). Ataca, além das solanáceas, algodão,
ciado a culturas de grande importância pegajosas e meladas. Nesse meio, há o amendoim, sorgo, cebola e diversas
econômica. É também uma espécie polífaga desenvolvimento de fungos, principal- plantas ornamentais (P
( PALMER et al., 1989).
e capaz de transmitir mais de 50 vírus de mente do gênero Capnodium, que podem Possui coloração variável de marrom a
plantas (BLACKMAN; EASTOP
EAS TOP,, 1984). São recobrir folhas e ramos, conferindo-lhes um preto e mede cerca de 1,4 mm de compri-
insetos pequenos (1-2 mm), de coloração aspecto de fuligem escura, a fumagina. mento. As formas jovens possuem colo-
que varia do amarelo-claro ao verde-escuro. Essas plantas podem reduzir a produção, ração mais clara que a dos adultos.
O pulgão das solanáceas, M. euphorb iae, é
euphorbiae devido à diminuição da taxa fotossintética. Os tripes são insetos raspadores-
o maior das três espécies que ocorrem na Além desses danos, os pulgões podem sugadores. Sugam a seiva das folhas, das
pimenta. Tem sido encontrado em 50 tipos transmitir o vírus do mosaico-do-pimentão. brotações e dos botões florais. Em con-
de plantas e é vetor de mais de 40 vírus. As plantas infectadas por esse vírus seqüência da sua alimentação, ocorre o
As formas ápteras medem cerca de 3,5 mm, apresentam redução no crescimento, folhas superbrotamento da planta, encarqui-
apresentam coloração verde-claro e pos- encrespadas com mosaico acentuado, lhamento das folhas e quedas das flores;
suem as pernas e os sifúnculos com as redução da qualidade dos frutos e prejuízos os frutos atacados ficam deformados, sem
extremidades escurecidas.
são maiores (cerca As formas
de 4 mm), aladas
de coloração na produção (FRANÇA et al., 1984). brilho
retos, ose ásperos. Além causar
tripes podem desses danos
danos in-
di-
verde-claro a verde-escuro, com antenas Tripes diretos através da transmissão do vírus do
ultrapassando o tamanho do corpo. As principais espécies de tripes asso- vira-cabeça-do-tomateiro. Os sintomas
As três espécies de pulgão atacam as ciadas à cultura da pimenta são Thrips mais comuns dessa virose são (FRANÇA
folhas e os ramos novos das plantas de mi Karny e Frankliniella schultzei
palmi
pal et al., 1984): mosaico amarelo, faixa verde
pimenta, sendo que A. gos syp ii ataca Trybom (Thysanoptera: Thripidae). O nas nervuras e anéis concêntricos nas fo-
também os botões florais e as flores. As tripes T. palmi ataca solanáceas, cucur- lhas, paralisação do crescimento e de-
folhas tornam-se enroladas, encarqui- bitáceas e plantas ornamentais. São insetos formação dos frutos. Os prejuízos variam
lhadas e os brotos ficam curvos e acha- de coloração amarelada a marrom-claro, de acordo com a época de ataque. Plantas
tados. Devido à sucção contínua de seiva, cujos adultos possuem asas franjadas e infectadas na sementeira ou logo após o
pode ocorrer o retardamento do cresci- medem cerca de 1 mm de comprimento. A transplantio têm a produção totalmente
mento da planta. A sucção contínua dos espécie F. schultzei
schu ltzei é considerada uma das comprometida. Plantas infectadas tar-
diamente têm sua produção quantitativa e
pulgões
minação pode
de umprovocar também adeno-
líquido açucarado eli- espécies de tripes
várias regiões mais(NAGATA
do Brasil importantes
et em
al., qualitativa menos afetadas.
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78 Cultivo da pimenta
Mosca-branca
A mosca-branca, Be mi si a ta ba ci
(Genn.) (Homoptera: Aleyrodidae), ataca
uma ampla diversidade de hospedeiros,
dentre estes incluem-se solanáceas, cu-
curbitáceas, brássicas, leguminosas, al-
godão, mandioca, alface e quiabo, além de
plantas ornamentais, daninhas e silvestres
(VILLAS BÔAS et al., 1997). São insetos
pequenos de 1 mm de comprimento, com
quatro asas membranosas
pulverulência branca. Osrecobertas
ovos sãocomco-
locados na página inferior das folhas e as
ninfas passam a sugar a seiva das folhas.
Os danos causados pela mosca-branca
podem ser diretos, devido à sucção de n
o
z
seiva e ao favorecimento do aparecimento n
e
V
e
da fumagina (semelhante aos pulgões), e n
i
a
l
e
indiretos, devido à transmissão de viro- d
a
M
ses. Figura 5 - Frutos de pimenta danificados pela broca-do-fruto-da-pimenta Gnorimoschema
barsaniella e pela mosca Neosilba sp.
Broca-do-ponteiro e do fruto-
Broca-do-ponteiro
da-pimenta
colhidos e embalados,
prejuízos (Fig. 5). causando grandes Figura 6 - Mosca-do-pimentão Neosilba sp. importância é secundária
a utilização de medidas dee não é necessária
controle.
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Cultivo da pimenta 79
Algumas espécies de coleópteros po- ESTRATÉGIAS PARA O MANEJO Ceraeochrysa cubana (Hagen)
dem danificar as raízes e folhas da pimenta. DE PRAGAS DA PIMENTA (Neuroptera: Chrysopidae) e sirfídeos têm
Normalmente, os danos às raízes são de sido encontrados com freqüência em
pouca importância; já a desfolha pro- Controle biológico plantações de pimenta da Zona da Mata
vocada pela alimentação dos adultos pode O controle biológico natural das pragas de Minas Gerais, especialmente onde o
ser significativa, quando ocorrer em plan- da pimenta é realizado por diversas espécies uso de defensivos é reduzido ou ausente.
tas nas sementeiras ou nas recém-trans- de inimigos naturais. Os ácaros-predadores Algumas dessas espécies alimentam-se
plantadas para o campo (FRANÇA et al., da família Phytoseiidae são os principais também de ácaros e de tripes. Dentre os
1984). A vaquinha Diabrotica speciosa inimigos naturais dos ácaros-fitófagos parasitóides mais importantes associa-
(Germ.) (Coleoptera: Chrysomelidae) e o (MORAES, 2002). Na cultura da pimenta, dos aos pulgões, estão Aphidius colemani
colemani
burrinho
(Coleoptera: Meloidea) são as (Germ.)
Ep ic au ta su tu ra li s
espécies diversas espécies de ácaros-predadores Viereck e Ly s i p h l e b u s t e s t a c e i p e s
são encontradas, sendo A Amb
mb ly se iu s (Cresson) (Hymenoptera: Aphidiidae)
mais comuns que podem causar esse tipo herbicolus (Chant) (Acari: Phytoseiidae) (RODRIGUES; BUENO, 2001; SAMPAIO
de dano à pimenta. uma das mais abundantes na Zona da MataMat a et al., 2001).
Outros coleópteros com potencial de mineira (Fig. 7). Esse predador tem uma alta Para a manutenção e aumento dos
dano à cultura da pimenta são os bro- capacidade de consumo de P. latus em inimigos naturais no agroecossistema da
queadores de caule. As espécies mais co- plantas de Capsicum spp. De acordo com pimenta, são necessárias práticas que
muns são Agath
Agathomerus
omerus flavo
flavomacula
maculatus
tus Matos (2006), uma fêmea adulta de A. favoreçam o aumento de suas populações.
(Klug) (Coleoptera: Megalopodidae), herbicolus é capaz de predar em média 51,75 Essas práticas incluem a diversificação
Faustinus cubae (Boheman) e Heilipodus a 66,6 ovos e 34,2 a 40,5 adultos de P. latus
lat us da vegetação nos plantios, através da
destructor Olin. (Coleoptera: Curcu- por dia. utilização de espécies fornecedoras de
lionidae). Larvas dessas espécies vivem Várias espécies de insetos- alimento alternativo (ex. crotalária) (VEN-
dentro das raízes, caules e hastes da pi- entomófagos estão associadas aos pulgões ZON et al., 2006a); a manutenção de áreas
menta, abrem galerias em conseqüência da M. persicae, A. gossypii e M. euphorbiae. de vegetação natural próximas aos plan-
sua alimentação. As plantas atacadas ficam Os predadores Cycloneda sanguinea L. tios; a utilização criteriosa de defensivos,
amareladas, enfraquecidas e podem morrer. (Fig. 8), Er io pi s co nn ex a (Germar) os quais só devem ser utilizados como
Em ataques de A. flavomaculatus
flavomaculatus pode-se (Coleptera: Coccinellidae) (Fig. 9), estratégia complementar às outras práticas
observar o corte dos ramos. Chrysoperla externa (Hagen) (Fig. 10), de controle de pragas. Ressalta-se que, ao
Algumas e spé cies de mosca s-
minadoras ( Li ri om yz a spp.) podem,
ocasionalmente, causar danos à cultura da
pimenta. As larvas dessas moscas fazem
minas serpenteadas nas folhas, o que
provoca secamento e queda foliar. As
plantas e frutos atacados apresentam
regiões cloróticas.
Segundo França et al. (1984), algumas
espécies de percevejos como Acroleucus
coxalis Stal. (Hemiptera Lygaeidae),
Lygaeidae), Phthia
p i c t a (Drury) e C o r e c o r is fu s c u s
(Thumberg) (Hemiptera, Coreidae), a
ri
Corythaica cyathicollis (Costa) e C. e
v
li
O
monacha (Stal) (Hemiptera, Tingidae) e
d
s
podem, eventualmente, causar danos à o
a
t
M
pimenta. Esses são devidos à sucção dos s
roi
frutos e da planta pelas ninfas e adultos e
n
s
y
dos percevejos. Além da depreciação, a
C
n
e
devido à alimentação desses insetos, os e
l
H
frutos danificados são mais facilmente a
u
i
d
lá
colonizados
murchamentopor fungos, levando-os ao
e apodrecimento. Figura 7 - Ácaro-predador Amblyse
Amblyseius
ius herbico
herbicolus
lus
C
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Cultivo da pimenta 81
Produtos alternativos
Extratos de plantas com potencial
inseticida têm sido utilizados em sistemas
de produção onde não é permitido o uso
de agrotóxicos, como na produção or-
gânica. Uma das espécies de planta mais
pesquisada para o controle de pragas é a
Meliaceae Azad
Azadirac hta indica A. Juss,
irachta
Gráfico 1 - Porcentagem
Porcentagem total de frutos de pimenta-malagueta
pimenta-malagueta danificados
danificados pela broca- conhecida como nim. A azadirachitina,
do-fruto-da-pimenta (Gnorimoscherma barsaniella) e pela mosca Neosilba encontrada principalmente nas sementes e
sp. em plantio diversificado com adubos verdes e em parcelas adubadas em menor quantidade na casca e nas fo-
com N mineral lhas do nim, é o principal composto res-
FONTE: Dados básicos: Venzon et al. (2004b). ponsável pelos efeitos tóxicos aos insetos
QUADRO
QUADRO 1 - Características das folhas de Capsicum spp. quanto à presença de tricomas e domácias
Características da folha Classificação
Tricomas
Nome Nome Domácias
(densidade/5 cm2)
científico comum Total de tricomas
tri comas
(densidade/5 cm2) Classes de
(limbo+nervura+ tricomas Caracterização geral
Densidade/ No de pêlos/ domácias)
Limbo Nervura
15cm2 domácia
C. baccatum
(1)
Dedo-de-moça 0B 0D 0C 0E 0D 1 Folha totalmente glabra, sem domácias
nem tricomas no limbo ou nervuras.
C. frutescens
(1)
Malagueta 0B 0,5 D 5,16 B 8,22 D 8,72 D 2 Folha glabra com domácias apresentando
tricomas esparsos sem formar uma
cavidade definida.
C. chinense
(2)
Bode 0,28 B 45,83 C 5,36 B 26,68 C 73,61 C 3 Folha glabra com domácias definidas
formando cavidades parcialmente
recobertas por tricomas.
(1)
C. annuum Chapéu-de-bispo 1,65 B 179,05 B 5,4 B 31,00 B 211,70 B 4 Folha glabra apresentando tricomas
apenas ao longo da nervura central;
domácias definidas formando cavidades
fechadas, obstruídas por tricomas.
C. praetermissum
(2)
Cumari 604,45 A 235,85 A 8,15 A 59,88 A 900,18 A 5 Folha coberta por tricomas, tanto no limbo
como ao longo das nervuras principal e
secundárias; domácias formando cavidades
fechadas, obstruídas por tricomas.
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82 Cultivo da pimenta
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C li
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e
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C
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n
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H
ia
d
u
lá
C
:s
D to
o
F
(SCHUMUTTERER, 1990; MORDUE; deterrência alimentar, interrupção do cres- (SCHUMUTTERER, 1990; MORDUE;
NISBET; 2000). Os efeitos da azadirachiti- cimento, interferência na metamorfose, es- NISBET, 2000; MARTINEZ; EMDEN,
na sobre os insetos incluem repelência, terilidade e anormalidades anatômicas 2001). Além disso, os produtos derivados
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Cultivo da pimenta 83
84 Cultivo da pimenta
virgem (88% de CaO) até formar o “leite de se fazer a sementeira em local limpo e utili-
uti li- mão-de-obra de aplicação, do valor do
cal ; despejar o conteúdo do primeiro zar cobertura de casca de arroz, a qual tem produto agrícola no mercado) não seja
recipiente sobre o “leite de cal”. Misturar efeito repelente. Uma medida eficiente para superior ao dano causado pela praga.
bem até a coloração tornar-se azul-celeste. reduzir as populações da broca-do-fruto- Existem poucos produtos registrados no
Embora não existam resultados cien- da-pimenta e da mosca-do-pimentão é a Ministério da Agricultura, Pecuária e
tíficos sobre o efeito dos produtos alter- catação e destruição dos frutos encon- Abastecimento (MAPA), para o controle
nativos citados para outras pragas da trados debaixo das plantas. de pragas da pimenta (Quadro 2). Esses
pimenta, além dos ácaros e pulgões, é pos- Para impedir ou retardar a entrada de devem ser utilizados, considerando-se as
sível que esses produtos sejam eficientes adultos da mosca-branca e de insetos- doses recomendadas, os períodos de ca-
também
e ácaros.para
Alémo da
controle de outros
eficiência para oinsetos
grupo vetores
podem de serviroses na cultura
utilizadas da pimenta,
barreiras vivas. rência e as demais
nos rótulos informações
dos produtos. contidas
Os defensivos
de pragas relatado, os produtos alter- Segundo Villas Bôas (2005), as barreiras devem ser armazenados em lugar adequado
nativos possuem custo reduzido, são de devem ser perpendiculares à direção e durante a aplicação dos produtos é indis-
fácil obtenção pelos produtores, de baixa predominante do vento e, quando possí- pensável o uso de equipamentos de pro-
toxicidade ao homem e ao meio ambiente. vel, rodear a lavoura. Podem ser utiliza- teção individual (EPI). O produtor deve
No entanto, dependendo da dosagem e das plantas como sorgo forrageiro, milho e fazer uso dos agrotóxicos apenas com a
formulação, alguns desses produtos po- cana-de-açúcar. devida receita expedida por um engenheiro
dem apresentar fitotoxicidade e afetar agrônomo.
negativamente algumas espécies de ini- Controle químico
migos naturais. Assim, recomenda-se o uso Inseticidas e acaricidas devem ser uti- CONSIDERAÇÕES FINAIS
criterioso dos produtos alternativos dentro lizados somente quando a população de A cultura da pimenta tem crescido em
das especificações técnicas para cada pragas atingir níveis capazes de ocasionar importância econômica no estado de Minas
espécie de pragas e em época de ocorrência dano econômico. A simples presença da Gerais e no Brasil. Com isso, as áreas de
de populações crescentes delas, evitando- praga ou do seu dano na planta não deter- cultivos têm aumentado e áreas de plantio
se o uso desses produtos preventivamente. mina que se aplique agrotóxico. Para se contínuos têm-se avolumado dando ori-
aplicar um agrotóxico, deve-se proceder an- gem a monoculturas em algumas regiões.
Controle cultural e mecânico tes à amostragem das pragas no campo e Como em toda monocultura, a natureza da
A rotação de culturas, a erradicação de comparar a população encontrada com a área de exploração é simplificada, devido à
plantas que sejam hospedeiras das mesmas densidade populacional que causaria dano eliminação da diversidade de outras plantas
pragas da pimenta em área próxima ao econômico. Deve-se fazer aplicação antes e com isso ocorre diminuição de inimigos
plantio e a destruição de restos culturais da praga atingir o nível de dano econômico. naturais e aumento de pragas especialistas
são medidas importantes que contribuem O agricultor deve estar ciente que um certo na cultura. Isso é o que vem acontecendo
para a redução populacional de diversas dano em algumas poucas plantas não em áreas onde se explora continuamente a
pragas da pimenta, especialmente os in- significa dano econômico. O dano eco- cultura da pimenta. Neste trabalho foram
setos-vetores de viroses. Para auxiliar o
controle de pulgões e tripes, recomenda- nômico
ração deécontrole
aquele no qualdoo agrotóxico,
(custo custo da ope-
da relatadas
já causamespécies de insetos
considerável dano eem
ácaros que
algumas
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Cultivo da pimenta 85
regiões. Algumas espécies já desenvol- the world’s crops: an identification guide. agrumes aux Antilles. Fruits: fruits d’outre-mer,
veram resistências a agrotóxicos comu- Chichester: J. Wiley, 1984, 466p. Paris, v.38, n.9, p.635-646, sept. 1983.
mente utilizados na região. COLLIER, K.F.S.; LIMA, J.O.G. de; ISMAN, M.B. Botanical insecticides, deterrents,
O produtor, para ter uma cultura lu- ALBUQUERQUE, G.S. Predacious mites in and repellents in modern agriculture and an
crativa, precisa saber manejar o agroecos- papaya (Carica papaya L.) orchards: in search of increasingly regulated world. Annual Review of
sistema explorado e tentar aumentar a a biological control agent of phytophagous mite Entomology , Palo Alto, v. 51, p. 45-66, Jan.
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Para isso, é imperativo conhecer o ciclo KARBAN, R.; ENGLISH-LOEB, G.; WALKER,
biológico dos potenciais artrópodos que ECHER, M.M.; FERNANDES, M.C.A.; M.A.; THALER, J. Abundance of phytoseiid mites
RIBEIRO, R.L.D.; PERACCHI, A.L. Avaliação on Vitis species: effects of leaf hairs, domatia,
ocorrem na localidade
maneira que permita aesustentabilidade
manejar o meio do
de de genótipos de Capsicum para resistência ao prey abundance and plant phylogeny.
ácaro branco. Horticultur
Horticulturaa Brasileira, Brasília, Experimental and Applied Acarology ,
sistema, que é garantida com medidas que v.20, n.2, p.217-221, jun. 2002. Amsterdam, v.19, n.4, p.189-197, Apr. 1995.
foram aqui apresentadas como o controle
FAN, Y.; PETITT, F.L. Dispersal of the broad LIMA, M.L. da P.; MELO FILHO, P. de A.; CAFÉ
C AFÉ
biológico, uso de variedades resistentes, mite, Polyphagotarsonemus latus (Acari: FILHO, A.C. Colonização por ácaros em
uso de práticas culturais e mecânicas e uso Tarsonemidae) on Be mi si a arg en ti fo li i genótipos de pimentas e pimentões em cultivo
de produtos alternativos no controle das (Homoptera: Aleyrodidae). Experimental and protegido. Ciência Rural, Santa Maria, v.33,
pragas listadas. Essas medidas todas Applied Acarology , Amsterdam, v.22, n.7, n.6. p.1157-1159, nov./dez. 2003.
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nível de dano econômico. Mas, para isso, Belo Horizonte, ano 10, n.113, p.61-67, maio
abnormalities, and mortality of Spodoptera
1984.
ele deve
voura complanejar a exploração
o preparo de plantio.
do solo para sua la- GERSON, U. Biology and control of the broad (Boisduval) (Lepidoptera: Noctuidae)
littoralis
caused by azadirachtin. Neotropical
É nessa hora que se deve escolher qual a mite, Polyphagotarsonemus latus (Banks) (Acari: Entomology , Londrina, v.30, n.1, p.113-124,
Tarsonemidae). Experimental and Applied Mar. 2001.
melhor variedade para ser usada na pro-
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HEUVEL, J.F.J.M. van den; HOGENHOUT
HOGENHOUT,, S.A.; extract formulations and the synthetic
minação por agentes patogênicos e os
VERBEEK, M.; WILK, F. van der. Azadirac
Azadirachta
hta acaricide, Amitraz (Mitac), against the two
demais tratos culturais que advirão com o indica metabolites interfere with the host- spotted spider mites, Tetranychus urticae
desenvolvimento da cultura. Planejando e endosymbiont relationship and inhibit the (Acari: Tetranychidae), on tomatoes,
conhecendo o agroecossistema, o produtor transmission of potato leafroll virus by Myzus Ly co pe rs ic um es cu le nt um . Zeitschrift für
ntum
terá em suas mãos o manejo adequado das pe rs ic ae . Entomologia Experimentalis et Pflanzenkrankheiten und Pflanzen-
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86 Cultivo da pimenta
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Cultivo da pimenta 87
Principais doenças da cultura da pimenta
Marg arida
Margari da Gore
Gorete
te Ferrei ra do Car mo 1
Ferreira
Fran cis co Mur ilo Ze
Zerb
rbini
ini Jú nio r 2
Júnio
Luizz Ant
Lui Antôn
ônio
io Ma ffi a 3
Maffi
Murcha-bacteriana.
Murcha-bacteriana. Vírus. Etiologia. Epidemiologia. Controle.
1 a a a a to
Eng Agr , Dr , Prof Adj. UFRRJ - Dep Fitotecnia, CEP 36890-000 Seropédica-RJ. Correio eletrônico: gorete@ufrrj.br
gorete@ufrrj.br
2
Engo Agro, Ph.D., Prof. Associado UFV - Depto Fitopatologia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: zerbini@ufv.br
3
Engo Agro, Ph.D., Prof. Tit.
Tit. UFV - Depto Fitopatologia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: lamaffia@ufv.br
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88 Cultivo da pimenta
frutos, no campo ou em pós-colheita
(LOPES; HENZ, 2004). Essas lesões são
freqüentemente observadas em frutos
maduros. São de coloração escura, formato
circular, deprimidas e de diâmetro variável
(Fig. 1). Sob condições de alta umidade,
ocorre intensa produção de conídios que
resultam na formação de uma massa de
coloração rósea no centro das lesões.
O patógeno pode ser transmitido por
sementes infectadas e ser facilmente dis-
perso pelos respingos de água de chuva
ou irrigação por aspersão. Em geral, a se- s
e
veridade da doença é maior nos cultivos p
o
L
de verão. o
rt
e
b
l
O controle da doença pode ser oti- s
A
o
rl
mizado, utilizando-se práticas simples como a
C
uso de sementes e mudas sadias, redução Figura 1 - Fruto de pimenta-dedo-de-moça com lesão necrótica causada por antracnose
da densidade de plantio, por facilitar o
arejamento da cultura, uso de irrigação
localizada, plantio em períodos mais secos, outras espécies de hortaliças como: quiabo patógeno causa o apodrecimento da região
destruição de restos culturais, diversi- ( Ab el
elmo
mo sc hu s es
escucu le nt us L.), cebola cortical do colo e das raízes, o que resulta
ficação e rotação com espécies não hos- ( All ium cepa L), couve-flor ( Bra ssic a
Allium em murcha e morte rápida das plantas
pedeiras e aplicação de fungicida à base oleracea var. botrytis L.), melancia (BERKE et al., 2005) (Fig. 2). As raízes
de cobre. O uso de resistência genética, ( C itr u llu s lu n a tu s Thunb.), melão necrosadas desprendem-se facilmente das
apesar de ser sempre uma prática reco- (Cucumis melo L.), pepino (C. sativus L.), plantas e no colo podem ocorrer lesões de
mendável, fica restrita pela não dispo- moranga ( Cucurbita maxima Dene), cor marrom-escuro, com presença fre-
nibilidade de cultivares comerciais abóbora (C. moschata), abobrinha-italiana qüente de massa cotonosa formada pelo
resistentes. Esta característica, porém, está
(C. pepo), ervilha (Pisum sativum L.), feijão- micélio branco e esporângios do patógeno.
presente em genótipos das diferentes
de-vagem (Phaseolus lunatus L.), rabanete Os sintomas também podem ocorrer na
espécies hospedeiras. Pereira (2005) ava-
(Raphanus sativus L.), cenoura (Daucus parte aérea, especialmente durante o pe-
liou 90 acessos de C. annuum, 30 de C.
c a r o ta L.), tomate ( L Lyy c o p e r s i c o n ríodo chuvoso. Nas hastes, os sintomas
baccatum, 16 de C. chinense e um de C.
esculentum Mill.), berinjela ( Solanum assemelham-se àqueles que ocorrem na
frutescenss, quanto à reação a quatro iso-
frutescen
melongena L.) (ERWIN; RIBEIRO, 1996) e região do colo e há amarelecimento, bem
lados de Colletotrichum sp., obtidos de
frutos e folhas de pimentão e pimenta. jiló (Solanum gilo Raddi) (CA
al., 2005). (CARV
RVALHO
ALHO et como queda
infecções e secanas
ocorrem das folhas,
folhas. formam-se,
Quando as
Foram identificados acessos de C. annuum,
As plantas de pimenta são suscetíveis inicialmente, lesões sem contorno definido
de C. baccatum e dois de C. chinense como
a P. capsici em qualquer estádio de de- e de aspecto encharcado, que evoluem para
resistentes.
senvolvimento. Os órgãos mais freqüen- a cor marrom e culminam com a desfolha.
Requeima ou murcha-de- temente infectados são as raízes e a região Nos frutos, inicialmente, as lesões têm
fitóftora do colo, apesar de o patógeno poder in- aspecto encharcado, de cor verde-escuro
A murcha, requeima ou podridão-de- fectar qualquer parte da planta, especial- e há apodrecimento e mumificação deles.
colo-da-raiz de pimenta é causada por mente quando predominam condições de Sob condições úmidas, pode-se observar
Phytophthora capsici Leonian que ambiente favoráveis. a presença de mofo cotonoso, formado por
pertence ao filo Oomycota, cujos membros Em condições de viveiro, o patógeno micélio e esporângios do patógeno.
são mais relacionados taxonomicamente pode causar morte das sementes e redu- Em viveiro, as infecções podem-se
com algas que com fungos verdadeiros zir a porcentagem de emergência ou iniciar a partir de inóculo primário presente
(RISTAINO; GUMPERTZ, 2000). Além das necrose das raízes ou do colo e requeima no substrato, nas bandejas ou mesmo na
pimentas e do pimentão, o patógeno tem das folhas, o que resulta em tombamento superfície de bancadas. Esta última ocorre
vários outros hospedeiros, incluindo das mudas. Em condições de campo, o quando as bandejas estiverem diretamente
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Cultivo da pimenta 89
Figura 2 - Planta de pimenta com murcha acentuada provocada por Phytophthora capsici disposição da planta por favorecer a atra-
ção quimiostática e encistamento de zoós-
poros, que, posteriormente, germinam e
penetram diretamente por ação enzimática
sobre as bancadas. No campo, a doença durante os tratos culturais. Ao final do ci-
e degradação da parede celular (COFFEY;
pode iniciar-se a partir de mudas infectadas clo da cultura ocorre a sobrevivência do
e/ou de inóculo presente em restos culturais patógeno nos restos culturais rema- WILSON, 1983). Plantios adensados e
cobertura do colo da planta podem também
de plantas infectadas ou de estruturas de nescentes ou na forma de oósporos, que
favorecer o desenvolvimento da doença.
sobrevivência (oósporos) presentes no se formam, quando estão presentes strains
O controle da requeima em pimentas
solo, remanescentes de cultivos anteriores compatíveis (A1 e A2). O patógeno pode
deve ser feito com base em uma série de
ou introduzidos por máquinas e imple- também sobreviver em restos culturais
medidas preventivas, como:
mentos, durante o preparo do solo. infectados desde que exista a presença de
A infecção das raízes e da parte basal umidade (ERWIN; RIBEIRO, 1996). Quando a) evitar
evitar plan
plantio
tio em
em solos
solos com his-
his-
do colo ocorre pelo seu contato direto com os restos culturais de Capsicum annuum tórico de ocorrência da doença;
estruturas do patógeno presentes no solo. são incorporados ao solo, a viabilidade do b) plantar
plantar,, preferive
preferivelmen
lmente,
te, em áreas
áreas
As infecções na parte aérea iniciam-se a micélio, esporângios e zoósporos de P. bem drenadas e com solos leves e
partir de zoósporos presentes na superfí- capsici é de no máximo 75 dias, enquanto com boa aeração;
cie do solo e dispersos por respingos de que a dos oósporos é de 210 a 240 dias c) plan
plantar
tar em
em canteiro
canteiross mais eleva
elevados,
dos,
água de chuva ou de irrigação. A pene- (ANSANI; MATSUOKA, 1983), mas há para evitar o acúmulo de umidade
tração de P. capsici ocorre através de relatos de sobrevivência do patógeno por em áreas de baixada, especialmente
aberturas naturais ou de ferimentos. A períodos de três a cinco anos (MONTEIRO em períodos chuvosos;
colonização dos tecidos dá-se pelo de- et al.,2000). A fase sexuada do ciclo do d) ut
utili
iliza
zarr mudas
mudas sadias
sadias;;
senvolvimento de hifas nos espaços inter patógeno no solo, quando são formados
e) adotar
adotar maiore
maioress espaçam
espaçamento
entos,
s, para
para
e intracelular e leva ao aparecimento de os oósporos, é a principal fonte de inóculo facilitar o arejamento da cultura;
sintomas e de sinais (micélio e esporângios) primário para a ocorrência de epidemias,
após cinco a oito dias do início do processo
process o seja pela germinação direta deste, seja pe- f) irriga
irrigarr por goteja
gotejamen
mento,
to, quand
quandoo
de infecção. la formação de esporângios e zoósporos. possível;
A liberação e a germinação dos zoós- Ao longo do ciclo da cultura, segue a g) manejar
manejar corret
corretamen
amente
te a adubaçã
adubação,
o,
poros são favorecidas por temperaturas formação de esporângios e a liberação de evitando excessos, especialmente
entre 20oC a 24 oC e a germinação dos zoósporos em ciclos repetidos que são de nitrogênio;
esporângios pode ocorrer entre 10oC a 24oC. responsáveis pelos ciclos secundários da h) efetu
efetuar
ar rotação
rotação de cultura
culturass com
A dispersão dos propágulos pode-se dar fase assexuada da doença (RISTAINO; gramíneas ou outra espécie não
pelo escoamento da água no solo, por GUMPERTZ, 2000). hospedeira por períodos superiores
respingos ou pelo revolvimento do solo O desenvolvimento da doença é favo- a três anos;
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90 Cultivo da pimenta
i) não
não realiz
realizar
ar a cober
cobertur
turaa da regiã
regiãoo Capsicum spp. como L. tauri ca, a fase
taurica pu l c he rr i m a ), quiabo ( A
Abe
be l mo ch us
do colo da planta com cobertura teleomórfica somente foi encontrada em esculentum ), berinjela (Solanum
morta ou solo. alcachofra (Cynara scolymus L.), erva-de- melongena), pepino (Cucumis sativus), ji-
santa-maria (Chenopodium ambrosioides ló (S. gilo), além das invasoras, erva-de-
Embora não existam relatos de cul-
L.), tomateiro (Lycopersicon esculentum santa-maria (Chenopodium ambrosoide) e
tivares comerciais de pimenta resistentes a
Mill.) e Onobrychis viciifolia Scop, não joá-de-capote ( Nicandra physaloides).
P. capsici, esta possibilidade precisa ser
tendo sido ainda relatada em pimentão ou A doença é inicialmente percebida pe-
considerada nos programas de melho-
ramento. Ribeiro et al. (1997) relatam a em outra planta de espécies de Capsicum. la ocorrência de sinais na face inferior das
Apesar de o relato de oídio em espécies
espéc ies folhas mais velhas, caracterizados pela
existência de resistência em genótipos de
Capsicum na fase juvenil e Ribeiro et al .
de Capsicum ser recente no Brasil, sua presença de micélio, conídios e conidió-
ocorrência, atualmente, é generalizada em foros, que formam uma massa cinza-claro,
(2002) avaliaram 387 genótipos de espé-
cultivos de pimentão, principalmente em seguido do aparecimento nesses pontos
cies de Capsicum e identificaram fontes de
ambiente protegido (CAFÉ FILHO et al., de lesões cloróticas na face superior
resistência a P. capsici somente dentro de
2001). Entretanto, não há informações (Fig. 3). Com o desenvolvimento da
C. annuum e em um acesso silvestre de C.
precisas sobre a importância da doença em doença, as lesões coalescem e começam a
parviflorum. Os autores ressaltam a im-
cultivos de pimenta. O patógeno tem mais surgir pontos necróticos. Podem aparecer,
portância da busca de novas fontes de
resistência, seja para o melhoramento de de 750 hospedeiros incluídos em cerca de também, sinais na face superior das folhas.
pimentão, seja para o de pimentas. A sola- 60 famílias, inclusive em solanáceas, Em plantas jovens de Capsicum, não ocorre
particularmente espécies de Lycopers
Lycopersicon
icon infecção, e sintomas mais severos são
rização do solo é outra medida citada co-
e Capsicum (WEHT, 2001). Há relatos de observados em plantas adultas, em fase de
mo auxiliar no controle da doença, espe-
L. ta ur ic a em diferentes espécies de frutificação (CAFÉ FILHO et al ., 2001;
cialmente em ambiente protegido. Marque
Capsicum, como C. annuum, C . baccatum, SOUZA; CAFÉ FILHO, 2003).
et al. (2002) relatam a eficiência da sola- C. chinensis e C. frutescens, mas a maioria A doença, em geral, inicia-se no campo,
rização do solo com plástico transparente
das informações disponíveis refere-se à a partir de inóculo (conídios) oriundo das
de 75 µm, em ambiente protegido, no
doença em pimentão (C. annuum) (CAFÉ diferentes espécies hospedeiras. Os
controle de P. capsici. O controle químico
FILHO et al., 2001). Segundo esses auto- conídios são facilmente dispersos pelo
tem eficiência variável, em vista das
dificuldades em estabelecer o momento de res, um isolado de C. annuum, coletado na vento, especialmente em condições secas,
região de Brasília, foi patogênico a di- e a doença é favorecida por condições de
aplicação (MONTEIRO et al., 2000).
ferentes espécies: alcachofra ( Cynara ambiente, em que predominam umidade
Matheron e Porchas (2002) apontam para
par a a
scolymus), bico-de-papagaio (Euphorbia relativa de 50% -70% e temperatura de 20oC
viabilidade do uso de produtos indutores
de resistência, especialmente em cultivares
com resistência parcial. Alternativa que
deve ser investigada, especialmente por ser
uma cultura que pode ter ciclo longo, é a
enxertia em porta-enxertos resistentes,
viável tecnicamente, segundo Santos e
Goto (2004), para o cultivo de pimentão.
Oídio
O oídio é uma doença importante em
plantas do gênero Capsicum , especial-
mente em cultivos protegidos. A ocorrência
da doença em plantas de Capsicum foi
relatada no Brasil por Boiteux et al. (1994) e
associada a Leveillula taurica (Lév.) G.
s
Arnaud (=Oidiopsis taurica (Arn) Salmon), e
p
o
L
sendo muitas vezes referida como oídio das o
rt
e
b
l
solanáceas. Porém, segundo Café Filho et s
A
I n f o rm e A g ro p e c u á ri o , B e l o H o ri z o n t e , v . 2 7 , n . 2 3 5 , p . 8 7 -9 8 , n o v . / d e z . 2 0 0 6
Cultivo da pimenta 91
Talo-oco
s
e
p
o
L
O talo-oco ou podridão-mole é causa-
o
rt
e da por Er wiwini a spp. Normalmente, a
nia
lb
s
o
A
doença é mais severa no verão, em con-
rl
a
C dições de alta umidade. Pode incidir na
Figura 5 - Folhas de pimenta com mancha-bacteriana, apresentando lesões encharcadas haste (onde há apodrecimento da medula e
seca) e nos frutos (onde ocorre podridão-
mole) (Fig. 6). Como a bactéria penetra
penetr a por
ferimentos, deve-se evitar ferir as plantas e
infectadas, de culturas próximas, restos produtos de acordo
do ano (CARMO et com a região e a época
al., 2001). os frutos (em pré ou pós-colheita). Outras
culturais ou outro hospedeiro. A bactéria medidas de controle recomendadas são:
é facilmente dispersa pelos respingos de Outras medidas importantes de con- evitar excesso de umidade para a planta,
água de chuva ou irrigação por aspersão, trole são o uso de sementes e mudas sa- principalmente no verão; efetuar adubação
especialmente quando acompanhados por dias, destruição de restos culturais e rota-
balanceada e armazenar os frutos em con-
rajadas de vento (CARMO et al. , 1996). A ção com gramíneas. Evitar o cultivo em
dições de baixa umidade (LOPES; HENZ,
penetração ocorre através de aberturas períodos chuvosos e a irrigação por as-
2004).
naturais, como estômatos, hidatódios e persão é, também, essencial no controle da
lenticelas ou por ferimentos causados pelo doença. A resistência genética pode vir a
DOENÇAS CAUSADAS POR
vento, chuvas ou insetos (KIMURA, 1984). ser uma medida importante, principalmente
VÍRUS
Em períodos chuvosos, as infecções são em vista dos custos, risco potencial de
mais abundantes e as lesões desenvolvem- resíduos químicos nos frutos e da re- A pimenta é infectada naturalmente por
se mais rapidamente em número e tamanho, sistência da bactéria aos pesticidas uti- mais de 20 espécies de vírus, incluindo o
o que leva à desfolha intensa e precoce da lizados (COSTA et al., 2002). Não há tobamovírus Tobacco mosaic virus (TMV),
planta (CARMO et al.,1996). cultivares comerciais resistentes, mas os tospovírus Tomato spotted wilt virus
A mancha-bacteriana é de difícil con- fontes de resistência foram relatadas em (TSWV), Groundnut ringspot virus (GRSV)
trole no campo, principalmente em vista da plantas de C. annuum, C. chacoense, C. e Tomato chlorotic spot virus (TCSV), o
baixa eficiência dos antibióticos e da pre- pub esc ens (COSTA et al. , 2002) e C.
escens cucumovírus Cucumber mosaic virus
dominância de estirpes resistentes a sulfa- chinense (SOUZA; MALUF, 2000, 2003). (CMV) e seis vírus do gênero Potyvirus:
to de estreptomicina e a produtos à base Potato virus Y (PVY), Tobacco etch virus
de cobre (AGUIAR, 1997; CARMO et al ., Murcha-bacteriana (TEV), Pepper mottle virus (PepMoV),
2001; MCMANUS et al., 2002). Por exemplo, A murcha-bacteriana, causada por Pepper veinal mottle virus (PVMV), Chili
em pimentão, normalmente recomenda-se Ralstonia
Ralston ia solana
solanacearum, ocorre com maior
cearum veinal mottle virus (ChiVMV) e Pepper
a aplicação de fungicidas cúpricos ou cu- freqüência em regiões quentes e úmidas. yellow mosaic virus (PepYMV) (BRIOSO,
prorgânicos que, em geral, não diferem A bactéria sobrevive no solo por vários 1996; CARANTA et al., 1997; DOGIMONT
entre si (MARCO; STALL, 1983), exceto anos e tem uma vasta gama de hospedeiros, et al., 1996; INOUE-NAGAT
INOUE-NAGATA A et al., 2002).
2002) .
quando da ocorrência de estirpes resis- incluindo várias outras espécies de so- No Brasil, os vírus de importância eco-
tentes ao cobre (AGUIAR et al ., 2003). Po- lanáceas. Para seu controle deve-se adotar nômica são o PVY e PepYMV, o TMV, o
rém, ocorre variação na eficiência desses uma série de medidas preventivas, que CMV e os tospovírus. Os sintomas indu-
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Cultivo da pimenta 93
segundo
dificadorao da
seqüenciamento da região
proteína capsidial, co-
seis iso-
lados foram identificados como PepYMV.
Segundo os resultados, o PepYMV está
s
e
disseminado nos campos de produção de
p
o
L Minas Gerais e é possível que o potyvírus
o
rt predominante em pimenta possa ser,
e
lb
A
s
o
atualmente, o PepYMV.
rl
a
C Os sintomas causados nas plantas pelo
Figura 6 - Frutos de pimenta-bode apodrecidos pelo ataque da podridão-mole PVY e PepYMV são idênticos e incluem
NOTA: A doença iniciou-se com ferimentos provocados por larvas de insetos encrespamento das folhas, desenvolvi-
mento de mosaico com tonalidade verde-
amarelada, redução geral do tamanho da
zidos
incluempormosaico
esses vírus são semelhantes
e distorção foliar. Os tos-e nômico. A resistência
da nas cultivares ao Agronômico
da série PVY introduzi-
foi planta e dos
tos (Fig. 7). frutos e deformação
A intensidade dos fru-
dos sintomas
povírus podem causar nos frutos manchas bastante eficiente, pois impediu a disse- depende da cultivar ou do híbrido planta-
em forma de anel. Essas manchas são mais minação das estirpes do vírus, então pre- do, da estirpe do vírus e das condições
evidentes em frutos maiores, como os de sentes no Brasil. ambientais (principalmente temperatura).
pimentão, e mais difíceis de ser observadas Até pouco tempo, o PVY era único po- O PVY e o PepYMV são transmitidos
em frutos de pimenta. Assim, identificar o tyvírus relatado em espécies de Capsicum por diversas espécies de afídeos (pulgões),
vírus no campo é difícil e, na maioria das no Brasil (BRIOSO, 1996). Em 2002, relatou- por enxertia e por meio de ferimentos ou
vezes, impossível. A identificação por meio se a ocorrência de uma nova espécie de instrumentos de corte. Não há relatos de
de testes de laboratório é essencial para a potyvírus em pimentão. Anteriormente transmissão desses vírus por meio de se-
recomendação de medidas adequadas de considerada uma estirpe severa do PVY mentes. A principal forma de dissemina-
controle. Diversos laboratórios em insti- (PVYM), essa nova espécie foi denominada ção da doença é por meio do inseto-vetor
tuições públicas e particulares em Minas Pepper yellow mosaic virus (PepYMV) (pulgão), o qual, ao alimentar-se por alguns
Gerais fazemde
de Doenças a diagnose, inclusive
Plantas do a Clínica
Departamento (INOUE-NAGATA et al., 2002).
PepYMV infecta cultivares Comodeo
e híbridos segundos em uma planta infectada, torna-
se capaz de transmitir os vírus a plantas
de Fitopatologia da Universidade Federal pimentão resistentes ao PVY, tornou-se a sadias. Assim, a presença do pulgão e de
de Viçosa
Viçosa (UFV).
(UFV) . espécie de potyvírus predominante no plantas infectadas em um campo de pro-
pimentão no Brasil (CUNHA et al., 2004; dução favorece a disseminação da doença
PVY/PepYMV TRUTA et al., 2004). Em pimenta, não há dentro do próprio campo e entre campos,
No Brasil, o PVY foi relatado pela pri- cultivares com genes de resistência ao PVY pois o pulgão pode voar até os campos
meira vez em pimentão, em 1950, já cau- e é possível que ambos os vírus ocorram vizinhos ou ser transportado pelo vento a
sando sérios prejuízos. Embora não haja com a mesma prevalência. Deve-se ressal- longas distâncias.
relatos específicos para a cultura da pi- tar que o PVY e o PepYMV causam sin-
menta, segundo observações de campo, a tomas idênticos em pimenta e são rela- Tospovírus (TSWV, GRSV e
incidência do PVY nessa cultura também é cionados sorologicamente (TRUTA et al., TCSV)
alta. Em vista das perdas causadas pela 2004), embora possam ser diferenciados por As três espécies de tospovírus que
virose em pimentão,
um programa Nagai (1968)visando
de melhoramento, iniciou alguns testes sorológicos,
ELISA (CUNHA et al., 2004).como DAS-
Testes mo- infectam pimentavirtualmente
causam sintomas e pimentão no Brasil
idênticos,
incorporar genes de resistência ao PVY, o leculares são a forma mais segura de di- bem como muito semelhantes aos indu-
que originou a série de cultivares Agro- ferenciar os dois vírus. zidos pelos potyvírus PepYMV e PVY:
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94 Cultivo da pimenta
TMV
O TMV ou vírus do mosaico do fumo
infecta naturalmente diversas espécies
de Capsicum . Os sintomas podem ser
bastante severos, dependendo da estirpe
do vírus e da cultivar do hospedeiro, porém
assemelham-se àqueles induzidos pelos
outros vírus que infectam a pimenta:
mosaico, distorção foliar e de frutos, re-
dução de crescimento. Estirpes severas do
vírus podem causar necrose de nervuras,
o que é raro.
Ao contrário dos demais vírus que
infectam a pimenta, o TMV não tem inseto-
vetor. A transmissão desse vírus ocorre
quando uma planta infectada, ferramentas,
máquinas e/ou mãos contaminadas pelo
vírus entram em contato com uma plan-
r
oi
ta sadia. Apesar da ausência de vetor, a
n
ú
J
i transmissão do TMV pelos meios citados
ni
rb
e é altamente eficiente e sua importância
importânci a não
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ol
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deve ser subestimada. Provavelmente, a
u
o
M ausência de relatos de incidência de TMV
c
si
c
n em plantios de pimenta deva-se mais à
a
r
:
s
F carência de trabalhos com vírus, de modo
ot
o
F geral, nessa cultura, que à realidade do
Figura 7 - Sintomas de mosaico e distorção
distorção foliar
foliar causados pelo Pepper yellow mosaic campo. Em outras culturas, como o toma-
virus (PepYMV), em plantas de pimenta (Capsicum
(Capsicum frutescens)
frutescens) teiro, a incidência de TMV pode ser alta,
embora os sintomas sejam freqüentemente
atribuídos a outros vírus. Deve-se ressaltar,
que, em tomateiro, o TMV pode ser trans-
mosaico, distorção foliar e de frutos e re- desses vírus também seja elevada nessa mitido pelas sementes, que constituem a
dução de crescimento. A distinção entre cultura. principal fonte de inóculo primário na cul-
as três espécies de tospovírus é possível Os tospovírus são transmitidos na- tura. Não há relatos de transmissão desse
apenas por meio de DAS-ELISA ou análises turalmente por diversas espécies de tri- vírus pelas sementes de pimenta.
moleculares (ÁVILA et al., 1993). Em frutos pes, de stac ando-se F r a n k l i n i e l l a
de pimentão, os tospovírus podem causar ooccidentalis . A transmissão ocorre de CMV
manchas em forma de anel, o que é difícil forma circulativa-propagativa e há re- Normalmente, a importância econômica
de ser observado em frutos de pimenta. A plicação do vírus no vetor (WIJKAMP et do mosaico causado pelo CMV é secun-
incidência de tospovírus em plantios de al., 1993). Para haver aquisição e trans- dária. Segundo relatos no estado de São
pimentão é alta no Brasil, normalmente in- missão do vírus pelo vetor, é preciso que o Paulo, há possibilidade de epidemias em
ferior apenas à incidência de potyvírus inseto alimente-se continuamente por pimentão (FRANGIONI et al., 2002). O CMV
(ÁVILA et al., 1996; LIMA et al., 2000). várias horas nas plantas. A eficiência de está distribuído mundialmente, infecta
Embora não existam dados específicos para transmissão de tospovírus depende das mais de 1.000 espécies de plantas e tem
a pimenta, é razoável supor que a incidência espécies do inseto-vetor. Assim, a pre- numerosas estirpes que induzem diferentes
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Cultivo da pimenta 95
tipos de sintomas (PALUKAITIS; GAR- mottle virus (ToCMoV) podem infectar aberto e próximas a cultivos estabelecidos
CIA-ARENAL, 2003). Em pimenta, os plantas de pimenta e pimentão, quando são infectadas precocemente e perdas
sintomas variam de mosqueado a afila- inoculadas artificialmente (AMBRO- severas na produção ocorrerão. Plantas
mento e deformação de frutos. ZEVICIUS et al., 2002; FERNANDES et al., invasoras com sintomas típicos (mosaico,
A temperatura afeta a intensidade dos 2006). amarelecimento ou distorção foliar),
sintomas de CMV, os quais são mais A incidência de begomovírus em to- presentes na área de cultivo ou em cultivos
severos em invernos rigorosos e mais fra- mateiro no Brasil, relatada pela primeira vez próximos, podem servir como fonte de
cos ou mesmo ausentes em verões quentes. por Matyis et al. (1975 apud RIBEIRO et inóculo e devem ser eliminadas. O controle
A umidade relativa e a precipitação também al., 2003), aumentou vertiginosamente a de pulgões com inseticidas é pouco efi-
correlacionam-se positivamente à in- partir do início da década de 90. Esse ciente no caso das viroses causadas por
tensidade da doença. O CMV é transmitido aumento foi diretamente relacionado com potyvírus (PVY
(PVY,, PepYMV) e pelo CMV, pois
por mais de 75 espécies de afídeos (PALI- a introdução do biótipo B de B. tabaci, o a aquisição e a transmissão desses vírus
KAITIS et al., 1992). O vírus pode ser qual, ao contrário do biótipo A (único pelo inseto ocorrem rapidamente, antes que
transmitido em taxas variáveis por semen- presente no Brasil até 1990), coloniza o o inseticida possa agir. Por outro lado, o
tes de 19 espécies vegetais, inclusive de tomateiro com grande eficiência (LOU- controle químico de tripes e mosca-branca
plantas invasoras (PALUKAITIS et al., RENÇÃO; NAGAI, 1994). Desde 1994, oito pode reduzir eficientemente a incidência de
1992), porém não há relatos da transmissão novas espécies de begomovírus foram tospovírus e begomovírus, respectiva-
por sementes de pimenta. Com a trans- descritas ao infectar o tomateiro no Brasil mente, pois a aquisição e a transmissão do
missão via semente de plantas invasoras, (RIBEIRO et al ., 2003). Ainda não se vírus pelo vetor dura algumas horas.
há uma fonte de inóculo constante nos verificou em pimentão e pimenta o grande Outras medidas de controle recomendadas
campos de plantio, a partir do qual o vírus aumento na incidência e na severidade incluem o monitoramento da cultura,
é disseminado pelos afídeos vetores. Esses como o observado em tomateiro. É possível quanto à presença de plantas com sintomas
dois fatores, associados às condições que o biótipo B de B. tabaci presente no de mosaico e a imediata eliminação destas.
climáticas, podem ocasionar epidemias se- Brasil não seja adaptado à colonização de A transmissão do TMV pode ser drasti-
veras esporádicas do CMV e perdas con- plantas de pimenta. Entretanto, o fato de camente reduzida pela desinfestação cons-
sideráveis. as espécies de begomovírus, atualmente tante das ferramentas utilizadas para tratos
encontradas em tomateiro, poderem infec- culturais em solução diluída de detergente.
Begomovírus tar plantas de pimenta é preocupante, pois Como as mãos dos trabalhadores podem
A infecção por begomovírus em pi- mudanças ambientais ou na estrutura transmitir esse vírus, devem ser constante-
mentão foi relatada em 2001 (LIMA et al ., populacional do vetor podem proporcionar mente lavadas com água e sabão, princi-
2001), em Pernambuco, e recentemente no condições para aumento da incidência de palmente no caso de fumantes, pois
estado de São Paulo (NOZAKI et al ., 2005) begomovírus na cultura da pimenta. freqüentemente o fumo de rolo está
e no Distrito Federal, em plantas de pimenta infestado pelo TMV. Recomenda-se sem-
( Capsicum baccatum ) (BEZERRA- Manejo das viroses da pre a cooperação e a troca de informações
AGASIE et al., 2006). Os sintomas incluem pimenta entre os produtores de uma região, para
mosaico, amarelecimento e distorção foliar O manejo das viroses que afetam a cul- um monitoramento mais eficiente da pre-
e de frutos. Embora freqüentemente se- tura da pimenta deve sempre levar em sença de viroses na região e adoção em
veros, os sintomas são semelhantes àque- consideração o histórico da área e da cultura conjunto das medidas de controle já apre-
les causados pelo PepYMV e por isolados instalada, ou seja, relatos da ocorrência de sentadas.
severos de TMV ou CMV e, portanto, difí- viroses na área de cultivo e presença de
ceis de ser distinguidos no campo. insetos-vetores (pulgões, tripes e mosca- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os begomovírus são vírus transmitidos branca). Sempre que possível, o produtor Como as informações sobre a ocor-
por mosca-branca ( Bemisia tabaci ). Há deve plantar cultivares tolerantes ou rência, importância e epidemiologia de
mais de 130 espécies de begomovírus des- resistentes (caso existam), plantar em áreas doenças de pimenta são escassas no Brasil,
critas e diversas infectam pimentão e livres da doença e que não sejam favo- as recomendações de controle muitas
pimenta (STANLEY et al., 2005). No Brasil, ráveis à ocorrência dos insetos-vetores e vezes são genéricas ou embasadas em in-
a única espécie já detectada em pimenta é prestar atenção especial à produção de formações registradas para a cultura de
o Tomato severe rugose virus (ToSRV) (BE- mudas, para que cheguem sadias ao campo. pimentão. Para recomendações mais es-
ZERRA-AGASIE et al., 2006). Entretanto, Devem-se produzir mudas em telados à pecíficas, depara-se, ainda, com o reduzido
outras espécies, como o Tomato rugose prova de insetos, de preferência distantes número de trabalhos de pesquisa aplicada,
mosaic virus (ToRMV) e o Tomato chlorotic
chloroti c da área de cultivo. Mudas produzidas a céu como a caracterização de cultivares quanto
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96 Cultivo da pimenta
à resistência às principais doenças ou o L.), resistentes ao cobre e perspectivas de de acessos de pimentão e pimentas ao oídio
desenvolvimento
desenvolvim ento de cultivares resistentes. seu controle com formulações cúpricas e (Oidiopsis taurica). Horticultura Brasileira,
É bom frisar que, nas diferentes espécies cuprorgânicas . 1997. 171f. Tese (Mestrado em Brasília, v.23, n.1, p.72-75, jan./mar. 2005b.
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d a mancha- trabalhos apresentados no 27 o Congresso
amentes
seleção do local
sadias de plantio,
e de mudas o uso
de boa de se-
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estris
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Cultivo da pimenta 99
Palavras-chave: Capsicum
Capsicum.. Maturação. Etileno. Perda de água. Armazenamento.
Temperatura.
INTRODUÇÃO As perdas dos frutos frescos durante a jo, neste trabalho são abordados os fato-
cadeia de comercialização são de natureza res endógenos de natureza fisiológica,
As pimentas C. annuum, C. frutescens, cumulativa e resultam da incidência de um gênica e do ambiente que afetam o ama-
C. chinense, C. baccatum e C. pubescens
ou mais dos seguintes fatores de dete- durecimento e a conservação pós-colheita
são espécies domesticadas com valor co- rioração: das pimentas.
mercial e de consumo in natura e também
para produção de páprica e outros produtos a) perd
perdaa física
física do produt
produtoo por dano
danoss
mecânicos, doenças ou insetos; FISIOLOGIA DO
desidratados ou usados como compotas
b) perd
perdaa de água
água pelo
pelo process
processoo trans-
trans- AMADURECIMENT
AMADURE CIMENTO
O
na forma de molhos ou de frutos inteiros.
Porém, como todo fruto carnoso fresco, as piratório; As fases de desenvolvimento dos fru-
pimentas sendo organismos vivos, na pós- c) perdas
perdas por
por extremos
extremos de temper
temperatu-
atu- tos são caracterizadas por alterações, tan-
colheita são afetados por agentes diversos ra – congelamento ou estresse por to na estrutura como na fisiologia e na
de natureza fisiológica endógena e do am- altas temperaturas; bioquímica das células que culminam com
biente (abióticos ou bióticos) durante a d) red
reduçã
uçãoo da energia
energia armaze
armazenadnadaa a maturação, o amadurecimento e final-
comercialização, transporte e o armaze- (carboidratos) pelo processo res- mente a senescência. O amadurecimento
namento. No entanto, mesmo tendo grande piratório; constitui a fase final da maturação e esta
importância econômica no Brasil e no fase é caracterizada pelo amolecimento da
e) per
perda
da da quali
qualidad
dadee pela degra
degrada-
da-
mundo, a maioria dos aspectos relacio- polpa, alterações na cor da casca e polpa,
ção de vitamina C e capsaicinas;
nados com a fisiologia pós-colheita dos desenvolvimento do aroma e do sabor dos
frutos, como o padrão de amadurecimento, f) des
desenv
envolv
olvime
imento
nto de dist
distúrb
úrbios
ios fi-
fi-
frutos. Em frutos da pimenta C. chinense
qualidade e fatores que afetam a con- siológicos – injúria por frio.
cv. Habanero foram identificados 102 dife-
servação, é ainda pouco conhecido. Considerando as dificuldades de mane- rentes compostos voláteis responsáveis
1
Engo Agro, Pós-Doc, Prof.
Prof. Adj. UFV - Depto Fitotecnia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: ffinger@ufv.br
2
Engo Agro, Ph.D., Prof.
Prof. Tit. UFV - Depto Fitotecnia, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: vwcasali@ufv.br
I n f o rm e A g ro p e c u á ri o , B e l o H o ri z o n t e , v . 2 7 , n . 2 3 5 , p . 9 9 -1 0 3 , n o v . / d e z . 2 0 0 6
pelo aroma dos frutos verde-maduros e te o amadurecimento, quando os frutos GRIERSON, 2002). A passagem do sistema-
maduros, com predominância de diferentes foram colhidos no estádio verde-maduro, 1 ao sistema-2 de produção de etileno pelos
tipos de álcoois, aldeídos e cetonas que porém não foi possível detectar produção frutos climatéricos decorre do aumento da
conferem aroma distinto para cada estádio de etileno após 18 horas de acúmulo em expressão das enzimas-chave da rota de
de amadurecimento (PINO et al., 2006). frascos selados acondicionados a 20 oC biossíntese de etileno, a sintase do ACC e
Quanto ao comportamento da res- (Gráfico 1). O pico climatérico da respiração a oxidase do ACC, estimulada pelo próprio
piração durante o amadurecimento, os fru- ocorreu estando os frutos com 50% da etileno (FINGER; VIEIRA, 2002). No estudo
tos carnosos
téricos são classificados
e não-climatéricos, tendoem clima-
respostas superfície vermelha.
ria dos frutos Porém, para a maio-
com comportamento tipi- realizado
pimenta com 16 acessosC.e annuum
das espécies cultivares, C.
de
distintas à ação do hormônio etileno, com camente climatérico, como o tomate, o pico chinense, C. baccatum e C. frutescens,
profundas conseqüências sobre a con- de produção de CO2 é coincidente com as observou-se que a aplicação de 1.000 mg/L
servação e a qualidade de frutos maduros. fases iniciais da degradação da clorofila e de ethephon em frutos verdes-maduros
O manuseio adequado dos frutos na pós- acúmulo de pigmentos carotenóides não estimulou a respiração climatérica ou a
colheita fundamenta-se no conhecimento (MOURA et al., 2004). Embora tenha ocor- produção autocatalítica de etileno em ne-
dos mecanismos de controle da respiração rido aumento da respiração durante o nhuma das espécies avaliadas (PEREIRA,
e do amadurecimento, uma vez que a con- amadurecimento, similar à respiração cli- 2004). Nos frutos em que houve aumento
servação pós-colheita é inversamente pro- matérica, nos frutos colhidos verde- da respiração ou da produção de etileno,
porcional à taxa respiratória e de produção maduros desta pimenta, não houve pro- estas ocorreram em frutos completamen-
de etileno. Em pimentas, no entanto, há dução autocatalítica de etileno, a qual te maduros e senescentes. Resultados
poucos estudos sobre o comportamento sempre acompanha o incremento da semelhantes foram encontrados por Tian
respiratório e de produção
rante o amadurecimento dosdefrutos.
etileno du- respiração dos frutos
téricos. A produção tipicamente
autocatalítica clima-
de etileno et al. (2004)
respiração que observaram
mitocondrial elevação da
de pimentão-verde,
Gross et al. (1986), ao avaliarem as resulta do aumento na produção de 1-ácido quando tratado com 100 mL/L de etileno,
transformações bioquímicas de pimentas carboxílico-1-aminociclopropano (ACC) e porém, a concentração interna de CO 2 do
(C. annuum cv. Chooraehong), verificaram de etileno pela ativação do sistema-2 de fruto diminuiu, quando o tratamento com
a presença de respiração climatérica duran- produção do hormônio (ALEXANDER; etileno foi retirado. Isso indicou, portan-
to, que o incremento da respiração foi de-
pendente da presença de etileno exógeno.
Em outro estudo Barrera et al. (2005) obser-
varam que frutos de pimentas das espécies
C. annuum e C. frutescens do banco de
germoplasma da Amazônia – Instituto
Amazônico de Pesquisa Científica (SINCHI)
da
da Colômbia
respiração– tiveram
durantepadrão não-climatéricoe
o amadurecimento,
a produção de etileno permaneceu sempre
abaixo de 0,01 mL/L. Dessa forma, o com-
portamento da respiração no amadure-
cimento, a ausência do sistema-2 de produ-
ção de etileno e as respostas dos frutos de
pimentas à aplicação de etileno exógeno são
típicos de frutos não-climatéricos, à se-
melhança do pimentão.
Pereira (2004) avaliou o efeito do ethe-
phon sobre o amadurecimento de pimentas
das espécies C. annuum, C. chinense, C.
baccatum
somente em e C. frutescens e observou que
alguns genótipos houve ace-
Gráfico 1 - Respiração
Respiração e produção de etileno
etileno em frutos da pimenta
pimenta Capsicum annuum leração da degradação de clorofila e síntese
cv. Chooraehong colhidos no estádio verde-maduro e armazenados a 20 C o
amarela dos frutos maduros (Quadro 1). A riedade e não à espécie a botânica. Além Durante a fase de crescimento do fruto
indução da degradação da clorofila pelo disso, Pereira (2004) observou que não hou- das pimentas há acúmulo de capsaicina e
ethephon provavelmente não está asso- ve influência do ethephon sobre o acúmulo dihidrocapsaicina, os dois principais
ciada à espécie ou à cor final dos frutos, de carotenóides nos frutos maduros das alcalóides produzidos pelos frutos, porém,
visto que houve aceleração da degradação pimentas. o conteúdo decresce com o amadure-
em três genótipos das espécies C. annuum Em frutos carnosos classificados como cimento do fruto na planta (CONTRERAS-
(cv. Mirassol), C. baccatum (BGH 6029) e não-climatéricos, o etileno não participa na PADILLA; YAHIA, 1998). Estes autores
C. frutescens (BGH 4179), com significati- indução do amadurecimento deles, embora observaram que correlação
a queda nocom
conteúdo das
va redução do número de dias até atingir a em algumas espécies a aplicação exógena capsaicinas teve o aumento
cor madura final do fruto maduro, res- de etileno possa estimular o acúmulo de da atividade da peroxidase.
pectivamente vermelho, amarelo e vermelho pigmentos carotenóides (GIOVANNONI, O incremento da atividade da pero-
(Quadro 1). Ambos os acessos de C. 2001). xidase provavelmente está relacionado com
chinense foram insensíveis ao etileno, e a Capsaicinas formam a classe de subs- a competição por intermediários da rota dos
cultivar Mirassol foi a mais sensível à ação tâncias responsáveis pela pungência dos fenilpropanóides, necessários na síntese
de capsaicinóides e de compostos fe-
do etileno, com antecipação de 45% no nú- frutos. Estes compostos são sintetizados
nólicos componentes da parede celular dos
mero de dias até o amadurecimento em rela- por glândulas secretoras localizadas na
frutos (BERNAL et al., 1995).
ção aos frutos não tratados. Estes resul- região placentária dos frutos, e a quan-
tados evidenciam que a maior ou menor tidade acumulada nos frutos é distinta
PERDA PÓS-COLHEITA DE
responsividade do fruto de pimenta ao entre variedades da mesma espécie e entre
ÁGUA
etileno provavelmente está associada à va- espécies de pimenta (BOSLAND, 1992).
A colheita interrompe o suprimento de
água do órgão vegetal e, assim, a perda de
QUADRO 1 - Influência do ethephon sobre o amadurecimento de pimentas armazenadas a 25 oC água subseqüente por transpiração de-
termina, em grande parte, as perdas de
Dias para o fruto maduro ordem quantitativa e qualitativa dos pro-
Espécie Cor do fruto maduro dutos hortícolas. O murchamento e en-
(1)
Controle Ethephon rugamento da superfície dos frutos de
pimenta são os sintomas iniciais da exces-
C. annuum siva perda de água. Além disso, a excessiva
Mirassol Vermelho 21,5 a 11,8 b perda de água por transpiração pode indu-
New Mexican Vermelho 20,3 a 17,7a zir rápida deterioração via aumento
aument o da taxa
de algumas reações de origem predo-
minantemente catabólica, como a degra-
C. chinense dação de clorofila estimulada pelo etileno.
BGH 1716 Laranja 7,8 a 7,3 a A perda de massa fresca total pós-
BGH 1723 Vermelho 14,8 a 18,8 a colheita dos produtos hortícolas é re-
sultado do somatório da perda de água pela
transpiração e da perda de matéria seca,
C. baccatum devida à atividade respiratória. Com base
BGH 4366 Vermelho 13,0 a 9,0 a nas taxas respiratórias dos produtos fru-
BGH 6029 Amarelo 5,3 a 3,5 b
tos, em geral, a perda de massa pela res-
piração situa-se entre 3% e 5% da perda
total de massa na pós-colheita (BEN-
C. frutescens YEHOSHUA, 1987). Portanto, a in-
BGH 4179 Vermelho 12,8 a 8,0 b tensidade da transpiração ocorrida após a
colheita determina, em grande parte, a taxa
BGH 4708 Vermelho 16,3 a 17,5 a
de perda de massa dos produtos hortícolas
FONTE: Pereira (2004). frescos.
NOT
NOTA: Médias seguidas pela mesma letra, na linha, em cada acesso, não diferem entre si pelo A cutícula consiste na camada cerosa
teste-t a 5% de probabilidade. que recobre a superfície das células epi-
(1)Frutos
(1)Frutos verdes-maduros imersos em 1.000 mg/L de ethephon por 30 minutos.
m inutos. dérmicas dos frutos carnosos. As ceras são
I n f o rm e A g ro p e c u á ri o , B e l o H o ri z o n t e , v . 2 7 , n . 2 3 5 , p . 9 9 -1 0 3 , n o v . / d e z . 2 0 0 6
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'Tabasco' 'Jalapeño'
Especificação Unidade
Quantidade Total % Quantidade Total %
(R$) (R$)
Insumos
Sementes kg 1 768,00 19,99 0 0,00 0,00
Mudas mil 0 0,00 0,00 32,25 483,75 12,18
Corretivos de solo t 0 0,00 0,00 2 34,00 0,86
Adubos orgânicos t 2 400,00 10,41 0 0,00 0,00
Adubos químicos t 1,8 1.282,00 33,37 1,9 764,90 19,26
Herbicidas L 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00
Inseticidas kg ou L 2 40,00 1,04 12,5 187,00 4,71
Fungicidas kg ou L 2 40,00 1,04 10,5 161,60 4,07
Espalhante adesivo L 2 10,00 0,26 2 6,00 0,15
Subtotal 1 2.540,00 66,11 1.637,25 41,22
Serviços
Mão-de-obra d/H 153 918,00 23,89 26,5 265,00 6,67
Máquinas h/m 4 100,00 2,60 62,5 867,25 21,83
Subtotal 2 1.018,00 26,50 1.132,25 28,51
Outros custos
Baldes e caixas ud 8 44,00 1,15 1500 975,00 24,55
Energia para irrigação KW 1200 240,00 6,25 0 0,00 0,00
Juros de custeio (8,75%aa.) 0 0,00 0,00 192,266
192,2 4,84
Transporte (carregamento) t 0 0,00 0,00 30 35,10 0,88
Subtotal 3 284,00 7,39 1.202,36 30,27
Custo variável total = 3.842,00 100,00 3.971,86 100,00
(subtotais 1+2+3)
NOTA:
NOTA: Levantamento de coeficientes técnicos realizados pelo Engo A
Agr
gro José Selvar da Emater (CE).
d/H - Dia/homem; h/m - Hora/máquina.
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Insumos
Mudas mil 13,00 260,00 6,53 0,00 0,00 0,00
Corretivos do solo t 1,00 59,00 1,48 0,00 0,00 0,00
Adubos orgânicos t 20,00 300,00 7,53 0,00 0,00 0,00
Adubos químicos t 1,50 674,72 16,95 13,00 29,72 1,54
Herbicidas L 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Inseticidas kg ou L 21,00 365,20 9,17 20,50 365,20 18,90
Fungicidas kg ou L 7,00 218,80 5,50 7,00 218,80 11,33
Subtotal 1 1.877,72 47,16 613,72 31,77
Serviços
Mão-de-obra d/H 92,00 1.104,00 27,73 78,00 1.026,00 53,11
Máquinas h/M 16,00 640,00 16,07 0,00
Subtotal 2 1.744,00 43,80 1.026,00 53,11
Outros
Baldes e sacos 210,03 5,27 209,10 10,82
Óleo diesel 183,00 150,03 3,77 100,00 83,00 4,30
Subtotal 3 360,06 9,04 292,10 15,12
Total = (subtotais 1+2+3) 3.981,78 100,00 1.931,82 100,00
NOTA:
NOT A: Trabalho realizado com recursos do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia
Tecnologia Agropecuária para o Brasil (Prodetab).
d/H - Dia/homem; h/m - Hora/máquina.
(1)Refere-se à participação percentual de cada item no total dos custos.
QUADRO 4 - Custos de produção por hectare de pimenta-malagueta na região de Carmópolis (MG), 2003
Especificação Unidade Quantidade Total do 1o ano Participação Quantidade Total do 2o ano Participação
(R$) (%) (R$) (%)
Insumos
Sementes kg 0,20 140,00 1,70
Corretivos do solo t 2,00 40,00 0,49
Adubos orgânicos t 20,00 400,00 4,87
Adubos químicos t 1,53 670,00 8,16 1,02 490,00 12,20
Brometo de metila Lata 10,00 75,00 0,91 0,00
Inseticidas kg ou L 46,00 335,00 4,08 3,00 43,00 1,07
Fungicidas kg ou L 10,00 85,00 1,03 8,00 48,00 1,20
Espalhante adesivo L 2,00 10,00 0,12 2,00 10,00 0,25
Subtotal 1 1.755,00 21,37 591,00 14,72
Serviços
Mão-de-obra d/h 761,00 6.088,00 74,13 428,00 3.424,00 85,28
Máquinas h/m 5,00 100,00 1,22 0,00
Subtotal 2 6.188,00 75,34 3.424,00 85,28
Outros 0,00 0,00
Ó
Sulebotodtiaelse3l L 300,00 227700,,0000 33,,2299 00,,0000
Total = (subtotais 1+2+3) 8.213,00 100,00 4.015,00 100,00
NOT
NOTA: Custos de produção levantados
levantados pelo Engo Agro José Salvador Resende da EMATER
EMATER-MG.
-MG.
Trabalho realizado em parceria
parcer ia com a EMATER-MG.
EMATER-MG.
d/H - Dia/homem; h/m - Hora máquina.
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gicidas (1,2%). Assim, nesse período os RENTABILIDADE DA CULTURA Observa-se pelo ponto de equilíbrio da
custos caem em, aproximadamente, 50%. Os indicadores básicos gerados pelas produção comercial que, em todos os
Entretanto, a participação da mão-de-obra análises econômicas confirmam que todos sistemas, a produtividade apresentou sig-
continua intensiva (85,3%). Nesse sis- os sistemas são eficientes do ponto de nificativa capacidade de diluir os custos
tema, verifica-se que o retorno ao produ- vista técnico-econômico (Quadro 5). A variáveis da produção.
tor, no segundo ano, é de quase 90% rentabilidade das pimentas em todos os
(Quadro
produtores4). Édessa
importante
regiãoressaltar
colocam que no
os sistemas foi maior do que 1, indicando que CONSIDERAÇÕES FINAIS
para cada unidade monetária (UM) aloca- Os sistemas de produção predomi-
mercado o produto envazado ou a granel da na cultura, os produtores obtiveram nantes, apesar de empregarem tecnologias
preparado. Considerando o preço re- retornos que variaram de 1,72 (no caso da simples, são todos eficientes do ponto de
cebido pelo produtor por quilo do produto ‘Tabasco’) a 2,24 (considerando a ‘Mala- vista técnico-econômico. Entretanto, a
a granel, verifica-se que, nessa região, a gueta’, no segundo ano, em Goiás). utilização de materiais genéticos mais
exploração da pimenta-malagueta é lu- No caso da ‘Malagueta’, no segundo potentes associados à inovação da base
crativa para os produtores. A margem so- ano, ocorre a exploração final do pimental. técnica dos produtores pode tornar os sis-
bre as vendas foi, em média, mais de 46% Assim, o produtor faz aplicações mínimas temas de produção ainda mais lucrativos.
e a taxa de retorno foi 86%, no primeiro de insumos e o fator mais intensivo é a mão- Observa-se que a exploração comer-
ano e, no segundo ano, em razão do pi- de-obra para colheita e acondicionamento. cial das pimentas Capsicum spp. gera em-
mental exigir menos gastos com tratos Dessa forma, os custos tornam-se menores pregos e renda em todos os segmentos da
culturais, a taxa de retorno foi maior (90%) e são diluídos pela produtividade obtida, cadeia produtiva, tanto a montante como a
(Quadro 4). proporcionando margens de lucro razoáveis. jusante da produção.
QUADRO 5 - Eficiência técnico-econômica dos sistemas de produção de Capsicum spp.
Produtividade de pimenta fresca (kg/ha) 10.000 10.000 30.000 4.000 2.400 6000 3000
Custos variáveis totais (R$) 3.817 3.842 3.972 3.982 1.932 8.213 4015
Conversão matéria-prima/Produto (kg/1kg) 8 _ _ _ _
Produvidade do produto processado (kg) 1.250 _ _ _ _
Custo unitário do produto processado (R$/kg) 3,05 _ _ _ _
Custo unitário de pimenta fresca _ 0,38 0,13 1,00 0,80 1,37 1,34
Preço recebido (pimenta seca) 5,50 0,66 0,23 1,80 1,80 2,54 2,54
Renda bruta (R$) 6.875 6.600 6.900 7.200 4.320 15.240 7.620
Renda líquida (R$) 3.057 2.758 2.928 3.218 2.388 7.027 3.605,
Margem de lucro (%) 44,47 41,79 42,44 44,70 55,28 46,11 47,31
Rentabilidade (UM) 1,80 1,72 1,74 1,81 2,24 1,86 1,90
Ponto de equilíbrio (kg) 694 5.821 17.269 2.212 1.073 3.233 1.581
Taxa de retorno (%) 80,09 71,79 73,72 80,82 123,62 85,56 89,79
Na forma processada ou in natura, as networking to evaluate the sustainability of datos agronômicos: un manual metodológico de
pimentas Capsicum spp. são produtos que horticultural production systems. Acta evaluación económica. México: CIMMYT, 1985.
Horticulturae , Hague, n.638, p. 359-368, 2004. 56p. (CYMMYT. Folheto de Información, 27).
agregam valor e detêm amplas opor-
EMBRAPA. Critérios para o levantamento SCOLARI, D.D.G.; SOUZA, M.C. de; COSTA,
tunidades de mercado. Portanto, devem ser
de Sistemas de produção na Embrapa. M.E.F. da. Programa de análise econômica
recomendadas para agricultura familiar como
recomendadas Brasília: EMBRAPA - SGE, 2002. 17p. através de orçamentação parcial (ANECOR).
alternativa rentável para diversificação da LAIARD, R.; GLAISTER, S. Cost–benefit Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1985. 43p.
produção. analysis . New York: Cambridge, 1996. 486p. (EMBRAPA-CPAC. Documentos, 13).
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