59 - Repetição Do Indébito 2

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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA 00ª VARA CÍVEL DO FORO DE

CIDADE/UF

NOME DO CLIENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do


CPF/MF nº 0000000, com Documento de Identidade de n° 000000,
residente e domiciliado na Rua TAL, nº 00000, bairro TAL, CEP: 000000,
CIDADE/UF, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem perante
Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM RELAÇÃO DE CONSUMO C.C.


PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em face de FULANO DE TAL, nacionalidade, estado civil, profissão,


portador do CPF/MF nº 0000000, com Documento de Identidade de n°
000000, residente e domiciliado na Rua TAL, nº 00000, bairro TAL, CEP:
000000, CIDADE/UF, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e
no final requer.:

DOS FATOS

O autor, em DIA/MÊS/ANO, às 00h00min, realizou uma compra de


mercadorias no estabelecimento do réu, que explora o ramo de venda de
gêneros alimentícios e mercadorias diversas, como é de conhecimento
notório, no importe de R$ 000 (REAIS), conforme demonstra o cupom fiscal,
cuja cópia segue anexada.
No momento em que o autor foi passar pelo caixa e efetuar o pagamento
das mercadorias, aproximadamente 1 (um) segundo após ter apertado o
botão de confirmação da operação de pagamento por cartão de débito e
após ter informado sua senha, houve uma interrupção do fornecimento de
energia elétrica que durou também aproximadamente 1 (um) segundo e,
tão logo o sistema de informática do respectivo caixa se recuperou,
constava de sua tela, que o pagamento ainda deveria ser efetivado, foi
quando o autor repetiu a operação de pagamento, a pedido da operadora
do caixa na ocasião.

Assim o autor foi embora normalmente para sua residência e no


DIA/MÊS/ANO, quando foi fazer uma consulta de rotina em sua conta
bancária, se surpreendeu, porque havia sido debitado o valor da
compra, por duas vezes.

No DIA/MÊS/ANO, o autor se dirigiu ao estabelecimento do réu e solicitou a


devolução do dinheiro, foi quando obteve a informação no serviço de
atendimento ao cliente, que o caso se tratava de uma “reserva de caixa”
que seria devolvida em até 3 (três) dias úteis, diretamente na conta
bancária.
Na DIA/MÊS/ANO, às 00h00min, após passados 6 (seis) dias do ocorrido e 3
(três) dias da primeira solicitação, o autor retornou no estabelecimento do
réu e solicitou a devolução do dinheiro, já que havia se passado 4 dias úteis
e 6 dias corridos do evento e nenhuma devolução automática ocorreu.

A resposta que obteve foi que havia sido aberto um procedimento para
verificação junto à instituição bancária, dos motivos da cobrança em
duplicidade e que somente quando ocorresse a resposta do banco e a
verificação do setor competente é que o dinheiro seria devolvido, sem data
ou prazo estipulado.

Mesmo indagando que a instituição bancária não seria a responsável, pois


houve a realização da operação de pagamento com cartão de débito por
duas vezes com o uso regular da senha, comprovando os fatos por meio de
extratos bancários e do próprio comprovante da compra, o atendimento ao
cliente, através da atendente, após consultar a gerente, disse nada fazer.

Não bastasse isso, mesmo argumentando que a verificação da verdade se


resumia na análise do movimento financeiro do respectivo caixa e das
filmagens, pois aí se comprovaria o pagamento em duplicidade pelas
mesmas mercadorias, houve a recusa da devolução do dinheiro.

Finalmente o autor se identificou como advogado e informou que, caso o


dinheiro não fosse devolvido, seria promovida a presente ação, nada foi
feito, apenas a resposta desrespeitosa: “faça o que você quiser”.

Os prepostos do réu ainda nada registraram acerca da reclamação ou


sequer deram um comprovante, mas foram tiradas cópias do cartão de
débito do autor, do cupom fiscal, foi informado o número do telefone para
contato, mas nada fica registrado, o que demonstra mais uma vez a má-
fé, para que o consumidor não possa comprovar o alegado, contudo,
inúmeras provas podem demonstrar, se necessário, que o réu recebeu a
reclamação verbal do autor.
Mesmo após passados mais de dois meses do ocorrido, o réu permaneceu
inerte sobre o assunto e o autor não é obrigado a tolerar atitude tão
desrespeitosa.

Por tais razões, o autor busca a tutela jurisdicional para que seus direitos
sejam resguardados e restabelecidos, em razão que o caso já se trata de
apropriação indébita de valor em dinheiro, face à ampla possibilidade do réu
verificar a veracidade dos fatos e se negar ilegalmente a devolver o que não
lhe pertence!

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

O primeiro fundamento do pedido que prevalece in casu é a impossibilidade


de apropriação de dinheiro alheio e do consequente enriquecimento ilícito
do réu nessa situação.

O segundo fundamento consiste no fato que a devolução é devida uma vez


que não existiu causa para a segunda cobrança do valor de R$ 0000
(REAIS).

A falha do sistema de informática do réu que faz o recebimento eletrônico


do numerário pago por meio de cartões de débito causou efetivo dano ao
autor, que foi induzido a pagar duas vezes, até porque, tanto o programa,
quanto a operadora do caixa, assim solicitaram.
A responsabilidade objetiva, nessa situação é de rigor aplicação, haja vista a
determinação contida no artigo 14 do Código de defesa do consumidor,
vejamos:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.” [grifei]

Assim, para efeito do artigo acima transcrito, em tendo ocorrido dano


consistente na cobrança indevida, não se discute culpa, tão somente fica o
dever objetivo de indenizar.

Temos ainda, que a segunda cobrança, realizada de forma indevida e sem


chance de defesa por parte do autor, deve ser ressarcida em dobro,
conforme determina o parágrafo únicodo artigo 42 do Código de defesa do
consumidor, senão vejamos:

“Art. 42. [...]

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem


direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que
pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável.” (grifei)

O que justifica mais a aplicação do ressarcimento em dobro, além do fato


que uma quantia pertencente ao autor não pode ser por ele usufruída, é o
fato que o réu tem os meios para apurar o caso e se recusa mediante
a afirmação que quer saber da instituição bancária o que ocorreu, o que é
esdrúxulo e demonstra uma nítida má-fé nesse comportamento desidioso e
reprovável.

Aliás, um caso simples de devolução de uma quantia cobrada a maior, se


torna para o réu, a possibilidade de pagar em dobro e ainda arcar com o
pagamento de uma indenização, além do gasto garantido com advogado ex
adverso, preposto, etc., o que demonstra total despreparo técnico da
gerência do estabelecimento da ré na condução de casos simples, que por
má administração pode ter um custo superior a 10 vezes o valor que não
seria gasto, mas apenas devolvido.

Ao se negar a verificar em seu sistema e em suas filmagens, o réu


acabou por também ferir, além da moral e dos bons costumes, o
inciso VI do artigo 6º do Código de defesa do consumidor, vejamos:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e


morais, individuais, coletivos e difusos;”

No caso, nenhuma preocupação para a reparação do dano causado foi


demonstrada pelos prepostos do réu, que, aliás, trataram o caso com
desprezo, como se o autor estivesse pedindo um favor, incomodando!!!
Ao não estipular data para a devolução do dinheiro, que é uma
obrigação legal do réu, também acabou por transgredir o inciso XII do
artigo 39 do Código de defesa do consumidor, abaixo transcrito:
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas:

[...]

XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua


obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo
critério.”

Assim, todas essas circunstâncias, ou seja, a cobrança indevida e


o descaso para a solução da situação, que era perfeitamente possível sem a
necessidade de verificação junto à instituição bancária o caso já se torna
uma prática abusiva e deve ter o devido tratamento jurídico-judicial.

De mais a mais, a responsabilidade sobre o programa de informática e suas


falhas é do réu, que deve assumir sua responsabilidade, sob pena da quebra
da boa-fé objetiva.

O autor não está sujeito a esperar a devolução de uma quantia que lhe
pertence e foi cobrada indevidamente, principalmente porque o réu tem
como averiguar isso de forma independente e fica colocando obstáculos
para não pagar.
Falar que é necessário uma verificação junto ao Banco e não fazer
absolutamente nada para apurar a situação de forma interna corporis, é
uma atitude desleal, ofensiva, configura prática abusiva, constitui ato ilícito
e presume a existência de dano moral.

Aliás, o autor está profundamente incomodado e revoltado com essa


situação, porque já foi por duas ocasiões pleitear a devolução de dinheiro
que lhe pertence e isso está sendo negado mesmo com provas cabais
apresentadas, como o comprovante da compra e os extratos bancários que
demonstram a dupla cobrança por apenas uma compra e foi completamente
ignorado.

Também é necessário frisar que o tratamento dado é como se estivéssemos


tentando fraudar algo, o que constrange ainda mais e justifica o pedido de
indenização, uma vez que isso equivale a tratar as pessoas como
criminosos.

A apropriação indébita do dinheiro disfarçada de cobrança indevida é ato


ilícito e presume o dano moral, ainda mais pelo tempo transcorrido e a
inércia em relação ao caso.

Não bastasse, o autor teve que ir ao estabelecimento do réu por dois dias
em horários de descanso, atrapalhando sua vida normal, o que não está
sendo tolerado de forma saudável e tal fato já ultrapassou o que se poderia
chamar “sofrimento normal do dia a dia”.

O caso se aprofunda, no que tange ao abalo psíquico do autor, quando o


réu não faz nada para apurar os fatos, tendo todos os meios à sua
disposição e já passados 18 dias!

O desrespeito ao consumidor, que aliás parece regra face ao


comportamento dos funcionários, deve fazer com que o réu seja condenado
a pagar uma indenização por danos morais no importe sugerido de R$ 000
(REAIS), com fundamento no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal[1],
para que se sinta coagido a preparar melhor seus funcionários, que parecem
ser analfabetos jurídicos, quando na verdade deveriam ter o conhecimento
do direito do consumidor, para administrar corretamente as situações.

O valor se justifica porque o autor é advogado e, pelo fato de perceber


exatamente as transgressões legais das quais está sendo vitimado, até
porque já foi assessor jurídico do Procon e atuante há 15 anos em causas
envolvendo relações de consumo, torna a revolta ainda maior, tamanho o
descaso!

Por outro lado, o réu é um grande hipermercado, com inúmeras filiais,


enfim, uma empresa gigante que é acostumada a transgredir direitos,
bastando consultar as bases de dados do próprio E. TJ/SP para que se
conclua exatamente isso e, o valor é até irrisório, no que se refere ao duplo
caráter punitivo-compensatório.

Por tais razões, o réu, ao final, deve ser condenado ao pagamento do valor
cobrado indevidamente, em dobro, além de uma indenização pelos danos
morais causados, no valor sugerido de R$ 000 (REAIS).

As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos


alegados

O autor, inicialmente pretende e requer ao final, a inversão do ônus da


prova, com base no artigo 6º, inciso VIII do CPC[2], uma vez que o réu,
além de ser uma empresa riquíssima, detém todas as provas do ocorrido em
seu poder.
O réu possui a relatório informatizado do caixa, balanços financeiros,
funcionários contadores, filmagens, enfim, TODOS os meios de apuração da
verdade, mas finge não os ter.

Assim é nítida a condição hipossuficiente do autor, no sentido da produção


das provas, razão pela qual deve ser invertido o encargo probatório e
reequilibrada a relação processual.

Caso Vossa Excelência não defira a inversão do ônus da prova, o que


realmente não se acredita, o autor tentará produzir as seguintes provas:
a) O requerimento de exibição, pelo réu, das imagens de vídeo gravadas
pelo sistema de segurança do réu, do DIA/MÊS/ANO, das 00h às 00hs, na
região dos caixas, exatamente no primeiro caixa do lado direito
(Preferencial), de quem da frente olha o estabelecimento, para demonstrar
que o autor não comprou os mesmos produtos por duas vezes;

b) O requerimento de apresentação do documento contábil que registra o


movimento do caixa em que houve a compra, a fim de demonstrar que
houve uma entrada a mais, por via de cartão de débito, no valor de R$ 000
(REAIS).

c) O depoimento pessoal da operadora de caixa Fulana de tal (Conforme


nome que consta do cupom fiscal), a fim de demonstrar todo o ocorrido.
Juntamente com a petição inicial, o autor junta o comprovante da compra
(cupom fiscal); extrato bancário emitido em caixa eletrônico localizado
dentro do estabelecimento do réu, no dia da primeira reclamação
(DIA/MÊS/ANO – DIA DA SEMANA); extrato bancário emitido no dia da
segunda reclamação (DIA/MÊS/ANO) e extrato bancário da conta-corrente
do autor, da data do fato até a presente data, demonstrando que não houve
devolução do dinheiro.
Considerações finais

Podemos verificar com certeza, com a análise das provas ora juntadas, que
houve a apropriação de dinheiro pertencente ao autor, pelo réu, através de
seu sistema de cobrança.
As provas ora juntadas demonstram a verossimilhança das alegações e
constituem fortes provas que embasam a versão apresentada.

Ademais, a inversão do ônus da prova nesse caso é de rigor, haja vista o


poderio econômico e a quantidade de provas que estão na posse do réu,
como filmagens, relatórios eletrônicos, testemunhas, etc.

Ao final, de qualquer forma, ficará demonstrado que a versão é verdadeira,


pois o autor não ousaria vir a juízo mentir, pois não precisa disso e o
comportamento do réu deve ser punido e o autor compensado do abalo de
espírito causado por essa situação esdrúxula.

DOS PEDIDOS

a) que o réu seja citado, com as advertências legais, para, se o caso,


oferecer resposta no prazo legal, sob pena de revelia;

b) que seja deferida a inversão do ônus da prova, com fundamento no


artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

c) que, caso não seja deferida a inversão do ônus da prova, que seja
permitido ao autor produzir as provas indicadas no item 3 desta petição;
d) a total procedência da ação, para condenar o réu a devolver a quantia
que se apropriou de forma indevida, ou seja, R$ 000 (REAIS), em dobro,
conforme determina o parágrafo único do artigo 42 do CDC, bem como, seja
condenado ao pagamento de uma indenização por danos morais, no valor
sugerido de R$ 000 (REAIS), pelo fato de não se interessar em resolver a
questão ora discutida;

e) O autor não concorda com a realização de audiência de conciliação ou


mediação, em vista que não aceita, em qualquer hipótese, receber menos
do que lhe foi usurpado, tampouco abre mão das consequências legais que
devem recair sobre o réu e ora requerias nesta ação;

f) requer-se a condenação do réu no pagamento de honorários advocatícios


e custas processuais, caso haja recurso de sua parte;

g) a oportunidade de provar o alegado por todos os meios legítimos em


direito, notadamente a apresentação de documentos novos, oitivas pessoais
das partes, oitiva de testemunhas, vistorias, perícias e quaisquer outras que
se mostrarem pertinentes e necessárias, no decorrer da marcha processual.

Dá-se à causa, o valor de R$ 000 (REAIS), para os fins de direito.

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

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