10 - Doutorado ENVELHECIMENTO e Outros

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ANAIS DO XIII CONPEEX

Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão


Universidade Federal de Goiás

De 17 a 19 de outubro de 2016

XIII SEMINÁRIO DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO
Aluno Trabalho

Efeitos do Consumo de Cafeína no Desempenho


ACÁCIA GONÇALVES FERREIRA
Cardiorespiratório de Adultos Ativos
LEAL

ADRIANE GERALDA ALVES DO ENVELHECIMENTO: UMA ABORDAGEM A PARTIR DE


NASCIMENTO CÉZAR SUAS RELAÇÕES COM O TRABALHO

A PERFORMANCE "FILME-ENSAIO" NO TEATRO-CINEMA


ADRIEL DINIZ DOS REIS
BECKETTIANO

Utilização das Transformações Conformes na


ALAN HENRIQUE FERREIRA
Codificação e Decodificação de Imagens
SILVA

Repotencialização na Operação Paralela de Geradores


ALANA DA SILVA MAGALHÃES
Síncrono e de Indução

PAYMENT FOR WATER SERVICES NO SÉCULO 21: UMA


ALEXANDRE RODRIGO
ANÁLISE DOS ARTIGOS INFLUENTES, PERIÓDICOS E
CHOUPINA ANDRADE SILVA
AUTORES

CONTROLE FUZZY ADAPTATIVO BASEADO EM TAXA


ALISSON ASSIS CARDOSO ÓTIMA PARA ESCALONAMENTO DE DADOS NA
TRANSMISSÃO DOWNLINK LTE

UTILIZAÇÃO DE PORFIRINAS NA INATIVAÇÃO


AMANDA VARGAS TELES
FOTODINÂMICA DO HERPESVÍRUS BOVINO 1

PERFIL DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS


ANA CLÁUDIA JAIME DE PAIVA
CARDIOVASCULARES EM MULHERES DE JATAI (GO)

Colónias como ¿razão de ser¿ da nacionalidade


ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS portuguesa: conferências de Henrique Galvão na
VARGAS primeira década do Estado Novo

I
Aluno Trabalho

ESTUDOS SOBRE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA:


ANDRÉ PEREIRA MARQUES
PARTE II

REFLEXÕES SOBRE O MASSACRE DE ELDORADO DOS


ANTONIO DE JESUS PEREIRA CARAJÁS: a relação opressor/oprimido nas narrativas
orais dos sobreviventes

Mineração de Dados em Decisões Judiciais utilizando


ANTÔNIO PIRES DE CASTRO
Ontologia
JÚNIOR

O Trabalho Docente no Ensino Médio Privado sob o


BRUNO BORGES
ponto de vista da atividade

ESTUDO MICROTOMOGRÁFICO E BIOQUÍMICO DO


BRUNO MORAES ASSIS ESTOJO CÓRNEO DE BOVINOS DE APTIDÃO LEITEIRA:
dados preliminares

POLÍMEROS NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA


CAMILLA MARTINS DE OLIVEIRA
COM Trichoderma spp.

CONHECIMENTO SOBRE O USO DE PLANTAS


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INDÍGENA

A BIOÉTICA COMO DISCIPLINA NA FORMAÇÃO


CARLOS EDUARDO SILVA
FARMACÊUTICA
BARBOSA

CATALISADORES HETEROGÊNEOS PARA PRODUÇÃO DE


CAROLINE WINTER CHALCONAS: REAÇÃO DE CONDENSAÇÃO DE CLAISEN-
SCHMIDT

ATIVIDADE FÍSICA E FORÇA MUSCULAR DE UMA


CÉLIO ANTÔNIO DE PAULA POPULAÇÃO EM ENVELHECIMENTO NA REALIDADE
JÚNIOR URBANA E RURAL

II
Aluno Trabalho
A ELEGIA DO OESTE: : UMA ANÁLISE DO
EXPANSIONISMO ESTADUNIDENSE A PARTIR DO
CÉSAR HENRIQUE GUAZZELLI E
CONCEITO DE FRONTEIRA NA HISTORIOGRAFIA DOS
SOUSA
ESTADOS UNIDOS ¿ 1893-1950

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E O


CHRISTINE GARRIDO MARQUEZ
BANCO MUNDIAL

ANÁLISE INTEGRADA DA UMIDADE DO SOLO POR


SENSORIAMENTO REMOTO EMBARCADO EM
CLEBERSON RIBEIRO DE JESUZ
PLATAFORMAS AÉREAS NÃO TRIPULADAS EM ÁREAS
DO CERRADO

O ENSINO DE MÚSICA COMO PROPOSTA DE EDUCAÇÃO


CRISTIANO APARECIDO DA
ESTÉTICA EM ADORNO
COSTA

OS PROFESSORES E AS CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA E DE


DAGMAR DNALVA DA SILVA
QUALIDADE NOS PERIÓDICOS ESPECIALIZADOS
BEZERRA

Metodologia para Análise de Risco de Investimento em


DAYWES PINHEIRO NETO
Usina Eólica no Ambiente de Contratação Livre

O Parangolé de Hélio Oiticica: invenção, performance e


DEUSIMAR GONZAGA
experiência

DINARA PEREIRA LEMOS TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS DE


PAULINO DA COSTA ZERO A TRÊS ANOS DE IDADE

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA DO ÁCIDO


DORCAS FERNANDES DOS ROSMARÍNICO COM FÁRMACOS METABOLIZADOS POR
ANJOS MELO ENZIMAS CYP3A

LUTA PERMANENTE: AS PERFORMANCES AFRO-


ELIENE NUNES MACEDO BRASILEIRAS DA CIDADE DE GOIÁS-GO E SUAS
INTERAÇÕES

III
Aluno Trabalho
CONHECIMENTO E TREINAMENTO PROFISSIONAL NA
ERIKSON CUSTODIO ALCÂNTARA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UM OLHAR PARA A
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

PADRÃO MULTIVARIADO NOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE


EUDECIO BONFIM DOS SANTOS
Eugenia dysenterica
DIAS

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE
FABIANA VAZ TOSTA NANOEMULSÕES PARA ENCAPSULAÇÃO DE UM ATIVO
COSMÉTICO

ANÁLISE DO GENE KELCH-13 EM AMOSTRAS DE


FRANCESCA GUARACYABA GARCIA PLASMODIUM FALCIPARUM DA AMAZÔNIA LEGAL,
CHAPADENSE BRASIL, DEMONSTRA AUSÊNCIA DE MUTAÇÕES DE
RESISTÊNCIA À ARTEMISININA.

A análise espacial da incidência de dengue no Brasil: um


GABRIELA BASSANI FAHL recorte espacial e temporal a partir da análise dos
dados brasileiros de 1990 a 2010

GIÓRGIA DE AQUINO NEIVA Estudo Antropológico sobre Assexualidade

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E FUNCIONAL DE


HERMÍNIO MAURÍCIO DA MONÓCITOS DO SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES
ROCHA SOBRINHO COM DOENÇA DE PARKINSON: AUMENTO DA
EXPRESSÃO DE RECEPTOR SIMILAR A TOLL-10 (TLR10)

HILDOMAR JOSÉ DE LIMA MUDANÇAS LEXICAIS NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

Qualidade de Vida de pacientes com Insuficiência


JOANA DARC SILVERIO PORTO
Cardíaca: uma analise pelo Whool-bref

JUÇARA DE SOUZA NASSAU O corpo na fotografia médica de Konstantin Christoff

IV
Aluno Trabalho
Identificação de novos fármacos antimaláricos através
JULIANA RODRIGUES da estratégia de genômica comparativa por
reposicionamento

JUNIO CEZAR DA ROCHA SOUZA Considerações acerca da tolerância em John Locke

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS CENTRAIS DA


KELLEN ROSA DA CRUZ ADMINISTRAÇÃO DE DOIS PEPTÍDEOS DERIVADOS DA
HEMOGLOBINA.

KENIA ALVES PEREIRA LACERDA Qualidade de Vida e Vitiligo

LAREDO RENNAN PEREIRA Esferas como Envelopes de uma Congruência de Esferas


SANTOS

ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTOS


DE RISCO À SAÚDE GERAL E BUCAL EM ADOLESCENTES
LIDIA MORAES RIBEIRO
BRASILEIROS: ANÁLISE DA PESQUISA NACIONAL DE
JORDÃO
SAÚDE DO ESCOLAR

LIGIA MARIA DE CARVALHO REINVENTANDO A BANDEIRA DO ANHANGUERA

BEM-ESTAR PSICOSSOCIAL DE PACIENTES COM


LILIANE BRAGA MONTEIRO SEQUELAS APARENTES DE CIRURGIA ONCOLÓGICA NA
DOS REIS REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO

A FORMAÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL: UM ESTUDO


DOS PROCESSOS DE APROPRIAÇÃO DO
LORENNA SILVA
CONHECIMENTO E ELABORAÇÃO CONCEITUAL NO
CONTEXTO ESCOLAR

"FORMANDO PARA TRANSFORMAR": A CRIAÇÃO DO


LUCAS PATSCHIKI
INSTITUTO MILLENIUM.

V
Aluno Trabalho
CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E
TEORIA DO ENSINO DESENVOLVIMENTAL PARA O
MARA CRISTINA DE SYLVIO
ENSINO DE LEITURA E ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL

O MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE GOIÁS COMO


MARCELLO LUCAS ESPAÇO POTENCIAL PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E
MATEMÁTICA

A teoria da inflação inercial e o fim da concepção


MARCELO AUGUSTO PARRILLO
desenvolvimentista na economia
RIZZO

Controle de Velocidade do Motor a Relutância


MÁRCIO RODRIGUES DA CUNHA
Chaveado Empregando Lógica Fuzzy
REIS

O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: NUANCES,


MARCOS JERÔNIMO DIAS RUPTURAS E PROPOSIÇÕES DA FORMAÇÃO DE
JÚNIOR PROFESSORES NA SOCIEDADE DO CAPITAL.

OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE EXTRAÇÃO DE


MARIANA CRISTINA DE MORAIS
FURANOCUMARINAS NAS RAÍZES DE Brosimum
RODRIGUES
gaudichaudii Trécul. (MORACEAE).

RESISTÊNCIA FLEXURAL, MÓDULO DE ELASTICIDADE E


MAURÍCIO GUILHERME LENZA CITOTOXICIDADE DE RESINAS EMPREGADAS EM
ORTODONTIA PARA LEVANTE DE MORDIDA

A construção do espaço e da atmosfera dos jogos de


terror: análise da intertextualidade dos recursos
MURILO GABRIEL BERARDO
estéticos e da construção do medo a partir desses
BUENO
aspectos.

Multinacionais brasileiras da carne: a estratégia espacial


ONOFRE PEREIRA AURÉLIO de internacionalização do setor frigorífico e sua
NETO organização em rede

PENSAMENTO GEOGRÁFICO: POSSIBILIDADES PARA O


PEDRO MOREIRA DOS SANTOS
ENSINO DE CARTOGRAFIA COM ALUNOS SURDOS
NETO

VI
Aluno Trabalho
Desenvolvimento e Caracterização de Nanoemulsão de
PERCÍLIA DE ANDRADE LUCENA Àcido Alfa-Lipóico recoberta com Ácido Hialurônico
Direcionada aos Queratinócitos

EPISTEMOLOGIAS DA EDUCAÇÃO POPULAR:


PITIAS ALVES LOBO
CONTRADIÇÕES, MODISMOS E INTERESSES

EU JOGO. EU, JOGO. ESPACIALIDADE E PERFORMANCE


RAQUEL DE PAULA RIBEIRO
NAS NARRATIVAS DE RPG ELETRÔNICOS.

Reflexões sobre uma cidade modernista: as


RAQUEL SIMÃO VICTOI
heterologias do espaço urbano.

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS FRAÇÕES DO


REJANNE LIMA ARRUDA EXTRATO VEGETAL DE Ruta graveolens L QUANTO AO
TEOR DE FURANOCUMARINAS LINEARES

DETECÇÃO DE ISOLADOS DE TOSPOVÍRUS E DESENHO


RENATA MARIA DE OLIVEIRA DE PRIMERS PARA ANÁLISE DA EXPRESSÃO DO GENE
DE RESISTÊNCIA SW-5 EM TOMATEIRO

IDENTIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA


DE SUBUNIDADE CONTRA PLASMODIUM VIVAX
RENATO BEILNER MACHADO
ATRAVÉS DE IMUNOGENÔMICA E EXPRESSÃO
HETERÓLOGA EM PLANTAS TRANSGÊNICAS

Metodologia para Simulação e Otimização em Análise


RODRIGO ALVES DE LIMA
Eletromagnética

Trabalho docente: implicações na qualidades


RODRIGO RONCATO MARQUES
educacional e na emancipação social
ANES

DETECÇÃO DO GENE DE VIRULÊNCIA prot6E ESPECÍFICO


SAMANTHA VERDI FIGUEIRA
DE Salmonella ENTERITIDIS EM Salmonella HEIDELBERG

VII
Aluno Trabalho

SAMUEL RIBEIRO ZARATIM ENTRE BANDEIROLAS E SANTOS

AVALIAÇÃO DEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO INDÍGENA


SANDRA MARIA DOS SANTOS
ALDEADA NO BRASIL, 2013

DISTRIBUIÇÃO DE DADOS COM BASES DE DADOS


SAVIO SALVARINO TELES DE DINÂMICAS PARA O PROCESSAMENTO DISTRIBUÍDO
OLIVEIRA EFICIENTE DE OPERAÇÕES DE JUNÇÃO ESPACIAL

INATIVAÇÃO FOTODINÂMICA DO HERPESVÍRUS BOVINO


TAISE MARIA DOS ANJOS
TIPO 1 POR FTALOCIANINA ZINCO
OLIVEIRA

Performances Sonoras: uma escuta do cotidiano


THAÍS RODRIGUES OLIVEIRA
goianiense

THALITTA FERNANDES DE A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO TEÓRICO NO CENÁRIO


CARVALHO PERES DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

"O ALBINO" NA TRADIÇÃO FANTÁSTICA - análise


THIAGO OLIVEIRA SANTOS
estrutural e temática do conto de Heleno Godoy

Nontrivial solutions for some fourth order superlinear


THIAGO RODRIGUES
elliptic problems under Navier conditions
CAVALCANTE

ASPÉCTOS CLÍNICOS DA TRIPANOSSOMÍASE BOVINA


THIAGO SOUZA AZEREDO DURANTE SURTOS EM TAURINOS E ZEBUINOS
BASTOS LEITEIROS EM GOIÁS

MÉTRICA DE COMPLEXIDADE DE SISTEMAS BASEADA


VIVIANE MARGARIDA GOMES
EM CONEXÕES

VIII
Aluno Trabalho

WANDERSON RAINER HILÁRIO Evolução do Rendimento do Gerador a Relutância


DE ARAÚJO Chaveado para Aplicação em Energia Eólica

ANÁLISE AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS


URBANAS: UM OLHAR A PARTIR DA AVALIAÇÃO FÍSICO-
WESLEY DA SILVA BELIZÁRIO
QUÍMICA DA ÁGUA SUPERFICIAL DE BACIAS DE
DRENAGEM EM APARECIDA DE GOIÂNIA/GO

IX
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2665 - 2668

Efeitos do Consumo de Cafeína no Desempenho Cardiorespiratório de Adultos Ativos

Acácia Gonçalves Ferreira Leal1, Vitor Alves Marques2, Gabriela Teles3, Fagner

Medeiros Alves4; Maria Sebastiana Silva5

1,5Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Goiás (UFG),


Goiânia, Brazil – acaciagflealfisio@gmail.com
2,5Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Goiás (UFG),
Goiânia, Brazil - vitor_alvesmarques@hotmail.com
3,5Voluntária de Iniciação Científica. Laboratório de Fisiologia, Nutrição e Saúde. Faculdade de Educação Física e
Dança. Universidade Federal de Goiás – gabrielaef.ufg@hotmail.com 4,5Doutorando do Programa de Pós-Graduação
em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Brazil - fagnerMedeiros10@hotmail.com
5Laboratório de Fisiologia, Nutrição e Saúde/FEFD - maria2593857@hotmail.com

Palavras-chave: cafeína, teste de esforço cardiorespiratório, capacidadeaeróbia.

Justificativa

A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é um derivado da xantina, quimicamente relacionada com


outras xantinas: teofilina (1,3-dimetilxantina) e teobromina (3,7- dimetilxantina) que se
diferenciam pela potência de suas ações farmacológicas sobre o sistema nervoso central (SNC)
sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma droga estimulante do
sistema nervoso central, juntamente com as anfetaminas, a nicotina e a cocaína (GUERRA, 2000;
ALTIMARI, et al., 2010).
Consumida como ingrediente em diversas preparações, a cafeína é um componente comum
na dieta de muitos atletas. Além de seu uso social, a cafeína tornou-se potencialmente aberta ao
emprego incorreto no esporte devido a sua aparente propriedade ergogênica e sua remoção da lista
proibida da WorldAnti-dopingAgency (WADA) (BRUNETTO; RIBEIRO; FAYH, 2010).
Desse modo, a cafeína tem sido utilizada como substância ergogênica de forma aguda,
previamente à realização de exercícios anaeróbios (alta intensidade e curta duração), com o intuito
de protelar a fadiga e, conseqüentemente melhorar o desempenho físico. Embora a maioria dos
estudos não seja conclusiva em relação aos mecanismos responsáveis pelos efeitos da cafeína
no metabolismo anaeróbio, os achados até o

2665
presente momento têm apontado a cafeína como um possível agente ergogênico em exercícios
dessa natureza (ALTIMARI et al., 2010; BRUNETTO; RIBEIRO; FAYH, 2010).

Objetivos

O presente estudo teve como objetivos avaliar a aptidão cardiorrespiratória de adultos


ativos, após o consumo de cafeína.

Métodos

Participaram do estudo nove indivíduos adultos ativos com 33,5 ± 8,19 anos de idade e
1,67 ± 0,07 m de altura, e peso 70,17 ± 14,08, sendo três homens e seis mulheres. O estudo foi
realizado em duas fases, sendo a primeira com o consumo de 250mg de cafeína e a segunda sem.
Na primeira fase, os indivíduos foram submetidos a avaliação corporal por meio de
antropometria, bioimpedância elétrica e pressão arterial. A aptidão cardiorrespiratória foi
avaliada através do Teste de Esforço Cardiorespiratório (TECR), realizado em esteira rolante
(Centurion 200, Micromed, Brasília, Brasil), acoplado a um analisador de gases (Cortex,
Metalyser II, Roma, Itália). A variável analisada
foi 𝑉̇ O2máx (consumo máximo de oxigênio). O protocolo utilizado foi o de Rampa de 12
minutos, com aquecimento inicial de 2 min à 5 km/h. Após o aquecimento, a cada 30

segundos a velocidade aumentava em 0,5km/h e a inclinação em 1%. Foram mensuradosa pressão


arterial sistólica e diastólica antes e após o TECR, e a frequência cardíaca após o TECR. Os dados
foram expressos em média e desvio padrão. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de
Shapiro Wilk. O Test T não-pareado foi utilizado para a comparação entre os grupos (com e
sem cafeína). Os dados foram analisados no software Statistical Package for Social
Science, versão 20. O nível de significância adotado foi p<0,05.

Resultados e Discussão

Os participantes tinham em média 22,8±7,9 kg de massa gorda e 48,6±10,5 kg de massa


magra. Apenas dois indivíduos apresentaram estar com sobrepeso, sendo o mínimo do peso 58,70Kg
e o máximo 99,0 Kg. Os dados obtidos nos dois grupos estão apresentados na tabela 1. A pressão
arterial sistólica foi significativamente menor após o TECR quando os participantes consumiram a
cafeína.

2666
Parâmetros Grupo sem cafeína Grupo com cafeína
Valor de p
(Média±desvio padrão) (Média±desvio padrão)
PAS¹ (mmHg) 108,00±12,44 116,14±6,64 0,152
PAD¹ (mmHg) 73,86±16,23 74,29±6,07 0,949
PAS² (mmHg) 120,00±22,96 138,00±19,70 0,048*
PAD² (mmHg) 68,86±16,478 78,29±8,54 0,204
𝑉̇ O2máx (ml/min) 2265,71±970,311 2222,71±833,42 0,931
FC (bpm) 168,14±22,23 174,86±15,89 0,528

PAS – Pressão Arterial Sistólica; PAD – Pressão Arterial Diastólica; ¹ momento antes do TECR; ²
momento
após o TECR; 𝑉̇ O2máx – Consumo Máximo de Oxigênio inalado durante o TECR; FC – Frequência
Cardíaca.
* Valores de p (p<0,05) obtidos pelo Teste T para amostras independentes;

Embora alguns estudos tenham mostrado que a ingestão aguda de cafeína melhora o
desempenho anaeróbio, sua real efetividade em estímulos de alta intensidade e curta duração ainda é
controversa (CARDOSO et al., 2013). As teorias que têm tentado explicar o efeito ergogênico da
cafeína durante o exercício físico anaeróbio está relacionada ao efeito da cafeína em alguma porção
do sistema nervoso central (SNC), e a propagação dos sinais neurais entre o cérebro e a junção
neuromuscular, e também ao efeito da cafeína sobre o músculo esquelético, facilitando a estimulação-
contração do músculo esquelético. Alguns estudos têm indicado aumento da força muscular
acompanhado de maior resistência à instalação do processo de fadiga muscular após a ingestão de
cafeína. Sugere-se que isso ocorra muito mais pela ação direta da cafeína no SNC do que pela sua
ação em nível periférico (ALTIMARI et al., 2006; DAVIS e GREEN, 2009; ALTIMARI, 2010).

Conclusão

O consumo de 250 mg de cafeína não alterou o desempenho cardiorespiratório, mas


influenciou na redução da pressão sistólica após o TECR em adultos ativos.

2667
Referências

ALTIMARI, L. R. Ingestão de cafeína como estratégia ergogênica no esporte: Substância proibida ou


permitida? Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 16, n. 4, p. 314, 2010. ALTIMARI, L. R.;
MORAES, A. C.; TIRAPEGUI, J.; Moreau, R. L. M. Cafeína e
performance em exercícios anaeróbios. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, V. 42, n. 1,
2006.
BRUNETTO D.; RIBEIROJ. L; FAYH A. P. T. Efeitos do consumo agudo de cafeínasobre
parâmetros metabólicos e de desempenho em indivíduos do sexo masculino. Rev. Bras. Med.
Esporte; v.16; n.3. 2010.
CARDOSO, T. E.; AGUIAR, R. A. A.; TURNES, T.; CRUZ, R. S. O.; SILVEIRA, B. H.;

LISBÔA, F. D. Efeito da ingestão de cafeína no desempenho em corrida de 200 metros rasos. Motriz,
Rio Claro, v.19 n.2, p.298-305, abr./jun. 2013.
DAVIS, J. K.; GREEN, J. M. Caffeine and anaerobic performance: ergogenic value and mechanisms
of action. Sports Medicine, Auckland, v. 39, n. 10, p. 813-832, 2009.
GUERRA, R. O.; BERNARDO, G. C.; GUTIERREZ, C.

V. Cafeína e esporte. RevBrasMed Esporte, Niterói , v. 6, n. 2, p. 60-62, Apr. 2000. VAZ, L. G.


A. Efeito do consumo agudo de cafeína na capacidade anaeróbia quantificada pelos principais
métodos de estimativa. 2015.

2668
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2669 - 2673

ENVELHECIMENTO:UMAABORDAGEMAPARTIRDESUASRELAÇÕES
COMOTRABALHO
AdrianeGeraldaAlvesdoNascimentoCÉZAR
RevalinoAntôniodeFREITAS(Orientador)
ProgramadePós-GraduaçãoemSociologia
FaculdadedeCiênciasSociais/UniversidadeFederaldeGoiás(UFG)E-mail:
adriane400@hotmail.com
E-mail:rafreitas@ufg.br
Órgãofinanciador:FAPEG

Palavras-Chave:envelhecimento,trabalho,flexibilização,implicações

Justificativa
Opresentetrabalhocorrespondeaumapesquisabibliográficaquepermeia atemática
do envelhecimento e de suas implicações nas relações de trabalho. Estareflexão,fazparte
dos estudos, que está sendo desenvolvido, por meio do programa de Pós-Graduação em
SociologiadaUFG,peloqualestouvinculadacomodiscentedodoutorado.
Oestudo do tema se justifica pela importância crescente do envelhecimento como
objetodeinvestigaçãoemváriasáreasdoconhecimentoedabuscade entendê-lo,paraalém
deumprocessoligadoaoaspectobiológico,mastambémcomoumprocessocomimportantes
implicações sociais. Nesse contexto, o envelhecimento também se constitui, em uma
problemáticasocial,quetemsetornadocadavezmaisemergenteequepodesercaracterizada
pordiversosolhares.
Pode estar atrelado pela diminuição dos papéis sociais, isolamento social,
minimizaçãodediversasexpectativasdevidaocasionadaspeloavançodaidade,bemcomopelo
“abandono”daforçaprodutiva,focodoobjetivodes etrabalho. Teixeira(2009,p.64)aponta
que“éaclas etrabalhadoraaprópriaprotagonistada tragédianoenvelhecimento”.Sobes a
perspectiva,aautoraconsideraaimpossibilidadedereproduçãosocialedeumavidacheiade
sentido, emfunçãodo tempodevidae dadepreciaçãonatural de suacapacidadede labor,
vivenciadapelosidosos.
Outra justificativa está associada ao contexto do envelhecimento enquanto
característica de uma geração em emergência. Pesquisas comprovamque a nívelmundial,
a expectativa de vida vem sofrendomodificações ao longo dos anos e isso traz reflexos
consideráveisparaumasociedade. DeacordocomoFundo dePopulaçãodasNaçõesUnidas
(UNFPA), em 2050, 80% das pessoas mais velhas do mundo viverão em países em
desenvolvimento,sendoque,apopulaçãocommaisde60anosdeidadeserámaiordoquea
populaçãocommenosde15.Deacordo com
1

2669
os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2009) a dinâmica
demográfica brasileira vem apresentando uma diminuição no ritmo de crescimento
populacional e mudanças na sua estrutura etária, com redução da proporção decrianças
e jovens, aumento da população adulta e uma tendência de substantivaelevaçãodeidosos,
o que acarreta modificações importantes para qualquer sociedade em diversos campos,
principalmenteaquelesassociados aodesenvolvimentodepolíticaspúblicas.

Objetivo: Discutir a relação que se estabelece entre envelhecimento etrabalho, apontando


algumasdificuldadesdessarelação,apartirdocontextodaflexibilização.

Metodologia
Para este trabalho utilizou-se da pesquisa bibliográfica. O referencial teórico foi
construído a partir de levantamentos feitos em livros, artigos e dados disponibilizados na
internet, para identificaçãodeumconjunto importantede produçõesnoâmbitodos estudos
sobreenvelhecimentoe trabalho.Apartirdas leiturasfeitas, realizou-seumareflexãocrítica
daproblemáticaestudada.

Discussão
Aformadesepensarasquestõesqueenvolvemotrabalhoapartir daconstituiçãode
umasociedadesalarial é colocada emquestão, a partir de dois grandesmarcos: o contexto
fordistadeproduçãoesuatransiçãoparao regimedenominadodeacumulaçãoflexível,que
aconteceporvoltade1970.
Segundo Harvey (2014) a rigidez fordista dos mercados e dos contratos de
trabalho, passa a ser substituída por um novo arranjo: automação, avanços tecnológicos,
buscadenovosnichosdemercado,dispersãogeográficapara zonasde controle do trabalho
mais fácil e fusões. Opondo-se à rigidez do fordismo, a acumulação flexível, passa a
apoiar-se a na flexibilidade dos processos de trabalho, mercados, produtos e tambémnos
padrõesdeconsumo,comênfasenas respostasrápidas.Oacessoàinformação,seucontrolee
a capacidade instantânea de repostas e análise de dados ao mercado, passam a ser
fundamentais, para uma organizaçãomais coesa e para a coordenação centralizada de
interesses corporativos antes descentralizados. A característica da “fluidez” passa a
permitir dirigir os fluxos decapitaldetalmaneiraqueas restriçõesdetempoeespaçonão
são maisimpedimentoscentraissobreasatividadesmateriaisdeproduçãoeconsumo.
2

2670
Grandesmodificaçõessãoobservadasprincipalmenteaníveldosmercadosdetrabalho.
Agrandequantidadedemãodeobraexcedente,vistoograndenúmero dedesempregadosou
subempregados,oportunizamregimesecontratosde trabalhosmais flexíveis, coma redução
aparente do emprego regular em favor do crescente uso do trabalho em tempo parcial,
temporário ou subcontratado, comum aumento considerável no setor de serviços. Outros
fatorescomoa fortevolatilidadedomercado,aumentodacompetitividadeediminuiçãodos
lucrostambéminfluenciariamdeformagradativaa reestruturaçãodos mercadosdetrabalho.
(HARVEY,2014)
A sociedadesalarial acaba por envolverumaestrutura de situações, quea destina
também,à sua própria fragilidade:o lugar daquelesdestituídosque não se inserem
socialmente,assalariados que vivemem condiçõesde trabalhoprecárias, as vezes até sub-
humanas,os excluídos,os marginalizados,os filiados hoje e desfiladosamanhã,da
segmentaçãodos empregos,do culto ao consumode massa, da individualidadee
precariedade,deumpresenteconcreto,masdeumfuturo incerto, (CASTEL,2009).Anova
regra do jogo, tem implicaçõesmaissérias e mais perversase vê-se que, nesse sentido, a
problemática,daquestãosocial,estáenvolta,portodososcantos,naempresa,naeconomiae
nosaparelhosdoEstadoeprincipalmentenosriscospercorridospornós,enquantoindivíduos.
Sen et (2014)apontaque,hojejá“nãohálongoprazo”paranada,ascarreirasque
avançavamaospoucos,estãocadavezmaisdistanteseoconceitodeumúnicoconjuntode
qualificaçõesnodecorrerdeumavidadetrabalho, antescomum,hojejánãoexistemais.
Nessaconcepçãoomercado,apresenta-secadavezmaisdinâmico,maisvolátil,exigindo
mudançasconstantenosformatosdetrabalho.Oesquemadecurtoprazo, corróio
compromisso,a lealdadeeaconfiançamútua,principalmente nas relaçõesde trabalho. Não
há tempode se ter confiançaouestabelecerlaçosfortesnumaeconomia,emquetudo
étãopassageiro,rápido,volátil.Nessecontexto,sefazimportantedestacaralgunspontosque
seassociamaoenvelhecimento.ParaBulla;Kaefer(2003)aquestãodavelhicenecessitade
maioratenção,justamenteporsetratardeumgrupomarginalizado,queéalvodepreconceito
erejeiçãoporpartedasociedade,principalmentenoquedizrespeito aomercadodetrabalho.
Mesmoqueprevistoemconstituiçãoque:“Afamília, asociedadeeoEstadotêmodeverde
ampararaspessoasidosas,assegurandosuaparticipaçãonacomunidade,defendendosua
dignidadeebem-estare garantindo-lhesodireitoàvida”(Brasil,1988,p.149)oquese
observacotidianamenteemrelação
aessesgrupos,sãosituaçõesdegrandevulnerabilidadesocial.

2671
Desse modo, o que se percebe é que, a velhice, é desassociada de um trabalho
emancipado,assumindoos idososumaposiçãodedependentes, cadavezmais,dos recursos
limitantes oferecidos por nossa sociedade. Marx (1988, p.142) ao explicar a relação do
homemcomos proces os de trabalho, afirma: “Ele põe emmovimentoas forças naturais
pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça emão, a fimde apropriar-seda
matérianaturalnumaformaútilparasuaprópriavida”.
Nessesentido,conjecturando-seotrabalhonavelhice,nota-seque,dovelhoéextraído,
pelo tempo de vida, um dos principais movimentadores dessa relação: o esforço físico,
paravontadeorientadaa umfim. ColaboraElias (2001, p.80) sobre oassunto: "nãoé fácil
imaginar que nosso próprio corpo, tão cheio de frescor e muitas vezes de sensações
agradáveis, pode ficar vagaroso, cansado e desajeitado. Não podemos imaginá-lo e no
fundo,nãooqueremos."
Outro ponto a se considerar, é associação da velhice com as novas formas
reestruturaisqueenvolvemo trabalho.Comojá apontadoporCastel (2009)as diversidades
das formas de trabalho, principalmente as mais precárias permitemcompreenderasvias
que alimentam o processo de vulnerabilidade social, desemprego e desfiliação. A
flexibilização passou a compor umnovo modelo dereestruturaçãoindustrial,exigindoque
o trabalhador esteja disponível para se adaptar as novas exigências: produção sob
encomenda, resposta imediata aos mercados,gestãoemfluxotenso, flexibilidades internas,
adaptaçãoasmudançastecnológicas.
No âmbito da própria empresa, o individualismo, a competitividade, a eficácia,
acarretaadesqualificaçãodaqueles menospreparadosoumenosaptos: invalidaçãodaqueles
queestãoenvelhecendooujovensdemais,compouca qualificação.(CASTEL,2009).Ocorre
umressurgimentodeformasmaisantigasdetrabalhodoméstico,familiar(patriarcal),alémde
umrápidocrescimentodaexploraçãodaforça de trabalho dasmulheres (HARVEY,2014).
Dessemodo,areestruturaçãoprodutiva,nacontemporaneidade,colocaemcenanovosmodelos
dearranjosfamiliaresenovasmodalidadesdeinterdependênciaentregeraçõesdistintas.
Tomás (2012), corrobora com o tema, afirmando que a relação com o trabalho
modifica-secomaidadeeevoluicomotempoeoqueacontecenosdiasdehojeéadispensa
de indivíduos com o argumento de terem atingido a idade legal para a aposentaçãoou
por se encontrarem em situação de incapacidade para o trabalho, o que, nas sociedades
modernas, condiciona a esses indivíduos, o direito àaposentadorias efundosdepensões,
principalmentepormeiodosetorpúblico.

2672
Conclusões
Omercadodetrabalhoexigecadavezmaisperfisadequados,sujeitos cadavezmais
qualificados que respondam de forma rápida as suas expectativas e queadaptem-secom
facilidade, características essas que se voltam à própria flexibilização e que, por vezes,
dificulta o processo de entrada ou permanência de pessoas mais velhas no mundo do
trabalho. Percebe-se que nossa sociedade ainda temmuitas dificuldades para lidar com a
inclusão de pessoas com idade mais avançada, estigmatizando o idoso e provocando
sentimento de impotência e exclusão ao afastar esses grupos do esfera produtiva. Todavia
conformeafirmamBulla;Kaefer(2003, p.4): “é importante que se desvelemessas diversas
formas de preconceito, estigmaeexclusãoequesejamsocializadososconhecimentossobre
envelhecimentoetrabalho,paraquesejamconstruídasestratégiasdeintervenção”.

ReferênciasBibliográficas
BRASIL.Constituição (1988). Constituição daRepúblicaFederativa doBrasil. 41ed. São
Paulo:Saraiva,2008.
BULLA, Leonia Capaverde; KAEFER, Carin Otilia. Trabalho e Aposentadoria. As
repercussõessociaisnavidadoidosoaposentado.Revistavirtualtextosecontextos,n2,ano
II,dez.2003.
CASTEL,Robert.Asmetamorfosesdaquestãosocial:umacrônicado salário; traduçãode
IraciD.Poleti.8.ed.Petrópolis,RJ:Vozes,2009.
ELIAS, Norbert. Envelhecer e morrer: alguns problemas sociológicos. In: A solidãodos
moribundos,seguidodeEnvelhecereMorrer.RiodeJaneiro:Zahar,2001. pp.79-103.
HARVEY.David.Condiçãopós-moderna.SãoPaulo:Loyola,2014.
InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística-IBGE:IndicadoresSociaisMunicipais-Uma
análisedosresultadosdouniversodoCensoDemográfico2010.Disponívelem:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/indicadores_sociais
municipais/default_indicadores_sociais_municipais.shtm.Acessoem:15deJan de2016.
MARX, Karl. Prefácio da Primeira Edição. In: O Capital. 3edição. São Paulo: Nova
Cultural,1988.
SENNETT,Richard. A corrosão do caráter consequências pessoais do trabalho no novo
capitalismo.RiodeJaneiro.Record,2014.
TEIXEIRA,SolangeMaria.Envelhecimentodo trabalhadoreas tendências das formasde
proteçãosocial na sociedadebrasileira.Argumentum,Vitória, v. 1, n.1, p. 63-77, jul./dez.
2009
TOMÁS. Licínio Manuel Vicente. Conjugação dos tempos de vida. Idade, Trabalho e
Emprego.Lisboa.MundosSociais,2012.
UNFPA- Fundo de População das Nações Unidas. Relatório sobre a situação da
populaçãomundial 2011, produzido pela Divisão de Informações e Relações Externas do
UNFPA.Disponívelem:http://www.unfpa.org.br.Acessoem20deJunhode2016.

2673
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2674 - 2678

A PERFORMANCE “FILME-ENSAIO” NO TEATRO-CINEMA BECKETTIANO

MSs. Adriel Diniz dos REIS1


Orientação: Prof.º Dr.º Roberto ABDALA Júnior
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais Escola
de Música e Artes Cênicas
Universidade Federal de Goiás
dinizadriel@yahoo.com.br
Bolsista Pesquisador: Demanda Social CAPES

Palavras-Chave: Cinema. Filme-Ensaio. Performance. Teatro. Samuel Beckett.

STORY LINE (RESUMO INTRODUTÓRIO)


Este estudo intitulado A Performance “Filme-ensaio” no Teatro-Cinema Beckettiano
é um recorte introdutório da pesquisa de doutorado em curso As Narrativas Audiovisuais em
Samuel Beckett: A Mediação do Filme-Ensaio na Performance Teatral (título provisório)
que será apresentada no XI Congresso da ABRACE – Associação Brasileira de Pesquisa e
Pós-Graduação em Artes Cênicas – Poéticas e estéticas descoloniais – artes cênicas em
campo expandido na modalidade Cartografia de Pesquisa em Processo (2016).
O intuito em desenvolver a pesquisa de doutorado origina da minha inquieta
experiência acadêmica desde a graduação no curso de Bacharelado em Artes Cênicas –
Interpretação Teatral; passando pela especialização no Programa de Pós- Graduação em
História, da Faculdade de História (FH), da UFG, para conclusão do curso de Especialização
em História Cultural: Imaginário, Identidades e Narrativas; da minha inserção no mestrado
em Performances Culturais no PPGIPC; que culminou no ingresso do doutorado em
Performances Culturais no PPGIPC em curso.
Esta inquieta investigação parte do objeto de pesquisa, o dramaturgo irlandês Samuel
Beckett (1906 – 1989). Os estudos em torno das obras deste artista são distintos: temos
um universo de pesquisas realizadas e em andamento, pois Beckett

1
Doutorando em Performances Culturais pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances
Culturais (PPGIPC), da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC), da Universidade Federal de Goiás
(UFG). Mestre em Performances Culturais (2012 – 2015). Especialista em História Cultural: Imaginário,
Identidades e Narrativas (2011 – 2012). Bacharel em Artes Cênicas – Interpretação Teatral (2002 – 2005).
Técnico em Mineração pelo Instituto Federal de Educação Tecnológica de Goiás (IFG).

2674
é universal, plural, tem um conjunto de obras extensas que permite um aglomerado de
interessados em estudar suas problemáticas. O diferencial deste estudo que proponho para o
PPGIPC – Doutorado está fundamentada em pensar a problemática da linguagem audiovisual
deste autor (em especial a reflexão do filme- ensaio) como construção da performance,
agregando aos estudos desta área fronteiriça Performances Culturais uma nova concepção
epistemológica.
O Filme-ensaio é uma “inflexão ensaística” de produções cinematográficas, defendido
por um pesquisador brasileiro – Prof.º Dr.º Francisco Elinaldo Teixeira, do Programa de Pós-
Graduação em Multimeios, da Universidade de Campinas (UNICAMP), como um quarto
domínio do cinema, com característica dos três principais gêneros cinematográficos: Cinema
de ficção, documentário e experimental. O Filme-ensaio se origina nas fronteiras entre
esses três gêneros, apontando seus primeiros registros de discussões desde de 1920, na qual
vem angariando espaço de discussão, mesmo que timidamente, diante do pouco interesse em
pesquisas.
Esse retrato (escassez de produção) reforça o nosso interesse em desenvolver essa
pesquisa, para contribuir para a difusão dessa discussão, ampliando seus debates, e trazendo
novas interlocuções, como pensar as obras audiovisuais–teatrais deste ensaísta (Beckett) como
contribuição da reflexão do campo no domínio do filme-ensaio.
Autor mundialmente conhecido por suas obras dramáticas, Prêmio Nobel de Literatura
de 1969, o escritor e dramaturgo Beckett escreveu inúmeros ensaios, romances, novelas,
contos, poesias, peças teatrais, além de experimentar outros meios de criações artísticas, como
peças radiofônicas, televisão e um roteiro para o cinema.
O objetivo desta pesquisa é analisar as narrativas audiovisuais em Samuel Beckett,
partindo da investigação dos conceitos de performance e filme-ensaio na produção
cinematográfica, televisa e teatral–cinema deste artista. Interessa-nos, portanto, por meio de
revisão bibliográfica e análise fílmica, compreender como estas duas abordagens fronteiriças
(performance e filme-ensaio) são discutidas em uma pesquisa que se encontra no campo
liminar da interdisciplinaridade, tendo como referencial, a crítica audiovisual e a
transcriação das obras teatrais para a linguagem cinematográfica.

2675
Sendo assim, proponho investigar o conceito de filme-ensaio no cinema beckettiano,
partido das análises e pesquisas dos diversos autores que discutem e difundem o termo filme-
ensaio. Será de suma importância aportar o conceito de performance, delimitando seu uso
e entendimento no campo do teatro e do cinema para o entendimento desta relação nesta
pesquisa. Investigar o “ensaísmo” em Beckett, bem como suas linguagens artísticas e
literárias que aproximam esses campos de reflexões. Por fim, fazer analise das narrativas
audiovisuais do acervo filmográfico sob três perspectivas: Cinema, Televisão e Teatro-
Cinema.
A produção audiovisual em Beckett se restringe:

1. No cinema ao roteiro e edição cinematográfica de Film (1965);

2. Na televisão temos as produções Eh Joe (1965), Ghost Trio (1975),

...but the clouds... (1976), Quad I + II (1981) e Nacht und Traume (1982);

3. No teatro temos a adaptação (póstuma) das obras teatrais para o cinema, esta
transcriação (adaptação cinematográfica) faz parte do projeto Beckett on film, realizado entre
os anos de 1999 e 2001, que consta da transcriação do teatro para o cinema das
dezenove peças de teatro do dramaturgo beckettiano, (com exceção da primeira peça
teatral e não encenada Eleutheria escrita originalmente em francês em 1947). O resultado
deste trabalho está disponível em DVDs no website www.beckettonfilm.com.
O filme-ensaio se situa na fronteira dos demais gêneros cinematográficos, a meio
caminho da ficção e da não ficção – nesta encruzilhada entre a narrativa ficcional, o
documentário, e o experimental. É o que o Prof.º Dr.º Teixeira nomeou de “Formação de um
quarto domínio do cinema” (2015). Indicando que esse “lugar” do “não lugar” – “São
domínios mesmo, territórios com demarcações de fronteiras, sim, mas móveis, abertas, muitas
vezes acometidos de abalos, de movimentos de desterritorialização e reterritorialização por
pressão de questões novas que irrompem, demandando outros modos de inteligibilidade”.
(p.187) E continua mais abaixo finalizando, “(...) É nessa reconfiguração operada no âmbito
do cinema moderno que o conceito de ensaio desponta (...)” (p.187).
São práticas que desfazem e refazem a forma cinematográfica, com novas
perspectivas de abordagens temporais e o trato com a complexidade da experiência. Os
ensaios e os filmes-ensaio tendem a reflexões intelectuais que muitas vezes insistem em
respostas mais conceituais ou pragmáticas, bem distantes das fronteiras dos princípios de
prazer convencionais.

2676
O que é mediado são esses “encontros” dentro do privado e do público. Sendo
assim, buscando uma estreita relação do audiovisual beckettiano com o estudo de filme-
ensaio de Timothy Corrigan em seu livro O filme-ensaio: Desde Montaigne e depois Marker
(2015) podemos entender a busca “explorar mais exatamente o “ensaístico” no cinema e
através do cinema e nele o ensaístico indica um tipo de encontro entre o eu e o domínio
público, um encontro que mede os limites e possibilidades de cada um como atividade
conceitual”. (p. 10). Beckett escreveu inúmeros ensaios, a partir da sua visão pública de
mundo. Podemos destacar que em seus escritos reverbera a sua (in) completa (in)
satifação com o seu entorno
Isso evidencia o resultado cinematográfico retratado pelos cineastas na visão de
Beckett que Corrigan (2015) descreve como “(...) o ensaístico descreve as atividades de
múltiplos níveis de um ponto de vista pessoal como uma experiência pública.” (p.17). Os
estudos de filme-ensaio de Corrigan parte de suas reflexões e definições de filmes-ensaio a
partir dos estudos de Michel de Montaigne (1533 – 1592) que fazia reflexões sobre seu
cotidiano e seus pensamentos – seus escritos são visões, comentários e julgamentos sobre
sua memória debilitada. Como destacada por Theodor Adorno (2003) “Para o ensaio, todos
os graus do mediado são imediatos, até que ele comece sua reflexão”. (p.28).
Beckett, Corrigan, Adorno e Montaigne são mentes que observa o mundo que passa
diante dela e que a perpassa, eles testemunham não apenas as constantes mudanças e os
ajustes (a partir de seus escritos) de uma mente enquanto ela se submete à experiência,
mas também a transformação do eu ensaístico como parte desse processo.
De acordo com Corrigan, “De Montaigne até Barthes e Marker, a história do ensaio
oferece uma longa lista de exemplos de uma voz e de uma visão pessoais, subjetivas ou
performativas como característica definitiva do ensaístico.” (p.21). Para concluirmos, três
características fundamentais podemos aportar a partir dessas reflexões sobre filme-ensaio na
obra beckettiana na qual Corrigan destaca:

Construindo sobre estes e ampliando-os à luz da história e da


teoria do ensaio literário, retorno à minha formulação do filme-
ensaio como (1) um teste da subjetividade expressiva por meio de
(2) encontros experienciais em uma arena pública, (3) cujo produto
se torna a figuração do pensar ou pensamento como um discurso
cinematográfico e uma resposta do espectador. (CORRIGAN, 2015,
p.33).

2677
Assim nos revela Corrigan (2015) “A história do ensaio demonstra, na verdade, que o
ensaístico é mais interessante não tanto na maneira como privilegia a expressão e a
subjetividade pessoais, mas, antes, na maneira como perturba e complica essa própria noção
de expressividade e sua relação com a experiência” (p.21).
Neste sentido, a produção audiovisual em Beckett conduz o espectador para outras
esferas habituais, por meio das transcriações das suas obras, das discussões e reflexões
propostas nos filmes-ensaio. Todo esse processo epistemológico se constituirá através de
pesquisas, leituras, análises, debates, discussões, diálogos, reflexões e das relações com os
conceitos estabelecidos e concebidos, para entender a relação de performance e filme-ensaio
presente nas obras audiovisuais de Samuel Beckett.

CASTING (REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS)

ADORNO, Theodor. O ensaio como forma. In: Notas de literatura I. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34,
2003.
BECKETT, Samuel. Beckett on film: 19 Films X 19 Directors (DVD Vídeo). Blue Angel Films / Tyrone
Productions for Radio Telefís Éireann & Channel 4 In Association with Bord Scannán na hÉireann. Produced
by Michael Colgan & Alan Moloney. 2001.
CAMARGO, Robson Corrêa de. Milton Singer e as Performances Culturais: Um conceito interdisciplinar
e uma metodologia de análise. Los Angeles – Estados Unidos: Dossie de Performances Culturais. KARPA
6: revista de teatralidades e cultura visual, 2013.
Disponível em:
<http://web.calstatela.edu/misc/karpa/KARPA6.1/Site%20Folder/robson1.html>. Acesso em 29 jul. 2016.
CAMPOS, Haroldo. Transcriação. São Paulo – SP: Editora Perspectiva, Coleção Estudos, v. 315, 1.ª
Edição, 2013.
CORRIGAN, Timothy. Sobre o cinema e o ensaístico. In: O filme-ensaio: Desde Montaigne e depois de
Marker. Campinas, SP: Papirus, 2015.
TEIXEIRA, Francisco Elinaldo. O ensaio no cinema: formação de um quarto domínio das imagens na cultura
audiovisual contemporânea. São Paulo: Hucitec, 2015.
RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. In: O espectador emancipado.
São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012. p. 7-26.
GONTARSKI, Stanley Eugene. O espetáculo como texto no teatro de Samuel Beckett. Trad. Robson
Corrêa de Camargo & Adriana Fernandes. São Paulo – SP: Revista Sala Preta - ECA/USP, n.º 08, p.261 –
280, 2008. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57376>. Acesso em 02 ago. 2016. SCHECHNER, Richard.
Performance e Antropologia de Richard Schechner. Org. Zeca Ligiéro. Rio de Janeiro – RJ: Editora Mauad
X, 2012.

2678
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2679 - 2684

Utilização das Transformações Conformes na Codificação e Decodificação de Imagens∗

Alan Henrique Ferreira SILVA1,†, Wesley Pacheco CALIXTO2,‡,†, Uyara

Ferreira SILVA3,†, Alana da Silva MAGALHÃES‡,

Resumo: Este trabalho apresenta modelagem para codificac¸a˜o e decodificac¸a˜o de ima-gens


utilizando transformac¸o˜es conformes. As transformac¸o˜es conformes modificam osdom´ınios de
estudos sem modificar as caracter´ısticas f´ısicas entre eles. Desta forma, utiliza-se imagens que sa˜o
modificadas entre os dom´ınios utilizando como chaves func¸o˜es conformes transformadoras. O me´todo
desenvolvido e´capaz de preservar as caracter´ısticas originais das imagens sem modificar a mensagem
nelaapresentada.
Palavras-chave: Transformac¸a˜o Conforme, Codificac¸a˜o, Decodificac¸a˜o, Decodificac¸a˜o de Imagem
Impressa.
1 Introdução
A te´cnica de codificac¸a˜o de imagens nada mais e´ do que a capacidade, atrave´s de alguma te´cnica de
embaralhamento ou de codificac¸a˜ o das informac¸o˜ es, de ocultac¸a˜ o de conteu´ dos visuais que
necessitem ser mantidos em sigilo. Podem ser criadas imagens criptografadas em arquivos
codificados que possam ser transmitidos somente como caracteres. Tambe´ m podem ser criadas
imagens codificadas em novos arquivos de imagem.
No ano de 1994 Naor e Shamir introduzem o conceito de Criptografia Visual de ima- gens,
tambe´ m conhecida como compartilhamento visual secreto [1]. Estes propuseram me´ todo de
criptografia visual utilizando limites (k; n) onde, a imagem codificada em n partes tem k ou
mais variac¸o˜es que podem ser recuperadas. Foi utilizado o conceito de sistema visual humano
para realizar a leitura da mensagem secreta em cada parte codificada, diferenciando-se das
desvantagens da computac¸a˜ o complexa, para realizar a criptografia tradicional [2].

∗Email: 1alan@posgrad.ufg.br, 2wpcalixto@ieee.org, 3uyara.silva@ifg.edu.br


† Universidade Federal de Goiás - Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC).

2679
1.1 Aquisição e processamento de imagens

Imagens bina´rias possuem somente um bit para determinar a presenc¸a ou na˜o de um ponto
na imagem. Imagens em escala de cinza utilizam uma variac¸a˜ o de tonalidades de cinza no intervalo
[0, 255]. Imagens coloridas possuem informac¸o˜ es de cor representadas por vetor de dados com treˆs
componentes (r, g, b). Os componentes r, g e b correspondem, respectivamente, a` s cores vermelho,
verde e azul do esquema de cores RGB. Sendo que cada valor do vetor (r, g, b) pode variar no
intervalo [0, 255].
A aquisiçã o ocorre atravé s da leitura do arquivo digital. Independente do formato da imagem,
todo o conteú do relacionado ao posicionamento dos pontos e de suas cores sã o organizados de
maneira sistemática. Os dados do arquivo de imagem são lidos e
organizados na forma de matriz [6]. Pela definição de posicionamento dos pontos de cores no plano,
cada imagem digital é composta de matriz multidimensional M ×N ×P , onde M
representa quantidade de pontos de altura, N potos de largura e P o vetor de treˆ s termos de cores do
esquema RGB.
Cada ponto de cor é denominado pixel. O pixel é a menor unidade computacional de

cor para imagem. Desta forma, adota-se que todo ponto de cor e´um pixel. Os pixels esta˜o dispostos
no plano de par ordenado como ilustrado na Fig. 1.

1 2 3 4 ... N
1
2
f(x,y)
3
4

M
...

Analog image Digital image

Figura 1: Posicionamento de pixels no plano-xy.

2680
1.1 Transformação Conforme

Transformações conformes são funções analı́ticas f(z) = w, onde mantém-se a pro-

priedade dos â ngulos, transportando os pontos do domı́nio A para o domı́nio B. Con- siderando a
funçã o f : D → C, onde D é subconjunto de C e a funçã o f é funçã o complexa de variá vel complexa [3].
Sendo assim, pode-se associar cada elemento de z ∈ D a um elemento em w no plano-w complexo,
descrito por:

w = f(z) = f(x + yi) = u(x, y) + v(x, y)i (1)


onde u(x, y) e v(x, y) sa˜o func¸o˜es reais de duas varia´veis reais x e y, designada de Re e Im
de f. O conjunto D ⊆ C é designado domı́nio de f e o conjunto das imagens é designado
de contradom´ınio de f.

Transformaç õ es Conformes sã o largamente utilizadas em vá rias á reas da ciê ncia como mé todo de
soluçã o para problemas de eletromagnetismo na á rea de engenharia [4], na á rea de projetos de
design [5], na área médica [7] e diversas outras áreas.

2 Resultados

Neste estudo de caso, um nova imagem foi utilizada. Esta imagem, Fig. 2, contém uma
mensagem, no formato binário, contendo o texto “Conformal Mapping applied on images”.

Figura 2: Imagem contendo mensagem em formato binário.

2681
A imagem foi codificada utilizando a metodologia proposta. A chave utilizada na codificação

e a expressão definida em (2). O intuito deste teste é de avaliar a sensibilidade a ruı́dos.

Foi acrescentado marcação de delimitação e balizamento à imagem codificada para ser

utilizada como referência após a impressão. Estas marcas devem auxiliar o método na
identificação do conteúdo da imagem codificada e coloca-la nas devidas proporções.

z +1
w(z) = (2)

z
Ale´ m do ru´ıdo presente em qualquer impressa˜ o de imagem, foi testado tambe´ m neste
experimento a capacidade de decodificac¸a˜ o do me´ todo proposto, tendo em vista que a imagem
original era colorida e que a imagem codificada foi impressa em escala de cinza,

afetando completamente a informac¸a˜ o de cores. A imagem codificada impressa e´sentada na


apre-
Fig 3.

Figura 3: Imagem codificada impressa.

2682
Apo´ s a digitalizac¸a˜ o do material impresso, foi realizada a decodificac¸a˜ o da imagem, agora
em escala de cinza, para recuperac¸a˜ o e leitura da mensagem. Apesar de apre- sentar ru´ıdos e
algumas distorc¸o˜ es, o conteu´ do da mensagem original pode ser lido na mensagem decodificada,
como apresentado na Fig 4. O resultado deste estudo de caso,
apresenta que o mé todo é capaz de recuperar a informaçã o principal, mesmo que a im-

agem codificada tenha sido impressa.

Figura 4: Imagem decodificada recuperada da impressão.

3 Conclusões

Foi apresentado estudo de caso envolvendo o me´ todo de codificac¸a˜ o e decodificac¸a˜ o de imagens
utilizando transformac¸o˜ es conformes. Os resultados demostraram que o me´todo proposto e´capaz
de codificar e decodificar imagens impressas e com adic¸a˜ o de ru´ıdos. A perda na qualidade foi
mensurada apenas pelo tamanho do arquivo, embora isto possa ser realizado utilizando de
metodologia pro´ pria para medir qualidade de imagens. Metodolo- gia para codificar e decodificar
imagens sa˜o muito utilizadas e este e´ um campo em franco desenvolvimento. No entanto,
transporte de mensagens na forma impressa, onde a chave
é função matemática inversı́vel não é comum. Outros testes ainda devem ser realizados

comparando a qualidade da imagem original e a decodificada, mensurando assim a real perda na

2683
qualidade quando utiliza-se transformac¸o˜ es conformes para codificar e decodi-

ficar imagens. A pesquisa está sendo financiada pela Coordenação de Aperfeiç oamento

de Pessoal de N´ıvel Superior (CAPES).

Referências

[1] NAOR, M.; SHAMIR, A Visual Cryptography. Advances in Cryptology - EURO- CRYPT’94, Vol. 950,
Springer-Verlag, 1995,Italy.

[2] BLUNDO, C.; DE SANTIS, A.; NAOR, M. Visual cryptography for grey level images, Information
Processing Letters, v. 75, n. 6, p. 255–259, Elsevier, 2000.

[3] BROWN, J. W.; CHURCHILL, R. V. Complex Variables and Applications. McGraw-Hill, 1975.

[4] CALIXTO, W. P.; ALVARENGA, B.; MOTA, J. C. DA; BRITO, L. DA C.; WU, M.; ALVES,
A. J.; NETO, L. M. E ANTUNES, C F. R. L. Electromagnetic Problems Solving by Con- formal Mapping: A
Mathematical Operator for Optimization. Mathematical Problems in Egineering, Vol. 2010, 2010.

[5] KIM, S.; MAZUMDER, M. M. G.; PARK, S. J. A Conformal Mapping Approach for Shoe Last Design.
Frontiers in the Convergence of Bioscience and Information Tech- nologies, IEEE, 2007.

[6] KIM, J. Y.; JEONG, H. J.; KIM, H. C.; KIM, C. H.Adaptation of neural network and application of digital
ultrasonic image processing for the pattern recognition of defects in semiconductor. Electronic Materials and
Packaging, 2001. EMAP 2001. Advances in. IEEE, 2001.

[7] ROUYER, J.; MENSAH,S.; FRANCESSCHINI, E.; LASAYGUES, P.; LEFEBVRE, J. Con-
formal Ultrasound Imaging System for Anotomical Breast Inspection. IEEE Transaction on Ultrasonics,
Ferroeletrics, and Frenquency Control, Vol. 59, NO. 7, IEEE, 2012.

2684
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2685 - 2690

Repotencialização na Operação Paralela de Geradores Sı́ncrono e de Indução∗

Alana S. MAGALHÃES1,†,‡, Alan H. F. SILVA†,


Pedro H. F. MORAES‡, Pedro H. G. GOMES †,‡, Márcio R.
C. REIS†,‡, Wanderson RAINER†,‡, Aylton J.
ALVES‡, Wesley P. CALIXTO2,†,‡.

Resumo: A proposta deste trabalho é realizar comparaç ã o entre a modelagem matemá tica e a prá
tica em bancada com o intuito de validar as interaçõ es elé tricas entre um ger- ador de induç ão
e um gerador sı́ncrono. Os dois geradores serã o conectados ao barra- mento comum em regime
permanente, sujeitos a carga nã o linear. Os resultados obtidos da comparaç ã o da modelagem e
dos testes em bancada apresentam que, o gerador de induçã o alé m de incrementar a potê ncia
ativa, apresenta melhor caminho para as correntes harmô nicas que fluem no barramento comum.
Conclui-se que o gerador de induçã o repo- tencializa e atenua componentes harmô nicos de
corrente presentes no ponto de conexão, melhorando o perfil de tensão na rede.

Palavras-chave: Repotencialização, Gerador de Indução, Gerador Sı́ncrono, Harmônicos.

1 Introdução
Com a repotencializac¸a˜ o de centrais geradoras hidroele´ tricas tem-se o incremento da poteˆncia
gerada. Uma vez que ha´ capacidade ociosa de poteˆ ncia de turbina e que esta na˜ o esteja sendo
aproveitado por gerador ja´ instalado, pode-se repotencializar. Ha´ treˆ s formas poss´ıveis para
repotencializar: i) substituindo o gerador s´ıncrono por gerador maior; ii) adi- cionando segundo
gerador s´ıncrono, atrave´ s de acoplamento duplo ao eixo da turbina; iii) adicionando segundo
gerador acoplado ao eixo da turbina, pore´m, nesse caso um gerador de induc¸a˜ o[1].
O gerador de indução é opção viável técnico e economicamente na geração de en-

ergia [2], é utilizado na repotencialização de geração de energia elétrica de usinas, pois,

apresenta baixo custo, maior robustez, simplicidade construtiva, menor preço e menor

∗Email: 1alanadsm@gmail.com, 2wpcalixto@ieee.org


† Universidade Federal de Goiás - Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC)
‡ Instituto Federal de Goiás (IFG)

2685
manutenção, quando comparada com a máquina sı́ncrona. A desvantagem é a necessi-

dade de recursos externos para compensar os reativos que ele produz. Na repotencialização, o gerador
de indução de menor porte está ligado no barramento comum ao gerador sı́ncrono maior e desta forma
o gerador de indução poderá ter os seus reativos compensados pelo gerador sı́ncrono, sem prejuı́zos
do fator de potência no ponto de acoplamento entre eles
e poderá ser dispensado o controle de tensão, que será determinada pelo sistema [3].

O gerador de indução além de ter baixo custo de manutenção, não requer excitação

DC e sincronização. Na operação em paralelo de máquinas é necessário a utilização de

disjuntores termomagnétricos motorizados e no caso de geradores de indução, onde a


sincronização não é necessária, reduz-se o custo com o disjuntor [4].
No sistema elétrico de potência interligado SEPI, há presença de inúmeras unidades

geradoras sı́ncronas de potê ncia elevada e de cargas nã o lineares. A aplicaçã o de normas
com o objetivo de limitar o conteú do harmô nico das tensõ es em valores possı́veis de se
manter a qualidade aceitá vel de energia é recomendado [5]. Em [6] é apresentados testes
demostranado que o gerador de indução não introduz harmônicos no sistema de potência.
Em [1] é apresentada a repotencialização do sistema utilizando no barramento comum

duas ma´ quinas de mesma poteˆ ncia, um gerador s´ıncrono e um gerador de induc¸a˜ o. Os resultados
apresentam que o gerador de induc¸a˜ o reduz o conteu´ do harmoˆ nico no barra- mento comum.
O presente trabalho tem como objetivo a repotencialização do sitema [1]. Além disto,
objetiva- se que a inserção do gerador de indução no barramento comum a um gerador
sı́ncrono, o perfil senoidal de tensão e corrente é melhorado. Desta forma, nota-se que

gerador de induçã o constitui caminho preferencial para correntes harmô nicas tornando-se proteçã
o ao gerador sı́ncrono, que é a máquina mais cara e menos robusta que a máquina de indução.

2 Metodologia

2686
A metodologia segue as seguintes etapas:

i) Modelagem do sistema elétrico ilustrado na Fig. 1 com as caracterı́sticas da Tab. 1;


ii) realização de testes conectando no barramento comum a carga não linear NL ;
iii) realizac¸a˜o de testes conectando no barramento comum a carga na˜o linear NL e o gerador
s´ıncrono SG;

iv) realização de testes conectando no barramento comum a carga não linear NL , o ger- ador
sı́ncrono SG e o gerador de indução IG .

v) realização de testes conectando no barramento comum a carga não linear NL e o gerador


de indução IG .

Serã o registrados os valores de potê ncia no medidor M2 a fim de comprovar o aumento de


energia gerada. Para obter mais informaç õ es das atenuaç õ es dos harmô nicos, serã o registrados os
conteú dos harmô nicos nos pontos de mediç õ es M1 , M2 , M3 e M4 , para se ter melhor
entendimento dos fluxos harmônicos no sistema.
Os testes laboratoriais serã o realizados para o SEPI indicado na Fig. 1, onde M1 , M2 , M3 e
M4 são os pontos de medição.

Figura 1: Sistema Elétrico de Potência Interligado - SEPI.

2687
3 Resultados

Os componentes e valores do SEPI da Fig. 1 sa˜o caracterizados pelos valoresapresenta- dos na Tab.
1.
O objetivo principal dos testes experimentais do SEPI é obter o incremento da potência gerada na
usina no ponto de mediçã o M2 e os resultados das distorç õ es harmô nicas totais de corrente THDi
nos pontos de mediç õ es M1 , M2 , M3 e M4 , mantendo-se as distorç õ es de tensã o THDv dentro
dos limites de norma.
A Tab. 2 apresenta os dados de potê ncias no secundá rio do transformador para di- versas
configuraç õ es com a carga nã o linear conectada ao sistema. A excitação do gerador sı́ncrono foi
ajustada para obter o melhor fator de potência em M1 na configuração

Tabela 1: Componentes e Valores do SEPI.

Variáveis Componentes Valores dos Componentes Usados

SG Gerador S´ıncrono 37 kVA, 380 V ,4poles, 60 Hz


(gerador principal) trifásico, polos salientes
IG Gerador de Indução 7.5 kVA, 380 V ,4poles, 60 Hz
trifásico, rotor gaiola
TL Alimentador Primário trifásico, 13800 V , 60 Hz
T1 Transformador 750kVA, 13800/(380/220) V,
δ/Yaterrado
NL Carga Não Linear 14 kW trifásica, 380 V , 60 Hz
S1, S2, S3 Chave

SG +IG +NL . Na configuração onde somente a NL está conectada, a rede está fornecendo

potência ativa de 1452W . Na configuração SG + NL , há a conexão do gerador sı́ncrono,


que fornece poteˆ ncia ativa de 23003W . Neste caso a rede passa a receber poteˆ ncia ativa de 21682W.

Tabela 2: Potência ativa, reativa, total e fator de potência total em M1 para NL .

2688
onde é importante considerar que: i) o gerador sı́ncrono está configurado para

suprir o reativo do gerador de indução mantendo o fator de potência o mais próximo de 0.92

em

M1 , o que faz com que trabalhe em região onde apresenta caracterı́stica de atenuação de

harmônicos; ii) no ponto de medição M3 está incluso o gerador de indução e a máquina

primá ria, aumentando a distorçã o harmô nica desta configuraçã o, visto que a má quina primá
ria ainda tem alimentaçã o bifá sica e iii) o gerador de induçã o é má quina de potê ncia
ativa aproximadamente cinco vezes menor que a máquina sı́ncrona.

4 Conclusões

Confirma-se, atravé s dos resultados que, o gerador de induç ã o em conexã o com um ger-
ador sı́ncrono e uma carga nã o linear tem a capacidade, alé m de aumentar a potê ncia
gerada, disponı́vel para o sistema elé trico, atenuar as distorç õ es harmô nicas de corrente e
tensã o, no barramento comum. A má quina de induç ã o alé m de apresentar baixo custo,
maior robustez, simplicidade construtiva, menor preç o e menor manutenç ã o, quando com-
parada com má quina sı́ncrona, repotencializa o sistema. Os resultados apresentaram reduç õ
es na distorç ã o harmô nica no barramento tanto com a conexã o do gerador sı́ncrono quanto com
a conexã o do gerador de induçã o. Observa-se nos resultados que o ger- ador de
induçã o proporcionou caminho preferencial para correntes de ordem harmô nica, mesmo
quando as duas má quinas produzem ou consomem equivalentes e proporcionais potências
reativas.

Referências

[1] MAGALHÃES, A. S.; JUNIOR, L. C. A.; MATIAS, C. A.; SILVA, A. H. F.; DOMINGUES, E. G. ;
ALVES, A. J.; E CALIXTO, W. P. Repowering of a Synchronous Generation Plant by Induction
Generator. IEEE Congreso Chileno de Ingenier´ıa Ele´ ctrica, Electro´ nica, Tecnolog´ıas de la Informacio´ n y
Comunicaciones (IEEE CHILECON 2015), 2015, Santiago.

2689
[2] CHAPALLAZ, J. M.; GHALI, J. D.; EICHENBERGER, P. E FISCHER, G. Manual on Motors
Used as Generators. MHPG Series, Vol. 10, Friedr. Vieweg & Sohn Verlagsgesellschaft mbH, Ger-
many.

[3] MEDEIROS, D. M. The use of pumps operating as turbines and induction generators to gen- erate
electricity.
Thesis in Portuguese, Federal University of Itajuba´ , Itajuba´ , Minas Gerais, Brazil, 2004.

[4] PHAM, K. D. Cogeneration Application: Interconnection of Induction Generators with public Eletric Utility.
Rural Electric Power Conference - REPC, 1991.

[5] IEEE STD 519-1992. IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electrical
Power Systems. New York,1993.

[6] NAILEN, R.L. Spooks on the Power Line? Induction Generators and the Public Utility. IEEE Transaction on
Industry Applications, Vol. 1A-18, No. 6, 1982.

2690
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2691 - 2695

PAYMENT FOR WATER SERVICES NO SÉCULO 21: UMA ANÁLISE DOS


ARTIGOS INFLUENTES, PERIÓDICOS E AUTORES.

Alexandre Rodrigo Choupina Andrade SILVA, Progroma de Pós-graduação em Ciências


Ambientais, choupina.alexandre@gmail.com
André Cavalcante da Silva BATALHÃO, Programa de Pós-graduação em Ciências
Ambientais, andre.ciamb.ufg@gmail.com

RESUMO

Payment for Watershed Services (PWS) recebeu muita atenção acadêmica nos últimos anos.
No entanto, há diferentes abordagens sobre o tema. Revisamos 24 artigos obtidos em uma
pesquisa estruturada na literatura no sítio do “Thomson ISI”, no período de 2000 a 2015,
utilizando como palavra-chave “Pay* for Watershed Services” OR ”Pay* for Water
Environmental Services”. Nós investigamos a influência de artigos, periódicos e autores. Os
últimos 2 anos representam 62,5% de toda as publicações em PWS. O periódico Ecosystem
Services é o que apresenta o maior número de publicações sobre o tema. O periódico mais
influente em PWS é a Conservation Letters. Os autores Brouwer,R.; Tesfaye, A.; e
Pauw,P, são os que mais contribuíram para o avanço científico, ademais são os autores do
artigo mais citado em PWS.
Palavras-chave: Payment for Watershed Services, Conservation Letters, Publicações e
avanço científico.

Justificativa

Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) são instrumentos de política econômica,


que visam traduzir a frequência de valor dos bens e serviços ambientais não mercantil em
incentivos financeiros para preservar os ecossistemas que fornecem estes serviços (Salzman,
2005;Wünscher, et al., 2008).
Dentre os programas de PSA, existem os pagamentos por manutenção, restauração e/ou
recuperação dos serviços hídricos (Payment for Watershed Service “PWS” – siga em Inglês).
O PWS é um mecanismo de conservação econômico que incentiva os proprietários de terras a
adotar práticas de manejo com vista a influenciar os atributos biofísicos de um ecossistema
que se espera que afetem a prestação do fornecimento de fontes de água doce (Porras, et al.,
2013).

2691
No meio científico há diversas contradições para avaliar a qualidade e o efeitos das
publicações. Para resumir, alguns estudos analisam apenas o Fator de Impacto de periódicos.
No entanto, eles não avaliam a influência de autores ou instituições. Além disso, periódicos
variam o número de artigos ao longo do tempo. Consequentemente, periódicos que
aumentaram o seu número de artigos publicados durante um período de amostragem serão
prejudicadas, devido a o efeito da idade que favorece os artigos mais velhos sobre os mais
jovens (Hoepner, et al., 2012). Essa situação envolve também as publicações que abordam o
PWS.
Neste sentido, o presente trabalho pretende avaliar os avanços científicos sobre o tema
no meio acadêmico por meio de análise de citação no bojo da qualidade e na técnica de
pesquisa quantitativa denominada Cienciometria.

Objetivo
Objetivo Geral
Avaliar a evolução científica em publicações sobre Payment for Watershed Services no
meio acadêmico.

Objetivos Específicos

 Analisar os artigos influentes publicados em PWS.

 Demonstrar os periódicos influentes focadas na publicação de PWS.

 Mostrar os autores influentes, que publicaram em termos de PWS.

Metodologia

Para elaboração deste trabalho foi utilizado com indicador a produção bibliográfica dos
últimos 16 anos (2000-2015). O levantamento dos estudos foi realizado por meio do banco de
dados publicado no sítio do “Thomson ISI” (ISI Web of Knowledge, 2016) utilizando como
palavra-chave “Pay* for Watershed Services” OR ”Pay* for Water Environmental Services”.
Foi utilizado o “Thomson ISI” devido o seu amplo espectro de abrangência em número de
publicações e qualidade de revistas científicas indexadas (Lima, et al., Ribeiro, 2007) .

2692
Foram obtidas as seguintes informações: a) ano de publicação do artigo, b) tipo de
documento, c) número de citações do artigo, d) fator de impacto do periódico, e) quantidade

de documento publicados por ano, f) autores mais citados por ano, g) tipo de estudo
(descritivo ou teórico) e, h) área geográfica do estudo.
Para visualizar o crescimento quantitativo dos trabalhos foi feito uma análise
Cienciométrica. Esta técnica quantitativa propõe medir a difusão do conhecimento
científico e o fluxo da informação sob diversos enfoques (Vanti, 2002).
Para a análise da variável artigo influente foram considerados aqueles com no mínimo
uma citação média ao ano. No item autores citados foram considerados àqueles com
fração de citação total igual ou maior do que três. O critério selecionado para periódicos
influentes foi o Fator de Impacto nos últimos cinco anos maior do que dois. O Fator de
Impacto dos periódicos utilizados na análise foi obtido a partir do “Journal Citation
Reports”(JCR) publicado em 2015.
O indicador “influência do autor”, foi obtido por meio de fração em vez de
contagem completa para o autor, representado uma melhor equidade entre os autores
(Gauffriau e Larsen, 2005). Assim, para investigar a influência autor, a nossa principal
métrica torna-se a fração de citação total listadas nos estudos mais influentes.

Resultados

Na pesquisa realizada foram encontrados 24 trabalhos no período de 2000 a 2015.


Os primeiros trabalhos registrados foram no ano de 2009, com abordagem descritiva em
regiões específicas, sendo um artigo de NEL, D.C. et al. e outro de LE TELLIER, V. et al.,
intitulados: “Water neutrality: A first quantitative framework for investing in water in
South Africa” e “Attempts to determine the effects of forest cover on stream flow by direct
hydrological measurements in Los Negros, Bolivia”, respectivamente. O maior número de
trabalhos registrados sobre o assunto ocorreu em 2015 com 8 trabalhos. Esse aumento de
publicações sobre o tema é um indicativo de pesquisadores interessados no assunto, bem
como de seu progresso científico, considerando que o número de publicações é uma das
medidas mais utilizado para quantificar o progresso e a evolução da ciência (Verbeek, et al.,
2002).
Os trabalhos analisados foram publicados, principalmente, como documentos na forma
de artigos (92%). Em relação ao tipo de estudo, 58% dos artigos são descritivos com
destaque para os continentes Africano , em especial na região da Tanzânia, e Americano e

2693
42% dos estudos são teóricos. A prevalência por estudos descritivos pode ser devido a
necessidade de demonstrar a efetividade e a eficácia do PWS como instrumento de política
econômica na conservação dos recursos naturais.
A revista no qual o trabalho foi publicado é um dos critérios, dentre outros, para
avaliação do contexto em que se insere no campo do conhecimento em avaliação (Macias-
Chapula, Chapula, 1998 -371;Vanti, 2002). Em PWS, a revista com o maior número
publicações é Ecosystem Services com 8 artigos.
O periódico Conservation Letters é o que tem o maior classificação em nossa análise
e 2,7% de todas as suas publicações remetem ao tema da pesquisa. O maior percentual
de publicação sobre o tema em relação ao todo é do periódico Ecosystem Services
(2,86%).
O artigo: “Meta-analysis of institutional-economic factors explaining the
environmental” foi o que teve maior citação média ao ano, publicado por Brouwer et al
(2011) no periódico Environmental Conservation. O artigo tem um total de 26 citações e,
por conseguinte, pode ser considerado como o mais influente na área da pesquisa. É
importante ressaltar que, aproximadamente, 89% dos artigos influentes têm pelo menos dois
autores de áreas distintas do conhecimento, evidenciando a interdisciplinaridade do tema e
a necessidade de outras áreas da ciência para um embasamento científico.
Em virtude da dificuldade da métrica é difícil avaliar qual é o autor mais influente
sobre o assunto. Contudo, é possível afirmar que Tesfaye, A.; Pauw, P.; e Brouwer, R., são os
autores que mais contribuíram para o avanço científico sobre o tema no período analisado.

Conclusões

Nós investigamos a influência de artigos, periódicos e autores na área de PWS. Quanto


aos artigos mais influentes descobrimos que fatores institucionais- econômicos sobre o tema
de BROUWER, R. et al. (2011), têm 4,3 citações média
a.a publicado na Environmental Conservation pode ser considerado o mais influente. Em
segundo lugar temos um estudo de caso realizado na Tanzânia de autoria de LOPA, D. et
al., (2012), têm 3,6 citações média a.a. publicado no periódico ORYX.
O periódico com maior influência em PWS é o Conservation Letter seguido pela
Bioscence e Ecosystem Services. O periódico com maior número de publicação é o
Ecosystem Services com 8 registros, representado 33,33% de todas as publicações.
No que diz respeito à influência dos autores, considera-se muito mais

2694
complexa e subjetiva. Por isso, é difícil concluir que existe um autor influente. Em vez
disso, foram considerados resultados que indicam muitos autores que contribuíram para o
avanço científico do tema, Destarte, os autores BROUWER,R.; TESFAYE, A.; e PAUW,P.
são os que mais se destacaram na métrica empregada. Os autores BRAUMAN K.A.;
MWANYOKA, I. e LOPA, D. são os mais recorrentes em publicação em PWS.

Referencias bibliográficas

GAUFFRIAU, M.; LARSEN, P. O. Counting methods are decisive for rankings based on publication and
citation studies. Scientometrics, v. 64, p. 85-93, 2005.

HOEPNER, A. G., et al. Environmental and ecological economics in the 21st century: An age adjusted
citation analysis of the influential articles, journals, authors and institutions. Ecological Economics, v.
77, p. 193-206, 2012.

LIMA, J., et al. Assessing the use of erosion modeling to support payment for environmental services
programs. Journal of Soils and Sediments, v. 14, p. 1258- 1265, Jul 2014.

MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e


internacional. Ciência da informação, v. 27, p. 134-140, 1998.

PORRAS, I.;AYLWARD, B.; DENGEL, J. Monitoring payments for watershed services schemes in
developing countries. IIED, London, p. 1-34, 2013.

SALZMAN, J. The promise and perils of payments for ecosystem services. International Journal of
Innovation and Sustainable Development, v. 1, p. 5-20, 2005.

VANTI, N. A. P. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados


para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento. Ciência da informação, v. 31, p. 152-
162, 2002.

VERBEEK, A., et al. Measuring progress and evolution in science and technology–I: The multiple uses of
bibliometric indicators. international Journal of management reviews, v. 4, p. 179-211, 2002.

WÜNSCHER, T.;ENGEL, S.; WUNDER, S. Spatial targeting of payments for environmental services: a
tool for boosting conservation benefits. Ecological economics, v. 65, p. 822-833, 2008.

2695
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2696 - 2702

CONTROLE FUZZY ADAPTATIVO BASEADO EM TAXA ÓTIMAPARA


ESCALONAMENTO DE DADOS NA TRANSMISSÃO DOWNLINKLTE

CARDOSO, Alisson Assis; VIEIRA, Flávio Henrique Teles


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e
Computação Escola de Engenharia Elétrica e Computação.
E-mails: alsnac@gmail.com; flavio@emc.ufg.br

Palavras-chave: Controle Fuzzy, Downlink LTE, Taxa Ótima, Filas de Espera

Introdução

A alta demanda de taxas, provocadas pelo crescimento das aplicações multimídias,


tem impulsionado a busca por tecnologias que atendam essa demanda. Nesse intuito surgiu o
sistema LTE (Long Term Evolution), criada para fornecer altas taxas de dados, baixa latência,
acesso rádio otimizado por pacotes e flexibilidade de implementação de largura de banda.
Uma das ferramentas que permitem tais características é o uso da Multiplexação por Divisão
de Frequência Ortogonal (OFDM) nas transmissões de dados, garantindo uma maior
liberdade no escalonamento de canal e no gerenciamento flexível dos recursos de rádio.

A solução adotada neste trabalho está relacionada com a aplicação da modelagem fuzzy
visando a predição do comportamento de fila no buffer virtual dos usuários na estação rádio
base e o controle da taxa dos fluxos de tráfego no sistema Downlink LTE destinadas aos
usuários móveis. Neste tipo de abordagem, um fator importante para o sucesso de evitar
o congestionamento é a aplicação de uma modelagem de tráfego adequada. Quanto mais
precisa for a estimação do comportamento dos fluxos da rede, mais apropriado será o
serviço oferecido ao usuário. Por outro lado, se o modelo não for capaz de representar
precisamente o tráfego real, o desempenho real da rede pode ser subestimado ou
superestimado. Assim, um modelo de tráfego eficiente deve capturar fielmente as
características do tráfego de redes.

Em Zolfaghari (2015), os autores propõem um algoritmo de escalonamento para


sistemas Downlink LTE levando em consideração o tamanho da fila virtual de cada usuário.

2696
Assim, usuários que apresentem maiores filas terão maior prioridade em comparação aos
demais. Ainda em Zolfaghari (2015), os autores também propõe o emprego de algoritmos de
controle de taxas de fluxos para controlar o tráfego de rede que não seja sensível ao atraso
(melhor esforço). Os resultados apresentados pelos autores mostram que o uso dos algoritmos
proporciona significante melhora no tempo de espera nas filas virtuais. Outros trabalhos
apresentam propostas de esquemas de controle relacionadas a protocolos de redes, como
Mzoughi et al. (2015), ou baseados nos mecanismos de controle de taxas de fluxos do
protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), como em Wang et al.
(2007). Entre as propostas de controle de taxas de fluxos que não dependem de mecanismos
específicos de rede, destacamos o método de Controle Proporcional (HABIB, 1992), sendo o
mesmo apresentado em Mzoughi et al. (2015). Tais métodos podem ser utilizados para
controle de aplicações de tempo real e são também eficazes para outros problemas de
controle. Assim, usaremos estes métodos nas análises comparativas deste trabalho.

Objetivo

Ao esperar o processamento desse tráfego, filas de esperas são geradas. Observando essas
filas de esperas podemos prever adaptativamente o comportamento no buffer e, a partir
dos parâmetros do modelo de predição de tráfego, controlar a taxa da fonte de tal forma
que o tamanho da fila no buffer seja igual ou inferior ao nível de referência desejado.

Como parte do esquema de controle de taxas de fluxos adaptativo proposto,


apresentamos uma expressão para o cálculo da taxa ótima de controle para regular a taxa μ(k
) da fonte controlável a partir da minimização da função custo J abaixo:

bi (k +d ) 2
2
J (k + d)=E [ η + λ (μi (k )−Ri; (1)

min) ]

onde E[ .] denota a esperança matemática. Na Equação (1), a função custo J


leva em consideração o tempo de espera do buffer, dado por bi ( k+d)/ η . Buscando o
atendimento de taxas mínimas Ri;min para o usuário i, adicionamos a segunda expressão
na soma, na forma do operador de Lagrange λ .

2697
A taxa de controle ótima é dada em função do valor do tamanho da fila no buffer d
passos à frente. Uma estimativa do tamanho da fila bi ( k) nobuffer d passos à
frente é fornecida pela saída do preditor fuzzy quando aplicado à predição de amostras
deste processo pela equação. Derivando a Equação (1) em relação a μ , igualando a zero e
substituindo a expressão ∂ bi (k +d )/ ∂μ obtida de Wang (1994)
para o modelo fuzzy, chegamos na expressão final para a taxa ótima de controle:

i i
0 1 θl (k−1)−f μ (k )−μ̄ l ( k−1)
k l
μi =Ri ;min− a ] (2)
(σl (k−1)) 2
(k−1)
λη [ c (k−1)

onde θ , σ , , c e a são parâmetros obtidos do modelo fuzzy que podem


μ̄

2698
ser modificados adaptativamente, sendo μ a entrada do modelo.

Metodologia

O algoritmo proposto de controle neste trabalho faz o uso do algoritmo preditivo fuzzy
LMS (Least Mean Square) (WANG, 1994) e da equação da taxa ótima de controle para
averiguar se ocorrem benefícios aplicados ao controle de taxas para um sistema de enlace
Downlink LTE.

Neste artigo comparamos o algoritmo proposto de controle com o algoritmo Proporcional


(MZOUGHI et al., 2015) e o algoritmo Binário (CHEN, 1996). Com o objetivo de comparar
os algoritmos utilizados, dados como a Vazão, Tamanho Médio da Fila, Taxa de Perda,
Atraso e Índice de Justiça foram coletados.

Foram realizadas simulações considerando séries reais de tráfego TCP/IP, que


representam o tráfego entre a Universidade de Waykato e o resto do mundo. As séries
podem ser encontradas em http://wand.net.nz/wits/waikato/8.

A simulação do enlace Downlink LTE, foi realizado com uma largura de banda de
20Mhz,

100 blocos escalonáveis, 1200 subportadoras e 7 símbolos OFDM por slot. Com a
simulação de 1000 TTIs (Transmission Time Interval). Foi considerado um modelo de canal
Rayleigh e de perda de percurso de 128,1+37,6 log(R) dB (decibéis), com sombreamento
log-normal, com média 0 e desvio padrão de 10dB (3GPP, 2011), sendo R igual a 1,2Km,
que representa a distância dos usuários em relação a estação base. Para a realização do
escalonamento dos blocos de recursos, o algoritmo QoS Garantido é utilizado.

Resultados

A Tabela 1 apresenta os resultados da simulação realizada do Downlink LTE com 10


usuários. Os resultados mostram que o algoritmo Fuzzy Proposto apresentou o maior valor
para a vazão dada em Mbps, em comparação aos demais. Os resultados para o tamanho
médio na fila de espera dos usuários, mostra que o algoritmo binário apresentou o maior
valor, seguido pelo algoritmo proporcional, destacando-se o algoritmo proposto com o menor
tamanho médio.

2699
Tabela 1. Resultado da Simulação Downlink LTE com 10 usuários

Método Vazã Tamanho Médio da Taxa de Atraso (ms) Índice


o Fila (%) Perda de
Binário 73,68 64,10 0,38 40 0,78

Proporcional 71,51 58,48 37,63 40 0,92

Fuzzy Proposto 76,84 36,90 0,00 20 0,96

Ainda na Tabela 1, podemos verificar que o algoritmo proposto se apresenta eficaz,


em termos de não permitir perdas de dados (Taxa de Perda), com um valor de 0%. Verifica-
se também, que os algoritmos levados em consideração apresentaram Taxas de Perdas
superiores ao algoritmo proposto, tendo como o algoritmo binário obtido o maior valor de
37,63%.
Os resultados para o atraso realizado pelos dados da espera na fila, também pode ser
visualizado na Tabela 1, tendo o algoritmo proposto apresentado o menor valor. Esse valor
inferior mostra que o emprego algoritmo Fuzzy Proposto permite que os dados cheguem ao
final na fila de espera mais rapidamente, demostrando uma maior eficácia em relação
aos demais algoritmos comparados. Nota-se uma concordância com os resultados do
tamanho médio da fila, onde maiores tamanhos de filas, apresentarão maiores atrasos pelo
fato de se ter mais dados para se processar.
O índice de justiça, que expressa a capacidade do sistema atender os usuários
igualitariamente (RAJ, 1999), apresenta valores no intervalo [0,1], onde quanto maior o
índice, mais igualitário é o sistema. Na Tabela 1, os resultados para o índice de justiça são
apresentados, destacando-se o algoritmo proposto com o maior valor em comparação aos
demais simulados.

Os resultados, de modo geral, mostram que a característica de predição do tráfego de rede


pelo algoritmo Fuzzy proposto, com a equação da taxa ótima de controle, agrega
qualidade na transmissão no enlace Downlink LTE.

2700
Conclusão

Neste trabalho, apresentamos um esquema de controle de fontes para sistemas Downlink


LTE. Para tal, deduzimos uma equação, obtida da modelagem fuzzy, para a taxa ótima de
controle que permite minimizar o atraso na fila virtual de espera dos usuários. Os resultados
mostram que o controle de fontes fuzzy proposto se mostra superior aos métodos comparados
em termos de taxa de perda, atraso, ocupação média da fila e índice de justiça, e da vazão
do sistema Downlink LTE.

Referências Bibliográficas

CHEN, T. M., LIU, S. S.; SAMALAM, V. K. (1996). The Available Bit Rate Service for
Data in ATM Networks. Comm. Mag., 34(5):56–58, 63–71.

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networks, Computer Communications 15(5): 326–332.

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2701
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congestion control for best-effort services in lte networks, Canadian Journal of Electrical
and Computer Engineering 38(2): 170–182.

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report, Evolved Universal Terrestrial Radio Access (EUTRA).

2702
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2703 - 2708

UTILIZAÇÃO DE PORFIRINAS NA INATIVAÇÃO FOTODINÂMICA DO


HERPESVÍRUS BOVINO 1

Amanda Vargas TELES1; Taise Maria dos Anjos OLIVEIRA1; Fábio Castro BEZERRA2;

Victória Mendes SILVA3; Ricardo MENEGATTI4; Pablo José GONÇALVES5; Guilherme

Rocha Lino de SOUZA6


1Discentes do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás. E - mail: amandavteles@gmail.com e taise.vet@hotmail.com 2Discente do
Programa de Pós Graduação em Física do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás. E-mail:
castrobezerra@yahoo.com.br
3Graduanda em Medicina Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. E-
mail: nuna_mendes@hotmail.com
4Docente do Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Goiás. E- mail:
rmenegatti1@gmail.com
5Professor co-orientador, Programa de Pós Graduação em Física do Instituto de Física da Universidade Federal de
Goiás. E-mail: pablaojg@yahoo.com.br
6Professor orientador, Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás. E-mail: grlino@gmail.com

Palavras-chave: BoHV-1, fotoinativação, meso-porfirinas, porfirinas metaladas.

Justificativa

A terapia fotodinâmica (PDT) é um tipo relativamente novo da terapia utilizada para o


tratamento de células e tecidos tumorais; e de microrganismos patogénicos (Tanaka et al., 2012).
Para tratamentos de vírus, bactérias e fungos, o termo Inativação Fotodinâmica (PDI) também é
frequentemente aplicado. Este tratamento baseia-se na administração de fotossensibilizadores
(PSs), seguido pela irradiação com luz de comprimentos de onda específicos, produzindo

espécies reativas de oxigênio (ROS), tais como o oxigênio singleto (1O2) e radicais que
conduzem à destruição de tecidos e de patógenos (Grimm et al., 2011)
Entre os PSs clássicos que são disponíveis comercialmente encontram-se as porfirinas, as
quais são aplicadas clinicamente em PDI para vários microrganismos (Yin et al., 2012; Fila et
al., 2016) devido ao seu alto nível de eficiência em termos da produção de ROS.
Modificações na estrutura molecular da porfirina como adição de zinco no anel central as
tornam porfirinas metaladas, as quais aparentemente apresentam melhor eficácia na PDI. Esta
substituição têm sido frequentemente utilizada para estabilizar o anel de porfirina, mantendo as
propriedades fotofísicas necessárias para a PDI (He et al., 1998; Calzavara- Pinton et al., 2007).

2703
A inativação fotodinâmica já foi utilizada no tratamento de infecções virais,
bacterianas, fúngicas e por protozoários, podendo ser utilizada também no controle de
herpesvírus bovino 1 (BoHV-1), o qual é um importante patógeno de bovinos e está associado a
uma variedade de manifestações clínicas, incluindo doença respiratória (rinotraqueíte
infecciosa bovina), doenças genitais (vulvovaginite pustular infecciosa ou balanopostite
pustular infecciosa), infertilidade temporária e abortos em bovinos.

Objetivos

Objetivou-se com este estudo avaliar de forma isolada dois fotossensibilizadores para
a inativação fotodinâmica in vitro do herpesvírus bovino 1 e comparar se a inserção de zinco
no anel central da porfirina melhora a eficácia da PDI contra este patógeno.

Metodologia

Cepa viral e Titulação

O BoHV-1 (Vírus de referência Los Angeles - L.A.) foi multiplicado em células “Madin-Darby bovine
kidney” (MDBK) cultivadas em meio mínimo essencial de Eagle (MEM-Sigma®) suplementado com soro
fetal bovino (SFB) a 6% e antibióticos usuais (penicilina e estreptomicina) em estufa com ambiente de

5% de CO2 a 37°C. O vírus foi titulado através de diluições na razão de 10 (10 -1 a 10-10), sendo que
cada diluição foi colocada em quatro orifícios de uma placa de microtitulação onde foi adicionada a
suspensão de células. O título viral (Dose Capaz de Infectar 50% dos cultivos celulares
- TCID50) foi estabelecido pela mais alta diluição que apresentou efeito citopático (ECP)
em pelo menos 50% dos orifícios após 72 horas de incubação a 37°C e 5% de CO2, sendo
este acrescido de 0,25 correspondente a cada orifício a mais em que houve ECP, de acordo
com o método de Spearman-Karber.
Fotossensibilizadores

Foram utilizadas duas porfirinas como fotossensibilizadores: meso- tetrasulfonatofenil (TPPS4)


e sua forma metalada com zinco, porfirina meso- tetrasulfonatofenil de zinco (ZnTPPS4).
Os dois fotossensibilizadores foram adquiridos comercialmente (Porphyrin Inc.) e
diluídos em Tampão fosfato-salino (PBS) autoclavado com pH 7,4 e a concentração das
amostras foram verificadas através do espectrofotômetro LAMBDA 1050

2704
UV/Vis/NIR spectrophotometer - PerkinElmer Inc. (Waltham, Massachusetts 02451, USA).
A concentração de fotossensibilizador desejável para a realização de tal experimento foi de 5
μM.

Inativação fotodinâmica

O vírus utilizado apresentou titulação viral inicial de 105,75 TCID50/mL e foi


incubado, separadamente, com os dois fotossensibilizadores a uma temperatura de 37°C
durante uma hora. Posteriormente, foram irradiados durante duas horas, empregando um
sistema de irradiação constituído por uma lâmpada halógena (500 W), de baixo custo,
emitindo em toda a região do visível do espectro eletromagnético, de 470 a 750 nm, com uma

intensidade de 130 W/cm2. Para evitar o aquecimento das amostras, foi utilizado um filtro de
água acoplado à saída da fonte e a temperatura foi monitorada durante todo o processo para
dispensar a possibilidade da inativação viral ter acontecido pelo calor gerado pela fonte e não
pela inativação fotodinâmica.
Durante as duas horas de irradiação, foram retiradas amostras a cada 15 minutos.
Após a irradiação, todas as amostras foram novamente tituladas para verificar o título viral
final.
Os experimentos foram realizados em quintuplicata em cinco ocasiões distintas em
microplacas de 96 poços. Como controle utilizamos o vírus sem qualquer tratamento (L-PS-),
vírus com os diferentes fotossensibilizadores no escuro: L- PS+TPPS4 e L-PS+ZnTPPS4; e
vírus irradiado sem contato com nenhum dos fotossensibilizadores (L+PS-) para avaliar se
ocorrerá a inativação do patógeno pela luz.
Para simular as mesmas condições, o grupo controle L-PS-, também foi colocado nos
poços da placa de microtitulação em temperatura ambiente pelo mesmo tempo utilizado para a
incubação e irradiação dos outros grupos. O experimento foi realizado à temperatura ambiente
e no escuro.

Resultados e Discussão

Os resultados da inativação fotodinâmica do Herpesvirus Bovino 1 utilizando os


fotossensibilizadores TPPS4 e ZnTPPS4 estão representados na figura 1.

2705
7

6
log10 Titulação viral (TCID50/mL)

0
0 20 40 60 80 100 120

Tempo de
irradiação
(minutos)

Figura 2 - Avaliação do título viral após a fotoinativação do BoHV-1 utilizando


as duas porfirinas durante 120 minutos de irradiação e seus respectivos
controles (●TPPS4,
○ZnTPPS4, ▪ L-PS-, ▼ L-PS+TPPS4, Δ L-PS+ZnTPPS4).

Pode-se considerar, que o vírus foi totalmente inativado pela ZnTPPS4


com 90 minutos de irradiação. Apesar da TPPS4 não conseguir inativar
totalmente o BoHV-1, ela se mostrou efetiva também no tratamento fotodinâmico
de tal patógeno, uma vez que durante o tratamento, houve a redução de
aproximadamente 5 logs na titulação viral.

2706
Vale ressaltar que, nos grupos controles não houve redução da titulação
viral durante todo o processo. Sendo assim, o emprego da luz na ausência dos
fotossensibilizadores não possuiu efeito fototóxico. Além disso, os
fotossensibilizadores sem contato com a luz não possuem efeito citotóxico.

Pavani et al. estudaram fotossensibilizadores que tinham propriedades fotofísicas


semelhantes e avaliaram a eficiência fotodinâmica das porfirinas metaladas com zinco em
relação às não metaladas. Várias propriedades do PS foram avaliadas e comparadas, incluindo
propriedades fotofísicas (espectros de absorção, rendimento quântico de fluorescência e de
oxigênio singleto), captação por vesículas, mitocôndrias e células HeLa. Neste caso, peceberam
que a presença do zinco no anel das porfirinas diminuiu a sua ligação com as mitocôndrias e
aumentou a interação com as membranas celulares, gerando uma melhor eficiência de PDI. Foi
demonstrado que a fototoxicidade aumenta proporcionalmente com a eficiência da ligação à
membrana, sendo assim, quanto maior a interação porfirina-membrana mais eficiente será a
inativação fotodinâmica (Pavani et al., 2009). Tais resultados são concordantes com os
nossos, uma vez que a ZnTPPS4 apresentou melhor resultado do que a porfirina não metalada.
Outro estudo analisando as diferenças nos valores dos rendimentos quânticos de
oxigênio singleto e tripleto da TPPS4 e ZnTPPS4 mostrou que a ZnTPPS4 apresentou um
maior rendimento quântico de oxigênio singleto, sendo assim, são mais eficazes do que a
TPPS4 (Mosinger J, 1997). Mostrando mais uma vez que a inserção de zinco nas porfirinas
melhoram a eficiência da fotoinativação.

Conclusão

A inativação fotodinâmica do Herpesvirus bovino 1 se apresentou eficiente para as


duas porfirinas utilizadas neste estudo: TPPS4 e ZnTPPS4, porém devido a presença do zinco
no anel central fez com que a ZnTPPS4 apresentasse melhor resultado quando comparadas
com à sua respectiva porfirina não metalada.
Estas conclusões foram baseadas unicamente em testes in vitro e, portanto, devem ser
confirmadas em estudos com animais e/ou em protocolos clínicos.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela


concessão de bolsa de estudos e pelo apoio financeiro a esse projeto.

2707
Referências

CALZAVARA-PINTON, P. G.; VENTURINI, M.; SALA, R. Photodynamic therapy:


update 2006. Part 1: Photochemistry and photobiology. J Eur Acad Dermatol Venereol, v.
21, n. 3, p. 293-302, 2007.

FILA, G. et al. Murine Model Imitating Chronic Wound Infections for Evaluation of
Antimicrobial Photodynamic Therapy Efficacy. Front Microbiol, v. 7, p. 1258, 2016.
GRIMM, S. et al. The outcome of 5-ALA-mediated photodynamic treatment in melanoma
cells is influenced by vitamin C and heme oxygenase-1. Biofactors, v. 37, n. 1, p. 17-24,
2011.
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Pigments,
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MOSINGER J, Z. M. Quantum yields of singlet oxygen of metal complexes of meso-tetralds
(sulphonatophenyl) porphine Journal of Photochemistry and Photobiology A: Chemistry,
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PAVANI, C. et al. Effect of zinc insertion and hydrophobicity on the membrane interactions
and PDT activity of porphyrin photosensitizers. Photochem Photobiol Sci, v. 8, n. 2, p. 233-
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kill bacteria but spare neutrophils. Photochem Photobiol, v. 88, n. 1, p. 227-32, 2012.
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hematoporphyrin monomethyl ether. Lasers Med Sci, v. 27, n. 5, p. 943-50, 2012.

2708
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2709 - 2714

PERFIL DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM


MULHERES DE JATAI (GO)

DUARTE, Célia Scapin1; BARBOSA, Maria Alves2; BURGO, Júlia Lorraine Barbosa3;

LIMA, Maira Ribeiro Gomes de4; PAIVA, Ana Cláudia Jaime de5; LIMA, Ana Paula

Lopes6

Palavras - Chave: Doenças Cardiovasculares; Mulheres; Fatores de Risco.

Justificativa / Base Teórica

As doenças cardiovasculares (DCV) tem sido a principal causa de óbito entre as pessoas
em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde os índices chegam a
17,3 milhões de pessoas a cada ano (WHO, 2013 ). As DCV estão relacionadas com fatores
de risco modificáveis e não modificáveis. Está evidenciado na literatura que os fatores de
risco modificáveis estão aumentando a prevalência das DCV, entre eles estão a diabetes
mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS). Os dados corroboram que as
doenças cardiovasculares que anteriormente eram mais presentes em pessoas do sexo
masculino, a partir da década de 60, passou a ter a mulher mais exposta aos fatores
modificáveis. Em apenas uma década houve um aumento de 25% da mortalidade na
população de mulheres no Brasil (CASTANHO, 2001).
Outra preocupação é, o envelhecimento populacional, a urbanização crescente, a dieta
inadequada, a não adoção de estilo de vida saudável e o uso inadequado de medicamentos
para o controle da glicemia. Medidas de proteção e preventivas devem ser trabalhadas com as
mulheres e suas famílias em sua integralidade, evidenciando os fatores de risco, que poderão
estar contribuindo para a prevalência das doenças cardiovasculares (BRASIL, 2013).

1 Faculdade de Enfermagem / PPG-UFG - email: cscapin@terra.com.br


2 Faculdade de Enfermagem / PPG-UFG - email: maria.malves@gmail.com
3 Faculdade de Enfermagem / UFG- Regional Jataí - email: jlb-barbosa@hotmail.com
4 Faculdade de Enfermagem / UFG- Regional Jataí - email: maira_ribeiro_@hotmail.com
5 Faculdade de Enfermagem / PPG-UFG - email: anajaimepaiva@hotmail.com
6 Faculdade de Enfermagem / UFG- Regional Jataí-email: apaulallima@yahoo.com.br

2709
Em Jataí, na Vila Olavo, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), atende um
contingente de 4618 pessoas, das quais 1235 são mulheres acima dos 18 anos de idade.
Frente ao exposto, conhecer o perfil dos fatores de risco para as DCV dessa população é
importante para sinalizar os pontos críticos e nortear as condutas dos profissionais de saúde
da região para o controle e tratamento dessas comorbidades.

Objetivos

Descrever a população em estudo quanto às variáveis demográficas, socioeconômicas e


comportamentais, e identificar os fatores de risco para doenças cardiovasculares nas mulheres
da Vila Olavo no município de Jataí/GO.

Metodologia

Análise transversal, descritiva, de base populacional, conduzido na cidade de Jataí, Goiás,


nos meses de abril e maio de 2015, nas dependências da Unidade Básica de Saúde, no
bairro de Vila Olavo, no qual atuam duas Equipes de Saúde da Família. Foi aplicado um
questionário com perguntas abertas e fechadas sobre: características modificáveis e não
modificáveis para DCV, variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais. A
amostra foi composta por 255 mulheres, representando 20,65% das mulheres. Todas as
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A análise
dos dados foi descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
Federal de Goiás, protocolo número 982.559.

Resultados / Discussão

A idade das entrevistadas variou entre 18 e 88 anos, sendo a média de 42 anos (moda 29
anos e o desvio padrão de ±15,53 anos). Sobre o estado civil,136 (53,3%) declararam ser
casadas, 65 (25,5%) solteiras, 21 (8,2%) informaram outro tipo de
estado civil, 17 (6,7%) viúvas, 14 (5,5%) em união estável e 02 (0,8%) divorciadas. Ao

grau de instrução, 110 (43,1%) possui ensino fundamental incompleto, 15 (5,9%)

2710
ensino fundamental completo, 42 (16,5%) com ensino médio completo e 23 (9,0%) com
terceiro grau completo. Das 255 participantes, 238 responderam a pergunta referente a
atividades laborais: 106 (44.5%) trabalham no Lar e 132 (55,5%) trabalham em atividades fora
do Lar. Quanto ao tipo de profissão que exercem, houveram respostas diversas, sendo a
mais frequente (31) a profissão de diarista / empregada doméstica. Quanto à jornada de
trabalho, a média foi de 9,0 horas, a moda de 08 horas, e o desvio padrão de 3,13 horas,
variando de 2 a 20 horas.
O peso das entrevistadas variou de 39 a 120 quilos, a média foi de 68,4 quilos (moda
foi de 70 quilos e o desvio padrão de ±15,37). A Média da Pressão Arterial Sistólica
(PAS) foi de 119,5mmHg (moda de 120mmHg, e o desvio padrão de ±16,7), sendo que a PAS
variou de 80 a 210mmHg. Já a Pressão Arterial Diastólica (PAD) foi de 74,9, a moda de 80 e
o desvio padrão de ±11,01, variando de 40 a 130mmHg. Pressão arterial elevada (PA),
prevalência de sobrepeso, obesidade e diabetes contribuem para o aumento das DCV
(SPOSITO, 2007). Quanto à circunferência abdominal das integrantes da amostra, a média
foi 91,31 cm, a moda de 82 cm e o desvio padrão de ±14,09, variando de 45 a 137 cm. O
excesso de peso e de gordura abdominal é um fator de risco importante para doenças crônicas
não transmissíveis (BOING, 2007).
A respeito da prática de atividade física, 173 (68,1%) declararam que não praticam, e 81
(31,9%) declararam que praticam. Estudos clínicos demonstraram que a prática de atividade
física promove redução da pressão arterial, sendo recomendado para prevenção e o tratamento
da hipertensão arterial. (VANZELLI, 2005). Para o tabagismo, 209 (82,3%) declararam
que não fumam, e 45 (17,7%) declararam que fumam em média 15 cigarros por dia. Ao
consumo de bebida alcoólica, 73 (28,7%) declararam que consomem em média 09 latas por
dia, e 181 (71,3%) declararam que não consomem. A maior ingestão de bebidas alcoólicas
eleva a pressão arterial, elevando o risco de morbidade e mortalidade cardiovascular
(VIEBIG, 2006).
Na avaliação da frequência que as pesquisadas buscam assistência médica, 45 (17,6%)
declararam buscá-la todos os meses, 88 (34,6%) declararam buscar de seis em seis meses, 83
(32,5%) declararam procurar de ano em ano, 36 (14,1%) afirmaram buscar com menos
frequência por ano, e 3 (1,2%) declararam não buscar assistência médica. Sobre uso contínuo
de medicamento, 69 (27,2%) declararam tomar remédio para controle da pressão, 18 (7,1%)
tomavam remédio para diabetes, e 13 (5,1%) remédio para controle do colesterol. Nos
últimos seis meses, 63 (24,7%) fizeram exame de medição de colesterol, 39 (15,3%) de
medição de HDL, 30 (11,8%) de medição de pressão arterial, e 61 (23,9%) de verificação

2711
de diabetes e 15 (5,9%) declararam não ter realizado nenhum exame. Ao serem
questionadas quanto a doenças familiares, 47 (43,1%) declararam ter na família pessoas com
diabetes e 57 (52,3%) declararam ter algum familiar com problemas cardíacos ou
relacionados à pressão arterial.

Conclusões

Os resultados da pesquisa serviram para descrever e caracterizar as mulheres atendidas


pelas equipes de ESF na perspectiva das DCV. Assim, os profissionais de saúde da região
poderão estruturar e organizar o atendimento de saúde a essas mulheres trabalhando os
pontos de maior fragilidade que interferem diretamente no surgimento das doenças
cardiovasculares.

Referências Bibliográficas

BOING, A. C; BOING, A. F. Hipertensão arterial sistêmica: o que nos dizem os


sistemas brasileiros de cadastramentos e informações em saúde. Rev. Bras. Hipertenso. Vol.
14, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica. Hipertensão Arterial
Sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

CASTANHO, VS. Sex differences in risk factors for coronary heart disease: a study in a
Brazilian population. BMC Public Health, 2001.

SPOSITO, Andrei. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose


Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos brasileiros
de cardiologia, volume 88, 2007.

VANZELLI, A. Prescrição de exercício físico para portadores de doenças cardiovasculares


que fazem uso de betabloqueadores, 2005.

VIEBIG, R.F. Perfil de saúde cardiovascular de uma população adulta da região


metropolitana de São Paulo. Arquivo brasileiro de cardiologia, 2006.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Relatório mundial da saúde 2013: pesquisa para a


cobertura universal de saúde. 2013.

2712
Pelo seu período de degredo em Angola a partir de 1927, que se tornou mandato
como governador do distrito de Huíla, Henrique Galvão entra a década de 1930 com
prestígio entre os quadros do regime do Estado Novo em Portugal, oficializado em 1933
com a nova Constituição. A posição de confiança conseguida por Galvão no novo
regime se explica pelo seu posicionamento político a partir de, pelo menos, 1926 – com
o golpe que instaurou a ditadura militar da qual surgiria, destacado, Salazar na pasta das
Finanças – e por seu curto período em Angola, como governador e como observador, o
que lhe conferiu a reputação de conhecedor e especialista em assuntos coloniais. Em seu
relatório de governo em Huíla, publicado em 1929, Galvão já afirmava que faltava a
Portugal uma “ideia superior” ou uma “doutrina” que guiaria as políticas coloniais
portuguesas que, para além do subdesenvolvimento em comparação às possessões
coloniais de outras metrópoles europeias, passava por uma crise económica.

Em julho de 1930 é publicado em Portugal o Acto Colonial, documento que


sistematizaria a política colonial portuguesa, reforçando a ideia da “mística imperial”, e
que posteriormente foi incluído na Constituição do Estado Novo. No mesmo ano, porém
em janeiro, Galvão já proferira uma conferência no Sociedade de Geografia de Lisboa
com o título “Nacionalização de Angola”, na qual defendia que as colónias deveriam
fazer parte de um “todo nacional” e que confiava na força de ação e projetos de Salazar
pela sua atuação na pasta das Finanças.

Essa comunicação é parte de pesquisa de doutorado, a qual abrange toda a


carreira de Henrique Galvão, de 1929 a 1965, como gestor e intelectual colonialista.
Para o evento, trago a análise de pelo menos três conferências de Galvão já inserido no
Estado Novo: “Função Colonial de Portugal – razão de ser da nacionalidade”, de
1934; “No Rumo do Império”, de 1934; e “Povoamento Europeu nas Colónias
Portuguesas”, de 1936. Tendo sido diretor da revista Portugal Colonial (1931-37),
organizador da Feira de Amostras Coloniais (1932, em Angola e Moçambique) e
Exposição Colonial Portuguesa (1934, no Porto), diretor da Emissora Nacional (a partir
de 1935) e Inspector Superior de Administração Colonial, além de escritor de literatura
colonial, Henrique Galvão era considerado pelo regime como um dos especialistas em
assuntos africanos, portanto autorizado a proferir conferências. As três em questão
fazem parte de um esforço do intelectual para se discutir e propor caminhos para o
desenvolvimento económico das colónias e a importância dessas para a sobrevivência

2713
de Portugal, seja pela nacionalidade, seja pela posição em que se encontrava
internacionalmente como um país europeu com possessões coloniais – ou um império –
porém pouco desenvolvido. Como personagem dissidente do regime a partir de 1947,
tendo sido mais reconhecido pelo sequestro a um navio de luxo português em 1961
como ato político contra o Estado Novo e Salazar, é importante o resgate de suas ideias
proferidas ainda na década de 1930 como um intelectual compromissado, apesar de
algumas particularidades, com o regime em questão.

2714
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2715 - 2720

ESTUDOS SOBRE TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA: PARTE II

MARQUES, André Pereira1; AZEVEDO, Cláudio Henrique Bezerra; SANTOS, José


Augusto Lopes; MOURA, Nicolas Kemerich; DIAS, Yuri Andrade; ROCHA, Adson Silva;
BRITO, Leonardo da Cunha; RIBEIRO, Cacilda de Jesus

Palavras-chave: manutenção, técnicas preditivas, transformador de potência

Introdução
A manutenção preventiva em transformadores de potência tem um impacto fundamental na
vida útil e na confiabilidade de operação destes equipamentos. Nos últimos anos, o
surgimento de novas técnicas preditivas possibilitou a otimização dos processos de
manutenção com consequente redução de manutenções corretivas, porém as concessionárias
de energia elétrica passaram a ter que lidar com uma grande variedade de tecnologias,
exigindo níveis e escopos diferentes da área de manutenção (CIGRÉ, 2013).

A aplicação conjugada das técnicas preditivas é muito importante no diagnóstico otimizado


deste equipamento (de custo elevado e estratégico para o sistema elétrico de potência), visto
que a fragilidade de uma técnica em certo quesito é compensada pela sensibilidade de outra.
Isto é, determinadas anomalias podem sensibilizar somente um número limitado de técnicas,
enquanto o cruzamento adequado e dos resultados da aplicação destas técnicas corrobora a
avaliação emitida pelos especialistas, conforme é proposto nesta tese de doutorado em
andamento, cuja aplicação combinada é ilustrada na Figura 1 (Marques, 2016). Os ensaios
elétricos iniciais realizados são: análise de resposta em frequência, resistência de isolamento,
resistência dos enrolamentos, relação de transformação de espiras, fator de dissipação e fator
de potência.

Justificativa
Neste trabalho, está sendo desenvolvido um sistema especialista em diagnóstico de
transformadores de potência, que se justifica como uma ferramenta para auxílio às

1 Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação/UFG, IFG, e CELG D–e-mail:


andre.pm@celg.com.br
Este trabalho teve apoio financeiro da ANEEL, por meio do Projeto de P&D321 da CELG com a EMC/UFG.

2715
equipes de manutenção das empresas, contendo esta integração (Figura 1), contendo oito
módulos, com informações sobre os parâmetros de análises dos resultados, as classificações
(com notas de “A” a “E”) e ações recomendadas para as tomadas de decisão, por meio de
técnicas de inteligência computacional (ENGELBRECHT, 2007).

Figura 1 – Aplicação combinada das técnicas preditivas em transformadores de potência,


contendo oito módulos (MARQUES, 2016).

Outros
Ensaios Físico- Inspeções Visuais
Monitoramentos Ensaios Elétricos
Químicos

Análise de Gases Aplicação conjugada


Emissão Acústica
Dissolvidos das Técnicas

Estudos de Avaliação conjunta


Termovisão
Carregamento dos Resultados

DIAGNÓSTICO EFICIENTE
DO TRANSFORMADOR

Objetivos

Este artigo tem como objetivos apresentar um estudo sobre as técnicas preditivas e sobre o
sistema especialista em diagnóstico em transformadores de potência em desenvolvimento,
denominado de SEDTrafo.

Metodologia

A metodologia empregada neste projeto de pesquisa baseou-se em:

a) Definir as metodologias de ensaios (das técnicas preditivas), de acordo com as normas


técnicas correspondentes, como ABNT (2010) e IEC (2012);
b) Determinar os parâmetros dos resultados dos ensaios, por meio de resultados de campo
(banco de dados da empresa CELG D), a experiência dos especialistas da área de
engenharia de manutenção, e da literatura existente;
c) Desenvolver o sistema SEDTrafo, com mecanismos eficientes para as amostragens e
exibição das análises e dos diagnósticos.

2716
A Figura 2 ilustra a metodologia empregada nos ensaios elétricos de medição de fator de
potência e de dissipação, e de análise de resposta em frequência.
Figura 2 – Ilustração da metodologia empregada nos ensaios elétricos.

Registrar as
condições do
ambiente e
conectar o
aterramento
elétrico

Ensaio de análise
de resposta em
frequência
Ensaio de
medição de fator
de potência e de
dissipação

Resultados

Os principais resultados no desenvolvimento do sistema especialista de diagnóstico em


transformador de potência foram:
a) No módulo de análise de resultados de emissão acústica (Marques et al, 2015) foi
implementada a classificação dos sinais de ruídos e de descargas parciais (DPs), pelo
método de emissão acústica (EA), com os históricos de idas ao campo, para
acompanhamento do monitoramento;
b) Foi acrescentado o gráfico sobre a evolução dos gases nas amostras de datas, com
interatividade na adição de janelas informativas mais completas, referente ao histórico de

2717
classificação por gás, com as cores padronizadas, no módulo de Análise de Gases
Dissolvidos em óleo (AGD - cromatografia).

c) As telas de listagem de ensaios foram munidas de filtros para uma busca mais refinada.

d) Os campos para filtragem vão desde o transformador do ensaio, quanto a datas, família,
potência, subestação, e projeto do equipamento. Na Figura 3 são ilustrados os módulos de
DPs (EA) e de AGD (cromatografia), com os gráficos, as classificações definidas a partir dos
parâmetros otimizados e dos históricos (ensaios anteriores), e ações recomendadas
correspondentes.

Figura 3 – Telas ilustrativas dos módulos de DPs (EA) e AGD (cromatografia)

DP (EA)

AGD

Os resultados parciais (com valores satisfatórios) dos ensaios elétricos de um estudo de caso,
do transformador de potência trifásico de 7,2 MVA, 34,5 kV/13,8 kV (apresentado na Figura
2), são ilustrados na Figura 4.

2718
Figura 4 – Resultados parciais: a) de fator de dissipação; e b) magnitude da função de
transferência com a variação de frequência, com circuito aberto (alta tensão).

(a) (b)

Conclusões

Este trabalho apresenta a aplicação de técnicas preditivas integradas de monitoramentos,


não invasivas, com vistas a manutenção preventiva, detectando defeitos e falhas em estágio
incipiente, visando a diminuição de interrupções não programadas no sistema elétrico.
Na literatura existente, são apresentadas informações sobre as faixas de valores das
grandezas dos ensaios elétricos, porém há limitações referentes às ponderações dos
resultados de análise, que dificultam a classificação final e o diagnóstico. Sendo assim,
este trabalho tem como diferencial, o desenvolvimento de parâmetros otimizados (com
níveis de acertos significativos) que classificam o transformador com notas de “A” a “E”, e
apresentam as ações recomendadas correspondentes, baseados na análise conjunta de dados
estatísticos de campo e de laboratório, em conhecimentos de especialistas (analistas), e em
dados existentes em normas e em guias técnicos, implementados num sistema especialista
de diagnóstico.
Portanto, conclui-se que os resultados são satisfatórios como auxílio à equipe de
manutenção, nas tomadas de decisão, contribuindo para o acompanhamento eficiente dos
equipamentos e, por conseguinte, para a melhoria na qualidade no fornecimento de energia
elétrica.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 5356-1:


Transformadores de potência - Parte 1 - Generalidades. Rio de Janeiro, 2010.

2719
CIGRÈ - Grupo de Trabalho A2.05. Guia de Manutenção para Transformadores de Potência. Brasil,
2013.

ENGELBRECHT, A.P. Computational Intelligence – An Introduction. 2ª ed., John Wiley & Sons, 2007.

IEC 60076-18:2012. Power transformers - Part 18: Measurement of frequency response. Disponível em:
https://webstore.iec.ch/publication/597. Acesso em: 13 set. 2016.

MARQUES, A. P, et al. Estudos sobre Transformadores de potência: Parte I. In: CONPEEX 2015 –
Congresso de Pesquisa, Ensino e de Extensão da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015

MARQUES, A. P. Diagnóstico Otimizado de Transformadores de Potência imersos em Óleo Mineral


Isolante. Relatório Interno. Goiânia, 2016.

2720
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2721 - 2724

REFLEXÕES SOBRE O MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS: a relação


opressor/oprimido nas narrativas orais dos sobreviventes

Antonio de Jesus PEREIRA1

Prof. Dr. Márcio Penna CORTE REAL2


Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais – Mestrado e Doutorado
Acadêmico Interdisciplinar (EMAC/UFG)
antony_ufpa@yahoo.com.br
Palavras-chave: Massacre de Eldorado; narrativas orais; luta de classes; MST.

Resumo expandido:

Este trabalho3 apresenta uma síntese da reflexão sobre as narrativas orais dos
sobreviventes do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), que visa a compreender a luta dos
trabalhadores rurais sem-terra, na região Sul do Estado do Pará. Constata o acirramento da
luta de classes no cenário da luta pela terra no Pará e o drama social dos sobreviventes do

massacre do dia 17 de abril de 19964.


As narrativas se constituíram com um dos elementos importante para história de luta
do povo sem-terra, pois, revelam os atos bárbaros a que os trabalhadores rurais sem terra

foram submetidos pela polícia do Estado do Pará, na curva do S5. Por outro lado, as
narrativas falam da luta por justiça social e da luta de classes no Estado do Pará. Assim, a
análise do percurso dos trabalhadores ligados ao Movimento Sem Terra revela nuances que
contribuem para a compreensão de aspectos da formação da classe trabalhadora e sua história
no Brasil.
A mobilização do povo sem-terra no Estado do Pará surgiu por meio das ações
do MST, no contexto da pressão pelo desenvolvimento de políticas públicas e da luta pela
distribuição da terra. A luta do MST tem sido pela disputa de um projeto de reforma agrária
para o País. Neste sentido, Nepomuceno (2007, p.188) considera que “[...] da primeira ação,
realizada em janeiro de 1990 em Conceição do Araguaia,
1Mestre e acadêmico do Doutorado em Performances Culturais EMAC/UFG.
2Doutor em Educação. Professor da FE/UFG e do Mestrado e Doutorado Interdisciplinar em Performances
Culturais EMAC/UFG.
3Este trabalho é parte da pesquisa realizada no Doutorado em Performances Culturais, que está sendo
realizado com incentivo da Capes, possibilitando escrever uma tese sobre 20 anos do massacre de Eldorado dos
Carajás.
4No dia 17 de abril de 1996 foram assassinados 19 trabalhadores rurais sem terras pela polícia do Estado do
Pará, na cidade de Eldorado dos Carajás.
5É o trecho da rodovia BR-155, conhecido como ‘curva do S’, o local do confronto entre trabalhadores sem
terras e a polícia do Estado do Pará.

2721
até junho de 1994, com a ocupação de áreas da Vale do Rio Doce, o crescimento do MST no
Pará foi gradativo, mas consistente”. Desta forma, a luta de classes está presente na
ocupação da terra, na medida em que esta, historicamente, no Brasil, representa um aspecto
fundamental para o entendimento da dinâmica de produção e concentração das riquezas e da
própria luta de classes.
Para Marx e Engels (1998, p.69) “a nossa época, a época da burguesia, distingue-se,
contudo, por ter simplificado os antagonismos de classe. Toda a sociedade está dividida, cada
vez mais, em dois grandes campos hostis, em duas grandes classes em confronto direito: a
burguesia e o proletariado”. Diante disto, a classe dominante não mede esforços para se
apropriar da terra (propriedade). Isto é evidente no Estado do Pará, onde as disputas em torno
da posse ou distribuição da terra são exemplares do acirramento da luta de classes. De
um lado, porque a classe que detém o poder quer manter sua condição de dominante.
Por outro, a classe trabalhadora luta para garantir acesso à terra como meio de produção
da vida. Na análise de Freire (1987, p.29) “somente quando os oprimidos descobrem,
nitidamente, o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer
em si mesmos, […]”. Por isso, os sujeitos sem-terra buscam alternativas para ir atrás dos seus
direitos por meio da luta organizada pela MST.
Diante da luta e da disputa de poder, o povo sem-terra vive um drama social, Dawsey
(2005, p.165) diz que “nos anos de 1950, vendo como as aldeias Ndembu ganhavam vida
em momentos de crise, Victor Turner elaborou o modelo de drama social que lhe serviria
como instrumento de análise, [...]”. Isto contribuiu para ele compreender a estrutura social
das comunidades pesquisadas, entendendo as rupturas da vida social e as fases para superar
os problemas enfrentados pelos grupos. Neste sentido, os trabalhadores sem-terra vivem
um drama social após o massacre de Eldorado dos Carajás, já que os sobreviventes
continuam submetidos aos tensionamentos presentes na luta pela terra, que, não raro
descambam em atos de repressão violenta por parte dos proprietários.
O Estado do Pará se tornou um dos territórios com maior índice de trabalho
escravo, de violência no campo e de morte de trabalhadores rurais. O poder público não tem
dado conta de punir os responsáveis pelas mortes de trabalhadores, nem de aplicar a lei
para os que oferecem trabalhos em regime de escravidão nas fazendas e nas indústrias, bem
como em relação aos crimes ambientais.

2722
Conforme Nepomuceno (2007), o Estado do Pará é “campeão” na amostragem de
morte de trabalhadores rurais, sendo que a maioria das mortes acontece no Sul e Sudeste do
Estado. Os trabalhadores são cotidianamente submetidos à violência advinda dos
empresários o tempo todo, por exemplo, nos assassinados frequentes ou quando pequenos
agricultores são expulsos de suas terras. A violência é o instrumento usado para intimidar ou
torturar o povo sem-terra, já que ela serve para calar os que incomodam os poderosos.
O massacre de Eldorado dos Carajás (PA) foi datado historicamente e o tempo
transcorrido deixou marcas da violência e do sofrimento presentes nas vidas nas memórias
dos sobreviventes à barbaridade da curva do S. Nepomuceno (2007, p.153) conta que “[...]
pouco depois das quatro e meia de tarde da quarta-feira, 17 de abril de 1996, o cenário da
tragédia estava completo”. Assim, o dia 17 de abril lembra o cenário da tragédia na curva
do S, que demonstra o ódio dos latifundiários do Estado do Pará em relação aos trabalhadores
sem-terra. Pode-se perceber que os sobreviventes ficaram mutilados, morte em vida, pois são
muitas dores; a dor que carrega cada trabalhador e trabalhadora que sofreram a ação da
polícia naquele dia. Conforme Nepomuceno (2007, p.67), “[...] no dia 17 de abril de 1996,
quando acabaram os tiros, 69 dos sobreviventes apresentavam ferimentos graves. Tão graves
que três deles acabaram morrendo tempos depois em consequência dos tiros”. As pessoas
que sobreviveram ao massacre passaram a ter uma vida sofrida, cheia de dores, que se
expressam nas narrativas orais dos sujeitos.
O fato é que as narrativas orais sobre o dia 17 de abril de 1996 se tornaram parte da
cultura dos trabalhadores, portanto, o ato de narrar o acontecimento da curva do S
possibilita enxergar os motivos que levaram a morte de 19 sem-terra. Para Benjamim
(1994, p.198) “a experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram
todos os narradores. E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se
distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos”.
É possível ter uma dimensão da violência que ocorreu na curva do S por meio das
narrativas orais dos sobreviventes, pois, elas são um dos alicerces para que os trabalhadores
rurais evoquem, na forma de protesto, a cena de barbárie compreendam o drama social do
povo sem-terra, diante do entendimento da relação opressor/oprimido que existe no Estado
do Pará, já que o latifúndio, ao longo da história, assumiu o poder de controlar tudo e
“todos” no Estado.

2723
REFERÊNCIAS

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas I – magia e técnica, arte e política: ensaios sobre
literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

DAWSEY, John C. Victor Turner e antropologia da experiência. Cadernos de Campo, n.


13, 2005.

. Schechner, teatro e antropologia. Cadernos de Campo, São Paulo,


n. 20, 2011.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. GEERTZ,
Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 1ª edição. Bauru,
São Paulo: Edipro, 1998.
NEPOMUCENO, E. O massacre - Eldorado do Carajás: uma história de impunidade. São
Paulo: Planeta do Brasil, 2007.

TURNER, Victor. From ritual to theatre: the human seriousness of play. New York: PAJ
Publications. 1982.

2724
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2725 - 2731

Mineracão de Dados em Decisões Judiciais utilizando Ontologia∗

Antônio P. CASTRO Jr1 †‡ Wesley P. CALIXTO2†‡ Viviane M. GOMES3†‡ Laı́s F. SILVA4†‡


Ernesto VEIGA5§ Alan FERREIRA6†‡ Jhonathan BRANDÃO 7‡

Resumo: O propó sito deste trabalho é apresentar metodologia semâ ntica, utilizando Onto- logia, no
intuito de melhorar os resultados da Mineraç ã o de Dados em Banco de Dados de Decisõ es
Judiciais. Objetiva-se apresentar um mé todo inteligente e automá tico para bus- car decisõ es em
processos judiciais correlatos ao que está em julgamento utilizando Onto- logia relacionada ao
negó cio. Para isto, será construı́da uma Ontologia Jurı́dica. Acredita- se que este mé todo irá
proporcionar agilidade no Poder Judiciá rio ao passo que irá simular o trabalho dos Assessores
Jurı́dicos na preparação das decisões judiciais.
Palavras-chave: Mineraç ã o de Dados, Decisõ es Judiciais, Ontologia, Gestã o do Conhe- cimento,
Inteligência Artificial, Clustering, Reticulados.

1 Introdução
O nú mero de processos no judiciá rio brasileiro tem aumentado de forma exponencial e
superlotado as serventias, prejudicando o rá pido atendimento aos direitos da sociedade. E para que
esta realidade seja transformada, faz-se necessá rio que os recursos disponı́veis supram as
necessidades sociais, garantindo celeridade, efetividade, eficiê ncia e eficá cia dos trabalhos
desenvolvidos pelos serviços forenses [1], [4].
É natural que o Poder Judiciário acompanhe o progresso tecnológico e adote novas

formas de gestã o de informaçã o por meio de sistemas que concretizem a aplicaçã o dos princı́pios
constitucionais e processuais, como o da eficiê ncia e da celeridade processual [3]. Desta forma,
busca-se a inserçã o de novas ferramentas de apoio a operaçã o do Direito objetivando promover o
aperfeiçoamento da gestão do conhecimento no judiciário [2].

∗Email:1apcastrojr@gmail.com,2wpcalixto@gmail.com,3vivianemargarida@gmail.com,4lais.fernanda2009@hotmail.c
om,5ernestofonsecaveiga@gmail.com,6alanadsm@gmail.com,7jhonathanbrandao@gmail.com† Universidade Federal de
Goiá s - Escola de Engenharia Elé trica, Mecâ nica e de Computaç ã o (EMC)‡ Instituto Federal de Goiá s (IFG) §
Universidade Federal de Goiá s - Instituto de Computaç ã o (IC)

2725
A pesquisa em decisões já proferida s é etapa essencial no fluxo processual,
reali-

zada basicamente por meio dos s´ıtios dos tribunais de justic¸a. A maioria das ferramentas
dispon´ıveis no Brasil para esse tipo de busca sa˜ o substancialmente textuais, tornando a pesquisa
morosa, trabalhosa e pouco produtiva [5]. O trabalho de estudar o processo e pesquisar por deciso˜
es similares e´realizado basicamente por Assessores de Magistrados.
Estes Assessores Judicia´rios, responsa´veis pela pesquisa na Internet, consomem tempo
significativo no trabalho de estudar o processo e encontrar, por meio de busca textual, de-
ciso˜es semelhantes ao caso em tela. A busca textual depende da interpretac¸a˜o da pessoa, bem
como da estruturac¸a˜o do banco de dados disponibilizado, podendo resultar em proble-mas na
precisa˜o da informac¸a˜o e na qualidade da recuperac¸a˜o, influenciando diretamentena minuta da
decisa˜ o para estudo pelo Juiz[5].
Assim, objetiva-se neste trabalho a construção de metodologia inteligente e automática para
mineração de dados em banco de dados de decisões em processos judiciais corre-
latos ao que está em julgamento, utilizando pesquisa semântica com Ontologia, ou seja,

robô implementado por software que receba conteú do sobre processos (natureza, á rea de ação,
polos, assunto, classe e parte principal do teor da petição inicial) e realize pesquisa
ao banco de dados do inteiro teor de outras decisões já proferidas no passado, encon-

trando a decisã o mais adequada, frente aos vá rios casos julgados. A intençã o é melhorar a precisã
o e a recuperação da informação.

2 Metodologia

O projeto teve in´ıcio com o levantamento dos sistemas do Judicia´ rio e as estruturas de da- dos
(diagramas de entidades e relacionamentos) dos ambientes que permitem a pesquisa textual no
banco de dados de deciso˜ es na Internet. Foi constru´ıdo ambiente tecnolo´ gico para simulac¸a˜ o e
testes usando Ruby-on-Rails com Elasticsearch e PostgreSql. Neste ambiente foram migrados
tantos os dados do inventa´ rio de processos do primeiro grau de Jurisdic¸a˜o quanto a base de dados
de sentenc¸as/deciso˜es.
Com a estrutura para simulc¸a˜o criada, foi iniciado a pro´xima etapa: construc¸a˜o da On- tologia

2726
Jur´ıdica. Para esta definic¸a˜ o semaˆ ntica, foi necessa´ rio definir o escopo de atuac¸a˜ o, visto o
grande volume de dados e naturezas processuais existentes no Judicia´ rio Goiano. Para os
primeiros testes, ficou estabelecido criar a Ontologia para as naturezas proces- suais de
Revisional e Consignato´ ria. Esta decisa˜ o foi baseada no volume de processos judiciais existentes
dessas classes processuais. Para a construc¸a˜ o da Ontologia foi utili- zada a ferramenta Protege´ [8].
A Ontologia Jurı́dica construı́da foi implementada no software de simulaçã o para aná lise da busca no
banco de dados de decisões monocráticas. Para analisar e comparar os

resultados dos experimentos foram aplicados mecanismos para medir a capacidade do algoritmo
em minerar os dados com e sem a Ontologia. As medidas utilizadasforam:

• Precisa˜ o (Precision): e´a % de instaˆ ncias classificadas corretamente como positivas dentre
todas as que foram classificadas como positivas pelo software, (1);

• Sensitividade (Recall): é a % de instâncias classificadas corretamente como positivas dentre


todas as que realmente são positivas, ( 2).

Verdadeiro Positivo
Precisão =
, (1)
V erdadeiro P ositivo + Falso P ositivo

2727
Verdadeiro Positivo
Sensitividade =
, (2)
Falso Negativo

Assim, o ambiente para simulação permite realizar as análises necessárias para tentar identificar
as vantagens na aplicação da Ontologia Jurı́dica na Mineração dos Dados.

2.1 Software de Simulação

O software Autosent, constru´ıdo para realizar a busca e classificac¸a˜ o das deciso˜ es judici- ais,
permite aplicar os mecanismos para medir a capacidade do algoritmo em minerar os
dados com ou sem a utilização da Ontologia. É software WEB utiliza a estrutura Model-

View-Controller (MVC), estrutura de banco de dados na˜o relacional de documentos e uma estrutura
de banco de dados relacional com duas tabelas principais:

• Tabela Inventários: Armazena os metadados de todos os processos em tramitação no


primeiro grau de jurisdição do Poder Judiciário Goiano;

• Tabela Sentenças: Armazena o inteiro teor das decisões/sentenças dos processos do


primeiro grau de jurisdição do Poder Judiciário Goiano.

Tanto no banco de dados nã o relacional quanto no relacional estã o armazenados o inteiro
teor das decisõ es dos processos. A pesquisa no Autosent é realizada no banco de dados nã o
relacional, por questõ es de performance, enquanto no banco de dados relacio- nal sã o realizados os
cálculos de Precisão e Sensitividade.
Visto que havia no Sistema de Deciso˜es Monocra´ticas (SDM) do Judicia´rio, em produc¸a˜o no dia
10/08/2016 as quantidades de informac¸o˜ es conforme Tab. 1. Os dados apresen- tados na Tab. 2 sa˜o
referentes a massa de dados utilizada para simulac¸a˜o e testes do ambiente proposto.

Tabela 1: Dados gerais do banco da aplicação SDM

2728
Descriç ã o Quantidade
Total de Sentenç as e Decisõ es 1.532.109
Total de Despachos e Informaçõ es 2.437.154
TOTAL GERAL 3.969.263

Tabela 2: Dados migrados para o Autosent


Descriç ã o Quantidade
Total de Processos na Tabela Inventa´ rios 1.757.132
Total de Sentenç as e Decisõ es na Tabela Sentenç as 100.000

A seguinte sequê ncia de passos foi realizada pelo ambiente tecnoló gico do Autosent:
1.Assessor Jurı́dico digita o nú mero do processo que irá fazer a minuta de decisã o; 2.Sis- tema
Autosent pesquisa a natureza, á rea de aç ã o, despachos realizados e tipo das partes no processo;
3.Aplica a Ontologia; 4.Faz a busca em todas as decisõ es/sentenç as já pro- feridas, pesquisando por
similares e 5.Aplica os cálculos de Precisão e Sensitividade.

3 Resultados

Realizadas as simulac¸o˜ es no Autosent, sem e com a aplicac¸a˜ o da Ontologia, tem-se que a pesquisa
sem uso da Ontologia obteve Precisa˜ o de 0,37 e Sensitividade de 0,34. Para a pesquisa com uso da
Ontologia, tem-se Precisa˜o de 0,66 e Sensitividade de 0,54. Estes resultados podem ser observados
na Figura 1.

Figura 1: Resultados das Simulações Realizadas.

2729
Os resultados das simulações, com o uso da Ontologia, indicam que há melhorias tanto nas decisõ
es verdadeiramente positivas retornadas frente aos falsos positivos retornados,

quanto na quantidade de decisões verdadeiramente positivas retornadas frente todas as que são
verdadeiramente corretas existentes no banco de dados, conforme Figura 1.

4 Conclusões

As simulações e testes iniciais demonstraram que a aplicação da Ontologia é viável para

mineraç ã o de dados em Decisõ es Judiciais, tanto na precisã o quanto na recuperaçã o das informaç õ
es. Outro ponto relevante é poder estabelecer a uniformizaç ã o das pesquisas no universo do inteiro
teor das decisõ es monocrá ticas, evitando que assuntos correlatos em processos possam ter decisõ es
divergentes.
Considerando que a base de dados utilizada para os testes possa haver erros no pro- tocolo dos
processos, 66% na precisa˜o e 54% na recuperac¸a˜o sa˜o nu´meros promissores. O trabalho ainda esta´
em desenvolvimento e como todos os testes realizados foram para os processos de naturezas
Revisional e Consignato´ ria, ha´ a intenc¸a˜ o de trabalhar outras natu- rezas correlatas e que podem
trazer resultados melhores. O objetivo final deste trabalho e´ demonstrar que a aplicac¸a˜ o da semaˆ
ntica, por meio da Ontologia, ira´ trazer conhecimento mais acertivo no processo de minerac¸a˜ o de
dados.

Referências

[1] S. J., EGON; F. S., PAULO; R. G., EDSON Gestã o de Conhecimento para Administraç ã o Judiciá ria:
Levantamento de Demandas de Conhecimento e Estabelecimento de Ontologias Revista Democracia Digital e
Governo Eletrônico, n. 05, 2011

[2] P. C. J., ANTÔ NIO; P. C., WESLEY; F. F., BEATRIZ Gestã o da Informaç ã o em Grandes Volumes de
Dados no Poder Judiciário V Coletânea Luso-Brasileira - Gestão da Informação,
Cooperação em Redes e Competitividade, Cap. 2, p. 61-78, 2014

[3] S., FERNANDA Informa´ tica e Organizac¸a˜ o do Poder Judicia´ rio Gesta˜ o Conhecimento, v.3, n.2, p. 12-24,
jul/dez. 2005.

2730
[4] J. R., AIRES; S. R. J., HÉLIO O Ato Administrativo Eletrônico sob a Ótica do Princı́pio da Eficiê ncia II
Conferê ncia Sul-Americana de Ciê ncia e Tecnologia Aplicada ao Governo Eletrô nico-CONEGOV, p. 33-44,
2005

[5] R. G. S., EDSON Representatino of Legal Knowledge Through Ontologies: Exercise in Electronic Government
International Conference on Information Systems and Technology Ma- nagement, 2009.

[6] C. C. M., MARIA Ontologia legal-Estudo sober a modelagem do conhecimento legal no contexto do direito
tributa´rio Preˆmio Schontag, 2006.

[7] H. M., ALBERTO; C. T., AUGUSTO Titulaç ã o Automá tica de Acordã os Baseado em Onto- logia
Jurisprudencial Revista Democracia Digital e Governo Eletrônico, v.2, n.3, 2010

[8] H., MATTHEW A Pratical Guide to Building OWL Ontologies using PROTE´ GE´ 4 and CO-ODE Tools. The
University of Manchester, 2011

2731
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2732 - 2736

O TRABALHO DOCENTE NO ENSINO MÉDIO PRIVADO SOB O PONTO DE


VISTA DA ATIVIDADE

Bruno BORGES

Programa de Pós-Graduação em Educação


Faculdade de Educação
brunoborgesudi@gmail.com

Palavras – chave: Educação; Trabalho Docente; Ergologia; Atividade.

Justificativa e base teórica

Nas últimas três décadas, em função da disseminação das práticas neoliberais e da


implementação de várias reformas educacionais de caráter privatizante no Brasil, houve uma
grande expansão das escolas particulares de ensino médio e de outros modelos de
privatização, tais como a gestão privada de instituições públicas ou o financiamento
público de instituições privadas. Nesse quadro ocorreu também o crescimento do número de
professores e professoras trabalhando neste tipo de instituição ou sob esse modelo de gestão.
Todavia, são poucos os trabalhos acadêmicos que exploram as condições de trabalho desse
segmento, já que há um predomínio de estudos sobre as instituições públicas e os docentes que
atuam nelas. Tem-se como premissa que o trabalho dos docentes no ensino privado é
diferente daquele realizado pelos docentes das instituições públicas. Porém, quais as
dimensões dessas diferenças? Considera-se que os constrangimentos sofridos pelos docentes
do ensino privado são diferentes daqueles vivenciados pelos docentes da educação pública.
Mas, de que maneira esses constrangimentos abalam ou alteram a prática pedagógica desses
professores e professoras? Ganha relevância, portanto, uma pesquisa com os professores e
professoras das escolas privadas de ensino médio abordando as condições em que
desempenham sua atividade, ou melhor, procurando compreender como o fato do seu
trabalho ser exercido especificamente numa instituição privada modifica ou provoca
inflexões em suas atividades pedagógicas.
Há aqui o entendimento de que os sujeitos ou coletivos de sujeitos não se
restringem a simplesmente executar as normas antecedentes. De acordo com a

2732
perspectiva da ergologia (SCHWARTZ, 2000, 2011; SCHWARTZ & DURRIVE, 2007;
ALVES, 2010, 2015, 2016; CHARLOT, 2008; ROSA, 2000, 2003) – principal aporte
teórico adotado – entre as normas prescritas e o trabalho real há um espaço em que se dá um
debate de normas, isto é, um debate entre as regras prescritas e a forma singular como cada
sujeito ou coletivo gere o instante do trabalhar. A atividade adquire, sob esse prisma, uma
dimensão enigmática que pressupõe um lado menos visível ou invisível. Essa renormalização,
esse retrabalho das normas, é multideterminada e inclui experiências, saberes, valores, regras
próprias, em suma, um fazer de outro modo. O trabalho, nessa perspectiva, se realiza na tensão
entre uso de si por outrem – as normas prescritas – e o uso de si por si mesmo – as normas

individuais ou do coletivo e as renormalizações efetuadas no aqui e agora da atividade1.

Objetivos
O objetivo geral da pesquisa parte da seguinte problemática: considerando o trabalho
docente a partir do ponto de vista da atividade, como se apresenta a experiência laboral dos
homens e mulheres, professores e professoras, na escola privada de ensino médio? Este
objetivo geral se desdobrará nos seguintes objetivos específicos:
4.1 - Existem diferenças significativas entre a prática pedagógica exercida no setor
privado e no setor público?
4.2 - Considerando que os constrangimentos sofridos pelos docentes do ensino privado
são diferentes daqueles vivenciados pelos docentes do ensino público, quais as dimensões e
características dessas diferenças?
4.3 – Levando em conta tanto as expectativas da escola-empresa com o trabalho de seus
funcionários quanto as expectativas dos docentes com a sua atividade, como os professores e
professoras do ensino básico privado demandam os usos de si?
4.4 - Quais as implicações para o trabalho dos professores e professoras – e, logo,
para as práticas pedagógicas – quando ele é exercido numa escola que também

1 A Ergologia é um campo de pesquisas que convida outras áreas do conhecimento, sobretudo as ciências do

trabalho, para pensar as situações de trabalho. A constituição do campo deu-se a partir da década de 1980 na
Universidade de Provence (França) – com as pesquisas de Yves Schwartz, Daniel Faïta e Bernard Vuillon – e
culminou, em 1999, com a criação do Departamento de Ergologia-APST (Análise Pluridisciplinar das
Situações de Trabalho). De acordo com Schwartz “A ergologia conseguiu juntar a história do conceito de
atividade, de um lado, com os ergonomistas e, de outro, com a herança da filosofia da vida de Georges
Canguilhem” (Trabalho, Educação e Saúde, v. 4 n. 2, p. 457-466, 2006).

2733
é uma empresa privada? Ou de outro modo: como as questões mercadológicas
influenciam nas questões pedagógicas?

Metodologia

A coleta de dados será2 realizada por meio da técnica de entrevistas semiestruturadas


com o uso de gravador de áudio. Por meio dos seus testemunhos os docentes expõem os usos
de si por outrem e os usos de si por si mesmos (ROSA, 2003).
Os [professores e professoras] dizem desses usos nos testemunhos, que
já no ato da entrevista deixaram de ser depoimentos pela palavra,
tornando-se testemunhos, porque é ela aproximação do si em direção
ao outro através de suas atividades de trabalho real onde têm lugar
esses usos. É a palavra, pois, testemunha. Os testemunhos tematizam,
explicam, diagnosticam o que é vivido naquele processo de
reconfiguração do uso de si: a densificação da dimensão gestionária
do trabalho. Esta é o núcleo reiterado em todos os testemunhos e
organiza-os, ou seja, é o uso de si que é reiterado e também organiza
os testemunhos. Portanto, o testemunho é história individual e também
social” (ROSA, 2003, p. XXIV)

A situação de entrevista é entendida também como uma situação de trabalho e, desse modo,
pressupõe o estabelecimento de relações de trabalho entre os trabalhadores entrevistados e o
trabalhador-pesquisador, relações de interdependência. Pressupõe também a existência de
normas antecedentes que orientam o trabalho e, claro, o debate de normas e os usos de si
pelos entrevistados e pelo entrevistador. O momento da entrevista é o do encontro entre o
conhecimento e a experiência, um encontro no qual os polos não se hierarquizam, onde não
há a submissão de um ao outro, mas uma aproximação entre os conceitos – trazidos pelo
pesquisador – e os centros de renormalização – os trabalhadores – e, por consequência, uma
aproximação em relação às atividades do trabalho real (ROSA, 2003).

2734
Discussão
O maior interesse do estudo é uma aproximação das formas pelas quais os docentes
do ensino médio privado demandam os usos de si tentando captar como o trabalho deles é
constrangido, abalado ou alterado pelo fato de ser realizado numa empresa privada. Uma
escola-empresa tem como objetivo promover a acumulação de capital, isto é, possui fins
lucrativos. O que esta organização espera de seus

A pesquisa está na sua fase inicial.

docentes funcionários? Que entreguem aos alunos-clientes a mercadoria educação. E o que os


pais e alunos-clientes esperam quando compram essa mercadoria? Que ela seja de qualidade
suficiente para permitir a conclusão do grau de ensino e um bom desempenho nos exames de
ingresso em cursos de nível superior, tais como os vestibulares e o Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM). E qual a expectativa dos docentes com o seu trabalho? Educar e
formar bem os seus alunos de maneira que eles tenham um desempenho satisfatório nos
exames – o que garante um bom conceito para a escola-empresa no mercado educacional,
mas deve também satisfazer a empresa e os clientes para o docente poder manter o emprego,
pois são comuns nessas instituições as pesquisas de satisfação do cliente. Essas pesquisas
funcionam como um dos referenciais para avaliar o trabalho de professores e professoras.

Considerações Finais
O ensino em âmbito privado tem crescido bastante no Brasil nas últimas
décadas. Esse crescimento deve-se, sobretudo, ao aumento de escolas mantidas pela iniciativa
privada – as escolas-empresas, mas também ao processo de transferência para as instituições
públicas da lógica gerencial das empresas privadas. É notório o crescimento de docentes
atuando neste tipo de instituição ou submetidos à uma gestão dessa natureza. Porém, são
poucos os trabalhos de pesquisa acadêmica que têm como foco o trabalho desses profissionais
e, principalmente, daqueles que atuam em escolas de nível médio. Muitos dos estudos que
optam pelo trabalho docente o analisam, geralmente, no contexto da escola pública e em
relação aos modelos pedagógicos, aos currículos, aos programas e avaliações sem, contudo,
abordarem de forma mais detida o ensino como trabalho. E quando o fazem, na maior parte
das vezes, tendem a considerar que os docentes executam as normas antecedentes da maneira
como são prescritas. Adquire importância, portanto, um estudo que tenha como pretensão

2735
um olhar mais abrangente sobre o trabalho desses professores, isto é, um movimento em

direção às áreas menos visíveis e enigmáticas dele.

Referências
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de valores, saberes e competências. Dissertação (mestrado acadêmico em Educação). Universidade Federal de
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industrial e da reestruturação produtiva. São Paulo: Edusp/Letras & Letras, 2003.

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acadêmica da década de 1990. Educação & Sociedade. Campinas, vol. 29, n. 102, p. 159-180, jan. /abr. 2008.

2736
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2737 - 2742

ESTUDO MICROTOMOGRÁFICO E BIOQUÍMICO DO ESTOJO CÓRNEO DE

BOVINOS DE APTIDÃO LEITEIRA: dados preliminares

Bruno Moraes ASSIS1*; Rhavilla Santos de OLIVEIRA2; Sara Sueli Ferreira de

ALMEIDA3; Reiner Silveira de MORAES3; Letícia Fernandes Barbosa NUNES3;

Isabella Cristina Souza MORAES3; Rogério Elias RABELO4.

1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Medicina Veterinária e


Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil (E-mail:
bruno.moraes.assis@gmail.com*).
2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal – UniversidadeFederal de Goiás –
Regional Jataí (E-mail: rhavillaoliveira@hotmail.com)
3 Aluno de graduação e iniciação científica em medicina veterinária – Universidade Federal de Goiás –
Regional Jataí (E-mail: sarasalmeida@hotmail.com; rmoraes@ualberta.ca; lenunes2006@hotmail.com;
isabellacsmoraes@gmail.com)
4Professore Adjunto do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, Jataí,
Goiás, Brasil: aloisiosv@hotmail.com; rabelovet@yahoo.com.br.

PALAVRAS CHAVE: casco, enxofre, microtomografia, túbulos córneos

JUSTIFICATIVA E BASETEÓRICA

Pesquisas direcionadas ao estudo do comportamento microestrutural do casco e os


fatores que possam influenciar a resistência e sua qualidade são escassas e em sua maioria
não elucidam o contexto atual da podologia dentro dos sistemas de criação. A
microtomografia (MT) têm sido empregada nos setores de geologia, engenharia mecânica
e civil, aeronáutica, odontologia e ortopedia (SILVA, 2012) e a idem (ER- XDE)
(BAJANOWSKI et al., 2001), nos setores de geologia, botânica e zootecnia. Essas
técnicas apresentam-se inovadoras, sendo utilizadas de forma experimental, na podologia
veterinária. Acredita-se que essas investigações, empregando estes métodos
complementares, fornecerão informações inéditas, na raça investigada, sobre a
microestrutura do casco, auxiliando a comunidade científica a elucidar os
questionamentos acerca da vulnerabilidade apresentadas por algumas espécies e raças de
bovídeos quanto à vulnerabilidade às doenças de podais (RABELO et al. 2015; ASSIS,
2015).

2737
Contudo, a realização desse estudo utilizando técnicas inovadoras e de ponta como a (MT)
e a (ER-XDE) no estudo da podologia de bovinos se justifica, pois, acredita-se que os
dados gerados por meio dessas técnicas serão de grande relevância gerando melhorias no
manejo profilático das enfermidades podais entre diferentes raças.

OBJETIVOS

O objetivo do estudo foi investigar e descrever a microestrutura do estojo córneo do casco


de bovinos da raça Girolando, por meio da MT e bioquímica dos minerais S, Ca, K, P, Zn
e Cu, por meio da técnica de ER-XDE, analisando a possível relação entre os achados e a
susceptibilidade destes animais quanto à ocorrência de enfermidades podais.

METODOLOGIA

O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais, Pró Reitoria de

Pesquisa e Inovação da UFG (CEUA-PRPI-UFG), protocolo no20/2014. Foram utilizadas


20 vacas adultas (24-60 meses) da raça Girolando, isentas de qualquer enfermidade podal.
Foram colhidas 80 peças anatômicas a partir do terço distal dos metacarpos e metatarsos
em frigorífico inspecionado, sendo um número padrão de 40 membros torácicos e 40
membros pélvicos, sendo 20 do membro esquerdo e 20 do direito. Para realização dos
testes de MT, e de ER-XDE retirou-se de cada dígito destinados a essas avaliações (total de
80 dígitos), três amostras colhidas do estojo córneo da muralha dorsal, muralha abaxial e
três amostras da sola pré-bulbar, com dimensões aproximadas de 10 mm x 10 mm. As
amostras colhidas foram devidamente limpas, assegurando-se a retirada de tecido mole e
sujidades, colocadas em embalagens plásticas e congeladas a -15° C.

RESULTADOS EDISCUSSÃO

Utilizando a técnica MT foi possível verificar que estojo córneo de vacas da raça
Girolando apresentou ausência de poros e túbulos córneos paralelos repletos de queratina
intratubular em formato helicoidal. Também foi possível mensurar a quantidade de túbulos
córneos presentes nas diferentes regiões do estojo córneo bem como o número de túbulos

2738
córneos/mm2. O estudo revelou que o estojo córneo desses animais apresentou maior
percentagem de túbulos córneos de 51 µm de diâmetro ao avaliar os dígitos dos membros
torácicos e pélvicos. No entanto, não houve diferença estatística significante entre esses
dígitos avaliados e também não foi evidenciada diferença estatística significante entre as
regiões da muralha dorsal, muralha abaxial e sola pré-bulbar quanto aos diferentes
diâmetros de túbulos córneos encontrados (p>0,05).
Tabela 1. Diâmetro, percentagem e número total de túbulos córneos presentes nos dígitos
de bovinos da raça Girolando por meio de microtomografia tridimensional
(MT)
DIG/HR/AS
PERCENTAGE OF HORN TUBULES (%)
DIAMETER (17 µm) (51 µm) (85 µm) (119 µm) (153 µm) No. TB/mm2

MT 36,76±3,91a 51,73±2,94a 9,95±1,16a 0,16±0,002a 0,00±0,00a 28,48±0,84a

MP 36,61±3,54a 48,75±3,65a 11,20±2,81a 0,47±0,023a 0,00±0,00a 35,97±0,87a

MD 36,82±1,35a 51, 28±2,99a 10,65±3,13a 0,31±0,012a 0,00±0,00a 28,43±0,31a

MAB 36,81±1,53a 50,53±3,13a 10,28±3,15a 0,96±0,062a 0,00±0,00a 35,96±0,49a

SOL 36,44±1,73a 48,85±3,85a 10,78±2,05a 0,03±0,004a 0,00±0,00a 35,15±1,51a

MÉDIA 36,69 50,23 10,57 0,39 0,00 32,80

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna e mesma variável não diferem entre si
(p>0,05).

DIG – dígitos; RC – Região do casco; LA – localização anatômica; MT – membro torácico; MP


– membro pélvico. MT – membro torácico; MP – membro pélvico; MD – muralha dorsal;

MAB – muralha abaxial; SOL – sola; NTB/mm2 – número de túbulos córneos por mm2.

Por meio da técnica de ER-XED, o estudo revelou que o mineral de maior concentração
no estojo córneo desses animais é o S em sequência o Ca, K, P, Zn e Cu (Tabela 1).

Tabela 1. Percentagem dos minerais S, Ca, K, P, Zn e Cu, presentes nos dígitos de


bovinos da raça Girolando obtida por meio de espectroscopia de raios X e
dispersão em energia(ER-XDE).

2739
DÍG/

RAC/LA COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA –ESPECTROSCOPIA DE

FLORESCÊNCIA DE RAIOS X

S (%) Ca (%) K (%) P (%) Zn (%) Cu (%)


MT 84,0±0,96a 8,69±5,27a 4,63±1,85a 3,43±0,85a 0,92±0,04 a 0,30±0,08a
MP 83,1±1,72a 9,11±3,33a 5,23±3,10a 3,76±0,76a 0,94±0,06a 0,33±0,05a

MD 84,5±1,61b 6,37±2,49a 3,44±1,11a 3,68±0,88a 0,93±0,01a 0,26±0,03a


MAB 85,1±0,85b 6,93±1,74a 3,59±0,32a 3,38±0,37a 0,94±0,06a 0,30±0,03b
S 84,0±1,04a 13,4±3,86b 7,77± 2,16b 3,72±1,12a 0,93±0,07a 0,40±0,01c
MÉDIA 84,14 8,85 4,93 3,59 0,93 0,32

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna e mesma variável não diferem entre si
(p>0,05).

Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna e mesma variável diferem entre si
(p<0,05 DIG

– dígitos; RC – Região do casco; LA – localização anatômica; MT – membro torácico; MP –


membro pélvico; MD – muralha dorsal; MAB – muralha abaxial; SOL – sola; S – Enxofre;
Ca
– Cálcio; K – Potássio; P – Fósforo; Zn – Zinco; Cu – Cobre.

Com base neste estudo, é possível inferir, que os bovídeos domésticos possam
apresentar padrão similar quanto à morfologia do estojo córneo, considerando a
organização e deposição helicoidal da queratina. Entretanto, os resultados encontrados
(Tabela 1) evidenciaram que o estojo córneo dos bovinos da raça Girolando apresentou
percentagem de túbulos córneos com 51 µm de diâmetro e número de túbulos córneos/

mm2 semelhantes aos achados descritos por Assis (2015), ao estudarbubalinos.


A composição bioquímica do estojo córneo de bovinos da raça Girolando, revelou que o S
é

2740
o mineral de maior concentração no casco desses animais. Dados semelhantes foram
evidenciados em estudos com bubalinos (ASSIS, 2015). Acredita-se que esse achado se
deve a importância desse mineral na formação dos túbulos córneos por meio das pontes
dissulfeto entre os aminoácidos metionina, cistina e cisteína (SCHROOYEN et al., 2001)
que confere maior estabilidade a estrutura e maior dureza (ASSIS, 2015). Outro achado
importante é que a sola apresentou maior contração de Ca, K e Cu, em relação as
muralhas. Sabe-se que esses minerais estão relacionados com a qualidade do estojo
córneo e que o Cu participa ativamente na síntese de queratina e melanina, conferido
maior qualidade ao estojo córneo (HOBLET & WEISS, 2001), contudo, o cobre está mais
relacionado com o metabolismo celular e não aos mecanismos estruturais, o que justifica
essa diferença de concentração.

CONCLUSÕES

Os bovinos da raça Girolando apresentam estojo córneo com túbulos córneos em


formato helicoidal e dispostos de forma paralela e apresentou ainda maior percentagem
de túbulos córneos de 51 µm de diâmetro ao avaliar os dígitos dos membros torácicos
e pélvicos. O estojo córneo dos bovinos Girolando se mostraram com maior concentração
de S nos dígitos dos membros torácicos e pélvicos e ainda maior concentração de Ca na
sola quando comparado aos estudos realizados com bubalinos. Diante disso, acredita-se
que as diferentes concentrações de minerais constituintes do estojo córneo dos bovídeos
estejam diretamente relacionadas a sua fragilidade.

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2742
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2743 - 2748

EFEITO DO USO DE POLÍMEROS NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE SOJA

COM Trichoderma spp.

Camilla Martins de OLIVEIRA1, Nayane Oliveira ALMEIDA2, Mara Rúbia da ROCHA2,

Cirano José ULHOA1


1Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia -GO, 74605-010, Brasil. 2Programa de pós-graduação em Agronomia,


Universidade Federal de Goiás, Goiânia -GO, 74605-010, Brasil. camillam.08@gmail.com

Palavras-chave: T. harzianum, germinação, Glycine max, controle biológico.

Introdução

O uso de sementes tratadas com agentes de biocontrole é uma das recomendações


para conter a transmissão de doenças via sementes e protegê-las contra patógenos de solo
(Benítez, 2004). Alguns isolados de Trichoderma spp. apresentam amplitude de ação no
antagonismo a fungos e bactérias, e têm sido referidos como promotores de crescimento,
melhorando a germinação de sementes e aumentando o crescimento e a produtividade das
plantas (Melo, 2007).
Produtos biológicos contendo polímeros naturais e/ou sintéticos como protetores de
esporos podem representar uma evolução para as bioformulações. Estes são capazes de
aumentar a manutenção do produto armazenado em temperatura ambiente sem perda de
eficiência (Nie, 2004), devendo garantir a sobrevivência e a eficiência do agente de
biocontrole, ser facilmente esterilizável, proporcionar boa adesão às sementes e não ser
tóxico às pessoas, animais e plantas, além de ser de fonte renovável (Keyser, 1992).
Neste contexto, a carboximetilcelulose (CMC) tem se mostrado um polímero
bastante promissor na preparação de misturas poliméricas e aplicação tecnológica como
veículo de inoculação. Tanto o CMC quanto a goma de cajueiro possuem alta capacidade de
formação de filmes e gel (Nie, 2004; Moura, 2009). Assim, o objetivo deste trabalho foi
avaliar dois polímeros, CMC e goma de cajueiro, como veículo de inoculação de
Trichoderma harzianum em sementes desoja.

2743
Metodologia

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Nematologia da Escola de


Agronomia na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia-GO. Foram utilizadas duas
cultivares de soja (BRSGO Luziânia e 5909 Nidera) e um isolado de T. harzianum (ALL 42),
que foi cultivado em grãos de arroz parboilizados umedecidos e autoclavados, mantidos em
câmara tipo BOD por sete dias a 25±2ºC, com fotoperíodo de 12 horas de luz e escuro. As
suspensões de esporos do fungo, após a lavagem com água destilada autoclavada, foram

calibradas a concentração de 5,8 x 109 conídios/mL.


Foram avaliados dois polímeros para aderência do T. harzianum no tratamento de
sementes: o CMC e goma de cajueiro (PEJU). O PEJU foi cedido pela prof.ª Dr. Kátia Flávia
Fernandes do Laboratório de Química de Polímeros da UFG. Foram realizados três testes de
germinação em rolos de papel umedecidos, com três repetições de 25 sementes mantidos à
temperatura de 25ºC±2ºC, a saber: 1) influência dos biopolímeros na germinação das
sementes; 2) germinação das sementes com biopolimeros + T. harzianum; e 3) viabilidade do
tratamento de sementes após 30 dias da inoculação com biopolimeros + T. harzianum.
Após três dias, foram feitas as contagens, contabilizando-se a porcentagem de plântulas
normais e plântulas anormais ou sementes mortas (Brasil, 1992).
A germinação em solo + areia (1:1) autoclavada, foi conduzida em vasos de
polietileno com sete plantas por vaso, em esquema fatorial 2x3: duas cultivares de soja e
três tratamentos, a saber: 1) CMC + T. harzianum; 2) PEJU + T. harzianum e
3) controle não inoculado. Foi avaliada a germinação das sementes e o tamanho de plantas
aos 7 e 21 dias após o plantio.

Resultados e discussão

A germinação das sementes de soja, das duas cultivares, tratadas somente com os
polímeros não diferiu do controle, o que já era esperado. Já que uma característica importante
e necessária nos polímeros é que estes não afetem negativamente o processo de germinação e
vigor das sementes (Nie, 2004). Contudo, com a inoculação do T. harzianum, a ‘BRSGO
Luziânia’ germinou menos que a ‘5909 Nideira’ (dados não mostrados). E, em relação ao
crescimento da radícula, houve diferença entre os tratamentos e o controle (Figura 1), em
que as radículas dos controles se desenvolveram menos. Em todos os tratamentos a ‘5909
Nidera’ se desenvolveu mais que a ‘BRSGO Luziânia’ (Figura 1).

2744
O teste em vasos foi mais representativo que os testes com rolo de papel, em que os controles
mostraram germinação inferior aos demais tratamentos (polímeros + T. harzianum). Das sete
sementes semeadas por vaso, dos controles ‘BRSGO Luziânia’ e ‘5909 Nidera’, germinaram
apenas cinco e quatro, respectivamente (Figura 2). Isto porque, o tratamento de sementes tem
a capacidade de controlar patógenos; melhorar o vigor das sementes; melhorar a absorção de
nutrientes; promover o crescimento e aumentar o rendimento das plantas (Menezes, 1992;
Harman, 2000). Entre os exemplos de culturas beneficiadas, podem ser citados o algodão e o
feijão, com aumento de 20% a 30% no índice de germinação (Nussinovitch, 1997).

Figura 1. Comparação do tamanho de radículas emitidas por cada tratamento e pelo controle
das cultivares Luziânia e 5909. Sementes tratadas com os produtos (CMC e PEJU +
T. harzianum) Luz= cultivar Luziânia, Contr= Controle (sem tratamento e sem Trichoderma),
5909= Cultivar 5909 Nideira.

Em relação ao tamanho de plantas foram observadas diferenças, a ‘5909 Nidera’ tratada


com CMC presentou uma diferença de sete centímetros em relação ao controle (Figura 3). O
polímero também pode influenciar a germinação das sementes, inibir o ressecamento das raízes,
controlar a infestação por patógenos e auxiliar na fertilização do solo nas proximidades da
semente, além de colaborar com o estabelecimento do agente de biocontrole (Nussinovitch,
1997). Além disto, os fungos de controle biológico no tratamento de sementes gênero
Trichoderma atuam no controle de patógenos de plantas também promovem o crescimento
(Menezes, 1992; Harman, 2000).

2745
Na viabilidade do tratamento de sementes, após trinta dias de inoculadas, houve

decréscimo na germinação da ‘BRSGO Luziânia’ (Tabela 1). Isto também foi observado no
controle, indicando que os polímeros não afetam negativamente a germinação das sementes. A
‘BRSGO Luziânia’ em comparação com ‘5909 Nidera’ é uma cultivar mais sensível. Isto
porque, a germinação na ‘5909 Nidera’ com CMC diminuiu apenas 1,6% e a ‘5909 Nidera’ com
PEJU aumentou em 4% (Tabela 1). Este resultado é importante, pois o armazenamento das
sementes tratadas favorece o não aparecimento de patógenos na semente, protegendo-a, e
também contra próprios efeitos do ambiente devido às diversas condições de armazenagem.
Pereira et al. (2005), avaliaram a qualidade e a capacidade de germinação de sementes de milho
em termos do recobrimento por filmes poliméricos e tempo de armazenamento. Os autores
concluíram que os polímeros não afetaram a germinação das sementes por um período de até
seis meses de armazenamento. Diante o exposto, sugerem-se testes futuros para determinar por
quanto tempo pode-se armazenar as sementes sem afetar a viabilidade do
T. harzianum e o poder de germinação da semente, em ensaios de campo.
Sementes germinadas

0
Luz.
Luz. Luz. 5909 590 5909
Cont
CM PEJ PEJ 9 Contr
r
C U U CM
C

Figura 2. Comparação da germinação entre os tratamentos nos vasos com solo. Luz=
cultivar Luziânia, Contr= Controle (sem tratamento e sem Trichoderma), 5909= Cultivar
5909 Nideira.

2746
Figura 3. Comparação do melhor tratamento em relação ao tamanho de plantas do
teste realizado em vasos. Crt= Controle (Sem tratamento e sem T. harzianum).

Tabela 1. Viabilidade do tratamento de sementes de soja com T. harzianum e polímeros,


dado em
porcentagem de sementes germinadas.
Crt CMC PEJU
Avaliação
Luziânia 5909 Luziânia 5909 Luziânia 5909
1 1
Teste A 100% 88% 84% 96% 80% 96%
2
Teste B 77,7% 100% 61,1% 94,4% 55,5% 100%

1 Teste A: Teste de germinação das sementes logo em após tratamentos. 2 Teste B: Teste de

germinação após 30 dias do tratamento de sementes.

Conclusões

Os produtos utilizados para aderência do fungo nas sementes (CMC e PEJU) não
afetaram a germinação das sementes de soja. A ‘5909 Nidera’ mostrou melhor resposta em
relação ao tamanho de plantas. Assim, as sementes podem ser armazenadas tratadas sem
grandes de perdas.

2747
Referências bibliográficas

BENÍTEZ, T.; RICÓN, A. M; LIMÓN, M. C.; CODÓN, A. C. Biocontrol mechanisms of


Trichoderma strains. International Microbiology, v. 7, n.1, p. 249-260, 2004.

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Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.

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visando o controle de Macrophomina phaseolina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FITOPATOLOGIA, 25., 1992, Brasília. Resumos... Brasília: Sociedade Brasileira de
Fitopatologia, 1992. 159 p.

MOURA, R. E. Síntese de nanopartículas à base de goma do cajueiro para aplicação em


sistemas de liberação de fármacos. 2009. 81 f. Dissertação (Mestrado em Química)–
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2009.

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hydrogel and its degradation behavior in soil. Carbohydrate Polymers, n. 58, n. 2, p.185-189,
2004.

NUSSINOVITCH, A. Hydrocolloid Application: Gum Technology in the foodand other


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PEREIRA, C. E.; OLIVEIRA, J. A.; EVANGELISTA, J. R. E. Qualidade fisiológica de


sementes de milho tratadas associadas a polímeros durante o armazenamento Ciênc. Agrotec.
2005, 29, 1201.

2748
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2749 - 2753

CONHECIMENTO SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS E/OU


FITOTERÁPICOS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE ATUAM NA ATENÇÃO À
SAÚDE INDÍGENA

Carlos Cristiano Oliveira de Faria Almeida, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em


Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFG. carlosalmeida@ufg.br
Prof. Dr. Marcelo Medeiros, Orientador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da
Faculdade de Medicina da UFG. marcelofen@gmail.com

Palavras-chave: Plantas Medicinais, Saúde de Populações Indígenas e Pessoal de Saúde.

Justificativa

Os estudos com fitoterápicos visam garantir a qualidade do produto, devem incluir


conhecimentos botânicos, agronômicos, químicos, farmacológicos e toxicológicos das plantas
medicinais a serem utilizadas. Visto que as exigências de segurança, eficácia e qualidade dos
produtos naturais estão cada vez mais rígidas, a entrada ou permanência desses produtos no
mercado dependem de estudos científicos que se preocupem com a obtenção de matérias-primas
controladas, o desenvolvimento de tecnologias apropriadas para a produção de extratos vegetais,
além da realização de ensaios clínicos (SIMÕES e SCHENKEL, 2002).
O Brasil possui uma das maiores diversidades em plantas no mundo, com cerca de

55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre 350 – 550.000 (GUERRA e


NODARI, 2001). Entretanto, apesar de tamanha diversidade, nosso país não tem tido uma atuação
destacada no mercado mundial de fitoterápicos, ficando inclusive atrás de países menos
desenvolvidos tecnologicamente (YUNES et al, 2001). Esse problema deve-se tanto pela falta
de estudos quanto pela falta de investimento e incentivo à produção e pesquisa na área
(SIMÕES e SCHENKEL, 2002).
Outro grande problema apontado é a falta de qualidade dos produtos fitoterápicos
brasileiros, o que dificulta a concorrência destes no mercado mundial. Ainda em 1985, Farias e
colaboradores chamaram a atenção para o problema da baixa qualidade das formulações
farmacêuticas na área dos fitoterápicos brasileiros. Segundo seus estudos, a qualidade está
intimamente ligada à qualidade da matéria-prima. Entretanto, de um modo geral, as produções

2749
fitoterápicas no Brasil eram obtidas a partir de plantas silvestres, de acordo com as necessidades
dos laboratórios, sem épocas ou locais definidos de coleta.
Após 20 anos, novas pesquisas apontam para o mesmo problema, indicando que o Brasil
pouco cresceu na área da produção de ervas medicinais. Nascimento et al (2005), encontrou os
mesmos problemas de falta de qualidade nos produtos fitoterápicos brasileiros, também devido à
falta de matéria-prima de qualidade controlada. O mesmo autor ainda afirma que o controle de
qualidade de um produto envolve várias etapas que vão desde a obtenção da matéria-prima,
passando por todo o processo de produção, culminando com a análise do produto final. Através
do cultivo de plantas medicinais, muitos desses problemas poderiam ser contornados, entretanto
essa prática ainda é pouco usual em nosso meio.
Para a elaboração do referencial teórico foram utilizados os marcos de regulamentação
brasileira acerca de plantas medicinais: a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares do Sistema Único de Saúde; a Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos; o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos; o Manual de Boas
Práticas Agrícolas de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares; e a Resolução nº 10 da
Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
A caracterização das plantas relatadas pelos profissionais de saúde indígena a serem
entrevistados será feita utilizando a vasta literatura apresentada pelo Professor Francisco José
de Abreu Matos. Esses documentos servirão de base para avaliar o conhecimento sobre plantas
medicinais e fitoterapia dos profissionais de saúde que atuam na área indígena.
Ante o exposto, foram levantados alguns questionamentos: como é o uso de plantas
medicinais e/ou fitoterapia pelos profissionais de saúde que atuam na área indígena? Como será o
discurso desses profissionais, sobre plantas medicinais e/ou fitoterapia? Qual são os significados do
o uso dessas plantas medicinais e/ou fitoterápicos no cotidiano assistencial na saúde indígena?
Assim sendo estabelecemos os objetivos descritos a seguir.

Objetivos

Objetivo Geral

• Compreender sobre o uso de plantas medicinais e/ou fitoterapia pelos profissionais que
atuam na área assistencial de saúde indígena.
Objetivos Específicos

• Analisar os significados do o uso das plantas medicinais e/ou fitoterápicos no cotidiano


assistencial na saúde indígena.

2750
• Construir o Discurso do Sujeito Coletivo dos profissionais de saúde que atuam na área
assistência de saúde indígena, sobre plantas medicinais e fitoterapia.

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória de abordagem qualitativa, descritiva e


exploratória, que buscará avaliar o conhecimento sobre plantas medicinais e fitoterapia dos
profissionais de saúde que atuam na área indígena. Será feita a identificação do conhecimento sobre
plantas medicinais e fitoterapia desses profissionais, por meio da construção do Discurso do Sujeito
Coletivo.
O presente projeto será desenvolvido nas Casas de Apoio à Saúde do Índio (CASAI)
nas cidades de Goiânia e Brasília. As CASAIs integram a rede de referência para a assistência à
Saúde Indígena em consonância com o Sub-Sistema de Saúde Indígena previsto no marco
referencial de saúde no Brasil. Essa estrutura foi constituída para abrigar e cuidar dos pacientes
e seus acompanhantes, no período de assistência à saúde em serviços de referência fora das
aldeias indígenas (CHAVES; CARDOSO; ALMEIDA, 2006).
A escolha dessas duas CASAIs (Goiânia e Brasília) é dada pelo fatos dessas serem
referência para a região Centro-Oeste e Norte e atende indígenas de diversas etnias.
Visando o estabelecimento do discurso do sujeito coletivo, por meio da reconstrução e a
representação de um discurso com conteúdo ampliado, é necessário a abordagem de diversos
sujeitos, com vivências distintas, dentro de uma mesma temática (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).
Sendo assim, serão incluídos no estudo os profissionais de saúde que conheçam a realidade da
atenção à saúde indígena.
O critério de inclusão do sujeito no estudo será: profissional de saúde que tenha atuado
na CASAI ou em atenção a saúde em área indígena por um período de pelo menos seis meses, que
tenha disponibilidade de participar de uma entrevista de cerca de trinta a quarenta minutos com o
pesquisador e que concorde com os termos do estudo.
Devido a importância da participação coletiva e diversa para a construção do
discurso do sujeito coletivo, somente serão excluído do estudo o profissional que se encontrar de
férias ou outra licença trabalhista que o impossibilite de estar na CASAI no momento da coleta de
dados
Será realizada uma entrevista semi-estruturada, que será dividia em duas partes. Na
primeira serão obtidos dados de identificação do sujeito e na segunda parte serão buscadas

2751
informações referentes ao conhecimento do profissional de saúde sobre plantas medicinais. Durante
a entrevista serão feitas perguntas visando identificar a existência de conhecimento prévio do sujeito
sobre plantas medicinais, por meio de contatos com essa temática antes da atuação na saúde
indígena.
Os dados serão coletados em um local discreto, com privacidade, para que o
entrevistado possa ter a liberdade e tranquilidade para desenvolver as respostas. As falas serão
gravadas em audio para que se possa absorver o máximo de informações contidas nos discursos. O
roteiro de entrevista é semi-estruturado, podendo o pesquisador aprofundar um pouco mais em
determinado fato que não tenha ficado claro na fala do sujeito. O tempo previsto para cada
entrevista será de trinta a quarenta minutos.
Os dados coletados serão analisados visando a construção do Discurso do Sujeito Coletivo
dos profissionais de saúde que atuam na saúdeindígena.
Será também utilizado o programa Qualiquantisoft, desenvolvido pela Faculdade de Saúde
Pública da USP-SP, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de pesquisas que utilizam o
DSC. Sua utilização facilitará as atividades analíticas, minimizando o processo operacional do
pesquisador.

Resultados/Discussão/Conclusão

O presente estudo aguarda aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas
da UFG para ser desenvolvido.

Referências bibliográficas

CHAVES, M.B.G.; CARDOSO, A.M.; ALMEIDA, C. Implementação da política de saúde


indígena no Pólo-base Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasil: entraves e perspectivas. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 22, n. 2, p. 295-305, Feb. 2006 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2006000200007&lng=en&nrm=iso>. access on 25 Nov. 2015.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2006000200007.

GUERRA, M.P.; NODARI, R.O. Biodiversidade: aspectos biológicos, geográficos, legais e éticos.
In: SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ,
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LEVEFRE, F. e LEVEFRE, A.M.C. Depoimentos e Discursos uma proposta de análise em
pesquisa social. Série Psquisa v. 12. Liber Livros Editora. Brasília, 2005.

NASCIMENTO, V.T., LACERDA, E.U., MELO, J.G., LIMA, C.S.A., AMORIM, E.L.C.,
ALBUQUERQUE, U.P. Controle de qualidade de produtos à base de plantas medicinais
comercializados na cidade do Recife-PE: erva-doce (Pimpinellaanisum L.), quebra-pedra
(Phyllanthus spp.), espinheira santa (Maytenusilicifolia Mart.) e camomila (Matricariarecutita L.).
Rev.Bras.Pl.Med., Botucatu, v.7, n.3, p.56-64, 2005.

SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P. A pesquisa e a produção brasileira de medicamentos a partir


de plantas medicinais: a necessária interação da indústria com a academia. Rev Brás de
Farmacognosia, v. 12, n. 01, p. 35 – 40, 2002.

YUNES, R.A.; PEDROSA, R.C.; FILHO, V.C. Fármacos e fitoterápicos: a necessidade do


desenvolvimento da indústria de fitoterápicos e fitofármacos no brasil. Quim. Nova, Vol. 24, No.
1, 147-152, 20

2753
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2754 - 2759

A BIOÉTICA COMO DISCIPLINA NA FORMAÇÃO FARMACÊUTICA

Carlos Eduardo Silva BARBOSA


Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/Faculdade
de Medicina. ces.barbosa@hotmail.com

Palavras-chave: ensino, currículo, bioética, farmácia.

JUSTIFICATIVA/BASE TEÓRICA

A responsabilidade ética do farmacêutico é evidente nas políticas públicas, centradas


no acesso com equidade a medicamentos eficazes e de qualidade, em seu uso racional, em que
os benefícios superem (amplamente) os riscos e os custos.
A Resolução CNE/CES nº 2, de 19 de fevereiro de 2002 (BRASIL, 2002), institui
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia. Segundo o art. 3º da
resolução.
A polêmica resolução, em seu artigo 7º apresenta as “atribuições clínicas do
farmacêutico relativas ao cuidado à saúde, nos âmbitos individual e coletivo”, o que torna
clara a necessidade do estudo de Bioética não apenas em seus aspectos deontológicos, mas
conceituais, filosóficos, humanísticos de forma geral, como se nota:

IV – Analisar a prescrição de medicamentos quanto aos aspectos


legais e técnicos (...);
VII - Prover a consulta farmacêutica em consultório farmacêutico
ou em outro ambiente adequado, que garanta a privacidade do
atendimento;
VIII - Fazer a anamnese farmacêutica, bem como verificar sinais e
sintomas, com o propósito de prover cuidado ao paciente;
IX - Acessar e conhecer as informações constantes no prontuário do
paciente; (...) XI - Solicitar exames laboratoriais, no âmbito de sua

2754
VII competência profissional, com a finalidade de monitorar os
resultados da farmacoterapia;
XII - Avaliar resultados de exames clínico-laboratoriais do paciente,
como instrumento para individualização da farmacoterapia; (...)
XVII - Elaborar o plano de cuidado farmacêutico do paciente(...);
XXI - Realizar, no âmbito de sua competência profissional,
administração de medicamentos ao paciente; (...)
XXVI - Prescrever, conforme legislação específica, no âmbito de sua
competência profissional.

Dada a importância da Bioética para a atuação do farmacêutico, este trabalho tem como
objetivos quantificar as faculdades de farmácia no estado de Goiás e as com melhor e pior
classificação no Brasil e verificas as que têm a disciplina de Bioética em sua matriz curricular.

2 METODOLOGIA

O trabalho consistiu na análise dos programas e matrizes curriculares dos cursos de


graduação em farmácia classificados no Ranking Universitário Folha (2015).
Foi feita a associação das instituições com melhor e pior classificação, bem como as
do estado de Goiás, quanto a presença de disciplinas de Bioética.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma pesquisa no site do e-MEC (2016) apresenta 570 cadastros de cursos de


graduação em Farmácia ativos. O Ranking Universitário Folha (2015) o Brasil classificou 335
faculdades de farmácia no Brasil.
Das dez universidades com melhor classificação (das quais uma está localizada no
estado de Goiás), a ética e/ou a Bioética, segundo a grade curricular, ementa ou programa dos
cursos, é abordada da seguinte forma: na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP,
S.d) o curso contempla disciplina de Ética e Bioética. O programa consultado não apresenta
bibliografia, entretanto. A Universidade Federal de Minas Gerais contempla em sua grade as
disciplinas Farmácia e Sociedade e Ética e Deontologia (UFMG, 2016). Na Universidade de
São Paulo, para além de Deontologia e Legislação Farmacêuticas (USP, 2016), não consta

2755
ética e/ou Bioética para o curso de farmácia. Na Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (UNESP, 2013) não consta disciplinas de ética e/ou Bioética. O mesmo se
observa na Universidade Federal do Paraná, que contempla Bioética em sua grade optativa,
mas não na obrigatória (UFPR, 2016). A Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem
Saúde Coletiva e Bioética como disciplina obrigatória (UFRGS, 2016). A Universidade
Estadual de Londrina tem a disciplina Legislação, Deontologia e Bioética (UEL, 2005). Na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, apesar de se fazer referência à Bioética em algumas
das disciplinas do currículo, como Metodologia Científica e Farmacologia Clínica, a
disciplina não existe ou não foi encontrada na grade (UFRJ, 2012). Na Universidade Federal
de Goiás (UFG, S.d), apesar de a ementa da disciplina Deontologia e Legislação Farmacêutica
contemplarem Bioética, esta não foi encontrada como parte da grade do curso. Na
Universidade Federal do Espírito Santo, consta a disciplina Bioética e Legislação
Farmacêutica (UFES, 2008):

Apesar de nem sempre os programas das disciplinas ou o Projeto Pedagógico estarem


disponíveis, com base nestes ou nas grades curriculares observa-se assim que, das 10
faculdades brasileiras melhor ranqueadas no curso de farmácia, tem disciplinas que
envolvam ética/Bioética, de forma específica e obrigatória, cinco (50%): a UNICAMP, a
UFMG, a UFRGS, a UEL e a UFES.
Observa-se que apesar da aparente excelência no ensino, segundo os critérios
nacionais de avaliação, o ensino é voltado para a área técnica, mas as áreas de humanidades e
em especial as discussões de dilemas éticos não são enfaticamente contemplados, em uma
abordagem mais tradicional e portanto menos voltada para as mudanças constantes do século

2756
XX, como classificam Johnson e Novaes (2009).
Das dez com pior classificação (uma pública (UNIBAVE) e nove privadas), sendo
duas localizada no estado de Goiás, a ética e/ou a Bioética, segundo a grade curricular, ementa
ou programa dos cursos, é abordada da seguinte forma: Bioética consta como matéria do curso
de farmácia da Faculdade de Educação em Meio Ambiente (FAEMA, 2007); no Centro
Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste (UNIDESC, 2016) consta a disciplina de
Ética em Saúde; nas matrizes curriculares do Centro Universitário Barriga Verde, a única
instituição pública desta lista (mas não gratuita) (UNIBAVE, 2014), não consta disciplinas
específicas de ética e Bioética (UNIBAVE, 2015); assim como a Matriz curricular do curso de
farmácia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Aimorés (FUNEC, 2015); das Faculdades
Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR, 2016). Não foram encontrados dados sobre a matriz
curricular da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco (FASF, 2016 a,
b, c). Na Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares (UNIPAC, 2016)
não constam disciplinas específicas de ética e Bioética para o curso de farmácia. O site do
Centro Universitário São José de Itaperuna não havia sido adicionada a matriz no momento do
acesso (UniFSJ, 2016). A matriz curricular do Instituto de Ensino Superior de Fortaleza
(UNICE, 2016) não inclui ética ou Bioética, assim como a Faculdade Metropolitana de
Anápolis (FAMA, 2016).
Apesar de nem sempre os programas das disciplinas ou o Projeto Pedagógico não terem sido
encontrados, para nenhuma das instituições citadas, bem como duas das grades, nas grades
curriculares, observou-se que das 8 grades consultadas, das 10 faculdades brasileiras pior
ranqueadas no curso de farmácia, tem disciplinas que envolvam ética ou Bioética, de forma
específica e obrigatória, duas (25%): FAEMA, UNIDESC.
No Estado de Goiás a melhor classificada encontra-se em nono lugar e a pior classificada
encontra-se em último lugar no Ranking nacional. O estado registra 19 faculdades de farmácia,
aproximadamente 5,7% das faculdades do Brasil.

2757
Das instituições goianas as duas com melhor classificação no Ranking são públicas
(UFG e UEG) e as demais são privadas ou pública e não gratuita (FESURV), conforme artigo
10º do Estatuto da UniRV (2004).
Apesar de constar Deontologia e Legislação Farmacêutica nos cursos, a Bioética não é
contemplada ou não o é de forma direta (ainda que este trabalho não possa afirmar sobre
eventuais abordagens transversais) na maior parte dos cursos.

Assim, ainda que se imagine que a Bioética é abordada de forma interdisciplinar se


pode questionar sobre a formação dos professores de outras disciplinas na abordagem destes
conteúdos – que eventualmente não foram abordados em suas próprias graduações e não faz
parte de suas áreas de interesse e estudo.

4 CONCLUSÃO

Observa-se que a Bioética encontra-se atualmente “desassistida” apesar desta ser

2758
essencial ao farmacêutico, especialmente em um país subdesenvolvido como o Brasil e com
a aprovação da Resolução 585 (BRASIL, 2013), que regulamenta a prescrição farmacêutica.

Das 335 faculdade de farmácia avaliadas no Brasil, dentre as 570 em atividade, os


cursos de Bioética (excluídas as disciplinas de deontologia e legislação e as que contemplam
Bioética como tema transversal) estão presentes em cerca de 40% das faculdades classificadas
dentre as melhores e em 25% das faculdades com pior classificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Resolução 585 de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do


farmacêutico e dá outras providências. Disponível em
<http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/585.pdf>. Acesso em 11 jun. 2016.

BRASIL. Resolução CNE/CES nº 2, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes


Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia.

E-MEC. Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados. 2016. Disponível em <


http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em 16 jun, 2016.

JOHNSON, Adriana Patricia Acuña; NOVAES, María Rita Carvalho Garbi. Formación ética
del farmacéutico. In: NOVAES, María Rita Garbi; LOLAS, Fernando; QUEZADA, Álvaro
(editores). Ética y farmacia: una Perspectiva Latinoamericana. Santiago: Acta Bioethica. n. 2,
p. 19-333, 359. Centro Interdisciplinario de Estudios en Bioética - Universidad de Chile
Programa de Bioética - OPS/OMS. Disponívem em <
http://actabioethica.cl/docs/eticayfarmacia.pdf >. Acesso em 11 jun. 2016.

RANKING UNIVERSITÁRIO FOLHA 2015. Folha de São Paulo, 2015. Disponível em


<http://ruf.folha.uol.com.br/2014/rankingdecursos/farmacia/ > Acesso em 11 jun. 2016.

*Os dados referentes a programas, planos, ementas foram consultados no site das faculdades
ou Diário Oficial da União durante o mês de junho de 2016. Os links encontram-se à
disposição do leitor, com o autor.

2759
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2760 - 2768

CATALISADORES HETEROGÊNEOS PARA PRODUÇÃO DE


CHALCONAS: REAÇÃO DE CONDENSAÇÃO DE CLAISEN- SCHMIDT

Caroline WINTER, Caridad Noda PÉREZ, Christian Gonçalves ALONSO Pós


Graduação em Química – Instituto de Química/UFG Goiânia
caroline.winter8@gmail.com - Bolsista CAPES

Palavras-Chave: Catálise heterogênea, Claisen-Schmidt, Carvões Ativados, Óxidos


Metálicos

BASE TEÓRICA

A literatura reporta que os flavonóides, os quais apresentam funções


terapêuticas, se encontram divididos em subclasses baseadas nas diferenças estruturais
em seu núcleo fundamental, e compondo uma dessas subclasses estão compostos
extensivamente estudados e frequentemente submetidos a alterações estruturais em
busca de moléculas mais ativas frente à miscelânia de atividades biológicas relatadas,
as chalconas ou 1,3-diaril-2-propen-1-onas, quimicamente conhecidas como cetonas
aromáticas α,β-insaturadas (TOMÁS- BARBERÁN & CLIFFORD, 2000).
As chalconas apresentam propriedades antimaláricas (DOMINGUEZ et al.,
2001), anti-inflamatórias (WON et al., 2005), antivirais (MALLIKARJUN et al., 2004),
antibacterianas (TSUKIYAMA et al., 2002), antileishmaniais (CHEN et al., 2001),
antiparasitárias (NARENDER et al., 2005), antidepressivas (OZDEMIR et al., 2006),
antioxidantes (VOGEL et al., 2008), herbicidas (BITENCOURT et al., 2007) e
anticarcinogênicas (MODZELEWSKA et al., 2006).
Segundo CLIMENT et al. (1995), as chalconas são comumente sintetizadas via
condensação de Claisen-Schmidt entre derivados de acetofenona e de benzaldeído.
Esta reação é catalisada por ácidos e bases sob condições homogêneas. No entanto,
reações homogêneas apresentam vários inconvenientes, tais como a recuperação do
catalisador e problemas de

2760
destinação de resíduos. Ante o exposto, catalisadores heterogêneos podem ser considerados
como uma alternativa ambientalmente correta, já que podem ser facilmente recuperados, por
exemplo, por filtração.

OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho consiste em sintetizar e selecionar catalisadores heterogêneos


ativos e seletivos à produção de chalconas.
Para tanto, foram elencados os seguintes objetivos específicos: Síntese de catalisadores
heterogêneos;

Caracterização dos catalisadores;

Testes catalíticos para a reação de Claisen-Schmidt; Avaliação da


conversão da reação por cromatografia líquida.

METODOLOGIA

Preparo de Óxidos Metálicos

Os óxidos metálicos foram preparados por reidratação (R) em rotaevaporador, e, após


secagem em estufa, calcinou-se em mufla à 450 ᵒC para o óxido de magnésio (MgO) e 500 ᵒC
para os demais óxidos (nióbio, lantânio e titânio), por 2 e 4 horas, respectivamente, e sua
atividade catalítica foi avaliada na reação de Claisen-Schmidt. Outro método de síntese por
tratamento hidrotérmico (T.H.) foi avaliado para o MgO. Os óxidos também foram
submetidos à impregnação com césio em rotaevaporador, secos em estufa, calcinados
novamente e avaliados na reação de Claisen-Schmidt.

Preparo de Carvões Ativados

Visto que não foram encontrados relatos na literatura de seu uso na reação de
Claisen-Schmidt e na tentativa de se encontrar uma inovação entre materiais de

2761
baixo custo, carvões ativados de elevada área B.E.T e considerável basicidade foram
também avaliados na reação: Carvão de babaçu bruto (CBB), Carvão de babaçu tratado com
NaOH (CBT), Carvão de dendê bruto (CDB), Carvão de dendê tratado com NaOH (CDT),
Carvão de coco da Bahia bruto (CCB), Carvão de coco da Bahia tratado com NaOH (CCT),
Carvão de osso de boi Bruto (COB), Carvão de osso de boi tratado com NaOH (COT).
O tratamento com NaOH foi realizado adicionando-se os carvões à uma solução de
NaOH com concentração de 2,0 mol/L. A mistura foi mantida sob agitação em shaker por
48 horas, filtrada e seca em estufa à 130 °C por 24 h.
Os catalisadores de carvão foram testados na reação de Claisen-Schmidt.

Reação Catalítica

A reação conduzida para a avaliação catalítica é a de condensação de Claisen-


Schmidt entre Acetofenona e 4-Nitrobenzaldeído à temperatura ambiente por 24 horas.
A razão estequiométrica de acetofenona:benzaldeído é de 1:1,e utilizou-se a razão
molar de 2 mmol:2 mmol destes reagentes. O solvente utilizado no meio reacional foi o
metanol, devido ao baixo custo e melhor eficiência reportada na literatura e
comprovada experimentalmente. A dimetilformamida (DMF) também foi testada como
solvente, porém não foi eficiente na síntese do produto desejado. A quantidade de
catalisador corresponde a 30% da massa de acetofenona utilizada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 a seguir apresenta os resultados de conversão obtidos para todos os catalisadores


na reação de Claisen-Schmidt após 24 horas.

2762
Tabela 1. Conversão em relação aos reagentes Acetofenona e Benzaldeído.

Conversão Conversão
Conversão
Acetofenona Média
Catalisador Benzaldeído (%)
(%) (%)

MgO (R) 71,37 70,51 70,94±0,49

Cs-MgO (R) 50,50 40,01 45,26±5,94

MgO (T.H) 48,76 38,27 43,52±5,94

Cs-MgO (T.H) 51,94 41,27 46,61±6,04

La2O3 44,60 37,85 41,23±3,82

Cs-La2O3 44,15 34,65 39,40±5,38

Nb2O5 46,41 43,11 44,76±1,87

Cs-Nb2O5 44,66 36,68 40,67±4,52

TiO2 41,45 38,75 40,10±1,53

Cs-TiO2 43,90 35,21 39,56±4,92

C.B.B. 42,85 38,82 40,84±2,28

C.B.T. 90,39 92,38 91,39±1,13

C.D.B. 45,93 35,61 40,77±5,84

C.D.T. 73,10 70,11 71,61±1,69

C.C.B. 39,90 39,11 39,51±0,45

C.C.T. 51,01 46,80 48,91±2,38

C.O.B. 38,97 36,13 37,55±1,61

C.O.T. 54,80 53,82 54,31±0,55

2763
A conversão mais alta entre os catalisadores de óxido de magnésio reidratados
foi obtida para aquele não impregnado com césio, possivelmente porque a
impregnação de césio diminuiu o diâmetro de poro, afetando a reação catalítica. A
impregnação de césio também não se mostrou eficaz no aumento da conversão para
os demais óxidos metálicos.
Entre os carvões, o melhor catalisador foi o de babaçu tratado com
NaOH, devido à alta área superficial específica e elevada basicidade. A conversão
para este catalisador foi a maior entre todos os materiais, 92,38% em 24 horas, e
seu reuso foi testado após secagem a 120 °C em estufa. A conversão obtida no
reuso foi 45,52%. A inativação parcial ocorreu provavelmente devido à presença
do reagente 4-nitro-benzaldeído e de chalcona dentro dos poros do catalisador,
uma vez que não puderam ser removidos por secagem a 120°C. O tratamento com
NaOH demonstrou-se efetivo no aumento da conversão para todos os carvões.

CONCLUSÕES

O melhor catalisador foi o de babaçu tratado com NaOH, devido à alta área
superficial específica e elevada basicidade. A conversão para este catalisador foi a
maior entre todos os materiais, 92,38% em 24 horas. Os carvões ativados são materiais
promissores para a síntese de chalconas e seu reuso pode ser aperfeiçoado em estudos
futuros.

2764
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2768
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2769 - 2773

ATIVIDADE FÍSICA E FORÇA MUSCULAR DE UMA POPULAÇÃO EM


ENVELHECIMENTO NA REALIDADE URBANA E RURAL

Célio Antônio DE PAULA JÚNIOR; Maria Paula CURADO; Viviane SOARES; Ciências da
Saúde, Faculdade de Medicina- UFG- Goiânia-GO. Email: celiopersona@gmail; maria-
paula.curado@i-pri.org; ftviviane@gmail.com.

Palavras-chave: atividade física; força muscular; acelerômetro; envelhecimento.

O envelhecimento populacional é uma realidade no Brasil, seguindo uma tendência


mundial. A população de indivíduos maiores de 60 anos vem crescendo mais rapidamente
que qualquer outra faixa etária, especialmente devido às quedas nas taxas de fecundidade e
aumento da expectativa de vida (WHO, 2011). No último censo demográfico realizado no
Brasil, observou-se crescimento da participação relativa da população idosa de 5,9% em 2000
para 7,4% em 2010, havendo previsões de que em 2050, a expectativa de vida média do
brasileiro chegue próxima aos 82 anos (IBGE, 2010). Sabe-se que este processo acarreta
grande ônus aos sistemas de saúde, visto que o mesmo desencadeia um aumento na
incidência de enfermidades crônico-degenerativas (VERAS, 2007).
Observa-se o envelhecimento da população com profundas mudanças nos estilo de
vida, devido à transição epidemiológica que afeta a população brasileira, portanto a
investigação da capacidade funcional e sarcopenia em uma população em envelhecimento se
faz necessária na região Centro-Oeste do Brasil, em áreas rurais e urbanas, uma vez que a
maior parte dos estudos populacionais foram desenvolvidos no sul ou sudeste do Brasil, em
áreas de maior afluência populacional e mais desenvolvidas economicamente (FREITAS et
al., 2011; CARAMELLI et al., 2011).
Estudos observacionais têm demonstrado que a massa e a força muscular atingem
seu pico entre a segunda e quarta década de vida e então declinam progressivamente com o
envelhecimento, gerando implicações clínicas e funcionais no indivíduo idoso (CLARK;
MANINI, 2010). A sarcopenia é uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e
generalizada da massa, força e desempenho muscular com risco de desfechos adversos como
incapacidade física e funcional, pior qualidade de vida e morte (FIELDING et al., 2011).
Justificativa: Identificar os fatores de risco que contribuem para a incapacidade de
desenvolver as atividades da vida diária nesta população é um

2769
desafio. Sendo assim, a identificação da perda da força e massa muscular nos
indivíduos em fase de envelhecimento torna-se importante nas condutas de saúde pública
para proporcionar uma melhor qualidade de vida para eles.
Como o envelhecimento leva a redução da capacidade funcional e consequentemente
a incapacidade, através deste estudo pretende-se caracterizar o volume de atividades físicas
de uma população em envelhecimento em diferentes realidades em Goiás. Este estudo é uma
oportunidade para avaliar os fatores de risco para o envelhecimento, as doenças crônicas,
perdas funcionais, fragilidade e suas consequências na saúde da população. Assim analisou-
se 50 sujeitos com idade de 35 a 65 anos de ambos os sexos de duas áreas no estado de Goiás:
uma urbana e outra rural, com característica de agricultura familiar. A faixa etária escolhida
refere- se à condição de fase de envelhecimento, caracterizada por estarem em fase produtiva
do ponto de vista econômico segundo a OMS (WHO, 2011).
Objetivos: Neste contexto, o objetivo geral do estudo foi descrever sobre o nível de
atividade física e força muscular, de sujeitos de 35 a 65 anos nos municípios de Goiânia e
Cidade de Goiás. Já o objetivo específico, foi comparar os resultados dos testes de
acelerômetria, dinamometria e índice de massa corporal dosindivíduos que residem em área
tipicamente urbana com aqueles que residem nas áreas rurais.
Metodologia: Este estudo faz parte do “Estudo Piloto sobre o Envelhecimento da População
de Goiás- GOIACO”, que conta com pesquisadores nacionais e internacionais. O estudo foi
submetido à Plataforma Brasil conforme resolução CNS 466/2012, tendo o parecer
n° 784. 421, no dia 25 de agosto de 2014.
Trata-se de um estudo de campo transversal, cuja análise é quantitativa. O estudo
foi realizado nos municípios de Goiânia e zona rural da Cidade de Goiás, com características
de agricultura famílias. A população estudada foi recrutada de forma voluntária por seleção
probabilística de conglomerados de casas particulares e residências permanentes. Para o
estudo foram analisados 50 sujeitos (25 em cada realidade) e que fazem parte efetiva da
estatística do estudo. Após a leitura, todos participantes assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE).
Os critérios de inclusão definidos, foram: Indivíduos de ambos os sexos, com idade de
35 a 65 anos e que residam nos municípios onde será realizado o estudo. Já os critérios de
exclusão são: Sujeitos com idade inferior a 35 anos ou superior a 65, que não residam nos
referidos municípios e que não apresentem interesse de participar ou se retirem do estudo.

2770
Na verificação da massa corporal foi mensurada em uma balança de leitura digital,
da marca G-Tech®, modelo PRO, com escala de 0,1 kg, ao passo que a estatura foi
determinada em um estadiômetro portátil, da marca Sanny®, com escala de 0,1 cm, de acordo
com os procedimentos descritos por Gordon et al. (1988).
Para verificação da força muscular, foi realizado o teste da força de preensão palmar
com uso de um dinamômetro Jamar®. O aparelho mede a força produzida por uma contração
isométrica e a mesma é registrada em quilogramas ou libras. Os indivíduos
permaneceram sentados, com o ombro aduzido, cotovelo fletido a 90º, antebraço em
posição neutra e o punho variando entre 0 e 30º de extensão e entre 0 e 15º de desvio ulnar
segundo a American Society of Hand Therapists- ASHT. Três medidas serão realizadas e será
considerada a medida de maior valor entre as três na mão dominante e na não dominante.
Já a avaliação da atividade física foi realizada através de acelerômetros triaxiais e
executada com a permanência de cada sujeito da pesquisa com o aparelho por um período de
uma semana (VANHELST et al., 2010). O acelerômetro que será utilizado é o GT9X da
ActiGraph®, um acelerômetro triaxial que avalia a aceleração corporal em três eixos (antero-
posterior, médiolateral e vertical), fornecendo um valor composto, designado por vetor
magnitude ou resultante. As contagens do acelerômetro refletem sobretudo o aspecto da
intensidade da atividade física executada.
Resultados/Discussão: Foram recrutados inicialmente 62 sujeitos, sendo excluídos 12
devido à má utilização do acelerômetro, tendo os dados descartados para a composição
estatística, compondo a amostra do estudo por 50 sujeitos. A população de Goiânia (25
sujeitos) apresentou em média, idade de 59,2 ± 6,9 anos, peso de 63,53 ± 14,4 kg, estatura
de 1,56 ± 0,09m e índice de massa corporal de 27,23 ± 4,7 kg/m². Já a população da
Cidade de Goiás, composta por 25 sujeitos, apresentou idade de 61 ± 3,3 anos, peso de 59,27
± 8,4 kg, estatura de 1,59 ± 0,23m e índice de massa corporal de 25,79 ± 6,3 kg/m² em média.
No que diz respeito à atividade física, ambas as populações são consideradas ativas,
visto o dispêndio de tempo para a prática de atividades no cotidiano da população. Quanto a
média dos minutos despendidos em atividades físicas mensuradas pela acelerometria e a
média de minutos totais gastos em atividades físicas, foi verificado que em Goiânia, 156,6
± 132,4 minutos de atividades física diárias. Já na Cidade de Goiás, verificou-se 233,8 ±
182,9 em média. Na análise

2771
estatística, percebe-se que não houve diferença estatisticamente significante entre atividade
física total mensurada pelo acelerômetro na amostra em geral, independente do município,
apesar que no comparativo dos valores absolutos, a população analisada em Cidade de Goiás
apresentou em média 78 minutos à mais de atividades diárias, quando comparados com a
população em Goiânia.
Segundo dados do VIGITEL (2014), identificou-se um aumento das prevalências de
inatividade física no contexto geral (lazer, deslocamento, trabalho e âmbito doméstico) a
partir dos 55 anos e média geral de inatividade física para pessoas acima de 65 anos de
38,4%, fato que não corrobora com este estudo, visto a alta pratica de atividades físicas em
ambas as populações. Outro estudo, realizado por Madeira et al. (2013), com a população
adulta e idosa brasileira, também identificou prevalência de inatividade física maior na
população idosa (73%), sendo estes classificados como insuficientemente ativos no
deslocamento. Tal dado não pode ser verificado neste estudo, pois não foi analisada a
população idosa (acima de 65 anos), logo a população adulta se aproxima dos achados deste
estudo.
Quanto ao teste de preensão manual com dinamometria, percebeu-se que o valor
médio da força no teste para os sujeitos analisados na Cidade de Goiás foi
significativamente maior (39,1 Kgf ±10,5 em média), quando comparados aos sujeitos
analisados na cidade de Goiânia (27,9 Kgf ±14,9 em média), fato explicado em partes, pelo
estilo de vida mais ativo na zona rural, quando comparada com a área urbana, onde percebe-
se limitações em deslocamentos e atividades em geral. O teste de preensão manual, é utilizado
sistematicamente em pesquisas como indicador da força muscular do corpo, e um importante
marcador de fragilidade (XUE, 2011), fato que ainda não foi possível detectar neste estudo
visto a população analisada, ainda se encontrar ativa.
Conclusão: Os achados deste estudo apontam uma discrepância dos valores obtidos
nos testes com a população em envelhecimento dos municípios envolvidos, onde a população
da Cidade de Goiás apresentou índices de força e atividade física, superiores à população da
cidade de Goiânia. Tal achado revela que a população da zona rural se mantem mais ativa se
comparado com a população urbana, o que reflete na força e resistência muscular dos indivíduos
analisados. Sugere-se um estilo de vida mais ativo, como protetor e fator de promoção da saúde
da população em geral, visto sua significância preventiva de doenças crônicas não
transmissíveis e manutenção da saúde.

2772
Referências:

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2773
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2774 - 2778

A ELEGIA DO OESTE: UMA ANÁLISE DO EXPANSIONISMO ESTADUNIDENSE


A PARTIR DO CONCEITO DE FRONTEIRA NA HISTORIOGRAFIA DOS
ESTADOS UNIDOS – 1893-1950.
César Henrique Guazzelli e SOUSA. Doutorando em História pela FH-UFG. Endereço
eletrônico: chguazzelli@gmail.com; pesquisa financiada pela CAPES. Palavras-chave:
fronteira; historiografia estadunidense; excepcionalismoamericano; destino manifesto.

Justificativa/Base teórica

Embora o Brasil, atualmente, mantenha uma produção acadêmica de peso no campo


da História, permanece cativo da produção historiográfica de matriz francesa, germânica e,
em menor grau, britânica. Os pressupostos teóricos e metodológicos que norteiam a nossa
pesquisa, em grande medida, reverberam de forma direta a produção dos grandes centros
europeus, mantendo-nos, a despeito de certos esforços em direções opostas (como os
estudos pós-coloniais), em uma situação marginal dentro da historiografia e cativos de uma
escrita da história que enreda o Velho Mundo e o Novo Mundo em um enleio de
continuidade. Paralelamente, a produção historiográfica dos Estados Unidos em grande
medida é negligenciada no Brasil; a história estadunidense é instrumentalizada sobretudo
como um aporte de história comparada, que desde Manoel Bomfim, tendo como referência
maior a obra de Caio Prado Jr., busca mensurar o nosso malogro econômico com o êxito do
nosso vizinho ao norte. A historiografia dos Estados Unidos na primeira metade do séc. XX,
contudo, nos oferece um aporte riquíssimo para o estudo, a partir da noção polarizadora de
fronteira, de um exemplo exitoso de ruptura com a matriz europeia de narrativa da história.
Ademais, nos oferece um conjunto privilegiado de fontes para a compreensão do
expansionismo e belicismo estadunidense com base, por um lado, na percepção que o país
tem de si. Por outro, a partir das condicionantes culturais – e não econômicas/capitalistas –
que esteiam e justificam as práticas e convicções estadunidenses em sua política internacional.
O presente trabalho se sustenta na myth and symbol school estadunidense, tomando
como aporte o trabalho revisionista no interior do campo epistemológico ora em foco de
Richard Slotkin (1976; 1985; 1992) e William Cronon (1991; 1995). Também ancora-se
na análise dos textos canônicos da western history

2774
estadunidense, embora estes sejam utilizados sobretudo como objetos, não como base
teórica. O problema central da presente tese é o papel da historiografia estadunidense na
reificação e institucionalização acadêmica de um conjunto de práticas e convicções
profundamente enraizadas na cultura do país norte- americano, vinculadas ao expansionismo,
ao excepcionalismo americano e ao mito da regeneração pela violência.

Objetivos

 Analisar a consolidação da História como disciplina autônoma no Estados Unidos a


partir da cisão fundamental provocada por F.J. Turner – defensor da ideia de que os
elementos definidores do que é ‘ser americanos’ vieram do ambiente natural da
fronteira - em relação à matriz interpretativa da América proposta por H.B. Adams,
que advogava em favor da noção de que os germes do êxito americano têm bases
germânicas, tendo sido transplantadas exitosamente da Europa para a América.
 Fazer um estudo genealógico da fronteira e do errand into the wilderness,
demonstrando como diversos outros mitos e símbolos recorrentes na literatura
estadunidense – particularmente o agrarianismo, o mito do jardim, o destino
manifesto, o melting pot e o excepcionalismo – fundiram-se em um mito-artefato
polarizador no final do séc. XIX com a hipótese de Turner, que lhes deu coesão e os
correlacionou de forma harmônica.
 Demonstrar o modo como o conceito de fronteira, central para a historiografia
estadunidense, transformou-se entre as décadas de 1890 e 1950, passando de hipótese
para axioma (tese) vinculante da escrita da história dos EUA e, finalmente, mito
com a consolidação da myth and symbol school.
 Relacionar o imaginário da fronteira com o expansionismo estadunidense e o
excepcionalismo americano, demonstrando um modus narrativo que vincula desde a
retórica acadêmica de Turner até a retórica política de John f. Kennedy.

Metodologia

A tese se sustenta, primariamente, em pesquisa bibliográfica e documental;


privilegia, sobretudo, os trabalhos de maior relevância para a historiografia estadunidense na
primeira metade do século XX, selecionando as obras canônicas

2775
que se estruturaram a partir da ideia de ‘fronteira’ como conceito central. A fronteira como
hipótese explicativa do desenvolvimento dos Estados Unidos na década de 1890 é
analisada nos trabalhos de três autores: Frederick Jackson Turner, Brooks Adams e
Theodore Roosevelt. A fronteira como tese, ou seja como axioma interpretativo na escrita da
história dos EUA, é analisada sobretudo nas obras de Ray Allen Billington, John Paxson,
Eugene Bolton, Walter Prescott Webb e Turner Main. Por fim, a noção da fronteira como
mito é estudada a partir dos trabalhos de Henry Nash Smith, Leo Marx e Alan Trachtenberg.
A tese está em fase de conclusão da sua primeira etapa.
Antes de propor a mera revisão de literatura do conceito estudado – a fronteira – a
presente pesquisa toma os trabalhos acima primariamente não como aportes teóricos, mas
como fontes primárias. Intenciona-se, sobretudo, compreender como as obras da historiografia
profissional estadunidense funcionaram como mito- artefatos, conceito proposto por Slotkin
(1973, p. 8) como “uma narrativa atual ou imagem/objeto sagrada conectada com a mito-
narrativa”, ao que se segue “o artefato incorpora simbolicamente a percepção mitopoética e
lhe dá concretude e comunicabilidade”. O mito, por sua vez, é definido pelo autor como um
complexo de narrativas que dramatizam a percepção de mundo e a sensibilidade histórica de
um povo ou cultura, reduzindo séculos de experiência em uma constelação de metáforas. O
mito pode ser visto como um construto intelectual ou artístico que faz a mediação entre o
mundo mental e o mundo das coisas, entre oniria e realidade, entre o impulso ou desejo e
a ação. Alimentando pelo conteúdo da memória individual e coletiva, estrutura-a e desdobra-
se a partir dos seus imperativos para a crença e ação (SLOTKIN, 1976, p. 6-7). Fundindo
conceitos e sensibilidades em uma totalidade significativa, as mito-narrativas, por meio de
sua fortuna crítica, seu consumo e sua apreciação são socializadas e compartilhadas, nos
dando, a partir desses rastros, pistas para que possamos generalizar seu impacto, indo do
particular ao geral, do individual ao social. A partir desse trajeto é que buscamos
compreender a noção de fronteira, sua perenidade, historicidade e impacto na cultura
estadunidense na primeira metade do séc. XX.

2776
Resultados/Discussão
A história profissional, assim como todos os aspectos da cultura humana, não pode
fugir da geschichte. Dessa forma, ao nos debruçarmos sobre a historiografia estadunidense
tributária do trabalho de Frederick Jackson Turner, sobretudo, encontramos narrativas que,
embora pautadas pelo rigor do método e pela análise criteriosa de documentos, reproduzem
sub-repticiamente as mesmas utopias e onirias encontradas na produção literária do país nos
séculos anteriores. A influência da fronteira sobre o imaginário dos Estados Unidos se fez
sentir com grande força nos dois séculos que antecederam à hipótese turneriana em obras
literárias canônicas e populares, em prosa e em verso, desde as leatherstocking tales de
Fenimore Cooper até as dime novels de Irwin e Erastus Beadle, posteriormente se
aglutinando à tradição do cinema western. O imaginário da fronteira também se impôs
com grande força sobre o pensamento político e econômico dos mais influentes pensadores
da ilustração estadunidense, a exemplo de St. John de Crevecoeur e Thomas Jefferson,
influenciando diretamente políticas nacionais como o ideal agrário de Jefferson, a
democracia jacksoniana e seu Destino Manifesto e, ainda, os Homestead Acts de Abraham
Lincoln. A noção de fronteira como elemento central para a interpretação da identidade e da
singularidade dos Americans também estava presente no pensamento transcendentalista de
filósofos do peso de Thoreau e Emerson, nas pinceladas dos artistas plásticos da Escola do
Rio Hudson e nas apresentações circenses de Buffalo Bill. Dessa forma, Turner não inventou
a fronteira; apenas a instrumentalizou como categoria central de análise no interior de uma
hipótese explicativa do desenvolvimento nacional, deslocando-a da cultura popular para a
matriz disciplinar da História. Transmutada em verdade apriorística e, portanto, em axioma
interpretativo da História dos Estados Unidos pelos autores ligados à Western History, a
noção de fronteira vinculada ao expansionismo estadunidense encontrou na historiografia
profissional uma forma de avalizar as suas práticas.

Conclusões

A hipótese da fronteira de Frederick Jackson Turner vinculou a matriz disciplinar da história


dos Estados Unidos à afirmação de que o elemento definidor do desenvolvimento
estadunidense desde a Nova Inglaterra até a Gilded Age foi o contínuo avanço dos pioneiros

2777
em direção às terras ‘livres’ do leste. Essa noção trazia consigo a imagem de uma América
formada por colonos em geral protestantes e brancos que, em contato com o wilderness, se
afastam de suas raízes culturais europeias e dos vícios da civilização, sendo regenerados
pelo ambiente natural, preconizando um novo modelo civilizatório no continente norte-
americano, sem os ranços feudais do Velho Mundo. Dava preeminência à agricultura como
atividade definidora do desenvolvimento do país, assim como da americanização dos
colonos, ou seja, a propensão a uma cultura do trabalho, ao liberalismo, à democracia, ao
desprezo pela hierarquia e pela subserviência. Estabelecia a fronteira como a principal força a
agir na construção das instituições nacionais e na formação do ‘caráter nacional’, uma
válvula de escape que preveniu a desigualdade e distribuiu prosperidade. Deixava de lado a
narrativa da história centrada em líderes e decisões de gabinete para estabelecer um herói
coletivo ou herói-massa. Estabelecia um modelo narrativo para a historiografia que silenciava
as nações indígenas e as marcava como um ‘não povo’, ao declarar os seus domínios como
terras devolutas e incorporá-los ao conceito de wilderness. Por fim, construía um modelo
progressista e dinâmico para a interpretação da história nacional, relacionando um
movimento geográfico em direção ao Oeste a um movimento teleológico positivo em direção
à Civilização. Essa ‘fronteira do pioneiro’, somada à ‘fronteira do caçador’ de Roosevelt e à
noção de ‘civilização e decadência’ proposta por Brooks Adams construiu as bases para
que, nas quatro décadas seguintes, se desenvolvesse uma tradição historiográfica que
justificou o expansionismo, vinculando-o ao progresso; reificou o excepcionalismo,
amalgamando o sentimento de ‘ser americano’ a um status heroico. Por fim, laicizou o
Destino Manifesto, redefinindo as suas premissas não mais pelo discurso religioso, mas pelo
discurso científico da historiografia profissional da primeira metade do século XX.

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2779
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2780 - 2786

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E O BANCO MUNDIAL

MARQUEZ, Christine Garrido1; BARBOSA, Ivone Garcia2


Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de
Educação Universidade Federal de Goiás , Goiânia
chgarridom@hotmail.com ivonegberbosa@hotmail.br

Palavras-Chave: Banco Mundial e Desenvolvimento da Primeira Infância; Banco


Mundial e Educação Infantil; Políticas de Desenvolvimento da Primeira Infância.

INTRODUÇÃO

Nossa pesquisa compõe um dos vários subprojetos que ora encontram-se em


desenvolvimento, integrados ao projeto Políticas Públicas e Educação da Infância em
Goiás: história, concepções, projetos e práticas, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos e
Pesquisas da Infância e sua Educação em Diferentes Contextos (NEPIEC) da Faculdade
de Educação da Universidade Federal de Goiás.
A identificação da produção científica relativa à educação , cuidado e
desenvolvimento da criança menor de sete anos de idade, resultante do
crescimento da área, tem se colocado como uma necessidade, não só no sentido
de orientar novas investigações, como também no de ampliar o acesso à
informação, em todos os âmbitos de atuação nestas áreas. Nas últimas décadas,
vários grupos de pesquisa, em todo o mundo, têm investigado aspectos relativos
à educação, cuidado e desenvolvimento da primeira infância e as produções
científicas têm produzido bases de conhecimento para subsidiar políticas sociais
e práticas de educação e cuidado infantil de qualidade, capazes de favorecer a
aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.

1 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Educaçãoda Faculdade de Educação da Universidade Federal

de Goiás .
2 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da

Universidade Federal de Goiás. Orientadora da Pesquisa de Doutorado em andamento.

2780
Este debate mais sistemático das políticas sociais, assistenciais e educacionais
tem, reconhecidamente, uma dinâmica ampla e reflete um conjunto de prismas
políticos e de interesses de diferentes grupos e instituições. Deste modo,
compreender a realidade exige de nós ir além do particular em que as intenções
e interesses se expressam. É justamente desta ótica que nos interessa o lugar que
o Banco Mundial, historicamente, assume no contorno daquelas políticas.
O Banco Mundial tem investido na formulação, implementação e
monitoramento de políticas para as crianças de zero até seis anos de idade nos
países em desenvolvimento, a partir dos anos noventa. É sobre essa
problemática que nos propomos realizar uma reflexão crítica, buscando
compreender as proposições do Banco Mundial para as políticas de
Desenvolvimento da Primeira Infância.
Dentre as organizações internacionais escolhemos pesquisar as propostas do
Banco Mundial, em função da visibilidade do mesmo no panorama educacional
global, atuando tanto no financiamento como na assistência técnica, sendo
também considerado um referencial de pesquisa em educação no âmbito
mundial. O Banco vem adquirindo, nestes setenta anos de atuação, significativa
importância no âmbito das políticas educacionais, desempenhando o papel,
junto as nações mais pobres, de estrategista do modelo neoliberal de
desenvolvimento e articulador da interação econômica entre os países,
ocupando desta forma posição nuclear no processo de cooperação internacional.
Suas políticas e estratégias vêm sendo universalizadas, como receituário único,
independentemente da história, cultura e condições de infraestrutura de cada um
dos países em desenvolvimento que recorrem aos seus empréstimos/orientações
(PENN, 2002; ROSEMBERG, 2002; ROSSETTI-FEREIRA, RAMON; SILVA,
2002).
OBJETIVOS

Investigamos o cenário brasileiro que se delineia em torno das políticas públicas de


educação, cuidado e desenvolvimento das crianças menores de sete anos de idade
subsidiadas pelo Banco Mundial. Realizamos uma reflexão crítica, buscando
compreender o processo de geração das proposições do Banco de políticas de
Desenvolvimento da Primeira Infância e sua implementação no Brasil, a partir dos anos
noventa.

2781
METODOLOGIA
Com base em uma perspectiva sócio-histórico-dialética, desenvolvemos uma pesquisa
documental e bibliográfica. Partimos de uma visão organizacional do Banco Mundial e
de suas proposições de políticas de Desenvolvimento da Primeira Infância presentes nos
Documentos Setoriais de Educação (1971, 1974, 1980, 1995, 2000, 2005, 2011), nos
eventos e publicações na área em estudo para, então, analisar as políticas públicas
elaboradas, implementadas e monitoradas para a educação de crianças de zero até seis
anos de idade no Brasil, a partir dos anos noventa. Nas considerações finais destacamos
as análises realizadas ao longo da pesquisa, apontando para a materialização das
proposições do Banco para a Educação Infantil, construídas no transcorrer da história da
educação pública brasileira com o consentimento e a participação nacional.
RESULTADOS

A atuação global do Banco Mundial, desde sua criação em 1944, traduziu numa
trajetória onde as alterações nos objetivos a serem alcançados foram
modificando seu sentido ao longo do percurso histórico. Manuel José Forero
Gonzalez et al. (1990) identificaram quatro etapas do exercício de suas funções
associadas a modificações de enfoque quanto às estratégias de desenvolvimento
adotadas em cada momento histórico: reconstrução das economias europeias;
infraestrutura econômica (setores de energia, comunicações e transportes); área
social; políticas setoriais internas e de ajuste estrutural. No final dos anos
sessenta, o Banco somou às suas metas quantitativas, que caracterizavam os
projetos econômicos, objetivos voltados para a igualdade e bem-estar social,
financiando o setor social, como medida para aliviar e reduzir a pobreza. A
ênfase conferida ao setor social estava relacionada com a diretriz educação e
saúde, as quais possibilitariam as condições prévias para a produtividade das
populações pobres, em trabalho informal ou por conta própria, em zonas rurais
e em periferias de centros urbanos.
Analisando a mudança na estratégia de atuação das organizações internacionais,
em particular do Banco Mundial, observamos que se atribuiu à educação
importância tanto para o crescimento econômico como para o alívio da pobreza
dos países em desenvolvimento. Isso relacionou-se à crise estrutural do
capitalismo que demandou novos meios para operar as contradições do sistema.
Então, é possível dizer que o processo de aparente valorização do campo da
educação não é algo desinteressado.

2782
O Banco inscreveu, pois, a educação como um requisito para a globalização, cumprindo
a função ideológica de operar as contradições advindas da exclusão estrutural dos
países em desenvolvimento, usufruindo da tensão entre as ações coercitivas e de
consenso, estabelecendo uma política neoliberal (LEHER, 1998; LIMA, 2002).
A educação foi tida como uma condição necessária para a
reprodução econômica e ideológica do capital. Notamos que sobret udo a partir
dos anos setenta, o Banco Mundial passou a ter importância na definição das
diretrizes políticas para os países em desenvolvimento, destacando a política
educacional. Em meados dos anos oitenta, como resultado da crise da dívida
dos países latino-americanos e da hegemonia norte americana, o Banco foi,
então, revitalizado para atuar como governo mundial, definindo as políticas a
serem adotadas e implementadas pelos países em desenvolvimento, por meio de
determinadas condicionalidades (LEHER, 1998; MARQUEZ, 2006). Uma das
condicionalidades imposta no processo de ajuste estrutural foi a reforma do
sistema educacional, presente nos Documentos Setoriais de Educação do Banco
Mundial (1971, 1974, 1980, 1995, 2000, 2005, 2011).
O Banco Mundial apesar da importância concedida a educação elementar,
referencia no seu quarto Documento Setorial de Educação (1995), a relevância
da adoção de programas integrados dirigidos à primeira infância, tendo como
base de sustentação teórica das políticas de educação infantil a mesma dos
demais níveis de ensino: a teoria do capital humano, que busca a reprodução e a
acumulação do capital, em contraposição ao desenvolvimento humano e social
da primeira infância.
Neste contexto histórico, o Banco organizou uma conferência global sobre
Desenvolvimento Inicial da Criança: Investindo no Futuro , em abril de 1996,
em Atlanta, Geórgia, na qual apresentou suas propostas de educação da primeira
infância partindo de justificativas econômicas e científicas. As justificativas
econômicas pautam-se na premissa de que é importante investir desde o
nascimento no desenvolvimento infantil para que, na fase adulta, elas possam
inserir-se no mercado de trabalho e produzir satisfatoriamente, reduzindo gastos
financeiros futuros com educação e saúde. Portanto, investir na primeira
infância, na perspectiva econômica do Banco Mundial, seria investir no capital
humano do futuro, na “futura força de trabalho de um país e na capacidade de
progredir economicamente e como sociedade” ( BANCO MUNDIAL, 1998, p.
7). A justificativa científica parte de pesquisas médicas baseadas nas

2783
neurociências, realizadas nos Estados Unidos, que demonstraram que “o
período mais rápido de desenvolvimento do cérebro ocorre nos primeiros anos de vida e
que as experiências da infância têm efeito duradouro sobre a futura capacidade de
aprendizagem do indivíduo” ( BANCO MUNDIAL,1998, p. 9).
O investimento em Programas de Desenvolvimento da Primeira Infância
propicia inúmeros benefícios, como: a promoção do desenvolvimento sadio do
cérebro, influindo sobre a futura capacidade de aprendizagem da criança; maior
inteligência; melhor nutrição e saúde; aumento das chances de sobrevivência
infantil; aumento do índice de matrículas escolares; preparação da criança para
a escola, melhorando seu desempenho e reduzindo a necessidade de repetência;
atendimento às necessidades das mães enquanto ajudam seus filhos; liberação
da mão de obra feminina (mãe trabalhadora); liberação das irmãs mais velhas da
tarefa de cuidar dos mais novos, podendo voltar à escola; auxílio aos pobres e
desfavorecidos; maior equidade social (BANCO MUNDIAL, 1995, 1998,
2000).
O Banco Mundial (1995, 1998, 2000) vem afirmando a relevância e a necessidade de
financiar a educação, o cuidado e o desenvolvimento da primeira infância, por ser este
um investimento no futuro, tanto em termos sociais como econômicos. A justificativa
científica parte de pesquisas médicas, que demonstraram que o período mais rápido de
desenvolvimento do cérebro ocorre nos primeiros anos de vida e que as experiências da
infância têm efeito duradouro sobre a futura capacidade de aprendizagem do indivíduo.
As justificativas econômicas pautam-se na premissa de que é importante investir desde
o nascimento no desenvolvimento para que, na fase adulta, elas possam inserir-se no
mercado de trabalho e produzir satisfatoriamente, reduzindo gastos financeiros com
educação e saúde. A qualidade e a eficácia da educação são medidas em função do
desempenho e do rendimento posteriores da criança na escola, efetivando-se em termos
de custos financeiros, com economia de recursos que seriam investidos em repetência,
evasão e fracasso escolar. A base de sustentação teórica das políticas de
Desenvolvimento da Primeira Infância segue o eixo central, homogêneo e comum das
políticas educacionais do Banco, baseada na teoria do capital humano, com o objetivo
de assegurar a reprodução e a acumulação do capital, comprimindo os direitos de
desenvolvimento humano e social da criança.

2784
CONCLUSÃO
Infelizmente, por um lado, as novas faces da educação infantil estão sendo
orientadas numa visão economicista, pautada em preceitos econômicos e na redução dos
gastos públicos, incorporada como componente dos projetos financiados, através de
programas alternativos informais de baixo custo. Felizmente, por outro lado, a creche e
a pré-escola são instituições educativas, científicas e sociais, seu reconhecimento e sua
legitimidade social estão vinculados, historicamente, à sua função social de educar,
comprometida com a construção de uma sociedade democrática e justa.Ao abrir mão do
reconhecimento histórico, das lutas e reivindicações sociais, em especial da classe
trabalhadora, dentre as quais certamente está o direito à educação das crianças pequenas
em instituições públicas coletivas, a educação infantil corre o risco de servir, não a sua
transformação, mas a propósitos de reprodução do poder e das suas estruturas
existentes. A educação não pode perder sua finalidade essencial: a produção do
conhecimento autônomo para o bem estar coletivo e para a emancipação social.

REFERÊNCIAS
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diagnóstico das relações econômicas 1949 -1989. Brasília: IPEA, 1990. 174 p.

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Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

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Educação da Universidade Federal de Goiás, 2006.

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ROSEMBERG, Fúlvia. Organizações multilaterais, Estado e políticas de educação infantil.


Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 115, mar. 2002, p. 25- 63.

ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde; RAMON, Fabiola; SILVA, Ana Paula Soares. Políticas
de atendimento à criança pequena nos países em desenvolvimento. Cadernos de Pesquisa, São
Paulo, n. 115, mar. 2002, p. 65- 100.

2786
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2787 - 2792

ANÁLISE INTEGRADA DA UMIDADE DO SOLO POR SENSORIAMENTO


REMOTO EMBARCADO EM PLATAFORMAS AÉREAS NÃO TRIPULADAS
EM ÁREAS DO CERRADO

Cleberson Ribeiro de JESUZ Programa


de Pós-Graduação em Geografia
Instituto de Estudos Sócio-Ambientais
cleberufmt@hotmail
Palavras-chave: Sensores termal e multiespectral; Vant; solos; água.

Justificativa

Entre os parâmetros mais importantes da ação da água no solo, está à capacidade do


mesmo em retê-la e mantê-la no sistema, o que condiciona a denominação de umidade dos
solos (MEDINA, 1972; GUERRA, 2010). E sua compreensão é, e se solidifica cada vez
mais, como uma importante ferramenta para os estudos da dinamicidade da água no ambiente
terrestre, pois a mesma é responsável pela manutenção do abastecimento do aquífero sub-
superficial, por meio dos processos de infiltração e percolação, e regula também, o
sistema de escoamento lateral e superficial (LAKSHMI, 2013; AHMAD et al., 2011).

Dessa forma, compreendemos Bruno (2004), quando apresenta a complexidade, e ao


mesmo tempo a necessidade da água (e consequentemente da umidade do solo), para estudos
que trabalhem com ambientes naturais perturbados, onde afirma o autor, que,

[...] a umidade do solo pode se apresentar na forma de água


gravitacional percolando por entre os espaços porosos, ou como
água capilar retida nos pequenos poros, ou como água
higroscópica adsorvida na matriz do solo, ou ainda, como vapor
d’água. Dentre essas formas, a água capilar é a de maior
relevância para os processos de evapotranspiração por estar
diretamente disponível à vegetação (BRUNO, 2004, p. 48).

Desta forma, compreender como se comporta a umidade do solo em determinado


recorte espacial do Cerrado, que fora suprimido em prol do avanço da produção mecanizada

2787
de monoculturas e pastagens plantadas, é essencial (BRUNO, 2004; KLINK e
MACHADO, 2005; HUNKE et al., 2015). Para tanto, delimitou-se o recorte espacial da
micro-bacia do rio dos Bois, coordenadas 15º 29’ S – 55º14’ W e 15º 30’ S – 55º 13’ W,
nascentes da margem esquerda do rio das Mortes no município de Campo Verde – MT,
afluente direto do rio Araguaia (Fig. 1). Essa micro-bacia apresenta um uso da terra
diversificado, entre pecuária com pastagem plantada, e agricultura mecanizada de rotações
soja-milho e soja-algodão.

Figura 1: Localização da micro-bacia de estudo

De modo que, o desafio se posta, no sentido da metodologia adotada para entender


esse parâmetro, que para essa pesquisa, será realizado no tocante a técnicas de sensoriamento
remoto com usos de sensor termal e multiespectral instalados em plataformas multirotoras, do
tipo Veículos Aéreos Não Tripulados (GONZALEZ-DUGO et al., 2013; MAROTTA et al.,
2015), e aplicando análises estatísticas não-parametrizadas (GONÇALVES et al., 2001;
LAY
e LUZ REIS, 2005).

O emprego dessa técnica se dá pela amplitude de possibilidades de realização de vôos

2788
em alturas controladas, o que gera imagens com pixels de extrema resolução espacial, e
possibilidades de testes espectrais em muitas situações reais, que imagens orbitais não
conseguem reproduzir, devido à distância com o objeto que geram interferências (ruídos)
(JUNIOR et al., 2011), e também a escala temporal que muito desses sensores detêm,
questões de dias, quanto a respostas instantâneas derivadas dos sensores embarcados em
multirotores (D’OLEIRE-OLTMANN et al., 2012).

Questões científicas

Na reflexão da problemática elencada, a pesquisa orienta-se pelos seguintes


questionamentos investigativos:

a) O comportamento das relações físico-químicas e bióticas, e da infiltração e condutividade


hidráulica saturada (Ksat), associada ao uso e cobertura da terra, condicionam quais
parâmetros coletados pelos sensores quanto à umidade do solo?

b) Quais os melhores parâmetros técnico-metodológicos dos sensores embarcados em


plataformas aéreas tripuladas para obtenção de dados do solo com alta correlação e
confiabilidade?

c) As assinaturas espectrais do sensor termal e multiespectral apresentarão algum grau de


correlação e confiabilidade com as repostas de umidade do solo coletadas em campo?

Hipóteses

Esses delineadores estão centrados na construção das seguintes hipóteses:

a) Considerando que as resoluções espaciais e espectrais influenciam na caracterização da


paisagem, têm-se que, o sensor termal e multiespectral embarcados em plataformas aéreas
não tripuladas viabilizam dados mais precisos e confiáveis na medição da umidade do solo
em relação a sensores orbitais;

b) Em diferentes alturas de voo com VANT, o sensor termal e multiespectral podem não
apresentar medidas dos parâmetros coletados significativamente diferentes acerca da
umidade do solo;

c) O tipo de cobertura da terra influencia na resposta do sensor termal e multiespectral


em relação às medidas de umidade do solo.

2789
Objetivo geral
Avaliar o grau de correlação entre dados obtidos por sensor termal e multiespectral em
plataformas aéreas não-tripuladas (multi-rotor) em relação aos parâmetros de umidade do solo
para áreas suprimidas pelo agronegócio no Cerrado.

Objetivos específicos

a) Avaliar os parâmetros físico-químicos e bióticos do solo com uso e manejo de


soja/milho em sistema rotacional e pastagem braquiária cultivada

b) Determinar os valores de Condutividade Elétrica Saturada (Ksat) e Infiltração para a área


analisada;

c) Analisar os parâmetros do sensor termal (câmera FLIR) e multiespectral (câmera


TETRACAM) na acurácia da determinação da umidade dos solos.

Metodologia

Essa fase está em processo de execução e elaboração, mais contará com três
momentos distintos, sendo que o primeiro denominará de “Atividade de Gabinete”, referente
à construção do referencial teórico-metodológico, atividades de construção de bancos de
dados geoespaciais e análises de dados coletados em campo. Em um segundo momento,
teremos as “Atividades de Campo”, com a realização sistemática de trabalhos de campo, para
coleta de dados geoespaciais utilizando imageadores em Vant, coleta de dados de solos e
sedimentos com técnicas pedológicas de abertura de trincheiras e tradagens. Outro
momento será constituído das “Atividades de Laboratório”, onde se processará os materiais
colhidos em campo, por meio de técnicas de Difração de Raio – X e Micromorfologia do
Solo.

Resultados esperados

Com o andamento das análises e atividades pretensas, espera-se que os resultados


encontrados estejam centrados nas seguintes estruturas:

- Parâmetros físico-químicos e antrópicos das áreas analisadas.

2790
- Estabilidade de agregados do solo em áreas com agricultura mecanizada e pastagem.
- Umidade do solo: grau de correlação em imagens termal e multiespectral a bordo de
plataformas multirotora.

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O ENSINO DE MÚSICA COMO PROPOSTA DE EDUCAÇÃO ESTÉTICA EM


ADORNO

Cristiano Aparecido da COSTA, Sílvia Rosa da Silva ZANOLLA


Programa de Pós-graduação em Educação – PPGE (Doutorado) Pró-
reitoria de Pesquisa e Pós-graduação cristianotrp@hotmail.com
silviazanollaufg@hotmail.com

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)/ Conselho Nacional


de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq)

Palavras-chave: Educação Estética, música, formação humana, cultura

RESUMO

A obrigatoriedade do ensino de música nas escolas regulares do Brasil se deu com a Lei
11.769 de 18 de agosto de 2008. Esta que em maio deste ano foi alterada pela Lei 13.278 com
a inclusão de outras linguagens artísticas mantendo o ensino de música. Esses e outros
documentos oficiais não deixam claros os objetivos do ensino de música, tanto para
professores quanto para alunos, o que tem gerado interpretações equivocadas dessa área do
conhecimento. Tais equívocos dificultam o processo de emancipação e reforçam o que a
indústria cultural tem imposto, de forma ideológica, por meio de seus produtos. Diante desse
contexto, desenvolvemos uma pesquisa teórica e bibliográfica com o objetivo de
contribuir com a reflexão sobre o ensino de música, considerando o que tem sido
desenvolvido e o que pode ser feito para formar pessoas críticas; contribuir com a práxis
relacionada à arte; e refletir sobre as contradições da cultura no processo de formação
humana frente às possibilidades de se concretizar experiências. Para tanto, trabalhamos com
o conceito de Educação Estética a partir da música, à luz da Teoria Crítica da Sociedade
Frankfurtiana, mais especificamente sobre a ótica de T. W. Adorno. A principal questão desta
pesquisa é: Como a música, baseada na concepção de Adorno, pode contribuir para com a
educação humana e crítica?

2793
O método dialético é a base desta pesquisa e contribui na compreensão da concepção de
(de)formação humana, ou seja, as contradições da educação, que é ressaltada neste estudo
como princípio para a Educação Estética adorniana. Esta pesquisa foi estruturada em três
etapas: 1) Discussão e relação dos conceitos sociedade, trabalho e cultura, devido à
importância da percepção histórica ampliada desses, para se chegar à compreensão das
contradições e das possibilidades de emancipação da música em um processo de Educação
Estética em Adorno (ADORNO, 2005; HORKHEIMER; ADORNO, 1973; MARX, 2008;
2010; 2013; MARX; ENGELS, 1979). 2) Discussão conceitual de estética e arte,
principalmente sob a ótica de Adorno, e elementos históricos da música tanto no que se refere
a aspectos técnicos quanto à relação da música com a sociedade para a compreensão do que
Adorno apresenta como possibilidade de apropriação da arte e mais especificamente da
música para se alcançar diferentes objetivos, que podem estar inseridos nos processos
educacionais e também no âmbito da indústria cultural. Nesta etapa também promovemos uma
reflexão sobre a música como mercadoria, na condição de instrumento de imposição
ideológica, no âmbito da indústria cultural; 3) Abordagem das concepções de experiência
estética e educação em Adorno, relacionando-as. O entendimento do que seja a experiência
estética é importante, pois, é por meio dela que, no pensamento de Adorno (2008a), se pode
ter uma relação mais estreita com a obra de arte, o que remete, a nosso ver, ao próprio
conceito de educação e formação. No que se refere ao conceito de estética, voltamos nossa
reflexão para estudos de Adorno que tem a música como principal objeto de análise. Destes,
optamos pelas obras referentes à Mahler (1860- 1911), Schönberg (1874-1951) e Berg (1885-
1935) por entender que nelas Adorno evidencia, por meio da reflexão sobre experiência
estética, possibilidades de alienação e formação quando se refere ao material musical. Assim,
tonalidade e atonalidade são conceitos que deram suporte nessa fase para se aprofundar a
discussão estética sobre forma e conteúdo; essência e aparência; como ideia para se chegar à
Educação Estética adorniana. Em relação à principal questão da pesquisa concluímos que
reconhecer a música como arte formativa significa compreender seu potencial emancipatório.
Nisso, a mediação da formação pela música pode se dar quando há o interesse de que o
aluno se envolva em seu caráter imanente. Se apropriando assim, desde questões
técnicas musicais até do modo que foi idealizada e concretizada, sua historicidade. O
que deve ficar em destaque é que a formação por meio da música passa pelo processo de
criação, interpretação e fruição em que devem ficar evidentes as possibilidades de imposição

2794
ideológicas, mesmo porque a arte não foge a essa responsabilidade. A Educação Estética com
foco no ensino de música observando as ideias de Adorno deve partir do princípio de que a
imersão na obra de arte é fundamental para que por meio daquilo que ela tem a oferecer,
sua aura, sua essência, sua forma e seu conteúdo, possa ser construído conhecimentos que
contribuam com uma práxis revolucionária. O que se daria pela consciência dos antagonismos
sociais que podem ser representados nas artes ou em específico na música. Concluímos com
essa discussão que há a necessidade de envolver os alunos com o ensino de música de modo
que tenham condições, não apenas de criar, fruir ou interpretar, mas que possam ir além.
Entendemos que é basilar nesse processo que haja uma interação técnica, teórica e crítica com
a música em que se poderá entender e refletir complexas tramas de relações estabelecidas no
contexto social para que exista a condição de combater a barbárie e à dominação que levam à
desumanização. Assim, faz-se necessário destacar que é importante para o sujeito um
constante repensar sobre a sociedade, seus mecanismos de controle e das possibilidades de
libertação das amarras impostas pelas agências culturais. Para isso, a reflexão sobre o
elemento estético é possibilidade emancipatória por meio do qual se propõe a consciência das
contradições sociais para que possamos agir. Corroboramos, então, o pensamento de Adorno
quando afirma que “o conhecimento adequado do elemento estético é a realização espontânea
dos processos objetivos que, em virtude das suas tensões, ocorrem no seu interior”
(ADORNO, 2008, p. 112).

REFERÊNCIAS

ADORNO, T. W. Berg: O Mestre da Transição Mínima. Trad. Mario Videira. São


Paulo: UNESP, 2010.

. Teoria Estética. Trad. Artur Morão. Lisboa: Arte e Comunicação,2008.

. Teoria da Semicultura. In: Primeira Versão. ANO IV, Nº191, Volume XIII
AGOSTO - PORTO VELHO, 2005.

. Palavras e Sinais. Tradução de Maria Helena Ruschel. Petrópolis, RJ: Vozes,


1995b.

2795
BRASIL. Lei n. 13.278, de 02 de Maio de 2016. Fixa as diretrizes e bases da
educação nacional referente ao ensino da arte. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 2016. Disponível em:
<http:// http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13278.htm>.
Acesso em: 15 de Setembro de 2016.

. Lei n. 11.769, de 18 de Agosto de 2008. Dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino


de música na educação básica. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11769.htm>. Acesso em:
10 de junho de 2015.

DICIONÁRIO GROVE DE MÚSICA. Edição concisa. Editado por Stanley Sadie.


(Tradução de Eduardo Francisco Alves). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. W. Temas Básicos da Sociologia. São Paulo: Cultrix,


1973.
MARX, K. O Capital. Livro I. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

. Manuscritos Econômico-Filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São Paulo:


Boitempo, 2010.

. Contribuição à Crítica da Economia Política. Tradução de Florestan


Fernandes. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

MARX, K.; ENGELS, F. Sobre Literatura e Arte. Trad. Olinto Beckerman. São
Paulo: Global Editora, 1979.

2796
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2797 - 2801

OS PROFESSORES E AS CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA E DE QUALIDADE NOS


PERIÓDICOS ESPECIALIZADOS

Dagmar Dnalva da Silva BEZERRA,


Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação
dagdnalva@bol.com.br.
Fapeg/Capes

Palavras-chave: Professor. Concepções. Pesquisa. Estado do Conhecimento.

A pesquisa sobre os professores

A pesquisa, aqui apresentada, foi desenvolvida no nível de pós-graduação


(Doutorado) e tem como tema a formação de professores e as temáticas estudadas por
pesquisadores que publicaram em periódicos brasileiros especializados, constituindo-se como
uma elaboração do estado do conhecimento do campo educacional. Elegemos o materialismo
dialético como abordagem metódica que melhor corresponderia ao objetivo proposto: analisar
as temáticas desenvolvidas em pesquisas sobre professores. O referencial teórico da
pesquisa se sustenta nas contribuições de Tello (2012), Fernandes e Cunha (2013) e
Brzezinski (2014). Foram selecionados cinco periódicos nacionais, com publicação on line
entre os anos de 2004-2014. Nesses periódicos, sete artigos atenderam os critérios de
seleção, que passamos a analisar tendo como referência três categorias: formação,
profissionalização e currículo.

Os dados nos periódicos

Analisamos o campo educacional, a partir da constituição da ciência, da educação, do


trabalho docente e no que se referem às epistemologias, à qualidade da educação e da
formação de professores. Acreditamos ser pertinente ver o atual estado do conhecimento em
que a educação se encontra, pois Tello (2012) explicita que os estudos epistemológicos
podem ser usados tanto para a análise e compreensão da produção do campo educacional
(meta-análise) como para o rigor epistemológico do próprio estudo.

Ao se conhecer as produções científicas de um campo, fica visível o volume do que já


se produziu, bem como a percepção do que ainda falta para se alcançar o

2797
êxito necessário da área do conhecimento em questão. Para isso, escolhemos cinco periódicos
que contribuem com o campo na publicação de pesquisas que tratam a educação nos
aspectos: político, profissional, institucional, etc.

A seleção dos periódicos se deu a partir de cinco requistos: ter publicação on line no
período de 2004-2014; ter Qualis A ou B na plataforma Sucupira, Capes 2014; ter
reconhecimento nacional; estar em língua portuguesa; e, estar ligada a instituições que se
ocupam de pesquisas sobre e para a educação. Selecionamos os periódicos: Revista Educação
e Sociedade, Unicamp; Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Inep; Revista Brasileira
de Educação, Anped; Cadernos de Pesquisa , Fundação Carlos Chagas; Revista Educação e
Pesquisa, USP;

A lógica da pesquisa será apropriada neste trabalho para análise dos artigos
selecionados, uma vez que entendemos que as concepções de ciência, educação, professor,
formação e qualidade perpassam, ou deveriam perpassar, os trabalhos científicos
publicados nos periódicos especializados na área educacional, bem como expor as abordagens
epistemológicas e metódicas pelas quais as pesquisas no campo da educação são realizadas.

Após a seleção dos periódicos, passamos à seleção dos artigos, corpus desta pesquisa.
Essa seleção se deu a partir de duas entradas, os vocábulos ciência ou qualidade (no
singular ou plural) no título ou nas palavras-chave ou no resumo dos textos. Localizamos
246 artigos nos periódicos, dos quais 90 trouxeram o termo ciência e 156 o termo
qualidade.

Gráfico 1 - Artigos que apresentaram os termos Ciência e Qualidade

160
140
120
Ciência
100
80 Qualidade
60
40
20
0
Concepções

2798
Diante de número tão expressivo, procedemos a um novo filtro: o professor como
foco da discussão nos textos, para tanto foram lidas as introduções. Assim temos que, dos
artigos selecionados inicialmente ainda restaram 39 textos. Diante desse número,
acreditamos ser prudente estabelecer mais um critério de seleção, pois o número é
relativamente pequeno, mas como a metodologia desenvolvida requer leitura integral dos
textos que atenderam aos critérios, entendemos que seria inexequível proceder leitura e
análise de todo o material no tempo exíguo que se tem para a pesquisa. Dentre os textos que
tiveram o professor como foco, selecionamos os que apresentaram os termos ciência e
qualidade simultaneamente no mesmo trabalho, assim, chegamos ao número total de 07
artigos, que analisamos.

Gráfico 2 - Artigos que apresentaram o Professor como foco

Concepções

Outras
Professo
r

Gráfico 3 - Artigos que apresentaram simultaneamente as concepções de


Professor - Ciência - Qualidade

2799
Concepções

Uma ou outra concepção

Professor: ciência e
qualidade

Procedemos ao fichamento: resumo, objetivos, referências bibliográficas, concepções


de ciência, educação, professor e qualidade. Partindo das fichas, iniciamos a análise, que se
revelou em procedimento complexo, moroso e extenuante, porque é o momento de leitura
compreensiva, em que os dados são interpretados e organizados em unidades de sentido, as
quais admitem uma definição das categorias apresentadas.

Para finalizar
Tendo o professor como foco, os temas são predominantemente sobre a sua formação e
foram assim agrupados: formação de professores, prática docente e currículo. O tema
Formação de Professores foi desenvolvido por cinco dos artigos analisados, 71,4% da amostra.
No contexto da temática da formação de professores, os autores abordaram o tema a partir de
diferentes perspectivas: formação de professores confrontados com situações profissionais
complexas e parcialmente indeterminadas (Texto 1); formação de professores para a educação
profissional e tecnológica (Texto 2); formação dos professores para o ensino básico,
considerando as características da sociedade tecnológica (Texto 3); formação de professores na
perspectiva da hermenêutica reconstrutiva (Texto 4); formação docente para a pesquisa a partir
da visão de epistemologia e de prática científica em Gaston Bachelard (Texto 5).

O tema Prática Docente foi desenvolvido em um trabalho (14,3%): a atividade docente


no ensino superior de graduação em Química (Texto 6). E o tema Currículo, também
desenvolvido em um dos trabalhos, 14,3% dos artigos: currículos não disciplinares dos cursos

2800
de graduação em licenciatura em Ciências (Texto 7).

Gráfico 3 - As concepções nos artigos

80
60 Formação de Professores
Prática Docente
40
Currículo
20
0
Temas Estudados

Esses dados nos apontam que, assim como já foi constatado por Fernandes e Cunha
(2013) e Brzezinski (2014) em pesquisas sobre o estado do conhecimento, a temática da
formação de professores continuou sendo a maior preocupação dos pesquisadores em
educação no período de 2004-2014. Talvez pelos pesquisadores do campo entenderem que,
sem uma formação para a práxis, a educação não poderá alcançar a almejada qualidade,
menos ainda qualquer transformação social que inclua as práticas sociais pela diversidade de
sujeitos de direitos.

Referências bibliográficas

BRZEZINSKI, I. Formação de profissionais da educação (2003-2010). Série Estado do


Conhecimento, nº 13. Brasília: INEP, 2014.

FERNANDES, C. M. B.; CUNHA, M. I. Formação de professores: tensão entre discursos


políticas práticas. Revista Inter-Ação, Goiânia, v. 38, nº 1, jan./abr. 2013, p. 51-65.

TELLO, César G. Las epistemologías de la política educativa. Revista Práxis Educativa,


Ponta Grossa, v. 7, n. 1, jan./jun. 2012, p. 53-68.

2801
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2802 - 2807

Metodologia para Análise de Risco de Investimento em Usina Eólica no Ambiente de Contrataç ão

Livre∗

Daywes PINHEIRO NETO1,‡†, Elder Geraldo DOMINGUES 2‡,


Aylton José ALVES‡ e Wesley Pacheco CALIXTO3,†,‡

Resumo: Este trabalho apresenta metodologia para aná lise de risco de investimento em usina eó
lica considerando a comercializaç ã o de energia no Ambiente de Contrataçã o Livre. Sé ries sinté ticas
para as variá veis aleató rias velocidade do vento e Preç o de Liquidaç ã o das Diferenç as sã o
simuladas por modelos estocásticos inovadores através do Método
de Monte Carlo associado à decomposição de Cholesky. A análise econômica baseia-se
na avaliaçã o da distribuiçã o de probabilidade do Valor Presente Lı́quido. Estudo de caso foi
realizado para a cidade de Natal-RN, e os resultados fornecem subsı́dios de apoio à decisão.

Palavras-chave: Método de Monte Carlo, aná lise de risco, modelos estocá sticos, fontes renová veis.

1 Introdução

Nos ú ltimos anos, a geraçã o de energia elé trica a partir de usinas eó licas tem crescido
substancialmente, mas sua contribuição à matriz energética brasileira representa somente
2% [1]. De acordo com a referência [1], este percentual aumentará para 8% até 2024. O

mercado de energia eólica surge como solução limpa, confiável e viável para complemen- tar a
geração do paı́s, além de ser uma energia renovável [2, 3].

∗Email: 1daywes.p.n@ieee.org, 2wpcalixto@gmail.com


† Universidade Federal de Goiá s - Escola de Engenharia Elé trica, Mecâ nica e de Computaçã o

(EMC)

2802
‡Instituto Federal de Goia´ s (IFG)
Quase nã o há estudos que especificamente fazem aná lise de risco para usinas eó licas no Brasil,
principalmente para o Ambiente de Contrataçã o Livre (ACL). As referê ncias [4, 5] apresentam
abordagens de aná lise de risco para usinas eó licas no mercado regulado. A maioria dos estudos
analisam a viabilidade econô mica atravé s de mé todos determinı́sticos [2, 6], utilizando uma simplificada
abordagem econô mica. Outros estudos focam em es- traté gias polı́ticas para incentivar o crescimento
deste tipo de fonte [7].

Este artigo propõe metodologia para análise de risco de investimento em usina eólica

no Ambiente de Contratação Livre (ACL). A metodologia proposta considera a comercializaç ão de energia
através de contratos bilaterais, utilizando uma completa abordagem econômica para o fluxo de caixa.
Os modelos estocásticos da velocidade do vento e do Preço
de Liquidaç ã o das Diferenç as (PLD) sã o baseados em modelos economé tricos que fo- ram
modificados para representar apropriadamente as caracterı́sticas destas variá veis. A combinaçã o de
té cnicas utilizadas neste artigo oferece uma nova perspectiva de aná lise econô mica para usinas eó
licas, o que contribui grandemente para o processo de tomada de decisão.

2 Metodologia

A análise de risco é realizada através do Método de Monte Carlo (MMC) aplicado aos

modelos estocásticos. O MMC é simulado com 2.000 cenários e perı́odo de 300 meses

(vida ú til da usina). Os sorteios aleató rios sã o calculados atravé s da decomposiç ã o de Cholesky a
qual considera a correlaçã o entre as variá veis aleató rias. A aná lise econô mica baseia-se na avaliaç ã o
da distribuição de probabilidade do Valor Presente Lı́quido.
Modelos estocásticos são utilizados para gerar as séries sintéticas das seguintes variáveis: velocidade
do vento e PLD. Os modelos estocásticos são apresentados nas seções 2.1 e
2.2. Os parâ metros foram estimados, a partir dos dados histó ricos, utilizando a metodolo- gia
proposta por Dixit et. al [8]. Os dados histó ricos mensais de velocidade do vento sã o
disponibilizados pelo Banco de Dados Meteoroló gicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP), e do PLD
são disponibilizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

2803
2.1 Modelagem da velocidade do vento

Este artigo estende o modelo aritmético de reversão à media de Dixit et al. [8] através

da adição de um ı́ndice sazonal determinı́stico como apresentado em (3), onde Vt é a

velocidade do vento sem sazonalidade no instante t, ηV é a velocidade de reversão ao

valor médio V , σV √
é a volatilidade da velocidade do vento, εV . dt é o processo de Wiener
para velocidade do vento e IV m ´eo ´ındice de sazonalidade da velocidade do vento.
, √,
W |St+1 = Wt + ηW (W − Wt )dt + σW .εW . dt .IW (3)
m

A poteˆ ncia gerada por cada aerogerador e´obtida associando o valor da velocidade do vento com
a curva de poteˆncia fornecida pelo fabricante. Neste artigo, a turbina ENERCON E-82E2 (2,050 kW)
foi utilizada.

2.2 Modelagem do Preço de Liquidação das Diferenças

Este artigo estende o modelo de Clewlow et al. [9] para incluir a sazonalidade e o com-

portamento de saltos (picos) de preço do mercado brasileiro. A sazonalidade é incluı́da

através de um ı́ndice sazonal determinı́stico. Este modelo é dado por (4), onde Pt e Pt+1
√ o processo
é o PLD sem sazonalidade, nos instantes t e t+1, respectivamente, εP . dt é

de Wiener, ηP é a velocidade de reversão ao preço de equilı́brio de longo prazo, σP é

a volatilidade do PLD, P é o preço de equilı́brio de longo prazo, εκ é variável randômica

com distribuição lognormal de média κ e desvio padrão γ, u é variável randômica com

distribuição uniforme (0,1), IP m é o ı́ndice de sazonalidade do PLD e φ é a frequência

dos saltos. O termo (u < φdt) assumirá valor 1 se a condição for verdadeira e 0 (zero)

caso contrário. O modelo é aplicado na série deflacionada pelo Índice Geral de Preço –

Disponibilidade Interna (IGP–DI).

2804
3 Resultados

Foi realizado estudo de caso para a cidade de Natal-RN, visando validar a modelagem
desenvolvida. A Tabela 1 apresenta as principais premissas.
A distribuiçã o de probabilidade do VPL é apresentada na Fig. 1, onde as cores azul e vermelha
indicam a probabilidade do projeto ser viá vel ou inviá vel, respectivamente. Para este caso, o valor
esperado do VPL (E[VPL]) é igual a R$ 5,87 milhões e o risco (σ[VPL])

Tabela 1: Principais premissas

Capacidade instalada 30.75 MW


Perdas na transmissa˜ o e consumo interno 2%
Custo de implantac¸a˜ o 4,54 milho˜ es R$/MW
Vida u´ til 25 anos
Per´ıodo de construc¸a˜ o 12 meses
Altura do torre 100 m
Comprimento de rugosidade 0.8 (me´ todo logar´ıtmico)
Montante contratado 13 MW
Prec¸o de contrato 181,14 R$/MWh
Equity / Debt 30% / 70%
Per´ıodo de amortizac¸a˜ o 16 anos (SAC)
Per´ıodo de careˆ ncia 2 anos
Taxa livre de risco (rf ) 4.59% a.a. (nominal)
Preˆ mio de risco de mercado (rm − rf ) 5.79% a.a. (nominal)
Risco Brasil (rB ) 3.52% a.a. (nominal)
Beta – β (calculado) 1.47
Taxa de desconto para VPL (calculado) 13.79% a.a. (real)
O&M 1.5%/ano do investimento inicial
Taxa de fiscalizac¸a˜ o ANEEL 0.5% da receita l´ıquida
Seguro 0.3%/ano do investimento
Transporte de energia 1,5 R$/kW/meˆ s
Arrendamento do terreno 1% da receita bruta
Taxa de depreciac¸a˜ o 4% a.a.
Tributac¸a˜ o Lucro presumido
PIS 0.65% da receita bruta
COFINS 3% da receita bruta
CSLL 9% sobre a base de ca´ lculo de 12% da Receita
Imposto de renda (sobre a receita bruta) Faixa 1: 1,2% ate´ R$ 240 mil/ano; Faixa 2:

2805
e´igual a R$ 8,33 milho˜ es, sendo o risco representado pelo desvio padra˜ o dos valores em torno do valor
esperado. Em termos de probabilidade tem-se 78,65% de possibilidade do projeto ser viável contra 21.35 %
de ser inviável.

4 Conclusões
O principal objetivo deste artigo é fornecer metodologia para análise de risco para usina

eólica no ACL, apresentando nova perspectiva de análise econômica.

Os modelos estocásticos desenvolvidos para a velocidade do vento e para o PLD re- presentam de forma
apropriada as caracterı́sticas destas variáveis.
A ana´lise econoˆmica com fluxo de caixa mensal permitiu capturar os efeitos da produc¸a˜o sazonal de energia.
Considerando as premissas adotadas para o fluxo de caixa, o VPL aponta para a via- bilidade da usina na cidade
de Natal-RN.

120

100

80
Frequência

60

40

20
0
−30 −20 −10 0 10 20 30 40
VPL (Milhões R$)
Figura 1: Distribuição de probabilidade do VPL

2806
Referências

[1] MINISTÉ RIO DE MINAS E ENERGIA – MME. Plano Decenal de Expansã o de Energia 2024.
Bras´ılia: MME/EPE, 2015.

[2] A. O. PEREIRA, R. CUNHA DA COSTA, C. D. V. COSTA, J. D. M. MARRECO, E. L. LA


ROVERE. Perspectives for the expansion of new renewable energy sources in Brazil. Renew
Sustain Energy Rev 2013;23:49–59.

[3] E. G. DOMINGUES. Aná lise de Risco para Otimizar Carteiras de Ativos Fı́sicos em Geraçã
o de Energia Elé trica. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia Elé trica) – Universidade
Federal de Itajubá , Itajubá. 2003.

[4] A. C. N. SALLES, A. C. G. MELO, L. F. L. LEGEY. Risk analysis methodologies for


financial evaluation of wind energy power generation projects in the Brazilian system. 2004
Int. Conf. Probabilistic Methods Appl. to Power Syst., 2004.

[5] F. B. SILVA. Risk management in non-financial companies: An application in a Brazilian


wind farm project. The George Washington University, 2014.

[6] L. D. A. LIMA, C. R. B. FILHO. Wind energy assessment and wind farm simulation in Triunfo
– Pernambuco, Brazil. Renew Energy 2010;35:2705–13.

[7] A. O. PEREIRA, A. S. PEREIRA, E. L. LA ROVERE, M. M. L. BARATA, S. C. VILLAR,


S. H. PIRES. Strategies to promote renewable energy in Brazil. Renew Sustain Energy Rev
2011;15:681–8.

[8] A. K. DIXIT, R. S. PINDICK. Investment Under Uncertainty. Princeton (NJ): Princeton


Uni- versity Press; 1994.

[9] L. CLEWLOW, C. STRICKLAND, V. KAMINSKI. Jumping the gaps. Energy Power Risk
Manag Magazine 2000;26–27.

2807
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2809 - 2812

O Parangolé de Hélio Oiticica: invenção, performance e experiência

Deusimar GONZAGA

Programa de Pós-graduação Interdisciplinar stricto-sensu – Performances Culturais


Escola de Música e Artes Cênicas – EMAC
Gonzagadeusimar@gmail.com

Financiamento: Bolsa CAPES – demanda social

Palavras – chave: Parangolé; invenção; performance; experiencia.

JUSTIFICATIVA

Em 1964 o pintor, escultor, artista plástico carioca Hélio Oiticica (1937- 1980)

inventava o Parangolé1. Oiticica participou ativamente dos anos neoconcretos – o


neoconcretismo foi, em linhas gerais, um movimento artístico que se opunha a excessiva
racionalidade do concretismo. A experiência neoconcreta promoveu teorias e postulados
que estabeleceram transformações na tradição construtivista das artes no Brasil. A
interação do espectador/atuante com o Parangolé pode ser analisada
como uma experiência de linguagem, no rol das Performances Culturais.
A fundamentação teórica da análise aqui proposta se sustenta principalmente nos
conceitos e noções de: experiência; da alteridade do autor e sua invenção/personagem;
da relação pensamento e linguagem; da ação e transformação da imaginação, da razão e
da memória; da relação entre percepção, estética e excedente de visão; do
enquadramento de termos; e de representação; apresentação e expressão das ações do
viver.
Entendemos com o filósofo alemão Wilhem Dilthey (1833-1911) que uma
experiência é constituída em relações complexas que demandam interações das pessoas
com seus sentimentos e instintos. O filósofo norte-americano John Dewey (1859-
1952) determina que a emoção seja a força motriz e consolidante de uma experiência.
Uma experiência acontece em um processo de relações que tem um começo, um
desenvolvimento e umaconsumação.

1 Para Oiticica o artista não cria e sim inventa, já que criação se dá no contexto da ausência total.

2808
Para o filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1972) cada um de nós só
percebe parcialmente a estética do mundo em que vivemos. Nossa visão é completada
pela visão de outros que veem o mundo e a nós mesmos onde nossa visão não
alcança - excedente de visão.
Dos estudos de linguagem trazemos o conceito de enquadramento de termos
(Terministic Screens) do filósofo e critico de literatura, o norte americano Kenneth
Burke (1897-1993). Os termos que usamos constituem o enquadramento com o qual
percebemos o mundo ou ainda, percebemos a constituição destes enquadramentos de
acordo com nossa percepção do mundo. Os termos dos nossos enquadramentos ao
mesmo tempo, distanciam a atenção de formas interpretativas e nos levam a outras.
O professor dos Estudos da Performance na Universidade de Nova York,
Richard Shechner defende que arte é um evento que envolve o exame de materiais
antropológicos, sociológicos e psicológicos – um evento de mimeses - “actual”:
imitação, representação, apresentação e expressão das ações do viver. Uma prática que
remonta as antigas tradições tribais que tentam transpor os espaços entre passado e
presente, indivíduo e grupo e também entre interno e externo. Portanto, a arte implica
em desempenhar uma ação de tomar a vida como ela é e representar suas ações em
ritmos e dinâmicas construídos esteticamente.

OBJETIVOS
O objetivo mais amplo desta pesquisa é interpretar, através da linguagem que
Hélio Oiticica desenvolve em seus escritos, suas inquietações artísticas políticas e
sociais em torno de sua mais popular invenção: o Parangolé. A intensão é analisar o
Parangolé pelo olhar metodológico dos estudos das Performances Culturais. Desdobrar
a interpretação da performance Parangolé no contexto da minha percepção artística.
Considerar nas proposições de Oiticica sobre o Parangolé: noções de experiencia, de
significado, do caráter multissensorial da atuação parangolé.

2809
METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica qualitativa articulada nas perceptivas da minha


experiencia como artista de teatro. As pesquisas serão fundamentadas principalmente
no método fenomenológico de investigação científica. Para este estudo, os Parangolés
serão considerados como um fenômeno construído socialmente cujo entendimento
depende do que é comunicado, como eles podem ser interpretados e como são
compreendidos. As análises serão norteadas pela perspectiva teórica de desconstrução
das estruturas e modelos de significados. Desconstrução no sentido de criar
possibilidades de interpretações, reinterpretações, desmontagem, decomposição e
reconstrução de sentidos.

REFERÊNCIAS

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2812
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2813 - 2818

TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS DE ZERO A TRÊS ANOS


DE IDADE

COSTA, Dinara Pereira Lemos Paulino da1; BARBOSA, Ivone Garcia2

Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação- Universidade Federal


de Goiás –Goiânia
dinarapereira@uol.com.br ivonegberbosa@hotmail.br
Financiamento: Capes

Palavras-Chave: Creche, Criança, Trabalho Docente, Professor

Justificativa/Base Teórica

Esta pesquisa tem como temática o trabalho docente com as crianças de 0 a 3 anos de
idade e está em andamento no Programa de Pós-Graduação em Educação (FE/UFG),
vinculando-se ao projeto “Políticas Públicas e Educação da Infância em Goiás: história,
concepções, projetos e práticas”, do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Infância e sua
Educação em Diferentes Contextos (NEPIEC).
A pesquisa busca fomentar reflexões acerca do trabalho docente que se processa nos
Centros Municipais de Educação Infantil na Cidade de Jataí, Estado de Goiás. Busca-se no
processo de investigação compreender como as professoras concebem o trabalho docente que
é realizado com as crianças de 0 a 3 anos de idade no cotidiano da creche, os elementos que
constituem este trabalho, dadas as condições subjetivas e objetivas presentes nas instituições
de Educação Infantil do Município e a especificidade do trabalho docente nesta faixa etária.
Os estudos sobre o trabalho docente, Apple (1987), Arroyo (1985), Enguita (1989),
Hypólito (1997), indicam que sua constituição tem origem com a missão dos padres Jesuítas
que tinham por função ensinar a fé cristã,

1
Aluna do Programa de Pós-Graduação (Doutorado), da Faculdade de Educação da Universidade Federal de
Goiás PPGE/FE.
2
Professora orientadora.

2813
realizando um trabalho como vocação e sacerdócio. Com a ampliação da educação para
as camadas mais amplas da população, a educação sai das mãos somente das igrejas católicas
devido a implantação da escola de massas, colocando-se assim a necessidade de outras
pessoas, que não somente os padres para o ensino. Para Hypolito (1997 p. 19),

Quando surgiu a necessidade de as escolas serem abertas para camadas mais amplas da
população, o clero sozinho já não conseguia atender a essas novas demandas. Assim,
colaboradores leigos foram convocados para exercer a funçãodocente.
Esses professores leigos deveriam dar continuidade aos objetivos do clero, ensinando
a fé cristã, porém com as modificações da sociedade e o avanço dos ideários liberais que
atendiam ao desenvolvimento de uma sociedade capitalista, urbana e industrial, colocava-se
a necessidade do ensino de outros conhecimentos e técnicas que gerassem mão de obra.
Assim o professor vai se afastando do sacerdócio e vocação, e consequentemente
aproximando-se de sua profissionalização.

Contraditoriamente, os professores ao buscar sua profissionalização perdem sua


autonomia se tornando empregados do Estado, e ao longo do século XIX passam de mestre
do ofício de ensinar, a trabalhador do ensino, empregados e controlados pelo Estado,
Hypolito (1997).

O trabalho docente que até então era oferecido pelo gênero masculino, e que podia
além da docência realizar outras atividades paralelas, torna-se pelas regulamentações e
controle do Estado, um trabalho mais intenso e pouco remunerado, fazendo com que a classe
masculina procurasse outros meios de sobrevivência, abrindo assim a possibilidade de
trabalho para as mulheres, já que em uma sociedade patriarcal as oportunidades de trabalho
feminino eram escassas.

A Educação Infantil, desde o seu nascimento é feminina! Seus objetivos eram


puramente assistências e sanitaristas, e para a realização dos mesmos, buscava-se a mulher
com seus atributos maternais. Muitas foram as lutas para chegar ao que temos hoje, uma
educação como direito de todas as crianças e de suas famílias. Essas lutas representam
também o envolvimento dos movimentos sociais e o próprio movimento das mulheres em
reivindicar a creche como um direito das crianças e das famílias segundo, Alves (2007),
Barbosa (2003), Kramer (2006), Rosemberg (2002), Silveira (2015).

2814
Para Oliveira (2004), no percurso histórico da constituição do trabalho docente
ressaltam-se as lutas para a construção da profissionalização, a conquista da autonomia,
plano de carreira, e melhores condições de trabalho, ligados a uma questão maior que
envolve as relações de classe e o setor produtivo. A escola como parte constitutiva das
relações sociais não está isenta das repercussões econômicas em um mundo capitalista, pois
ela é parte dele.

Compreendemos o trabalho docente como um trabalho inteiro, em que o professor (a)


com seus conhecimentos, crenças, e ideologias, ensina, realizando uma prática social
mediada, na qual, não pode haver um controle direto, pois esta envolve o pensar e o sentir do
homem, não podendo ser controlado diretamente.

Para Marx (2012), o homem se faz no seu trabalho, sendo este a essência da vida
humana. O homem atua na natureza e retira dela o que necessita para sua sobrevivência, e ao
mesmo tempo, de forma dialética é influenciado por esta natureza. Para o autor, o homem é
um ser histórico e social, sendo o trabalho a forma histórica da atividade humana. No
trabalho, a atividade humana planejada e consciente, opera uma transformação objetivando
um fim determinado.

Na atualidade, após um processo árduo de conquistas como a Constituição Federal de


(1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e Bases Nacional
da Educação (9394/96), as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil de (2010), o Plano
Municipal de Educação de 2014, dentre outros marcos legais e a vasta contribuição no campo
das pesquisas acadêmicas ainda é preciso envidar esforços para que direitos não sejam
perdidos e lutar para que as crianças de 0 a 3 anos de idade tenham de fato uma educação de
qualidade referenciada.

Objetivos

Busca-se no processo de investigação compreender como as professoras concebem o


trabalho docente realizado com as crianças de 0 a 3 anos de idade no cotidiano da creche e os
elementos que constituem este trabalho, dadas as condições subjetivas e objetivas presentes
nas instituições de Educação Infantil do Município e a especificidade desta criança.
Metodologia

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de investigação teórica e empírica que está sendo

2815
realizada nos Centros Municipais de Educação Infantil da Rede Municipal de Educação de
Jataí, cujos participantes são professoras com a formação em Pedagogia que atuam
diretamente com as crianças de 0 a 3 anos de idade. Para a compreensão do objeto assume-se
o materialismo histórico-dialético e a teoria sócio-histórico-dialética como referência teórico-
metodológica, pois este método considera o objeto em sua historicidade e movimento.
Como procedimentos metodológicos para a compreensão do objeto formulou-se um
questionário (Perfil profissional I). Este instrumento visa conhecer dados referentes à
formação inicial e continuada, tempo de trabalho na Educação Infantil, dentre outros aspectos
relacionados à profissionalização. Este instrumento junto ao Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido foi oferecido as professoras em agosto de 2015. Dando continuidade a pesquisa
formulou-se outro instrumento chamado (Perfil profissional II), visando investigar a
compreensão das profissionais sobre o trabalho docente realizado com as crianças nas
instituições educativas. Este instrumento foi elaborado visando compreender aspectos
relacionados ao trabalho docente pensando em cinco temáticas; a criança, a professora, a
rotina diária, a instituição e a família.
Além dos instrumentos mencionados acima, pretende-se realizar entrevistas com
questões que visem complementar as falas das professoras e possibilitar compreender o objeto
de estudo, ou seja, o trabalho docente com as crianças em sua totalidade.
Resultados

Neste momento da pesquisa estamos realizando a análise dos dados referentes à


pesquisa empírica. Foram entregues 63 questionários sobre o Perfil profissional I as
professoras da Educação Infantil. Após dez dias da entrega a pesquisadora voltava a
instituição para recolher o instrumento. Em muitas instituições foi preciso voltar mais vezes,
pois, por motivos diversos o instrumento ainda não tinha sido respondido, o que foi sempre
tratado com naturalidade pela pesquisadora. Os resultados mostram uma participação efetiva
das professoras, pois foram entregues 63 questionários e foram devolvidos 56 para a
tabulação dos dados, ou seja, 88% das professoras participaram desta etapa da pesquisa, um
número significativo.
Após recolher o instrumento Perfil profissional I, foi oferecido aos que se dispuseram
a continuar fazendo parte da pesquisa o segundo instrumento cuja finalidade era investigar as
concepções, forma de planejamento, estruturação da rotina diária e seus elementos, a relação
família e instituição, dentre outros. Foram entregues aos professores 53 questionários (Perfil
profissional II), e destes 39 foram devolvidos a pesquisadora, o que corresponde a 73.58% de

2816
participação na segunda etapa da pesquisa.

Conclusões

A pesquisa empírica encontra-se em fase de análise e discussão dos dados coletados.

Referências

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anos de idade: concepções acadêmicas e de profissionais da educação. 278 f. Tese
(Doutorado em educação) - Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás,
Goiânia, 2015.

2818
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2819 - 2824

INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA DO ÁCIDO ROSMARÍNICO COM FÁRMACOS


METABOLIZADOS POR ENZIMAS CYP3A

Dorcas Fernandes dos Anjos MELO1, Paula Neres OLIVEIRA2, Caroline Rego

RODRIGUES1,2, Davi de Souza MELO1, Luiz Carlos da CUNHA1

1Núcleo de Estudos e Pesquisas Tóxico-Farmacológicas (NEPET-UFG); Faculdade de

Farmácia – UFG.
2Unidade de Ciências Exatas e Tecnológicas (UNUCET) – UEG.

dorcasanjos@gmail.com;

Palavras Chave: Inibição enzimática, Citocromo P450, Midazolam.

1 Justificativa e Fundamentação Teórica

Usar plantas medicinais é, há muito, uma prática terapêutica de diversas doenças na


humanidade, contribuindo como alternativa aos medicamentos alopáticos (VASCONCELOS;
LIMA; ALCOFORADO, 2010. Por isso, muitos acreditam serem as plantas ou seus derivados
isentos de efeitos adversos, mas estudos demonstraram que eles são capazes de alterar o
metabolismo de diversos fármacos quando usados concomitantemente, visto que podem atuar
sobre o complexo enzimático hepático citocromo P450, podendo acarretar ao paciente graves
reações adversas (ALEXANDRE; BAGATINI; SIMÕES, 2008). O citocromo P450 é um
complexo enzimático responsável pelo metabolismo de fármacos, que pode ser sofrer indução
ou inibição por outrem, levando à redução na eficácia terapêutica ou a uma toxicidade
(CAVACO, 2014). As famílias CYP1, CYP2 e CYP3 são consideradas as mais importantes
para o processo de biotransformação de fármacos e dessas famílias, as isoenzimas 1A2, 2C9,
2C19, 2D6 e 3A3/4 são reconhecidamente especiais para o metabolismo de drogas (AUDI;
PUSSI, 2000). Há relatos na literatura que derivados de plantas medicinais são capazes de
induzir ou inibir as enzimas do citocromo P450. Como exemplo se tem o suco de toranja que
apresenta capacidade de inibir CYP3A4, podendo causar efeitos adversos ao organismo

2819
(GONÇALVES, 2013).
O ácido rosmarínico é encontrado em algumas espécies da família Lamiaceae, sendo
assim frequentemente administrado com outros fármacos. Porém, não se conhece a
probabilidade de ocorrências de interações farmacológicas, provocadas pela capacidade desse
composto alterar a biodisponibilidade de fármacos, aumentando o risco de toxicidade. Assim,
justifica-se o estudo deste composto fenólico presente em plantas medicinais de uso
popular a fim de avaliar sua capacidade inibitória sobre as isoenzimas do citocromo
P450, em especial a CYP3A, a partir de ensaios in vitro.

2 Objetivos

Avaliar a capacidade de inibição das enzimas CYP3A de ratos, in vitro, pelo ácido
rosmarínico em três concentrações (0,17 mg/mL, 0,085 mg/mL e 0,0425 mg/mL).

3 Metodologia

3.1 Animais

O presente trabalho foi avaliado pela Comissão de Ética de Uso de Animais da


Universidade Federal de Goiás (CEUA/UFG) e se encontra registrado sob número 042/13 e
128/14. Foram utilizados 3 ratos Wistar machos pesando em torno 350g, provenientes do
Biotério Central da UFG em Goiânia-GO. Os animais foram acondicionados na sala de
experimentação animal da Faculdade de Farmácia - UFG à temperatura ambiente (25 ± 2ºC),
com umidade relativa do ar entre 50 a 70% e monitoramento do ciclo claro-escuro a cada
12 horas. Durante todo o experimento os animais receberam água filtrada e ração ad
libittum. Os procedimentos envolvendo o manejo e cuidados dos animais foram realizados
com base no Niehs Handbook for investigators and technicians, do National Institute of
Environmental Health Scienses (NIEHS) nos Estados Unidos da América, de setembro de
2007, visando minimizar o sofrimento dos animais através da realização correta de todos
os procedimentos que envolvam os mesmos.

3.2 Preparação do lisado hepático

O lisado hepático foi preparado a partir de fígados de ratos Wistar eutanasiados com

2820
CO2, triturados, lavados com tampão Tris/KCl 0,02 M/0,2 M pH 7,4 gelado (± 4 ºC) e

centrifugados a 9.000 g por 20 min. As enzimas microssomais foram adicionadas a 5 mL de


tampão fosfato de sódio 0,1 M com EDTA 0,8 mM, ditiotreitol (DTT) 1 mM e glicerol 20
%. Os microssomas foram pré-incubados por 5 min com 200 μL de tampão fosfato de potássio
pH 7,4 contendo 36 μM de midazolam e 480 μM de NADPH. Um volume de 180 μL da
solução de inibição (cetoconazol 20 μg/mL em metanol 1 %) ou tampão fosfato de potássio
pH 7,4 foi adicionada (10 min, 37 ºC). A reação foi iniciada com a adição de 400 μL de
lisado hepático. A mistura foi homogeneizada e centrifugada a 13.000 g por 10 min. 20 μL
foram injetados em HPLC-PDA Shimadzu, coluna (C18 250mm x 4,6mm x 5μm) e detector
UV-VIS 230 nm. Diazepam foi utilizado como padrão interno (5 μg/mL). Fase móvel
acetonitrila, metanol e água ultrapurificada (20:40:40 v/v), fluxo de 1,0 mL/min.

4 Resultados e Discussão

Figura 1. Cromatograma do teste de metabolização de midazolam no lisado hepático


extraído de ratos Wistar. 4-hidroximidazolam (1); 1-hidroximidazolam (2); midazolam (3) e
diazepam(4).

O midazolam é o fármaco modelo para teste de metabolização de CYP3A. Conforme


a figura 1, a formação dos metabólitos do midazolam: 1-hidroximidazolam e 4-
hidroximidazolam ocorreram pela presença da enzima no lisado, assim como o teste de
incubação dos microssomas com midazolam e cetoconazol demonstrou inibição da atividade
das enzimas microssomais CYP3A (dado não mostrado). O cetoconazol foi utilizado como
controle positivo para o teste de inibição das enzimas CYP3A por ser indicado pelo FDA

2821
como fármaco modelo para esse teste de inibição e por apresentar- se já em literaturas como
um fármaco capaz de inibir essas isoenzimas em especial (OBACH, 2000; FDA, 2011).
No entanto, na presença do ácido rosmarínico, em baixa concentração, não houve
inibição das enzimas e, enquanto nas concentrações média e alta houve inibição de
aproximadamente 39 % das enzimas testadas (tabela 1). Tais concentrações foram
determinadas baseando-se em estudos anteriores de inibição de enzimas microssomais por
extratos de origem vegetal. Considera-se que as concentrações testadas são superiores às
concentrações do extrato que devem realmente chegar ao fígado in vivo (LI et al., 2010;
OLIVEIRA et al., 2015). Porém, este trabalho não avaliou a biodisponibilidade do ácido
rosmarínico.

Quadro 1 Percentagem de inibição de CYP3A de fígado de ratos Wistar por ácido


rosmarínico (Sigma®).

Substância Analisada % de Indução

Ácido rosmarínico 0,1700 mg/mL 39,7 ± 0,12%

Ácido rosmarínico 0,0850 mg/mL 39,2 ± 0,06%

Ácido rosmarínico 0,0425 mg/mL 0,00%

Cetoconazol 0,0200 mg/mL 100%

DMSO 5% (v/v) 0,00%

Alguns cientistas vêm estudando o efeito inibidor de produtos naturais em


enzimas. Oliveira et al. (2015) avaliando a capacidade de inibição de extratos secos de
diversas espécies vegetais e fitoterápicos sobre as enzimas do citocromo P450, observou que
o fitoterápico Monaless® (O. sativa fermentado por M. purpureus) apresentou o maior índice
de inibição das enzimas CYP3A, 31,94 %, indicando que deve-se ter um maior cuidado ao
administrar esse fitoterápico associado a outros fármacos metabolizados por essas enzimas.

2822
Assim como Melo et al. (2014), observou que a amoxicilina quando usada junto com
suco de abacaxi sua concentração plasmática é aumentada. Cabe contudo, aos médicos e
farmacêuticos questionar pacientes do uso de vegetais simultâneo com fármacos, a fim de
realizar uma terapêutica eficiente e segura.

5 Conclusões
Em relação à metodologia empregada, o ácido rosmarínico mostrou ser inibidor da
subfamília CYP3A, podendo aumentar a biodisponibilidade de substâncias que são
metabolizadas pela mesma enzima quando da administração concomitante, sugerindo
possíveis efeitos tóxicos deste.

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P450 por derivados de plantas medicinais. 2015. 108f. Tese de doutorado (Programa de
Pós - Graduação em Ciências da Saúde) - Faculdade de Farmácia, Goiânia, 2015.

VASCONCELOS, D. A.; LIMA, M. M. O.; ALCOFORADO, G. G. Plantas Medicinais


De Uso Caseiro: Conhecimento Popular Na Região Do Centro Do Municipio De Floriano/Pi.
V Connepi-2010, n. 1, 2010.

2824
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2825 - 2831

LUTA PERMANENTE: AS PERFORMANCES AFRO-BRASILEIRAS DA CIDADE


DE GOIÁS-GO E SUAS INTERAÇÕES

Eliene Nunes MACEDO1

Escola de Música e Artes Cênicas - EMAC/UFG nuneseliene2@gmail.com


FAPEG

Palavras-chave; performances, Afro-brasileiros, resistência, Cidade de Goiás

Este ensaio busca refletir sobre a luta permanente vivida pelo povo negro

vilaboense e expressa, em vários momentos, em suas performances2 realizadas na cidade de


Goiás. Esta análise, terá como referência quatro eventos distintos, ocorridos entre janeiro a

julho de 2016, cuja temática central permeia as africanidades brasileiras3. Para mediar esses
diálogos, serão evocados alguns estudiosos (VASCONCELOS, 2001; RODRIGUES e
RATTS, 2008; PEREIRA, 2008
MOORE, 2008; M’BOKOLO, 2009; HARRIS, 2010; SANTOS, 2010) cujo eixo central

é a África e a diáspora africana, também serão acionados outros autores para este diálogo.
É importante destacar que, neste estudo, a África é entendida como um

1 Mestranda em Performances Culturais, pela Escola de Música e Artes Cênicas – EMAC da Universidade

Federal de Goiás - UFG; Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás- FAPEG;
Professora de Dança da Secretaria de Estado da Educação de Goiás. Docente da Universidade Estadual de
Goiás – UEG/ESEFFEGO.
2Schechner (2011) elenca duas categorias de públicos: os públicos acidentais são os que não possuem contatos

prolongados com o grupo (um exemplo são os turistas); os públicos integrais são aqueles que obtêm
experiências devido um longo período de convivência com os Congos, dentre eles estão os dançantes, familiares,
amigos, antigos moradores da cidade.
2 2 Jean Langdon (2007) sistematiza cinco qualidades inter-relacionadas que compõe os diversos eixos dos

usos do termo performance: a experiência em relevo, cujo foco é a expressão estética; trata-se de uma
participação de todos os presentes e o significado emerge do contexto: é uma experiência multissensorial;
existência do engajamento corporal, sensorial e emocional – a corporificação (embodiment); a significação
emergente, pois o modo de expressar se localiza no centro da performance. Além do significado semântico
clássico a performance implica na experiência imediata, emergente e estética.
3 Somente no curso “Religiosidade populares”, não temos como referência central as africanidades, mas o

curso contemplou a temática.

2825
continente que está em permanente construção e que vive em diáspora desde a sociedade
antiga (M’Bokolo,2009; Moore,2008; Harris,2010; MENESES, 2010).
Os quatro momentos analisados em Goiás, são bastante diferentes, em seus objetivos,
finalidades, perspectivas, mas ambos têm em comum as africanidades brasileiras. Todos os
eventos e os grupos analisados possuem particularidades bastante expressivas, desde a forma
de lidar com a realidade posta dentro da cidade, até a forma de se expressar e se afirmar como
povo negro.
Resumidamente, os eventos possuem as seguintes características: o primeiro foi o
Carnaval 2016, com a temática “AFRO FÉ: ritmo e memória do povo vilaboense”, realizado
entre 03 a 08 de fevereiro de 2016, com vária atividades (bailes de carnaval; exposições;
feiras de artesanatos e gastronomia; blocos de carnavais; cortejo do afoxé pilão de prata;
samba de roda da Vila Esperança; carnaval das machinhas; shows com várias bandas, com os
mais variados ritmos). O segundo refere-se ao curso "FILOSOFIA AFRICANA: experiência e
encantamento”, realizado entre 28 de março a 01 de abril de 2016, cuja programação incluiu
palestras temáticas, vivências (música, dança, comidas típicas, práticas corporais), roda de
conversa, visita ao Museu das Bandeiras, oficinas (dança Afro; modelagem em barro,
percussão, maculelê, estética afro, jogo Ayó); convivências (samba de roda e mito africano).
O terceiro, foram o Afoxé Ayó Delê e Dança dos Congos, realizados no dia 14 de maio
de 2016. Essas duas manifestações culturais ocorreram no mesmo dia, mas são manifestações
singulares e independentes, sendo que a primeira está ligada às religiões de matriz
africana e a segunda ao catolicismo. O quarto, refere-se ao curso/oficina sobre "Cultura e
religiosidade Populares", realizado entre 03 a 08 de julho de 2016, com aulas dialogadas e
pesquisa de campo participativa, sob a orientação do professor Carlos Rodrigues Brandão.
Nesse contexto, é possível identificar a existência de várias fronteiras contraditórias e
similares que estão constantemente em contato, deslocando e conectando.
Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa etnográfica em construção, que tem
como principal objetivo interpretar as performances afro-brasileira da cidade de Goiás e as
complexas relações de significados naquele sistema cultural. Nesse passeio, passarei por
estudos variados, mas terei como eixo norteador a fenomenologia, estabelecendo um fecundo
diálogo com a experiência advinda desta imersão. Para refletir sobre a experiência, cabe
colocar em relevo que o corpo é a

2826
chave para a compreensão desse sentido atribuído, experienciado, pois meu corpo de
pesquisadora não apenas percebe, conhece, mas é produtor desses sentidos.
Cabe sublinhar que este corpo, situado no espaço, transportam marcadores sociais
(raça, cor, gênero, classe social) que estão em constante relação e são utilizados
ideologicamente como definidores sociais que estabelecem qual espaço determinado grupo
social deve ocupar. Neste sentido, negros e brancos vivem os espaços de forma diferente
(RODRIGUES; RATTS, 2008), pois as práticas dinâmicas constantes e um conjunto de
coisas que são construídas no imaginário humano, carregadas de significações, valores e
relações de poder.
Refletindo sobre essas relações de poder, vale a pena sublinhar que, historicamente, a

presença do povo negro na cidade “Patrimônio Mundial”4, assim como em várias outras
cidades do Brasil, reflete a inclusão perversa dos negros na sociedade vilaboense. Além das
várias violências físicas, sociais e culturais sofridas ao longo da história, é notório que
foram utilizado vários mecanismos sociais para apagar essa memória do povo negro do
“Centro Histórico” da cidade, tais como: a destruição do Pelourinho, a desarticulação
(extinção) da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a demolição da
antiga igreja construída por essa irmandade extinta e a construção de uma nova igreja com
estilo totalmente diferente (de colonial para neo-gótico) que recebeu o nome de igreja
Nossa Senhora do Rosário, extinguindo o termo “dos pretos” (OLIVEIRA, 2014; PRADO,
2014; TAMASO, 2007). Santos (2010, p.156) ressalta a importância a necessidade de se ter
nomeados lugares que remetem a luta, a história, a marca da presença negra, pois “dar
nome, nomear, representar, está na base da criação do mundo- é o primeiro ato de poder sobre
o mundo”.
Desses conflitos de sociabilidades e emergiram várias manifestações, entre elas, a
Dança dos Congos no meado do século XVIII, liderado por afrodescendentes vilaboenses, no

século XXI os Afoxés5, liderados por novos agentes sociais –

4 A cidade de Goiás foi à antiga capital do estado de Goiás, fundada em 1727 por Bartolomeu
Bueno da Silva (1672-1740) com o nome Arraial de Sant’Anna que, em 1736, modificou seu
nome para Vila Boa de Goyaz. Em 1744, tornou-se Capitania de Goiás e perdeu o título
após a transferência da capital estadual para Goiânia, entre 1930 e 1940, coordenada pelo

2827
então interventor do Estado, Pedro Ludovico Teixeira. O “Centro Histórico” da cidade de

Goiás foi reconhecido pela UNESCO4, em 2001, como patrimônio mundial (TAMASO,
2007).
5 Os Afoxés em Goiás foram colocados nas ruas do “Centro Histórico” no início do século
XXI. Para seus fundadores, eles ocorriam anteriormente dentro dos terreiros. Os dois afoxés
são bastante diferentes: as cores utilizadas; a forma de tocar os instrumentos, pois o Bloco
Pilão de Prata toca com as baquetas e bloco Ayó Delê com as mãos, mudam-se as formas de
amarrar as roupas, o ritmo. O denominados por alguns moradores como “elite intelectual

negra”6 – que, por meio de seus conhecimentos formais, acionam leis, projetos, incentivos
financeiros e buscam desenvolver políticas étnico-raciais, dentro da cidade de Goiás.
A (re)apropriação de seus lugares, no “Centro Histórico”, pelos vilaboenses negros
e a garantia do seu direito de expressar e transitar dentro desse espaço da cidade é fruto de
muita luta. Segundo o fundador do grupo Afoxé Bloco Pilão de Prata, por muitos anos as
práticas religiosas de matriz africana foram proibidas, mas a legislação possibilitou que eles
enfrentassem os preconceitos da cidade e garantiu os seus direitos de realizar o cortejo pelo
Centro Histórico.
Apesar da legislação garantir, efetivamente ainda existe grandes embates, pois existem
divisões objetivas e subjetivas muito bem-estabelecidas sobre o lugar que determinado grupo

deveria ocupar. Podemos citar alguns fatos que comprovam tais realidades: o grupo do sujo 7
que sai do setor Rio Vermelho e que antes chegava na Praça do Coreto, foi deslocado para
a Praça de Eventos, objetivando evitar “danos” ao espaço do Centro histórico.
Outro fato foi a chegada do Afoxé Bloco Pilão de Prata na Praça do Coreto que -
mesmo estando previsto na programação oficial do evento que o cortejo passaria pela praça -
a banda que estava tocando no coreto continuou com sua música, desconsiderando a
manifestação presente, gerando indignação em vários integrantes do grupo. O Cortejo dentro
do “Centro Histórico” foi recheado de tensões e realizações, ficando nítido o movimento de
resistência e a busca pela permanência. Moradores da cidade relatam que, no ano passado, em
2015, durante o cortejo do Afoxé Ayó Delê, depararam-se na rua com um grupo de
evangélicos que apontavam raivosamente para o cortejo e gritava o nome de Jesus,
expulsando os demônios (membros do Afoxé). Outro relato foi a da mãe de Santo de um
terreiro em Goiás, que declarou sofrer vários tipos de agressões, inclusive, relatou que há
alguns anos colocaram fogo em seu terreiro.

2828
coordenador do Bloco Afoxé Pilão de Prata informa que já houve uma rivalidade entre os dois
grupos, mas que agora há uma convivência pacífica.
6 Termo utilizado por uma moradora para denominar os coordenadores dos Afoxés em Goiás.
7Segundo alguns moradores, o grupo do sujo é muito popular em Goiás e é aberto a todos
os que queiram participar. Antes, eles passavam pelo “Centro Histórico”, mas depois foram
“proibidos” para não sujar a cidade. O processo de higienização é tão expressivo, por
parte de alguns grupos da cidade, que no folder de divulgação da festa carnavalesca
denomina o popular “bloco do sujo” como “bloco da Alegria”.
Em seus estudos, Santos (2010) relata sobre as experiências de espaços e a
organização espacial das relações raciais, lembrando que:
Isso impacta as experiências de espaço, o ir e vir, na medida em
que indivíduos e grupos subalternizados causarão, em determinados
contextos, sentimentos de espanto, estranhamento e até mesmo de
repulsa – contextos e lugares onde sua presença é indesejada
(SANTOS 2010, p. 155).

Para Certeau (1998) o espaço como prática do lugar é, sobretudo, como os sujeitos
o vivenciam, experienciam, apropriam-se, ocupam e o transformam a partir de suas práticas,
que passam a ser ressignificadas e simbolizadas. Na cidade de Goiás há poucos registros de
práticas de inscrição (alfabeto, desenho, foto, partituras musicais) do povo negro vilaboense
e sua maior riqueza concentra-se nas práticas de incorporação (memória corporal, práticas e
técnicas corporais).
Essa resistência à cultura afro-brasileira permeia vários espaços, inclusive, no universo
acadêmico. No curso “Filosofia Africana: experiência e encantamento”, ofertado para
docentes que trabalham com essa temática, alguns cursistas desistiram, alegaram que o curso
tratava de religião tradicional africana, colocando em evidência a intolerância religiosa.
Hoje, é perceptível a busca incessante dos congos, dos afoxés, dos terreiros e de
alguns estudiosos locais, em reestabelecer vários elementos africanos e desenterrar as zonas
simbólicas que foram soterradas ao longo do processo histórico. Nota-se a construção de
estratégias que buscam o rompimento de várias “fronteiras simbólicas” que, anteriormente,
já estavam muito bem-estabelecidas e que agora podem levar ao surgimento de novas
relações entre os múltiplos grupos sociais que dialogam com o Centro Histórico e a

2829
Periferia. Portanto, mesmo nas lutas aqui citadas - umas mais outros menos – estão
contidas o desejo de reafirmar os valores, os espaços, a cidadania aos povos negros da cidade
de Goiás.

REFERÊNCIAS

CERTEAU, Michel de. Práticas de Espaço. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1998.

HARRIS, Joseph H. A diáspora africana no Antigo e no Novo Mundo. In: OGOTT,


Bethwell A.. História Geral da África: do século XVI ao XVIII. Brasília: UNESCO/MEC-
SECAD, 2010, p. 135-163. [online]

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contribuição da abordagem de Bauman e Briggs. In: Ilha Revista de Antropologia,
Florianópolis: Ed. UFSC. v. 8. n.1.p.163-183, 2006. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/view/18229/17094>. Acesso em: 13 mai.
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M’BOKOLO, Elikia. As heranças africanas. In: . África Negra: história


e civilizações. Tomo I (até o século XVIII). Salvador, UFBA, 2009a, p. 16-97.

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e civilizações. Tomo I (até o século XVIII). Salvador, UFBA, 2009a, p.180-205.

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. África Negra: História e civilizações. Tomo I . Salvador, UFBA, 2009a,
p. 413-459.

MENESES, Maria Paula G. O ‘indígena’ africano e o colono ‘europeu’: a construção da


diferença por processos legais. e-cadernos [Online], 07 | 2010. Disponível em:
https://eces.revues.org.

MOORE, Carlos. Da África mítica à África real: para uma cooperação realista entre a África
e a diáspora. In: . A África que incomoda: sobre a problematização
do legado africano no cotidiano brasileiro. Belo Horizonte, Nandyala, 2008, p. 11-165.

OLIVEIRA, Eliézer C. de. “Um dia a Igreja cai”: a importância cultural dos templos

2830
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PRADO, Paulo Brito do. PATRIMÔNIO INQUIRIDO: POR UMA HISTÓRIA DE


MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS NOS SERTÕES DE GOIÁS EM 1930. Revista
eletrônica. In: Em tempo de Histórias (PPGHIS/UNB) Nº. 24, Brasília, Jan-Jul 2014 ISSN
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RODRIGUES, Ana Paula Costa; RATTS, alecsandro (Alex). CORPOREIDADE NEGRA E


ESPAÇO PÚBLICO EM GOIÁS: a congada de catalão (go). Espaço em Revista. Nº. 01,
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SANTOS, Renato Emerson do. Ensino de geografia e currículo: questões a partir da lei
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TAMASO, Izabela Maria. Em nome de patrimônio: representações e apropriações da


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<http://repositorio.unb.br/handle/10482/1995> Acesso em: 03 mar. 2013.

VASCONCELOS, Pedro de Almeida. Milton Santos: geógrafo e cidadão do Mundo (1926-


2001). Afro-Ásia, 2001, p. 369-405.

2831
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2832 - 2836

PADRÃO MULTIVARIADO NOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Eugenia dysenterica

Eudécio Bonfim dos Santos DIASa; Yanuzi Mara Vargas CAMILOb;

Pedro Henrique FERRIa

aPrograma de Pós-Graduação em Química-IQ/UFG, bUnievangélica-Anápolis/GO

eudecio@ufg.br; yanuzimvc@gmail.com; pedro_ferri@ufg.br – Apoio: CNPq Palavras–


chave: cagaiteira, óleo essencial, quimiovariação, variação populacional

Justificativas

A cagaiteira é uma espécie típica do Cerrado, cujos estudos populacionais indicaram que
as características históricas, associadas à fragmentação do bioma, são importantes para
explicar os padrões de sua variação populacional. A estrutura espacial de cagaiteiras do
sudeste goiano, baseada na quimiovariação dos óleos essenciais, está em concordância com
o padrão espacial de variação genética (TRINDADE & CHAVES, 2005). Populações
localizadas a distâncias inferiores a 120 km possuem alta similaridade, podendo ser
consideradas química e geneticamente homogêneas e definidas como uma unidade químico-
genética operacional (UCO) para fins de conservação (TELLES et al., 2003; VILELA et al.,
2012; 2013).
Em relação à variabilidade química dos óleos essenciais foi possível classificar as
cagaiteiras da região sudeste/GO em três UCOs: C1 – populações de Catalão, Três Ranchos e
Luziânia; C2 – populações de Campo Alegre de Goiás e Cristalina; e C3 as populações de
Goiânia e Senador Canedo (VILELA et al., 2013). Dessa forma,
a composição química dos óleos essenciais pode ser utilizada como ferramenta adicional em
estratégias de gestão e conservação de espécies. No entanto, nada se conhece acerca da
influência da fenologia, em adição às alterações ambientais sobre a variabilidade dos óleos
essenciais nas UCOs, previamente estabelecidas.
Objetivos

Analisar a variabilidade dos óleos essenciais das folhas de E. dysenterica em três UCOs e
sob três estádios fenológicos (senescência, frutificação e vegetativa), coincidentes,
respectivamente, com as estações seca (abril-setembro), de transição seca-chuva (outubro-
novembro) e estação chuvosa (dezembro-março) nessa região, correlacionando-as aos
nutrientes minerais foliares e às variações climáticas.

2832
Metodologia

Os óleos essenciais das folhas foram obtidos de plantas das três UCOs da coleção de
germoplasma da EA/UFG, como amostras compostas, coletadas em três estádios fenológicos:
senescência (julho; clima seco); frutificação (outubro; transição seca-úmida) e fase vegetativa
(março; época úmida). A análise química conduziu a
30 constituintes químicos identificados nas 36 amostras (3 UCOs 3 estádios
fenológicos 4 repetições (blocos)). Paralelamente, efetuou-se a análise dos

nutrientes foliares (N, P, S, Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Cu2+, Fe3+, Mn2+, Zn2+, Co2+ e

Mo2+) e as variáveis climáticas foram representadas pelas médias mensais, nos meses de
coletas das amostras, obtidas da Estação Evaporimétrica da EA/UFG.
Para a análise multivariada os dados foram organizados nas matrizes de resposta e
explicativa. A matriz de resposta (36 36) foi formada pelas 36 amostras compostas de folhas
(linhas) e os 30 constituintes químicos dos óleos essenciais, além das seis classes
biossintéticas (soma dos monoterpenos e sesquiterpenos, com as divisões em hidrocarbonetos
e oxigenados) como variáveis (colunas). A matriz explicativa (36 21) conteve as
mesmas 36 amostras nas linhas e os nutrientes foliares (13 parâmetros) e as médias
mensais climáticas (seis parâmetros), em adição a duas variáveis categóricas: UCO (C1, C2
e C3) e estádio fenológico da planta (senescência, frutificação e vegetativo), nas colunas.
Utilizou-se a análise de redundância canônica (RDA) com os testes de permutação de Monte
Carlo irrestritos (999 permutações) para avaliar a significância dos autovalores ou eixos
canônicos. O fator de inflação da variância das variáveis (VIF) foi utilizado para a seleção
das variáveis explicativas e a análise de agrupamento (HCA) das amostras com o método da
minimização da variância. As análises multivariadas foram conduzidas no programa Canoco
(versão 5.0, Biometrics, 2012) com as matrizes estandardizadas. Resultados e Discussão
Os resultados da RDA (Figura 1) indicaram que as correlações entre as duas matrizes
foram elevadas nos dois primeiros eixos canônicos (R1 = 0,918 e R2 = 0,898) e com
VIFs considerados baixos (VIF<5,9), sugerindo ausência de multicolinearidade entre as
variáveis no modelo. Os testes de permutação de Monte Carlo (999 permutações)
apresentaram resultados altamente significativos (p = 0,001) para os eixos canônicos
(RDA1: 22,6% da variação explicada; F-Fischer = 8,8; RDA2: 15,0%; F = 7,2),
sinalizando que os padrões de variação nas matrizes originais não surgem ao acaso. A soma
dos autovalores canônicos também foi altamente significativa (soma = 0,4994; F = 5,9; p =

2833
0,001), de forma que 49,9% da variância total nos óleos essenciais foram explicativas pelas

variáveis (Figura 1).

Figura 1. Triplot da RDA dos óleos essenciais das folhas (setas pequenas) de E.
dysenterica explicada pelas UCOs (C2 e C3) e estádio fenológico (frutificação),

representados por losangos, e o Mn2+ foliar e precipitação média mensal como setas grandes.
A UCO de origem das amostras está representada por quadrados (C1), triângulos (C2) e
círculos (C3), nas fases de senescência (símbolos não preenchidos), frutificação (preenchidos
de preto) e vegetativa (preenchidos de cinza). As classes naturais de amostras com
similaridade elevada estão representadas por círculos.

De acordo com a Figura 1, um incremento no eixo RDA1 está associado, principalmente,


a um aumento na oxidação dos sesquiterpenos, que passam de hidrocarbonetos
sesquiterpênicos para sesquiterpenos oxigenados à medida que se diminui a precipitação

média mensal, coincidente com o período de senescência e acúmulo de Mn2+ foliar,


independentemente da UCO de origem. Um aumento na RDA1 revelou que sesquiterpenos

oxigenados como o óxido de cariofileno correlacionam-se fortemente ao Mn2+ foliar. Essas

2834
condições estão relacionadas principalmente às amostras coletadas no inverno frio e seco,
coincidente com a senescência, e sugerem principalmente uma influência sazonal na RDA1.
Por outro lado, um incremento na RDA2 relaciona-se às amostras da UCO C3, o qual
apresentou os maiores teores de monoterpenos e hidrocarbonetos monoterpênicos,
independentemente do estádio fenológico da planta. Assim, enquanto a RDA2 mostra as
alterações na composição química dos óleos essenciais (monoterpenos e sesquiterpenos) nas
diferentes UCOs, especialmente naquelas provenientes de Goiânia e Senador Canedo (C3), a
RDA1 descreve uma distribuição diferenciada de sesquiterpenos, dos hidrocarbonetos para
os oxigenados, como resposta ao estresse hídrico das amostras. Resultados similares foram
descritos para os óleos essenciais de Helichrysum petiolare Hilliard & B.L. Burtt
(Asteraceae), cujo teor de sesquiterpenos oxigenados aumentou em regimes moderados ou
severos de estresse hídrico (CASER et al., 2016). O efeito dos estádios da fenologia nos
óleos essenciais foi observado no segundo plano fatorial da RDA (não mostrado), pela
separação nítida entre os estádios frutificados e vegetativos, ao longo da RDA3,
independentemente da UCO de origem das amostras.
Dessa forma quatro classes naturais de amostras foram sugeridas pela RDA, as quais foram
corroboradas pela HCA, onde as amostras da UCOs C1 e C2, na senescência/seca,
constituíram a classe 1; as amostras da UCO C3, na senescência/seca, forneceram a classe 2;
as amostras em frutificação e vegetativo, das UCOs C1 e C2, compuseram a classe 3; e
as amostras da UCO C3, nos períodos de frutificação e vegetativo, constituíram a classe 4.
Assim, as classes 1 e 2 (3 e 4) representam a forte influência sazonal nas populações de E.
dysenterica, coincidente ao período de senescência (frutificação e vegetativo) das amostras,
independentemente da UCO de origem, o qual por sua vez é destacada pela RDA2, com a
separação das populações de Goiânia e Senador Canedo (UCO C3). Tal separação é
justificada geograficamente a leste (UCO C3) e a oeste (UCO C1 e C2) da bacia do Rio
Corumbá, o qual pode ser considerado diferentes unidades de conservação e ao menos
uma população de cada região deveria ser conservada, em função das características
químicas únicas baseadas apenas nos óleos essenciais das folhas.
Esses resultados estão de acordo com aqueles observados por diversos autores tendo por
base descritores morfológicos (TELLES et al., 2003), isoenzimáticos (TELLES et al., 2001;
TRINDADE & CHAVES, 2005) e marcadores genéticos (ZUCCHI et al., 2003; 2005), em
adição aos da variabilidade dos óleos essenciais das folhas de representantes de E.
dysenterica dessa mesma coleção de plantas (VILELA et al., 2012; 2013).

2835
Conclusões

O padrão de variabilidade química dos óleos essenciais de E. dysenterica sob


diferentes estádios fenológicos e climáticos e à partir de amostras originadas de três unidades
químico-genéticas operacionais, conduziram a explicação de 49,9% da variância acumulada.
Dessa variação, destacaram-se as contribuições do estádio
fenológico da planta (frutificação) e as variáveis ambientais, definidas por fatores

climáticos (precipitação média mensal) e nutricional foliar (Mn2+).


Referências Bibliográficas

CASER, Matteo et al. Water deficit regimes trigger changes in valuable physiological and
phytochemical parameters in Helichrysum petiolare Hilliard & B.L. Burtt. Industrial Crops
and Products, Amsterdã, v. 83, p. 680-692, maio. 2016.

TELLES, Mariana P. Campos et al. Genetic diversity and population structure of


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TRINDADE, Maria da Glória; CHAVES, Lázaro José. Genetic structure of natural Eugenia
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VILELA, Eliane Costa et al. Spatial structure of Eugenia dysenterica based on essential oil
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VILELA, Eliane Costa et al. Spatial chemometric analyses of essential oil variability in
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ZUCCHI, Maria Imaculada et al. Genetic structure and gene flow in Eugenia dysenterica DC.
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2836
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2837 - 2842

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOEMULSÕES PARA


ENCAPSULAÇÃO DE UM ATIVO COSMÉTICO

Fabiana Vaz TOSTA1, Thais Leite NASCIMENTO1, Larissa Cleres MOREIRA1,

Percília de Andrade LUCENA1, Marilisa Pedroso Nogueira GAETI1 , Marize

Campos VALADARES1, Eliana Martins LIMA1

Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde

2837
1Laboratório de Tecnologia Farmacêutica- FarmaTec, Faculdade de Farmácia/UFG

fabian.vaz@hotmail.com; emlima@ufg.br

Palavras chaves: nanoemulsão, emulsificação, homogeneização de alta pressão, ativo


cosmético.

Justificativa / Base Teórica:

Nos últimos anos o número de publicações científicas e patentes na área de


nanocosméticos tem aumentado de forma considerável. Empresas como O Boticário,
Natura, L’oreal, Lancôme e Givenchy já incluem em seu portfólio produtos
baseados em nanotecnologia (MIHRANYAN et al., 2012; DAUDT et al., 2013).
Com o interesse de desenvolver uma formulação cosmética de interesse
comercial para utilização no combate ao envelhecimento cutâneo, um carotenoide que
exibe um potencial benéfico na atividade antioxidante e eliminação de radicais livres
foi utilizado neste trabalho. Apesar de suas potencialidades, a utilização deste ativo
cosmético ainda é limitada. Ele é facilmente degradado dependendo das condições de
composição da formulação e de armazenamento. Ainda, este ativo apresenta
instabilidade química, sensibilidade à fotodegradação e degradação térmica e apresenta
baixa solubilidade em água. Diante destes desafios, a sua encapsulação em uma
formulação de nanoemulsão apresenta-se como uma alternativa promissora para superar
estas limitações As nanoemulsões são dispersões de líquidos imiscíveis entre si
(TADROS et al., 2004; MASON et al., 2006), estabilizadas por tensoativo. São
cineticamente estáveis e termodinamicamente instáveis (BOUCHEMAL et al.,
2004;.TADROS et al., 2004, ANTON et al., 2008). Sua estabilidade coloidal está
relacionada ao processo de preparo, que pode conferir estabilização estérica à
formulação, quando se utiliza, por exemplo, tensoativos não iônicos. O tamanho dos
glóbulos também têm influência na estabilidade, sendo que a preparação de glóbulos
pequenos, que possuem movimento browniano e por isso diminuem a atuação da força
de gravidade, podem aumentar a estabilidade coloidal da formulação (IZQUIERDO et
al., 2001; FERNANDEZ et al., 2004; TADROS et al., 2004).

2838
Neste estudo foram desenvolvidas nanoemulsões pelo método de alta energia
de emulsificação – homogeneização de alta pressão. A escolha do método visa um
escalonamento (scale-up) para produção industrial, uma vez que a transposição de
escala deste método é mais fácil comparada a métodos que utilizam baixa energia de
emulsificação (SEEKKUARACHCHI et al., 2006). Além da análise das características
físico-químicas da formulação, avaliou-se se o método de preparo, temperatura e
tempo de armazenamento poderiam influenciar na estabilidade da formulação
desenvolvida.

Objetivo:

Desenvolver e caracterizar uma formulação de nanoemulsão contendo um ativo


cosmético lipofílico para aplicação tópica, e avaliar o efeito da temperatura e tempo de
armazenamento em sua estabilidade.

Metodologia:

Desenvolvimento das nanoemulsões - As nanoemulsões foram desenvolvidas


pelo método de alta energia de emulsificação - homogeneização de alta pressão. Para o
preparo das formulações, foram utilizados ácido graxo de cadeia média e longa,
tensoativo não iônico, fosfolipídio, conservante, quelante, água e o ativo cosmético
lipofílico.
Foram desenvolvidos dois métodos de preparo das formulações de
nanoemulsões, variando entre eles a temperatura de preparo, etapa de adição do ácido
graxo de cadeia longa e do ativo cosmético, mantendo-se as mesmas concentrações de
todos os componentes para ambos os métodos.
No método 1 as fases aquosa e oleosa foram preparadas e aquecidas
separadamente à temperatura de 85±5 ºC. O ácido graxo de cadeia longa e o ativo
cosmético foram solubilizados com os demais componentes da fase oleosa. As fases
aquosa e oleosa foram mantidas sob agitação magnética separadamente. Após
observação da fusão da mistura de lipídeos e tensoativos, a fase aquosa foi vertida sobre
a fase oleosa sob agitação constante com o auxílio do homogenizador UltraTurrax. As
formulações foram homogeneizadas à alta pressão com 1 ciclo a 500 Pa.
No método 2 as fases aquosa e oleosa foram aquecidas separadamente à
temperatura de 75±5 ºC. Da mesma forma, as fases foram mantidas sob agitação

2839
magnética separadamente. O ácido graxo de cadeia longa foi adicionado após a fusão
dos demais componentes da fase oleosa, seguido de 10 min de agitação magnética.
Após a solubilização de todos os componentes da fase oleosa esperou-se que esta
fase atingisse a temperatura ambiente para que o ativo cosmético fosse adicionado. A
mistura foi mantida em agitação por 10 minutos com os demais componentes da fase
oleosa. Após completa solubilização de todos os componentes da fase oleosa, a fase
aquosa foi vertida sobre a fase oleosa sob agitação com o auxílio do
homogenizador UltraTurrax. As formulações foram homogeneizadas à alta pressão com
1 ciclo a 500 Pa.
Avaliação do diâmetro médio e distribuição do tamanho- As nanoemulsões
foram caracterizadas em relação ao diâmetro médio e distribuição de tamanho (índice
de polidispersão, PdI) pela técnica de espalhamento dinâmico de luz (Zeta Sizer Nano
S, Malvern).
Determinação do pH das nanoemulsões- Para as medidas de pH foram
utilizados um pHmetro digital equipado com um eletrodo de vidro combinado e um
pHmetro com micro eletrodo combinado.

Resultados e Discussão

As nanoemulsões foram caracterizadas quanto ao diâmetro médio, PdI, pH e


fármaco total. As partículas preparadas pelos métodos 1 e 2 apresentaram
características similares, com diâmetro em torno de 200 nm, PdI 0,1 e pH de 3,6.
Ambas foram capazes de encapsular 100% do ativo cosmético adicionado à formulação.
A estabilidade foi avaliada após 10, 20, 30 e 60 dias de armazenamento em frascos
âmbar e transparentes às temperaturas de 4 e 25 °C. Com o método 1 observou-se
aumento do diâmetro médio no período de 60 dias de armazenamento a 25 °C em
frascos âmbar e transparentes. Com este mesmo método de preparo, foi quantificada
uma redução de 14% da carga de ativo cosmético após 20 dias de armazenamento à
temperatura de 25°C em ambos os frascos. Para as amostras armazenadas a 4°C, não
houve alteração de diâmetro médio, mas a carga do ativo cosmético reduziu 17%. Com
o método 2 não foi observado aumento do diâmetro médio no período de 60 dias de
armazenamento a 25 °C em frascos âmbar e transparentes. Uma redução de 16% da
carga de ativo cosmético foi observada após 20 dias de armazenamento à 25°C em
ambos os frascos. À 4°C, após 60 dias, não houve alteração no diâmetro médio, mas a
carga do ativo cosmético reduziu 6%.

2840
É possível que o pH e as temperaturas utilizadas no momento do preparo
tenham causado a diminuição no teor de ativo encapsulado, visto que o princípio ativo
é termossensível. A temperatura de 85 ºC utilizada no método 1 pode ter causado maior
degradação do ativo, comparado ao método 2, com temperatura de preparo de 75 ºC.
Neste estudo não foram observadas alterações no pH das formulações. Porém,
o pH ácido das amostras pode também ser uma causa da instabilidade, observada
através da redução na quantidade do ativo cosmético encapsulado. Alterações neste
parâmetro indicam a ocorrência de reações química que podem comprometer a
formulação (BERNARDI et al., 2011). Sabe-se que os carotenoides sofrem
protonação do átomos de carbono em sistemas conjugados em ambientes ácidos que
resulta na degradação acelerada e isomerização destes compostos. A maior estabilidade
da luteína pode estar relacionada à a presença de grupos hidroxila, que alteram a
protonação dos carotenoides.

CONCLUSÃO

As nanoemulsões desenvolvidas apresentam-se promissoras para a veiculação


do ativo cosmético em formulações de aplicação tópica. Diante dos desafios para
aumentar a estabilidade destas formulações em termos de encapsulação, novos
estudos serão realizados para preparo destas formulações com temperaturas mais baixas
e pH menos ácido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTON, N.; BENOIT, J.-P.; SAULNIER, P. Design and production of nanoparticles


formulated from nano-emulsion templates—A review. Journal of Controlled Release,
v. 128, n. 3, p. 185-199, 2008.

BERNARDI, D. S.; PEREIRA, T. A.; MACIEL, N. R .; BORTOLOTO, J.; VIERA ,


G. S.; OLIVEIRA, G. C.; ROCHA-FILHO, P. A. Formation and stability of oil-in-
water nanoemulsions containing rice bran oil: in vitro and in vivo assessments. Journal
of Nanobiotechnology, v.9, n. 44, p. 1-9, 2011.

BOUCHEMAL, K.; BRIANÇON, S.; PERRIER, E.; FESSI, H. Nano-emulsion


formulation using spontaneous emulsification: solvent, oil and surfactant optimisation.

2841
International Journal of Pharmaceutics, v. 280, n. 1-2, p. 241- 251, 2004.

DAUDT, R. M.; EMANUELLI, J.; KÜLKAMP-GUERREIRO, I.C.; POHLMANN,


A.R.; GUTERRES, S. S. A nanotecnologia como estratégia para o desenvolvimento de
cosméticos. Ciência e Cultura, v. 65, p. 28-31, 2013.

FERNANDEZ, P.; ANDRÉ, V.; RIEGER, J.; KÜHNLE, A. Nano-emulsion


formation by emulsion phase inversion. Colloids and Surfaces A: Physicochemical
and Engineering Aspects, v. 251, n. 1–3, p. 53-58, 2004.

IZQUIERDO, P.; ESQUENA, J.; TADROS, TH. F.; DEDEREN, C.; GARCIA, M.
J.; AZEMAR,N.; SOLANS, C. Formation and Stability of Nano-Emulsions Prepared
Using the Phase Inversion Temperature Method. Langmuir, v. 18, n. 1, p. 26-30, 2001.

MIHRANYAN, A.; FERRAZ, N.; STRØMME, M. Current status and future prospects
of nanotechnology in cosmetics. Progress in Materials Science, v. 57, n. 5, p. 875-
910, 2012.

SEEKKUARACHCHI, I. N.; TANAKA, K.; KUMAZAWA, H. Formation and


Charaterization of Submicrometer Oil-in-Water (O/W) Emulsions, Using High- Energy
Emulsification. Industrial & Engineering Chemistry Research, v. 45, n. 1, p. 372-
390, 2006.

TADROS, T.; IZQUIERDO, P.; ESQUENA, J.; SOLANS, C. Formation and


stability of nano-emulsions. Advances in Colloid and Interface Science, v. 108–
109, n. 0, p. 303-318, 2004.

MASON, T. G.; GRAVES, S. M.; WILKING, J. N.; LIN, M. Y. Extreme


emulsification: formation and structure of nanoemulsions. Condensed Matter Physics,
v. 9, n. 1, p. 193-199, 2006.

2842
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2843 - 2847

ANÁLISE DO GENE KELCH-13 EM AMOSTRAS DE PLASMODIUM


FALCIPARUM DA AMAZÔNIA LEGAL, BRASIL, DEMONSTRA AUSÊNCIA
DE MUTAÇÕES DE RESISTÊNCIA À ARTEMISININA.

Francesca Guaracyaba Garcia CHAPADENSE¹; Ricardo Luiz Dantas MACHADO²; Giselle


Maria Rachid VIANA²; Marinete Marins PÓVOA²; Mariano Gustavo ZALIS³; André Luiz
Lisboa AREAS³; Renato Beilner MACHADO¹; Juliana RODRIGUES¹; Moisés Morais
INÁCIO¹; Pedro Victor Lemos CRAVO¹.

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública. Instituto de Patologia


Tropical e Saúde Pública (IPTSP)- UFG- Unu-Goiânia- Campus I.

¹Universidade Federal de Goiás – Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Setor Leste
Universitário- R. 235- S/N- Goiânia-GO. ²Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Rodovia BR-
316 - KM 7, Levilândia– Ananindeua- PA – Brasil.
³Universidade Federal do Rio de Janeiro – Hospital Universitário Clementino Fraga Filho –
Laboratório de Infectologia e Parasitologia Molecular, Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco -Nº
255-Cidade Universitária – Rio de Janeiro- RJ.
Endereço eletrônico: chapadense.garcia@gmail.com

Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)


Palavras-chave: Plasmodium falciparum, resistência, artemisinina, kelch-13.

1. JUSTIFICATIVA E BASE TEÓRICA

A Terapia Combinada com Artemisinina (ACT) é usada como primeira linha de


tratamento do Plasmodium falciparum em áreas endêmicas. ACT têm sido responsável pelo
sucesso notável no controle global da malária em anos recentes, existindo, portanto, um
amplo consenso de que proteger a eficácia dessas combinações de medicamentos é uma
prioridade urgente (WHO, 2011).
No entanto, a resistência à Artemisinina (ART) e seus derivados já foi documentada no
Sudeste Asiático (Das, D. et. al, 2009) e mais tarde em outras partes da região como Tailândia
(Kyaw, M.P. et. al, 2013 & Ashley, E. et al, 2014) e Mianmar (Phyo, A. P. et al, 2012 &

2843
Ashley, E. et al, 2014), originando receios de que essa resistência possa se alastrar
globalmente ou evoluir independentemente em outras áreas geográficas.
O fenótipo da resistência a ACT tem sido associado à presença de polimorfismos no
domínio hélice do gene kelch-13 (k13) de P. falciparum, que podem ser usados como
marcadores moleculares para o monitoramento do surgimento e propagação da resistência.
Aproximadamente 40% da população mundial residem em áreas onde a malária é
transmitida, afetando 350 a 500 milhões de pessoas e causando a morte de mais de um
milhão de pessoas anualmente. No contexto da malária em território Brasileiro, foram
recentemente divulgados indícios de que a resistência está emergindo em áreas de garimpo
ilegal da Guiana Francesa, fronteiriças com o Brasil e onde a ausência de uma verdadeira
fronteira permite o livre fluxo de indivíduos portadores de parasitas (WHO, 2011).
Assim, perante a real eminência do surgimento de resistência, o monitoramento da mesma
se configura como uma estratégia essencial para auxiliar em tomadas de decisão para escolha
dos tratamentos apropriados em áreas endêmicas. Sendo assim, o rastreamento e
monitoramento de populações de parasitas através do emprego de informação genética por
intermédio da utilização de marcadores moleculares de resistência configura-se uma das
formas mais eficientes de monitoramento.

2. OBJETIVO DO ESTUDO

Com base na hipótese acima formulada, o trabalho teve como objetivo identificar
possíveis polimorfismos no gene k13 de P. falciparum em regiões da Amazônia Legal
que possam estar associados a resistência à ACT como primeira linha de tratamento.

3. METODOLOGIA

As amostras utilizadas no trabalho foram coletadas pelo grupo de pesquisa do Instituto


Evandro Chagas- Belém- Pará (IEC). Desse modo, 39 amostras de P. falciparum de 2003-
2005 (n=34) e de 2015 (n= 5) foram coletadas de adultos com infecção por P. falciparum
confirmada em diferentes regiões da Amazônia Legal (Figura 1).

2844
Figura 1: Mapa dos locais de coleta das amostras de sangue.

As amostras foram submetidas a ensaios moleculares no Laboratório de Biologia


Molecular- UFRJ, no respectivo laboratório realizou-se: extração, purificação e quantificação
do DNA de P. falciparum das 39 amostras, em seguida, a amplificação do DNA foi realizada
utilizando PCR convencional e os produtos resultantes foram em seguidas aplicados sobre o
gel de agarose a 2% para confirmação da amplificação do DNA. Os produtos de PCR
serviram de molde para obtenção das sequências completas do gene k13 de P. falciparum
através do sequenciamento pelo método de Sanger (Figura 2).

Figura 2: Representação das etapas dos ensaios moleculares. 1) extração de DNA das
amostras; 2) amplificação do DNA através do uso do PCR convencional; 3) visualização do

2845
produto de PCR em gel de agarose; e 4) visualização das sequencias após o sequenciamento
dos produtos.
As sequências obtidas foram alinhadas e comparadas com a sequência do gene de
referência da cepa 3D7(PF3D7_1343700), utilizando-se o recurso Multialign Interface Page
(Corpet, F, 1988) para identificação de todos os polimorfismos de nucleotídeo único
(SNPs) e potenciais inserções/deleções (indels) constituintes do fundo genético da
população dos parasitas em estudo. Adicionalmente, todas as sequências de DNA foram
traduzidas para a sua sequência peptídica “in silico” usando a inferface “Sequence
Manipulation Suite” (Stothard, P, 2000) no intuito de se determinar quais dos polimorfismos
genéticos (SNPs ou indels) resultam em mutações sinônimas ou não-sinônimas.

4. RESULTADOS

Um polimorfismo não-sinônimo foi identificado no resíduo 189 (K189T) (Figura 3),


fora do domínio hélice do gene K13, em 41% das amostras coletadas em 2003- 2005 e 80%
das amostras referentes a 2015. Nenhuma das principais mutações (C580Y, R539T, Y493
e M476I) que foram associadas à resistência a ART no Sudeste Asiático foram observadas.
Apesar do polimorfismo K189T já ter sido identificado previamente em isolados de África e
da Ásia, o seu papel nas respostas à ART não foi ainda amplamente avaliado.

Figura 3: polimorfismo não-sinônimo identificado no resíduo 189 (K189T). 1) Sequencia


nucleotídica; 2) Sequencia pepitídica

2846
5. CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES

Em conclusão, os resultados indicam não existirem mutantes resistentes à ART nas


áreas estudadas, ainda que o tamanho amostral seja insuficientemente representativo da
população de parasitas da Amazônia Legal.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) WHO - World Health Organization. Global Plan For Artemisinin Resistance
Containment. ISBN: 978 924 150083 8. 2011
(2) Das, D. et. al. Artemisinin resistance in Plasmodium falciparum malaria. N. Engl. J. Med.
361: 455–467. 2009.

(3) Kyaw, M.P. et. al. Reduced Susceptibility of Plasmodium falciparum to Artesunate in
Southern Myanmar. PLoS One 8. 2013.

(4) Ashley, E. et al. Spread of Artemisinin Resistance in Plasmodium falciparum

Malaria. N. Engl. J. Med. 371: 411–423. 2013.

(5) Phyo, A. P. et al. Emergence of artemisinin-resistant malaria on the western border


of Thailand: A longitudinal study. Lancet 379: 1960–1966. 2012.

(6) Corpet, F. Multiple sequence alignment w ith hierarchical clustering". Nucl. Acids Res.,
16 (22), 10881-10890. 1988.

(7) Stothard, P. The Sequence Manipulation Suite: JavaScript programs for analyzing and
formatting protein and DNA sequences. Biotechniques 28:1102-1104. 2000.

2847
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2848 - 2852

A ANÁLISE ESPACIAL DA INCIDÊNCIA DE DENGUE NO BRASIL: UM


RECORTE ESPACIAL E TEMPORAL A PARTIR DA ANÁLISE DOS DADOS
BRASILEIROS DE 1990 A 2010

Gabriela Bassani FAHL


Programa de Pós Graduação em Geografia
gabi.fahl@hotmail.com

Palavras-chave: dengue, geografia da saúde, mapa de doença, geografia estatística.

1. Introdução

A proliferação do mosquito Aedes aegypti e a transmissão das doenças a ele relacionadas


tem sido foco de estudo de diversas áreas, particularmente as da saúde. A zoologia tem
estudado estratégias de controle do vetor, enfatizando o controle químico e biológico do
mosquito; as ciências da saúde focam no desenvolvimento de prevenção e tratamento de cada
doença transmitida aos humanos; a sociologia discute as representações sociais dos diversos
grupos populacionais sobre o mosquito e as doenças por ele transmitidas (CORRÊA, 2012;
GALLI e CHIARAVALLOTI NETO, 2008).
Como é característico da produção científica atual, cada grupo de conhecimento tem
focado na sua metodologia específica para a caracterização e formulação de estratégias de
controle do mosquito Aedes aegypti e dos agravos por ele transmitidos. Contudo, “A
determinação do estado de saúde e qualidade de vida do homem é subordinada à influência do
ambiente, considerado em seu tríplice aspecto, ou seja, físico, biológico e social” (CORRÊA,
2012, p. 9).
A Geografia, nesse contexto, traz uma proposta metodológica abrangente, visto que
engloba os três aspectos do ambiente, além de estar capacitada a propor uma unidade espacial
de análise destes aspectos. Questiona-se a real importância dos diversos fatores
reconhecidamente favoráveis à proliferação do mosquito e da ocorrência dos agravos por ele
transmitidos, separados em constructos baseados nos três pilares – físico, social e biológico. A
partir da mensuração dessa importância, é possível criar uma unidade espacial própria para a
análise da proliferação do mosquito e das doenças a ele associadas (BARCELLOS et a., 2002;
SILVA, MARIANO e SCOPEL, 2007; SOUZA, 2011).

2848
A primeira etapa da construção dessa unidade de análise é a verificação do padrão de
ocorrência da dengue pelo Brasil e dos limites que os dados disponíveis trazem para as
análises. Esse ensaio é uma tentativa de construir esse conhecimento.

2. Metodologia
Os dados referentes ao número de casos registrados de dengue por ano, por estado, foram
coletados de forma secundária no site Datasus do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO, 2016).
Os testes estatísticos foram realizados utilizando-se o programa EpiInfo versão 7.1.5; os
mapas foram desenvolvidos utilizando-se o programa ArcGis.
Para a análise estatística, utilizou-se o teste padrão para detectar a normalidade dos dados
em populações ou amostras pequenas – Shapiro Wilk – e, caso a normalidade fosse
comprovada, a comparação entre os dados de incidência de dengue entre os estados e entre as
regiões foi realizada com o teste paramétrico ANOVA com post hoc de Tukey, quando
trabalhando-se mais de duas regiões concomitantemente; caso a normalidade não fosse
assegurada, era utilizado o teste não paramétrico equivalente, Kruskal-Wallis, com
continuidade do Teste U de Mann-Whitney para detectar os pares de diferença significativa
caso o teste Kruskal-Wallis indicasse a existência. Utilizou-se como p significativo para as
análises valores menores que 0,05.

3. Resultados e Discussão

Através do teste de normalidade de Shapiro Wilk se confirmou que em todos os anos os


estados brasileiros apresentam casos de dengue sem distribuição normal (p<0,05). Quando se
agrupa por região, contudo, verifica-se que no anos 1990, 1991, 1993, 1995, 1998, 1999,
2000, 2001, 2002, 2003, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 as regiões apresentam

distribuição normal dos casos da doença.

Com as doenças não sendo de notificação compulsória, é provável que casos de dengue
não constem nos registros do Ministério da Saúde, comprometendo a qualidade dos dados
anteriores a 2000. Apesar de o número de casos apresentar uma alta variação tanto antes
quanto após a implantação da notificação compulsória para os casos de dengue, após a
mesma houve uma alteração significativa na contribuição de cada região para o total de
casos. Se antes a maioria do número de casos era registrado no Sudeste e Nordeste,
majoritariamente em prováveis casos de endemias, após a implantação o Norte e o Centro
Oeste passam a responder por uma parcela mais representativa do total de casos. Esses dados

2849
corroboram a hipótese de que as informações prévias à implantação da notificação
compulsória da dengue no Brasil não são confiáveis para a realização das análises.

Dentro de cada região, observou-se uma grande amplitude de valores referentes à


normalidade dos dados, sendo a região Norte a que apresenta maior dispersão assimétrica de
valores e a região Centro Oeste a que apresente maior coerência entre os dados especialmente
a partir de 2000. Por esse motivo, optou-se por fazer um recorte na região Centro Oeste para
análise, excluindo-se os dados anteriores à notificação compulsória da dengue no ano 2000.
A partir desse recorte, foram produzidos os mapas 1 a 3, informando o número de casos
de dengue por estado no ano de 2000, 2005 e 2010. A partir dos mapas, fica evidente que a
região com maior estabilidade no número de casos é a Centro Oeste. Por esse motivo, essa
região foi o recorte escolhido para o desenvolvimento da análise de caso emprofundidade.

2850
4. Conclusões

A partir das análises pode-se concluir que a região com maior estabilidade de dados para
estudo da dengue é a Centro Oeste, e que os dados prévios à implementação da notificação
compulsória não podem ser confiados para análises deinferência.
Deve-se manter em mente que algumas regiões apresentam uma contagem baixa de casos,

2851
pois tem menos de 5 estados, o que exige que se faça uma análise corrigida pelo teste exato de
Fisher ou de Montecarlo para garantir a estabilidade do dado e a confiabilidade dos
resultados. Considerando que o foco da análise se mostrou ser a região Centro Oeste,
composta por apenas 3 estados mais o distrito federal, a correção é necessária em todas as
etapas.

Referências Bibliográficas

BARCELLOS, Christovam de Castro; SABROZA, Paulo Chagastelles; PEITER, Paulo e ROJAS,


Luisa Iñiguez. Organização espacial, saúde e qualidade de vida: análise espacial e uso de
indicadores na avaliação de situações de saúde. Inf. Epidemiol. Sus [online]. 2002, vol.11, n.3, pp.
129-138.

CORRÊA, Lourdes Maria Campos. As representações sociais dos agentes de controle de


zoonoses sobre a dengue em Uberlândia, MG. 2012.95 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia)
– Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. 2012.

GALLI, Bruno; CHIARAVALLOTI NETO, Francisco. Modelo de risco tempo-espacial para


identificação de áreas de risco para ocorrência de dengue. Rev. Saúde Pública [online]. 2008, vol.42,
n.4, pp. 656-663.

Ministério da Saúde [Internet]. Secretaria Executiva. Datasus [acesso em jul. 2016]. Taxa de incidência
da dengue . Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?idb2012/d0203.def

SERRA, José. Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória. Inf. Epidemiol. Sus,
Brasília , v. 9, n. 1, p. 59-60, mar. 2000

SILVA, Jesiel Souza; MARIANO, Zilda de Fátima; SCOPEL, Irací. A influência do clima urbano
na proliferação do mosquito Aedes aegypty em Jataí (GO) na perspectiva da geografia médica.
Hygeia. v. 3, n. 5, p. 33-49, dez. 2007.

SOUSA, Romário Rosa de. Os casos de dengue na cidade de Barra do Garças–MT. Ateliê
Geográfico, [S.l.], v. 4, n. 4, p. 178-205, dez. 2011.

2852
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2853 - 2857

ESTUDO ANTROPOLÓGICO SOBRE ASSEXUALIDADE

GIÓRGIA DE AQUINO NEIVA

Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Nível Doutorado


Faculdade de Ciências Sociais – Universidade Federal de Goiás
Email: giorgianeiva@gmail.com
Bolsista CAPES
Palavras-Chave: Assexualidade, Identidade, Movimento Político, Assexual

JUSTIFICATIVA/ BASE TEÓRICA

Em minha pesquisa no curso de Doutorado em Antropologia Social, de caráter


qualitativo e etnográfico, estudo as relações implicadas entre identidade, movimento político
e a produção discursiva de categorias e convenções (as)sexuais no que diz respeito aos
grupos de assexuais (categoria êmica que indica sujeitos que abdicam de praticar relações
sexuais).

Assim sendo, não me atenho à fase da vida em que é relativamente comum a ausência
de prática sexual, como acontece no processo avançado de envelhecimento. Todavia, não
posso pressupor que o envelhecimento acarrete necessariamente na falta de interesse sexual,
mas não é o intuito dessa pesquisa problematizar a assexualidade entre pessoas com idades
avançadas porque o que meu trabalho de campo em estágio inicial tem me mostrado é que
majoritariamente a faixa etária do público dos sítios e fóruns internéticos em que também
realizo o estudo se localiza entre 18 a 40 anos que, salvo por motivos de doenças, não relatam
quaisquer impedimentos para a não realização de práticas sexuais e/ou reprodutivas. O
motivo dessa restrição geracional no que diz respeito à internet é um ponto a ser pesquisado e,
por estar no início da pesquisa, ainda não tive oportunidade de me aprofundar.

2853
Também não me aludo às pessoas que por escolha religiosa decidem seguir suas vidas
sob a égide do celibato temporário ou permanente. Inclusive, quase todos os sítios e
fóruns que se dispõem a falar da temática da assexualidade fazem essa distinção, ainda que
não seja possível determinar que todas as pessoas celibatárias recusem a prática sexual
apenas por vocação religiosa. Nesse sentido, celibatários são pessoas impedidas de manter
relações sexuais por uma questão ideológica, mas isso não significa dizer que não sentem
atração sexual. Outrossim, assexuais são pessoas que não possuem desejos e atrações sexuais
em relação a quaisquer sexos.

Aqui me debruço sobre a perspectiva de se pensar a assexualidade enquanto


orientação sexual, ainda que isso se refira à direção ou à inclinação do desejo afetivo e
erótico de cada pessoa. Todavia, como falar em orientação sexual em sujeitos assexuais,
se o conceito implica em termos como desejo, afeto e erotismo e a assexualidade diz respeito
justamente à recusa por encontros e/ou conjugalidades que acionam as dinâmicas de atração e
excitação sexual?

Dessa maneira, pensando que “a sexualidade abrange diferentes elementos: relações


sexuais, orgasmos, carícias preliminares, fantasias, histórias e piadas eróticas; as diferenças
de sexo e a organização da masculinidade e da feminilidade, bem como as relações de
gênero” (VANCE, 1995: 20), em que medida a assexualidade escapa da sexualidade
enquanto produção de conhecimento e de saber regulado por relações de poder? Sendo
assim, é possível trabalhar com o binarismo (SEGATO, 2012: 125) sexual x assexual,
quando falamos de assexualidade?

OBJETIVOS

Realizar uma pesquisa etnográfica sobre as relações implicadas entre identidade,


movimento político e a produção discursiva de categorias e convenções sexuais no que diz
respeito aos grupos de assexuais, em fóruns internéticos e encontros de debates presenciais,
com sujeitos de faixa etária de 18 a 40 anos, sem distinção de gênero, raça/cor, origem

2854
geográfica, tendo como horizonte as dinâmicas dos atuais movimentos sociais como parte do
processo de afirmação identitária e levando em conta que a interpretação das práticas
discursivas expressam o conjunto de preferências distintivas simbólicas entre assexuais.

METODOLOGIA
Esta pesquisa tem caráter qualitativo e etnográfico, lançando mão da observação
participante, do trabalho etnográfico, da realização de entrevistas semiestruturadas e da
análise de discursos e enunciados em fóruns brasileiros de debates internéticos sobre a
temática da assexualidade. Isso porque a etnografia de comunidades virtuais é um dos
métodos qualitativos que amplia o leque epistemológico dos estudos antropológicos, porque é
uma via possível de abertura para a realização de trabalho de campo.

Por conseguinte, as ferramentas utilizadas para registros de dados serão as habituais de


pesquisas antropológicas. Sendo assim, o diário de campo é uma ferramenta primária para os
registros, uma vez que sua serventia diz respeito a anotar todos os detalhes observados nas
discussões online e cotidianos das pessoas em encontros presenciais levando em conta que
seus contextos constituem materiais brutos nos quais sairão interpretações e análises
sobre os sujeitos de pesquisa. Tomando, assim, forma textual de uma descrição o mais densa
(GEERTZ, 1973; 2001; 2012) possível.

Não é tarde deixar explícito que os registros visuais, como vídeos e fotografias, não
serão utilizados nessa pesquisa por entender que não se faz necessário lançar mão desse
recurso. Contudo, caso haja quaisquer necessidades suscitadas mediante trabalho de campo,
seguirei as dicas de Marcel Mauss (1989 [1947]) sobre o método fotográfico, que alerta
que “os objetos devem ser fotografados de preferência sem pose” (p. 32), isto é, o mais
“natural” possível e tomando o cuidado de não fotografar pessoas em close.

Ademais, faz parte da pesquisa participar de encontros presenciais em grupos de


sujeitos assexuais. Nos encontros presenciais com os grupos de assexuais, a etnografia se
complementará com a utilização de entrevistas semiestruturadas, gravadas via áudio,
acompanhadas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

2855
(TCLE), atendendo às exigências do Comitê de Ética, com interlocutores/as que possam
fornecer subsídios às questões investigadas. Os locais onde serão realizadas as entrevistas
serão definidos pelos próprios sujeitos que aceitarem colaborar com a investigação, porém é
possível que seja no próprio campo de pesquisa, isto é, nas reuniões presenciais promovidas
pelos grupos que vivem e debatem sobre assexualidades.

RESULTADOS/ DISCUSSÕES

Finalizo esse breve resumo com questões, posto que a pesquisa se encontra em
andamento. Sendo assim, a hipótese da pesquisa é que, tendo em vista o atual dinamismo dos
movimentos sociais relacionados à diversidade sexual e de gênero, que questionam as
dicotomias, as dualidades e os binarismos, assim como a naturalização da heterossexualidade
compulsória, os discursos de poder pautados nos interesses reprodutivos implantam um
único sistema enquanto ‘natural’ ao ser humano, desmerecendo todas as outras formas e
expressões sexuais e de gênero.

Nesse sentido, se queremos entender como a sexualidade é uma maneira de regular e


conformar a vida dos corpos, então devemos começar a olhar para além da sexualidade e
examinar os discursos múltiplos de liberdade individual e autodeterminação, e do controle e
constrangimento social que animam como as relações sociais se estabelecem e administram
as lutas e as disputas.

Por fim, resta perguntar o quanto pesa para esses corpos a diferença sexual? Corpos
que não importam para a sociedade porque se recusam a reproduzirem e a se manterem nas
normas da matriz heterossexual. Mas, ainda assim, corpos que são também resistência e
potência. Para essas questões, Preciado (2011: 18) fornece pistas de quais caminhos seguir
nessa pesquisa quando afirma que “não existe diferença sexual, mas uma multidão de
diferenças, uma transversalidade de relações de poder, uma diversidade de potências de vida”.

2856
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GEERTZ, Cliford. (1973). A Interpretação das Culturas. 1ª ed/ 13 reimp. Rio de Janeiro:
LTC.

. (2001). Nova Luz Sobre a Antropologia. Rio de Janeiro/RJ:


Editora Jorge Zahar.

. (2012). O Saber Local: Novos ensaios em Antropologia


Interpretativa. 12. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes.

MAUSS, Marcel. (1989 [1947]). Métodos de observação. In: Manual de Etnografia.


Lisboa: Dom Quixote. p. 27 – 35.

PRECIADO, Beatriz (Paul). (2011). Multidões queer: notas para uma política dos
“anormais”. Revista Estudos Feministas. Florianópolis/SC, 19(1): 312, janeiro-abril.

SEGATO, Rita Laura. (2012). Gênero e Colonialidade: em busca de chaves de leitura e de


um vocabulário estratégico descolonial. Revista E-Cadernos Ces [Online]. 18, colocado
online no dia 01 de dezembro de 2012. Documento acessível online em:
http://eces.revues.org/1533.

VANCE, Carole. (1995). A Antropologia redescobre a sexualidade: Um comentário


teórico. Physis – Revista de Saúde Coletiva, v. 5, n. 1. Rio de Janeiro: IMS/UERJ.

2857
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2859 - 2863

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E FUNCIONAL DE MONÓCITOS DO SANGUE


PERIFÉRICO DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON: AUMENTO DA
EXPRESSÃO DE RECEPTOR SIMILAR A TOLL-10 (TLR10)

ROCHA SOBRINHO, Hermínio Maurício1; SILVA, Delson José da2; QUIXABEIRA,

Valéria Bernadete Leite1; RIBEIRO-DIAS, Fátima1

1- Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública – IPTSP/ UFG 2-


Hospital das Clínicas – UFG e Instituto Integrado de Neurociências/IINEURO
E-mail: herminio.sobrinho@gmail.com

Palavras-chave: Monócitos, receptores similares a Toll, Fator de Necrose Tumoral, Doença


de Parkinson.

Introdução

A doença de Parkinson (DP) é uma síndrome clínica heterogênea, progressiva, de


causa desconhecida, caracterizada pela degeneração e perda irreversível dos neurônios
dopaminérgicos da substância negra pars compacta, causando deficiência de dopamina nas
áreas de projeções estriatais (SCHAPIRA et al., 2006). É caracterizada pela presença de
sintomas evolutivos que podem levar à incapacitação funcional e ao comprometimento da
qualidade de vida do indivíduo (LEES, 2009). Estudos ressaltam que a neuroinflamação está
associada à morte de neurônios dopaminérgicos, sendo, provavelmente, um dos principais
fatores indutores da neurodegeneração na DP. No sangue periférico ou nos tecidos, leucócitos
ativados por padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) e/ou a danos teciduais
(DAMPs), via receptores similares a Toll (TLR), produzem mediadores pró e anti-
inflamatórios, cujo desequilíbrio pode levar a um processo inflamatório crônico. Em
condições fisiológicas são detectadas três subpopulações

de monócitos no sangue periférico humano: os clássicos (CD14hiCD16-), os

intermediários (CD14hiCD16hi) e os não clássicos (CD14lowCD16hi), sendo que estas


células apresentam diferenças fenotípicas e funcionais que podem influenciar nas

2858
características da resposta imune contra DAMPs ou PAMPs (CROS et al., 2010). Sob
condições inflamatórias monócitos podem ter acesso ao cérebro, podendo-se diferenciar em
micróglia e colaborar para o processo de neuroinflamação e neurodegeneração
contribuindo para a etiopatogenia da DP (TACKE e RANDOLPH, 2006; DREVETS et al.,
2010).

Justificativa

A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum


em seres humanos, sendo precedida apenas pela doença de Alzheimer (OMS, 2008).
Esta afecção, segundo a OMS, atinge cerca de 2% dos indivíduos com idade superior a
65 anos, mas esta prevalência pode estar subestimada e de fato estaria entre 10 a 13%
desta população (OMS, 2008; MUANGPAISAN et al., 2011). Há uma maior incidência da
DP em indivíduos do gênero masculino, sendo a idade avançada um fator de risco para as
doenças neurodegenerativas (YOKEL, 2006). O envelhecimento da população mundial e o
consequente aumento da incidência e prevalência de doenças neurodegenerativas, como a
doença de Parkinson, fortemente justificam os estudos que visam conhecer os mecanismos
etiopatogênicos destas doenças, especialmente a DP.

Objetivos

O objetivo deste estudo foi avaliar as subpopulações de monócitos e a expressão de


TLR1, TLR2 e TLR10 nestas células, e a produção de fator de necrose tumoral (TNF ) em
hemoculturas e culturas de células mononucleares (CMNs) de pacientes com DP,
comparando-as com as de indivíduos controles sadios.

Metodologia
O estudo foi aprovado pelo comitê de ética do HC/UFG, protocolo número
20032113.0.0000.5078. Sangue periférico foi obtido de 13 pacientes com diagnóstico de DP
assistidos no Núcleo de Neurociências do Hospital das Clínicas da UFG e no Instituto
Integrado de Nuerociências de Goiânia-GO e de 13 indivíduos sadios da comunidade
(pareados por idade e sexo). As expressões celulares das moléculas CD14, CD16, TLR1,
TLR2 e de TLR10, nos monócitos, foram avaliadas por citometria de fluxo; para as
hemoculturas, o sangue foi diluído v/v em meio de cultura RPMI 1640; as CMNs foram
separadas por gradiente de densidade. As hemoculturas e as CMNs foram ativadas com
agonistas de TLR4 (LPS) ou de TLR2/TLR1 (Pam3Cys), por 24 h, os sobrenadantes das

2859
culturas foram colhidos e dosagem de TNF
(ELISA).realizada por ensaio
imunoenzimático

2860
Resultados / Discussão

As hemoculturas e culturas de CMNs dos pacientes com DP produziram menores


quantidades de TNF em resposta ao agonista de TLR2/TLR1 do que as culturas dos
controles. Para avaliar a influência da idade dos pacientes na ativação de leucócitos do
sangue periférico e nas culturas de CMNs, com agonistas de TLR (LPS e Pam 3Cys),
pacientes e controles sadios foram subdivididos em um grupo de jovens (34 a 54 anos) e
outro de idosos (65 a 76 anos). A produção de TNF nas culturas de pacientes abaixo de
55 anos de idade, estimuladas com LPS, foi mais elevada em comparação com a dos
controles sadios. A produção de TNF em hemoculturas de pacientes acima de 64 anos
de idade, estimuladas com LPS, foi
semelhante à dos controles sadios. Foi observado um maior percentual da subpopulação de

monócitos CD14hiCD16hi no sangue dos pacientes com DP em relação aos controles,


assim como um maior percentual de monócitos de pacientes expressando o TLR10 (p =
0,008). A expressão das moléculas TLR2 e TLR10 em monócitos de pacientes com DP
estava aumentada em relação à dos controles (p = 0,007).

Os resultados sugerem que a resposta de monócitos do sangue periférico ao ligante de


TLR2 é reduzida na DP, como publicado anteriormente por nosso grupo, e que a elevação da
expressão de TLR10 em monócitos pode desempenhar um papel na imunopatogenia da DP,
uma vez que foi demonstrado que o TLR10 pode inibir a resposta do TLR2 (STAPPERS et
al., 2015).

Conclusões

Diante dos resultados apresentados, ressalta-se a necessidade de se estudar as vias de


sinalização e polimorfismos genéticos de TLRs, em monócitos, para avaliar a ativação
destas células com diferentes agonistas de TLRs e possíveis DAMPs que possam estar
associados com a etiopatogenia da doença de Parkinson, como a alfa-sinucleína, a qual é
reconhecida pelo TLR2.
Identificar e compreender a natureza e o papel dos mediadores neuroinflamatórios
envolvidos na patogênese da DP pode fornecer várias opções para modular as vias
neuroinflamatórias para ajudar a reduzir a morte neuronal na DP. O estudo da expressão

2861
celular de TLR e sua função nos monócitos é necessário, não só para esclarecer o papel
dos TLR na patogênese DP, mas também para a identificação de biomarcadores de
prognóstico da doença.

Suporte financeiro: FAPEG

Área de Concentração: Imunologia

Categoria: Pós-Graduação

Referências

CROS, J.; CAGNARD, N.; WOOLLARD, K.; et al. Human CD14dim monocytes patrol and
sense nucleic acids and viruses via TLR7 and TLR8 receptors. Immunity, v. 33, n. 3, p. 375-
386, 2010.

DREVETS, D.A.; DILLON, M.J.; SCHAWANG, J.E.; STONER, J.A.; LEENEN, P.J.M.

IFNγ triggers CCR2-independent monocyte entry into the brain during systemic infection by
virulent Listeria monocytogenes. Brain Behav Immun, v. 24, p. 919-929, 2010.

LEES, A.J. The Parkinson chimera. Neurology, v. 72, n. 7 (supl), p. 2-11, 2009.

MUANGPAISAN, W.; MATHEWS, A.; HORI, H.; SEIDEL, D. A systematic reviewof

the worldwide prevalence and incidence of Parkinson’s disease. J Med Assoc Thai, v. 94, n.
6, p. 749–755, 2011.

OMS, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2008. Global burden disease 2008.


Disponível em: http://www.who.int/research/en/

SCHAPIRA, A.H.V.; BEZARD, E.; BROTCHIE, J.; et al. Novel pharmacological targets for
the treatment of Parkinson’s disease. Nat Rev Drug Discov, v. 5, p. 845- 854, 2006.

STAPPERS, M.H.; et al. Genetic Variation in TLR10, an Inhibitory Toll-Like Receptor,

2862
Influences Susceptibility to Complicated Skin and Skin Structure Infections. J Infect Dis, v.
212, n. 9, p.1491-9, 2015.

TACKE, F.; RANDOLPH, G.J. Migratory fate and differentiation of blood monocyte subsets.
Immunobiology, v. 211, n. 6-8, p. 609-18, 2006.

YOKEL, R.A. Blood-brain barrier flux of aluminum, manganese, iron and other metals
suspected to contribute to metal-induced neurodegeneration. J Alzheimers Dis, v. 10, p. 223-
253, 2006.

2863
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2864 - 2869

MUDANÇAS LEXICAIS NA LÍNGUA DE SINAIS BRASILEIRA

LIMA, Hildomar José de1; REZENDE, Tânia Ferreira2

Palavras-chave: mudança linguística,

Introdução

No que se refere à Língua de Sinais Brasileira (LSB), são poucas as pesquisas que se ocupam
da tarefa de analisar e descrever fenômenos linguísticos orientados pela Sociolinguística.
Assim, esta pesquisa tem como objetivo descrever mudanças lexicais na LSB falada em
Goiás. As discussões serão feitas com base nos trabalhos sobre variação e mudança nas
línguas orais apresentadas por Cezario e Votre (2011), Martelotta (2011) e em Strobel;
Fernandes (1998), Diniz (2010) e Campello (2011), que discutem esses fenômenos na LSB.
As pesquisas sobre mudança linguística nas línguas orais apontam que a perda de elementos
fonéticos nas palavras e a aglutinação de palavras na organização sintática são mecanismos
comuns. Diante disso, questionamos se esses mecanismos fonético-fonológicos seriam
exclusivos das línguas orais ou se são comuns às línguas naturais?
Nossa pesquisa, ainda em fase inicial do desenvolvimento, aponta que a LSB apresenta
características específicas, que são diferentes de algumas línguas orais, no processo de
mudança linguística, especialmente no que se refere às análises no nível fonético/fonológico.

Justificativa

A mudança linguística geralmente ocorre em um processo gradual, em que uma forma


linguística vai perdendo preferência de uso para outra forma sistematicamente modificada.
Para Martelotta (2011, p. 27), a mudança “é um fenômeno essencialmente funcional, no
sentido de que está relacionado às estratégias comunicativas que os usuários utilizam nos
diferentes eventos de uso”.

1 Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás.


2 Doutora em Estudos Linguísticos. Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da

Universidade Federal de Goiás.

2864
Se as pessoas e o mundo são de natureza dinâmica é natural que as línguas também o sejam,
pois elas estão a serviço das pessoas que falam no e sobre o mundo em que vivem.
Os estudos sobre mudança nas línguas de modalidade oral-auditiva demonstram que esse
processo ocorre nos diferentes níveis linguísticos, desde o fonético-fonológico até o
semântico. A mudança no nível fonético-fonológico implica perda de elementos fonéticos e a
alta frequência de uso de algumas palavras e expressões motiva a redução fonética das formas
linguísticas, um fenômeno muito comum nessas línguas. Ou seja, as novas palavras tendem à
condensação, diminuição da forma.
No que se refere à LSB, são poucas as pesquisas que tratam dos fenômenos variação e
mudança linguística. Em uma das primeiras observações sobre esses fenômenos na língua de
sinais falada no Brasil, Strobel e Fernandes (1998) sugerem a existência de “dialetos
regionais” dessa língua, corroborando, naquela época, a validação do caráter de língua natural
da LSB.
Diniz (2010) apresentou observações sobre o processo de mudança de sinais na LSB, a partir
de análise documental. No processo de descrição dos sinais, a autora classificou os sinais em
três categorias: (i) os que permanecem idênticos até os dias de hoje, (ii) os que sofreram
mudança fonológica em algum de seus parâmetros, e (iii) os que sofreram mudança lexical.
Verificou-se uma maior quantidade de sinais na categoria mudança fonológica.
Outro trabalho sobre a LSB que atribuiu especial atenção às mudanças em nível fonético-
fonológico foi uma pesquisa sobre a constituição da LSB do século XVII ao século XXI,
desenvolvida por Campello (2011). Esta investigação teve como objetivo estudar os traços
fonético-fonológicos que caracterizam a mudança dos sinais da LSB. A análise se deu a partir
da comparação de obras lexicográficas de diferentes épocas (1875, 1974 e 2002). Foram
sistematizadas cinco formas de mudança fonético-fonológica

Metodologia

O material empírico foi gerado a partir de sinais coletados de surdos adultos fluentes em LSB.
em conversas sobre o processo de mudança linguística na LSB. Os participantes
apresentavam exemplos de sinais que já foram utilizados em algum momento e que hoje
foram substituídos por outros. Em grande parte dos exemplos trazidos, os participantes
mencionavam períodos aproximados em que as formas mais antigas eram utilizadas e
começaram a ser substituídas por outras.

2865
Utilizou-se o Sistema Brasileiro de Escrita de Sinais (ELiS) com o objetivo de representar a
maioria das ocorrências na sua composição total e assim oferecer maiores condições de
leitura, mesmo para aqueles que não conhecem a LSB. Esse sistema é uma proposta para
representação gráfica das línguas de sinais e se caracteriza especialmente por considerar a
natureza visual e espacial na organização das línguas sinalizadas, sobretudo da LSB que
serviu como matriz desta proposta (BARROS, 2008; ESTELITA, 2010).

Foi utilizada também a glosa como sistema de transcrição dos materiais gerados, em que (i)
os sinais da LSB são representados por itens lexicais do Português, grafados em maiúsculo;
(ii) o sinal composto, formado por dois ou mais itens lexicais, é representado pela quantidade
de palavras correspondentes separadas pelo símbolo ^ (Ex.: LIGAR^FOGO^BANCADA);
(iii) o símbolo @ indica que não foi expresso o gênero, uma vez que a LSB se utiliza de
recursos específicos para tal noção gramatical (Ex.: IRM@).

Interpretação e discussão dos materiais gerados

A primeira categoria de sinais que apresenta mudanças abarca aqueles em que a forma
linguística sofre uma alteração relacionada à quantidade de itens lexicais que compõem o
sinal. Os sinais que eram compostos por três itens lexicais reduzem para dois itens. Nesse
caso, o processo de mudança resulta na exclusão de um dos itens, geralmente o último,
conforme se observa no enunciado (1).

(1)3 a. LIGAR^FOGO^BANCADA b. LIGAR^FOGO


‘fogão’ ‘fogão’

Em (1a), o sinal é composto por três itens lexicais que (i) explica como usar, (ii) representa a
função e é produzido com as duas mãos, (iii) delineia a dimensão da entidade. Em (1b), a
forma linguística apresenta uma redução, mantendo em sua forma apenas os dois primeiros
itens da forma anterior. O item que delineia a dimensão da entidade não aparece no sinal
atual. Conforme em Lima (2012), a dimensão como um critério semântico para a
caracterização dos Nomes na LSB, uma vez que uma série de sinais nessa língua explora a
dimensão das entidades para poder representá-las. Percebe-se, portanto, que, com o tempo,
aqueles sinais que são compostos por três itens lexicais podem excluir o item que representa a
dimensão, sem prejuízo no sentido, sugerindo que, nesses casos, a dimensão é uma
informação secundária para representar a entidade.
A segunda categoria de sinais, que apresentam mudança, é composta por aqueles sinais em
que o processo de produção envolvia as duas mãos e passa a ser realizado com apenas uma

2866
mão. Observe a ocorrência (3).

(3) a. /qgqlv%ân b. q¢qlvJÈm


IRM@ IRM@
‘irmão/ã’ ‘irmão/ã’

Em (3a), /qgqlv%ân se caracteriza como um sinal bimanual simétrico, isto é, produzido


com as duas mãos com realizações idênticas (indicado pelo sinal //), e lê-se: CD de ambas
as

3 Os sinais que compõem esse enunciado não serão apresentados em ELiS por serem de

fácil compreensão.
mãos /qgq/, polegar fechado, indicador estendido contínuo à palma e os demais dedos fechados

(o diacrítico /l/ indica que a orientação eixo pulso-palma está para frente) OP /v/, voltadas
para baixo; PA /%/; lateral dos dedos (o é diacrítico de contato); M /â/; para frente e paratrás (o
n é um diacrítico que indica alternância nomovimento).

Em (3b), q¢qlvJÈm é um sinal monomanual, em que lê-se: CD /q¢q/, polegar fechado,


indicador e médio estendidos e os demais dedos fechados (o traço indica que os dedos

estão unidos), o diacrítico /l/ indica que a orientação eixo pulso-palma está para
frente; OP
/v/, voltada para baixo, PA /J/, espaço neutro; M /È/, friccionar os dedos indicador e
médio
(o mé um diacrítico que indica repetição do movimento).
A terceira categoria é composta por aqueles sinais que eram produzidos com uma
configuração de mão que, convencionalmente, exibe similaridade com alguma letra do
alfabeto do Português e mudaram para uma forma mais representativa da entidade.
Cumpre esclarecer que na LSB há uma configuração de mão correspondente para cada
letra do alfabeto do Português (LIMA, 2012). Observe no exemplo (4).
(4) a. epzAé b. thlvJ
CRIANÇA CRIANÇA
‘criança’ ‘criança’

2867
Em (4a), epzAé, lê-se: CD /ep/4, dedo polegar curvo, dedo médio e demais também
curvos (o traço indica que os dedos estão unidos); OP /z/, voltada para o meio; PA /A/, a
boca (o é um diacrítico que indica contato); M /é/, para a direita. Nesse sinal, devido
ao fato do ponto de articulação ser a boca, infere-se que possivelmente o fato da criança
sujar a boca ao se alimentar motivou a forma linguística, porém essa motivação foi
validada por algum traço característico da modalidade escrita da língua em contato.

Em (4b), thlvJ lê-se: CD /th/, dedo polegar estendido perpendicularmente ao lado


da palma, demais dedos estendidos contínuo à palma (o traço indica que os dedos estão
unidos); OP /v/, voltada para baixo; PA /J/, espaço neutro. Essa forma descreve
espacialmente a estatura de umacriança.
Através dos caracteres do sistema de escrita utilizado é possível observar que todos os traços
de composição dos sinais dessa categoria sofreram alteração.

Conclusões

Preliminarmente, os resultados sugerem diferentes categorias de sinais na LSB que passaram


por processos de mudanças. Uma dessas categorias sugere que a redução na forma
linguística

Formam uma configuração de mão que exibe relação de similaridade com a letra C do Português.

é também uma característica do processo de mudança linguística presente nessa língua falada
em Goiás. Nela se observa que o sinal mais recente tende a excluir um item lexical que
compunha um sinal mais antigo. Os sinais que eram compostos por três itens, passam a operar
com dois, excluindo, geralmente o último item da composição. Já os sinais formados por dois
itens lexicais tendem a reduzir sua composição a partir de um único item, sem preservar, em
alguns casos, as características de composição dos dois itens que formavam o sinal anterior.
Uma segunda categoria sugere que um dos processos de mudança resulta em um princípio de
economia no processo de produção nas línguas de sinais. Essa categoria abrange aqueles
sinais que antes eram bimanuais e passam a monomanuais. A lógica do princípio de economia
se baseia no fato de que ao se produzir um sinal com uma única mão, o falante fará isso de
forma mais rápida.
Uma terceira categoria se refere àqueles sinais antes realizados com uma configuração de

2868
mão que mantém, convencionalmente, uma relação de similaridade com alguma letra do
alfabeto do Português e se reestrutura a partir de outra característica física da entidade como
forma buscar autonomia para operar como língua.

Referências

BARROS, M. E. ELiS – Escrita das Línguas de Sinais: proposta teórica e verificação prática.
192f. Tese (Doutorado em Linguística) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
CAMPELLO, A. R. S. A constituição histórica da Língua de Sinais Brasileira: século XVIII a
XXI. Revista Mundo & Letras, José Bonifácio/SP, v. 2, p. 8-25, 2011.
CEZARIO, M. M.; VOTRE, S. Sociolinguística. In: MARTELOTTA, M. E. (Org.). Manual
de linguística. São Paulo: Contexto, 2011. p. 141-155.
DINIZ, H. G. A história da Língua de Sinais Brasileira (Libras): um estudo descritivo de
mudanças fonológicas e lexicais. 2010. 144 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) –
Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2010.
ESTELITA, M. EliS – escrita das línguas de sinais: sua aprendizagem. In: IX ENCONTRO
DO CELSUL, 2010, Palhoça. Anais do IX Encontro do CELSUL. Palhoça: Universidade do
Sul de Santa Catarina, 2010. p. 1-19.
LIMA, H. J. Categorias lexicais na Língua de Sinais Brasileira: Nomes e Verbos.
Dissertação de Mestrado. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2012.
MARTELOTTA, M. E. Mudança linguística: uma abordagem baseada no uso. São Paulo:
Cortez, 2011.
STROBEL, K. L.; FERNANDES, S. Aspectos linguísticos da LIBRAS. Curitiba:
SEED/SUED/DEE, 1998.

2869
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2870 - 2871

Título: Qualidade de Vida de pacientes com Insuficiência Cardíaca: uma analise


pelo Whool-bref

Autores: Porto, JDS; Rassi, S; Costa Neto, SB; Sousa, IF; Inácio, GP

Fundamento: A Insuficiência Cardíaca (IC) é um problema de saúde mundial, com


alta incidência, prevalência e morbimortalidade. Por esse motivo, cientistas e
pesquisadores têm-se preocupado bastante tanto com a sobrevida das pessoas, quanto
com a qualidade de vida (QV) relacionada à área da saúde.

Objetivo: Esta pesquisa avaliou a QV de portadores de IC atendidos no ambulatório


em um hospital universitário.

Métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado entre março e novembro de


2015, em 211 participantes, os dados foram coletados por meio de entrevista
sociodemográfica e clínica, e pelo WHOQOL-Bref (World Health Organization
Quality of Life), um instrumento genérico de QV. Esta pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa, n° 196.550(CEP/HC/UFG).

Análise estatística: utilizou-se análises descritivas para os dados sociodemográficos


e clínicos, e a correlação de Pearson entre os itens do whoqol-bref. As análises foram
feitas pelo SPSS, Windows, 18.0.

Resultados: em relação as variáveis sociodemográficas observou-se que 53,5% são


homens (M = 60,54 anos, variação 24-88) e 46,5% são mulheres (M = 62,03, variação
22-96); 51,7% possuem ensino fundamental incompleto; 55,5% são católicos; 58,8%
são casados; 73,0% estão empregados; 50,7% residem na capital. Em relação as
etiologias observou-se que os pacientes são 22,3% idiopáticas, 2,4% valvar, 47,9%
chagásica, 15,6% isquêmica, 9,0% hipertensiva, 1,9% alcoólica e 0,9% periparto.
Em relação a classificação funcional 39,8% classe I, 45,5% classe II, 14,7%
classe III e nenhum na classe IV. Ao avaliar a correlação entre os itens das
dimensões do whoqol-bref, observou-se que o item 4, da dimensão física que avalia o
quanto precisa de algum tratamento médico para levar a vida, apresentou correlação
significativa com os itens: da dimensão física que avalia em que medida acha que a
dor (física) impede de fazer o que precisa (r = 0,254; p = 0,000 ), com o item da
dimensão psicológica que avalia a medida que a vida tem sentido (r = 0,123; p

2870
=0,037) e o item da dimensão meio ambiente que avalia quão seguro se sente na vida
diária(r = 0,139; p = 0,022).

Conclusões: Nota-se que neste grupo avaliado pelo Whoqol-Bref o quanto a QV


foi afetada, pois quando os pacientes sentem dor, acham que suas vidas não tem
sentido e estão inseguros eles procuram o tratamento físico. Propomos que nos
próximos estudos seja realizada correlação entre o Whoqol-Bref e o Minnesota
para identificar os principais fatores que pioram a QV, e assim procurar medidas
para melhorar a QV dos portadores de IC.

2871
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2872 - 2876

O CORPO NA FOTOGRAFIA MÉDICA DE


KONSTANTIN CHISTOFF

Juçara de Souza NASSAU; Rosana Horio MONTEIRO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES E CULTURA VISUAL
FACULDADE DE ARTES VISUAIS – FAV

jsouzanassau@gmail.com
rhorio@gmail.com FAPEG
Justificativa

A cultura visual, por se interessar pelas visualidades, representar e constituir


valores e significações articulados às ações, expressões e reflexões do homem em relação
a si e ao seu meio, é capaz de elaborar concepções específicas, constituindo-se como uma
estrutura particular de agir e pensar no mundo, dando início a processos de saberes, do qual o
homem se utiliza.
Nesse sentido, tendo em vista suas particularidades e sua capacidade de revelar
formas distintas de visibilidades, tanto no contexto artístico, quanto científico, elegemos a
fotografia, como objeto de pesquisa. Mais especificamente, definimos como nosso corpus
de investigação os retratos produzidos pelo médico e artista plástico Konstantin Christoff
Raeff (1923- 2011) de seus pacientes, em sua clínica médica e, também, na enfermaria da
Santa Casa de Misericórdia de Montes Claros,
no período compreendido entre os anos de 1948 e 1950, período em que fotografou os seus

pacientes, na cidade de Montes Claros1, norte de Minas Gerais.


Konstantin Christoff nasceu na Bulgária em 1923 e radicou-se no Brasil a partir
de 1933, residindo em Minas Gerais, mais especificamente na cidade de

1
Atualmente a cidade possui cerca de 400 mil habitantes e situa-se no Norte de Minas Gerais, à 426 km de Belo
Horizonte/MG. De economia diversificada, o município possui entre suas várias atividades um comércio
movimentado, que abastece grande parte das cerca de 150 cidades. Nos últimos anos a cidade se transformou em
um importante polo universitário, que atrai estudantes de várias partes do país.
Informações disponíveis em:
http://www.montesclaros.mg.gov.br/cidade/aspectos_gerais.htm, acesso em 29 de julho de 2015.

2872
Montes Claros. Formou-se em Medicina em 1948 pela UFMG, atuou como médico
cirurgião geral e cirurgião plástico por mais de quarenta anos. (CHRISTOFF, 2008)
No entanto, apesar do importante acervo fotográfico realizado por Konstantin,
principalmente em si tratando das fotografias médicas, não tinha sido ainda estudado com
profundidade ou plenamente divulgado no meio acadêmico ou em outros meios.
Curiosamente, esse acervo se encontra ainda preservado em imagem negativa. Nesse sentido,
o estudo pelas fotografias médicas de konstantin Christoff, além de ser inédito, prima pela
originalidade.
Provavelmente, as fotografias médicas impulsionaram Konstantin a atentar-se para
outros modos de visualização do corpo, além daqueles para os quais as imagens foram
produzidas, ou seja, para ver, segundo ele, a evolução da doença (CHISTOFF, 2008). A
partir daí, é possível que ele tenha percebido que as fotografias são muito mais do que
representações de matérias inertes para simples observação, mas são carregadas de
significado expressivo e pertinentes a reflexões politicas, sociais e artísticas. Afinal, como
sugere Monteiro (2007, p. 1), “o que o médico vê está inseparavelmente ligado e depende
de como ele vê lê-se o tecido biológico através da lente do social, mapeando e lendo o
social”. Nesse sentido, nossa proposta de pesquisa aborda, sistematicamente, a fotografia
médica, associando os campos da Ciência e das Artes, possibilitando um diálogo significativo
entre eles.

Objetivos
Estudar o corpo na fotografia médica de Konstantin Christoff, atribuindo-lhe
sentidos e significações, buscando investigar o papel da fotografia médica na constituição de
significados científicos, estéticos e sociais para uma sociedade.

Metodologia

O universo desta pesquisa é constituído pelo acervo fotográfico de Konstantin


Chistoff, composto pelos negativos em P/B, especificamente os retratos no contexto da
imagem médica. Estão sendo investigadas as fotografias realizadas, por esse fotógrafo, no

2873
período compreendido entre os anos de 1948 e 1950, na cidade de Montes Claros-MG.

Os instrumentos de coleta de dados estão estruturados com a finalidade de


proporcionar uma pesquisa detalhada sobre a fotografia médica de Konstantin Christoff.
Realizamos o estudo desse acervo, composto por mais de 100 negativos em P/B e de algumas
ampliações fotográficas realizadas, pelo próprio fotógrafo, no período estudado. Desta
maneira, as imagens estão sendo agrupadas a partir das características dos sujeitos retratados,
como gênero, faixa etária, tipo de doença, entre outros aspectos.

Pretendemos, ainda, realizar análise das imagens, a fim de proceder ao estudo do


material selecionado, assim como ampliar o levantamento bibliográfico para
aprofundamento nos estudo dos temas abordados.

Resultado/Discussão

Se essas imagens pretendem nas palavras de Christoff (2008, p.103) nos “mostrar
que o „feio‟ possui a sua estética: as rugas, as deformidades, o humilde, os dementes, os
doentes e os pobres também têm sua beleza própria, particular”, podemos levar em conta que
artistas se apropriam dessa temática, com o discurso implícito (ou explícito) de trazer à tona
discussões sobre questões sociais, sejam elas locais ou globais.
A escolha do fotógrafo Konstantin Christoff pela produção de imagens da doença
de seus pacientes reflete, assim, uma temática constante nas Artes Visuais, já que as imagens
científicas vêm sendo utilizadas ou apropriadas por artistas na contemporaneidade. Como
pontua Monteiro,

Os corpos retratados nas imagens médicas não parecem ser nossos


corpos pessoais e essa lacuna entre a visualização oferecida pelas
técnicas de imageamento médico e o corpo de fato tem sido
investigada por vários artistas. (2014, p. 3)

Provavelmente, as fotografias médicas impulsionaram Konstantin a atentar-se para


outros modos de visualização do corpo, além daqueles para os quais as imagens foram
produzidas, ou seja, para ver, segundo ele, a evolução da doença (CHISTOFF, 2008). A
partir daí, é possível que ele tenha percebido que as fotografias são muito mais do que
representações de matérias inertes para simples observação, mas são carregadas de
significado expressivo e pertinentes a reflexões

2874
politicas, sociais e artísticas. Afinal, como sugere Monteiro (2007, p. 1), “o que o
médico vê está inseparavelmente ligado e depende de como ele vê lê-se o tecido biológico
através da lente do social, mapeando e lendo o social”. Nesse sentido, nossa proposta de
pesquisa aborda, sistematicamente, a fotografia médica, associando os campos da Ciência e
das Artes, possibilitando um diálogo significativo entre eles.

Conclusão
Tomando como base as perspectivas apresentadas, entendemos que o acervo
fotográfico de Konstantin estabelece um diálogo significativo entre a ciência e a fotografia.
Portanto, pelo seu caráter interdisciplinar e por proporcionar novas questões e imbricamentos
a respeito da imagem, o acervo fotográfico documental de Konstantin Christoff se constitui
como um importante instrumento de reflexão sobre a imagem médica produzida. A partir da
investigação de suas fotografias, buscamos compreender a fotografia médica, não apenas
como sendo imagem científica com as suas especificidades, mas aproximá-la dos estudos da
cultura visual.

Referências bibliográficas

CHRISTOFF, Maria Elvira Curty Romero. As imagens da estética do grotesco na arte de


Konstantin Christoff. Tese ( Doutorado em Artes Visuais ) - Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.

ELKINS, James. História da arte e imagens que não são arte. Trad. Daniela Kern. Revista
Porto Artes. Vol. 18. N. 30. P. 8-41, 2011. Disponível em
http://seer.ufrgs.br/PortoArte/article/view/29619 Acesso em: 30 de agosto de 2015.

FOUCALT, M.. O nascimento da clínica. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro:


Forense Universitária, 1977.

MONTEIRO, Marko Synésio Alves. Os dilemas do humano: reinventando o corpo numa


era (bio)tecnológica. São Paulo: Annablume, 2012.

MONTEIRO, Rosana Horio. Vidiografias do coração: um estudo etnográfico do


cateterismo cardíaco. Tese (Doutorado em Política Científica e Tecnológica) Universidade
Estadual de Campinas, Campinas (UNICAMP), SP, 2001.

2875
. Da medicina para a arte - um estudo do circuito social das imagens
médicas. 2012. Disponível em
http://www.sbhc.org.br/resources/anais/10/1342642307_ARQUIVO_rosanahoriomonteiro-
textocompleto.pdf. Acesso em: 04 de agosto de 2015.

. Imagens médicas entre a arte e a ciência: relações e trocas. Estéticas da


Biopolítica- audiovisual, política e novas tecnologias, 2007. Disponível em
http://www.revistacinetica.com.br/cep/rosana_monteiro.htm. Acesso em: 25 de julho de
2015.

SANTOS, Pierre. Nosso Século visita Gólgota Via-Sacra: Konstantin. IN: MUSEU DE
ARTE MODERNA DO RIO DE JANEIRO, 1990.

SILVA, James Roberto. Doença, Fotografia e representação. Revistas médicas em São


Paulo e Paris, 1869-1925. Tese (Doutorado em História) Universidade de São Paulo (USP),
São Paulo. S.P, 2003.

2876
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2877 - 2881

IDENTIFICAÇÃO DE NOVOS FÁRMACOS ANTIMALÁRICOS ATRAVÉS


DA ESTRATÉGIA DE GENÔMICA COMPARATIVA POR
REPOSICIONAMENTO

Juliana RODRIGUES, Moisés Morais INÁCIO, Francesca G G.CHAPADENSE,


Renato B. MACHADO, Elias Silva de OLIVEIRA, Wanessa M GOES, PedroV L
CRAVO. Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde pública, Instituto
de Medicina Tropical e Saúde pública, rodriguesbiologa@hotmail.com,
moises.biomed@gmail.com, chapadense.garcia@gmail.com,
renatobeilner_@hotmail.com, elias1sim@gmail.com, pedrovcravo@gmail.com

Introdução

O controle da malária baseia-se principalmente na administração de fármacos a


pacientes infetados e medidas antivetoriais. No entanto, a eficácia do tratamento
antimalárico é comprometida pela capacidade do parasita da malária evoluir resistência
ao composto e pela escassez de novos antimaláricos. Existe, portanto, uma necessidade
urgente da descoberta de novas drogas contra a malária (Bispo et al 2013).

Uma das estratégias que tem vindo a ser gradualmente mais explorada na
busca de novas terapias é o processo denominado de “reposicionamento de fármacos”
(Liu et al. 2013). O processo consiste na identificação de um novo uso para um fármaco já
aprovado e comercializado para uso clínico em humanos. Pelo fato de tais fármacos já serem
aprovados para tratamentos em seres humanos para outros fins, podem mais facilmente entrar
em ensaios clínicos.

A malária foi eliminada da América do Norte, Europa, partes da Ásia e


América do Sul durante os anos 1950 e 1960, na sequência de uma campanha global, que
contou com o novo inseticida sintético, diclorodifeniltricloroetano (DDT), e novas drogas de
alta eficácia, como a cloroquina, a mefloquina, e a sulfadoxina – pirimetamina (Shell 1997).
Mais recentemente, a introdução de tratamentos combinados com artemisinina (ACTs) tem
contribuído para a redução da incidência e mortalidades atribuídas à malária em várias
regiões endêmicas (WHO 2013). No entanto, os parasitas de malária acabaram por evoluir
resistência aos fármacos contra eles dirigidos (Hyde 2007), incluindo os ACTs (Dondorp et al.
2009), fato que representa uma séria ameaça ao controle da doença. Embora a resistência aos

2877
ACTs seja ainda esporádica, existem dois problemas principais. O primeiro é a possibilidade de
evolução generalizada de resistência à artemisinina e seus derivados, que constituem a
estratégia de tratamento mais eficaz atualmente disponível. O segundo problema é que
apenas um medicamento, a primaquina, pode eliminar as formas dormentes (hipnozoítos)
de P. vivax e P. ovale e, assim, proporcionar uma cura radical. A primaquina, uma 8 –
aminoquinolina, requer doses repetidas (até 15 dias) e é tóxica para indivíduos com deficiência
de glucose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), uma condição comum em regiões endémicas
para malária. Tal fato limita o uso de primaquina para mais de 2,85 bilhões de pessoas em
situação de risco para a infecção pelo P. vivax no Sudeste Asiático, na Europa Central e na
América do Sul.

Assim, no contexto dos enquadramentos supracitados, se torna evidente que existe


uma necessidade premente de se identificarem e disponibilizarem novos antimaláricos para
uso clínico em humanos. O reposicionamento de fármacos surge como uma alternativa
promissora. Esta estratégia apresenta a vantagem de reduzir significativamente, o tempo e o
gasto associado aos estudos de fase clínica, visto que já estão disponibilizadas as
características toxicológicas e farmacocinéticas dos medicamentos analisados (Ashburn
2004).

Com base na necessidade de novos fármacos para o tratamento da malária, no alto


custo associado à pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos, no baixo investimento da
indústria farmacêutica neste campo de pesquisa associado às doenças tropicais
negligenciadas e na existência de mecanismos de ação que podem ser úteis para o
tratamento da malária, torna-se relevante um estudo com o objetivo de usar a estratégia de
reposicionamento de fármacos para identificar drogas eficazes contra os parasitas de malária.

Objetivos:

Neste contexto, O objetivo principal do trabalho foi usar a estratégia de reposicionamento de


fármacos para identificar fármacos eficazes contra os parasitas de malária de humanos, P.
falciparum e P. vivax.

Métodos

. Foi utilizada uma ferramenta disponível na TDR Targets Database, por intermédio de
genômica comparativa para selecionar alvos presentes exclusivamente nos parasitas P.
falciparum e P. vivax, mas ausentes em humanos. Cada um dos alvos selecionados foi então

2878
usado como query (consulta) nos bancos de dados: Drugbank, TTD e Stich. Os alvos de P.
falciparum e P. vivax foram alinhados com os seus alvos homólogos preditos, utilizando
pairwise BLAST, no intuito de comparar regiões funcionalmente relevantes. Foram
considerados para estudos subsequentes apenas os que ocorreram ≥ 80% de sobreposição
entre as duas sequências para o alvo do fármaco correspondente

Resultados

Assim, os fármacos identificados foram submetidos a uma pesquisa bibliográfica no


intuito de encontrar fármacos que nunca foram avaliados contra parasitas de malária. A
estratégia permitiu encontrar 10 alvos e 11 novos fármacos com potencial atividade
antimalárica. As principais categorias encontradas foram os anti-inflamatórios,
antineoplásicos e antibióticos. Estudos in vitro e in vivo serão necessários para verificar se os
fármacos idenficados têm o potencial de inibir ou eliminar o crescimento dos parasitas. Para
melhor compreensão os resultados serão apresentados em um fluxograma (Figura 1)

Discussão

O objetivo deste trabalho foi identificar potenciais fármacos que já são aprovados para
uso clínico em humanos e podem ser reposicionados para malária. Assim sendo, foram
identificados um total de 10 novos fármacos com potencial atividade antimalárica. Este
trabalho encontra-se ainda na sua fase inicial, sendo necessário ainda avaliar a real eficácia de
cada um destes fármacos por intermédio de ensaios in vitro e in vivo.

2879
Figura 1: Fluxograma representando os resultados obtidos ao longo das
diferentes fases do presente estudo

2880
Entidades Financiadoras

CNPq CHAMADA UNIVERSAL – MCTI/CNPq 14/2013. Pedro Cravo é Bolsista de


Produtividade do CNPq, nível 1ª

Referências

Bispo NA et al (2013) A Systematic In Silico Search for Target Similarity Identifies


Several Approved Drugs with Potential Activity against the Plasmodium falciparum
Apicoplast. PLoS ONE 8(3): e59288. doi:10.1371/journal.pone.0059288

Knox C et al (2011) DrugBank 3.0: a comprehensive resource for ‘omics’ research on drugs.
Nucleic Acids Res 39(Database issue): D1035–41.
Liu Z et al (2013) In silico drug repositioning – what we need to know?. Drug Discovery Today
Vol 18, Numbers 3/4. 11-115

2881
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2883 - 2889

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS CENTRAIS DA ADMINISTRAÇÃO DE DOIS


PEPTÍDEOS DERIVADOS DA HEMOGLOBINA.
Kellen Rosa da CRUZ1. Larissa Córdova TURONES.1; Carolina NOBRE1; Gabriel
CAMARGO1; Pablyne GALDINO2; Elson Alves COSTA2; Danielle IANZER1; Carlos
Henrique XAVIER1. 1Laboratório de Fisiologia e Terapêutica Cardiovascular,
Departamento de Ciências Fisiológicas. 2Laboratório de Farmacologia de Plantas Naturais,
Departamento de Farmacologia. Instituto de Ciências Biológicas.
Universidade Federal de Goiás. Goiânia/GO.
Kellenfarm_1@outlook.com1,Larissa645@gmail.com1,gabrielcamargobio@gmail.co m1,
pablinnyg@yahoo.com.br2, xico@ufg.br2, daianzer@gmail.com1, Carloshxc@live.com1
Apoio financeiro: FAPEG, CNPq, CAPES, INCTnanoBiofar. Palavras-chave: LVV-h7,
LVV- h6, ansiolítico, antidepressivo.

1. JUSTIFICATIVA/BASE TEÓRICA

Os peptídeos LVV-h6 e LVV-h7, pertencentes à família das hemorfinas, são


originados a partir da degradação enzimática da β-globina (GLAMSTA et al., 1991;
NYBERG; SANDERSON; GLAMSTA, 1997). Ainda pouco estudada, a LVV-h6 é capaz de
inibir a enzima conversora de angiotensina in vitro (LANTZ et al., 1991). Por sua vez,
vários estudos conduzidos com a LVV-h7 demonstraram que esse decapeptídeo causa
redução da pressão arterial(CEJKA et al., 2004), e efeitos centrais, como antinocicepção e
melhora da aprendizagem espacial(ALBISTON et al., 2004; DE BUNDEL et al., 2009).
Suas ações são associadas ao agonismo do receptor de Angiotensina IV (Ang
IV)(MOELLER et al., 1997). Tal receptor pertence a família das aminopeptidases reguladas
por insulina (IRAP), cuja atividade catalítica é neutralizada na presença de um agonista. A
atividade ocitocinase das IRAP é
essencial
para o controle de concentrações centrais desse hormônio(TSUJIMOTO et al., 1992). Estudos
demonstraram que a porção N-terminal da LVV-h7 interage com a IRAP(LEE et al., 2003).
A deleção dos quatro resíduos de aminoácidos da porção C-terminal da LVV-h7 não alterou a
afinidade de ligação pela IRAP(LEE et al., 2003). Dessa forma, sabendo da importância da
extremidade N-terminal da LVV-h7 para sua ligação com IRAP(LEE et al.,
2003;

2883
MOELLER et al., 1997) e das evidências de redução da atividade ocitocinase do IRAP pela
sua interação com seus ligantes, como Ang IV e LVV-h7, a avaliação dos efeitos centrais da
LVV-h7 e de uma hemorfina homologa, LVV-h6 (ausência da fenilalanina na extremidade
C- terminal) pode revelar peculiaridades dos efeitos dessas hemorfinas. Adicionalmente,
avaliar possível envolvimento dos receptores de OT se observados efeitos evocados por essas
hemorfinas, como resultado de um possível aumento na biodisponibilidade de OT central.

2. OBJETIVO

Avaliar o comportamento do tipo-ansiedade e do tipo-depressão em ratos tratados com


LVV-h6 e com LVV-h7.

3. METODOLOGIA

3.1 Animais

Ratos Wistar (250- 370g), provenientes do Centro de Bioterismo (CEBIO) do


Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). (Aprovação do
CEUA nº 090/14). Os animais foram alojados em gaiolas individuais (47 cm x 31 cm x 16
cm) em temperatura e luz controladas com livre acesso (ad libitum) à água e ração.
3.2 Drogas

Os ratos receberam injeção (i.p.) de LVV-h6 (153nmol/Kg), LVV-h7 (153nmol/Kg) ou


veículo (controle negativo, 0,1 ml salina 0,9%) e foram submetidos à avaliação do
comportamento tipo-ansiedade, utilizando Labirinto em Cruz Elevado (LCE), e para avaliar o
comportamento tipo-depressão foi utilizado o Nado Forçado (NF). Diazepam (2
mg/Kg)(MAK et al., 2012; PELLOW et al., 1985) e imipramina (15 mg/Kg)(PORSOLT et al.,
1978) foram usados como controle positivo para LCE e NF, respectivamente. O antagonista
de receptores de OT, atosibano (1 e 0,1 mg/Kg), foi usado para determinar o envolvimento de
vias ocitocinérgicas.
3.2 Análise estatística

Os resultados foram expressos como média ± EPM e analisados utilizando Student T


test ou análises de variância, quando apropriado. Todas a análises estatísticas foram realizadas
através do software GraphPadPrism 6.0 (GraphPad Software, Inc.). O nível de significância
foi fixado em p<0,05.

2884
4. RESULTADOS

Injeções de LVV-h6 e LVV-h7 provocaram efeito tipo-ansiolítico, como revelado pelo


aumento no número de entradas e o tempo despendido nos braços abertos do LCE e pela

redução no tempo despendido nos braços fechados. Demonstrando efeito tipo-ansiolítico


(Figura 1). O antagonismo de receptores de OT não alterou o efeito evocado pela LVVs
sobre o efeito tipo-ansiolítico (Figura 1).

Figura 1: Avaliação do comportamento tipo ansiedade no LCE. A: tempo


despendido nos braços abertos do LCE; B: tempo despendido nos braços fechados do LCE;
C: número de entradas nos braços abertos; D: tempo de análise de risco. CT: controle; DZP:
diazepam; LVV-h6: LVV- hemorfina-6; LVV-h7: LVV-hemorfina-7. Valores expressos
como média ± EPM e analisados utilizando o teste student T. As analises estatísticas
foram realizadas através do software GraphPadPrism 6.0 (GraphPad Software, Inc). O nível
de significância foi fixado em p<0.05, * vs. CT;
# vs. LVV-h6.

2885
Figura 2: Avaliação do envolvimento da via ocitocinérgica no efeito tipo-
ansiolítico promovido pelas LVVs no LCE. A: tempo despendido nos braços abertos;
B:tempo despendido nos braços fechados; C: número de entradas nos braços abertos.
CT: controle; DZP: diazepam; LVV-h6: LVV-hemorfina-6; LVV-h7: LVV-hemorfina-7;
ATS: Atosibano. Valores expressos como média ± EPM e analisados utilizando o teste
student T. As analises estatísticas foram realizadas através do software GraphPadPrism 6.0

(GraphPad Software, Inc). O nível de significância foi fixado em p<0.05. * vs CT; # vs

LVV-h6; & vs LVV-h7.

O tratamento prévio com LVVs reduziu o tempo de imobilidade no Nado Forçado,


demonstrando efeito tipo-antidepressivo. O antagonismo dos receptores de OT reverteu o
efeito tipo-antidepressivo evocado apenas pela LVV-h7.

2886
Figura 3: Avaliação do comportamento tipo depressão e envolvimento da via
ocitocinérgica. A: parâmetro de avaliação do comportamento tipo-depressão (tempo de
imobilidade); B: avaliação do envolvimento de vias ocitocinérgicas no efeito tipo-
antidepressivo evocado pelas LVVs; CT: controle; IMI: imipramina; LVV-h6: LVV-
hemorfina-6; LVV-h7: LVV- hemorfina-7; ATS: atosibano. Valores expressos como
média ± EPM. Nível de significância em
*

p<0,05 vs CT; # vs OT; & vs LVV-h7; + vs. LVV-h6.


.

Nossos resultados demonstram que a via ocitocinérgica está envolvida no efeito tipo
antidepressivo promovido pela LVV-h7. Os receptores de OT são receptores metabotrópicos
acoplados a proteína Gq(STRAKOVA; SOLOFF, 1997), que ativa a via de sinalização
celular pela fosfolipase C promovendo um potencial pós-sináptico inibitório, devido a
hiperpolarização evocada pela abertura de canais K+ na membrana do neurônio. Dessa
maneira, as LVVs poderiam inibir a atividade de neurônios envolvidos nos comportamentos
tipo depressão e na atividade locomotora, por meio da ativação dos receptores de OT devido o
possível aumento nos níveis centrais desse neuropeptídeo.

2887
5. CONCLUSÃO

Nós concluímos que as LVVs -h7 e -h6 modulam o comportamento, desempenhando


efeitos tipo-ansiolítico e tipo-antidepressivo. Os efeitos comportamentais da LVV-h7 são
mediados, em parte, por receptores de OT. Acreditamos que a ação desses peptídeos sobre
regiões do sistema límbico (hipotálamo, hipocampo e amígdala) poderia contribuir para a
modulação de comportamentos importantes no desenvolvimento social, como ansiedade e
depressão. Experimentos futuros são necessários para desvendar as vias centrais e os
mecanismos moleculares adicionais (não ocitocinérgicos) envolvidos nos efeitos centrais das
LVVs.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBISTON, A. L. et al. Attenuation of scopolamine-induced learning deficits by LVV-


hemorphin-7 in rats in the passive avoidance and water maze paradigms. Behav Brain Res,
v. 154, n. 1, p. 239-43, Sep 23 2004.

CEJKA, J. et al. LVV-hemorphin-7 lowers blood pressure in spontaneously hypertensive


rats: radiotelemetry study. Physiol Res, v. 53, n. 6, p. 603-7, 2004.

DE BUNDEL, D. et al. Angiotensin IV and LVV-haemorphin 7 enhance spatial


working memory in rats: effects on hippocampal glucose levels and blood flow.
Neurobiol Learn Mem, v. 92, n. 1, p. 19-26, Jul 2009.

GLAMSTA, E. L. et al. Isolation and characterization of a hemoglobin-derived opioid


peptide from the human pituitary gland. Regul Pept, v. 34, n. 3, p. 169-79, Jul 9 1991.

LANTZ, I. et al. Hemorphins derived from hemoglobin have an inhibitory action on


angiotensin converting enzyme activity. FEBS Lett, v. 287, n. 1-2, p. 39-41, Aug 5 1991.

LEE, J. et al. Structure-activity study of LVV-hemorphin-7: angiotensin AT4 receptor ligand


and inhibitor of insulin-regulated aminopeptidase. J Pharmacol Exp Ther, v. 305, n. 1, p.
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2889
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2890 - 2894

QUALIDADE DE VIDA E VITILIGO

Kenia Alves PEREIRA Lacerda; Lídia Andreu GUILO;

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.


kenialacerdaalves@gmail.com; lidia.guilo@gmail.com

Orgão financiador: FAPEG

Introdução
O vitiligo é uma doença pigmentar adquirida e crônica que se caracteriza pelo surgimento
de máculas e manchas acrômicas na pele e mucosas, secundárias à perda de melanócitos. A idade
média de início do vitiligo é de 22 anos nos Estados Unidos e Índia, de 25 anos no Brasil e de 25
anos na Inglaterra, e, metade dos pacientes apresenta a doença antes dos 20 anos (TARLÉ,
2014).
Cerca de 40 a 50 milhões de pessoas em todo o mundo têm vitiligo e, embora sua forma
primária não seja uma ameaça à vida, os efeitos estéticos e psicológicos da doença demandam
para uma terapia eficaz, que depende de um melhor entendimento da sua patogênese (Ruiz-
Argüelles et al., 2007).
O vitiligo é uma doença de pele crônica de sabido impacto emocional para os portadores.
Esta, apresenta estados clínicos e evolutivos diversos que interferem no comportamento dos
portadores, é assintomático, mas acompanhada de mitos e de estigmatização, de tratamentos
prolongados, sendo usualmente relacionado a um sofrimento psíquico desproporcional aos
sintomas clínicos do portador (Manzoni, 2011).
Nas últimas décadas o número de instrumentos para avaliação da qualidade de vida tem
aumentado, podendo ser dividido em genéricos ou específicos. O Dermatology Life Quality Index
(DLQI) é um instrumento específico para doenças dermatológicas, e neste estudo foi utilizado
para mensurar a qualidade de vida das pessoas que possuem vitiligo.
O DLQI é constituído por 10 itens, que estimam a influência da doença quanto aos
sintomas, atividades diárias, lazer, trabalho, escola, relações pessoais e o tratamento. Foi
traduzido e validado para a versão brasileira e já é aplicado a várias pessoas com dermatoses
(Finlay e Khan 1994). A presente pesquisa teve como objetivo investigar a qualidade de vida de
um grupo de pessoas com vitiligo.
Metodologia

2890
Foi realizado um estudo transversal, os participantes foram recrutados no ambulatório de
dermatologia num hospital de Jataí Goiás, totalizando 51 voluntários com vitiligo. Foram
aplicados dois questionários, o primeiro foi com variáveis sociodemográficas de cada participante
como idade, sexo, estado civil, nível de escolaridade, qual era o tempo em anos manchas, padrão
de envolvimento, e cor da pele. O segundo, foi o DLQI que consiste em dez itens, relacionados à
qualidade de vida específica, divididos em seis domínios: sintomas e sentimentos, que tinha o
vitiligo e se já haviam submetidos a tratamentos, o tipo de vitiligo, a localização das atividades
diárias, lazer, trabalho/escola, relações pessoais. Quanto maior o escore, mais comprometida a
qualidade de vida do indivíduo.

Análise Estatística

Os dados foram analisados com aplicação do programa SPSS, versão 22.0. A verificação
da normalidade das variáveis quantitativas foi realizada através do teste de Kolmogorov-
Smirnov. Variáveis quantitativas foram apresentadas como média e desvio padrão (DP) ou
média, DP, mediana e intervalo interquartil (IIQ) conforme tivessem distribuição normal ou não
normal, respectivamente. Para a análise de confiabilidade interna da escala utilizada no (DLQI)
foi aplicado alfa de Cronbach, com uma consistência interna aceitável acima de 0,7 (Glaser et al.,
1999). Para verificar os fatores associados a qualidade de vida do grupo caso inicialmente foi
realizada análise bivariada através dos seguintes testes: coeficiente de correlação de Spearman
(rs), U de Mann Whitney ou Kruskall- Wallis. A seguir, realizou-se regressão linear múltipla com
variância robusta. O modelo relacionado a qualidade de vida (variável dependente) foi ajustado
por todas as covariáveis (variáveis independentes): idade (anos), sexo, estado civil, escolaridade,
tempo de vitiligo (anos), cor da pele, tipo de vitiligo, padrão de envolvimento, localização do
vitiligo; tratamento prévio.

Resultados

Verificou-se que a maioria dos indivíduos com vitiligo era do sexo feminino (64,7%), com
escolaridade até o ensino médio (56,9%) e com estado civil casado (56,9%). A média de idade foi
de 44,8 anos (DP ± 13,4; Mínimo: 20; Máximo: 84 anos). Ainda, a maioria dos indivíduos
(68,6%) apresentou tempo de diagnóstico do vitiligo acima de 10 anos.
Quanto a cor da pele dos portadores de vitiligo, (35,3%) possuíam a cor branca, (43,1%) e
(21,6%) morena moderada e negra respectivamente. Sobre os tipos de vitiligo e localização das
manchas, (88,2%) foi diagnosticado como tipo não segmentar e localizado, e (11,8%) como

2891
segmentar e unisegmental. Quanto ao padrão de envolvimento (47,1%) possuíam as manchas em
áreas não expostas, e (52,9%) possuíam as manchas em áreas expostas.
O tratamento prévio da dermatose foi identificado em 45 voluntários (88,2%); e, destes 38
(84,4%) referiram tratamento com uso da planta vulgarmente conhecida como mama-cadela
(Brosimum gaudichaudii) em suas mais diversas formulações (pomada, chás e comprimidos). Na
análise bivariada dos potenciais fatores associados a qualidade de vida nos pacientes com vitiligo.
Nessa análise verificou- se diferença estatística entre a cor da pele e qualidade de vida (p =
0,002). Indivíduos com padrão de envolvimento exposto apresentaram escores mais elevados de
qualidade de vida quando comparado aos com padrão não exposto (p < 0,001).

Discussão
Quanto às características sociodemográficas dosparticipantes, o grupo apresentou
escolaridade baixa, e quando relaciona este dado com o escore médio (4,7) do DLQI, verifica- se
que estes resultados não estão correlacionados, e corroboram com estudos realizados por
Dolatshahi et al (2008) que também não encontraram nenhuma relação entre a pontuação do
DLQI e nível educacional dos pacientes com vitiligo. Quanto ao tratamento prévio das
dermatoses, 84,4% referiram tratamento com o uso da planta vulgarmente conhecida como mama
cadela (Brosimun gaudichaudii) como chás, pomadas e comprimidos. Correia (2011) afirma eu
seu estudo, que pacientes revelaram a insatisfação com a realidade atual do tratamento do vitiligo,
a falta de conhecimento acerca de tratamentos mais eficazes e a forma como os médicos lidam
com os próprios pacientes.

O escore médio no DLQI do presente estudo foi de (4,7) similar às investigações


conduzidas em portadores de vitiligo do Reino Unido (4,8), Itália (4,3) Singapura (4,4), Bélgica
(4,9), constatando comprometimento moderado na qualidade de vida dos portadores de vitiligo
(Kent, Al- Abadie 1996; Ingordo et al., 2012; Chan et al., 2011; Ongenae et al., 2005). Por outro
lado, outros estudos tem demonstrado escores mais elevados de DLQI em portadores de vitiligo, e
consequentemente maiores prejuízos na qualidade de vida, tais como os conduzidos na China
(8,4), na Índia (10,7), e na Arábia Saudita (14,7-17.1). ( Wang, Wang e Zang (2011), Parsard et
al., (2003,) Al Robaee (2007) e Al- Mubarak et al., (2011). Mechri et al., (2006), afirmam que
geralmente as pontuações no DLQI são mais elevadas em pacientes árabes iranianos, sauditas e
indianos por suas crenças culturais e religiosas, bem como sua cor de pele maisescura.

No presente estudo verificou-se associação estatística entre a cor da pele negra e


qualidade de vida (p = 0,002), corroborando com o estudo de Al-mubarak et al., (2011). Em

2892
geral, o vitiligo encontra-se associado a implicações negativas sociais, emocionais, econômicas e
psicológicas em indivíduos da cor mais escura quando comparado a cor branca (Al-Mubarak et
al., 2011). O contraste das lesões de vitiligo na pele escura das pessoas pode ser responsável pelo
impacto sobre qualidade de vida desses indivíduos (Parsad et al., 2003).

Conclusão

A média do escore do estudo de qualidade de vida usando o DLQI foi 4,7 (DP±5,8) sendo
considerada comprometimento leve na qualidade de vida dos portadores. Verificou-se associação
estatística entre a cor da pele negra, padrão de envolvimento exposto com qualidade de vida

Este estudo pode ser relevante na prevenção de transtornos psicossociais, pois vê-se que o
adoecimento da pele, tanto por ser um órgão visível do corpo, como por trazer prejuízos

na qualidade de vida, autoimagem e autoestima dos indivíduos, quando do seu adoecimento, é um


tema a ser mais explorado.

Referências Bibliogáficas

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Mechri A, Amir M, Douarika AA, Ali Hichem BH, Zouari B, morbidade Zili J.
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281-

2894
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2895 - 2902

Esferas como Envelopes de uma Congrueˆncia de Esferas

Programa de Pó s-Graduação em Matemá tica IME-UFG

Órgão Financiador: CNPq

Palavras-chave: congrueˆncia de esferas, hipersuperf´ıcie, envelope, esfera

Armando Mauro Vasquez Corro 1, Laredo Rennan Pereira Santos 2,

Introdução

Iniciamos essa seção introduzindo o conceito de congruência de esferas. Esta noção leva
à existência de certas relações entre hipersuperfı́cies, a qual dizemos estar associadas por uma
congruência de esferas. Nosso objetivo é dar uma caracterização para as hipersuperfı́cies de

Rn+1 que estão associadas à uma esfera por uma congruência de esferas.

Definição 0.1. Uma congruência de esferas em Rn+1 é uma famı́lia a n-parâmetros de esferas,

cujos centros estão em uma hipersuperfı́cie 0 ⊂ Rn+1 e com função raio diferenciá vel.

Um envelope de uma congruência de esferas é uma hipersuperfı́cie ⊂ Rn+1 , tal que cada
ponto p ∈ e´ tangente a uma esfera da congruência de esferas.

Dizemos que duas hipersuperfı́cies e ˜ de Rn+1 estão associadas por uma


congruência de esferas se existe um difeomorfismo : → ˜, tal que em pontos
correspondentes p e (p) as variedades são tangentes à mesma esfera da congruência de
esferas. Segue que as linhas

normais em pontos correspondentes se intersectam em um ponto equidistante e e´requerido que

o conjunto destes pontos de intersecc¸a˜o definam uma hipersuperf´ıcie em Rn+1.

1UFG e-mail: corro@ufg.br

2UFG e-mail: laredorennan@hotmail.com

2895
Em termos mais precisos, e ˜ estão associadas por uma congruência de esferas se existir
uma função diferenciável h : → R, chamada função raio, e um difeomorfismo : → tais
˜

que

• p + h(p)N(p) = (p) + h(p)Ñ( (p)), para todo p ∈ , onde N e Ñ são as aplicações


normal de Gauss de e ˜, respectivamente,

• O conjunto p + h(p)N(p), p ∈ , e´uma hipersuperf´ıcie de Rn+1, chamada a variedade


dos centros.

Dizemos ainda que e ˜ estão localmente associadas por uma congruência de esferas se
para cada p ∈ existe uma vizinhança de p em associada por uma congruência de esferas a

um aberto de ˜.
As exigências de que o conjunto {p + h(p)N(p), p ∈ } seja uma hipersuperfı́cie e de que
a função : → ˜ seja um difeomorfismo são essenciais para evitar casos degenerados.
De fato, se tais condições não são impostas, a esfera de raio r estaria associada a ela mesma
por
uma congruência de esfera se tomarmos a função raio identicamente igual a −r e a função
dada pela aplicação antı́poda. Neste caso, porém, a variedade dos centros se reduziria ao centro
da esfera. Ainda terı́amos a congruência tomando a função raio como antes e a aplicação
identicamente igual a um ponto arbitrário da esfera. Deste modo, a variedade dos centros ainda se
reduziria somente ao centro da esfera e a função não seria um difeomorfismo.
Para que duas hipersuperfı́cies estejam associadas por uma congruência de esferas é ne-

cessário que os vetores normais em pontos correspondentes não estejam na mesma direção.

Considerando ˜ uma esfera de raio r centrada na origem, a última condição é expressa por

N(p) ƒ= (p)
r , para cada p ∈ , cujo vetor normal em p é dado por N(p).

No que segue, discutiremos congrueˆncias de esferas em que um dos envelopes e´uma esfera

em Rn+1. O caso em que um dos envelopes e´um hiperplano de Rn+1 foi estudado em [3].

2896
Neste trabalho, mostramos que toda hipersuperf´ıcie de Rn+1 esta´ associada a uma esfera

Snr por uma congruência de esferas. Neste caso, fornecemos uma parametrização local X : U ⊂
Rn → para , sua aplicação normal de Gauss N e a matriz de Weingarten W de X em
r
função de uma parametrização local ortogonal Y de Sn .

Desta forma, ficam caracterizadas as hipersuperfı́cies de Rn+1 que são envelopes de uma
congruência de esferas, na qual o outro envelope está contido em uma esfera.
Uma primeira caracterizac¸a˜o para hipersuperf´ıcies associadas a uma esfera por uma con-
grueˆncia de esferas e´ dada pelo teorema a seguir, o qual e´ u´ til para demonstrar um resultado
mais refinado, dado na pro´ xima sec¸a˜o. Essa caracterizac¸a˜o e´uma adaptac¸a˜o de um resultado em
[2].

Teorema 0.2. Seja X : U ⊂ Rn → Rn+1 uma parametrização local ortogonal de uma hiper-

superfı́cie de Rn+1 contida em Srn , com aplicação normal de Gauss N : U ⊂ Rn → Sn . Uma

hipersuperfı́cie X̃ está associada a X por uma congruência de esferas se, e somente se, existe

uma função diferenciável h : U ⊂ Rn → R tal que

X̃(u) = X (u) +h(u)(N(u)−Ñ(u)), u ∈ U Além


disso, o campo unitário Ñ normal a X̃ é dado por
. .
1 n
i
Ñ = 2ZX ,i +( −1)N
+1
i=1

onde
h,i
Zi =
,
(1 + hr)gii

n h2

2897
,i
=
h
i=1 gii(1 + r

)2 Terminamos a seção com a seguinte definição.

Definição 0.3. Considere uma hipersuperfı́cie de Rn+1 com aplicação normal de Gauss N.
Se X é uma parametrização local de , a matriz W = (Wi j ) tal que

n
N,i = , j, 1 ≤ i ≤n
Wi X
j= j
1

e´ chamada a matriz de Weingarten de .

Congrueˆncia de Esferas em que um dos Envelopes e´fera uma Es-

Consideramos uma hipersuperfı́cie em Rn+1 que esteja associada por uma congruência

de esferas a alguma esfera de Rn+1 . Estamos interessados em encontrar condições suficientes


que garantam a validade desta congruência.

Nesse sentido, o lema abaixo indica quais condic¸o˜es uma esfera deve satisfazer para que
esteja associada a uma hipersuperf´ıcie fixadaanteriormente.

Lema 0.4. Seja uma hipersuperfı́cie em Rn+1 , N sua aplicação normal de Gauss e E uma
esfera de centro e raio r. Se (p − , N(p)) r, para todo p ∈ , então existe uma aplicação
(p)−
: → E satisfazendo p + h(p)N(p) = (p)+ h(p)( r ), sendo h : → R uma função
diferenciável tal que h(p) ƒ= −r, para todo p ∈ .

2898
Desse modo, fica estabelecido que toda hipersuperf´ıcie em Rn+1 esta´ associada por uma
congrueˆncia de esferas a uma esfera de Rn+1.
Em [1] um resultado semelhante e´ verificado para esferas n-dimensionais ou hiperplanos
estarem associados a uma dada hipersuperf´ıcie com direc¸o˜es principais ortogonais. Neste
caso, a
as
hiper- superf´ıcies esta˜o associadas por uma Transformac¸a˜o de Ribaucour.
Observamos que se tomarmos a esfera centrada na origem, a condic¸a˜o alge´brica (p,
N(p)) =ƒ r, para todo p ∈ , dada no lema, engloba a condic¸a˜o geome´trica estabelecida

(p) ,
na sec¸a˜o an- terior, a qual pode ser expressa pela igualdade N(p) ƒ= com p ∈ .
De fato, como

p +h(p)N(p) = (p)+h(p) (p)r vem que

h(p)
( (p), N(p))+
( (p),N(p)) = (p,N)+h(p)(N(p),N(p))
r

Como (p,N(p)) r vem que

r + h(p) . .
(p)
r + h(p) ⇒ ƒ= 1
( (p),N(p)) , N(p)
r
r

2899
para todo p ∈ . Portanto, não pode haver nenhum p ∈ tal que N(p) = (p)
r .

Agora faremos uma ana´lise no sentido inverso. A partir de uma esfera n-dimensional de

raio r centrada na origem, gostar´ıamos de encontrar uma hipersuperf´ıcie de R n+1 associada


a`esfera por uma congrueˆncia de esferas. Isto e´o que o pro´ ximo teorema faz.

Teorema 0.5. Sejam uma hipersuperf´ıcie de Rn+1 e Sr n a esfera de raio r centrada na origem.
Se a aplicação normal de Gauss N de e´ tal que (p,N(p)) r, para todo p ∈ , então

existem uma parametrização local ortogonal Y : U ⊂ Rn → Sn de Sn e uma função diferenciável


r r

: U ⊂ Rn → R, tais que pode ser localmente parametrizadapor

(u)
X (u)= Y (u)−2 (u)
S(u)

onde a função satisfaz (u) +cr ƒ= 0, para todo u ∈ U e uma constante real c não-nula, e

n
, j Y j ( +cr)Y
=
+
,
j=1 L j j r r

. .
n ,j +cr
S= 2 + 2

j=1 Lj j r
.
com Lj j = Y ,Y .
.
,j ,j
Nestas coordenadas, a normal de Gauss N de e´dadapor

Y(u) . .
2 (u)+cr
(u)
N(u) = −
r S(u) r

2900
Além disso, a matriz de Weingarten W de e´ dada por

. . . .
S +cr
−1
W= I −2 V [SI −2 V]
r r

onde V = (Vi j) e´dada por

− k + Li j ( +cr)
1 ( )

Vi j = L , ji k i j r2 ij

jj k

2901
REFERÊNCIAS

e I é a matriz identidade n ×n. A condição de regularidade de X é dada por

P = det(SI −2 V ) ƒ= 0

Desse modo, obtemos uma parametrização local em função de uma parametrização da es-
fera, para toda hipersuperfı́cie associada a esfera por uma congruência de esferas.

Referências

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espaço euclidiano, (2014).

2902
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2903 - 2908

ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE


GERAL E BUCAL EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: ANÁLISE DA PESQUISA
NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR

Lidia Moraes Ribeiro JORDÃO; Deborah Carvalho MALTA; Maria do Carmo Matias
FREIRE
Programa de Pós-graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia
lidmr@hotmail.com

Órgão financiador: CAPES

Palavras–chave: Saúde bucal. Adolescente. Comportamentos saudáveis. Inquéritos


epidemiológicos.

Justificativa / Base teórica

Diversos comportamentos relacionados à saúde como tabagismo, alimentação


não saudável, falta de atividade física e consumo excessivo de álcool são responsáveis por
grande parte das doenças, incapacidades e mortes na sociedade (WHO, 2000). Essas condutas,
inter-relacionadas e preveníveis, frequentemente se iniciam durante a adolescência e tendem
a ter continuidade na fase adulta (CDC, 2013).
As doenças bucais, tais como o câncer, a cárie dentária e as doenças periodontais
compartilham fatores comportamentais que contribuem para as principais doenças e agravos
não transmissíveis, podendo portanto se beneficiar da abordagem de fatores de risco comuns
(SHEIHAM; WATT, 2000, FDI, 2000).
Os múltiplos comportamentos em saúde tendem a ocorrer simultaneamente em
adolescentes (LAWLOR et al, 2005, OTTEVAEARE et al, 2011). Esses achados corroboram a
teoria de Jessor, a qual postula que os comportamentos desviantes ocorrem simultaneamente
em alguns adolescentes, configurando a chamada síndrome da conduta problema (JESSOR,
1991).
Há na literatura alguns estudos investigando associação entre comportamentos de risco na
adolescência que incluíram a análise de até seis comportamentos e/ou desfechos relacionados à
saúde bucal (PARK et al, 2010, VETTORE et al, 2012, ALZAHRANI et al, 2014),
conduzidos em adolescentes coreanos, brasileiros e em adolescentes sauditas do sexo

2903
masculino, respectivamente.

Destaca-se que o conhecimento da relação entre os comportamentos de risco à saúde


geral e bucal pode ser útil para o planejamento de intervenções voltadas para a integração das
ações de promoção da saúde e saúde bucal, uma vez que ações que consideram os múltiplos
comportamentos tendem a ter maior impacto em saúde pública, ser mais inclusivas e custo-
efetivas do que aquelas focadas em apenas um comportamento (SHEIHAM; WATT, 2000).
Assim, este estudo busca avançar na compreensão da relação entre uma ampla gama de
comportamentos de risco à saúde.

Objetivo

Avaliar como comportamentos de risco à saúde geral e bucal associam-se em


adolescentes escolares brasileiros.

Metodologia

Estudo transversal em que foram utilizados os dados primários da Pesquisa Nacional de


Saúde do Escolar (PeNSE) de 2012 (BRASIL, 2013). A PeNSE 2012 contou com a
participação de 109.104 escolares do 9º ano do ensino fundamental (8ª série) de escolas
públicas e privadas de todas as capitais dos estados brasileiros, do Distrito Federal, e de outros
municípios das cinco Grande Regiões do país. A PeNSE é decorrente de parceria entre o
Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Ministério da
Educação (BRASIL, 2013) e foi aprovada na CONEP/MS sob o parecer nº. 192/2012. Somente
os escolares que concordaram com um termo de consentimento informado participaram.
A amostra é representativa do Brasil, das cinco Regiões e das 26 capitais dos estados
brasileiros e do Distrito Federal. O processo de amostragem foi o método probabilístico
por meio de seleção por conglomerados; em dois estágios para as capitais e em três estágios
para as não capitais (BRASIL, 2013).
Foi utilizado um questionário autoaplicável inserido em um smartphone, o qual
contemplou temas relacionados à saúde do adolescente, baseados na pesquisa Global Youth
Risk Behavior Surveillance System, desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde e pelo
Centers for Disease Control and Prevention em 84 países (CDC, 2013).
Dezessete comportamentos de risco, relacionados à alimentação não saudável; baixa
frequência de higiene das mãos, de escovação dentária, e de ida ao dentista; uso recente de

2904
cigarros, álcool e drogas ilícitas; prática de sexo desprotegido; baixa frequência de atividade
física; e à exposição a causas externas foram analisados.
Primeiramente, procedeu-se à categorização dos comportamentos em saúde em
variáveis binárias: comportamentos de risco e comportamentos saudáveis, a partir de
recomendações em saúde pública e realizou-se a análise descritiva das prevalências dos
comportamentos de risco. Posteriormente, procedeu-se à análise de correlação entre os pares
de comportamentos, usando o teste de Phi para variáveis binárias, considerando nível de
significância de 5%. Essas análises foram realizadas utilizando-se o programa SPSS 18.0.

Resultados / Discussão

Os resultados da análise da prevalência dos comportamentos de risco à saúde são


apresentados na Tabela 1. Nota-se a elevada porcentagem de adolescentes com hábitos
relacionados ao sedentarismo (comer enquanto realiza outras atividades, baixa frequência
de atividade física) e à alimentação não saudável, resultados similares a outros estudos
conduzidos em adolescentes brasileiros (DUMITH et al, 2014, CUREAU et al, 2014, SILVA
et al, 2014).

Tabela 1 - Prevalência dos comportamentos de risco, considerando os pesos amostrais (n=


109.104). PeNSE, 2012.
Comportamentos de risco à saúde (n) (%)*
Hábito de comer assistindo à TV ou 87.535 81,1
estudando
Baixa frequência de atividade física** 85.679 79,8
Baixo consumo de frutas 77.154 69,8
Alto consumo de guloseimas 44.427 41,3
Baixa frequência de ida ao dentista 38.602 36,4
Alto consumo de refrigerantes 35.601 33,2
Alto consumo de biscoitos 33.562 32,5
Uso recente de álcool 27.763 26,1
Prática de sexo desprotegido** 8.223 24,7
Hábito de não tomar café da manhã 24.143 21,5
Envolvimento em luta física 22.483 20,6
Falta de uso de capacete** 7.413 19,3
Falta de uso de cinto de segurança** 11.145 16,1
Baixa frequência de escovação dentária 8,963 8,7
Uso recente de cigarros 5.748 5,1
Baixa frequência de higiene das mãos 4.219 3,8
Uso recente de drogas ilícitas 2.842 2,4

2905
*Corrigido pelo desenho amostral
**Entre aqueles que estiveram expostos (praticaram sexo, andaram de carro como passageiro e andaram de
moto).

A Tabela 2 mostra a síntese dos resultados das correlações pareadas. A maioria das
associações analisadas foi significativa e positiva (p<0,05; φ>0). As associações de
maior magnitude foram entre: uso de cigarros e de drogas ilícitas, não utilização de cinto
de segurança e de capacete, uso de cigarros e álcool, alto consumo de guloseimas e de
biscoitos, alto consumo de guloseimas e de refrigerantes. Resultados equivalentes foram
relatados por Busch et al. (2013), especialmente no que diz respeito à próxima relação entre
o consumo de álcool e cigarros.

Tabela 2 – Descrição das correlações entre os comportamentos de risco. PeNSE, 2012.


Significativa Não significativa Total
Positiva 102 4 106
Negativa 28 2 30
Total 130 6 136

Conclusões

 A maioria dos comportamentos de risco à saúde geral e bucal analisados


associam-se positivamente em adolescentes brasileiros.
 Recomenda-se a abordagem dos fatores de risco comuns nas ações de promoção da
saúde bucal e geral voltadas para adolescentes escolares.

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2908
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2909 - 2912

REINVENTANDO A BANDEIRA DO ANHANGUERA

Lígia Maria de CARVALHO, Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da


Faculdade de Artes Visuais, ligiasun2@gmail.com
Palavras Chave: Bandeirante, Histórias em Quadrinhos, Pateta, Disney

Justificativa/Base teórica

A presente proposta de trabalho teve como ponto de partida a seleção e a análise de algumas
manifestações sobre a figura do Anhanguera que, além de se enraizarem no imaginário
goiano, tembém se eternizaram nas diversas formas de visualidades. Isto resultou na
construção dos discursos consolidadores da ideia de um Bandeirante mítico, pois, em sua
maioria, o sacralizaram como sendo o intrépido desbravador, o empreendedor das minas de
ouro que veio, a serviço da Coroa, para civilizar os sertões. Para se mencionar apenas o
discurso oficial, tanto as letras dos Hinos do Estado de Goiás (compostas em 1919 e 2001,
nos respectivos governos de João Alves de Castro e Marconi Perillo), quanto a do Hino do
Município de Goiânia, foram engendradas para louvar os feitos do heroico colonizador e,
assim, projetá-los sobre as personalidades políticas (GUSMÃO, 2014), sobretudo, as
celebridades da atualidade. A essa elaboração de narrativa mítico/folclórica que busca na
“grande reserva dos materiais do passado” os elementos indispensáveis à comunicação e ao
compartihamento do simbólico, Robsbawn (2002) denomina de tradição inventada, o que,
de certa forma, esfacela a compreensão de verdade histórica, transportando-a para os
domínios da representação (CHARTIER, 1989). Sob a perspectiva deste autor, tais
representações vão além de uma ostentação cênica, em que o simbólico é manipulado pelos
grupos dominantes, pois, elas também perpassam o nível individual, uma vez que, por
intermédio das apropriações, cria-se a possibilidade de se compreender os diversos usos que
as pessoas dão aos mesmos bens, textos e ideias compartilhados em sociedade.

É apartir de então que o presente trabalho se justifica, pois, faz apropriação de


elementos que compõem o imaginário consolidado a respeito do Anhanguera, para criar uma
História em Quadrinhos humorística, que exercite a “dessacralização” dos fatos tidos como

2909
canônicos (AGAMBEM, 2007). Neste sentido, a coleção quadrinística disneyana
intitulada: Pateta Faz História, é de fundamental importância, pois, serve de recurso
visual e argumentativo para a construção dessa hilária e impertinente narrativa, uma vez que,
tal qual o Pateta aparece interpretando personagens históricas em suas aventuras nonsenses e
fazendo uso de recursos gráficos interessantes, o bandeirante Bartolomeu Bocoeno da Silva
também contará suas burlescas peripécias, tendo como tema a busca do ouro e o apresamento
de indígenas.
No que concerne à referida coleção, as histórias avulsas, inicialmente produzidas nos anos
de 1960 e décadas subsequentes, foi editada na íntegra, pela primeira vez no Brasil em 2011.
À época, os Estúdios Disney se viram pressionados pela demanda internacional por HQs,
uma vez que, a Western Publishing - a editora licenciada nos EUA para desenvolver,
imprimir e exportar as histórias das personagens Disney - não conseguiu suprir o mercado
estrangeiro. Isto fez com que os Estúdios contratassem os serviços do animador argentino
Jaime Dias, com a finalidade de criar uma série de sátiras históricas, estreladas pelo Pateta. A
novidade de tais HQs repousava tanto na linguagem visual arrojada e fora do padrão Disney,
quanto na originalidade dos argumentos, fazendo com que a personagem transitasse pelo
mundo da literatura e dos ilustres vultos históricos ocidentais, privilegiando, assim: os
homens talentosos e suas mentes brilhantes; os visionários descobridores de terras; os
destemidos conquistadores; enfim, os criativos e os benfeitores da humanidade. Neste
sentido, as 22 pseudobiografias tiveram um caráter decisivo sobre a pesquisa.

Objetivos

 Criar uma HQ humorística que dialogue, não apenas, com a história enquanto
possibilidade artística, mas, também, com a característica própria das narrativas gráficas,
que são um campo fértil para as traduções intersemióticas (PLAZA, 2008).
 Oferecer ao leitor uma possibilidade de reflexão sobre as linguagens como instrumentos
de poder, bem como as suas metamorfoses em variados gêneros literários, textuais e
imagéticos.
 Produzir uma HQ de cunho autoral que reconheça suas origens mainstream e que
também contribua para reforçar as discussões sobre o quando é arte?, além

2910
de dialogar com as questões que envolvem HQs autorais e cultura do entretenimento.

Metodologia e discussão

As discussões metodológicas sobre o que utilizar na presente pesquisa esbarrou em questões


interessantes. Ainda que, atualmente, haja uma considerável produção específica sobre
quadrinhos, que vai desde os consagrados teóricos Will Eisner e Scott McLoud, e os
nacionais Antonio Luiz Cagnin e Waldomiro Vergueiro, até os manuais de criação das HQs
aos moldes da DC, tal acervo restrito aos quadrinhos não foi suficiente para responder às
indagações teóricas exigidas pela presente pesquisa. Exemplo disto pode ser encontrado no
empréstimo feito à literatura, mais especificamente, da teoria sobre a “tradução
intersemiótica” de Júlio Plaza (2008), uma vez que esta tem fornecido as ferramentas para se
analisar a construção imagética em torno do Anhanguera e, assim, transformar essa matéria-
prima na narrativa gráfica da pseudobiografia. Semelhantemente, uma adaptação da “análise
estrutural da narrativa” de Todorov (2006) também se fez necessária, pois, tem servido de
parâmetro ao aprofundamento do caráter das personagens em relação à espacialidade e ao
quesito estético.
Além dos mencionados quesitos teóricos há, ainda, os que dizem respeito à utilização material
das fontes. No que tange aos aspectos documentais sobre o bandeirantismo, tanto os oficiais
quanto os bibliográficos, têm fornecido relatos de fatos e situações que podem ser
aportados ao roteiro que, no caso, já está sendo desenvolvido sob a forma de storyboard.
Dentre os bibliográficos, há o livro de Alcântara Machado, intiltulado: Vida e Morte do
Bandeirante, que se tornou o definidor da imagem do caçador de riquezas em sua vida
cotidiana. Quanto à documentação oficial, há que se destacar um clássico da historiografia
goiana, conhecido como A Bandeira do Anhanguera a Goiás em 1722 - Reconstrução dos
roteiros de José Peixoto da Silva Braga e Urbano do Couto (SILVA,1982), que relata o
retorno do filho do velho Anhaguera, é tido como o marco inicial da conquista e do processo
civilizador do sertão goiano.
O mesmo acontece com as referências visuais, pois, não somente dão materialidade às
expressões que povoam o imaginário nacional, mas, tabém, às reapropriações com as quais as
gentes goianas constantemente se reabastecem, sendo que, neste caso da pesquisa, têm
servido de inspiração à concepção física das personagens.

2911
Conclusão

Finalmente, a “tradução” do reflexo do real contido nas manifestações realizadas sobre a


pessoa do Anhanguera, está sendo feita com base na coleção Pateta Faz História, haja
vista ser a ingenuidade e o caráter absorto da personagem dineyana um contraponto perfeito
à ambição e à sselvageria do bandeirantes que trilharam os sertões, dilatando as fronteiras da
colônia portuguesa em terras Americanas.

Referências Bibliográficas

AGAMBEM, G. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.

CHARTIER, R. A história cultural entre práticas e representações. Lisboa: Difusão


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MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte: EDUSP, 1980.
PLAZA, Julio. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 2008.

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José Peixoto da Silva Braga e Urbano do Couto. In: TELES, J. M. Memórias Goianas. v. 1.
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TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 2006.

2912
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2913 - 2917

BEM-ESTAR PSICOSSOCIAL DE PACIENTES COM SEQUELAS APARENTES


DE CIRURGIA ONCOLÓGICA NA REGIÃO DE CABEÇA E PESCOÇO

Liliane Braga Monteiro dos REIS; Marina César MACHADO; Túlio Eduardo
NOGUEIRA; Cláudio Rodrigues LELES; Maria do Carmo Matias FREIRE. Programa
de Pós-Graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Goiás.
lbmreis@yahoo.com.br

Apoio: FAPEG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás

Palavras-chave: Neoplasias de Cabeça e Pescoço; Oncologia; Qualidade de Vida; Religião;


Espiritualidade.

Justificativa / Base teórica

A abordagem cirúrgica do câncer na região de cabeça e pescoço pode culminar em


sequelas consideráveis, refletindo em alterações fisiológicas e psicossociais nos pacientes
(ALVES, 2016; MACHADO et al., 2009).
As consequências desse tipo de tratamento podem afetar profundamente a Qualidade
de Vida (QV) das pessoas acometidas (ONAKOYA et al., 2006, VALENTE, 2009). Dessa
forma, torna-se necessário investigar domínios ligados às variáveis psicossociais que
possam servir como alvos para a intervenção clínica (SHERMAN; SIMONTON, 2010).
Tem sido um desafio para os pesquisadores e profissionais da saúde compreender qual
ou quais fatores são capazes de influenciar positivamente na QV relacionada à saúde.
Buscando compreender esse questionamento, a ciência tem investigado aspectos relacionados
ao bem-estar espiritual (AMIN, 2010; CHEN et al., 2013, LEWIS et al., 2014).
O objetivo deste trabalho foi analisar o bem-estar psicossocial de pacientes com
sequelas aparentes de cirurgia oncológica em cabeça e pescoço em um hospital de referência
na Região Centro-Oeste.

2913
Metodologia

O desenho do estudo foi transversal, realizado em um Centro de referência no


tratamento do câncer na região Centro-Oeste brasileira – Hospital Araújo Jorge da
Associação de Combate ao Câncer de Goiás. A população do estudo foi pacientes adultos,
idade igual ou superior a 18 anos, apresentando deformidade visível na região de cabeça
e pescoço devido à cirurgia ressectiva realizada como parte da terapia do câncer. Os dados
sobre características sociodemográficas foram coletados por meio de entrevistas e buscas nos
protuários, assim como as condições clínicas. Dados sobre QV, autopercepção da
aparência, religiosidade e espiritualidade foram coletados por meio de entrevistas. Os
instrumentos de coleta de dados foram: Functional Assessment of Cancer Therapy Head and
Neck 4.0 (FACT-H&N) (LIST et al., 1996); o Questionário de Qualidade de Vida da
Universidade de Washington para pacientes com câncer de cabeça e pescoço 4.0 (UW-QOL)
(HASSAN; WEYMULLER, 1993) e escala de Aparência de Derriford (DAS-24) (CARR;
MOSS; HARRIS, 2005); o Índice de Religiosidade da Universidade Duke (DUREL): é uma
medida breve multidimensional de religiosidade amplamente utilizada ao redor do mundo
(KOENIG; BÜSSING, 2010) e a Avaliação Funcional de Doença Crônica Terapia-Bem-Estar
Espiritual (FACIT-Sp12) (PETERMAN et al., 2002).
Os dados foram obtidos no período de Junho de 2015 a Junho de 2016 e
analisados por meio da estatística descritiva e inferencial utilizando testes de comparação de
grupos (Qui-quadrado) entre as variáveis dependentes (relacionadas à QV e autopercepção da
aparência) e independentes (religiosidade, espiritualidade, sociodemográficas e clínicas).
Utilizou-se o programa estatístico IBM-SPSS 20.0.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
de Goiás com o parecer nº 1.013.228 e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Associação de
Combate ao Câncer de Goiás com o parecer nº 1.058.864.

Resultados / Discussão

A amostra foi composta de 202 pacientes. A idade média foi de 58,6 anos
(dp=11,6), sendo a maior parte do sexo masculino (76,2%) e da raça / cor da pele preta e
parda (59,9%). Os participantes, em sua maioria, estudaram até sete anos (52,5%), eram
casados (63,9%) e moravam com família/companheiro (87,1%). A maior parte dos

2914
pacientes, não estava trabalhando (91,1%) e pertenciam às classes socioecômicas B e C
(69,3%).

Quanto aos dados clínicos relacionados ao câncer, a maioria (66,4%) era tumores
maiores (T3+T4). O sítio do câncer que mais apareceu na amostra foi da cavidade oral
(33,1%), de pele (16,8%), orofaringe (13,9%) e laringe (13,9%). O tipo do câncer mais
prevalente foi o espinocelular (76,7%). A maior parte dos tumores eram primários
(66,3%), sendo o local da sequela mais observado no terço inferior da face e/ou cervical
(88,6%). A abordagem cirúrgica mais frequente foi o esvaziamento cervical (60,4%),
realizada com dois anos ou mais (55,4%). Grande parte dos pacientes relatou experiência
prévia com etilismo (67,8%) e tabagismo (78,2%).
Utilizando-se o instrumento FACT-H&N para QV, o escore médio total de 97,9
(dp=20,1) e mediana 100,0. Com o instrumento UW-QOL o escore médio da QV total
foi de 744,6 (dp=228,0) e mediana 742,0. Quanto maior o escore, melhor a QV. Quanto à
escala de Aparência de Derriford (DAS-24) o escore total foi de 36,0 (dp=11,7) e mediana de
33,0. Quanto maior o escore maior o desconforto com a aparência.
O escore médio da variável religiosidade (P-DUREL) foi de 21,6 (dp=4,9),
mediana 23. Quanto aos escores de espiritualidade (FACIT-Sp12) o escore médio
encontrado foi de 43,5 (dp=7,5) com mediana de 44.
Os resultados da análise bivariada da associação entre QV (FACT_H&N) e as
variáveis independentes apontam para uma diferença estatisticamente significante em relação
à religiosidade (p=0,019) e espiritualidade (p=0,000). Para as variáveis socioeconômicas,
não foi identificado associação enquanto o tempo de cirurgia mais mutilante foi a variável
clínica que apresentou significância (p=0,001).
Para a análise bivariada da associação entre QV (UW_QOL) e as variáveis
independentes, apenas a espiritualidade apresentou significância (p=0,005). As variáveis
clínicas que apresentaram associação foram: sítio do câncer na cavidade oral e orofaringe
(p=0,011), local da sequela no terço inferior da face e região cervical (p=0,000) e
tratamento cirúrgico associado ao tratamento quimioterápico e/ou radioterápico (p=0,000).
A Escala de Aparência de Derriford (DAS-24) apresentou associação com a
espiritualidade (p=0,002) e com as variáveis clínicas estágio T da lesão (p=0,011), sítio do
câncer orofaringe (p=0,011) e tratamento quimioterápico ou radioterápico (p=0,006).

2915
A influência positiva do aspecto religioso na QV também foi identificada em
pacientes com câncer na cavidade oral que faziam tratamento radioterápico ou quimioterapia
e radioterapia concomitante (CHEN et al., 2013) e em pacientes com câncer de cabeça e
pescoço (AMIN et al., 2010, BECKER et al., 2006, WONG et al., 2006). Assim como a
relação entre espiritualidade e QV em pacientes com câncer em estágio avançado
(DELGADO-GUAY et al., 2011).

Conclusões

Os pacientes com sequelas aparentes de cirurgia oncológica na região de cabeça e


pescoço apresentaram baixa qualidade de vida, a qual foi associada com a religiosidade,
espiritualidade, tempo de cirurgia mais mutilante, sítio do câncer na cavidade oral e
orofaringe, local da sequela no terço inferior e cervical e tratamento quimioterápico e
radioterápico concomitante com o cirúrgico.

Referências bibliográficas

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2917
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2918 - 2923

A FORMAÇÃO DO EDUCADOR AMBIENTAL: UM ESTUDO DOS PROCESSOS


DE APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO E ELABORAÇÃO CONCEITUAL NO
CONTEXTO ESCOLAR

Lorenna Silva Oliveira COSTA, Agustina Rosa ECHEVERRÍA. Programa de


Pós-graduação em Ciências Ambientais – CIAMB (Doutorado)
Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação lorennasocosta@gmail.com/
echeverria.ufg@gmail.com Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Goiás - FAPEG

Palavras - chave: Educação Ambiental, formação de conceitos, neoliberalismo.

Justificativa/Base teórica

A problemática ambiental é por natureza complexa e os problemas não podem ser


discutidos, muito menos resolvidos na perspectiva linear de somente uma disciplina, sem a
interação de fatores sociais e físicos. A interdisciplinaridade surge como necessidade na
construção do conhecimento científico no campo das Ciências Ambientais e pode ser
entendida como o intercâmbio de conhecimentos que resultam numa transformação dos
paradigmas teóricos das disciplinas envolvidas e que envolve uma mudança na escala do
objeto de estudo por uma nova forma de interrogá-lo (LEFF, 2010).
Pensado especificadamente no campo da Educação Ambiental - EA, de acordo com as
novas Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN, a EA deve estar presente, de forma articulada
em todos os níveis e modalidades da educação básica e da educação superior (BRASIL,
2013). Entretanto, nos deparamos com uma realidade em que os professores não são
formados para serem educadores ambientais, muitas vezes por tal tema não ser abordado nos
cursos ou ser abordado de forma superficial e até sensacionalista.
A investigação sobre a crise ambiental envolve a compreensão da relação ser humano-
natureza associada às relações materiais e sociais determinadas pelo funcionamento da
sociedade capitalista (ANDRIOLI, 2008). Assim, ao pensarmos nos conceitos que precisam
ser abordados no processo da EA, observamos a necessidade de uma relação maior entre
conceitos. A sistematização conceitual nesse campo envolve a apropriação de conceitos de
diversas áreas, tais como química, biologia, geografia, história, sociologia, filosofia

2918
entre outros, numa perspectiva questionadora e contestadora da realidade. Torna-se um
desafio, tanto para os professores formadores, quanto para os professores em formação inicial,
o processo de formação de um educador ambiental.
Nesse sentindo, essa investigação pauta-se na compreensão dos processos de
formação de um educador ambiental e na apropriação dos conhecimentos ambientais.
Consideramos pressupostos da teoria sócio-histórica que afirma que a formação humana se dá
pela imersão na história e na cultura e que a “internalização das atividades socialmente
enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da psicologia
humana” (VIGOTSKI, 2000, p. 76). O indivíduo, em seu processo histórico, no uso da
linguagem e na interação com o outro, assume elementos que contribuem para sua formação.
Tais elementos, dos quais podemos ressaltar a arte, a educação, a política, a economia e a
religião são fundamentais na construção do caráter de cada sujeito e na construção de sua
relação com outros sujeitos, o que constitui a civilização.
Nesse sentido, a aprendizagem e o desenvolvimento percorrem um caminho,
complexo e não linear, que tem início nas relações interpsicológicas para então estabelecerem-
se as intrapsicológicas (VIGOTSKI, 1995). Esses apontamentos nos orientam para refletirmos
acerca de questões como: como o ser humano se apropria da realidade? Como se dá a relação
entre a apropriação dos conhecimentos ambientais e o desenvolvimento humano no ato de
conhecer, em um espaço educativo da sociedade capitalista? Buscamos neste trabalho apontar
elementos que contribuam para a reflexão dessas questões.
Objetivos

Investigar como a discussão de conceitos ambientais, numa abordagem dialética,


contribui para novos entendimentos dos processos de apropriação do conhecimento e
elaboração conceitual em um contexto específico de educação escolar e ampliar o
entendimento sobre as limitações e desafios de um processo formativo - interação
professor formador e professor em formação inicial - que tem como foco as questões
ambientais.
Metodologia

Esta investigação caracterizou-se metodologicamente como uma Pesquisa Participante


(PP) que e foi desenvolvida em três etapas: 1) exploração geral da comunidade; 2)
identificação das necessidades da comunidade; 3) elaboração e execução das estratégias
educativas.

2919
Neste trabalho focaremos na terceira etapa em que planejamos um grupo de estudo
que foi implementado no segundo semestre de 2014. Foram no total quatorze reuniões de
aproximadamente 3 horas cada. O primeiro encontro foi estruturado a partir das análises
realizadas de questionários aplicados na segunda etapa. Os encontros seguintes foram
planejados pelo grupo de pesquisa constituído por dois pesquisadores Pq1, Pq2 e uma
professora orientadora - P que consideravam os problemas/dúvidas surgidos nos encontros
anteriores. Pq1 e Pq2 também se reuniam com P para apresentar as ideias e finalizar o
planejamento semanal. Todas as reuniões foram registradas em diário de campo e filmadas
em áudio e vídeo. No presente trabalho analisamos três enunciados de 2 encontros nos quais
foi discutido o conceito de natureza e as relações causais da crise ambiental.
Os dados foram analisados tendo como base a Análise Microgenética que está
relacionada com a configuração da gênese social e a transformação do curso de eventos
voltado para o funcionamento humano, a partir da análise minuciosa de um processo (GÓES,
2000). O “micro” se refere à análise minuciosa de um evento e a “genética” ao sentido de ser
histórica, com foco no movimento durante os processos e “relacionar condições passadas e
presentes, tentando explorar aquilo que, no presente, está impregnado de projeção futura”
(GÓES, 2000, p. 15).
Resultados/Discussão

A seleção e organização dos conceitos a serem trabalhados no grupo de


discussão foram realizadas considerando as ideias que os alunos apresentaram nos
questionários e no primeiro encontro. Vários conceitos/temas emergiram e tornaram- se
estruturantes das discussões subsequentes, tais como natureza, meio ambiente, capitalismo,
neoliberalismo, interdisciplinaridade, educação, desemprego, pobreza, sexualidade, ecologia
política, aquecimento global, efeito estufa, entre outros.
A compreensão de como os sujeitos se apropriam do conhecimento e sistematizam os
conceitos trabalhados no grupo de discussão passa pela estudo e análise de quais os
conceitos que eles trazem para a discussão. Caracterizar os conceitos que os alunos
utilizam ao longo da discussão, contribui na escolha dos conceitos que precisam ser
abordados no decorrer do processo formativo.
No presente trabalho, selecionamos três fragmentos de dois encontros, que
possibilitaram a discussão da visão de mundo dos alunos a partir da rede de conceitos
apresentadas por eles nas discussões. Observemos dois fragmentos: Fragmento 1 - Encontro

2920
1.

239. Pq1: Eu sei que tem que fazer isso, mas eu não faço. Vocês acham que é assim...

240. A(-): Não

241. A(8): Mas é o que te convém também, né! Te convém jogar fora do lixo, mas te
convém andar de carro, no seu próprio carro é mais conforto, né!
242. A(10): Ninguém quer sair da zona de conforto!

243. A(8): O carro te convém, né!

Fragmento 2 – Encontro 3

621. P: Então porque ainda tem gente que passa fome?

622. A(9): Também um pouco é falta de interesse não quer


trabalhar...

623. Pq1: Não tem espaço pra todo


mundo? 624. A(8): Eu acho assim, tem
muito emprego. 625. Pq1: Você acha que
tem muito emprego?
626. A(8): Só que as indústrias pedem qualificação, ai às vezes as pessoas não está qualificada
para aquele serviço...
Fragmento 3 – Encontro 3

636. A(3): Mas estuda?

637. Pq1: Estuda. Tá lá na fila do emprego. Tem emprego pra todo


mundo? 638. (A3): Não. Só para os melhores...
O ensino e discussão dos conceitos ambientais, dentro de contextos específicos que
consideravam a vivência dos alunos, possibilitou analisar a visão que os alunos trazem
sobre o ser humano e sobre algumas relações sociais. Foi recorrente ao longo das 14
reuniões o discurso que apresenta a descrença no ser humano. Falas como “Ninguém quer
sair da zona de conforto!” e “Também um pouco é falta de interesse não quer trabalhar...”
apresentam uma visão abstrato/genérica da atuação do ser humano na sociedade.
A afirmação sobre o egoísmo do ser humano, as ações limitadas por interesses
individualistas entre outros, trazem indícios das relações sociais dos próprios alunos e da
constituição dos sistemas simbólicos que medeiam suas relações com o mundo. Tudo que
se tornou interno para a constituição do sujeito, antes era externo; era para os outros,

2921
aquilo que agora é para si. Através do outro nos constituímos. Nesse sentindo, para
pensarmos em como os indivíduos se relacionam com os outros, antes de se perguntar “o
que o indivíduo é” é preciso compreender as relações sociais nas quais ele está inserido, pois é
nesse contexto que conseguimos explicar os seus modos de ser, de agir, de pensar e de
relacionar- se com os outros (VYGOTSKI, 1995).
Recorremos ao Fragmento 3 em que A(3) afirma que não há emprego para todo
mundo, só para os melhores. Nos dois primeiros fragmentos os alunos apresentam a
visão que tem dos seres humanos e nesse terceiro mostra a visão que tem sobre as relações
econômicas na sociedade. Há uma estreita relação dos três fragmentos.
Observamos que suas argumentações apresentam palavras com sentidos e significados
que são familiares ao seu cotidiano, relacionados diretamente com um referente empírico.
Como as doutrinas econômica, política e social da sociedade estão pautadas no
neoliberalismo, que traz a visão de liberdade individual, de autonomia, de responsabilidades
pessoais, além das virtudes da privatização, do livre-mercado e livre-comércio, entre
outros, observamos que as intervenções simbólicas dos alunos se baseiam em uma rede de
conceitos empíricos pautadas num projeto neoliberal de sociedade.
Conclusões

A rede conceitual apresentada pelos alunos se insere num sistema composto por
critérios situacionais, perceptuais e vivenciais. Podemos observar que o neoliberalismo não é
somente uma política econômica, mas se estendeu a todas as relações sociais e esferas da
vida. O sistema conceitual desse projeto de sociedade está presente em todas as instâncias
formativas tais como escola, mídia, família, igreja, entre outros.
Por isso, a formação de um sujeito ambiental deve ir de encontro com a
formação de um sujeito neoliberal. Devemos explicitar a rede de conceitos trazida pelos
alunos e promover o questionamento/reflexão/superação por meio de um conhecimento
generalizante e sistematizado que vise a construção de uma sociedade com maior justiça
socioambiental.

2922
Referências bibliográficas

ANDRIOLI, A. I. A atualidade de Marx para o debate sobre tecnologia e meio ambiente.


Crítica Marxista, n.27, p.11-25, 2008.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica, 2013.
GÓES, M. C. R. de. A abordagem microgénetica na matriz histórico-cultural: Uma
perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. Cadernos Cedes, ano XX, n. 50,
p. 9-25, abr. 2000.

LEFF, E. Epistemologia Ambiental. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2010. VIGOTSKI, L.


Obras Escogidas. Tomo III, Madrid: Visor, 1995.
. Psicologia concreta do homem. Educação & Sociedade, 21(71), jul. 2000.

2923
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2942 - 2947

CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL E TEORIA DO ENSINO


DESENVOLVIMENTAL PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Mara Cristina de SYLVIO Sandra


Valéria Limonta ROSA PPGE –
Faculdade de Educação
mcsylvio@gmail.com
sandralimonta@gmail.com
Palavras-chaves: Ensino desenvolvimental; Teoria Histórico-cultural; Anos Iniciais; Leitura e
escrita.

Este texto apresenta as primeiras aproximações da pesquisa em andamento que tem o


processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental como objeto. Buscamos compreendê-lo em duas etapas: primeiro, trazendo
para o debate a prática pedagógica respaldada na teoria histórico-cultural, que tem como

precursor o psicólogo Lev Semienovich Vigotski1 e seus colaboradores e seguidores, e na


teoria do ensino desenvolvimental, elaborada por Vasili V. Davidov, seguidor de Vigotski,
psicólogo e pedagogo de formação. Segundo, realizaremos um experimento didático
formativo em uma escola municipal de Goiânia.
A aprendizagem da leitura e escrita convencional inicia-se com a alfabetização, pensada
como aquela que inaugura o processo de aprendizagem da cultura letrada, permitindo que o
sujeito vá além da simples decodificação e registro mecânicos de símbolos linguísticos.
Dominar com qualidade a escrita, no nosso entendimento, além de ler, compreender e
interpretar diferentes gêneros textuais, implica também saber planejar, escrever, revisar,
avaliar e reelaborar os próprios textos, ações mentais que se desenvolvem como resultado
do trabalho didático de ensino da língua escrita em situação escolar.
De 2005 para cá houve uma reorganização do Ensino Fundamental no Brasil por
meio da aprovação de Leis e Resoluções, a exemplo da Lei 11.114 de 2005, que

1
A grafia dos nomes de Vigotski e Davidov aparece de formas diferentes, dependendo da fonte
bibliográfica utilizada. Optamos pela grafia “Vigotski” e “Davidov” para nos referirmos aos autores ao longo do
trabalho e manteremos as grafias das obras que forem citadas direta ou indiretamente.

2942
alterou o tempo de duração do Ensino Fundamental de oito para nove anos e a Lei

11.274 de 2006, que tornou obrigatória a matrícula da criança aos seis anos de idade no
primeiro ano do Ensino Fundamental. Esse movimento ocorreu para que a alfabetização e o
desenvolvimento da leitura e escrita acontecessem logo nos três primeiros anos do Ensino
Fundamental, e com isso houvesse maior e melhor aprendizado.
No entanto, Oliveira-Mendes (2015), em pesquisa sobre as práticas pedagógicas
utilizadas para ensinar a ler e a escrever nos Anos Iniciais, observou que ainda há pouco
investimento pelos professores no que se refere a prática de leitura individual, a produção e
compreensão textual.
A repercussão disso aparece nos resultados do Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica/Prova Brasil (SAEB), nos quais percebe-se uma ligeira desaceleração no
avanço do processo de desenvolvimento da leitura e escrita e do cálculo nas edições de 2005
a 2013.
O que se apresenta na prática social é a insegurança ou até dificuldade em escrever
e ler com boa interpretação um texto bem elaborado.
Sabemos que, desde os primeiros anos de vida, a criança começa a internalizar recursos
da língua materna por meio da convivência social e, assim, a comunicar-se. (VIGOTSKI,
2001). Mas, há uma necessidade de maior esforço, mais reflexão e concentração quando
o assunto é o uso da língua escrita, nas atividades de leitura e escrita, pois elas requerem
habilidades que nem sempre são desenvolvidas fora do ambiente escolar.
Escrever um texto inteligível se difere da oralidade, sobretudo porque é necessária a
utilização de um número maior de palavras se comparada a mesma situação descrita por
meio da oralidade. Ao escrever, a criança acessa seu repertório vocabular, o significado
social e o conceito das palavras, combina-os e ordena-os no texto de acordo com o que
se deseja expressar. A escrita exige, portanto, um esforço individual mediado pela cultura
para vencer o desafio de transformar o discurso interior em discurso escrito. (LURIA, 2010;
VIGOTSKI, 2001).
Assim, a escrita é uma ferramenta cultural que desempenha papel funcional
psicológico, “(...) constitui o uso funcional de linhas, pontos e outros signos para
recordar e transmitir ideias e conceitos” (LURIA, 2010, p. 146).

2943
Ler um texto, para Luria (2010), é mais do que a formação isolada de imagens dos
objetos, coisas, seres etc, na cabeça de quem lê. É estabelecer relações, destacar os pontos
importantes, uni-los e compor o sentido do todo do texto.
Assim, a leitura e escrita de um texto exigem da criança ações conscientemente
controladas, atenção e memória voluntárias, pensamento abstrato, imaginação, isto é,
funções psicológicas superiores que tem seu desenvolvimento gradual, dinâmico e
complexo paralelamente ao processo de desenvolvimento cultural da criança.
Acreditamos que a aprendizagem sistemática da leitura e escrita se caracteriza, hoje,
como um elemento constituidor e constituído pelo processo de educação escolar,
perspectiva que está ancorada nas duas teorias que fundamentam nossa pesquisa. Ambas
consideraram os conhecimentos elaborados e sistematizados culturalmente como
elementos que em muito contribuem para o desenvolvimento psicológico do sujeito. Há,
assim, uma relação estreita entre aprendizagem e desenvolvimento, ideia que podemos
sintetizar numa das teses de Vigotski (2010, p.
114) mais conhecida entre nós – a aprendizagem como processo que estimula e
impulsiona o desenvolvimento – “(...) o único bom ensino é o que se adianta ao
desenvolvimento”.
Quando lhe são propostos novos conhecimentos, vivências e atividades que
inicialmente a criança poderá realizar com a colaboração de seus pares e professor, e
depois sozinha, o professor desencadeia, segundo Vigotski (2010), o processo que busca
superar o conjunto de conhecimentos já consolidados pelo sujeito (desenvolvimento real),
movimentando, por assim dizer, a zona de desenvolvimento próximo, conjunto de
momentos complexos de interação entre a aprendizagem e o desenvolvimento, onde as
funções psicológicas estão em constituição.
Se bem mediado e conduzido pelo professor, o processo de ensino- aprendizagem da
leitura e escrita pode, então, ativar processos mentais que permitirão acessar todos os
conhecimentos acumulados culturalmente e sistematizados em forma de conteúdos
escolares, possibilitando, segundo Vigotski (2001) e Davidov (1988), o desenvolvimento
omnilateral do sujeito.
Davydov (1988) reconhece a escola como espaço legítimo de ensino dos
conhecimentos científicos, éticos, estéticos e técnicos e concebe a criança com idade entre
sete e dez anos como sujeito portador de uma reserva cognitiva que a predispõe à
consciência teórica e ao raciocínio, às capacidades correspondentes à reflexão, análise e

2944
planejamento mental, o que colabora, obviamente, para que as tarefas escolares (de
aprendizagem) sejam incluídas em seu cotidiano.
Quanto ao ensino de língua, Davydov (1988) orienta correlacionar forma e
conteúdo, isto é, abordar tanto a apropriação/verticalização do conhecimento semântico da
palavra/frase/texto, quanto as análises dos fenômenos/recursos linguísticos utilizados para
ler ou escrevê-los. Todo o conhecimento a ser ensinado, seja linguístico, seja semântico,
deve ser correlacionado a outros, de forma que vão se entrelaçando e construindo uma
”rede”, o todo, demonstrando a perspectiva dialética com que o autor vê o ensino da
língua em sua teoria.
As primeiras aproximações com nosso referencial teórico nos permitem afirmar que
a questão “como ensinar” nos Anos Iniciais para que os alunos se desenvolvam está nos
mais amplos conhecimentos didáticos pedagógicos fundamentados na teoria histórico-
cultural e na teoria do ensino desenvolvimental. Vigotski (2010) realizou pesquisas sobre
o desenvolvimento da aprendizagem, a formação de conceitos que nos mostraram como as
crianças aprendem. A partir disso, Davydov (1988) pensou como o trabalho do professor
pode ser organizado para que o ensino dos conhecimentos científicos se configure em
desenvolvimento das funções psíquicas superiores.
Nossos resultados parciais atestam que ambas teorias compõem um rol de
conhecimentos didáticos pedagógicos, que, se incorporados pelos professores, podem
fundamentar todas as ações planejadas e desenvolvidas para ensinar as crianças de 06 a
10/11 anos a lerem com interpretação e a produzirem textos cada vez mais coesos e
coerentes nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Depois da síntese do nosso referencial teórico, poderemos, finalmente, avançar para
a segunda etapa da pesquisa, cujo propósito geral é investigar como o ensino,
fundamentado nas teorias já mencionadas, pode ser realizado no “chão” da escola,
pensando em práticas pedagógicas que resultem em desdobramentos significativos na
leitura e escrita, assim como para o desenvolvimento das crianças de 06 a 10 anos de
idade, faixa etária correspondente aos ‘Anos Iniciais’, ou seja, aos primeiros cinco anos de
escolarização (a partir da Lei 11.274/2006).
Para isso, utilizaremos como metodologia de pesquisa o experimento didático
formativo na perspectiva da teoria histórico-cultural e da teoria do ensino
desenvolvimental de Vasili Davidov, em que o pesquisador planeja, acompanha e avalia
mudanças nas ações mentais dos alunos em relação a níveis esperados de
desenvolvimento mental, em situações específicas de ensino em sala de aula
(DAVYDOV, 1988).

2945
Tal experimento é didático porque prevê a intervenção pedagógica, e formativo
porque contribui com a formação continuada dos professores regentes das turmas que
participarão da pesquisa. Assim, inicialmente a pesquisadora possibilitará a capacitação
dos professores acerca dos princípios básicos das duas teorias e, posteriormente, serão
feitas observações, registros e descrição de cada turma para, junto com os professores,
elaborar o plano de ensino que será colocado em prática com vistas a melhorar o
desempenho dos alunos na leitura interpretativa e escrita.
Finalmente, os resultados do experimento pedagógico didático comporão os
dados que subsidiarão a produção e publicação da pesquisa.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Lei N. 11.114, de 16 de maio de 2005. Altera os artigos 6o, 30, 32 e 87 da Lei

no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início


do ensino fundamental aos seis anos de idade.

BRASIL. Lei 11.274, de 06 de fevereiro de 2006. Altera os artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei
n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, dispondo sobre a duração de nove anos para o ensino fundamental, com
matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade.

DAVÍDOV, V. V. Problems of developmental teaching: the experience of theoretical and


experimental psychological research. Soviet Education, v. 30, n. 8, 9, 10, aug./1988.
(“Problemas do ensino desenvolvimental: a experiência da pesquisa teórica e
experimental em Psicologia”: tradução em português não publicada realizada por José
Carlos Libâneo e Raquel Aparecida Marra da Madeira Freitas, PUC GO).

LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA,


A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem ed. São Paulo:
Ícone, 2010.

OLIVEIRA-MENDES, S. A de. Escolhas didáticas e pedagógicas no ensino da leitura e


escrita no primeiro Ciclo do Ensino Fundamental. In: SILVA C. C. e ROSA, S. V. L.
(Orgs.) Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Campinas, SP: Mercado da Letras,
2015.

2946
VIGOTSKI, L. S. A Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
. Aprendizagem e desenvolvimento na idade escolar. In: VIGOTSKI, L.
S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.
Tradução

2947
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2948 - 2953

O MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE GOIÁS COMO ESPAÇO POTENCIAL PARA


O ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Ana Paula Gomes Vieira SILVA, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação


em Ciências e Matemática/UFG. E-mail: anapaulagv22@hotmail.com
Marcello LUCAS, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
Matemática/UFG. E-mail: marcellolucas@gmail.com
Vanessa Nascimento SILVA, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação em
Ciências e Matemática/UFG. E-mail: vanessansfg@gmail.com
Juan Bernadino Marques BARRIO, Professor Doutor do Programa de Pós-graduação em
Educação em Ciências e Matemática/UFG. E-mail: juanbmb@hotmail.com
Marilda SHUVARTZ, Professora Doutora do Programa de Pós-graduação em Educação em
Ciências e Matemática/UFG. E-mail: marildas27@gmail.com

Palavras-chave: Espaço não-formal. Museu. Ensino de Ciências e Matemática.

JUSTIFICATIVA/BASE TEÓRICA

A escola continua sendo um local privilegiado para a abordagem e a discussão do


conhecimento científico (Serrão, 2014), mas não é o único. Antes de chegar a escola, o
aluno é um indivíduo inserido num meio social e numa cultura, a qual entendemos como
sendo um sistema de ideias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de
comportamento e atitudes, perpassando por diferentes espaços, que caracterizam uma
determinada sociedade.
A sala de aula é o principal ambiente destinado às práticas educativas, porém é
limitado tanto em relação ao espaço físico quanto a situações e objetos que possam ser
criados e/ou trazidos, para contribuir com os processos de ensino e de aprendizagem. Essa
limitação pode ser rompida com a utilização dos espaços não- formais pela educação formal.
A conceituação de educação formal, não formal e informal é importante ser
destacada, devido as relações que se estabelecem com os diferentes espaços não- formais.
Para Gohn (2006), tendo como ponto de partida o território onde cada uma transcorre, a
educação formal é aquela desenvolvida pelas instituições educacionais, hierarquicamente

2948
organizadas, sistemática e cronologicamente graduada; a educação não-formal ocorre fora da
escola, em locais interativos, onde a intencionalidade é o principal mecanismo de demarcação;
e a informal acontece em ambientes diversos, segundo gostos, preferências ou necessidades
dos sujeitos.
Conceituar espaços não-formais também não é uma tarefa fácil, conforme salienta
Jacobucci (2008). As pesquisas que investigam esses espaços, sob esse enfoque, são
recentes e ainda não há um consenso preciso e definido entre os pesquisadores de espaço não-
formal. Na busca por conceituar este termo, recorremos a seguinte representação:
“relacionam-se com instituições cuja função básica não é a educação formal e com lugares
não-institucionalizados” (Jacobucci, 2008, p. 57).
Nesta perspectiva e relacionando com as discussões empreendidas por Jacobucci
(2008), o museu, objeto de estudo deste trabalho, é considerado um espaço não-formal
institucionalizado, pois nele podem ocorrer práticas educativas, intencionais ou não, e conta
com estrutura física, planejamento e equipe técnica responsável.
Pensar a utilização dos espaços não-formais para ações educativas não é a uma
novidade na prática pedagógica de muitos docentes, uma vez que, há uma relação entre
esses e as escolas, sendo produtiva e apropriada para o ensino de ciências e matemática. Esta
relação, conforme apontado por Trilla (2008) está apoiada no princípio da
complementariedade, numa natureza de divisão das funções, objetivos e conteúdos,
atendendo mais diretamente ao lado intelectual, histórico e cultural, com potencialidades
reais para a divulgação da cultura cientifica.

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE GOIÁS

De acordo com Goiás (2016), o Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS- GO) é
uma unidade da Superintendência de Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Estado
de Educação, Cultura e Esporte (Seduce). Sua criação deu-se em 03 de outubro de 1988,
por meio do Decreto-Lei Nº 3055, com o objetivo de reunir, preservar, produzir e
divulgar as formas de expressão histórica, artística e cultural do estado registradas em áudio
e vídeo. Segundo Mendonça (2012), a criação do MIS-GO teve como pressuposto o
posicionamento de Goiânia no circuito cultural nacional, e o desdobramento de uma política
de implantação de museus em Goiás, da década de 80. Atualmente, está localizado no
Centro Cultural Marieta Telles Machado, na Praça Cívica, na capital do estado.
O acervo do MIS-GO é constituído de materiais fonográficos, fotográficos e
videográficos. Esses materiais contêm coleções de discos, fitas cassetes, fitas magnéticas de

2949
áudio e de vídeo, filmes, documentos fotográficos, textuais e bibliográficos.

Nesta perspectiva, Jacobucci (2008) defende que os antigos museus estão perdendo
essa rotulação de velhos e cheios de mofo, para dar lugar a centros de última geração,
com imagens fantásticas e coloridas e passaram a ser, de acordo com Cazelli et al (1997),
reconhecidos como ambientes de aprendizagem ativa e de intensa interação social entre os
visitantes.
Assim, o presente trabalho investiga as potencialidades de um espaço não- formal, o
MIS-GO, para a elaboração e o desenvolvimento de práticas educativas, dos conteúdos de
ciências e matemática, complementares às atividades realizadas em sala de aula, para turmas
dos anos finais do ensino fundamental.

OBJETIVOS

Consideramos objetivos deste trabalho, conhecer e divulgar o MIS-GO, com vistas ao


desenvolvimento de atividades prazerosas, agradáveis e significativas; potencializar o
processo de ensino e de aprendizagem de Ciências e Matemática, por meio do uso do
espaço e do acervo do MIS-GO; mostrar que o MIS-GO pode contribuir para o aprendizado
de estudantes de 6º ao 9º ano.

METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma análise documental, numa abordagem


qualitativa (LUDKE e ANDRÉ, 2014). Para o desenvolvimento foram realizadas quatro
visitas ao MIS-GO, entre os meses de abril a julho do corrente ano, para conhecer,
selecionar e coletar fotografias da Praça Cívica e abordar o desenvolvimento de Goiânia, a
partir da praça, ao longo das décadas de 30, 50, 70, 90 e nos dias atuais, para identificar as
principais modificações ocorridas ao longo do tempo e os temas do Currículo Referência
da Rede Estadual de Goiás (CREG, 2016) que poderiam ser abordados com os estudantes, a
partir desse material.
A análise desses documentos seguiu os parâmetros da análise documental, que
apresenta vantagens importantes para esta investigação: baixo custo, realizar consultas
várias vezes e estabilidade ao trabalho (LUDKE e ANDRÉ, 2014). O CREG foi tomado
como referência para identificar os conteúdos, os eixos temáticos e as expectativas de
aprendizagens dos diferentes componentes curriculares, dos anos finais do ensino
fundamental, por meio da seleção de temas, que pudessem ser trabalhados de forma

2950
interdisciplinar, tendo como recurso didático o espaço do MIS-GO e os documentos
disponibilizados.

RESULTADO / DISCUSSÃO

A análise do acervo fotográfico do MIS-GO mostrou que há um farto material que


pode ser utilizado para uma parte significativa dos conteúdos previsto pelo CREG, para
os anos finais do ensino fundamental, sendo predominante para os componentes curriculares
Arte, Ciências, Geografia, História e Matemática. Tal material possibilita o desenvolvimento
de atividades interdisciplinares, sem inviabilizar o trabalho entre os demais componentes
desse currículo.
Em Arte, foi identificado o estudo do estilo das construções dos prédios históricos de
Goiânia segundo o estilo Art decô. Em Ciências, os desequilíbrios ambientais advindos de
atividades humanas, as causas e consequências dos problemas e das alterações ambientais
e as leis relacionadas à preservação do ambiente. Em Geografia, a cartografia, a
regionalização do continente americano e as diferentes formas de ocupar e organizar o
espaço. Em História, a Era Vargas, a “Marcha para o Oeste” e a construção de Goiânia.
Em Matemática, identifica-se o estudo das figuras geométricas espaciais como os
poliedros, e planas como os polígonos e circunferências, o sistema de medidas de
comprimento e área e o estudo de escala.
Na observação do material disponibilizado, verificou-se que todos esses componentes
curriculares se intercalam, se entrelaçam, e podem ser abordados e desenvolvidos
simultaneamente por um grupo de professores, cada um com e na sua especialidade,
elencando os elementos que perpassam pelas outras áreas.

CONCLUSÕES

O MIS-GO possui uma diversidade no acervo fotográfico proporcionando um trabalho


pedagógico nesse espaço e com esse material. Constitui-se como um local importante a ser
utilizado pelos professores dos anos do ensino fundamental com potencialidade de
complementar e ampliar o trabalho realizado em sala de aula.
Os materiais presentes nos acervos deste museu são relevantes ferramentas para
mediação do conhecimento e do trabalho docente e ressaltam a historicidade e finais a
cultura da população goiana, que teve sua trajetória marcada por importantes momentos e
uma forma bastante peculiar na formação de sua gente. Revelam a força da cidade de

2951
Goiânia e do estado de Goiás no cenário nacional e na história dessa nação.

Entretanto, salienta-se que o MIS-GO não é um museu interativo e ainda não


apresenta uma proposta consistente de trabalho com a Educação Básica. A sua utilização
para práticas educativas como apontado nesse trabalho, assim como, o uso de todo espaço
não formal para esse fim, só será efetiva a partir de um planejamento criterioso do professor,
que inclui conhecer previamente o espaço para identificar seu potencial e, então, delinear as
atividades que ali serão exploradas e desenvolvidas para alcançar uma aprendizagem que
tenha muito mais significado e sentido para os estudantes, em relação aos seus estudos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAZELLI et al. Tendências pedagógicas das exposições de um museu de ciência. Museu


de Astronomia e Ciências Afins. In: QUEIROZ, R. M. A caracterização dos espaços não
formais de educação científica para o ensino de ciências. VIII Encontro Nacional de Pesquisa
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GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas


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<http://portal.seduc.go.gov.br/SitePages/home.aspx>. Acesso em 17 jul. 2016.

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de Goiás. Disponível em <http://www.secult.go.gov.br/post/ver/139327/ museu-da-imagem-e-
do-som-de-goias>. Acesso em: 23 mai. 2016.

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formação da cultura científica. Em extensão, Uberlândia, v. 7, 2008.

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musealização dos acervos audiovisuais no Brasil. 2012. 448 f. Tese (Doutorado em
Museologia) - Departamento de Museologia, Universidade Lusófona de Humanidades e

2952
Tecnologias, Lisboa, 2012.

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São Paulo: EPU, 2014.

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perspectiva histórico-cultural. in: CAÇÃO. M.I.; MELLO, S.A.; SILVA, V.P. (Orgs.)
Educação e Desenvolvimento Humano: contribuições da abordagem histórico- cultural para
a educação escolar. Jundaí: Pacto Editorial, 2014. p. 101-117.

TRILLA, J. A educação não-formal. In: ARANTES, V.A. (Org). Educação formal e não-
formal: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus Editorial, 2008. p. 15-57.

2953
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2954 - 2954

A teoria da inflação inercial e o fim da concepção desenvolvimentista na economia


Marcelo Augusto Parrillo Rizzo
Doutorando – História/UFG

Resumo
O presente trabalho procura demonstrar como a emergência de uma teoria sobre a inflação inercial
presente no Brasil permitiu que houvesse uma clivagem entre os diagnósticos anteriores, calcados
no conflito distributivo, e a teoria que embasou os Planos Cruzado e Real. A partir de um debate
extenso e imerso na concepção desenvolvimentista da situação político econômica do país, a
concepção de inflação inercial concebida pelos membros da PUC-Rio emerge como vitoriosa e
permite o descolamento entre o desenvolvimentismo e o diagnótico sobre a situação inflacionária.

2954
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2955 - 2962

Controle de Velocidade do Motor a Relutância Chaveado Empregando Lógica Fuzzy∗

Márcio Rodrigues da Cunha REIS1,†,‡, Wanderson Rainer

Hilário de ARAÚJO2†,
Wesley Pacheco CALIXTO3,†,‡, Felippe dos Santos e SILVA‡ e

Glaciano MAIA‡

Resumo: Este artigo apresenta o motor a relutância chaveado, suas caracterı́sticas de operaç ão
e acionamento e como este dispositivo se comporta dinamicamente quando sua velocidade é
regulada por um controlador Fuzzy. A natureza eletronicamente chaveada do acionamento deste
tipo de má quina elé trica proporciona elevados nı́veis de nã o linearidade para o dispositivo.
Portanto, faz-se necessá ria a busca por controladores alternativos que garantam a regulaç ã o de
velocidade da má quina quando operando como motor mesmo so- bre a influência das caracterı́sticas
de acionamento chaveado presentes no acionamento.

∗Email: 1marciorcreis@gmail.com, 2wandersonrainer@gmail.com, 3wpcalixto@gmail.com


† Universidade Federal de Goiás - Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC)

‡ Instituto Federal de Goiás (IFG)

2955
Neste artigo, a simulação de um motor a relutância chaveado de 60 kW é realizada de
forma a verificar seu comportamento dinâmico mesmo com a inserção de perturbações.

Palavras-chave: Motor a Relutância, Lógica Fuzzy, Controle PI.

1 Introdução
Neste trabalho, sa˜ o apresentadas simulac¸o˜ es do Motor a Relutaˆ ncia Chaveado (MRC) operando em
conjunto com um controlador de velocidade. O acionamento convencional do MRC necessita da
informac¸a˜o constante da posic¸a˜o instantaˆnea do rotor para a correta energizac¸a˜ o de suas fases, o que
fez com que a utilizac¸a˜ o, pesquisa e inovac¸a˜ o relacio- nadas a este equipamento tivesse mais relevaˆ
ncia nas u´ ltimas de´ cadas, com o advento da eletroˆ nica e dos sistemas microprocessados [5]. A
seguir sera˜ o apresentadas as ca- racter´ısticas construtivas do MRC e como o mesmo pode ser
acionado para gerac¸a˜o de energia mecaˆ nica rotativa em seueixo.

2 Motor a Relutância Chaveado

O motor a relutaˆ ncia chaveado pode ser classificado quanto ao nu´ mero de po´ los do rotor e do
estator. As Figuras 1(a) e 1(b) ilustram o corte transversal de um motor de configura 6 x 4,
contendo 6 po´los no estator e 4 po´los no rotor e o perfil de indutaˆncia em func¸a˜o da posic¸a˜ o angular
e dacorrente.

(a) (b)

Figura 1: Caracter´ısticas construtivas do MRC. (a) Corte transversal de um motor a re- lutaˆ ncia

2956
chaveado 6 x 4. (b) Perfil de indutaˆ ncia em func¸a˜ o da posic¸a˜ o angular e da cor- rente para um
MRC 6 x 4.

Um MRC de topologia 6 x 4 como o ilustrado na Figura 1(a) possui 3 fases. A indutâ ncia L dos
enrolamentos de um MRC possui um comportamento caracterı́stico em funçã o da posiçã o angular
θ. A Figura 1(b) ilustra o comportamento de uma das 3 fases de um MRC 6 x 4. A indutâ ncia
possui seu valor máximo devido ao alinhamento dos pó los do rotor e do estator. Portanto, o passo
polar do rotor faz com que a indutâ ncia de uma fase varie periodicamente a cada 90 graus mecâ
nicos de rotaçã o do eixo. O modelo matemá tico do MRC estabelece que a produçã o de conjugado é
determinado por (1).

1 dL(θ)
(1
T = 2 · i2 · dθ

A produçã o de conjugado positivo ocorre quando a taxa de variaç ã o da indutâ ncia em relaçã o
à posiçã o angular é positiva. Há entã o a necessidade de se obter constantemente a posiçã o angular
do rotor (θ), de forma que a corrente elétrica i seja aplicada somente
nessa condição. A aplicação de corrente em cada uma das fases do MRC é feita através

de um conversor de potê ncia conhecido como Half-Bridge [1]. As chaves eletrô nicas
do conversor Haf-Bridge (IGBT, MOSFET etc.) sã o acionadas por sistema
microprocessado

instantânea da posição do rotor normalmente é ao eixoodbatida por sensores ópticos conectados


máquina ou encoders.

3 Simulação do MRC
A simulac¸a˜o de um MRC 6 x 4 de 60 kW de poteˆ
ncia foi realizada empregando o software

2957
MATLAB. O motor opera em malha aberta com
uma janela de conduc¸a˜ o de 35 graus na regia˜ o
crescente da indutaˆ ncia. Para o controle de
velocidade do MRC, foi inserido um controlador
Fuzzy, conforme ilustrado na Figura 3.

Figura 2: Diagrama para simulaç ã o do MRC 6 x 4


com controlador Fuzzy de velocidade.

O controlador Fuzzy possui duas entradas, sendo o erro de velocidade e a sa´ıda do observador de
carga. O observador permite identificar o momento de aplicac¸a˜ o de carga mecaˆ nica ao eixo do
motor e seu respectivo valor, com base na equac¸a˜ o (2). A modelagem do sistema possui
equac¸a˜ o referente ao equil´ıbrio dos conjugados envolvidos no sistema [3, 4]. Esta equac¸a˜ o
define o conjugado resultante e e´ descrita por:

TM = −TEMAG + B · ω · J · dω (2)
dt
onde TM e´ o conjugado total, TEMAG e´ o conjugado eletromagne´ tico, B e´ o coeficiente de atrito
viscoso, ω e´ a velocidade do eixo e J e´ o momento de ine´ rcia. As Figuras 4(a) e
(b) apresentam as superf´ıcies de sa´ıda do controlador Fuzzy projetado.

2958
(a) (b)

Figura 3: Superfı́cie que representa a saı́da do controlador Fuzzy. (a) Saı́da Toff em funçã o
das entradas erro de velocidade e carga mecâ nica. (b) Saı́da acré scimo de Toff em funçã o das
entradas erro de velocidade e carga mecânica.

As funçõ es de pertinê ncia do controlador Fuzzy foram criadas de forma que a saı́da do
controlador seja integrada por duas variá veis: o â ngulo de desligamento Toff das chaves do

conversor de potê ncia e um acré scimo deste â ngulo, de forma que um valor incremental de â
ngulo possa ser aplicado ao acionamento quando uma carga mecâ nica é aplicada (ou retirada) ao
eixo e provoca alterações na velocidade.

4 Resultados

O controlador Fuzzy de velocidade foi projetado e simulado em algumas condic¸o˜es de setpoint


(SP) e carga mecaˆ nica. Para isto utilizou-se paraˆ metros de um MRC que sa˜o: resistencia do
estator de 1, 00Ω, indutaˆ ncia alinhado de 0, 0236H, ine´ rcia de 0, 05kg.m.m, indutaˆ ncia
desalinhado de 0, 00067H, atrito de 0, 02N.m.s e indutaˆ ncia de saturac¸a˜ o de 0, 00015H.
Um controlador Proporcional e Integral (PI) de velocidade foi projetado de forma a obter
analise comparativa com relac¸a˜ o ao controlador Fuzzy. Primeiramente foi aplicado o de- grau de
150 rad/s e 100 rad/s como setpoint de velocidade nos controladores e no instante

2959
carga proporcionou uma queda de velocidade de aproximadamente 13%, enquanto com o
controlador Fuzzy a queda de velocidade foi de aproximadamente 1%. O tempo de
correção de velocidade com o controlador PI é de aproximadamente 2,5 s e 150 ms com

o controlador Fuzzy. Visto na Figura 5(b), o controlador Fuzzy foi submetido a condições de
variações de setpoint e carga mecânica.

(a) (b)

Figura 4: Resposta do controle de velocidade submetido a carga mecâ nica. (a)


Comparaç ã o de resposta do controlador PI e Fuzzy. (b) Resposta de velocidade com o
controlador Fuzzy submetido a varias condições de setpoint e carga mecânica (x10).

A tensã o de excitaçã o da má quina na fase A, ilustrada na Figura 6(a), durante o per- curso de
controle apresenta o efeito de comutaçã o das chaves do conversor, picos de tensã o maior que a
excitaçã o de 100 V, em instantes em que a extinçã o do pulso Toff é realizado na posiç ã o onde o
valor da indutâ ncia é maior, ou seja, em instante que o motor está acelerando ou submetido à carga
mecânica.
Na Figura 6(b), a corrente de excitação da máquina na fase A durante o percurso de

controle apresenta os instantes em que está carga


mecânica.

2960
5 Conclusões acelerando, desacelerando, ou submetido à

Os controladores Fuzzy possuem relativa facilidade de ajuste se comparado aos contro-

ladores PID e é mais robusto face à s não linearidades do sistema a ser controlado. O

desempenho apresentado foi possı́vel apó s a inserção de um observador de carga na simulação, o


qual fornece ao controlador Fuzzy valores proporcionais à carga inserida no eixo, de forma que o
controlador possa incrementar o valor do â ngulo de desligamento
das

A) B)

Figura 5: Tenso˜es e correntes ele´tricas aplicadas pelo conversor Half-Bridge no motor a relutaˆ
ncia. (a) Tensa˜o na fase A durante toda a simulac¸a˜o e tensa˜o trifa´sica com o motor em regime
permanente sem carga acoplada. (b) Corrente na fase A durante toda a simulac¸a˜ o e corrente trifa´
sica com o motor em regime permanente sem carga acoplada.

fases do MRC, entregando mais energia aos enrolamentos e, consequentemente, man- tendo a
velocidade do motor dentro do valor desejado.

Referências

[1] G. S. ABBASIAN. Simulation and Testing of a Switched Reluctance Motor by MA-


TLAB/SIMULINK and dSPACE. Dissertac¸a˜ o de Mestrado em Ma´ quinas Ele´ tricas, Faculty of

2961
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[2] A. F. V. DA SILVEIRA. Modelagem, Construçã o, Testes e Aná lise de Desempenho de


um Gerador a Relutaˆ ncia Chaveado. Tese de Doutorado em Acionamentos Ele´ tricos, UFU,
(2008).

[3] W. G DA SILVA. Speed Control of Eletric Drives in the Presence of Load Disturbances.
Tese de Doutorado em Computac¸a˜ o Aplicada, University of Newcastle upon Tyne, (1999).

[4] R. KRISHNAN. Eletric Motor Drives: modeling, analysis, and control. Prentice Hall,
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[5] G. P. VIAJANTE. Gerador a Relutâ ncia Variá vel em Conexã o com a Rede Elé trica para
Injeçã o de Potência Ativa. Tese de Doutorado em Acionamentos Elétricos, UFU, (2013).

2962
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2963 - 2968

O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: NUANCES,


RUPTURAS E PROPOSIÇÕES DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
NA SOCIEDADE DO CAPITAL.

Marcos Jerônimo Dias Júnior


Sandra Valéria Limonta Rosa
Programa de Pós-Graduação em Educação
Faculdade de Educação
mjrgoias2012@hotmail.com
sandralimonta@gmail.com
Palavras – chave: Capitalismo, formação de professores, ensino e educação física
escolar.

JUSTIFICATIVA / BASE TEÓRICA

Numa visão ampla e crítica sobre a educação escolar e a formação de


professores no Brasil, perpassamos por um contexto preocupante de ampliação da
apropriação privada das objetivações materiais e intelectuais, imposições de
organismos internacionais neoliberais, transformações voltadas à precarização do
trabalho docente, no mundo do trabalho, com o aumento da intensificação da
alienação, da proletarização, da desigualdade social e uma avalanche ideológica de
defesa dos princípios do mercado em detrimento do público, do pragmatismo, do
relativismo e do utilitarismo voltados aos interesses do capital.
Observa-se neste contexto, no movimento da práxis, a constituição de variadas
contradições na discussão do campo do ensino na formação de professores, inclusive
na educação física escolar, articulado à totalidade social vigente. Isto nos propicia nas
ações concretas de compreensão e desvelamento da historicidade, pautado nas
condições materiais, a esperança de novos caminhos a serem construídos e novas
possibilidades de alternativas sobre a atividade de ensinar. Um contexto
socioeconômico e cultural que nos propiciou a necessidade contra-hegemônica de
construção da referente pesquisa.
No modo de produção capitalista, nos variados espaços educacionais, inclusive

2963
na educação escolar, observamos a tendência histórica de propiciar o mínimo de
instrução para professores(as), trabalhadores e seus filhos (as), apenas o necessário
para participarem da produção e reprodução dessa sociedade (SAVIANI, 2012).
Assim terão a possibilidade de serem inseridos no processo de produção ou ficar à
margem para legitimar e ocultar a situação de desigualdade e exploração, com
justificativas permeadas por discursos da falta de mérito, esforço e talento, pautado
pelo individualismo, utilitarismo e competitividade direcionados por um mercado
neoliberal.
Um contexto que, infelizmente, direciona-se a implicações marcantes na
formação inicial de professores de educação física e na regência da educação básica
com determinações desde as políticas públicas até a organização teórico-didática.
Emerge a indigência, com base nas contradições da produção material da vida social,
constituída pela relação entre educação, capital e trabalho, novas necessidades de
pensar como ensinar para além dos ditames violentos do mercado a partir das próprias
contradições que constituem estas relações.

OBJETIVOS

A particularidade da totalidade que elegemos para essa pesquisa, dentro da


discussão de uma educação escolar e formação de professores de qualidade é o
ensino articulado à didática. A tomada de decisão no enfrentamento desse desafio,
constituído por essas múltiplas determinações complexas é, em síntese, colocada
diante da realidade concreta através da seguinte questão que define a problemática
central desta pesquisa: Como constitui e estabelece as contradições no campo do
ensino na formação inicial de professores de educação física que implicam nas
proposições do aprender a ensinar e na construção de subsídios teórico-didáticos?
De acordo com a problemática apresentada, o objetivo geral desta pesquisa é:
compreender as contradições e os fundamentos científicos e filosóficos que norteiam o
campo do ensino na formação de professores para a educação física escolar no atual
legado da sociedade do capital. Nesse sentido, destacamos neste projeto de
pesquisa, os seguintes objetivos específicos: 1) Desvelar e analisar as contradições
que dificultam o desenvolvimento do aprender a ensinar na especificidade da
formação de professores de educação física escolar. 2) Identificar e compreender, na
estrutura e organização do atual momento histórico do modo de produção capitalista,

2964
as determinações e os elementos teórico-filosóficos e ideopolíticos que implicam no
campo do ensino. 3) Articular e analisar as atuais proposições entre o conhecimento

escolar, a atividade de ensinar, aprender e os subsídios pedagógico- didáticos da


formação de professores de educação física escolar. 4) Propor no campo da educação
física escolar subsídios teórico-didáticos de base científica e filosófica relacionados
a questões da atividade de ensinar e aprender possibilitando a construção de caminhos
para a autonomia e crescimento intelectual dos professores (as).

METODOLOGIA

Este projeto trata-se de um trabalho de cunho e perspectiva qualitativa. A


estrutura metodológica deste trabalho de pesquisa contempla a articulação do
levantamento e análise bibliográfica e documental com a inquirição empírica,
utilizando, para análise, eixos categoriais e análise de conteúdo. Os instrumentos
metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa empírica será a utilização de
questionários e entrevistas semiestruturadas, as quais nos ajudarão a ter o contato
direto com os sujeitos que constituem o campo de estudo. Utilizaremos, como
instrumento para a mediação com a realidade concreta os fundamentos teórico-
metodológicos de investigação do materialismo histórico-dialético. Paraauxiliar-nos
na mediação com a realidade, pretendemos ter como base obras e autores clássicos da
teoria Marxista e Marxiana, dentre os quais destacamos: Marx (2013), Marx; Engels
(2010), Mészáros (2008), Vigotsky (2009), Gramsci (1991), Lukács (2013), Davydov
(1988) e Saviani (2012).

A análise bibliográfica terá como um dos focos principais, além da leitura da


estrutura e organização do sistema do capital, a tentativa de análise que articula a
ontologia do ser social e a teoria histórico-cultural orientada pela discussão da
formação e desenvolvimento do ser humano, com o intuito de estabelecer
aproximações e contribuições, principalmente, de Lukács e Vigotski articulados ao
ensino que é o objeto nuclear de estudo desta pesquisa.
Na análise documental, destacamos o documento que atualmente rege a
formação inicial de professores no Brasil, os que estabelecem as normas para o
estágio supervisionado nas instituições que serão campo de pesquisa e os projetos
político-pedagógicos dos referentes cursos de licenciatura selecionados como campo.
Teremos como campos de pesquisa relacionados a formação de professores, o curso de

2965
licenciatura da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás e o
curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Goiás
(ESEFEGO), ambas localizadas no campus Goiânia.

Terá como sujeitos alunos (as), que estão realizando a disciplina estágio
supervisionado e são vinculados à área da educação física escolar, professores (as)
da disciplina e coordenadores (as) de estágio. Um dos pontos de nossa escolha do
estágio supervisionado como um dos focos de análise advém da reflexão de que é
nesta etapa do processo formativo acadêmico que percebemos uma melhor
aproximação do trabalho como princípio educativo e a ênfase ao ensino e à didática.
Serão escolhidos dez alunos (as) de cada instituição, de acordo com disponibilidade,
interesse na discussão da educação física escolar e que pretende trabalhar em
escolas, sendo que utilizaremos como instrumentos para estes sujeitos o questionário
e algumas entrevistas semiestruturada. A análise metodológica fundamenta-se em
Franco (2012), na perspectiva da “Análise de Conteúdo”, que parte de uma
concepção crítica e dinâmica da linguagem, entendida como uma construção de toda
a sociedade e como expressão da existência humana, que, em diferentes momentos
históricos, elabora e desenvolve compreensões do real, estabelecendo elos entre
formas de expressão, pensamento e ação a partir da produção material da
vida social.

RESULTADOS/DISCUSSÃO

Esta sociedade constituída por contradições com preponderância da mais-


valia, hipervalorização de mercadorias como valor de troca e de uma formação
voltada para a propagação do homem mercantil, engendra a construção de
proposições ideológicas que passam a fundamentar determinadas concepções
científicas, filosóficas e pedagógicas sobre a atividade de ensinar distanciando a
formação de professores de educação física da importância que possui o aprender a
ensinar.
Nesse contexto, uma das contradições que implica na formação de
professores, na atualidade, é a afirmação da escola como uma instituição necessária
e para todos, mas ao mesmo tempo, a negação do conhecimento e das formas de
ensinar mais desenvolvidas, sistematizadas e complexas que poderiam,

2966
verdadeiramente, desenvolver o potencial humano e propiciar novos caminhos para
uma educação de gestão pública de qualidade verdadeiramente para todos.
Outra grande contradiçãoe dilemadocapital na relaçãoentreeducaçãoescolar e
a formação de professores é como educar a massa de trabalhadores, utilizando
a articulação entre ensino e trabalho docente, de forma suficiente para que reproduzam
mais mercadorias, conservem os valores e princípios dos ditames do capital e
incorporem as mudanças exploradoras do mercado de trabalho, mas de forma que o
trabalho educativo escolar efetivado pelo ensino não propicie a reflexão, a apropriação
crítica do mundo natural e social, a construção de novos atos conscientes de pensar e
agir no caminho da compreensão da realidade, das contradições e das possíveis
transformações? Ou seja, como ensinar o suficiente para reproduzir o capital, mas,
insuficientemente, para destruí-lo, ao mesmo tempo?
As proposições dessa conjuntura socioeconômica e as contradições que a
constituem acabam por negar a especificidade, a centralidade e a função social da
educação escolar, esfacelando as condições para a construção de uma atividade de
ensino de qualidade dentro de uma perspectiva verdadeiramente crítica. Porém, ao
mesmo tempo, propicia a identificação de problemas que podem direcionar-se a novos
caminhos contra-hegemônicos no campo do ensino. Um cenário problemático que,
para nós, manifesta-se, preponderantemente, na formação inicial de professores.
Consideramos que se faz urgente uma ‟guerra de posição” por meio de
pesquisas acadêmicas de qualidade, pautada por uma temática que aborde sobre as
contradições de determinados fundamentos filosóficos, científicos e ideopolíticos que
norteiam atualmente as concepções no campo do ensino que impedem ou influenciam o
processo de aprender a ensinar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

DAVYDOV, Vasili. La enseñanza escolar e o desarrolho psíquico. Moscu:


Editorial Progreso, 1988.
FRANCO, M. Análise de conteúdos. Brasília: Liber Livro, 2012.

GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. 8º ed. Rio de


Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
LUKÁCS, Gyorgy. Para uma ontologia do ser social. Volume 2. São Paulo,
SP: Boitempo, 2013.

2967
MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. São Paulo, SP: Boitempo,
2013. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do partido comunista. São Paulo,
SP. Ed. Boitempo, 2010.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2008.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-crítica: primeiras aproximações. 11. Ed.
Campinas, SP: Autores associados, 2012.
VIGOTSKY, Lev Semiónovich. A construção do pensamento e da linguagem. São
Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.

2968
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2969 - 2974

OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE EXTRAÇÃO DE FURANOCUMARINAS


NAS RAÍZES DE Brosimum gaudichaudii Trécul. (MORACEAE).

Rodrigues, Mariana Cristina Morais1a; Arruda, Rejanne Lima1b; Conceição, Edemilson

Cardoso1c;

Palavras-chave: Mama cadela; CLAE; Psoraleno; Bergapteno.

Introdução

A família Moraceae inclui aproximadamente 50 gêneros e 1.500 espécies. No Brasil


ela é representada por 27 gêneros e cerca de 250 espécies, incluindo árvores, arbustos, ervas
ou lianas, geralmente latescentes (JACOMASSI; MOSHETA; MACHADO, 2007). Esta
família contém espécies frutíferas com vários usos comerciais e alimentares, entre as quais
podemos destacar a Amora (Morus nigraL), o Figo (Ficus carica L), a Fruta-Pão (Artocarpus
altilis (Parkinson) Fosberg) e a Jaca (Artocarpus heterophyllus Lam) (CASTRO, 2006).
Brosimum gaudichaudii Trécul. é uma árvore pequena com o formato da folha entre
elíptica e lanceolada, cuja face abaxial apresenta pilosidade variável. Ademais, o
receptáculo floral é andrógino, globoso e pedunculado (CARAUTA; VIANA, 1977). De
acordo com Melo et al. (1998), os frutos maduros de B. gaudichaudii são amarelos, carnosos,
com tamanho médio, de quatro a cinco centímetros de diâmetro e devem ser colhidos no
período de setembro anovembro.
Dependendo da região onde ocorre, recebe diferentes nomes: aitá, amapá, apê,
algodão, algodãozinho, algodão do campo, apê do sertão, espinho de vintém, amoreira do
mato, conduri, conduro, conduru, inharé, inhoré, mamica-de-cadela,

1
Laboratório de Pesquisa Desenvolvimento e inovação de Bioprodutos/ Faculdadede Farmácia/UFG
a
marianacmfarma@gmail.com
b
rejanne.lima.arruda@gmail.com
c
ecardosoufg@gmail.com

2969
mama-cadela, manacá-do- campo, mamica-de-cachorro, mururerana e tapireí (POZETTI,
2005).
Tradicionalmente as raízes dessa planta são utilizadas como recurso terapêutico para
o tratamento de leucodermias e, em geral, a obtenção do material vegetal ocorre de forma
extrativista predatória (PALHARES et al., 2007).
Pozetti (2005) evidenciou que a raiz da planta Brosimum gaudichaudii Trécul é a
parte que contém maior concentração de substâncias fotossensibilizantes importantes contra
leucodermias. Essas substâncias pertencem à classe de metabólitos secundários denominados
furanocumarinas, e estes pertencem a um subgrupo de metabólitos secundários as cumarinas.
Eles têm origem natural e são encontrados principalmente em espécies das famílias
Apiaceae, Fabaceae, Moraceae, Rutaceae e Thymelaeaceae. No entanto, também podem ter
origem sintética.
As furanocumarinas são basicamente constituída pela condensação do anel furânico do
núcleo cumarínico e a posição onde ocorre a condensação determina se a furanocumarina é
angular ou linear. Dentre as lineares destaca-se o psoraleno e o bergapteno (RIBEIRO;
KAPLAN, 2002).
A extração dos marcadores ativos do material vegetal é um importante passo para o
desenvolvimento de um produto fitoterápico. Muitas variáveis podem influenciar no
rendimento de uma substância durante o processo de extração e desenvolvimento de um
extrato padronizado, dentre elas estão o estado de divisão da droga, a natureza, a concentração
do solvente, a temperatura, o método e o tempo de extração, o pH e a agitação. Portanto,
dependendo de como os extratos são preparados, as substâncias bioativas podem se
encontrar em maior ou menor concentração (CELEGHINI; YARIWAKE; LANÇAS, 2007).

Justificativa

O presente trabalho justifica-se por agregar conhecimentos relativos à esta espécie (B.
gaudichaudii Trécul.) ,bem como por fornecer informações que permitem o desenvolvimento
de insumos vegetais de qualidade e com maior aproveitamento dos recursos naturais, através
de otimização dos processos.

2970
Objetivos

Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo otimizar a melhor


proporção etanol:água para extração de furanocumarinas em raízes de Brosimum
gadudichaudii Trécul.

Metodologia

As raízes de B. gaudichaudii foram e coletadas na zona rural do Estado de Goiás


em dezembro de 2015, foram identificadas e uma exsicata foi depositada no herbário da
Universidade Federal de Goiás (nº 45517).
As amostras foram submetidas ao processo de secagem ao ar livre, foram
trituradas em moinho de facas de forma a obter partículas de aproximadamente 710
µm, e acondicionado ao abrigo de luz e umidade.

Sendo assim, um grama do pó obtido foi extraído com 10 gramas da mistura etanol:
água nas seguintes proporções em relação ao etanol: 0, 10, 20, 30, 40, 50,
60, 70, 80, e 96% (m/m).

A mistura foi colocada em ultrassom à temperatura ambiente, por 30 minutos. As


extrações foram feitas em triplicatas. O material foi diluído em metanol grau HPLC, filtrado e
analisado por CLAE/UV, segundo a metodologia desenvolvida por Martins et al. (2015).

Resultados

Através dos dados de área e sua aplicação na curva analítica das substâncias de
interesse, foram obtidos resultados de concentração dos compostos (psoraleno e bergapteno)
em mg do marcador por um grama de droga vegetal , os resultados encontram-se na
Tabela 1.
Verificou-se que a melhor proporção EtOH:H2O para extração tanto de psoraleno
como bergapteno nas raízes de Brosimum gaudichaudii Trécul foi 80:20, pois com esta
proporção foi possível obter maiores teores dos dois marcadores em questão.

2971
TABELA 1. Variação da concentração de psoraleno e bergapteno em diferentes
graduações alcoólicas.

Concentração EtOH:H2O [ ] de Psoraleno mg/g [ ] de bergapteno mg/g

0
0,86 mg 1,09 mg

10
1,08 mg 0,72 mg

20
1,63 mg 1,04 mg

30
2,44 mg 1,39 mg

40
3,30 mg 2,05 mg

50
4,36 mg 3,47 mg

60
3,62 mg 3,95 mg

70
2,77mg 3,35 mg

80
4,48 mg 6,25 mg

96
2,76mg 4,67 mg

*[ ] – concentração de psoraleno e bergapteno em 1 grama da droga vegetal.

2972
Conclusões

. A solução hidroalcoolica 80% m/m é o solvente extrator ótimo para extração de


furanocumarinas nas raízes B.gaudichaudii.

Referências

CARAUTA, J. P. P.; VIANNA, M. C. Brosimum Swartz (Moraceae) do estado do Rio de


Janeiro. In: Congresso Nacional de Botânica, 26, 1977, Rio de Janeiro. p.75- 89.

CASTRO, R. M. Flora da Bahia-Moraceae. 146 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) –


Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia.
2006.

CELEGHINI, R.M.S; YARIWAKE, J.H. ; LANÇAS, F.M. Otimização das condições de


extração hidroalcoólica das furanocumarinas de Dorstenia brasiliensis Lam. por maceração
com ultrassom e análise quantitativa por CLAE/UV e fluorescência. Rev. Bras. Pl. Med.,
Botucatu, v.9, n.2, p.61-66, 2007.

JACOMOSSI, E.; MOSHETA, I.S.; MACHADO, S.R. Morfoanatomia e histoquímica de


Brosimum gaudichaudii Trécul (Moraceae). Acta Botanica Brasilica, v. 21, n.3, p.575-597,
jun./nov. 2007.

MARTINS, F.S., PASCOA, H., PAULA, J.R., CONCEIÇÃO, E.C. Technical aspects
on production of fluid extract from Brosimum gaudichaudii Trécul roots.
Pharmacognosy Magazine. v.11, n. 41, p. 226-231,2015.

MELO, J. T.; SILVA, J. A.; TORRES, R. A.; SILVEIRA, C. E.; CALDAS, L. S. Coleta,
propagação e desenvolvimento inicial de espécies do cerrado. In: SANO, S. M.;
ALMEIDA, S. P. de. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1998, p.195-
243.

PALHARES, D.; PAULA, J. E.; PEREIRA, L. A. R.; SILVEIRA, C. E. S. Comparative


wood anatomy of stem, root and xylopodium of Brosimum gaudichaudii (MORACEAE).
International Association of Wood Anatomists Journal, v. 28, n. 1, p. 83-94, 2007.

2973
POZETTI, G.L; Brosimum gaudichaudii Trécul (Moraceae): da planta ao medicamento. Rev.
de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v.26, n.3, p.159-166, jul./mai., 2005.

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M.T. As pricipais fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: (ed)
SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. Cerrado ecologia e flora. Embrapa
Cerrados, Brasília, DF. v. 1, cap. 6, p. 153- 212, 2008.

2974
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2975 - 2982

RESISTÊNCIA FLEXURAL, MÓDULO DE ELASTICIDADE E CITOTOXICIDADE


DE RESINAS EMPREGADAS EM ORTODONTIA PARA LEVANTE DE MORDIDA

Maurício Guilherme LENZA1; Letícia Nunes de ALMEIDA1; Milena Moraes de Oliveira

LENZA1; Thaisângela Rodrigues Lopes e Silva GOMES2; Marize Campos Valadares

BOZINIS2; Marcos Augusto LENZA1; João Batista de SOUZA1

1Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Faculdade de Odontologia


2Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Faculdade de
Medicina

E-Mails: mauriciolenza@yahoo.com; leticia18odonto@gmail.com;


milenalenza@yahoo.com.br; thaisangela.rodrigues@gmail.com; mariza.avelino@gmail.com;
marcoslenza@gmail.com; jbs.ufg@gmail.com

Palavras-chave: Teste de Materiais; Propriedades Físicas; Materiais Biocompatíveis;


Ortodontia

Justificativa / Base teórica:

A movimentação ortodôntica ocorre devido à aplicação de forças exercidas aos dentes,


sendo que para toda força, existe sempre uma reação, que pode provocar movimentos
indesejados. Cabe ao ortodontista, antecipar os efeitos indesejados e impedir que os

mesmos aconteçam. Essa ação é denominada ancoragem.1

Quando os elementos de ancoragem são dentes que farão parte da oclusão final, deve-se
diminuir e quando possível evitar as reações indesejadas, neste contexto surge o conceito de

“vários dentes contra poucos”.2 Com isso, a oclusão desempenha um papel importante,

podendo atuar a favor ou contra a movimentação dentária,3 ou seja, quanto maior o contato
oclusal, mais difícil será movimentação dentária, da mesma forma, ao desocluir os dentes,

estes tendem a se movimentar mais rápido.3; 4

2975
Para desocluir os dentes, é necessário liberar a oclusão abrindo a mordida na região que
se pretende obter maior movimentação. Isto pode ser conseguido com acessórios
ortodônticos como bite turbos, ou com materiais da odontologia restauradora como o Cimento
de Ionômero de Vidro (CIV), compômeros ou resinas, aderidos na região oposta a que se

deseja movimentar.3; 4 (Figura 01)

Figura 1 - Resina TRIAD® aderida à oclusal dos dentes posteriores superiores do lado direito,
servindo como ancoragem neste lado e desocluindo o lado oposto para correção da mordida
cruzada unilateral do lado esquerdo. (Caso gentilmente cedido por Dr. Vinícius Póvoa)

Em contrapartida, quando o objetivo é conseguir máxima intercuspidação, visando


aumentar a estabilidade oclusal nos elementos de ancoragem, tem-se empregado esplintes de
resina para criar uma nova oclusão para o paciente. Este levante de mordida estabelece
mais áreas de contato, aumentando assim a carga oclusal naquela região e liberando a

oclusão dos demais dentes.3; 5

Quando o objetivo é apenas desocluir os dentes que serão movimentados, opta- se por
levantes oclusais lisos, confeccionados com CIV, compômeros ou resinas, aderidas

diretamente na oclusal dos dentes.3; 4; 6 Quando a ancoragem oclusal se faz necessária, os


levantes de mordida devem ser edentados, aumentando a superfície de contado dos elementos
de ancoragem, nestes casos opta-se por compósitos aderidos diretamente aos dentes ou

cimentados.3; 5; 7

Nos últimos anos, a resina provisória fotopolimerizável a base de dimetacrilato de

uretano (TRIAD® VLC Provisional Material - Dentsply International Inc. York, PA, EUA),
indicada originalmente para confecção de próteses provisórias, tem sido cada vez mais
empregada para confecção de esplintes ortodônticos aderidos diretamente à superfície oclusal

dos dentes.2; 3; 8 (Figura 1)

2976
O Dimetacrilato de Uretano (UDMA) é uma alternativa ao bisfenol Glicidil Metacrilato
(bis-GMA) devido sua viscosidade reduzida, aumento da quantidade de carga e maior

rigidez.9 A seleção dos materiais a serem empregados deve ser fundamentada nas vantagens e
desvantagens clínicas para cada indicação específica. Propriedades de manipulação,

biocompatibilidade, características mecânicas e físicas influenciam na sua seleção,10 porém


uma vez empregados em outras finalidades, o comportamento pode apresentar características
distintas daquelas a que foram originalmente concebidas e testadas.
Além disso, a lixiviação de monômeros e outros materiais presentes nestes polímeros,
para o ambiente bucal tem sido motivo de vários estudos, sendo considerados potenciais
causas de efeitos adversos como inflamações, respostas alérgicas, efeitos citotóxicos,

cancerígenos e genotóxicos.9; 10; 11; 12; 13

Desta forma, o material a ser utilizado na ancoragem ortodôntica permeia


considerações relevantes à indicação, limitações e propriedades mecânicas e biológicas.
Considerações essas que ainda necessitam de evidências científicas para corroborar com a
prática clínica a qual vem sendo empregada.

Objetivos:

O objetivo deste estudo foi avaliar características mecânicas e citotoxicidade da resina

provisória a base de dimetacrilato de uretano (TRIAD® VLC Provisional Material


- Dentsply International Inc. York, PA, EUA) e compará-la com outra resina de mesma
indicação (ORTHOBITE – FGM - DENTSCARE LTDA - Joinville, SC, Brasil).

Metodologia:

Foram testadas duas resinas (TRIAD® e ORTHOBITE), cujas especificações


comerciais estão dispostas na Tabela 1.

2977
Tabela1 – Especificações técnicas e características dos materiais testados

Material Cor Fabricante Lotes/ Composição


Validade
Dimetacrilato de uretano (30-60%),
Polimetilmetacrilato (30-60%),

TRIAD® Ivo 15120 Dimetildiclorossilano (5-10%), Dióxido de silício


ry 1A (5-10%), Etoxilado de trimetilolpropano triacrilato
Light 04/20 (5-10%), Oligômero de acrilato de uretano (1-5%)
Dentis 18 e Dióxido de titânio (<1%),
ply Dióxido de silício silanizado (50 - 65%), Uretano
26081 Dimetacrilato
FGM 5;

ORTHOBITE UV Dentsc 0312 (UDMA) (30-40%), Trietilenoglicoldimetacrilato

trace are 15 (TEGDMA) (10-

Ltda 08/20 15%), Monômero fosfatado metacrilato


17 (>2%),Fluoreto de sódio (>1%), Canforoquinona
12/20 (<1%) e Pigmento Fluorescente (,0,01%)
18

Para o ensaio mecânico, foram confeccionados 15 corpos de prova em matrizes de


silicone de condensação com dimensões de 25 mm de comprimento, 2 mm de largura e 2

mm de espessura conforme a determinação 4049 da ISO.14 Uma tira de poliéster transparente


foi colocada na superfície do molde e pressionada para que a amostra apresentasse uma
superfície lisa e com o mínimo de excessos. Após fotopolimerização dos bastões por 40
segundos, os excessos remanescentes foram removidos com lixa d´água nº 600 e nº 1200 até
obter-se as dimensões desejadas e verificadas com paquímetro digital (Mitutoyo, Japão) e
armazenadas em água destilada a 37º C por 24h antes de serem submetidas ao teste de flexão.

2978
As amostras foram submetidas ao teste de resistência à flexão de três pontos em
máquina de ensaio universal Instron 5965 (Instron Corp., Canton, EUA) a uma velocidade
de 0,5mm/min com incidência de 90º, utilizando uma célula de força de 2kN a uma
distância de aproximadamente 20 mm entre as extremidades das amostras no Laboratório de
Biomecânica da FO/UFG.
A força exercida foi registrada em N e a resistência flexural (𝜎) e o módulo de
3𝐹𝐿 𝐹𝐿 3 ” onde, “F” é
elasticidade (E) foram calculados pelas equações: “𝜎 = ” e“𝐸 =
2𝑏ℎ2 4𝑏ℎ3𝑑
a carga máxima aplicada, “L” é a distância entre os apoios, “b” é a largura no centro

da amostra, “h” é a altura no centro da amostra e “d” é a deflexão no ponto de carga.

O teste de citotoxicidade foi realizado no Laboratório de Tecnologia Farmacêutica

(FARMATEC) da FF/UFG de acordo com as normas 10993-5 da ISO,15 onde suspensão de


células L929 foram distribuídas em placas de cultivo celular de 96 poços, contendo 200 µl de
DMEM suplementado com 10% de SFB e 1% de antibiótico. As placas foram então incubadas
à 37ºC, em ar a 5% de CO2, por 24 h.
O experimento foi incubado por 24; 48 e 72 hs, em contato direto com corpos de prova
das resinas já polimerizadas, nas dimensões de 4 mm de diâmetro e 2 mm de altura. Após o

período de incubação adicionou-se 10 μL do corante MTT (Sigma®) e as células foram


novamente incubadas por mais 2 h e 40 min. Em seguida, o meio foi retirado, transferido para

uma placa de leitura e adicionado 100 μL de dimetilsulfóxido (DMSO, Sigma®) para


solubilização dos cristais. As placas foram agitadas durante 15 minutos a 25 RPM e a
absorvância correspondente a cada amostra foi medida no leitor de ELISA a 560 nM. A

absorvância obtida das células controle, foi considerada como 100% de viabilidade celular.16
Para os valores de viabilidade celular (VC) foi realizado o cálculo da média da densidade
óptica de cada diluição e do controle celular; subtraiu-se dessas médias o valor de
absorvância do branco e posteriormente calculou-se a viabilidade celular
�𝑂�
média pela equação: 𝑉𝐶 = 𝑥 100, sendo, “DOD” a média da densidade óptica da
�𝑂�
diluição e “DOC” a média da densidade óptica dos controles.

2979
Os resultados de resistência flexural e módulo de elasticidade foram submetidos ao teste t
de Student e o teste de citotoxicidade foi submetido ao teste ANOVA e Bonferroni com nível
de significância de 5%. (SPSS, 21.0, 2012, Chicago, IL, USA)

Resultados

A resistência flexural variou de 55,31 a 123,30 MPa, sendo a maior resistência à flexão
encontrada no grupo da resina ORTHOBITE (98,03 ± 18,11), seguida pela TRIAD (67,95
± 12,05) com diferença significante entre as médias (p<0,05).

Os valores do módulo de elasticidade variaram entre 1,03 e 9,95 GPa, sendo o maior
módulo de elasticidade encontrado também no grupo da resina ORTHOBITE (7,55 ± 1,25),
seguida pela TRIAD (1,64 ± 0,33) com diferença significante entre as médias (p<0,05).

Quanto a citotoxicidade, o ensaio colorimétrico MTT demonstrou inibição/morte celular


para as duas resinas avaliadas. Utilizando a absorvância obtida das células controle como 100%
de viabilidade celular, os poços contendo as resinas TRIAD apresentaram os valores médios de
2,71%; -2,77% e -0,30% para 24; 48 e 72 hs respectivamente. Da mesma forma, os poços
contendo as resinas ORTHOBITE apresentaram valores médios de 4,05%; -1,21% e 0,92%.
Quando comparados ao controle, essa diferença é estatisticamente significante (P<0,05), porém
quando comparadas entre si, as mesmas não apresentaram diferença (P=1,00).

Com as limitações dos estudos in vitro, este estudo piloto aponta necessidades de novos
estudos laboratoriais e in vivo para conhecer melhor o desempenho mecânico e citotoxicidade
dessas resinas utilizadas na prática ortodôntica.

Conclusões

Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, pode-se concluir que,
embora utilizadas clinicamente com o mesmo propósito, as resinas estudadas possuem
características mecânicas diferentes.

As resinas ORTHOBITE apresentaram maior resistência flexural e maior módulo de


elasticidade que as resinas TRIAD.

O ensaio de citotoxicidade demonstrou características de inibição/morte celular nas


duas resinas avaliadas, sem apresentar diferenças entre elas.

2980
Referências1

1 FELDMANN, I.; BONDEMARK, L. Orthodontic anchorage: a systematic review. Angle

Orthod,
v. 76, n. 3, p. 493-501, May 2006.

2 MELSEN, B.; VERNA, C. Anchorage Problems. In: MELSEN, B. (Ed.). Adult


Orthodontics: Wiley, 2012. cap. 8, p.132-162.

3 FIORELLI, G.; MELSEN, B. Occlusion management in orthodontic anchorage control. J


Clin Orthod, v. 47, n. 3, p. 188-97, Mar 2013.

4 TZATZAKIS, V.; GIDARAKOU, I. K. A new clinical approach for the treatment of


anterior crossbites. World J Orthod, v. 9, n. 4, p. 355-65, Winter 2008.

5 MELSEN, B.; BOSCH, C. Different approaches to anchorage: a survey and an


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Angle Orthod, v. 67, n. 1, p. 23-30, 1997.

6 MCLAUGHLIN, R. P.; BENNETT, J. C.; TREVISI, H. J. Arch leveling and overbite


control. In: (Ed.). Systemized Orthodontic Treatment Mechanics: Mosby, 2001. cap. 6,
p.129-159.

7 MELSEN, B.; VERNA, C. A rational approach to orthodontic anchorage. Progress in


Orthodontics, v. 1, n. 1, p. 10-22, 2000.

8 GODTFREDSEN LAURSEN, M.; MELSEN, B. Multipurpose use of a single mini-


implant for anchorage in an adult patient. J Clin Orthod, v. 43, n. 3, p. 193-9; quiz 184,
Mar 2009.

9 POPLAWSKI, T. et al. Genotoxicity of urethane dimethacrylate, a tooth restoration


component.
Toxicol In Vitro, v. 24, n. 3, p. 854-62, Apr 2010.

2981
10 BURNS, D. R.; BECK, D. A.; NELSON, S. K. A review of selected dental literature on
contemporary provisional fixed prosthodontic treatment: report of the Committee on
Research in Fixed Prosthodontics of the Academy of Fixed Prosthodontics. J Prosthet
Dent, v. 90, n. 5, p. 474-97, Nov 2003.

11 AUSIELLO, P. et al. Cytotoxicity of dental resin composites: an in vitro evaluation. J


Appl Toxicol, v. 33, n. 6, p. 451-7, Jun 2013.

12 GUPTA, S. K. et al. Release and toxicity of dental resin composite. Toxicol Int, v. 19, n.
3, p.
225-34, Sep 2012. ISSN 0971-6580

13 VAN LANDUYT, K. L. et al. How much do resin-based dental materials release? A


meta- analytical approach. Dent Mater, v. 27, n. 8, p. 723-47, Aug 2011.

14 INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Dentistry —


Polymer-based
filling, restorative and luting materials. ISO 4049. 2000.

15 INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. Biological


evaluation of medical devices - Part 5: Tests for in vitro cytotoxicity. ISO 10993-5. 2009.

16 MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to
proliferation and cytotoxicity assays. J Immunol Methods, v. 65, n. 1-2, p. 55-63, Dec 16
1983.

1 Referências segundo ABNT, ordem de citação. Abreviaturas de periódicos segundo Medline.

2982
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2983 - 2987

A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO E DA ATMOSFERA DOS JOGOS DE TERROR:


ANÁLISE DA INTERTEXTUALIDADE DOS RECURSOS ESTÉTICOS E DA
CONSTRUÇÃO DO MEDO A PARTIR DESSES ASPECTOS.

Murilo Gabriel Berardo Bueno, aluno de doutorado do Programa de Pós Graduação em


Performances Culturais da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da Universidade
Federal de Goiás, murilobuenomestre@gmail.com; Daniel Christino, orientador do
trabalho e professor doutorado do Programa de Pós Graduação em Performances
Culturais da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da Universidade Federal de
Goiás, dchristino@gmail.com

Agência de Fomento: FAPEG.

Palavras-chave: videogame; terror; espaço; performancesculturais.

A presente tese de doutorado propõe uma análise em profundidade de como o


espaço virtual nos jogos de videogame é construído e de que forma a atmosfera é
estruturada com o uso dos elementos estéticos no intuito de despertar significações e
sensações de medo nos jogadores.
A relevância da proposta se dá pela investigação e discussão do assunto e por
trazer à tona um tema presente no imaginário coletivo, pois os livros, e filmes do
gênero de terror marcaram época, sendo transferidos para os jogos e, a partir da
inserção de narrativa, melhorados em aspectos gráficos e imersivos.
Assim, o desenvolvimento da tese de doutorado se realiza a partir de alguns
vieses principais: a análise da construção do espaço, que se inicia com uma revisão
bibliográfica acerca dos diversos tipos de espaço, desde a filosofia e a matemática,
perpassando a biologia até que se chegue em uma ideia de espaço como algo
percebido pelo indivíduo e suas subjetividades e tonalidades afetivas.
Nesse sentido, observa-se a construção do ambiente virtual dos jogos de
videogame enquanto locais de interação imaginativa que se valem de aparatos
tecnológicos e representacionais a fim de possibilitar interpretações
conscientes e subjetivas do usuário por meio da interatividade.

2983
A verificação de possibilidades híbridas de linguagens, da construção do discurso visual e
da estrutura narrativa constituem objeto de investigação complementar que oportuniza a
percepção de como a atmosfera de terror se constitui nos jogos.
A proposta é compreender a partir de análise como a aglutinação de
diversas linguagens e estilos recriam o gênero nos jogos a fim de proporcionar ao
espectador e aos envolvidos no processo uma experiência imersiva com ênfase nos
elementos narrativos e estéticos por meio da combinação dos aspectos visuais e sonoros
antigos com estruturas contemporâneas de significação.
Após o delineamento do tema e objeto de estudo, chegou-se a um problema de
pesquisa, pensado a partir da seguinte reflexão: O presente trabalho se propõe a
compreender de que forma os símbolos e recursos estéticos presentes nos jogos de
videogame de terror são construídos e criam uma atmosfera e uma ambiência de medo.
Para tanto, a pesquisa irá responder as seguintes questões:
De que forma o espaço é construído dentro dos jogos escolhidos como objeto
de análise e como os recursos audiovisuais são trabalhados em seus aspectos de
linguagem e narrativa a fim de criar uma atmosfera que constrói uma ambiência e
uma tonalidade afetiva de medo?
Algumas questões secundárias auxiliarão no processo de análise: Como a
recriação do gênero de terror, a partir da influência de várias artes como o teatro, a
pintura e o cinema se dá no universo do videogame por meio da linguagem e da
estética e de que forma consegue construir um clima emocional imaginativo que faz
com que o jogador se identifique e sinta as emoções do jogo?
Qual o papel do ritual performático do jogo e quais os aspectos simbólicos do
imaginário acerca do fantástico e sobrenatural que propiciam a transformação do
espaço em um ambiente misterioso e ameaçador?
Como a inserção de uma narrativa híbrida poderá criar diferentes possibilidades
e significações no processo de adaptação, a partir dos meios estéticos?
As perguntas acima são respondidas durante a pesquisa, que tem como objetivos
gerais:

2984
1. Analisar a construção do espaço e da atmosfera dos jogos de terror escolhidos
como objeto de análise.
Os objetivos específicos, pontos norteadores para se chegar nos objetivos gerais,
foram estruturados da seguinte forma:
1. Verificar como os espaços são construídos e de que forma se propõem a
interagir com o espectador e representar ambientes de medo.
2. Fazer uma análise dos elementos estéticos (objetos de cena, cores, recursos
de luz e sombra, figurinos dos personagens, linguagem de câmera e trilha
sonora) a fim de descobrir de que forma contribuem para a criação e
consolidação do clima de terror nos jogos analisados.
3. Investigar os aspectos narrativos presentes no desenvolvimento dos jogos e
como as histórias e suas possibilidades são apresentadas.
Com base nessa evolução dos meios e linguagens, a proposta da presente
pesquisa de doutorado é de investigar o espaço e atmosfera dos jogos de terror
contribuem para a transformação do espaço aonde se desenvolve uma performance de
medo e assume-se um estado definido por TURNER (1974). Na antropologia e no
teatro esse estágio de consiste em um momento onde o indivíduo deixa a sua
identidade temporariamente e nesse momento de suspensão assume outro papel ou
personalidade, mas ao mesmo tempo continua com características do seu eu, mesmo
que como espectador.

Para desenvolver a proposta da tese de doutorado, o trabalho ocorrerá no campo


das performances culturais, da filosofia, a partir da análise da construção do espaço, da
pesquisa dos estudos das narrativas híbridas, da linguagem cinematográfica, da
análise semiótica, com aporte complementar da psicologia Junguiana.
A pesquisa, de caráter descritivo, exploratório pretende, a partir de uma análise,
investigar os elementos simbólicos significantes do espaço e da atmosfera na
construção do medo dentro dos jogos.
Como autores, no que tange aos estudos das performances culturais, dos
processos rituais e transformação do espaço serão utilizados autores como

2985
Dawsey (2007), Gennep (2011), Goffman (2009), Richard Schechner (1974), Victor
Turner (1985); no observação da linguagem cinematográfica foram escolhidos
Christian Metz (1974), Marcel Martin (2003), Martine Joly (2004), Andre
Gaudreault e François Jost (2010), Selma Oliveira (2007) e Vanoye e Goliot-Leté
(1994).
Como autores complementares, com uma bibliografia de estudos sobre arte,
estética e sua relação com audiovisual, serão utilizados as referências de luz e sombra
de Bertran Lira (2013), os conceitos de estética de Luigi Pareyson (2001), as
referências de jogos, sociedade e transmídia de Luiz Adolfo de Andrade (2012), os
postulados teóricos sobre artes, jogos e sociedade de Francisco Carlos de Carvalho
Marinho (2012) e por fim, a proposta de interfaces entre mídias de Alan Richard da Luz
(2010).
Como método de trabalho, será feita uma análise dos jogos de terror no que
tange a construção do espaço e suas transformações, estruturação da atmosfera por
meio dos elementos estéticos e caracterização dos personagens que auxiliam na
estimulação do sentimento de medo característico do terror.
Todo esse processo deverá ser capaz de responder as questões problema e
averiguar as hipóteses levantadas. Assim, a pesquisa se propõe a investigar a
significação de cada elemento simbólico dos jogos, dos recursos da mise-en-scène
que os constituem bem como sua relevância na construção de atmosferas e narrativas. A
fim de compreender o conteúdo simbólico implícito em cada recurso estético, serão
utilizadas como aporte teórico complementar as definições de Jung, dentro da teoria
dos arquétipos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2987
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2988 - 2992

MULTINACIONAIS BRASILEIRAS DA CARNE: A ESTRATÉGIA ESPACIAL DE


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR FRIGORÍFICO
E SUA ORGANIZAÇÃO EM REDE

Onofre Pereira AURÉLIO


NETO Tadeu Alencar ARRAIS
Programa de Pós-Graduação em Geografia Instituto
de Estudos Socioambientais – IESA/UFG
aurelioneto7@hotmail.com
tadeuarraisufg@gmail.com

Órgão Financiador: CAPES

Palavras-chave: Indústria frigorífica. Multinacional. Internacionalização. Rede.

O surgimento de multinacionais brasileiras é um fenômeno recente que requer novos


estudos para conhecermos suas estratégias espaciais, suas trajetórias de
internacionalização e as estruturas organizacionais em rede. As empresas JBS S.A., Marfrig
Alimentos, BRF (Brasil Foods) e Frigorífico Minerva são exemplos de indústrias do ramo
alimentício que passaram a operar fora de seu território nacional, com ênfase no
processamento de carnes (bovina, ave, suína ou ovina), estando entre as maiores
multinacionais brasileiras atualmente, quer seja pelo volume de operações, faturamento ou
mesmo pela dispersão geográfica.
Selecionamos as empresas citadas acima para realizarmos estudo de caso e
aprofundarmos esta pesquisa no âmbito da Geografia Econômica. Para tanto, abordamos a
relação entre agropecuária e indústria frigorífica, com enfoque no atual contexto econômico
de projeção do agronegócio brasileiro no espaço internacional e de organização em rede de
empresas multinacionais. Visamos compreender a produção do espaço geográfico a partir da
estratégia espacial de internacionalização de indústrias frigoríficas para operar em mercados
externos, a fim de driblar barreiras tarifárias e não-tarifárias, obter maior proximidade do
mercado alvo e incrementar sua área de atuação.

2988
Para tanto, levantamos duas hipóteses: 1) Quanto mais restrições grandes mercados
externos impõem à comercialização de carnes produzidas no Brasil, maior o interesse de
empresas brasileiras em implantar filiais nesses países, adquirindo unidades de produção e
escritórios comerciais, para alcançar esses mercados supostamente protegidos por barreiras
comerciais e técnicas. 2) As filiais das multinacionais selecionadas são nós de suas redes
industriais globais que permitem a captação de vantagens locacionais e garantem participação
no mercado onde estão localizadas, podendo servir como plataformas de (re)exportação.
Nosso arcabouço teórico contempla a teoria da “globalização”, “internacionalização”
e “organização em rede", o que permitiu a elaboração de uma nova proposta de análise de
multinacionais de país emergente, em suas múltiplas dimensões. Entre os autores
abordados para discutir o processo de globalização, podemos citar Benko (2002), Dicken
(2011), Haesbart (2001) e Santos (2015). Na abordagem do processo de internacionalização
de empresas selecionamos Chesnais (1996), Dunning (2013), Johanson e Vahlne (1977),
Johanson e Wiedersheim-Paul (1975), Sposito e Santos (2012) etc. Enquanto a abordagem
sobre redes industriais e organização em rede foi fundamentada nos trabalhos de Castells
(2012), Corrêa (2012), Häkansson e Snehota (2006), Johanson e Vahlne (2009).
Nosso objetivo geral é compreender o processo de internacionalização das
multinacionais brasileiras do setor frigorífico desde sua territorialidade nacional, passando
por sua fase de exportação e dispersão geográfica em mercados externos, até sua
organização em rede global, com ênfase nos anos de 2000 a 2016, entendendo esse processo
como uma estratégia espacial a partir da reestruturação produtiva e geográfica.
Tendo os seguintes objetivos específicos: 1) Propor um modelo de investigação
analítica de multinacionais emergentes a partir do arcabouço teórico sobre globalização,
internacionalização e organização em rede, de modo a sistematizar seus aspectos mais
relevantes em uma perspectiva multidimensional; 2) Averiguar a territorialidade nacional do
setor frigorífico brasileiro diante das multinacionais estrangeiras, e sua reestruturação
produtiva e geográfica para atender as exigências do mercado global, a partir das inovações
técnicas ocorridas no espaço rural, e as mudanças no processamento da carne pela indústria
frigorífica; 3) Examinar a reestruturação geográfica das empresas JBS-Friboi, Marfrig, BRF
e Minerva fora do seu território nacional como uma estratégia espacial de
internacionalização que favorece a competitividade por operar dentro ou próximo do
mercado-alvo, ampliando suas participações em mercados externos apesar das barreiras
comerciais existentes; 4). Investigar a forma de organização espacial das multinacionais
brasileiras do setor frigorífico, a partir de suas redes geográficas, e se essa estrutura favorece
a matriz utilizar as filiais para estabelecer diferentes estratégias ofensivas ou defensivas de

2989
mercado.
A metodologia a ser utilizada fundamenta-se em revisão bibliográfica, levantamento
de dados secundários e informações das empresas JBS S.A., BRF (Brasil Foods), Marfrig
Alimentos e o Frigorífico Minerva. Utilizamos de análise documental sobre barreiras
comerciais no mercado internacional de carnes. Por sua vez, o estudo de caso baseou-se nos
relatórios anuais das empresas, dados secundários e aplicação de questionário estruturado
às sedes das multinacionais brasileiras do setor frigorífico, o que viabilizou uma melhor
compreensão do processo de internacionalização de empresas de paísemergente.
A coleta de dados secundários pautou-se em consultas nos sites das empresas,
estatísticas oficiais de governo e instituições de pesquisa, no levantamento de informações
em revistas especializadas, jornais e artigos científicos. Entre os dados secundários
consultados temos o Censo Econômico e Censo Industrial, a Pesquisa Pecuária Municipal e
o Produto Interno Bruto, provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE); dados do BACEN (Banco Central do Brasil) sobre investimento direto estrangeiro
no Brasil; dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
sobre o volume das exportações de carnes; e da USDA (United States Department of
Agriculture) sobre exportação de carne e principais mercados produtores e consumidores no
mundo etc.
Os resultados demonstram que o processo de internacionalização resulta em
alterações no uso do espaço, com implicações tanto na fase de exportação, quanto na fase de
abertura de escritórios comerciais e localização de filiais (subsidiárias) fora do território
nacional, ou seja, desde a primeira etapa da internacionalização até o último passo deste
processo, de acordo com a teoria de internacionalização de Johanson e Vahlne (1977), e
Johanson e Wiedersheim- Paul (1975). No caso das multinacionais brasileiras do setor
frigorífico, todas as quatro empresas selecionadas iniciaram seus processos de
internacionalização pela exportação.
O forte protecionismo dos países desenvolvidos, como afirmam Bender Filho e
Alvim (2008), dificulta as exportações de carne provenientes do Brasil. Para esses autores,
somente a eliminação das barreiras não tarifárias e reduções nas
tarifas e
nos subsídios provocariam um aumento considerável nas exportações desta commodity;
sendo necessário o estabelecimento de acordos multilaterais, pelos quais a produção e as
exportações brasileiras teriam livre acesso aos mercados de países altamente protecionistas,
como os norte-americanos, europeus easiáticos.
Uma alternativa encontrada pelas empresas brasileiras para expandir sua área de

2990
atuação (market share) no mundo tem sido a implantação de escritórios comerciais e a
implantação de unidades de abate e processamento fora do território nacional, ou seja, o
investimento direto estrangeiro (IDE). Assim, avançam no processo de internacionalização
após terem adquirido experiência com a exportação de seus produtos.
A internacionalização está relacionada ao processo de globalização, com a abertura
de mercados para o capital internacional, formação de blocos econômicos e a expansão
geográfica de empresas para fora do seu território nacional. A formação do MERCOSUL,
por exemplo, potencializou a internacionalização de empresas brasileiras. As multinacionais
brasileiras do setor frigorífico se encontram dispersas geograficamente nos cinco
continentes, atuando em mais de 100 países; para tanto, organizaram-se em redes com
divisão territorial do poder (comando) e do trabalho (atividade), sendo os centros ao mesmo
tempo hierarquizados e complementares entre si, com interações espaciais.
A forma de organização das grandes corporações multifuncionais e multilocalizadas,
conforme Corrêa (2012, p. 212), pode ser denominada de “rede geográfica de
corporação”, com uma divisão territorial do trabalho, em que cada centro especializa-se em
um dado papel. Alguns dos centros da rede de corporação desempenham funções de
produção de matéria-prima, processamento ou industrialização, outros têm funções
atacadistas, com estocagem de produtos, uns são representações comerciais entre outras
funções, enquanto a sede exerce o controle sobre todos os outros integrantes da rede.

Referências bibliográficas

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os efeitos da eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias. Revista de Economia e
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2992
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2993 - 2998

PENSAMENTO GEOGRÁFICO: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE


CARTOGRAFIA COM ALUNOS SURDOS

Pedro Moreira dos SANTOS NETO. Universidade Federal de Goiás. Instituto de Estudos
Socioambientais. Programa de Pós-Graduação em Geografia. Nível Doutorado.
pedromoreirasn@gmail.com. Bolsista CAPES.

Palavras-chave: Libras, Mapas, Lugar, Espaço Geográfico

Justificativa/Base teórica

Esta pesquisa é esboço da Tese que versa desenvolver as possibilidades da Geografia


para a construção da autonomia socioespacial a partir do conceito de Lugar, tendo os níveis de
apropriação e produção cartográfica na perspectiva do espaço vivido, percebido e concebido,
pelos alunos surdos regularmente matriculados no Ensino Médio do Centro Educacional de
Apoio ao Deficiente Auditivo (Escola Especial) e da Escola Estadual André Avelino
Ribeiro (Escola Inclusiva), ambas localizadas em Cuiabá-MT.
Assim, neste resumo expandido, pretende-se contextualizar o pensamento geográfico
valorizando as bibliografias de Claval (2010), Corrêa (2012), Gomes (2013), Moraes (1989;
2014) e o ensino de Geografia na relação com a cidade e Cartografia a partir das obras
de Castro (1995), Cavalcanti (2012) e Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009). Diante do
exposto, busca-se contextualizar o movimento de construção e consolidação da Geografia,
dialogando a categoria Espaço Geográfico com a Geografia Tradicional, Quantitativa,
Crítica, Humanista e Cultural, evidenciando como esta categoria foi sendo desenvolvida nos
diferentes momentos das “geografias” supracitadas e os métodos que as fundamentaram.

Objetivos

Apreciar a relação entre a Geografia e a Língua Brasileira de Sinais (Libras),


identificando as potencialidades entre elas, pois a Geografia (ciência de dimensão
socioespacial) e a Libras (linguagem visual espacial) se comunicam no viés cartográfico,
entendendo o mapa nessa pesquisa como linguagem, representação e comunicação. Portanto,
a Cartografia como mediação entre a Geografia e a Libras para desenvolver a categoria de

2993
análise Espaço Geográfico e o conceito de Lugar a partir da realidade concreta dos alunos
surdos.

Metodologia

A pesquisa está balizada em três eixos centrais que estão permanentemente


articulados, sendo o primeiro eixo chamado de pedagógico, onde serão analisados os Projetos
Político Pedagógico das unidades escolares de rede básica estadual mato- grossense
supracitadas, assim como também as aulas de Geografia, vislumbrando compreender como os
professores ensinam a categoria de análise Espaço Geográfico, o conceito Lugar e a
Cartografia.
O segundo eixo é o político institucional, onde serão analisados os instrumentos
jurídicos que regulamentam a Libras e o profissional Tradutor Intérprete da Libras. Já o
terceiro eixo é a pesquisa prática geográfica com os alunos surdos, onde buscaremos por
meio de observações, oficinas, minicursos e regências identificar quais são as dificuldades
dos alunos e professores na construção coletiva do conhecimento geográfico, igualmente,
identificando os níveis de apropriação da cartografia pelo aluno surdo, partindo da produção
de mapas mentais e do conhecimento espacial da cidade de Cuiabá-MT, vislumbrando a
construção da autonomia socioespacial a partir do cotidiano e da Geografia.

Resultados/Discussão

O professor não deve somente entender a Geografia, mas também ter o domínio
e compreensão da constituição dela enquanto ciência, saber minimamente os princípios da
Geografia para o desenvolvimento das pesquisas geográficas, tornando fundamental a leitura
dos clássicos, pois os princípios da Geografia não mudaram. Segundo Cavalcanti (2012)
saber o conteúdo a ser ensinado não é suficiente, mas condição mínima. Não se pode ser
professor sem domínio pleno de conteúdo disciplinar. O domínio que dá ao professor mais
autonomia para compor o conteúdo escolar a ser trabalhado com os alunos.
Para Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009), o professor precisa dominar os
documentos diversificados que sustentaram a constituição do saber geográfico. O
professor precisa compreender a Geografia para se tornar um professor de Geografia, tendo o
entendimento das categorias e conceitos, correlacionando com os problemas espaciais que
dizem respeito ao cotidiano dos alunos.
É preciso que o professor saiba que a Geografia se consolidou enquanto ciência a
partir das obras de Alexander von Humboldt e Karl Ritter que são considerados os pais da

2994
Geografia Moderna, e que antes deste período, a Geografia era considerada como
conhecimento. Mesmo após a consolidação da Geografia Moderna nos séculos XVIII e
XIX, ela passou por diversas transformações no século XX, principalmente nos anos de 1950-
1970 com as Geografias Quantitativa, Crítica, Humanista e Cultural, perpassando por
diferentes métodos e conceitos-chave que sustentaram sua base epistemológica.
De acordo com Moraes (2014, p. 17), “O rótulo Geografia é um dos mais
antigos e difundidos na história do conhecimento ocidental, remontando à Antiguidade
Clássica.” O significado etimológico da palavra Geografia é “Descrição da terra”.
Segundo Claval (2010), a Geografia do século VI a.C. tinha tripla ambição: resolver os
problemas de orientação, realizar descrições dos países e descrever a diversidade da superfície
terrestre, atrelado aos conhecimentos da Astronomia e Geometria. Então, a Geografia
estava preocupada em descrever a superfície terrestre, sendo considerada prática comum de
todos os homens, importante saber para os viajantes na condição de localização.
Na Grécia, nos séculos IV e III a.C. o conhecimento geográfico teve importante avanço,
de acordo com Claval (2010), o conhecimento da longitude e latitude permitiu localizar pontos
na superfície terrestre, porém ainda carecia melhorar a precisão e foi nesse momento que a
Geografia vislumbrou preocupação quanto a precisão das localizações e a representação da
Terra.
Ao passar dos anos, ao final dos séculos XV, XVI e meados do século XVII, com o
aperfeiçoamento da bússola, das expansões territoriais por meio das grandes navegações
marítimas e anexação de novas áreas, a Geografia vai se consolidando como conhecimento
fundamental para o reconhecimento do globo. Segundo Moraes (1989), a gênese da Geografia
Moderna necessitou uma série de condições históricas para objetivar-se, se construindo no
movimento do modo de produção capitalista, tendo a necessidade de conhecer o efetivo de
todo planeta que estava se estabelecendo por meio da expansão mercantil, viagens de
circunavegação e expedições.
Diante do exposto, o conhecimento base da Geografia pré-científica que a
sustentou foi se transformando e ganhando outros conteúdos que precisavam responder
questões sobre a relação homem-natureza e a lógica da circulação, era preciso aprofundar
nos estudos teóricos entre a superfície da Terra e a diferenciação dos lugares. Segundo
Moraes (1989), as publicações de Humboldt e Ritter foram desenhando a Geografia
Moderna. A partir das suas obras surgiram as primeiras

2995
tentativas de definir o objeto da Geografia e sua sistematização no século XVIII, ainda pautada
na metodologia descritiva, porém diferente daquelas da antiguidade que estavam limitadas as
enumerações de alguns componentes presentes na superfície terrestre.
Cada pensador contribuiu para a sistematização da Geografia. Humboldt a partir das
descrições das inúmeras expedições realizadas pela África, Europa, Ásia e América Latina
contribuindo para Geografia Física, igualmente, Ritter ao estudar a relação entre a superfície
da Terra, a natureza e os seres humanos, contribuindo para Geografia Humana, sendo
considerados os pais da Geografia Moderna e, para Moraes (2014) a Geografia é produto
daquele período histórico, portanto, da modernidade.
Nota-se que nesse breve contexto histórico da Geografia, o que efetivamente vai
diferenciar a Geografia pré-científica da Geografia Moderna é a inserção da sociedade
enquanto objeto de estudo na relação com a superfície terrestre. Segundo Corrêa (2012, p.16),
a Geografia “é objetivada via cinco conceitos-chave que guardam entre si forte grau de
parentesco, pois todos se referem à ação humana modelando a superfície terrestre: paisagem,
região, espaço, lugar e território”.
Para Corrêa (2012), na Geografia Tradicional o espaço não era constituído um
conceito, diferente dos conceitos de paisagem, região e território que eram privilegiados,
muito por conta do discurso nacionalista e de expansão territorial vigente na época. O Espaço
aparece pela primeira vez como conceito-chave na Geografia Quantitativa, porém restrito a
localizações e distâncias, reduzindo o conceito de região para um processo de classificação de
unidades espaciais, nesse período (anos de 1940/50) buscava-se modelos matemáticos para
“o fazer ciência”, fundamentado no positivismo lógico.
Nas décadas de 1960/70, surge a Geografia Crítica embasada no materialismo
histórico e na dialética, tendo como conceito-chave o Espaço Geográfico, porém muito
distinto do que foi proposto pelas geografias anteriores, considerando e valorizando a
dimensão social do espaço. Ainda na década de 1970, com a Geografia Humanista e Cultural
calcadas na fenomenologia e no existencialismo, o conceito de Espaço Geográfico para
muitos autores adquire o significado de espaço vivido e o conceito-chave passa a ser o
Lugar, valorizando a subjetividade, desejos, sentimentos, vontades e anseios dos sujeitos.

2996
Conclusões

O professor de Geografia ao compreender sua ciência, estará em melhores condições


para trabalhar com seus alunos. Um dos caminhos que o professor de Geografia poderá
trabalhar com os alunos surdos é a Cartografia, pois segundo Castro (1995), a Cartografia
é um instrumento importante para análise espacial, desse modo, ela representa a realidade,
porém não é o real, é um instrumento para pensar o real. Contudo, o exercício de produção
do mapa pelo aluno surdo a partir do seu cotidiano permite compreender o movimento da
realidade e a interpretação do lugar cartografado. Assim, a representação é um caminho para
entender o real, mas o real só poderá ser entendido na consideração das relações sociais
presentes nesse real.
Ao produzir o mapa, o aluno surdo expressa sua realidade e representa o seu mundo a
partir do seu olhar geográfico, vislumbra-se com isso, ir para além das representações,
pois o objetivo final não é a produção cartográfica, mas sim desenvolver a autonomia
socioespacial do aluno surdo a partir da sua apropriação espacial. De acordo com Gomes
(2013, p. 9), “Podemos aprender com as imagens, podemos compreender com elas.”, a
imagem enquanto linguagem, representação e comunicação ganham significados para pensar
o espaço geográfico

Referências

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César da Cost; CORRÊA, Roberto Lobato. (Orgs.) Geografia: Conceitos e temas. Rio de
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Tempo (Online), São Paulo, v. 18, n. 1, p. 9-39, 2014.

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Para Ensinar e Aprender Geografia. 3ª ed. – São Paulo: Editora Cortez, 2009.

2998
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 2999 - 3005

Desenvolvimento e Caracterização de Nanoemulsão de Àcido Alfa-Lipóico recoberta


com Ácido Hialurônico Direcionada aos Queratinócitos

Percília de Andrade LUCENA, Larissa Cleres MOREIRA, Fabiana Vaz TOSTA,


Marilisa Pedroso Nogueira GAETI; Marize Campos VALADARES, Eliana Martins
LIMA

Programa de Pós-graduação em Ciências da Sáude

Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica e Sistemas de Liberação Controlada de


Fármacos – FarmaTec – Faculdade de Farmácia - UFG percilia1986@gmail.com,
emlima@ufg.br

Palavras-chaves: Ácido Alfa-Lipóico, Queratinócitos, Nanoemulsão, Nanosistemas.

INTRODUÇÃO: O ácido alfa- lipóico (ALA) exibe propriedades anti-oxidantes por


meio da eliminação das espécies reativas de oxigênio (EROs). Esse composto tem o poder de
proteger biomembranas contra danos induzidos por stress oxidativo e ainda preservar
algumas células contra a morte programada (FUJITA et al., 2008). A reatividade do ALA se
dá em função do anel ditiolano presente em sua estrutura. O ALA consegue varrer os radicais
hidroxila, o oxigênio atômico e o ácido hipocloroso das EROs (SHAY et al., 2009). Em
função desses benefícios como antioxidante natural seu uso é extremamente difundido
pela indústria cosmética (MUMMERT et al., 2003).

O ALA pode ser proveniente de alimentos de origem natural ou pode ser


produzido diretamente pelo corpo humano (LIN et al., 2004). Foi isolado em 1951, sendo
insolúvel em água, mas solúvel em solventes orgânicos e com baixo peso molecular
sugerindo a possibilidade de ser mais facilmente absorvido pela pele (BEITNER, 2003). Essa
substância possui caráter lipofílico, e quando associada a nanopartículas lipídicas é
possível obter altas taxas de encapsulação e atingir com maior eficácia o seu sítio de ação
(RUKTANONCHAI et al., 2009).

Neste trabalho, o nanossistema lipídico escolhido para incorporação do ALA foram as


nanoemulsões. Elas consistem em dispersões finas de óleo em água variando entre o tamanho
de 100 a 600 nm. São misturas heterogêneas compostas por duas fases, uma aquosa e uma
lipídica, estabilizadas por agentes emulsionantes (GUTIÉRREZ et al., 2008). Sistemas

2999
carreadores de fármacos à base de nanoemulsões podem melhorar a biodisponibilidade
dos componentes encapsulados devido à relação entre a pequena dimensão das partículas e a
grande superfície do sistema (SILVA;CERQUEIRA ;VICENTE, 2012). Esse complexo de
nanopartículas possui grande estabilidade em decorrência da repulsão estérica provocada
pelos tensoativos (TADROS et al., 2004).

De acordo a literatura (SOUTO et al., 2005; RUKTANONCHAI et al., 2009; JIN-


GUO et al., 2010) nanosistemas lipídicos encapsulando ALA, mostraram-se estáveis, com
alta eficiência de encapsulação, apresentaram tamanho em escala nanométrica e
distribuição de tamanho homogênea.

O ALA quando presente em alguns tecidos é reduzido para sua forma anti-
oxidante mais ativa, o Ácido Dihidrolipóico (ADHL). Esse composto é capaz de varrer um
grande variedade de espécies reativas de oxigênio, além de prolongar a atividade de
algumas vitaminas. Essa transformação é tecido dependente, quando presente nos leucócitos
e nos fibroblastos, o ALA é fracamente convertido em ADHL. Já nos queratinócitos a
redução de ALA para ADHL acontece com maior eficácia, tornando-se assim as células
alvo de interesse (HARAMAKI et al., 1997).

Sendo assim, é necessário adicionar a formulação um vetor que direcione todo o


sistema aos queratinócitos. Esse tipo celular possui um receptor específico para o Ácido
Hialurônico, o CD44 (SCHRAGER et al., 1998). O AH é um dissacarídeo natural,
presente naturalmente na pele, com maior concentração na derme (TRAN et al., 2014). É
uma molécula não imunogênica com excelentes propriedades higroscópicas tornando-se um
excelente doador de volume a tecidos como a pele (LA GATTA et al., 2011). Portanto, o
AH pode funcionar como agente de vetorização, quando associado à superfície de
nanopartículas, e assim direcioná- las às células de interesse.

OBJETIVOS: Desenvolver uma nanoemulsão carregada com ALA direcionada a


queratinócitos.

METODOLOGIA: A NE-ALA-AH 1% foi preparada foi preparada pela técnica de


homogeneização a alta pressão. Para a confecção das NE-ALA é elaborada uma fase
oleosa contendo 1% de lipídio e 1% de fármaco e uma fase aquosa contendo

3000
2,55% de surfactante. A fase oleosa é vertida sobre a aquosa e deixada em agitação por 10
minutos em ultraturrax a 6500rpm. Em seguida a emulsão é levada ao Microfluidizador para
diminuição das gotículas por 1 ciclo a 500Bar. Após esse processo, o AH é incorporado ao
nanosistema sob agitação.

As formulações desenvolvidas foram caracterizadas quanto à distribuição de tamanho, índice


de polidispersão, potencial zeta, fármaco total e pH. As formulações recém-preparadas foram
também submetidas a um teste de estabilidade durante 90 dias. Amostras foram mantidas a
4, 25 e 45 °Cnos t empos 0, 10, 20, 30, 60 e 90 dias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com os resultados mostrados na tabela 1, a NE


produzida teve tamanho por volta de 85nm, com PdI inferior a 0,3 sugerindo uma distribuição
de tamanho relativamente homogênea, eficiência de incorporação do ALA superior a 90% e
mudança no potencial zeta das nanopartículas de positivo para negativo após a adsorção do
AH, indicando o recobrimento das partículas pelo AH.
Tabela 1: Características físico-químicas das NE-ALA e NE-ALA-AH.

Parâmetros Avaliados

Formulaçã Distribuiçã Índice Potencia Fármaco pH


de Tamanho Polidispersão Zeta total
o o de l
(nm) PdI mV %

NE-ALA 68,69 ± 0,545 0,192 ± 0,003 +1,69 ± 0,64 104,5 ± 1,80 5,25 ± 0,05

NE ALA –AH 84,19 ± 2,00 0,287 ± 0,001 -5,58 ± 2,41 91,6 ± 0,87 5,30 ± 0,02

A estabilidade do sistema foi avaliada durante 90 dias no décimo, vigésimo,


trigésimo, sexagésimo e nonagésimo dia. Parâmetros de tamanho, PdI, pH e teor de fármaco

3001
total foram avaliadas. Os resultados pode ser observado na Figura 1, a seguir:

Figura 1: Tamanho, pdI e % de ALA da formulação de NE-ALA-AH após, 10, 20, 30,
60 e 90 dias de armazenamento a 25, 4 e 45°C.

Como pode ser visto da figura 1 as gotículas tendem a sofrer um aumento de tamanho
nos primeiros 20 dias e após esse período elas estabilizam. A maior discrepância pode ser
vista na armazenagem a 4°C e, portanto o maior desvio padrão entre as amostras. As amostras
submetidas ao acondicionamento a 25°C e a 45°C após o súbito crescimento inicial se
mostraram mais tendenciosas a manter uma homogeneidade com o passar do tempo. Tais
resultados representam que a estabilidade física quanto ao tamanho das NEs é pouca com
o passar do tempo, semelhante ao encontrado na literatura (SOUTO;MÜLLER ;GOHLA,
2005), porém essa formulação será futuramente incorporada em formulações semi-solidas
como géis ou cremes que lhe oferecerão a estabilidade apropriada devido a grande quantidade
de lipídios presentes nesse tipo de formulação cosmética (SOUTO et al., 2004). Sendo assim,
a estabilidade se faz necessárias apenas por poucas horas ate a incorporação na formulação
final.
O potencial zeta é um parâmetro importante a ser avaliado no teste de estabilidade,
pois ele dá um indicativo de que o AH continua adsorvido. Da mesma forma que o
tamanho, nos primeiros dias o potencial zeta tende a aumentar bastante o valor em módulo.
Essa pode ser uma boa característica uma vez que o alto valor evidencia maior estabilidade.
Com o decorrer do tempo os valores em módulo chegaram a aumentar cerva de seis vezes
do valor inicial. Valores absolutos altos indicam que não existe risco de agregação das
partículas devido a repulsão elétrica que essas cargas fornecem (MADUREIRA et al., 2015).

A formulação mantida a 45°C possuiu menor precipita ção de fármaco. Cerca de 10%
do fármaco precipitou a essa temperatura enquanto a 4°Ce a 25°C, 30% do fármaco havia sido

3002
extravasado. Sendo assim, comparando-se resultados de tamanho, pdI e % de ALA de todas
as amostras armazenadas, as de 45°C foram as semelhantemente como mostrou Jin-guo et al
(2010).

CONCLUSÃO: Os resultados mostraram que as NEs-ALA-AH apresentaram resultados


físico-químicos satisfatórios. Testes futuros de citotoxicidade e internalização celular serão
realizados a fim de analisar se a formulação vetorizada consegue chegar às células alvo de
interesse.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BEITNER, H. Randomized, placebo-controlled,


double blind study on the clinical efficacy of a cream containing 5%α-lipoic acid
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1206, p. 1-12, 2008.

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commercial dermal fillers based on crosslinked hyaluronan: Physical characterization and in

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3005
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3005 - 3011

EU JOGO. EU, JOGO. ESPACIALIDADE E PERFORMANCE NAS


NARRATIVAS DE RPG ELETRÔNICOS.
Raquel de Paula Ribeiro

Pós-graduação em Performances Culturais Escola


de Música e Artes Cênicas - EMAC
raqueldepr@gmail.com - Bolsista CAPES - DS

Palavras-chave: performance; videogames; narrativa; RPG; espacialidade.

Justificativa/Base teórica:

Desde o surgimento dos videogames em meados da década de 80 no século XX,


muito se tem discutido sobre a sua real posição dentro do cotidiano das pessoas, sua cultura
e maneiras de encarar aquilo que, apesar de participativo, continua sendo ficcional. O
que surgiu como brinquedo direcionado às crianças, se transformou em ferramenta
importante de trabalho, educação e entretenimento.
Digital and electronic games take e multitude of forms and appear
on many different computer platforms. These include games for
personal computers or TV-attached game consoles such as Sony
Playstation ou Micrisoft Xbox; handheld game devices such as
Nintendo Game Boy Advance or specialized handhelds that only
play one game; games for PDAs or cell phones; and games for
arcades or amusement parks. Digital and electronic games can be
designed for
a single player, for a small group of players, or for a large

community. (SALEN; ZIMMERMAN, 2004, p. 86)1

1 Jogos digitais e eletrônicos possuem múltiplas formas e plataformas de computador diferentes. Incluem

jogos para computadores pessoais ou consoles acoplados à uma TV como o Sony Playstation ou o
Microsoft Xbox; dispositivos portáteis como o Nintendo Game Boy Advance ou portáteis especializados
que rodam apenas um jogo; jogos para PDA (Personal Digital Assistant – agendas eletrônicas, também
chamadas de palmtops, hoje em desuso) ou celulares; ou jogos para fliperama e parques de diversões.
Jogos digitais e eletrônicos podem ser programados para um único jogador, para um pequeno grupo de
jogadores, ou para uma grande comunidade. (Tradução livre)

3006
A transformação ocorrida nos consoles, que partiram de jogos simples como Tetris e
se encontram hoje com uma complexidade imagética quase cinematográfica, com é o caso de
The Last of Us (2014) para Playstation 4, pode ser compreendida como uma transformação
semelhante àquela sofrida pelos jogadores. Se a tecnologia se traduz como extensão do
homem, como diz McLuhan (1964), ela passa a ser ativa na transformação de sua percepção
de mundo e indivíduo pertencente à sociedade. Na mesma proporção que os jogos eletrônicos
evoluem, o jogador se concentra em uma mútua projeção com o universo do jogo, fazendo
parte do jogo e permitindo que este também faça parte de si.
Nesse cenário tecnológico, surgem possibilidades de novas experiências de jogo
criadas a partir dos jogos já existentes, como é o caso dos RPGs eletrônicos. Apesar de
ainda muito interativos, os jogos de RPG eletrônicos possuem características muito diferentes
dos que lhe derma origem, fazendo com que a análise dos dois formatos seja, muitas vezes
dissociada e forçando o conceito de RPG a se dividir em dois, em vez de indicar uma
narrativa única para formatos diferentes. Isso quer dizer que, quando se fala em RPG, há
quem pense nos clássicos de mesa e há quem se lembre apenas dos eletrônicos,
flexionando a nomenclatura do termo, já que a narrativa não possui essa mesma flexibilidade
por fatores diversos, dentre eles, a limitação de programação dos jogos eletrônicos.
Conhecidos por elevarem a experiência de jogo, não se sabe ao certo quando os RPGs
(Role Playing Games) surgiram, acredita-se que por volta dos anos 70. Os jogos de
interpretação de papéis se assemelham a teatro quando tratam dos personagens e da
capacidade de moldá-los à maneira do jogador, no entanto, elementos como regras, metas e
participação voluntária (MCGONIGAL, 2011) fazem com que este teatro se transforme em
um jogo participativo.
Assim como outros gêneros anteriores e posteriores aos RPGs, estes também tiveram
seus princípios transpostos para o ambiente dos videogames. Todos os elementos
característicos estavam presentem, no entanto, existe agora a possibilidade de criar e realizar
o imaginado, traduzindo o que era imaginação em atmosfera, espacialidade e ambientação.
Mais do que isso, no momento em que o comércio internacional abriu suas fronteiras para o
consumo de produtos culturais de outras localidades do mundo, os videogames passaram
a ser difusores de uma cultura que traz traços tradicionais e modernos. Isso faz com que os
já pertencentes a uma geração considerada líquida em identidade (Bauman, 2001), se torne
parte de uma linguagem imagética que ultrapassa barreiras linguísticas para ser pautada na
ação o no sentimento de vivenciar narrativas imaginárias.

3007
Se a produção de tecnologia nacional é pequena, a produção intelectual sobre
fenômenos dessa natureza é ainda mais tímida, se tornando imprescindível que estudemos os
impactos que estes causam em nossa nação e a forma como o fazem. Como são elaborados
os princípios dos jogos e que tipo de relação eles possuem com a crescente caracterização
de cada indivíduo jogador identificado como gamer.

Objetivos:

O objetivo principal do presente trabalho é trazer à luz da ciência as narrativas de


entretenimento tão presentes no jogos de RPG eletrônicos e como os seres humanos e sua
subjetividade se posicionam quando em contato com elas. Compreender a maneira como o
indivíduo percebe o mundo é também estudar parte daquilo que o torna um ser em
constante performance e faz com que os papeis desempenhados mudem conforme a
interação e o aprendizado cotidiano se tornam naturais. Para que possamos melhor
compreender a sociedade em que vivemos, é importante que seus aspectos culturais e
cotidianos sejam levados em conta, no intuito de dar continuidade ao crescimento da
ciência.
Além disso, os estudos sobre videogames ainda são um pouco tímidos, especialmente
no Brasil. Muito há de se discutir sobre como narrativas são transpostas para os novos meios
e a maneira como os seres humanos se relacionam com elas.
Por fim, é preciso que uma nova vertente nos estudos de performance seja colocada
em discussão, que é a relação performática que existe entre humanos e máquinas, quando
essas possuem relativa inteligência artificial suficiente para permitir que essa relação não
pareça forçada ou unilateral. Raras são as bibliografias que tratam da performance de
máquinas com inteligência artificial, sua relação com a programação e com a tecnologia,
fazendo com que parte da cultura do nosso tempo, tão ligado às novas tecnologias,
permaneça carente de compreensão.

Metodologia:

O presente trabalho pretende ser baseado no método indutivo, onde a parte que é
estudada consiste em amostra representativa do todo (LAKATOS, 2001) , podendo seus
resultados pontuais representarem todo o objeto de análise. O método indutivo será utilizado
tanto para o estudo dos RPGs de mesa, quanto dos RPGs eletrônicos retirando uma
amostra dos jogos disponíveis no mercado, em especial aqueles que possuem a mesma

3008
narrativa nos dois formatos, para decupagem e análise.

Como técnica de pesquisa, será elaborada uma revisão da bibliografia existente sobre
o tema e que possa ser pertinente ao desenvolvimento da pesquisa. Para o bom embasamento
teórico do presente trabalho, se fará necessária a busca por bibliografia internacional em
inglês, espanhol e japonês, uma vez que a bibliografia existente no país sobre o assunto
ainda é bastante escassa e muitas vezes com pouca profundidade teórica. Por tratar-se
de uma tema ainda pouco explorado, far-se-á necessário o estudo massivo sobre os
conceitos de performance, narrativa e sujeito, aplicando-os aos formatos narrativos que
pretende-se analisar.
Para alcançar os objetivos propostos anteriormente, serão abordadas na tese final três
grandes divisões que se colocam no mesmo eixo quando do intuito de compreender a
relação do homem com os jogos eletrônicos de RPG: 1. sujeito e espacialidade; 2.
performance e jogos; 3. tecnologia, narrativa e RPG. Cada uma dessas unidades temáticas
se dividirá em capítulos menores para que a abordagem do assunto aqui proposto se dê de
forma aprofundada.

Resultados/Discussão:

Mais do que fornecer respostas absolutas, provocar perguntas e iniciar discussões


acerca de novos assuntos que permeiam a nossa sociedade. As ciências humanas jamais
podem se dar por completas ou acabadas, dessa forma, o pesquisador possui o papel de
movimentá-la para novos caminhos e formas de conhecimento. Uma vez que o cotidiano
dos seres humanos mude em virtude dos inúmeros elementos que o cercam, é importante
que a ciência se mova com ele, proporcionando nova luz a antigos conceitos e permitindo
que a adaptação do homem aos tempos em que vive possa acontecer de maneira consciente.
Em uma época onde a tecnologia está presente 24 horas por dia sob diversos formatos
tecnológicos, é importante que novos conceitos surjam na intenção de compreender melhor a
relação do homem com a sociedade. Elementos tão antigos quanto a contação de histórias
narrativas e tão jovens quanto os novos jogos de realidade aumentada, exigem que a
ciência os acompanhe e que esteja prontas para iniciar novas discussões sobre o presente
que nunca morre.

Conclusões:

Os jogos eletrônicos, ou videogames, podem ser compreendidos como maneiras de

3009
interação individual ou coletiva com uma narrativa existente. Isso faz com que o indivíduo

mude o jogo e a si próprio em cada nova sessão, fazendo com que a narrativa o conduza a
uma história diferente, onde o seu papel deixa de ser passivo, para ser ativo como agente
formador de identidade, interação e história.
Ao abordar diferentes formatos narrativos disponíveis hoje, percebe-se que se
modificam elementos constituintes do sentido empreendido pelos jogos de RPG, como a
estrutura, performance e narrativa. A percepção do espaço decorrente desses elementos fica
então compelida a se modificar conforme a subjetividade do jogador produz uma
performance que busca vencer o jogo de acordo com a interação permitida pelo RPG.
Mesmo com jogos cotidianos simples, a busca pelo prazer individual no jogo é obtido
na interação em consonância com o outro, onde há um prazer mútuo ou às custas do
outro. Dessa forma, o jogo representa também parte da subjetividade daquele que joga e
faz com que a interação entre os jogadores seja transformadora para todos que dela
participam. O jogo apresenta então subjetividades que se tocam e se modificam
voluntariamente, na tentativa de que a resposta do jogo jogado seja positiva e prazerosa.
A característica básica dos jogos de RPG é a sua teatralidade, ou seja, trata- se de
uma performance onde os jogadores guiam a narrativa com base em suas escolhas. Isso
faz com que esse formato de jogo seja impactado pelo jogador, ao mesmo tempo que o
impacta também. Se parte da narrativa do RPG depende do jogador, este transporta parte
de si para dentro da história, permitindo com que essa também faça parte de si de maneira
muito íntima.

Referências bibliográficas:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:


Editora Zahar, 2001. (Versão para Kindle)

CARSE, James P. Finite and Infinite Games: a vision of life as play and possibility. New
York: The Free Press, 1986. (Versão Kindle)

MCGONIGAL, Jane. Reality Is Broken: why games make us better and how they can
change the world. London: Jonathan Cape, 2011. (Versão Kindle)

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação de massa como extensões do homem. 3

3010
ed. São Paulo: Cultrix, 1964.

MURRAY, Janet H. Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. Tradução:


Elissa Khoury Daher e Marcelo Fernandez Cuzziol. São Paulo: Itaú Cultural: Unesp, 2003.

SALEN, Katie; ZIMMERMAN, Eric. Rules of Play: Game design fundamentals.


Massachusetts: The MIT Press, 2004.

3011
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3012 - 3015

REFLEXÕES SOBRE UMA CIDADE MODERNISTA: AS HETEROLOGIAS


DO ESPAÇO URBANO.
Victoi, Raquel Simão. Programa de Pós- Graduação em História-UFGO Goiânia.
rachelvictoi@hotmail.com Bolsista Capes.
Palavras-chave: cidade, história, heterologia, Goiânia.

Assumindo os avanços da História Urbana, a designando aqui de forma generalista sem


contudo deixar de reconhecer as diferentes definições e entendimentos pelas quais ela é
compreendida e instrumentalizada, há nas ultimas décadas uma expansão notável dos
temas, objetos e problemas desenvolvidos nas pesquisas que trataram da cidade de
Goiânia. Há contudo alguns limites dentro destas novas possibilidades importantes de
serem ressaltados.
Pode se observar de forma ainda marcante a influência de concepções de cidade e
orientações teóricas e metodológicas na História da cidade de Goiânia que a
constrói enquanto uma história dos construtores e idealizadores da cidade. Os
documentos daqueles que planejaram e interviram no espaço urbano da cidade, com seu
saber instrumentalizado é muitas vezes privilegiado entre outras fontes para o estudo da
cidade.
Mas que uma mera escolha pelos discursos produzidos por instituições públicas e
‘personalidades de Estado’ as interpretações formuladas a partir deles se constitui como
cerne da necessidade de exame cuidadoso destes posicionamentos. Entre alguns
trabalhos historiográficos percebemos uma forte presença do discurso do planejamento
urbano municipal, nem sempre interpretados de modo a Considerar suas limitações
explicativas e suas estratégias ideológicas. O protagonismo do Estado na História da
cidade se faz sentir de maneira patente em algumas pesquisas, que o elegem enquanto
tal e de maneira implícita em outras que se convencem dos ‘diagnósticos’ e
ordenamentos do espaço urbano da cidade por ele apontado, além de acionar a força
organizadora das modulações temporais que determinaram suas evoluções

3012
Neste sentido é importante destacar a relevância dada ao Plano Diretor
concluído no ano de 1992, este documento serviu de referência às histórias da
construção e evolução do espaço urbano da cidade muitas pesquisas seguem a mesma
organização cronológica e sentido argumentativo dos diagnósticos presentes neste
Plano.
Há a caracterização de dois períodos marcantes no início da cidade, um primeiro
período (1933-1950) de planejamento e implantação da cidade, em que o poder público
cumpriu o seu papel de regulador do espaço urbano da cidade e um segundo período
(1950 em diante, com constantes destaques para os anos em que houveram formulações
de novos Planos Diretores) que aponta para uma falha do poder público em continuar
garantindo os parâmetros e dinâmicas de expansão da cidade como previstos
inicialmente. Foi o início do desvirtuamento do projeto original da cidade, a história do
seu “desplanejamento”. Este olhar totalizante da cidade presente nestes discursos
representa o que Certeau (2009) denomina de cidade panorama, “simulacro teórico” que
constrói um conhecimento totalizante da cidade, a este conhecimento as práticas são
desconhecidas. O texto em que se inscrevem as formas e dinâmicas visualizáveis à
distância compõem as artificialidades teóricas desta visão da cidade. Certeau aponta
três operações desta forma de pensar a cidade: a criação de um espaço próprio, que
suprimi o que não lhe cabe. O estabelecimento de um sistema sincrônico que
desconsidera lapsos, ausências e opacidades. Além da constituição de sujeitos
universais e anônimos. A cidade modula um espaço composto por elementos,
propriedades, funções delimitadas para serem analisadas e classificadas. Estas
operações não abarcam, no entanto tudo aquilo presente na vida da cidade que não pode
ser controlado e programado.
As concepções que muitos pesquisadores possuem da cidade não se restringem
a uma concepção de cidade panorama, mas a incorpora nas escolhas que faz na
construção de suas interpretações. Interpretar a cidade implica em considerar as
sociedades que se estabeleceram aqui para se construírem juntamente com a nova
cidade que se inaugurou socialmente desde que os seus habitantes a ocuparam.
Partindo destas considerações admito como relevante construir interpretações da cidade,
como algumas pesquisas já o fizeram, que incorpore as parcialidades destes discursos e
reconsidere a importância dos instrumentos de planejamento para a construção de uma
história dos espaços da cidade. Colocando, com sentidos renovados, a questão trazida

3013
por Lepetit (2001) “A história leva seus atores a sério?”.
Nas evidências da cidade planejada e visibilizada entretece cidades metáforas,
migrantes. O cotidiano dos habitantes da cidade nos traz as possibilidades de escapar às
perspectivas totalizantes de leitura da cidade.
A compreensão da evolução da cidade tem que incorporar a meu ver, o fato do projeto
original da cidade estar desde o início fadado a se desvirtuar, um projeto de cidade,
portanto um ideal de cidade foram realidades de uma sociedade que não merecem
serem estabelecidas como ideais para a atualidade nem enfrentadas com nostalgias pela
perda de um controle impossível de se estabelecer para a vida das cidades. Nos vale
antes como um horizonte, para pensarmos o que desejaram para a cidade e o que
desejamos para ela contemporaneamente.
Interpretar a cidade implica em considerar as sociedades que se estabeleceram aqui para
se construírem juntamente com a nova cidade. Concebendo que não é possível
considerar a formação e evolução de seus espaços sem admiti-los como fragmentários e
descontínuos.
Afirmo deste modo a pertinência de uma história da cidade que se ocupe com os
práticas espaciais, para compreender sob outras perspectivas a maneira como o espaço
urbano da cidade foi construído. A cidade de Goiânia compõe um estudo de caso. A
história da cidade que poderei construir possui as possibilidades de compor uma
história dos usos e formas da cidade, com o permanente esforço de não as contrapor
hierarquicamente ou, tanto pior, construir esquemas de explicação causais que produza
determinismos e exterioridades entre os espaços e as práticas envolvidas em suas
vivências. A cidade pode ser flagrada em todos as suas riquezas ou misérias, nas falsas
promessas de felicidade, bem estar e realização que em muito expressam a paralização,
a formação de um público espectador, pronto a se tornar ou ser tornado passivo, mas que
na esquina seguinte nos espera para nos demostrar, com astuciosas táticas, a
possibilidade de recordar e resinificarmos Foucault ao anunciar- Não, eu não estou no
lugar que você deseja me colocar! – inventando maneiras de fazer que fogem as mais
diferentes formas de dominação.

3014
Ficam expressos estes interesses com a escolha de abordagem das práticas de espaço a
partir de um aparato conceitual que investe as suas capacidades explicativas em
conceber as “práticas do desvio”, reservando aos atores sociais, bem como às operações
que eles engendram, um novo papel. Concedendo a inventividade social as saídas para
romper cotidianamente com o que está estabelecido de maneira hegemônica.

Referências Bibliograficas:

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer; tradução de Ephraim


Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 2009.
CHAUL, Nasr Fayad. A construção de Goiânia e a transferência da capital.
Goiânia: Editora da UFG, 1999.
LEPETIT, Bernard. Por uma nova história urbana; seleção de textos, revisão crítica e
apresentação Heliana Angotti Salgueiro; tradução Cely Arena. São Paulo: EDUSP,
2001.
La ville: cadre, objet, sujet. Vingt ans de recherche en
histoire urbaine. Paris: Le Courrier du CNRS, 81, 1991.

LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana; tradução de Sérgio Martins. Belo Horizonte:


Editora da UFMG, 1999.

3015
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3016 - 3021

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS FRAÇÕES DO EXTRATO

VEGETAL DE Ruta graveolens L QUANTO AO TEOR DE


FURANOCUMARINAS LINEARES

Rejanne Lima ARRUDA1; Mariana Cristina de MORAIS1; Thatyanne Pereira de


SOUSA2; Marta Cristina Corsi de FILIPPI2; Edemilson Cardoso da CONCEIÇÃO1
1Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de Bioprodutos- Faculdade de
Farmácia-UFG
2 Laboratório de Fitopatologia da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária- Santo Antônio-GO


*rejanne.lima.arruda@gmail.com; marianacmfarma@gmail.com;
thatyane_@hotmail.com; macrisfilippi@gmail.com; ecardosoufg@gmail.com

RESUMO

O processo de fracionamento de extratos vegetais permite a separação dos metabólitos


por meio da afinidade pelo solvente, facilitando desta forma a determinação da
atividade biológica desses compostos (Venturoso, 2009). A análise da potência das
frações em relação a sua concentração permite predizer o grupo de componentes
químicos que é responsável pela atividade biológica observada (Hamburger e
Hostettmann, 1991). Diante do potencial do extrato de R. graveolens L no controle
biológico de vários fitopatógenos, o que pode estar relacionado com a presença das
furanocumarinas lineares, torna-se importante investigar o solvente que permite a maior
concentração desses compostos. O objetivo do trabalho foi obter e caracterizar as
frações do extrato de R. graveolens L quanto a quantificação das furanocumarinas
lineares (psoraleno e bergapteno). O extrato foi obtido pelo método de percolação e em
seguida foi fracionado mediante a utilização de solventes com diferentes polaridades. A
quantificação das furanocumarinas foi determinada por meio de análise de
cromatografia em fase liquida de alta eficiência. Os maiores teores desses compostos
foram obtidos na fração de acetato de etila. O método de

3016
fracionamento permitiu a concentração dos compostos de interesse diante da afinidade
destes com o solvente utilizado.

Palavras- chave: arruda; processo extrativo; solubilidade

ABSTRACT

The plant extracts fractionation process allows the separation of the metabolites by
affinity for the solvent, there by facilitating the determination of the biological activity
of these compounds (Venturoso, 2009). The analysis of the power of the fractions
relative to its concentration can predict the group of chemical compounds that is
responsible for the biological activity observed (Hamburger and Hostettmann, 1991).
Given the potential of R. graveolens L. extract in the biological control of various
pathogens, which may be related to the presence of furanocoumarins, it is important to
investigate the solvent which permits the highest concentration of these compounds.
The objective was to obtain and characterize the fractions of R. graveolens L. extract
and quantification of furanocoumarins (psoralen and bergapten). The extract was
obtained from the percolation method and then was fractionated by using solvents
with different polarities. Quantification of furanocoumarins was determined by
chromatographic analysis of the liquid phase high efficiency. The higher levels of these
compounds were obtained from the fraction of ethyl acetate. The fractionation method
allowed the concentration of compounds of interest on the affinity thereof with the
solvent used.

Key words: arruda; extraction process; solubility

JUSTIFICATIVA

Os extratos vegetais constituem-se de uma mistura complexa de substâncias


contendo diferentes grupos funcionais. São utilizados em larga escala para pesquisas do
âmbito da saúde e da agronomia (Milesi et al., 2001). Dentre os extratos que
apresentam potencial para controle de fitopatógenos destaca-se o de R. graveolens L,

3017
conhecida como arruda, pertencente a família Rutaceae que apresenta em sua
composição metabólitos secundários que apresentam atividade antimicrobiana. Dentre
esses compostos ativos, destacam-se as furanocumarinas lineares- psoraleno e
bergapteno (Milesi et al., 2001), os quais são considerados fitoalexinas que atuam em
benéficio da planta na resposta contra o ataque de patógenos. Essas furanocumarinas
atuam como barreiras de alimentação e como toxinas fotoativadas contra fungos,
bactérias e insetos (Berdegué et al., 1997).
Essa planta medicinal já foi utilizada em estudos contra o patógeno causador da
brusone no arroz e desempenhou atividade biológica satisfatória a nível de controle
direto por meio de testes in vitro (Reis et al., 2015).
Diante do potencial do extrato vegetal de R. graveolens L no controle de
fitopatógenos, e da presença das furanocumarinas linerares que apresentam- se como os
compostos que podem estar relacionados com a atividade do extrato, torna-se importante
a obtenção de frações do extrato de modo a concentrar esses compostos e permitir uma
análise completa dos componentes ativos do extrato.

OBJETIVOS

Obter e caracterizar as frações do extrato vegetal de R. graveolens L quanto ao


teor de furanocumarinas lineares (psoraleno e bergapteno).

METODOLOGIA

O extrato vegetal foi obtido pelo processo de percolação utilizando uma solução
hidroalcoólica a 80% (v/v) e em seguida foi submetido ao fracionamento por partição
liquído - líquido utilizando solventes com diferentes polaridades: hexano, acetato de
etila e n- butanol para a obtenção das frações FHex, FAc, e FBut, visando a separação
das substâncias presentes no extrato através de suas polaridades. A fração restante após
a extração com os solventes foi denominada de fração hidrometanólica (FHD). As
frações obtidas foram concentradas através da utilização de um rotaevaporador e
submetidas à identificação e quantificação das furanocumarinas (psoraleno e

3018
bergapteno) através da análise por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e
Cromatografia em fase liquida de alta eficiência (CLAE) utilizando o método
validado por (Martins et al., 2010). Foi determinado o coeficiente de partição
octanol/água do psoraleno e do bergapteno como descrito por (Araújo-Júnior et al.,
2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi possível observar que os maiores teores de psoraleno e bergapteno foram


encontrados na fração de acetato de etila, sendo estes de 1,59% e 2,47% (Tabela 1),
respectivamente. A fração hidrometanólica não apresentou nenhum dos padrões
analisados.
Pode-se confirmar que o processo de fracionamento permitiu a concentração
desses compostos, uma vez que nas frações de acetato de etila e de hexano os teores
obtidos foram maiores que o do extrato vegetal. As furanocumarinas apresentam um
perfil de solubilidade maior em solventes lipofílicos o que pode caracterizar a presença
nessas frações analisadas.
Em relação ao coeficiente octanol/água, o psoraleno apresentou um valor de
1,30 e o bergapteno um valor de 0,79. Esses valores indicam que o psoraleno
apresenta uma lipofilicidade maior em solventes orgânicos do que o bergapteno.

3019
A Tabela 1: Teores de psoraleno e bergapteno no extrato vegetal de R.
graveolens L e nas suas frações.
Teor de Teor de
Amostras Psoraleno (%) Bergapteno (%)

Extrato de
0,71 1,19
R.graveolens L
Fração com
acetato de etila
1,59 2,47
Fração de
Hexano Fração
com Butanol
0,81 1,86
Fração
Hidrometanólica

0,07 0,12

- -

CONCLUSÕES

O processo de fracionamento permitiu uma maior obtenção das


furanocumarinas em estudo, o que pode contribuir para a maior atividade nos testes
biológicos a serem realizados com o extrato vegetal de R. graveolens L.

3020
REFERÊNCIAS

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soja. 2009. 99 f. 2009. Dissertação (Mestrado em Agronomia-Área de Concentração
Produção Vegetal)-Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados

3021
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3022 - 3026

DETECÇÃO DE ISOLADOS DE TOSPOVÍRUS E DESENHO DE PRIMERS


PARA ANÁLISE DA EXPRESSÃO DO GENE DE RESISTÊNCIA SW-5 EM
TOMATEIRO

Renata Maria de OLIVEIRA & Érico de Campos DIANESE. Programa de Pós- Graduação
em Agronomia, Escola de Agronomia. E-mail: renata_oliveira89@hotmail.com;
edianese@ufg.br
Palavras-chave: Solanum lycopersicum, expressão diferencial, Sw-5, GRSV

Justificativa/ Base teórica

A produção de tomate é considerada atividade de alto risco, devido à grande variedade


de ambientes e sistemas nos quais é cultivado, alta suscetibilidade ao ataque de pragas e
doenças, e exigência em insumos e serviços, acarretando elevado investimento de recursos
financeiros por unidade de área (Loos et al., 2004). Por isso, programas de melhoramento
genético têm contribuído para o progresso da cultura do tomate, priorizando a obtenção de
cultivares adaptados às condições climáticas das principais regiões de cultivo, resistência
e/ou tolerância a doenças e a pragas limitantes e a melhoria de características agronômicas e
industriais (Melo, 1997).
Visando a diminuição do consumo de defensivos agrícolas, embasado numa
agricultura sustentável e segurança alimentar, os programas de melhoramento focados no
controle a Tospovirus, a partir do gene de resistência dominante Sw-5 (Stevens et al.,
1992), tornam-se a melhor e mais eficaz opção, pois confere resistência genética para o
controle amplo das espécies virais pertencentes ao gênero que ocorrem no Brasil. Diante
disso, faz-se necessário elucidar algumas características sobre o gene responsável por esta
resistência e os produtos da sua expressão envolvidos na resposta, caracterizando-se desta
forma os mecanismos que permitem a adaptação das espécies de tomateiro sob condições
limitantes na presença do patógeno.

Objetivos

O trabalho teve como objetivos realizar o levantamento da ocorrência de espécies de


tospovírus em campos de cultivo de tomateiro no Estado de Goiás e testar um par de
primers para futuramente verificar o modo de ação da resistência a partir da análise de sua
expressão em diferentes materiais e tecidos sob condições climáticas distintas.

3022
Metodologia

Coletas de material apresentando sintomas de infecção por tospovírus foram realizadas


em regiões produtoras de tomate do Estado de Goiás, visando à obtenção de um isolado de
Groundnut ringspot virus - GRSV (espécie predominante), que será utilizada em testes
posteriores para análise da expressão do gene de resistência em tomateiro relacionado ao
gênero Tospovirus.
Para a identificação molecular dos materiais coletados, o RNA total foi extraído do
material vegetal coletado utilizando-se o kit RNeasy Plant Minikit (Qiagen®) a partir do
protocolo estabelecido pelo fabricante. A síntese de cDNA para cada amostra foi realizada a
partir do uso da transcriptase reversa MMLV-RT (Invitrogen®) e o primer reverso para cada
set de primers utilizado, seguindo-se as recomendações do fabricante. A infecção viral foi
comprovada através de RT-PCR, utilizando primers específicos para a espécie
predominante GRSV (Webster et al., 2011), e o programa a seguir: desnaturação inicial a
94ºC por 2 minutos seguida de 30 ciclos compostos por 94ºC por 30 segundos, 54ºC por 1
minuto, 72ºC por 30 segundos e extensão final a 72ºC por 5 minutos. Para a detecção de
outras espécies de tospovírus foram utilizados os primers universais BR60 e BR65 (Eiras et
al., 2001), utilizando-se o programa: desnaturação inicial a 94ºC por 5 minutos seguida de 30
ciclos compostos por 94ºC por 1 minuto e 30 segundos, 55ºC por 2 minutos, 72ºC por 1
minuto e extensão final a 72ºC por 7 minutos. Todos os produtos de PCR foram analisados
em gel de agarose 1% em tampão TBE 0.5X. O inóculo foi mantido em acessos de tomateiro
suscetíveis e plantas indicadoras em casa de vegetação, sendo também armazenado em freezer
-80ºC.
Para avaliar a expressão do gene Sw-5, um par de primers foi desenhado a partir do
alinhamento das sequências das cópias funcionais Sw-5a e Sw-5b, baseando-se na região que
apresenta deleção na cópia ‘a’, com o auxílio do programa Geneious 7.0 (Biomatters,
http://www.geneious.com/). O marcador derivado do gene Sw-5, denominado 725F
(GGTAACAATATATCATAATAAGGAAGATTC) e 1124R
(TGCTTGCAGTGAAGGGTCAA), para a detecção do RNA mensageiro, foi utilizado na
reação de amplificação, seguindo-se o programa: desnaturação a 94ºC por 2 minutos, 30
ciclos compostos por 94ºC por 30 segundos, 52ºC por 1 minuto, 72ºC

3023
por 30 segundos e extensão final a 72ºC por 5 minutos. Após a reação, todos os produtos
de PCR foram analisados em gel de agarose 1% em tampão TBE 0.5X.

Resultados e Discussão

Plantas de tomateiro foram coletadas em campos de cultivo nas cidades de


Goianésia, Goianápolis, Itaberaí, Hidrolândia, Nerópolis e Vianópolis, no Estado de Goiás,
para análise molecular com a intenção de se estabelecer uma coleção de isolados de
tospovírus no Núcleo de Pesquisa em Fitopatologia – Escola de Agronomia. Após a extração
de RNA e RT-PCR, verificou-se que os isolados coletados na cidade de Goianésia – GO e
Itaberaí – GO, apresentaram amplicons compatíveis com o perfil de amplificação dos pares
de primers utilizados (Figura 1).

Figura 1. Perfil de amplificação do RNA total de acessos de tomateiro para a verificação da


presença de tospovírus. M – Marcador 1 kb plus (Invitrogen); Itaberaí
– acessos de tomateiro coletados em campos de cultivo em Itaberaí – GO; Goianésia –
acessos de tomateiro coletados em campos de cultivo em Goianésia – GO. A. Amplicons
obtidos com par de primers universais para tospovírus. B. Amplicons obtidos com par de
primers específicos para tospovírus.

Os isolados coletados nas demais cidades apresentaram variações no perfil de


amplificação observado, o que pode ser devido a extração de RNA de má qualidade,
necessitando de outras análises para a identificação correta.
Os primers 725F e 1124R foram eficientes para a detecção da cópia funcional do gene

3024
de resistência a tospovírus, Sw-5, utilizando-se cultivares de tomateiro com resistência e
suscetibilidade já conhecida (Figura 2). Assim, estes primers foram comprovados como

uma ferramenta ideal para testes posteriores cuja intenção será avaliar o nível de expressão
do gene Sw-5, em diferentes tecidos (folhas, frutos e pecíolos), submetidos a condições
ambientais distintas e em diferentes períodos a partir de 48 horas após a inoculação, onde
já é possível visualizar a Reação de Hipersensibilidade característica (Paterson et al., 1989;
Stevens et al., 1994).

Figura 2. Perfil de amplificação do DNA total de acessos de tomateiro para a verificação da


presença do gene de resistência a tospovírus com par de primers 725F e 1124R. M –
Marcador 1 kb plus (Invitrogen); V – cultivar Viradoro (apresenta o gene Sw-5); K – cultivar
Kada (não apresenta o gene Sw-5).

Conclusões

Os isolados coletados poderão contribuir para formação de coleção de fitopatógenos


do Núcleo de Pesquisa em Fitopatologia, podendo fornecer informações futuras sobre
processos de recombinação que ocorrem no gênero, relação vírus/vetor e análise dos produtos
da expressão do gene envolvido no processo de resistência a partir da sua caracterização.
O par de primers desenhado foi eficiente para a detecção da cópia funcional do gene
de resistência, corroborando a hipótese de que será capaz de detectar o RNA mensageiro
transcrito durante a reação de resistência, quando desafiado com os isolados coletados de
tospovírus.

Referências bibliográficas

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3025
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3026
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3027 - 3032

IDENTIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE UMA VACINA DE


SUBUNIDADE CONTRA PLASMODIUM VIVAX ATRAVÉS DE
IMUNOGENÔMICA E EXPRESSÃO HETERÓLOGA EM
PLANTAS TRANSGÊNICAS

Renato Beilner MACHADO; Franciele Roberta MALDANER; Moisés Morais


INÁCIO; Glaucia Barbosa CABRAL; Francesca Guaracyaba Garcia
CHAPADENSE; Juliana RODRIGUES; Wanessa Moreira GOES; Pabline
Marinho VIEIRA; Fábio Trindade Maranhão COSTA; Francisco José Lima
ARAGÃO; Pedro Vitor Lemos CRAVO

1. GENOBIO: Laboratório de Genômica e Biotecnologia, Instituto de Patologia


Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brazil
2. Laboratório de Expressão de Genes, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF,
Brasil 3. Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí Departamento de Ciências
Biológicas, Laboratório de Biotecnologia, Urutaí, GO, Brazil 4. Laboratory of Tropical
Diseases - Prof. Dr. Luiz Jacintho da Silva, Dep. Genetics, Evolution and Bioagents,
Institute of Biology, University of Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brazil

renatobeilner_@hotmail.com

Introdução: A malária continua sendo um grave problema de saúde pública


mundial. Trata-se de uma doença infecto-parasitária causada principalmente pelo
Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax. Segundo a Organização Mundial de
Saúde em 2015, cerca de 13,8 milhões de casos de malária causada pelo P. vivax em
todo o mundo. Como ainda não existe uma vacina contra a malária causada pelo P.
vivax e vem crescendo a quantidade de cepas resistentes aos antimaláricos, o
desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura é necessária para o controle e assim
diminuição da incidência dessa doença. Várias tecnologias vem surgindo para o
desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a malária. Umas das tecnologias muito
utilizadas é construção de vacinas de subunidades protéicas. Essa tecnologia tem
como objetivo identificar proteínas imunodominantes e imunogênicas que são capazes

3027
de serem reconhecidas pelo sistema imunológico e assim desencadear uma resposta
protetora contra o Plasmodium vivax. O método empírico para identificação de
antígenos vacinais, além de consumir muito tempo é dispendioso. Com isso, estratégias
in silico utilizando ferramentas de imunogenômica e vacinologia reversa tornaram-se
uma estratégia importante para reduzir drasticamente o tempo para a
identificação de possíveis candidatos vacinais assim como o custo. Assim, este
trabalho tem como objetivo avaliar a imunogenicidade, antigenicidade e proteção de
uma vacina de subunidade protéica contendo proteínas das distintas fases do
desenvolvimento do P. vivax selecionadas por ferramentas de bioinformática e
expressas em plantas de Lactuca sativa.

Metodologia
Seleção dos candidatos vacinais: Para a construção da biblioteca de candidatos
vacinais, foi utilizado o portal PlasmoDB, onde foi selecionado proteínas com peptídeo
sinal de P. vivax com ortólogo em P. yoelli, proteínas com motivo PEXEL, HT e
proteínas secretadas de P. falciparum com ortólogos em P. vivax e P. yoelli, proteínas
onde seus respectivos genes estavam localizados até 30Kb dos telômeros dos 13
cromossomos de P. vivax e proteínas com epítopos previstos de P. falciparum com
ortólogo em P. vivax.
Construção do gene de fusão: Primeiramente, a sequência dos genes das proteínas
selecionadas pela análise de bioinformática foram otimizadas de acordo com o codon
usage da planta Arabidopsis thaliana. Posteriormente, in silico o gene foi construído,
onde foi inserido um linker rígido entre cada sequência gênica. O gene da proteína de
fusão foi construído em um plasmídeo pBR322 produzido pela empresa americana
Epoch Life Science e denominado de pPvax.
Transformação por eletroporação: Neste trabalho foi realizado uma transformação
por eletroporação. Nesta transformação, o plasmídeo pPvax foi transferido para
Agrobacterium tumefaciens cepa EHA105.
Expressão da proteína recombinante Pvax (rPvax) em Lactuca sativa: A bactéria
Agrobacterium tumefaciens transformada e contendo o plasmídeo pPvax foi utilizada
para transformar plantas de Lactuca sativa (alface). Sementes de Lactuca sativa
variedade Verônica foram desinfestadas e plaqueadas em meio meia força para
germinação. Após a germinação, os cotilédones das sementes germinadas foram
excisadas com auxílio de bisturi e incubadas em uma solução de co-cultura líquida
contendo Agrobacterium tumefaciens transformadas com o plasmídeo pPvax e então

3028
incubadas por 48 horas no escuro a 20°C. Após este período, os cotilédones
transformados foram transferidos para meio de brotação contendo antibióticos,
agrotóxico glufosinato de amônia (GA), e indutores de brotação, 6-benzilaminopurina
(Bap) e ácido naftaleno acético (ANA). Após a brotação, os brotos foram transferidos
para meio de alongamento de folhas, contendo ainda seleção com GA, e os
fitohormônios, cinetina e zeatina. Após o alongamento das follhas, as plântulas foram
transferidas para meio de enraizamento, contendo apenas meio MS e ágar planta. As
plântulas que formaram raízes foram então, aclimatadas em solo com vermiculita.

Resultados

Diante da biblioteca de candidatos vacinais, selecionamos 418 proteínas com


peptídeo sinal, 30 proteínas com motivo PEXEL e HT, 8 proteínas secretadas, 8
proteínas teloméricas e sub-teloméricas e 12 proteínas com epítopos previstos,
totalizando 476 candidatos vacinais. A partir desta biblioteca, selecionamos uma
proteína do estágio sanguíneo que estava presente no consenso de todas estas análises e
mais duas proteínas do estágio hepático que apareceram pelo menos duas vezes nas
diferentes listas. Avaliando a necessidade de otimização dos códons das sequência dos
genes de P. vivax para o codon usage de Arabidopsis thaliana, identificamos a presença
de 396 códons raros. O gene de fusão já otimizado, foi utilizado para construção do
plasmídeo pPvax, onde foi sintetizado na empresa americana Epoch Life Science
(EUA). O gene pvax foi sequênciado e não houve a presença de nenhum tipo de
mutação. Após a síntese do plasmídeo Pvax, este foi inserido em Agrobacterium
tumefaciens cepa EHA105 por eletroporação. Após realizado a inserção do plasmídeo
Pvax em A. tumefaciens foi realizado a digestão do plasmídeo e uma PCR utilizando
oligonucleotídeos iniciadores para confirmação da clonagem. Todos os clones
analisados ou liberaram um inserto do tamanho esperado para o gene pvax ou tiveram
um fragmento amplificado de tamanho esperado. Apos a confirmação do sucesso da
clonagem em A. tumefaciens, foi realizado a expressão da proteína Pvax em Lactuca
sativa. As plantas que passaram por todos os meios descritos na metodologia com
a presença de GA e foram aclimatadas em casa de vegetação, tiveram discos foliares
removidos para extração de DNA e para realização de teste rápido que detecta a
produção da proteína BAR, a qual confere resistência GA. Este DNA

3029
foi utilizado em PCR e para o teste rápido. Duas plantas já aclimatadas tiveram o teste
da fita BAR positivos e produtos de PCR amplificados.

Discussao

Sabe-se que a melhor forma de erradicar ou prevenir doenças é através da


vacinação. Com isso, o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra malária
diminuiria não só a incidência, assim como a mortalidade da doença (TRAN et al.,
2006; BARCLAY et al., 2008; CARDOSO et al., 2008; JIANG et al., 2009).
Segundo GLOBAL VACCINE AND IMMUNIZATION RESEARCH
FORUM realizado em Bethesda no ano de 2014, existem 25 vacinas contra malária
que estão em testes clínicos, onde apenas 1 é destinada a malária causada pelo
Plasmodium vivax. O desenvolvimento de uma vacina contra P. vivax tem sido um
grande desafio, devido aos restritos financiamentos para pesquisa e dificuldades
técnicas, como um eficiente e contínuo sistema de cultura do parasita in vitro,
entretanto, progressos importantes têm sido alcançados na identificação e
caracterização de diferentes antígenos de P. vivax, graças ao término do projeto
genoma de P. vivax (HERRERA; CORRADIN; AREVALO HERRERA, 2007). A
presença de codons raros em um gene de fusão em determinado modelo de expressão,
pode não só influenciar na qualidade, assim como na quantidade de proteína expressa.
GUSTAFSSON et al., 2004, demonstraram que a presença de apenas 8 códons raros
diminui drasticamente a quantidade de proteína produzida. O linker que utilizamos para
separar cada proteína foi uma sequência em tanden de um ácido glutâmico, três
alaninas e uma lisina (EAAAK). Esta sequência em tanden gera uma alfa- hélice,
impedindo assim, que uma proteína se dobre sobre a outra. Arai et al., 2004,
demonstraram que a utilização deste linker rígido foi capaz de separar duas proteínas,
proteína fluorescente azul e a proteína fluorescente verde, mantendo a estrutura
terciária de cada uma. O uso de plantas para produção de biofármarcos apresenta
vantagens em relação aos outros sistemas, como cultura de células de
microoorganismos e mamíferos, por apresentar uma maior segurança, uma vez que,
não proporciona a disseminação de vírus e outros patógenos de origem animal
(Shadwick&Doran 2005). A cultura de células de plantas ainda apresenta vantagens em
relação aos demais organismos transgênicos, como maior facilidade na

3030
transformação, mais consistência e homogeneidade do produto final em condições
controladas de biorreatores (Huang &McDonald 2011) e ainda menor proporção de
metabolitos secundários nas células hospedeiras de proteínas heterólogas (Rawelet al.
2007). As plantas transgênicas, podem ser produzidas em larga escala com custos de
produção mais reduzidos do que em microorganismos e cultura de tecidos de plantas
e animais. Ainda, apresentam a capacidade potencial de realizar as modificações pós-
traducionais necessárias a proteínas heterólogas (Karg & Kallio 2009). Apesar de
estudos ainda serem precisos com a proteína Pvax, como antigenicidade,
imunogenicidade e proteção, já possuímos plantas de alfaces transgênicas. Será
necessário avaliação ainda da segregação do gene pvax para as filhas destas plantas
mães e determinar o gene pvax esta em homozigoze.

Conclusão

A clonagem do gene de fusão pvax em plasmídeo binário, foi realizada com sucesso,
onde não houve a presença de nenhuma mutação na sequência gênica. A. tumefaciens
foi transformada com o gene de fusão, assim como plantas de alfaces que possuem o
gene estável em seu genoima. Testes futuros serão necessários para avaliar a
capacidade de proteção da vacina Pvax frente a infecção pelo Plasmodium vivax.

Referências

BARCALY VC, et. al. Mixed allele malaria vaccines: Host protection and within- host
selection. Vaccine 2: 6099–6107. 2008.

CARDOSO FC, et. al. Schistosoma mansoni tegument protein sm29 is able to induce a
th1- type of immune response and protection against parasite infection. PLoS Negl
Trop Dis 2: 308. 2008.

CARLTON, J. et. al. Comparative genomics of the neglected human malária


parasite Plasmodium vivax. Nature. v. 455. 2008.

FENG Lu, et. al. Profiling the humoral immune responses to Plasmodium vivax
infection and identification of candidate immunogenic rhoptry-associated membrane
antigen (RAMA). Journal of proteomics, v.102 66–82. 2014.

3031
HERRERA S, et. al. An update on the search for a Plasmodium vivax vaccine. Trends
Parasitol 23: 122-8. 2007. JIANG G, et. al. Sterile Protection against Plasmodium
knowlesi in Rhesus Monkeys from a Malaria Vaccine: Comparison of Heterologous
Prime Boost Strategies. PLoS ONE 4:6559. 2009.

3032
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3033 - 3039

METODOLOGIA PARA SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO EM ANÁLISE ELETROMAGNÉ

TICA∗

Rodrigo Alves de LIMA1,†,‡ Aylton José ALVES‡ ,

A. C. Paulo COIMBRA§, Tony Richard ALMEIDA§, Thiago

Martins PEREIRA†,‡ , Wesley Pacheco CALIXTO2,†,‡

Resumo: O propó sito deste trabalho é apresentar metodologia aplicada a aná lise de dis- positivos
eletromagné ticos por uso de algoritmo gené tico e té cnicas de simulaçã o em elementos finitos.
A metodologia proposta consiste na adaptaçã o de algoritmo gené tico com uso de computaçã o
paralela para avaliaçã o simultâ nea dos indivı́duos da populaç ão em elementos finitos por software
especialista. Para verificar a eficiê ncia da metodolo- gia proposta foi analisado problema
benchmark de otimizaçã o COMPUMAG TEAM 22, que propõ e a otimizaçã o de dispositivo
armazenador de energia magné tica em bobinas supercondutoras. O resultado obtido comparado
ao benchmark de otimizaçã o proposto confirma a eficiê ncia da metodologia proposta pela
melhoria da função objetivo obtida na análise em elementos finitos.

Palavras-chave: otimizaçã o, algoritmos gené ticos, Mé todo dos elementos finitos, aná lise
eletromagnética.

1 Introdução

A pesquisa na área de otimização multiobjetivo é de grande relevância e tem sido im-

pulsionada por investimentos de empresas e universidades em sua crescente busca por melhores
condic¸o˜ es de competitividade e desempenho na resoluc¸a˜ o de problemas com objetivos conflitantes
e cuja ana´lise deva ser feita de maneira simultaˆ nea. Embora muitos
métodos já tenham sido explorados, este tema está em constante atualização devido ao

3033
surgimento de novos modelos computacionais e a possibilidade de aumentar a eficiê ncia dos mé
todos existentes pela hibridizaç ã o entre os mesmos. Alé m disso, a arquitetura do algoritmo de
otimizaçã o é determinada pelo grupo de situaç õ es de contorno, limitando sua aplicaçã o em um
conjunto espec´ıfico de problemas.

∗Email: 1rodrigo.lima@ifg.edu.br, 2wpcalixto@gmail.com


† Universidade Federal de Goiás - Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC)

‡ Instituto Federal de Goiás (IFG)

Em 1996, Alotto et al [2] propoˆ s que o projeto de dispositivo de armazenamento de ener- gia
magne´ tica em bobinas supercondutoras (SMES - Superconducting Magnetic Energy Storage) fosse
utilizado como benchmark na avaliac¸a˜ o de algoritmos de otimizac¸a˜ o multi- objetivo. Este problema
foi aceito como o TEAM Workshop Problem 22: SMES Optimiza- tion Benchmark (TEAM 22) [1]
e consiste na otimizac¸a˜ o de um sistema de armazenamento de energia no campo magne´ tico gerado
por bobina supercondutora. Neste problema, o de-
safio de otimização é que o dispositivo SMES armazene 180 MJ de energia na forma de
campos magné ticos confinados em bobinas supercondutoras e que o campo de dispersã o seja
minimizado.

Alé m disso, a condiçã o de supercondutividade da bobina relaciona os valores da densidade da


corrente (J̇) e do campo magnético (Ḃ) através da relação

|J̇ + 6, 4|Ḃ| = 54, 0 A/mm2 . (1)

3034
Figura 1: Geometria proposta pelo TEAM 22.

O SMES é formado por duas bobinas supercondutoras concêntricas e de secções

transversais retangulares percorridas por correntes em sentidos opostos com densida- des J1 e
J2, respectivamente nas bobinas interna e externa. Os aspectos construtivos das bobinas sa˜ o
parametrizados em termos de seus raios (R1 e R2), sua altura (h1 e h2) e
espessura (d1 e d2 ). O campo de dispersão é avaliado em pontos igualmente espaçados
ao longo do eixo paralelo ao eixo de rotação das bobinas e ao longo de outro eixo, per-
pendicular a este eixo [1] como pode ser visto na Fig.1. Desta forma, a função objetivo OF

3035
a ser minimizada neste problema é dada pela Eq. (2).

|E − Eref | B
OF = + stra2 y . (2)
Eref B2
norm

Onde E é a energia acumulada no dispositivo e Eref = 180MJ. O campo Bnorm = 200µT

é usado como referência para o campo de dispersão calculado como a média do campo
magnético |Bi (ẋ)| em vinte e dois pontos das linhas a e b.
|Bi (ẋ)|2
B2 2i=
21

stray = . (3)
22

Neste trabalho, utilizou-se a versa˜ o cont´ınua do problema de otimizac¸a˜ o. Os aspectos


construtivos de ambas as bobinas devem ser otimizados juntamente com suas respectivas densidades
de corrente, resultando no problema cont´ınuo de oito paraˆmetros no total.
Alé m disso, há o impedimento que as bobinas se sobreponham, desta forma, a relaç ão

construtiva deve satisfazer a desigualdade expressa na Eq.(4)

d h
R1 + 1 < R − 2 (4)
2
2
2
Desde sua proposta, diversos autores empregaram meta-heur´ısticas evolutivas ao TEAM 22 [4, 5,
3]. Em sua proposta, Alotto apresenta resultados otimizados para o dispositivo SMES, obtidos por
algoritmos evoluciona´rios e simulac¸o˜es por metodologia semi-anal´ıticabaseada na teoria de
indutores[2]. Os paraˆ metros propostos por Alotto sa˜ o apresentados na Tab. 1.

Tabela 1: Parâmetros do dispositivo SMES otimizados segundo Alotto


R1 R2 h1/2 h2/2 d1 d2 J1 J2 OF
m m m m m m 2 2 -
1,296 1,8 1,089 1,513 0,583 0,195 16,695 -18,91 0,0018

3036
2 Metodologia

A estratégia de otimização consiste na adaptação do algoritmo genético steady-state para utilizar


processamento paralelo e simulação em MEF em software especialista. Este pro-
cesso é implementado utilizando o software de simulação como servidor de processo de

comunicação TCP/IP local, pelo qual é possı́vel realizar a manipulação dos parâmetros do projeto e
realizar o cálculo das grandezas fı́sicas que compõem a função objetivo.

Cada solução, ou indivı́duo, é representada por um vetor ẋ = (R1 , R2, h1, h2, d1, d2, J1 , J2 )

e o conjunto X de T p indivı́duos que são tratados simultaneamente pelo processo evo-

lucionário é chamado de população. No sentido da busca por melhores indivı́duos a

população evolui por sucessivas iterações denominadas gerações. Assim, em cada geração surge nova
população por meio da aplicação de operadores de seleção e variação na população atual.
Estes operadores são respectivamente inspirados nos processos de seleção
natural e reprodução sexuada da teoria evolutiva de Darwin.
Para avaliação dos indivı́duos das populações X(Ger) no processo evolutivo, o uso de múltiplos
processadores é utilizado pela criação de pool de processos que associa deter-
minado indivı́duo ao correspondente servidor. A população será completamente avaliada

até que todos os indivı́duos tenham sua aptidão calculada na execução do loop paralelo

das simulações em MEF.

3 Resultados

Primeiramente, comparou-se os parâ metros otimizados presentes na Tab.1 com os re- sultados
simulados no software de simulaç ã o MEF e sua funçã o objetivo foi comparada. Isto foi realizado
para averiguar o impacto da mudança do simulador no valor da função
de avaliação, dado que a metodologia adota por Alotto é baseada em tratamento semi-

3037
anal´ıtico. O resultado da comparac¸a˜o e´explicitado na Tab. 2 e mostra que os paraˆmetros propostos
em [1] leva a valor de OF superior ao obtido por simulac¸a˜o semi-anal´ıtica quando simulados em MEF.

Tabela 2: Comparação dos resultados simulados em MEF


Simulaç ã o E Bstra OF
MJ y nT -
Semi-anal´ıtica 180,0 0,07242 0,0018
MEF 179,4 0,22400 0,0033

Em seguida, realizou-se o processo de otimizac¸a˜ o do dispositivo SMES pela metodo- logia


proposta. O processo evolutivo total foi executado em 120 segundos para o total de 120 gerac¸o˜
es, onde utilizou-se treˆ s simuladores simultaneamente no loop paralelo de avaliac¸a˜ o da populac¸a˜ o.
A Tab. 3 explicita o resultado otimizado obtido para o dispositivo SMES.

Tabela 3: Parâmetros otimizados do dispositivo SMES


R1 R2 h h d1 d2 J1 J2 E Bstra OF
m m 1 2 m m 2 2 MJ y nT -
2.025 3.320 1.427 0.208 0.421 0.565 16.194 -23.990 180.2 0.137 0.000446

4 Conclusões

Testes iniciais demonstram que o processo de otimização proposto é viá vel e foi capaz

de encontrar resultados otimizados com função objetivo uma ordem de grandeza abaixo

do método semi-analı́tico proposto originalmente por Alotto. O trabalho está em desen-

volvimento e novos mé todos de hibridizaçã o estã o em testes para acelerar o processo de avaliaçã o
da populaçã o sem perda de acurá cia do mé todo de simulaç ã o. Embora o pro- cesso de avaliaç ã o
represente grande parte do custo computacional, vale ressaltar o ga- nho de precisã o e flexibilidade

3038
da aplicação do método dos elementos finitos. Desta forma,
a metodologia proposta é de fá cil aplicabilidade a demais dispositivos eletromagné ticos,

que também serão analisados como estudos de caso em trabalhos futuros.

Referências Bibliográficas

[1] P. Alotto, U. Baumgartner, F. Freschi, M. Jaindl, A. Kostinger, C. Magele, W. Renhart, and M.


Repetto. Smes optimization benchmark: Team workshop problem 22. site, acessado em:
16/01/2013.

[2] P. Alotto, A.V. Kuntsevitch, C. Magele, G. Molinari, C. Paul, K. Preis, M. Repetto, and
K.R. Richter. Multiobjective optimization in magnetostatics: a proposal for benchmark
problems. Magnetics, IEEE Transactions on, 32(3):1238 –1241, may 1996.

[3] Siguang An, Shiyou Yang, S.L. Ho, and Peihong Ni. An improved cross-entropy method applied
to inverse problems. Magnetics, IEEE Transactions on, 48(2):327 –330, feb. 2012.

[4] F. Campelo, F.G. Guimaraes, H. Igarashi, and J.A. Ramirez. A clonal selection algorithm for
optimization in electromagnetics. Magnetics, IEEE Transactions on, 41(5):1736 – 1739, may
2005.

[5] F.G. Guimaraes, D.A. Lowther, and J.A. Ramirez. Analysis of the computational cost of
approximation-based hybrid evolutionary algorithms in electromagnetic design. Magne- tics,
IEEE Transactions on, 44(6):1130 –1133, june 2008.

3039
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3040 - 3045

TRABALHO DOCENTE: IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE EDUCACIONAL E


NA EMANCIPAÇÃO SOCIAL

Rodrigo Roncato Marques ANES Solange


Martins Oliveira MAGALHÃES
Programa de Pós-Graduação em Educação/UFG
rodrigoroncato@hotmail.com
solufg@hotmail.com
Órgão Financiador: FAPEG

Palavras-Chave: Educação; qualidade social; trabalho docente; formação.

JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa vincula-se a linha de pesquisa Formação, Profissionalização Docente e


Práticas Educativas, do Programa de Pós-Graduação da FE/UFG. Integra os trabalhos
desenvolvidos pela Rede de Pesquisadores sobre professores do Centro-Oeste (Redecentro).
O foco principal do estudo é o trabalho docente, cuja base de estudo é a dialética, o que
envolve análise crítica sobre o professor e o contexto político ao qual sua ação está inserida.
Levando em consideração estudos sobre este tema (MAGALHÃES, 2014; SHIROMA,
2003; SOARES, 2008, ANES, 2013), compreendemos que o professor está situado na
contemporaneidade num cenário permeado de contradições, onde, hegemonicamente, tem
prevalecido uma concepção de trabalho docente alicerçada nos ideais neoliberais,
adequadamente estabelecidos pela reestruturação produtiva. Essa foi oriunda das últimas
décadas do século XX que instituiu na educação, regulações políticas que colocam o
professor, como elemento indispensável para o desenvolvimento de uma nova sociabilidade
para o trabalho. Entretanto, essa centralidade, diga-se ideológica, orienta o trabalho docente
via neotecnismo e empreendedorismo, para responder as demandas do mercado.
Dessa realidade social e política, diversos pontos que impactam negativamente no
trabalho docente, conforme Oliveira (2004), em decorrência do movimento de reconversão

3040
profissional aliado aos interesses do capital, como por exemplo: novo disciplinamento

docente pela profissionalização precarizadora; ênfase a uma concepção de formação com


o foco na profissionalização neoliberal, encobrindo ideologicamente os ajustes políticos para
torná-la frágil, teoricamente e aligeirada; intensificação das atividades docentes, extrapolando
o processo de ensino-aprendizagem; precarização das relações de trabalho (flexibilização,
desregulamentação trabalhistas e baixa remuneração); e perca da autonomia e controle do
processo de organização e planejamento de suaprática.
Submetido aos ditames ideológicos, portanto a esta estrutura de formação e
profissionalização, o trabalho docente, não sem as devidas resistências e contradições, tem
correspondido ao que foi estabelecido pelos ditames dos organismos internacionais,
especialmente no que tange ao movimento instituído pelas políticas educacionais, que se
valem de estruturas pragmáticas de avaliação, em favor do alcance de uma suposta qualidade
educacional, que coloca o trabalho dos professores a serviço da adaptação social. As
consequências deste movimento, segundo Kuenzer (2011) e Queiroz (2014), é a constituição
de uma nova realidade (social) escolar, que leva os professores a lidarem com complexas
situações, as quais ultrapassam sua função, conduzindo-os, salvo algumas exceções, ao
sofrimento e desistência.
Esta realidade paradoxal tem se perpetuado da educação básica à superior, quer seja
nas instituições públicas ou nas privadas. Os professores tem estado acuados, devido ao
próprio movimento de despolitização que compõe sua formação e profissionalização, como
resultado observa-se uma série de professores que atuam com certo o distanciamento de uma
postura refletida sobre o mundo.
Esta pesquisa, numa perspectiva crítica, busca a compreensão do trabalho docente
numa perspectiva ontológica, a fim de resgatá-lo como princípio da formação do sujeito
social (professor), responsável pelo processo de humanização e formação integral de outros
sujeitos, resignificando o sentido ético político dos processos formativos (FREIRE; SHOR,
1987). Nesse sentido, a função social do professor passa a ser geradora de pensamento
independente e crítico (SOUZA, MAGALHÃES, 2012).
Uma questão central: “Como a compreensão ontológica do trabalho docente pode
contribuir com o resgate da função social do professores?”.

3041
OBJETIVOS

Compreender, epistemológica e ontologicamente a relação entre trabalho docente,


qualidade social da educação e emancipação social. Para alcançá-lo delimitamos os
específicos: compreender o sentido ontológico do trabalho e sua reconfiguração na
sociedade capitalista; analisar a atual conjuntura do trabalho do professor por meio da
relação dialética entre trabalho, formação e profissionalização; compreender como as
produções acadêmicas, em especial no Centro-Oeste, contribuem para o debate sobre o
trabalho docente.

METODOLOGIA

Este projeto de pesquisa vincula-se ao método materialismo histórico dialético,


assumido como o próprio posicionamento epistemológico e político do pesquisador,
especialmente pelo modo como buscaremos analisar e compreender nosso objeto de estudo –
o trabalho docente. Segundo Frigotto (2006) o materialismo histórico dialético é, antes de um
método de pesquisa, uma das grandes teorias do conhecimento produzidas na modernidade,
que, por sua vez, demonstra claramente uma perspectiva para analisar a sociedade e a
realidade que nos rodeia. A pesquisa, portanto, deve promover a ação educativa crítica,
justamente porque questiona a cultura burguesa, visa uma ação emancipadora e ressalta a
valorização da autonomia para a construção do conhecimento (SOUZA; MAGALHÃES,
2014).
Quanto a abordagem de pesquisa, assume-se uma perspectiva qualitativa, cujo
objetivo é aprofundar no mundo dos significados para compreender melhor o objeto
investigado. Nesse sentido, faz-se necessário observar a realidade e extrair dela conceitos,
saberes e novos conhecimentos, conquistados em função da direção interpretativa pela qual os
dados são analisados (MINAYO, 2010; NEGRINE,2010).
A pesquisa contará com o amplo levantamento teórico e bibliográfico sobre o tema,
com o propósito de ampliar, organizar e sistematizar o tema de estudo. Metodologicamente,
desenvolveremos o tipo de pesquisa bibliográfica, já que procuramos construir a investigação
com base em materiais produzidos e elaborados no meio acadêmico, deles partindo para

3042
construir uma análise ampliada, crítica e contextualizada sobre o que investigamos (GIL,
1999).

RESULTADOS

Trata-se de um projeto de pesquisa de doutorado em construção. Portanto, o que


apresentamos aqui representa os resultados que esperamos com esta ação investigativa. Com
a tese de doutoramento, a ser defendida no Programa de Pos- graduação em Educação,
Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás, esperamos: contribuir para o campo
de pesquisa da área da Educação em geral, especialmente para o debate crítico sobre o
professor e o trabalho docente, e ainda para o fortalecimento de uma perspectiva contra
hegemônica de qualidade educacional, no sentido da qualidade social como defendem
Souza e Magalhães (2014); contribuir para o desenvolvimento das pesquisas produzidas
coletivamente pela Redecentro, correspondendo aos seus objetivos e eixos de aprofundamento
no que tange a análise da produção científica sobre o professor; colaborar com uma análise
ampliada sobre a realidade do trabalho docente no contexto brasileiro e em Goiás, sinalizando
encaminhamentos e medidas de intervenção como forma de contraposição ao modelo
hegemônico estabelecido de trabalho eformação.

CONCLUSÕES

Ao concluir esta pesquisa esperamos contribuir para uma análise crítica sobre a
produção acadêmica e científica relacionada ao tema professor; produzir uma reflexão
aprofundada sobre os sentidos ideológicos que permeiam, em disputa, o trabalho do
professor e sua formação; avançar na produção do conhecimento sobre o trabalho docente
numa perspectiva dialética materialista; possibilitar o desenvolvimento do conceito de
qualidade educacional contra hegemônico e crítico, na perspectiva da qualidade social;
contribuir com a prática e a intervenção profissional docente a partir da análise crítica e
aprofundamento do significado do trabalho docente, com destaque ao seu sentido ontológico.

3043
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANES, Rodrigo Roncato Marques. As concepções de professor e suas influências para a


formação docente em Educação Física. 2013. 228f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de
Educação da UFG. 2013.

FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia – O Cotidiano do Professor. tradução de


Adriana Lopez. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa


educacional In: FAZENDA, Ivani (Org.). Metodologia da Pesquisa Educacional.
10. ed. São Paulo: Cortez, p.69-90, 2006.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,
1999.

KUENZER, Acácia Zeneida. A formação de professores para o Ensino Médio: velhos


problemas, novos desafios. Educação e Sociedade. 2011, vol.32, n.116, pp. 667- 688.

MAGALHÃES, Solange Martins Oliveira. Profissionalização docente no contexto da


universidade pública: condução do professor à expertise. In: SOUZA, Ruth Catarina
C. R. de; MAGALHÃES, Solange Martins Oliveira. Poiésis e Práxis II – Formação,
profissionalização, práticas pedagógicas. Goiânia, Kelps, 2014.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

NEGRINE, Airton. Instrumentos de coleta de informações na pesquisa qualitativa. In:


MOLINA NETO, Vicente; TRIVIÑOS, Augusto N. S. A pesquisa qualitativa na Educação
Física: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Sulina. p. 61-100. 2010.

OLIVERIA, Dalila Andrade. A reestruturação do trabalho docente: precarização e

3044
flexibilização. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 25, n. 89, p. 1127-1144, set./dez. 2004.

QUEIROZ, Vanderleida Rosa de Freitas e. O mal-estar e o bem-estar na docência superior


a dialética entre resiliência e contestação. 2013. 257f. Tese (Doutorado)
– Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.

SHIROMA, Eneida Oto. O eufemismo da profissionalização. In: MORAES, Maria Célia


Marcondes de (Org.). Iluminismo às avessas. Produção de conhecimento e políticas de
formação docente. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

SOARES, Kátia Cristina Dambiski. Trabalho docente e conhecimento. 2008. 256f. Tese
(Doutorado) - Faculdade de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2008.

SOUZA, Ruth C. C. R. de; MAGALHÃES, Solange Martins Oliveira. Veredas


Metodológicas da Pesquisa em Educação da Região Centro-Oeste/Brasil. Educação e
Realidade , v. 37, p. 669-693, 2012.

_. A produção acadêmica da FE/UFG: Qualidade versus consenso ativo e


construção da terceira via. Anais do XII Encontro de Pesquisa em Educação da Região
Centro-Oeste. PUC - Goiás. 2014.

3045
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3046 - 3050

ENTRE BANDEIROLAS E SANTOS

Samuel Ribeiro Zaratim

Programa de Pós Graduação interdisciplinar em Performances Culturais Escola


de Musica e Artes Cênicas
zaratim@hotmail.com

Palavras – chave: lugar, sagrado, profano, festa junina

Justificativa / Base Teórica

Este texto baseia-se nos primeiros escritos da pesquisa de doutorado intitulada


“Anavantus e Anarriês: entre territórios profanos e memórias sagradas”, do Programa de Pós-
Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais. Este é um título provisório, pois
certamente o caminho trilhado contribuirá com várias surpresas que poderão alterar a
finalidade inicial desse estudo.

Assim, ao pensar as simbologias dos elementos que compõem as festas populares,


questionamentos e ponderações surgem a respeito do que estes representam para os
brincantes. Desse modo é possível observar que a natureza dos fenômenos sociais está
diretamente conectada as diversidades culturais manifestadas pelo povo. Nesse sentido, os
elementos que fazem parte do imaginário junino estabelecem proximidades entre a
compreensão do sentido da festa e o entendimento do que é coletivo.

As cerimônias e as comemorações com características festivas dão importância ao


significado das perspectivas sagradas nos festejos, as quais indicam desafios a serem
analisados na condição profana de sua realização.

Amaral (1998, p. 3) observa que sempre os indivíduos estão festejando algo, “mesmo
quando o objeto seja aparentemente irrelevante”. Assim é possível perceber que os sentidos
das festas não estejam diretamente relacionados com o que é festejado. A autora ainda afirma
que “o critério da participação parece ser fundamental na definição das festas” e não o seu
significado, pois a festa “manifesta a sacralidade das normas da vida social corrente por

3046
sua violação ritual”.

As barreiras sociais aliados aos seus tabus são invertidos, pois há uma “imensa fraternidade,
por oposição à vida social comum que classifica e separa” (AMARAL, 1998, p. 37).

Assim, as alegrias e suas representações são exteriorizadas espontaneamente e estão


diretamente ligadas aos rituais festivos que normatizam os espaços e lugares da festa, sejam
de natureza sagrada ou profana.

Pensando as festas juninas como um local criado e diretamente ligado às experiências


individuais e coletivas é possível então conectar estas manifestações festivas a um
sentimento de pertencimento ao lugar. É uma das manifestações da cultua popular mais
evidente no Brasil e representa, apesar das ressignificações, o povo brasileiro.

Segundo Bonetti (2012, p. 31) para os antigos povos europeus, o solstício de verão era
celebrado em devoção as Deusas Juno e Artemis e posteriormente esta celebração foi
transformada pela Igreja Católica, no que conhecemos atualmente como festa junina.
Adicionalmente Melo (2006, p. 01) afirma que “a tradição dos festejos juninos tem a sua
derivação das homenagens aos deuses pagãos, quando as populações campesinas festejavam
as colheitas em toda a Ásia, África e Europa”. A autora completa sua argumentação,
declarando que a chegada dessa modalidade festiva ao Brasil foi caracterizada “pela
devoção e com forte apelo do catolicismo popular”. Também, tais festas, repletas pelos
encantos de sua realização, “foram trazidas para o Brasil pelos colonizadores portugueses”.
(MELO, 2006, p. 01).

Desse modo, ao perdurar na sociedade brasileira a partir do século XVII, esta


comemoração, reverbera a religiosidade como maior estímulo para sua realização. Assim, este
fenômeno festivo ganhou nas últimas décadas novos sentidos, conquistando diversos espaços
e lugares nas zonas urbanas das cidades brasileiras.

Para Rodman (2003, p. 204) “estamos situados no lugar assim como estamos situados

no tempo e na cultura”1. O lugar tem diversos significados estabelecidos no espaço pelos


apelos sociais do cotidiano, pois as realidades “vividas mantém os lugares para seus
habitantes no tempo específico”. (RODMAN, 2003, p. 205).

1
Tradução do autor

3047
Concomitante às comemorações e celebrações, é também importante observar que o
lugar pode ser analisado sob a égide das significações sagradas e profanas que as festas
proporcionam. Relacionando os sentidos dos festejos juninos com os processos rituais da vida
cotidiana surge a inquietação sobre a possível coexistência do sagrado e do profano como
fator de continuidade na suarealização.

Durkheim (1996, pg. 51) assegura que “o sagrado e o profano foram pensados pelo
espirito humano como gêneros distintos, como dois mundos que não tem nada em comum”.
Nesse aspecto, apesar do sagrado está relacionado ao místico, ao religioso, ao sobrenatural,
também poderá ser aceita a sua normalidade em concordância com a realização profana.
Nessa seara, Oliveira (2007, p. 25) reforça que é importante pensar que “as ideias de
sagrado e profano se complementam de forma dinâmica e instável na realização de qualquer
festa popular”.

Objetivos

O texto inicial para defesa da tese de doutorado propõe como objetivo geral analisar
sob a égide das teorias das performances culturais a coexistência entre as naturezas sagradas e
profanas dos festejos juninos em Goiânia como fator de continuidade da realização da festa.

O texto também pretende discutir as origens, características, rupturas e continuidade


das festas juninas, assim como discutir os termos festas juninas, tradição e ritualização.

Metodologia

Este trabalho volta-se para uma abordagem qualitativa e será uma investigação que
propõe conhecer o significado dos componentes sagrado e profano como fator de continuidade
das tradições das festas juninas. A etnografia será importante ferramenta de pesquisa que
conjuntamente com uma teoria fundamentada, privilegiará a descoberta de características
próprias das análises dos conteúdos.

3048
Serão utilizados como sujeitos, algumas festas realizadas na região metropolitana de
Goiânia: 1) uma festa junina sob a influência do catolicismo popular; 2) uma festa junina na
escola; 3) uma festa junina na perspectiva evangélica; 4) O Arraiá do Cerrado. Como
estratégia de investigação será adotada a observação direta pelo pesquisador. Nesse mesmo
período, será feito o levantamento bibliográfico com o propósito de garantir o suporte teórico
da temática do projeto para posterior coleta de dados e análise.

Resultados / Discussão

Espera-se discutir com o final da pesquisa o processo que reinventa o imaginário das
festas juninas. O texto direciona para a análise das crenças, personagens, valores, interesses
políticos, sociais e econômicos das festas juninas. Nesse sentido é bem possível que a
tradição dos festejos populares estejam estruturando valores associados à dinâmica social,
pois esta auxilia na identificação de novas linguagens e tendências que reformulam os
significados do que é popular, sagrado e profano.

Observar o fazer junino possibilita a reflexão sobre a conciliação entre as ações


ritualísticas do sagrado e do profano partindo do reordenamento da festa popular. Assim,
parece haver uma relação entre as intenções sagradas e profanas, pensando o espaço e o
tempo da festa junina.

O intercâmbio cultural parece reconstruir a ideia do fazer junino, agregando


pessoas e diferentes grupos sociais. Para Zaratim (2014, p. 114), os festejos juninos
“garantem valores próprios inerentes à identificação com a cultura” e provavelmente
angariam o desenvolvimento de identidades locais.

Conclusões

É importante observar que esses festejos mantém o caráter coletivo como fator
constitutivo, bem como a importância do “fazer festa junina” enquanto construção do

3049
entendimento do lugar de sua efetivação. Nesse sentido, pensar a realização da festa
estimula o reconhecimento do processo histórico e cultural do lugar, o qual recupera a
relação da festa com a identidade local.

Assim, é possível que a identidade local e seus valores possibilitem a ressignificação


de um imaginário social especifico do individuo, ao serem agregados a um entendimento
sacro-profano. Desse modo é prudente observar que as festas juninas, fazendo parte do
universo cultural brasileiro, movimenta-se na sociedade e em sociedade. Também, neste
caso as tentativas para perpetuar a tradição, reluz incansavelmente em um curioso
processo de enfraquecimento do sagrado ou na ritualização do profano.

Referências Bibliográficas

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São Paulo, 1998.

BONETTI, Maria Cristina de Freitas. Contradança: ritual e festa de um povo.


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invenção da tradição? Tema apresentado ao NP Folkcomunicação, XIX Congresso
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Turísticas. In Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 06, número 11, 2007

RODNAN, Margaret C. 2003. Empowering Place: multilocality and multivocality.


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ZARATIM, Samuel Ribeiro. Quadrilhas juninas em Goiânia: novos sentidos e


significados. Dissertação de Mestrado. EMAC - UFG - 2014.

3050
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3051 - 3056

AVALIAÇÃO DEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO INDÍGENA ALDEADA


NO BRASIL, 2013

Sandra Maria dos SANTOS1

Bárbara Cristina Marinho de SOUZA2

Maria de Lourdes RIBEIRO2 Cristiana

Maria TOSCANO1

1 - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás


2 - Coordenação Geral de Atenção Primária à Saúde Indígena, Secretaria Especial de
Saúde Indígena – SESAI, Ministério da Saúde, Brasil.

sandrafarma@hotmail.com

Demografia, população indígena, reserva indígena, população aldeada

INTRODUÇÃO

Historiadores afirmam que, por volta do ano 1500, o território brasileiro era
habitado por pelo menos por 5 milhões de índios. Iniciativas de coleta e sistematização de
dados demográficos sobre os povos indígenas no país foram implementadas a partir de 1991
no censo decenal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (LUCIANO, 2006)
(PAGLIARO et al., 2005).
Nos censos de 1991 e 2000 a categoria “indígena” era uma opção de resposta para a
pergunta sobre a “cor/raça” presente no questionário da amostra. No censo de 2010 se a
pessoa se declarava “indígena”, eram feitas perguntas adicionais sobre pertencimento
étnico e língua falada. Os povos indígenas brasileiros constituíram 0,2% da população
total em 1991 variando para 0,43%, em 2000, e 0,44% no ano de
2010. Em 2010 existiam 896.917 indígenas no Brasil, dos quais 517.383 (57%) se
localizavam nas terras indígenas e desses 438.429 (85%) se declararam indígena. Os demais
379.534 indígenas (43%) se localizavam fora das terras indígenas (IBGE, 2012).

Somente a partir de 1999 foi estruturado um Sistema de Informação da Atenção à


Saúde Indígena (SIASI) de abrangência nacional capaz de acompanhar a dinâmica
populacional indígena, levando em conta as particularidades socioculturais das etnias
existentes no país. O SIASI foi implantado nos 34 DSEIs no ano 2000, funcionava na

3051
modalidade on-line entre 2000 e 2002 (SIASI Web) e, a partir do início de 2002, houve a
criação do SIASI local (Sousa, Scatena, & Santos 2007).
A criação do SIASI proporcionou o planejamento e gestão das ações em saúde,
considerando a organização do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, constituído pelo
Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), Polo Base, Casa de Apoio à Saúde Indígena
(Casai) e aldeias. A sede do DSEI é um estabelecimento que coordena as ações de atenção à
saúde do índio, baseada nas necessidades locais de saúde e nas diretrizes de desenvolvimento
provenientes do nível central. O Polo-Base Indígena é um estabelecimento de saúde que
serve como referência para a equipe de saúde presente nos Postos de Saúde Indígenas,
Unidades de Apoio e aldeias para as ações administrativas, de saúde e de saneamento na sua
área geográfica de abrangência (BRASIL, 2007).
Dada a pouca confiabilidade dos escassos dados demográficos existentes e à
dificuldade em se obter dados fidedignos (GARNELO L, MACEDO G, 2003)(COIMBRA
JR.; SANTOS, 2012)(CARDOSO et al., 2005)(MONTENEGRO;
STEPHENS, 2006), o presente estudo se propõe a descrever o perfil demográfico da
população indígena aldeada do país por sexo e faixa etária, DSEI e Unidade Federada.

6 - MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional, descritivo dos dados demográficos da população


indígena aldeada do Brasil. O estudo foi realizado nos 34 DSEIs considerando os dados
demográficos referentes ao ano de 2013.
Foram considerados os 34 DSEIs existentes no Brasil, estruturados por macrorregião
em função o município onde se localiza a sede do DSEI; e cobrindo os seguintes
estados/áreas conforme detalhamento a seguir: 1) Norte: Amapá e Norte do Pará (município
sede do DSEI
- Macapá-AP); Altamira (Altamira-PA); Alto Rio Juruá (Cruzeiro do Sul - AC); Alto Rio
Purus (Rio Branco - AC); Alto Rio Negro (São Gabriel da Cachoeira - AM); Alto Rio Solimões
(Tabatinga - AM); Vale do Javari (Atalaia do Norte - AM); Kayapó – PA (Redenção - PA); Leste
de Roraima (Boa Vista
- RR); Manaus (Manaus - AM); Guamá-Tocantins (Belém - PA); Médio Rio Purus
(Lábrea – AM); Parintins (Parintins – AM); Porto Velho (Porto Velho – RO); Rio Tapajós
(Itaituba – PA); Médio Rio Solimões e Afluentes (Tefé – AM); Vilhena – (Cacoal – RO);
Yanomami (Boa Vista – RR); Tocantins (Palmas – TO); 2) Centro-Oeste: Araguaia (São

3052
Félix do Araguaia - MT); Kayapó - MT (Colíder - MT); Mato Grosso do Sul (Campo Grande
– MS); Cuiabá (Cuiabá – MT); Xavante (Barra do Garças – MT); Parque Indígena do Xingu
(Xingu – MT); Nordeste: Alagoas e Sergipe (Maceió-AL); Bahia (Salvador - BA); Ceará
(Fortaleza - CE); Maranhão (São Luís - MA); Pernambuco (Recife - PE); Potiguara (João
Pessoa – PB); Sudeste: Minas Gerais e Espírito Santo (Governador Valadares - MG); Sul:
Interior Sul (Florianópolis - SC); Litoral Sul (Curitiba - PR).
O DSEI Litoral Sul originalmente abrangia os estados do Rio de Janeiro (RJ), São
Paulo (SP), Paraná (PR), Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). As terras
indígenas presentes nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul
pertenciam originalmente ao DSEI Interior Sul. Entretanto, desde 2012 (BRASIL, 2012) este
último passou a ser responsável também pela atenção à saúde da população indígena dos
estados de SP, RJ e PR, enquanto o DSEI Interior Sul passou a ser responsável pela
população indígena dos estados de SC e RS.
Os dados demográficos de todos os DSEIs foram extraídos do SIASI (BRASIL, 2013),
disponível no site da Secretaria de Especial da Saúde Indígena (SESAI)/Ministério da Saúde.
Os dados demográficos foram obtidos segundo DSEI, PB, região do Brasil e Unidade
Federada. Cada DSEI tem um, dois ou três estados com indígenas sob jurisdição, sendo assim
foi possível obter a informação demográfica por Unidade Federada por DSEI. Os dados
foram analisados por sexo, faixa etária, DSEI e Unidade Federada.

RESULTADOS/DISCUSSÃO

Dos 34 DSEIs do Brasil, 19 (55%) se concentram na região norte, 6 (18%) na

região nordeste, 6 (18%) no centro-oeste, 1 (3%) na região sudeste e 2 (6%) na região

sul. Em 2013, a população indígena do Brasil totalizou 655.112 indivíduos, sendo


332.971 (51%) do sexo masculino. Dentre os indígenas do sexo masculino, 40.597 (6,2%)
são crianças com idade entre 0 e 4 anos, seguido por 49.485 (7,6%) crianças
entre 5 e 9 anos, 86.057 (13,1%) adolescentes entre 10 e 19 anos, 121.423 (18,5%)

adultos entre 20 e 49 anos, 20.632 (3,1%) adultos entre 50 e 64 anos e 14.777 (2,3%) idosos
com 65 anos ou mais de idade.
A distribuição etária entre as 322.141 (49%) indígenas do sexo feminino é
semelhante, com 39.318 (6,0%) crianças com idade entre 0 e 4 anos, seguido por

3053
47.995
(7,3%) crianças entre 5 e 9 anos, 83.716 (12,8%) adolescentes entre 10 e 19
anos, 116.724 (17,8%) adultos entre 20 e 49 anos, 18.896 (2,9%) adultos entre 50 e

64 anos e 15.492 (2,4%) idosos com 65 anos ou mais.

Em relação à distribuição populacional por DSEI, o DSEI mais populoso é o de Mato


Grosso do Sul com 71.658 (10,9%) indígenas, enquanto o menos populoso é o de Altamira
com 2.972 (0,5%) indígenas. O DSEI Pernambuco concentra a maior proporção de adultos
com 50 a 64 anos, sendo 2.236 (11,8%) indígenas do sexo feminino e 2.099 (10,2%) do sexo
masculino, e a maior proporção de idosos do sexo masculino (1.529 representando 10,3% da
população total) com mais de 65 anos dentre os DSEIs do país.
Cerca de 315.625 (48%) da população indígena do Brasil se concentra na região norte,
159.158 (25%) na região nordeste, 112.692 (17%) no centro-oeste, 13.698 (2%) no sudeste e
53.939 (8%) na região sul.
As Unidades Federadas (UFs) com os maiores percentuais da população indígena entre
a população total dos DSEIs são Amazonas (176.211 indígenas representando 26,9% da
população dos DSEIs), Mato Grosso do Sul (71.658 – 10,9%) e Roraima (54.950 – 8,4%).
Por outro lado, as UFs com os menores percentuais de população indígena são Rio de Janeiro
(632
– 0,10%), Goiás (455 – 0,07%) e Sergipe (408 – 0,06%).
As informações obtidas pelo SIASI devem ser analisados com cautela devido à
fragilidades metodológicas relacionadas ao processo de alimentação do sistema. Diversos
profissionais preenchem os instrumentos de coleta de dados, além disso a alta rotatividade de
profissionais que trabalham com a saúde indígena dificulta a realização de capacitação
específica para lidar com esses instrumentos (CHAVES et al., 2006)(SOUSA et al., 2007).

CONCLUSÃO

Os dados apresentados nesse trabalho representam uma inovação dentre os estudos


demográficos por incluir dados secundários da população indígena do Brasil, estratificados
por DSEI e macrorregiões. Os demais estudos geralmente focam regiões específicas do país
(PAGLIARO, 2010)(LEITE et al., 2005)
A população indígena aldeada do Brasil se caracteriza por ser predominantemente
adulta, homogeneamente distribuída entre os sexos masculino e feminino e, localizada
principalmente na região norte, onde está a maior parte dos DSEIs do país. Entretanto, a

3054
dinâmica populacional dessa população está estreitamente condicionada à particularidades
socioculturais das etnias existentes no país e deve ser analisada como uma realidade social
diferenciada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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projetos físicos de estabelecimentos de saúde para povos indígenas., Ed.)No 840, DE 15 DE AGOSTO
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CHAVES, M. DE B. G.; CARDOSO, A. M.; ALMEIDA, C. Implementação da política de saúde indígena no


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LEITE, M. S.; GUGELMIN, S. A.; SANTOS, R. V.; COIMBRA JR, C. E. A. Perfis de


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3056
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3057 - 3061

DISTRIBUIÇÃO DE DADOS COM BASES DE DADOS DINÂMICAS PARA O


PROCESSAMENTO DISTRIBUÍDO EFICIENTE DE OPERAÇÕES DE JUNÇÃO
ESPACIAL

Sávio Salvarino Teles de OLIVEIRA, Marcelo de Castro CARDOSO, Wellington


Santos MARTINS
Instituto de Informática - UFG savioteles@gmail.com,
marcelodcc@gmail.com, wellington@inf.ufg.br R-Tree, Junção Espacial,
Distribuição de Dados, Sistemas Distribuídos

Justificativa / Base teórica

A junção espacial é uma das operações mais importantes nos Bancos de Dados
com extensão espacial. Ela envolve o relacionamento entre duas bases de dados,
combinando as geometrias de acordo com algum predicado espacial. Um exemplo, são
regiões com áreas de desmatamento que podem ser cruzadas áreas de preservação ambiental
para descobrir se estão ocorrendo desmatamentos em regiões proibidas. A junção espacial
demanda grande poder computacional devido ao: i) tamanho e complexidade dos objetos
das bases de dados envolvidas e ii) algoritmos de geometria computacional com alta
demanda de uso da CPU (KANG, 2002).
As soluções centralizadas são limitadas pelo poder de processamento e
armazenamento de um único servidor. Com isto emergiram os Bancos de Dados
Espaciais Distribuídos, que podem ser definidos como um conjunto de computadores em um
cluster de computadores interconectados por uma rede que cooperam para a realização de
operações de geoprocessamento nas bases de dados disponíveis no sistema. Nestes bancos
de dados distribuídos, alguns desafios são identificados, tais como a distribuição dos dados
pelo cluster para permitir paralelizar o processamento da junção espacial entre estes
computadores de forma a aproveitar os recursos computacionais disponíveis.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é apresentar uma nova técnica de distribuição de dados


com bases de dados dinâmicas denominada Grid Proximity Area para o processamento
da junção espacial distribuída. Os trabalhos encontrados na

3057
literatura têm explorado técnicas de distribuição de dados indicadas para bases de dados
estáticas, onde qualquer atualização da base de dados requer que todos os dados sejam
novamente distribuídos pelo cluster. Isto se torna inviável com grandes bases de dados e que
sofrem constantes atualizações. A técnica de distribuição de dados, proposta neste trabalho,
consegue atualizar a base de dados sem que haja a necessidade de redistribuir os objetos pelo
cluster.
Oliveira (2013) propõe uma técnica para distribuição de dados (Proximity Area) em
cluster de computadores com bases de dados dinâmicas. A técnica de Oliveira (2013),
entretanto, não reduz o tráfego de dados na rede que é um fator importante em junções
espaciais com geometrias grandes.
A técnica proposta no nosso trabalho foi avaliada para definir em quais cenários é
mais indicada. Para tal, foram realizados experimentos utilizando bases de dados com
características diferentes e com cluster de tamanho variado com o objetivo de avaliar a
junção espacial distribuída com cada técnica de distribuição de dados.

Metodologia

O processamento da junção espacial distribuída em um cluster de computadores


apresenta dois desafios principais: i) reduzir o tráfego de dados na rede, pois impacta de
forma significativa no desempenho do algoritmo de junção espacial distribuída e ii) o
processamento paralelo e distribuído da junção espacial deve aproveitar da melhor forma
possível os recursos disponíveis no cluster.
A distribuição de dados pelas máquinas do cluster é o fator que mais influência no
paralelismo em um ambiente clusterizado e têm como objetivo reduzir o volume de dados
trafegados na rede e aproveitar os recursos disponíveis no cluster (cpu, memória, disco,
etc) para processar a junção espacial de forma paralela e distribuída MUTENDA (1999).
O algoritmo Grid Proximity Area busca atender aos dois requisitos principais de
distribuição de dados: a) os dados devem ser distribuídos de forma balanceada pelas
máquinas do cluster; b) uma máquina deve possuir a maior parte dos dados que precisa
para processar uma operação localmente (Princípio da Localidade), ou seja, não é necessário
obter dados de outra máquina. A distribuição dos dados de forma balanceada pelo cluster
permite com que o processamento da junção espacial seja distribuído pelas máquinas. Desta
forma, os recursos disponíveis no cluster não ficam ociosos. Já o Princípio da Localidade
reduz o tráfego de dados na rede, já que cada máquina possui localmente a maior parte dos

3058
objetos necessários para processar a junção espacial.
O algoritmo Grid Proximity Area busca manter os objetos de bases de dados
diferentes espacialmente próximos na mesma máquina utilizando uma grid espacial. Esta grid
é formada a partir da divisão do espaço do mundo, como apresentado na Figura 1. Cada
quadrado na grid é denominado tile e cada tile é associado a uma máquina do cluster.

Figura 1 - Divisão do espaço do mundo em uma Grid

O algoritmo Grid Proximity Area tem ideia similar a PATEL (2000), mas PATEL
(2000) propõe uma técnica de distribuição de dados estática, onde o espaço universal deve
ser previamente conhecido. O nosso algoritmo é dinâmico e utiliza o mundo como espaço
universal.
Quando um novo objeto O é inserido na base de dados, verifica-se quais tiles
apresentam intersecção com O e este é inserido nas máquinas associadas a cada tile. Se um
tile escolhido não estiver associado a nenhuma máquina, é escolhida aquela máquina com
menor número de objetos. Dado que um objeto O da base de dados pode intersectar com
vários tiles, o objeto é replicado nos vários servidores responsáveis pelo tile (Grid Clone)
ou o objeto inserido no servidor associado ao tile com maior área de intersecção com o
objeto O e nos outros servidores associados aos tiles, será armazenada uma sombra (Grid
Shadow) de O, ou seja, apenas uma aproximação da geometria de O para economizar espaço
de armazenamento.

3059
Resultados / Discussões

Para medir a eficiência da plataforma ao adicionar mais máquinas no cluster, foram


realizados experimentos para medir a escalabilidade horizontal. As técnicas de distribuição
de dados, Grid Proximity Area e Proximity Area, foram avaliadas para medir o impacto das
mesmas na operação de junção espacial distribuída. Para avaliar o desempenho da
plataforma na execução da junção espacial distribuída, foram realizadas a junção espacial
entre Bioma do Cerrado (151986 polígonos) e Desmatamento do Cerrado (32578
polígonos), que retorna 60798 resultados. Foram utilizados até 9 máquinas no cluster. A
técnica Grid Proximity Area foi avaliada com a estratégia CLONE e SHADOW, onde a grid
do mundo foi dividida em 16000 tiles.
A Figura 2 apresenta o gráfico com os tempos de respostas das junções espaciais. De
forma geral, a técnica de distribuição Grid Proximity Area teve desempenho melhor que
Proximity Area, principalmente com o aumento no número de máquinas. Com 3 máquinas, a
técnica Proximity Area teve um desempenho melhor que a técnica Grid Proximity Area, pois
o tráfego de dados entre as máquinas não é tão grande. Em geral, com a técnica Grid
Proximity Area houve menor tráfego de dados na rede na junção espacial distribuída.
Com a técnica Proximity Area, o processamento foi melhor distribuído entre as máquinas
do cluster. A técnica Grid Proximity Area teve desempenho melhor que Proximity Area, já
que o tráfego de dados na rede foi dominante na etapa de refinamento, principalmente com 6
e 9 servidores. Na técnica Grid Proximity Area, a estratégia CLONE teve desempenho
semelhante a SHADOW em relação a tempo de resposta, tráfego de dados na rede e
utilização dos recursos computacionais. Por isso, a estratégia SHADOW é uma boa
escolha para este tipo de junção, já que precisa de menos espaço em disco para armazenar
as bases de dados.

Figura 2 - Tempo de Resposta da Junção Espacial

3060
Conclusões

Neste trabalho, foi implementada uma nova técnica de distribuição de dados para
otimizar o desempenho da junção espacial distribuída: Grid Proximity Area. Esta técnica
busca manter os objetos das bases de dados espaciais colocalizados e balanceados pelo
cluster de computadores.
A técnica Grid Proximity Area foi comparada com a técnica Proximity Area e teve
desempenho melhor quando existe um número maior de máquinas no cluster e,
consequentemente, o tráfego de dados na rede é dominante sobre o processamento na junção
espacial distribuída.

Referências bibliográficas

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3061
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3062 - 3068

INATIVAÇÃOFOTODINÂMICADOHERPESVÍRUSBOVINOTIPO1P
OR FTALOCIANINAZINCO

Taise Maria dos Anjos OLIVEIRA1; Amanda Vargas TELES2; Fábio de Castro

BEZERRA3; Pablo José GONÇALVES4; Guilherme Rocha Lino de SOUZA5.

Palavras-chave:espécies reativas de oxigênio, fotoinativação, fotossensibilizadores,porfirinas.

IINTRODUÇÃO

A inativação fotodinâmica é uma técnica baseada na combinação sinérgica de um


fotossensibilizador, oxigênio e luz. Ao ser irradiado em um comprimento de onda específico,
o fotossensibilizador (PS) absorve um fóton de energia e sofre uma série de processos
fotofísicos, que poderá culminar na geração de espécies citotóxicas do oxigênio, capazes de
agredir constituintes celulares e ocasionar a morte celular por apoptose ou necrose (Ochsner,
1997).
As ftalocianinas são fotossensibilizadores sintéticos semelhantes às porfirinas, podem
se ligar a vários tipos de metais, principalmente ao alumínio e zinco, o que lhe confere
características fotofísicas específicas. Sua lipofilicidade contribui para sua localização nas
membranas plasmáticas e mitocôndrias, além disso, possui alto rendimento quântico do
estado excitado tripleto, o que favorece a inativação de microrganismos (Spikes, 1986;
Rosenthal, 1991; Valeur, 2001).
_
1 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia- UFG.

Bolsista CNPq. E-mail: taise.vet@hotmail.com


2 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia- UFG.

Bolsista CAPES. E-mail: amandavteles@gmail.com


3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Física do Instituto de Física- UFG. Bolsista CAPES. E-mail:

castrobezerra@yahoo.com.br
4 Docente do Programa de Pós-graduação do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás – UFG. E-

mail: pablaojg@yahoo.com.br
5 Docente do Programa de Pós-graduação da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de

Goiás - UFG. E-mail: grlino@gmail.com

3062
Muitas aplicações dessa técnica têm sido discutidas em diferentes áreas médicas, como a
dermatologia, gastroenterologia, odontologia, urologia, neurologia e principalmente na
oncologia (Sieron e Kwiatek, 2009; Wolun-Cholewa et al., 2011; Ahmad et al., 2012; Cheung
et al., 2013; Borroni et al., 2015; Yamamoto et al., 2015).

Porém, em Medicina Veterinária, existem poucos trabalhos realizados no intuito de inativar


microrganismos de interesse animal e na descontaminação de materiais biológicos. Dessa
forma, surge a necessidade de avaliar a eficiência dessa técnica na inativação de patógenos
de interesse animal. Por isso, como modelo experimental utilizamos o herpesvírus bovino
tipo 1 (BoHV-1), um importante agente patogênico na bovinocultura mundial, ocasionando
grandes perdas econômicas relacionadas a um complexo de doenças, como: rinotraqueíte
infecciosa bovina (IBR), vulvovaginite pustular infecciosa (IPV) e balanopostite pustular
infecciosa (IPB), que podem acometer os tratos respiratório, genital e reprodutivo dos bovinos
(Takiuchi et al., 2001; Bertolotti et al., 2015).
OBJETIVO

Objetivou-se avaliar uma abordagem alternativa para a eliminação do BoHV-1


presente em material biológico ou subprodutos de origem animal, utilizando-se a inativação
fotodinâmica. Para isso, foram avaliadas as variáveis concentração e tempo de inativação da
ftalocianina zinco (FCZn), na fotoinativação in vitro do herpesvírus bovino tipo 1.
METODOLOGIA

As amostras virais (BoHV-1 referência Los Angeles - L.A.) foram multiplicadas em


células “Madin-Darby bovine kidney” (MDBK) cultivadas em meio essencial mínimo (MEM-
GIBCO®), suplementado com 6% de soro fetal bovino (GIBCO®) e antibiótico -
estreptomicina (10.000 µg/ml) e penicilina (10.000 µg/ml). A titulação viral foi realizada pelo
método de Späerman-Kärber (Hamilton et al., 1977).
A ftalocianina zinco (Porphyrin Inc®) foi preparada no Laboratório de Biofísica do
Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás e sua concentração determinada pelo
espectrofotômetro LAMBDA 1050 UV/Vis/NIR spectrophotometer - PerkinElmer Inc.
(Waltham, Massachusetts 02451, USA) na concentração de 25 µM. Posteriormente as
amostras foram diluídas em Tampão Fosfato Salino (PBS) 1M pH
7.4 autoclavado, nas concentrações finais de 5 e 10 µM.

3063
O experimento foi realizado em quadruplicata, em quatro ocasiões distintas. Para

realização da fotoinativação, alíquotas da suspensão viral contendo 105,75 TCID50/mL


foram incubadas com a ftalocianina zinco, diluída nas concentrações de 5 e 10 µM em um
tubo de 0.5 mL por 1h a 37ºC, sob agitação e ao abrigo da luz. As amostras foram colocadas
em placas de microtitulação e irradiadas por um sistema de irradiação constituído por uma
lâmpada halógena (500 W), de baixo custo, emitindo em toda a região do visível do espectro
eletromagnético, de 470 a 750 nm, conforme descrito por (Almeida et al., 2012) e patente: Br.
Patent: PI 0802369-7 A2, 2008. Todas as amostras foram irradiadas numa intensidade de 180
mW/cm2.
Foram retiradas amostras a cada 15 minutos de irradiação, desde o tempo zero até
completar 90 minutos. Após a irradiação as amostras foram adicionadas a tubos de ensaio

onde foram realizadas diluições decimais até 10-6, sendo que cada diluição foi colocada em
quatro orifícios de uma placa de microtitulação de 96 poços, onde foi adicionada previamente
a suspensão de células MDBK. As placas foram incubadas a 37ºC e 5% de CO2 durante 72h.
Decorrido este tempo, foi avaliado o efeito citopático (CEP) nas células, utilizando o
microscópio invertido.
Como controle, utilizou-se grupos que não foram submetidos a nenhum

tratamento (controle), grupos tratados apenas com a irradiação (controle da luz) e grupos
tratados com o fotossensibilizador na ausência da luz (controle do PS).
Todos os dados foram apresentados como média ± desvio padrão (SD). A análise da
variação entre os grupos foi realizada utilizando o teste de Análise de variância (ANOVA
- two-way) seguido de teste de Tukey. Valores de p<0,05 foram considerados
estatisticamente significativos.

3064
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da inativação fotodinâmica do BoHV-1, bem como dos grupos controle


estão representados na FIGURA 1.

FIGURA 1 – Avaliação da inativação fotodinâmica do BoHV-1 por


ftalocianina, sendo: FCZn - 5 µM (●), FCZn - 10 µM (‫)ס‬,
Controle da Luz (▼), controle do fotossensibilizador (Δ) e

controle ( ). O título víral inicial foi de 105,75


TCID50/mL e os dados foram apresentados em
± SD, n=4.

3065
Na concentração de 5 µM observamos que a FCZn inativou o BoHV-1 em 45
minutos, enquanto, na concentração de 10 µM houve a completa inativação do vírus com 30
minutos de irradiação. Nos tempos de 15 e 30 min as ftalocianinas apresentaram diferença
significativa entre suas concentrações (p<0,05), sendo a FCZn 10 µM considerada a melhor.
Nos tempos de 60, 75 e 90 min não houve diferença (p>0,05) entre as concentrações, uma
vez que o vírus já havia sido inativado.
As ftalocianinas zinco nas concentrações de 5 e 10 μM que foram incubadas com o vírus
na ausência da luz durante 90 minutos, não apresentaram diferença significativa (p>0,05) no
título viral quando comparadas ao controle que não foi submetido a nenhum tratamento. Não
houve redução de título viral no grupo tratado apenas com a irradiação do vírus por 90
minutos, caracterizando assim, que o emprego da luz sem a presença do fotossensibilizador
não possuiu efeito fototóxico.
O tempo de incubação do fotossensibilizador com o vírus é fundamental para o êxito da
técnica, uma vez que é necessária a adsorção do fotossensibilizador pelo patógeno
(Wainwright, 1998). Os PS interagem com os receptores de lipoproteína de baixa densidade
(LDL), sendo assim, vírus envelopados, como o utilizado em nosso trabalho, são mais
facilmente inativados, devido à presença de uma camada lipídica que recobre a partícula viral
(Costa et al., 2012).
A eficácia da inativação do BoHV-1 pode ser atribuída ao maior rendimento de
geração de estado tripleto que a FCZn possui, como comprovou Frackowiak et al., 2002, esse
maior rendimento pode ser atribuído ao chamado efeito de átomo pesado, que ocorre
quando interações spin-orbital são perturbadas por átomos pesados e induzem alterações
nos campos elétrico e magnético das moléculas, induzindo alterações no comportamento
dos elétrons, fazendo oscilar a sua multiplicidade de spin, ocasionando uma maior geração
de estado excitado tripleto.
Conclusão

Considerando a economia de tempo de irradiação para a inativação fotodinâmica, tem-


se que a ftalocianina zinco na concentração de 10 μM possui um maior potencial para
aplicação como um fotossensibilizador eficaz na fotoinativação do BoHV-1.
Para uma maior eficiência da utilização destes fotossensibilizadores na inativação de
microrganismos, nosso grupo de pesquisa está atualmentetrabalhando

3066
na conjugação entre anticorpos e fotossensibilizadores para a fotoinativação do BoHV-1 em
sêmen.
Referências

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3068
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3069 - 3074

A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO TEÓRICO NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO


CONTEMPORÂNEA
Thalitta F. de Carvalho PERES; Sandra Valéria Limonta ROSA
Programa de Pós-Graduação em Educação-PPGE
Faculdade de Educação – UFG thalitta@hotmail.com;
sandralimonta@gmail.com

Palavras-Chave: Educação Contemporânea. Davydov. Pensamento Teórico.


Didática.

Justificativa / Base Teórica

Nas últimas décadas em nosso país, o conceito de qualidade de educação está


fortemente vinculado ao desempenho dos alunos em testes padronizados, que compõe o
índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que em sua lógica de mercado
tem estimulado a meritrocracia, a exclusão e a competição.
Nesse contexto, o trabalho docente é marcado por pressões e exigências do sistema
educacional para atingir bons indicadores quantitativos, o que não é favorável para a
apropriação conceitual a nível teórico. Mesmo que os alunos obtenham aprovação na
escola, não conseguem pensar conceitualmente, pois o conhecimento deixa de operar como
um instrumento de desenvolvimento de suas capacidades. Sua forma de operar com o
pensamento pode permanecer no empirismo. “A conjunção constante de eventos no campo
da empiria, por mais rica que seja, pressupõe um mundo fechado para mudanças e para a
intervenção da ação humana” (MORAES; TORRIGLIA, 2003, p.57-58). Ao contrário, os
conceitos científicos possibilitam compreender para transformar (VYGOTSKY, 2000).
Assim, Peres e Freitas (2013), destacam que o importante não é o conceito em si
mesmo, mas o novo modo de pensamento que o aluno forma ao aprendê-lo. Davydov
(1988, p.72) afirma que “ter um conceito sobre um objeto significa saber reproduzir
mentalmente seu conteúdo, construí-lo, e a ação mental de construção e transformação o
objeto constitui o ato de sua compreensão e explicação, o descobrimento de sua essência".
O ensino organizado e sistematizado no processo de escolarização amplia a
capacidade do pensamento, favorecendo novas aprendizagens (FREITAS; ROSA, 2015). É

3069
comum na prática dos professores colocarem os alunos para resolver atividades depois da
exposição do conteúdo, o que de acordo com Davydov, deve ocorrer durante o ensino para
que o aluno investigue o conhecimento, pois requer ações mentais específicas.
Dentre essas e outras questões da realidade educacional brasileira é que se constitui a
necessidade dessa investigação, pois as ações dos professores estão direcionadas mais
para o cumprimento das normas, do que as discussões sobre o modo de organizar o ensino
que realmente promova o desenvolvimento dos alunos. Assim, o que se questiona é: qual a
concepção dos professores da escola pública a cerca do modelo mercantil contemporâneo? É
possível formar o pensamento teórico nesse contexto? E como se dá a organização de ensino
desses professores?
Desta forma, a pesquisa em questão fundamenta-se na teoria do ensino
desenvolvimental de V. V. Davydov, que em um contexto russo representa desdobramento e
aplicação pedagógica da teoria histórico-cultural formulada por Vygotsky (LIBÂNEO;
FREITAS, 2013), como parte de um projeto mais amplo de transformação da escola e da
qualidade do ensino. “Davydov não apenas aprimorou a teoria pedagógica dentro da teoria
histórico-cultural como levou a consequências práticas a relação entre educação e
desenvolvimento formulado por Vygotsky” (LIBÂNEO; FREITAS, 2013, p.323).

Objetivos

Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa é desenvolver a formação de


professores da educação básica através de um grupo de estudo com a elaboração de
atividades de ensino pautada na teoria do ensino desenvolvimental visando à formação do
pensamento teórico.
Os objetivos específicos são:

- Compreender os fundamentos epistemológicos da teoria do ensino


desenvolvimental;
- Analisar as relações do modelo gerencial educacional contemporâneo no trabalho
docente;
- Criar condições teórico-metodológicas para a elaboração de atividades de ensino
que impulsione a formação conceitual;
- Fomentar a organização de ensino que contribua para o desenvolvimento do
pensamento teórico, pela via formações das ações mentais e conceitosteóricos.

3070
Metodologia

A partir do referencial teórico, para que estabeleça um movimento investigativo,


dialético e crítico sobre as questões que envolvem o professor, sua formação e função
social, o presente estudo busca como método de pesquisa o Materialismo Histórico
Dialético, o qual além de ser uma teoria é também um método. Kopnin (1978), Kosik;
Toríbio (1995), dentre outros, contribuem acerca desse método, pois como apresenta
Gadotti (2000, p.8) “a dialética constitui, até hoje, no paradigma mais consistente para
analisar a educação”.
Desse modo, a metodologia desta pesquisa se caracteriza por uma abordagem
qualitativa em educação, apoiando em autores que a distingue e a caracteriza como Bogdan e
Biklen (1994) e André e Ludke (1993).
Em relação ao tipo de pesquisa, o presente trabalho desenvolverá pesquisa
bibliográfica e pesquisa campo através do grupo de estudo com os professores, visto que
se procura pesquisar a teoria do ensino desenvolvimental como base para uma organização de
ensino que visa a formação do pensamento teórico.
A presente proposta terá como local de pesquisa o município de Iporá, contemplando
os professores efetivos da rede pública do Ensino Fundamental II que interessarem em
participar do estudo. Buscar-se-á como instrumentos de coleta de dados: questionários,
depoimentos e as atividades de estudo. Esses revelarão como se dá organização do ensino
realizada pelos professores, considerando o avanço do neotecnicismo no Brasil.
Acredita-se que a presente proposta possibilitará maior compreensão da organização
do trabalho docente, permitindo investigar o surgimento de novas formações mentais nos
sujeitos da pesquisa mediante sua formaçãoorientada.

Resultados / Discussão

A presente pesquisa tem centrado no estudo teórico, pois se encontra em fase


inicial. Nesse sentido, busca-se compreender a organização de ensino na educação
contemporânea, para que através do grupo de estudo, os professores busquem
potencializar a formação do pensamento teórico. O qual não trabalha com representações,
mas com conceitos. Davydov (1988, p.72) afirma que “ter um conceito sobre um objeto
significa saber reproduzir mentalmente seu conteúdo, a ação mental de construção e
transformação do objeto constitui o ato de sua

3071
compreensão e explicação, o descobrimento de sua essência”. Entendendo a essência, o
nuclear; o conceito é formado.
A partir desse princípio geral, “o professor estrutura e organiza a atividade de
estudo do aluno, de modo que ele realize abstrações e generalizações conceituais”
(LIBÂNEO; FREIRAS, 2013, p.332). Nesse sentido, base do pensamento teórico, de acordo
com Davydov (1988), é analisar a abstração, a generalização e o conceito, os quais no
pensamento empírico se firmam nos traços externos, e no pensamento teórico, nas conexões
internas. Os conhecimentos empíricos são expressos por palavras, os conhecimentos teóricos
se expressam nos planos das ações mentais.
A teoria de Davydov possibilita uma organização de ensino que se atenta ao
desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos, e não a quantidade de conteúdos, visto
que, para chegar ao conhecimento teórico, é necessário analisar, generalizar, investigar a
origem dos conceitos para interiorizar todo o seu processo histórico. Assim, o professor
estrutura antes uma atividade em que além de aprender o conceito teórico, os alunos possam
utilizá-lo como princípio geral para outros contextos particulares.
A teoria do ensino desenvolvimental, como escreve Libâneo (2002, p.9) “sustenta a
tese que o bom ensino é o que promove o desenvolvimento mental, isto é, as capacidades e
habilidades de pensamento”. Conforme Davydov (1988, p.93) “a base do ensino
desenvolvimental é o seu conteúdo e dele originam os métodos (ou modelos) de organização
de ensino”. Assim, “ao iniciar o domínio de qualquer matéria curricular os alunos, com a
ajuda dos professores, analisam o conteúdo do material curricular e identificam nele a relação
geral principal” (idem, p.94).
Nesse processo, Davydov defende uma forma de organização de ensino que supera os
métodos tradicionais, enfatizando o pensamento teórico do aluno pelo movimento de
ascenção do abstrato a concreto. Diferenciando assim dos direcionamentos via instâncias
superiores em que o foco não está no desenvolvimento de novas formações mentais, mas na
melhoria da qualidade da educação, a qual é mensurada por índices quantitativos.

Conclusões

O que se espera desta pesquisa é produzir uma análise crítica acerca das
possibilidades e desafios de se organizar o ensino em uma sociedade neoliberal no

3072
contexto da escola pública estadual. Compreendendo assim, que a teoria do ensino
desenvolvimental permite aprofundar nas ações didáticas capazes de promover o
desenvolvimento dos sujeitos. Este estudo pode fornecer elementos que podem contribuir para
os professores, e ao mesmo tempo, ampliar a reflexão didática sobre a teoria do ensino
desenvolvimental.

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Excerpts”. Tradução: José Carlos Libâneo (PUC-GO) e Raquel Aparecida Marra da
Madeira Freitas (PUC-GO).

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MORAES, Maria Célia M. De; TORRIGLIA, Patrícia L. Sentidos de ser docente e da


construção de seu conhecimento. In: MORAES, Maria Célia M. de. (Org.). Iluminismo
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PERES, Thalitta F. de Carvalho; FREITAS, Raquel Aparecida M. da Madeira. Matemática no


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VIGOTSKI, Lev Semenovich. A construção do pensamento e da linguagem. Trad. Paulo


Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

3074
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3075 - 3080

Nontrivial solutions for some fourth order superlinear elliptic problems under Navier
conditions

Thiago Rodrigues Cavalcante 1 1, Edcarlos D. da Silva 22,

Introduction

In this work we shall consider the fourth elliptic problem

.
α∆2u +β∆u = f (x,u) in Ω,
u = ∆u = 0 on ∂Ω, (1)

where ∆2 = ∆ ◦ ∆ is the biharmonic operator, N ≥ 4, Ω ⊂ RN is a smooth bounded domain,


α > 0, β ∈ (−∞, αλ1). The nonlinear term f is a continuous function which is superlinear at
infinity and at the origin.

Fourth elliptic problems are modeled in the working space H = H01(Ω)∩H2(Ω). This space
is an Hilbert space endowed with the inner product

(u,v)= ¸
α∆u∆v−β∇u∇vdx,u,v ∈ H . (2)

The weak solutions for problem (1) are precisely the critical points for the functional of C1 class
I : H → R given by

I(u) = 1 α|∆u|2 −β|∇u|2 dx− F(x,u)dx, (3


2 Ω

1UFG e-mail: thiagocavalcantegyn@gmail.com

2UFG e-mail: edcarlos@ufg.br

3075
¸u
where the primitive for f is denoted by F(x,u) = 0f(x,t)dt x ∈ Ω, t ∈ R. For further results
on fourth elliptic problem we refer the reader to [?], [?], [?] and[?].

Throughout this work we shall consider the followinghypotheses

(f0) There exist a1 > 0 and p ∈ (2,2∗) such that

|f(x,s)|≤a1(1+|s|p−1), for any ,(x,s) ∈ Ω×R.

f (x,t) = ∞ uniformly in Ω;
( f1) lim
t
|t|→

f (x,t)
( f2) lim = f0 < λ1(αλ1 − β) uniformly in Ω; λ1 ∈ (−∆, H1(Ω))
t
|t|→
0
0

In this work is not required that f satisfy the Ambrosetti-Rabinowitz conditionin (AR) condi-
tion, says that: There are θ > 2 and R > 0 such that

0 <θF(x,t) ≤t f (x,t),|t|≥R,x ∈Ω. (4)

In theory there are several examples of functions that do not meet such condition,for example
we cite the function f (t) = tln(1 +|t|) which does not satisfy (AR).

At this moment we shall consider the following condition nonquadraticity condition at infi-
nity introduced by Costa and Magalha˜es given in the following way

(NQ) setting H(x,s) := f (x,s)s−2F(x,s), we have that

lim H(x,s) = +∞, uniformly for x ∈Ω.


|s|→∞

3076
Now we shall consider the Mountain Pass Theorem, under the Cerami condition, writing
our main first result in the followingform

Teorema 0.1. Suppose that f satisfies ( f0), ( f1), ( f2) and (NQ). Then problem (1) admits at
least one nontrivial solution.

Now, using a truncation technique adapted for fourth elliptic problems, taking into account
the Strong Maximum Principle for elliptic equations we can be written our second result in the
following form

Teorema 0.2. Suppose that f satisfies ( f0), ( f1), ( f2) and (NQ). Then problem (1) admits at
least two nontrivial solutions u,w ∈ H satisfying u >0 and w <0 in Ω.

Mountain Pass Theorem

The proof of Theorem 0.1


0.1
Initially we prove that the functional I satisfies the Cerami condition at any level c ∈ R.

Using hypotheses (f0)−(f2) and the fact that f ∈C(Ω ×R,R),we deduce the following growth
(ε +f0) 2 p
|F(x,t)|≤ |t | +C |t | , ∀(x,t) ∈ Ω×R, (5)
2

holds true for any ε > 0 and for some C = C(ε) > 0.
Noticing the definition of I given in (3), it follows from (5) and Sobolev inequality that

. .
1 (ε+l 0 ) 2 p
I(u) ≥ − ||u ||H −C ||u ||H .
2
2µ . .
. ε0
1 ε0
.1/p−2
hods for some positive constant C > 0. Now we define r = and ρ =r 2
4µ1 4µ1
µ1 −f0
C
2
where ε0 = > 0. Under theses conditions, for any ε ∈ (0,ε0), we infer that

I(u)≥ρ >0, ∀u ∈H ; ||u ||H = r.

3077
This shows the first statement in the mountain pass geometry.
From now on, using condition ( f1) and the continuity of F, there exist R > 0 and CR < ∞ in
such way that

F(x, t) ≥ Rt2 2 −CM, ∀ (x, t) ∈ Ω × R, (6)


Let ϕ1 >0 be the eigenfunction associated to µ1.

Consider e = tϕ1 with t >0.


Using (6) we get the following estimate
I(e)= I(tϕ1) ≤ t2
(µ1 −R)+CM|Ω|.
2

As a consequence there exists t0 > 0 large enough in such way that, considering R > µ1, we
obtain ||e||H = ||t0ϕ1||H > r and I(e) ¡ 0 for any t ≥ t0. These facts shows that I admitsthe

mountain pass geometry proving the existence of a Cerami condition (un) at the mountainpass
level c given by (Ce)c condition, therefore exist u ∈ H in such way that un → u in H . As a
consequence u is a critical point for I and I(u) ≥ ρ > 0. Hence u is a weak solution to the
elliptic problem (1). Here was used the fact that u = 0 and ∆u = 0 on ∂Ω which we prove in the
Appendix ahead. This ends the proof.

A positive solution and one negative solution

0.2 The proof of Theorem 0.2

As a first step we shall consider v = −∆u in problem (1), i.e, we reduce problem (1) into the
following elliptic system

−∆u = v in Ω,
−α∆v− βv = f (x, u) in Ω,
u= v = 0 on ∂Ω. (7)

3079
Here we emphasize that u, v ∈ H1(Ω). Putting v− ∈ H1(Ω) as test function in the problem (7)
0 0
we observe that
¸ ¸ ¸ f (x,u)v−dx. (8)

α∇v∇v−dx−β vv− dx =
Ω Ω


Using the variational inequality for λ1 and the identity (8) we obtain

. .¸ ¸ ¸ ¸
β 2 2 2

α−λ |∇v−| dx ≤ α|∇v−| dx−β |v−| dx = f (x,u)v−dx.


1 Ω Ω Ω Ω

At this moment we shall consider the function f +, i.e, we define the following truncation

.
f (x,t), if t ≥0

f +(x,t) = 0, if t <0.

Using the same ideas discussed above and changing the function f by f + we get the following

estimate . .¸ ¸
β 2 + −
0≤ α− λ |∇v−| dx ≤ f (x,u)v dx. (9)
1 Ω [v<0
]

It follows from problem (7) that

.
−∆u = v <0 in [v<0]
(10)
u= 0 on ∂[v < 0],

where we define [v <0]={x ∈Ω: v(x)<0}. Using the strong maximum principle , we mention

3080
also that (10) says that u < 0 in [v < 0]. As a consequence, using the last assertion, we know

that
¸ ¸ ¸
f +(x,u)v−dx + f +(x,u)v−dx
f +(x,u)v−dx =
[v≥0

[v<
]
0]
¸
= f +(x,u)v−dx = 0
[v<0]

Therefore, the estimate (9) together with the variational inequality for λ1 imply that

. .¸
β 2
0≤ α− λ |∇v−| dx ≤0.
1 Ω

Hence v− ≡ 0 and v = v+ ≥ 0 in Ω. As a consequence we deduce that

−∆u = v ≥ 0 in Ω,u = 0 on ∂Ω.

Using one more time the strong maximum principle we easily seen that u > 0 in Ω, i.e, we
guarantee that problem (1) admits at least one positive solution. Analogously, using the strong

principle strong maximum twice we obtain a second solution w ∈ H01(Ω) to the elliptic problem

(1) satisfying w < 0 in Ω. Here was used the fact that f − is also a continuous function. This
ends the proof.

3081
Referências

[1] Filippo Gazzola and Raffaella Pavani, Wide oscillation finite time blow up for solutions to
nonlinear fourth order differential equations, Archive for Rational Mechanics and Analysis
207 (2013), no. 2, 717–752.

[2] JVA Goncalves, Edcarlos D Silva, and Maxwell L Silva, On positive solutions for a fourth
order asymptotically linear elliptic equation under navier boundary conditions, Journal of
Mathematical Analysis and Applications 384 (2011), no. 2, 387–399.

[3] Anna Maria Micheletti and Angela Pistoia, Nontrivial solutions for some fourth order semi-
linear elliptic problems, Nonlinear Analysis: Theory, Methods & Applications 34 (1998),
no. 4, 509–523.

[4] Yang Pu, Xing-Ping Wu, and Chun-Lei Tang, Fourth-order navier boundary value pro-
blem with combined nonlinearities, Journal of Mathematical Analysis and Applications
398 (2013), no. 2, 798–813.

3082
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3084 - 3088

ASPÉCTOS CLÍNICOS DA TRIPANOSSOMÍASE BOVINA DURANTE SURTOS


EM TAURINOS E ZEBUINOS LEITEIROS EM GOIÁS

Thiago Souza Azeredo BASTOS*; Darling Mélany de Carvalho MADRID; Adriana


Marques FARIA; Guido Fontgalland Coelho LINHARES; Valéria de Sá JAYME; Welber
Daniel Zanetti LOPES. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA) da
Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG). *E-
mail para contato: tsabvet@gmail.com

Este trabalho conta com financiamento do FUNDEPEC-GOIÁS

Palavras-chave: doença emergente, rebanho, Trypanosoma vivax, zebuino

JUSTIFICATIVA

Trypanosoma vivax, agente causador da tripanossomíase bovina, é um protozoário que


habita o plasma sanguíneo de ruminantes e impacta economicamente sistemas de criação de
bovinos no Brasil. Devido à mortalidade de animais causado por este agente, a bovinocultura
nacional vem sofrendo expressiva perda econômica (DAGNACHEW & BEZIE, 2015).
No Estado de Goiás, foi divulgado o primeiro relato de detecção desta doença em
maio de 2015. Este caso índice foi detectado em rebanho leiteiro e a transmissão foi
ligada a causas iatrogênicas (BARBOSA et al., 2015).

OBJETIVOS

Objetivou-se, com este trabalho, relatar as diferenças entre os aspectos clínicos que
rebanhos taurinos e zebuínos demonstram durante surto de tripanossomose bovina.

METODOLOGIA

Propriedades rurais produtoras de leite com suspeita de tripanossomose notificaram a

3084
ocorrência ao Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e ao Hospital Veterinário
da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Realizou-se visitas
técnicas à estas propriedades onde foram observados aspectos clínicos dos bovinos
afetados pela doença, bem como colheita sangue venoso para confirmação da enfermidade
por meio de diagnóstico laboratorial.
Todas as amostras sanguíneas foram analisadas por método de diagnóstico
parasitológico direto através da confecção de extensão sanguínea corada com Giemsa. A
identificação do parasito foi realizada a partir de observação morfológica (HOARE, 1972
).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre maio de 2015 e janeiro de 2016, foram realizadas cinco visitas técnicas para
confirmação do surto de tripanossomose bovina e observação dos aspectos clínicos dos
animais afetados por Trypanosoma vivax.

QUADRO 1: Rebanho afetado e aspectos clínicos observados em surtos de tripanossomose


bovina detectados nos estados de Goiás entre maio de 2015 e janeiro de 2016.
Nº Município Rebanho Aspectos clínicos observados
01 Cromínia Girolando Lacrimejamento, perda de apetite, emagrecimento
progressivo, decúbito, andar cambaleante, queda na
produção de leite, anemia, morte
02 Bonfinópolis Gir leiteiro Lacrimejamento, queda na produção de leite

03 Pontalina Girolando Lacrimejamento, perda de apetite, decúbito, andar


cambaleante, queda na produção de leite, anemia, morte

04 Morrinhos Girolando Decúbito, andar cambaleante, queda na produção de


leite, anemia, morte

05 Quirinópolis Girolando Lacrimejamento, decúbito, queda na produção de leite,


emagrecimento progressivo, anemia, morte

Dentre os surtos observados, a maior parte dos casos (4/5) ocorreu em rebanho
formado por animais da raça Girolando, que possuem características predominante de

3085
taurinos. Apenas uma propriedade com gado zebuíno Gir foi detectada com a doença entre
o período estudado. doença em animais Nelore (PAIVA et al., 2009) e Brahman
(LINHARES et al., 2006). Contudo, este é o primeiro registro que relata a doença em
animais da raça Gir em Goiás.
Com relação aos aspectos clínicos observados, lacrimejamento, perda de apetite,
decúbito, andar cambaleante, queda na produção de leite, anemia e morte já foram reportados
por outros autores durante investigação da doença em animais Girolando (ABRÃO et al.,
2009). Mas, apesar de alguns sinais serem semelhantes em zebuínos Gir, a severidade dos
sinais clínicos foi inferior.
Animais da raça Gir apenas apresentaram lacrimejamento e queda na produção de
leite. Este ultimo fator foi o que levou o proprietário a suspeitar da doença. Ainda, não
houve morte dentre os animais Gir, por outro lado, em todas as propriedades com animais
Girolando registrou-se morte antes da confirmação diagnóstica.

FIGURA 1 – Bovino apresentando lacrimejamento durante surto de tripanossomíase bovina


em Goiás.

3086
CONCLUSÕES

A tripanossomose bovina afeta animais zebuínos e taurinos. Contudo, a enfermidade


mostrou-se menos grave em animais zebuínos da raça Gir quando comparado com
Girolando, predominante taurino.

REFERÊNCIAS

1- ABRÃO, D.C.; CARVALHO, A.U.; FACURY FILHO, E.J.; BARTHOLOMEU, D.C.;


RIBEIRO, M.F.B. Aspectos clínicos e patológicos da infecção natural em bovinos
leiteiros por Trypanosoma vivax em Minas Gerais, Brasil. Ciência Animal Brasileira,
Goiânia, v.1, p. 666-71, 2009.

2- BARBOSA, J.C.; BASTOS, T.S.A.; RODRIGUES, R.A.; MADRID, D.M.C.; FARIA,


A.M.; BESSA, L.C.; LINHARES, G.F.C. Primeiro surto de tripanossomose bovina
detectado no estado de Goiás, Brasil. Ars Veterinaria, Jaboticabal, v. 31, n.2, p. 100,
2015.

3- DAGNACHEW, S.; BEZIE, M. Review on Trypanosoma vivax. African Journal of Basic


& Applied Sciences, Dubai, v. 7, n.1, p. 41-64, 2015.

4- HOARE, C.A. The trypanosomes of mammals: a zoological monograph. Oxford:


Blackwell Scientific Publications,1972. p. 749.

5- LINHARES, G.F.C.; DIAS FILHO, F.C.; FERNANDES, P.R.; DUARTE, S.C.


Tripanossomíase em bovinos no município de Formoso do Araguaia, Tocantins (relato de
caso). Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 7, n. 4, p. 455-60, 2006.

6- PAIVA, F.; LEMOS, R.A.A.D.; NAKASATO, L.; MORI, A.E.; BRUM, K.B.;
BERNARDO, K.C. Trypanosoma vivax em bovinos no Pantanal do Estado do Mato Grosso
do Sul, Brasil: Acompanhamento clínico, laboratorial e anatomopatológico de rebanhos
infectados. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 9, n. 2, p. 135-
41, 2000.

3087
7- SILVA, A.S.D.; COSTA, M.M.; POLENZ, M.F.; POLENZ, C.H.; TEIXEIRA, M.M.G.;
LOPES, S.T.D.A.; MONTEIRO, S.G. Primeiro registro de Trypanosoma vivax em
bovinos no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência rural, Santa Maria, v. 38, n. 8, p.
2550-4, 2009.

3088
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3089 - 3094

MÉTRICA DE COMPLEXIDADE DE SISTEMAS BASEADA EM CONEXÕES

GOMES, Viviane M.1, ∗,†; PAIVA, João R. B.2,† ; OLIVEIRA, Sóstenes

G. M.3,†; CRUZ JÚNIOR, Gelson 4,∗ ; RODRIGUES,

Bernardo A.5,∗,†; CALIXTO, Wesley P. 6,∗,† ‡

Resumo: Este trabalho prop˜oe metodologia baseada nas conex˜oes do sistema para calcular sua
complexidade. É proposto o estudo de caso do centro de distribuição, simulado como sistema
a eventos discretos. Os resultados obtidos apresentam o comportamento da complexidade e da medida de
desempenho para diversas combina¸c˜oes de recursos. As oscila¸c˜oes nas medidas de complexidade referem-
se `asvaria¸c˜oes no nu´mero do recurso mais sens´ıvel.

Palavras-chave: complexidade de sistemas, conex˜oes, desempenho.

1 Introdu¸c˜ao

O comportamento dos sistemas no tempo pode ser investigado a fim de verificar regularidades, relac¸o˜es,
hierarquia. Em muitos sistemas, verifica-se alta variabilidade em seus paraˆmetros, caracter´ıstica esta que os
define como complexos para Per Bak [1]. Este tipo de sistema ´ena˜o-linear, hiera´rquico, emergente e auto-
organiza´vel [3], ou seja, possui varia´veis que po- dem emergir a qualquer momento e assumir diferentes
n´ıveis de importaˆncia na dinaˆmica do sistema, produzindo comportamento de dif´ıcil previsa˜o.

∗ Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação/UFG


† Núcleo de Estudos e Pesquisas Experimentais e Tecnológicas/IFG

‡ Email: 1vivianemargarida@gmail.com, 2jricardobpaiva@yahoo.com.br,

3sgmoliveira92@gmail.com,
4gcruzjr@gmail.com, 5bernardoaraujor@gmail.com,

6wpcalixto@gmail.com

3089
Em sistemas complexos, considera-se que o todo ´e mais que a soma da partes, pois as
propriedades do conjunto n˜ao s˜ao facilmente inferidas a partir das propriedades das partes e das leis
de suas interações [8]. Assim, diversas métricas tem sido criadas para quantificar a complexidade.
Para Lloyd [5], estas métricas são desenvolvidas para expressar: i) dificuldade de descrição, ii)
dificuldade de criação ou iii) grau de organização do sistema em análise.
A proposta deste trabalho é apresentar métrica de complexidade de sistemas baseada nas conexões.
A Seção 2 e Seção 3 apresentam o problema e metodologia empregada para medir complexidade,
respectivamente, e os resultados obtidos, na Seção 4.

2 Problema

O problema do Centro de Distribuição consiste na logı́stica de entrega de encomendas conforme demanda


de pedidos, que podem formar fila de espera. As cargas de cada pedido chegam à doca e são
carregadas no caminhão por equipe de quatro pessoas. O Centro de Distribuição
´e um t´ıpico sistema a eventos discretos, que apresenta entidades (pedidos), filas e recursos (docas,
caminhões e carregadores) [2].
O conjunto de estados discretos referente aos pedidos s˜ao: i) aguardando em fila; ii) sendo
carregados; iii) sendo transportados. Com base nos estados, determinam-se quantos recursos esta˜o sendo
utilizados em cada instante de tempo t. Os eventos neste sistema s˜ao: a) receber novo pedido; b) alocar
grupo de carregadores para realizar carregamento; c) comec¸ar a utilizar doca; d) alocar caminha˜o; e)
comec¸ar a carregar caminha˜o; f) terminar de carregar caminha˜o;
g) terminar de utilizar doca; h) desalocar grupo de carregadores; i) transportar pedido ao
destinata´rio e j) desalocar caminha˜o.

3 Metodologia

3.1 M´etrica Proposta

Com base em estudos de Mecˆanica Estat´ıstica, Shannon [7] define a entropia na troca de in- forma¸c˜ao.
Lemes [4] adapta a modelagem de Shannon para medir a complexidade das conexo˜es dos sistemas. A

3090
metodologia do presente trabalho baseia-se na modelagem de Lemes [4] para mensurar a complexidade
de sistemas reais, por´emdesconsidera a troca de informac¸a˜oentre os seus elementos. A m´etrica proposta

mapeia as conex˜oes ativas no sistema em determinado momento t, expressas por meio da matriz M de
relacionamento entre recursos, entidades e fila [6]. Desta forma, pode-se mensurar a complexidade de
qualquersistemarealutilizando as expresso˜es (1) e (2).

ρ p(c)i · log2 p(c)i (1)


.
γ(s) = −
i=1 1

p(c)i = (2)
e · (nr + nf
)
onde: e e´ o número de entidades que cada recurso pode atender, nr é o número de recursos, nf é o
número de filas, p(c)i é a probabilidade de que a conexão i ocorra e ρ, o número de conexões ativas
no instante t, expresso em (3).

k · ne
. nc (3)
ρ= j
j
j=1

3091
onde: k é o número de estados das entidades, ncj é o número de conexões ativas por entidade no
estado j e nej é o número de entidades no estado j.

3.2 Modelo para o Problema do Centro de Distribuição

Para este estudo de caso, considera-se como medida de desempenho o tempo de entrega te dos pedidos,
que corresponde ao tempo gasto desde a chegada do pedido ao Centro de Distribuic¸a˜o at´eo momento em
que ´eentregue ao destinata´rio, compreendendo o tempo de espera em fila, de carregamento do pedido e
de transporte.
A medida de complexidade ´ecalculada pela express˜ao (1). As conex˜oes ativas ρ s˜ao mape- adas com
base nos estados pf , pc e pt, que correspondem aos pedidos em fila, em carregamento e sendo
transportados, respectivamente. O nu´mero de conexo˜es ativas ´e determinado por (3), sendo que cada
pedido no estado pf acrescenta uma conex˜ao ao sistema (com o pedido a`sua frente), o pedido no estado
pc acrescenta trˆesconex˜oes (uma com a doca, uma com o caminh˜ao e uma com a equipe de carregadores)
e cada pedido no estado pt contribui com uma conex˜aono sistema (com o caminh˜ao).
A probabilidade de ocorrência de conexão no Problema do Centro de Distribuição é dada pela
expressão (2), sendo que o número de entidades e que cada recurso pode atender é igual ao número
total de pedidos no sistema no instante t, considerando que cada entidade (pedido) pode ser atendida
por qualquer recurso do sistema. Portanto e é a soma de npf , npc e npt .
Neste modelo, nr ´e igual a soma do n´umero de docas, caminh˜oes e equipes de carregadores.
O valor de nf corresponde ao nu´mero de filas adotado na modelagem do sistema, neste caso, uma fila.
Considerando configurac¸˜ao de 6 pedidos com 1 doca, 2 caminh˜oes e 1 grupo de carregadores, pode-se em
algum instante t deste sistema, montar a seguinte matriz de relacio- namento M expressa em (4), na
qual as colunas representam os pedidos, de P1 a P6, e as linhas representam a fila (Q) e os recursos: doca
(D), caminho˜es (C1 e C2) e grupo de carregadores (G), nessa ordem.

0 0 1 1 1 1
0 1 0 0 0 0
0 1 0 0 0 0
M = 1 0 0 0 0 0
0 1 0 0 0 0

3092
Em (4), verifica-se que o pedido P1 esta´ sendo transportado no caminha˜o C2, o pedido P2 esta´ sendo
carregado pelo grupo de carregadores G no caminha˜o C1 estacionado na doca D e os pedidos P3, P4,
P5 e P6 esta˜oaguardando em fila. O nu´merode conexo˜es ativas pode ser computado a partir da matriz M.

4 Resultados

O modelo do Centro de Distribuição, apresentado na Seção 3.2, foi simulado com a seguinte dinâmica
de operação: 1) a chegada dos pedidos ocorre em intervalos de tempo t1 com taxa mé dia de 120
minutos, seguindo distribuição exponencial; 2) o carregamento de cada caminhão dura certo tempo t2 ,
conforme distribuição normal com média de 100 minutos e desvio-padrão de 30 minutos; 3) quando um
caminhão sai para realizar a entrega, a doca e a equipe de carregadores são liberados para novo
carregamento; 4) o transporte de cada pedido até o destinatário realiza-se em perı́odo de tempo t3 ,
distribuı́do uniformemente no intervalo de 120 a 240 minutos; 5) após a entrega, o caminhão vazio
retorna ao Centro de Distribuição durante perı́odo de tempo t4 , que segue a mesma distribuição
probabil´ıstica de t3.
A quantidade de docas, de caminh˜oes e de grupos de carregadores utilizada na simulac¸˜ao variou de
1 a 10, de 1 a 15 e de 1 a 10, respectivamente, caracterizando, portanto, 1500 cen´arios diferentes. A
simula¸c˜ao foi realizada por 180 dias para cada cena´rio, considerando 24 horas de opera¸c˜ao dia´rias e que
cada caminha˜o ´e carregado com apenas um pedido por vez. Nos 1500 cena´rios simulados, foram
calculados o tempo de entrega te, em minutos, e a complexidade γ(d) dosistema.
Os valores normalizados de te e γ(d) para todos os cena´rios simulados s˜ao apresentados na Fig. 1.
Como a simulac¸a˜o ´ea combinac¸a˜o dos recursos, docas, caminho˜es e grupos de carre- gadores, nesta ordem,
na Fig. 1, os picos de te (em azul) e γ(d) (em vermelho) correspondem a`s combinac¸˜oes em que havia
mudanc¸a no nu´mero de docas e apenas um caminha˜o sendo utilizado. Entre os valores 0.1 e 0.3 de γ(d), as
oscilac¸o˜esreferem-se `asvariac¸˜oes no nu´mero de caminh˜oes, indicando maior sensibilidade neste paraˆmetro do
sistema.

3094
Figura 1: Relação entre Tempo de Entrega e Complexidade

A menor complexidade encontrada nos 1500 cen´arios ´e γ(d) = 0.2697, que corresponde ao

terceiro menor tempo de entrega e ao cenário com o número máximo de recursos disponı́veis. O pior
tempo de entrega, te ≈ 340 vezes maior que o menor tempo, ocorreu em 100 cenários

diferentes, como ilustrado na Fig. 1, nos picos, visto que cada pico refere-se a 10 cenários, com
apenas um caminhão na configuração. A maior complexidade obtida γ(d) = 2.7906 corresponde
ao pior tempo, uma vez que o c´alculo tanto do tempo de entrega quanto da com- plexidade considera a
permanˆencia dos pedidos na fila. Como cada pedido em fila corresponde a uma conex˜ao, quanto maior
a fila, maior ser´a o tempo te e maior ser´a a complexidade γ(d).

5 Conclusõ es

Este trabalho apresentou metodologia para aferição de complexidade em sistemas. Os picos de


complexidade e da medida de desempenho ocorrem para as mesmas configurações. Observa-se que as
oscilações nas medidas de complexidade referem-se às variações no número do recurso mais sensı́vel
(caminhão). A métrica de complexidade apresentada pode apoiar a tomada de decisões relativas à
polı́tica de gestão de recursos e entidades, o processo de otimização como restrição ou objetivo, polı́tica
de segurança ou valoração de sistema.

3095
Referˆencias
[1] BAK, P. How Nature Works: the science of self-organized criticality. Springer New York,
1996. [2] CHWIF, L., MEDINA, A. C. Modelagem e Simulac¸a˜o de Eventos Discretos:
Teoria & Aplica¸c˜oes. Campus-Elsevier, 4 ed., 2014.

[3] HOLLAND, J. H. Complexity: A very short introduction. Oxford University Press, 2014.

[4] LEMES, M. J. R. Complexidade, acoplamento e criticalidade (C2A) como indicadores de


risco em projetos de sistemas. Tese (Doutorado), Universidade de S˜ao Paulo, 2012.

[5] LLOYD, S. Measures of complexity: a nonexhaustive list. IEEE Control Systems


Magazine, vol. 21, no. 4, pp. 7–8, 2001.

[6] SANTOS, L. et al. A methodology for calculation of complexity in systems: Case study.
IEEE Congreso Chileno de Ingenier´ıa El´ectrica, Electrˆonica, Tecnolog´ıas de la
Informaci´on y Comu- nicaciones, pp. 213–218, 2015.

[7] SHANNON, C. E. A mathematical theory of communication. The Bell System Technical


Journal,vol. 27, pp. 379–423, 623–656, 1948.

[8] SIMON, H. A. The architecture of complexity. Proceedings of the American Philosophical


Soci- ety, vol. 106, no. 6, pp. 467–482, 1962.

3096
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3097 - 3107

Evolução do Rendimento do Gerador a Relutância Chaveado para Aplicação em

Energia Eólica∗

Wanderson Rainer ARAUJO1,†, Wesley Pacheco CALIXTO2,†

Resumo: Considerando o atual apelo ambiental devido ao excessivo consumo de com- bust´ıveis fo´
sseis, torna-se relevante a pesquisa e o desenvovlimento de fontes limpas de energia (green power
sources) de forma a melhorar a preservac¸a˜ o ambiental. A energia eo´ lica tem se destacado e
tornado alvo de pesquisas neste cena´ rio de energias limpas. Ma´quinas ele´ tricas possuem suas
caracter´ısticas de reversibilidade e, operando como ge- radores, podem ser u´teis para aplicac¸a˜o em
energia eo´lica. O gerador a relutaˆncia chave- ado (GRC) possui uma se´rie de vantagens para esta
aplicac¸a˜o. Neste artigo, sa˜o apresen- tados resultados de simulac¸a˜o para um SRG considerando seu
acionamento. Me´todos de otimizac¸a˜o sa˜o aplicados com o objetivo de maximizar a poteˆncia gerada
elevando tambe´m o rendimento da ma´quina.

Palavras-chave: gerador a relutância chaveado, energia eólica, rendimento, otimização.

1 Introdução
A constante busca por fonte limpas de energia atualmente traz a necessidade de estudos e testes
relacionados a fontes como solar e eo´lica. Ale´ m disso, as mudanc¸as clima´ ticas sa˜o fenoˆ menos
contemporaˆneos, o que torna a reduc¸a˜o de emissa˜o de gases um fator ne- cessa´ rio. De acordo com
[1], as pesquisas existentes mostram que nas de´cadas passadas a energia eo´ lica tem se tornado um
dos to´ picos mais discutidos ao redor do mundo.

∗Email: 1rainer@pucgoias.edu.br, 2wpcalixto@ieee.org


† Universidade Federal de Goiás - Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC)

3097
Este tipo de fonte de energia possui va´ rias vantagens, tais como[8]:
• os danos ambientais sa˜o m´ınimos quando comparados aos danos gerados por outras fontes de
energia;

• baixos custos de instalação e manutenção;


• considerando a disponibilidade da eletrônica e dos sistemas de controle e aciona- mento
atuais, existem várias formas de acionar e controlar as máquinas elétricas de forma a se obter
melhordesempenho.

Contudo, existem pontos de investigação associados às máquinas elétricas empregadas nos
sistemas de geração eólica. As máquinas mais comumente utilizadas são o gerador
a ı́mã permanente [2] e o gerador de indução duplamente excitado [3]. Neste artigo os

resultados de simulac¸a˜ o sera˜ o apresentados considerando um gerador a relutaˆ ncia cha- veado
operando com controle de poteˆ ncia e otimizac¸a˜ o dos aˆngulo de chaveamento de seu conversor de
rorma a proporcionar melhor desempenho em um sistema de energia eo´lica.

2 O Gerador a Relutância Chaveado

As ma´ quinas de relutaˆ ncia chaveadas possuem rotor com auseˆ ncia de enrolamentos. Os
enrolamentos das fases sa˜ o concentrados apenas no estator. Tanto o rotor quanto o es- tator sa˜ o
constitu´ıdos de material ferromagne´ tico e possuem po´ los salientes. Assim, a ma´quina torna-se
adequada para a operac¸a˜ o em uma ampla faixa de velocidade. Existem va´ rias configurac¸o˜ es e
topologias para este tipo de ma´ quina [4]. Como exposto anterior- mente, os enrolamentos das fases
esta˜ o concentrados apenas no estator. Assim, para um GRC 6x4, existem treˆ s fases. Esses
enrolamentos devem ser energizados individualmente. A aplicac¸a˜ o de energia em cada fase e´
proporcionada por um conversor de poteˆncia, como ilustrado na Fig. 1 [4].

3098
Figura 1: Exemplo de conversor de potência para o GRC.

A produção de conjugado ocorre pela tendência de alinhamento entre os pólos do ro-

tor e do estator quando uma fase é energizada. Esta condição estabelece um circuito

magné tico de má xima indutâ ncia (e mı́nima relutâ ncia. Por outro lado, se energia mecâ nica é aplicada
ao eixo da má quinas, a energizaçã o das bobinas proporciona um conjugado res- taurativo resultando
em uma forç a contra-eletromotiz, possibilitando a geraçã o de energia. Dessa forma, é necessá rio
conhecer a posiç ã o instantâ nea do rotor de forma a acionar o conversor da Fig. 2 no momento
adequado para motorização ou para geração de energia. O perfil de indutâ ncia por fase é ilustrado an
Fig. 2.

Figura 2: Perfil de indutância por fase do GRC.

3099
O eixo do GRC normalmente possui sensores ó pticos acoplados para indicar a posiçã o instantâ
nea do rotor, possibilitando a má quina operar em ambas as condiç õ es ilustradas na 3. O conjugado
produzido pela máquina na operação como motor é dado por (1) [5].

1 2 dL
T= i (1)
2 dγ

Em 1, i é a corrente aplicada à bobina de uma fase, L é a indutância da fase e γ é

a posição angular do rotor. Assim, 1 indica que a produção de conjugado ocorre quando

a bobina de uma fase é energizada durante o aumento de sua indutância com a posição

angular. Contudo, se uma má quina primá ria proporciona conjugado ao eixo do GRC, a aplicação
de corrente, via conversor de potê ncia (Fig. 2), durante o decrescimento da indutâ ncia da
respectiva fase com a posiçã o angular, o conjugado restaurativo é convertido em energia elé trica, a
qual pode ser direcionada para uma carga pelo pró prio conversor. Neste caso, a má quina opera
como gerador. Alé m disso, o GRC proporciona energia na forma CC, eliminando a necessidade de
um conversor CA-CC para posterior regulação de frequência e conexão à rede.

3 Metodologia

Conforme exposto anteriormente, o acionamento da máquina de relutância chaveada como gerador


requer a aplicação de corrente nas bobinas durante suas respectivas taxas de variação negativas.
Por outro lado, os instantes (ou ângulos) de chaveamento (γon ) e (γoff ) influenciam diretamente a
potência de saı́da da máquina. Obviamente que a tensão de excitação do barramento do
conversor (VEXC ) também exerce influência na potêcia ge- rada. Logo, inicialmente foi
desenvolvido o modelo matemático da máquina, um GRC de configuração 6x4, associado ao
conversor de potência de forma a compor uma simulação no ambiente Matlab/Simulink. O ângulo
de chaveamento (γon ) foi estabelecido na posição de máxima indutância (pólos alinhados) para
todas as fases e o ângulo de desligamento

3100
(γoff ) foi estabelecido como sendo de 30 graus mecânicos. Este valor para (γoff ) é

adequado para ma´ quinas de configurac¸a˜ o 6x4, conforme indicado em [6]. Para todas as
simulac¸o˜ es deste trabalho, a carga aplicada ao gerador possui caracter´ıstica puramente resistiva e de
valor 269 Ω. O teste inicial da simulac¸a˜ o aplica uma tensa˜ o de excitac¸a˜ o de 140 V , em malha
aberta, proporcionando uma poteˆ ncia gerada de 1056,93 W . para esta caso, o rendimento da ma´
quina e´ de 0,82, considerando a raza˜ o entre a poteˆ ncia ele´trica de sa´ıda e a soma das poteˆncias ele´
trica e mecaˆnica de entrada. Este resultado e´ilustrado na Fig. 3.

Figura 3: Potência de saı́da e rendimento para operação em malha aberta.

De posse destes resultados preliminares, o objetivo deste estudo e´ desenvolver duas


metodologias:

• desenvolver e aplicar na simulação um controlador PI para a tensão de excitação


(VEXC ) de forma a garantir uma potência fixa na saı́da equivalente a 1000W;

• desenvolver e aplicar na simulaçã o um mé todo de otimizaç ã o para os â ngulos de


chaveamento do conversor de potê ncia γon e γoff garantindo o melhor resultado
possı́vel para o rendimento na máquina, nesta condição.

3101
4 Resultados de Simulação

O algoritmo de otimização emprega como parte da função de avaliação o rendimento do GRC.


Esta função é apresentada em (2).

f(γon ,γoff ) = 1 −

n (2)

Figura 4: Modelo para simulação Matlab/Simulink com controlador PI de excitação e


otimização dos ângulos de chaveamento.

n é o rendimento do GRC. Com o objetivo de melhorar o rendimento do GRC, foi aplicado um mé
todo heurı́stico de otimização, mais especificamente o algoritmo genético. Este
método foi aplicado com o objetivo de encontrar os melhores valores para os ângulos
de chaveamento γ0n e γoff para cada fase. O algoritmo genético foi simulado com uma população inicial
de 20 indivı́duos. Esses valores iniciais são os mesmos apresentados anteriormente, com um ângulo de

condução de 30◦ : i) γonC = 30◦ e γoffC = 60◦ , ii) γonB = 60◦ e γoffB = 90◦ e iii) γonA = 90◦ e γoffA =

120◦ . A taxa de mutação empre- gada foi de 1% para a geração inicial e 80% para a população final. Taxa de
cruzamento foi definida como 80% e 15% para as gerações inicial e final, respectivamente.

3102
A geraçã o ma´ xima foi definida como 100 e o operador de mutac¸a˜ o foi ajustado como na˜ o-
uniforma [7]. Um controlador PI foi implementado de forma que a sa´ıda do GRC pudesse ser man-
tida constante em 1000W atrave´ s do controle da tensa˜ o de excitac¸a˜ o. A Fig. 5 ilustra a evoluc¸a˜o do
algoritmo para esta otimização.

Figura 5: Evolução do Algoritmo Genético.

O algoritmo gene´ tico convergiu com 40 iterac¸o˜ es proporcionando uma melhoria de

aproximadamente 18%. Os aˆngulos de chaveamento encontrados foram: i) γonC = 29, 22◦ e γoffC =

54, 46◦, ii) γonB = 58, 01◦ e γoff B = 83, 50◦ e iii) γonA = 86, 00◦ e γoff A = 113, 62◦. A poteˆncia
me´dia gerada e´ilustrada na Fig. 6.

Figura 6: Tensão de saı́da do GRC.

3103
A Fig. 6 apresenta a tensã o gerada considerando a atuaçã o do controlador PI de excitação e
os â ngulos de chaveamento convencionais, apresentados anteriormente. Com o controle, a tensã o de
excitaçã o foi ajustada para 519V e com a otimizaçã o dos â ngulos de chaveamento nã o houve
mudança significativa neste valor. A potência média de saı́da é ilustrada na Fig. 7.

Figura 7: Potência de saı́da do GRC.

Como ilustrado na Fig. 7, a poteˆncia de sa´ıda alcanc¸a o setpoint estabelecido para o controlador
PI proporcionando 100W na sa´ıda do GRC. Comparando as figuras 6 e 8 observa-se uma mudanc¸a
no comportamento transito´ rio com a alterac¸a˜ o dos aˆngulos de chaveamento, obtidos pós otimizaçã
o. A Fig. 8 ilustra a potência de entrada (potência de excitação) do requerida pelo GRC.

Figura 8: Potência de excitação do GRC.

3104
A potência de entrada (excitação) é maior quando os ângulos de chaveamento otimi-

zados são empregados, em comparação com os ângulos de chavemaneto convencionais.

É necessário uma potência elétrica de entrada de PEXC = 590,49W com os ângulos oti-

mizados, enquanto que com os â ngulos convencionais a potê ncia elé trica necessá ria para excitaçã o é
de PEXC = 561, 49W . Testes valores correspondem a um aumento de 5%. Este aumenta impacta
diretamente o rendimento da má quina. Poré m, a potê ncia mecâ nica re- querida para geraç ã o dos
1000W na sa´ıda ´emenor, conforme ilustra a Fig. 9.

Figura 9: Potência mecânica.

Como apresentado na Fig. 9, a potência mecânica necessária para geração dos 1000W

de potência é menor quando são empregados os ângulos de chaveamento otimizados.

A redução na potência mecânica de entrada é de 16,5%. Dessa forma, o rendimento global do


GRC aumenta, considerando um aumento de potência elétrica de 5% contra uma diminuição de 16,
5% na potência mecânica. A Fig. 10 ilustra o rendimento do GRC obtido via simulação.

3105
Figura 10: Rendimento do GRC.

O rendimento do GRC neste caso possui um aumento de 9, 5% considerando a atuaçã o do


controlador PI na excitaçã o e a otimizaç ã o dos â ngulos de chaveamento do conversor. Para um

chaveamento com ângulos convencionais fixos em 30◦ , o rendimento do gerador


é de aproximadamente n = 0,809. Com a otimização dos ângulos, a mesma potência
gerada é disponibilizada na saı́da, porém com um rendimento de n = 0,868. Isso ocorre

devido à redução da potência mecânica necessária para a geração de 1000W.

5 Conclusão

Neste artigo foram apresentados os resultados de simulação de um gerador a relutância

chaveado (GRC) quando o mesmo é submetido a um método heurı́stico de otimização.

A otimizac¸a˜ o foi aplicada nos aˆ ngulos de chaveamento de seu conversor de poteˆ ncia de forma a
manter constantea poteˆncia ele´trica gerada. Com a otimizac¸a˜ o, muito embora haja um aumento na
poteˆncia ele´trica necessa´ria para excitac¸a˜o da ma´quina, ha´ uma reduc¸a˜o maior na poteˆncia mecaˆnica
no eixo do GRC, proporcionando uma elevac¸a˜o do rendimento global do gerador de n = 0,809 para n
= 0,868.

3106
Referências
[1] Z. Qixue. A small single-phase switched reluctance generator for wind power generation.
ICEMS 2001 proceeding of the fifth international conference electrical machines and
systems. 2001. VOL 2. Aug 2001 pages 1003-1006.
[2] M. Nassereddine, J. Rizk, and M. Nagrial. Switched Reluctance Generator for Wind Power
Applications. World Academy of Science, Engineering and Technology International Journal
of Mechanical, Aerospace, Industrial, Mechatronic and Manufacturing Engineering Vol:2,
No:5, 2008.

[3] K. Bouchoucha, H. Yahia, M. N. Mansouri. Particle Swarm Optimization of Switched Reluc-


tance Generator based Distributed Wind Generation. JMEST ISSN: 3159-0040 Vol. 1 Issue 4,
November - 2014.

[4] Juha Pyrhonen. Electrical Drives. LUT (Lappeenranta University of Technology), Department
of Electrical Engineering. Finland.

[5] Araujo, W. R. H.; Ganzaroli, Cleber A. ; Calixto, Wesley P. ; Alves, Aylton J. ; Viajante,
Ghun- ter P. ; Reis, Marcio R. C. ; Silveira, Augusto F. V. Firing angles optimization for
Switched Reluctance Generator using Genetic Algorithms. In: 2013 13th International
Conference on Environment and Electrical Engineering (EEEIC), 2013, Wroclaw.
[6] T. J. E. Miller. Switched Reluctance Motors and Their Control. Oxford, U.K.: Clarendon,
1993. [7] Michalewicz, Zbigniew. genetic algorithms + data structures = evolution programs.
Springer,
(1996).

[8] G. Sindoni, C. Paris, C. Vendittozzi, E. C. Pavlis, I. Ciufolini, A., Paolozzi, ?The contribution
of LARES to global climate change studies with geodetic satellites,? Proceedings of the
ASME 2015 Conference on Smart Materials, Adaptive Structures and Intelligent Systems
SMASIS, September 21?23, 2015, Colorado Springs, Colorado, USA, Paper No.
SMASIS2015-8924, pp. V002T04A010; 7 pages,doi:10.1115/SMASIS2015-8924

3107
Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3107 - 3112

ANÁLISE AMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS URBANAS: UM OLHAR A


PARTIR DA AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA SUPERFICIAL DE
BACIAS DE DRENAGEM EM APARECIDA DE GOIÂNIA/GO

Wesley da Silva BELIZÁRIO


Programa de Pós-Graduação em Geografia, Doutorado em Geografia
Instituto de Estudos Sócio Ambientais (IESA/UFG)
wesleybelizario@hotmail.com

RESUMO: Este trabalho resulta de um dos estágios da etapa final da pesquisa de mestrado
desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Goiás (PPGEO/IESA/UFG), defendida em 2015. Neste são apresentados os resultados
referentes às analises físico-química da água de duas bacias hidrográficas localizadas no
município de Aparecida de Goiânia/GO, a saber, a bacia hidrográfica do córrego Almeida e a
do córrego Santa Rita. Para isso foram escolhidos três pontos de amostragem: um na bacia
do córrego Almeida, outro na bacia do córrego Santa Rita e o terceiro na confluência das
duas bacias de drenagem. Esta análise considerou a avaliação dos seguintes parâmetros:
turbidez, cor, pH, ferro, dureza, cloretos, alcalinidade, oxigênio consumido, CO2 livre,
condutividade elétrica e sólidos totais dissolvidos. A partir disso, foi possível verificar o nível
de poluição e contaminação da água e identificar os principais usos que contribuem para
alteração do ambiente e, consequentemente, da qualidade da água nessas bacias de drenagem.

PALAVRAS-CHAVE: Análise Ambiental. Bacias Hidrográficas. Qualidade da Água.


Impactos/degradação Ambiental.

1. INTRODUÇÃO

O município de Aparecida de Goiânia localiza-se ao sul da cidade de Goiânia e


integra o conjunto de vinte municípios que compõem a Região Metropolitana de Goiânia.
Possui área de aproximadamente 278,539 km², com 808 metros de altitude média, o clima é o
tropical com estação seca e o bioma é o Cerrado (IBGE, 2014).
O município de Aparecida de Goiânia é um dos que mais cresce no Estado de Goiás e

3108
na Região Metropolitana de Goiânia em termos populacionais e econômicos. Em 2010
dispunha de um total de 455.657 habitantes (IBGE, 2010). Atualmente, a população está
estimada em 521.910 habitantes, com uma densidade demográfica de aproximadamente

1.580,27 hab/km2 (IBGE, 2015), sendo a segunda


Como se consolidou de forma desarranjada, o crescimento do município cooperou
para o surgimento de áreas periféricas irregulares, provocando problemas de ordem social,
econômica e de uso e ocupação do solo, o que gera problemas ambientais. Além disso, a
economia do município foi e continua sendo estruturada em bases industriais fortes. Porém,
a expansão desta atividade também tem contribuído para o aparecimento e agravamento de
problemas ambientais (BELIZÁRIO, 2015).
Em Aparecida de Goiânia/GO, as bacias hidrográficas vêm sendo palco desses
processos contraproducentes acima colocados. Dessa forma, este trabalho teve como
objetivo avaliar a qualidade ambiental de duas bacias hidrográficas em Aparecida de
Goiânia/GO a partir da análise físico-química da água superficial. Essas bacias (do córrego
Almeida e do córrego Santa Rita) possuem relevante importância econômica e social,
tendo em vista que são utilizadas pelas indústrias e pela população para a diluição de
efluentes e outros processos. Com isso é possível considerar a avaliação físico-química da
água como um importante instrumento de análise ambiental, pois a partir dela é possível
identificar as fontes de poluição e, principalmente, apontar os usos e ocupações que marcam
de forma nociva o ambiente nas áreas de bacias de drenagem.

2. METODOLOGIA

No decorrer desta pesquisa foram feitas análises físico-químicas da água em três


pontos nas bacias hidrográficas dos córregos Almeida e Santa Rita. O primeiro ponto localiza-
se no encontro dos tributários da bacia hidrográfica do córrego Almeida, o segundo no
encontro dos tributários da bacia do córrego Santa Rita e o terceiro ponto na confluência das
duas bacias. A coleta foi feita em dois períodos sazonais: o seco, em setembro de 2014, eo
chuvoso, em março de 2015.
Foram analisados os parâmetros turbidez, cor, pH, ferro, dureza, cloretos,
alcalinidade, oxigênio consumido, CO2 livre, condutividade elétrica e sólidos totais
dissolvidos. As amostras para a análise físico-química foram coletadas em frascos de
polietileno de 500 ml e, imediatamente após a coleta, o material foi acondicionado em caixa
de isopor refrigerado (em média 4ºC) até a chegada ao laboratório. As amostras foram
coletadas e levadas ao laboratório em menos de 24horas.

3109
Os resultados de laboratório foram comparados com as normas estabelecidas pela
resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e dá as diretrizes ambientais para o seu enquadramento (BRASIL, 2005), e
com as normas instituídas pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde de 12 de dezembro de
2011, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para o
consumo humano e seu padrão de potabilidade (BRASIL, 2011), tendo em vista que as águas
das bacias são usadas para diversos usos, inclusive o uso direto e indireto para o consumo
humano.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1. ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA NO PONTO 1

O ponto 1 localiza-se na Rua Palmares, bairro Jardim Palácio, nas coordenadas


16°45'24.46"S e 49°14'40.26"O. Foi escolhido em função de ser o encontro dos
tributários que formam a bacia do córrego Almeida, pela proximidade com residências, com
indústrias (laticínios, de tecidos, telhas, construção) e outras atividades produtivas (como
serralherias, ferros-velhos, reciclagem, lava-jatos, supermercados, hospitais, postos de
gasolina) que despejam efluentes, além de outros estabelecimentos que contribuem
majoritariamente com a contaminação da água como o cemitério Jardim da Paz e a estação
de tratamento de esgoto ETE Cruzeiro do Sul.
No período seco alguns parâmetros foram encontrados em não conformidade com a
legislação referente à portaria 2.914 como a turbidez, a cor e o ferro. Com relação à
resolução CONAMA 357, os parâmetros que estiveram acima do permitido foram a cor e o
ferro. Houve também alterações negativas na quantidade de oxigênio consumido e na
condutividade. No período chuvoso houve alterações nos parâmetros ferro, turbidez (Portaria
2.914), oxigênio consumido e condutividade (CONAMA 357).

3.2. ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA NO PONTO 2

O ponto 2 localiza-se na Avenida Monte Cristo, bairro Jardim Olímpico, nas


coordenadas 16°44'50.91"S e 49°13'7.23"O. Este local foi escolhido por ser o encontro dos
tributários da bacia do córrego Santa Rita, que têm em suas margens e nas adjacências
diversos usos como o industrial e outras atividades produtivas (fábrica de colchões,
serralherias, marcenarias, ferros-velhos, lava-jatos, oficinas de

3110
carro), além de chácaras, condomínios residenciais, ocupações irregulares, entre outros.
No período seco estiveram fora da legislação os parâmetros turbidez, cor e ferro
(Portaria 2.914). No tocante à CONAMA 357, houve incompatibilidade legal nos parâmetros
cor, ferro e condutividade. No período chuvoso não atenderam às normatizações os
parâmetros turbidez, cor e ferro (Portaria 2.914). No que diz respeito à resolução CONAMA
357, os valores que ficaram acima do permitido foram os parâmetros condutividade e ferro.

3.1. ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA NO PONTO 3

O ponto 3 localiza-se na Alameda Pedro de Sá, no condomínio de Chácaras São


Pedro, nas coordenadas 16°45'56.42"S e 49°12'54.66"O. Foi escolhido por ser o encontro da
bacia hidrográfica do córrego Almeida com a bacia hidrográfica do córrego Santa Rita.
Uma área onde há empresas de construção, concreteiras e mineradoras que descartam
seus efluentes e resíduos sólidos decorrentes do processo produtivo no corpo hídrico. Há
também o lançamento de efluentes domésticos na água pelos moradores das chácaras e das
áreas de ocupação irregular.
Em comparação com a Portaria 2.914 os parâmetros que, no período seco,
estiveram em não conformidade foram a turbidez e o ferro. Com relação à resolução
CONAMA 357, os parâmetros que estiveram fora do estabelecido em lei foram o ferro e
a condutividade. No período chuvoso os valores que ficaram além do permitido na Portaria
2.914 foram a turbidez, a cor e o ferro. No que se refere à resolução CONAMA 357, os
parâmetros que ficaram em desconformidade foram a cor, o ferro e a condutividade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as análises físico-química da água (11 parâmetros) feitas em cada um


dos três pontos, relacionando com a variação do período seco para o período chuvoso, e
com as médias de cada parâmetro, atrelado às análises ambientais realizadas durante toda a
pesquisa de campo, conclui-se que as alterações e variações nos parâmetros de análise são
maiores no ponto 1, sendo, portanto, as suas águas mais poluídas e contaminadas, sobretudo
por receber mais

3111
cargas orgânicas e inorgânicas de fontes pontuais e difusas, seguido das águas do ponto 3 e
por último, com águas menos poluídas e contaminadas, as do ponto2.
Apesar de em alguns parâmetros nenhum dos pontos ter excedido os valores
estabelecidos pela legislação ambiental, eles foram correlacionados a fim de verificar qual se
encontra mais alterado. Mesmos nestes, chegou-se à conclusão de que foi o ponto 1. Somente
no parâmetro ferro total que o ponto 2 aparece com mais concentração do que os outros dois.
Diante disso, com base nos parâmetros físico-químicos e ambientais verificou-se que
as águas das bacias hidrográficas dos córregos Almeida e Santa Rita estão poluídas, porém
em níveis em que ainda é possível recuperação se forem tomadas as devidas providências de
fiscalização, controle egestão.
Portanto, há, indubitavelmente, relevante necessidade de se repensar a forma como se
dá o uso e a ocupação do espaço urbano do município de Aparecida de Goiânia, bem
como a gestão do meio ambiente urbano e de seus recursos naturais, a fim de dirimir
problemas socioambientais e, consequentemente, melhorar a qualidade e quantidade das
águas dos rios e córregos urbanos na perspectiva de manter o sistema hídrico em
funcionamento e, assim, elevar a qualidade socioambiental do espaço citadino (BELIZÁRIO,
2015).

REFERÊNCIAS

BELIZÁRIO, W. S. Análise Geoquímica e ambiental das bacias hidrográficas dos


córregos Almeida e Santa Rita em Aparecida de Goiânia/GO. 2015. 217f. Dissertação
(Mestrado em Geografia) - Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, Universidade Federal de
Goiás, Goiânia, 2015.
BRASIL. Resolução CONAMA 357. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2005.
. Portaria 2.914. Dispões sobre vigilância e controle da qualidade da água pra
consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
IBGE. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

IBGE. Aparecida de Goiânia, 2015. Disponível em http://cod.ibge.gov.br/4H6. Acesso em


26/07/2016.

3112

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