TESE - Versão Final
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TESE - Versão Final
Universidade de Coimbra
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
-U
Índice
Lista de Abreviaturas .........................................................................1
Introdução .........................................................................................2
I – Enquadramento teórico .................................................................6
1.1. Como perspetivar a qualidade em educação de infância? ...6
1.2. Práticas educativas e qualidade em creche.........................7
1.2.1. Currículo High/Scope (Post & Hohmann, 2003) ............8
1.2.2. Abordagem desenvolvimental (NAEYC, 2008) ........... 10
1.2.3. Birth to three matters (DfES, 2002) ............................. 12
1.2.4. Abordagem experiencial ............................................. 13
1.2.5. Finalidades e Práticas Educativas em Creche (Portugal,
2012) 18
1.2.6. Outras abordagens ...................................................... 19
1.3. Enquadramento da creche enquanto resposta social ......... 21
1.3.1. Orientações publicadas pelo ISS ................................. 21
1.3.2. Recomendação n.º 3/2011 ........................................... 23
II - Objetivos ................................................................................... 24
III – Metodologia e procedimentos .................................................. 25
3.1. Articulação com a literatura ............................................ 27
3.2. Observação ..................................................................... 28
3.3. Construção da primeira versão do instrumento ................ 29
3.3.1. Ficha de caracterização geral do contexto. ................... 29
3.3.2. Ficha 1geral (1g). ........................................................ 29
3.3.3. Ficha 2geral (2g). ........................................................ 29
3.3.4. Ficha 3geral (3g). ........................................................ 29
3.3.5. Ficha1individual (1i)................................................... 30
3.3.6. Ficha 2individual (2i) e Ficha 3individual (3i). ............ 30
3.4. Consulta de especialistas................................................. 30
3.5. Aplicação (exploratória) do instrumento ......................... 30
3.6. Focus group ................................................................... 31
IV - Resultados e discussão ............................................................. 35
4.1. Primeira versão............................................................... 35
4.2. Resultados da análise qualitativa ..................................... 36
4.2.1. Avaliação das práticas................................................. 37
4.2.2. Aplicabilidade do instrumento .................................... 38
4.2.3. Planificações individuais versus coletivas ................... 41
4.2.4. Manual de Processos-chave/Manual de Avaliação da
Qualidade em Creche (ISS, 2005a, b)................................................. 41
4.2.5. Sugestões .................................................................... 43
4.3. Versão final .................................................................... 44
4.3.1. Ficha de caracterização do contexto ............................ 46
4.3.2. Avaliação do grupo ..................................................... 46
4.3.3. Plano individual .......................................................... 47
V - Conclusões ................................................................................ 47
Referências Bibliográficas ............................................................... 49
Anexo 1. Guião do Focus group. ..................................................... 59
Anexo 2. Versão preliminar do instrumento. .................................... 61
Anexo3. Versão final do instrumento. .............................................. 62
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Lista de Abreviaturas
“CRECHEndo” com qualidade - Construção de um instrumento de avaliação das práticas educativas em Creche
Cindy Mutschen Carvalho (e-mail:cindymutschen@hotmail.com) 2012
2
Introdução
O estudo que aqui apresentamos tem como objetivo principal a construção
de um instrumento de avaliação das práticas educativas em creche, com base na
literatura existente sobre o tema, nomeadamente o Sistema de Acompanhamento
de Crianças (SAC) (Portugal & Laevers, 2010). O problema de base pode ser
resumido numa questão geral: como orientar a intervenção educativa em creche
de forma a promover o desenvolvimento? Numa recomendação do Conselho
Nacional de Educação (CNE), Vasconcelos (2011) ajuda-nos nesta reflexão, com
uma frase que transmite a ideia central da utilidade de ter um instrumento flexível
para monitorização da ação do educador na creche:
Os interesses e as capacidades das crianças durante os três primeiros anos de vida
modificam-se rapidamente e somente através de observações cuidadosas,
conhecimento e uso imaginativo de diferentes recursos é possível oferecer
atividades interessantes e envolventes que permitam à criança oportunidades de
concentração, descoberta e júbilo pelo sucesso e vitória (p. 48).
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importantes num contexto de creche. O ME deveria intervir, de forma decisiva,
na elaboração de orientações pedagógicas para a faixa etária dos 0 aos 3 anos,
assumindo que a educação começa no nascimento e não aos 3 anos, e baseando-
se no pressuposto de que a educação e o cuidado são inseparáveis nesta etapa
(Carvalho, 2005; Coelho, 2004; Vasconcelos, 2011). De acordo com Coelho
(2004), a ausência de quadros de referência contribui para que o processo de
intencionalidade educativa se limite à alusão a alguns aspetos do
desenvolvimento. Falaremos, de forma mais aprofundada, das orientações
existentes no nosso país, mas importa, desde já, destacar que consideramos de
grande importância a definição de indicadores e parâmetros que guiem as práticas
pedagógicas na creche, através da articulação entre ME e MSSS. Esta
preocupação não vai contra as orientações existentes, apenas procura clarificar os
aspetos mais importantes a ter em conta no acompanhamento de crianças muito
pequenas, enfatizando a dimensão da qualidade do processo, que é tratada de
forma superficial nos documentos do Instituto da Segurança Social (ISS)
(Vasconcelos, 2011).
O instrumento proposto neste estudo deve poder ser utilizado pelos
educadores para monitorização da sua intervenção e planificação das
intervenções futuras, estar enquadrado no contexto social e jurídico português e
ser completo mas flexível, de forma a poder ser adaptado a qualquer contexto de
creche. Tal como é referido por Portugal (2007), “as competências das crianças
mais pequenas são dependentes do contexto, não se coadunando com os
constrangimentos impostos por um teste ou uma checklist estandardizada” (p.
30). A abordagem mais fidedigna e coerente é a monitorização contínua ao longo
do ano, respeitando a individualidade da criança e considerando o seu
desenvolvimento como integrado nos seus contextos naturais de vida.
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análise destes modelos permitir-nos-á perceber que as diferentes propostas
curriculares estão frequentemente associadas a diversas formas de perspetivar e
de avaliar a qualidade das práticas educativas em creche. Ainda, terminamos esta
secção com uma muito sucinta análise das normas e recomendações existentes
em Portugal para este contexto.
Nas secções II e III, apresentamos a investigação realizada, nomeadamente
os seus objetivos, a metodologia utilizada e os procedimentos adotados.
Os resultados são apresentados e discutidos na secção IV, onde refletimos
acerca das diversas transformações sofridas pelo instrumento até à sua versão
final.
Por último, na secção V, refletimos acerca das potencialidades e fraquezas
deste trabalho, bem como das suas implicações práticas e teóricas.
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I – Enquadramento teórico
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Portugal (1998), na perspetiva do adulto (de cima para baixo), referem-se
habitualmente características como o rácio adulto-criança, as qualificações e a
estabilidade dos técnicos, a quantidade e qualidade do espaço por criança, a
qualidade e quantidade dos materiais, as condições de segurança, saúde e higiene
e as características das interações adulto-criança. Alguns estudos destacam,
também, as opiniões das crianças (Wiltz & Klein, 2001) e dos pais (Barros,
2007).
Ainda, com base em Portugal (1998), podemos demarcar diferentes vagas de
investigação sobre a qualidade em creche, que procurou inicialmente verificar se
esta tinha efeito no bem-estar das crianças e, posteriormente, quais os fatores e
processos que poderiam ser regulados para otimizar esses efeitos. Contudo,
muitos estudos são contraditórios entre si, apresentando frequentemente falhas
metodológicas. O que parece ser consensual, apesar das contradições, é que
creches de elevada qualidade têm efeitos benéficos, principalmente em crianças
oriundas de meios familiares desfavorecidos (Barros, 2007; Dalli et al., 2011;
Portugal, 1998).
Uma perspetiva a ter em conta quando falamos de avaliação em contexto de
creche é a perspetiva da avaliação autêntica, que tem vindo a ser defendida, ao
longo das últimas décadas, por autores que se opõem às formas de avaliação
tradicionais (e.g. Bagnato & Neisworth, 1991; Neisworth & Bagnato, 2004).
Estes defendem que as avaliações nestes contextos têm de ser feitas de forma
autêntica e genuína, ou seja, nos ambientes naturais das crianças, por adultos
significativos, de forma contínua e em estreita colaboração com a família.
Abordam ainda diferentes pontos de partida para a avaliação, dos quais
destacamos a avaliação baseada no currículo que, ao invés de fornecer dados
sobre o “nível” da criança face ao grupo, permite-nos elaborar um perfil de forças
e fraquezas daquela criança, bem como dos seus progressos ao longo do tempo
(Bagnato & Neisworth, 1991; 2004).
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1.2.1. Currículo High/Scope (Post & Hohmann, 2003)
Este currículo baseia-se, por um lado, na investigação atual sobre a primeira
infância e, por outro lado, nos estudos da psicologia do desenvolvimento,
nomeadamente, nas teorias de Jean Piaget, Erikson e Bowlby.
A “Roda da Aprendizagem” High/Scope de bebés e crianças (cf. figura 1)
representa as ideias centrais do currículo High/Scope para os cuidados e educação
de bebés e crianças dos zero aos três anos: a aprendizagem ativa, as interações
adulto-criança, as observações diárias, o ambiente físico orientado para as
crianças, e os horários e rotinas adequados às suas necessidades.
1
Este currículo propõe também uma divisão das crianças dos zero aos três anos em quatro grupos, com base nas
suas ações e comportamentos em cada etapa: bebés pequenos, que ainda não se sentam sozinhos (do nascimento
aos 9-10 meses); bebés mais velhos, que já se sentam sozinhos e se deslocam pelo chão (entre 5 e 18 meses);
crianças pequenas mais novas que já andam sem apoio (dos 12 aos 24 meses) e crianças pequenas mais velhas,
que andam perfeitamente e já estão mais aptas para a comunicação verbal (dos 24 aos 36 meses) (Post &
Hohmann, 2003).
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Os pressupostos são operacionalizados em linhas orientadoras que enquadram o
conteúdo das primeiras aprendizagens e do desenvolvimento de bebés e crianças:
as experiências-chave (cf. figura 2).
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(noção de self, relações sociais, representação criativa, movimento, comunicação
e linguagem, exploração e lógica), com correspondências fortes com as áreas-
chave do programa. Neste instrumento, os observadores atribuem uma pontuação
entre 1 e 5 em cada um dos parâmetros que compõem as diferentes áreas,
obtendo, no final, um perfil desenvolvimental, que pode ser comparado ao longo
de diferentes momentos de avaliação.
O modelo High/Scope possui, ainda, um instrumento de avaliação da
qualidade de contextos de educação de infância, o Program Quality Assessment
High/Scope (PQA; High/Scope Educational Research Foundation, 2003). Com
base em evidências recolhidas através de observações, consulta de documentos e
registo de incidentes críticos, o avaliador atribui uma pontuação em cada
parâmetro de qualidade (ambiente físico, planos e rotinas, interação adulto-
criança, observação e planificação, envolvimento parental, qualificações
profissionais e desenvolvimento profissional e gestão do programa). O manual
(Post & Hohmann, 2003) explica detalhadamente as características de contextos
de elevada qualidade, permitindo aos profissionais que trabalhem no sentido de
promover uma qualidade progressivamente maior.
De acordo com os padrões propostos por Katz (1998), estes dois
instrumentos enquadram-se numa perspetiva de avaliação de cima para baixo (up-
down).
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Esta abordagem nasceu para contrariar a tendência de introduzir demasiado cedo
conteúdos académicos, sem que a criança estivesse preparada para compreendê-
los (Coelho, 2004). Nos documentos orientadores da NAEYC, a divisão entre
currículo (ou modelo pedagógico) e avaliação esbatem-se, uma vez que as suas
premissas se assumem, por um lado, como linhas mestras para a prática dos
educadores e, por outro lado, como critérios para a avaliação dessa mesma
atuação.
As áreas centrais, dentro das quais esta proposta considera que se deve
promover a aprendizagem e o desenvolvimento, são: a social, a emocional, a
física, a da linguagem e a cognitiva. Em termos gerais, podemos identificar nos
documentos da NAEYC (2008) dez temas que devem ser avaliados para
determinar a qualidade de um programa, tendo sempre subjacente a noção de
quais são as práticas adequadas do ponto de vista do desenvolvimento. Esses
temas são: as relações, o currículo, o método de ensino (teaching), a avaliação do
progresso das crianças, a saúde, os educadores (teachers), as famílias, as relações
com a comunidade, o ambiente físico e a gestão/liderança.
Esta abordagem tem sido bastante criticada por alguns autores, que
consideram inadequado usar as DAP como único critério de avaliação, por três
motivos principais: outros fatores devem ser tidos em conta, para além do
desenvolvimento; todos os princípios assentam nas perspetivas ocidentais sobre o
desenvolvimento e a dicotomia adequado-desadequado é demasiado redutora
(Coelho, 2004; Spodek & Brown, 2002).
Em colaboração com outras organizações da área, a NAEYC apresentou
também um conjunto de oito critérios ou parâmetros de avaliação, que devem ser
tidos em conta para uma avaliação fidedigna e autêntica das crianças pequenas
(cf. quadro 1).
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Quadro 1
2
As crianças entre os zero e os três anos são divididas em quatro grupos, com base em critérios ligados à
locomoção e ao desenvolvimento motor: dos zero aos oito meses (heads up, lookers and communicators), dos
oito aos dezoito meses (sitters, standers and explorers), dos dezoito aos vinte e quatro meses (movers, shakers
and players) e dos vinte e quatro aos trinta e seis meses (walkers, talkers and pretenders) ” (DfES, 2002).
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práticas e sugestões de atividades a desenvolver com as crianças. Consideramos
esta proposta muito interessante, pois, para além de propor um modelo teórico
dos domínios mais importantes nesta faixa etária, não se fica pelos conceitos
abstratos e teóricos, assumindo-se como um instrumento de apoio à intervenção
educativa 3.
Quadro 2
Áreas contempladas no programa Birth to three matters 4 . Adaptado de David et al.
(2003)
Apesar de este modelo não apresentar uma proposta clara para a avaliação
das práticas, a ideia de avaliação está subjacente aos documentos que compõem o
manual e que orientam o educador para a monitorização informal dos progressos
através da observação e reflexão.
3
Em 2007, esta e outras perspetivas em vigor no Reino Unido foram combinadas num currículo integrado para a
educação de infância (dos zero aos cinco anos) denominado Early Years Foundation Stage (Department for
Children, Schools and Families – DCSF, 2008a, 2008b). Ainda que contenha algumas alterações, este currículo
mantém muitas das ideias contidas no documento de 2002 publicado pelo DfES.
4
Os nomes das áreas foram mantidos em inglês, de forma a não deturpar o sentido de algumas expressões que
não possuem equivalente na língua portuguesa.
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Scale, adaptada a diferentes contextos, da educação de infância à educação de
adultos (Laevers, 1999) e traduzida para português no manual DQP –
Desenvolvendo a Qualidade em Parcerias (Bertram & Pascal, 2009; Santos &
Portugal, 2002).
A perspetiva de Laevers tem muitos pontos de contacto com outras
abordagens, tais como a perspetiva de Carl Rogers (2009), os estudos sobre a
motivação intrínseca (e.g. Deci, Koestner, & Ryan, 2001), estudos sobre o fluxo
(flow) (Csikszentmihalyi, 1990), e outros trabalhos sobre a implicação e o bem-
estar (Laevers, 1999; Walsh & Gardner, 2005).
Laevers considera que a implicação, dependente do bem-estar emocional, é
um parâmetro essencial da qualidade, que tem possibilidade de se manifestar
apenas na Zona de Desenvolvimento Próximo da criança, ou seja, quando a
exigência da atividade e as capacidades da pessoa estão equilibradas (Laevers et
al., 1997; Laevers, 1999; Santos & Portugal, 2002). Em última instância, a
abordagem experiencial defende que altos níveis de implicação são condição
necessária e suficiente para desencadear os processos profundos subjacentes à
aprendizagem e ao desenvolvimento, que ocorrem naturalmente se a implicação
estiver presente (Laevers, 2005b).
Esta proposta enquadra-se numa corrente designada de educação
experiencial ou abordagem experiencial. A equipa de Laevers, através do Centro
para a Educação Experiencial da Universidade de Leuven, deu a esta abordagem
um grande impulso, criando um modelo teórico consistente, representado
graficamente pela imagem de um templo (cf. figura 3) (Santos & Portugal, 2002;
Portugal & Laevers, 2010). Na base do “templo”, encontra-se a atitude
experiencial, alicerce de todo o processo de aprendizagem ou edifício
pedagógico, caracterizada pela atenção à experiência interna das crianças (ao seu
bem-estar emocional e implicação) e pelo foco nas suas necessidades e interesses.
No topo do templo encontra-se o desenvolvimento pessoal e social, que assenta
numa trave-mestra composta pela implicação e bem-estar (se estes dois fatores
estiverem presentes numa criança, podemos inferir que o seu desenvolvimento
está a ocorrer em boas condições). Os pilares da prática experiencial unem a base
e o topo. O pilar da sensibilidade (ou diálogo experiencial) está ligado ao
estabelecimento de relações autênticas com as crianças, baseadas na aceitação e
na empatia; o pilar autonomia (ou livre iniciativa) relaciona-se com a necessidade
de estimular a autonomia das crianças, estabelecendo um conjunto de acordos e
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espaço para que elas tenham o máximo de liberdade possível; o pilar estimulação
(ou enriquecimento do meio) refere-se à importância de fornecer materiais
desafiantes e estimulantes, que correspondam às necessidades e interesses das
crianças (Portugal & Laevers, 2010).
Em termos de avaliação da qualidade, de acordo com Laevers, esta pode ser
medida através de três tipos de variáveis (cf. figura 3): as de tratamento (ligadas
ao material, às atividades, às relações, etc.), as de impacte (ou metas, tais como a
aprendizagem de certas competências, ou o alcance de um determinado nível de
desenvolvimento) e as de processo (nas quais se incluem a implicação e o bem-
estar) (Laevers, 2000; Laevers, 2005a; Santos & Portugal, 2002).
Figura 3. Esquema do templo (à esquerda) e sua relação com os três tipos de variáveis de
avaliação da qualidade (à direita). Adaptado de Portugal e Laevers (2010) e Laevers (2000).
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Inicialmente propõe a avaliação dos níveis de bem-estar e implicação de cada
criança. Na segunda fase, incentiva à reflexão sobre os dados recolhidos,
procurando nas variáveis de tratamento (oferta, clima de grupo, espaço para a
iniciativa, organização e estilo do adulto), justificações para os mesmos. O último
passo consiste num balanço das forças e fraquezas detetadas, direcionando o
educador para os objetivos que deve definir a partir daí.
O POMS foi adaptado à realidade portuguesa através de um projeto da
Universidade de Aveiro, dando origem ao SAC (Sistema de Acompanhamento de
Crianças, Portugal & Laevers, 2010) que, por sua vez, serve de base a este
trabalho.
O SAC (Portugal & Laevers, 2010) é um instrumento de avaliação e
monitorização contínuas no contexto de jardim-de infância. Destina-se a
educadores e é composto por um conjunto de fichas gerais e específicas,
relacionadas com o contexto, o grupo e as crianças individualmente. Nas palavras
de Portugal (s.d.), ainda na fase de construção do instrumento, o SAC assenta
(…) num ciclo contínuo de observação, avaliação, reflexão e ação sobre o bem-
estar, implicação, aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Pretende-se munir
os educadores de uma base conceptual e instrumental sólida, sustentadora de
práticas de avaliação e de desenvolvimento do currículo na sua prática quotidiana (p.
6).
A avaliação dinâmica e flexível possibilitada pelo SAC dá aos educadores
informações valiosas para a orientação das suas práticas educativas, baseando-se
nos referenciais teóricos da educação experiencial e da perspetiva de Vygotsky
(Portugal & Laevers, 2010). O bem-estar emocional e a implicação das crianças
assumem-se como as variáveis centrais para a avaliação da qualidade e
adequação das práticas. Importa agora esclarecer estes conceitos, para passar
depois à exposição da estrutura do instrumento propriamente dita.
A implicação é uma qualidade da atividade marcada por uma grande
concentração, persistência, motivação, interesse, satisfação e energia. Este
indicador depende da necessidade de exploração e do nível de desenvolvimento
da criança. Um nível muito baixo de implicação (1 – numa escala de 5 pontos)
manifesta-se pelo não envolvimento em quaisquer atividades e pela passividade
constante, enquanto um nível muito alto (5) é marcado por uma total absorção da
criança na atividade, evidenciando uma grande motivação intrínseca e intensa
atividade mental (este nível é reservado àquelas crianças que muito
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frequentemente se implicam nas atividades). O bem-estar é um estado emocional
marcado pela satisfação e prazer, por uma grande serenidade interior mas, em
simultâneo, energia, vitalidade e abertura ao exterior. Um nível muito baixo de
bem-estar (1- numa escala de 5 pontos) reflete-se em sinais de tristeza,
desconforto e frustração acentuados, enquanto um nível muito alto (5) é marcado
por uma grande vitalidade, tranquilidade, autoconfiança e autoestima (Portugal &
Laevers, 2010). Sem bem-estar, é pouco provável que haja implicação, uma vez
que a criança não tem as suas necessidades básicas satisfeitas, não estando
disponível para se entregar por completo a uma atividade ou estímulo (Laevers et
al., 1997).
Quanto à estrutura do SAC propriamente dita, este é composto por sete
fichas, quatro delas referentes ao grupo (Ficha de Caracterização Geral, 1g, 2g e
3g) e três referentes às crianças individualmente (1i, 2i e 3i). Em termos
conceptuais, as fichas gerais assemelham-se muito ao SICS e ao POMS, mas são
mais detalhadas e estruturadas de outra forma. As fichas individuais, por sua vez,
foram desenvolvidas com base nas OCEPE (Ministério da Educação, 1997), e
devem ser aplicadas sempre que uma criança suscite algum motivo de
preocupação, nomeadamente valores de bem-estar e implicação inferiores a 4
(Laevers, 1999). As fichas 1g e 1i enquadram-se numa fase de avaliação; as 2g e
2i numa fase de análise e reflexão e as 3g e 3i numa fase de definição de
objetivos e iniciativas. Este ciclo de avaliação-reflexão-ação deve repetir-se três
vezes ao longo do ano (ou tantas quanto forem necessárias), garantindo um
processo dinâmico de monitorização e melhoria (Portugal & Laevers, 2010).
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e desenvolvimento; facilitação de experiências de cuidados, aprendizagem e
desenvolvimento; planificação, avaliação e manutenção de registos; equipa
pedagógica; relações e interações; inclusão, igualdade e diversidade; parceria
com pais/encarregados de educação, ligação à família e comunidade; ambiente
físico; e gestão, monitorização e avaliação (Araújo, 2011).
Adotando o conceito de implicação proposto por Laevers, foi desenvolvido
um estudo com base neste programa por todo o Reino Unido com recurso à escala
de implicação de Leuven. O estudo, com alguma envergadura, forneceu dados
que comprovam a utilidade deste instrumento numa perspetiva de avaliação
dinâmica e de aperfeiçoamento das práticas (Bertram & Pascal, 2006).
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fundamental assumir sempre a perspetiva da criança e envolver a família como
um parceiro imprescindível (Portugal, 2011; 2012).
O conhecimento acerca do desenvolvimento da criança e a reflexão crítica
acerca do que é uma planificação adequada permitem identificar necessidades
diferentes para diferentes faixas etárias. Neste sentido, Portugal (2012) sintetiza
os aspetos mais salientes a ter em conta para quatro grupos etários diferentes:
- Até aos 9 meses, os bebés precisam de relações calorosas e seguras. O
ambiente deve ser estável e organizado mas variado e estimulante, permitindo
que a criança desfrute de diversas experiências sensoriais e motoras ao seu ritmo.
- Quando têm cerca de 1 ano, as crianças desenvolvem maior confiança e
competência na sua exploração, sendo fundamental o apoio do adulto. O
desenvolvimento da linguagem e da comunicação exigem um adulto disponível e
compreensivo, que apoie e enriqueça as interações.
- Por volta dos 18 meses, a autonomia e a identidade assumem-se como as
tarefas desenvolvimentais dominantes. A autonomia e autoconfiança têm de ser
estimuladas com a ajuda de adultos carinhosos e compreensivos.
- Aos 2 anos, a linguagem torna-se uma tarefa fundamental, repercutindo-se
nas interações com os adultos, mas também com os pares. Os adultos devem
equilibrar o apoio, deixando que se expressem e resolvam os seus conflitos, ou
intervindo de forma tolerante e compreensiva.
A autora menciona, também, num artigo de 2011, as orientações do National
Center for Infants, Toddlers and Families e do seu programa, Zero to Three
(Portugal, 2011). De acordo com esta perspetiva, as prioridades do currículo em
creche devem ser: a) a segurança e estabilidade emocional; b) a curiosidade e o
ímpeto exploratório; c) o conhecimento social; e d) a autonomia. Todas as outras
coisas podem ser aprendidas mais tarde, desde que a grande finalidade educativa
seja o desenvolvimento destes atributos nucleares (head-start).
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criança. A educação é vista como a construção de relações entre pessoas, ideias e
meio, sendo que a visão de cada criança deve ser sempre tida em conta e
valorizada (OECD, 2004). O currículo neozelandês, por sua vez, denominado Te
Whãriki, pela sua natureza bicultural (apresentando em paralelo as duas línguas
oficiais do país, o inglês e o maori), chama a atenção para a importância da
valorização de fatores sociais e culturais no processo de aprendizagem (Ministry
of Education, 1996). Trata-se de um documento muito importante, pela sua
originalidade, organização e ênfase na aprendizagem ao longo da vida.
5
Este modelo propõe um currículo para a creche composto por três áreas de conteúdo: construção
do conhecimento, construção de relações sócio emocionais e desenvolvimento do brincar (Bergen,
Reid & Torelli, 2001).
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pedagógicas de natureza participativa são as preocupações com a organização do
espaço e materiais, a organização do tempo, a interação adulto-criança, as
atividades e projetos, os processos de observação e avaliação e as parcerias com
as famílias.
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Inovação e Aprendizagem
Figura 4. Critérios de qualidade do MAQRS. Adaptado de ISS (2005a e b).
O modelo subjacente assenta em oito critérios (cf. figura 4), sendo quatro
relativos aos Meios e quatro relativos aos Resultados. Apesar de terem sido
desenvolvidos e aprofundados em volumes diferentes, estes critérios (exceto o
quarto, relativo aos processos), são iguais para todas as respostas sociais
reconhecidas pelo MSSS (nomeadamente creches, lares de infância e juventude,
centros de dia). Cada um dos requisitos pode ser classificado em três níveis de
exigência, C, B e A6.
A implementação do Critério 4 - Processos do Modelo de Avaliação da
Qualidade é operacionalizada no Manual de Processos-Chave. Os processos-
chave são “processos que caracterizam e justificam a atividade duma organização,
resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo. Estes
processos influenciam diretamente a qualidade dos produtos e serviços prestados”
(ISS, 2005a, p. 58). O MPC (ISS, 2005a) reconhece a importância da creche na
sociedade atual e destaca a importância dos três primeiros anos de vida, como
uma fase de grandes aquisições (relacionamento, andar, falar, resolver
problemas), na qual se devem respeitar os ritmos de cada criança e garantir
6
Estes três níveis são cumulativos, sendo C o mais baixo e A o mais alto: Nível C – cumprimento
dos requisitos assinalados no Modelo na coluna “Nív.” com C; Nível B – cumprimento dos
requisitos assinalados no Modelo na coluna “Nív..” com C e B; Nível A – cumprimento dos
requisitos assinalados no Modelo na coluna “Nív..” com C, B e A.
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experiências positivas de qualidade. Sendo os primeiros 36 meses tão importantes
para o desenvolvimento da criança em todas as áreas, a qualidade dos cuidados
prestados pode refletir-se de forma significativa nesse mesmo desenvolvimento
(ISS, 2005a), seja de forma positiva ou negativa.
Independentemente destas ressalvas iniciais, que consideramos de grande
importância, o MPC (ISS, 2005a) centra-se, essencialmente, nas questões da
competitividade e da implementação de sistemas de gestão da qualidade, numa
perspetiva organizacional. Neste sentido, apresenta um conjunto de
procedimentos e formulários que devem ser utilizados pelas instituições, para
avaliar a prestação dos seus serviços nas seis áreas-chave: candidatura, admissão
e acolhimento, plano individual, planeamento e acompanhamento das atividades,
cuidados pessoais e nutrição e alimentação (ISS, 2005a).
Regra geral, os educadores referem o MPC como um grande peso
burocrático (Vasconcelos, 2011). Os documentos do ISS envolvem formulários
tão minuciosos que dificilmente poderão ser cumpridos. Apesar de ser uma
referência no contexto português, o MPC é muito “mecânico” e “rígido” em
alguns aspetos, e, apesar de referir questões fundamentais como a importância de
um ambiente acolhedor e dinamizador de aprendizagens, onde as crianças se
sentem amadas e seguras (tal como refere Portugal em 2011), não incorpora estes
aspetos de forma clara nos seus parâmetros de avaliação.
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sentido, a educação de infância, desde o nascimento, deve ser considerada como a
primeira etapa da educação básica, numa perspetiva de aprendizagem ao longo da
vida e de continuidade nas transições entre fases educativas.
Em relação ao MPC (ISS, 2005a), a recomendação refere que os
parceiros sociais lhe teceram críticas, considerando-o complicado e muito
burocrático, e necessitando de uma simplificação no procedimento.
Esta recomendação apresenta um conjunto de princípios e recomendações,
baseadas nos conhecimentos e dados recolhidos pelo CNE, que devem ser tidas
em conta no processo de expansão e aperfeiçoamento da rede de serviços de
atendimento para a primeira infância em Portugal.
II - Objetivos
Partindo do problema “como orientar a intervenção educativa em creche de
forma a promover o desenvolvimento?”, definimos como objetivo geral deste
estudo a sistematização de um instrumento para o acompanhamento e a avaliação
das intervenções educativas na creche, inspirado no Sistema de Acompanhamento
de Crianças (Portugal & Laevers, 2010).
Os nossos objetivos específicos são:
a. Identificar indicadores de qualidade para as práticas pedagógicas em
creche;
b. Analisar os comportamentos associados aos indicadores referidos;
c. Exemplificar com casos que ilustrem os indicadores referidos;
d. Definir as áreas de desenvolvimento consideradas mais importantes em
contexto de creche;
e. Operacionalizar as áreas de desenvolvimento consideradas mais
importantes num contexto de creche;
f. Articular os parâmetros de observação com os documentos oficiais que
orientam as práticas em creche;
g. Adequar a estrutura do instrumento, os parâmetros/áreas de observação e
os exemplos sugeridos em função das necessidades manifestadas pelos
educadores;
h. Articular os dados da literatura com as necessidades identificadas pelos
educadores;
i. Sistematizar diferentes alternativas que garantam a aplicabilidade a
diferentes contextos.
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III – Metodologia e procedimentos
Neste estudo escolhemos a metodologia qualitativa, por ser a mais adequada
aos objetivos da investigação e ao seu problema de base. Podemos acrescentar
tratar-se de uma investigação orientada para a prática, ou seja, centrada nos
problemas da realidade social e na prática dos sujeitos nela implicados, orientada
para a ação e para a resolução de problemas reais (Coutinho, 2011).
Os estudos qualitativos combinam a recolha e a análise de dados que, muitas
vezes, ocorrem em paralelo, de forma que a análise vai sustentando novas
recolhas e vice-versa (Bogdan & Biklen, 1994). Neste sentido, recorremos ao
método comparativo constante, ou seja, a um plano de investigação com fontes
múltiplas de dados, no qual os dados recolhidos vão sendo sistematicamente
postos em comparação ao longo de todo o processo (Bogdan & Biklen, 1994).
Apesar de ser muito exigente, por implicar uma atitude de permanente
responsabilização e questionamento do investigador, é fundamental implementar
estratégias de verificação constante e interativa ao longo da investigação, de
forma a garantir o rigor e a qualidade científica do trabalho. Neste sentido,
tivemos esta preocupação durante todo o estudo, não permitindo que a questão do
rigor se colocasse apenas depois de terminado o projeto.
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Quadro 3
Objetivos Metodologias
a. Identificar indicadores de qualidade para as - Fundamentação na literatura
práticas pedagógicas em creche; - Consulta de especialistas
b. Analisar os comportamentos associados aos - Fundamentação na literatura
indicadores referidos; - Focus group
- Observação
c. Exemplificar com casos que ilustrem os - Observação
indicadores referidos;
d. Definir as áreas de desenvolvimento consideradas - Fundamentação na literatura
mais importantes em contexto de creche; - Focus group
- Consulta de especialistas
e. Operacionalizar as áreas de desenvolvimento - Fundamentação na literatura
consideradas mais importantes num contexto de
creche;
f. Articular os parâmetros de observação com os - Fundamentação na literatura
documentos oficiais que orientam as práticas em - Focus group
creche;
g. Adequar a estrutura do instrumento, os - Focus group
parâmetros/áreas de observação e os exemplos - Aplicação exploratória
sugeridos em função das necessidades manifestadas
pelos educadores;
h. Articular os dados da literatura com as - Fundamentação na literatura
necessidades identificadas pelos educadores; - Focus group
- Aplicação exploratória
i. Sistematizar diferentes alternativas que garantam - Fundamentação na literatura
a aplicabilidade a diferentes contextos. - Focus group
- Aplicação exploratória
- Consulta de especialistas
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a triangulação de análises e a triangulação de teorias/perspetivas (Coutinho, 2011;
Patton, 1990). Neste estudo, utilizámos a triangulação de fontes de dados e a
metodológica, uma vez que combinámos vários tipos de dados associados a
ferramentas metodológicas diferentes: provenientes da observação, de notas de
campo, da literatura e de um focus group. No entanto, podemos identificar
também a triangulação de perspetivas, uma vez que o instrumento resultou da
interação entre posições ou opiniões de várias origens: as necessidades
7
identificadas pelas educadoras de infância no focus group, as teorias
mencionadas na literatura, as ideias recolhidas na consulta de especialistas, a
posição assumida nos documentos do ISS e a perspetiva das educadoras que
aplicaram o instrumento.
7
Referimo-nos a educadoras porque no nosso estudo participaram apenas indivíduos do
sexo feminino.
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O SAC (Portugal & Laevers, 2010) foi o ponto de partida deste trabalho,
constituindo-se como a matéria-prima a partir da qual desenvolvemos o nosso
instrumento para a creche. O esquema geral de aplicação, a ficha de
caracterização geral do contexto e a estrutura geral das restantes fichas
permanecem fiéis ao original. A existência de dois instrumentos com a mesma
estrutura, para a creche e o jardim-de-infância pode ser de grande valia para os
educadores que acompanham os grupos ao longo dos anos, uma vez que podem
manter alguma uniformidade nos seus procedimentos de organização e avaliação.
O SICS (Laevers, 2005b) e o POMS (Laevers et al., 1997) foram utilizados
como complemento às ideias apresentadas pelo SAC.
Os modelos High/Scope (Post & Hohmann, 2003) e Birth to three maters
(DfES, 2003), assim como o texto de Portugal (2012), “Finalidades e práticas
educativas em creche”, foram utilizados na construção do conteúdo das fichas
individuais.
Por último, os documentos do ISS (2005a, b e c) forneceram o
enquadramento que permitiu a adequação do nosso instrumento às exigências
sociais e institucionais.
3.2. Observação
A observação foi utilizada como ferramenta metodológica para a recolha de
exemplos de indicadores de bem-estar e implicação para crianças dos 0 aos 3
anos. Tratou-se de uma observação naturalista do comportamento livre (Estrela,
1986; Sattler, 1999; Taylor, 2000). O método de registo utilizado foi o registo
narrativo (Sattler, 1999; Taylor, 2000).
As observações foram realizadas durante dois dias (8 e 9 de fevereiro de
2012), durante os quais registámos todos os comportamentos de uma criança
durante 5 a 10 minutos (o tempo de observação por criança variou consoante o
tempo por esta dedicado a cada atividade ou brincadeira). A cada período de
observação seguiu-se uma breve pausa de cerca de 2 minutos. As crianças
observadas em cada momento (com idades entre os 9 meses e os 2 anos e meio,
aproximadamente) foram selecionadas aleatoriamente.
Para além do registo de episódios, a observação incluiu a atribuição de um
nível de bem-estar e implicação a cada uma das crianças.
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3.3. Construção da primeira versão do instrumento
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3.3.5. Ficha1individual (1i).
A avaliação individualizada na creche tem de ser necessariamente diferente
daquela que é feita no jardim-de-infância. Neste sentido, selecionámos três
competências-chave em creche, apresentadas por Portugal (2012), como pontos
de partida para uma reflexão mais profunda e individualizada de cada criança.
Assim, a Segurança e Autoestima, a Curiosidade e Ímpeto Exploratório e as
Competências sociais e comunicacionais foram as áreas que considerámos
basilares na avaliação da criança em creche, servindo base para a adequação das
práticas às necessidades individuais.
Estas áreas foram operacionalizadas num conjunto de indicadores, expressos
na forma de questões, com o objetivo de ajudar os educadores a orientar a sua
reflexão em cada área. Para a construção destas questões, baseámo-nos no
modelo High/Scope (Post & Hohmann, 2003) e no guião Birth to three matters
(DfES, 2002).
8
Docente no Departamento de Educação da Universidade de Aveiro. Doutorada em Psicologia da
educação, tem participado, desde o início dos anos 90 em projetos europeus na linha da abordagem
experiencial. Entre 2007 e 2010 foi responsável do projeto Avaliação em Educação Pré-escolar –
Sistema de Acompanhamento de Crianças – FCT (FCOMP-01-0124-FEDER-007103).
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educadoras aceitado preencher as fichas, ainda que o tivessem feito só no último
período do ano. As educadoras receberam o instrumento a 3 de Abril de 2012 e
devolveram-no preenchido na segunda semana do mês de Maio. Após o
preenchimento, reunimos com cada uma delas para receber o seu feedback
relativamente à aplicação. Nestas reuniões recolhemos notas de campo acerca das
suas opiniões, dificuldades e sugestões, que foram depois incluídas na análise
qualitativa dos dados. As notas de campo são um suplemento muito importante
dos métodos de recolha de dados, ajudando a organizar as ideias e o fio de
raciocínio do investigador ao longo do processo (Coelho, 2004; Guba & Lincoln,
1983).
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que a junção de pessoas com diferentes experiências pode levar à dispersão. O
objetivo é homogeneizar os backgrounds - para que as pessoas tenham algo em
comum - mas não as atitudes, porque se todos tiverem a mesma opinião sobre o
assunto, a discussão pode tornar-se vazia e pouco produtiva.
Quanto à amostra ideal para um focus group, não se pretende que seja
representativa da população, mas que tenha as condições necessárias para gerar
diálogo em torno de um tema específico, ou seja, é uma “amostra teórica”,
definida com base num quadro conceptual específico (Macnaghten & Myers,
2004).
Merton (1956, citado por Morgan, 1988) apresenta quatro critérios para um
focus group eficaz: deve cobrir o máximo de tópicos relevantes; deve
providenciar dados tão específicos quanto possível; deve potenciar interações que
explorem os sentimentos dos participantes com alguma profundidade; e deve ter
em conta o contexto pessoal dentro do qual os participantes dão as suas respostas.
Os quatro critérios a privilegiar são então “range, specificity, depth and personal
context” (Morgan, 1988, p. 54).
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As educadoras que participaram no focus group foram escolhidas por
questões de acessibilidade, tratando-se, portanto, de uma amostra de
conveniência. No entanto, tivemos em conta que a adequação da amostragem
teórica é fundamental para assegurar dados suficientes que deem conta da
multiplicidade dos aspetos do problema em causa, pelo que escolhemos dois tipos
de instituições diferentes (privada e IPSS) e educadoras com níveis de
conhecimento diferentes face ao SAC. Importa salientar que uma das educadoras
(SQ) não é educadora de infância mas educadora social. A sua inclusão nesta
amostra prende-se com dois motivos: por um lado, o facto de ser uma das
educadoras do nosso local de estágio que se mostrou disponível para aplicar o
instrumento; por outro lado, o facto de considerarmos que existem outros técnicos
a trabalhar em creche, que não são educadores de infância mas que podem
usufruir deste instrumento – principalmente nos grupos de berçário, onde a
presença de um educador de infância não é exigida por lei (Vasconcelos, 2011).
As educadoras participantes, com idades entre os 23 e os 55 anos (e uma
média de idades de 32 anos) desempenham funções em duas IPSS e uma
instituição privada (cf. quadro 4). Procurámos incluir tanto educadoras que não
conhecessem o SAC (7) como educadoras que já tivessem contactado com este
instrumento (4) para estimular a partilha de experiências diversificadas.
Os dados recolhidos no focus group, bem como as notas de campo da
consulta de especialistas e das reuniões com as educadoras que aplicaram o
instrumento foram analisados com recurso ao software Nvivo 9 (versão 9.2.81.0).
A transcrição do focus group e as notas de campo foram analisadas, numa
primeira fase, linha a linha, para identificar temas emergentes (Powell & Single,
1996), articulando-os com os temas previamente definidos no guião do focus
group. Todos os dados relevantes foram identificados e analisados através de
comparações constantes, nas quais cada item foi verificado e comparado com os
restantes dados para formar categorias (Coutinho, 2011; Pope & Mays, 2000),
que foram sendo analisadas e especificadas após leituras sucessivas. Trata-se de
um processo inclusivo, na medida que as categorias foram criadas de forma a
refletir todas as nuances dos dados – ao contrário de análises mais quantitativas,
que procuram resumir ao máximo os dados a códigos numéricos (Pope & Mays,
2000).
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Quadro 4
Caracterização da amostra do focus group
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IV - Resultados e discussão
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em Creche e sugestões.
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fatores externos, nomeadamente questões de organização do seu horário de
trabalho, que as impedem de avaliar como desejariam. Verificamos, ainda, que há
alguma indistinção do que se pretende avaliar e do que efetivamente se avalia,
uma vez que foram colocadas várias questões acerca da avaliação das práticas,
mas, frequentemente, as educadoras referiram-se à avaliação das práticas e à
avaliação das crianças como aspetos indiscriminados.
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emoções e o lado pessoal de cada criança”).
Por último, a flexibilidade do instrumento, ou seja, a possibilidade de ser
aplicado em qualquer contexto de creche não foi um tema tão consensual. A
maioria das educadoras concordou que seria aplicável a qualquer contexto, desde
que a educadora tivesse tempo ou disponibilidade para tal. Surgiu, porém, um
caso (desviante, nos termos de Patton, 1990) que consideramos relevante referir.
Uma das educadoras, responsável pelo berçário, considerou que o instrumento
não se adequava de forma tão clara a grupos de faixas etárias mais baixas (com
menos de um ano de idade), por existirem grandes diferenças quantitativas e
qualitativas entre estas crianças e as crianças mais velhas (“no primeiro ano de
vida é um crescimento exponencial, a todos os níveis […] eu acho que aí é que
está. A sala do berçário, eu acho que é muito, muito específica…”).
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início ela chorava […] e agora já não chora!”). Levantamos a hipótese de as
instruções e descrições dos níveis não estarem formuladas de forma
suficientemente clara, apesar de esta ter sido uma das preocupações centrais
discutidas na consulta de especialistas.
Quanto aos níveis da escala, foram um dos pontos mais controversos do
focus group. Inicialmente, todas as educadoras se colocaram contra a escala de
três pontos utilizada: “acho muito redutor”, “mas acho que com cinco
especificava ainda mais”. Quando uma das educadoras começou a discordar,
afirmando que haveria vantagens numa escala de três pontos em vez de cinco,
iniciou-se uma troca de argumentos entre as duas perspetivas. A favor dos três
níveis, a educadora mencionou que em creche existem menos indicadores e sinais
visíveis do que em jardim-de-infância, pelo que talvez os três níveis
simplificassem a tarefa de avaliação, sendo possível recorrer aos sinais de “-“ ou
“+” em caso de necessidade. As restantes educadoras argumentaram que numa
escala de três pontos era mais difícil especificar as diferenças entre as crianças.
No final, todas concordaram que um sistema com apenas três pontos poderia
tornar a tarefa mais fácil, uma vez que exige o conhecimento de três descrições
apenas (e não cinco) e pode ser especialmente útil com crianças que não
demonstrem de forma clara os seus sinais de bem-estar e implicação. Verificámos
que, especialmente para as educadoras familiarizadas com o SAC para o jardim-
de-infância (que possui cinco níveis), é difícil preencher a ficha 1geral com
apenas três níveis. Além disso, verificámos que, apesar de as educadoras
referirem que “os valores atribuídos têm uma importância relativa, sendo a
reflexão o mais importante”, têm dificuldade em atribuir às crianças níveis mais
baixos de implicação e bem-estar (“eu acabei de cotar com um nível um de
implicação mas, se tivesse de um a cinco, cotaria com o nível dois…”).
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4.2.3. Planificações individuais versus coletivas
Um tópico de discussão que surgiu sem ter sido previamente pensado foi a
questão das planificações – se devem ser coletivas ou individuais, e para que
faixas etárias. Não sendo uma temática que traga grandes mais-valias à
investigação sobre a validade do nosso instrumento, consideramos importante
mencionar as questões levantadas a este respeito, uma vez que a planificação e a
avaliação estão intimamente relacionadas, e que as fichas 3 (geral e individual),
sendo direcionadas para a ação, preveem a elaboração de planificações através da
definição de objetivos a atingir e iniciativas possíveis.
Uma das educadoras iniciou o tema, defendendo que as planificações nas
salas de berçário não tinham qualquer sentido (“Acho que não faz sentido uma
sala de berçário ter planificações. (…) se calhar, temos de fazer planificações
consoante a criança”). Duas outras educadoras contestaram as suas afirmações,
argumentando que deveria haver sempre planificação, com qualquer grupo,
embora pudesse ter diferentes alcances e formatos: “eu acho que não planificar
desresponsabiliza! Concordo que não seja uma planificação semanal…”; “Seja
que tipo de planificação for. Seja individual, seja coletiva seja mensal, seja
semanal, seja diária, seja como tu quiseres, desde que planifiques”. A primeira
educadora não se mostrou totalmente convencida mas acabou por concordar com
os argumentos apresentados, tal como as restantes educadoras do grupo.
Nas reuniões com as educadoras que aplicaram o instrumento, verificámos
que uma preocupação comum é a necessidade de fazer planificações mais
individualizadas, de forma mais sistemática e eficiente (“gostaria de fazer
planificações mais individualizadas porque tenho medo de perder informação, de
não dar a atenção necessária a cada criança”).
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auditorias. Houve alguma divergência em relação às inspeções da Segurança
Social: por um lado, algumas educadoras afirmaram que era possível “contornar”
a utilização do Modelo de Qualidade em Creche através da apresentação de uma
alternativa bem estruturada e fundamentada; por outro lado, consideraram que os
inspetores têm pouco conhecimento efetivo das práticas para avaliar o trabalho
desenvolvido pelos educadores, o que torna o processo de inspeção e certificação
subjetivo e dependente de características individuais dos próprios inspetores
(“Estamos a falar de pessoas da Segurança Social que não têm formação
nenhuma na área…”, “Além de não terem formação, também podem ser pessoas
diferentes, e podem…para uma pessoa pode estar tudo bem e para outra pode
estar mal…também vai da formação e sensibilidade da pessoa”). Estas
preocupações traduzem-se em alguma incerteza e insegurança, o que dificulta a
tomada de iniciativa para utilizar e desenvolver outras formas de avaliação (“eu
acho que as pessoas também acabam por não intervir, ou não tentar, porque vão
fazer uma coisa nova, e que não têm a mínima noção se vai resultar ou não aos
olhos de quem inspeciona, não é?”).
As educadoras concordaram que o nosso instrumento poderia ser utilizado
como uma alternativa, no entanto, teria de ter pontos de contacto mais evidentes
com o MPC. Sendo a questão da falta de tempo uma grande preocupação, a
utilização de um instrumento não pode significar trabalho adicional, mas sim uma
substituição de uma coisa por outra (“para que as pessoas não pensem ‘o Modelo
da Qualidade em Creche é obrigatório, este não, ok, não tenho tempo para
tudo…Modelo da Qualidade em Creche!’”). Uma das educadoras que aplicou o
instrumento apresentou uma sugestão que poderia permitir a utilização do nosso
instrumento com todas as crianças (uma vez que essa é uma das exigências do
MAQC): “para usar com todos, seria necessário simplificar. Por exemplo, usar
apenas esta ficha e incluir um primeiro tópico de ‘caracterização’. Esta ficha [3g]
é como um plano individual [MPC], mas mais simples”.
Consideramos que este feedback das educadoras foi fundamental para
compreendermos a necessidade de articular o instrumento com o MPC, caso
contrário, terá poucas possibilidades de ser considerado como uma ferramenta
útil para as educadoras em creche, que já se sentem sobrecarregadas com todos os
documentos que preenchem atualmente.
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4.2.5. Sugestões
Apresentamos em seguida a síntese das principais sugestões feitas pelas
educadoras:
- A introdução de exemplos nos níveis médios, nos anexos da ficha 1geral –
“em relação aos exemplos…tu colocas nos altos e nos baixos mais do que um
exemplo, e nos médios colocas um exemplo…se calhar tentar, se tiveres
possibilidade, e…pensar em mais exemplos para o neutro, para o médio, acho
que era bom…”;
- A introdução de um elemento externo para conferir maior objetividade à
avaliação proposta na ficha 1geral – esta foi uma das sugestões mais discutidas,
inspirada pele experiência de algumas educadoras com o DQP, que pressupõe a
observação dos grupos por parte de outros colegas (“por exemplo, uma vez por
ano, acho importante ir uma pessoa à nossa sala”, “ eu acho que realmente parar e
pensar nisto a um nível externo nos ajuda a pensar e ajuda a refletir”, “é mais
objetivo”, “é complementar as visões”);
- A introdução da área da motricidade como área-chave principal da ficha
1individual – “a parte motora é fundamental dos zero aos três anos, sem dúvida
[…] acho que é uma área forte, acho que não deve ser uma área subtil, tem de ser
uma área forte como as outras três…”;
- A realização de filmagens como método de autoavaliação – esta sugestão
foi proposta por uma das educadoras (“também podemos fazer isso através de
filmagens…filmar-nos num momento, filmar um dia inteiro nosso, que depois
podemos avaliar…”), no entanto, não reuniu o apoio das restantes (“Isso é
difícil…”);
- A facilitação do preenchimento do instrumento através da transformação de
algumas secções em checklists – uma das educadoras propôs esta alteração, para
simplificar (“se calhar seria mais fácil por checklist. Já com algumas
propostas…eu sei que não pode abranger tudo mas tinha ‘outros’ ou abria-se uma
chaveta para simplificar”), mas o restante grupo discordou, argumentando que
uma lista de tópicos seria demasiado restritiva e pouco útil;
- A agilização do processo de preenchimento da Ficha de Caracterização
Geral – algumas educadoras sugeriram que a ficha de caracterização fosse
preenchida no início do ano, durante o processo de acolhimento previsto no MPC,
(“aqui, no momento em que os pais vão conhecer e sabem que vão ficar, a
educadora responsável poderia, nessa altura, preencher as expectativas da
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família”), em equipa, (“isto é igual, é comum à equipa, e afinal de ano para ano
pouca coisa muda, não é?”), para poupar tempo (“mas tínhamos o documento
preenchido sem nos roubar muito tempo”).
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individuais’. Estas três fichas devem ser preenchidas por esta ordem, na mesma
lógica de avaliação-reflexão-ação presente na primeira versão do instrumento. A
segunda etapa tem duas vertentes:
- Para as crianças com níveis altos de implicação e bem-estar, o educador
deve preencher um plano individual simples;
- As crianças com níveis médios e baixos de implicação e bem-estar devem
ser avaliadas através de um plano individual completo, que comporta três fases –
‘Avaliação individual’, ‘Análise individual’ e ‘Objetivos e Iniciativas
individuais’, à semelhança do que foi feito para o grupo. Sugerimos, tal como
contemplado no MPC (ISS, 2005a), uma avaliação periódica adequada ao
funcionamento da instituição (pode ser, por exemplo, trimestral). As fichas
devem ser preenchidas com base nas últimas 2/3 semanas. Na semana a seguir ao
preenchimento, o educador deve voltar a concentrar-se nas avaliações, reler e
complementar com dados que possam ter falhado na primeira fase de
preenchimento (Laevers et al., 1997).
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47
concretizar esta alteração, recorremos ao POMS (Laevers et al., 1997).
V - Conclusões
Este estudo permitiu-nos confirmar a necessidade e importância de avaliar a
qualidade das práticas educativas em creche, através da literatura e das opiniões
dos profissionais no terreno.
As educadoras que participaram na investigação mostraram-se
especialmente preocupadas, por um lado, com a falta de tempo e, por outro lado,
com as exigências da Segurança Social. Sendo os educadores os principais
destinatários deste trabalho, não podemos ignorar as suas necessidades – é
imperativo garantir que quaisquer modelos ou instrumentos construídos tenham
em conta a sua disponibilidade e os seus conhecimentos. Neste sentido, ao invés
de criar um instrumento independente do MPC (ISS, 2005a), procurámos adaptá-
lo, de forma que pudessem ser utilizados em conjunto, sem perda de tempo ou
sobreposições. Assim, os educadores podem optar pelo processo com que mais se
identificam, ajustando-o em função do contexto em causa.
Consideramos que o nosso instrumento vem preencher uma lacuna no
contexto português, oferecendo a possibilidade de os educadores em creche
investirem na avaliação direcionada para a ação e para a melhoria, numa
perspetiva de baixo para cima (bottom-up). Sem esquecer a avaliação da criança,
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48
apresentamos uma proposta que permite ter uma ideia mais clara da qualidade
dos contextos e das práticas através de dois indicadores transmitidos diretamente
pelas crianças – a implicação e o bem-estar. De uma forma acessível e clara, os
educadores podem averiguar os progressos do grupo como um todo e de cada
criança individualmente, interpretando-os como reflexo de um conjunto de
fatores externos e internos. A partir desta reflexão, torna-se mais fácil estabelecer
objetivos e delinear estratégias para cada “frente de ação”.
A terminar, resta ressalvar que este trabalho tem um caráter meramente
exploratório e inicial, que necessita de um maior aprofundamento para se
apresentar como uma proposta aplicável a nível nacional, que possa ser
recomendada como ferramenta de organização das práticas educativas na
primeira infância. É necessário testá-lo com uma amostra razoável de educadores
durante, pelo menos, um ano letivo, para verificar se é, de facto, exequível ou
não. Partindo das dificuldades e necessidades sentidas no terreno, seria necessário
proceder a sucessivas reformulações e testes até chegar a uma versão final. A
consulta de outros especialistas na área pode também ser importante para lhe dar
uma maior credibilidade e consistência.
Não sendo possível, neste trabalho, proceder a uma validação dessa
magnitude, procurámos desenvolver um protótipo que pudesse ser utilizado em
futuras investigações, na expectativa de que possa ser, a médio e longo prazo, um
contributo para a melhoria da qualidade dos serviços prestados nas creches
portuguesas.
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59
Anexo 1. Guião do Focus group.
i) Sistematizar
- Pode ser utilizado em diferentes diferentes alternativas
contextos? Por exemplo, grupos de que garantam a
diferentes idades; instituições com aplicabilidade a
diferentes filosofias… diferentes contextos.
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60
Características Ficha 1geral (p.3-7) g) Adequar a estrutura
específicas das do instrumento, os
fichas (critério - Até que ponto o sistema de parâmetros/áreas de
de seleção é a observação proposto é prático e observação e os
sua diferença fácil de utilizar? exemplos sugeridos
face ao SAC, em função das
já validado) necessidades
manifestadas pelas
educadoras.
a) Identificar
indicadores de
qualidade para as
práticas pedagógicas
em creche.
b) Analisar os
comportamentos
associados aos
- As descrições dos níveis são indicadores referidos.
elucidativas?
c) Exemplificar casos
que ilustrem os
indicadores referidos.
e) Operacionalizar as
- Revêem-se na operacionalização áreas de
das 3 áreas em tarefas e desenvolvimento
comportamentos observáveis? consideradas mais
importantes num
contexto de creche.
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Anexo 2. Versão preliminar do instrumento.
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FACULDADE DE PSICOLOGIA
E DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Universidade de Coimbra
PARTICIPAÇÃO EM INVESTIGAÇÃO
Em cada um dos momentos de avaliação, as fichas gerais devem ser utilizadas, num
ciclo de avaliação-reflexão-ação. As fichas individuais devem ser utilizadas quando, a partir da
ficha 1geral, se identificam crianças com níveis baixos de implicação e bem-estar (abaixo de 3).
No entanto, se muitas crianças estiverem nesta situação, antes de pensar em estratégias
individualizadas, o educador deve delinear estratégias para o grupo, com base nas fichas 2 e 3
gerais.
9
De acordo com o Sistema de Acompanhamento de Crianças (SAC; Portugal & Laevers, 2010).
ii
CRECHEndo com qualidade
Creche:
Educador(a):
Grupo de Crianças:
Ano letivo:
Ficha de caracterização geral do contexto
1. Características da comunidade
3. Recursos na comunidade
iii
CRECHEndo com qualidade
Ficha 1geral
Fase 1 – Avaliação geral do grupo
Data:
Grupo/Educadora:
1 2 3 ?1 2 3 ?
Nomes
(Baixo) (Médio) (Elevado) ? (Reduzido) (Médio) (Alto) ?
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
* Nas próximas páginas encontram-se instruções detalhadas e exemplos que ajudam a preencher
esta grelha.
A implicação é uma qualidade da atividade O bem-estar é um estado emocional marcado pela
marcada por concentração, persistência, satisfação e prazer, por uma grande serenidade
motivação, interesse, satisfação e energia. Este interior mas em simultâneo, energia, vitalidade e
indicador tem a ver com a necessidade de abertura ao exterior. Sem bem-estar, é pouco
exploração, e expressa-se de acordo com o nível provável que haja elevada implicação, uma vez
de desenvolvimento da criança e, principalmente, que a criança, não estando disponível para se
é indicativo da qualidade das oportunidades e entregar por completo a uma atividade ou
desafios oferecidos pelo contexto. estímulo.
O valor preenchido para cada criança deve representar o balanço dos níveis de bem-estar e
implicação verificados nas últimas semanas, em diferentes situações e atividades.
A coluna “?” só deve ser assinalada se o educador não conseguir decidir ou tiver muitas dúvidas
quanto ao funcionamento da criança. Dependendo das circunstâncias, poderá ser importante
proceder a uma análise mais individualizada desta criança, recorrendo às fichas individuais. Caso
necessário, pode recorrer aos sinais (+) e (-) para especificar os níveis atribuídos.
Pode ser útil para o educador utilizar dados de outras
fontes, nomeadamente de uma escala de
desenvolvimento (como a que consta da Ficha
Diagnóstica do Manual dos Processo-Chave-creche,
por exemplo).
iv
CRECHEndo com qualidade
v
CRECHEndo com qualidade
«Está sentado, longe das outras crianças e dos adultos, com os olhos
baixos e o olhar vago.» (isolamento)
vi
CRECHEndo com qualidade
empenhamento.
Atividade moderadamente
«Agarra no marcador rosa e larga-o. Debruça-se ainda mais na
continuada ou moderadamente
Média mesa. Pinta uns riscos. Pega noutro marcador e pinta mais um
intensa. A criança participa nas
(3) pouco. Observa os marcadores. Olha para a educadora, pega noutro
atividades de forma mais ou menos
marcador e pinta mais um pouco do desenho.»
contínua mas sem intensidade. Por
vii
CRECHEndo com qualidade
viii
CRECHEndo com qualidade
Ficha 2g
Fase 2 – Análise e reflexão em torno do grupo e contexto
Data:
1. Análise do grupo
O que me agrada:
O que me preocupa:
2. Análise do contexto**
O que me agrada:
O que me preocupa:
ix
CRECHEndo com qualidade
4. Opiniões das crianças sobre a creche (apenas para grupos com crianças de mais de 24
meses, se o educador verificar que as crianças compreendem as perguntas)
Aspetos positivos: Aspetos negativos:
x
CRECHEndo com qualidade
Ficha 3geral
Fase 3 – Definição de objetivos e iniciativas dirigidas ao grupo/contexto educativo
Data:
Considerando a análise/apreciação da ficha 2geral (direcionada ao grupo e contexto), que
objetivos se gostaria de alcançar?
Ex. Disponibilizar mais estímulos visuais. Ex. Afixar desenhos e imagens no chão e à
Disponibilizar material de faz de conta. altura dos olhos das crianças. Introduzir
Oferta na sala roupa, batas, aventais, chapéus e
educativa elementos relacionados com os contextos
familiares das crianças (objetos de
médico, ferramentas para crianças, …).
Ex. Tornar a sala mais familiar. Ex. Convidar as famílias a trazer músicas
Clima de
e fotos de casa.
grupo
Ex. Criar mais oportunidades de Ex. Desenvolver na sala várias atividades
iniciativa. em simultâneo, que as crianças possam
Espaço para
escolher, como danças, pinturas, leitura de
iniciativa
histórias, etc.
Ex. Melhorar a articulação entre Ex. Um adulto fica com algumas crianças
momentos de rotina. Criar espaços para no refeitório, enquanto outro adulto leva
atividades livres em grupos pequenos. um grupo para a casa de banho. Planear
Organização atividades para as crianças que não
dormem enquanto outras o fazem. Levar
pequenos grupos ao exterior, enquanto os
restantes ficam a brincar na sala.
Ex. Dar sugestões e introduzir materiais
para enriquecer as brincadeiras em curso.
Estilo do Ex. Ter uma atitude mais estimulante.
Deixar, por exemplo, que as crianças
adulto Estimular a autonomia.
tentem pendurar os seus casacos, mesmo
que isso demore mais tempo.
Ex. Aproveitar o exterior. Eliminar a Ex. Planear experiências no exterior,
separação artificial entre cuidar e educar. equilibrando o desafio e o suporte do
Enfatizar, para os pais e para a equipa, adulto. Nos momentos de higiene e
Outros que o processo é mais importante que o refeição, introduzir conversas, histórias,
aspetos produto. canções, etc. Afixar fotos e legendas, que
mostrem aos pais a riqueza dos processos
envolvidos nas atividades, mesmo quando
os produtos não o demonstrem.
xi
CRECHEndo com qualidade
Ficha 1individual
Fase 1 – Avaliação individualizada
Competências-chave em Creche10
Curiosidade e Ímpeto Competências sociais e
Segurança e Autoestima
exploratório comunicacionais
b) Toma decisões adequadas à sua idade (comer ou não comer um alimento; escolher
o brinquedo com que quer brincar; ir ou não ir para o exterior…)?
c) Expressa iniciativa (ajuda ou tenta vestir algumas peças de roupa; mostra sinais de
antecipação para certos acontecimentos familiares ou habituais…)?
d) Tem vindo a adquirir controlo progressivo do seu corpo (rasteja, gatinha, anda,
corre, trepa, movimenta-se com objetos, movimenta-se ao som da música)?
e) Faz uma avaliação das suas capacidades (persiste ou desiste das atividades de
acordo com a avaliação subjetiva que faz das suas capacidades; pede ajuda quando
percebe que não consegue atingir um objetivo sozinha)?
10
Baseado no artigo de Portugal (2012), publicado pelo CNIS e disponível em:
http://novo.cnis.pt/index.php?ToDo=read_news&id=325.
xii
CRECHEndo com qualidade
xiii
CRECHEndo com qualidade
Atenção: a comunicação
b) Relaciona-se com os outros adultos da sala? verbal começa a
desenvolver-se com mais
c) Relaciona-se com os pares? intensidade a partir do
segundo ano de vida. No
d) Expressa emoções? entanto, desde os
primeiros meses, o
e) Expressa empatia pelos outros, pelas suas necessidades e sentimentos? contexto deve
proporcionar à criança
f) Comunica não verbalmente? oportunidades para que
esta se expresse de todas
g) Comunica verbalmente? as formas possíveis, tanto
verbal como não
h) Aprecia histórias e canções? verbalmente.
Outros aspetos
xiv
CRECHEndo com qualidade
Ficha 2individual
Fase 2 – Análise e reflexão individualizadas das crianças
4. Relações (Atender à relação com o educador e/ou auxiliar; outras crianças; familiares; creche em
geral)
xv
CRECHEndo com qualidade
5. Implicação (Atender: a) ao tempo médio despendido pela criança nas atividades e ao nível
de implicação que manifesta nas mesmas, com base na tabela anexa à ficha 1geral; b) às
atividades disponíveis na creche, à sua organização - atividades em grande grupo; em
pequeno grupo; individuais; obrigatórias; opcionais; dirigidas pelo adulto; não dirigidas pelo
adulto- e ao momento do dia em que ocorrem.)
A criança implica-se bem nas atividades…
6. Desenvolvimento e aprendizagens
Utilizar informação recolhida na ficha 1individual
7. Recolha dos dados de opinião da criança sobre a creche (apenas para crianças de mais de
24 meses, se o educador verificar que compreendem as perguntas)
O que eu gosto mais é… O que eu gosto menos é…
Formulação de desejos:
xvi
CRECHEndo com qualidade
Ficha 3individual
Fase 3 – Definição de objetivos e iniciativas individualizadas
Data:
Nome da criança:
1. Preocupações:
2. Balanço:
Aspetos positivos Aspetos negativos
Outras observações:
xvii
CRECHEndo com qualidade
Bibliografia de base:
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xviii
62
“CRECHEndo” com qualidade - Construção de um instrumento de avaliação das práticas educativas em Creche
Cindy Mutschen Carvalho (e-mail:cindymutschen@hotmail.com) 2012
“CRECHEndo” com qualidade - Instrumento de avaliação das práticas educativas em Creche
O objetivo geral deste instrumento é ajudar os educadores em creches a avaliarem as suas
intervenções educativas, apoiando-se numa ferramenta construída com base na literatura existente
sobre o tema. A avaliação que aqui propomos é processual, ao longo do ano, servindo de ponto de
partida para a observação, a reflexão e a planificação curricular.
Esquema da aplicação do instrumento
O processo de avaliação é composto por duas fases: a primeira diz respeito ao grupo, a segunda
aos indivíduos. Na primeira etapa incluem-se as fichas de Avaliação do grupo, Análise do grupo e do
contexto e Objetivos e iniciativas individuais. Estas três fichas devem ser preenchidas por esta ordem,
na mesma lógica de avaliação-reflexão-ação presente na primeira versão do instrumento. A segunda
etapa tem duas vertentes:
- Para as crianças com níveis altos de implicação e bem-estar, o educador deve preencher um
plano individual simples;
- As crianças com níveis médios e baixos de implicação e bem-estar devem ser avaliadas através
de um plano individual completo, que comporta três fases - Avaliação individual, Análise individual
e Objetivos e Iniciativas individuais, à semelhança do que foi feito para o grupo. Sugerimos, tal
como contemplado no MPC (ISS, 2005a), uma avaliação periódica adequada ao funcionamento da
instituição (pode ser, por exemplo, trimestral). As fichas devem ser preenchidas com base nas
últimas 2/3 semanas. Na semana a seguir ao preenchimento, o educador deve voltar a concentrar-se
nas avaliações, reler e complementar com dados que possam ter falhado no primeiro preenchimento.
CRECHEndo com qualidade
Creche:
Educador(a):
Grupo de Crianças:
Ano letivo:
1. Características da comunidade
3. Recursos na comunidade
Esta ficha pode ser preenchida em equipa, no início do ano, de forma a poupar tempo e permitir a
partilha de ideias entre profissionais.
ii
CRECHEndo com qualidade
O valor preenchido para cada criança deve representar o balanço dos níveis de bem-estar e implicação
verificados nas últimas semanas, em diferentes situações e atividades.
A coluna “?” só deve ser assinalada se o educador não conseguir decidir avaliar ou tiver muitas
dúvidas quanto ao funcionamento da criança. Dependendo das circunstâncias, poderá ser importante
proceder a uma análise mais individualizada desta criança, recorrendo às fichas individuais.
Caso necessário, pode recorrer aos sinais (+) e (-) para especificar os níveis atribuídos.
Pode ser útil para o educador utilizar dados de outras fontes, nomeadamente de uma escala de
desenvolvimento (como a que consta da Ficha Diagnóstica do Manual dos Processo-Chave-creche, por
exemplo). Pode também ser interessante pedir a um colega que observe a sala durante alguns dias, para,
depois, discutirem os níveis de implicação e bem-estar atribuídos às crianças. Este processo de partilha e
regulação entre pares pode ser muito enriquecedor, principalmente para educadores ainda pouco
familiarizados com o instrumento.
iii
CRECHEndo com qualidade
pessoa desconhecida), mas são «Ri, dança, canta, bate palmas. Os seus olhos brilham de
passageiros e facilmente entusiasmo» (vitalidade, energia, prazer)
ultrapassados.
A criança ora está “bem”,
apresentando sinais de bem-estar, ora «Levanta-se e caminha pela sala com o seu livro debaixo do braço.
evidencia sinais de desconforto. Este Observa outras crianças que fazem desenhos numa mesa. A
nível também deve ser atribuído a educadora pergunta se também quer desenhar mas ela recua e nega
crianças que têm uma postura neutra: com um gesto de cabeça. A educadora fala-lhe com voz calma e
que não evidenciam sinais claros nem repete o convite. Ela afasta-se e corre de novo para o banco onde
Médio de bem nem de mal-estar, mas que estava»
não estabelecem contactos intensos
com o que as rodeia. «Expressão neutra, sem sinais evidentes de alegria nem de
A relação destas crianças com o meio desconforto. Está sentada junto a um armário e olha com ar sério
não é a desejável, mas também não é para as outras crianças. Sorri quando a educadora se ajoelha à sua
alarmante. As suas necessidades estão frente e diz “olá!”»
relativamente satisfeitas.
iv
CRECHEndo com qualidade
«Está sentado, longe das outras crianças e dos adultos, com os olhos
baixos e o olhar vago.» (isolamento)
v
CRECHEndo com qualidade
bola e bate com ela no chão (dribla com as duas mãos). Põe-se de
temperamento, etc.).
pé agarrando a borda da piscina. Agita o corpo e balbucia. Agarra a
bola, larga-a e agarra-se à piscina, mexendo num brinquedo que
está lá dentro. Põe algumas peças desse brinquedo na boca.»
(ímpeto exploratório)
A criança participa nas atividades de «Agarra no marcador rosa e larga-o. Debruça-se ainda mais na
forma mais ou menos contínua, mas mesa. Pinta uns riscos. Pega noutro marcador e pinta mais um
Médio
sem intensidade. Por não se sentir pouco. Observa os marcadores. Olha para a educadora, pega noutro
motivada e desafiada, a criança brinca marcador e pinta mais um pouco do desenho.»
vi
CRECHEndo com qualidade
«Põe a tampa na boca e pinta sem olhar para o desenho. Olha para
os lados e para a educadora. Levanta-se, senta-se, põe-se de joelhos.
Tapa o marcador.» (desinteresse, desmotivação)
A criança não se envolve em nenhuma «Expressão aborrecida. Durante a atividade, olha muitas vezes em
atividade ou realiza uma atividade Passividade volta, mexe-se e parece procurar algo com o olhar» (aborrecimento)
ocasionalmente, mas não se envolve e Aborrecimento
Baixo interrompe frequentemente o que está Desmotivação «Caminha pelo recreio perto da auxiliar. Caminha ao longo do
a fazer, mostrando poucos sinais de Desinteresse corredor. Observa as outras crianças. Aproxima-se de novo da
concentração. Muitas vezes, fica auxiliar.» (passividade)
isolada ou “ausente”.
«Chega ao fundo e encontra uma bola grande. Empurra-a um pouco
pelo corredor acima e depois continua a caminhar, deixando a bola.
Ao encontrar uma criança de triciclo de frente, pára-a e tenta
empurrá-la.» (desinteresse)
vii
Análise e reflexão em torno do grupo e contexto
Data:
1. Análise do grupo
O que me agrada:
O que me preocupa:
2. Análise do contexto**
O que me agrada:
O que me preocupa:
viii
4. Opiniões das crianças sobre a creche (apenas para grupos com crianças de mais de 24
meses, se o educador verificar que as crianças compreendem as perguntas)
Aspetos positivos: Aspetos negativos:
ix
Definição de objetivos e iniciativas gerais
Data:
Considerando a análise/apreciação da ficha 2geral (direcionada ao grupo e contexto), que
objetivos se gostaria de alcançar?
1. Aspetos específicos de
2. Iniciativas ou ações a desenvolver
mudança
Ex. Disponibilizar mais estímulos Ex. Afixar desenhos e imagens no chão e à
visuais. altura dos olhos das crianças.
Oferta
Introduzir na sala roupa, batas, aventais,
educativa
Disponibilizar material de faz de chapéus e elementos relacionados com os
conta. contextos familiares das crianças (objetos de
médico, ferramentas para crianças, …).
Ex. Tornar a sala mais familiar. Ex. Convidar as famílias a trazer músicas e
Clima de
fotos de casa.
grupo
Ex. Criar mais oportunidades de Ex. Desenvolver na sala várias atividades em
Espaço para iniciativa. simultâneo, que as crianças possam escolher,
iniciativa como danças, pinturas, leitura de histórias, etc.
Ex. Melhorar a articulação entre Ex. Um adulto fica com algumas crianças no
momentos de rotina. refeitório, enquanto outro adulto leva um grupo
para a casa de banho.
Organização
Planear atividades para as crianças que não
Criar espaços para atividades livres dormem enquanto outras o fazem. Levar
em grupos pequenos. pequenos grupos ao exterior, enquanto os
restantes ficam a brincar na sala.
Ex. Dar sugestões e introduzir materiais para
Ex. Ter uma atitude mais
enriquecer as brincadeiras em curso.
estimulante.
Estilo do
adulto Deixar, por exemplo, que as crianças tentem
pendurar os seus casacos, mesmo que isso
Estimular a autonomia.
demore mais tempo.
Ex. Aproveitar o exterior. Ex. Planear experiências no exterior,
equilibrando o desafio e o suporte do adulto.
x
Plano individual completo – Fase 1: Avaliação individual
Data: Idade da criança:
Nome da criança: Data de nascimento:
Competências-chave em Creche11
Curiosidade e Ímpeto Competências sociais e
Segurança e Autoestima
exploratório comunicacionais
i) Toma decisões adequadas à sua idade (comer ou não comer um alimento; escolher
o brinquedo com que quer brincar; ir ou não ir para o exterior…)?
j) Expressa iniciativa (ajuda ou tenta vestir algumas peças de roupa; mostra sinais de
antecipação para certos acontecimentos familiares ou habituais…)?
k) Tem vindo a adquirir controlo progressivo do seu corpo (rasteja, gatinha, anda,
corre, trepa, movimenta-se com objetos, movimenta-se ao som da música)?
l) Faz uma avaliação das suas capacidades (persiste ou desiste das atividades de
acordo com a avaliação subjetiva que faz das suas capacidades; pede ajuda quando
percebe que não consegue atingir um objetivo sozinha)?
11
Baseado no artigo de Portugal (2012), publicado pelo CNIS e disponível em:
http://novo.cnis.pt/index.php?ToDo=read_news&id=325.
xi
Curiosidade e Ímpeto exploratório – Indicadores
xii
Competências sociais e comunicacionais – Indicadores
Atenção: a comunicação
k) Relaciona-se com os outros adultos da sala? verbal começa a
desenvolver-se com mais
l) Relaciona-se com os pares? intensidade a partir do
segundo ano de vida. No
m) Expressa emoções? entanto, desde os
primeiros meses, o
n) Expressa empatia pelos outros, pelas suas necessidades e sentimentos? contexto deve
proporcionar à criança
o) Comunica não verbalmente? oportunidades para que
esta se expresse de todas
p) Comunica verbalmente? as formas possíveis, tanto
verbal como não
q) Aprecia histórias e canções? verbalmente.
Outros aspetos:
xiii
Plano individual completo – Fase 2: Análise individual
4. Relações (Atender à relação com o educador e/ou auxiliar; outras crianças; familiares;
creche em geral)
5. Implicação (Atender: a) ao tempo médio despendido pela criança nas atividades e ao nível
de implicação que manifesta nas mesmas, com base na tabela anexa à ficha 1geral; b) às
atividades disponíveis na creche, à sua organização - atividades em grande grupo; em
pequeno grupo; individuais; obrigatórias; opcionais; dirigidas pelo adulto; não dirigidas pelo
adulto - e ao momento do dia em que ocorrem.)
A criança implica-se bem nas atividades…
xiv
Áreas desenvolvimentais implícitas nas atividades com boa implicação
6. Desenvolvimento e aprendizagens
Utilizar informação recolhida na fase 1
7. Recolha dos dados de opinião da criança sobre a creche (apenas para crianças de mais
de 24 meses, se o educador verificar que compreendem as perguntas)
O que eu gosto mais é… O que eu gosto menos é…
Formulação de desejos:
xv
Plano individual completo - Fase 3: Objetivos e iniciativas individuais
Data:
Nome da criança:
1. Preocupações:
2. Balanço:
Pontos fortes Pontos fracos
xvi
Plano individual simples
2. Balanço:
Pontos fortes Pontos fracos
xvii