Não É Amor Trecho 1

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Para Jen.

Às vezes eu me pergunto o que


faria sem você e morro de medo.

P.S.: Na verdade, chocolate branco é bom, sim.

P.P.S.: Quando ler isto aqui, dê um


biscoito da tia Ali para Stella.

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Querido(a) leitor(a),

Só queria dar um aviso rápido e dizer que Não é amor tem um tom um pou-
co diferente das outras obras que já publiquei. Rue e Eli tiveram que lidar – e
ainda lidam – com as consequências de questões como luto, insegurança
alimentar e negligência infantil. Eles estão ávidos para se conectar um com
o outro, mas não sabem muito bem como fazer isso a não ser pelo relacio-
namento físico. O resultado, eu acho, é menos uma comédia romântica e
mais um romance, digamos, erótico.
É claro que a história de Rue e Eli tem um final feliz! Mas também tem
temas sérios, e eu quis fazer esse alerta para que vocês soubessem o que
esperar.

Com amor,
Ali

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B A S TA N T E S I M P L E S

Rue

– Meninas, essa é uma pergunta genuína, zero retórica: como é que vocês
duas sobrevivem no mundo real?
Olhei para a expressão desdenhosa de Nyota e pensei no tamanho da hu-
milhação que era ter a irmã caçula da sua melhor amiga (uma pessoa que foi
diversas vezes impedida de entrar na casa da árvore do quintal, que comeu
meleca em público no Natal de 2009 e foi flagrada treinando beijo de língua
em uma tangerina dentro do armário, alguns meses depois) questionando sua
capacidade de levar uma existência produtiva.
Mas, pensando bem, Tisha e eu somos três anos mais velhas do que ela
e, naquela época, com certeza nutríamos um complexo de superioridade
obviamente indevido. Já não fazíamos isso agora que Nyota tinha 24 anos,
fora um prodígio na faculdade de direito e era uma advogada de falências
recém-formada cujas horas de trabalho valiam muito mais do que o altíssi-
mo seguro do meu carro. Para piorar, eu a segui no Instagram, e foi assim
que descobri que ela consegue levantar mais que o próprio peso, fica linda
de maiô e sabe fazer focaccia de cebola e alecrim.

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E, em um grande gesto de ostentação, com um brilhantismo que me dei-
xou de cara no chão, Nyota jamais me seguiu de volta.
– Você sabe como a gente é – respondi, escolhendo sinceridade em vez
de orgulho.
Tisha e eu estávamos enfiadas no meu minúsculo escritório na Kline,
fazendo uma videochamada com alguém que provavelmente nem tinha
nossos números salvos. Dignidade era a última das nossas preocupações.
– Estamos por um fio.
– Você não poderia só responder à pergunta? – irritou-se Tisha.
Por mais humilhante que aquilo fosse para mim, certamente era pior para
ela. Nyota era irmã dela, afinal.
– É sério? Você me liga no meio de um dia de trabalho para perguntar o
que é cessão de financiamento? Não podia pesquisar no Google?
– Nós pesquisamos – respondi. – A gente acha que entendeu mais ou
menos a ideia.
– Ótimo, então perfeito. Vou desligar, vejo vocês duas no Dia de Ação
de Graças...
– No entanto... – interrompi. Ainda era final de maio! – As reações dos
outros funcionários da Kline sugerem que talvez a gente não tenha com-
preendido todas as implicações dessa cessão de financiamento.
Minha tolerância para situações constrangedoras era bem alta, e eu já
tinha conseguido ignorar até o funcionário do RH que navegava descara-
damente por um site de empregos; os químicos que trombavam em mim e
saíam andando sem dizer nem um “opa”; o olhar vago de Matt, meu chefe
normalmente ditatorial, quando eu informei que o relatório que ele me
pedira ia demorar mais três horas para ficar pronto. Então, enquanto eu es-
vaziava minha garrafa de água em uma planta que estava na copa havia mais
tempo do que eu trabalhava ali, um técnico caiu no choro e me disse: “Você
devia levar Christofern para casa, Dra. Siebert. Ela não merece morrer por
causa do que vai acontecer com a Kline.”
Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Tudo que eu
sabia era que amava meu trabalho na Kline, o projeto mais importante da
minha vida estava em um momento crucial e eu era muito desajeitada para
me adaptar com facilidade a outro emprego. O acontecimento daquele dia
também não era um bom presságio.

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– Vai ter uma reunião geral daqui a quinze minutos e queríamos chegar
lá com uma ideia melhor do que está...
– Ny, deixa de ser escrota e explica como se tivéssemos 5 anos de idade
– ordenou Tisha.
– Vocês duas são doutoras – observou Nyota, e não foi um elogio.
– Ok, me escuta, Ny, porque isso vai fazer sua cabeça explodir e talvez
a gente tenha que fazer uma denúncia à ONU e levar ao Tribunal de Haia:
tópicos como empresas de capital privado e cessão de financiamento não
faziam parte da ementa de nenhuma das nossas aulas do doutorado em
engenharia química. Eu sei que é uma falha chocante, tenho certeza que a
OTAN vai querer enviar os militares...
– Fica quieta, Tish. Não começa com o deboche quando é você quem
precisa da minha ajuda. Rue, como você descobriu sobre a cessão de finan-
ciamento?
– Florence mandou um e-mail para toda a empresa – respondi. – Hoje
de manhã.
– Florence é a CEO da Kline?
– Isso. – Mas aquilo parecia meio reducionista. – CEO e fundadora.
Ainda não era só isso, mas não era hora nem lugar de bancar a fã.
– A mensagem dizia alguma coisa sobre a empresa de capital privado que
comprou o empréstimo?
Dei uma olhada no e-mail.
– Grupo Harkness.
– Hum, não me é estranho.
Nyota digitou em silêncio, o horizonte de Nova York reluzindo atrás dela.
Seu escritório ficava em um arranha-céu, a milhares de quilômetros e um
universo de distância de North Austin. Assim como eu e Tisha, ela ansiara
por sair do Texas. Mas, ao contrário de nós duas, nunca voltara.
– Ah, é. Esses caras – concluiu ela, estreitando os olhos para a tela do
computador.
– Você conhece? – perguntou Tisha. – Eles são, tipo, famosos?
– É uma empresa de capital privado, não uma banda de k-pop. Sim, eles
são bem conhecidos na área de tecnologia.
Ela mordeu o lábio. De repente, sua expressão já não passava mais tran-
quilidade, pelo contrário. Senti Tisha tensa ao meu lado.

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– Não é a primeira vez que algo assim acontece – falei, me recusando
a entrar em pânico. Eu tinha me formado um ano antes, na Universidade
do Texas, em Austin, mas trabalhava para Florence Kline enquanto ainda
estava no doutorado. Nada daquilo me parecia novo. – Mudanças de gestão
e questões com investidores acontecem o tempo inteiro. As coisas sempre
se ajeitam.
– Não sei bem dessa vez, Rue. – Nyota franziu a testa em uma careta. –
Olha, a Harkness é uma empresa de capital privado.
– Ainda não sei o que isso significa – irritou-se Tisha.
– Como eu ia explicar, empresas de capital privado são... grupos de pes-
soas com muito, muito dinheiro e tempo livre. E, em vez de se deleitarem
com seu dinheiro, tipo o Tio Patinhas, ou deixá-lo na poupança, como vocês
duas...
– Otimismo seu pensar que tenho uma poupança – murmurou Tisha.
– ... eles costumam comprar outras empresas.
– Então eles compraram a Kline? – perguntei.
– Não. A Kline não é uma empresa de capital aberto, então não dá para
comprar suas ações. Mas, na época em que foi fundada, ela precisou de
dinheiro para desenvolver... ravióli? É isso que vocês fazem?
– Nanotecnologia de alimentos.
– Entendi. Vamos fingir que isso significa alguma coisa. Enfim, quando
fundou a Kline, Florence pegou um empréstimo enorme. Agora a pessoa
que concedeu esse empréstimo a ela decidiu vender o financiamento para
a Harkness.
– Isso significa que agora a Kline deve dinheiro para a Harkness?
– Correto. Muito bem, Rue, eu sabia que você não era completamente
inútil. Já minha irmã nunca cansa de... – A voz de Nyota começou a sumir
conforme ela franzia a testa para o computador.
– O que foi? – perguntou Tisha, assustada. Nyota não era do tipo que
parava de falar no meio de um insulto. – O que aconteceu?
– Nada. Estou lendo sobre a Harkness. São bem respeitados. Focados
em startups de tecnologia de porte médio. Acho que uns caras de ciência
trabalham lá... Eles compram empresas promissoras, investem capital e es-
timulam o crescimento, depois vendem e lucram. Mas comprar um finan-
ciamento parece um pouco fora do modus operandi deles.

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Tisha apertou minha coxa e segurei a mão dela. Conforto físico não cos-
tumava fazer parte do meu repertório, mas eu abria exceções para Tisha
sem problemas.
– Então tudo o que Florence precisa fazer é pagar o empréstimo para a
Harkness e eles saem de cena? – indaguei.
Parecia bastante simples. Não havia necessidade de procurar um novo
emprego.
– Hã... No mundo de arco-íris onde você vive, talvez. Divirta-se brin-
cando com os unicórnios, Rue. Não tem a menor chance de a Florence ter
esse dinheiro.
Tisha me apertou ainda mais.
– Ny, o que isso significa na prática? Eles podem assumir o controle da
empresa?
– Talvez. Depende do contrato de empréstimo.
Balancei a cabeça.
– Florence nunca permitiria.
– Florence talvez não tenha escolha. – A voz de Nyota ficou mais suave
de repente e foi isso, entre todas as coisas, que abriu o primeiro buraco de
medo no meu estômago. – Dependendo dos termos do contrato, talvez a
Harkness tenha direito de instituir um novo CTO e interferir de verdade
nas operações.
Perguntar o que é um CTO não ia me deixar mais perto de conseguir que
ela me seguisse no Instagram, então eu só disse:
– Tá bem. Qual é o resumo da ópera?
– A Harkness pode ser completamente inofensiva ou pode obrigar vocês
a encontrar um novo emprego. Neste momento não dá pra saber.
Tisha murmurou “merda”. Florence, pensei, e senti a boca seca. Onde está
Florence agora?
– Obrigada, Nyota. Você ajudou bastante.
– Me liguem depois da reunião de hoje. Aí nós podemos ter uma ideia
melhor das coisas. – Foi simpático da parte dela esse “nós”. – Mas não seria
ruim começar a dar uma ajeitada no currículo, só pra garantir. Austin é
um lugar cheio de startups de tecnologia. Deem uma olhada na internet,
perguntem aos seus amigos nerds se eles têm alguma dica. Vocês têm algum
outro amigo?

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– Eu tenho o Bruce.
– Bruce é um gato, Tish.
– E daí?
Elas começaram a se bicar e eu parei de prestar atenção enquanto tentava
imaginar qual era a chance de Tisha e eu encontrarmos outro trabalho na
mesma empresa. E que pagasse bem e nos desse a autonomia científica que
a Kline oferecia. Florence tinha me autorizado até a...
Um pensamento terrível me atingiu.
– E nossos projetos pessoais? As patentes dos funcionários?
– Hum? – Nyota inclinou a cabeça. – Patentes de funcionários? Pra quê?
– No meu caso, um bionanocompósito que...
– Aham, pode me poupar do TED Talk.
– É um aparelho que mantém os produtos frescos por mais tempo.
– Ah, entendi.
Ela assentiu, os olhos de repente mais acolhedores, e eu me perguntei
quanto ela sabia. Tisha com certeza não teria contado a minha história,
mas Nyota era observadora e podia ter deduzido por conta própria. Afinal,
passei todas as horas livres na casa delas durante anos só para evitar voltar
para a minha.
– Esse projeto é seu? Sua patente? E existe um acordo que garante a você
a propriedade dessa tecnologia?
– Sim. Mas se a Kline for vendida...
– Desde que o acordo tenha sido firmado por escrito, tudo bem.
Eu me lembrei de um e-mail da Florence. Palavras difíceis, letras peque-
nas, assinaturas eletrônicas. Uma onda de alívio me percorreu. Obrigada,
Florence.
– Gente, tentem não pirar demais com isso, está bem? Vão para a reunião,
porque já devem estar atrasadas. Descubram o que puderem e me contem.
E, pelo amor de Justice Brown Jackson, atualizem seus malditos currículos.
Você não trabalha como tosadora de animais desde a faculdade, Tish.
– Saia do meu LinkedIn – murmurou Tisha, mas já estava reclamando
diante de uma tela preta.
Ela então se recostou na cadeira e soltou mais um “merda” baixinho.
Olhei para ela e assenti.
– Pois é.

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– Nenhuma de nós tem estrutura emocional para lidar com instabilidade
no emprego.
– Não mesmo.
– Para, vamos ficar bem. Trabalhamos na área de tecnologia. É só que...
Assenti mais uma vez. Éramos felizes na Kline. Juntas. Com Florence.
Florence.
– Florence me mandou uma mensagem ontem à noite – contei a Tisha.
– Perguntou se eu queria ir à casa dela.
Tisha se virou para mim.
– Ela disse por quê?
Balancei a cabeça, meio envergonhada e meio culpada. Muito bem, Rue,
belo jeito de apoiar as amigas.
– Eu falei que já tinha compromisso.
– O que você estava... Ah, é. Sua transa trimestral. Rue Depois da Meia-
-Noite. Meu Deus, como é que ainda não falamos sobre o cara?
– Que cara?
– Sério? Você me manda a foto da carteira de motorista de um homem
aleatório e depois pergunta que cara? Valeu a tentativa.
– Foi uma tentativa corajosa.
Eu me levantei, tentando evitar a imagem daqueles olhos azuis profun-
dos. Daquele perfil de deus grego que me fez ficar encarando. Dos cabelos
castanhos curtos e encaracolados, quase bagunçados demais. Ele manteve
o olhar firme à frente ao me levar para casa de carro, como se estivesse de-
terminado a não se virar na minha direção.
– Você teve notícias dele? Presumindo que você fez o impensável e... – ela
leva a mão ao peito, arfando – deu seu número para ele.
– Ainda não olhei meu celular.
O telefone estava agora no fundo da mochila, debaixo de um casaco,
minha garrafa d’água e uma pilha de livros da biblioteca com o prazo de
devolução vencido. E lá ia ficar, pelo menos enquanto eu estivesse me per-
guntando a cada dez minutos se ele tinha mandado mensagem.
Preferia me obrigar a manter certo distanciamento no que dizia respeito
a caras.
– Eu devia ter ido até a casa da Florence – admiti, sentindo o remorso me
corroer o estômago.

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– Que nada. Se eu tivesse que escolher entre você transar ou eu receber
um aviso antecipado dessa merda toda aqui, eu provavelmente escolheria
os seus orgasmos. Esse é o tamanho da minha generosidade – disse Tisha,
baixando a voz enquanto caminhávamos lado a lado pelos corredores azuis
ultramodernos da Kline, todos lotados de funcionários que também se-
guiam rumo ao espaço aberto no primeiro andar.
Todos sorriram para Tisha – e acenaram para mim, educados, mas
muito mais sérios. A Kline começou como uma pequena startup de
tecnologia, depois cresceu exponencialmente, chegando a centenas de
funcionários, e eu parei de acompanhar todas as novas contratações.
Além disso, a natureza solitária do meu projeto me deixava um tanto
isolada. Eu era a garota alta, séria e distante que andava sempre com
aquela outra garota alta, a engraçada e divertida que todo mundo ado-
rava. Na Kline, meu grau de popularidade e o de Tisha eram tão díspa-
res quanto sempre foram, desde o ensino fundamental. Felizmente, eu
já não ligava mais.
– Infelizmente, não houve orgasmos – murmurei.
– O quê? Ele não tinha a menor cara de que seria ruim de cama!
– Não tive como saber.
Ela fez uma careta.
– Não foi pra isso que você foi encontrá-lo?
– A princípio.
– E aí?
– Vincent apareceu.
– Ah, porra, Vincent. Como é que ele... Nem quero saber. Ficou pra pró-
xima, então?
Já que você nunca repete, argumentara ele, e meu corpo ficara quente com
a melancolia em seu tom de voz.
– Não sei – sussurrei com sinceridade, também sentindo um pouco da-
quela melancolia ao me sentar ao lado de Tisha no sofá no fundo da sala.
– Acho que...
– Nunca temos um minuto de paz – disse uma voz musical, e senti o
assento ao meu lado afundar.
Jay era nosso técnico de laboratório favorito. Ou, para ser mais precisa, o
favorito de Tisha, com quem rapidamente fizera amizade. Como eu estava

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sempre com ela, acabei me integrando ao relacionamento. Essa era a história
da minha vida social.
– Juro por Deus, se demitirem todos nós, eu perder meu visto, tiver que
voltar pra Portugal e Sana terminar comigo... – começou ele.
– Adorei o otimismo, querido. – Do meu outro lado, Tisha se inclinou
para ele com um sorrisinho. – Nós fizemos uma pesquisa sobre essa confu-
são. Podemos te contar o que é uma cessão de financiamento.
Jay arqueou a sobrancelha e os piercings se mexeram.
– Vocês não sabiam o que era?
Tisha se encolheu e desapareceu atrás de mim.
– Tudo bem, tudo bem. – Eu dei tapinhas na perna dela para consolá-la.
– Pelo menos nunca fingimos ser nada além do que somos.
– Idiotas?
– Pelo visto.
Uma cascata de cachos ruivos apareceu na multidão e o nó de pânico no
meu peito se afrouxou na mesma hora. Florence. A brilhante e engenhosa
Florence. Ela era a Kline. Tinha lutado com unhas e dentes pela empresa e
não ia deixar que ninguém a tirasse de suas mãos. Principalmente nenhum...
– Quem são esses quatro? – sussurrou Tisha no momento em que a sala
caiu em um silêncio repentino.
Ela olhava para além de Florence, para as pessoas paradas ao lado dela.
– Alguém da Harkness? – sugeriu Jay.
Eu estava esperando ternos e cabelos impecavelmente penteados, além
daquele jeito desagradável característico dos caras de finanças. Mas as pes-
soas da Harkness poderiam até ser da Kline em um universo paralelo. Talvez
as roupas mais despojadas fossem uma estratégia, mas eles pareciam... nor-
mais. Acessíveis. A mulher de cabelos compridos estava à vontade de calça
jeans e parecia satisfeita com a quantidade de pessoas na reunião, assim
como o homem de ombros largos um tanto próximo demais dela. A outra
figura alta, de barba bem aparada, examinava a sala com ar de arrogância,
mas quem era eu para julgar? Já tinham me dito várias vezes que eu não era
exatamente um poço de simpatia. E o quarto cara, que chegou por último,
andando sem pressa e com um sorriso confiante, parecia...
O sangue congelou nas minhas veias.
– Já odeio todos eles – murmurou Jay, e Tisha riu.

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– Você odeia todo mundo.
– Eu não.
– Odeia, sim. Não é, Rue?
Assenti sem prestar muita atenção, meus olhos fixos no quarto funcio-
nário da Harkness como um pássaro preso em um derramamento de óleo.
Minha cabeça rodava e a sala de repente ficou sem ar porque, ao contrário
dos outros rostos, aquele era conhecido.
Ao contrário dos outros, eu sabia exatamente quem era ele.

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