Aula 08

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Aula 08

Direito Processual Civil Prof. Edmilson Cruz Jr.


Intervenção de Terceiros (parte 01)
1. Noções gerais
- Por intervenção de terceiros entende-se a permissão legal para que um sujeito alheio à
relação jurídica processual originária ingresse em processo já em andamento.
- Elas têm como propósitos a economia processual (evitar a repetição de atos processuais)
e a harmonização dos julgados (evitar decisões contraditórias).
- Uma vez admitido no processo, o sujeito deixa de ser terceiro e passa a ser parte.
2. Assistência
2.1. Introdução
- Ao ingressar de modo voluntário em processo alheio para auxiliar uma das partes na
busca da vitória judicial, resta suficientemente claro que a assistência preenche os
requisitos mínimos para ser considerada uma intervenção de terceiros.
- Mesmo quando o terceiro é informado da existência da demanda, a intervenção continua
a ser voluntária, pois ingressará como assistente somente se quiser participar do processo.
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente
interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo
para assisti-la.

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=> Pressupostos
- A existência de um interesse jurídico do terceiro na solução do processo.
- Dessa forma, o terceiro precisa demonstrar estar sujeito a ser afetado juridicamente pela
decisão a ser proferida em processo do qual não participa.
- A natureza desse interesse jurídico varia conforme a natureza da assistência (simples ou
litisconsorcial).

2.2. Assistência simples (adesiva)


- Só se permite a assistência se houver um interesse jurídico do terceiro, representado pela
existência de uma relação jurídica não controvertida, distinta daquela discutida no
processo entre o assistente (terceiro) e o assistido (autor ou réu).
Ex.1: a intervenção assistencial do sublocatário na ação de despejo promovida pelo
locador contra o locatário (sublocador). O sublocatário mantém com o locatário uma
relação jurídica não controvertida, diversa daquela discutida no processo, que será
afetada na hipótese de sentença de procedência do despejo.
- Nesse exemplo, considera-se que a sublocação não fez parte do contrato originário,
porque nesse caso não seria hipótese de assistência, mas de litisconsórcio passivo
necessário.

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Ex.2: o proprietário de imóvel que recebe a notícia de que em frente será construído o
shopping center. Esse fato naturalmente gerará valorização do imóvel. Havendo uma
ação judicial proposta contra a construção do shopping center, o proprietário do imóvel
terá inegavelmente um interesse econômico na solução da demanda.
- Neste caso, todavia, faltar-lhe-á a relação jurídica com uma das partes, sendo inviável o
seu ingresso no processo como assistente.
- O mesmo, entretanto, não ocorreria com outra pessoa que celebrou contrato de locação
de um espaço no shopping center que seria construído.
- Assim, não basta a existência da relação jurídica não controvertida entre o terceiro e a
parte. É necessário que essa relação jurídica seja diretamente afetada em virtude da
decisão a ser proferida no processo.
Ex.3: não se admite como assistente o credor de um sujeito que esteja sendo demandado
na ação de cobrança.
- Nesse caso, interessa ao terceiro a improcedência da ação, mantendo-se inalterada a
situação patrimonial do seu devedor, existindo também relação jurídica entre ele e uma
das partes.
- A assistência, entretanto, não será admitida em virtude da não afetação dessa relação
jurídica, mantida entre a parte e o terceiro, pela decisão a ser proferida no processo.

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2.3. Assistência litisconsorcial (qualificada)

Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a


sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

=> Assistência Simples x Assistência Litisconsorcial


- A principal diferença entre a assistência simples e a litisconsorcial diz respeito à
natureza da relação jurídica controvertida apta a permitir o ingresso do terceiro.
- Na assistência litisconsorcial, o terceiro é titular da relação jurídica de direito material
discutida no processo, sendo, portanto, diretamente atingido em sua esfera jurídica pela
decisão a ser proferida.
- Dessa forma, o assistente litisconsorcial tem relação jurídica tanto com o assistido quanto
com a parte contrária, afinal todos eles participam da mesma relação de direito material.
- No litisconsórcio simples, não há relação jurídica do assistente com o adversário do
assistido.
- Trata-se das hipóteses de legitimação extraordinária, pela qual é possível que seja parte
processual um sujeito que não é titular do direito (substituição processual) ou de sujeito
que é titular juntamente com outros sujeitos (cotitulares), mas que não precisam
participar do processo para que este seja válido e eficaz.

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- Assim, a assistência litisconsorcial somente é possível nos casos de litisconsórcio
facultativo, porque somente nesse caso o titular do direito poderá ser excluído da
demanda por vontade das partes.
- Portanto, uma vez não formado o litisconsórcio por vontade do autor, os titulares do
direito que ficaram de fora da relação jurídica processual serão os terceiros que,
querendo, ingressarão no processo alheio como assistentes litisconsorciais.
Ex.1: Um dos sócios propõe a anulação da assembleia, enquanto os demais sócios poderão
intervir no processo como assistentes litisconsorciais, considerando-se que também são
cotitulares do direito discutido.
Ex.2: Um condômino entra sozinho em juízo defendendo o bem comum. Os demais
também são cotitulares do direito discutido no processo.
Ex.3: na alienação de coisa litigiosa (art. 109 do NCPC) sempre que o autor não permitir a
alteração do polo passivo e o réu originário passar a atuar em nome próprio em defesa do
interesse do terceiro adquirente (substituição processual).
- Intervindo no processo, o assistente litisconsorcial passa a ser parte, sendo tal
constatação inegável até porque o mesmo ocorre com o assistente simples.
- Também será parte porque é titular do direito discutido no processo.
- O assistente litisconsorcial é reputado autor ou réu a partir do momento em que ingressa
no processo, em verdadeira hipótese de litisconsórcio facultativo ulterior.

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2.4. Procedimento da assistência
=> Ingresso voluntário através de simples petição
- O terceiro assistente (simples ou litisconsorcial) deverá requerer seu ingresso no feito
por meio de petição devidamente fundamentada, expondo o interesse jurídico.
=> Cabimento
- Esse pedido é admitido em qualquer processo, inclusive no de execução, e em qualquer
procedimento, seja ele comum ou especial, de jurisdição contenciosa ou voluntária.
- A exceção fica por conta do procedimento sumaríssimo do JEC, na ADIn e ADC.
=> Momento
- A amplitude da assistência vem confirmada pela regra de que o assistente pode
ingressar no processo a qualquer momento do procedimento (até o trânsito em julgado).
- Contudo, o assistente recebe o processo no estado em que ele se encontra.
- Assim, os atos já praticados estarão protegidos pela preclusão e não serão repetidos.
Art. 119, Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em
todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se
encontre.

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=> Indeferimento liminar da assistência
- O juiz indeferirá liminarmente a assistência quando for manifesta sua inadmissibilidade.
- Ex.: Um pedido fundado em interesse meramente econômico ou ainda em procedimento
que não admite tal espécie de intervenção.

=> Deferimento do procedimento


- Neste caso, o juiz intimará as partes, que terão um prazo comum de 15 dias para se
manifestarem.
- A instauração desse incidente não suspenderá o andamento do procedimento principal.

Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente
será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico
para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.

=> Impugnação
- Havendo impugnação, não haverá formação de autos suplementares ou em apenso.

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=> Decisão judicial
- O pedido incidental será decidido nos próprios autos principais.
- Da decisão interlocutória que admite ou não a intervenção do terceiro como assistente
cabe o recurso de agravo de instrumento (art. 1.015, IX, do NCPC).
- Este recurso não possui efeito suspensivo. Assim caso o agravo seja provido e, portanto,
o terceiro admitido como assistente, o que ocorrerá com os atos já praticados?
- Não parece correto entender que tais atos devam ser anulados para serem repetidos, sob
pena de contrariar o princípio da economia processual.
- Contudo, se a intervenção ocorrer tardiamente, o assistente não sofra os efeitos da
imutabilidade da justiça da decisão, conforme veremos mais adiante (art. 123).

2.5. Os poderes do assistente simples

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os
mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

- Lembre-se que o assistente simples não defende direito próprio na demanda, de forma
que a sua atuação no processo está condicionada à vontade do assistido.
- Portanto, não se admitirá que sua atuação contrarie interesses do assistido.

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- Porém, essa subordinação não significa que ele só possa praticar atos que o assistido já
tenha praticado. Assim, a única postura vedada ao assistente simples é contrariar a
vontade expressa do assistido.

(i) Omissão do assistido


- Diante disso, não há nenhum obstáculo para o assistente praticar atos diante da omissão
do assistido.

(ii) Produção probatória


- Admite-se o pedido de produção de prova por parte do assistente, ainda que o assistido
tenha quedado em silêncio a esse respeito.
- O mesmo não se pode dizer na hipótese de o assistido ter expressamente requerido o
julgamento antecipado da lide (art. 355).

(iii) Recurso
- É admissível a interposição de recurso pelo assistido ainda que o assistente não tenha
recorrido.
- Entretanto, o assistente não poderá recorrer se houver a renúncia a este direito ou um
ato de aquiescência do assistido quanto à decisão desfavorável.

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- Ex.: João ingressa desde o início como assistente de Fernanda em processo movido
contra ela por Olga. No prazo de resposta João ingressa com arguição de incompetência
relativa, sendo que Fernanda apenas apresenta contestação. Nesse caso, diante do silêncio
de Fernanda (assistida) o ato de excepcionar o juízo praticado por João (assistente) é
legítimo, mas sua eficácia está condicionada à manifestação posterior de Fernanda:
a) caso entenda favorável a ela o ato praticado por João, a exceção segue normalmente;
b) caso entenda prejudicial aos seus interesses, basta requerer a extinção da exceção.

(iv) Desistência da ação + Renúncia unilateral ou bilateral

Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a
procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação
ou transija sobre direitos controvertidos.

- Como não está em juízo defendendo interesse próprio, o assistente não pode se opor a
atos de disposição praticados pelo assistido, seja de direito material, seja processual.
- É indubitável, entretanto, que a prática de tais atos processuais será determinante na
aplicação ou não do art. 123 (imutabilidade da justiça da decisão).

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(v) Revelia do assistido
Art. 121, Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido,
o assistente será considerado seu substituto processual.
- Trata-se de uma espécie sui generis de substituição processual, considerando-se que o
“substituído” faz parte da relação jurídica processual, sendo somente uma parte relapsa
em se defender.
2.6. Os poderes do assistente litisconsorcial
- Lembre de que, para existir assistência litisconsorcial, é necessário que o titular do
direito não faça parte do processo.
- Em regra, tal situação não poderia ocorrer, mas excepcionalmente será admitida.
- Trata-se das hipóteses de legitimação extraordinária, cuja parte processual é um sujeito
que não é titular do direito ou de cotitularidade, na qual o sujeito é titular com outros que
não precisam participar do processo para que este seja válido e eficaz.
- O assistente litisconsorcial atuará no processo como um litisconsorte unitário.
- Em virtude de o assistente litisconsorcial ser também titular do direito, os atos de
disposição praticados pelo assistido não terão nenhum efeito para o assistente.
- Também não se aplica à assistência litisconsorcial a regra que transforma o assistente em
substituto processual do assistido revel, como ocorre na assistência simples.

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2.7. Imutabilidade da justiça da decisão

Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente,


este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão...

- Por “justiça da decisão” entende-se os fundamentos jurídicos e a verdade dos fatos que
motivam a sentença. Assim, o efeito da imutabilidade alcançará a fundamentação da decisão.
- É efeito anômalo de imutabilidade, considerando-se que aquilo que gera a segurança
jurídica é a coisa julgada material, e que somente atinge o dispositivo da sentença.
Ex.: Promovida ação de reparação por acidente automobilístico, ingressando a seguradora
como assistente do réu e acolhido o pedido do autor com o fundamento de que o réu deu
causa ao acidente, não poderá a seguradora (assistente na 1ª demanda) na futura ação
regressiva a ser promovida pelo segurado (assistido na 1ª demanda) alegar que não deve
ressarcir porque a responsabilidade pelo acidente é de terceiros e o contrato não cobriria.

=> Exceções: exceptio male gesti processos


- As exceções à regra prevista no caput consistem nas alegações de exceção de má gestão
processual, apontando 02 circunstâncias nas quais o assistente não sofre o efeito da
imutabilidade da justiça da decisão. Vejamos a seguir:

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Art. 123. (...) salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido,
foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
- Ex.: O assistente simples tem a atuação probatória subordinada à vontade do assistido,
quando é impedido de produzir provas capazes de influir no convencimento do juiz, na
hipótese de o assistido pedir o julgamento antecipado da lide.

II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo


ou culpa, não se valeu.
- Nessa hipótese busca-se evitar um prejuízo ao assistente em virtude de atuação
deficitária do assistido no processo, seja de forma culposa ou dolosa.
- Não seria mesmo crível a geração de efeito danoso ao assistente na hipótese de desídia
ou má-fé do assistido em fazer alegações ou produzir provas das quais o assistente não
tinha conhecimento.

2.8. Justiça da decisão e coisa julgada


- A eficácia da intervenção prevista pelo art. 123 é ao mesmo tempo mais ampla e mais
restrita que a coisa julgada material. Explicaremos...

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- É mais ampla porque atinge a fundamentação, enquanto a coisa julgada material limita-
se ao dispositivo da sentença.
- É mais restrita porque existem exceções à sua geração fundadas na inexistência de
efetiva participação do assistente no processo, ao passo que a coisa julgada material, em
regra, não é excepcionada em razão da forma de atuação das partes no processo.
- Porém, a justiça da decisão e da coisa julgada dependerão de cada espécie de assistência.

(i) Assistência simples


- O assistente simples não defende interesse próprio em juízo, não sendo titular da relação
jurídica de direito material discutida no processo.
- Desta forma, a coisa julgada jamais o atingirá.
- Por este motivo, diz-se que este assistente será parte no processo, mas não será parte na
demanda e, neste caso, será considerado terceiro.
- É evidente que sofrerá os efeitos reflexos dessa decisão, visto que a relação jurídica não
controvertida que mantém com uma das partes será atingida pelos efeitos da decisão.
- Mas estes efeitos reflexos seriam gerados com ou sem a participação do assistente.
- Por isso, evidentemente, não se confundem com os efeitos da coisa julgada.
- Logo, o assistente simples poderá sofrer os efeitos da justiça da decisão.

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(ii) Assistência litisconsorcial
- Neste caso, o terceiro que intervém é titular da relação de direito material discutida no
processo e, portanto, sofrerá os efeitos da coisa julgada, participando ou não do processo.
- Lembre-se de que a assistência litisconsorcial só existe (a) na legitimação extraordinária
ou (b) na pluralidade de titulares do direito, sem que todos sejam obrigados a participar.
- Sendo assim, o titular do direito, embora não participa do processo, sofrerá os efeitos da
coisa julgada, sendo incorreto afirmar que ele sofrerá estes efeitos porque participou.
- Na realidade, sofre tais efeitos porque é titular da relação de direito material discutida.

=> Justiça na decisão


- Existiria algum efeito ao assistente litisconsorcial que só é gerado em virtude de sua
participação no processo?
- A participação ou não do assistente litisconsorcial é irrelevante no tocante à coisa
julgada (será gerada com ou sem sua participação).
- Porém, a participação ou não do assistente litisconsorcial definirá se esse sujeito fica ou
não vinculado à justiça da decisão.

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3. Denunciação da lide
3.1. Conceito
- A denunciação da lide serve para que uma das partes traga ao processo um terceiro que
tem responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos advindos do resultado.
- O direito regressivo da parte contra terceiros é o fator principal.
- É uma espécie de intervenção coercitiva, estando vinculado o denunciado à demanda
em razão de sua citação, pedida tempestivamente pelo autor ou pelo réu.
- Não há possibilidade de esse terceiro negar sua qualidade de parte.
- Pode até não participar, ficando omisso durante o trâmite procedimental.
- Todavia, com a sua citação regular, estará vinculado à relação jurídica processual e
suportará todos os efeitos jurídicos.

=> Formalização
- Admite-se o seu pedido por meio de mero tópico da petição inicial ou da contestação,
dispensando-se as formalidades de uma petição inicial.
- A única exigência é a narração da causa de pedir, ou seja, a indicação expressa de uma
das hipóteses de denunciação da lide prevista em lei.

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3.2. Hipóteses de cabimento

(i) Denunciação da lide pelo comprador evicto


Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao
denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;

- Quando o adquirente de coisa sente-se ameaçado de perdê-la (autor-denunciante), ou é


demandado por outrem a fim de perdê-la (réu-denunciante), poderá incluir o alienante
com a finalidade de ser ressarcido pelos danos.

=> Denunciação per saltum


- O art. 456 do Código Civil dispunha que “Para poder exercitar o direito que da evicção
lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo”.
- Na sua vigência, formou-se doutrina no sentido de que seria permitida a chamada
denunciação per saltum.
- Esta forma de denunciação buscava evitar fraude, quando o alienante imediato não
possuía patrimônio para responder pelos danos suportados pelo adquirente.

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- Contudo, o art. 456 foi revogado pelo art. 1.072, II, do NCPC.
- Ademais, o inciso I parece ter repudiado a denunciação per saltum ao prever que a
denunciação deve ter como denunciado o “alienante imediato”.

(ii) Denunciação do obrigado a indenizar regressivamente a parte


Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

- Prevê a denunciação na hipótese de direito regressivo previsto em lei ou contrato.


- No primeiro, temos o contrato de seguro; no segundo, o empregador respondendo pelos
atos danosos de seu empregado.

=> Estado e Servidor público


- Questão interessante diz respeito à denunciação do Estado ao servidor público quando o
primeiro é demandado por danos causados pelo segundo.
- Sendo a responsabilidade do Estado objetiva, o elemento culpa é irrelevante para fins de
responsabilização, de forma que na demanda envolvendo exclusivamente a vítima do ato
ilícito e o Estado, essa questão não será discutida.

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- Por outro lado, é subjetiva a responsabilidade do servidor público em face do Estado, só
existindo se configurada a sua culpa no ato danoso.
- Deste modo, a denunciação da lide trará ao processo questão jurídica alheia ao objeto da
demanda originária.
- Há decisões do STJ que reafirmam não ser obrigatória a denunciação da lide, permitindo
ao juiz no caso concreto avaliar se o ingresso do terceiro ocasionará prejuízo à celeridade.
- Contudo, mesmo diante da teoria restritiva, há uma hipótese em que não será possível
impedir a denunciação da lide: alegado pelo Estado em sua defesa a culpa exclusiva da
vítima (ou culpa concorrente), o juiz necessariamente enfrentará a questão da culpa na
demanda originária. Nesse caso, a denunciação da lide ao servidor público deve ser
admitida, pois não traz nenhuma ampliação objetiva indevida.

3.3. Facultatividade
- O CPC/73 previa que esta intervenção de terceiro seria obrigatória, o que levava o
intérprete a acreditar que, não sendo feita, a parte perderia o seu direito de regresso.
- Essa interpretação, entretanto, nunca foi a mais aceita, de maneira que, sendo a parte
omissa, a única consequência era processual: preclusão temporal.
- O direito material de regresso, portanto, restava intacto e era legítima a propositura de
demanda de seu titular contra o sujeito que poderia ter sido denunciado da lide.

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- O NCPC consagra o entendimento de que a denunciação da lide é facultativa, ou seja, se
a parte deixar de denunciar à lide, o terceiro não perde seu direito material de regresso.
Art. 125, § 1º. O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a
denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
3.4. Qualidade processual do denunciado

(i) Litisconsórcio
Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de
litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial,
procedendo-se em seguida à citação do réu.

Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:


I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá
tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;

- A denunciação tornará litisconsortes o denunciante e o denunciado e será ulterior,


passivo ou ativo, facultativo e unitário (a decisão da ação principal será obrigatoriamente
a mesma para ambos).

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- Essa relação de litisconsórcio só pode ser considerada na demanda originária, visto que,
na demanda secundária, o denunciante é adversário do denunciado.

=> Mas será o denunciado litisconsorte do denunciante?


- Não. Na demanda originária o denunciado não é titular do direito discutido, o que é
indispensável para que alguém defenda em juízo um direito como parte na demanda.
- Em verdade, participará da demanda originária assistindo (auxiliando) o denunciante
pois será interessante para o denunciado que o denunciante não suporte nenhum dano.
- Adotando-se esta tese, será impossível uma condenação direta na ação originária.
- Assim, a sentença terá no mínimo dois capítulos:
1º) Decisão do processo principal, envolvendo apenas o denunciante e a parte contrária;
2º) Decisão da denunciação da lide, envolvendo apenas o denunciante e o denunciado.

=> Tratamento peculiar conferido ao denunciado


- Porém, embora não seja titular do direito discutido na ação, isso não afasta totalmente a
possibilidade de o denunciado ser tratado como litisconsorte do denunciante.
- Solução: o mais adequado, portanto, é concluir pela existência de uma legitimação
extraordinária autônoma do denunciado, que permitirá a conclusão de que atua como
litisconsorte do denunciante.

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3.5. Condenação e cumprimento de sentença diretamente contra o denunciado
- Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que, nas demandas envolvendo denunciação da
lide de seguradora, por serem denunciante e denunciado litisconsortes, a condenação da
demanda originária criava uma responsabilidade solidária de ambos.
- Diante disso, admitia-se que a execução fosse movida diretamente contra o denunciado.
- Esta tese vinha sendo ampliada para permitir a execução direta do denunciado para
qualquer hipótese de denunciação da lide. Entretanto, não se admitia a propositura da
ação pela vítima somente contra a seguradora, vez que seria necessária a discussão sobre
a responsabilidade do segurado.
- A doutrina majoritária, porém, com fundamento na inexistência de relação jurídica de
direito material entre a parte contrária (vítima) e o denunciado (seguradora) defendia a
impossibilidade de condenação direta do denunciado à lide.
- O NCPC preferiu o entendimento pragmático da jurisprudência, admitindo a formação
do litisconsórcio entre denunciante e denunciado, o que permitirá a condenação e
execução direta desse último.

Art. 128, Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o
caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da
condenação deste na ação regressiva.

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- O dispositivo não chega a falar em condenação direta, até porque estaria consagrando
uma condenação sem pedido.
- Todavia, ao permitir a execução diretamente contra o denunciado, criou situação ainda
mais intrigante: autoriza a execução de um título que não consagra em favor do
exequente qualquer direito contra o executado.

3.6. Denunciação sucessiva

Art. 125, § 2º. Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado,
contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por
indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese
em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.

- É admissível o receio de que o fenômeno da denunciação sucessiva gere uma cadeia


longa de denunciações, o que poderia tornar a relação jurídica processual complexa.
- Ainda no CPC/73, embora sem previsão legal, a doutrina sustentava o poder do juiz em
indeferir a denunciação, amparado nos princípios da celeridade processual e da
efetividade da tutela jurisdicional.
- O NCPC resolveu trazer isso expressamente.

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3.7. Procedimento da denunciação da lide feita pelo autor
- Ex.: Ação reivindicatória proposta pelo proprietário de bem que denuncia o alienante
para garantir ressarcimento pelos eventuais prejuízos advindos de uma possível derrota.

Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de
litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial,
procedendo-se em seguida à citação do réu.

(i) Prazo para denunciação


- Será no momento da propositura da ação originária, devendo ser requerida a citação do
denunciado juntamente com a do réu originário da demanda.

Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for
autor, (...), devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.

(ii) Petição inicial


- Pelo princípio da instrumentalidade das formas não há necessidade de interposição de
duas petições iniciais, bastando que o autor elabore um tópico justificando a denunciação
da lide (causa de pedir), além de fazer um pedido de citação do denunciado.

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(iii) Prazo para citação
Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na
contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o
chamamento. Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção
judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.

- O art. 131 refere-se a outra modalidade de intervenção: o chamamento ao processo.


- Assim, o art. 126 remete ao art. 131 os prazos para citação.
- Não realizada a citação dentro desses prazos, a denunciação será ineficaz, seguindo a
demanda entre as partes originárias.
- Contudo, caso o atraso derive de circunstâncias alheias à vontade do autor-denunciante,
a sanção não será aplicada.

(iv) Aditamento da petição inicial


- O CPC/73 previa a possibilidade de o denunciado aditar a petição inicial já apresentada.
- O CPC/15 não prevê mais a possibilidade de emenda da petição inicial, mas apenas a
possibilidade de o denunciado acrescentar novos argumentos à petição inicial.
- Assim, o objeto da lide (causa de pedir e pedido) fixado pelo autor-denunciante limitará
a atuação do denunciado.

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3.8. Procedimento da denunciação pelo réu

(i) Prazo para denunciação


- Neste caso, a intervenção será feita pelo réu na contestação.

Art. 126. A citação do denunciado será requerida (...), ou na contestação, se o


denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131.

(ii) Petição inicial e Prazo para citação


- Em virtude do mesmo princípio da instrumentalidade das formas, fica dispensada a
elaboração de uma petição inicial, bastando um mero tópico na contestação descrevendo a
causa de pedir da denunciação da lide e o pedido contra o denunciado, assim como o seu
requerimento de citação.

(iii) Possíveis posturas do réu-denunciado

(iii.a) Apenas contesta a ação


Art. 128. Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá
tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;

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- A 1ª reação é contestar o pedido formulado pelo autor contra o réu-denunciante, dando
a entender que o denunciado deixa de impugnar a sua denunciação.
- Ainda que não haja previsão expressa nesse sentido, parece ser um reconhecimento
tácito do pedido regressivo do denunciante.
- O CPC/15 não exige a anuência do denunciado. Portanto, a mera citação válida já o
vincula ao processo.

(iii.b) Omite-se (revel)


Art. 128, II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com
sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à
ação regressiva;

- A revelia aqui tratada refere-se às 02 ações em que o denunciado figura como réu: a
demanda principal e a secundária.
- O art. 456, parágrafo único, do Código Civil dispunha que “Não atendendo o alienante
à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente
deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos”
- Porém, o art. 456 foi revogado pelo CPC/15, dando a entender que o réu-denunciante
deve permanecer em sua defesa, mesmo diante da revelia do denunciado.

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(iii.c) Denunciado que confessa
Art. 128, III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o
denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento,
pedir apenas a procedência da ação de regresso.

- Neste caso, o prosseguimento da defesa será faculdade do denunciante.

3.9. Capítulos da sentença e questão prejudicial


Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento
da denunciação da lide.
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu
pedido examinado...

- O CPC reconhece a prejudicialidade da denunciação da lide em relação à ação principal.


- Portanto, sendo o denunciante vencedor, não haverá prejuízo a ser ressarcido de forma
regressiva, de forma que a denunciação da lide restará prejudicada e, por essa razão, será
extinta sem que seu mérito seja decidido.

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3.10. Ônus de sucumbência

Art. 129. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não
terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao
pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

- Sendo a denunciação da lide julgada prejudicada, caberá a condenação do denunciante


(autor ou réu) ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.
- Afinal, se não havia prejuízo, não existiria razão para exercer o direito regressivo, tendo
o denunciante injustificadamente dado causa à ação secundária extinta sem a resolução
de mérito.
- Consagra-se o princípio da causalidade, na medida em que não houve sucumbência
entre denunciante e denunciado.

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Parte II - Questões

01) 2019 - CESPE - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto


Elder e César firmaram contrato de locação de imóvel residencial urbano, na qualidade,
respectivamente, de locador e locatário. Em seguida, o imóvel foi legitimamente
sublocado por César para Roberto. Meses depois, em razão de suposta prática de um
ilícito contratual, Elder ajuizou ação de despejo contra César.
Nessa situação hipotética, o ingresso voluntário de Roberto no processo para defesa de
seus interesses:
a) dependerá de autorização prévia das partes principais e ocorrerá por meio de
chamamento ao processo.
b) deverá ser feito na qualidade de assistente litisconsorcial do locatário.
c) somente poderá ser realizado até o momento do saneamento do processo.
d) é expressamente vedado segundo regra prevista na lei que regulamenta a locação de
imóveis urbanos.
e) não obsta que a parte principal reconheça a procedência do pedido da ação de despejo.
(art. 122)

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02) 2018 - IESES - TJAM - Titular de Serviços de Notas e de Registros
Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em
que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. A
este instituto do direito civil damos o nome de:
a) Denunciação da lide.
b) Chamamento ao processo.
c) Amicus Curiae.
d) Assistência.

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03) 2018 - INAZ do Pará - CRF-SC - Advogado (adaptada)
Emílio, ao ser nomeado para o cargo de Oficial de Justiça em Santa Catarina, decide mudar-se com a família para o Estado. Ao
chegar, conhece o senhor Antônio, engenheiro aposentado, que mora sozinho em um apartamento ao lado do seu. Ao observar
que o veículo do vizinho, em bom estado, não era utilizado, lhe faz uma proposta de locação, com pagamento mensal de
R$1.000,00 (mil reais), além de responsabilizar-se pelas revisões e eventuais despesas que fossem necessárias, o que é aceito e
formalizado através de contrato de locação. Ao sair do Fórum, Emílio reencontra Roberto, seu amigo de infância, que acabara
de chegar em Santa Catarina e fica sensibilizado ao saber que o conterrâneo estava desempregado, então propõe que Roberto
utilize o veículo locado durante o dia para o transporte de passageiros, uma vez que o bem fica estacionado durante seu
horário de expediente, estabelecendo com este uma sublocação no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais.
Passados alguns meses, Emílio deixa de cumprir o acordado com o senhor Antônio, causando embaraços para devolver-lhe o
automóvel. Após inúmeras tentativas de resolver a questão amigavelmente, o idoso decide propor ação cabível em face de
Emílio. Roberto, que estava pagando a sublocação corretamente, ao saber do risco de voltar a passar dificuldades com sua
família, ingressa no processo como assistente de Emílio.
A respeito do tema Intervenção de Terceiros no Código de Processo Civil e considerando a situação hipotética narrada, pode-se
afirmar:
a) Caso Emílio opte por formalizar um acordo com o proprietário do veículo e este seja homologado, Roberto, na qualidade de
seu assistente, precisará anuir, podendo inclusive, recorrer.
b) Roberto é denominado como assistente litisconsorcial, pois possui relação jurídica com Antônio, ainda que diferente da
discutida no processo, sendo também afetado pela decisão.
c) Em caso de sucumbência, tanto Emílio, quanto Roberto, deverão suportar os ônus processuais que advirem.
d) Poderá Roberto, na qualidade de assistente na demanda, interpor recurso, tempestivamente, contra a sentença proferida,
ainda que contrário à vontade de Emílio, em razão da repercussão que esta possui em sua própria esfera de direito.
e) Após transitar em julgado a sentença desfavorável do processo em que atuou como assistente de Emílio, Roberto poderá,
agora como autor, discutir a justiça da decisão, oportunidade em que irá expor os fatos e comprovar os prejuízos ocasionados
pela decisão.

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04) 2018 - SELECON - Prefeitura de Cuiabá/MT - Técnico Nível Superior
Bruna promove uma ação cognitiva em face de Sandra que não apresenta defesa, sendo
declarada revel. No curso do processo, requer o ingresso como assistente Lídia, sendo o
mesmo deferido. Nos termos do Código de Processo Civil, sendo revel o assistido, o
assistente será considerado seu substituto:
a) autoral.
b) processual.
c) material.
d) preferencial.

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05) 2016 - FCC - DPE-ES - Defensor Público (adaptada)
De acordo com a atual sistemática processual civil, no caso de substituição processual, o
a) substituto é considerado parte da relação jurídica de direito material e, portanto, tem o
poder renunciar ao direito sobre o que se funda a ação ainda que o substituído se oponha.
b) substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial e, neste caso, sua atuação
não se subordina à atividade do substituto.
c) substituto atua como assistente simples do substituído, com atuação subordinada à
atividade deste último quando intervém no processo.
d) substituído não poderá intervir no processo pelas formas de intervenção de terceiro
previstas na lei, razão pela qual não se submete à coisa julgada.

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06) 2016 - FCC - CREMESP - Advogado
Com relação à Assistência, considere:
I. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de
jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. (art. 119, §
único)
II. Na assistência simples, sendo revel o assistido, o assistente será considerado revel
também. (art. 121, § único)
III. Assistência simples obsta que a parte principal reconheça a procedência do pedido,
desista da ação ou renuncie ao direito sobre o que se funda a ação. (art. 122)
IV. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz
decidirá o incidente, sem suspensão do processo. (art. 120, § único)
De acordo com o Código de Processo Civil, está correto o que se afirma APENAS em:
a) I e IV.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) II e IV.
e) I e III.

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07) 2016 - FCC - DPE-ES - Defensor Público
De acordo com a atual sistemática processual civil, no caso de substituição processual, o:
a) substituto poderá reconvir e, assim, deduzir pedido em face da outra parte com
fundamento na alegação de ser o próprio titular de um direito em relação à parte
reconvinda.
b) substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial e, neste caso, sua atuação
não se subordina à atividade do substituto.
c) substituto atua como assistente simples do substituído, com atuação subordinada à
atividade deste último quando intervém no processo.
d) substituído não poderá intervir no processo pelas formas de intervenção de terceiro
previstas na lei, razão pela qual não se submete à coisa julgada.
e) substituto é considerado parte da relação jurídica de direito material e, portanto, tem o
poder renunciar ao direito sobre o que se funda a ação ainda que o substituído se oponha.

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08) 2019 - CESPE - TJBA - Juiz de Direito Substituto (adaptada)
A pessoa obrigada por contrato a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem
eventualmente for vencido na demanda ingressará no processo como:
a) assistente simples.
b) denunciado à lide.
c) assistente litisconsorcial.
d) chamado ao processo.
e) nomeado à autoria.

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09) 2018 - CONSULPLAN - Câmara de Belo Horizonte/MG - Procurador
É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
a) Ao afiançado, na ação em que o fiador for réu.
b) Aos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles.
c) Aos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o
pagamento da dívida comum.
d) Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva,
o prejuízo de quem for vencido no processo.

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10) 2018 - FGV - TJSC - Analista Jurídico
No que concerne à denunciação da lide, é CORRETO afirmar que:
a) é modalidade voluntária de intervenção de terceiros.
b) pode ser provocada pela iniciativa do réu, mas não pela do autor.
c) visa a corrigir o vício de ilegitimidade ad causam no polo passivo da lide.
d) se o denunciante for vitorioso na demanda principal, a sua ação de denunciação não
terá o mérito apreciado pelo juiz.
e) pode haver várias denunciações num processo, para ensejar a pacificação de todas as
relações jurídicas controvertidas.

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11) 2018 - FUNDATEC - DPE-SC - Analista Técnico
Lúcio, que é empregado de Jorge, vendeu à Carla determinado maquinário que estava sob
os seus cuidados, mas que pertence ao seu empregador. Carla adquiriu o referido bem
desconhecendo tal situação, acreditando que o maquinário comprado pertencia a Lúcio.
Posteriormente, Jorge toma conhecimento da venda e propõe demanda judicial em
relação à Carla, postulando o bem em questão. Nesse caso, Carla poderá:
a) realizar o chamamento de Lúcio ao processo.
b) realizar a denunciação à lide de Lúcio.
c) propor ação de oposição.
d) propor ação incidental de embargos de terceiro.
e) chamar Lúcio para intervir como assistente adesivo.

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12) 2018 - IBFC - Câmara de Feira de Santana/BA - Procurador Jurídico Adjunto
Assinale a alternativa CORRETA sobre as consequências do julgamento da ação principal
e da denunciação da lide.
a) Se a ação principal for julgada em desfavor do denunciante a denunciação da lide será
julgada podendo a resolução se dar pela procedência ou improcedência.
b) Se a ação principal for julgada extinta sem resolução do mérito a denunciação da lide
será julgada pela procedência.
c) Se a ação principal for julgada em desfavor do denunciante a denunciação da lide
deverá ser julgada pela procedência.
d) Se a ação principal for julgada em favor do denunciante a denunciação da lide deverá
ser julgada pela improcedência.

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13) 2017 - FCC - TST - Analista Judiciário
Paula foi vítima de acidente de trânsito provocado por Renato, que conduzia veículo
automotor de propriedade de Fernando. Por conta disso, ajuizou ação de indenização por
danos morais contra Fernando, que, em contestação, requereu a denunciação da lide a
Renato. A denunciação foi admitida pelo juiz, que determinou a citação de Renato. Nesse
caso, de acordo com o novo Código de Processo Civil:
a) ainda que Renato conteste o pedido formulado por Paula, ele não integrará o polo
passivo da ação principal, não se estabelecendo litisconsórcio entre ele e Fernando.
b) se Renato for revel, Fernando deverá prosseguir com sua defesa na ação principal, não
podendo se abster de recorrer de eventual sentença desfavorável, sob pena de não poder
exigir de Renato o reembolso do que vier a pagar a Paula.
c) se Renato confessar os fatos alegados por Paula, Fernando não poderá prosseguir com
sua defesa na ação principal, cabendo-lhe apenas pedir a procedência da ação de regresso.
d) se Fernando for vencedor na ação principal, a ação de denunciação não terá o seu
pedido examinado, caso em que Fernando não poderá ser condenado ao pagamento das
verbas de sucumbência em favor de Renato.
e) se o pedido formulado na ação principal for julgado procedente, Paula poderá, se for o
caso, requerer o cumprimento da sentença também contra Renato, nos limites da
condenação deste na ação regressiva.

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14) 2017 - FMP Concursos - PGE-AC - Procurador do Estado
Considere as seguintes afirmativas sobre o tema da intervenção de terceiros no âmbito do
Código de Processo Civil. Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado
em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
(art. 119)
b) A assistência simples obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido,
desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos
controvertidos, sem a anuência do assistente. (art. 122)
c) É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes, àquele que
estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
quem for vencido no processo. (art. 125, II)
d) O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for
indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. (art. 125, § 1º)
e) Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte
do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em
seguida à citação do réu. (art. 127)

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15) 2017 - VUNESP - TJSP - Juiz Substituto
Considerando a denunciação da lide, assinale a alternativa CORRETA.
a) Considerando-se a cadeia dominial, a denunciação da lide sucessiva é admitida ao
originariamente denunciado, mas vedada ao sucessivamente denunciado, ressalvada a
propositura de ação autônoma.
b) O direito regressivo poderá ser objeto de ação autônoma apenas no caso de não ser
permitida pela lei ou no caso de ter sido indeferida pelo juiz.
c) Pode ser requerida e deferida originariamente em grau de apelação, nos casos em que
seja dado ao tribunal examinar o mérito desde logo, por estar o processo em condições de
julgamento.
d) Pode ser determinada de ofício pelo juiz, nos casos em que a obrigação de indenizar
decorra expressamente da lei.

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16) 2016 - CONSULPLAN - TJMG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
Quanto à denunciação da lide requerida pelo réu, assinale a afirmação INCORRETA.
a) Se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá
tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado.
b) Se o denunciado for revel, o denunciante fica dispensado de prosseguir com sua
defesa, eventualmente oferecida, encerrando sua intervenção no curso do processo.
c) Se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante
poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a
procedência do pedido que formulou na ação de regresso.
d) Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o
cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste
na ação regressiva.

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17) 2016 - FUNDEP (Gestão de Concursos) - Prefeitura de São Lourenço/MG - Advogado
Analise o caso hipotético a seguir.
Armando é motorista contratado da transportadora de cargas ABC Transportes Ltda. Ao transitar numa rodovia
estadual em direção ao porto de Santos/SP, o citado motorista surpreendeu-se com a repentina aparição de Francisco
José, que transitava em sua bicicleta pela rodovia e veio a colidir com o caminhão dirigido por Armando, o que lhe
causou sérios danos físicos que geraram consideráveis despesas médicas no tratamento hospitalar e ambulatorial do
transeunte.
Sem condições de arcar com os custos do tratamento, Francisco José acionou judicialmente a transportadora ABC
Transportes Ltda., requerendo-lhe indenização por danos materiais e morais em razão do acidente ocorrido.
Independentemente da discussão acerca da culpa no acidente, o advogado da transportadora pretende, em
contestação, acionar a seguradora Salve Seguros Ltda., que contratualmente torna-se responsável pela cobertura de
eventuais danos provocados a terceiros pela transportadora em questão.
Nesse caso, como a seguradora não figura originalmente como ré, o advogado deve utilizar-se do seguinte instituto:
a) Chamamento ao processo, uma vez que a seguradora Salve Seguros Ltda., por força do contrato assinado
anteriormente com a transportadora ABC Transportes Ltda., em vigor à época do acidente, responsabiliza-se
solidariamente pelos prejuízos ocorridos em decorrência do transporte de cargas.
b) Denunciação da lide, já que a seguradora Salve Seguros Ltda. está obrigada, por contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo que a transportadora ABC Transportes Ltda. vier a suportar em uma eventual procedência da
ação de indenização proposta.
c) Oposição, considerado que a ABC Transportes Ltda. é parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda em
razão do contrato de seguro firmado entre ela e a Salve Seguros Ltda.
d) Nomeação à autoria, pois apesar de a propriedade do veículo pertencer à transportadora ABC Transportes Ltda., a
legislação processual civil dispõe ser obrigatória a nomeação à autoria em todos os casos em que os prejuízos da ação
devam ser suportados por terceiros não envolvidos no evento que acarretou o dano, a partir da prévia configuração
do nexo causal entre a ação de Armando e o dano sofrido por Francisco José.

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18) 2016 - IESES - TJMA - Titular de Serviços de Notas e de Registros
Analise as assertivas abaixo e verifique quais se encontram de acordo com a Lei 13.105/2015 que
criou o Novo Código de Processo Civil. Identifique a afirmação CORRETA:
I. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,
quando entre elas houver comunhão apenas de direitos relativamente à lide. (art. 113)
II. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: a) nula, se a
decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; b)
ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. (art. 115)
III. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido,
desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos
controvertidos. (art. 122)
IV. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: a) ao alienante
imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante e àquele que
estiver obrigado, por lei ou por contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for
vencido no processo. (art. 125)
A sequência correta é:
a) As assertivas II, III e IV estão corretas.
b) Apenas a assertiva III está correta.
c) Somente as assertivas I e IV estão corretas.
d) As assertivas I e II estão corretas.

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19) 2016 - SERCTAM - Prefeitura de Quixadá/CE - Assistente Jurídico
Marque a alternativa correta.
a) Pendendo causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em
que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la, até a
sentença, não podendo mais fazê-lo em segundo grau de jurisdição.
b) Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz
decidirá o incidente, suspendendo o processo.
c) A assistência simples obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido,
desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos
controvertidos.
d) É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes, àquele que
estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de
quem for vencido no processo.
e) O sistema do novo Código de Processo Civil admite sucessivas denunciações,
promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem
seja responsável por indenizá-lo, podendo o denunciado sucessivo promover nova
denunciação.

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