Aula 06

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Aula 06

Direito Processual Civil Prof. Edmilson Cruz Jr.


Respostas do réu (parte 02)

2.2. Matérias de defesa

2.2.1. Defesas processuais dilatória

i) Inexistência da citação ou sua nulidade (art. 337, I)


- São matérias de ordem pública, alegáveis a qualquer momento do processo.
- Se o réu apenas alegar inexistência ou vício na citação, sendo acolhida sua defesa, o juiz
devolverá o prazo de resposta.
- Se o réu, além desta preliminar, alegar todas as outras e as matérias de mérito,
homenageando o princípio da eventualidade, e sendo acolhida sua defesa, o juiz não
devolverá o prazo de resposta.
- Neste caso, apenas receberá como tempestiva a contestação.

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ii) Incompetência absoluta e relativa (art. 337, II)
- Essa defesa se volta apenas contra ao juízo.

=> Incompetência Absoluta


- Embora seja alegada em preliminar de contestação, a incompetência absoluta permanece
com a natureza de ordem pública, razão pela qual também poderá ser suscitada a
qualquer tempo ou grau de jurisdição.
- Obs.: Pelo art. 10 do CPC, mesmo sendo matéria de ordem pública, caberá ao juiz
oportunizar o contraditório do autor antes de decidir.

=> Incompetência Relativa


- Sofreu alteração de procedimento, vez que deixa de ser alegada por meio de exceção, e
passou a ser aduzida em preliminar de contestação.
- Caso não seja observada a incompetência, a nulidade gerada é meramente relativa, ou
seja, será convalidada.
- Permanece a ideia de que o juiz não poderá conhecê-la ex officio (art. 337, § 5º).
- O réu continua com o ônus de também indicar o juízo que entende ser o competente.

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=> Haverá suspensão da marcha processual?
- No CPC/73, a suspensão apenas ocorria para a relativa.
- Entretanto, embora o CPC/15 não preveja a suspensão (independentemente da espécie)
é salutar uma paralisação para que não sejam praticados atos em juízo incompetente.

=> Qual a natureza da decisão que julga a alegação de incompetência?


- Terá natureza de decisão interlocutória irrecorrível.
- Apenas nas razões de apelação (ou contrarrazões) será possível levar ao duplo grau a
matéria discutida.
- Obs.: mesmo que se reconheça a incompetência absoluta, os atos poderão não ser
declarados nulos.

Art. 64, § 4º. Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

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iii) Conexão (art. 337, VIII)
- Um vez acolhida a tese de conexão, os processos serão reunidos para julgamento
simultâneo, salvo se já houver sentença.
- Já em relação à continência, espécie de conexão em que há identidade de partes e de
causa de pedir, é possível que ocorra a extinção do processo com objeto menor que foi
ajuizado posteriormente, obtendo um tratamento de defesa peremptória (art. 57).

2.2.2. Defesa processual peremptória

i) Perempção (art. 337, V)


Art. 486, § 3º. Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa,
não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

- Somente o autor poderá sofrer a perempção.


- A perempção não extingue o direito material da parte (diferente da decadência), nem a
pretensão de direito material (diferente da prescrição).
- Prova disso é que o réu poderá alegar em defesa o seu direito material, a exemplo da
compensação.

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ii) Litispendência (art. 337, VI)
- Existência concomitante de 2 ou mais processos com a tríplice identidade.
- Impõe a manutenção de apenas um processo e a extinção dos demais, em homenagem
aos princípios da economia processual e da harmonização de julgados.

iii) Coisa julgada (art. 337, VII)


- Não podemos confundir a res judicada material e a formal.
- Também homenageia o princípio da harmonização dos julgados, bem como o princípio
da imutabilidade da decisão de mérito transitada em julgado.

iv) Convenção de arbitragem (art. 337, X)


- Esta convenção é gênero do qual são espécies:
a) a cláusula compromissória (anterior ao conflito de interesses) e que faz parte do
contrato;
b) o compromisso arbitral (posterior ao conflito de interesses).
- Assim como ocorre na incompetência relativa, o juiz também não poderá conhecer de
ofício esta preliminar (art. 337, § 5º).
- Portanto, não sendo alegada no momento oportuno, haverá renúncia tácita ao juízo
arbitral e aceitação da jurisdição estatal (art. 337, § 6º).

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2.2.3. Defesa processual dilatória potencialmente peremptória

i) Inépcia da petição inicial (art. 337, IV)


- Caracteriza-se por defeito no libelo: pedido ou causa de pedir.
- Caberá ao juiz analisar as possíveis falhas da petição inicial no momento em que
apreciar o recebimento da ação, evitando que haja resposta do réu.

Art. 337, § 1º. Considera-se inepta a petição inicial quando:


I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

ii) Ausência de legitimidade ou de interesse processual (art. 337, XI)


- Carência de ação.

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=> Saneamento diante da alegação de ilegitimidade passiva

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável
pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da
petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os
honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento
do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.

- O vício de ilegitimidade passiva passa a ser sempre sanável, mas para isso dependerá da
aceitação do autor da alegação do réu, até porque quem diz a última palavra sobre quem
deva ser o réu é sempre o demandante.

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iii) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização (art. 337, IX)
- A capacidade de parte produz o pressuposto processual: capacidade de estar em juízo
(ou capacidade processual).
- O representação gera também o pressuposto processual: capacidade postulatória.
- A exigência de autorização ocorre em situações excepcionais em que a norma legal exige
de algum sujeito a autorização de outro para que possa litigar.
- Ex.: as ações reais imobiliárias envolvendo cônjuges (art. 73), salvo se o regime for o da
separação absoluta de bens (CC, art. 1.647, I e II).

iv) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar (art. 337, XII)
Ex.1: Demandante (nacional ou estrangeiro) que residir fora do Brasil ou dele se ausentar
na pendência da ação deverá prestar caução para as custas e honorários de advogado da
parte contrária, desde que não tenha no país bens imóveis suficientes para assegurar o
pagamento (art. 83).
Ex.2: O autor deverá demonstrar o pagamento das custas de processo anteriormente
extinto sem exame de mérito (art. 486, § 2º).
Ex.3: O autor da rescisória deverá prestar uma caução de 5% sobre o valor da causa (art.
968, II).

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v) Ausência de correção do valor da causa (art. 337, III)
- A impugnação deverá ser arguida em preliminar, sob pena de preclusão (art. 293).
- Essa preclusão atinge somente o réu, pois o juiz poderá apreciar a matéria por ser
questão de ordem pública.
- Esta decisão deve ser tomada antes da sentença, por meio de interlocutória irrecorrível.
- Obs.: É possível que a preliminar pretenda uma redução do valor, vez que eventual
sucumbência sua poderia gerar um aumento injustificado dos honorários advocatícios.

vi) Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça (art. 337, XIII)


- Caberá ao demandado apresentar, em preliminar, impugnação à gratuidade de justiça.
- Sendo acolhida a defesa processual do réu, o autor será intimado para recolher as custas
processuais em aberto.

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2.3. Princípio da impugnação específica dos fatos
- É ônus do réu de rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor, tornando-os
controvertidos e em consequência fazendo com que componham o objeto da prova.
- O ônus da impugnação específica não se aplica ao advogado dativo, curador especial e
ao defensor público, que podem elaborar a contestação genérica, ou seja, com
fundamento em negativa geral.

Art. 341, Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica
ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

- Contudo, não é bem assim. Se houver comunicação entre o réu e seu defensor, este
deverá apresentar a defesa com impugnação específica dos fatos.
- Inexistindo a impugnação específica, presume-se verdadeiro o fato.

=> As exceções estão no art. 341:


i) não for admissível, a seu respeito, a confissão
- Ex.: direitos indisponíveis.

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ii) a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da
substância do ato
- Ex.: certidão de casamento, óbito ou imobiliária.

iii) estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto


Ex.: A inicial afirma que o réu foi o causador do acidente de trânsito por estar dirigindo
sob efeito de álcool. Em sua defesa, o demandado apenas sustenta que não estava
dirigindo no dia do fato, sem fazer qualquer menção ao efeito de álcool.

2.4. Princípio da eventualidade ou princípio da concentração de defesa


- Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de
fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que
pretende produzir (art. 336).
- A regra ora analisada fundamenta-se na preclusão consumativa.
- Por este motivo, o réu está autorizado a cumular defesas logicamente incompatíveis.
- Mas o réu jamais poderá cumular matérias defensivas criando para cada uma delas
diferentes situações fáticas, podendo caracterizar uma alteração da verdade dos fatos,
devendo agir com respeito ao princípio da boa-fé e lealdade processual.

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=> Novas alegações
- Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando (art. 342):
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício (matérias de ordem pública, como a
prescrição e a decadência legal);
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau
de jurisdição (por exemplo, decadência convencional).

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