Acórdão Advertência

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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO

Processo: 8505859-34.2015.8.06.0000 - Recurso Administrativo


Recorrente: Criart Serviços de Terceirização de Mão de Obra Ltda
Recorrido: Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará
Custos Legis: Ministério Público Estadual

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO


ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE TERCEIRIZAÇÃO DE
MÃO-DE-OBRA DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO. ATRASO NO
PAGAMENTO DE SALÁRIOS. FALTA LEVE.
RECONHECIMENTO DO FATO PELA EMPRESA
RECORRENTE. APLICAÇÃO DA SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA.
TEOR EDUCATIVO E PREVENTIVO. RAZOABILIDADE.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
I. Trata-se de Recurso Administrativo, em trâmite perante o egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, interposto pela empresa Criart
Serviços de Terceirização de Mão-de-Obra LTDA., por intermédio do
qual requesta seja reformada a decisão prolatada pela Presidência do
Poder Judiciário Estadual que aplicou em seu desfavor a penalidade de
advertência pelo descumprimento do disposto na Cláusula Terceira,
"a", do Contrato nº 33/2013 (decisão à fl. 48).
II. Compulsando os autos, especificamente o Memorando 041/2015, o
pagamento do salário não foi efetuado pela empresa Criart Serviços de
Terceirização de Mão-de-Obra LTDA. para os terceirizados
vinculados ao Contrato CT Nº 33/2013.
III. Conforme se verifica do Memorando 041/2015 e a Informação nº
58/2015/DIVPES, a conduta omissiva da empresa em atrasar o
pagamento dos salários de seus colaboradores, descumprindo assim
obrigações assumidas, tem previsão contratual e decorre de sua inteira
responsabilidade, uma vez que a responsabilidade primária pelo
pagamento bem como fiscalização de sua efetivação recai sobre a
empresa Criart Serviços de Terceirização de Mão-de-Obra LTDA.
IV. Ponha-se em friso, por pertinente, que a penalidade de advertência,
imposta no caso concreto, encontra baliza tanto no art. 87, inc. I, da
Lei n.º 8.666/93, não havendo, portanto, a meu sentir, violação a
qualquer dos princípios administrativos, ou à razoabilidade ou
proporcionalidade, não sendo demasiado lembrar ainda aqui que
dentre as sanções previstas, a advertência é a mais tênue, pois utilizada
para infrações leves.
V. Recurso conhecido e não provido.
ACÓRDÃO:
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda o Órgão Especial do


Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade dos votos, em conhecer do recurso
interposto para negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator.
Fortaleza, 28 de abril de 2022.
FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO
Desembargador-Relator
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Administrativo, em trâmite perante o


egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, interposto pela empresa Criart Serviços
de Terceirização de Mão-de-Obra LTDA., por intermédio do qual requesta seja reformada
a decisão prolatada pela Presidência do Poder Judiciário Estadual que aplicou em seu
desfavor a penalidade de advertência pelo descumprimento do disposto na Cláusula
Terceira, "a", do Contrato nº 33/2013 (decisão à fl. 48).
Em suas razões (fls. 50/57), a empresa requerente aduz, em
suma, a ausência de justa causa e ao final pugna pelo arquivamento do feito que aplicou
a penalidade de advertência à recorrente.
Decisão de fl. 76 confirmando a punição e recebendo a medida
recursal em questão, nos termos do art. 178 do Regimento Interno do TJ/CE.
Parecer Ministerial às fls. 100/101, em que aduz não caber ao
Ministério Público atuar em decisões afetas a competência interna corporis do Tribunal de
Justiça do Estado do Ceará.
É o relatório.
VOTO
Tudo visto e examinado. Não se vislumbra vício capaz de
inquinar nenhuma nulidade processual. Estão atendidos os requisitos próprios de
admissibilidade, motivo de conhecer do presente recurso, a teor do art. 65 da Lei
9.784/99.
O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará e a empresa Criart
Serviços de Terceirização de mão de obra LTDA. celebraram entre si contrato de
prestação de serviços de assistência médica preventiva e curativa, aos servidores do
Poder Judiciário Cearense, por meio de médicos, enfermeiros, odontólogos,
fonoaudiólogos, nutricionistas e auxiliares de saúde bucal.
Compulsando os autos, especificamente o Memorando
041/2015 o pagamento do salário não foi pago pela empresa Criart Serviços de
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Terceirização de Mão-de-Obra LTDA. para os terceirizados vinculados ao Contrato CT Nº


33/2013.
A empresa, então, foi notificada para se manifestar acerca do
descumprimento da avença (fl. 12), sob pena de incorrer nas sanções contratuais. Em
suas razões, a empresa Criart aduz ter ocorrido um hiato com a instituição Bradesco,
ocasionando, assim, o atraso no pagamento dos profissionais.
Todavia, verifica-se que a responsabilidade primária pelo
pagamento bem como fiscalização de sua efetivação é da empresa Criart Serviços de
Terceirização de Mão-de-Obra LTDA, razão pela qual em aprovação ao Parecer (fls.
45/48), foi aplicada a sanção de advertência, com amparo na Cláusula Terceira, "a", do
Contrato nº 33/2013.
A Cláusula Décima Terceira dispõe acerca das sanções
administrativas a serem aplicadas à Contratada em caso de descumprimento contratual.
Vejamos:

Cláusula Décima Terceira - Das Sanções Administrativas

Independentes das sanções cíveis e penais previstas na Lei Federal


8.666/93 e suas alterações, serão aplicadas à contratada as seguintes
sanções administrativas:

a) ADVERTÊNCIA, quando do descumprimento das obrigações assumidas,


desde que não acarreta grande prejuízo à execução do contrato e à
administração, ou não aceitação de defsa da empresa na primeira
notificação; g. n.

Conforme se verifica do Memorando 041/2015 e a Informação


nº 58/2015/DIVPES, a conduta omissiva da empresa em atrasar o pagamento dos
salários de seus colaboradores, descumprindo assim obrigações assumidas, tem
previsão contratual e decorre de sua inteira responsabilidade, representando uma
ilegalidade ao que dispõem expressamente as regras contratuais e como qualquer
descumprimento deve ser penalizado. É o entendimento desta Corte de Justiça
(destaquei):
RECURSO ADMINISTRATIVO. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO TERCEIRIZADO. RECEPCIONISTA. ATRASO NO PAGAMENTO
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DO VALE-ALIMENTAÇÃO. VIOLAÇÃO CLÁUSULA TERCEIRA DO


CONTRATO. SANÇÃO DE ADVERTÊNCIA. PROPORCIONAL A
INEXECUÇÃO PARCIAL DO AJUSTE. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
OBSERVADO. PRECEDENTES DO TJCE. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. 1. Cinge-se o recurso administrativo em saber se a sanção de
advertência observou o princípio da proporcionalidade em razão do
descumprimento parcial do pacto pela contratada, consistente no atraso de
repasse dos vales-alimentação. 2. Antes de adentrar no mérito do recurso
administrativo, lembra-se do postulado básico de toda licitação o princípio da
vinculação ao instrumento convocatório, o qual vincula a Administração e o
licitante a observarem as normas e condições estabelecidas no pacto, logo
nada poderá ser criado ou feito sem que haja previsão no contrato. Sob o
escólio de Hely Lopes Meirelles diz-se que: "A vinculação ao edital é
princípio básico de toda licitação. Nem se compreenderia que a
Administração fixasse no edital a forma e o modo de participação dos
licitantes e no decorrer do procedimento ou na realização do julgamento se
afastasse do estabelecido, ou admitisse a documentação e propostas em
desacordo com o solicitado. O edital é a lei interna da licitação, e, como tal,
vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o
expediu"(MEIRELLES, Hely Lopes, in"Direito Administrativo Brasileiro", 26a
edição atualizada por AZEVEDO, Eurico de Andrade; ALEIXO, Délcio
Balestero; FILHO, José Emmanuel Burle. São Paulo: Malheiros Editores,
2006. p. 275). 3. Considerando as provas colacionadas aos autos e a
ausência de justificativa plausível da contratada para o não cumprimento das
obrigações contratuais assumidas, não existem elementos novos capazes
de elidir a decisão combatida, sendo, portanto, adequada a sanção de
advertência imposta. 4. Afinal, denota-se que a empresa recorrente celebrou
o contrato com o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, iniciando a
execução do contrato com a contratação de 10 (dez) recepcionistas com
início das atividades para o dia 21/11/2019, ficando previamente acordado
que o preenchimento das outras 23 (vinte e três) vagas seriam preenchidas
para início em 02/12/2019, tempo reputado como suficiente para
operacionalização das contratações, consoante o disposto no contrato
95/2019. 5. Ocorre que a cláusula terceira, a qual dispõe acerca das
obrigações das partes, estabelece que a contratada, além da execução dos
serviços pactuados, obriga-se a entregar até o último dia útil do mês anterior
da prestação dos serviços a todos os vale-alimentação referentes ao mês
subsequente, obrigação esta não observada pela recorrente, conforme se
infere da Informação nº 014/2020/SAGC. 6. O parecer da Consultoria
Jurídica foi categórico ao não tolerar o desatendimento da cláusula terceira,
vez que a contratada venceu o certame licitatório, assinou o respectivo
instrumento contratual, assentindo com todos os termos do pacto, logo
detinha ciência de todo o ônus quando optou por participar do Pregão
Eletrônico nº 38/2018. 7. Assim, infere-se que a sanção de advertência foi
devidamente aplicada a recorrente, já que o ente público apenas exerceu a
sua prerrogativa de fiscalizar a execução e aplicar a sanção em razão da
inexecução parcial do ajuste, isto tudo após o regular trâmite do processo
administrativo, consoante dispõem os art. 58, III e IV e 87, I, ambos da Lei nº
8.666/93. Precedentes do TJCE. 8. A Cláusula Terceira do contrato é
expressa e clara ao exigir o pagamento do vale-alimentação de seus
empregados até o último dia útil do mês anterior ao da prestação dos
serviços, não sendo admissível, portanto, o argumento da ausência de
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tempo hábil para operacionalizar a contratação de 10 (dez) recepcionistas,


pois quando assinou o pacto detinha ciência de todas as suas obrigações.
Assim, resta comprovada à infração quando a recorrente afirma no item 15
de sua defesa que "as cargas foram realizadas no dia 17/12/2019, conforme
comprovantes já apresentados e novamente anexados a este recurso", fl.
42, quando tal "carga" deveria ter ocorrido até o dia 29 de novembro de
2019. 9. Diante de tal quadro fático, impõe-se a manutenção da sanção
administrativa de advertência, ante a evidente inobservância da Cláusula
Terceira do Contrato nº 95/2019. 10. Recurso conhecido e improvido.
ACÓRDÃO: Acordam os Desembargadores integrantes do Órgão Especial
do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, nos autos do Recurso
Administrativo, Processo nº 8525455-62.2019.8.6.0000, por unanimidade,
em conhecer do recurso, mas para negar-lhe provimento, nos termos do
voto do Relator. Fortaleza, 3 de setembro de 2020 PRESIDENTE TJCE
Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR CARLOS ALBERTO
MENDES FORTE Relator (TJ-CE - Recurso Administrativo:
85254556220198060000 CE 8525455-62.2019.8.06.0000, Relator:
CARLOS ALBERTO MENDES FORTE, Data de Julgamento: 03/09/2020,
Órgão Especial, Data de Publicação: 08/09/2020)

A Lei nº 8.666/93, a qual dispõe sobre os contratos coma


Administração Pública, prevê expressamente a aplicação de advertência, na forma
disposta no contrato ou instrumento convocatório, nos casos em que houver atraso
injustificado na execução do contrato ou, ainda, em caso de inexecução total ou parcial
do contrato, como ocorreu no caso em análise. Vejamos:
Tais prerrogativas vêm dispostas expressamente na norma
geral de licitações e contratos – Lei nº 8.666/93 – confira-se:
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:

I – modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de


interesse público, respeitados os direitos do contratado;

II – rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art.


79 desta Lei;

III – fiscalizar-lhes a execução;

IV – aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;

V – nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis,


imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da
necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.

§1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos


administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do
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contratado.

§2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras


do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio
contratual.
Na mesma linha, reverbera o art. 87 do mencionado diploma, verbis:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá,
garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
I – advertência;
II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato;
III – suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da
punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.
§1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia prestada, além da
perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, que será
descontada dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou
cobrada judicialmente.
§2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo poderão ser
aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a defesa prévia do
interessado, no respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
§3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de competência
exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal,
conforme o caso, facultada a defesa do interessado no respectivo processo,
no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser
requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (GN)

Por força do permissivo legal, o contrato em questão trouxe,


em sua cláusula décima, alínea "a", a previsão para aplicação da pena de advertência,
possibilitando, é claro, a sua respectiva aplicação.
A previsão do Contrato nº 33/2014 entre o Tribunal de Justiça e
a empresa Criart Serviços de Terceirização de mão de obra LTDA., na sua Cláusula
Terceira, “a” do Contrato nº 33/2013, estabelece a sanção de advertência quando do
descumprimento das obrigações assumidas, desde que não acarreta grande prejuízo à
execução do contrato e à administração, ou não aceitação de defsa da empresa na
primeira notificação.
Conforme estabelece a legislação reguladora dos contratos
administrativos, “o regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
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confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de fiscalizar-lhes a execução e


aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste” (art. 58, incisos III e
IV, da Lei nº 8.666/93).
Dessa forma, percebe-se que é incontroverso o
descumprimento do ajuste por parte da contratada, uma vez que incorreu em atraso do
pagamento salarial dos colaboradores terceirizados vinculados ao Contrato nº 33/2013.
Como visto, o contrato firmado com a Administração Público deve ser executado
fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas da Lei nº
8.666/93, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução total ou
parcial.
No caso, restando comprovado o descumprimento de
obrigação contratual e ensejado à contratada, ora recorrente, prévia defesa, não há que
se falar em revogação das penalidades, posto que aplicadas na forma prevista no
contrato, em plena observância aos princípios da legalidade, razoabilidade e
proporcionalidade.
Ponha-se em friso, por pertinente, que a penalidade de
advertência, imposta no caso concreto, encontra baliza tanto no art. 87, inc. I, da Lei n.º
8.666/93, não havendo, portanto, a meu sentir, violação a qualquer dos princípios
administrativos, ou à razoabilidade ou proporcionalidade, não sendo demasiado lembrar
ainda aqui que dentre as sanções previstas, a advertência é a mais tênue, pois utilizada
para infrações leves.
Diferente do que defende a suplicante, a situação de
inadimplência, evidenciada pelo não cumprimento do prazo previsto no contrato, revela-
se suficiente para ensejar a aplicação da penalidade de advertência.
Há que se dizer que a Administração Pública, pautada, que é,
no princípio da legalidade, percebida a violação ao contrato administrativo, não pode se
furtar em aplicar as cláusulas nele previstas, em face do que dispõe o princípio da
vinculação do instrumento convocatório (art. 41 da Lei nº 8666/93), exceto se, o que não
é o caso dos autos, bom que se diga, demonstrado escusa justificável para tanto.
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Destarte, com amparo nas disposições legais e contratuais,


percebe-se que a sanção aplicada é plenamente razoável e atende ao interesse público,
posto que aplicou-se sanção de advertência (Cláusula Terceira, “a” do Contrato nº
33/2013).
Diante do exposto, conheço do Recurso Administrativo para
negar-lhe provimento, devendo ser mantida a sanção aplicada em virtude da inexecução
unilateral das obrigações contratadas por parte da empresa recorrente relativamente ao
Contrato nº 33/2013.
É como voto.
Fortaleza, 28 de abril de 2022.

FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO


Desembargador-Relator

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