Direito Comercial
Direito Comercial
Direito Comercial
DIA 02.10.2023
O mercantilismo é o marco inicial para o Estado Liberal na Europa, que se caracterizava pela
primazia da liberdade individual nas relações jurídicas - autonomia da vontade, bem como
na intervenção do Estado na economia.
O exercício abusivo das liberdades e direitos individuais e a luta pela hegemonia do mercado
precipitaram a derrocada do modelo liberal, tendo como marco histórico a 1ª e 2ª guerras
mundiais. A queda do Estado Liberal ajudou a repensar o papel dos Estados diante da ordem
econômica interna e internacional, actuando no sentido de limitar e cercar os direitos e
liberdades individuais. Quando abordarmos, mais adiante, a origem e evolução deste ramo
de Direito destacaremos os factores que deram origem ao nascimento do Direito
Económico.
Estes factores que permitiram o surgimento do Direito Económico acabaram por determinar
o seu conceito. Diferentes especialistas nesta matéria esboçaram conceitos diferentes,
exprimindo para cada um a realidade do seu contexto e do modo como o Direito Económico
se manifestava na sua sociedade.
Para Washington Peluso Albino de Souza, é o ramo de Direito composto por um conjunto
de normas de conteúdo econômico e que tem por objecto regulamentar medidas de política
econômica referentes às relações e interesses individuais e colectivos, harmonizando-as - pelo
princípio da economicidade- com ideologia adoptada na ordem jurídica.
A doutrina francesa através do professor André Laubadére, nos ensina que o Direito
Económico é o direito aplicável às intervenções das pessoas públicas na economia e aos
órgãos dessas intervenções.
Cá entre nós, a professora Helena Prata Harrido Ferreira define o Direito Económico como
ramo de direito que disciplina as relações jus econômicas entre o Estado e os entes
particulares, estando o estado em posição de supra ordenação.
Ao direito compete uma função social de ordenação das relações sociais segundo a justiça.
O homem pela sua natureza não é totalmente bom, como apresentam alguns autores, ao
considerar que são os factores sociais que mudam a sua natureza, nem é totalmente mau,
como descrevem outros.
Ele é uma miscigenação do bom e do mau. Em si ele detém força capaz de mediante um
impulso de vontade afastar o mal e praticar o bem. Na verdade, a razão da sua sociabilidade
determina nos dias de hoje o comportamento adequado para melhor harmonizar os
interesses.
Na verdade, o homem desde primórdios arregimentou meios para buscar o seu sustento. A
luta em busca dos melhores meios provocou desentendimentos que algumas vezes acabaram
por facilitar o desmembramento social de grupo e dar origem à novos grupos sociais.
Como refere o professor Oliveira Ascensão, o Direito está ínsito na própria ordem social. Se
toda a sociedade tem uma ordem, ela tem, desde o início, uma ordem jurídica. Como diriam
também os Romanos ubi societas, ibi jus. A vida social só é possível porque os homens
aceitam e aplicam as regras que institui a ordem, a paz, a segurança, a justiça e dirimir conflitos
de interesses que inevitavelmente surgem nas relações sociais. Estes conflitos resultam
fundamentalmente dos poucos bens que a economia produz e põe a disposição dos homens.
Diante de tantas evidencias acima descrita podemos afirmar aqui que o direito veio
exactamente para facilitar e ajudar a definir as regras de melhor utilização dos bens que são
colocados à sociedade para a satisfação das necessidades humanas. Notamos que a escassez
de bens produz conflitos que o direito através dos seus meios procura dirimir.
Entre o direito e a economia existe uma relação muito próxima, pois a existência de um dá
origem a outro e a actuação de outro garante uma melhor realização de um.
A designação deste ramo de direito tem suscitado amplo debate académico entre os
especialistas em direito. A doutrina alemã sempre usou a expressou Direito da Economia
para sustentar a natureza mista deste ramo de direito, enquanto que os franceses pugnaram
pela designação Direito Económico para justificar a juridicidade no tratamento das matérias
de carácter econômico.
Para nós estas duas designações estão revestidas de preciosidade lingüística. Tanto uma como
outra acabam por representar uma mesma coisa, se termos em conta o conteúdo que aquelas
ordens jurídicas tratam.
Como aborda a Dr. Hela Prata a designação Direito Económico deve ser feita em duas
perspectivas distintas: a primeira externa baseada na relação que este tem com a economia e
a outra diz respeito ao próprio direito por sustentar o surgimento deste ramo de direito.
O direito acaba por ser uma instância reguladora munida de racionalidade, que não deve ser
reduzida à pura racionalidade econômica. Como notamos acima o direito não caminho só.
Ele é influenciado em todo o seu percurso pela evolução económica e tecnológica, levando-
o a constantes adaptações.
Os actos económicos e jurídicos acabam por serem duas realidades de que a sociedade
constantemente se confronta. São, pois, realidades conexas e interdependentes tendo cada
autonomia própria.
O Direito econômico tem uma afinidade com o direito administartivo e com o direito
Comercial, não podendo excluir o Direito Constitucional, sendo que este fixa as
linhas gerais de actuação de todos os ramos de Direito. O Direito penal económico
também tem uma estreita relação com o direito económico sendo que ele estabelece
normas punitivas dos delitos económicos.
Nota-se que os poderes públicos têm perdido o monopólio de produção das normas jurídicas
de direito econômico, resultante do papel cada vez maior dos poderes privados na condução
da economia
As fontes internas são: a Constituição da República de Angola, leis e resoluções aprovadas
pela Assembleia Nacional (artº 160º al.b) e artº 163º al. a), b), c) e d) da constituição),
Decretos Legislativos Presidenciais e Decretos Legislativos Presidenciais Provisórios (artº
125º nº 2 e 126º C.), Decretos executivos e despachos dos Ministros do Estados e Ministros
(artº 135º da constituição) despachos normativos e avisos do Banco Nacional de Angola.
Esta situação justifica-se com vários acordos ou concertação econômica de várias formas
contratualista estabelecidas entre os Estados e os agentes privados. Desta nascem as
seguintes fontes: acordos ou pareceres emanados dos organismos de concertação econômica
e social, contratos programas e de outras formas de contratação econômica entre entes
públicos e privados, regulação das actividades econômicas pelas associações profissionais ou
de actividade, usos da actividade econômica internas ou internacionais.