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Caso Pediatria

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MEDICINA

IEPSC III – Integração ensino-pesquisa-serviço-comunidade.


Prof.ª Patrícia Regina Guimarães

QUEIXAS FREQUENTES NOS PRIMEIROS MESES DE VIDA

Joana Maria de Souza, 2 meses, comparece à UBS de referência, em Betim, para puericultura. A mãe,
Marisa, se queixa que a criança está chorosa, “golfando muito”, “cheia de bolinhas”, “nariz entupido”,
“cólicas”, “prisão de ventre” e “com uma assadura que não sara”. Acha que “seu leite está fraco”,
“não está sustentando” a criança. A avó materna orientou iniciar mingau de mucilon® e batatinha
amassada com caldo de feijão, pois “deve ser fome”. A mãe parece abatida e ansiosa.

A criança regurgita após as mamadas várias vezes ao dia, volumes variáveis. Marisa conta que Joana
começou a regurgitar perto de completar um mês de vida e que o médico anterior disse que
melhoraria com o tempo, mas não houve melhora. Pouco tempo após “golfar” a criança procura a
mama novamente. Marisa conta que todas as vezes que a criança quer mamar há leite materno
suficiente para saciá-la. Apesar das sugestões da avó, Joana permanece em aleitamento materno
exclusivo.

Houve aparecimento de “bolinhas” na região da fronte e tórax anterior há cerca de 7 dias. As lesões
da fronte já sumiram. Marisa não associa o surgimento das lesões a nada. As lesões de pele na região
das fraldas surgiram há mais de 10 dias e não melhoram com pomadas para assaduras, como o
Hipoglós®.

A obstrução nasal está presente “desde o nascimento”. Há melhora com o uso de soro fisiológico,
mas após algum tempo o nariz volta a entupir.

As cólicas foram descritas como choro forte acompanhado de movimentos com os membros
inferiores e ingurgitamento da face. Acontecem todos os dias, em vários momentos do dia, sendo
mais frequentes no início da noite.

Marisa está preocupada, pois Joana não evacua todos os dias. A criança já ficou até 5-6 dias sem
evacuar, quando foi indicado supositório de glicerina em atendimento de urgência.

HP: G1P1A0, 10 consultas de pré-natal. Sorologias normais, mãe imune a toxoplasmose. RNT, AIG,
IG: 39 semanas, PN: 3.500 g, PC: 34 cm, E: 49 cm. Apgar 8/9, parto vaginal na maternidade de
referência. Sem intercorrências, criança permaneceu no alojamento conjunto e teve alta com a mãe.
Apresentou icterícia leve na primeira semana de vida com resolução espontânea na segunda semana.

Vacinação em dia – mãe levou Caderneta de Saúde da Criança, foi conferido o registro de vacinas.

HF: O pai, Jorge, de 22 anos, completou o ensino médio e trabalha em uma sapataria como vendedor.
Marisa, 19 anos, estudou até o 2° ano do ensino médio e não trabalha fora. Os pais são saudáveis.
O casal tem três anos de relacionamento, a gravidez não foi planejada. Passaram a morar juntos aos
6 meses de gestação. Vivem em um barracão de alvenaria com sala, um quarto, cozinha, banheiro.
No mesmo lote há outros barracões, onde vivem a avó materna (sozinha), a tia materna com três
crianças e o tio materno com esposa e dois adolescentes. Há saneamento básico e água tratada.

Há cerca de 5 dias Jorge saiu de casa após discussão com família de Marisa, que ficou entristecida e
emocionada ao falar do esposo. Relato de desamparo, insegurança e angústia para os cuidados com
a criança e por não saber lidar com sua família. Queria que o esposo voltasse para casa. A criança
está dormindo na cama da mãe desde a saída do pai.

Dados do 1º mês de vida: peso= 5.000g, perímetro cefálico= 36 cm, estatura= 54 cm.

Exame físico: peso= 6.000g, perímetro cefálico= 38 cm, estatura= 58 cm. Presença de alterações na
pele, conforme imagens (veja figuras 1 a 5). Restante do exame: criança tranquila no momento.
Hidratada, anictérica, acianótica, corada. Fontanela anterior plana e normotensa. Bulhas
normorrítmicas e normofonéticas. FC = 120bpm. Murmúrio vesicular fisiológico, sem ruídos
adventícios. FR = 40 irpm sem esforço. Abdome livre. Fígado palpável a 1 cm do RCD. Baço não foi
palpável. Genitália típica feminina, sem alterações. Reflexos primitivos presentes, simétricos.

Em relação ao caso descrito, pede-se:

1. Avalie a curva de peso da criança: o ganho de peso está adequado? Explique.

2. Está indicada complementação do leite materno? Justifique a sua resposta.

3. Qual a sua impressão em relação à queixa de “golfadas”? Você faria algum exame
complementar? Caso a resposta seja afirmativa, especifique qual exame. Está indicada alguma
medicação? Justifique.

4. Como você abordaria a queixa de obstrução nasal?

5. Qual a sua impressão a respeito da queixa de “cólicas e prisão de ventre”? Você pediria algum
exame complementar? Prescreveria alguma medicação?

6. Qual a hipótese diagnóstica mais provável para as lesões de pele no tronco e qual a proposta de
tratamento? Qual a sua hipótese diagnóstica para as lesões de pele da região das fraldas e qual a
proposta de tratamento? Qual o nome dado às lesões hipercrômicas nas regiões sacral e cervical?
(Veja figuras 1 a 5)

7. Quais as suas impressões ou hipóteses diagnósticas?

8. Faça uma síntese da sua proposta para a condução do caso.


MEDICINA

Figura 1 Figura 2

Figura 3 Figura 4 – detalhe Fig.3

Figura 5

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