Margulis, L. - o Q É Vida (Introdutorio)

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590,1

DEDALUS - Acervo - FFLCH


Sumário

20900038601
Título original:
What is Life?

Tradução autorizada da edição norte-americana


publicada por University of California Press, 7
de Berkeley e Los Angeles, EUA LISTa De ILUSTrações
"A Peter N. Nevraumont Book'" 9
apresenTação a eDIÇa0 BIasiLeIra, por Francisco M. Salzano
Copyright © 1998, Lynn Margulis e Dorion Sagan PrerácI0, por Niles Eldredge
Copyright do Prefácio 1995, Niles Eldredge
Copyright do Glossário © 2000, Lynn Margulis e Dorion Sagan
Copyright O 2002 da edição em lingua portuguesa: 15
VIDA: O ETERNO ENIGMA
Jorge Zahar Editor Ltda.
rua México 31 sobreloja No espírito de Schrödinger" O corpo da vida Animisno versuS mecanicismo
2003|-144 Rio de laneiro RJ
tel.: (21) 2240 0226/ fax: (21) 2262 5123 " lano entre os centauros A jóia azul Existe vida em Marte? A vida como
e-mail: jze@zahar.com.br Amatéria da vida
site: www.zaharcom.br verbo Auto-sustentação O planeta autopoético
A mente na natureza
Todos os direitos reservados.
A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou
em parte,constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98)
2 ALMAS PERDIDAS 45

Projeto gráfico, diagramação e capa: Morte: agrande fonte de perplexidade Osopro da vida Alicença carte
STUDIO CREAMCRACKERS
siana Entrando no reino proibido Meneios cósmicos · O significado da
evolução A biosfera de Vernadsky AGaia de Lovelock
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, R). 3 ERA UMA VEZ UM PLANETA 62

Margulis, Lynn, 1938 Os primórdios "Inferno na Terra " Geração espontânea Aorigem da vida
M2840
O que é vida? / Lynn Margulis e Dorian Sagan; "Avançando aos tropeços" Janelas metabólicas A supermolécula de RNA
tradução, Vera Ribeiro; revisão técnica [e apresentação] Primeiro, as células
Francisco M. Salzano, - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2002

Tradução de:What is life?


4 MESTRES DA BIOSFERA 99

ISBN 85-7||0-641-X Omedo de um planeta bacteriano"Avida ébactéria Os metabolicanmente


I:Vida (Biologia). 2. Biologia - Filosofia. 3. Diversida superdotados As negociadoras de genes Nossas esplêndidas parentas
Da abundância à crise O fermento do café da manhã " Seres verdes,
de biológica. 4. Vida -Origem. I. Sagan, Dorion, 1959-.
I.Titulo.
CDD 570 vermelhos eroxos ·A agitaço do oxigênio ·A quintessncia dos poluentes.
02-0216 CDD 57 a quintessência dos recicladores Tapetes vivos e pedras que crescem
5 FUSÕES PERMANENTES
Oerande divisor celular Cinco tipos de seres Torções na árvore da vida
125 Lista de llustrações
. Contorcionistas" stranhos frutos novos Os simbiontes de Wallin
Amulticelularidade eamorte programada Agênese sexual no micromundo.
oU quando comer era praticar seXo O poder do lodo

6 OS ASSOMBROSOS ANIMAIS
155 Lâminas (entre p.l28 e 129)
Os pássaros (do caramanchão) eas abelhas (do mel)· Queé um animal? .
Nosso bisavô, oTrichoplax Sexualidade e morteO chauvinismo cambriano
"Aexuberåncia evolutiva" Mensageiros JA.A Terra no espaço
IB. Micoplasma
7 ACARNE DA TERRA
181 2. Intestino de larva de besouro (Pachnoda)
Omundo subterrâneo Bolores que se beijam e anjos destrutivos Aliancas 3. Fotografia do Sol em raio X
entre reinos O baixo-ventre da bioslera Fungos que viajam de carona, 4.Cilindros de fosfolipídios formando lipossomas
flores falsas e afrodisíacos Cogumelos alucinógenose deleites dionisíacos " 5A. Padrões de crescimento, bactéria Proteus mirgbilis
Transnigradores da matéria 5B. Estrutura dissipativa de uma reação de Belousov-Zhabotinsky
6."¤VOres'" multicelulares de Myxococcus
8 ATRANSMUTAÇÃO DA LUZ SOLAR 203 7.Chromotium vinosum, bactéria sulfurosa roxa
O fogo verde Aparte maldita Antigas raízes Arvores primevas 8. Fischerella, uma cianobactéria
Apersuasão floralA economia solar 9. Estromatólitos na Baía dos Tubarões, Austrália
I0A el0B. Estromatólito fóssil petrificado, comparado a um tapete microbiano Vivo
9 SINFONIA SENCIENTE 223 I.Mesodinium rubrum (Myrionecta rubra), um ciliado
Uma vida dupla Escolha Pequenos objetivos A blasfêmia de Butler Hábitos 12. Telófase nas células mitóticas de Haemanthus sp., líirio-africano rubro
ememória "Acelebração da existência "Superhumanidade "A expansão da I3A. Chlamydomonas nivalis, algas da neve, Antártida
vida Rtmos eciclos 13B. Chlorornonas sp.,algas da neve, e fungos filamentosos
I3C. Chlamnydomonas nivlis, visão microscópica
epÍLOG0 253 14. Colônias de Volvox

noTas 255 I5. Lima scabra adulta, um pécten


l6. Embrião de Drosophila melanogaster, a mosca das frutas
GLOSSáTIO 261
17.Undulipódio em corte transversal
aGrapecimenTOS 272
18A. Peixe pescador com tecido bioluminescente
FONTeS Das ILUSTrações 275 18B. Colônias de bactériasbioluminescentes
ÍnDICe remissiVO 277 19A. Russula paludosa, um cogumelo florestal
19B. Schizophyllum commune, um fungo
20. Um cloroplasto
0 Que é VIDa ?

21.Choupos trêmulos na cordilheira de San Juan, Colorado


22. Meiosee formação de gametas nas diatomáceas Apresentação
23. Glossopteris scutum, uma cicadácea fossilizada
àEdição Brasileira
24.Tubos de pólen levando núcleos masculinos para núcleos de óvulos fenininos
25. Papaver somniferum, uma papoula
26. Imagem da Terra vista por satélite, mostrando as principais zonas de vegetação

O presente livro éum hino de amor às bactérias, fungos e outras formas (especi
distorcida,
Figuras almente as microscópicas) de vida. Procura incessantemente corrigir a visão
perspectiva
bastante comum, que avalia todo 0 processo evolucionário sob uma
antropocêntrica, com ênfase nos seres "grandes"
I. Erwin Schrödinger naturalmen
A pergunta-títulotem sido feita por muita gente. Para os religiosos,
2. Comparação entre as atmosferas da Terra, Vênus e Marte mentes inquiridoras
34 te, a resposta pode ser facilmente encontrada na Biblia, mas para as
3. Flutuações de dióxido de carbono no hemisfério norte Margulis e
37 e que buscam uma explicação científica o problema émais complicado.
4. Cristal de ácido oxálico extraído de uma ascídia
indicam que o seu ponto de partida foi o livro clássico de Erwin Schrödinger.
30 Sagan
portugues foi
5. Emiliano huxleyi, um cocolitoforídio 64 publicado em 1944, que tem o mesmo título e cuja tradução para o
6. Troca genética por três vias entre bactérias publicada, em 1997.
108
7.Comparaço entre células procarióticas e eucarióticas 128 Naturalmente, a resposta àindagação sobre a o que é vida difere, às vezes de ma
8. Trichonympha, um protista 135 neira marcante, dependendo de quem aestá apresentando. Os próprios autores conside
constituem este livro.
9.Espiroquetas transformados em undulipódios 136 raram a questão repetidamente em oito dos nove capítulos que
I0. Fases da mitose
137 Oanatomista e fisiologista francs Xavier Bichat (1771-1802) situou a resposta
|L.Naegleria, um protista 149 noseio da relação dialética vida/não-vida. Segundo ele, vida seria "'o conjuntode fun
12. Stephanodiscus, uma diatomácea 153 Ções que resistem àmorte". Voltando àBiblia, a morte teria surgido pela transgresso
13. História de vida sexual de um animal
158 de Adão e Eva, ao quereremn provar o fruto da Arvore do Conhecimento. Mais prosai
medida
14. Eschiniscus blumi, um 'urso dágua" 179 camente, ela decorre em última análise do fenòmeno da multicelularidade. À
15.História de vida sexual de um fungo que as células se agruparam, muitas vezes pelo processo de simbiose, anmplamente dis
185
l6. Galha num ramo de Quercus, o carvalho cutido por Margulis e Sagan, foi necessário estabelecer-se uma especialização de fun
191
últimas,
17.História de vida sexual de uma planta
209 ções que resultou no soma mortal, protetor das células reprodutoras, e dessas
18. Magnetossomas numa bactéria magnetotática imortais. Outra transição fundamental noprocesso evolucionário foi aquela origina
231
da pela reprodução sexuada, que permitiuo desenvolvimento de unma enorme gama

Tabelas de variabilidade biológica, impossívelde ser alcançada pelos meios conservadores da


reprodução assexuada. Os autores salientaram os aspectos intricados desta relaç£o dual
de maneira magistral e até certo ponto ferina:"Estranhamente, a própria morte tam
Minerais produzidos pela vida 40-1
bém evoluiu. Na verdade, foi a primeira -cainda a mais grave - das 'doenças sexual
Linhas temporais da história da Terra mente transmissíveis"!
73-91
0 Que é VIDa ?

Pode-se questionar a propriedade universaln1entessencicnte que


Margulis e
atribuennàvida. Mas sua tese central dee que avida apresenta
propriedades que trans-
Sagan
cendem os limites de indivíduos eespécies tem implicações da Prefácio
máxima
na época atual, de desenfreada eselvagem exploraço ambiental. Os
mistas quanto ao futuro da vida nesse eem outrOS planetas, a serenm autOres so oti.
importåncia
colonizados. Este otimismo não se estende, no entanto, ao futuro
de
nossa espécie,
eventualmente
Outra espécie tecnológica poderá nos substituir, mesmo
porque, junto com Neil Filosofias Nunca Sonhadas
Armstrong, uma vasta quantidade de bactérias, presentes em seu
Lua. Asorte está corp0, visitaram a
lançada. Embora os limites da escolha e da
fluidos, nmuitodeste futuro dependerá do que nós
manidade em geral fizermos daqui pordiante.
autodetermleitores
os autores, seus inação sejame a hu
Por que aevolução fabricou uma especie senciente? Por quc se desenvolveu nos
sa consciència,nosso reconhecimento de nossa propria vida? Para que serve cla? Fs
tou convencido da conjectura do behaviorista Nicholas Humphries. de que, ao e tor
narem capazes de consultar seu eu interior, nossos ancestrais passaram adiscernir a
Francisco M. Salzano mente deseus parceiros, seus filhoseoutros membros de scus bandos ociais,(Conhe
cer a si mesmo é a melhor maneira de conhecer os outros e. por conseguintc. e uma
Instituto de Biociênias,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul vantagem na negociaço das complexidades davida social cotidiana.
Nós, os seres humanos, somos animais, claro. Ha muito considero que amelhor
maneira de perceber oque significa ser um animal vivo e palpitante e. simplesmente.
examinarmos nossa própria vida. Por mais que nossas aptidoes cognitivasc culturais
tenham nos afastado da vida tradicionalenm ecossistemas locais, mesmo assm continu
amos a obter energia e alimento para nos desenvolvermos, crescermos e mantermos
nossa vida corporal. Muitos de nós (talvez um núumero excessivO)tambem nos engaam0s
na reprodução. Como nos dizem Lynn Margulis e Dorion Sagan em 0que e vida', a
manutenção da vida eda reprodução corporais säo ativ idades quintessenciais, o proprio
marco da vida.Conhecernmos a nós mesos como organismos, portanto, c estabelecer
10
mos um bom número dos aspectos fundamentais de todos os sistemas vivos.
Mas, obviamente,os seres humanos não constituenn a totalidade do universo bio
lógico. Somos apenas una das dezenas de milhöes de especies que hoje habitam o plu
neta'Terra. Assinn, não h£ conotermos a eNpectativa de adivinhar todus os misterios da
vida, todas as nuanças diferentes do que signitica estar vivo, mediante a simples consul
la de nossO eu interior, Existem limites intrnsecUS nO Principio revclador do conhece
* Em dois de meus livros, Biologia, cultura e le atimesmo para conhecer omundo, Mas Ilel Meslo cu, um praticante
evolução e Evolução do mundo e do homem (Editora da UFRGS, 1YDe experiente
1995, respectivamente), este tema tambémé abordado. Recomendo la biologia evolutiva, estava inteiramente preparado para o tuntastico espetro de vida
também O que é vida? Para entender a biologa d0
século XXl, organizodo por El Hani e Videira (Relume Dumará, 2000):O que é
vida? Cingüenta anos depois, organzaao que nos eapresentado por largulis e Sagancm O que e vida?, pois, lestas paginas,
por Murphy e O' Neil (Editor Unesp. I997) e A ontologia da
realidade, de A. Maturang (Editora da UFMG, 997). tsE
último é importante para mgiores detalhes sobre um temg
recorrente no presente livro: aqutopoese, a produçdo da Cncontramos oTganisnos vastamente diterentes de nos. E: nos deparamos com modos
partir de si mesm.
de relleti sobre a vida que nào teriam como surgir da sinples
introspecio.
0Que é VIDa ?

prefácio
Este livro éum banquete de diversidade biológica eintelectual..
mos micróbios -organismos microscópicos para Aqui encontra-
osquais oOxigènio éum ven. que
no, eoutros que"respiram"` compostos de enxofre. E mais dos nas patas dianteiras dos primeiros vertebrados terrestres (os "tetrapodes").
outros que se evoluíram há cerca de 370 milhões de anos.

alheia. Encontramnos bactérias que trocam


ealimentam
hidrognio edióxido de carbono, sem usaraenergia solar nem a proveniente da cas.de Assim, tambémoDNA das mitocóndrias éum remanescente, um sinal de um
acontecimento evolutivo. Mas esse não se assemelhou a nenhum outro evento jamais
outras espécies mesmo após bilhões de anos de
rotineiramente seu material genético co
separação evolutiva. Vemos toda. proposto nos anais da evolução: para sua honra imorredoura. Lynn Margulis viu que
crosta externada Terra
convincentemente retratada como um único megassistema d os complementos separados de DNA implicavam afusåo de pelo menos dois tipos
vida. Eaprendemos que o processo evolutivo que diferentes de outros organismos, cada qual com seu próprio complemento de DNA.
sa ofez de maneiras
produziu essa diversidade prodigio.
surpreendentes-mesclando mais de uma vez organismos sinn. na formação de uma única célula "eucariótica" complexa. Inicialmente condenada
ples e separados,para produzir espécies como uma heresia, essa idéia simples tinha tanta coisa a seu favor que foi aceita há
descendentes mais
umasaga particularmente interessante de investigação e complexas. nissO reside
E
ousadia intelectuais. muitotempo pelo mundo biológico. Simplesmente não há outra explicação plausível
Darwin nos ensinou que a totalidade da vida
descendeu de um único ancestral para a existência de complementos separados de DNA numa "única" celula.
comum. Em O que évida?, Margulis e Sagan Em O que évida?, Lynn Margulis e Dorion Sagan nos dizerm precisamente que
nossas células nucleadas ("eucarióticas") de contam-nos o espantoso fato de que
tipos de bactérias fundiram-se para formar as células nucleadas originais nossas

mamíferos não apenas descenderam de células. Mas isso está longe de ser tudo, pois a mente de Margulis, sempre irrequicta.
antigas bactérias como são, literalmente, amálgamas de
rentes. Incrível! Mais estranho doque a ficção! E várias cepas bacterianas dife continuou procurando romper barreiras. Este livronos expöe a históriade umafusäo
inimaginável nas filosofias biológicas evolutiva ainda mais antiga de espécies bacterianas. Margulis convenceu-se de que
tradicionais - até Lynn Margulis iniciar sua pesquisa, háum quarto
Lynn Margulis conseguiu aquilo com que sonha
de século. essas origens simbióticas de formas inéditas de vida (a "simbiognese") tinham sido
todo cientista, mas que poucos muito mais comuns do que jamais sonharam os biólogos evolucionistas calcados na
estão fadados a realizar: reescreveu os
manuais básicos. Ela concebeu uma explicação tradição darwiniana- uma tradição que enfatiza muito mais a competição do que a
lógica, mas audaciosa, de um fato
extraordinário. As células humanas, como as de \cooperaço no processo evolutivo. Asimbiogènese éacontribuiço central de Margulis
todos os animais, do eucalipto e do
cogumelo, têm a maior parte de seu DNA, mas
não todo ele, encerrado num núcleo celular para o diálogo evolucionista, que se enriqueceu,através dos esforços dela, para ver as
que é claramente isolado das implicações grandiosas que estão latentes na história do mundo microbiano.
organelas que pontilham as planícies do típico citoplasma celular. Foi o diversas
não todo No c£none de Margulis-Sagan, entretanto, há mais ainda do que essas tilosotias
12 que lhe chamou a atenção: sabia-se que
algumas dessas organelas extranucleares profundamente novas e nunca sonhadas. Defensores incansáveis do mundo 13
especificamente, as usinas de força de todas as células microbiano, os autores fizeram um trabalho portentoso, quase que de relaçöes publi
"mitocôndrias". -tinhamseu próprio DNA. Nas plantas, tanto animais as
e vegetais, as
cas, no esforço de revelar a gama inmensamente diversificada dos microrganismos. E
os cloroplastos, sede da mitocôndrias quanto
fotossíntese, têm seus complementos de DNA. A pergunta quenão apenas os micribios herdarào a Terra (caso nós, por exemplo, complexas
simples com que Margulis se deparou foi: por quê? Por que háum conjunto indepen criaturas multicelulares, venhannos anos tornar vitimas do provimo espasnmo da
dente de genes nessas organelas
citoplasmáticas,
mal", afora elas, organiza-se como um
quando todo o material genético "nor extinção em massa), comochegaranm aqui muito antes de nós e, num sentido muito
conjunto duplo de cromossomos dentro dos real, já"possuem" ecertamente dirigenm osistema global. Eles tixam e reciclamoni
limites das paredes nucleares?
Asestruturas biológicas são sinais de
trogênio e ocarbono, benm como outros elenmentos cssenciais que, de outro modo,
antigos acontecimentos evolutivos. Deve no ficariam àdisposiço de nosso corpo; produzem oxigènio, gás natural (metano) e
mos os cinco dedos de nossas mãos
não a eventos evolutivos inéditos ocorridos nas assim por diante. Sem omundo microbiano, a vida, tal como nós mesnnos a
savanas africanas háum milhão de anos, mas ao
complemento original de cinco de vivencianos, simplesnnente nào poderia existir.
0Que éVIDa ? CapÍTULO I

Etudo isso faz o olhar de Margulis erguer-se do microscópico para o Vida:


Tera é, de fato, um sistema vivo, um amálgama globalmente pulsante de global:
a
edo mundo fisico "inanimado. Se vamos ou no optar por chamar esse sistenna 3
"Gaia" e por declará-lo tão vivo quantoqualquer organismo, nao vem realmente
organismos O Eterno Enigma
caso, num sentido muito profundo. Isso porque, ao lermos Oque é yida?,
vemos de
maneira claraesimples que osistema globalque liga avida ao âmbito fisicoexiste 4.
verdade, eque nós, seres humanos, apesar das aparências edos protestos em contri
rio, ainda continuamos a ser parte integrante desse sistema.
Eisso nos traz de volta ao valor supremo de termos consciência de nossa própria
existência. Ao lermos este livro, pensamos na extraordinária diversidade biológica na
exuberáncia da evolução, epercebemos que osistema global, atotalidade dessa vidae
em última instância, a nossa própria vida estão realmente ameaçados -por nós mes
mos. O que évida? combina as realidades do mundo vivo, mais estranhas do que a
ficção, como tipo de força intelectual capaz de revelar filosofias novas eno-sonba.
das. Gera a compreensão de que necessitamos desesperadanmente, se quisermos en
frentar a crescente ameaça que nós, seres humanos, representamos para o ecossistema
global, ao cruzarmos o marco de mais um milênio. Saber é poder, e O que é vida? nos
dota do entendimento do mundo vivo de que mais precisamos, se quisermos -junto
com os ecossistemas mundiais - sobreviver.

Niles Eldredge
MuseuAmericano de História Natural

14

A vida é algo que se come, que se ama ou que e letal.


JAMES E. LOVELOCK

Avida, tal comoo calor não é uma coisa ou um fluido. O


que observamos são alguns conjuntos inusitados de objetos,
separados do resto do mundo por certas propriedades
peculares, como crescimenta, reprodução e modos especiais
de lidar com aenerga. A esses objetos escolhemos chamar
"'seres vivos"
ROBERT MORISON

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