DG Cadelas, 2008

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.

br

Diagnóstico de gestação em cadelas


Pregnancy diagnosis in bitches

Jerlan G. Freitas, Alexandre R. Silva1

Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró, RN, Brasil
1
Correspondência: legio2000@yahoo.com

Resumo

O diagnóstico de gestação em cadelas contribui para aumentar a eficiência reprodutiva desses animais,
possibilitando o planejamento de uma dieta alimentar adequada para as fêmeas gestantes e a definição de uma
estratégia sanitária eficiente. Além disso, dependendo da técnica de diagnóstico utilizada, possibilita identificar
uma gestação precocemente, avaliar a viabilidade fetal, o número de fetos em uma ninhada e, adicionalmente,
permite uma estimativa bastante aproximada da idade fetal pela avaliação de suas dimensões e a avaliação do
sistema genital da fêmea. O presente trabalho revisa os métodos disponíveis mais freqüentemente utilizados para
o diagnóstico de gestação na espécie canina, como a palpação abdominal, a auscultação, a ultra-sonografia, a
radiografia e a observação de sinais externos e comportamentais, assim como métodos experimentais ou em
desenvolvimento, como a laparoscopia e as provas sorológicas.

Palavras-chave: ultra-sonografia, laparoscopia, testes sorológicos, gestação, cadela.

Abstract

Pregnancy diagnosis in bitches contributes to increase the reproductive efficiency making possible the
planning of an appropriate alimentary diet for pregnant females and the definition of an efficient sanitary
strategy. Besides, depending on the pregnancy diagnostic procedure utilized it is possible to precociously
identify a gestation, to evaluate fetal viability, the number of fetuses and, additionally, it allows the estimation of
the fetal age based on fetal measurements and the evaluation of the genital system of the female. The present
review aimed in discussing nowadays methods of pregnancy diagnosis in the canine species, as the abdominal
palpation, the auscultation, the ultrasound scan, the x-ray and the observation of external and behavior signs.
Experimental or developing methods, as the laparoscopy and serologic tests will also be approached.

Keywords: ultrasonography, laparoscopy, serologic tests, pregnancy, canine.

Introdução

O manejo adequado da cadela gestante deve ser realizado em uma fase inicial para assegurar o curso
normal da gestação. Os procedimentos de diagnóstico de gestação em cadelas contribuem para aumentar a
eficiência reprodutiva desses animais, possibilitando o planejamento de uma dieta alimentar adequada para as
fêmeas gestantes e a definição de uma estratégia sanitária eficiente. Além disso, esses procedimentos
possibilitam identificar uma possível gestação precocemente, informar sobre a viabilidade fetal, o número de
fetos em uma ninhada e, adicionalmente, permite uma estimativa bastante aproximada da idade fetal pelas
dimensões fetais e a avaliação do sistema genital da fêmea (Jackson, 2005).
O diagnóstico precoce da gestação é valioso para os proprietários de cadelas de alto valor zootécnico,
pois permite modificações apropriadas no calendário de trabalho ou de exposições e a interrupção da gestação
em caso de acasalamentos acidentais (Kustritz, 2005). Além disso, a duração da gestação é altamente variável na
espécie canina, quando mensurada a partir da data do acasalamento, sendo descrita uma variação entre 59 e 72
dias (Verstegen et al., 1996). A previsão da data do parto pode ser muito inexata quando determinada a partir
desse referencial. Assim, a habilidade para predizer exatamente a duração da gestação é de importância prática
para administrar o parto ou planejar uma possível cesariana (Luvoni e Beccaglia, 2006).
A escolha de um método diagnóstico depende de vários fatores, como estágio da gestação, custo da
operação, equipamentos e mão-de-obra especializada, eficiência e rapidez do diagnóstico. Cada método possui
um período mais ou menos limitado de uso, e a maioria aumenta sua precisão com a progressão da gestação. Em
cadelas, não é possível a realização da palpação retal, objetivando o diagnóstico da gestação, como é realizado
na égua e na vaca. Além disso, o longo intervalo entre os estros, nessa espécie, não permite a utilização da
observação do não retorno ao cio como sugestivo de gestação.
Vários métodos de diagnóstico de gestação têm sido preconizados para o uso em cadelas, todavia a
grande maioria deles depende de mão-de-obra qualificada, como na execução de palpação abdominal, e no uso
de equipamentos sofisticados e, por conseqüência, de elevado custo, como: radiografia, ultra-sonografia,
laparoscopia e provas sorológicas.

_______________________________________
Recebido: 16 de agosto de 2007
Aprovado para publicação: 9 de maio de 2008
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

Na presente revisão, serão abordados os métodos disponíveis mais freqüentemente utilizados para o
diagnóstico de gestação na espécie canina, assim como os métodos utilizados experimentalmente ou em
desenvolvimento.

Alterações comportamentais e sinais externos da gestação

O exame de uma fêmea gestante permite a constatação de diversos sinais externos, como
desenvolvimento das glândulas mamárias, dilatação do abdômen, aparecimento de depósitos de gordura no
abdômen e alterações no comportamento (Verstegen et al., 1996). A precocidade no diagnóstico correto da
gestação é de grande importância, visto que os sinais externos devem ser diferenciados de uma lactação nervosa
e da presença de doenças como a piometra ou os tumores abdominais (Rachail, 1980).
O consumo alimentar aumenta em torno de 50% na segunda metade da gestação, mas algumas cadelas
podem apresentar breves períodos de apetite reduzido aproximadamente entre a terceira e a quarta semana após o
acasalamento (England, 1998). Um notável ganho de peso entre 20 a 55%, com média 36,2 ± 1,7%, é observado
gradativamente no decorrer da gestação. Porém, vale salientar que algumas cadelas em diestro não gestacional
apresentam uma redução de atividades e costumam também manifestar ganho de peso (Verstegen et al., 1996).
O desenvolvimento mamário começa a aparecer por volta do 35º dia de gestação. No entanto, mesmo
cadelas não-gestantes podem apresentar essa alteração, bem como algumas fêmeas gestantes apenas irão
manifestar o desenvolvimento mamário imediatamente próximo ao parto (Verstegen et al., 1996). Tanto as
cadelas gestantes, como as não-gestantes podem exibir mudanças comportamentais típicas de uma gestação. Esse
comportamento está geralmente associado a uma elevação da concentração de prolactina e não ocorre
especificamente durante a gestação (England, 1998).

Palpação abdominal

O método mais tradicional para o diagnóstico de gestação em cadelas é a palpação do abdômen, a qual é
incluída em qualquer exame físico rotineiro em cães. Esse procedimento permite que um examinador experiente
avalie modificações morfológicas das estruturas presentes no abdômen. O animal a ser examinado é submetido a
um jejum alimentar de seis a oito horas, ficando o mesmo em repouso e, dependendo do tamanho deste, será
utilizada uma ou as duas mãos para a palpação dos órgãos abdominais (Concannon e Yeager, 1990).
O útero não gravídico pode ser difícil de ser identificado por meio da palpação abdominal. Segundo
Carvalho (2004), com a gestação, o útero aumenta e pode ser palpado mais facilmente. No início, é possível a
detecção de um aumento inespecífico dos cornos uterinos, entretanto, quando a tensão muscular é considerável
ou quando a ninhada é pequena, a margem de erro nesse procedimento aumenta. Tomando-se por base o
momento da ovulação, as vesículas embrionárias já podem ser palpadas após 20 dias como estruturas esféricas
de cerca de 1 cm de diâmetro, normalmente espaçadas de maneira uniforme dentro do útero. Elas são mais
facilmente identificadas em animais que não têm excesso de peso. Após o trigésimo quarto dia da ocorrência da
ovulação, as vesículas não serão mais identificáveis como estruturas esféricas individualizáveis (Carvalho,
2004).
No segundo terço da gestação, a palpação abdominal apresenta uma taxa de precisão de 87-88% para
diagnóstico positivo e de 73% para o diagnóstico negativo. Os veterinários têm maior tendência a equivocar-se
com um falso-positivo. No que diz respeito à avaliação do tamanho da ninhada, a palpação abdominal apresenta
apenas 12% de segurança (Kustritz, 2005). Segundo England (1998), a execução da palpação abdominal pode
ser dificultada em cadelas obesas ou nervosas. Este mesmo autor afirma que o procedimento deva ser realizado
por volta do 30º dia de gestação, com uma acurácia próxima a 90%.

Auscultação

A detecção dos batimentos cardíacos fetais, utilizando-se um estetoscópio, apresenta-se como um


método diagnóstico de gestação (England, 1998). A freqüência dos batimentos cardíacos fetais geralmente é o
dobro da freqüência encontrada na mãe, o que facilita a sua identificação. Segundo Rachail (1980), os fetos
apresentam uma freqüência entre 180 a 240 batimentos por minuto. Considerando que os batimentos fetais são
detectados apenas durante os quinze dias finais da gestação, a auscultação é um método de diagnóstico tardio
(Verstegen et al., 1996).

Radiografia

Para o diagnóstico de gestação ser conclusivo pelo uso de radiografias, é necessário que a cadela seja
submetida previamente a um jejum alimentar de seis a oito horas e o exame não pode ocorrer antes da
mineralização do esqueleto dos fetos. De acordo com Kustritz (2005), o perigo da radiação ionizante aos fetos é
proporcional à dose recebida e à sua idade gestacional. Os fetos são muito sensíveis aos efeitos prejudiciais da

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 59
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

radiação ionizante durante a organogênese, que acontece durante o primeiro terço da gestação.
O terço final da gestação é o período mais apropriado para a execução de radiografias com o propósito
de diagnóstico de gestação em cadelas, considerando a redução de riscos para o feto. Nesse período, o método da
radiografia para o diagnóstico de gestação apresenta uma precisão de 100% (Wanke e Gobello, 2006). A
radiografia não é um indicador tão preciso de viabilidade fetal como é a ultra-sonografia. Entretanto, se os fetos
estiverem mortos por 24 horas ou mais, sinais de morte fetal como a presença de gases dentro ou ao redor do
feto, colapso do esqueleto axial ou sobreposição de ossos cranianos podem ser evidentes (Kustritz, 2005).
Devido às características do estro da cadela, esta pode ser acasalada durante um período de tempo
relativamente variável em relação aos dias de ocorrência de ovulação, por isso, o primeiro aparecimento de
mineralização óssea fetal pode variar entre os dias 43° a 54° posteriores ao acasalamento. A mineralização é
evidente mais cedo em projeção laterolateral que em projeções ventrodorsais (Wanke e Gobello, 2006).
De acordo com Concannon e Yeager (1990), antes de 40 dias, o útero aumentado pode ser visível na
radiografia, mas pode ser confundido com os intestinos circunvizinhos. O conteúdo do útero gestante pode ser
difícil de ser distinguido de um útero não gestante anormal, antes que se desenvolvam os esqueletos fetais. À
medida que a prenhez se aproxima do fim, o número de fetos pode ser determinado radiograficamente por meio
da contagem dos crânios fetais. Avaliações radiográficas tardias determinarão, além do diagnóstico da gestação,
o estágio de desenvolvimento fetal e a necessidade de execução de uma cesariana. Depois de 42 dias de
gestação, os crânios fetais e as colunas dorsais são visíveis na radiografa. Com o avanço da prenhez, os ossos dos
membros dianteiros ficam visíveis, seguidos pelos ossos dos membros traseiros, a pélvis e as costelas.
Finalmente, os dentes fetais ficam visíveis ao redor de 56° a 61° após a ocorrência das ovulações.
As radiografias obtidas no terço final da gestação representam a modalidade mais precisa para avaliação
do número de fetos, com uma precisão de 93%. O grau de mineralização fetal pode ser usado para avaliar idade
gestacional e predizer a data do parto. Caso os dentes fetais sejam visíveis na radiografia em projeção lateral, por
exemplo, o parto deveria iniciar-se dentro de quatro dias, em média (Wanke e Gobello, 2006).

Ultra-sonografia

A ultra-sonografia é uma modalidade segura e precisa para o diagnóstico de gestação que não apresenta
efeitos secundários nocivos, visto que as ondas acústicas são consideradas inócuas para a fêmea, o feto e o
operador (Papp e Fekete, 2003). O exame ultra-sonográfico pré-natal é uma importante ferramenta para o médico
veterinário, que pode avaliar de forma sistemática todas as fases da gestação, monitorando o crescimento fetal
por meio da sua biometria anatômica e buscando a relação do tamanho e do peso intra-uterino com o peso real ao
nascimento. Os mais importantes parâmetros medidos são os diâmetros biparietal, o torácico, a relação entre
ambos e o comprimento céfalococcígeo (Teixeira, 2002). Além disso, é uma valiosa ferramenta na avaliação de
pequenos aumentos uterinos, pois possibilita a diferenciação entre alterações patológicas e quadros gestacionais
(Gonzalez et al., 2003).
A ultra-sonografia em Modo A, ou ultra-som de amplitude profunda, bem como o Modo Doppler, não
são utilizados rotineiramente para o diagnóstico de gestação em cadelas (Carvalho, 2004; Kustritz, 2005). Por
outro lado, o Modo-B, ou ultra-som em tempo real, é uma técnica de diagnóstico por imagens não invasiva, não
ionizante, segura, e que permite o diagnóstico da gestação, a contagem do número de embriões ou fetos e a
observação direta da atividade do coração e dos movimentos embrionários ou fetais, possibilitando a avaliação
da viabilidade embrionária ou fetal e a investigação do útero e estruturas abdominais extra-reprodutivas (Cruz et
al., 2003). Para a maioria das cadelas, podem ser obtidas imagens diagnósticas com um transdutor de 5,0 MHz,
mas as cadelas de raças muito pequenas podem requerer um transdutor de 7,5 MHz (Wanke e Gobello, 2006).
Esse método apresenta uma segurança de 94-98% para a confirmação da gestação quando utilizado
entre os 24-25 dias, mas após os 28 dias do último acasalamento, a confiabilidade se eleva para 99% (Kustritz,
2005). É importante salientar que a gestação não começa necessariamente no dia do acasalamento e que os
eventos devem ser relacionados ao período de proestro ou ao período de ovulação. Na cadela, uma prenhez pode
ser o resultado de um acasalamento realizado cinco dias antes do período ovulatório ou cinco dias depois deste
(England et al., 2003).
Para proceder-se ao exame ultra-sonográfico e facilitar a visualização das imagens, o animal deve ser
submetido, previamente, ao jejum alimentar de seis horas (Jarreta, 2004). É recomendado que os animais não
urinem antes do procedimento, permitindo que o operador localize a bexiga como um ponto de referência
abdominal caudal (Wanke e Gobello, 2006).
Uma das primeiras características mostradas pela ultra-sonografia é o espessamento uterino, possível de
ser detectado já aos sete dias de gestação (England e Allen, 1990). Porém, segundo Nyland e Matoon (2005),
esse aspecto é decorrente da ação hormonal do ciclo estral que pode levar a um aumento fisiológico do útero,
totalmente inespecífico. Desse modo, recomenda-se a reavaliação para evitar falso diagnóstico, visto que o útero
gravídico e não gravídico são indistinguíveis antes da visualização das vesículas gestacionais.
O diagnóstico definitivo de gestação é empreendido pela visualização da vesícula gestacional, por volta
dos 19 dias de gestação, que se caracteriza por uma bolsa anecóica esférica (Teixeira, 2002). A vesícula possui,

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 60
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

em média, quando inicialmente detectada, 2 mm de diâmetro (England et al., 2003) e cresce cerca de 1 mm por
dia do 17º ao 30º dia (Kutzler et al., 2003). England e Allen (1990) afirmam que nesse estágio o número fetal
pode ser subestimado porque algumas vesículas gestacionais podem estar sobrepostas.
Enquanto a detecção da vesícula gestacional constitui diagnóstico para gestação, a visualização da
atividade cardíaca e a movimentação dos embriões e fetos são um indicativo de sua viabilidade (Nyland e
Matoon, 2005). A atividade cardíaca do embrião canino pode ser observada por volta dos 24-25 dias, e a
atividade motora aos 28 dias depois do acasalamento (Cruz et al., 2003). O tempo de detecção inicial dos
batimentos cardíacos depende do equipamento e da experiência do examinador. No entanto, eles nunca são
detectáveis antes do 23º dia de gestação (Concannon et al., 1990).
O coração do embrião apresenta-se com uma pequena formação regularmente pulsante (Serra e
Guimarães, 1996). A média da freqüência dos batimentos cardíacos é de 230 batimentos/min, com cerca de 214
batimentos/min aos 24-25 dias, e de 238 batimentos/min por volta de 40 dias. Normalmente, há redução desses
valores quando o momento do parto se aproxima (Carvalho, 2004). A movimentação fetal é observada cerca de
10 dias mais tarde que a detecção dos batimentos cardíacos fetais (Nyland e Matoon, 2005).
Leite (2003) registrou o acompanhamento ultra-sonográfico seriado, permitindo a observação detalhada
da cronologia dos eventos gestacionais para a raça Yorkshire Terrier, destacando o surgimento de cada
parâmetro ou estrutura evidente a cada avaliação (Tab. 1).

Tabela 1. Cronologia dos eventos gestacionais na raça Yorkshire Terrier avaliados ultra-sonograficamente,
utilizando-se os transdutores linear de 7,5 MHz e microconvexo de 5,0 MHZ, acoplados a um aparelho Pet Scop
20 (Tokimec®, Japão).
Estrutura/ parâmetro observado Visível a partir de Até
Líquido anecóico 20 dias 60 dias (–)
Sacos gestacionais 20 dias 35 dias
Embrião em forma de ponto 20 dias 30 dias
Atividade cardíaca 25 dias 60 dias (+)
Região cardíaca 25 dias 60 dias (+)
Ligamento em forma de “U” 25 dias 35 dias
Embrião bipolar 30 dias -
Órbitas oculares 30 dias 60 dias (+)
Placenta 30 dias 45 dias
Membros torácicos 30 dias 60 dias (+)
Movimento do concepto 30 dias 45 dias (+), 60 (–)
Definição de cabeça, tronco e membros 35 dias 60 dias
Cordão umbilical 35 dias 45 dias
Contorno craniano 35 dias 60 dias (+)
Bexiga e estômago 35 dias 60 dias
Membros pélvicos 35 dias 60 dias (+)
Ventrículos cerebrais 40 dias 60 dias (+)
Costelas em forma de contas 40 dias 60 dias (+)
Septos cardíacos 40 dias 60 dias (+)
Segmento da aorta torácica 40 dias 60 dias (+)
Região hepática 40 dias 60 dias (+)
Região pulmonar 40 dias 60 dias (+)
Coluna vertebral 40 dias 60 dias (+)
Sombra acústica 45 dias 60 dias (+)
Bifurcação da aorta 45 dias 60 dias
Região cervical alongada 45 dias 60 dias
Diferenciação entre tórax e abdômen 45 dias 60 dias (+)
Contorno renal 50 dias 60 dias (+)
Contorno de alças intestinais 50 dias 60 dias (+)
Definição da arquitetura renal 55 dias 60 dias (+)
Definição das camadas das alças intestinais 60 dias 60 dias (+)
Fonte: Leite, 2003.
(+) aumento gradativo de volume, definição ou intensidade até o referido período.
(–) diminuição gradativa de volume, definição ou intensidade até o referido período.

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 61
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

Segundo Konde (1988), a observação de anatomia fetal mal definida com ecodensidade amorfa, distorção do
saco gestacional e presença de material hiperecóico dentro do útero é indicativa de morte fetal. A presença de gás
dentro do estômago do feto é também sugerida como indicativo de morte fetal (Cruz et al., 2003).
A ultra-sonografia não é um método de eleição para avaliar o tamanho da ninhada. A visão restrita da
janela criada pelo transdutor e a natureza tortuosa dos cornos uterinos caninos impedem uma avaliação contínua
dos cornos individualmente. Para avaliação do número de fetos, a ultra-sonografia apresenta um valor preditivo
de 31,8 - 36,0%, com uma superestimação em pequenas ninhadas e subestimação em grandes ninhadas. Maior
segurança pode ser obtida em ninhadas de até cinco fetos (Wanke e Gobello, 2006). Um bom período para uma
tentativa de estimar o número de fetos seria entre o 25º ao 30º dia (Fritsch e Gerwing, 1996). Caso haja a necessidade
de confirmação do número exato dos conceptos, recomenda-se um exame radiográfico por volta dos 45 a 50 dias
de gestação, período em que ocorre a completa mineralização do esqueleto fetal (Nyland e Matoon, 2005).
A determinação precisa da idade gestacional por ultra-sonografia transabdominal em cadelas é muito
importante quando se quer planejar uma cesariana eletiva, tendo a segurança de que a formação fetal está
realmente concluída (Kutzler et al., 2003). Vários estudos foram realizados na tentativa de se estimar a idade
gestacional e/ou a data provável do parto a partir das mensurações obtidas, principalmente do diâmetro da
vesícula gestacional, do diâmetro biparietal, torácico e abdominal. Diferente do que acontece na espécie humana,
existem muitas raças de cães, com tamanhos e conformação anatômica diversos, além da grande variação do
tamanho da ninhada; fatores que dificultam a estimativa desejada (Carvalho, 2004).
Nyland e Mattoon (2005) descrevem uma equação para determinar a idade fetal, por meio da
mensuração dos diâmetros parietal e abdominal, usada após o 40º dia de gestação. A equação é representada pela
seguinte fórmula: [idade gestacional = (6 x diâmetro biparietal) + (3 x diâmetro abdominal) + 30], com variação
de três dias para mais ou para menos.
Luvoni e Grioni (2000) estimaram a idade gestacional por ultra-sonografia, em termos de dias para o
parto, em cadelas de pequeno e médio porte de diferentes raças. Segundo estes autores, a determinação da idade
gestacional pode ser realizada com razoável precisão, baseada principalmente nas medidas do diâmetro dos sacos
gestacionais na fase embrionária e do diâmetro biparietal na fase fetal. Correa et al. (2001) relataram que o
diâmetro dos sacos gestacionais e o diâmetro biparietal são os mais precisos indicadores da idade gestacional nas
fases embrionária e fetal, respectivamente.
De acordo com Kutzler et al. (2003), em um estudo das medidas fetais obtidas por meio de ultra-
sonografia transabdominal, a predição mais exata da data de parto foi obtida quando os fetos foram medidos aos
30 dias depois da onda pré-ovulatória de hormônio luteinizante (LH), independentemente do peso corporal ou do
tamanho da ninhada. As predições de data do parto feitas após os 39 dias de gestação usando somente as
medidas do diâmetro biparietal e o diâmetro do corpo do feto apresentaram uma precisão inferior a 50%.
Segundo Sanchez e Ferri (2002), o exame ultra-sonográfico para a estimativa do tempo gestacional pode ser
realizado em qualquer período da gestação, mas é impreciso, pois pode subestimar ou superestimar o momento
do parto.

Laparoscopia

A laparoscopia é um método diagnóstico aparentemente inócuo à manutenção da gestação, e tem sido


descrito como uma alternativa para os pequenos ruminantes (Neves et al., 2004). Segundo Verstegen et al.
(1996), em cadelas, a laparoscopia permite a visualização de dilatações pré-ampolares nos cornos uterinos
associadas a regiões de congestão hiperêmica do miométrio e hipertrofias vasculares ao 12º dia de gestação após
a onda de LH. Aos 18 dias, as dilatações uterinas contendo as vesículas características da gestação tornam-se
aparentes, sendo visualizadas inclusive por meio da ultra-sonografia. Tal qual em outras espécies, nenhum efeito
negativo é causado pelas sucessivas anestesias, e as cadelas são capazes de continuar o curso normal de sua
gestação. Entretanto, o procedimento laparoscópico com o intuito de diagnóstico gestacional tem aplicação
limitada, sendo restrito, principalmente, a estudos experimentais.

Provas sorológicas

As provas sorológicas podem diagnosticar a gestação mais precocemente que as técnicas de imagem,
mas não contribuem com informações sobre o número de fetos nem de sua viabilidade. Essas provas são úteis
em cadelas aparentemente normais, quando o ultra-som não está disponível ou tem um custo inacessível (Wanke
e Gobello, 2006).

Alterações metabólicas

Cadelas prenhes apresentam uma diminuição da concentração de creatinina sérica e de imunoglobulinas


G (IgG) aos 21 dias posteriores ao acasalamento, o que não ocorre em grupos controles não gestantes. A
creatinina sérica diminui de 25–33%, e a IgG sérica diminui de 40-45% nas cadelas gestantes (Fisher e Fisher,

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 62
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

1981). A sobreposição de valores absolutos entre os dois grupos impede o uso dessas avaliações como provas de
rotina para o diagnóstico de gestação canina (Kuniyki e Hughes, 1992).
A redução da atividade de antitrombina III foi descrita por ocorrer em cadelas gestantes, quando
comparadas a cadelas não gestantes, aos 30 dias de diestro. Nenhuma diferença quanto à protrombina ou a
tromboplastina foi identificada entre esses dois estádios reprodutivos (Gunzel-Apel et al., 1997).
As cadelas prenhes exibem uma anemia normocítica normocrômica, que começa no dia 25-30 da
gestação e é máxima ao término, havendo descrição de hematócrito de 29-35%, devendo-se avaliar a condição
física e clínica do animal, a fim de se evitar equivocar-se com um falso-positivo (Concannon, 1997). A utilidade
dessa mudança metabólica como um teste para a gestação não foi ainda estudada (Kustritz, 2005).

Dosagens hormonais

As cadelas não produzem gonadotrofinas específicas da gestação, como a gonadotrofina coriônica


humana (hCG) e a gonadotrofina coriônica eqüina (eCG).
Em todas as cadelas, a concentração sérica de progesterona permanece alta no diestro, independente de
terem sido ou não acasaladas. Esta fase lútea prolongada nos cães impede o uso da mensuração de progesterona
sérica para o diagnóstico da gestação (Johnston et al., 2001). Embora alguns estudos documentem concentrações
séricas de progesterona mais altas na fase inicial da gestação, quando comparadas a cadelas não prenhes, bem
como diferenças no padrão de secreção de progesterona, quando se comparam fêmeas férteis e estéreis, a maioria
dos autores descreve uma ausência de diferenças significativas entre as cadelas gestantes e não-gestantes. Além
disso, existe uma sobreposição dos valores absolutos entre os grupos, razão que torna impossível a interpretação
dos resultados (Kustritz, 2005). Entretanto, Gudermuth et al. (1998) demonstraram que é possível detectar um
aumento na produção ovariana de hormônios esteróides durante a gestação, como a progesterona, estradiol e
testosterona, evidenciadas pela detecção de seus metabólitos nas fezes. Esses aumentos sugerem que o corpo
lúteo (CL) de cadelas em gestação sintetiza e segrega maior quantidade desses esteróides que em cadelas não-
gestantes. Possivelmente, tais diferenças não são evidenciadas por meio das concentrações sangüíneas devido ao
aumento da hemodiluição e do metabolismo hepático desses hormônios nas cadelas gestantes.
As concentrações de estradiol-17β em cadelas gestantes apresentam um aumento de 11,01 ± 7,16 pg/ml
por volta da sétima semana de gestação, sugerindo a função do estrógeno em sensibilizar o endométrio anterior à
ação da ocitocina ao parto (Vannucchi et al., 2002). Além disso, sabe-se que a concentração total de estrógeno
na urina aumenta em 21 dias após o acasalamento nas cadelas gestantes, em comparação com cadelas não-
gestantes. Maiores estudos acerca da detecção do estrógeno urinário nas cadelas gestantes poderão resultar no
desenvolvimento de um teste comercial que possibilite a determinação da gestação canina no consultório do
veterinário ou na casa dos proprietários (Johnston et al., 2001).
A relaxina é um hormônio produzido principalmente pela placenta canina e, consequentemente, é a
substância mais próxima de um hormônio específico da gestação. Essa substância não é identificada no soro
sanguíneo durante o ciclo estral normal, na pseudogestação ou em cadelas submetidas à histerectomia. Já na
fêmea gestante, tanto a placenta quanto os ovários secretam relaxina, sendo que a contribuição da placenta é
proporcionalmente maior na obtenção do nível sérico total. A relaxina imunorreativa é detectada inicialmente no
soro a partir do 18º dia de gestação, alcançando o nível máximo por volta da sexta e oitava semanas. No parto ou
logo antes do aborto espontâneo, a relaxina sérica diminui para níveis indeterminados, demonstrando que a
mesma atua como um indicador potencialmente útil para monitorar o início do parto nessa espécie (Klonisch et
al., 1999). Entretanto, esse aumento de relaxina não se correlaciona com o tamanho da ninhada ou com o peso
corporal da cadela (Einspanier et al., 2002). Nos Estados Unidos, é possível a aquisição no comércio de um teste
para mensuração da concentração de relaxina que permite a diferenciação entre cadelas gestantes e não-
gestantes. O seu uso é indicado para o 24º dia após o acasalamento (Witness™, Synbiotics Corporation, San
Diego, CA, USA). Qualquer resultado negativo deve ser reavaliado depois de uma semana. Podem também
ocorrer falsos-positivos se a prova for realizada pouco tempo após a perda da gestação. Esse teste não pode ser
usado para calcular tamanho da ninhada e nem é sensível o bastante para reconhecer estresse fetal ou perda de
gestação (Wanke e Gobello, 2006).
Nas cadelas não-gestantes, ocorre uma elevação dos níveis séricos de prolactina na metade do diestro.
Porém, uma elevação significativamente maior desse hormônio ocorre em cadelas gestantes a partir da segunda
metade da gestação, sendo esta considerada um hormônio luteotrófico a partir desse período (Jochle, 1997). O
pico da prolactina ocorre no parto seguido por um declínio abrupto por dois dias e novo aumento, quando a
lactação é estabelecida (Onclin e Verstegen, 1997). Apesar dessa diferença entre fêmeas gestantes e não-
gestantes, atualmente não existem testes comerciais disponíveis para a mensuração da prolactina sérica como
meio diagnóstico da gestação.

Dosagem de proteínas de fase aguda

A análise das proteínas de fase aguda como um método para diagnóstico de gestação foi proposta

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 63
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

inicialmente por Kuniyuki e Hughes (1992), e a sua eficácia foi confirmada por vários investigadores (Evans e
Anderton, 1992; Eckersall et al., 1993; Concannon et al., 1996). Essa análise pode ser uma alternativa para
veterinários com dificuldades de proceder à palpação abdominal ou quando o ultra-som de boa resolução e
equipamento de radiografia não estão disponíveis. Além disso, esse método pode ser usado como uma
ferramenta para diagnóstico de morte fetal e reabsorção (Vannucchi et al., 2002).
Mudanças nas concentrações sorológicas de várias proteínas de fase aguda, incluindo a proteína C-
reactiva (CRP), glicoproteína ácida, fibrinogênio, heptoglobina, ceruloplasmina, seromucóide e alfa-globulina
foram descritas durante a gestação de cadelas (Vannucchi et al., 2002; Kuribayashi et al., 2003a, b). Essas
substâncias apresentam as vantagens de não serem suscetíveis a estímulos transitórios externos, como excitação
e tensão (Solter et al., 1991).
A proteína C-reativa atinge concentrações máximas na metade da gestação e eleva-se significativamente
em 78% das cadelas gestantes. Kuribayashi et al. (2003a) estudaram as concentrações fisiológicas de proteína C-
reativa em cães Beagles saudáveis de diferentes idades e em cadelas gestantes. As concentrações séricas da
proteína C-reativa foram de 7,9 ± 3.4 µg/ml no macho, 8,3 ± 4,0 µg/ml nas fêmeas não-gestantes e de 77,5 ± 7,1
µg/ml aos 30 ou 45 dias depois de ovulação nas cadelas gestantes.
Ensaios para a mensuração do fibrinogênio como um método diagnóstico de gestação têm mostrado
uma acurácia em torno de 98% (Johnston et al., 2001). A gestação pode, então, ser diagnosticada a partir da
quinta semana com concentrações de fibrinogênio maiores que 300 ± 129 mg/dl (Vannuchi et al., 2002). O pico
de fibrinogênio na quinta semana e durante o parto também foi descrito por Gentry e Liptrap (1981, 1988).
Apenas nas cadelas gestantes, verifica-se um aumento significativo nos níveis de heptoglobina sérica, a
qual atinge valores acima de 112,42 mg/dl entre a terceira e a quarta semana de gestação (Vannuchi et al., 2002).
Analisando a concentração de alfa-globulina, a gestação pode ser diagnosticada no 21º dia posterior ao pico de
LH, quando as concentrações devem estar acima de 0,61 ± 0,16 g/dl. De acordo com Harvey e West (1987), o
aumento na concentração de alfa-globulina em cadelas está em grande parte associado ao aumento de
heptoglobina.
Durante a segunda semana de gestação, verifica-se um aumento significativo da ordem de 100% de
ceruloplasmina exclusivamente em cadelas gestantes, quando comparadas a cadelas não-gestantes. Esse pico
poderia ser o resultado da invasão embrionária no endométrio (Vannucchi et al., 2002). Durante a semana
preparatória prévia ao parto, ocorre um aumento na concentração de ceruloplasmina mais uma vez, indicando
readaptação orgânica ao parto (Jain, 1986; Eckersall e Conner, 1988; Gruys et al., 1994).
A proteína seromucóide é extensamente usada em medicina humana para monitorar terapias de
neoplasia, embora também sejam atingidas concentrações altas em processos inflamatórios ou infecciosos
(Conner et al., 1988; Sevelius e Andersson, 1995). Vannuchi et al. (2002) demonstraram que as concentrações
dessa proteína aumentam significativamente na metade da gestação de cadelas, não sendo, assim, uma variável
satisfatória para o diagnóstico precoce da gestação.
As glicoproteínas representam a totalidade de proteínas de fase aguda produzidas pelo fígado (Jain,
1986; Conner et al., 1988; Eckersall e Conner, 1988). Segundo Vannuchi et al. (2002), a concentração de
glicoproteínas diferiu significativamente entre cadelas gestantes e não-gestantes no 21º dia após o pico de LH.
Essas concentrações aumentaram gradualmente em cadelas gestantes, alcançando o pico (1,2 vezes o valor
inicial) durante a sexta semana de gestação. Dessa forma, as concentrações dessas proteínas acima de 13,67%
podem sugerir gestação positiva para cadelas.
Em resumo, as proteínas de fase aguda podem ser usadas como um teste de gestação precoce para
cadelas a partir do 14° dia de gestação pela análise de heptoglobina, ou a partir do 21° dia pela análise da
ceruloplasmina, da glicoproteína e da alfa-globulina. A mensuração das concentrações de fibrinogênio e proteína
C-reativa já é utilizada como teste de diagnóstico de gestação canina, estando disponíveis no comércio kits na
Europa e Estados Unidos (Vannucchi et al., 2002).
Vale ressaltar que as proteínas de fase aguda são moléculas liberadas durante a gestação e na presença
de enfermidades inflamatórias em cadelas (Conner et al, 1988). Produzidas no fígado, essas proteínas são
avaliadas em exames clínicos, porque se acredita que sejam indicadores mais seguros de resposta sistêmica para
processos inflamatórios ou infecciosos (Jain, 1986). Para Vannucchi et al. (2002), essa técnica é somente válida
quando os animais são comprovadamente saudáveis, caso contrário, resultados falso-positivos podem ser
obtidos. Dessa forma, é importante verificar a condição de saúde das cadelas por meio de uma completa
avaliação clínica, e é necessário se ter certeza da ausência de processo infeccioso ou inflamatório agudo.

Considerações finais

A existência de diferentes métodos de diagnóstico de gestação em cadelas representa uma vantagem


para quem milita com essa espécie além de certos métodos poderem ter aplicações diferenciadas. De um modo
geral, a ultra-sonografia é sugerida como o método de eleição. O uso da ultra-sonografia permite a obtenção de
informações precoces e mais abrangentes, tanto em relação às condições fetais como maternas, permitindo a
avaliação da viabilidade do concepto, o monitoramento do desenvolvimento fetal, a estimação da data de parto,

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 64
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

tornando mais seguro o acompanhamento da gestação. Além disso, o seu uso permite detectar doenças do trato
reprodutivo feminino e a avaliação da saúde do animal.
Por outro lado, a palpação abdominal é o método mais usual em decorrência da facilidade de realização
e da ausência de custo do procedimento. Já para avaliação do número de fetos, a radiografia é o método mais
aconselhável, sendo a alternativa para clientes que desejam comercializar a ninhada antes do parto e, também, é
a alternativa para o médico veterinário avaliar o posicionamento desses fetos, optando pela cesariana, caso
necessário.
As avaliações sorológicas durante a gestação são uma alternativa. Estudos nesta área de conhecimento
continuam sendo feitos e poderão fornecer informações adicionais sobre os eventos fisiológicos relacionados à
evolução da gestação na cadela. O diagnóstico por meio de provas sorológicas tem todo potencial para se tornar
o método mais prático e de fácil acesso para a detecção de prenhez, desde que estejam disponíveis no mercado
kits para a espécie canina para a mensuração dos níveis sorológicos das moléculas de interesse.

Referências

Carvalho CF. Ultra-sonografia em pequenos animais. São Paulo: Roca, 2004. 365p.
Concannon PW. A review for breeding management and artificial insemination with chilled or frozen semen.
In: Canine Male Reproduction Symposium, 1, 1997, Quebec. Proceedings… Quebec: Society for
Theriogenology, 1997. p.1-17.
Concannon PW, Gimpel T, Newton L, Castracane D. Postimplantation increase in plasma fibrinogen
concentration with increase in relaxin concentration in pregnant dogs. Am J Vet Res, v.57, p.1382-1385, 1996.
Concannon PW, Yeager AE. Endocrine, ultrasonographic, radiographic and clinical changes during pregnancy,
parturition and lactati on in dogs. In: Annual Meeting of Society for Theriogenology, 1990, San Diego.
Proceedings… San Diego:Society for Theriogenology, 1990. p.197-223.
Conner JG, Eckersall PD, Ferguson J, Douglas TA. Acute-phase response in the dog following surgical
trauma. Res Vet Sci, v.45, p.107-110, 1988.
Correa CN, Correa MJM, Carvvalho RG, Souza WM. Estudo anatômico em cadelas da raça rottweiller nas
diversas fases da gestação. Rev Bras Reprod Anim, v.25, p.162-163, 2001.
Cruz RJ, Alvarado MS, Sandoval JE. Ultrasonographic diagnosis of embryonic and fetal death in bitches. Vet
Mex, v.34, p.203-216, 2003.
Eckersall PD, Conner JG. Bovine and canine acute-phase proteins. Vet Res Com, v.12, p.169-178, 1988.
Eckersall PD, Harvey MJA, Ferguson JM, Renton JP, NIckson DA, Boyd JS. Acute-phase proteins in
canine pregnancy (Canis familiaris). J Reprod Fertil, v.47, p.159-164, 1993.
Einspanier A, Bunck C, Salpigtidou P, Marten A, Fuhrmann K, HOppen HO, Gunzel-Apel AR. Relaxin:
an important indicator of canine pregnancy. Dtsch Tierarztl Wochenschr, v.109, p.8-12, 2002.
England CGW. Pregnancy diagnosis, abnormalities of pregnancy and pregnancy termination. In: Simpson G,
England GCW, Harvey M. (Ed.). Manual of small animal reproduction and neonatology. Cheltenham: BSAVA,
1998. p.113-126.
England CGW, Allen WE. Diagnosis of pregnancy and piometra in the bitch using real-time ultrasonography.
Vet Annual, v.30, p.217-222, 1990.
England CGW, Yeger AE, Concannon PW. Ultrasound imaging of the reproductive tract of the bitch. In:
Concannon PW, England CGW, Verstegen J, Linde-Forsberg C. (Ed.). Recent advances in small animal
reproduction. Ithaca: International Veterinary Information Service, 2003. Disponível em: www.ivis.org. Acesso
em 10/07/2007.
Evans JM, Anderton DJ. Pregnancy diagnosis in the bitch: the development of a test based on the measurement
of acute-phase proteins in the blood. Ann Zootech, v.41, p.397-405, 1992.
Fischer TM, Fisher DR. Serum assay for canine pregnancy testing. Mod Vet Pract, v.62, p.466, 1981.
Fritsch R, Gerwing M. Ecografia de perros y gatos. Zaragoza: Editorial Acribia, 1996. 248p.
Gentry PA, Liptrap RM. Influence of progesterone and pregnancy on canine fibrinogen values. J Small Anim
Pract, v.22, p.185-194, 1981.
Gentry PA, Liptrap RM. Comparative hemostatic protein alterations accompanying pregnancy and parturition.
Can J Physiol Pharmac, v.66, p.671-678, 1988.
Gonzalez JRM, Salgado AB, Faustino M, Iwasaki M. Estudo comparativo entre a radiologia e a ultra-
sonografia no diagnóstico da piometra. Clin Vet, n.44, p.36-44, 2003.
Gruys E, Obwolo MJ, Toussaint MJM. Diagnostic significance of the major acute-phase proteins in veterinary
clinical chemistry: a review. Vet Bull, v.64, p.1009-1018, 1994.
Gudermuth DF, Concannon PW, Daels PF, Lasley BL. Pregnancy-specific elevations in fecal concentrations
of estradiol, testosterone and progesterone in the domestic dog (Canis familiaris). Theriogenology, v.50, p.237-
248, 1998.
Gunzel-Apel AR, Hayer M, Mischke R. Dynamics of haemostasis during the oestrus cycle and pregnancy in
bitches. J Reprod Fertil, v.51, p.185-193, 1997.

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 65
Freitas e Silva. Diagnóstico de gestação em cadelas.

Harvey JW, West CL. Prednisone-induced increases in serum alpha-2-globulin and haptoglobin concentrations
in dogs. Vet Pathol, v.24, p.90-92, 1987.
Jackson PGG. Obstetrícia veterinária. São Paulo: Roca, 2005. 328p.
Jain NC. The plasma proteins, dysproteinemias and immune deficiency. In: Jain EC (Ed.). Schalm’s veterinary
hematology. Phialdelphia: Lea & Febiger, 1986. p.940-1039.
Jarreta GB. Ultra-sonografia do aparelho reprodutor feminino. In: Carvalho CF. Ultra-sonografia em pequenos
animais. São Paulo: Roca, 2004. p.181-206.
Jochle W. Prolactin in canine and feline reproduction. Reprod Dom Anim, v.32, p.183-193, 1997.
Johnston SD, Kustritz MVR, Olson PNS. Canine and feline theriogenology. Philadelphia: WB Saunders,
2001. 592p.
Klonisch T, Hombach-Klonisch S, Froelhlich C, Kauffold J, Steger K, Seinetz BG, Fischer B. Canine
preprorelaxin: nucleic acid sequence and localization within the canine placenta. Biol Reprod, v.60, p.551-557,
1999.
Konde L. Diagnostic ultrasound in canine pregnancy and uterine disease. In: Annual Meeting of Society for
Theriogenology, 1988, Orlando. Proceedings… Orlando: Society for Theriogenology, 1988. p.247-249.
Kuniyki AH, Hughes MJ. Pregnancy diagnosis by biochemical assay. Prob Vet Med, v.4, p.505-530, 1992.
Kuribayashi T, Shimada T, Matsumoto M, Kawato K, Honjyo T, Fukuyama M, Yamamoto Y, Yamamoto
S. Determination of serum C-Reactive Protein (CRP) in healthy beagle dogs of various ages and pregnant beagle
dogs. Exp Anim, v.52, p.387-390, 2003a.
Kuribayashi T, Shimizu M, Shimada T, Honjyo T, Yamamoto Y, Yamamoto S. Alpha 1-Acid Glycoprotein
(AAG) levels in healthy and pregnant beagle dogs. Exp Anim, v.52, p.377-381, 2003b.
Kutzler MA, Mohammed HO, Lamb SV, Meyers-Wallen CN. Accuracy of canine parturition date prediction
using fetal measurements obtained by ultrasonography. Theriogenology, v.60, p.1309-1317, 2003.
Kustritz MVR. Pregnancy diagnosis and abnormalities of pregnancy in the dog. Theriogenology, v.64, p.755-
765, 2005.
Leite LB. Acompanhamento gestacional em cadelas das raças yorkshire terrier e boxer por ultra-sonografia.
2003. 67f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de
Veterinária, Fortaleza, 2003.
Luvoni GC, Beccagglia M. The prediction of parturition date in canine pregnancy. Reprod Dom Anim, v.41,
p.27-32, 2006.
Luvoni GC, Grioni A. Determination of gestacional age in medium and small size bitches using
ultrasonographic fetal measurements. J Small Anim Pract, v.41, p.292-294, 2000.
Neves JP, Lima PF, Guido SI. Diagnóstico de gestação por laparoscopia. In: Santos MHB, Oliveira MAL,
Lima PF. (Ed.) Diagnóstico de gestação na cabra e na ovelha. São Paulo: Varela, 2004. p.41-46.
Nyland TG, Matton JS. Ultra-som diagnóstico em pequenos animais. São Paulo: Roca, 2005. 469p.
Onclin K, Verstegen JP. Secretion patterns of plasma prolactin and progesterone in pregnant compared with
nonpregnant diestrous beagle bitches. J Reprod Fertil Suppl, n.51, p.203-208, 1997.
Papp Z, Fekete T. The evolving role of ultrasound in obstetrics/gynecology practice. Int J Gynec Obst, v.82,
p.339-346, 2003.
Rachail M. Diagnostic de gestation chez les carnivores domestiques. Point Vét, v.10, p.77-81, 1980,
Sanchez ST, Ferri RC. Reconhecimento e considerações da distocia em fêmeas da espécie canina: revisão. Clin
Vet, n.41, p.38-46, 2002.
Serra EG, Guimarães KS. Avaliação ultra-sonográfica da gestação na espécie canina. Clin Vet, n.5, p.18-19,
1996.
Seveluis E, Andersson M. Serum protein electrophoresis as a prognostic marker of chronic liver disease in
dogs. Vet Rec, v.137, p.663-667, 1995.
Solter PF, Hoffmann WE, Hungerford L, Siegel JP, Denis SHS, Dorner JL. Haptoglobin and ceruloplasmin
as determinants of inflammation in dogs. Am J Vet Res, v.52, p.1738-1742, 1991.
Teixeira MJD. Utilização da ultra-sonografia para determinação da idade gestacional em cadelas. Rev Bras
Reprod Anim Supl, n.5, p.50-52, 2002.
Vanucchi CI, Mirandola RM, Oliveira CM. Acute-phase protein profile during gestation and diestrous:
proposal for an early pregnancy test in bitches. Anim Reprod Sci, v.74, p.87-99, 2002.
Verstegen J, Silva LDM, Onclin K. Mise au point sur le diagnostic de gestation chez les carnivores
domestiques. Ann Med Vet, v.140, p.81-98, 1996.
Wanke MM, Gobello C. Reproduccion en caninos y felinos domesticos. Buenos Aires: Inter-Medica, 2006.
328p.

Rev Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.32, n.1, p.58-66, jan./mar. 2008. Disponível em www.cbra.org.br 66

Você também pode gostar