Artigo 6
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RESUMO
Introdução: Diante da demanda cada vez maior de um rebanho de dupla aptidão, os bovinos
estão cada vez mais precoces, acarretando em distocias que podem ser de origem fetal,
problema comum como é a estática fetal ou materna decorrentes de atonia ou hipertrofia
uterina. As distocias acabam acarretando desde um ligeiro atraso no parto até a incapacidade
de parir, sendo necessária a intervenção de um médico veterinário com a realização de uma
cesariana. Objetivo: Analisar as principais causas e identificação dos partos distócicos,
realizando o procedimento cesariano, visando sempre a melhor opção para assegurar a vida do
feto e da mãe. Material e Métodos: Este trabalho consiste em descrever um relato de caso de
uma cesária de um bovino fêmea da raça Holandesa, de uma propriedade rural no município
de Coromandel. No pós-operatório foi indicada soroterapia, antibióticos, analgésicos e anti-
inflamatório. Resultado e Discussão: Através do relato de caso, analisando a anamnese e
exame clínico geral, verificou que o feto encontra em apresentação transversal horizontal com
membros fletidos, levando assim ao procedimento cirúrgico. Diversas técnicas podem ser
adotadas, como incisão pelo flanco ou paralombar esquerda, incisão paramediana, e incisão
pelo flanco esquerdo. Conclusão: Portanto cada caso deve ser analisado com cuidado, para
identificar qual procedimento adequado aplicar. Assim ocorrendo parto distócico, conforme
relato, há uma necessidade primordial de uma intervenção humana, visando o bem-estar
animal.
1
Graduanda do curso de Medicina Veterinária (Faculdade Cidade de Coromandel – FCC),
Coromandel, Minas Gerais, Brasil.
2
Docente do Curso de Medicina Veterinária (FCC e UNICERP), Coromandel e Patrocínio, Minas
Gerais, Brasil. E-mail: andressa.zoo@yahoo.com
3
Docente do Curso de Medicina Veterinária (UNICERP), Patrocínio, Minas Gerais, Brasil.
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ABSTRACT
Introduction: In view of the increasing demand of a dual-fit herd, cattle are increasingly
precocious, resulting in dystocias that may be of fetal origin, a common problem such as fetal
or maternal static resulting from uterine atony or hypertrophy. Dystocias end up leading from
a slight delay in delivery to the inability to give birth, requiring the intervention of a
veterinarian with a cesarean section. Objective: To analyze the main causes and identification
of dystocic births, performing the cesarean procedure, always aiming at the best option to
ensure the life of the fetus and the mother. Material and Methods: This work consists of
describing a case report of a cesarean section of a female Holstein bovine, from a rural
property in the municipality of Coromandel.Postoperatively, serotherapy, antibiotics,
analgesics and anti-inflammatory drugs are indicated. Result and Discussion: Through a case
report analyzing the anamnesis and general clinical examination, he found that the fetus is in
horizontal cross-section with flexed limbs, thus leading to the surgical procedure. Several
techniques can be adopted, such as incision by the left flank or paralombar, paramedian
incision, and incision by the left flank. Conclusion: Therefore, each case must be carefully
analyzed to identify which procedure to apply. Thus occurring dystocic delivery, as reported,
there is a primary need for human intervention, aiming at animal welfare.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
seguida com padrão simples contínuo. As camadas da musculatura também foram suturadas
com padrão simples contínuo e a pele com sutura de Wolff.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a palpação retal, foi possível verificar que o feto se encontrava em apresentação
transversal horizontal, posição esterno-abdominal ventral céfalo-ilíaco esquerdo com
membros fletidos (Figura 1). O feto se encontrava vivo, e para evitar maiores danos ao
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bezerro e a novilha, foi realizado o procedimento mais indicado sendo assim, a cesariana.
Para tanto, a cesariana consiste numa incisão no útero para retirada do feto onde
devido às circunstâncias não ocorreu um parto normal, podendo ser pelo tamanho do feto ou
posição incorreta (TONIOLLO et al., 2003, p.24).
Devido às condições onde se encontrava o feto dentro do útero da vaca, após
realização dos exames físicos necessários, verificamos a posição inadequada do feto
comparando a estática fetal ele se encontrava na posição transversal, com os membros fletidos
e dificultando a expulsão natural, depois de algumas manobras realizadas pelo medico
veterinário para feto em posição correta e não obtendo sucesso, optou se pela cesariana, como
procedimento adequado para retirada do bezerro.
Para Campbell e Fubini (1990), a cesariana deve ser realizada com o animal em
posição quadrupedal ou em decúbito diante de condições que colocariam a vida da mãe ou do
feto em risco.
Após analisar as condições físicas e clinicas do animal, aderiu-se a melhor técnica a
ser utilizada, visando segurança e prezando a vida da mãe e o feto, sendo assim, realizado o
procedimento cirúrgico, contendo o animal dentro de um brete para melhor proceder ao
manuseio, contendo seus membros com cordas, o posicionamos em decúbito lateral direito.
Sendo a posição de predileção por alguns médicos veterinários. A posição visa maior
tranquilidade e segurança diante das circunstancias apresentada pelo animal.
A técnica eleita para a realização da cesariana foi a decúbito lateral direito com incisão
pelo flanco esquerdo.
Prestes e Alvarenga (2006), citam que o método adequado para o conforto e
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segurança do animal é a posição de decúbito lateral direito com incisão pelo flanco esquerdo,
para localizar o útero com maior facilidade e assim fazer a retirada do bezerro sem maiores
complicações.
Mediante o procedimento cirúrgico, a técnica escolhida com incisão pelo flanco
esquerdo, foi realizada com maior praticidade pelo medico veterinário, devido a posição em
que se encontrava o feto. A retirada do feto do útero foi realizada com maior facilidade e
menor risco de vida a ele. Trouxe maior segurança para realização da técnica em campo.
Hoeben et al., 1997 cita que, apesar da Xilazina ser o sedativo mais empregado em
bovinos, o seu uso em cesarianas é limitado, pois causa aumento da tensão uterina,
dificultando a manipulação e exteriorização do útero, devendo ser utilizada em último caso
em animais de difícil manipulação.
A técnica empregada de anestesia depende do acesso cirúrgico escolhido e da
preferência do cirurgião, utilizamos a técnica pela epidural, com xilocaína diluída em soro
fisiológico para tranquilizar o animal que se encontrava alterado. Realizamos a anestesia
local, com lidocaína 2%, com L invertido, pegando principalmente os nervos sacrais, para
melhor acesso ao útero e retirada do feto com seguridade.
Também pode ser realizada com incisão pelo flanco ou paralombar esquerda e incisão
paramediana ventral, além de incisão pelo flanco direito em casos de distensão do rumem
(TURNER et al., 2002).
As verificações da estática fetal e das condições da mãe são extrema importância, para
decidir qual melhor técnica a ser empregada. O acesso pelo flanco esquerdo é o mais
observado. Esse acesso é preferível porque o rúmen reduz a chance de evisceração das alças
intestinais. Animais com distensão no rúmen o método cirúrgico realizado não pode ser o
mesmo de eleição, com incisão pelo flanco esquerdo. O método que utilizamos foi adequado
mediante as circunstancia que se entrava a vaca e o feto, assegurando a vida de ambos.
Após a identificação do útero, a porção uterina que contém um membro do feto é
trazida para fora da cavidade abdominal. A incisão é feita na altura do joelho e estende-se em
direção ao casco do feto. A incisão uterina, assim como a abdominal, deve ser grande o
suficiente para permitir a remoção segura do feto, evitando-se a distensão ou lesão do
miométrio; ela também deve ser realizada ao longo da curvatura maior do útero, evitando-se
assim as carúnculas e grandes vasos sanguíneos. Enquanto o cirurgião sustenta o útero, as
correntes obstétricas são fixadas por auxiliares, e o feto removido (DEHGHANI &
FERGUSON, 1982; DAWSON & MURRAY, 1992).
Após incisão pelo flanco e divulsão da musculatura, localizamos o útero na porção da
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curvatura maior realizamos uma incisão com cerca de 30cm, avistando a cabeça do feto, já
saindo do útero, localizando os membros e retirando-o totalmente. Após retirada voltamos os
restos placentários para dentro da cavidade, posteriormente realizamos a limpeza da região e a
suturação.
As posteriores suturas podem variar quanto ao padrão e fio de sutura utilizados. Para o
útero, recomenda-se uma sutura dupla, padrão invaginante (Utrecht ou Cushing) e fio
absorvível. Para a parede abdominal, a sutura é realizada em duas ou três camadas, e
normalmente utiliza-se o padrão simples contínuo (NEWMAN, 2008; NEWMAN &
ANDERSON, 2005).
A sutura inicial na curvatura maior foi com o fio absorvível, padrão invaginante, com
aplicação da sutura de Utrecht, podendo ser empregada a Cushing, visando maior seguridade
realizamos ainda uma sutura dupla com o padrão simples continuo. A musculatura suturamos
com padrão simples continuo com três camadas, e a pele com a sutura de Wolff. A suturação
deve ser realizada com os pontos bem firmes e seguros para que não tenha nenhuma aderência
e possível rompimento deles no local da cirurgia.
É importante saber que a retenção placentária é um evento fisiologicamente esperado.
Ela é patológica, quando a sua expulsão não é observada dentro de doze horas após o parto
(YOUNGQUIST, 2007). Além de ser um fator de risco para a ocorrência de
metrite/endometrite no pós-parto, e ter um efeito direto sobre a condição reprodutiva do
animal, essa enfermidade representa um prejuízo anual de 16 milhões de libras em perdas com
produção leiteira no Reino Unido (CATTELL & DOBSON, 1990). A administração de
PGF2α imediatamente após o parto reduz a incidência de retenção placentária de 91% para
9% (YOUNGQUIST, 2007).
O pós-operatório foi realizado com cuidados adequados para que a vaca se recuperasse
com precisão. Aplicamos antibióticos de amplo espectro para impedir que alguma bactéria
alojasse no organismo, aplicação de soroterapia rica em vitaminas e sais minerais, para
recompor as vitaminas perdidas. A aplicação de dipirona, como analgesia para amenizar as
dores ao voltar da anestesia. Apesar de alguns médicos veterinários não utilizarem a dipirona,
e sim buscopan, pois a dipirona diminui as contrações uterinas. O anti-inflamatório a base de
Meloxicam foi aplicado com intuito de prevenir possíveis inflamações.
Apesar de não termos feito a administração de PGF2α, que é importante para expulsão
dos restos placentários que ficam dentro da cavidade, a vaca atendida conseguiu realisar a
expulsão dos restos placentários, caso os restos não tivessem sido expulsados trariam serias
complicações pós-cirúrgicas, podendo o animal vir a óbito. Tiveram um prognostico
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
HOEBEN, D., et al. Factors Influencing complications during caesarean section on the
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MEIJERING, A. 1984. Dystocia and stillbirth in cattle – a review of causes, relations and
implications. Livestock Production Science. V. 11. 143-177.
NEWMAN, K.D. Bovine Cesarean Section in the Field. Vet. Clin. Food Anim., v.24, p.273-
293, 2008.
NEWMAN, K.D., ANDERSON, D.E. Cesarean Section in Cows. Vet. Clin. Food Anim.,
v.21, p.73-100, 2005.