Revisão de Literatura Estomatologia

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UNIVERSIDADE DE VASSOURAS – POLO SAQUAREMA

REVISÃO DE LITERATURA ESTOMATOLOGIA

ODONTODISPLASIA REGIONAL, DENTE DE HUTCHINSON E DISPLÁSIA DENTINÁRIA.

Uma breve revisão de literatura a


cerca das anomalisas dentárias,
apresentado em aula na matéria de
ESTOMATOLOGIA Profª Simone.

GRADUANDOS:

A anomalia dentária é definida como alterações decorrentes de vários fatores etiológicos que surgem durante o
desenvolvimento dentário ou adquiridas durante a vida. Sendo caracterizado então como alterações que ocorrem
na estrutura dentária devido a distúrbios no processo de odontogênese, ocorrendo também no processo intra
uterino (passado da mãe para o filho durante a gestação), acometendo a dentição permanente da criança, sendo
predominante também na dentição decídua.

Odontodisplasia Regional, é uma anomalia que envolve os tecidos dentários com origem no ectodérmico e
mesodérmica, envolve tanto a dentição decídua quanto a permanente. São não-hereditária, e afetam o
desenvolvimento do esmalte e dentina. Afeta mais o quadrante da maxila, e é predominante mais no sexo feminino,
do que no masculino. De acordo com a literatura a origem dessa anomalia é incerta, no entanto existem fatores que
contribuem, como drogas, infecções, desordens circulatórias, vírus no germe dentário entre outros. No entanto
ainda não existe teoria capaz de explicar essa anormalidade.

Os dentes afetados possuem coloração castanha ou amarelada, quebradiços e com manchas por não terem
a quantidade adequada de cálcio e fosfato necessários para seu desenvolvimento (hipocalcificados), são
hipoplásicos, ou seja, o esmalte dentário não se desenvolve adequadamente, se tornando dentes com
espessuras mais finas e propensas a danos. São dentes defeituosos, geralmente pequenos e mais
susceptíveis à cárie dental. A crista alveolar nos dentes afetados se apresenta aumentada e coberta por um
tecido fibroso. A irrupção dos dentes pode ser retardada ou não ocorrer. Os pacientes que apresentam essa
condição podem ter sintomas como: edema gengival, gengivite e alguns pacientes podem relatar dor e
abscesso na área afetada, em decorrência do acesso bacteriano à polpa através de trincas no esmalte e da
dentina defeituosa.

Radiograficamente, o dente afetado apresenta um contorno tênue criando a aparência de dente fantasma
devido à reduzida radiodensidade das finas camadas de esmalte e dentina. O esmalte e a dentina são finos,
não existe um contraste entre eles e possuem uma câmara pulpar aumentada, raízes curtas são presentes e
os ápices podem estar em desenvolvimento, o que resulta em aparência difusa dando esse aspecto de
“dente fantasma”. Frequentemente, calcificações pulpares são identificadas na polpa coronária e lesões
periapicais crônicas ou agudas podem se desenvolver em associação com os dentes afetados.

Histologicamente, o esmalte se apresenta com densidade variável e superfície irregular. Há uma redução na
dentina, alargamento da camada de pré-dentina, grandes áreas de dentina interglobular e um padrão
tubular irregular da dentina. Notando-se também necrose pulpar como resultado da comunicação com a
cavidade oral através das trincas na camada de dentina. O epitélio reduzido do esmalte, ao redor dos dentes
não irrompidos, apresenta corpos calcificados irregulares.

Figura 1 Características clínicas, os dentes decíduos de 71 a 75 com alteração de cor amarelo ou acastanhado, como consequência do esmalte hipomineralizado e
hipoplásico. Além disso, os dentes 74 e 75 observam-se com cáries na face oclusal, abcesso periodontal e presença de aumento gengival. Figura 2 Radiografia
panorâmica, na seta amarela, observa-se a porção do terceiro quadrante envolvida, a reduzida mineralização (hipoplasia) do esmalte e dentina nos dentes decíduos de
71 a 75, assim como também os germes dos dentes permanentes 31 a 35 quando comparado ao quadrante oposto, compatível com Odontodisplasia Regional. O dente
36 em irrupção e o germe do 37 encontram-se com seus tecidos dentro dos padrões de normalidade.

Dente de Hutchinson, é uma anomalia passada da mãe para o filho durante o processo de
gestação, decorrente da sífilis congênita causada pelo ´Treponema pallidum’ que se
desenvolve pela via transplacentária, seu diagnóstico é tardio, sendo realizado dois ou mais
anos após o nascimento. Estas anomalias dentárias surgem como consequência do
desenvolvimento de um esmalte hipoplásico, promovido pela Sífilis Congénita. Sendo uma
consequência da sífilis congênita, que provoca alterações no formato e tamanho dos dentes.
Existem várias características clínicas relacionada a sifilis, diversos sinais precoces
decorrentes da doença são descritos na literatura, dentro da odontologia a lesão de tríade de
Hutchinson (queratite intersticial, surdez sensorineural e deformidades dentárias).
Essas características se tornam aparentes após os 5 anos de idade, nos dentes permanentes.
Eles não se desenvolvem na dentição decídua, ou seja, não se manifestam nos dentes de leite
da criança, aparecendo apenas com a formação da arcada permanente. Os molares se
apresentam com projeções bulbosas na superfície do dente e estreitamento do terço oclusal,
sendo chamados de molares em amora ou molares de Moon. Já os incisivos superiores podem
apresentar um aumento do diâmetro mésio-distal no terço médio e ausência do lóbulo central
de desenvolvimento, de forma que se assemelhem a um barril ou a uma chave de fenda,
sendo denominados incisivos de Hutchinson O diagnóstico é realizado através de exames
clínicos, físico, anamnésico e sorológico da situação materna, além de avaliações laboratoriais
e de estudos de imagem na criança. A maioria das crianças infectadas que sobrevivem até
um ano de idade sem tratamento adequado evolui para sífilis latente e posteriormente para a
sífilis terciária. Estes casos ocorrem, devido a gestante não ser diagnosticada durante o pré-
natal ou receber o tratamento inadequado da doença.

O tratamento odontológico é geralmente voltado para a estética, através de restaurações e


da prevenção, com boa higienização para evitar retenção de placa bacteriana e cáries. O
diagnostico consiste em Exame físico + Exames laboratoriais. Manifestações precoces
consistem em: glossite atrófica, descoloração amarelada dos lábios, palato alto e estreito.
Manifestações tardias (após 24 meses de idade): é a tríada de Hutchinson (queratite
intersticial da córnea, perda de audição neurossensorial, anomalias dentárias); ressaltando
que todo cirurgião dentista deve verificar as 3 condições para inferir um diagnóstico preciso,
juntamente com um plano de tratamento. Entre os exames que serão solicitados temos o:
exame sorológicos: VDRL (pesquisa de doenças sexualmente transmissíveis) - falsos positivos
devido à presença de anticorpos maternos e falsos negativos como consequência do efeito
pró-zona (desproporção entre quantidade de anticorpos da amostra e quantidade de
antigénio do teste), e o exame FTA-ABS: teste de imunofluorescência com anticorpos
antiTreponema pallidum, para confirmar o diagnóstico de Sífilis. Os Dentes de Hutchinson são mais
prevalentes nos incisivos centrais maxilares permanentes, são dentes mais pequenos que o normal, cujas faces
proximais convergem até ao bordo incisal, que adota um formato semilunar na porção central, assemelhando-se a
uma chavede-fendas. Apresentam-se semitranslúcidos, progressivamente mais estreitos no sentido incisal e o
esmalte que os constitui está mais vulnerável à abrasão, verificando-se frequentemente exposição dentinária l.

Displasia dentinária é uma condição congênita que afeta a formação do tecido dentinário,
resultando em anomalias na estrutura dos dentes. Isso pode levar a dentes descoloridos, com
formato anormal, raízes curtas e maior propensão a cáries e fraturas. A displasia dentinária é
uma condição hereditária que afeta a formação do tecido dentinário, que é o principal
componente dos dentes, situado abaixo do esmalte. Essa condição pode resultar em vários
problemas dentários, como dentes descoloridos, com formato anormal e com raízes
subdesenvolvidas ou curtas.
Existem diferentes tipos de displasia dentinária, incluindo tipo I, tipo II e tipo III, cada um com
características específicas. Os sintomas podem variar de leve a grave, dependendo do tipo e
da gravidade da displasia.

TIPO I (DISPLASIA RADICULAR) TIPO II (DISPLASIA CORONÁRIA)

• Aparência clínica normal, com forma e • Dentição decídua com coloração


consistência normais; semelhante ao da dentinogénese imperfeita;
• Radiograficamente, as raízes são afiadas • Afeta essencialmente as coroas dentárias
com constrições cônicas e apicais e por • Dentição permanente com coloração
vezes inexistentes; normal;
• Obliteração parcial ou completa das • Provável existência de pulpólitos dentro da
câmaras pulpares; câmara pulpar.
• Formação defeituosa das raízes e
tendência a radiolucências periapicais sem
causa óbvia;
• Dentes decíduos apresentam obliteração
da polpa.
A displasia dentinária pode aumentar o risco de desenvolvimento de cáries, sensibilidade
dentária e perda prematura dos dentes. O tratamento geralmente envolve a monitorização da
saúde bucal, a aplicação de medidas preventivas, como selantes dentários e restaurações, e,
em casos mais graves, tratamentos como coroas dentárias ou implantes. O diagnóstico
precoce e o acompanhamento odontológico regular são fundamentais para gerenciar essa
condição de forma eficaz.
REFERENCIAS:
Displasia dentinária - relato de caso Faculdade UNIPAR 07/07/2023
Odontodisplasia regional – relato de caso. HU Revista, JF 12/2017
Neville, B. W. et al (2009)
Nettem, S. et al (2014)
Artigos no site Revodont, Salud, Scielo

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