A Redenção Pelo Sangue

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A REDENÇÃO E SUAS REIVINDICAÇÕES

“Resgatados pelo... sangue de Cristo” (1 Pe 1.18 e 19).


“Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu” (Is 43.1).

Deus encenou sua maravilhosa salvação por ocasião do êxodo de Israel,


do Egito, na noite do décimo-quarto dia de Nisã (cerca de 1491 A. C).

Nossa crença nisso se justifica pelo fato de João Batista ter dito, ao ver
Jesus vindo a ele (após o batismo de Jesus e os quarenta dias no deserto):
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

Na verdade, o cordeiro imolado, a respeito do qual Moisés escreveu, era


um tipo de Cristo, o nosso cordeiro pascal, que “foi imolado” (1 Co 5.7).

Estudemos a preciosa história da libertação de Israel do Egito (capítulos 11


e 12 de Êxodo), considerando primeiro um fator bem conhecido – a redenção
pelo sangue.

No tempo do êxodo, Israel achava-se escravizado no Egito.

Não haviam vivido sempre como escravos, mas depois de longo tempo de
peregrinação ali (cerca de 215 anos), passou a reinar “novo rei sobre o
Egito, que não conhecera a José”.

Temendo os israelitas por causa do grande aumento do seu número e


riquezas, esse rei tomou as possessões de Israel e forçou o povo a servir com
rigor, em escravidão absoluta.

A escravidão de Israel no Egito é uma boa ilustração da servidão do


homem sob o pecado, pois a Bíblia afirma que todos os homens estão
vendidos à escravidão do pecado (Rm 7.14).

Semelhantemente à escravidão de Israel, o pecado muitas vezes começa


como uma coisa simples e insignificante, mas logo se torna senhor.

Portanto, precisamos ver bem que o pecado é terrível; o pecado é


escravidão cruel.

Jesus afirma em João 8.34: “Em verdade, em verdade vos digo: Todo o
que comete pecado é escravo do pecado.”

O pecado traz a morte.

Graças a Deus que, tanto nos tempos bíblicos como na nossa geração,
fiéis servos de Deus têm pregado sobre o pecado, seus perigos e o seu
remédio.

Hoje em dia, muitos são escravos de hábitos pecaminosos que não deviam
estar na vida deles.
Têm eles tentado livrar-se desses hábitos, mas falham sempre nessa
tentativa por não saberem libertar-se.

Existe, no entanto, um caminho para essa libertação do jugo do pecado,


assim como Deus providenciou um modo para Israel se livrar do jugo de Faraó.

Deixados às suas próprias forças, os israelitas jamais se teriam libertado da


escravidão; e, sabendo disso, Deus escolheu um libertador.

Deus sempre age por intermédio de homens e está buscando homens em


nossos dias – homens nos quais possa confiar, que queiram obedecê-lo,
homens que ele possa usar.

Por oitenta anos, Deus preparou seu homem escolhido, para aquela hora.

A princípio, Moisés, o vaso escolhido por Deus, não estava pronto para
aceitar sua comissão, mas por fim cedeu à vontade de Deus.

Exatamente no tempo certo, Deus enviou o seu libertador a Faraó, rei do


Egito, para declarar: “Assim diz o Senhor Deus de Israel: Deixai ir o meu
povo.”

Faraó replicou: “Não”.

Certamente o leitor se lembra das pragas que Deus começou a enviar


sobre o Egito.

1) Primeiro, as águas se fizeram em sangue;

2) Depois vieram as rãs,

3) Os piolhos,

4) As moscas,

5) A doença infecciosa do gado,

6) O furúnculo,

7) A saraiva,

8) Os gafanhotos,

9) Depois a escuridão espessa.

Após cada uma dessas pragas, Moisés comparecia diante de Faraó,


pedindo-lhe que consentisse na saída do povo israelita.

Mas Faraó, sempre recusava.


Sete vezes disse ele a Deus: “Não quero”.

Depois da sétima vez Deus disse: “Tu não podes.”

Finalmente, Deus avisou ao povo o castigo seguinte a DÉCIMA PRAGA –


a morte dos primogênitos de cada lar egípcio!

É interessante observar que, embora algumas das pragas fossem de


caráter seletivo, a morte dos primogênitos (um tipo do salário do pecado) não o
era; deveria ocorrer em cada lar – tanto dos egípcios como dos israelitas.

Da mesma maneira, Deus diz: “A morte passou a todos os homens,


porque todos pecaram.”

A redenção do homem não é seletiva porque todos dela necessitam.

Muito embora cada primogênito do Egito devesse morrer.

Deus deu a Moisés um remédio que, uma vez aplicado, livraria da morte o
primogênito de cada lar israelita.

Sim, porque Deus prometera: “Este mês vos será o principal dos
meses... Aos dez deste mês cada um tomará para si um cordeiro... um
cordeiro para cada família... O cordeiro será sem defeito... e o guardareis
até ao décimo quarto dia deste mês” (ÊX 12.2-6).

Israel ia tomar um cordeiro sem defeito e guardá-lo por duas semanas.

No décimo dia, ele seria apartado e inteiramente testado quanto a defeitos


até o décimo-quarto dia.

Tudo isso é uma representação perfeita do Cordeiro de Deus (Cristo) que


era absolutamente sem defeito.

Quando o acompanhamos até os derradeiros dias de sua vida terrena,


notamos que ele também foi “posto à parte” – separado para a sepultura pela
unção de Maria no décimo dia do mês de Nisã, no ano 30.

Na manhã seguinte entrou em Jerusalém montado num jumentinho, e lá,


mais tarde, foi impiamente tratado: traído, cuspido, surrado com varas,
caçoado, maltratado e arrancada sua barba.

Foi enviado de Anás para Caifás e depois a Pilatos e Herodes, e finalmente


devolvido a Pilatos.

Tudo isso lhe fizeram, e no entanto, dizem as Escrituras: “NÃO ABRIU A


BOCA.”

E, ultrajado, não revidava com ultraje.


No início do seu ministério mostrava-se sem defeito, e, igualmente, no
término de sua carreira.

Louvado seja Deus por isso, porque, se assim não fosse, não teríamos
esperança alguma.

 Aquele que deveria morrer pelos pecadores, precisava ser sem


pecado.

Mas isto não é tudo que nos mostra a história da redenção do Egito.

Jeová falara, dizendo: “Se a família for pequena para um cordeiro, então
convidará ele o seu vizinho mais próximo, conforme o número de almas” (v.4).

 O cordeiro pascal poderia ser mais do que a família


necessitasse, mas nunca insuficiente para uma família.

Igualmente, o evangelho do Salvador sofredor é ampla provisão para todas


as necessidades.

Agradecemos a Deus pela superabundância da graça – graça que atende a


todas as necessidades, até mesmo ao maior pecado que possa escravizar o
pecador.

A graça nunca é demasiado pequena.

O apóstolo Paulo sabia perfeitamente que o evangelho pode satisfazer a


cada necessidade de qualquer pessoa decaída.

E assim ele declara que não se envergonhava do evangelho e que não


precisava procurar desculpas por apresentá-lo. (Rm 1.16).

O evangelho é o perfeito meio de salvação, oferecendo perfeita libertação e


perfeita purificação.

Ele torna possível o cristão perfeito – a única espécie de gente que Deus
levará ao céu (pois que para lá não poderemos levar qualquer pecado).

Alguns não estão preparados para o céu pelo fato de não termos ainda
visto a Jesus como o Salvador perfeito, mas, rendemos graças a Deus, porque
para todos quantos o recebem, Jesus é perfeito Salvador, “sem defeito”.

A seguir, Deus disse:


“Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue que estiver na
bacia, e marcai a verga da porta e suas ombreiras com o sangue que
estiver na bacia; nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela
manhã” (v. 22).

 É bom notar que não foi a morte do cordeiro, e nem o sangue


dele que salvou os israelitas da destruição.
FOI, SIM, O SANGUE APLICADO QUE SALVOU VIDAS.

Naquela noite, no Egito, no décimo-quarto dia de Nisã, cerca de 1491 A. C,


se o pai de família apenas matasse o cordeiro e recolhesse o sangue dele, mas
não aplicasse na verga da porta e em suas ombreiras, o seu primogênito
morreria.

O chefe do lar poderia ter dito: “Ora, não vejo por que aplicar o sangue; já
fizemos quase tudo que nos foi ordenado. Por que, agora, sujar a nossa casa
com sangue? Não posso ver a razão dessa ordem. Isso é mórbido demais para
mim.”

Não aplicar o sangue significava a morte do primogênito de sua casa.

Somente onde o sangue tivesse sido aplicado o primogênito seria poupado.

Assim também hoje, não é a morte de Jesus, o Cordeiro de Deus, que nos
salva; e nem é o sangue de Jesus que nos salva; mas somente o sangue
aplicado nos portais do coração é que salva os pecadores.

 Se um paciente precisar de TRANSUSÃO DE SANGUE pra


sobreviver, então não adianta eu tirar o sangue e não APLICAR.

OUTRO PONTO INTERESSANTE:


 É interessante notar que o sangue era aplicado com hissopo.

No tempo antigo o hissopo era empregado para a purificação e com fim


medicinal.

Era comum como o mato – tão comum que se diz que no Egito se poderia
colocar a mão em qualquer lugar e se tocaria o hissopo!

Crescia abundantemente em todos os lugares.

Por certo, então, o hissopo é um tipo da fé e da palavra de fé que “está


perto de ti, na tua boca e no teu coração” (Rm 10.8).

Não basta saber que Cristo derramou seu sangue.

Esse sangue precisa ser aplicado nas ombreiras de nosso coração, pela fé.

Precisamos ter fé na pessoa e na obra sacrificial do Senhor Jesus.

Que noite deve ter sido aquela no Egito!

Na calada da noite, o primogênito de cada lar morreu – sim, nas casas de


todos os médicos e mágicos do Egito, de cada sacerdote, e do próprio Faraó!
Sem dúvida, gritos de desespero encheram os ares, vindos do peito
daqueles que choravam seus mortos.

 Por todo o Egito acontecia a mesma fatalidade.

“À meia noite, feriu o Senhor todos os primogênitos na terra do Egito,


desde o primogênito de Faraó, que se assentava no seu trono, até o
primogênito do cativo que estava na enxovia; e todos os primogênitos
dos animais. Levantou-se Faraó de noite, ele, todos os seus oficiais, e
todos os egípcios; e fez-se grande clamor no Egito, pois não havia casa
em que não houvesse morto” (ÊX 12. 29 e 30).

 COMO ERA DIFERENTE O QUADRO ENTRE O POVO DE


ISRAEL!

Não morreu ninguém – sim, nem sequer um morto!

 O texto parece indicar que cada um deles foi poupado.

Sim, sob o sangue, todos os israelitas foram salvos;

Neste capítulo consideramos até agora somente o assunto da redenção


pelo sangue do Cordeiro.

Isso é muito importante.

Mas, muitos que vêem a Cristo como redentor e sabem que estão salvos
da pena do pecado, param aí e deixam de prosseguir.

Contudo, conhecer o perdão dos pecados e a justificação pela fé é apenas


o princípio; é o entrar na luz.

Devemos avançar.

A libertação da mão de Faraó era apenas o começo daquilo que Deus


providenciava para Israel.

Lendo os capítulos 12 e 13 de Êxodo, descobrimos outros fatores


importantes, em geral esquecidos.

Nesses trechos, onde encontramos instrução acerca do que fazer com o


corpo do cordeiro, o escritor usou o dobro das palavras usadas na instrução do
que fazer com o sangue.

Onde está, hoje, essa necessária ênfase sobre o que fazer com o corpo?

Enfatizamos a salvação do povo e, no entanto, Êxodo multiplica as


palavras e versículos para frisar outros fatores da inteira redenção.
Por exemplo, ele menciona o comer do cordeiro (12.8-10), o comer o pão
não levedado com o cordeiro (12.8 e 15), o sairá à pressa, por causa da
urgência (12.11), e declara que o sangue reivindica para Deus tudo o que
purifica (13.2).

Busquemos agora compreender as lições que Deus nos proporciona


através desses pormenores.

Israel recebeu instruções minuciosas sobre a maneira como devia comer o


cordeiro:
“Comerão a carne assada no fogo” (v.8).

 Para o pecador a coisa mais importante é o ser justificado,


perdoado;

Para o cristão, entretanto, o mais importante é participar do Cordeiro,


comer do Cordeiro, ser fortalecido pelo Cordeiro e assim capacitado a viver
uma vida santa.

Tendo sido salvos pelo sangue, precisamos ser fortalecidos pela vida de
Cristo.

Devemos comer o cordeiro – assado no fogo do julgamento de Deus.

Cristo foi ferido e moído, porque o golpe que devia cair sobre nós caiu
sobre ele.
“Pelas suas pisaduras fomos sarados.” E pela sua morte fomos
salvos.

É o Cristo crucificado que devemos conhecer, assim como o apóstolo Paulo


declarou que o pregaria – “a Cristo, e este crucificado” (1 Co 2.2).

No que dizia respeito ao comer o cordeiro, Israel recebeu também a


instrução: “Não comereis dele nada cru, nem cozido em água, porém
assado ao fogo” (v. 9).

Muita gente neste mundo vê em Cristo um mestre, um profeta, um líder, um


fundador de religião, um orador de boas palavras e de um elevado padrão
moral.

 Isso é comer o cordeiro “cru”.

É deixar de ver a Jesus como o Cordeiro de Deus.

Também não devemos comer o cordeiro cozido em água.

 Não devemos diluir em água ou seja, enfraquecer a mensagem


do evangelho.

De forma alguma.
Parece que o evangelho apresentado atualmente, em muitos lugares, está
encharcado de água.

Esse não é o evangelho de Jesus Cristo e nem o evangelho apresentado


pelo apóstolo Paulo.

Os homens diluem e enfraquecem o evangelho ao crer que, embora possa


levar gente para o céu, não pode mudar completamente as vidas.

“Sempre pecaremos diariamente por pensamentos, palavras e ações”,


dizem.

Mas, a Bíblia não diz isso.

Ela afirma que o céu é um lugar santo para um povo santo, e que o sangue
de Jesus Cristo foi vertido pelos pecadores.

Assim, se não alcançarmos mais do que o perdão de nossos pecados,


estaremos realmente pecando em pensamento, palavras e atos.

Hoje prega-se um evangelho limitado e não o evangelho do Livro.

Prega-se um Cristo limitado e não o Cristo do Livro.

Prega-se sobre um Espírito limitado e não sobre o Espírito que dá poder


para a vitória interior e para o serviço.

Mas o verdadeiro evangelho ainda está no Livro graças a Deus.

Portanto, quem quiser descobrir exatamente o que é que Deus diz e


colocá-lo em prática, será levado a essa maravilhosa vida de paz, pureza e
poder.

Somos ainda instruídos a comer o cordeiro “assado no fogo: a cabeça,


as pernas e a fressura” (V. 9).

Deviam ser comidas todas as partes do cordeiro.

 Precisamos do sangue do nosso cordeiro pascal para os nossos


pecados;

 E, para fortalecer o nosso pensamento, o nosso viver diário e toda a


nossa vida interior, precisamos comer todo o cordeiro.

O próprio Jesus disse: “A minha carne é verdadeira comida, e o meu


sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu
sangue, permanece em mim” (João 6.55, 56).
Na queda, a cabeça (a mente) talvez tenha sido mais prejudicada do que
qualquer outra parte do homem.
“Toda imaginação dos pensamentos do seu coração era só má
continuamente” (Gn 6.5).

Por isso precisamos crucificar o nosso pensamento no Gólgota (o lugar da


Caveira).

Também o nosso viver diário apresenta grandes necessidades, e por isso


precisamos participar das pernas do cordeiro.

Finalmente, para a nossa vida particular com Deus, interior, precisamos de


Cristo.

Precisamos dele manifestado em nosso modo de pensar, em nosso andar


cristão, e em toda a nossa vida interior.

Cristo quer manifestar-se em nós, e quer que participemos de sua natureza


divina.

Que possamos comer todo o Cordeiro, e participar da vida de Cristo!

A SEGUNDA LIÇÃO IMPORTANTE DESTA PASSAGEM É ESTA:


 “Comerão a carne... com pães asmos” (12.8).

Juntamente com o cordeiro deviam comer pão asmo.

 O fermento, na Palavra de Deus, em geral é símbolo de


corrupção, de pecado.

Assim, Deus nos está a dizer que, depois de experimentarmos a purificação


pelo sangue do Cordeiro, e depois de participarmos da pessoa de Cristo,
devemos viver vida santa.

Nas instruções para a celebração anual da festa dos pães asmos, o Senhor
declarou:

“Sete dias comereis pães asmos” (não levedado). “Logo ao


primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas... Por sete dias não
se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que
comer pão levedado será eliminado da congregação de Israel, assim o
peregrino como o natural da terra. Nenhuma cousa levedada
comereis; em todas as vossas habitações comereis pães asmos” (Êx
12.15, 19, 20).

 Por sete dias deveriam comer pães não levedados.

Sete é o número completo, e fala duma vida de santidade.


Deus espera que participemos de Cristo em santidade.

 Somos chamados para ser um povo santo:


“... o adorássemos em temor, em santidade e justiça perante ele,
todos os nossos dias” (Lc 1.74, 75).

MAS, HÁ MAIS A SE CONSIDERAR.

A redenção pelo sangue e a participação do cordeiro tinham um propósito.

Deus disse aos israelitas: “Desta maneira o comereis: lombos cingidos,


sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a páscoa do
Senhor.” (Êx 12.11.)

Depois de sacrificado o cordeiro e aplicado o sangue dele na verga e nas


ombreiras da porta, não lhes restava muito tempo para comer o cordeiro, pois
que logo deveriam deixar o Egito.

 Assim, não deviam reclinar-se demoradamente à mesa.

Era um momento de crise, e, devido a isso, deviam estar preparados para


ação imediata.

 O que Deus realmente estava a lhes dizer era isto: “A situação é


urgente. Quero ver a todos na terra prometida.

 Quero que comeceis a ser aquilo que deveis ser, que comeceis
a ser uma bênção para mim e também para o mundo.”

Mas, que aconteceria, se um dos israelitas de então dissesse:

“Muito bem; acho que devemos mesmo sair do Egito. Por certo
estamos gratos a Deus por ter enviado Moisés a nos libertar; mas não dá
para arrumar tudo tão depressa. E além disso, gostaria de levar muitas
coisas comigo, muito mais do que Moisés pensa que eu necessito.”

Com certeza ninguém se expressou assim.

Ninguém pensou assim.

 Por quê?

Porque tinham seus olhos abertos para a verdadeira situação.

Estavam vivendo num estado de emergência.

Desde que o verdadeiro Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, o Filho de Deus,


foi sacrificado na Cruz do Calvário, o próprio Deus declarou uma emergência:
“Ponde sandálias nos pés, tomai o cajado, comei apressadamente. Ide
por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.”

Na primeira geração, depois de entregue esta grande comissão, os cristãos


obedeceram (sem o equipamento que hoje temos, e que achamos tão
necessário).

Pregaram o evangelho a toda criatura debaixo do céu, reconhecendo que a


proclamação de Cristo, o Cordeiro imolado, era uma tarefa urgente.

Qual foi o resultado?

Naquele tempo levou-se o evangelho a cada nação, pois que a Palavra


declara que ele chegou a Colossos, assim como “foi pregado a toda criatura
debaixo do céu” (Cl 1.6, 23).

A situação atual ainda é de emergência e clama por medidas e ações


prontas.

O quadro é de uma pessoa que lê sossegadamente seu jornal dentro de


uma casa que está em chamas, e ela de nada se apercebe.

Que faria você, amigo cristão, se tal pessoa continuasse a ler o jornal,
mesmo depois de você tê-la alertado para que fugisse da casa?

Você a arrastaria para fora, não é mesmo?

Assim também, desde o Calvário, tem havido para os cristãos um estado


de emergência, de modo que, em vez de lutar por um estado de normalidade,
devemos avaliar todas as coisas da vida em relação àquilo que é mais
importante que tudo.

E a coisa mais importante na vida não é comprar um carro novo, nem fazer
seguro de vida, nem economizar, mas obedecer à derradeira ordem de Jesus:
“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura.”

Por isso, todos os cristãos devem viver em estado de emergência, sentindo


a urgência da situação.

A ÚLTIMA FRASE A CONSIDERAR NESTES DOIS CAPÍTULOS DO


ÊXODO É:
 “Todo primogênito... É meu” (ÊX 13.2).

Aqui, a idéia não é de segurança, e sim de serviço.

Na noite da primeira páscoa, todos os primogênitos resgatados da morte


pelo sangue seriam colocados numa nova relação para com Deus.

O iniludível chamado para cada um deles era:


 “Você é meu – minha possessão absoluta.”

VEJAMOS PORQUE:

Mais tarde, no Sinai, após o triste episódio do bezerro de ouro, o privilégio e


os deveres específicos do primogênito passaram para os levitas, porque
quando Moisés perguntou:
“Quem está do lado do Senhor?”, os LEVITAS deram um passo à frente
– toda a tribo – e foram escolhidos como representantes especiais de Deus.

Alguns anos mais tarde, antes de os levitas entrarem na Terra Prometida,


foi-lhes dito:

“Haverá uma possessão tribal para os vossos irmãos e suas famílias,


mas não para vós, levitas. Não tereis possessão na terra, porque Deus é a
vossa possessão.”

Visto que os cristãos não recebem nenhuma herança na terra, suas


raízes não devem aprofundar-se na terra.

Ele não disse: “É melhor que não tenhais tesouros nesta terra”; porque
Jesus estava falando a discípulos.

Para estes, ele disse exatamente o mesmo que fora dito aos levitas
(usando palavras diferentes, é certo).

 Ele não disse a seus discípulos: “Não tereis uma possessão tribal
na terra, porque Deus é a vossa possessão.”

 Não; ele simplesmente disse: “Não acumuleis para vós outros


tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e
onde ladrões escavam e roubam” (Mt 6.19).

Este mandamento é definido.

“Não acumuleis tesouros nesta terra.”

Por quê?

A traça e a ferrugem corroem as coisas que tentamos guardar ou


economizar, mas nada corroerá nem roubará o tesouro acumulado no céu.

Muitos cristãos ficam acumulando coisas para possíveis dificuldades


futuras.

Todavia, cremos que Deus proverá o necessário para os dias difíceis de


todos que deram a ele o seu dinheiro.

As nossas posses estão no céu, e por certo não podemos acumular


tesouros no céu e na terra ao mesmo tempo.
Se nos dedicarmos ao propósito para o qual fomos salvos – a
evangelização do mundo – Deus será a nossa possessão.

O apóstolo a quem Jesus amava disse em sua carta: “Não ameis o


mundo, e nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele.”

O apóstolo João não se referia à pecaminosidade grosseira e deslavada, e,


sim, a coisas de natureza passageira.

Não fomos regenerados para pôr nosso afeto nessas coisas, e por isso não
devemos amá-las, nem acumulá-las.

Jesus proíbe categoricamente o acumular tesouros na terra.

Em muitos lugares de nossa pátria são precisos dez mil membros de igreja
para se produzir um missionário e conservá-lo no campo.

Algo está errado.

A ordem de Cristo – de se pregar o evangelho a toda criatura – foi cumprida


somente uma vez, pelos apóstolos e cristãos daquela geração.

Desde então, geração após geração tem ido para a sepultura sem
conhecer o amor redentor de Deus, sem saber que o sangue foi derramado,
desconhecendo inteiramente o Cordeiro.

Por quê?

Porque temos acumulado tesouros na terra.

Porque temos vivido para o ego, não só através de um viver grosseiro e


pecaminoso, mas também através de maneiras mais refinadas.

Há alguns anos um pastor, amigo meu, tinha em sua igreja, uma viúva com
dois filhos.

O primeiro era um jovem de fina educação, mas o segundo era um


desviado, voluntarioso, um peso e tristeza para a mãe.

Quando o filho mais moço fazia algo censurável, o mais velho costumava
tirá-lo das dificuldades e trazê-lo para casa.

Todavia, certo dia, o mais moço arrumou seus pertences e abandonou o


lar.

Ouvindo o que sucedera, o pastor foi logo visitar a mãe aflita.


Mas, antes de bater à porta, olhou pela vidraça da porta e por uns
momentos ficou observando.

Então, sem entrar, foi ao campo onde o filho mais velho estava trabalhando
no arado e mansamente disse: “Ouvi dizer que seu irmão saiu de casa!”

“Sim, ele nos abandonou” – disse o irmão mais velho, um tanto mal
humorado...

“Bem” – disse o pastor – “O que você vai fazer agora?”


“Nada” – respondeu o irmão – “Se se meter em encrencas, ele que se
arranje sozinho! Já o tirei de dificuldades muitas vezes. Agora já chega!”

“Bem” – disse o pastor – “Você sabe o que ele vai acabar fazendo, não?
Mas não seria melhor que ele continuasse em casa?”

“Suponho que sim, mas não estou disposto a ir atrás dele outra vez. Para
mim chega!” – respondeu o irmão.

Então o pastor sugeriu: “Deixe-me arar a terra por um pouco. Enquanto


isso, vá até a porta da cozinha e olhe pela janela. Depois volte para me contar
o que viu.”

Assim sucedeu.

E logo depois o irmão mais velho voltava, resolvido a parar o serviço


naquele dia.

O pastor indagou: “Então, mudou de idéia?”

“Bem” – disse o moço vagarosamente, pensativo – “nada em meu irmão me


fez mudar de idéia, mas, quando olhei para o rosto de minha mãe, tudo mudou.
Ver minha mãe chorando e orando por meu irmão, mesmo a trabalhar, foi
demais para mim.”

Se nós, cristãos, realmente contemplarmos o rosto do Senhor, se o virmos


chorando sobre o mundo, como chorou sobre Jerusalém, possivelmente
teremos outra visão da evangelização do mundo.

Então, lhe perguntaremos: “Senhor, o que posso fazer?

Se me mostrares o que pode ser feito, colocarei à tua disposição tudo


quanto tenho e tudo o que sou.”

Uma vez que tenhamos visto realmente o rosto de Jesus, não


acumularemos tesouros na terra e nem desobedeceremos a sua ordem de
levar o evangelho a toda criatura.

São tão poucos os cristãos que aceitam as reivindicações totais e


incondicionais de Cristo – a sua soberania absoluta. São tão poucos os que
crêem nas palavras de Cristo: “Se não deixardes tudo que tendes, não
podeis ser meus discípulos.”

Se a verdade de Êxodo 13.2 – “todo o primogênito é meu” – fosse aceita


com fé, quão maravilhoso seria o reavivamento da obra de Deus!

Possivelmente, então, nem mesmo precisaríamos de missionários.

Um convertido em terras estrangeiras daria testemunho a outro, e esse a


um outro, e por fim o evangelho chegaria às fronteiras do país, onde todos
seriam bilíngües.

Daí seria comunicado ao povo do país vizinho, e antes que


percebêssemos, o evangelho estaria em todo o mundo.

Talvez tenha sido este o plano original de Deus.

Entretanto, a Igreja está tão distanciada da obediência aos caminhos de


Deus que temos de empregar outro método – o envio de missionários a outros
países.

No seu bem organizado plano de evangelização do mundo, Deus tem um


lugar para cada filho seu.

Somos resgatados pelo sangue?

Então já não pertencemos à classe do israelita comum, mas à classe dos


primogênitos.

Somos levitas e não mais nos pertencemos; somos do Senhor, e estamos


debaixo de seu senhorio.

Não nos cabe possuir coisas na terra.

Fomos “comprados por preço” – corpo, alma e espírito – para podermos


cumprir as ordens do nosso redentor.

O sangue dele exige a posse de todos quantos purifica.

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