Folha1 Avaliação Formativa

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FOLHA1

Avaliação Formativa

Domingos Fernandes
ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa|Centro de Investigação e Estudos de
Sociologia (CIES)

Domingos Fernandes
(Universidade de Lisboa | Instituto de Educação)
Ficha Técnica
Título: Avaliação Formativa
Folha de apoio à formação - Projeto de Monitorização Acompanhamento e Investigação em
Avaliação Pedagógica (MAIA)

Autor: Domingos Fernandes

Editor: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação


ISBN: 978-972-742-455-9
Data: 2021

Por favor, cite esta publicação como:


Fernandes, D. (2021). Avaliação Formativa. Folha de apoio à formação - Projeto de Monitorização
Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica (MAIA). Ministério da
Educação/Direção-Geral da Educação.

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FOLHA 1

Avaliação Formativa
Domingos Fernandes
ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa|Centro de Investigação e Estudos de
Sociologia (CIES)

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Índice

Sobre a Avaliação Formativa .............................................................................................. 4


Práticas de Avaliação Formativa ......................................................................................... 6
Tarefas.............................................................................................................................. 9
Bibliografia ...................................................................................................................... 10

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Sobre a Avaliação Formativa
A avaliação formativa pode ter um papel fundamental na melhoria das aprendizagens de
todos os alunos. A sua utilização sistemática deve permitir que os alunos conheçam bem:
a) o que têm de aprender no final de um dado período de tempo; b) a situação em que se
encontram quanto às aprendizagens que têm de desenvolver; e c) os esforços que têm de
fazer para aprenderem o que está previsto e descrito nos documentos curriculares. Para
tal, a comunicação entre professores e alunos é fundamental, pois é através dela que os
alunos podem receber orientações que os ajudam a aprender. Nestas condições, o
feedback, que será abordado em detalhe noutra Folha, é um processo essencial que tem
de fazer parte intrínseca do processo de avaliação formativa. É através da distribuição
criteriosa, inteligente e sistemática de feedback que os professores podem ter um papel
decisivo nos processos de aprendizagem dos seus alunos.

A avaliação formativa, por natureza, tem de estar integrada nos processos de ensino e de
aprendizagem. Isto significa que tem de ser realizada quando os professores estão a ensinar
e quando os alunos estão a aprender; ou seja, ela deve ocorrer durante os processos de
ensino e aprendizagem. Assim sendo, a avaliação formativa é um processo intrínseco ao
ensino, tendencialmente contínuo, que pressupõe a participação ativa dos alunos nas
tarefas propostas pelos professores.

É fundamental compreender que o propósito mais relevante da avaliação formativa é


contribuir ativamente para que os alunos aprendam mais e melhor, com compreensão e
com mais profundidade. Neste sentido, ela tem de ser um processo rigoroso para permitir
recolher informação de elevada qualidade acerca do que, em cada momento, os alunos
sabem e são capazes de fazer. Só deste modo poderão os professores distribuir feedback
que apoie os alunos a ultrapassarem as suas eventuais dificuldades.

Tudo isto significa que é através da avaliação formativa que, no dia a dia da sala de aula, os
professores recolhem informação acerca do que os alunos estão a aprender. Se, no
decorrer de uma qualquer atividade da aula, se verificar que um aluno tem alguma
dificuldade, ou não sabe o que deveria saber, então torna-se necessário encontrar
feedback e estratégias adequadas para que o aluno vença essa dificuldade. Neste sentido,

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as informações recolhidas através da avaliação formativa não são utilizadas para classificar
os alunos. Elas são utilizadas para proporcionar a distribuição de feedback que ajude os
alunos a aprender.

Em suma, a avaliação formativa é um processo eminentemente pedagógico, tão integrado


quanto possível nos processos de ensino e aprendizagem, tendencialmente contínuo, cujo
principal e fundamental propósito é apoiar e melhorar as aprendizagens dos alunos. É
através da avaliação formativa que os professores recolhem informações para
proporcionar feedback aos seus alunos que os apoie nos seus esforços de aprendizagem.
Assim, a avaliação formativa exige uma outra forma de trabalhar nas salas de aula, com os
alunos mais ativos e participativos na resolução das tarefas propostas pelos professores.

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Práticas de Avaliação Formativa
A avaliação formativa, tal como acima foi caraterizada, tem um papel fundamental na
transformação e melhoria das práticas pedagógicas e, em particular, na plena integração
de todos os alunos na vida e nas tarefas escolares. Uma vez que está fortemente articulada
com o ensino e com a aprendizagem, as suas práticas são indissociáveis das práticas de
ensino dos professores e das aprendizagens que os alunos têm de desenvolver. Isto
significa que uma tarefa que se propõe numa dada aula deverá permitir que, através dela,
os alunos aprendam, os professores ensinem e que ambos avaliem o trabalho realizado.
Esta é uma ideia importante para o desenvolvimento de práticas de avaliação que
contribuam efetivamente para melhorar as aprendizagens e o ensino. Ou seja, as tarefas
propostas aos alunos deverão: a) servir para aprender; b) servir para ensinar; e c) servir
para avaliar.

As tarefas propostas são meios fundamentais para recolher informação sobre o


desenvolvimento das aprendizagens dos alunos e podem incluir a elaboração de sínteses
escritas, a resolução de problemas, a recolha e análise de informação e a realização de
experiências. Outros processos que podem ser muito úteis e que são frequentemente
utilizados são os testes, as listas de verificação, as observações, as rubricas de avaliação e
de classificação, as apresentações orais e os inquéritos por questionário e entrevista. É
importante diversificar os processos de recolha de informação, evitando privilegiar
qualquer um deles. Os testes ou as provas são, em muitos contextos, praticamente os
únicos meios utilizados para recolher informação acerca das aprendizagens dos alunos. São
indubitavelmente muito úteis mas, como todos os instrumentos, têm vantagens e
desvantagens. Por isso mesmo, é importante utilizar outros processos mais ou menos
formais, mais ou menos estruturados.

Em todo o caso, é importante compreender que a avaliação formativa, cujo propósito é


ajudar os alunos e os professores a aprenderem e a ensinarem melhor, respetivamente, é
um processo eminentemente pedagógico. Por isso, não é uma questão que dependa
essencialmente da elaboração e da utilização dos chamados instrumentos de avaliação.
Antes de mais, a avaliação formativa depende de uma reflexão pedagógica profunda acerca
do que os alunos devem aprender e do tipo de oportunidades e de ambiente escolar que

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deve ser criado para que tal aconteça. Ou seja, depende das formas como os professores
organizam e desenvolvem o seu ensino e, concomitantemente, da organização e do
funcionamento pedagógico das escolas.

As práticas de avaliação deverão ser orientadas, tendo em conta que é necessário


determinar: a) o que avaliar?; b) quando avaliar?; c) como avaliar?; e d) para quê avaliar?
Repare-se que é igualmente fundamental responder a questões semelhantes se pensarmos
na aprendizagem dos alunos: a) o que devem os alunos aprender?; b) quando devem
aprender?; c) como devem aprender? e d) para que devem aprender? De igual modo
podemos pensar no que se refere ao ensino. É necessário pensar nas respostas a cada uma
destas questões tão simples mas tão importantes para organizar o ambiente de trabalho
em que as aprendizagens, o ensino e a avaliação se devem desenvolver de forma tão
integrada quanto possível.

Em suma, para efeitos do desenvolvimento de práticas de avaliação formativa, para apoiar


o desenvolvimento das aprendizagens dos alunos e o ensino dos professores, interessa
refletir e agir, tendo em conta aspetos tais como:

1. O feedback é o real conteúdo da avaliação formativa, pois é através dele que os


alunos sabem o que têm de aprender, em que situação se encontram em relação à
aprendizagem e os esforços que têm de fazer para aprender.
2. Os alunos e as suas aprendizagens devem estar no centro de todas as ações
pedagógicas.
3. A avaliação formativa deve ser planeada tendo em vista um propósito fundamental:
contribuir para que todos os alunos aprendam mais e melhor.
4. As dinâmicas de trabalho nas salas de aula devem ser igualmente diversificadas,
podendo os alunos trabalhar em pequenos grupos, em pares ou no grande grupo
com o apoio e a orientação dos seus professores.
5. A seleção das tarefas de trabalho a propor aos alunos tem de ser muito criteriosa,
sendo necessário ter em conta que cada tarefa deverá cumprir uma tripla função,
permitindo que os alunos aprendam, que os professores ensinem e que ambos
avaliem.

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6. As tarefas devem ser tão diversificadas quanto possível e, através delas, os alunos
devem ter oportunidades reais para participar na avaliação das suas aprendizagens,
quer através de processos de autoavaliação, quer através de processos de avaliação
entre pares ou ainda através da avaliação em grande grupo.
7. A relação pedagógica que se estabelece entre professores e alunos é,
comprovadamente, um elemento essencial para a criação de um clima favorável ao
desenvolvimento das aprendizagens dos alunos.
8. Cada aula tem de ser meticulosamente pensada e planeada para prever diferentes
momentos em que, por exemplo: a) um aluno ou um grupo de alunos pode
sintetizar o que se aprendeu na aula anterior; b) o professor apresenta a tarefa a
realizar na aula; c) os alunos trabalham sobre a tarefa em pequenos grupos com o
apoio do professor; d) o professor pode fazer sínteses do trabalho que está a ser
realizado ou dar feedback acerca do mesmo; e e) um grupo de alunos pode
apresentar o resultado do seu trabalho e fazer a síntese final.

É discutindo estes e outros aspetos de índole marcadamente pedagógica que se poderá ir


construindo uma avaliação para as aprendizagens. Isto é, uma avaliação essencialmente
orientada para melhorar e para aprender e não para classificar. Uma avaliação pensada e
planeada para incluir todos os alunos e não para discriminar os que eventualmente possam
ter mais dificuldades.

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Tarefas
As tarefas que se seguem dizem respeito à avaliação formativa e às suas práticas e devem
ser realizadas em pequenos grupos.

Tarefa 1.

Discuta com os seus colegas o conceito de avaliação formativa e indique as suas principais
caraterísticas.

Tarefa 2.

As práticas de avaliação formativa têm de estar apoiadas num conjunto de princípios e de


ideias pedagógicas fundamentais para que se cumpra o seu principal desígnio: contribuir
para que os alunos aprendam mais e melhor. Selecione quatro princípios que considere
relevantes e justifique a razão que presidiu à sua escolha.

Tarefa 3.
“As tarefas apresentadas aos alunos devem permitir que eles aprendam, que os
professores ensinem e que ambos avaliem.” Apresente um exemplo de uma tarefa
indicando como se poderá concretizar o conteúdo da afirmação anterior.

Tarefa 4.

Discuta a utilização que pode ser dada à informação que é recolhida através das práticas
de avaliação formativa e se tal informação deve, ou não, ser utilizada para atribuir
classificações aos alunos.

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Bibliografia
Fernandes, D. (2011). Articulação da aprendizagem, da avaliação e do ensino: questões
teóricas, práticas e metodológicas. In J.-M. De Ketele & M. P. Alves (Orgs.), Do
currículo à avaliação, da avaliação ao currículo (pp. 131-142). Porto Editora.
https://www.researchgate.net/publication/314296192_Articulacao_Da_Aprendizag
em_Da_Avaliacao_E_Do_Ensino_Questoes_Teoricas_Praticas_e_Metodologicas

Fernandes, D. (2004). Avaliação das aprendizagens: Uma agenda, muitos desafios. Texto
Editores.
https://www.researchgate.net/publication/314235161_Avaliacao_das_aprendizage
ns_Uma_agenda_muitos_desafios

Fernandes, D., Borralho, A., Vale, I., Gaspar, A. & Dias, R. (2011). Ensino, avaliação e
participação dos alunos em contextos de experimentação e generalização do novo
programa de matemática do ensino básico. Instituto de Educação da Universidade de
Lisboa.
https://www.researchgate.net/publication/314724728_Ensino_Avaliacao_Aprendiz
agem_e_Participacao_dos_Alunos_em_Contextos_de_Experimentacao_e_de_Gene
ralizacao_do_Novo_Programa_de_Matematica_do_Ensino_Basico

Neves, A. e Ferreira, A. (2015). Avaliar é preciso? Guia prático de avaliação para professores
e formadores. Guerra & Paz.

Santos, L. (Org.). (2010). Avaliar para aprender. Relatos de experiências de sala de aula do
pré-escolar ao ensino secundário. Porto Editora.

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