Apelação

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE PORANGA/CE

Walter Barroso, já qualificado nos autos da ação penal nº


01234-56.2019.8.06.0000 que lhe move o Ministério Público, por seu advogado que
esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, não se
conformando com a respeitável sentença que o condenou à pena de 2 anos e 8
meses de reclusão, como incurso no artigo 168, §1º, III do Código Penal, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO, com fundamento no artigo 593, I do CPP. Requer seja
recebido, processado e encaminhado o presente recurso, com as inclusas razões,
ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Termos em que,
pede deferimento

Poranga/CE, 11 de novembro de 2022

Camila
nº OAB
RAZÕES DA APELAÇÃO
APELANTE: WALTER BARROSO
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
PROCESSO-CRIME Nº 01234-56.2019.8.06.0000

Egrégio Tribunal de Justiça;


Colenda Câmara;
Ínclitos Desembargadores;
Douta Procuradoria de Justiça:

Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz a quo, impõe-se


a reforma da respeitável sentença proferida contra o apelante, pelas razões de fato
e de direito a seguir expostas.

I - DOS FATOS

Walter Barroso, ora apelante, viu-se processado pelo crime previsto no artigo
168, §1º, III do Código Penal. Segundo a denúncia, no dia 11/02/2019, o acusado se
apropriou da quantia de R$ 200,00 de que tinha a dentenção, pertencente à vítima
Maria.

Walter apresentou resposta à acusão e pediu oitiva de duas testemunhas


para defesa. Designada a audiência de instrução e julgamento, foram ouvidas
Maria, outro empregado da empresa (Beto), as testemunhas de defesa (Rosa e
Antônio) e o interrogado Walter.

Em alegações finais apresentadas em audiência, o Ministério Público


requereu a condenação nos termos do pedido feito da denúncia. O defensor público
que acompanhava o caso requereu absolvição sob o fundamento de que não há
prova suficiente para a condenação.
Em sentença condenatória proferida em 27 de outubro de 2020, o juiz
condenou o Walter Barroso, aplicando-lhe a pena de 2 anos e 8 meses de reclusão,
a ser cumprida no regime semiaberto, e 30 dias-multa, sendo o dia multa
equivalente a 1/30 do salário mínimo.

II - DO DIREITO

Diante de todo o exposto, o magistrado deixou de substituir a pena privativa


por pena restritiva de direitos por afirmar a existência de maus antecedentes pelo
acusado. Ocorre que ao analisar a certidão de antecedentes, é possível verificar
que só há um processo de desacato constatado, no qual o apelante nem foi
condenado já que o processo teve sua punibilidade extinta. Portanto, é crucial que
seja levado em consideração na sentença reformada o artigo 44 do Código Penal,
no qual prevê a substituição das penas privativas de liberdade para as penas
restritivas de direito quando: I - é aplicada pena privativa de liberdade não superior a
quatros anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça; II - o réu
não for reincidente em crime doloso; III - a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

Ainda no que diz respeito aos antecedentes criminais, o magistrado a quo


fixou a pena-base em questão de maneira desproporcional. A sentença foi
fundamentada no artigo 59, caput do Código Penal no que tange os maus
antecedentes. Ocorre que essa alegação foi facilmente descontruída no parágrafo
anterior. Logo, é necessário que se reduza a pena-base para o mínimo legal de 01
(um) ano.

Além disso, no caso em apreço, o apelante confessou a ação descrita pela


vítima de maneira espontânea, sem precisar de qualquer coação para tal atitude, e
deixou muito claro o quanto estava arrependido. Ora, Excelência, pode-se perceber
a inobservância do artigo 65, III, “d” do Código Penal na aplicação da pena, no qual
prevê a confissão espontânea como uma atenuante. Portanto, tal instituto deve ser
reconhecido na sentença reformada, reduzindo assim a pena-base.
Nessas condições, a pena de multa não foi aplicada de acordo com o caso
concreto. A previsão encontrada no artigo 49 do Código Penal, informa que a multa
aplicada será de no mínimo 10 (dez) dias-multa e no máximo 360 (trezentos e
sessenta) dias-multa. Logo, a pena de multa deverá ter conformidade com a
sentença reformada e reduzida.

III - DO PEDIDO

Diante do exposto, requer que:

a) O presente recurso deve ser reconhecido e provido.


b) A substituição da pena privativa para a restritiva de
direitos com base no artigo 44 do Código Penal.
c) A diminuição da pena-base para o mínimo legal de 01
(hum) ano.
d) A aplicação da atenuante pela confissão espontânea
do apelante.
e) A redução da pena de multa em conformidade com a
nova sentença.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Poranga/CE, 14 de novembro de 2022

Camila
nº OAB

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