Relato de Experiências em Educação Ambiental
Relato de Experiências em Educação Ambiental
Relato de Experiências em Educação Ambiental
1 INTRODUÇÃO
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
De acordo com Bentes e Silva (2007) as questões ambientais vêm nos últimos anos
ganhando espaço na preocupação da sociedade, pelos inúmeros impactos que comprometem a
qualidade socioambiental, causando danos ao meio ambiente que refletem nos recursos
naturais essenciais à vida.
Assim sendo, tornam-se indispensáveis a adoção de medidas minimizadoras e
corretivas. Dessa forma, as atividades relacionadas à engenharia, relacionam-se intimamente
com o meio ambiente e, em nas diversas especialidades que podem trabalhar, os engenheiros
tornam-se responsáveis por alterações no meio ambiente natural, e pelos impactos negativos
que essas alterações podem causar, caso não haja projeto, implantação e controle adequados
(HORI; RENÓFIO, 2008).
Nesse contexto a escola torna-se fator necessário e imprescindível visto que existem
muitas crianças e adolescentes na fase propícia à aprendizagem e ainda segundo Bueno e De
Arruda (2013)
a escola poderá vir a ser um espaço gerador de uma nova mentalidade na
relação ser humano com meio natural; pode contribuir para a construção da
cidadania ambiental, pois ao se trabalhar os problemas e as possíveis
soluções todos terão oportunidades para refletir sobre a sua realidade,
propondo um ambiente equilibrado e consequentemente uma melhor
qualidade de vida a todos.
Sendo assim, a escola que trabalha com a educação ambiental tem como objetivo
promover ações que afetem positivamente as relações entre o homem e o meio ambiente. Os
resíduos gerados, por exemplo, é problema e responsabilidade de todos, já que não deixa de
existir quando é recolhido pelo caminhão.
O histórico brasileiro sobre o assunto começa a formar-se com a participação na
Conferência de Estocolmo, em 1972. No evento, o país comprometeu-se fielmente a
Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, com ponto principal de criação de
princípios que fossem comuns universalmente a fim de promover e orientar a preservação do
meio ambiente humano. Observando os reflexos, em 1973 foi concebida a Secretaria Especial
do Meio Ambiente (SEMA), primeiro órgão nacional ambiental. A SEMA prosperou e
auxiliou no desenvolvimento de diversas normativas e legislações ambientais, bem como
Estações Ecológicas pelo país (BRASIL, 1973).
No ano de 1981 entrava em vigor a Lei 6.902 que aborda a criação de Estações
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e ainda no mesmo ano também se valeu a Política
Nacional do Meio Ambiente erguida sobre os pilares da conservação, preservação e
recuperação (BRASIL, 1981).
Já em 1988, a Constituição Federal com seu capítulo vultoso sobre o meio ambiente
permitiu significativo avanço na faceta de educação ambiental, visto que a mesma tornou-se
obrigatória nos níveis de ensino mesmo que de maneira opcional a se tornar uma disciplina. O
fato congrega recomendações da UNESCO e posteriormente Agenda 21 (SILVA, 2013).
Na conferência Rio-92, ressaltou-se a importância do papel cidadão sem
discriminações e que com auxílio da educação ambiental fosse possível difundir atores
responsáveis pela educação seja em escolas ou fora delas (LAYRARGUES, 2012). A
publicação da Lei 9.795, em 1999, que engloba direcionamentos acerca da educação
ambiental e prevê a Política Nacional de Educação Ambiental, culminou em avanço
legislativo, mas analisando o passado observam-se conceitos generalistas (CONAMA, 1999).
Em 2002, dez anos depois da Rio-92, ocorreu o evento conhecido como Rio+10 em que foi
discutido com diversos representantes o “futuro do planeta” mas pouco se avançou
(LAYRARGUES, 2012).
Para Carvalho (2006) a inserção do assunto necessita ser, sobretudo, um ato político,
com capacidade de transformação e construção de novos costumes. Por meio da ética que
incita a conscientização tornar integrado o vínculo do ser humano, sociedade e natureza
buscando o equilíbrio entre os três e a melhora na qualidade de vida de todos os seres.
Inserir a educação ambiental em séries fundamentais se faz importante porque são
nesses níveis de escolaridade em que os indivíduos são curiosos, abertos ao conhecimento e,
além disso, perpassam o que aprenderam para os que estão ao seu redor, criando uma espécie
de corrente. Segundo Dias (2004), as questões ambientais precisam ser entendidas
inicialmente acerca de problemas e contexto local para que a identificação seja mais fácil por
abranger um espaço conhecido e somente depois se abrem precedentes para abarcar o
contexto global.
Para Colombo (2014) quando se parte de um problema, é possível desenvolver
projetos em que os alunos sejam o centro do processo educativo que permeia a solução final
para um problema coletivo. O autor cita como exemplo prático a destinação adequada dos
resíduos sólidos que, se devidamente reciclados, resultará na diminuição do lixo enviado aos
aterros sanitários. Olhar a educação ambiental sob a perspectiva locais faz com que a
população se concentre nos problemas que estão mais próximos e por isso podem ser
amenizados com mais rapidez através da participação direta e como consequência os
problemas entendidos como globais: o efeito estufa, o aquecimento global, entre outros
também vão sendo amenizados (COLOMBO, 2014).
Segundo Ferreira, Costa e Silva (2017) entre jovens e adultos os maus hábitos
persistem, no que se refere ao descarte do lixo, a falta de conscientização ambiental, como
meios de reutilizar e/ou reciclar alguns produtos, além do gasto desordenado da água e
energia elétrica, que são recursos que estão cada vez mais limitados. Ainda para Tavares e Da
Silva (2019) “[...] a problemática socioambiental ainda parece estar longe de ser resolvida.
[...]. Decisões são tomadas em relação à problemática socioambiental quando há um desastre
ambiental e vidas perdidas, mas há pouco esforço na busca de políticas proativas’’.
Nessa perspectiva, a educação ambiental é importante para o aluno reverter tais
práticas, e consequentemente mudar hábitos e comportamentos para com o meio ambiente
(FERREIRA; COSTA; SILVA, 2017).
É explícito que a temática está diretamente ligada a leis e documentos parametrizados
para seu ensino e necessita-se que o conhecimento delas seja contemplado por quem fará a
ponte entre o conhecimento e a sala de aula. Deste modo, o elo entre o curso de Engenharia
Ambiental e Sanitária com as escolas abordadas neste artigo contribuiu para que houvesse
trocas de conhecimento entre todos envolvidos.
4 DISCUSSÃO
A região do Alto Uruguai Gaúcho está localizada no norte do estado do Rio Grande do
Sul, com área aproximada 6.364,2 km² e uma população de 230.682 habitantes segundo a
Fundação de Economia e Estatística (2018). Está região é formada por trinta e dois
municípios que formam a Associação dos Municípios do Alto Uruguai (AMAU).
Neste contexto está localizado o Campus Erechim da Universidade Federal da
Fronteira Sul (UFFS) que desenvolveu um programa de extensão chamado: A inserção da
empresa júnior de Engenharia Ambiental no atendimento às demandas da comunidade
regional. A educação ambiental era um dos projetos que faziam parte deste programa que
durou três anos e no qual, na parte de educação ambiental, envolveu cerca de quinze pessoas,
entre bolsistas, alunos e técnicos voluntários e professores.
A primeira das ações foi a escolha das escolas onde as atividades seriam realizadas.
Fez-se o contato com as secretarias de educação dos municípios da Associação dos
Municípios do Alto Uruguai Gaúcho (AMAU). As secretarias municipais que demonstraram
interesse, dentro do prazo estabelecido, realizaram a indicação de escolas onde o projeto
poderia ser desenvolvido. De posse da indicação, entrou-se em contato e agendaram-se
visitas. Na visita, o projeto foi apresentado à equipe diretiva e coordenadores pedagógicos,
para que em discussão conjunta fossem estabelecidas as adaptações necessárias. Também foi
possível conhecer a estrutura das escolas e planejar o local das atividades. De forma gradual,
acompanhando a resposta a cada novo módulo, desenvolveram-se atividades na cidade de
Erechim e depois no município de Ponte Preta. Essa abordagem em momentos distintos
permitiu replicar acertos, corrigir distorções e ter um melhor aproveitamento dos encontros.
Erechim é a segunda cidade mais populosa do norte do estado com 105.862
habitantes, já Ponte Preta é uma das menores, tem uma população estimada de 1.547
habitantes. Contudo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dos dois
municípios são bem parecido, Erechim tem um IDHM de 0,776 e Ponte Preta o IDHM é de
0,725 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2019). Erechim tem
uma Secretaria de Meio Ambiente e uma coleta seletiva de resíduos bem estruturada. Ponte
Preta é um município que se mostra preocupado com questões ambientais para o bem estar de
seus habitantes, tendo coleta seletiva, aterro sanitário e está em implantação a estação de
tratamento de esgoto.
O projeto teve início com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Othelo Rosa
localizada na cidade de Erechim-RS no bairro Presidente Vargas que atualmente atende
aproximadamente seiscentos estudantes desde a educação infantil ao nono ano.
Após a implementação na Escola Othelo Rosa de Erechim, o projeto se estendeu para
a Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Greselle e para a escola Estadual de
Ensino Médio São José, localizadas no município de Ponte Preta.
O projeto de educação ambiental teve início no ano 2017, com turmas de quinto ano,
com perspectiva de acompanhamento do grupo pelo período de três anos. Os temas
trabalhados foram pensados minuciosamente pelos envolvidos no estudo. Oliveira et al.
(2012) explicam que a educação ambiental deve ser desenvolvida considerando o
conhecimento vivido no cotidiano de cada aluno, tornando assim mais fácil relacionar
conteúdos e prática.
Considerando que a maior parte dos estudantes vive em centros urbanos onde o
descarte os resíduos sólidos é atualmente um dos maiores problemas ambientais, a primeira
temática desenvolvida foi “Resíduos Sólidos”, visando a conscientização quanto à
classificação e correta destinação dos resíduos. O tema foi trabalhado inicialmente com a
apresentação dos conceitos de resíduos sólidos. Foi realizada uma dinâmica de grupo sobre
coleta seletiva de acordo com o código de cores da resolução do CONAMA nº 275 e também
uma oficina de papel reciclável, além de um jogo da destinação correta dos resíduos e
confecção de painel didático, no qual os alunos testaram seu aprendizado. Na Figura 1
podem-se visualizar as atividades realizadas na temática - resíduos sólidos.
A oficina anteriormente citada é uma prática que visou produzir papel reciclado. Tal
atividade é de fácil aplicação e necessita de poucos materiais para a prática, sendo a principal
matéria prima o papel já utilizado pelos estudantes. Quando o papel é reciclado se está
contribuindo com o meio ambiente e diminuindo impactos ambientais, pois árvores deixaram
de ser cortadas.
Quando foi iniciado o trabalho com os alunos, era notável um conhecimento restrito
sobre a temática, mas ao final das atividades, a maioria dos alunos demonstraram mudanças
de percepção sobre a questão dos resíduos sólidos, este fato foi observado através das falas de
algumas crianças ao afirmarem, por exemplo, que iriam começar a realizar a separação dos
resíduos na escola e também em suas residências. O retorno dos alunos sobre a atividade
também consegue mostrar o fator da propagação de conhecimentos aos indivíduos próximos a
eles e a respectiva sensibilização.
O segundo tema escolhido foi “Saneamento Básico”, em razão de uma demanda do
município de Ponte Preta para desenvolver atividade de educação ambiental junto a sua
população, visando a conscientização quanto a importância do tratamento do esgoto sanitário,
pois no município estava em construção a rede coletora e a estação de tratamento de efluentes
domésticos municipal.
Primeiro foi apresentado o tema e a explanação de todo o ciclo do saneamento básico
e na sequência utilizou-se de diversas imagens impactantes além de vídeos explicativos para
despertar o interesse e a curiosidade dos alunos (Figura 2). Um recurso bastante utilizado para
auxiliar na explicação desse tema foi o site da Agência Nacional das Águas e Saneamento
Básico (ANA), no qual há muito material que pode servir de base para ser trabalhado com
alunos de diferentes séries.
A temática do saneamento básico enfrentou dificuldades, com envolvimento mais
limitado por parte dos estudantes. Acredita-se que a carga teórica muito densa possa ter
prejudicado. Ainda assim, foi possível o reconhecimento das etapas de tratamento e
abastecimento de água potável e a diferenciação dos sistemas de esgoto sanitários
residenciais.
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.
LAYRARGUES, P. P. Educação ambiental no Brasil: o que mudou nos vinte anos entre a
Rio 92 e a Rio+20. Revista ComCiência, Campinas, n. 136, mar. 2012. Disponível em:
http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
76542012000200009&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 01 set. 2020.