2° Ano Transferencia Da Corte

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Escola Abel Ovídio

Disciplina: História / 2° ano

A Vinda da Família Real para o Brasil


A vinda da família real portuguesa para o Brasil ocorreu em 29 de novembro de 1807 e
a comitiva aportou em Salvador (BA), em 22 de janeiro de 1808.
O refúgio no Brasil foi uma manobra do príncipe regente, D. João, para garantir que
Portugal continuasse independente quando foi ameaçado de invasão por Napoleão Bonaparte.
Para garantir o êxito da transferência, o reino de Portugal teve apoio da Inglaterra, que
também auxiliou na expulsão das tropas napoleônicas.
Por que a Família Real veio para o Brasil?
Em 1806, Napoleão Bonaparte decretou o bloqueio continental determinando que os
países europeus fechassem os portos para os navios da Inglaterra.
Enquanto isso, Bonaparte negociou secretamente o Tratado de Fontainebleau (1807) com
os espanhóis que permitiria os franceses atravessar a Espanha para invadir Portugal. Em troca,
o reino espanhol poderia se apoderar de um pedaço do território português.
Portugal não aderiu ao bloqueio continental devido à longa aliança política e comercial com
os ingleses e, por este motivo, Napoleão ordenou a invasão do território português, ocorrida em
novembro de 1807.
Antes disso, em 22 de outubro de 1807, o príncipe regente D. João e o rei da Inglaterra
Jorge III (1738-1820) assinaram uma convenção secreta que transferia a sede monárquica de
Portugal para o Brasil.
Neste mesmo documento, ficava estabelecido que as tropas britânicas se instalariam na
lha da Madeira temporariamente. Por sua parte, o governo português comprometeu-se em
assinar um tratado comercial com a Inglaterra após fixar-se no Brasil.
O príncipe regente, Dom João, determinou que toda a família real seria transferida para o
Brasil. Também viajariam os ministros e empregados, totalizando 15,7 mil pessoas que
representavam 2% da população portuguesa.
Atualmente, estes números estão sendo revistos, pois muitos historiadores consideram a
cifra exagerada.
Embarque da Família Real
Foram necessárias oito naus, três fragatas, três brigues e duas escunas para o transporte.
Outros 4 navios da esquadra britânica acompanhavam a corte.
Além das pessoas foram embarcados no dia 29 de novembro de 1807, móveis, documentos,
dinheiro, obras de arte e a real biblioteca. Aos que ficaram, lhes foi aconselhado receber de
maneira pacífica os invasores para evitar derramamento de sangue.
O general Junot (1771-1813), comandante da invasão, ficou em Lisboa até agosto de 1808
quando foi derrotado pelas tropas anglo-lusitanas. A partir daí, Portugal era governado pelo
Conselho de Regência integrados por fidalgos do reino.
Travessia e chegada da Família Real
A viagem ocorreu em condições insalubres e durou 54 dias até Salvador (BA), onde
desembarcou no dia 22 de janeiro de 1808. Na capital baiana foram recebidos com festas e ali
permaneceram por mais de um mês.
No período em que esteve na Bahia, o Príncipe Regente assinou o Tratado de Abertura
dos Portos às Nações Amigas e criou a Escola de Cirurgia da Bahia.
No dia 26 de fevereiro, a corte partiu para o Rio de Janeiro, que seria declarada capital do
Império.
A chegada no Rio de Janeiro ocorreu em 8 de março de 1808. Havia poucos alojamentos
disponíveis para acomodar a comitiva palaciana e muitas residências foram solicitadas para
recebê-los. Quartéis e conventos também foram usados para acomodar a corte.
As casas que eram escolhidas pelos nobres recebiam em sua fachada a inscrição P.R.,
que significava "Príncipe Regente" e indicava a saída dos moradores para disponibilizar o
imóvel.
No entanto, a população interpretou a sigla, ironicamente, como "Ponha-se na Rua".
Consequências da vinda da Família Real
A transferência da Família Real e sua comitiva contribuiu para
significativas mudanças no Brasil e no Rio de Janeiro.
Com a abertura dos portos, todas as nações amigas de
Portugal puderam comercializar com o Brasil. Num primeiro
momento, isto significava o comércio com a Inglaterra.
Por sua vez, o Rio de Janeiro se tornou a capital do reino de
Portugal e foram realizados melhoramentos e levantados novos
edifícios públicos na cidade.
O mesmo ocorreu com o mobiliário e a moda. Com a abertura
dos portos, o comércio foi diversificado, passando a oferecer
serviços como o de cabeleireiros, chapeleiros, modistas.
D. João também abriu a Imprensa Régia, de onde surgiu a
Gazeta do Rio de Janeiro. Foram criadas instituições como:

 Real Academia Militar (1810),


 Jardim Botânico (1808),
 Real Fábrica de Pólvora (1808),
 Banco do Brasil (1808),
 Laboratório Químico-Prático (1812).

Vida cultural
A arte, contudo, está entre os setores que mais recebeu impacto da transferência da
corte. A Real Biblioteca de Portugal foi transferida integralmente de Lisboa para o Rio de
Janeiro, em 1810.
O acervo inicial, de 60 mil volumes, era composto por livros, mapas, manuscritos,
estampas e medalhas e foi a origem da atual Biblioteca Nacional.
Para o entretenimento dos integrantes da corte, foi fundado, em 1813, o Real Teatro São João,
onde atualmente se encontra o Teatro João Caetano.
Na música, o compositor português Marcos Portugal e o brasileiro padre José Maurício,
escreveram na época, as mais belas melodias das Américas.
Com o fim das guerras napoleônicas, vários artistas franceses se viram sem trabalho e
recorrem a Dom João para seguir suas carreiras. Tem início, assim, a chamada Missão
Francesa que possibilitou a abertura da Escola Real de Artes Ciências e Oficios.

Tratado de Aliança e Amizade, de Comércio e Navegação


A fim de estreitar os laços comerciais e políticos com os ingleses, Dom João assina, em 1810, o
Tratado de Aliança e Amizade, de Comércio e Navegação com o Reino Unido.
Este Tratado estabelecia:

 vantagens comerciais. O imposto de importação de produtos ingleses seria de 15%, ou seja, os


produtos portugueses, 16%, e os demais países, 24%.
 O compromisso do fim do tráfico negreiro em vistas da abolição da escravidão;
 o direito da extraterritorialidade. Isto permitia aos súditos ingleses que cometesse crimes em
domínios portugueses serem processados por magistrados ingleses, segundo a lei inglesa;
 a permissão para construir cemitérios e templos protestantes;
 a segurança de que a Inquisição não seria implantada no Brasil e, desta maneira, os
protestantes não seriam incomodados.

Independência do Brasil
A principal consequência da vinda da família real para o Brasil foi a aceleração do processo de
independência do país.
Em 1815, com fim das guerras napoleônicas, o Brasil foi declarado parte do Reino Unido de
Portugal e Algarves, deixando de ser uma colônia.
Isso foi necessário, pois os dirigentes europeus reunidos no Congresso de Viena não
reconheciam a autoridade de Dom João numa simples possessão ultramarina.
A permanência da família real foi decisiva para manter a unificação territorial do Brasil, pois
reuniu parte da elite e da população em torno à figura do soberano.
As medidas político-administrativas de Dom João fizeram com que a Inglaterra acentuasse o
interesse no comércio com o Brasil. Essa condição fica clara com a abertura dos portos às
nações amigas.
O processo fez com que Portugal perdesse o monopólio sobre o comércio com o Brasil e a elite
agrária passa a sonhar com a Independência. Em contrapartida, o Brasil passa a ser para a
Inglaterra um promissor mercado consumidor e fornecedor.
Quando D. João VI precisou retornar a Portugal, por causa da Revolução Liberal do Porto, o filho
Dom Pedro, aproxima-se da elite agrária. Esta estava preocupada com a possibilidade de
recolonização e as guerras em curso na América Espanhola.
A Independência do Brasil é declarada no dia 7 de setembro de 1822 por Dom Pedro I que se
torna o primeiro imperador do Brasil.
Independente, o país promulga a primeira Constituição em 1824 que mantém o regime
monárquico, a escravidão e reconhece a religião católica como oficial.

Exercício 01 e) Proibiu a entrada de novos imigrantes por 6


A transferência da Coroa portuguesa para o meses, para garantir a segurança de seu
Brasil, em 1808, foi fator determinante para trono.
qual evento histórico nacional?
a) Conjuração Baiana. Exercício 04
b) Inconfidência Mineira. Considerando as consequências da chegada
c) Independência do Brasil. da Família Real Portuguesa, em 1808,
d) Revolta de Beckman. assinale a alternativa INCORRETA:
e) Invasão holandesa. a) Assim que chegou ao território, D. João VI,
príncipe regente, decretou a abertura dos
Exercício 02 portos às nações amigas.
O principal fator que levou a Família Real sair b) Diversos melhoramentos foram realizados
de Portugal e vir para o Brasil foi: no território, em especial na cidade do Rio de
a) O fato de a economia portuguesa estar Janeiro.
passando por sérias dificuldades no c) Houve a criação de importantes
momento. instituições, como o Banco do Brasil e a Real
b) A invasão francesa a Portugal, liderada por Academia Militar.
Napoleão Bonaparte. d) A vinda da corte para o Brasil significou o
c) A falta de funcionários reais qualificados fim do comércio entre Portugal, suas colônias
para desenvolver o modelo colonial no Brasil. e a Inglaterra, sua maior inimiga.
d) O modo como a Família Real Portuguesa e) A médio prazo, uma das maiores
amava o Brasil. consequências foi a Independência do Brasil,
e) A tentativa de acelerar o crescimento do que está diretamente relacionada com esse
Brasil enquanto colônia, para preparar a evento.
nação para a independência.
Exercício 05
Exercício 03 Qual a relação entre o Bloqueio Continental
Qual das medidas abaixo foi tomada por D. (1806), instituído por Napoleão Bonaparte, e a
João VI logo na sua chegada ao Brasil, em transferência da corte portuguesa para o
1808? Brasil (1808)?
a) Mudança do nome da colônia, que antes se a) A partir do Bloqueio Continental, Portugal
chamava "Pindorama" e agora, "Brasil". viu seu comércio ameaçado, em especial na
b) Criação de um exército nacional para sua colônia americana, o Brasil. Por tanto, D.
proteger seu trono. João VI, príncipe regente, decidiu realizar a
c) Realizou a abolição da escravidão na transferência da corte para cá, no intuito de
colônia. observar mais de perto o setor econômico
d) Decretou a abertura dos portos brasileiros brasileiro e realizar intervenções para
para o comércio com as nações amigas. alavancar nossas exportações.
b) Tanto o Bloqueio Continental quanto a (ENEM) "Eu, o Príncipe Regente, faço saber
Vinda da Corte portuguesa estão relacionados aos que o presente Alvará virem: que
com a Inglaterra. Os franceses, principais desejando promover e adiantar a riqueza
aliados dos ingleses no século XIX, se uniram nacional, e sendo um dos mananciais dela as
militarmente visando tomar o trono de manufaturas e a indústria, sou servido abolir e
Portugal. Para evitar que isso acontecesse, D. revogar toda e qualquer proibição que haja a
João VI decidiu pela vinda para o Brasil. este respeito no Estado do Brasil."
c) O Bloqueio Continental, instituído por
Napoleão em 1808, afetou diretamente a O projeto industrializante de D. João,
Inglaterra. Dessa forma, como maneira de conforme expresso no alvará, não se
protestar contra os franceses, Portugal, que concretizou. Que características desse
era parceira comercial dos britânicos, realizou período explicam esse fato?
a transferência da corte para o Brasil. a) A ocupação de Portugal pelas tropas
d) Quando a França decretou o Bloqueio francesas e o fechamento das manufaturas
Continental, os portugueses identificaram uma portuguesas.
oportunidade de comércio que seria focar b) A dependência portuguesa da Inglaterra e
suas exportações na colônia. Portanto, a o predomínio industrial inglês sobre suas
transferência da corte para o Brasil foi uma redes de comércio.
estratégia comercial. c) A desconfiança da burguesia industrial
e) Portugal realizou a transferência da corte colonial diante da chegada da família real
para o Brasil fugindo dos franceses, isso portuguesa.
porque os portugueses optaram por d) O confronto entre a França e a Inglaterra e
desrespeitar o Bloqueio Continental e a posição dúbia assumida por Portugal no
continuar realizando comércio com a comércio internacional.
Inglaterra. Assim, quando Napoleão declarou e) O atraso industrial da colônia provocado
guerra contra os lusitanos, eles viram como pela perda de mercados para as indústrias
última saída a vinda para sua colônia. portuguesas.
Exercício 06 Exercício 08
A respeito das mudanças realizadas no Brasil (UFF) A transferência da Corte Portuguesa
Colônia a partir da chegada da Família Real para o Brasil tem sido objeto de intensos e
Portuguesa, assinale o que for INCORRETO: calorosos debates na historiografia luso-
a) O principal objetivo da transferência da brasileira. Dentre as novidades implantadas
corte para o Brasil foi garantir que Portugal pela chegada da Corte de D. João, estão:
continuasse independente quando foi I) Maior controle sobre a concessão de
ameaçado de invasão por Napoleão sesmarias, via criação da Mesa do
Bonaparte, imperador francês. Desembargo do Paço do Rio de Janeiro
b) Para garantir que a transferência II) Fundação do Banco do Brasil
acontecesse de forma segura, o reino de III) Criação da Companhia Geral de Comércio
Portugal teve apoio da Inglaterra que, em solo do Grão Pará e Maranhão
português, também auxiliou na expulsão das IV) Criação da Intendência Geral da Polícia
tropas napoleônicas. V) Institucionalização do Tribunal da Relação
c) Portugal se opôs ao bloqueio continental do Rio de Janeiro para julgar as querelas da
devido à longa aliança política e comercial Província
com os ingleses. Isso levou Bonaparte a Assinale a alternativa que reúne os elementos
ordenar a invasão no território lusitano, em identificados com a transferência da Corte
1807. Portuguesa:
d) Na vinda para o Brasil, além das pessoas a) I e II, apenas
foram embarcados móveis, documentos,
b) I, II e III, apenas
dinheiro, obras de arte e a real biblioteca.
c) I, II e IV, apenas
e) Ao abandonar Portugal, as tropas
d) III, IV e V, apenas
francesas facilmente dominaram o território
e) IV e V, apenas
lusitano e passaram a comandar o país.
Napoleão coroou seu irmão, José Bonaparte,
para se tornar rei dos portugueses.
Exercício 07
Primeiro Reinado (1822 - 1831): o que foi e os principais acontecimentos

O Primeiro Reinado corresponde ao período de 7 de setembro de 1822 (Independência do


Brasil) a 7 de abril de 1831 (abdicação de Dom Pedro I). Esta fase inaugurou o período histórico
do Brasil Império, no qual o país foi governado por D. Pedro I.
O Primeiro Reinado foi marcado por disputas entre as elites agrárias e o Imperador, além de
conflitos regionais no Nordeste e na Cisplatina. Porém, foi o momento no qual o Brasil construiu
suas bases como Estado-nação.
Este período chegou ao fim com a abdicação de D. Pedro I, por causa da crescente
insatisfação popular. D. Pedro II, que tinha apenas cinco anos, assumiu o trono em seu lugar.
Antecedentes: o processo de Independência do Brasil
O período do Primeiro Reinado foi antecedido pelo processo de Independência do Brasil
(1822).
Em 1808, a Corte Portuguesa estabeleceu-se no Brasil, numa estratégia de manutenção do
poder e de proteção de sua principal colônia, no contexto do Bloqueio Continental imposto por
Napoleão Bonaparte.
A presença da monarquia em terras brasileiras trouxe uma série de transformações,
incluindo a elevação do status do Brasil de colônia para Reino Unido a Portugal e Algarves
(1815).
Contudo, após a derrota definitiva de Napoleão, os portugueses, bastante insatisfeitos com a
nova posição do Brasil e com a ausência do monarca, iniciaram a Revolução Liberal do Porto
(1820), que tinha entre seus principais objetivos recolonizar o Brasil, promover a volta de D.
João VI para Portugal e elaborar uma Constituição.
Diante desta pressão, Dom João VI retornou a Portugal em 1821, acompanhado da rainha
Dona Carlota Joaquina, do príncipe D. Miguel e das filhas do casal. Porém, seu filho mais velho
e herdeiro do trono, D. Pedro, permaneceu no Brasil, na condição de príncipe regente.
A pressão das cortes portuguesas para o fim da autonomia do Brasil e pela volta de D.
Pedro a Portugal desencadeou um movimento de resistência, que culminou na Proclamação da
Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822.
O príncipe regente foi aclamado imperador, com o título de Dom Pedro I. Contudo, ele ainda
teria que enfrentar a resistência de grupos que não aceitaram o fim do domínio português, com
conflitos nas províncias da Bahia, Grão-Pará, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe e Ceará.
Construção do Estado Brasileiro (Principais acontecimentos do Primeiro Reinado)
O Primeiro Reinado foi o período inicial da formação do Estado brasileiro. A partir de 1823,
com a consolidação da Independência, era necessário construir uma nova organização política.
Manutenção da unidade nacional
Historiadores defendem que as elites brasileiras apoiaram a manutenção do governo
monárquico de D. Pedro I, e não a instauração de república, com o objetivo de manter a unidade
nacional após a Independência.
Havia o receio de uma desintegração semelhante à ocorrida nas antigas colônias da
América Espanhola, que se dividiram em diversos países independentes.
A unidade em torno da figura do imperador, além de fortalecer a economia, também
possibilitou a manutenção da escravidão, desejo das elites agrárias, apesar da já presente
pressão inglesa pela extinção do comércio de pessoas escravizadas. A escravidão foi abolida no
Brasil somente em fins do Segundo Reinado, em 1888.
Constituição de 1824
A primeira constituição brasileira (1824) foi elaborada durante o Primeiro Reinado. Uma vez
terminadas as batalhas pela independência na Bahia, uma assembleia constituinte, formada por
90 deputados eleitos entre grandes proprietários e juristas, foi reunida para redigir a Constituição
do novo país em maio de 1823.
Após muitas discussões, uma primeira versão foi apresentada ao Imperador. Elaborada a
partir do projeto do deputado Antônio Carlos de Andrada (irmão de José Bonifácio), esta primeira
versão do texto ficou conhecida pelo apelido de Constituição Mandioca, pois definia a produção
anual deste alimento, base da alimentação dos escravizados, como critério para definição de
quem poderia participar das eleições. Ou seja: quanto maior a produção de mandioca, maior a
quantidade de escravizados e maior a riqueza.
Contudo, como esse primeiro projeto de constituição limitava os poderes de D. Pedro I, ele
fecha a Assembleia, ordena a prisão e exílio de alguns deputados. Uma nova Constituição foi
escrita, desta vez elaborada por um Conselho de Notáveis, formado por apenas 10 membros
escolhidos pelo imperador.
A Constituição foi outorgada em 1824. Nesta nova Carta Magna estava o Poder Moderador,
que seria exercido pelo imperador, em caso de conflito entre os poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário.
Inspirado nas ideias do intelectual de origem suíça Benjamin Constant, o Poder Moderador
foi visto, por muitos brasileiros, como uma forma do Imperador centralizar em si os demais
poderes do governo.
A Constituição de 1824 também definiu:

 A forma de governo como monárquico, hereditário e constitucional;


 Divisão do país em províncias, com presidentes nomeados pelo imperador;
 Manteve a religião católica como oficial e subordinada ao Estado, permitindo porém o
culto privado de outras religiões;
 Eleições indiretas e censitárias.
O sistema eleitoral determinado na Constituição de 1824 era somente para o Legislativo e
excluía a participação política da maioria da população brasileira, pois era censitário, ou seja: o
critério para determinar quem tinha o direito de votar era econômico.
As mulheres estavam excluídas de todo o processo eleitoral, embora a Constituição não
tocasse no assunto de forma direta. O mesmo se dava à maioria da população de escravizados
libertos. Contudo, não havia restrições ao voto dos analfabetos.
As eleições eram indiretas. Nas eleições primárias, cidadãos com renda de pelo menos 100
mil réis anuais votavam nos eleitores que, por sua vez, deveriam ter renda anual de 200 mil réis
e não podiam ser escravos libertos. Era este grupo de eleitores que votava para escolher os
deputados, cujos critérios eram ser homens católicos com renda anual de pelo menos 400 mil
réis.
Por sua vez, o Senado era formado por membros vitalícios e indicados pelo imperador, a
partir de lista tríplice de cada província.
Confederação do Equador (1824)
O caráter centralizador da Constituição de 1824 enfrentou resistências, sendo a maior delas
a Confederação do Equador (1824).
A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário e emancipacionista de cunho
republicano e separatista, ocorrido na região Nordeste, entre as províncias de Pernambuco,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Alagoas.
O movimento, que teve entre seus líderes Frei Caneca e Cipriano Barata, iniciou-se com a
revolta pela nomeação imperial de um presidente de província que desagradava a população
pernambucana.
A Confederação do Equador buscava a construção de uma república independente, com
capital no Recife. "Confederação", pois o movimento era inspirado no modelo dos Estados
Unidos da América (republicano e federalista), e "do Equador" pela proximidade com a linha
geográfica de mesmo nome.
O movimento foi fortemente reprimido pelas forças imperiais, lideradas pelo almirante
britânico Thomas Cochrane. A maioria dos líderes foram presos e executados.
Crise do Primeiro Reinado
Um conjunto de motivos levou ao declínio do governo de D. Pedro I e a crescente perda da
base de apoio do Primeiro Reinado, dentre os quais podemos destacar:

 a Guerra da Cisplatina;
 o contexto de crise econômica;
 as disputas pela sucessão da Coroa Portuguesa;
 as manifestações populares contra o imperador.
Guerra da Cisplatina
A Guerra da Cisplatina (1825-1828) foi uma disputa pela Província da Cisplatina entre o
Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata.
D. Pedro I alegava que aqueles territórios pertenciam a sua mãe, Carlota Joaquina, irmã do
rei Fernando VII da Espanha. Além disso, parte da prata andina era escoada pelo estuário do
Rio da Prata. Para além dos interesses econômicos, o controle da região fortaleceria a
autoridade do imperador do Brasil.
Derrotado militarmente, o Brasil, porém, não reconhecia que este território pudesse fazer
parte da atual Argentina. A solução foi criar um Estado independente, o Uruguai.
Os gastos financeiros com a Guerra da Cisplatina somados à perda definitiva do território
cooperaram para prejudicar a imagem do imperador D. Pedro I.
Crise econômica
A situação econômica brasileira durante o Primeiro Reinado era muito ruim. O Brasil
comercializava produtos cujos preços de exportação estavam caindo no mercado internacional,
tais como algodão, açúcar e tabaco.
A produção de café começava a se expandir. Contudo, o desenvolvimento do “ouro verde”,
como era chamado, não era ainda suficiente para evitar a crise econômica.
Havia ainda o aumento da dívida pública, incluindo os empréstimos feitos com os ingleses
para pagar a indenização requerida por Portugal para reconhecer a Independência (o que
ocorreu em 1825).
Os gastos com conflitos internos, especialmente com a Guerra da Cisplatina, também foram
elevados, obrigando o governo a recorrer a empréstimos com a Inglaterra.
Sucessão da Coroa Portuguesa
A popularidade de D. Pedro I ficou ainda mais abalada devido ao seu envolvimento com a
questão sucessória em Portugal.
Mesmo tendo proclamado a independência do Brasil, D. Pedro I ainda se considerava
herdeiro do trono português. Com a morte de D. João VI, em 1826, cresceram os temores de
que o imperador abandonasse o Brasil para ser aclamado rei em Portugal.
D. Pedro I chegou a ser aclamado como rei de Portugal (com o título de D. Pedro IV), entre
março e maio de 1826, abdicando do título em favor de sua filha, Dona Maria da Glória.
Pressionado, D. Pedro I envia sua filha D. Maria da Glória (de apenas sete anos de idade) a
Portugal para assumir o poder, com seu tio D. Miguel, assumindo a regência de Portugal até a
menina alcançar a maioridade.
Contudo, D. Miguel se proclama rei de Portugal, provocando a reação de D. Pedro I, que
declara guerra contra seu irmão. Para tanto, foram necessários ainda mais gastos, com o
financiamento e envio de tropas, aumentando ainda mais a perda de apoio ao seu governo.
Manifestações populares contra D. Pedro I
Além dos fatos citados acima, no Brasil, o descontentamento com o Imperador chegava às
ruas sob formas de protestos.
Também houve a suspeita de que o assassinato do jornalista crítico do governo Líbero
Badaró, ocorrido em 1830, crítico do governo, teria sido ordenado pelo Imperador, trazendo mais
revolta às ruas.
Um destes protestos ficou conhecido como a Noite das Garrafadas, ocorrida em 13 de
março de 1831. Portugueses, que não apoiavam a separação de Brasil e Portugal, e brasileiros
se enfrentaram nas ruas do Rio de Janeiro.
D. Pedro I tinha ido à província de Minas Gerais a fim de angariar apoios para sua causa. Na
volta, vários portugueses organizaram uma grande festa para recebê-lo, mas que acabou em
confusão entre os brasileiros que reclamavam contra o governo de D. Pedro I.
Assustado com a violência das ruas, D. Pedro I decide formar um ministério constituído
somente por brasileiros, o "Ministério dos Marqueses". Porém, isto não foi suficiente para
acalmar os ânimos.
Abdicação de D. Pedro I
Dividido entre o trono português e o brasileiro, enfrentando protestos na rua e com parte do
Exército contra a sua figura, D. Pedro I abdica do trono em favor de seu filho e herdeiro, D.
Pedro II.
Em seguida, parte para a Europa a fim de reunir recursos e exércitos para lutar contra seu
irmão D. Miguel e restaurar o trono a sua filha, D. Maria da Glória. Uma vez vencida a guerra,
ela subirá ao trono português como D. Maria II.
No Brasil, no entanto, D. Pedro II tinha apenas cinco anos de idade e não podia governar. A
solução, prevista na Constituição, foi formar uma Regência até sua maioridade.
Esta época será conhecida como Período Regencial.

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