AposEspecial DireitoAdquirido Ao DIRBEN8030
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artigo=1018
1. Introdução
A aposentadoria especial pressupõe agressão à saúde do trabalhador por meio de exposição a agentes
nocivos. O aposentado de forma especial não pode mais exercer atividade que o exponha a agentes nocivos
à saúde.
A lei não distingue que espécie de segurado que terá direito à referida aposentadoria, o que importa
dizer que pode ser qualquer um deles, todavia a condição fundamental é o trabalho comprovado em
atividade que coloque em risco à saúde e a integridade física do segurado.
Não se aplica, porém, a aposentadoria especial aos segurados facultativos, aos domésticos e aos
eclesiásticos, pois não exerce atividades que lhes prejudique a saúde.
A comprovação será feita em formulário do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela
empresa com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCA), expedido por médico do
trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.
Esta comprovação já foi feita por diversos formulários distintos, que foram o SB 40, DISES BE 5235, DSS
8030 e o DIRBEN 8030. Agora todos foram substituídos pelo PPP (PERFIL PROFISSIOGRÁFICO
PREVIDENCIÁRIO), o qual traz diversas informações do segurado e da empresa. A idéia é que em futuro
próximo a empresa tenha de elaborar o PPP para todos os seus trabalhadores, funcionando o mesmo como um
histórico laboral completo, permitindo ao INSS mapear as condições de trabalho dos segurados em geral.
Para ter direito ao benefício, o trabalhador inscrito a partir de 25 de julho de 1991 deverá comprovar no mínimo
180 contribuições mensais. Os inscritos até essa data devem seguir a tabela progressiva disposta no art. 142
da Lei Nº. 8.213/91. A perda da qualidade de segurado não será considerada para concessão de aposentadoria
especial, segundo a Lei Nº. 10.666/2003.
2. Direito adquirido
Entretanto, cabe ressaltar que a caracterização e a comprovação do tempo de atividades sob condições
especiais obedecerão ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço.
É de se destacar inicialmente que a versão original do art. 57, da Lei nº. 8.213/91 previa que a aposentadoria
especial seria devida ao segurado que cumprisse a carência, conforme a atividade profissional,
independentemente da exposição a agentes nocivos à saúde.
Assim, a aposentadoria especial, em sua forma genesis, abarcava determinadas categorias profissionais,
expostas ou não aos agentes agressores da saúde.
Nessa esteira, os engenheiros químicos, metalúrgicos, de minas, de construção, civis e eletricistas, dentre
outras categorias profissionais se beneficiavam da vantagem sub oculis pelo simples exercício da atividade
pertinente à categoria profissional dos aludidos segurados, a aposentadoria especial, bem como a contagem de
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tempo de serviço em condições especiais, devidamente convertida para a aposentadoria por tempo de serviço.
Isto porque a legislação não criou óbice para que o profissional que exerceu, ou exerce, atividades típicas e
próprias das categorias supracitadas, dentre outras, ainda que sem exposição a agente agressivo (eletricidade,
ruído, etc.), usufrua do período de trabalho como ESPECIAL.
Acontece que, a partir de 29/04/1995, a Lei Nº. 9.032, revogou o Anexo II do Decreto nº. 83.080/79 e exigiu,
dessa data em diante, para fins de enquadramento das atividades acima descritas, dentre outras, a efetiva
exposição a agentes agressivos durante a jornada de trabalho, como se verifica na nova redação dada ao § 3º,
do art. 57, da Lei nº. 8.213/91, in verbis:
"art. 57.
(...)
§ 3º. A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo regulamento perante o Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional, nem intermitente, em
condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física durante o período mínimo fixado". (Redação
dada pela Lei nº. 9.032, de 28/04/95).
Ocorre que, apesar de cristalina a aquisição de direitos dos segurados que se encaixam no presente enredo,
algumas empresas se furtam em fornecer o formulário DIRBEN 8030 (antigo SB 40) por entenderem que as
tarefas executadas pelo interessado não se coadunam com as condições especiais de que trata a nova
legislação.
Sucede que a legislação regente permite que haja a contagem de tempo em condições especiais das
categorias citadas, ressalvando os direitos de quem reuniu os requisitos necessários antes da vigência da Lei
Nº. 9.032/95 (28/04/95), na forma da Súmula 359, do STF, mas condiciona que a empresa empregadora
informe, no citado formulário DIRBEN – 8030, as condições do trabalho desempenhado pelo interessado.
Nesse diapasão também têm sido as manifestações do Superior Tribunal de Justiça, conforme pode se
observar no seguinte julgamento, in verbis:
"O tempo de serviço é regido pela norma vigente ao tempo da sua prestação, conseqüencializandose que, em
respeito ao direito adquirido, prestado o serviço em condições adversas, por força das quais atribua a lei
vigente forma de contagem diversa da comum e mais vantajosa, esta é que há de disciplinar a contagem
desse tempo de serviço.
Considerandose a legislação vigente à época em que o serviço foi prestado, não se pode exigir a comprovação
à exposição a agente insalubre de forma permanente, não ocasional nem intermitente, uma vez que tal
exigência somente foi introduzida pela Lei nº. 9.032/95" (RESP nº. 658.016, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª
Turma, por unanimidade, DJ de 21/11/2005).
"Comprovado o exercício de atividade considerada insalubre, perigosa ou penosa, pela legislação à época
aplicável, o trabalhador possui o direito à contagem especial deste tempo de serviço. Seguindo essa
orientação, a Turma negou provimento a recurso extraordinário interposto pelo INSS, em que se alegava ofensa
ao art. 5º, XXXVI, da CF/88, ao argumento de inexistência de direito adquirido à conversão do tempo de
serviço especial para comum, em face do exercício de atividade insalubre elencada nos Decretos 53.831/64 e
83.080/79.
Entendeuse que o tempo de serviço deveria ser contado de acordo com o art. 57, § 3º, da Lei nº. 8.213/91,
vigente à época da prestação dos serviços, e não pela Lei nº. 9.032/95 que, alterando o citado parágrafo,
exigiu, expressamente, a comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos através de laudo técnico.
Precedentes citados: RE nº. 367314/SC (DJU de 14.05.2004) e RE nº. 353222/SC (DJU de 19.09.2003)" (RE
nº. 392559/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 07.02.2006). Este entendimento é da maior importância
para fins de conversão de tempo de trabalho.
A legislação previdenciária está sempre em constante evolução, mas isso não significa que seja para
beneficiar os seus segurados. Por exemplo, se na década de 60 do século passado não se exigia que fosse
apresentado laudo para consideração da atividade como insalubre, não pode a autarquia, hoje, impedir a
consideração do tempo trabalhado naquela época como especial por falta de laudo. Isso poderia conduzir à
pitoresca situação de que o perito atestasse uma situação ocorrida trinta ou quarenta anos antes, mesmo após
profunda alteração fática nas condições ambientais da prestação de serviço.
Para fins de qualificação, ou não, de uma atividade como especial, vale frisar, deve ser considerada a lei
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vigente na data em que o segurado executou os serviços profissionais, por uma razão bastante simples: as
condições na qual uma determinada atividade é exercida hoje não são as mesmas de 15 ou 20 anos atrás
(avanços tecnológicos, condições de segurança e salubridade, etc.), razão pela qual o presente feito deve ser
analisado com base na legislação vigente nas datas em que o autor exerceu as funções.
3. Conclusão
Rogata vênia, fica inevitavelmente caracterizado que a redação do § 3º, da Lei Nº. 8.213/91, não
vedava a conversão do tempo de serviço comum em especial pelo fato do segurado não estar
exposto a agentes nocivos à saúde, bastando apenas desempenhar as suas funções dentro das
categorias profissionais contempladas pelos Decretos nºs. 83.080/79 e 53.831/64.
A alteração dessa condição se consumou pela nova redação do citado § 3º, do art. 57, em 28/04/1995 (Lei Nº.
9.032/95).
Concluímos, assim, que todos os segurados do INSS que adquiriram o direito de usufruírem o estatuído pela
redação inicial do art. 57, da Lei Nº. 8.213/91 possuem a faculdade de requererem a conversão do tempo de
trabalho em condições especiais em tempo comum.
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