Bertina
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A educação bilingue em Moçambique é um tema complexo que reflete as dinâmicas sociais, culturais e
linguísticas do país. O modelo de educação bilingue implementado é estruturado em três ciclos que
visam facilitar a transição do ensino na língua materna (L1) para a língua oficial (L2), o Português. Este
modelo, no entanto, levanta questões significativas acerca da sua eficácia e impacto nas identidades
linguísticas dos alunos. A seguir, será apresentado um resumo dos principais aspectos do funcionamento
desse programa.
Educação Bilingue em Moçambique**
2. **Debate de 1997**: Após resultados positivos, um debate envolvendo várias entidades sugeriu a
introdução de mais cinco línguas moçambicanas no ensino básico.
3. **Línguas Propostas**: As línguas acordadas para inclusão foram Emakhuwa, Cinyanja, Cinyungwe,
Cisena, Cindau, Xichangana e Xirhonga.
5. **Novas Línguas Adicionadas (2000-2003)**: Outras línguas foram incorporadas a pedido de várias
províncias, resultando em uma lista ampliada de línguas a serem ensinadas.
7. **Desempenho das Alunas**: A avaliação do PEBIMO mostrou que alunas do programa bilingue
tiveram melhor desempenho que as do programa monolingue, com maior permanência na escola.
8. **Pressão da Sociedade Civil**: A introdução da educação bilingue foi impulsionada por demandas da
sociedade civil, particularmente durante fóruns de consulta em 1996 e 1997.
11. **Reivindicações pela Expansão**: Intelectuais e professores pedem uma implementação mais
rápida e abrangente da educação bilingue.
12. **Necessidade de Pesquisa**: A falta de pesquisa contínua e divulgação dos resultados na área da
educação bilingue é um problema, afetando a melhoria do currículo.
13. **Representação no MEC**: A educação bilingue deve ser melhor representada no MEC, que é
responsável pela execução e implementação de programas educativos.
- **Submersão Total**: Alunos são ensinados exclusivamente na L2, sem apoio da L1.
6. **Transição Sistemática**: Este programa visa uma transição estruturada para a L2, mas a exposição
à L2 nas salas de aula é limitada.
9. **Currículo como Mediação**: O currículo deve mediar a relação entre a sociedade, a cultura e a
aprendizagem significativa, refletindo os valores e contextos socioeconômicos.
10. **Ligação entre Língua e Cultura**: A educação bilingue deve conectar a língua da casa com a
escola, considerando a complexidade etnolinguística dos alunos.
11. **Superficialidade Cultural**: Muitas vezes, as questões culturais são tratadas de maneira
superficial nos currículos, sem a profundidade necessária.
12. **Desenvolvimento de Cultura de Paz**: O reconhecimento e conhecimento da cultura do "outro"
são essenciais para promover a paz, democracia e tolerância.
13. **Globalização e Acesso ao Conhecimento**: A educação deve preparar os cidadãos para avaliar e
integrar saberes universais em suas vidas.
2. **Ciclo de Ensino**: Cada ciclo é projetado para facilitar a transição entre o uso da língua materna
(L1) e a língua oficial (L2), promovendo uma abordagem de manutenção da L1.
3. **Características do Modelo**:
Esse modelo visa garantir que os alunos desenvolvam competências em ambas as línguas, respeitando
suas identidades linguísticas e culturais.
- Alunos começam a aprender a leitura e escrita em Português, utilizando habilidades adquiridas na L1.
- A L1 continua a ser utilizada para clarificar conceitos em disciplinas como Matemática, Ciências
Naturais e Ciências Sociais.
4. **Modelo de Transição**:
- Os alunos começam com a L1, transitam para um bilinguismo transitório e terminam monolingues em
Português.
5. **Críticas ao Modelo**:
- A escola tende a reproduzir uma linguagem homogênea, excluindo a diversidade linguística e cultural.
- A abordagem pode levar à homogeneização, marginalizando aqueles que não se enquadram nos
padrões linguísticos estabelecidos.
6. **Consequências Sociais**:
- O enfoque em um modelo de educação bilingue de transição ignora a valorização das línguas locais e
contribui para a exclusão de identidades culturais diversas.
Conclusão**
Em suma, o modelo de educação bilingue em Moçambique, embora tenha como objetivo promover a
aprendizagem em duas línguas, enfrenta desafios substanciais. A transição gradual da L1 para a L2,
enquanto promove a aquisição de habilidades em Português, pode resultar em um bilinguismo
subtrativo que desvaloriza as línguas locais. Essa abordagem assimilacionista não apenas limita a
diversidade linguística, mas também reproduz estereótipos e exclusões sociais. Assim, é fundamental
que as políticas educacionais considerem a importância de valorizar e integrar as línguas locais no
currículo, proporcionando um ambiente de aprendizado mais inclusivo e respeitoso das identidades
culturais dos alunos.
Alguns antecedentes
A educação bilíngue é tipicamente associada ao ensino em duas línguas, mas seu significado pode variar
dependendo do contexto. Alguns programas são associados a um bilinguismo de "imposição", onde os
alunos são submersos em um sistema onde sua língua materna é substituída pela língua dominante.
Exemplos incluem programas desenvolvidos em contextos de imigração nos Estados Unidos e na
Europa, bem como aqueles envolvendo línguas dominantes como francês e inglês. A educação bilíngue
pode ser agrupada em programas de enriquecimento, segregação e assimilação, sendo o mais
conhecido o programa de imersão do francês, desenvolvido no Canadá por três décadas. Este programa
promove o pluralismo linguístico e permite que as crianças aprendam mais línguas sem medo de sua
língua nativa.
O terceiro programa de educação bilíngue é a segregação, que é orientado para crianças de uma minoria
ou maioria etnolinguística, ou que é o mais divulgado em várias partes do mundo. O programa é
associado ao bilinguismo subtrativo, em que os alunos não se desenvolvem plenamente na L1, nem na
L2. O programa de assimilação é o mais divulgado em várias partes do mundo, em que o professor e os
alunos só podem usar o L2 na sala de aula. O programa de transição sistemática para L2 é mais
estruturado e aparentemente está associado ao tipo de bilinguismo equilibrado, pois os alunos estão
mais expostos à L2. O conceito de bilinguismo equilibrado é um ideal que geralmente é um artefato de
uma perspectiva teórica, que toma como ponto de referência o monolinguismo.
Assim, em contextos de ensino, é difícil esperar que os alunos desenvolvam a L2 de acordo com as
expectativas do MEC e também da sociedade. Os desta natureza deveriam ser revistos em contextos de
educação bilíngue, em que a língua alvo não é uma língua de comunicação da comunidade.
A educação bilíngue tem vantagens, pois conecta o lar e a escola, permitindo decisões informadas sobre
a língua e a cultura. No entanto, a educação contemporânea muitas vezes falha em abordar questões
culturais profundamente, tratando-as superficialmente e incidentalmente. O conteúdo cultural não deve
ser apenas local, mas também incluir a compreensão e o reconhecimento da outra cultura, criando um
espaço para a paz, a democracia e a tolerância. Isso contribui para a consolidação da unidade nacional,
especialmente em países com significativa diversidade étnica como Moçambique. A globalização
também incentiva os cidadãos a acessar o conhecimento universal, contribuindo para suas vidas.
Funcionamento do modelo:
O modelo consiste em três etapas: Primeira, Segunda e Terceira. O primeiro ciclo centra-se na língua
materna do aluno (L1) e na língua portuguesa (L2) como disciplina, com o português desenvolvendo
competências orais para se preparar para a leitura e a escrita. O segundo ciclo inicia a transição gradual
da L1 para a L2, continuando a L1 a auxiliar o processo de aprendizagem em disciplinas como
Matemática, Ciências Naturais e Sociologia. O terceiro ciclo centra-se na língua portuguesa como único
método de ensino e espera um bom desempenho nesta língua.
Moçambique escolheu um programa de educação bilingue, que se alinha com os modelos educacionais
assimilativos. Contudo, este modelo não alcança qualidade e equidade social através de modelos
assimilacionistas, que priorizam a homogeneização e a rejeição das diferenças. Em vez disso, o modelo
incentiva a homogeneização e exclui aqueles que não se enquadram nos modelos linguísticos
tradicionais.
A formação de professores de língua é um desafio, como eles são ensinados com a língua de ensino-
aprendizagem como objeto de estudo e ensino das matérias. Para os professores de educação bilíngue,
o desafio é maior, com três aspectos: integração no MEC, razões do pedagogia, e razões culturais.
O primeiro aspecto é a integração da educação bilíngue no MEC, como um dos pontos mais significativos
do novo currículo. A formação é realizada com base na modalidade usada para a formação continuada,
com muitas dificuldades.
O segundo aspecto tem razões do pedagogia, como técnicos que não possuem uma formação sólida
sobre o ensino bilíngue. O próprio conceito de educação bilíngue não é claro, nem é apenas para os
técnicos da educação.
O terceiro aspecto é a mediação entre a visão da comunidade sobre a língua local e as instituições
educacionais e as entidades que tomam decisões sobre a linguística para a educação. Um professor tem
mais autoconfiança em conduzir o processo de ensino-aprendizagem numa língua na que os alunos
podem entender.
**Antecedentes**
Entre 1993 e 1997, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) liderou um experimento de
educação bilíngue nas províncias de Tete e Gaza, com o intuito de incorporar cinco línguas: Emakhuwa,
Cinyanja, Cinyungwe, Cisena, Cindau, Xichangana e Xirhonga. Contudo, a implementação de programas
bilíngues foi insatisfatória. A sociedade civil sugeriu a inclusão de outras línguas, resultando na
introdução de Kimwani, Cicopi e Citonga em 2000. A eficácia da educação bilíngue foi afetada por
fatores como o desempenho acadêmico das alunas, a continuidade na escola e a valorização da língua
materna. O governo, através do Ministério da Educação, deve intensificar os esforços para acelerar a
implementação da educação bilíngue. Embora a relevância dessa abordagem seja reconhecida nos
departamentos de Educação Básica, Formação de Professores e Educação de Adultos, ainda é necessário
realizar mais pesquisas no campo da educação bilíngue.
A educação bilíngue é frequentemente associada ao ensino em duas línguas, embora seu significado
possa variar conforme o contexto. Alguns programas promovem um bilinguismo de "imposição", em que
os alunos são imersos em um sistema que substitui sua língua materna pela língua dominante. Exemplos
disso incluem programas desenvolvidos em contextos de imigração nos Estados Unidos e na Europa,
além de iniciativas envolvendo línguas dominantes como o francês e o inglês. A educação bilíngue pode
ser classificada em programas de enriquecimento, segregação e assimilação, sendo o programa de
imersão em francês, desenvolvido no Canadá ao longo de três décadas, um dos mais conhecidos. Este
programa promove o pluralismo linguístico e permite que as crianças aprendam múltiplas línguas sem
receio de perder sua língua nativa.
Dessa forma, é difícil esperar que os alunos desenvolvam a L2 conforme as expectativas do Ministério da
Educação e da sociedade. Esses pontos devem ser reconsiderados no contexto da educação bilíngue,
especialmente quando a língua alvo não é uma língua de comunicação comum na comunidade. A
educação bilíngue oferece vantagens ao conectar o lar e a escola, permitindo decisões informadas sobre
língua e cultura. Entretanto, muitas vezes, a educação contemporânea falha em abordar questões
culturais de forma profunda, tratando-as de maneira superficial e incidental. O conteúdo cultural deve
ser abrangente, incluindo não apenas a cultura local, mas também o reconhecimento de outras culturas,
promovendo um espaço para a paz, a democracia e a tolerância. Isso é crucial para a consolidação da
unidade nacional, especialmente em nações com significativa diversidade étnica, como Moçambique. A
globalização também impulsiona os cidadãos a acessar conhecimentos universais, o que enriquece suas
vidas.
O programa de educação bilíngue em Moçambique é organizado em três ciclos, alinhando-se aos ciclos
da educação primária e focando nos níveis L1 e L2. O modelo é dividido em três etapas: Primeira,
Segunda e Terceira. No primeiro ciclo, a ênfase recai sobre a língua materna do aluno (L1) e a língua
portuguesa (L2), com o português desenvolvendo competências orais para preparar os alunos para a
leitura e escrita. O segundo ciclo inicia uma transição gradual da L1 para a L2, mantendo a L1 como
suporte para disciplinas como Matemática, Ciências Naturais e Sociologia. No terceiro ciclo, a língua
portuguesa torna-se o único meio de ensino, e espera-se um bom desempenho dos alunos nessa língua.
Moçambique optou por um programa de educação bilíngue que se alinha aos modelos educacionais
assimilativos. Entretanto, este modelo não atinge a qualidade e a equidade social desejadas, pois
prioriza a homogeneização e a rejeição das diferenças, excluindo aqueles que não se encaixam nos
modelos linguísticos tradicionais.
O primeiro aspecto refere-se à integração da educação bilíngue no MEC, que é um dos pontos mais
relevantes do novo currículo. A formação é realizada com base na modalidade utilizada para a formação
continuada, enfrentando diversas dificuldades. O segundo aspecto abrange questões pedagógicas, uma
vez que muitos técnicos não possuem uma formação sólida em ensino bilíngue. O conceito de educação
bilíngue, por sua vez, ainda carece de clareza, não sendo compreendido nem mesmo por todos os
profissionais da educação. O terceiro aspecto envolve a mediação entre a visão da comunidade acerca
da língua local e as instituições educacionais, além das entidades responsáveis pelas decisões linguísticas
na educação. Um professor que se sente seguro em conduzir o processo de ensino-aprendizagem na
língua que os alunos compreendem terá mais chances de promover um aprendizado efetivo.