Trans Linguagem
Trans Linguagem
Trans Linguagem
Introdução
Em Moçambique, muitos alunos entram na escola com uma forte competência na sua língua
materna (L1), mas com uma exposição limitada ao português (L2). O ideal de um bilinguismo
equilibrado – onde os falantes dominam ambas as línguas em níveis equivalentes – é difícil de
alcançar, especialmente quando o uso do português é restrito a contextos formais, como a
escola. A translinguagem, no entanto, permite que os alunos utilizem sua língua moçambicana
como um recurso valioso para aprender o português e outras disciplinas escolares. Essa
flexibilidade linguística permite que os alunos usem sua L1 para entender conceitos complexos
e gradualmente transfiram esse conhecimento para o português.
Por exemplo, em uma aula de ciências, um aluno pode discutir um conceito em changana com
seus colegas, facilitando a compreensão inicial, antes de tentar expressar a mesma ideia em
português. Isso não apenas reforça a aprendizagem, mas também valoriza a competência que
os alunos já possuem na L1, evitando a marginalização de suas línguas nativas.
A translinguagem apoia essa transferência, permitindo que os alunos façam uso estratégico de
sua L1 ao aprender novos conteúdos em L2. Por exemplo, ao aprender a leitura e a escrita em
português, os alunos podem usar os conhecimentos fonológicos e sintáticos que já dominam
na sua língua moçambicana para decodificar e construir o sentido de textos em português.
Além disso, a prática da translinguagem possibilita a criação de pontes entre as duas línguas,
encorajando os alunos a pensar criticamente sobre as semelhanças e diferenças entre elas, o
que pode fortalecer o bilinguismo e facilitar o domínio da L2.
1. Maior Inclusão Linguística: Permite que os alunos usem suas línguas locais, promovendo
uma maior inclusão e respeito pelas identidades linguísticas e culturais de cada estudante.
Conclusão