2 Chamada Integralidade em Saúde
2 Chamada Integralidade em Saúde
2 Chamada Integralidade em Saúde
TRABALHO DA DISCIPLINA
2ºCHAMADA
1
SUMÁRIO
2
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
3
2. OS SENTIDOS DA INTEGRALIDADE EM SAÚDE
Sabemos que a falta de saneamento básico resulta em maior proliferação de doenças, bem como, em
casos de falta de acesso a água potável, há um maior índice de cólera. Pessoas de baixa renda
tendem a se alimentar com alimentos ultra processados, com alto teor de açúcares e gorduras, o que
acaba resultando em uma parte da população com diabete, sobrepeso e hipertensão, enquanto
aquelas que possuem uma condição financeira melhor tem acesso a medicamentos e serviços de
saúde melhores. Práticas de atividade física, consumo de álcool, tabaco e outras drogas, estresse,
exposição à violência e a discriminação. Todos esses fatores fazem parte dos processos de
4
determinação social. Fatores sociais, econômicos, culturais e ambientais que influenciam a saúde
das populações são conhecidos como Determinantes Sociais da Saúde (DDS).
A compreensão desses fatores são essenciais para compreender todo o panorama de causa X efeito
de saúde e doença correlacionados e promover, a partir disso, estratégias para melhorar a qualidade
de vida e promover a equidade em saúde para a população.
4. CLINICA AMPLIADA
Antes de falarmos de Clínica Ampliada, é preciso que tenhamos a compreensão de como funciona a
clinica biomédica tradicional. Marcada por uma hierarquia dos saberes, onde o saber médico é
centrado e hegemônico e tem total poder nas decisões, e o foco tende a se concentrar principalmente
nos sintomas, diagnóstico e medicalização dos pacientes que são vistos muitas vezes como
números.
Já na clínica ampliada, existe uma tentativa de humanização, que valorize a escuta ativa do
paciente, compreendendo suas necessidades e sentimentos, o que chamamos de escuta qualificada.
O paciente não é visto como um mero corpo portador de doença, mas como um ser sensível e ativo
nas estratégias de seu tratamento. A Clínica Ampliada também com uma equipe multiprofissional
que compartilha saberes com reuniões e discussões e elabora estratégias a curto, médio e longo
prazo para oferecer um cuidado integral.
Para lidar com a complexidade dos casos clínicos faz necessária uma fragmentação do objeto de
trabalho. Uma discussão coletiva de uma equipe multidisciplinar com um conjunto de propostas
terapêuticas articuladas, dá-se o nome de Projeto Terapêutico Singular (PTS), podendo se estender
para um Projeto Terapêutico Familiar (PTF). Tem uma abordagem personalizada e é muito utilizada
em um contexto de saúde mental. Ferramentas como o Genograma e Ecomapa são muito utilizados
para a coleta de dados e registros simbólicos situacionais. Na divisão de responsabilidades, cada
membro da equipe tem clareza de como sua especialidade pode ser útil para contribuir nas
estratégias de promoção de saúde, e a revisão periódica se faz necessária para o acompanhamento
do caso e a realização de alguns ajustes na medida do possível.
5
5. ATUAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA
A Estratégia de Saúde da Família é uma abordagem central na atenção primária à saúde no Brasil,
focada na prevenção, promoção, tratamento e reabilitação das saúdes da família em seu contexto
social e comunitário. Realizam campanhas educativas e ações para prevenção de doenças,
distribuição de cartilhas informativas, campanhas que aferem pressão e controle doa taxa de
glicose , campanhas de vacinação, campanhas como outubro rosa e novembro azul, contra o câncer
de mama e de próstata, respectivamente, atendimento contínuo e integral as famílias da comunidade
e visitas domiciliarias periódicas as famílias para monitorarem a saúde das famílias e suas
necessidades específicas. As equipes de saúde da família são compostas por médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde, e em algumas regiões específicas contam
também com a participação de dentistas, buscando de forma assídua e contínua atender às
necessidades de saúde da comunidade, buscando também o fortalecimento da participação social e a
responsabilidade pelo cuidado pela coletividade.
A disciplina não só se limitou ao espaço em sala de aula e fomos à campo ver como funciona na
prática e também com o objetivo de levar saúde e bem estar e contribuir com as melhorias de vida
com planos de ações que fariam toda a diferença na vida das famílias. Na data de 21 de agosto fui
juntamente o subgrupo formado em sala para uma visita a Unidade de Saúde da Família Sítio das
Palmeiras, localizado na rua Felixlândia, no bairro do Cordeiro. O subgrupo era composto pela
docente Vanessa Lima, fonoaudióloga, as discentes em serviço social Ana Luiza e Alexia e eu,
discente em psicologia. Chegamos na tarde da quarta-feira à unidade de saúde, tivemos uma reunião
com o médico e a enfermeira da unidade em uma sala, o que representa a configuração da clínica
ampliada que vimos anteriormente com as ideias da atuação da estratégia da saúde da família.
6
Estávamos em coparticipação em um projeto terapêutico familiar, em que nos foi apresentado um
caso de um paciente de nome M.C que possui (TEA) Transtorno do Espectro Autista, possui
deficiência física e intelectual, possui paralisia motora congênita, ou seja , não anda e não fala,
condição presente desde seu nascimento. Além disso, apresenta quadros de epilepsia. Ele tem 26
anos e depende totalmente dos cuidados de sua genitora, A.B, de 53 anos. Desempregada
atualmente. Além de M.C, A.B possui mais 3 filhos, 1 homens e 2 mulheres, sendo que o outro
homem, S.C. mora na mesma residência que eles. S.C, de 30 anos, está sem ocupação laboral
atualmente e já teve envolvimento com substâncias psicoativas, que , provavelmente, devido a um
uso precoce , desencadeou algumas doenças de ordem psíquica e foi diagnosticado com
esquizofrenia não especificada, e em outro laudo com movimentos estereotipados. Já frequentou o
CAPSad para o tratamento de dependência química, pois era usuário de crack. Nesse primeiro
momento, foi realizada a descrição do caso clínico pela equipe de profissionais multidisciplinares,
compartilhando seus saberes , como visto com anterioridade como uma das estratégias da clínica
ampliada. A enfermeira era a pessoa que tinha mais contato com A.B e dentre as informações
coletadas, repassou que a mesma recebia o benefício BPC de M.C, que era ela quem cuidava e era o
centro de toda aquela rede de apoio familiar e que se sentia sobrecarregada com as demandas, que
seu lazer era tomar uma “cervejinha” e fumar cigarro nos finais de semana, que a mesma vendia
roupas de um bazar dentro de casa mas que escondia as roupas pois foi informada que essa ação
poderia por em risco o seu benefício. O médico conversou conosco sobre as condições de M.C, que
o mesmo usava fraldas, que permanecia móvel em um único cômodo da casa, e não reagia aos
estímulos, e ocasionalmente tinha ataques epilépticos. E por último falou sobre S.C, que era notório
um atraso intelectual, que já fora internado no CAPS, e que possuía um laudo psiquiátrico com o
CID F 84.4 que era traduzido como movimentos estereotipados, provavelmente esse laudo era
devido ao uso do crack. Discutimos possíveis ações de planejamento a curto, médio e longo prazo
como a possibilidade de conseguir fraldas para M.C, e a enfermeira falou de uma possível recaída
de S.O nas drogas, pois havia um ponto de vendas próximo a sua residência e quando o mesmo
esteve um tempo trabalhando entregando marmitas, o pagamento era efetuado com pedras de crack.
Por fim, como princípios da atuação da estratégia de saúde da família, temos a atuação contínua e
integral, e informamos que faríamos uma visita domiciliar, junto com a equipe.
Uma primeira visita domiciliar fora realizada com o subgrupo, porém por questões laborais não
pude comparecer. Já na segunda visita domiciliar, estive presente com o grupo e fomos realizar o
Genograma e Ecomapa, ferramentas amplamente utilizadas na coleta de dados das equipes de saúde
da família, com intuito de entender as dinâmicas familiares, as interações com o ambiente, as
proximidades e as redes de apoio daquele núcleo familiar.
7
A visita aconteceu no dia 18 de setembro, e fomos muito bem recepcionados por A.B na sala de sua
residência. M.C estava deitado em um colchão no chão em um cômodo ao lado, e S.C estava na
cozinha com uma vizinha. A princípio S.C permaneceu conosco na sala, mas não passou muito
tempo, nesse pouco tempo falou que estava frequentando ao CAPSad e que não tinha tido recaída
com as drogas. Estava bastante sorridente e ansioso com a presença da equipe, fumando diversos
cigarros em nossa presença. A mãe relatou que estava com bastante dores na coluna devido ter que
se abaixar constantemente para efetuar os cuidados de M.C, e por estar com uma idade um pouco
avançada (53 anos) e sem fortalecimento muscular a situação se agrava. Vemos então as correlações
com as descrições teóricas sobre os processos de determinação social da saúde. O fator de baixa
renda no caso, dificulta a compra de uma cama, e obriga a cuidadora a se abaixar, e levantar o filho
pesado, que agrava seu problema de coluna. O bairro em que moram possui região de tráfico de
entorpecentes o que facilita o acesso e a recaída do outro filho usuário, a falta de condições
financeiras também dificulta a compra de uma cadeira de rodas adequada para seu filho e a
proporcionar m lazer mais saudável para a mãe, já que o processo de autocuidado é fundamental
nesse equilíbrio da rede de apoio. Fizemos então o Genograma e Ecomapa e colocamos como
centro desse Genograma, a mãe, A.B, pois percebemos a centralidade dela em toda aquela rede de
cuidados. Seu Genograma trazia consigo a árvore genealógica da família, e informações como a
morte de seus pais, a ligação fraca com apenas uma de todos os seus 11 irmãos, que ela já teve dois
relacionamentos estáveis e separou-se dos dois, que já sofreu agressão por parte do ex marido, que
tem uma filha que é irmã dizigótica de M.C, mas que não tem muita proximidade, que S.C tem 2
filhas que são irmãs monozigóticas com idade de 7 anos.
Segue abaixo o Genograma e Ecomapa, bem como os Determinantes Sociais de Saúde.
Como a figura abaixo mostra, foram enumeradas as demandas de cada um dos moradores da
residência, buscando soluções viáveis para problemas físicos, sociais e mentais. Dentre os
problemas mais urgentes, as soluções que se destacam são a solicitação da cadeira de rodas de
tamanho e ajustes adequados para M.C , o encaminhamento de A.C para o SIS com o intuito de
promover autocuidado e a solicitação do benefício previdenciário para S.C por invalidez através do
laudo médico, bem como sua permanência no CAPSad.
8
9
10
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos na prática todas as características que perpassam a teoria dentro dos princípios e conceitos
vistos neste trabalho, os sentidos em integralidade tendo em vista um trabalho continuo com a
família de AB, onde a pretensão é acompanharmos o andamento das ações nos calendários,
trazendo consigo a ressalva de que na prática são muitas demandas que, por vezes não torna
possível a equipe dar conta. Os dados coletados pelo grupo ratificam a ideia de que o conceito de
saúde não está apenas atrelado à ausência de doenças. Os demarcadores sociais mostram como os
fatores de saneamento, educação, renda, todos influenciam diretamente na saúde. E sobre a clínica
ampliada vimos como a escuta sensível acontece, quando adentramos na residência de A.B, ouvindo
diretamente suas queixas e construímos em conjunto as estratégias de promoção da saúde, trazendo
o princípio do autocuidado e da autonomia como bases para as diretrizes dos conceitos vistos em
sala. Saberes e o acesso a informação são de fundamental importância para que famílias de baixa
renda como a família de A.B possam ter acesso a benefícios que são seus de direito e dever do
estado como rege a constituição. A falta de informação faz muitas pessoas como A.B não correrem
atrás de benefícios necessários para sua qualidade de vida e de sua família como a cadeira de rodas
e transporte para seu filho deficiente de casa até as unidades de tratamento. Toco novamente nas
questões de auto cuidado pois, A.B como cuidadora não possui ninguém que cuide de si, e a sua
doença acarretaria em um mal estar que afetaria a todos que dependem única e exclusivamente dela
para as necessidades cotidianas. E mais uma vez friso a necessidade de uma rede de apoio e
políticas publicas que promovam assistência e saúde para a população. Apesar das dificuldades, o
SUS ainda continua sendo a melhor forma da democratização desse acesso à população de baixa
renda e com maiores investimentos nas redes primária, secundária e terciária teremos mais
eficiência e eficácia nos serviços de saúde geridos para a população. Por findo, cito um trecho de
uma música de Pink Floyd, “Hey You” : Together we stand, divided we fall” (Juntos, nós
resistimos, divididos, nós caímos)
11
12