Tribunais Internacionais de Proteção Aos Direitos Humanos. Tribunal Europeu de Direitos Do Homem E A Corte Interamericana de Direitos Humanos

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TRIBUNAIS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO


AOS DIREITOS HUMANOS. TRIBUNAL
EUROPEU DE DIREITOS DO HOMEM E A CORTE
INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

COURTS OF INTERNATIONAL HUMAN RIGHTS PROTECTION.


EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS AND THE INTER-AMERICAN
COURT OF HUMAN RIGHTS

Marcelo Cavaletti de Souza Cruz


Procurador Federal em São Paulo Coordenador de Matéria Finalística junto à
Procuradoria Regional Federal da 3ª Região

SUMÁRIO: Introdução; 1 A Convenção Europeia


dos Direitos Humanos e a Corte Europeia de
Direitos do Homem; 2 A Convenção Americana
de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de
Direitos Humanos; 3 Conclusões; Referências
240 Publicações da Escola da AGU

RESUMO: O presente artigo busca apresentar linhas gerais sobre


o papel dos Tribunais Internacionais de Direitos Humanos, com
fundamento nos principais sistemas de proteção aos direitos humanos.
Busca-se analisar os principais aspectos do processo perante o Tribunal
Europeu de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos
Humanos, com ênfase em suas semelhanças e diferenças.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos Humanos. Cortes Internacionais de


Direitos Humanos.

ABSTRACT: This article aims to provide general guidelines on the


role of International Courts of Human Rights, based in major systems
of human rights protection. The aim is to analyze the main aspects of
the case before the European Court of Human Rights and the Inter-
American Court of Human Rights, with emphasis on their similarities
and differences.

KEYWORDS: Human Rights. International Courts of Human Rights.


Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 241

Introdução

“Todos os seres humanos são, pela sua natureza, igualmente


livres e independentes, e possuem certos direitos inatos, dos quais,
ao entrarem no estado de sociedade, não podem, por nenhum tipo
de pacto, privar ou despojar sua posteridade; nomeadamente, a
fruição da vida e da liberdade, com os meios de adquirir e possuiu a
propriedade de bens, bem como de procurar e obter a felicidade e a
segurança”
O texto acima é o primeiro registro histórico do nascimento dos
direitos humanos na história da humanidade. Foi previsto na Declaração
dos Direitos da Virgínia de 12 de junho de 1776, escrita por George
Mason e proclamada pela Convenção da Virgínia.
A Declaração dos Direitos da Virgínia é uma Declaração
de Direitos que se insere no contexto da luta pela Independência
dos Estados Unidos da América e em seu art. 1º, acima transcrito,
são materializados os valores que passaram a construir os direitos
humanos.
Lembra, no entanto Manoel Gonçalves Ferreira Filho1, que a
doutrina dos direitos do Homem não nasceu no século XVIII, mas no
fundo, nada mais é do que uma versão da doutrina do direito natural que
já despontava na Antiguidade.
A internacionalização dos direitos humanos se intensificou
com o fim da 2ª Guerra Mundial. É certo que este processo de
internacionalização iniciou-se em meados do século XIX com a
Convenção de Genebra de 1864, que buscava proteger ou amenizar o
sofrimento dos soldados prisioneiros, doentes e feridos, bem como das
populações civis atingidas por conflitos bélicos.
No entanto, a humanidade, diante dos horrores da 2ª Grande
Guerra, se viu compelida, mais do que em qualquer outro momento
histórico, a reconhecer a importância e primazia do valor da dignidade
humana.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de
1948, e a Convenção Internacional sobre a prevenção e a repressão
do crime de genocídio, aprovada um dia antes, revelaram-se
importantes marcos propulsores da evolução e internacionalização
dos direitos humanos.

1 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Direitos Humanos Fundamentais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 9.
242 Publicações da Escola da AGU

Flávio Crocce Caetano2 esclarece que a aprovação da Declaração


Universal dos Direitos do Homem estabeleceu um novo paradigma
axiológico a ser observado: a significação e a proteção aos direitos humanos.
Dissemos no comentário ao art. XXIX da Declaração Universal
de Direitos do Homem3, que não devemos deixar de ter em mente que
a declaração é uma carta de direitos, e, como tal, reconhece os direitos
universais do homem e os declara perante a comunidade internacional,
cabendo aos Estados adotarem políticas públicas visando à sua afirmação
e efetividade perante sua população interna, em comunhão com aquela
comunidade internacional.
Ensina Fábio Konder Comparato4, que:

É irrecusável, por conseguinte, encontrar um fundamento para a


vigência dos direitos humanos além da organização estatal. Esse
fundamento, em última instância, só pode ser a consciência ética
coletiva, a convicção, longa e largamente estabelecida na comunidade,
de que a dignidade da condição humana exige o respeito a certos bens
ou valores em qualquer circunstância, ainda que não reconhecidos no
ordenamento estatal, ou em documentos normativos internacionais.

Os direitos humanos podem ser protegidos por lei no âmbito


interno de cada país ou na esfera jurídica internacional. A proteção
internacional pode ocorrer de forma global ou regionalizada.
O sistema global, no qual tem como figura principal a
Organização das Nações Unidas (ONU), é potencialmente aplicável
a qualquer pessoa. É certo, no entanto, que o sistema global possui
menos eficácia do que os sistemas regionais.
Hoje, contamos com três sistemas regionais: o Europeu, o Americano
e o Africano, sendo o primeiro e o segundo objeto do presente trabalho.
Portanto, se não há proteção aos direitos humanos no âmbito
interno, aplica-se subsidiariamente o sistema internacional de direitos
humanos, seja pela sua forma global ou regional.
Os três sistemas regionais de direitos humanos acima mencionados
fazem parte de sistemas de integração regional com uma atribuição bem
mais ampla do que apenas a proteção aos direitos humanos. Na Europa,
a organização matriz, é o Conselho da Europa (CE), nas Américas é a
2 CAETANO, Flávio Crocce Caetano. Comentários à Declaração Universal dos Direitos Humanos. 2. ed. São
Paulo: Conceito, 2011. p. 19.
3 CRUZ, Marcelo Cavaletti de Souza Cruz. Comentários à Declaração Universal dos Direitos Humanos. 2. ed.
São Paulo: Conceito, 2011. p. 177.
4 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 59.
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 243

Organização dos Estados Americanos (OEA) e, na África, é a União


Africana (UA).

1 A Convenção Europeia dos Direitos Humanos e a Corte


Europeia de Direitos do Homem

A Convenção Europeia de Direitos Humanos constitui-se de um


tratado internacional pelo qual os Estados membros do Conselho da
Europa buscaram garantir os direitos fundamentais, civis e políticos,
não apenas a seus nacionais, mas a toda pessoa que se encontre sob sua
jurisdição. Celebrado em 4 de novembro de 1950 em Roma, entrou em
vigor em 1953.
A Convenção promove a garantia em especial do direito à vida, do
direito a um processo justo, direito ao respeito à vida privada e familiar,
à liberdade de expressão, à liberdade de pensamento, consciência e
religião e, o direto de propriedade.
Não obstante tais proteções asseguradas, a Convenção proíbe,
dentre outras condutas, a tortura e as penas desumanas ou degradantes,
a escravidão e os trabalhos forçados, a pena de morte, a prisão arbitrária
ou ilegal e as discriminações resultantes dos direitos e liberdade
reconhecidos pela Convenção.
Tais proibições tem caráter absoluto, pertencendo ao denominado
“núcleo duro” dos direitos humanos, que não pode ser objeto de restrição,
limitação ou reserva por parte dos Estados nacionais.
Umas das mais importantes contribuições da Convenção Europeia
para a proteção da pessoa humana foi, de um lado, a instituição de
órgãos incumbidos de fiscalizar o respeito aos direitos nela declarados
e julgar as suas eventuais violações pelos Estados signatários; de outro,
o reconhecimento do indivíduo como sujeito de direito internacional, no
que tange à proteção dos direitos humanos.
Lembra Fabio Konder Comparato5 que:

a existência de órgãos externos, incumbidos de fiscalizar o


respeito aos direitos humanos e julgar as suas eventuais violações,
dentro de cada Estado, é uma questão crucial para o progresso do
sistema internacional de proteção da pessoa humana. Os Estados
continuam a defender zelosamente sua soberania e a rejeitar toda e
qualquer interferência externa em assuntos que consideram de sua
exclusiva jurisdição. A própria Carta das Nações Unidas, de resto,

5 COMPARATO, op. cit., p. 266.


244 Publicações da Escola da AGU

declara a não-ingerência em assuntos internos de cada Estado


como um dos seus princípios fundamentais (art. 2º, alínea 7).

Em sua redação original, a Convenção previa a existência de um


órgão intermediário entre a vítima e o Tribunal Europeu de Direitos
Humanos – a Comissão de Direitos Humanos – encarregada de fazer a
triagem das denúncias formuladas, de investigar os fatos e manifestar
sua opinião sobre a ocorrência ou não de violações de direitos.
No entanto, o Protocolo nº 11 à Convenção, de 11 de maio de 1994,
extinguiu a Comissão Europeia de Direitos Humanos, transferindo
grande parte de suas atribuições diretamente ao Tribunal. Portanto,
por meio desse Protocolo, a vítima pode apresentar sua representação
diretamente ao Tribunal que, agora, está incumbido de fazer o juízo de
admissibilidade quanto aos fatos apresentados pela vítima.
A Corte Europeia de Direitos Humanos foi criada em 1959 pela
Convenção Europeia de Direitos Humanos e tem sede em Strasbourg,
França. É órgão com competência jurisdicional, responsável pelo
julgamento dos casos que envolvem violação dos direitos salvaguardados
na Convenção. Sua competência possibilita conhecer de demandas
individuais ou estatais.
Suas decisões têm caráter vinculante para os Estados submetidos
à sua jurisdição.
Desde 1998 o Tribunal opera de forma permanente e os
particulares podem dirigir-se a ele diretamente.
Em seus quase cinquenta anos de existência o Tribunal proferiu
mais de 10.000 sentenças. Em razão da natureza vinculante de suas
decisões, estas sentenças são obrigatórias para os Estados envolvidos e
tem conduzido à modificação de sua legislação interna e mudanças nas
práticas administrativas.
Com efeito, a jurisprudência do Tribunal garantiu que a
Convenção de Direitos Humanos se tronasse um instrumento dinâmico
e poderoso para enfrentar os novos desafios de uma sociedade em
constante transformação e consolidar o Estado de Direito e democracia
na Europa. Suas decisões acabam, por fim, influenciando a evolução e
aplicação dos direitos humanos em todo o mundo.
O Tribunal possui além da competência jurisdicional, competência
consultiva.
No exercício de sua competência consultiva, o Tribunal,
a pedido do Comitê de Ministros, pode emitir pareceres sobre
questões jurídicas relativas à interpretação da Convenção e dos seus
protocolos.
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 245

Tais pareceres não podem incidir sobre questões relativas ao


conteúdo ou à extensão dos direitos e liberdades definidos no título I da
Convenção Europeia de Direitos Humanos e nos protocolos, nem sobre
outras questões que, em virtude do recurso previsto pela Convenção,
possam ser submetidas ao Tribunal ou ao Comitê de Ministros.
No entanto, cabe esclarecer que quanto à sua competência
consultiva, o Tribunal decidirá se o pedido de parecer apresentado pelo
Comitê de Ministros cabe na sua competência consultiva.
Por seu lado, a jurisdição contenciosa do Tribunal inicia-se com
a apresentação de queixa. Qualquer Estado contratante (queixa estatal)
ou qualquer particular que se considere vítima de uma violação da
Convenção (queixa individual) pode dirigir diretamente ao Tribunal de
Strasbourg uma queixa alegando a violação por um Estado contratante
de um dos direitos garantidos pela Convenção.
O processo no Tribunal é contraditório e público. As audiências
são públicas, salvo se a Seção ou o Tribunal Pleno decidirem de maneira
diferente em virtude de circunstâncias excepcionais do caso. As
alegações e outros documentos depositados no secretariado do Tribunal
pelas partes são de livre consulta pública.
Os requerentes individuais podem apresentar as suas próprias
queixas, mas a representação por advogado é aconselhada, e mesmo
obrigatória para as audiências ou depois da queixa ser declarada
admissível. O Conselho da Europa criou um sistema de assistência
judiciária para os queixosos sem recursos suficientes.
Para o exame dos assuntos que lhe sejam submetidos, o Tribunal
funcionará por meio de juízes singulares, em Comitês compostos por 3
juízes, em Seções compostas por 7 juízes e em Tribunal Pleno composto
por 17 juízes. As Seções do Tribunal constituem os Comitês por período
determinado.
Recebida a queixa, é feito seu juízo de admissibilidade. Nesta fase,
um juiz singular pode declarar uma queixa inadmissível ou arquivá-
la quando esta decisão puder ser adotada sem exame complementar.
Esta decisão é definitiva. Se o juiz singular não declarar esta queixa
inadmissível ou não a arquivar, transmite-a a um Comitê ou a uma
Seção para exame complementar.
O Tribunal só pode ser solicitado a conhecer de um assunto
depois de esgotadas todas as vias de recurso internas, em conformidade
com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos e
num prazo de seis meses a contar da data da decisão interna definitiva.
O prévio esgotamento dos meios internos para a solução do
conflito, é requisito essencial à admissibilidade da queixa, que deve ser
246 Publicações da Escola da AGU

apresentada em um prazo de seis meses sob pena de reconhecimento da


decadência.
O Tribunal não conhecerá de queixas anônimas, bem como as que,
quanto à matéria de mérito, forem idênticas a uma petição anteriormente
examinada pelo Tribunal ou já submetida a outra instância internacional
de inquérito ou de decisão e não contiver fatos novos.
Portanto, constatando a coisa julgada internacional ou ainda a
litispendência internacional, o Tribunal declarará a inadmissibilidade
da queixa.
A litispendência e a coisa julgada são analisadas não apenas quanto
à processos em curso perante o próprio Tribunal Europeu de Direitos
Humanos, mas também em relação a outros Tribunais Internacionais de
proteção aos direitos humanos.
A Convenção excepciona a regra da litispendência e coisa julgada,
quando a queixa apresentar fatos novos, que poderão levar à admissão
da demanda perante o Tribunal.
Por seu lado, um Comitê que tenha recebido a queixa pode
declará-la inadmissível ou arquivá-la se esta decisão puder ser adotada
sem exame complementar.
Existe também a possibilidade de julgamento antecipado da lide
pelo Comitê, nas hipóteses em que se deparar com um caso simples
ou existir jurisprudência firmada do Tribunal a respeito da matéria
discutida.
Não existindo decisão anterior sobre a admissibilidade, a Seção
decide sobre a admissibilidade e o mérito das queixas, podendo cindir a
apreciação da questão de mérito da questão de admissibilidade. A Seção
pode remeter o caso para a Grande Câmara, sempre que uma questão
importante de interpretação da Convenção esteja colocada.
Quando a Seção decide admitir uma queixa, pode facultar às
partes a apresentação de provas suplementares e observações por
escrito, incluindo, no que diz respeito ao queixoso, um eventual pedido
de “reparação razoável” e a participar numa audiência pública sobre o
mérito do caso.
O presidente da Seção pode, no interesse da boa administração
da justiça, convidar ou autorizar qualquer Estado contratante que não
seja parte no processo, ou qualquer outra pessoa interessada que não
o queixoso, a apresentar observações escritas ou, em circunstâncias
excepcionais, a participar numa audiência. Um Estado contratante do
qual o queixoso seja nacional tem o direito a intervir no processo.
Esta figura da intervenção de terceiros é interessante e busca
conferir um maior grau de efetividade à proteção dos direitos humanos.
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 247

A intervenção de terceiros não é prevista no processo perante a Corte


Interamericana de Direitos Humanos.
Umas das finalidades do processo perante o Tribunal, é a busca
pela solução pacífica de conflitos.
Durante o processo relativo ao mérito, podem existir negociações,
conduzidas por intermédio do secretário, tendo em vista a conciliação
das partes. Estas negociações são confidenciais.
A atuação do Tribunal deve se pautar por um viés conciliatório,
como determina o art. 39 da Convenção, que vaticina que o Tribunal
poderá, em qualquer momento do processo, colocar-se à disposição
dos interessados com o objetivo de se alcançar uma resolução amigável
do assunto, inspirada no respeito pelos direitos do homem como tais
reconhecidos pela Convenção e pelos seus Protocolos.
Encerrada a fase de instrução e conciliação, passa-se à fase de
julgamento.
As seções decidem por maioria. Qualquer juiz que tenha
participado no exame do caso, pode juntar ao acórdão um voto em
separado - concordante ou dissidente - ou uma simples declaração de
desacordo.
No prazo de três meses a contar da data de prolação do
acórdão de uma seção, as partes podem pedir que o caso seja enviado
ao Tribunal Pleno, caso estejam em causa questões graves relativas à
interpretação ou à aplicação da Convenção ou dos seus Protocolos, ou
uma questão grave de caráter geral. Estes pedidos são examinados
por um colegiado de cinco juízes do Tribunal Pleno, composto pelo
presidente do Tribunal, pelos presidentes de câmara, com exceção do
presidente da câmara à qual pertence a Seção que proferiu o acórdão,
e por um outro juiz, escolhido, através de um sistema de sorteio,
entre os juízes que não participaram nas deliberações da Seção que
proferiu o acórdão.
O acórdão da seção torna-se definitivo no prazo de três meses a
contar da data da sua prolação, ou antes disso, se as partes declararem
não ser sua intenção solicitar a devolução do caso ao Tribunal Pleno ou,
enfim, se o colegiado de cinco juízes rejeita o pedido de devolução.
Se o colegiado aceita o pedido de devolução, incumbe ao Tribunal
Pleno decidir o caso, por maioria, mediante um acórdão definitivo.
Os acórdãos definitivos do Tribunal são vinculativos para os
Estados requeridos em causa.
O Comitê de Ministros do Conselho da Europa é responsável pela
vigilância da execução dos acórdãos. Incumbe-lhe assim verificar se os
Estados, relativamente aos quais foi dito pelo Tribunal terem violado a
248 Publicações da Escola da AGU

Convenção, tomaram as medidas necessárias para se conformarem às


obrigações específicas ou gerais que resultam dos acórdãos do Tribunal.
Deve ser observado que se Tribunal declarar que houve violação
da Convenção ou dos seus protocolos, a questão da reparação dos danos
sofridos somente será quantificada pelo Tribunal, se o direito interno
do Estado-réu não possibilitar, de forma efetiva, a reparação da violação
aos direitos humanos.
Caso o direito interno do Estado-réu possibilitar meios jurídicos
que levem à reparação integral dos danos, o Tribunal Europeu deixa de
se manifestar sobre o quantum debeatur da indenização devida.
Sempre que o Comitê de Ministros considerar que a supervisão
da execução de uma sentença definitiva está sendo sofrendo obstáculos
em razão de uma dificuldade de interpretação dessa sentença, poderá
dar conhecimento ao Tribunal a fim que o mesmo se pronuncie sobre
essa questão de interpretação.
Não obstante isso, sempre que o Comitê de Ministros considerar
que o Estado-réu se recusa a respeitar uma sentença definitiva num litígio,
poderá, após notificá-lo, e por decisão tomada por maioria de dois terços
dos seus membros titulares, submeter à apreciação do Tribunal a questão
sobre o cumprimento, pelo Estado-réu, da sua obrigação de respeitar as
sentenças definitivas do Tribunal nos litígios em que for parte.
Se o Tribunal constatar que houve violação do dever de respeitar
as sentenças definitivas, devolverá o assunto ao Comitê de Ministros, que
decidirá quais medidas que serão adotadas contra o Estado-réu inadimplente.
Percebe-se que o processo de fiscalização do efetivo cumprimento
da sentença definitiva é de competência exclusiva do Comitê de Ministros.
Resta-nos, então, a análise do sistema interamericano de direitos
humanos.

2 A Convenção Americana de Direitos Humanos e a Corte


Interamericana de Direitos Humanos

A Convenção Americana de Direitos Humanos, aprovada na


Conferência de São José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969,
reproduz a maior parte das declarações de direitos constantes do Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966.
No mesmo documento, foram previstos órgãos com
competência para supervisionar o cumprimento de suas disposições
e julgar os litígios referentes aos direitos humanos declarados. O
modelo adotado tem clara inspiração na Convenção Europeia de
Direitos Humanos de 1950.
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 249

Com efeito, foi criado além de uma Comissão encarregada de


investigar fatos de violação de suas normas, um Tribunal com poderes
especiais para julgar os litígios decorrentes de tais violações, qual seja, a
Corte Interamericana de Direitos Humanos, cuja jurisdição, no entanto,
só é obrigatória para os Estados-Parte que a aceitem expressamente.
É verdade que o modelo europeu sofreu alteração recente,
conforme mencionado alhures, pois o Protocolo nº 11 à Convenção
Europeia de Direitos Humanos, de 11 de maio de 1994, extinguiu a
Comissão e atribuiu sua competência ao Tribunal Europeu de Direitos
do Homem. Pelo mesmo Protocolo, todos os Estados-Membros foram
vinculados à jurisdição do Tribunal.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é uma das
entidades do sistema interamericano de proteção e promoção dos
direitos humanos nas Américas. Tem sua sede em Washington. O outro
órgão é a Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em São
José, Costa Rica.
A Comissão é um órgão principal e autônomo da Organização
dos Estados Americanos (OEA), cujo mandato surge com a Carta
da OEA e com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
representando todos os países membros da OEA. Está integrada por
sete membros independentes que atuam de forma pessoal, os quais não
representam nenhum país em particular, sendo eleitos pela Assembleia
Geral.
Em abril de 1948, a OEA aprovou a Declaração Americana dos
Direitos e Deveres do Homem, em Bogotá, Colômbia, sendo considerado
o primeiro documento internacional de direitos humanos de caráter
geral.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi criada em
1959, reunindo-se pela primeira vez em 1960, e tem por finalidade
precípua a promoção os direitos humanos proclamados na Declaração
Americana dos Direitos e Deveres do Homem, conforme dispõe o art. 1º
do Estatuto da Comissão.
Segundo o artigo 41 da Convenção Interamericana de Direitos
Humanos, a Comissão tem a função principal de promover a observância
e a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as
seguintes funções e atribuições:

a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da


América;
250 Publicações da Escola da AGU

b) formular recomendações aos governos dos Estados-membros,


quando considerar conveniente, no sentido de que adotem
medidas progressivas em prol dos direitos humanos no
âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais,
bem como disposições apropriadas para promover o devido
respeito a esses direitos;

c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes


para o desempenho de suas funções;

d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe


proporcionem informações sobre as medidas que adotarem
em matéria de direitos humanos;

e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da


Organização dos Estados Americanos, lhe formularem
os Estados-membros sobre questões relacionadas com os
direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-
lhes o assessoramento que lhes solicitarem;

f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no


exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto
nos artigos 44 a 51 da Convenção; e

g) apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da


Organização dos Estados Americanos.

O procedimento perante a Comissão de apuração da


responsabilidade internacional do Estado por violação depende do
prévio esgotamento das vias internas, previsto no ordenamento jurídico
nacional.
Tal procedimento, garante ao Estado demandado o exercício do
direito ao contraditório e ampla defesa, sendo certo que a Comissão
poderá, ainda, requisitar aos Estados informações sobre todas as
medidas que adotaram quanto ao caso concreto, visando o prévio
esclarecimento dos fatos, bem como oportunizar que as violações aos
direitos humanos sejam corrigidas sem a instauração do procedimento.
Tal procedimento é semelhante ao adotado pela Convenção Europeia de
Direitos Humanos.
Segundo os arts. 35 e 41 da Convenção Americana de Direitos
Humanos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 251

representa todos os membros que ratificaram a Convenção e possui


a função de promover a observância e a defesa dos direitos humanos
proclamados e reconhecidos pelos Estados. Em relação à Convenção
Americana de Direitos Humanos, a Comissão pode processar
petições individuais e interestatais contendo alegações de violações
de direitos humanos.
O procedimento individual é considerado de adesão obrigatória
pelos Estados e o interestatal é facultativo.
Quanto à esse aspecto existe uma diferença com o disposto na
Convenção Europeia de Direitos Humanos, na qual a adesão dos Estados
ao sistema de petição pelo cidadão de forma individual é facultativo e o
sistema de petição interestatal é obrigatório.
A Convenção Americana de Direitos Humanos, nesse aspecto, foi
mais garantista em relação à Convenção Europeia de Direitos Humanos,
uma vez que além de tornar cláusula de adesão obrigatória quanto ao
sistema de peticionamento individual, garante que não apenas a vítima,
mas qualquer pessoa poderá peticionar (apresentar queixa) à Comissão
alegando violação de direitos humanos de terceiros.
Com efeito, conforme vaticina o art. 44 da Convenção, admite-
se a legitimidade de denúncias formuladas à Comissão por “qualquer
pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente
reconhecida em um ou mais Estados-Membros da Organização”, sem
exigir que o Estado, apontado como responsável, haja previamente
reconhecido a competência investigativa da Comissão, tal como
Estatuído na Convenção Europeia.
É interessante ressaltar que o art. 45. 1º, distanciando-se das
normas adotadas pela Convenção Europeia e utilizando-se das fórmulas
empregadas no Pacto de Direitos Humanos de 1966, submete à prévia
exigência do reconhecimento da competência da Comissão o exame, por
esta, de “comunicações em que um Estado-Parte alegue haver outro
Estado-parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos
nesta Convenção”.
Encerrada esta fase preliminar, a Comissão buscará esclarecer se
houve efetivamente a alegada violação aos direitos humanos.
Ao final do procedimento, elaborará relatório conclusivo sobre
a violação ou não aos direitos humanos, podendo ainda, recomendar
condutas ao Estado no sentido de sanar as violações ou prevenir que
outras ocorram.
Caso o Estado insista na omissão, a Comissão poderá propor ação
de responsabilidade internacional por violação de direitos humanos
perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
252 Publicações da Escola da AGU

Portanto essa é a chamada fase de admissibilidade na qual a


Comissão recebe a petição escrita, sendo certo que a petição deverá
conter todos os fatos capazes de comprovar a ocorrência de violação de
direitos humanos.
O juízo de admissibilidade da petição será analisado pela Comissão
tendo em vista os seguintes elementos: o esgotamento dos recursos
locais; ausência do decurso do prazo de seis meses para a representação,
ausência de litispendência internacional e ausência de coisa julgada
internacional.
É claro, que se a omissão do Estado é tal que impossibilite o
esgotamento das vias internas, seja pela extrema morosidade, seja pela
ausência de qualquer pronunciamento oficial sobre a questão, a exigência
do esgotamento dos recursos locais deve ser flexibilizada, sob pena de a
regra criar obstáculo no qual justamente se pretende combater.
O requisito de representação no prazo de seis meses é contado da
decisão definitiva pelo ordenamento interno do Estado. Portanto, em
caso de inércia de pronunciamento pelo Estado no âmbito interno, a
contagem do prazo ainda não se inicia.
As regras que impedem a representação diante de litispendência
internacional, ou seja, quando outra Corte de Direitos Humanos já está
processando o feito, ou coisa julgada internacional, visam garantir o
valor de segurança jurídica.
Cabe, no entanto, fazer a ressalva de que a coisa julgada ocorre
quando o mesmo fato violador dos direitos humanos tiver sido apreciado
em definitivo por outro Tribunal de Direitos Humanos.
Encerrada a fase de admissibilidade, passa-se à fase de conciliação,
pela qual se busca a solução amigável do conflito.
Com efeito, o art. 48, “f ” da Convenção Americana de Direitos
Humanos impõe que a Comissão tente estabelecer uma solução amigável
do litígio e caso o consenso seja alcançado, a Comissão deverá elaborar
relatório, contendo os fatos e o acordo celebrado, sendo o mesmo
remetido ao representante, aos Estados e também ao Secretário-Geral
da OEA.
Celebrado o acordo, compete à Comissão acompanhar e fiscalizar
seu cumprimento de forma a não persistirem quaisquer violações aos
direitos humanos previstos na Convenção Americana de Direitos
Humanos.
No entanto, caso não se seja possível a conciliação, a Comissão
redigirá um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se
o relatório não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime
dos membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 253

relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao relatório as


exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados.
O relatório será encaminhado aos Estados interessados, podendo
a Comissão formular as proposições e recomendações que julgar
adequadas, de forma a garantir a aplicação das normas de direitos
humanos.
Ensina Andre de Carvalho Ramos6 que “caso a Comissão delibere
pela ausência de violação de direitos humanos protegidos, o requerente
não tem recurso disponível, mesmo quando a decisão favorável ao Estado
não tenha sido unânime”.
Portanto, como no sistema interamericano não é possível ao
representante dirigir-se diretamente ao Tribunal, nas hipóteses em
que a representação não é conhecida, a decisão é considerada definitiva
e assim, nesta hipótese, a Comissão passa a ser o último intérprete da
Convenção Americana de Direitos Humanos.
Tal situação, não se verifica no sistema europeu, tendo em vista a
supressão da figura da Comissão, o que tornou o representante como
legitimado para pleitear diretamente à Corte Europeia de Direitos Humanos.
Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados
interessados do primeiro relatório da Comissão, o assunto não houver
sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou
pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão poderá
elaborar um segundo relatório, pelo qual poderá emitir sua opinião e
conclusões sobre a questão submetida à sua consideração. Nesse relatório,
a Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um prazo dentro
do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe competir para remediar
a situação examinada.
Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá se o Estado
tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório.
Portanto, o momento procedimental que a Comissão decide
se submete o caso à apreciação da Corte Interamericana de Direitos
Humanos ocorre após o primeiro relatório e antes do segundo relatório,
que não será elaborado, caso o processo seja aceito pelo Corte.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos tem competência
para conhecer de qualquer caso, relativo à interpretação e aplicação das
disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos, que lhe
seja submetida, desde que os Estados-partes, no caso concreto, tenham
reconhecido ou reconheçam a competência da Corte para apreciação da
matéria.

6 RAMOS, André de Carvalho. Direitos Humanos em juízo. São Paulo: Max Limonad, p. 80, 2001.
254 Publicações da Escola da AGU

Como segundo órgão da Convenção Americana de Direitos


Humanos, a Corte é uma instituição judicial autônoma e, ao contrário
da Comissão, não é órgão da Organização dos Estados Americanos, mas
apenas da Convenção.
Segundo o art. 61.1 da Convenção, somente os Estados-partes
e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte não
sendo admitida a participação ativa da vítima ou representante. No
entanto, o Regulamento da Corte permite que na fase de reparação dos
danos sofridos, os representantes da vítima ou seus familiares poderão,
autonomamente, apresentar seus próprios argumentos e provas de
forma a definir o quantum debeatur.
Esse aspecto é visivelmente diferente do procedimento perante a
Corte Europeia de Direitos Humanos, cujo papel do queixoso é admitido
em todas as fases do processo.
Além dessa competência jurisdicional, a Corte também possui
competência consultiva sobre a aplicação de normas de direitos
humanos.
Com efeito, dispõe o art. 64 que os Estados-membros da
Organização poderão consultar a Corte sobre a interpretação desta
Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos
humanos nos Estados americanos.
A Corte poderá ainda, emitir pareceres sobre a compatibilidade entre
qualquer de suas leis internas e os mencionados instrumentos internacionais.
A jurisdição contenciosa da Corte inicia-se com a propositura
de ação pela Comissão, caso o estado tenha reconhecido a jurisdição
da Corte, sendo certo que o Presidente da Corte fará um juízo de
admissibilidade preliminar do caso, e se decidir pelo processamento da
ação, mandará citar o Estado acusado de violar os direitos humanos e
a Comissão, caso esta não seja autora, na condição de custos legis. Esta
última situação ocorre quando a demanda é apresentada por outro
Estado membro, que busca reprimir a violação de direitos humanos pelo
Estado-réu.
Como ocorre no direito processual civil pátrio, é possível a
arguição de preliminares e objeções, que após apreciadas e, caso não
acolhidas, darão ensejo à fase de conciliação, se os interesses discutidos
forem disponíveis.
Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer
necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos
de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas provisórias que
considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem
submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.
Marcelo Cavaletti de Souza Cruz 255

Superada a fase de conciliação inicia-se a fase probatória, na qual


o Estado-réu apresenta suas alegações e são colhidas as provas.
A Corte possui papel ativo na produção de provas, não se
limitando à produção das provas requeridas na inicial e na defesa,
podendo produzir em qualquer fase da causa, provas que considere útil
à demonstração da verdade.
Depois de encerrada a fase probatória, a Corte passará a deliberar
sobre a ocorrência ou não da violação aos direitos humanos.
Caso ocorra a necessidade de fixação de reparações de cunho civil à
vítima ou seus familiares, a sentença disporá sobre o valor da indenização.
É possível ainda que a sentença deixe a fase de reparação para
um momento posterior, privilegiando a composição amigável entre o
Estado e a Comissão.
Nesse aspecto é interessante fazer um paralelo com a Corte
Europeia de Direitos Humanos. No sistema da Convenção Europeia de
Direitos Humanos, a fixação de uma indenização de caráter pecuniário
pela Corte somente é possível quando o Direto interno não possibilitar
a recomposição integral dos danos sofridos.
Ao contrário, no sistema interamericano, os Estados-partes na
Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso
em que forem partes.
A sentença da Corte será definitiva e não sujeita a recurso. Em
caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte
promoverá a interpretação a pedido de qualquer das partes, desde que
o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da
notificação da sentença.
Assim, quanto à questão do ressarcimento, o Estado-réu não
poderá alegar impedimento interno de seu ordenamento jurídico que
obstaculize a recomposição integral dos danos, ao contrário do que pode
ocorrer no sistema europeu.

3 Conclusões

Os tribunais internacionais de direitos humanos visam dar concretude


à aplicação das normas internacionais de direitos humanos, notadamente
àquelas afirmadas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelas
Convenções Europeia e Interamericana de Direitos Humanos.
Em que pese as diferenças de procedimentos encontradas no
processo perante a Corte Europeia de Direitos Humanos e a Corte
interamericana de Direitos Humanos ambas possuem mecanismos
eficientes de proteção aos direitos humanos.
256 Publicações da Escola da AGU

Percebe-se pela análise das duas Convenções de Direitos


Humanos, objeto do presente trabalho, que o Tribunal Europeu é mais
garantista, sob o ponto de vista do acesso à Justiça, pois permite que
a vítima apresente sua queixa diretamente ao Tribunal, enquanto que
no sistema interamericano, somente a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos pode atuar perante a Corte, representando a vítima.
Sob o aspecto da reparação civil, ao revés, a Corte Interamericana
possui papel mais proativo, por possuir competência plena para a fixação
da reparação tendente a recompor os danos.
Mas a principal similitude entre os dois tribunais de direitos
humanos analisados, é a busca pela solução amigável das violações
praticadas, que pode-se notar em todas as fases de ambos os processos,
inclusive na fase de execução.

Referências

BALERA, Wagner (Coordenador). Comentários à Declaração Universal dos


Direitos Humanos. 2. ed. São Paulo: Conceito, 2011.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 4. ed.


São Paulo: Saraiva, 2005.

FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Direitos Humanos Fundamentais. 6. ed.


São Paulo: Saraiva, 2004.

RAMOS, André de Carvalho. Direitos Humanos em juízo. São Paulo: Max


Limonad, 2001.

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