Mapa de Risco - Estrutura e Interpretação

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Segurança do trabalho

Mapa de risco: estrutura e interpretação


O mapa de riscos é uma representação gráfica do leiaute de determinado ambiente de
trabalho com a representação dos fatores de risco e dos riscos presentes no local. Assim, ele
visa a conscientizar, bem como estimular a participação de todos na prevenção dos riscos e na
manutenção da saúde das pessoas inseridas nos processos produtivos e de trabalho da
empresa.

O conceito do mapa de risco emergiu no fim dos anos 60, por intermédio de um
movimento sindical originado na FLM (Federazione dei Lavoratori Metalmeccanici), que, no
período, criou uma metodologia própria na aplicação de investigações e atenuação dos fatores
de riscos aos quais os trabalhadores estavam expostos. Popularmente, essa metodologia foi
designada como o “Modelo Operário Italiano”, e tinha como principal objetivo formar grupos
homogêneos que levassem em conta a expertise, a subjetividade operária e a elaboração
realizada de forma espontânea e não imposta.

Assim, tornou-se possível a participação dos operários nas tomadas de decisões de


medidas de planejamento e controle das questões de segurança e saúde nos locais de
trabalho, fazendo com que essas medidas não ficassem apenas sob responsabilidade dos
cargos técnicos específicos, mas também dos trabalhadores.

A fundamentação legal para uma análise da percepção de riscos pelos trabalhadores está
apresentada no item 5.3.1, letra “b”, da NR-5. Esse item aponta que a CIPA deve escolher uma
ferramenta para conduzir essa análise e apresenta o mapa de risco como uma possibilidade.

O registro da percepção dos trabalhadores sobre os riscos é responsabilidade da CIPA,


mas o profissional técnico em segurança no trabalho dará todo o suporte técnico necessário,
inclusive treinando as pessoas para essa atividade, porém deve ficar claro que não é
responsabilidade dele a elaboração de tal documento. Porém, a gestão de elaboração,
implantação e atividades posteriores ficará a cargo do profissional de segurança, pois é a
pessoa que representa o empregador e é responsável pela implementação de um sistema de
gestão de saúde e segurança global dentro da empresa.

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É importante salientar que, apesar de a experiência dos trabalhadores e de suas opiniões


serem de extrema importância na elaboração do mapa de riscos, os profissionais da área de
saúde e segurança no trabalho devem ter senso crítico no momento de compilação dos dados
obtidos. O primeiro ponto a ser observado é se tecnicamente os funcionários compreenderam
todos os fatores de riscos ocupacionais a que podem estar expostos e como os riscos
associados estariam inseridos em suas rotinas laborais. Mesmo que recebam um treinamento
para realizar o método, ele pode ser insuficiente para compreender a complexidade dos fatores
de risco de cada um dos setores da empresa.

Veja um exemplo prático:

Um grupo de cipeiros elabora um mapa de risco em uma empresa de montagem de


componentes mecânicos. No setor de soldagem, ao realizar o levantamento juntamente com os
trabalhadores do setor, anotam que há no setor “radiações ionizantes”. Como técnico nesta
área, você saberá que, nesse processo produtivo, o tipo de radiação não seria ionizante, pois,
na solda, a radiação emitida é a não ionizante.

Nesse processo é importante a presença e a participação dos profissionais de saúde e


segurança no trabalho, orientando e tirando as dúvidas dos cipeiros e trabalhadores envolvidos
nessa elaboração.

Outro ponto em que cabe atenção é quanto aos resultados dos levantamentos no sentido
de verificar coerência naquilo que foi coletado em um comparativo com a realidade de cada
setor. Por vezes, é comum o trabalhador, por meio do levantamento dos fatores de risco em seu
setor, manifestar nos formulários de levantamento de informações suas insatisfações e
frustrações com a empresa, até mesmo referindo-se a assuntos não ligados à segurança do
trabalho (como, por exemplo, salários, refeição, relacionamento com colegas etc.). Alguns
trabalhadores agem assim com o intuito de demonstrarem seu descontentamento, sinalizando
que, em seu setor, há todos os riscos e em grau máximo, o que provavelmente não está
condizente com a realidade.

Etapas de elaboração
1
Para elaborar um mapa de riscos, primeiramente é necessário conhecer todos os
processos de trabalho dentro da empresa. Dessa forma, é possível identificar todos os fatores
de risco envolvidos e levantar diversos dados, por exemplo, número de funcionários, sexo,

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idade, os treinamentos de cada um, os instrumentos e equipamentos de trabalho, as


atividades exercidas e o ambiente de trabalho.

2
O próximo passo é identificar os fatores de risco do local de trabalho e classificá-los
conforme as orientações a seguir (Anexo IV da NR-5, Portaria nº 25 de 29 de dezembro de
1994).

Grupo 1: Grupo 2: Grupo 3: Grupo 4:


Grupo 5: azul
verde vermelho marrom amarelo

Fatores de Fatores de risco Fatores de risco Fatores de risco Fatores de risco


risco físicos químicos biológicos ergonômicos acidente

Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo físico


intenso inadequado
Vibrações Fumos Bactérias
Levantamento Máquinas e
Radiações Névoas Protozoários e transporte equipamentos
ionizantes manual de sem proteção
Neblinas Fungos peso
Radiações Ferramentas
não Gases Parasitas Exigência de inadequadas ou
ionizantes postura defeituosas
Vapores
inadequada
Frio Eletricidade
Substâncias
compostas Controle
Calor rígido de Probabilidade
ou produtos de incêndio ou
Pressões químicos produtividade
explosão
anormais em geral Imposição de
ritmos Armazenament
Umidade inadequado
excessivos
Trabalho em
turno e
noturno

Jornadas de
trabalho
prolongadas
Monotonia e
repetitividade

Outras
situações
causadoras
de estresse
físico e/ou
psíquico

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Tabela 1 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a


sua natureza e a padronização das cores correspondentes
Fonte: Anexo IV da NR-5, Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 1994.

Grupo 1: Riscos físicos

• Ruídos
• Vibrações
• Radiações ionizantes
• Radiações não ionizantes
• Frio
• Calor
• Pressões anormais
• Umidade

Grupo 4: Riscos ergonômicos

• Esforço físico intenso


• Levantamento e transporte manual de peso
• Exigência de postura inadequada
• Controle rígido de produtividade
• Imposição de ritmos excessivos
• Trabalho em turno e noturno
• Jornadas de trabalho prolongadas
• Monotonia e repetitividade
• Outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico

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Grupo 2: Riscos químicos

• Poeiras
• Fumos
• Névoas
• Neblinas
• Gases
• Vapores
• Substâncias compostas ou produtos químicos em geral

Grupo 5: Riscos de acidentes

• Arranjo físico inadequado


• Máquinas e equipamentos sem proteção
• Ferramentas inadequadas ou defeituosas
• Eletricidade
• Probabilidade de incêndio ou explosão
• Armazenamento inadequado
• Animais peçonhentos
• Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes

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Grupo 3: Riscos biológicos

• Vírus
• Bactérias
• Protozoários
• Fungos
• Parasitas
• Bacilos

3
O passo seguinte, após classificar os fatores de risco, é identificar as medidas de proteção
existentes no local, sejam elas individuais ou coletivas. É necessário identificar possíveis
queixas dos funcionários quanto à saúde e sobre os riscos a que estão expostos, identificar os
acidentes já ocorridos, as doenças já diagnosticadas e as causas frequentes pela ausência das
pessoas ao trabalho. Somente após todas essas ações é que será elaborado o mapa de riscos.

Depois de elaborado o mapa de riscos, a CIPA, em uma reunião ordinária da equipe, irá
aprova-lo, chegando ao momento da implantação. Nesse momento, os mapas serão
disponibilizados nos setores, afixados em local de fácil acesso e visualização para todas as
pessoas, identificando todos os riscos existentes naquele local de trabalho, servindo como
informação para as pessoas e para a prevenção de acidentes.

Será providenciada uma forma de disseminação dessas informações para os funcionários,


podendo ser por meio de ações educativas ou palestras, finalizando a elaboração e a
implantação do mapa de riscos.

Interpretação
Como o mapa de riscos é uma estrutura gráfica contendo uma planta baixa de cada setor,
com símbolos, cores e informações da área, sua interpretação se torna fácil e simples. Veja:

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O tamanho dos círculos servirá para informar se o risco é pequeno, médio ou grande.

A NR-5 não menciona detalhadamente qual método ou ferramenta deve ser utilizada para
definir a intensidade de cada círculo. Entretanto, como na prática o setor de saúde e segurança
no trabalho acaba participando de forma ativa, juntamente com a CIPA, na elaboração do mapa
de riscos, e o texto da NR em relação ao mapa de risco preconiza que ele deve ser uma
representação da visão dos trabalhadores, sugere-se que o tamanho desses riscos seja
mensurado por meio de perguntas e questionários aos trabalhadores.

Uma entrevista fechada, por exemplo, com perguntas que tenham respostas
predeterminadas, pode ser uma alternativa para colocar em prática aquilo que é exigido pela
norma.

Exemplo prático

O técnico em segurança do trabalho de uma empresa, juntamente com os representantes


da CIPA, está elaborando o mapa de riscos do local e, ao passar pelos setores, pergunta a
cada um dos trabalhadores quais são os fatores de risco que eles reconhecem em seus
setores, dando a eles as opções (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes),
exemplificando e orientando. Caso o trabalhador identifique um ou mais fatores de risco, os
responsáveis pela elaboração podem perguntar qual a intensidade que o trabalhador entende
para o risco: se é pequeno, médio ou grande, pelo seu ponto de vista. Dessa forma, compilando
as opiniões dos trabalhadores, é possível definir quais os tamanhos de círculos serão
representados graficamente no mapa de riscos.

A cor determinará se o fator de risco é:

Verde: Fator de risco físico

Vermelho: Fator de risco químico

Marrom: Fator de risco biológico

Amarelo: Fator de risco ergonômico

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Azul: Fator de risco acidentes

Além disso, o mapa de riscos conterá as informações de quais os fatores de risco estão
presentes naquele local, dentro dos grupos especificados no esquema anterior, bem como as
informações da quantidade de pessoas expostas e divididas por sexo.

Para melhor compreensão na prática, será apresentado a seguir um modelo de mapa de


riscos de um setor conhecido como “central de materiais esterilizados”, setor este presente em
hospitais.

Figura 1 – Modelo de mapa de risco


Fonte:
<http://www2.ebserh.gov.br/documents/16692/3345908/Anexo+Resolu%C3%A7%c3%a3o+59+-
+cat%c3%81logo+de+mapas+de+riscos+do+hu.pdf/9ae0f559-1824-44d4-a08f-f35b4c5cf5e2>.
Acesso em: 6 out. 2020.

na figura, há um mapa de risco contendo a planta baixa de uma central de esterilização de


materiais de um hospital com 10 setores, sendo eles: dois pequenos banheiros, área de
circulação séptica, depósito, depósito de materiais, autoclaves, material não esterilizável,
esterilização, depósito de material esterilizado, lavagem e lavagem de carros. Os setores

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avaliados no mapa como contendo riscos são os de depósito de material, de lavagem de carros
e de esterilização. No depósito de material, há dois círculos vermelhos grandes; na lavagem há
dois círculos vermelhos grandes, um círculo azul grande, um círculo marrom grande e um
círculo amarelo pequeno; no setor de esterilização há dois círculos verdes pequenos, um círculo
azul grande e um círculo marrom grande. Ao lado direito da planta baixa encontra-se uma
explicação sobre os riscos ambientais do local em uma tabela. Na coluna da esquerda dessa
tabela estão divididos por linhas os riscos físicos na cor verde, químicos na cor vermelha,
biológicos na cor marrom, ergonômicos na cor amarela e os riscos de acidentes na cor azul. Na
coluna da direita dessa tabela de riscos ambientais estão exemplos de agentes encontrados
nos setores para cada um dos grupos de riscos, também separados por linhas. Para o grupo de
riscos físicos, os agentes encontrados foram calor e ruído das autoclaves; para o grupo de
riscos químicos, os agentes encontrados foram glutaraldeído, hipoclorito de sódio e detergente
enzimático; para o grupo de riscos biológicos, foram encontrados os agentes vírus, bactérias,
fungos, protozoários etc.; para os riscos ergonômicos, o agente descrito é a rotina de trabalho;
para o grupo de riscos de acidentes, os agentes encontrados foram probabilidade de cortes e
perfurações com objetos perfurocortantes e queimaduras. Na parte superior, há uma
representação gráfica explicando como é sinalizada no mapa de risco a intensidade de risco:
são três círculos, o círculo pequeno representa risco pequeno, o círculo médio significa risco
médio e o círculo grande simboliza o risco grande.

Ao observar o mapa de riscos anterior, é possível analisar diversos fatores que podem
trazer informações valiosas sobre os locais de trabalho presentes no mapa de risco do setor.
Nota-se que há fator de risco químico em grau de risco alto em várias situações, seguido de
fatores de riscos de acidentes e fatores de riscos biológicos também em alto grau. Os fatores de
riscos considerados menores são os físicos e ergonômicos.

Após essa interpretação, você, como técnico em segurança do trabalho, deve auxiliar a
CIPA a atuar de forma ativa, com o objetivo de, já no próximo levantamento feito por outra
gestão da CIPA, mitigar ou até mesmo eliminar os fatores de risco do setor, dando prioridade
aos fatores de risco que apresentam graus mais elevados. Por meio desse mapeamento, pode-
se começar o processo nesse setor e nos demais setores da empresa, que também serão
mapeados, estabelecendo planos de ação e até mesmo identificando quais os programas de
saúde e segurança no trabalho mais adequados a serem implantados.

Gestão

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Após a implementação do mapa de riscos, é chegado o momento de realizar a gestão


desse documento. A gestão significa um permanente acompanhamento das ações implantadas,
uma verificação permanente da sua validade, verificar a sua atualização e incentivar a CIPA, em
suas reuniões ordinárias, a sempre colocar em pauta uma avaliação desse documento.

A gestão principal é responsabilidade do técnico em segurança no trabalho. Esse


profissional deverá conduzir toda a fiscalização e informação para a CIPA, que, como já foi dito,
é responsável pela elaboração das providências necessárias para a condução adequada e de
acordo com as determinações legais sobre a atualização e a verificação do mapa.

De acordo com a legislação vigente, a cada nova equipe da CIPA o mapa de riscos deve
ser elaborado, seguindo todos os passos já vistos anteriormente. Desta forma, o mapa deve ser
atualizado uma vez ao ano, que é correspondente ao mandato da CIPA. Além disso, ele deve
ser atualizado toda vez que um setor ou a empresa passar por modificações na sua estrutura
física, nos seus processos de trabalho, mudanças de leiaute, inclusão de novos setores ou
fabricação de novos produtos.

É importante ressaltar que o mapa de riscos deve sempre ser revisado minuciosamente a
cada gestão, evitando considerar apenas o mapa anterior, podendo assim observar de forma
clara se houve mudanças nos setores, inclusão de novos fatores de risco ou até mesmo
redução ou eliminação dos fatores de risco em um comparativo com o mapa anterior.

Não há problema em utilizar o mapa de risco da gestão da CIPA anterior como um


parâmetro, aproveitando os conhecimentos utilizados para a realização de outro mapa sem a
necessidade de criá-lo desde o início, entretanto, os cipeiros devem ser orientados para serem
críticos e verificarem ponto a ponto se houve mudanças negativas, melhorias ou a se situação
ainda é a mesma, sendo necessária, então, a busca por minimizar os riscos encontrados.

Portanto, o mapa de riscos servirá de informação para as pessoas e para a prevenção de


doenças e de acidentes do trabalho. Como podemos perceber, ao longo dessa explanação,
mesmo sendo responsabilidade da CIPA, é uma tarefa a ser elaborada em equipe entre essa
comissão e todos os funcionários da empresa, com todo o apoio técnico dos profissionais da
área da segurança do trabalho.

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