SBPOT 20 Anos de Historia 2

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20 anos de história

Sabrina Cavalcanti Barros


Daiane Rose Cunha Bentivi
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro
Maria Nivalda de Carvalho-Freitas
Melissa Machado de Moraes
Raphael Henrique Castanho Di Lascio
Organizadores
20 anos de história

Sabrina Cavalcanti Barros


Daiane Rose Cunha Bentivi
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro
Maria Nivalda de Carvalho-Freitas
Melissa Machado de Moraes
Raphael Henrique Castanho Di Lascio
Organizadores

Natal 2023
Copyright © 2023

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei


nº 9.610 de 19/02/1998. É proibida a reprodução total
ou parcial sem autorização, por escrito, dos organizadores

1ª edição

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

SBPOT [livro eletrônico] : 20 anos de história / organizadores


Sabrina Cavalcanti Barros...[et al.]. -- 1. ed. -- Natal, RN :
Caravela Selo Cultural, 2023. PDF

Outros organizadores : Daiane Rose Cunha Bentivi, Elisa Maria


Barbosa de Amorim Ribeiro, Maria Nivalda de Carvalho-Freitas,
Melissa Machado de Moraes, Raphael Henrique Castanho Di Lascio.
Bibliografia.
ISBN 978-65-88076-47-7

1. Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do


Trabalho (SBPOT) - História I. Barros, Sabrina Cavalcanti. II.
Bentivi, Daiane Rose Cunha. III. Ribeiro, Elisa Maria Barbosa de
Amorim. IV. Carvalho-Freitas, Maria Nivalda de. V. Moraes, Melissa
Machado de. VI. Di Lascio, Raphael Henrique Castanho.

23-167003 CDD-658.314222

Índices para catálogo sistemático:


1. Ciências sociais 300
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Direitos reservados a Fagner Torres de França


Natal – Rio Grande do Norte – Brasil – 2023
Printed in Brazil – Foi feito depósito legal
Sumário

Apresentação 9

Prefácio 13

Capítulo 1 – O contexto e as transformações


que culminaram com a criação da SBPOT
31
José Carlos Zanelli, Jairo Eduardo Borges-Andrade,
Antônio Virgílio Bittencourt Bastos

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003


Narbal Silva, Maria do Carmo Fernandes Martins, 71
Ronaldo Pilati

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005


Livia de Oliveira Borges, Jairo Eduardo Borges-Andrade, 107
Suzana de Rosa Tolfo, Ronaldo Pilati, Maria Cristina Ferreira

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007


Gardênia da Silva Abbad, Sônia Maria Guedes Gondim, 143
Kátia Barbosa Macêdo

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010


Maria do Carmo Fernandes Martins, Sonia Maria Guedes Gondim,
163
Juliana Porto, Sinésio Gomide Júnior, Luciana Mourão,
Maria das Graças Torres da Paz

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012


Jairo Eduardo Borges-Andrade, Cássio Adriano Braz de Aquino,
181
Elaine Rabelo Neiva, Sérgio Ricardo, Franco Vieira, Thaís Zerbini,
Izabela Maria Rezende Taveira, Maria Cristina Ferreira
Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014
213
Elaine Rabelo Neiva, Magno Macambira

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016


Adriano de Lemos Alves Peixoto, Fabiana Queiroga,
229
Eliandro Rômulo Cruz Araújo, Lucia Helena de Freitas Pinho França,
Magno Oliveira Macambira, Simone Robalo

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018


Adriano de Lemos Alves Peixoto, Fabiana Queiroga, 273
Amalia Raquel Pérez

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020


Fabiana Queiroga, Thaís Zerbini, Melissa Moraes, 315
Daiane Bentivi, Lara Martins, Raphael Di Lascio

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022


Maria Nivalda de Carvalho-Freitas, Daiane Rose Cunha
Bentivi, Melissa Machado de Moraes, Sabrina Cavalcanti Barros, 341
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro,
Raphael Henrique Castanho Di Lascio

Capítulo 12 - Revista Psicologia:


Organizações e Trabalho (rPOT) – 2001 – 2005 373
José Carlos Zanelli

Capítulo 13 - Revista Psicologia:


Organizações e Trabalho (rPOT) – 2006 – 2021
Roberto Moraes Cruz, Jairo Borges-Andrade, Thaís Zerbini, 381
Pedro Bendassolli, Katia Puente-Palacios, Mauro Magalhães,
Juliana Porto, Suzana Tolfo, Narbal Silva, Gardênia Abadd
Apresentação

E
m 2001, a Associação Brasileira de Psicologia Organiza-
cional e do Trabalho (SBPOT) deu seus primeiros passos
como uma entidade científica da Psicologia Brasileira.
Nasceu da compreensão e da necessidade de construir um
espaço de discussão, produção e divulgação do conhecimento
científico, na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho,
que levasse em conta as especificidades da realidade brasileira.

Foram inúmeros os desafios enfrentados pelas diretorias


que estiveram à frente da SBPOT, muitos dos quais ficaram guar-
dados nas memórias daquelas e daqueles que doaram tempo e
esforços para levar adiante os propósitos da entidade. De igual
modo, foram incontáveis as conquistas que, por meio das ges-
tões da SBPOT, alcançamos para o avanço e consolidação do
campo da Psicologia Organizacional e do Trabalho no Brasil.

9
Ao longo desses 20 anos (2001-2021), houve um esforço por
parte das gestões diretoras em construir um acervo que man-
tivesse guardados os documentos e os registros das atividades
desenvolvidas pela entidade. No entanto, pelas próprias limita-
ções tecnológicas de cada época, dentre outros fatores, muitos
documentos, imagens, fatos e acontecimentos se perderam com
o tempo. Foi nesse contexto que surgiu este projeto, concretiza-
do na forma deste e-book comemorativo, de resgatar e compilar
as memórias da SBPOT, vividas e narradas pelos atores que com-
puseram as gestões da SBPOT entre 2001 e 2021. São memórias
de dados factuais, atravessadas pelos afetos de quem trabalhou
para que a entidade chegasse ao reconhecimento de que hoje
desfruta, nacional e internacionalmente.

O convite enviado a cada diretoria da SBPOT para compor


este e-book constituiu em um pedido de relato dos momentos
mais marcantes e significativos experimentados durante os dois
anos de gestão. Como um mosaico, você encontrará neste e-book
estilos narrativos distintos em cada capítulo, mas que, em seu
conjunto, retratam, com sensibilidade, a construção e consoli-
dação da Psicologia Organizacional e do Trabalho no Brasil, a
partir da estruturação e do fortalecimento da SBPOT como en-
tidade científica e profissional. Esperamos que, ao lê-los, você
possa se inspirar, se envolver e contribuir para o avanço cientí-
fico e tecnológico do campo da Psicologia Organizacional e do
Trabalho no Brasil, bem como da própria SBPOT.

Esta obra também representa a nossa homenagem a todas


as diretorias que contribuíram com a história da SBPOT. Agra-
decemos-lhes a disponibilidade para, generosamente, voltar ao

Apresentação 10
passado e resgatar essas memórias. Estendemos essa homenagem
a todas e todos que fizeram, ou ainda fazem, parte da SBPOT, con-
tribuindo para seu crescimento e visibilidade no país e no mundo.
Esta é nossa celebração e convite para que novas gestões diretoras
surjam e sigam narrando essa história para as próximas gerações.

Sabrina Cavalcanti Barros


Daiane Rose Cunha Bentivi
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro
Maria Nivalda de Carvalho-Freitas
Melissa Machado de Moraes
Raphael Henrique Castanho Di Lascio

Apresentação 11
Prefácio

A Construção de um Espaço para


a integração da Ciência à Profissão

Sigmar Malvezzi PhD


IP-USP e FDC

A
SBPOT é um espaço de reflexão e de ação criado para
abrigar, disponibilizar e desenvolver a Psicologia na
investigação e compreensão do trabalho produtivo.
Sua criação e trajetória foram respostas à demanda de coope-
ração articulada entre os psicólogos, na ação profissional e na
pesquisa dos eventos e problemas que povoam e movimentam
o território entre a pessoa, o trabalho e a sociedade (POT). Essa
demanda despontou do reconhecimento de condições emergen-
tes, no desempenho produtivo, diante de novas equações nas
relações entre a pessoa, o trabalho e a sociedade.

13
O poderoso balizamento de tecnologias nas operações,
sem a consideração do espaço, e a crescente competitividade
comercial favoreceram o redesenho das relações de trabalho.
Esse balizamento e sua demanda para o enfrentamento da com-
petitividade impactaram a gramática que rege o desempenho
produtivo, a qualidade de vida no trabalho e a centralidade do
emprego, três referências cruciais para a sustentabilidade da
sociedade. Esse cenário, gestado desde os anos 1970, salienta-
va o florescente poder regulatório de macroestruturas técnicas,
econômicas e midiáticas sobre essas três referências, compro-
metendo o alcance da ação administrativa local.

Dentro desse cenário, a ação profissional e a pesquisa cien-


tífica no campo da POT requeriam consideração e adaptação às
novas equações do desempenho produtivo, reflexão sobre suas te-
orias e modelos, ajuste da instrumentalidade e, principalmente,
fomento à cooperação. O enfrentamento das incertezas e fatores
emergentes nas relações entre o desempenho produtivo, o tra-
balhador e a sociedade clamavam por algum empoderamento
da POT. Esse empoderamento seria fruto da reflexão profunda
sobre a metamorfose em curso na sociedade e no desempenho
produtivo, tarefa que, por sua vez, apontava para a necessidade
de interlocução entre profissionais e pesquisadores da POT com
outros campos do saber e de ação profissional igualmente alicer-
çados no desempenho produtivo.

A POT respondeu a essa demanda ativando a reflexão e a


interlocução entre os psicólogos e outros campos de pesquisa
e de aplicação do conhecimento sobre o desempenho produti-
vo. Sua resposta evidenciou a gestação de novas racionalidades

Prefácio 14
nas equações reguladoras do protagonismo do trabalhador,
caracterizadas por alterações na participação do trabalhador
no desenho e desempenho de suas tarefas e na cobrança de sua
contribuição para os resultados. Novas tecnologias possibilita-
vam a substituição do trabalhador por processos automatizados
nas operações requeridas pelo desempenho produtivo. Modelos
como as células de manufatura, a terceirização e a digitalização
alteravam o protagonismo do trabalhador no desempenho de
suas tarefas e nos padrões de sua qualidade de vida no trabalho.
A implementação desses modelos cobrava, insistentemente, da
POT, a revisão de seu campo de estudo, de seu objeto e de seu
escopo. O território entre a pessoa, o trabalho e a sociedade ofe-
reciam sinais de rápida e profunda metamorfose.

Os psicólogos da POT se engajaram rapidamente nessa revi-


são, enriquecendo a compreensão do desempenho produtivo em
suas relações com a eficácia, a saúde, a realização do trabalha-
dor, a qualidade de vida no trabalho, as desigualdades sociais e a
injustiça que sempre foi efeito colateral da organização do traba-
lho coletivo. Esse enriquecimento colocava os psicólogos da POT
diante da inevitável tarefa de rápida apreensão e investigação de
novas demandas na adaptação ao trabalho. Essa adaptação foi
dimensionada como atividade complexa, multidisciplinar, de
longo prazo e acoplada às ações de outros profissionais atuantes
no mesmo território que a POT. Paulatinamente, os psicólogos
dedicados à POT perceberam que essa tarefa implicava a identifi-
cação das novas equações nas relações entre a pessoa, o trabalho
e a sociedade, e a busca de instrumentalidade para o enfrenta-
mento de um “novo normal” na organização do trabalho.

Prefácio 15
A compreensão desses movimentos sobre o desempenho
produtivo, e sobre a qualidade de vida no trabalho e a fertilidade
da ação profissional na reconstrução da sociedade fortemente
balizada por tecnologias, fomentava a demanda de coopera-
ção e interlocução entre os psicólogos da POT. Compreender,
adaptar-se a esse “novo normal” e fertilizar o apoio articula-
do à ação dos psicólogos sob forte pressão da competitividade
econômica clamava por alguma sistematização da reflexão e da
interlocução, além de alguma voz para a POT na sociedade.

Esse clamor poderia ser atendido por alguma ação articulada


que despontasse do diálogo cooperativo entre profissionais e
pesquisadores, no qual a ciência e a prática profissional se vali-
dariam e fomentariam o crescimento articulado de ambos pelo
reconhecimento desses dois campos como complementares no
desenvolvimento da POT. A promoção de reflexão, interlocução e
cooperação sistemáticas requeria alguma arquitetura que estrutu-
rasse suas interações e trocas de experiências. A atuação da POT
nesses movimentos requeria a construção de algum “novo normal”
para a reflexão e interlocução entre os psicólogos. Esse “novo nor-
mal”, na POT, implicava regularidade da interlocução, fluência na
cooperação, desenvolvimento de identidade coletiva e reconheci-
mento público de seu protagonismo na adaptação e reconstrução
da sociedade ao seu “novo normal”. Expor a construção do espaço
da SBPOT, criado para abrigar a reflexão, cooperação, a interlocução
entre seus membros, e fomentar sua identidade coletiva inspirou a
edição deste livro, dedicado à memória de sua gênese. Esse espa-
ço, hoje consolidado e atuante, há mais de três décadas, dentro e
além das fronteiras da sociedade brasileira, oferece voz, reflexão e

Prefácio 16
interlocução sistemáticas, plataforma de ação, visibilidade e bases
para a fertilidade desse ramo especializado do saber sobre o desem-
penho produtivo, explorando sua potencialidade de força social. A
SBPOT disponibilizou mais um instrumento para a reconstrução de
uma sociedade em escancarada metamorfose na centralidade do
trabalho e na gestão do desempenho produtivo.

A aspiração de espaços como a SBPOT, para ações coleti-


vas articuladas entre a pesquisa e a aplicação do saber, não era
peculiaridade do campo da POT, mas uma demanda igualmente
constatada no caminho de outras ciências dedicadas ao trabalho e ao
desempenho produtivo. Nesses diversos campos, o protagonismo
ocupacional enfrentava análogas contingências emergentes
desse “novo normal” da sociedade, alimentado, principalmente,
pela digitalização em escala globalizada, pela virtualização de
processos e pela fragmentação dos desempenhos em espaços
isolados, viabilizada pela possibilidade de operações à distância.
Em resposta ubíqua a essa generalizada demanda de readaptação
dos diversos campos profissionais para uma sociedade de inegável
prosperidade tecnológica e perigosamente engajada em feroz
competitividade comercial, proliferaram caminhos diversos para
o enfrentamento desse “novo normal” no mundo inteiro.

Desde os anos 1970, inovações tornaram-se uma regularidade,


até mesmo nas rotinas, impondo demandas generalizadas de rea-
daptação do desempenho produtivo para garantir a sustentabilidade
das propriedades e funções dos objetos e eventos nele implicados.
Dentro desse movimento inercial de múltiplas inovações, a co-
operação e aprendizagem eram dois processos merecedores de
atenção que não poderiam ser deixados para iniciativas pessoais.

Prefácio 17
O reconhecimento desses dois processos foi manifestado
na eclosão de associações dedicadas à formação, cooperação e
interlocução profissionais, no redesenho dos cursos de capaci-
tação continuada e no investimento articulado em programas de
interlocução entre profissionais e pesquisadores, dentro e além
das fronteiras de todas as ocupações dedicadas ao desempenho
produtivo. Esse reconhecimento foi naturalmente direciona-
do pelos vetores da reaprendizagem profissional, da pesquisa
científica e de parcerias diversas. A velocidade e consistência da
implementação do “novo normal” implicavam o estudo contínuo
das variáveis e dos processos articulados nas novas equações e
na adaptação do trabalhador ao seu desempenho produtivo e a
condições emergentes no cuidado com a qualidade de vida.

Esses movimentos fomentaram não somente a atenção ao tra-


balhador enquanto protagonista do desempenho produtivo, mas,
igualmente, como protagonista de seu status de cidadão. Reflexão
e cooperação entre as ciências e interlocução entre as formas de
aplicação de seus conhecimentos requeriam articulação entre
profissionais e pesquisadores dentro de seus campos e em suas
fronteiras com outros campos do saber para somar forças na re-
construção da sociedade. Já presente na sociedade, nessa etapa da
metamorfose da sociedade, a SBPOT se empenhava na integração de
esforços dispersos para empoderar a força da POT na reconstrução
da sociedade que se globalizava através de relacionamentos híbri-
dos, nos quais mesclam-se a interação corpo a corpo e à distância.

A construção de espaços como a SBPOT, dedicados à reflexão


e interlocução, energizou a consciência da identidade coletiva no
empoderamento do protagonismo profissional. O protagonismo

Prefácio 18
isolado, que poderia ser até mesmo suficiente para atender as
necessidades de eficácia do desempenho produtivo, mostrava-se
insuficiente para o enfrentamento da crescente regulagem dos
desempenhos exercida pelas macroestruturas econômicas, polí-
ticas, tecnológicas e sociais sobre a qualidade de vida e o status de
cidadão do trabalhador. Esse empoderamento não só inspirou e
fertilizou movimentos dentro das fronteiras da ação profissional,
mas energizou reações mais amplas denominadas de “os co-
muns” em toda a sociedade (Arvidsson, 2020). Esses movimentos
se tornaram forças políticas no direcionamento da metamorfo-
se em curso para a preservação do cidadão, e de sua qualidade
de vida, sob pressões da priorização de resultados financeiros e
da inovação tecnológica que debilitava o espaço da subjetivida-
de nos processos digitalizados. Esses movimentos sinalizavam
a impotência da ação individual, cobrada pelo cumprimento de
metas no desempenho produtivo, porém sem que essas metas fer-
tilizassem a construção de instrumentos potentes para enfrentar
a regulagem das macroestruturas sobre o trabalho e a qualidade
de vida. A criação da SBPOT foi uma expressão da sensibilidade
dos psicólogos da POT para os movimentos que fertilizam a ação
individual na transformação que o trabalho enfrentava pela força
da crescente mediação de tecnologias que distanciavam o traba-
lhador de operações e observação diretas em seu campo de ação.

O reconhecimento das potencialidades da SBPOT para contri-


buir com a reconstrução da sociedade e o empenho no desenvolvi-
mento da força de sua voz atualizaram, no Brasil, um potencial até
então à espera de um momento oportuno para despontar como es-
paço coletivo de reflexão e ação, harmonizado à busca de adaptação

Prefácio 19
a uma sociedade que, transferindo o desempenho produtivo para
processos digitalizados, distanciava o trabalhador do escopo de
suas próprias operações. Através de pautas de ação, regularmen-
te revisadas e reenergizadas, a SBPOT abriu caminhos acessíveis
para os psicólogos da POT, nesse momento histórico, apoiando e
interligando seu protagonismo individual e coletivo, articulando a
aplicação de seus conhecimentos às demandas da sociedade e fa-
vorecendo sua consciência de força grupal em contextos em rápida
metamorfose. Esses caminhos energizaram e ampliaram a ação
profissional e a pesquisa, necessárias para a compreensão da adap-
tação a essa metamorfose que já se evidenciava em toda a sociedade.
Assim, a criação da SBPOT era uma aspiração que foi concretizada
pela sensibilidade dos psicólogos da POT à abrangente regulagem
externa dos eventos pelos mecanismos globalmente interconecta-
dos que enfraqueciam a ação profissional solitária e pelo reconhe-
cimento da subjetividade na equação do desempenho produtivo.
A fertilidade da ação profissional dos psicólogos demandava inte-
gração de competências para o enfrentamento de objetivos mais
amplos e o fortalecimento das ações profissionais e pesquisas aptas
para intervir e transformar rotinas poderosas cuja gestão escapava
do alcance das mãos dos profissionais devido às contingências cria-
das pelas macroestruturas tecnológicas e econômicas. O aumento
dos processos digitalizados nas operações do desempenho produti-
vo pedia apoio e fortalecimento da ação profissional solitária para
garantir sua fertilidade na adaptação das relações entre a pessoa,
o trabalho e a sociedade que privilegiava a precisão, velocidade e
eficácia, mesmo ao custo da qualidade de vida no trabalho, como
tem sido visível nos centros de telemarketing.

Prefácio 20
A presença e a voz da SBPOT ofereceram a oportunidade do
protagonismo coletivo capaz de emular a rotina das relações
interprofissionais nas quais, pesquisadores e “curadores” do de-
sempenho produtivo se integram buscando o empoderamento de
suas ações. Os psicólogos da área da POT entenderam a consolida-
ção desse “novo normal” na sociedade e reconheceram na SBPOT
a voz e o apoio pelos quais ansiavam, por alguma força com poder
institucional para a sustentabilidade do apoio da Psicologia no
redesenho das tarefas e das relações de trabalho. Para eles, a as-
piração dos protagonistas da automação de regular a participação
da subjetividade na digitalização dos processos de produção era
uma espécie de negacionismo aplicado ao desempenho produti-
vo e à qualidade de vida no trabalho. A busca dessa regulagem
sinalizava a evolução da gestão em sentido oposto ao movimento
de criação da SBPOT, que era dar visibilidade às potencialidades e
contribuições da Psicologia como ator insubstituível nas relações
entre a pessoa, o trabalho e a sociedade. A crescente instabilidade
das condições de trabalho demandava competências complexas,
subsidiando o desempenho produtivo. A investigação dessa de-
manda fertilizou o célere avanço do conhecimento nas ciências
sociais (Wierviorka, 2007), nas quais espaços como o da SBPOT
eram peças-chaves no enfrentamento de engrenagens que globa-
lizavam os processos pela digitalização. Rapidamente, sua ação
foi integrada aos diversos grupos e projetos que movimentavam
a POT para que a ação profissional e a pesquisa de seus membros
ultrapassassem o estágio da interação tênue observada até então,
capacitando sua voz.

Prefácio 21
Esse passo adiante para a POT ser uma voz e protagonista
visível na transformação da sociedade era um sonho, generali-
zadamente acalentado por seus profissionais e pesquisadores
desde a criação dos conselhos de psicologia, quando essa área do
saber e da ação profissional foi reconhecida e sua voz já era es-
cutada. Nesse sonho, era saliente o imaginário de protagonismo
fortalecido de seus profissionais, no qual a ação institucionaliza-
da ganharia força para enfrentar a pressão da competitividade
sobre a regulagem do desempenho produtivo, que nem sempre
leva em conta sua influência na qualidade de vida do trabalhador.
A ação coletiva gestada na SBPOT atua sobre indivíduos e grupos
para que estes sejam as forças transformadoras que todo profis-
sional recém-graduado sonha para suas intervenções e para a
sua pesquisa. Essa percepção da própria ação como força social
contribui para a segurança do protagonismo individual ao lhe dar
sentido de coletividade e lhe oferecer fontes de constatação de
que sua atividade não é um voo solo, mas compartilhado em suas
crenças, valores e ideais com colegas e outros profissionais que
buscam, igualmente, a transformação do status quo. Essa busca
de ação coletiva não era confundida com o mero reconhecimen-
to da eficácia de resultados, mas identificada em sua capacidade
de transformação da sociedade.

O protagonismo coletivo abrigado na ação cooperativa arti-


culada favorece o compartilhamento de recursos diversos, como
o conhecimento, as informações, os projetos e as alianças com
outras forças igualmente implicadas na transformação da socie-
dade. Nele, cada indivíduo pode reconhecer que seu desempenho
é uma força da sociedade que constrói competências complexas

Prefácio 22
conforme os problemas do mundo globalizado demandam para
as suas soluções. Embora as novas tecnologias possam favorecer
a solidão profissional, a existência de uma sociedade cujo escopo
é articular a reflexão e a cooperação entre profissionais e pesqui-
sadores oferece uma luz de esperança ao sentido de coletividade
que os agrupamentos humanos constroem. Uma das potenciali-
dades presentes nas tecnologias digitais é o alto risco de fomento
à ação solitária, como já se constata, há algum tempo, na limitada
integração de pessoas e grupos através das redes que atuam mais
como bolhas isoladoras do que espaços que fomentam a reflexão
coletiva. Esse risco pode ser mitigado pelos antídotos encontra-
dos no desenvolvimento de coletividades como a SBPOT.

Desde seu primeiro dia como espaço de reflexão e ação, a pre-


sença e ação da SBPOT fertilizaram a integração dos psicólogos
dedicados à POT, manifestada no crescente intercâmbio articula-
do de suas experiências na aplicação do conhecimento científico
da psicologia e em seu avanço na compreensão das demandas
de adaptação que as incertezas da sociedade globalizada criam
para as equações da relação homem-trabalho. Durante mais de
20 anos o debate sobre a relação home-trabalho tem sido qua-
se rotina nas pautas de diversos parlamentos onde se discute o
ordenamento jurídico do trabalho produtivo. As dificuldades de
consenso nesse território sinalizam os abalos que circundam o
espaço de atuação da POT. As tecnologias mais recentes e a com-
petitividade econômica alteraram as relações de trabalho, o que,
hoje, requer sistemática reflexão coletiva. As incertezas, a virtua-
lização do trabalho nas plataformas e as oscilações da economia
alicerçam a dificuldade de consenso sobre essas relações e suas

Prefácio 23
equações. Como protagonista da relação homem-trabalho, a POT
é protagonista insubstituível na investigação e redesenho do de-
sempenho produtivo diante de novos fenômenos como o quiet
quitting, o boreout, a seleção de pessoal pelo metaverso e a institu-
cionalização da categoria MEI para a migração dos empregos para
voo solo. Esses fenômenos emergentes nas relações de trabalho e
o desmanche dos empregos sinalizam uma sociedade na qual as
macroestruturas regulam, mas não dão conta, da atenção que os
indivíduos requerem. A compreensão e respostas a esses “parado-
xos” requerem consistente e persistente diálogo entre a experiên-
cia e a pesquisa por parte de psicólogos para vasculhar os rumos
da subjetividade na adaptação ao desempenho produtivo que, ao
mesmo tempo, regula e pede autonomia. Esse diálogo será ainda
mais demandado nas próximas etapas da absorção dos desempe-
nhos por operações hoje alocadas no trabalhador, mas em célere
migração para o “protagonismo” das plataformas e algoritmos.

Mesmo a observação assistemática de leigos é capaz de consta-


tar e prever que o desempenho produtivo evolui, distanciando-se
do vetor dos desempenhos criativo e construtivo para se alinhar
ao desempenho reativo. A formatação rígida de procedimentos já
definidos nas plataformas e a exigência de respostas rápidas na
operação de processos digitalizados dentro dos aplicativos e pro-
gramas treinam e acomodam o trabalhador ao agir reativo diante
de estímulos ininterruptos que pedem respostas rápidas a deman-
das fragmentadas e descontextualizadas. A previsão da alta deman-
da de desempenho reativo, e menor espaço para os desempenhos
construtivo e criativo, nas rotinas do trabalho demandará da POT
significativo esforço nas práticas profissionais e na pesquisa para

Prefácio 24
compreender essa forma de engajamento no trabalho em proces-
sos digitalizados. Dificilmente protagonistas isolados conseguirão
dar conta da compreensão dos impactos do desempenho produ-
tivo reativo sobre a eficácia das tarefas e a qualidade de vida sem
apoio da interlocução com outros protagonistas, o que pode ser
fomentado e articulado pela SBPOT, como coletividade que re-
presenta a POT. Os desempenhos de tarefas em plataformas nas
quais os eventos são descontextualizados fluem em alta velocida-
de, amarrados a respostas padronizadas, assemelhando-se às situ-
ações encontradas na lógica dos blockchains, nos quais o manejo
de variáveis depende de diversas contingências e procedimentos
concomitantes que seguirão alterando a equação do desempenho
produtivo. A distância entre o trabalhador e a realidade na qual ele
intervém, e entre ele e seu supervisor, desponta como uma con-
dição relevante para as relações com o trabalho. Nesse contexto,
o trabalhador necessita de apoio para a sua adaptação às tarefas,
aos riscos desse isolamento em bolhas e os impactos do trabalho
dentro de bolhas à sua qualidade de vida. Cuidar de desempenhos
assim fortemente amarrados a ferramentas-sistemas rígidas de-
manda observação, reflexão e troca de experiências, que podem
estar disponibilizadas na interlocução rotineira entre profissionais
nas ações integradoras da SBPOT, como suas atividades primárias.

Assumindo a promoção da interlocução, interação e coo-


peração entre os psicólogos da POT, como suas atividades pri-
márias na produção de conhecimento e na ação profissional, a
SBPOT atua como protagonista ativo na transformação da socie-
dade, oferecendo oportunidades e estímulos aos questionamen-
tos que despontam nas rotinas. A evolução da POT será alinhada

Prefácio 25
a esses questionamentos sobre o desempenho produtivo, sobre
a qualidade de vida no trabalho e a participação do cidadão na
sociedade. Essa transformação depende de profissionais e ações
abrangentes e coordenadas para não se reduzir apenas a uma
utopia na qual se constatam muitos esforços que até apresentam
resultados positivos, mas que pouco fertilizam a elaboração do
“novo normal” no campo do apoio aos stakeholders da POT. Essa
fertilidade esperada nos empenhos individuais será beneficiada
pela ação e apoio da SBPOT.

A trajetória da SBPOT evidencia seu rumo na direção da


construção do apoio institucional para os psicólogos, expondo a
expansão e exploração de suas potencialidades. Seu estoque de
conceitos, teorias, instrumentos e experiência de observação do
engajamento do trabalho sinaliza seu empenho na compreensão
da articulação entre eficácia e qualidade de vida no trabalho co-
letivo organizado e seus instrumentos de ação. Esse estoque e as
potencialidades inerentes a ele despontam nos temas que povoa-
ram a trajetória da POT. A atuação da SBPOT amplia o campo e as
fronteiras da POT, capacitando profissionais e pesquisadores para
responder às incertezas que precedem os iminentes dias difíceis.
A POT espera pesados desafios advindos do aprofundamento do
desmanche dos empregos acoplado à precarização das relações de
trabalho, à intensificação do desempenho reativo e ao enfraque-
cimento da centralidade do trabalho no redesenho da sociedade,
a cada dia mais articulada sobre processos digitalizados. O conte-
údo deste livro oferece um panorama da trajetória trilhada pela
SBPOT ao explicitar os distintos momentos de realizações de suas

Prefácio 26
diversas equipes diretoras, que podem ser cotejados com o pro-
cesso histórico recente do Brasil. Embora resumida, a descrição
dessa trajetória ao longo dos capítulos do livro mostra o empenho
dos psicólogos na sustentabilidade do desempenho produtivo na
busca da eficácia, da qualidade e do sentido de vida. Nessa bus-
ca, desponta a própria história recente da POT no Brasil, na qual
cada leitor poderá encontrar o locus de sua própria participação e
a força de seu protagonismo na aplicação e investigação do conhe-
cimento produzido sobre o desempenho produtivo.

Na maturidade de seus vinte anos, a SBPOT não está limi-


tada à promoção da interlocução que fertiliza o crescimento
da POT, ela protagoniza instrumentos para a interlocução
através de redes, de eventos e de publicações que medeiam a
integra-ção dos atores da POT brasileira com profissionais
de outros países, fomentando parcerias em projetos
compartilhados que expõem a globalização da organização do
trabalho coletivo. Seu protagonismo já é voz potente no
mundo. Esse feito foi viabili-zado pela construção de
estruturas e mecanismos que paulati-namente lhe deram
identidade e legitimidade na colaboração entre profissionais
e pesquisadores no Brasil e no mundo. A criação do
Congresso bianual, as publicações, a realização de pesquisas
e as incontáveis iniciativas de pequenos projetos que uniram
departamentos acadêmicos, empresas e áreas afins à
Psicologia atestam a fertilidade da interlocução fomentada em
seu espaço de reflexão e de ação. Esse movimento criador
da POT no Brasil desenvolve a SBPOT para enfrentar os
desafios das próximas décadas.

Prefácio 27
Referências

Arvidsson, A. (2020). Capitalism and the Commons.


Theory, Culture and Society, 37(2), 3-30. https://doi.
org/10.1177/0263276419868838
Dardot, P. & Laval, C. (2014). Commun. Essai sur la révolution
au xxie siècle. Paris: La Découverte.
Wieviorka, M. (Ed.) (2007). Les Sciences Sociales en Mutation.
Paris : Éditions Sciences Humaines.

Prefácio 28
Capítulo 1 29
capítulo 1
O contexto e as
transformações que
culminaram com
a criação da SBPOT

José Carlos Zanelli


Jairo Eduardo Borges-Andrade
Antônio Virgílio Bittencourt Bastos

A
s origens das atividades de pesquisa e intervenções que
hoje estão no escopo da Psicologia Organizacional e do
Trabalho – abreviadamente, POT – remontam ao final
do século XIX, na Europa. O desenvolvimento de métodos volta-
dos à gestão, que alargassem a produtividade, objetivou atender
às demandas do aumento do contingente da população mundial
e à crescente industrialização. Esta foi capitaneada mormen-
te pela Inglaterra, França e Estados Unidos, e ficou conhecida
como segunda revolução industrial. As ciências que focalizam
o comportamento humano rapidamente foram atraídas para,
inicialmente, contribuir com a solução de problemas associa-
dos ao desempenho no trabalho. Logo depois, para resolver os
problemas de insatisfação e saúde decorrentes daquele rápido
crescimento e do uso daqueles métodos.

31
Esse desenvolvimento industrial foi tardio, no Brasil. Não obs-
tante, no contexto das atividades de trabalho, há registros de que
o uso de testes psicológicos e de outros recursos da então denomi-
nada psicotécnica foi introduzido na terceira década do século XX
(Zanelli, Bastos & Rodrigues, 2014). Essa introdução teria ocorrido
no Rio de Janeiro e São Paulo, e poderia ser associada ao ensino
da avaliação psicológica pelo francês Henri Piéron, iniciado na
década de 1920 (Augras, 1965). Assim, comemoramos o centená-
rio da POT brasileira na década atual (2020).

A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT – unificou a legis-


lação trabalhista brasileira em 1943 e consubstanciou as relações
humanas no trabalho (Feitosa & Sim, 2020). Isso provavelmente
promoveu condições mais favoráveis para o estabelecimento da
POT nacional. Em 1947, Emílio Mira y Lópes, que desde 1940 ensi-
nava no Cone Sul, tornou-se chefe do então recém-criado Instituto
de Seleção e Orientação Profissional – ISOP – no Rio de Janeiro.
Muitas atividades desse psiquiatra espano-cubano envolviam
aplicações da psicologia em seleção e treinamento de pessoal (Ja-
có-Vilela, & Rodrigues, 2014). Ele ainda teve um papel fundamen-
tal na criação e manutenção de uma associação e uma revista,
inicialmente voltadas para a então denominada psicotécnica.

Para a época e conjuntura, tanta proeminência teve a psi-


cotécnica, que a Associação Brasileira de Psicotécnica – ABP
– foi a primeira associação profissional de Psicologia insti-
tuída no Brasil, em 1949 (Conselho Federal de Psicologia, s/d;
Degani-Carneiro, 2014). A ela vinculou-se uma revista – Arqui-
vos Brasileiros de Psicotécnica, primeiro periódico de Psicologia
de circulação nacional (Conselho Federal de Psicologia, s/d).

Capítulo 1 32
Nele foi publicado o primeiro anteprojeto de reconhecimento
legal da denominada “profissão de psicologista”, em 1954, sob a
elaboração da ABP (Collares-da-Rocha & Lima, 2019; Associação
Brasileira de Psicotécnica, 1958). Esse anteprojeto registra uma
denominação profissional que não prevaleceu. De algum modo,
a ABP pode ser considerada “uma avó da SBPOT” – Associação
Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Esses fatos históricos nos mostram como um campo profis-


sional emerge de demandas postas pela dinâmica da sociedade
em suas mais diversas dimensões; tais demandas exigem e pro-
piciam o desenvolvimento de campos científicos voltados para
compreender a realidade e nela intervir. Demandas sociais e
avanço da ciência criam, conjuntamente, as condições para a
institucionalização de profissões ou ocupações, pelo reconheci-
mento de que o domínio de saberes e técnicas especializados são
fundamentais para avançar a nossa capacidade de melhor lidar
e superar os desafios que a realidade nos coloca. Nesse processo
histórico, o surgimento de sociedades, associações científicas
e/ou profissionais é fundamental, pois essas entidades assegu-
ram ações coletivas que promovem o avanço do conhecimento
científico e tecnológico, e sua disseminação social. O processo
voltado à formação de novos profissionais integra essa dinâmi-
ca, o que coloca o sistema educacional também como elemento
fundamental na consolidação de um campo científico/profissio-
nal. É o que aconteceu com a Psicologia e, mais especificamen-
te, com uma das suas subáreas de mais longa existência: a POT.

Os cursos de graduação em Psicologia foram iniciados, sem


regulamentação, em 1953 (Rio de Janeiro) e 1958 (São Paulo). Os

Capítulo 1 33
cursos não regulamentados de pós-graduação em Psicologia ini-
ciaram em meados da década de 1960, mas sem ênfase em POT.
As décadas anteriores aos anos 1960 abrigaram tentativas de re-
conhecimento formal da profissão e regulamentação dos cursos
de graduação. Contudo, pessoas efetivamente exerciam as ati-
vidades características do campo da Psicologia, com formação
nesta área ou em outras áreas do conhecimento: “na segunda
parte da década de 1950 [. . .] o que se fazia em Psicologia já era
considerável, especialmente nas áreas da Educação e do Traba-
lho e alguma coisa na Clínica” (Angelini, 2012, s/p).

Em 27 de agosto de 1962 promulgou-se a Lei 4119, que torna-


va a Psicologia, de direito, uma profissão. “Trabalho” foi três ve-
zes aludido como um dos seus campos de aplicação: 1) no Artigo
13, quando o uso de métodos e técnicas psicológicas para fins de
orientação e seleção profissional foi definido como função pri-
vativa; 2) no Artigo 16, quando foi requerido que as instituições
que oferecessem cursos de Psicologia tivessem serviços organi-
zados na clínica e na aplicação à educação e ao trabalho; e 3) no
Artigo 19, que abria a possibilidade de reconhecimento do título
de psicólogo àqueles que já atuavam com Psicologia aplicada ao
Trabalho. Como se sabe, Clínica, Educação e Trabalho constituí-
ram o tripé básico para a constituição da nova profissão. Na nos-
sa legislação, o campo do trabalho é definido de forma ampla,
embora o termo Psicologia Industrial fosse o mais largamente
utilizado nos EUA, e os termos Psicologia do Trabalho e das Or-
ganizações na Europa. A legislação também não privilegiou o
uso do termo “Psicotécnica”, que veio a cair em desuso.

Capítulo 1 34
Somente em janeiro de 1964, o Decreto 53.464 regulamentou
a profissão e o currículo mínimo dos cursos de graduação em
Psicologia. A partir dessa data, o empenho da categoria profissio-
nal foi para a criação formal do Conselho Federal de Psicologia
(CFP) e dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), obtida em
20 de dezembro de 1971, com a Lei 5.766. “Mas foi no III Encon-
tro Nacional de Sociedades de Psicologia, realizado em junho de
1973, que se definiram os procedimentos para a constituição e
eleição dos membros do Conselho Federal de Psicologia” (Leite,
2008, p. 12). Efetivamente, a instalação do CFP foi concretizada
em 1974, seguida, a partir de 1975, dos sete primeiros CRPs.

O desenvolvimento dos setores secundário e terciário da


economia brasileira (1930-1980) foi um propulsor para o rápido
crescimento da profissão de Psicologia, após sua regulamen-
tação. O processo de industrialização iniciado após a Segunda
Guerra Mundial - cujos expoentes foram a Usina Siderúrgica de
Volta Redonda e a criação da Petrobrás - introduziu uma nova
dinâmica produtiva. Ocorreu o fortalecimento do Estado e dos
serviços públicos, e a mudança da capital para Brasília. Tais fa-
tos muito contribuíram com demandas que fortaleceram a apli-
cação da Psicologia no mundo do trabalho. Por outro lado, uma
sociedade que crescentemente se transforma em urbana, com
o crescimento das cidades e com uma classe média mais forte,
criou a demanda por serviços clínicos que dão a grande marca
do início de uma profissão fortemente voltada ao atendimento
clínico privado.

Capítulo 1 35
A segunda metade da década de 1970 foi demarcadora da
prática regularmente credenciada dos profissionais psicólogos
brasileiros. Depois de meio século, havia chegado o momento
de afirmação da categoria, amparada substantivamente pela
lei, com direitos, deveres e prerrogativas, e projeção de uma
imagem distinta, pelo conjunto peculiar de suas atividades. O
período também foi marcado pela emergência ou estabilização
de associações, sociedades e sindicatos de Psicologia, o que de-
nota movimentos em busca de articulação, identidade e fortale-
cimento por meio da união de profissionais. Tais entidades, no
entanto, ainda não tinham o foco em subáreas da Psicologia.

A história que precede as cinco décadas iniciais da POT bra-


sileira revela a passagem de uma economia basicamente agríco-
la e escravocrata ao fluxo de migrantes europeus para atender,
sobretudo, ao cultivo do café. Mas também uma transição para
os pequenos negócios e uma incipiente industrialização, que só
ganhou alguma densidade em meados do século XX (Zanelli et
al., 2014). Portanto, o período inicial da POT brasileira coincide
com a ascensão lenta dos processos industriais, comparada com
o desenvolvimento dos países hegemônicos. Igualmente coinci-
de com a fase não regulamentada da profissão, cujo exercício
tentava racionalizar e conferir um caráter científico a tais pro-
cessos no que tange à gestão humana nas organizações.

Se considerarmos os últimos 50 anos como o período da his-


tória recente da POT brasileira, alguns fatos se destacam, estão
conectados e marcam cada década. Neste capítulo, temos o ob-
jetivo de resgatar eventos relevantes que justificaram a criação
da SBPOT, influenciaram seu desenvolvimento e contribuíram

Capítulo 1 36
para o estágio atual desta subárea de conhecimento e campo
de atuação. Proceder ao resgate histórico e à análise (ainda que
breve) das conexões entre os eventos constitui um modo de
consolidar a identidade e expandir os vínculos interativos deste
segmento da categoria. Além disso, fortalecer a pertença como
sentimento coesivo de seus participantes e ampliar a consciên-
cia do que vivemos, para compreender nosso momento atual e
respaldar ações de continuidade desta Associação.

Tendo em vista que a análise dos acontecimentos posteriores


à institucionalização da SBPOT será objeto dos demais capítulos
deste livro, o resgate aqui terá como foco e se efetivará por meio
da recuperação de eventos relevantes das décadas de 1970, 1980 e
1990. Ainda abordará suas interligações, nos limites possíveis que
circunscrevem a produção deste texto. Para isso, pautaremo-nos
pelas ocorrências predominantes em cada década no que con-
cerne: 1) ao âmbito político, econômico e social, no Brasil e no
geral; 2) à pesquisa e produção da literatura vinculada à área e ao
campo no Brasil; 3) às principais influências internacionais; 4) às
práticas recorrentes e atividades ausentes ou pouco comuns no
campo de atuação brasileiro; e 5) à formação com ênfase em POT,
nos níveis de graduação e pós-graduação brasileiras.

Os anos 1970: consolidação profissional


da POT a despeito do forte viés da
formação voltada à clínica

Entre o final da década de 1960 e os anos iniciais de 1970 ocor-


reu o recrudescimento do regime militar, um período no qual
foram intensificados os aprisionamentos arbitrários, restrições

Capítulo 1 37
de direitos, torturas e atentados. Ao mesmo tempo, difundia-se
a imagem do “milagre econômico”, propagandeado por meio da
expansão do consumo e realização de enormes obras públicas,
como a Transamazônica. Tal período foi seguido por forte endi-
vidamento do governo, enquanto, a partir de 1979, foram ado-
tadas medidas de “abertura” e de “consentimento” do retorno
ao pluripartidarismo. A década de 1970 foi, ainda, um período
de grande expansão dos cursos de graduação, especialmente os
oferecidos por instituições privadas. Essa expansão demandou a
regulamentação da pós-graduação, em 1968.

No cenário internacional, a primeira crise do petróleo e a de-


sestabilização da economia mundial são dois aspectos em relevo.
O petróleo cresceu em importância desde a invenção do motor
a combustão, tornou-se componente de centenas de produtos
no transcurso do século XX e, como principal fonte de energia,
passou a ser essencial nas economias de todos os países. A Orga-
nização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP, em defesa
de seus interesses, em 1973, elevou o preço do produto em mais
de 400%. As consequências para a economia mundial foram de-
vastadoras, atreladas a uma inflação generalizada.

No âmbito tecnológico-informacional, um fato marcante foi


o advento dos primeiros microcomputadores ou computadores
pessoais. Na síntese de Gadelha (s/d) sobre a evolução dos com-
putadores, a invenção do computador pessoal foi possível a par-
tir do microprocessador projetado pela Intel, em 1974, enquanto
o primeiro deles é atribuído a Steve Jobs e Stephan Wozniak,
construído em 1976. A internet, em uso exclusivo e circunscri-
to às necessidades de informações militares norte-americanas,

Capítulo 1 38
teve início na década de 1960. Começou a ser empregada pela
comunidade universitária a partir de 1975, em uma rede que
não passava de duas centenas de computadores conectados. Na
época, certamente, os valores para aquisição de um computador
pessoal eram muito restritivos ou quase inacessíveis à popula-
ção comum. Não era diferente, sem dúvida, para os professores
e pesquisadores brasileiros. Esse fato marcante, entretanto, mu-
daria radicalmente as redes de comunicação desses professores
e pesquisadores – por meio da Bitnet e sua forma de produção do
conhecimento – para microcomputadores, a partir da década se-
guinte. Entretanto, era pequeno o número de revistas de Psicolo-
gia – todas generalistas, que pudessem divulgar essa produção.

Se comparada aos países mais industrializados, a produção cien-


tífica brasileira na área de POT – em periódicos ou livros –, até a re-
gulamentação da profissão e nos anos imediatos, foi insignificante.
Em consonância com esses fatores conjunturais prevalentes, isso
pode ser atribuído à pequena quantidade de cursos de pós-gradua-
ção em Psicologia e à menor priorização que davam à produção do
conhecimento nos anos de 1970. Além disso, as pequenas quanti-
dades de profissionais que exerciam as atividades características do
campo, e de estudantes, não formavam um mercado atrativo para a
publicação de livros nacionais. Traduzi-los e publicá-los em portu-
guês tinha uma melhor relação custo-benefício, e alguns professo-
res investiram seu tempo e esforço nessas traduções.

À semelhança das demais áreas e campos da emergente


Psicologia regulamentada e credenciada, a exígua produção da en-
tão denominada Psicologia Industrial nesse período constituía-se,
sobretudo, de relatos de atividades e aferição de testes e escalas

Capítulo 1 39
(Matos, 1988). No transcurso da década de 1970, com a expansão dos
cursos de graduação regulamentados na década anterior, a instala-
ção dos Conselhos de Psicologia e o pequeno, porém progressivo,
acréscimo na quantidade de profissionais psicólogos, a produção
científica começou a despontar, embora pequena e dispersa.

A Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto foi criada em


1971 e sucedida pela “Sociedade Brasileira de Psicologia - SBP”
em 1991. Iniciou sua Reunião Anual naquele ano, nunca in-
terrompida em 50 anos. Nessa Reunião, ocorria a divulgação e
discussão de grande parte da produção científica nacional da
Psicologia, mas era diminuta a pesquisa feita em POT nessa
década. No âmbito dessa Sociedade, nunca foi possível criar,
estruturar e fortalecer divisões vocacionadas nas subáreas da
Psicologia, como ocorreu na American Psychological Association
– APA, desde a década de 1940, e na International Association of
Applied Psychology – IAAP, desde 1978, quando foi criada sua Di-
visão 1 – Psicologia Organizacional, a mais numerosa.

As oportunidades de intervenção do campo aplicado da POT


eram ampliadas, mas a maioria dos poucos autores nacionais tra-
tavam esta subárea como circunscrita às atividades de Recursos
Humanos ou, na denominação da época, Administração de Pes-
soal. Um dos exemplos mais evidentes pode ser verificado em Psi-
cologia Organizacional: uma abordagem sistêmica (Camacho, 1984).
O livro utiliza o conceito de sistema e o termo organizacional, mas
não vincula o recrutamento e seleção, o treinamento e a avaliação
de desempenho com as dimensões organizacionais mais comple-
xas e multideterminantes, como a cultura e o poder. Atém-se ao
“planejamento sistêmico de cargos e funções” (p. 47).

Capítulo 1 40
Em muitos países industrializados, já na década de 1960, apa-
receu a denominação Psicologia Organizacional e do Trabalho
porque o foco de análise foi ampliado para além-indivíduo e suas
atividades de trabalho. Essa designação reconhecia a necessida-
de de incluir os grupos, a organização e o ambiente externo no
objeto de estudo e na intervenção da área. As bases da Psicologia
Social passavam a sustentar as pesquisas e a prática nas orga-
nizações de trabalho. No Brasil, predominava a denominação
Psicologia Industrial no campo aplicado. No entanto, pelo me-
nos dois livros já estavam traduzidos para o português no início
dos anos 1970: Psicologia Social das Organizações (Katz & Kahn,
1970), primeira edição em inglês no ano de 1966; e A Psicologia
Social das Organizações (Weick, 1973), primeira edição em inglês
no ano de 1969. Ainda na década de 1970, um livro de nem tanta
envergadura, mas com o mérito de tentar compreender os pro-
blemas comportamentais no contexto de trabalho nas interfaces
dos níveis ou âmbitos de análise foi o Ciência do Comportamento
na Indústria (Drake & Smith, 1977). Por fim, com uma proposta
centrada na aplicação de recursos vivenciais a situações da in-
teração social-organizacional, o Psicologia Organizacional: uma
abordagem vivencial (Kolb, Rubin, & McIntyre, 1978).

Entre as traduções, notabiliza-se, pela preferência dos profes-


sores na década de 1970, um livro que remonta, em sua primeira
edição, ao ano de 1942, conforme registro de Zanelli (1992): Psico-
logia Industrial (Tiffin & McCormick, 1975). Ressalte-se que o con-
texto das atividades da interação humana no trabalho da época
ansiava por parâmetros diferenciados, na direção de uma prática
além dos limites técnicos e restritos às prescrições de tarefas que

Capítulo 1 41
caracterizava tal livro. Na década de 1970, nos EUA, o adjetivo “Or-
ganizacional” passou a pospor a expressão “Psicologia Industrial”,
e ainda é assim. No Brasil, e na maioria dos outros países latino-a-
mericanos, o adjetivo “Industrial” caiu em desuso. À semelhança
dos países europeus, a subárea de conhecimento e seu campo de
aplicação da Psicologia passaram a ser qualificados pelos termos
“Organizacional” e “do Trabalho”. Contudo, aquele foco de análise
restrito ao âmbito individual e às atividades de trabalho estendeu-
-se desde as décadas anteriores para os anos 1980.

Apesar de uma formação excessivamente voltada para o


campo da clínica e do quase desprezo ou a superficialidade com
que as questões do mundo do trabalho eram incorporadas nos
cursos de graduação, a dinâmica do mercado de trabalho leva-
va contingente expressivo de egressos dos cursos de Psicologia
para atuar em contextos organizacionais, sobretudo na seleção
de pessoal e em treinamento. Um primeiro estudo, embora res-
trito a 170 egressos de três instituições formadoras da cidade de
São Paulo (Mello, 1975), já apontava o largo predomínio da clíni-
ca. A atuação em “psicologia industrial” vinha após a Clínica e o
Ensino (que representavam 76% das experiências profissionais
dos diplomados), com 12,1% das atividades. A autora atribuiu
o crescimento do trabalho na área, em relação ao primeiro em-
prego, à instituição, que era recente, dos exames psicotécnicos
para motoristas. Nesse trabalho pioneiro, a autora foi bastante
incisiva ao apontar o processo de formação como principal fa-
tor responsável pelo quadro delineado no exercício profissional.
Para ela, “os cursos ganharam uma unidimensionalidade com-
pacta, de maneira que não apenas formam psicólogos clínicos,

Capítulo 1 42
mas transformam os alunos, graças ao conteúdo predominan-
te das disciplinas, em psicólogos clínicos” (grifos no original)
(Mello, 1975, p.60). Para Neri (1978, p.119), tratava-se de “uma
área de trabalho da qual a maioria tem apenas uma visão par-
cial e, na maioria das vezes, uma visão negativa”. Outra reflexão
importante alertou para a necessária inserção estratégica de
profissionais de Psicologia nas atividades realizadas em “recur-
sos humanos” e por indispensável atuação como agentes de mu-
dança (Malvezzi, 1979). Assim, a década se encerra não apenas
com uma compreensão mais crítica do que constituía o campo
profissional naquele momento, mas também com sinalizações
sobre o que deveria ser perseguido no futuro.

Anos 1980: a segunda mais expressiva


subárea profissional, apesar da crítica
ao seu escopo e papel

O regime militar, no Brasil, em função da crise econômica e


social decorrente do seu modelo econômico, perdeu o apoio de
amplos setores sociais na primeira metade da década de 1980, en-
quanto o processo de redemocratização ganhou força. Entidades
civis e partidos populares prosperaram e tomaram rumos em ali-
nhamentos de forças que despontaram e se firmaram. O retorno à
cidadania e a redemocratização avançaram e se consolidaram na
Constituição de 1988. Com o passar dos anos, surgiu a interpreta-
ção de que estava em curso uma “década perdida”, pelo flagelo do
desemprego, da inflação descontrolada, perda de produtividade,
decréscimo do PIB e outras mazelas confirmadas pelos indicado-
res da dimensão econômica. A população foi duramente castigada

Capítulo 1 43
pelo desabastecimento de diversos produtos, principalmente, os
alimentícios. Ou seja, a crise herdada da década de 1970 se pro-
longou e se tornou ainda mais severa, mesmo após a posse de um
presidente civil.

No panorama interno, nossas características tendiam a uma


cadeia produtiva precária, contando com trabalhadores pouco
qualificados, na perspectiva de integração à economia mundial.
O País continuava periférico, sob pressão dos organismos inter-
nacionais pela elevada dívida externa. No cenário internacional,
em especial na América Latina, muitas economias apresenta-
ram crescimento deficitário e enfrentaram rigorosas dificulda-
des provocadas pela inflação e pelo endividamento.

No âmbito tecnológico-informacional, em 1981 a IBM pas-


sou a comercializar o PC (Personal Computer), cujo sistema ope-
racional era o MS-DOS, desenvolvido pela empresa de Bill Gates,
dirigente da Microsoft. Ao longo da década, microprocessado-
res mais avançados foram utilizados por outros fabricantes. En-
tretanto, somente a Macintosh foi capaz de enfrentar os PCs da
IBM. Lançado em 1984, o microprocessador da Macintosh teve
como atrativo o uso de ícones e do mouse. Progressivamente, os
computadores pessoais se tornaram acessíveis e invadiram cada
vez mais os lares. A transmissão via internet foi gradualmente
aprimorada, enquanto evoluíram os provedores de acesso, mas
apenas textos circulavam pelas redes naquela época (Gadelha,
s/d). A possibilidade de utilizar a transmissão via internet entre
os profissionais era inexistente. Entre professores ou pesquisa-
dores vinculados a algumas instituições brasileiras de ensino e
pesquisa, a Bitnet passou a existir somente no final da década

Capítulo 1 44
de 1980. Nas pesquisas, a revisão da literatura, em especial a es-
trangeira, demandava meses de busca e espera para recebimen-
to de cópias físicas das publicações.

O sistema de pós-graduação brasileiro ainda priorizava a


formação de mestrandos e (poucos) doutorandos para atuarem
como docentes nos cursos de graduação, que tinham passado
por uma expansão na década de 1970. Mas não existiam progra-
mas de pós-graduação na subárea de POT. Boa parte das pessoas
que buscavam uma pós-graduação, com interesse em estudar
temáticas específicas dessa subárea, conseguiam atender esse
interesse produzindo dissertações ou teses em PPGs de Admi-
nistração, Ciências Sociais e da Saúde e Educação. Alguns PPGs
da área de Psicologia criaram revistas científicas generalistas
para divulgação da produção dessa área e de outras áreas afins
do conhecimento. O CFP criou a Revista Psicologia: Ciência e Pro-
fissão e a SBP deu continuidade à realização de suas Reuniões
Anuais de Psicologia.

Em 1982, a Society for Industrial and Organizational Psychology


foi criada, a partir da Divisão 14 - Psicologia Industrial e Organi-
zacional – já existente na APA. No ano seguinte, foi criada a Euro-
pean Association of Work and Organizational Psychology. No Brasil,
a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicolo-
gia - ANPEPP foi fundada em 1983, tendo como seus membros
os PPGs regulamentados. No segundo encontro científico da
ANPEPP, em 1989, houve a decisão de criar Grupos de Trabalho
- GTs, uma articulação temática entre professores desses PPGs.
Esses GTs visavam a consolidação e o planejamento de intercâm-
bios e trabalhos conjuntos, e não mais a simples apresentação

Capítulo 1 45
e discussão de pesquisas já realizadas. Foram criados GTs com
foco na subárea de conhecimento em POT, mesmo não existindo
PPGs em Psicologia voltados para ela. Esses GTs muitas vezes
terminaram por desempenhar, no Brasil, parte do papel dessa
Divisão 14 da APA e daquela Divisão 1 da IAAP.

A grande maioria dos GTs da ANPEPP produziu relatórios que


estão disponíveis no site dessa associação, e que foram analisa-
dos por Borges-Andrade, Renteria-Pérez e Toro (2018). Os autores/
pesquisadores sumarizam sua análise revelando que, na década
de 1980, a subárea de POT não tinha eventos científicos próprios,
e seus (poucos) pesquisadores participavam dos eventos das áreas
da Psicologia ou da Administração. Essa interlocução era limitada
pelas condições tecnológico-informacionais anteriormente cita-
das. Poucos artigos eram publicados em periódicos dessas áreas,
ou de Educação e Ciências Sociais, onde a pesquisa era realizada
nos respectivos PPGs. Predominava fortemente a publicação de
traduções de livros produzidos em outros países.

Uma parte dos professores aproximou-se mais ainda do campo


da Administração e de lá extraíram textos que passaram a ter am-
plo uso nas salas de aula dos cursos de Psicologia, fortalecendo a
formação em POT como algo integrado ao campo da gestão de re-
cursos humanos. Outra parte, que aportava na área, passou a acen-
tuar a crítica e até a restringir atividades da POT – no sentido de não
ensinarem práticas de intervenção – que promovessem a saúde e
a produtividade no trabalho, sob argumento de que contribuíam
para a expropriação e alienação do trabalhador. Essas mentalida-
des que se instalaram – e se prolongaram até hoje – polarizaram
a formação oferecida nos cursos de graduação. De um lado, uma

Capítulo 1 46
ênfase nas atividades tradicionais, ligadas ao RH – recrutamento
e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempe-
nho. De outro, uma ênfase extrema na crítica que, de algum modo,
imobilizava (e ainda imobiliza) a prevenção psicossocial e as pos-
sibilidades de promover a maturidade do trabalhador pelas vias de
ações emancipatórias.

Nesse período, ganhou ressonância um texto de Codo (1984).


Reportava a representação difundida entre professores e estu-
dantes dos cursos de Psicologia sobre a POT “como uma espécie
de irmã menor da Psicologia, um misto de asco e comiseração
comum à mãe (prendada) que se refere a uma filha que se pros-
tituiu” (p. 195). Argumentava contra o desobrigar-se de traba-
lhar na área, qualificando tal opção como “uma crítica caolha
e covarde” (p. 197). No final, o capítulo denunciava a posição
da crítica refugiada confortavelmente nas “escrivaninhas da
Universidade” e destacava a necessidade de os psicólogos “in-
dustriais” defenderem-se por meio de associações que represen-
tassem a categoria.

A tradução de livros com ênfase organizacional, contraposta à


restrição ao âmbito individual e às atividades de trabalho, foi re-
forçada no transcurso da década, embora tenha sido insuficiente
para romper os limites reduzidos da atuação. Um livro decisivo
para a compreensão ampliada das atividades da área veio a públi-
co, no Brasil, quase 20 anos após a sua edição original: Psicologia
Organizacional (Schein, 1982) [Vide referência: Schein (1980)]. Foi
considerado um dos principais responsáveis pela noção de que
a prática nesta área requer, antes de qualquer ato interventivo,
compreender cada organização como um fenômeno único, um

Capítulo 1 47
sistema complexo, com características psicossociais distintas,
que lhe conferem identidade. O autor publicou outra obra, que
viria a ter influência mundial nos estudos de gestão e compor-
tamento nas organizações: Organizational culture and leadership
(Schein, 1985). Nela, compartilha um pressuposto que passaria a
ser notado pelos que pesquisam, estudam e intervêm de algum
modo nos contextos organizacionais: “When we examine culture
and leadership closely, we see that they are two sides of the same
coin; neither can really be understood by itself” (p.10) [Quando
examinamos a cultura e a liderança de perto, vemos que são as
duas faces da mesma moeda; nenhuma pode, de fato, ser enten-
dida por si mesma]. Tal pressuposto, aliado à compreensão de
cada contexto de trabalho como um fenômeno único, chamou a
atenção de alguns pesquisadores e dos professores brasileiros de-
dicados, por exemplo, à supervisão de estágios.

Um texto do Conselho Regional de Psicologia – CRP-06


(1984) referia-se à POT como “a menos definida em termos de
Psicologia”, percebida à época “como essencial apenas e tão so-
mente na seleção de pessoal” (p. 4), em fase de transição e am-
pliação, tanto das atividades específicas da Psicologia como de
interação com outras categorias profissionais. Essas afirmativas
foram contrapostas como interpretações da atuação profissional
em nível superficial, em aplicações tópicas, sem compreensão dos
processos organizacionais como multideterminados, e com falta
de clareza sobre seu objeto de trabalho (Zanelli, 1986). As difi-
culdades daquele momento foram apresentadas em três aspectos:

Capítulo 1 48
1. A indefinição do papel dos psicólogos organizacionais e o
caráter técnico de suas contribuições; 2. A falta de prescri-
ção para o papel dos psicólogos por parte da organização e
um bloqueio quanto à sua participação nos processos deci-
sórios; 3. A falta, na prática educacional, de um enfoque ca-
racterístico da Psicologia Organizacional que, efetivamente,
permita aos alunos uma melhor compreensão dos processos
organizacionais, e assim, talvez, lhes facilite apreender as
oportunidades de intervenção (Zanelli, 1986, p. 31).

Um contraponto complementou os argumentos acima men-


cionados:

Finalmente, pedimos licença a Zanelli, para acrescentar


mais três pontos àqueles resumidos por ele no artigo an-
terior. São eles: a ausência de uma visão crítica, conceitu-
almente consistente integradora dos conhecimentos e téc-
nicas da Psicologia, decorrente de uma formação teórica e
metodológica segmentada e insuficiente; a falta de forma-
ção (em termos de habilidades e atitudes) e a inexistência
de uma visão ética (distinta daquela específica dos profissio-
nais liberais) que possibilitem o trabalho multiprofissional;
a existência de rejeição quanto a ser agente do patrão ou,
como diria Wanderley Codo (1985), a associação do papel do
psicólogo organizacional à figura do lobo mau da psicologia
(Borges-Andrade, 1986, p. 32).

Capítulo 1 49
Os anos 1980 terminaram nos oferecendo um panorama bas-
tante significativo de como se configurava o exercício profissional
da Psicologia e, em particular, da POT. Esse quadro fica bem deli-
neado quando se examinam os resultados do primeiro estudo de
abrangência nacional sobre a formação e atuação do psicólogo no
Brasil (CFP, 1988). Bastos (1988) analisou especificamente as áre-
as de atuação profissional, e Bastos e Gomide (1989) fizeram uma
síntese sobre o exercício profissional dessa ampla pesquisa. O pri-
meiro emprego, porta de entrada para a profissão, se dava pela in-
serção na clínica (43,4%), seguida da área organizacional (18,8%).
Ao longo da carreira, no entanto, embora 73% dos psicólogos con-
tinuassem atuando em uma única área, o restante combinava duas
ou mais áreas de atuação. Nesse grupo que atua em uma única área,
a Organizacional era a escolha de 17,6%, sendo a segunda área após
a clínica (39,3%), mantendo as proporções similares ao do primeiro
emprego. Empresas privadas, públicas e órgãos da administração
pública eram os locais de trabalho mais frequentes depois do con-
sultório particular. Considerando-se o total de trabalhos e as diver-
sas combinações de áreas, verificou-se que 60,7% dos profissionais
tinham alguma atuação na área clínica, vindo a seguir a área or-
ganizacional, com 23,6%. Assim, nos anos 1980, apesar da pouca
ênfase recebida nos cursos de graduação, o segmento de psicólogos
atuando em POT já a configurava como a segunda maior área de
atuação. Seleção, recrutamento e treinamento eram as atividades
mais largamente desenvolvidas na subárea. A atividade na subárea
organizacional era marcada por ser aquela com maior percentual
de dedicação exclusiva – não envolvia combinações com qualquer
outra subárea, até por constituir, em maior proporção, atividade de

Capítulo 1 50
tempo integral (40 horas semanais). Tais dados revelam a existên-
cia de uma comunidade expressiva de profissionais atuando em
POT e possuindo condições de trabalho diferenciadas em termos
de contextos, atividades, tempo dedicado e remuneração, quando
comparada a comunidades de outras subáreas da Psicologia.

Dois grandes eixos podem sintetizar os anos oitenta para a Psi-


cologia e para POT em particular. O primeiro tinha como foco o
desafio de reconstrução da democracia no Brasil, o que pôs sob
escrutínio a nossa produção científica e profissional, em grande
parte desenvolvida no período da ditatura militar. O trabalho de
Botomé (1979) bem sintetiza, no seu título, a grande questão que
se colocava a partir das evidências de uma profissão fortemente
dominada pelo modelo clínico de atuação: “A quem nós, psicólo-
gos, servimos de fato?”. A subárea organizacional, como vimos,
foi um alvo preferencial da crítica que se fazia sobre o modelo de
atuação em Psicologia naquele período histórico. A formação, que
experimentou um grande incremento nos anos 1980, também foi
objeto de intensa reflexão crítica por ser vista como o principal
fator responsável pela consolidação de um modelo limitado de
atuação e, em grande medida, distanciado das necessidades da
maioria da população brasileira. Vários estudos e pesquisas toma-
ram a profissão e a formação como objeto de estudo, contribuindo
para criar um consenso, muito importante para a década seguinte,
de que o currículo mínimo estabelecido com a regulamentação da
profissão era responsável pelo quadro de problemas, e precisava
ser modificado. Esse consenso apontava para a necessidade de que
as diversas subáreas deveriam ser contempladas de forma mais
equânime nessa formação.

Capítulo 1 51
O segundo grande eixo apareceu de forma ainda embrionária
nos anos 1980, mas sinalizou caminhos futuros para a profissão,
e para a POT em particular: a construção de novos modelos, tidos
como inovadores no exercício profissional. Aliado à crítica, em
vários espaços, sobretudo acadêmicos, foram surgindo novas pro-
postas de atuação, novos instrumentos, novas formas de trabalhar,
novas clientelas e até a emergência de novas subáreas dentro da
Psicologia. Concepções mais ampliadas começavam a ser propos-
tas, alargando o escopo das atividades e começando a pensar o
profissional de POT como necessário para além das funções clás-
sicas que exercia. Esse duplo movimento – crítico e propositivo –
moldaria os avanços da Psicologia e da POT nas décadas seguintes.

Os anos 1990: construindo redes de parceria


entre pesquisadores e profissionais da POT
para romper seu modelo limitado de atuação

O fracasso do Plano Collor, que, entre outras medidas, con-


fiscou os depósitos na caderneta de poupança de grande parte
da população, o impeachment do presidente, a posterior estabi-
lização do processo inflacionário e o Plano Real foram eventos
destacados da década de 1990. O Plano Real conseguiu controlar
e conduzir a inflação a patamares razoáveis, mas não foi sufi-
ciente para promover o crescimento econômico e provocar os
avanços sociais pretendidos pela Constituição de 1988.

No cenário internacional, após a queda do muro de Berlim


e reunificação da Alemanha, a partir de 1990, a dissolução do
congresso da União Soviética, anunciada em 1991 e com fim da

Capítulo 1 52
Guerra Fria, a economia mundial passou para um período de in-
cremento da internacionalização. A partir desta década, a China
se destacou pelo seu crescimento anual médio e por se tornar
a maior produtora de bens manufaturados, em relações de um
comércio internacional que se tornava cada vez mais intenso.
Com isso, foi possível acompanhar uma reconfiguração de for-
ças entre as potências mundiais.

No âmbito tecnológico-informacional, os computadores dos


anos 1990 ainda utilizavam tecnologia análoga aos televisores.
Ainda tinham pouca capacidade de processamento e eram uti-
lizados disquetes. No entanto, foi a década na qual se viu a am-
pliação de seu uso, por significativa parcela da população, como
recurso de trabalho e com a finalidade de lazer. A internet, ain-
da bastante restrita no início da década, foi se popularizando
na medida em que aumentava o número de usuários de com-
putadores. Era formada por redes interconectadas por linhas
telefônicas. Causou transformação expressiva na comunicação
mundial. Pessoas distanciadas passaram a ter a oportunidade
de se comunicar de maneira instantânea e a baixo custo. O cibe-
respaço, expressão que já era utilizada para significar o espaço
virtual e sem fronteiras na circulação de milhares de informa-
ções, tornou-se realidade (Gadelha, s/d). Tal transformação
atingiu, rapidamente, o mundo dos processos de trabalho, da
negociação e da comercialização de produtos e serviços, dan-
do origem ao termo “comércio eletrônico” e com decorrências
para as múltiplas dimensões das atividades e das interações hu-
manas, no mais amplo sentido.

Capítulo 1 53
Nessa década ocorreu uma segunda intensificação no cres-
cimento dos cursos de graduação, acompanhada de um cres-
cimento dos cursos de pós-graduação. Mas a subárea de POT
raramente estava presente nesses cursos, razão pela qual foi
apontada como uma lacuna dos PPGs em Psicologia, em diag-
nóstico feito pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – Capes no início da década seguinte. Nessa
mesma época, uma mudança feita pela Capes no sistema de
avaliação de PPGs, aumentando a valorização de publicações
científicas, seria outro estímulo para o desenvolvimento da POT
como subárea de conhecimento. Outras revistas de PPGs foram
criadas, e a SBP criou a Temas em Psicologia. Visavam, ainda, vei-
cular a produção científica da Psicologia em geral.

O acesso aos recursos computacionais e de internet foi deci-


sivo para as organizações de ensino e para o intercâmbio entre
pesquisadores no Brasil. Os projetos de pesquisas e as publica-
ções foram notoriamente favorecidos pela formação de redes de
pesquisadores. Em POT, a publicação de duas obras, realizadas ou
iniciadas nesta década, sustenta a afirmação anterior: Trabalho,
organizações e cultura (Tamayo, Borges-Andrade, & Codo, 1996) e
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil (Zanelli, Borges-Andra-
de, & Bastos, 2004). Ambas resultaram da interação de pesquisa-
dores que se reuniam presencialmente nos GTS da ANPEPP, mas
que foram claramente beneficiados, no processo de redação, pela
troca de mensagens (e-mails) entre os autores e coautores.

Na transição da década de 1980 à de 1990, o cenário descrito


era da formação profissional relegada, e que confluía ao “enca-
minhamento de psicólogos despreparados para o exercício das

Capítulo 1 54
atividades em organizações” (Zanelli, 1992, p. 2). Bastos (1992a)
também registrou como principais limites da atuação na área: o
afastamento das decisões estratégicas e a atuação tecnicista frag-
mentada. Discutiu duas lacunas importantes para explicar tal
quadro: a falta de uma compreensão mais complexa dos determi-
nantes do comportamento humano nas organizações; e a compre-
ensão do que é uma organização e quais os determinantes do seu
comportamento como unidade social. Aprofundar tais compre-
ensões era e é requisito para romper com práticas fragmentadas e
pautadas em “pacotes prontos” ou “receitas universais” para lidar
com problemas locais. Em contraste preocupante, Bastos (1988)
argumentava que o salário constituía fator de atração à subárea
de POT como primeiro emprego, porque nela “encontramos as
melhores remunerações dos serviços” (p.178).

Três trabalhos merecem destaque por, no início dos anos


1990, se inserirem na perspectiva construtiva de buscar identi-
ficar tendências inovadoras em POT, dentro de um movimento
mais geral constatado em toda a Psicologia. Mais do que a críti-
ca ao modelo de atuação vigente ou hegemônico, tais trabalhos
buscavam dar visibilidade a ações que configuravam concepções
ampliadas, renovadas de atuação na área.

No primeiro trabalho, Bastos e Galvão (1990) apresentam


uma análise ocupacional do psicólogo organizacional e do tra-
balho, apoiados em um trabalho empírico com uma amostra
intencionalmente escolhida de profissionais que descreviam
suas atividades, posteriormente categorizadas em três grupos:
operações, tarefas e funções. O produto dessa entrevista inicial
retornava aos participantes para checagem e validação. Em uma

Capítulo 1 55
etapa final, foram identificados quatro macros objetivos para a
ocupação, e cada objetivo foi decomposto em termos de funções
(14) e de tarefas. Tal modelo trazia uma ampliação significativa
das possibilidades de inserção do psicólogo no campo organiza-
cional e, sobretudo, fixava a sua atuação, sempre como inserido
em equipe multiprofissional. Trabalhava-se com a concepção de
um profissional de recursos humanos que compartilha com ou-
tros profissionais um amplo conjunto de atividades, já que ape-
nas a avaliação psicológica lhe era algo privativo, como definido
em lei. É interessante destacar que o trabalho dá visibilidade à
inserção do psicólogo nas ações voltadas para a saúde ocupacio-
nal e ações de assistência psicossocial.

Os dois trabalhos seguintes são publicações do Conselho Fe-


deral de Psicologia em que capítulos especiais foram dedicados
à POT. Bastos (1992b), com base em uma revisão da literatura,
apresenta uma proposta de estrutura do campo que se divide
em cinco subcampos (administração de pessoal, qualificação/
desenvolvimento, comportamento organizacional, condições/
higiene do trabalho, relações de trabalho e mudança organiza-
cional). Cada subcampo se divide em práticas mais específicas,
totalizando no seu conjunto 30 diferentes práticas. Completa o
modelo a proposta de que em cada prática e em cada subcampo
se possa identificar diferentes níveis de complexidade da inter-
venção, definidos como: técnicas/procedimento, estratégias/tá-
ticas e políticas. Caracterizado o modelo, o autor identifica três
grandes movimentos inovadores na área, identificando como tais
movimentos se revelam em cada uma das práticas: a) práticas
tradicionais e consolidadas são renovadas nos seus procedimen-

Capítulo 1 56
tos; b) novas práticas são incorporadas, ampliando as propostas
de intervenção; e, c) amplia-se o nível de intervenção frente aos
problemas organizacionais e do trabalho. No segundo trabalho,
Zanelli (1994b), analisando conteúdo de um conjunto de entre-
vistas com psicólogos organizacionais selecionados como ‘ino-
vadores’ também buscou identificar movimentos emergentes na
prática dos psicólogos brasileiros nas organizações de trabalho,
ao compará-la com as atividades tradicionais. Evidenciou a pas-
sagem para funções de natureza estratégica como principal eixo
de transição. Assim, tais atividades emergentes eram “vistas in-
seridas no contexto e endereçadas na busca da saúde mental e
da qualidade de vida no ambiente extensivo do trabalho” (p. 56).
O psicólogo assume o papel de consultor, onde “passa a muni-
ciar a organização de conceitos e referenciais” (nas palavras de
um dos participantes da pesquisa).

Outro trabalho de impacto consistiu na pesquisa conduzida


por Zanelli (1992), que resultou na sua tese de doutorado e que
foi adaptada em livro (1994a), posteriormente revisto e amplia-
do (Zanelli, 2002). A partir de entrevistas qualitativas com pro-
fissionais considerados experts, o autor identificou e analisou
necessidades advindas das atividades de trabalho do psicólogo
organizacional brasileiro e suas inter-relações com a formação
profissional. Seus resultados revelaram que o psicólogo organi-
zacional brasileiro executava um pequeno número das possibi-
lidades de aplicação que a área dispunha e que, mesmo assim,
o psicólogo não estava preparado nem mesmo para o pouco que
executava. Além disso, o afastamento dos modelos explicati-
vos da realidade das organizações, ausência de parâmetros de

Capítulo 1 57
julgamento do próprio trabalho e distanciamento do papel de
agente de transformação. O mencionado profissional deveria
tornar suas contribuições conhecidas da comunidade, visualizar
as conexões interdisciplinares de suas atividades e promover a
compreensão de sua prática entre profissionais de outras áreas.
Deveria ser capaz de discutir o referencial científico-metodoló-
gico que sustentava sua prática e os resultados que obtinha, bem
como os valores que sustentavam diferentes direcionamentos
do trabalho. Existia a necessidade de criar grupos de referência
para fortalecer a identidade profissional. A formação em Psi-
cologia não deveria compartimentar ou estigmatizar algumas
atividades, e deveria fornecer parâmetros para identificação
e análise do fenômeno organizacional e apreensão crítica do
contexto das organizações. A autonomia profissional seria viá-
vel se houvesse uma formação preocupada com esse objetivo.
As mudanças curriculares deveriam pautar-se prioritariamente
por análise minuciosa das atividades correntes e das atividades
potenciais do campo profissional. Urgia aumentar a oferta de
cursos de mestrado e criar cursos de doutorado em POT, visando
a qualificação de docentes efetivamente envolvidos com a área e
qualificados para seu ensino e pesquisas.

Zanelli (1994b), sequenciando as descobertas da pesquisa de


tese, identificou movimentos emergentes na prática dos psicólo-
gos brasileiros nas organizações de trabalho, ao comparar com
as atividades tradicionais. Mais uma vez, constatou como princi-
pal linha de transição o que se acentuava em outros países como
abertura para intervenções de natureza estratégica. Em um ar-
tigo seguinte, Zanelli (1995), em renovada revisão da literatura,

Capítulo 1 58
continuou a análise das alternativas de intervenção concernen-
tes à formação e atuação do psicólogo organizacional, entre elas,
as necessidades: de conhecimentos e iniciativas do profissional
de ir além do que já se faz; de participação em projetos de pes-
quisa, apesar da escassez de pesquisas na área, no país, à época;
de decodificar a cultura da organização onde atua; de compe-
tência para decidir colocar ou não os seus conhecimentos e ha-
bilidades a serviço de um contexto; de cuidados para produzir
um profissional com capacidade argumentativa, mas também
de manejo de instrumentais; de se ter, na formação, a descrição
das competências, em vez de simplesmente prescrever uma lis-
ta de conteúdos; de considerar as conexões multidisciplinares
e permitir que os demais profissionais da organização possam
entender a sua prática; de criação de centros de referências para
a psicologia organizacional no País.

Os problemas dos profissionais que atuavam em POT, as


carências da sua formação graduada e a inexistência de uma
pós-graduação que pudesse reduzir essas carências e produzir
conhecimento mobilizaram a atenção de membros de um GT da
ANPEPP. Na década de 1990, eles formularam uma agenda es-
tratégica para a POT brasileira, analisada e sintetizada por Bor-
ges-Andrade et al (2018). Ela incluía a proposta de organização
de um manual para refletir a pouca pesquisa em POT dispersa
em PPGs da Psicologia e de outras áreas, e cuja pequena produ-
ção era pouco visível em diversos periódicos. Incluía ainda as
recomendações de produção de estudos de caso locais, para uso
nos cursos de graduação em Psicologia e, nestes, intensificar o
recrutamento de estudantes para receberem bolsas de iniciação

Capítulo 1 59
científica visando o desenvolvimento de pesquisas sobre temá-
ticas de POT. Sugeria também o apoio a esses estudantes para
criar empresas juniores nos cursos de Psicologia que pudessem
ser espaços de aprendizado prático na forma da oferta de servi-
ços em POT.

Um importante elemento que marca especialmente os últimos


anos da década de 1990 e os primeiros do século XXI foi o movimen-
to de substituição dos antigos currículos mínimos pelas Diretrizes
Curriculares, imposto pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação (Lei Nº 9.394, de 20/12/1996). O acúmulo de conhecimentos
sobre o exercício profissional, a formação e a produção científica na
Psicologia permitiram uma revisão bastante profunda sobre como
se deve estruturar a formação de graduação na área.

A proposta de Diretrizes Curriculares para a Psicologia,


elaborada pela Comissão de Especialistas em Ensino de Psico-
logia (MEC/SESU) no final dos anos 1990 e aprovada pelo CNE
em 2004, posicionou a subárea da POT em um novo espaço nos
cursos de graduação. Reconheceu que sua formação contribui
para algumas competências básicas de qualquer profissional da
Psicologia, além de poder se constituir em uma ênfase curricu-
lar específica. A gestão e desenvolvimento de pessoas passaram
a ser reconhecidos formalmente como processos que deveriam
ser objeto de capacitação de psicólogas(os), de modo que pudes-
sem promover intervenções. Esse novo marco regulatório legal
do processo formativo em Psicologia incorporou uma importan-
te conquista do campo ao longo das décadas anteriores: o traba-
lho em Psicologia, em grande parte, insere-se em organizações
de diferentes tipos (escolas, hospitais, serviços públicos os mais

Capítulo 1 60
diversos); compreender como esses contextos se estruturam e
funcionam, e afetam os serviços é um requisito importante para
a atuação da(o) profissional, e tal compreensão é possibilitada
pelo acervo de conhecimentos produzidos em POT. Em todos
esses contextos, profissionais de Psicologia, junto a equipes
multidisciplinares, podem estar diretamente envolvidos com a
gestão e desenvolvimento de pessoas, buscando potencializar,
simultaneamente, o desempenho e a produtividade, assim como
a saúde e bem-estar dos trabalhadores.

Considerações finais: potencializar a POT como


área de conhecimento e intervenção no Brasil

Os vinte anos de estabelecimento e institucionalização da


Psicologia, nas décadas de 1970 e 1980, compreenderam a pri-
meira onda de expansão dos cursos de graduação, a criação e
estruturação de entidades profissionais e científicas, como o
sistema CFP e CRPs, a SBP e a ANPEPP, e a realização de even-
tos científicos da Psicologia em geral. Aquelas entidades foram
fortalecidas e esses eventos foram ampliados na década de 1990,
que também assistiu ao crescimento do número de PPGs em Psi-
cologia e de revistas científicas da Psicologia em geral, apoiadas
por esses PPGs. Nessas três décadas, entretanto, a subárea de
conhecimento da POT não tinha muito espaço nos cursos de gra-
duação e pós-graduação e tinha pouca divulgação nos eventos
científicos, nessas revistas ou em livros produzidos no Brasil.
Apesar disso, florescia o campo profissional da POT, estimulado
pelas mudanças no contexto econômico e de mercado de traba-
lho, e pelas duas ondas de criação de cursos de graduação.

Capítulo 1 61
Os GTs da ANPEPP produziram “um impacto direto na produ-
ção e disseminação de conhecimento e tecnologias e um impac-
to indireto na educação graduada e pós-graduada e na atividade
profissional no Brasil” (Borges-Andrade, 2018, p. 140). Os GTs
com foco em POT triplicaram na primeira década do Século XXI,
segundo esses autores. Funcionaram como redes de colabora-
ção entre pesquisadores de distintos PPGs, sendo que os focados
em POT tinham mais conectividade intragrupo se comparados
aos demais GTs (Neiva & Corradi, 2011). A quantidade de artigos
publicados sobre temáticas de POT cresceu aceleradamente, de
acordo com Borges-Andrade e Pagotto (2010). Além disso, o livro
Psicologia, organizações e trabalho no Brasil foi finalizado e pu-
blicado (Zanelli et al., 2004). Teve acentuadas tiragens nos anos
seguintes, e foi revisto e ampliado em sua segunda edição, pu-
blicada em 2014. É considerado um “manual” da subárea de POT
e tem sido usado por estudantes e profissionais de outras áreas.

Começamos o século XXI com consciência maior da ampli-


tude dos fenômenos com os quais o profissional de POT pode se
dedicar para estudo ou intervenção. Consolidamos uma visão das
complexas interfaces que ela faz com outros domínios da Psicolo-
gia e de outras ciências e profissões afins. Constatamos o cresci-
mento das pesquisas nacionais na área de trabalho e organizações,
e a ampliação do seu espaço no sistema de pós-graduação. Fomos
dotados de disposição visando fazer esforços para institucionali-
zar essa subárea, dotando-a de dispositivos imprescindíveis para
sua consolidação e crescimento. Como consequência desse pro-
tagonismo, e daquelas circunstâncias existentes nas três últimas
décadas do século XX, a Revista Psicologia: Organizações e Trabalho

Capítulo 1 62
– rPOT e a Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do
Trabalho – SBPOT foram criadas em 2001 e, finalmente, os Con-
gressos Brasileiros de Psicologia Organizacional e do Trabalho –
CBPOTs iniciaram-se em 2004. Constituíram-se e consolidaram-se,
fiéis aos seus propósitos.

Capítulo 1 63
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Capítulo 1 69
GESTÃO 2001 2003

Narbal Silva – Presidente


Ronaldo Pilati – 1º Tesoureiro
Alice da Silva Moreira – 2ª Tesoureira
Maria do Carmo F. Martins – 1ª Secretária
Eveline Maria Leal Assmar – 2ª Secretária
CAPÍTULO 2
Gestão 2001 – 2003

Narbal Silva
Maria do Carmo Fernandes Martins
Ronaldo Pilati

As promessas não cumpridas


e as oportunidades criadas

O
século XXI, que teve início em 1º de janeiro de 2001, e
com término previsto em 31 de dezembro de 2100, é o
vigésimo primeiro século da Era Cristã (também deno-
minada de Era Comum), e o primeiro século do terceiro milênio.
Diante da iminência do novo século, muitos sonhos e desejos fo-
ram criados (e também fantasias), tanto no trabalho, como tam-
bém na vida pessoal, muitos deles influenciados por produções
cinematográficas, como, por exemplo, “Perdidos no Espaço”,
“Jornada nas Estrelas” e os “Jetsons”.

71
Neste último cenário, os carros voadores1 e a robótica domés-
tica (e também no trabalho)2 se encontram em plena evolução.

Com o advento das inusitadas tecnologias, criou-se a promes-


sa de alívio do sofrimento humano diante de tarefas entediantes
e perigosas. Quanto aos espaços de vida pessoal, alimentava-se
a esperança de que a automatização e a robotização iriam dimi-
nuir o ritmo frenético da vida, de modo que os trabalhadores
pudessem desfrutar de mais tempo livre. Assim, os seres hu-
manos poderiam se dedicar ao que de fato importa na vida: ao
bem supremo, o que Aristóteles, o filósofo grego, denominou de
summum bonum, considerado o bem principal, mediante a cons-
trução de estados psicológicos de felicidade, seja no trabalho ou
em outros espaços das nossas vidas (Csikszentmihalyi, 2019).

Concernente a tais previsões,

[. . .] partimos de uma sociedade onde uma grande parte da


vida das pessoas adultas era dedicada ao trabalho, estamos
caminhando em direção a uma sociedade na qual grande
parte do tempo será, e em parte já é, dedicada a outra coisa
(...) estamos caminhando em direção a uma sociedade fun-
dada não mais no trabalho, mas no tempo vago (De Masi,
2000, p.15-16).

1 https://g1.globo.com/economia/tecnologia/inovacao/noticia/2021/10/03/
embraer-recebe-encomenda-de-carros-voadores-feita-por-empresa-brasilei-
ra-de-compartilhamento-de-aeronaves.ghtml. Acesso em 30/03/2022.
2 https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/02/samsung-lan-
ca-robos-que-realizam-tarefas-domesticas-com-inteligencia-artificial.html.
Acesso em 30/03/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 72


Mas infelizmente, ao nosso ver, as previsões do sociólogo ita-
liano não se confirmaram. As novas tecnologias, em especial, a
dos smartphones e a Web, invadiram progressivamente os espa-
ços de vida pessoal dos trabalhadores, e a consequência maior
não foi a diminuição das demandas laborais, mas a sobrecarga
de trabalho. Além disto, as inovações tecnológicas também pro-
moveram o desemprego estrutural.

Diante disto, as mudanças requeridas em valores, atitudes


e comportamentos dos trabalhadores (e também dos gestores)
mostraram-se difíceis de engendrar. Por conseguinte, a requa-
lificação profissional, visando a reinserção das pessoas no novo
contexto laboral, não se deu na mesma proporção e intensidade.
Entre outras consequências, o que se pode observar foi a amplia-
ção do descompasso entre os desafios e as capacidades requeridas
para enfrentá-los. O que, por sua vez, passou a gerar, nos traba-
lhadores, preocupação (estresse e desânimo), apatia (tristeza e
depressão) e marasmo (conformismo) (Csikszentmihalyi, 2004).

Contudo, a nova realidade social, além de evidentes ameaças


ao status quo, trouxe consigo, um enorme potencial para “en-
xergar” não somente ameaças, mas também oportunidades. A
instabilidade, que passou a ser a “regra de ouro” no terceiro mi-
lênio, se ancorou nas seguintes premissas: 1) a zona de conforto
foi desestabilizada pela competitividade, que, por sua vez, não
excluiu a cooperação; 2) o que era local se transformou em glo-
bal; 3) a competividade e a cooperação entre organizações não
se deram somente entre iguais, mas também entre diferentes; 4)
as fronteiras, que antes eram claras, agora se tornaram incertas;
5) a estabilidade deu lugar à volatilidade; 6) o acesso direto se

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 73


tornou mais relevante do que a intermediação (a logística assu-
miu protagonismo); 7) a especialidade cooperativa se tornou es-
tratégica (equipes interdisciplinares e multiprofissionais); e 8) a
integração das tecnologias se fez necessária (química e eletrôni-
ca, mecânica e eletrônica, e farmacêutica e moda) (Hesselbein,
Goldsmith, & Beckhard, 1997).

No entanto, uma condição sine qua non para que possamos


ampliar nossas capacidades de observar (perceber e interpretar)
e filtrar tendências, reagir (resultados cognitivos emocionais e
afetivos decorrentes do que observamos), julgar (planejamen-
to visando o futuro e organização das nossas ações) e intervir
(ação orientada em evidências e fatos, não somente em emoções
e sentimentos) (Schein, 2018), é a de que nos apropriemos de
outras expertises técnicas e do autoconhecimento. Este último,
por meio da consciência e da prática das virtudes e das forças de
caráter, aliadas ao desenvolvimento contínuo das nossas quali-
dades psicológicas (Silva, Ribeiro, & Damo, 2022; Niemec, 2019;
Silva & Farsen, 2018).

Tendo considerado algumas características emergentes da


realidade social em construção no trabalho e na vida social em
geral (as quais “serviram como pano de fundo” à emergência da
SBPOT), até aqui referidas, a seguir iremos descrever e refletir
sobre alguns fatos relevantes do cenário internacional nos três
primeiros anos do terceiro milênio.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 74


O contexto internacional

De 2001 a 2003, nos primeiros três anos desta nova era, no


cenário internacional, alguns fatos podem ser apontados como
marcantes:

2001
1. Na manhã de 11 de setembro, um grupo de terroristas com
propósito de ‘sequestro suicida’, colidiu com dois aviões da
American Airlines nas torres gêmeas do World Trade Center,
em Nova York, provocando a morte de mais de 3 mil pessoas;
2. Foi decretada a prisão domiciliar do ex-ditador chileno Au-
gusto Pinochet, um dos responsáveis pelo assassinato de mi-
lhares de pessoas durante o regime militar no Chile; 3. Como
resposta ao atentado de 11 de setembro, aviões estaduniden-
ses e do Reino Unido bombardearam o sul do Iraque; 4. O ex-
-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic foi preso e julgado
por crimes de guerra contra a humanidade; 5. A Comissão de
Direitos Humanos da ONU aprovou a resolução proposta pelo
Brasil para o acesso da população mais humilde aos medica-
mentos. Tal aprovação deu início à quebra de patentes dos me-
dicamentos indicados no tratamento da AIDS; 6. Tony Blair foi
reeleito primeiro-ministro da Grã-Bretanha, e participou com
Nelson Mandela de um concerto musical em agradecimento
do povo sul africano pelo apoio da Inglaterra, ao fim do sis-
tema racista; 7. Slobodan Milosevic foi entregue ao Tribunal

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 75


Penal Internacional em Haia (Holanda), acusado por crimes
contra a humanidade durante o conflito em Kosovo, em 1999;
8. Os Estados Unidos iniciaram a “Operação Liberdade Dura-
doura” com ataques ao Afeganistão; 9. A Microsoft lançou o
sistema operacional Windows XP; e 10. Em Massachusetts foi
divulgada a criação do primeiro clone humano.3

2002
1. Em meio a protestos, o euro entrou em vigor, substituindo as
moedas de 12 países da União Europeia; 2. A senadora Ingrid
Betancourt, candidata à presidência da Colômbia, foi seques-
trada pelas FARC; 3. Início da operação Anaconda na guerra do
Afeganistão; 4. Israel organizou a maior operação militar so-
bre territórios palestinos, desde a invasão do Líbano em 1982.
Tal ofensiva levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a
apoiar a criação do Estado Palestino; 5. A freira madre Paulina
foi reconhecida pelo Vaticano como a primeira santa brasilei-
ra; 6. O Timor-Leste tornou-se um estado independente, pondo
fim a seiscentos anos de colonização do império Português; 7.
Foi criada a Corte Penal Internacional para processar pessoas
por genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra
e crimes de agressão; 8. Em torno de 100 chefes de Estado e
mais de 50 mil cientistas, militantes e diplomatas reuniram-se
na África do Sul, na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, para discutir os acordos firmados em 1992,
na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro; 9. No discurso que
proferiu, lembrando o primeiro ano dos ataques terroristas ao
World Trade Center e ao Pentágono, o presidente americano

3 https://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo. Acesso em 02/04/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 76


George W. Bush pediu apoio às Nações Unidas para tirar o dita-
dor Saddam Hussein do poder; 10. O Prêmio Nobel da Paz foi
dado a Jimmy Carter, o 39° presidente dos Estados Unidos, em
razão dos seus esforços para defender a paz diante dos con-
flitos internacionais; e 11. Foi descoberta em Jerusalém uma
urna mortuária que supostamente pertenceu a um irmão de
Jesus Cristo, Tiago. A descoberta foi considerada a mais antiga
evidência material da real existência de Jesus.4

2003
1. O ônibus espacial Columbia desintegrou-se ao reentrar na
atmosfera terrestre, matando sete astronautas; 2. A União
Europeia chegou a um acordo sobre “o primeiro instru-
mento de imigração legal”, o qual prevê o direito de reuni-
ficação familiar de imigrantes; 3. A Assembleia Nacional de
Cuba reelegeu Fidel Castro para mais um mandato de cinco
anos; 4. O 1º ministro de Portugal recebeu em Açores Tony
Blair, George W. Bush e José Maria Aznar, com o propósito
de combinarem a invasão do Iraque, apesar de manifesta-
ções antiguerra estarem acontecendo em cidades europeias,
como Lisboa, Madrid e Londres; A coligação liderada pelos
Estados Unidos iniciou a guerra no Iraque, com o intuito de
derrubar Saddam Hussein; 5. O Projeto Genoma Humano foi
finalizado, com 99% do DNA sequenciado, com 99,99% de
precisão; e 6. O presidente dos Estados Unidos, George W.
Bush, anunciou o fim da invasão no Iraque.5

4 https://istoe.com.br/edicao/40-fatos-que-transformaram-o-brasil-e-o-mun-
do-nas-ultimas-quatro-decadas. Acesso em 01/04/2022.
5 https://acervo.oglobo.globo.com/busca. Acesso em 02/04/2020.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 77


Os fatos descritos nos três primeiros anos do século XXI,
no contexto internacional, mostram conflitos entre países e aten-
tados terroristas, os quais deixaram o mundo perplexo diante da
fragilidade dos processos falhos, de aprendizagem e de comuni-
cação do sistema defesa dos EUA. Também se intensificaram o
clamor pelos direitos humanos, pela democracia, e os alertas para
as questões ambientais, respaldados por inúmeros movimentos
em prol da liberdade de expressão e da justiça social. As desco-
bertas científicas e o desenvolvimento tecnológico se intensifica-
ram, mas também houve tragédias na exploração do espaço. Na
economia, a mudança da moeda na comunidade europeia gerou
resistências. Por último, na religião, o Vaticano beatificou a 1ª
santa brasileira, e foi descoberta, em Jerusalém, uma urna mortu-
ária que trouxe evidência material da existência de Jesus Cristo.

E no Brasil, o que de
importante aconteceu?

Já no Brasil, nos três anos iniciais do século XXI, alguns fatos


foram relevantes:

2001
1. Ao ser denunciado por violação do painel eletrônico do se-
nado, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA) renun-
ciou ao seu mandato; 2. O Coronel Ubiratan Guimarães foi
condenado a 632 anos de prisão pelo massacre no presídio do
Carandiru; 3. O “manezinho” Gustavo Kuerten foi tricampeão
em Roland Garros; 4. Desde 1995, reeleito em 1998, Fernando

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 78


Henrique Cardoso era o presidente do Brasil; 5. No segundo
mandato de Fernando Henrique Cardoso, uma grave crise
cambial resultou na queda do crescimento econômico, no au-
mento do desemprego e da dívida pública. Em que pesem as
adversidades, o PIB teve crescimento de 1,42%.6

2002
1. No final de 2002, Fernando Henrique Cardoso obteve re-
conhecimento das Nações Unidas, por ter sido a autorida-
de, que mais contribuiu para o desenvolvimento humano; 2.
Após três tentativas, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presi-
dente; 3. Neste ano, o Brasil ocupou a 13ª posição no ranking
da economia global, segundo fontes do Banco Mundial e do
Fundo Monetário Internacional (FMI); 4. A seleção brasilei-
ra de futebol conquistou pentacampeonato mundial.7

2003
1. No dia 1º de janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o
35º presidente do Brasil (pela primeira vez, desde a redemo-
cratização do país em 1985, o antecessor, também eleito pelo
voto direto, passou a faixa presidencial ao seu sucessor); 2.
No relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), deno-
minado “Perspectivas para a Economia Mundial”, de setem-
bro de 2003, foi apontada a melhoria da economia no Brasil,
mas advertia que o país ainda estava vulnerável a eventuais
crises externas; e 3. A implementação do bolsa família, que

6 https://www.bol.uol.com.br/fotos/2015/09/11/coisas-que-aconteceram-no-
-brasil-e-no-mundo-em-2001. Acesso em 01/04/2022.
7 https://istoe.com.br/edicao/40-fatos-que-transformaram-o-brasil-e-o-mun-
do-nas-ultimas-quatro-decadas. Acesso em 01/04/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 79


juntou todos os programas sociais do governo, promoveu o
regaste de 36 milhões brasileiros da condição de miséria.8

Na economia, diante de adversidades com origem na con-


juntura internacional, o país as enfrentou com resiliência, e os
resultados foram evidenciados em documentos os quais confir-
maram o nosso crescimento econômico.

No âmbito esportivo, tivemos duas conquistas de repercus-


são mundial: o tricampeonato de tênis, conquistado em Roland
Garros pelo “manezinho” Gustavo Kuerten, e o pentacampeona-
to mundial de futebol, conquistado em Yokohama, no Japão.

No que se refere ao sistema de governo, ficou evidente a con-


solidação do processo democrático no Brasil, iniciado em 1985,
que foi simbolizado pela passagem inédita da faixa presidencial
de um antecessor para um sucessor ambos eleitos pelo voto di-
reto e democrático.

Em síntese, podemos observar que, nos três anos iniciais do


século XXI no Brasil, a partir de alguns fatos destacados, que
o clamor por justiça social e a não tolerância à impunidade se
intensificaram. Vale destacar a criação e a implementação do
programa Bolsa Família, enquanto ação efetiva de justiça social,
que retirou milhões de brasileiros da zona de extrema pobreza.

E a área de conhecimento e o campo de atuação da Psicologia


Organizacional e do Trabalho no início do século XXI? É sobre
isso que procuraremos dissertar a seguir.

8 https://acervo.oglobo.globo.com/busca. Acesso em 02/04/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 80


A Psicologia Organizacional
e do Trabalho no início do século XXI

No alvorecer do século XXI, a área de conhecimento, e o


campo de atuação, da Psicologia Organizacional e do Trabalho
foi contagiada pelo otimismo e a esperança de que muito ainda
tínhamos por fazer, ou seja, num contexto histórico revestido
de expectativas positivas, em relação ao futuro, alicerçadas na
confiança e na visão positiva de que os propósitos estabelecidos
poderiam ser alcançados desde que firmemente perseguidos,
mas que tinham, como pressuposto, a construção de caminhos
que pudessem levar aos mesmos (Ribeiro, Silva, & Budde, 2018).

Como pôde ser visto anteriormente, os primórdios do tercei-


ro milênio estavam apoiados em um processo contínuo de ama-
durecimento das instituições democráticas, o que incentivou a
busca de uma sociedade livre e plural, movida pelo desejo, cada
vez maior, de participação nas questões e agendas, que de mo-
dos diretos ou indiretos poderiam impactar positiva ou negativa-
mente (Nadler, Gerstein, & Shaw, 1994).

Nesta perspectiva, eram evidentes as expectativas e os anseios


de acadêmicos e de profissionais engajados em POT de que surgisse
uma entidade científica, política e associativa que os representasse.

E as efetivas contribuições do GTPOT/ANPPEP nesse perío-


do, enquanto fontes de inspiração e de apoio à construção da
SBPOT? É o que veremos a seguir.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 81


O GTPOT/ANPEPP enquanto fonte
de inspiração e de ideias à criação da SBPOT

O Grupo de Trabalho em Psicologia Organizacional e do Tra-


balho (GT), em Simpósios da Associação Nacional de Programas
de Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), denominado de
“Estudos de Organização e Trabalho”, fez sua primeira reunião
em 1990, no III Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico.
Esse fato pode, ao nosso ver, ser considerado o marco histórico
da primeira formação organizada de um grupo com propósitos
políticos e científicos em POT num simpósio de abrangência e
relevância nacional.

A partir daí, ao longo dos anos, as reuniões de natureza polí-


tica e associativa, quando do VII e VIII Simpósios da ANPEPP,
foram substanciais e inspiradoras quanto à necessidade de
fundar uma Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacio-
nal e do Trabalho. Nessas duas reuniões, especialmente, os
debates se tornaram intensos e recorrentes, conforme ilus-
trado nos trechos que se seguem: “[. . .] ocorreu ainda ativa
participação do GT, na criação da Associação Brasileira de
Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT)”.9; e “[. . .]
no âmbito das realizações associadas ao GT, registrou-se for-
malmente, no final do ano de 2001, a Sociedade Brasileira de
Psicologia Organizacional e do Trabalho, com a finalidade
de agregar os profissionais da área”.10

9 http://newpsi.bvs-psi.org.br/eventos/XIII_anpepp_2010.pdf. Acesso em
30/03/2022.
10 https://www.anpepp.org.br/old/5-Simposios/GTs/gts-IXsimposio.htm.
Acesso em 30/03/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 82


Relacionado a isto, cabe mencionar o depoimento do 1º te-
soureiro, Ronaldo Pilati, na segunda reunião da SBPOT, no Rio
de Janeiro, a respeito do que falou o professor Jairo Borges-An-
drade na 30ª Reunião Anual da SBP, ocorrida em Brasília em ou-
tubro do ano 2000.

[. . .] o Presidente repassou a palavra ao 1º Tesoureiro, Ronaldo


Pilati que fez um histórico do surgimento da SBPOT. Relatou que
o Prof. Jairo Eduardo Borges-Andrade propôs a criação de uma
sociedade que reunisse os profissionais da área de Psicologia Or-
ganizacional e do Trabalho durante a 30ª Reunião Anual da SBP,
ocorrida em Brasília, em outubro de 2000 (Trecho retirado da
Ata da segunda reunião da Sociedade Brasileira de Psicolo-
gia Organizacional e do Trabalho, realizada em 25/10/2001,
no Rio de Janeiro, quando da 31ª Reunião Anual de Psicolo-
gia da Sociedade Brasileira de Psicologia).

Por fim, cabe destacar que a existência da Associação Bra-


sileira de Psicologia Social (ABRAPSO), desde julho de 1980,
parece também ter contribuído, ao ter servido como referência
e incentivo positivo à criação da SBPOT. O relato que se segue,
referente à publicação de um número especial com artigos em
POT, embora referente à sugestão de criação da RPOT, também
expressa, ao nosso ver, indícios que vão nessa direção. Vejamos
o relato que se segue a respeito.

Os cinco primeiros trabalhos tiveram seus textos revisados e


foram submetidos em bloco, para publicação em um núme-
ro especial da revista “Psicologia e Sociedade”, da ABRAPSO.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 83


Essa Associação os aprovou para publicação, mas sugeriu aos
integrantes do GT, que uma outra alternativa viável, conside-
rando o estágio de produção científica na área (a ABRAPSO fez
uma “chamada” para aquele número especial e se surpreen-
deu com a quantidade e qualidade dos textos recebidos), seria
investir esforços na criação de uma revista científica especia-
lizada em Psicologia do Trabalho e Organizacional. A criação
dessa revista, bem como sua estrutura, procedimentos e crité-
rios, foram discutidas entre os membros do GT, bem como en-
tre membros dos outros dois GTs “irmãos” que funcionaram
no VI e VII Simpósios.11

Além disso, também é importante recordar que tanto a RPOT


quanto a SBPOT tiveram seus inícios institucionais em 2001. A pri-
meira edição publicada da Revista se deu no primeiro semestre de
2001, e a fundação da SBPOT ocorreu no dia 26 de maio de 2001.

Ademais, cabe lembrar as relações existentes entre os esco-


pos das psicologias social e organizacional e do trabalho, e que a
segunda emergiu a partir do escopo da primeira. Isso evidencia
não ter sido por acaso a inciativa do GTPOT de submeter artigos
em POT para a Revista Psicologia e Sociedade.

Todos estes episódios, entre outros, sempre revestidos de


inúmeras manifestações e ideias que foram progressivamente se
aglutinando, o que culminou na inevitável fundação da SBPOT: é
o que mostramos na seção que se segue.

11 https://www.anpepp.org.br/old/5-Simposios/GTs/gts-IXsimposio.htm.
Acesso em 30/03/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 84


O local da fundação

O II Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (CONPSI) teve


início no dia 23 de maio de 2001 e finalizou em 26 de maio de
2001. O evento aconteceu em Salvador, no Centro de Conven-
ções da Bahia, Brasil. No site do Congresso (http://www.conpsi2.
ufba.br/), consta o seguinte foco temático: “Psicologia e Reali-
dade Brasileira: Produção Contemporânea e Políticas para o De-
senvolvimento”. E também o texto de apresentação do evento,
que se segue:

Pautada por buscar a realização de um evento científico


em padrões de elevado profissionalismo, a comissão que
organizou o primeiro congresso trabalhou com o horizonte
de um congresso geral que contemplasse os diversos domí-
nios da psicologia como ciência e profissão. O Congresso
pautou-se por se estruturar em torno de três eixos básicos:
acadêmico, técnico-profissional e político. Essa tríplice di-
mensão reforçou o caráter geral e inclusivo do CONPSI que
buscou reunir o que de mais expressivo houvesse na Psico-
logia da região e no país.12

Com base no eixo político e associativo do evento, a Asso-


ciação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) “convocou
reuniões de coordenadores de colegiados, dos serviços, ou clíni-
cas-escola, bem como de docentes de várias das áreas dos cursos
de Psicologia”13. Também nesta perspectiva, foi feita (embora
não conste formalmente na programação do congresso), no dia

12 http://www.conpsi2.ufba.br/.
13 http://www.conpsi2.ufba.br/.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 85


26 de maio, no período matutino, no último dia do congresso, a
reunião histórica que culminou na fundação da Sociedade Brasi-
leira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT).

No decorrer da reunião, foram discutidos vários aspectos


referentes aos objetivos e à relevância científica e política para
constituir a Sociedade. Num determinado momento do encon-
tro, um dos participantes (o qual se tornaria o primeiro presi-
dente da entidade), anunciou aos presentes que iria se retirar,
pois teria que apresentar em seguida um trabalho no congresso.
Para sua surpresa (e também felicidade), mesmo com a ansieda-
de gerada, ainda no período matutino, no intervalo do evento,
o participante que se retirou da reunião antes do seu término
recebeu a seguinte notícia, conforme relato que segue:

Quando viajei para Salvador, desconhecia que lá haveria uma


reunião para fundar a SBPOT. Ao tomar conhecimento da mes-
ma, fui no encontro, e lá fiquei até um determinado momento,
porque ainda eu tinha que apresentar um trabalho no Congresso.
Antes de deixar a reunião, justifiquei o motivo de me ausentar,
e me coloquei a disposição para ajudar no que fosse necessário.
Mais tarde, no intervalo matutino do Congresso, encontrei a pro-
fessora Gardênia da Silva Abbad, que me parabenizou, por eu ter
sido eleito, o 1º presidente da SBPOT, mesmo não estando presen-
te no momento da eleição. O fato muito me alegrou, junto com
um pouco de ansiedade, diante do desafio, que eu sabia que teria
pela frente. (Narbal Silva, autorrelato feito em 31/03/2022).

Na reunião, no momento de definir os integrantes da pri-


meira diretoria, ocorreu um impasse, quanto a quem se disporia

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 86


assumir a presidência. Como o professor Narbal Silva, antes de
sair, pôs seu nome à disposição para “ajudar no que fosse ne-
cessário”, o seu nome foi lembrado, e ele, junto com os demais
membros da 1ª diretoria foram eleitos por unanimidade, confor-
me consta na ata da fundação. Assim, os membros integrantes
da 1ºdiretoria da SBPOT (e também fundadores) foram os se-
guintes: Narbal Silva – Presidente, Maria do Carmo Fernandes
Martins – Secretária Geral; Eveline Maria Leal Assmar – Secre-
tária Assistente; Ronaldo Pilati – 1º Tesoureiro; e Alice da Silva
Moreira – 2ª Tesoureira.

A seguir, apresentamos na íntegra o documento referente à


histórica primeira reunião da SBPOT, cujo propósito maior foi a
sua fundação enquanto entidade científica, política e associativa
organizada.

Ata da primeira reunião da Sociedade Brasileira de Psicologia Or-


ganizacional e do Trabalho realizada aos vinte e seis de maio de
2001 em Salvador, Bahia, durante o II Congresso Norte Nordeste de
Psicologia. Estiveram presentes: Adriana da Silva Bernardes, Alice
da Silva Moreira, Antônio Alves Filho, Catarina S. Tanaka, Cleide
Maria de Sousa, Daniela Barbosa Lima, Eleuni A. A. Melo, Eveline
Maria Leal Assmar, Fernanda Amaral Pinheiro, Francisco José B.
de Albuquerque, Gardenia Abbad, Ione Vasquez Menezes, J’Aims
Ribeiro, Jairo E. Borges-Andrade, João Alves de Souza, Juliana
Barreiros Porto, Livia de Oliveira Borges, Maria Albanise da Silva,
Maria Cristina Ferreira, Márcio César Ferraciolli, Marcos Ribeiro
Ferreira, Maria do Carmo Fernandes Martins, Marilda Castelar,
Mirlene M. M. Siqueira, Narbal Silva, Odair Furtado, Renata de
Oliveira Paiva Bonavides, Roberto Moraes Cruz, Ronaldo Pilati,

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 87


Rosane Cury, Silvio Serafim da Luz Filho, Sinésio Gomide Júnior,
Sonia Maria Guedes Gondim, Sônia Regina Pereira Fernandes e
Waldylécio Souza da Silva. A Coordenadora da equipe que elaborou
a proposta de Estatuto para a SBPOT, Dra. Mirlene Maria Mathias
Siqueira, coordenou a discussão de cada artigo proposto. Dos quin-
ze artigos propostos, foram aprovados seis. Devido ao adiantado da
hora, um dos membros presentes fez um encaminhamento no senti-
do de aprovar o Estatuto inteiro e rediscutir do artigo sétimo ao dé-
cimo quinto na próxima reunião, durante a 31a. Reunião da SBP
no Rio de Janeiro em outubro próximo. Houve outras considerações
a este respeito e todos os presentes aprovaram o encaminhamento.
Passou-se, então, a discutir a necessidade de eleger uma Diretoria.
Houve ponderações quanto à composição desta primeira Diretoria,
quando se destacou a necessidade de que ela fosse composta por
membros de várias regiões do Brasil. Havendo consenso, alguns
presentes se colocaram à disposição para formar a Diretoria da
SBPOT. Houve votação e foram eleitos por unanimidade os seguin-
tes nomes: Narbal Silva – Presidente, Maria do Carmo Fernandes
Martins – Secretária Geral, Eveline Maria Leal Assmar – Secretária
Assistente, Ronaldo Pilati – 1º Tesoureiro e Alice da Silva Moreira
– 2ª Tesoureira. Foram ainda discutidas as necessidades de provi-
denciar o registro da SBPOT, que ficou sob a responsabilidade do
Senhor Presidente e a de providenciar cópia atualizada do Estatuto,
como aprovado, sob a responsabilidade da Secretária Geral que se
comprometeu a encaminhá-la por e-mail para os sócios. Assim, en-
cerrou-se a reunião e eu, Maria do Carmo Fernandes Martins, Se-
cretária Geral, lavrei a presente ata que, após lida e aprovada, será
assinada por todos os presentes. Uberlândia, MG, aos doze dias do
mês de julho de 2001 (Documento digitalizado e disponibilizado
pela professora Maria do Carmo Fernandes Martins)

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 88


Em relação à ata da fundação da SBPOT, é relevante eviden-
ciar pelo menos dois aspectos: 1º) reconhecer que o número ex-
pressivo de signatários da ata em questão, sem exceção, são os
legítimos fundadores da SBPOT, o que já demonstrava naquela
época, o interesse crescente de acadêmicos e profissionais pela
área de conhecimento e o campo de atuação em Psicologia Or-
ganizacional e do Trabalho; e 2º) a primeira missão posta, que
era efetuar o registro do Estatuto da SBPOT em cartório após o
término da sua versão final, sendo que tal incumbência ficou a
cargo do presidente recém-eleito.

Na segunda reunião da SBPOT, realizada no dia 25 de outu-


bro de 2001, no Rio de Janeiro, durante a 31ª Reunião Anual de
Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia, o estatuto da
entidade foi finalizado e devidamente aprovado pelos presentes.
Nessa reunião estavam presentes: Adriana M. Assad, Álvaro Ta-
mayo, Cristina Maria Kurowski, Daniela B. Lima, Eveline Maria
Leal Assmar, Fátima Pereira, Francisco José Batista de Albuquer-
que, J’Aims Ribeiro, Jairo Eduardo Borges-Andrade, José Carlos
Zanelli, Livia de Oliveira Borges, Maria Cristina Ferreira, Maria
do Carmo Fernandes Martins, Maria Dolores Gobbi, Mary San-
dra Carlotto, Narbal Silva, Ronaldo Pilati e Wilson Moura.

Aqui ressaltamos que os presentes nesse encontro, mesmo


que alguns possam não ter estado na 1ª reunião da fundação da
SBPOT em Salvador, por terem participado dessa, e especial-
mente com contribuições para a aprovação da versão final do
estatuto, também devem ser considerados legítimos fundadores
da SBPOT.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 89


A seguir será apresentada a versão final do primeiro estatuto
da SBPOT, o qual foi encaminhado para registro em Florianópo-
lis, visando materializar e institucionalizar a existência formal e
jurídica da Sociedade:

ESTATUTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOLOGIA


ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO – SBPOT - NOME
E OBJETIVOS - ART. 1º - A Sociedade Brasileira de Psicolo-
gia Organizacional e do Trabalho, doravante denominada
SBPOT, foi fundada em 26/05/2001 como uma sociedade civil,
autônoma, sem fins lucrativos, com duração por prazo inde-
terminado e propósitos científicos e educacionais. O foro da
SBPOT será no município de Florianópolis. A sede da SBPOT
será na residência de seu Presidente eleito para cada período.
ART. 2º - A SBPOT tem por finalidade promover a produção
e divulgar o conhecimento científico e tecnologias na área de
Psicologia Organizacional e do Trabalho. Para atingir esta fi-
nalidade, a SBPOT deverá: A. Desenvolver o status científico
da área por meio do estímulo à pesquisa, à comunicação e pu-
blicação de resultados de investigações, bem como da melho-
ria dos métodos e condições de pesquisa. B. Contribuir para o
aprimoramento da prática profissional da área. C. Facilitar
a troca de informação, conhecimento e experiência entre seus
membros. D. Manter intercâmbio com outras associações na-
cionais e internacionais científicas e profissionais. E. Promo-
ver a disseminação do conhecimento científico e de tecnologias
para a sociedade em geral. F. Contribuir para o contínuo de-
senvolvimento da Psicologia. CATEGORIAS DE MEMBROS -
ART. 3º - A SBPOT terá duas categorias de membros: titulares
e associados. § 1º - Serão membros titulares os profissionais

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 90


graduados de qualquer área que através do ensino, pesquisa
ou prática profissional estejam contribuindo para o alcance
dos objetivos da SBPOT. §2º - Serão membros associados os es-
tudantes universitários de graduação e de pós-graduação de
qualquer área que estejam interessados em contribuir para o
alcance dos objetivos da SBPOT. ART. 4º - Somente serão consi-
derados membros da SBPOT aqueles que estiverem quites com
a Tesouraria, não havendo entre as categorias qualquer dis-
tinção de direitos e deveres, exceto as previstas nos parágrafos
abaixo: §1º - A contribuição anual a ser paga pelos membros
associados será equivalente à metade da contribuição devida
pelos membros titulares. §2º - Os membros estão submetidos a
um período de carência de 6 (seis) meses dos seus direitos de
votar e ser votados, a contar da data de sua submissão. DA AS-
SEMBLÉIA E DA DIRETORIA - ART. 5º - A Assembléia Geral
reunir-se-á ordinariamente uma vez por ano, constituindo-se
no órgão supremo de deliberação da SBPOT. Parágrafo Único
– Poderá ser convocada extraordinariamente a Assembléia
Geral em qualquer época, seja pelo Presidente ou pela maioria
da Diretoria. ART. 6º - A SBPOT será administrada por uma
Diretoria composta por cinco membros: Presidente, Secretário
Geral, Secretário Assistente, Primeiro Tesoureiro e Segundo
Tesoureiro, todos eleitos bienalmente dentre os membros
titulares, sendo permitida a reeleição por uma vez para a
mesma função. §1º - Cabe à Diretoria propor à Assembléia
Geral, políticas e estratégias para o alcance dos objetivos da
SBPOT. §2º - Cabe à Diretoria sugerir as atividades científicas
a serem promovidas pela SBPOT e convocar Assembleias Or-
dinárias deliberativas. §3º - Cabe ao Presidente da SBPOT re-
presentá-la, presidir Assembleias e atividades promovidas por

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 91


esta sociedade. §4º - Cabe ao Secretário Geral e, no seu impe-
dimento, ao Secretário Assistente, a organização e arquivo de
atas e documentos da SBPOT. §5º - Cabe ao Primeiro Tesourei-
ro e, no seu impedimento, ao Segundo Tesoureiro, a adminis-
tração dos bens móveis e imóveis e demais recursos da SBPOT.
§ 6o – Cabe ao Presidente ou ao Primeiro Tesoureiro firmar os
atos de gestão financeira e patrimonial da SBPOT. ART. 7O. –
Serão elegíveis para a Diretoria da SBPOT os membros titulares
psicólogos e pesquisadores que contribuam para a construção
do conhecimento na área de Psicologia Organizacional e do
Trabalho. ART. 8º - Os membros da Diretoria serão eleitos em
data a ser fixada em cada biênio pela Assembléia Geral, sendo
permitida a votação por correspondência. § 1º - Os candidatos
a cargos de Diretoria deverão apresentar sua inscrição peran-
te a Assembléia Ordinária que imediatamente antecede cada
eleição bienal, sempre em chapa completa. § 2º - Por ocasião
das inscrições das chapas, estas deverão apresentar propostas
quanto às diretrizes e políticas a serem seguidas na adminis-
tração bienal da SBPOT, submetendo-as ao conhecimento da
Assembléia que as discutirá sem deliberar a respeito. § 3º - No
caso de eleição de substitutos para quaisquer cargos vagos, seja
por morte, renúncia ou outros motivos, a escolha será feita
pela Diretoria, que deverá submetê-la à apreciação da próxi-
ma Assembléia Geral. ART. 9o – A SBPOT será fiscalizada por
um Conselho Fiscal, composto por três membros titulares cujas
atribuições serão analisar e propor aprovação do relatório de
prestação de contas da Diretoria. Parágrafo único – A
eleição do Conselho Fiscal será realizada concomitantemente
à eleição da Diretoria. ART. 10º - Os recursos da SBPOT serão
provenientes: A- das contribuições anuais dos seus membros;

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 92


B- da receita obtida com realização de ‘1 cursos, conferências
e outros eventos similares; C -de doações, legados, subsídios
e outros ingressos que recebam aprovação da Diretoria. § 1º
- Anualmente, a Diretoria deverá elaborar um plano orçamen-
tário. § 2º - Ao final de sua gestão, a Diretoria deverá elaborar
relatório de suas atividades, com prestação de contas circuns-
tanciada, submetendo-o à apreciação do Conselho Fiscal e à
aprovação da Assembléia Geral. ART. 11º - Nenhum membro
da Sociedade receberá remuneração pelas tarefas que desem-
penhar na SBPOT podendo, contudo, ser feito o reembolso de
gastos comprovados feitos em benefício da entidade, desde que
haja autorização prévia da Diretoria. ART. 12º - A SBPOT,
cuja duração é por prazo indeterminado, poderá ser dissolvida
por decisão de sua Assembléia Geral, desde que a dissolução
tenha sido aprovada por, pelo menos, dois terços dos membros
com direito a voto. ART. 13º - Este Estatuto poderá ser mo-
dificado mediante prévia apresentação de proposta elaborada
pela Diretoria ou por um grupo de sócios que represente, pelo
menos, dez por cento dos membros da SBPOT. Parágrafo único
– As alterações serão implementadas, desde que tenham sido
aprovadas por, no mínimo, dois terços dos membros com di-
reito a voto presentes na Assembléia Geral. ART. 14º- O não
cumprimento do estatuto da SBPOT será causa suficiente para
a destituição de funções da Diretoria ou de exclusão de afilia-
ção à Sociedade. § 1º - As penalidades previstas neste artigo
serão conhecidas e aprovadas pela Assembléia Geral. § 2º - En-
quanto não se reunir em Assembléia Geral para efeito do pre-
visto no parágrafo anterior, a Diretoria poderá aplicar pena
de suspensão, sempre que a gravidade da falta assim recomen-
dar. DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS- ART. 15º - Ficam

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 93


estabelecidas as seguintes disposições transitórias: A - A pri-
meira Diretoria, eleita na Assembléia de fundação da SBPOT,
terá mandato de dois anos, extensível até a realização da
próxima Assembléia Geral. B - O disposto no art.4º, § 2º, que
prevê um período de carência para os novos membros votarem
e serem votados, só entrará em vigor no dia seguinte ao térmi-
no da Assembléia Geral que será realizada no ano seguinte à
fundação da SBPOT. C - A contribuição anual dos membros
titulares será correspondente a 40% do valor do salário mí-
nimo e a dos membros associados, correspondente a 20% do
valor do salário mínimo. ART. 16º - Em caso de dissolução da
sociedade, seu patrimônio será revertido em favor de Associa-
ção cultural similar a ser escolhida em Assembléia Geral final.
ART. 17º- Os membros de qualquer categoria não respondem
solidária ou subsidiariamente pelas obrigações da Sociedade
(Documento extraído da Ata da 2ª reunião da SPOT)

Conforme estabelecido no 1º estatuto da SBPOT, “o foro da


SBPOT será no município de Florianópolis. A sede da SBPOT
será na residência de seu Presidente eleito para cada período”
(trecho extraído do 1º Estatuto, que se encontra na Ata da 2ª reu-
nião da SPOT). Assim, a primeira sede da SBPOT ficou localizada
na residência do seu 1º presidente, na Ilha de Santa Catarina, em
Florianópolis, Santa Catarina. Na Figura 1, mostramos o local
onde se instalou a primeira sede da SBPOT.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 94


Figura 1. Local de instalação da 1ª sede da SBPOT.
Fonte: O crédito da imagem é de Natália Brasil Silva.

Após idas e vindas (o que implicou dispêndio de tempo e es-


forços), e atendimentos a inúmeros requisitos burocráticos, fi-
nalmente, por meio de várias ações engendradas pelos membros
da 1ª diretoria da SBPOT, o 1º Estatuto Social entrou em vigor na
data de seu registro, no 1º Cartório da Comarca de Florianópolis,
no dia 11 de dezembro de 2001.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 95


Enfim, a missão dada tinha finalmente sido cumprida. E, por
meio da sua efetivação, o sonho tinha se tornado realidade. O que
nos oportuniza refletir que: “Sonhos sem ações não passam de
passatempos, ações sem sonhos, ‘é tiro prá tudo quanto é lado’,
mas sonhos revestidos de ações coordenadas, firmes e robustas
(com revisões de curso, caso necessário), mudam e constroem
inusitadas realidades”.

Outras contribuições feitas no período


pertinente à 1ª Gestão da SBPOT

Em 18 de março de 2002, o 1º presidente da SBPOT informou


os associados (em torno de 60 na época), por meio de e-mail, so-
bre os feitos da diretoria até então.

Prezados colegas,

A Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do


Trabalho, fundada em 26 de maio de 2001 em Salvador, du-
rante o II Congresso Norte Nordeste de Psicologia, através
da sua diretoria, cumpriu até o momento as etapas de re-
gistro da entidade em Cartório de Registro Civil de Títulos
e Documentos de Pessoas Jurídicas e inscrição no Cadas-
tro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Esses dois procedi-
mentos foram fundamentais para que a sociedade pudes-
se adentrar numa nova e fundamental etapa, a da filiação
formal de profissionais e estudantes de fato interessados
nos propósitos da entidade. Além dessas ações, destacamos
também a participação da sociedade na organização em

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 96


conjunto com outras entidades do I Congresso Brasileiro
Psicologia: Ciência e Profissão e a sua inclusão no Direc-
tory of International Psychological Associations da Ame-
ricam Psychological Association (APA). A título de ilustra-
ção, a Sociedade de Psicologia Industrial e Organizacional
(SIOP), uma das mais expressivas dos Estados Unidos, que
é uma divisão da Sociedade Americana de Psicologia (APA),
na atualidade congrega cerca de 4.200 associados, dos
quais 1.600 são estudantes filiados. Considerando as etapas
até aqui percorridas e a importância da consolidação da so-
ciedade para ajudar a firmar a identidade dos psicólogos
organizacionais e do trabalho no Brasil, o atual momento
requer que os profissionais e estudantes interessados se fi-
liem na entidade. Na certeza do reconhecimento de todos
da importância histórica do atual momento para os psicó-
logos organizacionais e do trabalho no Brasil.

Narbal Silva - Presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia


Organizacional e do Trabalho (Documento digitalizado, pro-
veniente do arquivo da Secretária Geral, professora Maria do
Carmo Fernandes Martins)

Cabe aqui resgatar e enaltecer a inserção dos dados da


SBPOT no Directory of International Psychological Associations da
Americam Psychological Association (APA). Por meio desse diretó-
rio é possível identificar associações ou sociedades de psicologia
existentes nos seis continentes do planeta Terra. No diretório,
poderá ser encontrado o nome da entidade, o endereço para
correspondência, as pessoas de contato, os números de telefo-
ne e fax, além de e-mails e de sites, quando disponíveis. À guisa

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 97


de ilustração, nele consta a Sociedade de Psicologia Industrial e
Organizacional (SIOP), que é uma das mais expressivas divisões
da Sociedade Americana de Psicologia (APA). Também por meio
desse diretório, a SBPOT poderá ser identificada e acessada pe-
las sociedades de psicologia que se encontram no mundo.

Também no ano de 2002, participamos ativamente junto ao


Conselho Federal de Psicologia (CFP), discutindo, nos posicio-
nando, e também fazendo recomendações referentes a assuntos
políticos e científicos pertinentes à Psicologia, e em especial à
Psicologia Organizacional e do Trabalho. Uma das contribuições
foi o aperfeiçoamento do Concurso de provas e títulos para con-
cessão do registro do título de Especialista em Psicologia - Edital
n.º 1/2002 – CFP, de 11 de outubro de 2002. Tal ação foi destacada
quando o 1º presidente da SBPOT foi interpelado pela professora
Maria do Carmo Fernandes Martins, Secretária Geral na 1ª ges-
tão, e que mais tarde se tornaria presidenta da SBPOT na gestão
2007/2009, a respeito das principais realizações da 1ª Gestão. O
propósito da presidenta, já naquela época, era o de recuperar e
preservar a memória da Sociedade. O trecho de relato posto a
seguir é ilustrativo neste sentido:

Quais as principais realizações de seu mandato à luz dos obje-


tivos propostos? Entendo que a principal realização foi a de ter
conferido vida jurídica para a entidade, sendo que após os dois
primeiros anos de existência, a mesma já estava consolidada com
um número relativo de sócios, em torno de 60. Nesse período,
marcamos presença nos principais eventos nacionais em Psicolo-
gia, em especial no “Congressão” que ocorreu em São Paulo, in-
clusive com participação na gestão do mesmo. Também estivemos

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 98


presente em todas as questões políticas e científicas referentes à
Psicologia e à Psicologia Organizacional e do Trabalho no Conse-
lho Federal de Psicologia – CFP (Trecho de e-mail enviado por
Maria do Carmo Fernandes Martins <mcfmartins@triang.
com.br, em 2007, ao 1º presidente da SBPOT)

Outrossim, no e-mail por último referido são mencionadas


as participações, política, científica e na gestão, de vários mem-
bros da SBPOT no 1º Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e
Profissão, denominado de “Congressão”, que aconteceu na Uni-
versidade de São Paulo/USP, de 1 a 5 de setembro de 2002. Nessa
oportunidade, foram propostas, aprovadas, e depois apresenta-
das nove mesas-redondas, e ministrados dois cursos.

Uma outra ação importante foi a que efetivamos no III Congres-


so Norte-Nordeste de Psicologia, evento que aconteceu no Centro
Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa – Paraíba, de 27 a 31 de
maio de 2003. Na ocasião, levamos a cabo as seguintes atividades:

Duas mesas redondas – (1) O psicólogo e as mudanças no mun-


do do trabalho e das organizações; (2) Cultura e saúde psíqui-
ca no contexto das organizações. Uma sessão de apresentação
de pesquisas de estudantes. Uma Assembleia deliberativa da
SBPOT - Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do
Trabalho. Uma seção de lançamento de Livros e Periódicos da
área. Divulgação de um Boletim gratuito da SBPOT, divulgan-
do todas as atividades da área no Congresso. (Trecho extraído
de e-mail, enviado ao Professor Valdiney Gouveia, presi-
dente do Congresso)

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 99


No III Congresso Norte-Nordeste de Psicologia, quando da
Assembleia Geral da SBPOT, no dia 29 de maio de 2003, os sócios
presentes deliberaram pela realização do I Congresso Brasileiro
de Psicologia Organizacional e do Trabalho (CBPOT) em Salva-
dor, na Bahia, no ano de 2004. E não deu outra! O I Congresso
Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho (outro
marco histórico na história da SBPOT), orientado pelo tema
“Organização e Trabalho: Novos Desafios Científicos e Profis-
sionais”, aconteceu no período de 21 a 24 de julho de 2004, no
Hotel Bahia Othon, na Bahia, em Salvador. Cabe esclarecer que,
no ano de 2004, a presidenta da SBPOT, já na segunda gestão da
Sociedade, era a professora Livia de Oliveira Borges.

Na Figura 2, é mostrada uma placa identificadora, denomi-


nada de “Sala Vip”, pertencente ao icônico I Congresso Brasilei-
ro de Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Figura 2. Placa identificadora da “Sala Vip”, no I Congresso Brasileiro de Psicologia


Organizacional e do Trabalho. Fonte: O crédito da imagem é de Luciani Maria Brasil Silva.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 100


Ainda, um legado que consideramos relevante ter deixado se
refere à criação da logo da SBPOT, que foi criada por Cristiano de
Andrade Carneiro (bolsista e mestrando do Programa de Pós-Gradua-
ção em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina/PPGP,
em 2002). O mencionado mestrando criou três possibilidades de lo-
gos, que foram submetidas por e-mail à apreciação e à votação dos
associados. Entre as três possibilidades, a escolhida, e que continua
sendo o atual símbolo histórico e representativo da SBPOT (e espera-
mos que se perpetue), ilustramos por meio da Figura 3 que se segue:

Figura 3. Logo da SBPOT, criada em 2002.


Fonte: Acervo digital da Professora Maria do Carmo Fernandes Martins.

Em síntese, e para finalizar esta seção, no site da SBPOT está


posto que:

Desde 2001, a SBPOT – Associação Brasileira de Psicologia Orga-


nizacional e do Trabalho – vem trabalhando na expansão e con-
solidação da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) no
contexto brasileiro. Orientada por princípios científicos, éticos e
educacionais, a Associação tem como finalidade promover e divul-
gar o conhecimento científico e as tecnologias (modos e práticas
emergentes de atuação) na área de POT.14

14 https://www.sbpot.org.br/post-manifesto/pauta-de-defesa-da-psico-
logia-organizacional-e-do-trabalho/Acesso em 27/03/2022.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 101


Conforme pode ser visto, na relação de itens que formam o
manifesto em defesa da área de conhecimento e campo de atu-
ação em Psicologia Organizacional e do Trabalho, consta o reco-
nhecimento e a prática dessas premissas, desde a fundação da
Sociedade, já a partir dos três primeiros anos do terceiro milênio.

Considerações Finais:
Que a SBPOT “seja perene
e infinita como um círculo”!

A retrospectiva feita para resgatar os momentos históricos da


fundação da SBPOT foi muito prazerosa e gratificante. Ficamos
positivamente perplexos diante da importância do desafio e do
ato hercúleo de pôr a Sociedade em pé. Deste modo, conferindo-
-lhe visibilidade no cenário científico nacional e dando início a
tal empreitada, no contexto internacional, via inserção de dados
da SBPOT no diretório internacional da Associação Americana
de Psicologia (APA).

Ademais, o que nos deixou felizes, foi nos darmos conta “do
tanto que foi feito, em tão pouco tempo”, cujos benefícios cien-
tíficos, políticos e associativos se mostraram imensos ao longo
das duas décadas que se sucederam.

Em que pese o “frio na barriga”, valeu muito a pena termos


enfrentado o desafio de contribuir decisivamente com a funda-
ção da Sociedade, ajudando-a a se erguer em pilares firmes para
que outras construções e aprimoramentos pudessem ser feitos
por meio das gestões que nos sucederam.

Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 102


Aproveitamos para externar, aqui, a honra, o privilégio e a ben-
ção que nos foram concedidos para dar início (e fazer nascer) a uma
Sociedade Científica de Psicologia que, na atualidade, é reconheci-
da por sua relevância, tanto no Brasil quanto no exterior. Também
expressamos aqui a nossa gratidão a todos(as) que, de modo direto
ou indireto, “esperançaram”, e assim contribuíram de fato para que
este, que um dia foi um sonho, pudesse ter se tornado realidade.

Por fim, e em tempo, externamos a nossa gratidão à profes-


sora Maria do Carmo Fernandes Martins, que, com muito zelo e
carinho, guardou documentos relevantes da SBPOT em formato
digital, dos quais muitos foram apresentados neste capítulo. A
guarda de tais documentos constituiu atitude e comportamento
decisivo para que fosse possível o resgate da memória e da histó-
ria da fundação da SBPOT.

Referências

Csikszentmihalyi, M. (2004). Gestão Qualificada: a conexão entre


felicidade e negócio. Porto Alegre: Bookman.

Csikszentmihalyi, M. (2019). Flow: a psicologia do alto desempe-


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De Masi, D. (2000). O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante.

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Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 103


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nas organizações: desenvolvimento, mensuração e gestão. São Pau-
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Capítulo 2 - Gestão 2001 – 2003 104


GESTÃO 2003 2005

Livia de Oliveira Borges – Presidente


Ronaldo Pilati – 1ª Tesoureira
Maria Cristina Ferreira – 2ª Tesoureira
Jairo Eduardo Borges-Andrade – 1º Secretário
Suzana de Rosa Tolfo – 2ª Secretária
Antônio Virgílio B. Bastos – Presidente do I CBPOT
Capítulo 3
Gestão 2003 – 2005

Livia de Oliveira Borges


Jairo Eduardo Borges-Andrade
Suzana de Rosa Tolfo
Ronaldo Pilati
Maria Cristina Ferreira

Introdução

I
niciamos nossa gestão em 2003, sendo a segunda equipe a co-
ordenar nossa Associação, a SBPOT. A Diretoria foi composta
pelos cinco primeiros autores do presente capítulo, respecti-
vamente nos cargos de presidenta, primeiro secretário, segunda
secretária, primeiro tesoureiro e segunda tesoureira, e quatro
dos diretores éramos professores das seguintes instituições: Li-
via, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Jairo,
Universidade de Brasília (UnB); Suzana, Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC); e Maria Cristina, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ). Ronaldo, o primeiro tesoureiro, era
aluno de doutorado da Universidade de Brasília (UnB). Apenas
ele também integrou a gestão anterior, o que nos importou tendo

107
em vista a continuidade institucional. Contávamos também com
Antônio Virgílio Bittencourt Bastos na condução da comissão
organizadora do I Congresso Brasileiro de Psicologia Organiza-
cional e do Trabalho (CBPOT), ação da nossa gestão, sobre a qual
discorreremos adiante. O Conselho Fiscal da entidade no perío-
do de nossa gestão era constituído por: Profa. Maria das Graças
Torres da Paz, Élson da Cunha Vilela e Maria Júlia Pantoja.

Assumimos a gestão da associação no mesmo ano em que se


iniciou o primeiro mandato governamental do Presidente Lula.
Segundo o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE, 2003), o
referido presidente havia recebido o país com uma taxa de de-
semprego, em dezembro de 2002, de 10,5% da população econo-
micamente ativa; taxa essa que cresceu para 12,9% até dezembro
de 2003. O MTE (2003) também registrou que naquele mesmo
período o rendimento médio do trabalhador retraiu em 11,6%
e o emprego com carteira assinada, 1,6%, enquanto o emprego
sem carteira assinada e por conta própria expandiram-se, res-
pectivamente, em uma proporção de 7% e 7,3%. Era, portanto,
um ano de dificuldades para o trabalhador brasileiro, embora
tais aspectos mercadológicos tenham sido revertidos nos anos
subsequentes, de modo que o IBGE (2007) assinalou um cresci-
mento da ocupação, em 2006 (em relação a 2003), de 8,6%, e um
ganho no rendimento médio do trabalhador de 5,6%.

Os indicadores de mercado de trabalho não traduzem a to-


talidade das vivências dos trabalhadores. Na época, vivíamos as
consequências da adoção de políticas neoliberais, pelo Brasil,
na década anterior, até 2002, e o incremento de estratégias de
gestão do trabalho da chamada III Revolução Industrial (ver, por

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 108


exemplo, Antunes & Alves, 2004). Tal situação se expressava em
vários fenômenos, como:

• Diminuição do contingente de servidores públicos a níveis


tais, que afetou a prestação de serviços. O mito do excesso
de servidores públicos no poder executivo foi descontru-
ído por Moraes, Silva e Costa (2008), os quais mostraram
que, no intervalo de 1995 a 2008, o Brasil atingiu seu mais
baixo contingente em dezembro de 2002. Argumentaram,
baseados em análises do IPEA, que a taxa de servidores
por habitantes no país não era alta. Assim, em 2000, tí-
nhamos 5,52 servidores por mil habitantes; taxa inferior
a outros países como Alemanha (6,10 servidores por mil
habitantes), México (8,46 servidores por mil habitantes) e
EUA (9,82 servidores por mil habitantes).
• Profundas mudanças de gestão no trabalho, que, entre
outros aspectos, sustentavam a previsão de mais espaços
de participação do trabalhador nos processos decisórios
(ver, por exemplo, Antunes, 1995; Coriat, 1993; Gounet,
1999). Tal tendência no serviço público provavelmente
refletia, também, a retomada da democracia no país.
• Reorganização do trabalho, que, de um lado, represen-
tava tentativas de recuperar os sentidos e significados
do trabalho, perdidos e/ou esvaziados nas formas par-
celadas e fragmentadas de realização do trabalho (ver,
por exemplo, Friedmann, 1983; Gorz, 1980). De outro,
convergia no tempo à adoção de políticas poupadoras
de mão de obra e representava redução e eliminação de
cargos, fragmentação das ocupações e fragilização do
sindicalismo (ver, por exemplo, Antunes & Alves, 2004).

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 109


• Ênfase em princípios meritocráticos, levando ao estabe-
lecimento de metas profissionais e de produtividade nem
sempre racionais (Gounet, 1999). Além disso, por vezes
ignorando o contexto histórico de um país profundamen-
te desigual (Antunes, 1995; Antunes & Alves, 2004).

Ao lado desta realidade, observávamos que a gestão de pesso-


as e do trabalho no Brasil ainda se ressentia de atuações profissio-
nais, de transferências de modelos estrangeiros de gestão, sem a
adequada adaptação, e de poucos estudos científicos baseados na
realidade brasileira. Na nossa área de conhecimento, contávamos
com um número insuficiente de doutores no país, com formação
pós-graduada concentrada em poucas universidades. Mas já des-
pontava em outras universidades, acompanhando a expansão da
pós-graduação (stricto sensu) em configuração na época.

Contávamos, naquela ocasião, com a recém-criada Associa-


ção, a SBPOT, cujo Estatuto em vigor estabelecia os seguintes
objetivos:

A. Desenvolver o status científico da área por meio do estí-


mulo à pesquisa, à comunicação e publicação de resulta-
dos de investigações, bem como da melhoria dos métodos
e condições de pesquisa.
B. Contribuir para o aprimoramento da prática profissional
da área.
C. Facilitar a troca de informação, conhecimento e experi-
ência entre seus membros.
D. Manter intercâmbio com outras associações nacionais e
internacionais científicas e profissionais.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 110


E. Promover a disseminação do conhecimento científico e
de tecnologias para a sociedade em geral.
F. Contribuir para o contínuo desenvolvimento da Psicologia.

Diante do contexto do mundo do trabalho e da formação pro-


fissional, mencionado anteriormente, não havia dúvidas sobre a
relevância de fortalecer a referida entidade. Assim, nos candi-
datamos, como chapa única, com os seguintes itens/propostas
como esboço de programa:

• Ampliar número de sócios.


• Estimular a realização de eventos científicos regionais.
• Promover um primeiro congresso nacional da área.

Dizemos “esboço” porque as interações interpessoais mantidas


na recém-criada entidade, com um pequeno número de sócios, ti-
nham um caráter bastante informal e baseado nos contatos dire-
tos e presenciais ocasionais (encontros em congressos nacionais).
Fomos eleitos na assembleia da entidade que ocorreu em João
Pessoa, durante o III Congresso Norte-Nordeste de Psicologia.

Nossas ações

Resgatamos as realizações da nossa gestão a partir de atas


de assembleias, mas também de arquivos dos diversos diretores
e material disponibilizados pela Diretoria da gestão 2020-2022.
Esses documentos eram principalmente arquivos do software
Microsoft Office e tinham um caráter predominantemente in-
formal e pessoal, mais que institucional. Não apresentaremos as
ações em uma ordem cronológica, e nem todas estarão datadas.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 111


Assim, nossas ações foram as seguintes:

1. Atualização de site da entidade, criação de domínio pró-


prio na internet (www.sbpot.org.br) e contratação de
serviços de uma pequena prestadora de serviços para
manutenção de um site para o I CBPOT.

2. Criação de e-mails dos diretores da Sociedade, decorren-


te da criação desse domínio próprio.

3. Criação de lista de distribuição de e-mail gratuito (www.


grupos.com.br/grupos/sbpot), da qual podiam participar
profissionais, professores e estudantes da área, sócios ou
não. Tinha o objetivo de divulgar a entidade e aproximá-la
dessas pessoas. Era, portanto, uma ação da gestão direcio-
nada à proposta de ampliar o número de sócios.

4. Realização do I CBPOT, com 1105 inscritos de 23 estados.


Essa ação foi aprovada na mesma assembleia de eleição
da nossa chapa para a gestão da SBPOT. Naquela oportu-
nidade também se escolheu o local, Salvador, tendo em
vista poder contar com o apoio do Curso de Mestrado da
UFBA. Na assembleia, elegemos também a comissão orga-
nizadora, que ficou assim composta: Prof. Antônio Virgílio
Bittencourt Bastos, o mestrando Henrique Morais, Profa.
Sônia Maria Guedes Gondim e Profa. Sônia Regina Pereira
Fernandes, e um estudante representante da PsicoJúnior
da UFBA. Também por unanimidade foi eleita a comissão
científica do evento, com o cuidado de que fosse forma-
da por pessoas de todas as regiões do país. A comissão fi-
cou constituída pelos professores Ana Magnólia Mendes
(Brasília), Eveline Maria Leal Assmar (Rio de Janeiro),

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 112


Maria de Fátima de Sena e Silva (Ceará), Francisco José
B. de Albuquerque (Paraíba), José Carlos Zanelli (Santa
Catarina), Gardênia Abbad (Brasília) e Maria do Carmo
Fernandes Martins (Minas Gerais). O Congresso se reali-
zou em julho de 2004, apoiado por várias entidades e ins-
tituições, e contando com a participação de 193 inscritos e
183 atividades (com 80% de aprovação).

5. Solicitação de apoio econômico-financeiro do CNPq


para o I CBPOT - realizamos a gestão destes recursos e
prestamos contas à mencionada agência.

6. Regularização dos documentos da entidade e atualiza-


ção de atas visando seu adequado registro, de forma a
viabilizar a criação de CNPJ e consequente abertura de
conta bancária própria.

7. Divulgação do plano orçamentário no site, para promo-


ver transparência da gestão e da entidade.

8. Implantação, pela tesouraria, de cobrança e pagamento


das anuidades por meio de boleto bancário, profissiona-
lizando o serviço e ganhando eficiência.

9. Criação do Boletim da Sociedade, que era enviado por


e-mail a cada sócio e para aquele grupo de discussão
mencionado no item 3. O primeiro foi publicado em 20
de dezembro de 2003, o segundo em julho de 2004 e o
último em maio de 2005. Neles, divulgávamos as ações
da gestão e eventos de interesse dos associados.

10. Aprovação em assembleia (2004) de inscrições de pesso-


as jurídicas como membros, criando a figura de associa-
do institucional.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 113


11. Mobilização dos associados acerca das diretrizes
curriculares de Psicologia, na época em elaboração. Em
assembleia (2004), foi designada uma comissão – com-
posta por Gardênia Abbad, José Carlos Zanelli, Antônio
Virgílio B. Bastos, Maria da Graça Jacques, Helenice Fei-
jó e Sérgio Behnken – tendo em vista a adequada defini-
ção das competências, em Psicologia do Trabalho e das
Organizações, esperadas do psicólogo.

12. Manutenção de uma representante permanente no Fórum


de Entidades Nacionais de Psicologia Brasileira (FENPB):
Mirlene Maria Matias Siqueira, professora de pós-gradu-
ação da Universidade Metodista de São Paulo que residia
no citado estado. Ocasionalmente, mediante a natureza
das pautas das reuniões do Fórum, um diretor também se
fazia presente. A participação de representante no FENPB
implicou nas seguintes colaborações por parte da SBPOT:

a. Participou na organização do II Congresso Bra-


sileiro de Psicologia: Ciência e Profissão (re-
presentantes: Mirlene Siqueira e Ana Cristina
Limongi).

b. Definiu, na assembleia de 2004, os seguintes no-


mes de sócios para a comissão científica desse
Congresso: Elaine Neiva, Juliana Porto, Maria
Cristina Ferreira, Maria Júlia Pantoja e Mário
César Ferreira.

c. Sugeriu políticas ao Fórum, destacando-se a reu-


nião de diretores das entidades na qual fizemos
exposição sobre os interesses da SBPOT.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 114


d. Participou do I Congresso Latino-Americano de
Psicologia da ULAPSI como um dos organizado-
res do Encontro Latino Americano de Psicologia
Organizacional e do Trabalho – uma das ativida-
des no congresso. Contamos com um represen-
tante formal da SBPOT nesta atividade: Antônio
Virgílio B. Bastos.

e. Designou uma comissão (Maria Cristina Ferrei-


ra, Solange de Oliveira Souto e Wilson Moura)
para exame de conteúdos e bibliografia para o
Concurso de Provas e Títulos do Conselho Fede-
ral de Psicologia (CFP), para fins da Concessão
do Título de Especialista em Psicologia Organi-
zacional e do Trabalho (POT).

f. Elaborou sugestões ao CFP para contestar a


Ação Civil Pública para conduzir o CFP a se abs-
ter de regulamentar o uso de testes psicológicos.

g. Participou com material de divulgação da SBPOT


nos stands do FENPB nos diferentes congressos e
encontros promovidos por entidades membros.

h. Manteve posição contrária à definição da pro-


fissão de Psicologia como exclusivamente uma
profissão de saúde.

i. Participou continuamente em lista de discussão


específica do FENPB.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 115


13. Submissão da participação da entidade na ULAPSI à ava-
liação em assembleia (2004), resultando em aprovação.

14. Organização de uma mesa redonda no II Congresso Bra-


sileiro de Avaliação Psicológica (17 a 20 de maio/2005),
sob o título de Medidas em Psicologia Organizacional e do
Trabalho: Desenvolvimento, Usos e Aplicações em Pesqui-
sa e Intervenção. Ela contou com nossos representantes:
Ronaldo Pilati, Kátia Puente Palacios e Mirlene Siqueira.
A proposição de tal mesa representou a continuidade da
parceria com o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológi-
ca (IBAP), que promove o referido congresso.

15. Gestão das finanças para apresentação de balanço especí-


fico na Assembleia Ordinária de 2005.

16. Aproximação das gestões da rPOT (cujo editor geral era o


Prof. José Carlos Zanelli) e da SBPOT por intermédio das
seguintes ações:

17. Assinatura automática da revista no ato de filiação à Asso-


ciação e/ou pagamento das anuidades.

18. Início de uma gestão político-financeira conjunta.

19. Recepção da doação de direitos autorais do livro “Psico-


logia, Organizações e Trabalho no Brasil” (organizadores:
José Carlos Zanelli, Jairo E. Borges-Andrade e Antônio Vir-
gílio B. Bastos).

20. Divulgação do término do mandato e estimulação à for-


mação de nova chapa a concorrer às eleições para uma
nova gestão.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 116


21. Elaboração de proposta de substituição do nome da enti-
dade, de “Sociedade” para “Associação”, mantendo-se a si-
gla SBPOT, visando cumprimento de legislação brasileira
vigente, a ser submetida à assembleia ordinária de 2005.

Foto: Diretoria na mesa de coordenação de assembleia durante o I CBPOT.


Da esquerda para a direita: Ronaldo Pilati, Jairo Borges-Andrade,
Livia de Oliveira Borges, Suzana Tolfo, e Maria Cristina Ferreira.

I CBPOT

Na seção anterior enumeramos todas as ações que consegui-


mos resgatar nos registros disponíveis, entretanto destacamos
agora a proposição, planejamento, organização e realização do I
Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho
pela importância que essa ação conquistou na consolidação da
área como campo de conhecimento e de atuação profissional.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 117


Por isso, adicionamos um Apêndice a este capítulo prepara-
do pelo presidente da comissão organizadora, o Prof. Antônio
Virgílio B. Bastos.

O referido congresso realizou-se de 21 a 24 de julho de 2004,


conforme o seu principal objetivo:

• Propiciar intercâmbios entre psicólogos/pesquisadores,


profissionais/psicólogos e outras profissões de interface
com a Psicologia, incentivando a consolidação do cres-
cimento do campo de conhecimento.

Todas as atividades de preparação, realização e avaliação


do congresso foram realizadas coletivamente, envolvendo um
amplo número de pesquisadores da área de Psicologia Organi-
zacional e do Trabalho. Essas atividades foram dirigidas pelas
entidades promotoras do evento – a Sociedade Brasileira de Psi-
cologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) e o Programa de
Pós-graduação em Psicologia da UFBA – e uma entidade copar-
ticipante – a Consultoria Júnior de Psicologia da UFBA –, com
o apoio, ainda, na coordenação dos trabalhos, das comissões
designadas em assembleia da SBPOT – a comissão organizadora
(coordenada pelo Prof. Antônio Virgílio B. Bastos) e a comis-
são científica (coordenada pelo Prof. Francisco José Batista de
Albuquerque). Salientamos que a composição da Diretoria da
SBPOT e das comissões organizadora e científica contavam com
professores/pesquisadores de diversos estados, o que significa
que as coordenações dos trabalhos ocorreram principalmente
à distância e apoiadas no uso dos recursos de comunicação ofe-
recidos pela internet.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 118


O funcionamento da gestão

Considerando a composição regional diversificada da nossa


Diretoria e a escassez de recursos financeiros para apoiar deslo-
camentos físicos ou chamadas de longa distância naquela época,
uma estratégia para funcionamento da gestão foi desenvolvida.
As reuniões da Diretoria e da comissão organizadora do I CBPOT
ocorreram por meio do software MSN, que propiciava conversa-
ção escrita em tempo real. Isto obviamente tornava as reuniões
morosas. As assembleias só ocorriam presencialmente, aprovei-
tando oportunidades de congressos científicos nacionais. Por
isso, suas pautas eram longas, e raramente as discussões dos
assuntos eram plenamente esgotadas.

A organização do I CBPOT foi inicialmente muito difícil por-


que faltavam recursos econômico-financeiros e visibilidade da
SBPOT. Ocorreu divulgação tardia, e que não atingiu a amplitu-
de de que gostaríamos. Isso implicou em trabalho mais árduo
para as comissões organizadora e científica, com prazos muito
curtos (irrealistas para o nível de ocupação de nossos filiados/
colaboradores). Sem infraestrutura administrativa estruturada e
permanente, como era o nosso caso, houve um volume imenso
de atividades para aqueles responsáveis pela gestão do evento e
para a Diretoria da SBPOT.

O reduzido volume de recursos econômico-financeiros tam-


bém dificultou a contratação de um serviço para a modernização
e manutenção do nosso site. Ao iniciar a gestão, e em fase de orga-
nização do I CBPOT, contratamos uma microempresa em Natal,
RN. Apesar de um trabalho de boa qualidade para um site simples

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 119


e ágil, a pequenez e o caráter principiante da empresa levaram
à prestação de um serviço sem a devida regularidade temporal
e, por fim, em total descontinuidade. Frente aos custos cobrados
em outros centros no país por este tipo de serviço e às nossas di-
ficuldades por estarmos espalhados em distintas regiões brasilei-
ras – somando-se à presença da Presidente da SBPOT no exterior
–, resolvemos administrar as dificuldades de contatos com essa
microempresa e não mudar de prestadora de serviço. Chegamos
ao final da gestão com o site desatualizado, embora tenhamos in-
sistido nas solicitações de atualização e elaborado propostas para
tal. Concluímos quanto à necessidade de contarmos com uma
proposta de trabalho mais profissionalizada, e trabalhamos nesta
perspectiva no último mês de gestão. Na ocasião, avaliamos a situ-
ação como lamentável, porque um site atualizado era um requisi-
to básico para a SBPOT realizar o seu papel estatutário.

Encontramos outra dificuldade na pequena quantidade de


membros da Diretoria em decorrência do que estabelecia o esta-
tuto da SBPOT. Esse tamanho, por um lado, facilitava o trabalho
em equipe e o empreendimento de reuniões usando-se os recur-
sos de comunicação anteriormente citados. Por outro lado, sobre-
carregou aquelas pessoas. Tentamos superar isso na assembleia
de 2004 (durante o I CBPOT), designando algumas comissões para
cuidar de assuntos estratégicos da área. Foram elas:

• Comissão das Competências do Psicólogo Organizacio-


nal e do Trabalho;
• Comissão de Testes e Escalas Psicológicas; e
• Comissão de Ética na Pesquisa.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 120


Considerações finais

Finalizada a gestão, o sentimento de toda a Diretoria era de


satisfação, porque o balanço do que fizemos nos conduziu a uma
avaliação positiva quando o comparamos com nossas proposições
iniciais. A principal realização foi o I CBPOT, que permitiu: criar
outro nível de visibilidade da SBPOT e perspectivas novas de arti-
culação dos profissionais (acadêmicos ou não) da área; manifestar
nossa capacidade de articulação a um nível efetivamente nacional;
explorar alternativas de funcionamento à distância (internet); de-
monstrar a qualidade da produtividade técnico-científica da área;
conseguir o reconhecimento do CNPq sobre o caráter nacional e
da qualidade do evento já na primeira edição; demonstrar, junto
às demais entidades da Psicologia, as especificidades da área, sua
capacidade organizativa e potencialidades de crescimento (técni-
co-científico); e ampliar a filiação à Associação.

A realização do I CBPOT foi um marco histórico na construção


do campo nacional da POT. Essa primeira edição criou um espaço
de intercâmbios acadêmico-profissionais que posteriormente se
ampliou e se consolidou. Permitiu ainda iniciar um trabalho que
conduziu ao reconhecimento internacional de nossa entidade.
Nosso evento foi noticiado pela International Association of Applied
Psychology (IAAP) e contou com algumas participações de pes-
quisadores espanhóis. A realização do I CBPOT também nos pro-
porcionou perceber a colaboração gratuita/espontânea de muitas
pessoas que contribuíram na organização e realização do evento,
especialmente os coordenadores da comissão organizadora – An-
tônio Virgílio Bastos e Sônia Gondim – e da comissão científica
– Francisco José Albuquerque.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 121


O congresso, a concessão de assinaturas da rPOT aos fi-
liados e o grupo de discussão na internet, entre outras ações,
concretizaram a campanha por filiação, embora não tivessem
exclusivamente este objetivo. Todas devem ser valorizadas, prin-
cipalmente, como um meio de compartilhar conhecimentos
recém-produzidos no nosso campo. A terceira meta da nossa
Diretoria, promover apoio aos encontros regionais, não foi tão
bem sucedida como desejaríamos. Realizamos várias outras ati-
vidades igualmente importantes para a consecução do objetivo
maior de construir meios que permitissem articular melhor pes-
quisadores e profissionais da área, incentivando a produtividade
dos mesmos e o aperfeiçoamento de suas ações.

A Diretoria agiu com a dedicação e esmero pela SBPOT, den-


tro dos limites da época. Os itens do esboço de programa da cha-
pa funcionaram apenas como ponto de partida na gestão. Fomos
adicionando as demandas em surgimento no período e tentando
respondê-las da melhor maneira possível, fazendo a SBPOT ocu-
par e ampliar seu espaço no cenário nacional, dirimir os precon-
ceitos existentes em relação à POT, torná-la atrativa para jovens
em formação e fortalecer a formação profissional e científica,
bem como a atuação profissional.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 122


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Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 124


Apêndice

I CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA


ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
Antônio Virgílio B. Bastos

Preparação do congresso

Todas as atividades de preparação, realização e avaliação do


congresso orientaram-se pelo seu objetivo principal, conforme
anunciado neste capítulo:

• “Propiciar intercâmbios entre psicólogos/pesquisado-


res, profissionais/psicólogos e outras profissões de in-
terface com a Psicologia, incentivando a consolidação
do crescimento do campo de conhecimento.”

Guiamo-nos também pelas limitações reais existentes, como:


os meios de comunicação da época, os recursos disponíveis a um
primeiro congresso, a disponibilidade dos colaboradores (profes-
sores, profissionais e estudantes) reduzida pelos seus demais en-
cargos. Entretanto, as atividades foram realizadas coletivamente,
envolvendo pesquisadores da área de Psicologia Organizacional
e do Trabalho. Foram dirigidas pelas entidades promotoras do
evento – a Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do
Trabalho (SBPOT) e o Programa de Pós-graduação em Psicologia
da UFBA – e uma entidade coparticipante – a Consultoria Júnior
de Psicologia da UFBA –, com o apoio, ainda, na coordenação dos
trabalhos, das comissões designadas pela assembleia da SBPOT:

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 125


a comissão organizadora, coordenada pela minha pessoa, e a
comissão científica, coordenada pelo Prof. Francisco José Batista
de Albuquerque. A composição da Diretoria da SBPOT e das comis-
sões organizadora e científica conta com professores/pesquisado-
res de diversos estados, o que significa que as coordenações dos
trabalhos ocorreram principalmente à distância e apoiadas no uso
dos recursos de comunicação oferecidos pela internet. O conjunto
de atividades foi realizado nas seguintes etapas:

• Detalhamento do planejamento do congresso e ações


organizativas

Como ações de planejamento e organizativas compreenderam-


-se todas as decisões que se referem, por exemplo, à definição do
local e da data de realização, definição das atividades que o con-
gresso abrange, elaboração de normas para classificar atividades
no congresso. Tais ações iniciaram-se na assembleia da SBPOT que
ocorreu pela oportunidade do III Congresso Norte-Nordeste de Psi-
cologia em João Pessoa, e intensificaram-se em novembro/2003.

• Preparação de site

Preparamos e mantemos (atualização contínua na época) um


site na internet, (www.sbpot.org.br/congresso). Esse site do con-
gresso, vinculado ao da SBPOT, esteve disponível a todos a partir de
dezembro/2003. Exerceu o papel de um birô de informações (propó-
sitos do congresso, atividades, submissão de atividades, inscrição,
informações sobre hospedagens e voos, etc.). Por isso, dedicou-se
um especial esforço de manutenção contínua na época, garantindo
a atualização das informações, à proporção que os preparativos para
o congresso avançavam.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 126


• Atividades de divulgação do congresso

A principal forma de divulgação do I CBPOT foi, provavel-


mente, o próprio site. Mas foram desenvolvidos muitos outros
esforços, como: divulgação dos propósitos gerais do I CBPOT e
da existência do site em todas as oportunidades pertinentes, bem
como por meio da lista de endereços eletrônicos daqueles envol-
vidos com a preparação do congresso e da lista de pesquisadores
do CNPq; divulgação direta pelos envolvidos em suas instituições
de origem e em outras que por ventura tinham qualquer inter-
câmbio; cartazes que foram distribuídos em muitas instituições
e para as entidades do Fórum de Entidades Nacionais da Psicolo-
gia Brasileira. Algumas entidades participantes do Fórum (como
é o caso do Conselho Federal de Psicologia) contribuíram nesta
etapa divulgando o evento também nos próprios sites.

• Recepção e apreciação da submissão de atividades

As propostas de atividades (simpósios, sessões coordenadas


de pesquisa e experiência) foram submetidas através de formu-
lário (arquivo Word, da Microsoft) disponibilizado na internet,
sendo enviado diretamente ao e-mail do presidente da comissão
científica. Este, por sua vez, apoiado no trabalho de um jovem
bolsista (do próprio congresso) distribuía diretamente (eletroni-
camente) para os consultores ad hoc, os quais aplicavam os cri-
térios definidos pela comissão científica. Foram submetidas 231
propostas de atividades, como mostra a Tabela 1, das quais 183
foram aprovadas.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 127


Tabela 1. Atividades propostas por modalidade
e conclusão dos pareceres

Modalidade Favoráveis % Desfavoráveis % Total %

Cursos 9 90% 1 10% 10 100%

Simpósios 7 100% 0 0% 7 100%

Sessões
23 92% 2 8% 25 100%
Coordenadas

Relatos de
14 78% 4 22% 18 100%
Experiência

Painéis 134 77% 41 23% 175 100%

Total 183 20% 48 20% 231 100%

O volume de atividades propostas e a colaboração crite-


riosa e minuciosa dos pareceristas foram as primeiras evidências
do sucesso do congresso, o que evidenciou simultaneamente a
fertilidade da área objeto do congresso. Os proponentes foram in-
formados dos resultados da apreciação de suas propostas através
de mensagem eletrônica do presidente da comissão científica e/
ou por meio da divulgação dos resultados no site do congresso.

Como as normas sugeriam, alguns relatos de experiên-


cias foram submetidos isoladamente na expectativa de que as
comissões científica e organizativa do congresso reagrupassem
em sessões. Isto foi feito com os casos possíveis, e adicionalmen-
te foram feitos com alguns painéis que claramente tinham afi-
nidades, embora não existisse uma articulação prévia entre os

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 128


autores. Estas táticas foram adotadas em função do objetivo de
promover intercâmbio do congresso.

• Programação e convite aos participantes para as ativida-


des institucionais (conferências e mesas redondas)

Além das atividades oriundas da demanda espontânea,


as entidades promotoras do congresso, com o apoio das comis-
sões organizadora e científica, propuseram e organizaram sete
conferências e sete mesas redondas. Estas foram programadas
com a intenção de garantir que assuntos em debate na época,
ou que eram considerados problemas da área, fossem adequa-
damente tratados, bem como visando chamar atenção para tópi-
cos representantes de lacunas na área. Destas atividades (listas
abaixo), muitas tiveram impactos nas decisões da Assembleia da
SBPOT que se realizou durante o I CBPOT, e/ou implicaram no
estabelecimento de intercâmbios com outras entidades cientí-
ficas, órgãos públicos e setores voltados para a atuação prática
profissional. Destaca-se ainda que entre as conferências conta-
mos também com a colaboração de dois professores da Univer-
sidade Complutense de Madrid. Essas atividades foram:

Conferências

• Comportamento Organizacional: articulando ciência e


profissão, por Mirlene Maria Matias Siqueira (Universi-
dade Metodista de São Paulo).

• Gestão de carreiras: Sigmar Malvezzi (Universidade de


São Paulo e Fundação Getúlio Vargas-SP).

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 129


• Empreendedorismo de pessoas: Fernando Dolabela
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico).

• Consecuencias psicosociales del desempleo: José Luis Ál-


varo Estramiana (Universidad Complutense de Madri).

• La crisis de la sociedad salarial: retos para la psicología


del trabajo y de las organizaciones, por Alicia Garrido
Luque (Universidad Complutense de Madri).

• Gestão Social: as mediações entre os saberes e a prática,


por Tânia Maria Diederich Fisher (Universidade Federal
da Bahia).

• Maturidade e Trabalho: Aguinaldo Aparecido Neri (Pon-


tifícia Universidade Católica – Campinas).

Mesas Redondas

• A avaliação psicológica e os concursos públicos. Insti-


tuto Brasileiro de Avaliação Psicológica (Palestrantes:
Cláudio Hutz, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul; Bartholomeu Trócolli, Universidade de Brasília; Ri-
cardo Primi, Universidade São Francisco).

• A produção de conhecimento em Psicologia Organiza-


cional e do Trabalho. Sociedade Brasileira de Psicologia
Organizacional e do Trabalho (Palestrantes: Jairo Edu-
ardo Borges-Andrade, Universidade de Brasília; Maria
Aparecida P. Silva Oliveira, Conselho Nacional de Desen-
volvimento Científico e Tecnológico; Oswaldo Yamamo-
to, Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 130


• Ética e responsabilidade social na produção de conheci-
mento e atuação profissional em Psicologia Organizacio-
nal e do Trabalho. Sociedade Brasileira de Psicologia Or-
ganizacional e do Trabalho (Palestrantes: Livia de Oliveira
Borges, Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Cláudio Hutz, Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Odair Furtado, Conselho Federal de Psicologia; Sigmar
Malvezzi, Universidade de São Paulo e Fundação Getúlio
Vargas-SP).

• Formação em Psicologia Organizacional e do Trabalho.


Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do
Trabalho (Palestrantes: José Carlos Zanelli, Universida-
de Federal de Santa Catarina; Antônio Virgílio B. Bastos,
Universidade Federal da Bahia; Gardênia da Silva Abbad,
Universidade de Brasília).

• Saúde Psíquica e Trabalho. Sociedade Brasileira de Psico-


logia Organizacional e do Trabalho (Palestrantes: Maria
das Graças Jacques, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul; Maria Elizabeth Lima, Universidade Federal de Mi-
nas Gerais; Wanderley Codo, Universidade de Brasília).

• Qualificação, Certificação e Orientação Profissional


no Sistema Público de Emprego. PPGEDu-UFBA (Pa-
lestrantes: Antonio Almerico Biondi Lima – PPGEdu/
UFBA; Remígio Todeschini – MTE; Marcelo Alvarez de
Souza – PPGSociologia – UNB; Carlos Roberto Ernesto
da Silva – Banco do Brasil e Associação Brasileira de
Orientadores Profissionais).

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 131


• A Orientação Profissional e de Carreira no Ensino Supe-
rior: Como preparar o jovem universitário para a contínua
negociação de expectativas de desenvolvimento entre a
pessoa e as empresas? ABOP – Associação Brasileira de
Orientadores Profissionais (Palestrantes: Dulce Helena
Penna Soares; Jaqueline Xikota; Milta Costa da Silva Ro-
cha; Marcos Antonio Lucatti Vono; Romeu Trauer).

Elaboração do programa
detalhado do congresso

Concluída a fase de exame das propostas, essas foram sendo


paulatinamente divulgadas no site do I CBPOT. Acredita-se que tal
antecipação foi importante para que o I CBPOT ganhasse credibi-
lidade perante os potenciais participantes. Em decorrência da di-
versidade das modalidades de atividades, os prazos estendidos das
sessões coordenadas de pesquisa e de experiência em debate, bem
como dos painéis, implicaram um número maior de participantes
em condições de submeter propostas de atividades. A programação
foi disponibilizada no site, no formato completo, no final de semana
que antecedeu ao congresso (mais tarde do que se previa no início,
mas mais cedo do que muitos congressos).

A programação também foi disponibilizada em formato im-


presso a todos os participantes, junto com um kit (bolsa, papel
para anotação, caneta, revistas, etc.), no momento de receber
sua identificação (crachás) no local do evento. A secretaria exe-
cutiva do evento começou a funcionar no local do congresso na
tarde que antecedeu a solenidade de abertura.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 132


Construção de parcerias
As parcerias de certa forma foram elucidadas quando se fi-
zeram referências às atividades institucionais, entretanto me-
recem destaque, tanto pelo significado das mesmas quanto por
terem ultrapassado os contatos para proposição de atividades.
De fato, houve um amplo empenho das entidades promotoras
e comissões do evento nesta etapa, que foi considerada estra-
tégica, porque permitiu: tratar de tópicos que envolvem mais
de que uma área do conhecimento, combatendo a tão criticada
fragmentação do conhecimento; estabelecer laços com áreas de
aplicação do conhecimento, o que em última análise valoriza a
própria produção de conhecimento e estimula aplicações e novas
parcerias que venham implicar a melhoria de qualidade de vida
do trabalho e/ou de produção das empresas; e construir formas
alternativas de financiamento do congresso diante da insufici-
ência dos recursos públicos. Os apoios recebidos e as inscrições
pagas pelos participantes foram importantes para garantir a
logística do congresso, que contou, entre outros aspectos, com:
uma empresa especializada para desenvolver as atividades de se-
cretaria do evento; local com condições adequadas; distribuição
de um kit que incluía inclusive revistas especializadas na área;
comercialização de livros e periódicos relacionados à área, no
local do evento, e lançamento de livros; um coffee break simples;
passagens, hospedagem e translado para a maioria dos convida-
dos (conferencistas e participantes de mesas redondas).

Sobre tal esforço de construção das redes de apoio, registra-


mos ainda que elas se concretizaram à medida que o I CBPOT

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 133


ganhou em credibilidade e divulgação. Avaliamos que fatores –
como a contínua manutenção do site, a participação da SBPOT
no Fórum de Entidades Nacionais de Psicologia Brasileira, a in-
serção daqueles envolvidos com a organização e promoção do
evento em muitas instituições e estados brasileiros, bem como
o reconhecimento do trabalho científico destas pessoas – foram
imprescindíveis para o crescimento das alianças. Por isso, lista-
mos a seguir as entidades que apoiaram o evento:

• Apoio Institucional: Conselho Nacional de Desenvolvi-


mento Científico e Tecnológico (CNPq); Sociedade Bra-
sileira de Psicologia (SBP); Fórum de Entidades da Psico-
logia Brasileira (FENPB); Conselho Federal de Psicologia
(CFP); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(FAPESB).

• Patrocínios: Casa do Psicólogo; Revista RAE; Revista de


Administração de Empresa; Petrobrás.

Inscrições e emissões
dos certificados

As inscrições do congresso iniciaram-se em janeiro/2004 e se


prolongaram até o início do evento, ocorrendo algumas inscrições
ainda no local de realização do mesmo. Todo o trabalho de controle
dos formulários de inscrições foi coordenado pela empresa contra-
tada para secretariar o evento (Dagaz Eventos). As inscrições eram
enviadas diretamente ao endereço eletrônico da empresa, bem
como o comprovante de depósito bancário correspondente.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 134


Os preços pagos pelas inscrições foram diferenciados por cate-
gorias (profissionais e estudantes), sendo sempre mais barato para
aqueles que já pagam a anuidade de SBPOT. Adotaram-se também
diferenciações por preço em relação à época em que as inscrições
eram feitas, pois que as inscrições antecipadas facilitam a prepa-
ração do evento, visto que algumas despesas ocorrem em tal fase.
Inscreveram-se, no I CBPOT, 1093 participantes, dos quais aproxi-
madamente 76% eram estudantes e 24% eram profissionais.

A mesma empresa controladora das inscrições assumiu a


emissão dos certificados, sendo que os preparou antecipada-
mente e os entregou mediante o acompanhamento das apresen-
tações durante o evento.

Realização do evento

A abertura ocorreu no dia 21/07/2004 no Salão Nobre da Reito-


ria da Universidade Federal da Bahia. As entidades promotoras do
evento e as comissões de trabalho (organização e científica) repre-
sentaram-se na mesa de abertura juntamente com o representan-
te do reitor da UFBA e o orador da abertura. Este último, realizou
um resgate histórico da Psicologia na Bahia, bem como do papel
da profissão. Ocorreram, ainda, atividades culturais organizadas
pela Consultoria Júnior de Psicologia da UFBA.

A logística montada para o evento pela secretaria executiva


mostrou funcionar perfeitamente. Todas as salas/auditórios funcio-
naram contando com a disponibilidade dos equipamentos progra-
mados (datashow, microcomputadores e outros, quando solicitados
pelos palestrantes) e com uma equipe de apoio preparada pela

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 135


secretaria executiva com assessoria das entidades promotoras e
comissão organizadora do evento. Esta equipe era responsável pelo
manejo dos equipamentos e apoiava o coordenador da atividade ex-
positiva no controle do uso do tempo e no controle das frequências
dos participantes.

Resultados

A realização do I CBPOT implicou vários resultados, uns


tangíveis e outros não, como se listam a seguir:

• Um banco de dados dos inscritos.

• Maior visibilidade da SBPOT, tanto entre os psicólogos


organizacionais e do trabalho quanto perante outras enti-
dades e instituições, o que é um marco importante para a
construção do conhecimento e fortalecimento da atuação
profissional na área.

• Uma receptividade maior na construção de parcerias para


as próximas gestões da SBPOT.

• Crescimento do número de filiados à SBPOT.

• Maior clareza dos profissionais participantes no sentido


de que podem modernizar e arrojar suas atuações man-
tendo intercâmbio mais direto com a academia.

• Construção de um “jeito” de organizar um congresso na


área.

• Fortalecimento da percepção de adequação de congressos


de áreas mais específicas.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 136


• Mapeamento dos tópicos nos quais as pesquisas têm cres-
cido mais e os que se constituem em lacunas, a partir da
computação das propostas institucionais e de demanda
espontânea.

Avaliação do congresso

No último dia do congresso, realizou-se uma reunião am-


pla envolvendo entidades promotoras, comissão organizador,
comissão científica e secretaria executiva com a finalidade de
realizar-se uma avaliação ainda no próprio local e presencial. A
discussão realizada pode ser resumida nos seguintes pontos:

• O objetivo do congresso foi atingido, embora intercâmbios


entre psicólogos/pesquisadores, profissionais/ psicólogos
e outras profissões demandem continuamente acompa-
nhamento e incentivo.

• O sucesso do congresso está claro, de forma que o evento


se tornou um marco histórico para a área de Psicologia do
Trabalho e das Organizações.

• O congresso conseguiu realizar um relevante trabalho de


divulgação científica e incentivar as trocas entre grupos de
pesquisa que tiveram oportunidade de conhecer mais de
perto o que os demais estão fazendo.

• O congresso conseguiu também criar espaço para dis-


cussão de tópicos importantes que têm se constituído
em desafio para a área, como a questão da ética na pes-
quisa, do impacto da avaliação dos testes psicológicos
na área, o crescimento da produção científica na área e

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 137


as lacunas existentes, a aplicabilidade do conhecimen-
to produzido na área e as políticas públicas, o impacto
do desemprego, etc.

• O número de inscritos superou as expectativas iniciais


(aproximadamente 600 pessoas).

• Houve uma proporção satisfatória de profissionais, consi-


derando-se as limitações de divulgação no setor profissio-
nal e o fato de que as entidades promotoras são oriundas
do meio acadêmico.

• Um trabalho sistemático de divulgação do evento demo-


rou a iniciar em decorrência da absoluta falta de recursos.
Os cartazes foram distribuídos com a submissão de traba-
lho quase encerrada. Por isso, destaca-se que é importante
contar-se com um montante de recursos financeiros já no
início da preparação do evento.

• O prazo de submissão de propostas de sessões coordena-


das, de painéis e de relatos de experiência foi prorrogado
mais de uma vez visando fazer um contraponto às defici-
ências de divulgação. De um lado, este fato democratizou
a submissão de propostas, de outro deixou a comissão
científica e, especialmente, a comissão organizadora, com
um prazo muito curto, tornando a elaboração da progra-
mação mais árdua.

• A qualidade das atividades desenvolvidas foi muito boa,


tanto pelo que foi presenciado pelos participantes da ava-
liação quanto pelos comentários e/ou feedbacks informais
dos demais participantes do congresso.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 138


• O presidente da comissão científica indicou ser im-
portante contar com outros membros da comissão na
mesma cidade e/ou instituição, podendo compartilhar
melhor as responsabilidades.

• O envio das inscrições e das propostas de trabalho para


lugares distintos confundiu alguns participantes.

• A articulação entre exposições dos simpósios e sessões


coordenadas, no geral, revelaram-se muito bem feitas,
indicando o envolvendo positivo e cuidadoso dos auto-
res das propostas.

• O congresso transcorreu em clima tranquilo, amistoso e


de entusiasmo, chegando a impressionar os dirigentes do
hotel que foi tomado como local do evento.

• Os participantes ofereciam feedbacks positivos esponta-


neamente.

• A construção das parcerias foi muito fértil e abriu espaço


favorável para a construção do segundo congresso.

• Ter os anais disponíveis já no congresso foi um mérito por


ser uma primeira versão de congresso.

• O entusiasmo das pessoas com o sucesso do congresso ne-


cessita ser canalizado para a manutenção do evento.

• O envolvimento na promoção e organização do evento de


pessoas de instituições e localizações distintas fortaleceu
o congresso. Isto precisa ser mantido.

• A secretaria executiva funcionou muito bem durante o


congresso. O apoio da Agência de turismo garantindo in-
clusive os translados também foi muito bem feito.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 139


• Levantou-se ser interessante para os próximos eventos
pensar-se na publicação de anais de trabalho completo,
pelo menos para conferências, mesas e simpósios.

• Os painéis, seguindo a tradição da maioria dos eventos,


ficaram expostos durante um dia inteiro. Programaram-
-se sessões de debates destes painéis ao final do horário
vespertino. Esta forma de incentivo ao intercâmbio, aos
autores dos painéis, pode ser importante, mas não fun-
cionou bem. É preciso preparar melhor os coordenado-
res de tais atividades para ganhar em efetividade.

• As normas sobre atividades e a submissão das mesmas


permitiu o funcionamento da comissão científica, mas
precisam ser bastante melhoradas. Há muitas lacunas
e ambiguidades.

Por fim, assinalamos que a avaliação do I CBPOT realizada


na época tanto revelou que o congresso foi bem sucedido quanto
permitiu à SBPOT aprender com a experiência para aperfeiçoar
os congressos subsequentes, já que aquele representou a inau-
guração de um congresso regular.

Capítulo 3 - Gestão 2003-2005 140


Capítulo 1 141
GESTÃO 2005 2007

Gardênia da Silva Abbad – Presidente


Mirlene Siqueira – Tesoureira
Sônia Maria Guedes Gondim – 1ª Secretária
Kátia Barbosa Macêdo – 2ª Secretária
Jairo Eduardo Borges-Andrade – Presidente do II CBPOT
Capítulo 4
Gestão 2005 – 2007

Gardênia da Silva Abbad


Sônia Maria Guedes Gondim
Kátia Barbosa Macêdo

1. O resgate histórico do período


da gestão de 2005 a 2007

A
terceira diretoria da SBPOT, ao ser eleita em maio de
2005, comprometeu-se a dar continuidade à política
de crescimento e consolidação da entidade, por meio
do aperfeiçoamento de políticas de visibilização da produção
científica e profissional da área, além da ampliação e aprimora-
mento da comunicação entre a SBPOT e a comunidade. Partici-
param da diretoria da entidade quatro mulheres pesquisadoras
nas respectivas funções: Gardênia da Silva Abbad (Presidente);
Mirlene Siqueira (Tesoureira); Sônia Maria Guedes Gondim (1.a
Secretária); Kátia Barbosa Macêdo (2.ª Secretária).

143
Nesta seção, pretendemos contar um pouco da história que
nos uniu para formarmos a equipe de gestão da entidade no
biênio 2005-2007. Em especial, queremos homenagear Mirlene
Siqueira, uma personagem gigante da área de POT, e que tra-
balhou conosco por muito tempo. Mirlene Siqueira, brilhante
pesquisadora da área, fazia parte dos grupos de trabalho - GT
- POT quando as ideias de criação da revista (rPOT) e da SBPOT
circulavam e eram amadurecidas pelos seus integrantes. Após o
desenvolvimento de projetos, pesquisas, eventos e muitas dis-
cussões, esse grupo se ampliou e percebeu que se fazia neces-
sário constituir uma entidade que desse visibilidade à área, até
então pouco valorizada na área de Psicologia.

Mirlene Siqueira, no ano de 1998, estava entre os pioneiros


da SBPOT, participando ativamente das discussões e comparti-
lhando o sonho de criação de uma entidade que pudesse ampliar
as redes de interação entre profissionais, estudantes e pesquisa-
dores de POT no Brasil e que estimulasse a produção e a divul-
gação de conhecimentos sobre a ciência e a prática profissional
nos diversos campos da área. Na Foto 1, um dos registros do VII
Simpósio da ANPEPP, em 1998, vemos os três criadores da rPOT
e alguns dos fundadores da SBPOT, Jairo Borges-Andrade, Antô-
nio Virgílio Bastos e José Carlos Zanelli, além de Mirlene Siquei-
ra, Francisco Albuquerque, Edson Moura (à esquerda), Maria da
Graças Torres da Paz (à direita) e convidado/a(s).

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 144


Foto 1. Grupo de trabalho reunido em Gramado - RS em 1998.

Na foto 2, aparecem reunidos ao redor da mesa os três pionei-


ros: Jairo, Zanelli e Virgílio (ao fundo), durante o VIII Simpósio
da ANPEPP em Serra Negra - SP, em 2002. Esse grupo discutia,
entre outros assuntos, a elaboração dos capítulos do “livro ver-
de”, Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil, cuja 1a. edição
foi publicada em 2004. Além dos três pioneiros, participavam
do grupo de trabalho Mirlene Siqueira, Maria da Graça Jaques,
Iris (à esquerda), Francisco Albuquerque, Livia de Oliveira Bor-
ges e Gardênia Abbad (à direita). A foto registra a participação
de mulheres pesquisadoras nas reuniões do GT e a interação de
pesquisadores de diversas regiões do país.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 145


Foto 2. Grupo de trabalho da ANPEPP reunido em Serra Negra em 2000.

Na foto 2, aparece o retroprojetor, ferramenta da época e re-


curso (moderno) de apoio aos trabalhos do GT. Havia papéis e
pastas sobre a mesa. O computador ainda não era um dispositivo
móvel! O grupo parecia feliz. Sabíamos, a partir das leituras dos
cenários e desafios da POT no Brasil, elaboradas pelos pioneiros
e demais membros do GT POT, que tínhamos um longo caminho
a trilhar. Precisávamos abrir mais espaços para a produção e
divulgação de conhecimentos em POT no Brasil, e também am-
pliar nossas redes de colaboração e parcerias.

  Na foto 3, aparecem, no primeiro plano (sentadas, da es-


querda para a direita), Sônia Gondim, Elizabeth Loiola, Mirlene
Siqueira (de óculos escuros) e Maria do Carmo Martins. No se-
gundo plano (em pé) estão, também da esquerda para a direita:
Antônio Virgílio B. Bastos, Wanderley Codo, Jairo Eduardo Bor-
ges-Andrade, José Carlos Zanelli, Gardênia Abbad e Narbal Silva.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 146


Ao fundo, encontram-se os cartazes de divulgação da rPOT e da
SBPOT, que eram orgulhosamente levados por nós para todo o
lado. A entidade SBPOT e a rPOT (ainda publicada em meio im-
presso) eram motivo de muito orgulho para todas as pessoas que
participaram das ações ou testemunharam esses momentos.

Foto 3. Grupo de trabalho da ANPEPP reunido em Águas de Lindóia em 2002.

O GT POT, a criação da rPOT e da SBPOT, e a redação de obras


coletivas e pesquisas oportunizaram a formação de vínculos entre
pessoas que desejavam consolidar e ampliar as conquistas. Na reu-
nião registrada na foto de 2002, estavam presentes três das quatro
mulheres que dirigiram a entidade de 2005 a 2007, Sônia, Mirlene
e Gardênia. Kátia Macêdo juntou-se ao GT e passou a compor a
terceira equipe de gestão da entidade. Os vínculos entre nós qua-
tro, Sônia, Gardênia, Kátia e Mirlene foram sendo construídos por
meio de muitas conversas, redação de textos, projetos, estudos,
reuniões por videoconferência e reuniões presenciais do GT.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 147


Quando, em 2005, a gestão das quatro mulheres começou,
havia um contexto de animação com o futuro e uma forte união
das pessoas em torno da entidade e da revista. A entidade precisa-
va ampliar a sua inserção nos grandes debates sobre formação em
psicologia, que sacudiam a Psicologia Brasileira com a publicação
das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em
Psicologia pelo Conselho Nacional de Educação, em 2004, a cria-
ção do FENPB (Fórum de Entidades da Psicologia Brasileira) e a
realização do II Congresso de Psicologia Ciência e Profissão.
A publicação da primeira edição do “livro verde” (Foto 4),
em 2004, foi um marco importante para a discussão da formação
em Psicologia Organizacional e do Trabalho, pois, ao se analisar,
no capítulo 15, a inserção profissional do psicólogo em organi-
zações e trabalho, propõe-se uma revisão dos campos e níveis de
atuação e de pesquisa em POT, favorecendo a análise das compe-
tências e habilidades necessárias à atuação na subárea.

Foto 4. Capa do “livro verde”, publicado em 2004.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 148


Entre outras valiosas contribuições, o livro, carinhosamente
apelidado “livro verde” (para os alunos, o dragão verde) também
apresentou, no capítulo 16, um panorama da produção de conheci-
mentos em organizações e trabalho, descrevendo os temas relacio-
nados à subárea em projetos e linhas de pesquisa em andamento ou
encerrados no triênio 1998-2000 em programas de pós-graduação
(mestrado e doutorado), de acordo com informações oriundas de
relatórios da CAPES. Era possível observar, nesse cenário, que ha-
via uma grande variedade de temáticas de estudo, concernentes a
assuntos de psicologia do trabalho, gestão de pessoas e psicologia
organizacional, e de grupos de pesquisa dispersos em universidades
das cinco regiões geográficas brasileiras. Além disto, no que dizia
respeito aos periódicos científicos que publicavam artigos em POT,
havia apenas duas revistas especializadas em temáticas dessa subá-
rea (Revista Psicologia: Organizações e Trabalho - rPOT, ligada à UFSC,
e Cadernos de Psicologia Social e do Trabalho, ligada à USP). As demais
eram seis revistas de Administração e 10 revistas de Psicologia.
Posteriormente, a rPOT, fruto da colaboração de três programas de
pós-graduação (UFSC, UFBA e UnB) passou a ser incorporada pela
SBPOT, ressaltando a importância deste periódico para o desenvol-
vimento da POT no Brasil.

O quadro de mudanças nas diretrizes curriculares provocou


mudanças nos currículos dos cursos de psicologia, que incluíam
desde a reestruturação da formação, anteriormente baseada em
transmissão de conteúdos, até uma estrutura curricular baseada
no desenvolvimento de competências e habilidades profissio-
nais, técnicas, científicas e pessoais. Essa movimentação em tor-
no da implantação das novas diretrizes curriculares em cursos

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 149


de psicologia, na área de POT, foi incentivada por discussões
nos CBPOT sobre a natureza e complexidade das habilidades e
competências necessárias à atuação do profissional de Psicolo-
gia. A SBPOT promoveu esses debates nos seus congressos (I e II
CBPOT) e incentivou a reflexão sobre as especificidades de POT
a partir dos estudos e publicações de autores vinculados aos gru-
pos de trabalho da ANPEPP.

Durante a gestão 2005-2007, a SBPOT, junto com outras entida-


des científicas filiadas ao FENPB, compôs a comissão organizado-
ra do II Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência & Profissão (CBP).
Os profissionais da área de POT tinham poucas oportunidades de
formação, qualificação e requalificação em POT, poucos livros es-
pecializados, publicação de artigos dispersa em revistas de outras
áreas ou de psicologia, e uma rede incipiente de pesquisadores
da subárea. A entidade SBPOT precisava atuar para aumentar a
produção de pesquisas e materiais educativos e o intercâmbio de
conhecimentos entre profissionais e pesquisadores da área.

O “livro verde”, a SBPOT e a rPOT, ainda publicada em meio


impresso, sem apoio de sistema informatizado de editoração de
manuscritos, foram marcos importantes para a construção de
redes de intercâmbio entre profissionais de ensino, pesquisa e
intervenção em psicologia. A SBPOT, em 2005, ainda precisava
aprimorar a gestão administrativa da entidade, fixando endereço
do CNPJ, para fins de administração dos recursos financeiros, e
organizando os serviços de tesouraria, além de empreender ações
para melhorar a comunicação da entidade com associados e a so-
ciedade em geral por intermédio do site da entidade e de outros
recursos de interação e comunicação disponíveis naquela época.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 150


2. Metas e realizações da diretoria
no período de 2005 a 2007

Entre as metas da diretoria das quatro mulheres, estavam:


(1) propor alterações no estatuto em diversos aspectos, entre os
quais a regionalização da SBPOT, a inclusão de mais um mem-
bro na diretoria (vice-diretor), a mudança de sede da SBPOT
para endereço fixo, a mudança do nome de Sociedade para
Associação, a revisão do cálculo do reajuste da anuidade, e in-
corporação da rPOT pela SBPOT;   (2) realizar o II CBPOT; (3)
participar ativamente do debate sobre a inserção da Psicologia
como área da Saúde, defendendo a autonomia das demais áreas
e especialidades da Psicologia de se manifestarem sobre a clas-
sificação mais adequada de seus respectivos campos de atuação
e de produção intelectual, e reagir às ameaças ao saudável pro-
cesso de diferenciação de áreas; e (4) aprimorar o pagamento
das anuidades por meio eletrônico, com emissão automática de
boletos bancários de cobrança.

Dentre as ações que foram realizadas até o final da gestão,


ressaltamos que, além de conseguirmos cumprir todas as me-
tas propostas, participamos ativamente de reuniões do Fórum
de Entidades (FENPB) e publicamos um “Manifesto da SBPOT”,
no dia 7 de março de 2007, no qual, comunicamos aos nossos
associados o envio, no dia 28 de fevereiro do mesmo ano, de
uma carta ao FENPB, manifestando o posicionamento contrá-
rio à inserção da Psicologia apenas como subárea de saúde.
Tal posicionamento foi compartilhado por algumas entidades
de Psicologia, dentre elas a Associação Nacional de Pesquisa e

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 151


Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), presidida naquela épo-
ca por Jairo Eduardo Borges-Andrade (UnB), que também havia
manifestado reiteradamente a sua posição contrária à classifi-
cação da Psicologia como profissão e ciência restrita à área de
saúde. A meta de defender a ideia de uma Psicologia diversa,
plural e democrática foi atingida com sucesso pela entidade.

A segunda edição do Congresso Brasileiro de Psicologia Orga-


nizacional e do Trabalho foi muito bem-sucedida. Foi realizada em
Brasília com a presença de mais de 800 participantes e múltiplas
atividades, todas as quais avaliadas positivamente pelos participan-
tes. O congresso contou com o apoio administrativo e científico da
entidade, tanto na organização do evento, como nas atividades da
comissão científica e do corpo de pareceristas ad hoc.

A diretoria da entidade na gestão 2005-2007 também parti-


cipou de discussões sobre áreas temáticas e especialidades da
Psicologia em conjunto com o CNPq (Conselho Nacional de Pes-
quisa) e de reuniões no MEC (então Ministério da Educação e
Cultura), promovidas pela Associação Brasileira de Ensino de
Psicologia (ABEP), que, naquela ocasião, preconizava a classifi-
cação da Psicologia como área da saúde. A diretoria da SBPOT,
nessas reuniões, posicionou-se contrária à opinião da ABEP e re-
afirmou a posição da entidade em favor de uma psicologia mais
ampla, diversa e democrática.

Além das metas atingidas, a entidade firmou convênio de


parceria de pesquisa com o CFP (Conselho Federal de Psicolo-
gia) para a realização da pesquisa “Quem é o Psicólogo Brasi-
leiro”, que contava com financiamento do CNPq. Essa iniciativa

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 152


formalizou o envolvimento da maior parte dos membros da atu-
al diretoria da SBPOT, assim como de alguns associados, na rea-
lização da pesquisa sobre o psicólogo brasileiro.

Em 2007, a editoria da rPOT passou a ser realizada por Sô-


nia Gondim, Gardênia Abbad e Narbal Silva. Eram coeditores
imbuídos da tarefa de modernizar a revista, tarefa iniciada com
sucesso em 2007 e finalizada em 2010.

3. Sobre o II CBPOT (Congresso Brasileiro


de Psicologia Organizacional e do Trabalho)

A SBPOT participou e apoiou a realização do II Congresso


Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho, ocorrido
em Brasília de 26 a 29 de julho de 2006. A escolha da logomarca
do evento (Foto 5) inspirou-se na escultura “Os Guerreiros” de
Bruno Giorgi, em homenagem aos trabalhadores que construí-
ram a Capital Federal.

Foto 5. Logomarca do II CBPOT.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 153


Segundo o relatório de atividades do congresso, o evento
teve 1.150 inscritos e 850 pagantes. No I CBPOT, foram recebidas
231 propostas de atividades. No II CBPOT, esse número quase
dobrou, aumentando para 415 trabalhos submetidos ao evento,
assim distribuídos por atividade: 20 (4,8%) minicursos, 14 (3,4%)
simpósios, 8 (2,0%) sessões coordenadas, 60 (14,4%) casos em
POT, 177 (42,6%) apresentações orais e 136 (32,8%) pôsteres.

A comissão organizadora do II CBPOT tinha a seguinte com-


posição: Jairo Eduardo Borges-Andrade (presidente), Amália R.
Pérez-Nebra, Ana Magnólia Mendes, Cláudio V. Torres, Luciana
Mourão, Odair Furtado, Ronaldo Pilati, Maurício Sarmet, Rose
Mary Gonçalves, Solange Alfinito, e os estudantes de graduação
vinculados à Praxis Consultoria Jr. da UnB: Luara Presotti, Lucia-
na Stoimenoff, Milena Sbardelotto, Nathália Campos e Vanessa
Brixi. A participação de estudantes de graduação na organização
do evento merece destaque, pois foi bem-sucedida devido ao
engajamento e mobilização da empresa Praxis Consultoria Jr.,
vinculada ao Instituto de Psicologia da UnB.

A comissão científica, presidida por Maria Cristina Ferreira,


contou com a participação de Eveline Maria Leal Assmar, Fran-
cisco José Batista de Albuquerque, Helenides Mendonça, Juliana
Barreiros Porto, Livia de Oliveira Borges, Maria do Carmo Mar-
tins, Mário César Ferreira, Sônia Maria Guedes Gondim e Suzana
da Rosa Tolfo. Além desses pesquisadores, profissionais e estu-
dantes, houve a participação ativa de 40 consultores ad hoc que
representavam as diversas temáticas do congresso e grupos de
pesquisa vinculados a programas de pós-graduação sediados em
universidades das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 154


O evento oportunizou o fortalecimento e a ampliação de redes
de colaboração e intercâmbio científico e profissional no Brasil.

A cerimônia de abertura do II CBPOT ocorreu no Auditório


Master do Centro de Convenções de Brasília, completamente
lotado de participantes do evento. A conferência de abertura,
denominada Diversidade, Responsabilidade Social e Inclusão no
Contexto de O&T, foi proferida por Bernardo M. Ferdman, da
Marshall Goldsmith School of Management, Alliant International
University, EUA.

Foram também dignas de nota as demais conferências do II


CBPOT, que enfocaram temas relevantes para as diversas áreas e
campos de atuação em POT, analisaram avanços científicos, levaram
a audiência a refletir sobre a produção de conhecimentos, planejar
agendas de pesquisa e avaliar implicações práticas desses debates
para o aprimoramento das práticas profissionais. A segunda con-
ferência, Ética no Estudo e Prática de POT, foi proferida por Rodney
Lowman, pesquisador vinculado à Marshall Goldsmith School of Ma-
nagement e à Alliant International University. A conferência Sentido do
Trabalho e Desemprego foi apresentada por Ricardo L. C. Antunes, da
Universidade Estadual de Campinas, SP. A quarta e última conferên-
cia, denominada Liderança em um Mundo Multinacional, foi proferi-
da por Peter B. Smith, professor da University of Sussex.

Os 14 minicursos destacaram-se pela variedade de temas,


abordagens teóricas e metodológicas que discutiram: Psicologia
Econômica, Comportamento do Consumidor, Fundamentos Te-
óricos para o Planejamento Instrucional em TD&E, Diagnóstico
de Necessidades de Treinamento, Avaliação de Treinamentos

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 155


Presenciais e a Distância, Processo de Seleção de Pessoal, Usabili-
dade Extrínseca e Avaliação de Interfaces de Sistemas Informati-
zados, Burnout, Violência Psicológica no Trabalho, Assédio Moral
e Saúde Mental, Escalonamento Multidimensional – SSA, Elabo-
ração de Instrumentos de Medida, Modelagem por Equações Es-
truturais (MME) em Psicologia Organizacional e do Trabalho, e
Profissiografia. Os minicursos representaram a preocupação da
área em divulgar avanços da produção de conhecimentos na área,
e sinalizaram agendas de pesquisas futuras e de intervenções
inovadores em psicologia do trabalho e das organizações. Nota-se
também que alguns cursos abordaram temas ligados à psicologia
de pessoal (gestão de pessoas), em especial ao recrutamento e se-
leção de pessoal (R&S) e treinamento, desenvolvimento e educa-
ção (TD&E) em organizações e trabalho, temas muito importantes
para a inserção dos profissionais no mercado de trabalho.

Como no I CBPOT, houve uma seção de lançamento de livros


importantes para a formação e prática em POT no Brasil. Um
dos lançamentos foi o do livro Treinamento e Desenvolvimento e
Educação em Organizações e Trabalho: fundamentos para a gestão
de pessoas, no dia 28 de julho de 2006, durante o evento.

4. Sobre a editoria da rPOT – 2007 a 2010

       As sucessivas gestões de docentes/pesquisadores à fren-


te da editoria da rPOT têm exercido um papel chave na institu-
cionalização da Psicologia Organizacional e do Trabalho como
campo científico e profissional no contexto brasileiro. Os edi-
tores que nos antecederam no período, José Carlos Zanelli, Jairo

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 156


Eduardo Borges-Andrade e Antônio Virgílio Bastos, envidaram
esforços que estreitaram os vínculos entre a Associação Brasilei-
ra de Psicologia (SBPOT) e a rPOT. Por iniciativa comum, a partir
de 2005 o trabalho de elaborar, produzir e distribuir a rPOT, na
época ainda em versão impressa, passou a ser compartilhado
entre as três importantes instituições de ensino superior públi-
cas: Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade de
Brasília e Universidade Federal da Bahia.
Seguir o caminho desses brilhantes pioneiros que marcam a
história da Psicologia Organizacional e do Trabalho constitui-se
ao mesmo tempo uma honra, mas também um grande desafio.
No início de 2007, ingressamos na editoria: Narbal Silva (UFSC),
Gardênia da Silva Abbad (UnB) e Sônia Gondim (UFBA), seguindo
os passos dos que nos antecederam, de fazerem-se representar
as três instituições de ensino superior públicas. A nossa equipe
de gestão era composta também por Marcela Nicoletti (assisten-
te editorial da rPOT na UFSC), na ocasião graduanda no curso de
Psicologia, e Rodrigo R. Ferreira (assistente editorial da rPOT na
UnB, na ocasião doutorando sob orientação de Gardênia Abbad),
atual professor do Departamento de Administração da UnB.

Herdamos com alegria o crescimento do número de artigos


submetidos à avaliação e o salto expressivo na qualidade da pro-
dução científica, indicadores positivos de que a comunidade de
POT começava a reconhecer a rPOT como um veículo importan-
te de divulgação dos seus estudos acadêmicos e profissionais.
Durante a nossa gestão, foram publicados sete números da revis-
ta com temas bastante diversificados, mostrando a riqueza das
contribuições a serem oferecidas ao campo de conhecimento de

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 157


POT e áreas afins. O número de artigos avaliados no período foi
de 114, sendo que deste total foram publicados 45, com percen-
tual de 55% de rejeição.

O tempo médio de tramitação pelo fluxo editorial da rPOT foi


de 11 meses, sendo que o mais longo ocorreu no primeiro nú-
mero de 2009, que atingiu cerca de 14 meses para a finalização
do processo. A rPOT contava na época com 250 avaliadores ad
hoc. Entre 2007 e 2010 foram convidados e inseridos no banco de
avaliadores mais 77 pesquisadores.

Procuramos também dar alguns passos para a indexação da


rPOT nas importantes bases de dados. No ÍndexPsi, os seguintes
números da revista foram indexados em 2010: 1/2003, 1/2004,
1/2005, 2/2005 e 1/2006. Outro ganho, a partir do número 1/2008
(primeiro número depois da avaliação Qualis da Capes ocorrida
em 2007), foi a aprovação da rPOT para indexação na base Lilacs
(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).  

Em 2007, a rPOT passou a ser apresentada em versão on-line, o


que representou um ganho inestimável por viabilizar um acesso
mais amplo e rápido ao conhecimento produzido na nossa área.
Uma delas foi a sua inserção no SEER – Sistema de Editoração Ele-
trônica de Revistas Científicas, um passo importante para a inde-
xação da revista, providência fundamental para pleitear melhor
classificação no Qualis Periódicos da CAPES. O SEER possibilitou
a realização on-line de todos os passos da editoração da revista,
desde a submissão de manuscritos pelos autores até a avaliação
dos artigos pelos consultores e a hospedagem dos artigos em
página da internet. O sistema permitiu ainda uma gestão mais

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 158


moderna da editoração dos artigos, reduzindo etapas, facilitando
o controle do ritmo das avaliações dos manuscritos, aumentando
a efetividade da revisão cega por pares, e a divulgação dos artigos
na íntegra para todos. Isto contribuiu para que exemplares ante-
riores se tornassem disponíveis em versão digital, transformando
a rPOT em uma revista eletrônica.

Em 30 de março de 2010, a rPOT passou a ser publicada no


portal PePsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia). O portal foi
uma iniciativa da Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia (BVS-
-Psi), da Associação Brasileira de Editores Científicos em Psico-
logia – ABEPCiP e da União Latino-Americana de Entidades de
Psicologia – ULAPSI, e contava com o apoio do Centro Latino-A-
mericano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, que
cedeu a Metodologia SciELO e o Sistema SciELO de Publicação.
Para levar esse projeto adiante, em julho de 2009, as coedito-
ras Sônia Gondim e Gardênia Abbad e o assistente editorial na
época, Rodrigo R. Ferreira, participaram de um treinamento na
Biblioteca da Universidade de São Paulo sobre o sistema PePSIC
de publicação. O treinamento teve como resultado a migração
da revista para o referido sistema de gestão editorial.

Procuramos avançar também na modernização da gestão


da rPOT ao aprimorarmos as normas de publicação, adotando
aquelas da American Psychological Association (APA), exigindo de-
clarações de cessão de direitos autorais dos artigos, solicitando
assinatura de todos os autores e coautores autorizando a publi-
cação, e ainda oferecendo orientações mais detalhadas sobre a
submissão e a preparação dos manuscritos para submissão. Tam-
bém é digno de menção que, nesse período, e de modo inédito,

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 159


a rPOT passou a ser diagramada pela própria equipe editorial,
em Brasília. Assim, foi possível alcançarmos uma integração e
um domínio total do processo de editoração dos números pe-
los membros da editoria da revista, da submissão à publicação.
A ampliação do número de consultores da revista foi também
um passo importante para agilizar o fluxo editorial, conforme
apontamos anteriormente. Além disso, os editores passaram a
realizar uma análise prévia detalhada do formato do artigo e da
adequação do conteúdo à política de publicação da revista, antes
de enviá-lo aos consultores ad hoc.

Todas as fases de editoração sofreram mudanças visando au-


mentar a eficiência dos processos de avaliação e de revisão dos
artigos. Nossa meta era ajudar a revista, no futuro próximo, a
sair de uma periodicidade semestral para quadrimestral, o que
passou a vigorar na gestão editorial subsequente.

Entregamos a gestão da rPOT aos novos editores com o sis-


tema de gestão eletrônica da rPOT funcionando plenamente.
Todas as funções de submissão, avaliação, edição, marcação, pu-
blicação e envio para bases de dados encontravam-se ativas no
sistema. O site de publicação da rPOT também estava em pleno
funcionamento, com todos os volumes e números da revista, de
2001 a 2009, disponibilizados em formato digital.

Agradecimentos especiais:

Nesta seção, reiteramos o nosso desejo de prestar home-


nagem a nossa colega Mirlene Siqueira, pelas valiosíssimas con-
tribuições durante a gestão das quatro mulheres e pela brilhante

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 160


produção de conhecimentos científicos e tecnológicos em POT,
que inspirou e continua inspirando pesquisas, intervenções e
ensino de graduação e pós-graduação em POT no Brasil.
Queremos agradecer também à Amália Raquel Pérez-Nebra,
participante ativa da comissão organizadora do II CBPOT, que
disponibilizou diversos documentos relativos ao evento.

Manifestamos a nossa gratidão à Maria Nivalda de Carvalho-


-Freitas e demais integrantes da diretoria da SBPOT (2020-2022)
pela iniciativa em celebrar os 20 anos de criação da entidade, que
permitirá marcar a história da entidade, inspirando novas gera-
ções de psicólogos organizacionais e do trabalho no Brasil. É tam-
bém uma maneira de reconhecer o trabalho de todas as diretorias
que consolidaram a entidade e a revista nas duas últimas décadas.

Somos gratas à Melissa Machado de Moraes, que buscou


pessoalmente, na sede da entidade na UnB, em plena pandemia
de COVID 19, os documentos impressos que continham atas,
relatórios, e demais informações que viabilizaram o resgate de
uma parte da história da gestão 2005-2007. Agradecemos a Sa-
brina Cavalcanti Barros, pela organização dos documentos das
gestões da entidade em drive compartilhado com todos os ex-di-
rigentes da entidade.

Por fim, queremos manifestar gratidão a Rodrigo Ferreira,


que nos ajudou a relembrar os esforços de modernização da re-
vista, que iniciamos em 2007, ainda durante a gestão 2005-2007,
e concluímos em 2010, durante a quarta gestão da entidade.

Capítulo 4 - Gestão 2005 – 2007 161


GESTÃO 2007 2010

Maria do Carmo Fernandes Martins – Presidente


Sonia Maria Guedes Gondim – Vice-presidente
Juliana Porto – 1ª Tesoureira
Sinésio Gomide Júnior – 2º Tesoureiro
Luciana Mourão – 1ª Secretária
Maria das Graças Torres da Paz – 2ª Secretária
José Carlos Zanelli – Presidente do III CBPOT
Mirlene Maria Matias Siqueira – Presidente do IV CBPOT
Capítulo 5
Gestão 2007 – 2010

Maria do Carmo Fernandes Martins


Sonia Maria Guedes Gondim
Juliana Porto
Sinésio Gomide Júnior
Luciana Mourão
Maria das Graças Torres da Paz

Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas


nos levam para trás, são chamadas de memórias.
Outras nos levam para frente, são chamadas sonhos.

Jeremy Irons

A GESTÃO DA SBPOT 2007-2010:


um período de transição

E
sta gestão da diretoria da SBPOT vivenciou um perío-
do de transição da entidade. Havia a preocupação em
fazer coincidirem as eleições da diretoria da entidade
com a realização bianual do Congresso Brasileiro de Psicologia
Organizacional e do Trabalho (CBPOT). Isso agilizaria o proces-
so eleitoral, promovendo maior participação dos associados.

163
Por isso, a nossa diretoria foi eleita para um mandato de apenas
um ano, com mandato a partir do dia 25 de maio de 2007, sendo
depois reeleita para o período de 2008-2010. Foram, enfim, três
anos de gestão.

Ciosa de sua responsabilidade e de seu compromisso para


com a consolidação e expansão da SBPOT, nossa gestão seguiu
os passos bem-sucedidos das anteriores em um esforço coletivo
de levar adiante sua missão em prol da projeção científica da
Psicologia Organizacional e do Trabalho dentro e fora do Brasil.
Oriundos de diversas regiões geográficas nacionais e portado-
res de aportes complementares, os membros que compuseram
nossa gestão procuraram atuar de modo integrado e articulado.
E assim seguimos por três anos, cientes de que os passos dados
representavam apenas pequenos avanços em prol dessa subárea
da Psicologia no desafiador cenário nacional.

Embora já tivesse percorrido uma trajetória digna de nota,


sinalizando seu crescimento e consolidação, a SBPOT ainda pre-
cisava vencer ainda vários obstáculos, dentre eles o da transfe-
rência de sede administrativa, fiscal e bancária, importante para
caracterizar jurídica, científica e profissionalmente a entidade.
Com o intuito de registrar os pontos marcantes de nossa ges-
tão e contribuir com a memória da SBPOT, descrevemos, neste
capítulo, algumas ações e encaminhamentos: 1) organização
administrativa/financeira da entidade; 2) fortalecimento da co-
operação nacional entre pesquisadores da área; 3) disseminação
de conhecimentos sobre POT; 4) incentivo ao diálogo entre as-
sociados e a comunidade interessada em POT; e 5) ampliação da
participação política da SBPOT no cenário nacional.

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 164


1. Organização administrativa
/financeira da SBPOT

Começamos nosso relato pela transferência de sede da


SBPOT de Florianópolis para Brasília, aprovada juntamente com
o novo estatuto por ocasião da assembleia da entidade realizada
em 25/05/2007. O primeiro passo de nossa gestão foi o de buscar
a regularização legal da entidade. Embora tivéssemos sido elei-
tos em assembleia, uma série de pendências legais nos impedia
de atuarmos oficialmente como membros da diretoria. A ata
da eleição da nova diretoria precisava ser registrada no cartó-
rio de Florianópolis, sede até então da SBPOT, mas nenhum dos
membros era de Santa Catarina. Durante todo esse período de
transição de diretoria contamos com a inestimável colaboração
e apoio de Mirlene M. M. Siqueira, tesoureira da gestão anterior
e oficialmente registrada no cartório de Florianópolis. Sem essa
ajuda a SBPOT teria enfrentado sérias dificuldades para seguir
funcionando. Os documentos financeiros da entidade, até mea-
dos do segundo semestre de 2007, seguiram sendo assinados por
ela, quando enfim conseguimos registrar a ata de eleição.

Adicionalmente, enfrentamos dificuldades para a transfe-


rência da sede. Havia um desentendimento entre os cartórios
envolvidos, de Florianópolis e Brasília, sobre os documentos ne-
cessários para essa transferência. A presidente da SBPOT teve de
se deslocar para Florianópolis e entregar pessoalmente a lista de
documentos requeridos pelo cartório de Brasília para que o se-
guimento da transferência de sede da entidade fosse efetivado, o
que ocorreu finalmente em maio de 2008. A decisão de sediar a

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 165


SBPOT em Brasília deu-se em assembleia da entidade, e a inten-
ção era a de centralizar e fixar um endereço, evitando a neces-
sidade de transferência de cartórios a cada mudança de gestão.
Outro fato que pesou nesta decisão foi a cessão de uma sala loca-
lizada no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília que
serviria de guarda de documentos, funcionando também como
sede da r-POT, Revista Psicologia: Organizações e Trabalho.

A mudança do estatuto trouxe avanços na adequação da Asso-


ciação à legislação vigente. A sigla foi mantida, embora o nome
da entidade tenha passado a ser Associação Brasileira de Psico-
logia Organizacional e do Trabalho (SBPOT). O estatuto também
atualizou os órgãos deliberativos (Assembleia Geral; Assembleia
Ordinária; Diretoria; e Conselho Fiscal), especificando melhor
suas atribuições. A data de eleição da diretoria foi modificada
nesse novo estatuto, prevendo assembleia geral anual interca-
lando os anos de eleição dos membros do Conselho Fiscal e da
Diretoria. Uma das assembleias deveria ocorrer durante o Con-
gresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho
(CBPOT), realizado bienalmente. A mudança foi imprescindível
para fins de adequação à legislação, pois o Conselho Fiscal é o
responsável por analisar a prestação de contas da diretoria. Sen-
do assim, havia a necessidade de separar os processos eleitorais
e também de assegurar que o conselho fiscal, finda a vigência da
gestão da diretoria, pudesse proceder à análise da prestação de
contas de modo independente.

Procuramos também levar a cabo ações para atualizar o cadas-


tro dos associados, visando regularizar a cobrança de anuidades,
principalmente aquelas relativas ao ano de 2007. Os congressos

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 166


acontecem em anos pares, e nos anos ímpares a entidade enfren-
ta queda de aportes financeiros. Em busca de soluções para este
descompasso de aportes relativos às anuidades, e para agilizar os
canais de comunicação com os associados, investimos no cadas-
tro on-line dos membros da SBPOT no ano de 2008. Naquele ano,
contabilizamos 212 associados em situação regular fiscal, o que
representou um avanço em relação a anos anteriores.

Outro foco de atenção de nossa gestão foi o de oferecer novos e


atrativos benefícios para os associados. Um deles foi fruto de parce-
ria com a Editora Artmed, considerada, à época, uma das principais
editoras de saúde mental do país, com histórico de aproximação
com as associações científicas nacionais. A parceria previa a consul-
toria especializada de membros da SBPOT na escolha dos melhores
títulos nacionais e estrangeiros a serem publicados e na tradução
mais adequada da terminologia nesse campo. Previa ainda a parti-
cipação da editora nos eventos da entidade, com exposição de livros
de interesse na área de POT. Em acréscimo, permitia também a con-
cessão de desconto de 15% para associados em suas compras pela
página web da Artmed em todas as obras publicadas pela editora, e
a impressão – sem custos para a SBPOT – de material de divulgação
da sociedade, inclusive anais do CBPOT.

2. Fortalecimento da cooperação nacional


entre pesquisadores e interessados pela POT

Do nosso ponto de vista, uma entidade científica se fortalece


ao criar canais para a cooperação interna entre pesquisadores
para a produção de conhecimento. Nesse sentido, nossa gestão

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 167


engajou-se em ações para aumentar a participação ativa dos
membros da Associação na pesquisa nacional “A ocupação do
psicólogo: um exame à luz das categorias da Psicologia Organiza-
cional e do Trabalho”, levada a cabo pelo Grupo de Trabalho (GT)
de Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) pertencente à
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia
(ANPEPP). Os membros desse GT eram também membros da
SBPOT. Os dados da pesquisa foram apresentados no III CBPOT
em caráter inédito, e o livro intitulado O trabalho do psicólogo no
Brasil, organizado por Antônio Virgílio Bastos e Sônia Gondim,
coordenadores do GT à época, teve sua publicação pela Artmed
no ano de 2010.

Durante nossa gestão investimos ainda na manutenção de


intercâmbio e parcerias com outras associações e entidades na-
cionais e internacionais, tanto científicas quanto profissionais.
A Psicologia Organizacional e do Trabalho estava se firmando
no Brasil, e a SBPOT ampliou sua visibilidade perante outras
associações científicas, aumentando seu poder de diálogo e in-
fluência. Investimos também no estímulo à participação de pro-
fissionais e estudantes vinculados à Psicologia Organizacional
e do Trabalho e áreas afins, dada a importância estratégica de
ampliarmos a comunidade científica e profissional.

É preciso considerar que o campo de POT enfrenta o desa-


fio de atender simultaneamente às demandas de produção de
conhecimento qualificado, auxiliando no avanço científico nos
temas relacionados ao trabalho e às organizações, e às dos pro-
fissionais que atuam na prática de gestão, ávidos por encontrar
na academia soluções efetivas e eficazes para os seus problemas.

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 168


Os profissionais e pesquisadores representam juntos 30% dos
congressistas dos CBPOTs, e torna-se estratégico envidar esfor-
ços para melhor alinhamento entre as demandas práticas e a
produção científica, especialmente em um contexto de coopera-
ção interdisciplinar que caracteriza o campo da POT.

3. Disseminação de conhecimentos
via CBPOT e r-POT

O fortalecimento da cooperação nacional teve como desdo-


bramento ações direcionadas para a integração e disseminação
de conhecimentos de POT nos espaços que se mostravam deman-
dantes, articulando com instâncias que se revelam potenciais para
a ampliação da rede de colaboradores. Uma das principais vias de
disseminação de conhecimentos promovidas pela SBPOT é o Con-
gresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho, que
tem periodicidade bienal. Sua terceira edição ocorreu em 2008. O
apoio da diretoria da SBPOT ao CBPOT é de importância estratégica,
o que não foi diferente para a nossa gestão.

O procedimento usual previsto para eleição da sede dos


CBPOTs passa pela apresentação formal de candidaturas por
parte de instituições de formação, com o apoio de associados, a
serem apreciadas e aprovadas em assembleia da entidade. O pa-
pel da SBPOT sempre foi o de oferecer algum suporte financeiro
inicial e logístico com o fito de ajudar na viabilização do congres-
so e também assegurar o alinhamento entre as instituições e as
instâncias envolvidas. Como promotora do evento, a SBPOT, na
nossa gestão, seguindo a tradição de gestões anteriores, assumiu

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 169


o protagonismo na divulgação junto aos associados e à comuni-
dade, além de propor mesas institucionais de grande relevância e
atualidade para a área de POT e os profissionais que nela atuam.

Um outro desdobramento relativo ao fortalecimento da co-


operação interna com efeitos na melhor disseminação do co-
nhecimento no campo de POT ocorreu em função da SBPOT ter
passado a responder pela gestão da rPOT. Na ocasião, a SBPOT
reconheceu que a rPOT nasceu do PPGP/UFSC, fruto de um tra-
balho pioneiro protagonizado pelo Professor José Carlos Zanelli.
Porém, procurou dar um passo adiante ao firmar uma parceria
da entidade com os Programas de Pós-Graduação em Psicologia
da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, da Univer-
sidade Federal da Bahia - UFBA e da Universidade de Brasília –
UnB. Os fatos principais que levaram à formação dessa parceria
proposta pela SBPOT foram: (a) o investimento que a Associação
vinha fazendo em uma revista com a qual não tinha vinculação
direta; (b) o momento de mudança pelo qual a rPOT estava pas-
sando, que demandava um investimento financeiro e humano
compatível com seu estatuto no campo da POT e áreas afins; (c)
a tendência de valorização por parte do QUALIS/CAPES de re-
vistas vinculadas a associações científicas; e (d) a necessidade
de a SBPOT ter uma revista própria, sendo inviável a Associação
manter financeiramente uma nova revista e continuar manten-
do o apoio financeiro à rPOT.

Como fruto da parceria, a SBPOT apoiou a reestruturação da


rPOT, a primeira e única revista científica especializada em Psico-
logia Organizacional e do Trabalho, na época sob chefia de edição
de Narbal Silva (UFSC) e editoria associada de Gardênia Abbad

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 170


(UnB) e Sônia Gondim (UFBA). A revista passou a ser digitaliza-
da. Definiu-se um orçamento que atendesse às necessidades do
fluxo editorial, além de ter-se decidido por repassar para a rPOT
os direitos autorais do principal livro publicado pela Artmed, inti-
tulado Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil, organizado por
José Carlos Zanelli, Jairo Eduardo Borges-Andrade e Antônio Vir-
gílio Bittencourt Bastos. O mesmo foi feito em relação às demais
publicações de membros do Grupo de Trabalho da ANPEPP que
contaram com o apoio da SBPOT.

O suporte à rPOT, todavia, exigia mais ações. Foi assim que


na nossa gestão a entidade contratou também dois assistentes
editoriais (estagiários, mestrando e graduando), um para Floria-
nópolis, para apoiar o editor-chefe, e outro para dar suporte à
editora associada em Brasília, que centralizaria a recepção dos
artigos submetidos.

A SBPOT também ofereceu suporte para que houvesse a mi-


gração da revista para o Sistema de Gestão Editorial do Periódicos
Eletrônicos de Psicologia – PePSIC, que oferecia vantagens em
relação ao Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas – SEER
adotado desde a data de criação da revista. Isso levou as editoras
Gardênia Abbad e Sônia Gondim, com o suporte do estagiário na
época, Rodrigo Ferreira, hoje professor da Faculdade de Admi-
nistração da UnB, a se deslocarem para a Biblioteca da USP em
São Paulo, para fins de treinamento sobre o referido sistema.

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 171


4. Incentivo ao diálogo entre diretoria,
associados e a comunidade interessada em POT

Ao considerar estratégico o fortalecimento do diálogo inter-


no e externo, nossa gestão empreendeu ações para estimular ini-
ciativas de cooperação entre pesquisadores da área. A atuação se
deu principalmente junto aos CBPOTs e ao grupo de discussão
criado pela entidade.

Nesse período, o CBPOT havia sido reconhecido como um


evento nacional de projeção para a área, com mesas propostas
pela diretoria no III e no IV CBPOTs abordando temas de gran-
de relevância. Em paralelo, a diretoria propôs outras ações para
aumentar a participação no grupo de discussão, criado desde a
fundação da entidade, que na época contava com 100 participan-
tes. No final de nossa gestão, em 2010, o referido grupo estava
composto por 800 pessoas. No grupo, circulavam discussões
teóricas e práticas importantes da área, como os problemas
de interface entre os psicólogos e outros profissionais. Um dos
temas bastante debatido na época foi o atinente aos limites da
atuação do psicólogo, principalmente em função das restrições
legais impostas pelos conselhos profissionais dos administrado-
res, que defendiam a exclusividade de atuação profissional na
área de gestão de pessoas aos administradores. Isto nos levou a
contratar um parecer jurídico a um escritório de advocacia espe-
cializado, com o objetivo de oferecer insumos que orientassem
ações de defesa de profissionais, associados ou não à SBPOT, que
se deparassem com problemas legais decorrentes de restrições
impostas pelos conselhos profissionais de administradores.

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 172


Outro tipo de ação para melhorar o diálogo com os profissio-
nais da área foi a celeridade no envio de respostas aos e-mails re-
cebidos pela secretaria, de visitantes do site da SBPOT. Durante o
período de nossa gestão foram respondidos mais de mil e-mails,
sendo que alguns deles suscitaram importantes discussões e al-
gumas ações da diretoria, como o Manifesto da SBPOT sobre a
psicologia como área de saúde, que foi elaborado, compartilha-
do com as gestões anteriores da Associação e divulgado na lista
de discussão e do site.

A preocupação em ampliar os canais de diálogo e comuni-


cação também nos levou a investir na melhoria da página web
da SBPOT. Embora já existisse, procuramos atualizá-la, acres-
centando novas funções fundamentais para estreitar os laços
com a comunidade, aumentando o número de acessos. No site
da SBPOT, foi criada a seção “Quem Somos”, que apresentava a
entidade contextualizando seu surgimento e relacionando-o ao
crescimento da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho
no Brasil. As informações do site citavam passos importantes da
SBPOT na busca por desenvolver o status científico deste campo
de conhecimento, por meio do estímulo à pesquisa, à comuni-
cação e à publicação de resultados de investigações, além do
aprimoramento da prática profissional da área. Criamos tam-
bém uma seção para contar a história da SBPOT desde os seus
passos iniciais, incluindo ainda o registro de entrevistas com os
três primeiros presidentes da SBPOT, Narbal Silva (2001 - 2003);
Livia de Oliveira Borges (2003 a 2005) e Gardênia da Silva Abbad
(2005 a 2007).

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 173


Para além de marcadores da história da SBPOT, mantendo
a memória identitária da entidade, deixamos registrados tam-
bém os principais desafios a serem enfrentados à época: 1) am-
pliação do número de seus associados; 2) aproximação com os
profissionais que atuam na área de Psicologia Organizacional e
do Trabalho; 3) busca de melhoria de qualificação da rPOT; e 4)
necessidade de a associação manter-se cada vez mais presente
em todas as instâncias políticas e científicas de debate das temá-
ticas da área. Para colaborar com a organização de informações,
a criação de uma área exclusiva para associados e a atualização
cadastral, foi contratada uma estagiária para a SBPOT a partir de
junho de 2008.

5. Ampliação da participação política

É certo que uma entidade científica se fortalece ao abrir


frentes de atuação política visando construir pontes com as
demais áreas de interface, quer científicas ou profissionais. A
SBPOT, reconhecendo a convergência e a transversalidade dos
fenômenos objeto de estudo e prática em POT, necessitava man-
ter diálogo com outras entidades representativas da Psicologia e
áreas afins. Seguindo esta diretriz, durante o III CBPOT foi reali-
zada uma mesa redonda intitulada “Interfaces na atuação do Psi-
cólogo Organizacional: nova realidade, novos desafios”, com
a presença de membros da diretoria da SBPOT e do Conselho
Federal de Psicologia, onde foi debatida a inquietação sobre as
interfaces da área, apresentando os conflitos que os psicólogos
da área organizacional encontravam à época e discutindo sobre
a movimentação necessária para que fosse possível um trabalho

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 174


complementar entre psicólogos e profissionais de áreas afins,
sobretudo administradores.

A participação ativa da SBPOT no Fórum de Entidades Nacio-


nais da Psicologia Brasileira (FENPB) também foi um caminho
para ajudar no fortalecimento da pesquisa e da prática em Psi-
cologia e para consolidar o papel social deste campo do saber
em nosso país. O FENPB tem por finalidade discutir políticas e
práticas voltadas para a formação e para a prática profissional,
além de articular ações conjuntas e integradas em defesa da Psi-
cologia no Brasil. Ressaltamos ainda que a inclusão da SBPOT
entre as entidades científicas que indicam representantes para
a renovação dos Comitês de Assessoramento (CAs) do Conselho
Nacional de Pesquisa (CNPq) mostrou-se um passo importante
para o reconhecimento de nossa capacidade de contribuir para
as políticas científicas do país.

Publicamos dois manifestos da SBPOT marcando a posição da


entidade frente a temas de grande repercussão nacional. O primeiro
foi sobre a visão restrita que o enquadramento da Psicologia como
área da saúde ocasiona, e o segundo referiu-se à indissociabilidade
entre a Psicologia do Trabalho e a Psicologia Organizacional.

No primeiro manifesto defendeu-se, naquele momento, que se-


ria um erro histórico deixar de reconhecer que a Psicologia emerge
no campo das ciências empíricas com uma dupla identidade: como
ciência humana e como ciência da vida mental. Como ciência hu-
mana, a Psicologia procurou a sua identidade na desvinculação de
sua raiz filosófica e no delineamento de métodos de investigação e
de apreensão do seu objeto de estudo: a mente e o comportamento

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 175


humano. Como ciência da vida mental, a Psicologia encontrou sua
identidade na psicofisiologia e em teorias da dinâmica psíquica,
construídas a partir de estudos de pacientes clínicos. Mas, para
além de ciência humana e da vida mental, a Psicologia é também
uma ciência social, com forte tradição nos estudos dos processos
de interação humana e dos fenômenos grupais e coletivos. Assim,
ao tomar a Psicologia como ciência humana, social e da vida men-
tal, analisamos criticamente a proposta de considerar a Psicologia
exclusivamente como ciência da saúde. Apoiamos, pois, as múlti-
plas identidades que tradicionalmente estão na raiz da construção
da ciência psicológica, alertando para o risco de forçar a unidade
em uma ciência plural desde sua origem.

No Manifesto da SBPOT sobre a Psicologia das Organizações e do


Trabalho – POT, o segundo, procuramos um diálogo profícuo entre
esses dois campos que historicamente estiveram fortemente inter-
-relacionados, o do trabalho e o das organizações, mas com riscos
de sérias rupturas intradisciplinares. Havia uma falsa cisão entre os
pesquisadores dedicados aos estudos sobre o trabalho como ativi-
dade humana em suas diversas expressões e aqueles dedicados ao
trabalho circunscrito às organizações. A SBPOT marcou oposição a
essa ilusória rivalidade interna na área de POT. Para sustentar esta
tese divulgamos um comunicado esclarecendo que o quadro de as-
sociados congregava pesquisadores, profissionais e professores que
se dedicavam tanto à Psicologia do Trabalho quanto à Psicologia das
Organizações, mostrando que os anais dos três congressos nacio-
nais até então realizados pela SBPOT contemplavam trabalhos de
ambas as áreas, com evidências de que a complementaridade e o
diálogo sempre estiveram presentes na SBPOT e nos CBPOTs. Nossa

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 176


defesa foi a da tolerância como único caminho para construir uma
POT que representasse toda a diversidade que cerca este subcampo
do fazer científico e profissional.

As ações políticas também se estenderam no engajamento da


participação da SBPOT na indicação de representantes para os
diversos congressos da Psicologia e áreas afins, e na concessão
de entrevistas sobre temas de POT, tanto para estudantes quanto
para a imprensa. O objetivo foi dar maior visibilidade ao campo
de POT para além dos muros universitários, acenando em dire-
ção a uma aproximação mais direta com a sociedade.

A título de reflexões finais sobre nossa gestão

Nossa gestão viveu um período de transição e esteve à frente da


SBPOT em um momento em que cabiam reflexões, realizadas de
modo sistemático, acerca do papel da Psicologia Organizacional e
do Trabalho no Brasil. Debatíamos, então, o papel da sociedade,
no sentido de dar projeção a este subcampo de conhecimento.
Buscávamos construir uma entidade que servisse como ponto
de referência e fórum legítimo de discussão política e científica
para os que atuavam, para os que se encontravam em processo
de formação e para aqueles que se interessavam pelo campo da
Psicologia Organizacional e do Trabalho. A SBPOT, que, naquele
momento, ainda tinha uma história curta, já se mostrava promis-
sora para o intercâmbio técnico-científico-profissional no campo
de POT, e vislumbrava muitos desafios pela frente.

Nosso olhar em retrospectiva nos revela a quantidade e a im-


portância das ações realizadas por esse pequeno grupo de seis

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 177


representantes de POT dispersos pelo Brasil, cuja comunicação
se dava, mais frequentemente, apenas por contato telefônico e
e-mail. Os recursos tecnológicos para a comunicação mediada e
ágil ainda não se encontravam disponíveis em profusão. O uni-
verso paralelo das redes sociais ainda estava dando seus primei-
ros passos no território nacional. A mudança paradigmática da
comunicação mediada ainda estaria por vir com efeitos diretos
na reestruturação da forma de diálogo e divulgação da SBPOT
com a sociedade, seus associados e o público geral.

Atuamos fortemente para a consolidação da nossa querida


SBPOT, contribuindo de modo decisivo para a transferência
legal de sede fiscal, física e financeira para a UnB em Brasília.
Estamos seguros de que ajudamos a dar passos significativos no
reposicionamento da SBPOT e da POT no contexto brasileiro, o
que nos envaidece por fazer parte desta história que completou
20 anos em 2021. O orgulho ainda maior é o de constatar que
as diretorias que nos sucederam fizeram crescer ainda mais a
SBPOT no cenário nacional e internacional, associando-se a re-
des parceiras como, por exemplo, a RIPOT (Red Iberoamericana
de Psicología Organizacional y del Trabajo), que hoje se reafirma
como integradora de pesquisadores do campo de POT para o
Brasil e os países vizinhos. Obrigada por fazermos parte desta
história. Sonhos realizados e sonhos que alimentam nossa espe-
rança de serem realizados em um futuro próximo.

Capítulo 5 - Gestão 2007 – 2010 178


Capítulo 1 179
GESTÃO 2010 2012

Jairo Eduardo Borges-Andrade – Presidente


Cássio Adriano Braz de Aquino – Vice-presidente
Elaine Rabelo Neiva – 1ª Tesoureira
Sérgio Ricardo Franco Vieira – 2º Tesoureiro
Thaís Zerbini – 1ª Secretária
Izabela Maria Rezende Taveira – 2ª Secretária
Maria Cristina Ferreira – Presidente do V CBPOT
Capítulo 6
Gestão 2010 – 2012

Jairo Eduardo Borges-Andrade


Cássio Adriano Braz de Aquino
Elaine Rabelo Neiva
Sérgio Ricardo Franco Vieira
Thaís Zerbini
Izabela Maria Rezende Taveira
Maria Cristina Ferreira

O
ano de 2010, no nível macro, iniciou com bons indica-
dores relativos a aspectos conjunturais do mundo do
trabalho, se comparados com os indicadores existentes
nos primeiros anos da segunda década do século XXI. A varia-
ção percentual do produto interno bruto em 2009 – comparada
a 2008 – era negativa (entre 1,22 e 2,13), e havia registro de um
desaquecimento dos indicadores de produção e vendas. Entre-
tanto, os indicadores do mercado de trabalho foram conside-
rados estáveis, conforme análise feita pelo IPEA (2010). Além
disso, o percentual da população economicamente ativa – em
relação à população em idade ativa – tinha apresentado um
comportamento relativamente estável em 2009 – comparado
aos anos anteriores. Essa análise supunha uma ausência de es-
tímulo a novas entradas de trabalhadores na força de trabalho.

181
A população economicamente ativa teria se expandido naquele
ano – especialmente no primeiro semestre. Mas a população em
idade ativa teria crescido um pouco.

A taxa média de desemprego foi de 8,1%, em 2009, ligeira-


mente superior à do ano anterior – 2008 (7,9%). Todavia, ela caiu
para 6,8% em dezembro de 2009, a menor da então nova série da
Pesquisa Mensal de Emprego. Essa queda foi creditada ao bom
desempenho no nível de ocupação – com disparidades regionais
(IPEA, 2010). Esse nível teve uma ligeira elevação de 0,7%, entre
2008 e 2009, contudo, nos últimos dois meses de 2009, ascendeu
com uma intensidade que contrastava com seu comportamento
em anos anteriores. A interpretação foi de queda no desempre-
go, com a indústria mostrando sinais de recuperação do em-
prego e um melhor desempenho na construção, intermediação
financeira e administração pública.

Os trabalhadores sem carteira tiveram uma redução de 3%, en-


tre 2008 e 2009. No decorrer deste último ano, que antecedeu a nos-
sa gestão da SBPOT, houve aceleração no aumento do emprego nos
grupos de trabalhadores por conta própria e sem carteira. Ocorreu
um ganho médio de 3,2% no rendimento médio real, entre aqueles
dois anos, e uma variação positiva de 3,9% na média anual da massa
salarial. Sinais de recuperação da crise estariam se consolidando e
um cenário positivo para o mercado de trabalho era projetado - com
retomada da geração de empregos com carteira e elevação dos ren-
dimentos (IPEA, 2010). Supomos que essa conjuntura, dos primeiros
anos da primeira década do século XXI, contribuiu para alavancar
a atuação profissional, a pós-graduação e a pesquisa em Psicologia
Organizacional e do Trabalho (POT), descritas a seguir.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 182


No nível meso, dados coletados entre 2005 e 2006 revelaram
que a dedicação de quem atuava no campo da POT – 83% do
sexo feminino e com 36 anos em média – era de aproximada-
mente 40h semanais. A maioria (61%) desenvolvia atividades de
avaliação de desempenho, diagnóstico organizacional, análises
de função ou ocupacionais, desempenho de pessoas e equipes,
recrutamento e seleção e reabilitação profissional, e 23% ti-
nham responsabilidades gerenciais. Metade combinava víncu-
los formais com trabalho autônomo. Um terço tinha vínculos
formais com somente um empregador – empresas privadas ou
organizações públicas federais ou estaduais. A maioria (70%) de
quem atuava no mencionado campo não pretendia abandonar
suas atividades e mensalmente recebia US$1.100,00, em média.
Sua titulação máxima era de graduação (45%) ou pós-graduação
(especialização, 40%; 12% mestrado e menos de 5% com douto-
rado) – frequentemente nas Ciências Sociais Aplicadas ou Edu-
cação e muito raramente em POT (Bastos & Gondim, 2010).

A atuação no campo da POT havia sido objeto de estudos em


22 artigos publicados em trinta anos, metade deles nos dez anos
que antecederam nossa gestão (Coelho-Lima, Costa & Yamamoto,
2011). A configuração das relações de trabalho nos contextos de
atuação em POT e a inadequação dos conteúdos e métodos uti-
lizados na formação acadêmica limitariam as possibilidades de
desenvolvimento dessa atuação, ressaltaram esses autores. As
atividades de ensino dos cursos de graduação, quando voltadas
para o campo da POT, tinham foco na gestão organizacional e pro-
moção da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores (Gondim,
Bastos, Borges-Andrade, & Peixoto, 2012). Porém, promoviam a

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 183


aquisição de conceitos e não priorizavam o desenvolvimento de
competências para a produção do conhecimento e para a avalia-
ção de intervenções, argumentaram esses autores.

Durante nossa gestão, e antes dela, muitos profissionais que


desenvolviam atividades em áreas de Recursos Humanos (RH)
passaram a relatar que estariam sendo constrangidos por ações
de alguns Conselhos Regionais de Administração (CRAs). Estes
apresentariam argumentação, não amparada pela legislação bra-
sileira, de que aquelas atividades seriam privativas de administra-
dores, e de que as consultorias de RH deveriam necessariamente
ter inscrição, como pessoas jurídicas, nesses CRAs. Além disso,
exigiriam a formação em administração daqueles que eram sócios
administradores de consultorias atuantes em gestão de pessoas.
Havia relatos de CRAs que estariam indicando administradores
para assumir tal papel contratual, cobrando algum honorário por
isso. Além disso, alguns Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs)
e cursos de graduação em psicologia passaram a exclusivamente
focar a área de saúde, no que respectivamente concerne à atuação
e à formação em psicologia. Com isso, os profissionais que atua-
vam na área de POT se sentiram desprotegidos, e seus argumentos
relativos à relevância da sua atuação foram enfraquecidos. Como
consequência, apareceram relatos de desistências de permanecer
atuando nessa área, ou de nela empreender esforços.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-


perior (CAPES), no início do século XXI, identificou a POT como
uma das lacunas dos Programas de Pós-graduação (PPGs) em
Psicologia. Essa lacuna foi significativamente reduzida nos anos
seguintes, principalmente com o aparecimento de linhas de

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 184


pesquisa em POT nesses PPGs, em quatro das cinco regiões do
Brasil (Gondim, Borges-Andrade, & Bastos, 2018). Até 2009, re-
sultou na grande aceleração da publicação de artigos científicos
sobre temas de POT, em periódicos brasileiros (Borges-Andrade
& Pagotto, 2010). A participação de docentes daquelas linhas de
pesquisa, em Grupos de Trabalho (GTs) da Associação Nacional
de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), foi apon-
tada como importante elemento para compreender a evolução
da subárea de conhecimento da POT (Borges-Andrade, Renteria-
-Pérez, & Toro, 2018).

Havia três GTs da ANPEPP com foco em POT, até 2004, e seis
a partir de 2006. Seus membros formaram uma rede e inter-
cambiaram conteúdos, participaram de bancas de dissertações
e teses e de reuniões científicas, publicaram conjuntamente,
intercambiaram estudantes e disciplinas da pós-graduação e
se visitaram com finalidades de pesquisa e extensão (Neiva &
Corradi, 2010). Essa rede, quando comparada a redes de outras
subáreas da Psicologia, tinha mais membros estrangeiros, mais
membros com apoio para realizar pesquisas, e demonstrava
mais conectividade intragrupos – mais distantes entre si, se-
gundo essas autoras. Nessa década, esses GTs desenvolveram
estratégias para sistematizar a discussão sobre desafios metodo-
lógicos e a elaboração de um manual brasileiro – a ser usado
no ensino da POT na graduação –, e para promover a criação
da Revista Psicologia Organizações e Trabalho (rPOT) e realizar os
primeiros Congressos Brasileiros de Psicologia Organizacional e
do Trabalho (CBPOT) (Borges-Andrade et al., 2018). Esses GTs e
aqueles PPGs com linhas de pesquisa em POT constituíram, no

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 185


nível meso, um elemento de apoio fundamental para nossa ges-
tão. Ela constituirá o foco do que será descrito a seguir, relativo
ao nível micro.

Ao lançarmos nossa candidatura para a gestão 2010-2012 da


SBPOT, apresentamos um Plano de Ação na Assembleia do IV
CBPOT, em São Bernardo do Campo (ver coluna esquerda da
Tabela 1). Éramos docentes nas Universidades de Brasília (Pre-
sidente e 1ª Tesoureira), Federal do Ceará (Vice-Presidente) e de
São Paulo (1ª Secretária), um empregado de uma organização
pública federal (2º Tesoureiro) e uma consultora (2ª Secretária).
A Presidente do V CBPOT, que ocorreria em 2012, era docente da
Universidade Salgado de Oliveira.

Nosso plano incluiu estratégias políticas para aproximar a


SBPOT dos profissionais de POT que não eram docentes, melhor
entender seus desafios, incluí-los no quadro de associados, e pro-
teger sua atuação contra intimidações ilegais advindas de CRAs.
Pretendíamos diminuir o distanciamento entre teoria e prática,
e fortalecer o diálogo entre o saber acadêmico e o fazer prático.
Planejamos atividades de regionalização da SBPOT no Brasil e a
ampliação da sua abrangência para incluir temáticas mais próxi-
mas das psicologias social, ambiental e do consumidor, além das
temáticas típicas relacionadas a trabalho e organizações. Outra
estratégia política envolvia promover o fortalecimento e a inte-
gração dos saberes e fazeres relacionados a essas duas temáticas
típicas – como construções interdependentes. Isso visava evitar
uma cisão que prevíamos, em consequência de ações realizadas
por forças políticas existentes no sistema Conselho de Psicolo-
gia. Concebemos estratégias de comunicação visando ampliar

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 186


o site da Associação, incluindo informações sobre cursos e pu-
blicações úteis para profissionais e estudantes, e atualizar seu
estatuto, visando utilizar a internet como meio de tomada de de-
cisão dos sócios e recebimento de boletins informativos. Ainda
pretendíamos inserir a SBPOT em redes internacionais de asso-
ciações congêneres e fortalecer os processos administrativos da
rPOT, e inseri-la em outras bibliotecas de acesso aberto.

Após o início da nossa gestão, fizemos reuniões para definir


atividades visando operacionalizar as propostas do nosso plano.
Na coluna direita da Tabela 1, apresentamos as atividades defini-
das e associadas a cada proposta.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 187


Tabela 1. Propostas, ações e atividades
da gestão 2010-2012 da SBPOT

Plano para a gestão


Atividades
2010-2012

1) Identificar grupos de sócios e estudantes em cada região


do país e estimulá-los a realizar atividades tais como
encontros e minicursos.
2) Identificar empresas jrs (vinculadas a Universidades)
nas áreas de atuação da SBPOT e propor parcerias para
realização de eventos.
3) Distribuir responsabilidades com outros atores para
alcançarmos a proposta apresentada.
4) Criar o papel de coordenadores de núcleos. Definir
papéis, (coordenador, secretário, ou assistente, e te-
soureiro, com profissionais, estudantes e acadêmicos),
priorizar regiões, criar critérios de escolhas, se houver
duas ou mais pessoas em uma mesma região, ou deixar
1. Regionalização, em aberto para todos que quiserem auxiliar.
no Brasil, das 5) Criar subcomissões de discussão para pensar estratégias
atividades da de ação para questões críticas como: cisão da POT, CRAs
SBPOT. x Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs).
6) Distribuir verbas de apoio para os núcleos (começar com
eventos pequenos, 1 ou 2 mesas-redondas para 50 ou até
100 pessoas, ou grupos de estudos presenciais ou web,
com apoio de patrocinadores, empresas e universidades
para evitar altos custos).
7) Apoiar eventos onde não conseguirmos criar núcleos.
Definir critérios de escolhas de eventos, negociar apoio
de modo a conseguirmos visibilidade, divulgação e
expansão concreta da SBPOT.
8) Utilizar grupo de discussão para fomentar a criação e
articulação de membros (identificando os locais dos
principais colaboradores para buscar a aproximação
com os mesmos).

2. Inserção da
SBPOT em redes
1) Identificar associações internacionais
internacionais
e fazer propostas de parcerias.
de associações
congêneres.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 188


3. Fortalecimento
dos processos 1) Realizar reuniões com os atuais editores e levantar ações
administrativos que devam ser levadas adiante para fortalecer a rPOT.
da rPOT e apoio Elaborar, com esses editores, um plano de ação
para sua inser- específico para a rPOT.
ção em outras 2) Elaborar proposta de estatuto para formalmente
bibliotecas de realizar a incorporação institucional da rPOT à SBPOT.
acesso aberto.

4. Ampliação da
abrangência da
SBPOT, incluin-
do temáticas
1) Identificar grupos de sócios interessados nessas
mais próximas
temáticas e propor a realização de atividades
das psicologias
tais como encontros e minicursos.
social, am-
2) Elaborar proposta de estatuto para formalmente
biental e do
realizar esta ampliação.
consumidor,
além das típicas
de trabalho e
organizações.

1) Vide sugestões de atividades feitas para os itens


1 e 4 do plano.
2) Expandir e fortalecer a POT. Definir mecanismos
5. Promoção de
de divulgação, em diferentes mídias ( jornais, revistas),
atividades para
sobre o papel da POT para a sociedade.
aproximar a
Fazer parcerias, permutas etc.
SBPOT dos
3) Aproximar-se da ABRH e do IBCO (Instituto Brasileiro
profissionais
de Consultores Organizacionais), entre outras associações
que não estão no
brasileiras, de modo a se aproximar dos profissionais
campo acadê-
psicólogos que atuam na área de RH, os quais buscam tais
mico.
associações como referência, principalmente no RJ e em
MG, onde parecem ser bem fortes.
4) Participação da SBPOT no CONARH 2010.

6. Ampliação,
no seu site, da 1) Fazer levantamentos sistemáticos de dados sobre publi-
presença de cações e cursos (stricto e lato sensu) e manter atualizado
dados úteis para o site.
profissionais 2) Sempre que profissionais e estudantes solicitarem tais
e estudantes, dados, remetê-los ao site, ao invés de fornecer as infor-
como publica- mações, para promover visitas virtuais ao site.
ções e cursos.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 189


1) Enviar mensagens individuais a sócios em atraso, expli-
cando a importância de seu apoio para o fortalecimento
da Associação.
2) Enviar mensagens coletivas ao grupo de discussão,
explicando a importância da inscrição de sócios para o
fortalecimento da Associação.
3) Sempre que consultados sobre informações, propor a
adesão à SBPOT, como forma de fortalecê-la.
7. Aumento do
4) Nos eventos mencionados acima, promover a adesão de
quadro de sócios
novos sócios.
efetivamente
5) Tornar mais interessante a participação na SBPOT, crian-
pagantes.
do atividades que vão além dos congressos. Curso on-line
da SBPOT, grupos de estudos com descontos nos núcleos.
6) Definir valores e cobrar dos profissionais por tempo
de formado. Ex: até 3, entre 3 a 6, entre 6 a 10 e mais
de 10 anos de formado (comprovante de inscrição/car-
teira CRP). Definir valores e cobrar por pessoa jurídica
conforme tempo de mercado, porte, etc. Tornar mais
atrativa a opção pela Associação.

8. Revisão e uma
eventual adapta-
1) Verificar como outras entidades já funcionam utilizando
ção do estatuto,
a internet para tomada de decisão. Iniciar pelas enti-
para possibilitar
dades do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia
a utilização da
Brasileira (FENPB).
internet como
2) Com base nisto, elaborar proposta de alteração de
meio de tomada
estatuto.
de decisão por
parte dos sócios.

9. Distribuição
de boletins 1) Elaborar boletins informativos bimensais e enviá-los aos
informativos aos sócios.
sócios

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 190


1) Criar comissão de sócios para definir um plano de ação
específico para este tópico.
10. Elaboração e 2) Levar essas questões para as demais entidades do FENPB
operacionaliza- e outras associações congêneres.
ção de estraté- 3) Procurar outras associações profissionais e conselhos
gias políticas que possam estar sendo vítimas de ações coercitivas dos
para evitar situa- CRAs, de modo a criarmos uma rede mais forte para
ções de cons- intervir contra elas.
trangimento aos 4) Procurar dialogar com os conselheiros responsáveis pe-
que desenvol- los CRPs de MG, SP, RN, entre outros locais onde houve
vem atividades ações intempestivas do CRA.
de psicologia 5) Procurar dialogar com o presidente do Conselho Federal
organizacional de Psicologia (CFP) sobre o lugar da POT, questão da
e do trabalho cisão, questão do ato médico /administrador, psicologia
não privativas como área de humanas e não saúde, rever a lei retró-
de diferentes grada que rege nossa profissão e que cria brechas para
categorias pro- autuações dos CRAs.
fissionais. 6) Convidar administradores para falarem no V CBPOT,
aproximar da ABRH nacional e regionais, e do IBCO,
entre outras associações nacionais.

11. Promoção do
fortalecimento
e da integração
dos saberes e
fazeres voltados
1) Criar comissão de sócios para definir um plano de ação
para o “traba-
específico para este tópico.
lho” e para as
2) Levar essas questões para as demais entidades do FENPB
“organizações”,
e outras associações congêneres.
enquanto
3) Estimular publicações que realcem a vinculação de tais
construções
campos de saber e diferentes abordagens. Exemplo:
interdependen-
promover a publicação de um livro com tal tema.
tes, de modo
a evitar cisões
promovidas por
forças políticas
externas.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 191


Além das atividades descritas na Tabela 1, mantivemos outras
desenvolvidas pela gestão anterior, como a parceria da SBPOT
com a ARTMED. A parceria contemplava importantes benefí-
cios para os associados, a saber: i) possibilidade de indicação
de obras e autores; ii) disponibilização das obras da ARTMED
nos eventos da SBPOT com desconto aos participantes; iii) des-
conto de 15% para associados para compras diretas em site da
editora, incluindo todas as obras da ARTMED. Fizemos uma re-
formulação do banco de dados dos associados, tornando-o mais
acessível e mais completo. Implementamos a filiação e emissão
de boletos on-line, automatizando o sistema. Desta forma, os in-
teressados não dependiam da tesouraria para se associar, nem
os antigos associados para resolver suas pendências financeiras
junto à Associação.

Participamos em todas as reuniões do Fórum de Entida-


des Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), que - na época
- eram realizadas no CRP/SP. Fomos representados pela 1.ª Se-
cretária, que tinha residência mais próxima desse local. As pau-
tas eram diversas: Projeto de Lei (PL) do Ato Médico; Congresso
Nacional de Psicologia (CNP); ética na pesquisa; avaliação de
cursos do Conselho Nacional de Saúde (CNS); BVS-PSI; Con-
gresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão; produção
e atividades desenvolvidas por GTs do FENPB (Ensino Médio,
Políticas Públicas e Formação em Psicologia e Residência Multi-
profissional); acompanhamento de projetos de leis que tratavam
da Psicologia; comemorações dos 50 anos da profissão no país;
tabela de referências de honorários profissionais. Alguns desses
assuntos são mencionados a seguir.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 192


Na época da primeira reunião da gestão 2010-2012, o PL
do Ato Médico tinha a Psicologia como única categoria que se
opunha integralmente a ele. O fortalecimento dessa oposição foi
proposto no FENPB, com a utilização de divulgações eletrônicas
– inclusive a inserção de um link, nas páginas das entidades, que
remetesse ao site “não ao ato médico”. Além disso, foi pautada a
divulgação dessa oposição junto à Federação das Entidades dos
Trabalhadores da Saúde e o alerta para manter a vigilância re-
lativa a esse Projeto, e destacada a importância de articulação
com outras categorias profissionais. Em novembro de 2011, foi
realizado ato político no Senado Federal. Na ocasião, foi reco-
mendado que fossem realizadas ações para evitar a votação do
PL em caráter urgente. Nessa ocasião, além da Psicologia, já
eram também a favor do veto integral: a Fisioterapia e a Terapia
Ocupacional.

A ANPEPP levou ao FENPB o Manifesto de Fortaleza, res-


saltando a importância de abrir uma discussão mais ampla so-
bre as normas do Ministério da Saúde sobre ética em pesquisa.
A proposta, apoiada pela SBPOT, foi de levar em conta suas im-
plicações para além do âmbito da saúde e de respeitar a diversi-
dade da Psicologia. Foram acompanhadas pelo FENPB, que deu
apoio integral ao Manifesto, e foi sugerida a criação de um link,
nas páginas das entidades, que remetesse ao texto dele. Outra
discussão que merece destaque, ocorrida nesse fórum, foi relati-
va aos critérios para avaliação de cursos de graduação pelo CNS.
Todos os cursos de Psicologia, além dos de Medicina e Odonto-
logia, deveriam passar por essa avaliação para obter autoriza-
ção, credenciamento e recredenciamento junto ao Ministério da

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 193


Educação. Houve polêmica, no FENPB, sobre se a Psicologia se-
ria da área da saúde e se precisava permanecer nessa avaliação.
Não foi cogitada a saída, mas a permanência com a revisão de
critérios. Muitas entidades se mostraram favoráveis à sugestão
de olhar mais atentamente para a formação na área de saúde nos
cursos de Psicologia, porque a demanda por profissionais nessa
área estava aumentando. Algumas entidades, contudo, não con-
cordaram com os argumentos, incluindo a SBPOT.

Outra atividade que não constava inicialmente do plano de


nossa gestão foi a criação de um FAC (Banco de Perguntas Fre-
quentes) e sua inserção no site da SBPOT. A gestão anterior nos
alertou que os e-mails chegavam com demandas muito pareci-
das, e que seria necessária alguma estruturação neste sentido.
Recebemos diversos e-mails e respostas dadas a eles. Como con-
sequência, e construímos o FAC, apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Banco de perguntas e respostas (FAC)

Perguntas Respostas

A Associação serve como ponto de referência e fórum legítimo


de discussão política, prática e científica, para os que atuam,
os que se encontram em formação e os interessados em
1. Qual é o foco Psicologia Organizacional e do Trabalho - POT. Precisamos da
da SBPOT? colaboração e da participação dos profissionais que enfrentam
os desafios da prática cotidiana e dos que pesquisam e formam
os futuros profissionais em POT. Fazer parte da SBPOT signi-
fica contribuir para a evolução da área no Brasil. Veja maiores
informações no link “Estatuto”.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 194


Desde sua criação, a SBPOT tem crescido nacionalmente e já
realizou quatro congressos nacionais nos anos de 2004, 2006,
2008 e 2010, com expressivo número de participantes, respec-
tivamente em Salvador, Brasília, Florianópolis e São Bernardo
do Campo. Estamos empenhados em conseguir aumentar ainda
mais a participação no V CBPOT, no ano de 2012, no Rio de
Janeiro, e oferecer mais oportunidades de integrar acadêmicos,
estudantes e profissionais de psicologia, administração, educa-
ção, ciências humanas e sociais em geral, e outras áreas afins.
Temos um grupo de discussão virtual, para interessados em
POT, com aproximadamente 1000 inscritos. Criaremos um
outro GRUPO DE DISCUSSÃO somente para os associados com
2. Quais são os
anuidade em dia, para que seja possível ouvir a sua opinião e
benefícios de se
discutir e decidir sobre assuntos de interesse da SBPOT com
associar à SBPOT?
mais agilidade e frequência.
A SBPOT também edita a Revista de Psicologia Organizacional
e do Trabalho - rPOT, que é semestral e eletrônica, e divulga
artigos científicos na nossa área de atuação, com acesso livre
na Internet. Os associados têm desconto no valor de inscrição
nos Congressos Brasileiros de Psicologia Organizacional e do
Trabalho - CBPOT. Foi firmada parceria com a ARTMED, e os
associados têm 15% de desconto em todos os livros comprados
no site desta editora. Ao associar-se, você receberá um login e
senha para usufruir desse benefício.
Convidamos a todos a participarem da atuação de nossa gestão
com críticas, sugestões e ideias para desenvolvermos cada vez
mais a SBPOT.

O procedimento para filiar-se é o seguinte:


1) Neste site clique na opção “Filie-se” na lateral esquerda
(dentro de “Sócios”) e siga os procedimentos.
2) Ao receber sua ficha de inscrição, a Tesouraria da SBPOT
3. Como posso me
emitirá um boleto bancário e enviará para o seu e-mail.
filiar à SBPOT?
3) Para que sua inscrição seja homologada é essencial o paga-
mento desse boleto até o vencimento indicado no mesmo.
4) Depois de homologada, será enviado e-mail para você,
comprovando sua filiação e informando que está quite com a
tesouraria da SBPOT no corrente ano.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 195


4. Qual o valor da
O valor da anuidade é de R$150,00 para
anuidade de 2010
profissionais, e R$75,00 para estudantes.
da SBPOT?

5. Como posso Você deve enviar um e-mail para tesouraria@sbpot.org.br.


saber se estou em Em breve será disponibilizada no site uma atualização
dia com a SBPOT? cadastral on-line.

Nome: Associação Brasileira de Psicologia Organizacional


e do Trabalho - SBPOT
6. Quais são os CNPJ: 04.885.251/0001-51
dados da SBPOT? Endereço: Departamento de Psicologia Social e do Trabalho
– Instituto de Psicologia. Universidade de Brasília – UnB.
Campus Universitário Darcy Ribeiro, ICC Sul,
Sala AT 022/4 - CEP: 70910-900, Brasília, DF.
E-mail para contato: secretaria@sbpot.org.br

7. Qual o papel e Este profissional busca compreender o papel do trabalho na


quais são as vida das pessoas para favorecer o bem-estar, a realização do
atribuições do
potencial humano e a produtividade. Nesta área de atuação
profissional que
são identificados três domínios: o trabalho (preocupado
atua em psicologia
com as funções do trabalho e a construção da identidade), as
do trabalho e
organizações (preocupado com a definição e compreensão das
organizacional?
estruturas das organizações e seu impacto sobre o indivíduo) e
gestão de pessoas (preocupado com a formulação de práticas,
políticas e estratégias organizacionais para lidar com pessoas
em contextos de trabalho). Portanto, são muitos os desafios
desta área, que é interdisciplinar.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 196


Sugerimos a seguinte bibliografia para a compreensão de tais
atribuições:

1. Bastos, A. V. B. (2009). O Mundo das Organizações e do


Trabalho: o que significa compromisso social para a
psicologia? In M. R. de Souza & F. C. S. Lemos (Orgs), Psi-
cologia e Compromisso Social: unidade na diversidade (pp.
9-42). São Paulo: Escuta.
2. Bastos, A. V. B., Gondim, S. M. G. e colaboradores. (2010).
O Trabalho do Psicólogo no Brasil. Porto Alegre: Artmed.
3. Zanelli, J. C. (2002). O Psicólogo nas Organizações de Traba-
lho. Porto Alegre: Artmed.
4. Zanelli, J. C. e Bastos, A. V. B. (2004). Inserção Profissio-
nal do Psicólogo em Organizações e no Trabalho. In J.
C. Zanelli; J. E. Borges-Andrade & A. V. B. Bastos (Orgs.),
Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil (pp. 466-491).
Porto Alegre: Artmed.

8. Existe diferença
Aqui no nosso site, encontra-se um Manifesto que argumenta
entre a psicologia
sobre a complementaridade entre Psicologia do Trabalho e
organizacional e
Organizacional. Sugerimos a leitura integral do Manifesto. A
a psicologia do
resposta oferecida para a pergunta 7 também poderá ajudar.
trabalho?

9. Qual a origem Recomendamos a leitura de capítulos que tratam da história desta


da POT? área, no livro Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil (2004),
organizado por José Carlos Zanelli, Jairo E. Borges-Andrade & An-
tônio Virgílio B. Bastos, e no livro Treinamento, Desenvolvimento
e Educação em Organizações de Trabalho (2006), organizado por
Jairo E. Borges-Andrade, Gardênia Abbad e Luciana Mourão, am-
bos publicados pela Artmed. Esses dois livros são produtos da co-
laboração entre a experiência e o conhecimento de vários autores
associados à SBPOT, e que pesquisam o mundo do trabalho e das
organizações. Os direitos autorais de ambos foram integralmente
doados à SBPOT.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 197


10. A atuação na Faça seu registro no seu Conselho Profissional de Psicologia,
área de POT exige o
de Administração, de Economia, de Enfermagem, de
registro no Conse-
Engenharia etc. A única atividade privativa neste campo
lho Profissional?
de atuação é a relativa à aplicação de testes psicológicos
e aconselhamento psicológico. Neste último caso, você
precisará fazer registro no CRP e ser psicólogo, é claro.

11. O que a SBPOT Diante de várias queixas, a SBPOT contratou um escritório


tem feito em
de advocacia que elaborou um parecer sobre o assunto
relação a restrições
e que pode ser utilizado e citado por todos os associados
impostas ao
profissional de (veja o parecer do advogado neste site no link “Atuação em
POT? POT”). No caso específico de concursos, a SBPOT, quando
necessário, contacta outras entidades, para uma atuação
conjunta. De qualquer forma, também recomendamos
que você entre em contato com o seu Conselho Profissional,
pedindo apoio para o concurso específico em que
aparecerem restrições que você julgar indevidas.
Avaliamos que o ideal é você se cadastrar na lista
de discussão do Yahoo Groups denominado
grupo_sbpot@yahoogrupos.com.br, pois centenas de
profissionais de Psicologia do Trabalho e Organizacional
participam desta lista e podem dar informações mais
precisas sobre o que você necessita, uma vez que temos
participantes que residem em vários lugares do Brasil
e que possivelmente já viveram situações semelhantes.
Por favor, entre no site do Yahoo e peça para participar deste
grupo que você será autorizado. Para participar desta lista de
discussão geral da SBPOT, não é necessário ser associado.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 198


12. Quais são os Sugerimos que você:
assuntos, temas e 1) Visite o site da SBPOT e consulte os anais dos congressos
questões atuais na de Psicologia Organizacional e do Trabalho ali apresen-
área de POT? tados;
2) Consulte a Revista de Psicologia Organizacional e do Tra-
balho – rPOT, que é semestral e divulga artigos científicos
na nossa área de atuação, com um processo cuidadoso na
seleção dos artigos. O contato com a revista pode ser feito
a partir do link “Publicações/Revistas”. Vale também uma
procura na base de dados do Scielo;
3) Cadastre-se na lista de discussão do Yahoo Groups deno-
minado grupo_sbpot@yahoogrupos.com.br, pois cen-
tenas de profissionais de Psicologia Organizacional e do
Trabalho participam desta lista e podem dar informações
mais precisas sobre o que você necessita, uma vez que te-
mos participantes que pesquisam os mais diversos temas
e atuam em várias subáreas.
4) Leia os livros recomendados pela SBPOT em seu site.

13. Como surgiu a A SBPOT nasceu em 2001, a partir da iniciativa de um conjunto


SBPOT? de 20 acadêmicos que atuavam na área, sendo uma entidade de
direito privado e fins sociais, autônoma, com prazo de duração
indeterminado e propósitos científicos e educacionais. A
Associação tem como objetivo promover a produção e divulgar
o conhecimento científico e tecnológico na área de Psicologia
Organizacional e do Trabalho. Entre os seus desafios, à época da
criação, estava ampliar a comunidade para além dos muros das
universidades e atrair profissionais que atuassem no mercado.
Quando comemorou dois anos, a organização considerava-
-se consolidada com um total de 60 associados. Atualmente,
perto de comemorar dez anos de existência, a SBPOT reúne
311 associados, sendo 25% estudantes, 52% professores e/ou
pesquisadores e 23% profissionais. É importante destacar que
a Associação incentiva a participação de profissionais e estu-
dantes advindos de diferentes áreas do conhecimento, visando
enriquecer as possibilidades de cooperação interdisciplinar.
Veja maiores informações nos links: “Quem somos”, “Histó-
ria”, “Diretoria” e “Estatuto”.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 199


14. A SBPOT ofere- Nós não ministramos cursos na área, mas nos eventos
ce cursos de curta da SBPOT (os CBPOT’s) sempre há cursos da área que
duração presencial antecedem aos eventos. Para obter referências de cursos
ou à distância? em locais específicos, o ideal é você se cadastrar na lista
de discussão do Yahoo Groups denominado grupo_sbpot@
yahoogrupos.com.br, pois centenas de profissionais de
Psicologia do Trabalho e Organizacional participam desta
lista e podem dar informações mais precisas sobre o que
você necessita, uma vez que temos participantes que
residem em vários lugares do Brasil.

15. A SBPOT apoia A SBPOT apoia eventos, seja na indicação de membros


eventos? da SBPOT para proferir palestras, participar de simpósios
ou mesas redondas e avaliar os trabalhos submetidos,
seja na sua divulgação em nosso site e na lista de discussão
que atinge centenas de profissionais. Aguardamos seu
contato para estudarmos a possibilidade de apoio
ao evento por você organizado.

16. A SBPOT Temos o prazer em divulgar eventos no nosso site. Envie


divulga eventos? as informações e faremos a divulgação no link “Eventos”.
Porém, não colocamos a nossa logo no evento, porque para
isso teríamos que fazer uma avaliação e aprovação do mesmo,
o que não será possível do ponto de vista institucional
no momento. Aguardamos as informações de período de
inscrição e de realização, local, data e contato para maiores
informações, a fim de divulgarmos no site da SBPOT
e em nosso grupo de discussão.

17. Como posso


obter informações
Neste site no link “Eventos” você poderá
dos eventos que já
acessar o site de todos os eventos já organizados.
foram organizados
pela SBPOT?

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 200


A rPOT é semestral e divulga artigos científicos na nossa
18. Qual é o foco e área de atuação, com um processo cuidadoso na seleção dos
a periodicidade da artigos. O contato com a revista pode ser feito por meio do
rPOT? link que se encontra no nosso site. A revista é eletrônica e visa
fomentar a produção de conhecimento e discussão crítica
acerca do trabalho e dos processos organizacionais do ponto
de vista das pessoas que os vivenciam e a eles estão submeti-
dos. Está aberta às diversas contribuições teóricas e metodo-
lógicas, bem como a profissionais, a autores e a pesquisadores
de outras áreas que compartilham das preocupações referen-
tes ao trabalho e de seus processos organizacionais. Você pode
acessar a revista clicando no link disponível neste site.

19. Sugestões de Veja neste site no link “Publicações” os livros cujos direitos
bibliografia em autorais foram cedidos para a SBPOT. Você pode comprar tais
POT. livros diretamente no site da Artmed.

20. Indicação de Há muitos cursos bons no país, mas para obter referências de
Cursos de Pós-gra- cursos em locais específicos, o ideal é se cadastrar na lista de
duação Lato Sensu discussão do Yahoo Groups denominado grupo_sbpot@yahoo-
em Psicologia grupos.com.br, pois centenas de profissionais de Psicologia
Organizacional e do
do Trabalho e Organizacional participam desta lista, residem
Trabalho
em diferentes lugares do país e podem dar informações mais
precisas sobre os cursos, uma vez que a pós-graduação lato
sensu não tem uma avaliação formal no Brasil. Por favor,
clique no link indicado no site da SBPOT, e peça para parti-
cipar deste grupo. Lembramos que nesta lista de discussão
as manifestações são livres e expressam opiniões pessoais
de quem as emitiu. Mensagens de propaganda e SPAMs não
devem ser enviados para a lista.

21. Indicação de
Cursos de Pós- No link “Formação em POT” deste site está disponibilizada uma
-graduação Stricto lista de universidades que oferecem cursos de mestrado e douto-
Sensu em Psicolo- rado aprovados pela CAPES e os respectivos endereços eletrôni-
gia Organizacional cos para obter informações adicionais sobre cada um deles.
e do Trabalho

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 201


22. Como posso Foi lançado em 2010, pela ARTMED, o livro O Trabalho do
obter maiores Psicólogo no Brasil, que publica os resultados de uma pesquisa
informações sobre sobre a atuação do psicólogo brasileiro em todas as áreas.
a atuação do psicó- Essa pesquisa foi conduzida por um grupo de pesquisadores
logo no Brasil?
da ANPPEP, coordenada pelos professores Antônio Virgílio
Bittencourt Bastos e Sônia Maria Guedes Gondim, ambos
da UFBA. Os direitos autorais do livro foram cedidos para a
SBPOT.

Os resultados associados às propostas inicialmente feitas por


nós foram apresentados no final da gestão 2010-2012, durante as-
sembleia realizada no V CBPOT, ocorrido de 2 a 5 de maio de 2012,
no Rio de Janeiro. Na Tabela 3, apresentam-se as propostas iniciais,
o que conseguimos cumprir e nossas sugestões de continuidade.

Tabela 3. Propostas cumpridas


e sugestões de continuidade

Plano para a gestão O que foi feito Sugestão de


2010-2012 até 2012 continuidade

 Manter a lista funcionando,


1. Criar uma lista A Lista de Associados inserindo novos associados.
de discussão foi criada e já está em  Discutir alternativas de vota-
somente com os sócios. funcionamento. ção usando a lista eletrônica
de associados.

 Discussão com os sócios


sobre estratégias de ação
para questões críticas como:  Continuar com a realização
cisão da POT, CRAs x CRPs. e participação em atividades
 Identificação de Laboratórios em diferentes regiões do
2. Regionalização, e Grupos nas Universidades país tais como encontros
no Brasil, das nas áreas de atuação da e minicursos.
atividades da SBPOT. SBPOT e proposta de  Identificar empresas jrs. nas
parcerias para realização áreas de atuação da SBPOT
de eventos. e propor parcerias para
 Organização de diversas realização de eventos.
mesas redondas em eventos
nacionais e regionais.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 202


3. Fortalecimento dos
 Reuniões com os atuais
processos administrati-  Elaborar proposta de
editores e levantamento
vos da rPOT e apoio para estatuto para formalmente
de ações que devam ser
sua inserção em outras realizar a incorporação
levadas adiante para
bibliotecas de acesso institucional da rPOT.
fortalecer a rPOT.
aberto.

 Uma das propostas já levan-


tadas é que se altere o ART.
3 do Estatuto de “A SBPOT
tem por finalidade promover
a produção e divulgar o
 Elaboração de proposta de conhecimento científico
4. Ampliação da área de
estatuto para formalmente e tecnologias na área de
abrangência da SBPOT,
realizar esta ampliação. Psicologia Organizacional e
incluindo também te-
 Identificação de grupos de do Trabalho” para “A SBPOT
máticas mais próximas
sócios interessados nessas tem por finalidade promover
das psicologias social,
temáticas e propor a a produção e divulgar o
ambiental e do
realização de atividades conhecimento científico
consumidor.
tais como encontros e tecnologias na área de
e minicursos. Psicologia Organizacional e
do Trabalho, do Consumidor
e áreas afins”.
 Aprovar o Estatuto
alterado no CONPSI.

5. Promoção de ativida-  Continuar com a expansão


des para aproximar a  Evento de Poços de Caldas. estratégica e o
SBPOT dos profissionais Primeiro contato com fortalecimento da POT.
que não estão no campo da ABRH de Brasília.  Definir mecanismos de divul-
acadêmico. gação em diferentes mídias.

 Levantamentos sistemáticos
de dados sobre publicações
e cursos (estrito senso) e
manutenção no site.
 Sempre que profissionais e
estudantes solicitam tais da-  Manter o site atualizado
6. Ampliação, no seu dos, são orientados a consul- sempre.
site, da presença de da- tarem o site, para incentivar  Manter as redes sociais
dos úteis para profissio- as visitas virtuais. atualizadas.
nais e estudantes, como  Criação de um Banco de  Atualizar o Banco de
publicações e cursos. Perguntas e Respostas Fre- Perguntas e Respostas
quentes. sempre que necessário.
 Notícias sobre a SBPOT atuali-
zadas no site.
 A SBPOT está nas redes
sociais (Facebook, Twitter e
Linkedin)

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 203


 Envio de mensagens a sócios
em atraso, explicando a im-
portância de seu apoio para o
fortalecimento da Associação.
 Envio de mensagens coletivas
 Discutir possibilidades de
ao grupo de discussão,
descontos nos valores de
7. Aumento do quadro explicando a importância da
anuidades atrasadas.
de sócios efetivamente inscrição de sócios para o
 Aprimoramento do sistema,
pagantes. fortalecimento da Associação.
oportunidade e controle dos
 Inserção do pagamento por
benefícios de sócio.
meio do site e agilidade na
prestação de informações e
divulgação da sociedade e
ampliação do quadro de só-
cios efetivamente pagantes.

8. Revisão e uma even-


tual adaptação do esta-  Verificação de como outras
tuto, para possibilitar entidades funcionam utilizan-  Com base nisto, elaborar
a utilização da internet do a internet para tomada de proposta de alteração de
como meio de tomada decisão. Iniciar pelas entidades estatuto.
de decisão por parte dos do FENPB, ANPPEP e CFP.
sócios.

9. Distribuição de  Elaboração e envio aos sócios


 Elaborar Boletins a cada três
boletins informativos e à lista da SBPOT do primei-
meses.
aos sócios. ro Boletim Informativo.

 Levamos essas questões


para as demais entidades do
FENPB e outras associações.
 Alguns casos envolvendo
CRAs foram apoiados e
acompanhados pela SBPOT,
10. Elaboração e constituíram jurisprudência
operacionalização de es- nacional e serviram de base
tratégias políticas para para legitimar a atuação em
evitar situações de cons- POT junto à sociedade.
trangimento aos que  O CFP, por meio dos CRPs,  Acompanhar as discussões.
desenvolvem atividades passou a orientar a defesa dos
de POT não privativas profissionais de Psicologia.
de diferentes categorias Além disso, fez um levan-
profissionais. tamento dos casos existen-
tes, a fim de compreender
melhor o caminho que estas
ações vêm tomando e reunir
informações para subsidiar
posicionamento oficial e
definir ações a realizar.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 204


11. Promoção do
fortalecimento e da
integração dos saberes
e fazeres voltados para  A rPOT e os CBPOTs vêm
o “trabalho” e para estimulando publicações que  Criar comissão de sócios para
as “organizações”, realcem a vinculação de tais definir um plano de ação
enquanto construções campos de saber e diferentes específico para este tópico.
interdependentes, de abordagens.
modo a evitar cisões
promovidas por forças
políticas externas.

Os eventos que tiveram participação da diretoria entre 2010


e 2012 foram:

• II Seminário de Saúde do Servidor Público, Fortaleza, 1 e 2


de dezembro de 2010.
• X Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional
promovido pela ABRAPEE, 3 a 6 de julho de 2011.
• Mesa no III Congresso de Psicologia Social e do Trabalho,
13 de maio de 2011.
• Mesa no II Congresso Ibero-americano de Psicologia das
Organizações e do Trabalho, 14 a 16 de abril de 2011.
• Mesa no 7º Congresso Norte Nordeste de Psicologia, 11 a
14 de maio de 2011.
• Mesa nos III Congresso Latino-Americano de Orientação
Profissional e X Simpósio Brasileiro de Orientação Voca-
cional & Ocupacional, 20 a 22 de julho de 2011.
• Mesa nos II Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clí-
nica do Trabalho e III Simpósio Brasileiro de Psicodinâmi-
ca do Trabalho, 6 a 8 de julho de 2011.
• 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia
em Belém, outubro de 2011.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 205


Nossa gestão encerrou-se com 476 sócios ativos. Pagaram
suas anuidades: 105 em 2010, 110 em 2011 e 143 em 2012. Houve
75 e 68 novas afiliações, respectivamente em 2011 e 2012. Rece-
bemos R$11.255,00, em anuidades, em 2012.

O V CBPOT foi realizado no período de 3 a 5 de maio de 2012,


na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Contou com
a presença de 1062 congressistas, distribuídos entre estudantes
de graduação (49,9%) e pós-graduação (15,2%), professores/
pesquisadores (27,4%) e profissionais de POT (7,5%). Provinham
de todas as regiões do Brasil (95%), mas a maior concentração de
participantes foi do Sudeste (44,8%) e Nordeste (23,6%). Os 5%
dos participantes provenientes do exterior eram de nove países,
distribuídos entre Angola, Estados Unidos da América, México,
Colômbia, Uruguai, Espanha, Portugal, Suécia e Nova Zelândia.

As atividades pré-congresso incluíram quatro cursos de ho-


rário integral (9 às 18 horas) e dez cursos de horário parcial (9 às
13 ou 14 às 18 horas), assistidos por 316 congressistas. Durante o
V CBPOT, foram realizadas dez conferências e três mesas redon-
das institucionais, a convite da comissão científica. As demais
atividades obedeceram aos critérios de submissão pelos autores
e revisão cega por dois pareceristas ad-hoc. Foram submetidos
757 trabalhos, e 682 foram aprovados. Distribuíram-se em co-
municações breves de pesquisa (48,0%), relatos de experiência
(20,8%), pôsteres (18,3%), painéis eletrônicos (6,2%), mesas re-
dondas (5,8%) e simpósios (0,9%). A maior concentração desses
trabalhos foi na temática de comportamento humano no traba-
lho e nas organizações (35,2%). Ela foi seguida pelas temáticas
de trabalho, família e sociedade (26,7%); gestão de pessoas em

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 206


organizações (16,3%); atuação e formação do psicólogo (11,6%);
relações de trabalho, organizações e sociedade (6,5%); e políti-
cas públicas e organizacionais (3,7%).

O evento resultou em três publicações. Os Anais do V CBPOT


incluíram os resumos de todos os cursos, conferências e demais
atividades (publicados on-line no endereço https://old.sbpot.org.
br/eventos/cbpot/v-cbpot-2012). Houve ainda dois números es-
peciais da rPOT, em seu Volume 12 ( jan-abril de 2012), contendo
os textos integrais de conferências (Nº 1) e de simpósios (Nº 2).

O V CBPOT constituiu-se em privilegiado espaço de trocas, de-


bates e intercâmbios entre renomados profissionais de diversos paí-
ses, além de participantes de todas as regiões do território brasileiro.
Assim, permitiu a divulgação de resultados recentes de pesquisa e
de atividades de intervenção no âmbito das organizações e do traba-
lho; a atualização de estudantes e profissionais no que concerne aos
desenvolvimentos teóricos e possibilidades de aplicação; a capacita-
ção de professores para o ensino de tais desenvolvimentos teóricos
e possibilidades de aplicação. Além disso, incentivou pesquisadores
a construir projetos com vistas à solução de problemas regionais,
nacionais e internacionais relativos ao mundo do trabalho e a esta-
belecer diálogos para fortalecer redes e incrementar o intercâmbio
de colaborações institucionais, tanto acadêmico-científicas quanto
práticas, nacionais e internacionais.

As avaliações posteriores demonstraram a satisfação dos parti-


cipantes – acadêmicos e profissionais – com o espaço oportuniza-
do para discussão séria e aprofundada dos estudos característicos
da POT, visando contribuir para seu crescimento e fortalecimento

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 207


no cenário nacional. Em síntese, o V CBPOT atingiu plenamente
seu objetivo de contribuir para dar maior visibilidade ao conheci-
mento científico e tecnológico em POT que estava sendo produzi-
do no Brasil e em outros países. Logo, representou um importante
passo na construção da POT brasileira.

Uma análise retrospectiva poderia concluir que nosso Plano


de Ação e as atividades realizadas estiveram voltados para a im-
plementação de estratégias de enfrentamento daquelas ameaças
do nível meso existentes no final da primeira década do século
XXI. Também fomos capazes de aproveitar aquelas oportunida-
des surgidas naquela década. É possível que as condições mais
favoráveis do contexto de nível macro – na perspectiva de quem
as compara com as condições desfavoráveis da terceira década –
tenham guiado nossas atenções para o nível meso.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 208


Referências
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(eds) Psychology in Latin America. Springer, Cham. DOI: https://
doi.org/10.1007/978-3-319-93569-0_7

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de Trabalho - Conjuntura e Análise, 42 (fevereiro), 1-18. Recupera-
do em 1º de março de 2022, de: https://www.ipea.gov.br/portal/
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Gondim, S. M. G., Bastos, A. V. B., Borges-Andrade, J. E., &


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e do Trabalho no Brasil: o ensino. Anais Eletrônicos do V Con-
gresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Rio de
Janeiro: SBPOT.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 209


Gondim, S. M. G., Borges-Andrade, J. E., & Bastos, A. V. B.
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Neiva, E. R., & Corradi, A. A. (2010). A Psicologia organizacional


e do trabalho no Brasil: uma análise a partir das redes sociais
de pesquisadores da pós-graduação. Revista Psicologia: Organi-
zações e Trabalho, 10(2), 67-84. Recuperado em 2 de março de
2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S1984-66572010000200006&lng=pt&tlng=pt.

Capítulo 6 - Gestão 2010 – 2012 210


Capítulo 1 211
GESTÃO 2012 2014

Elaine Rabelo Neiva – Presidente


Helenides Mendonça – Vice-presidente
Sérgio Ricardo Franco Vieira – 1º Tesoureiro
Eliandro Rômulo Cruz Araújo – 2º Tesoureiro
Fabio Iglesias – 1º Secretário
Magno Macambira – 2º Secretário
Liliana Guimarães – Presidente do VI CBPOT
Capítulo 7
Gestão 2012 – 2014

Elaine Rabelo Neiva


Magno Macambira

O
agravamento da crise econômica na Europa e o aumen-
to do desemprego caracterizaram, no nível macro, o
ano de 2012. O boletim Mercado de Trabalho: Conjuntu-
ra e Análise nº 53, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea, 2012), mostrou que o mercado de trabalho brasileiro teve
bom desempenho em 2012, em especial a taxa de desemprego,
a menor desde 2009. A taxa de atividade – que compreende a
população ocupada e a que procura emprego – teve uma peque-
na queda em relação a 2011: de 57,3% para 57,1%. Resultados
positivos foram registrados apenas em duas das seis regiões me-
tropolitanas estudadas: Rio de Janeiro (1,8 ponto percentual) e
Recife (0,5 p. p.). Em contrapartida, a taxa de desemprego caiu
0,6 pontos percentuais, atingindo o menor valor desde 2009, de

213
5,4%. Em relação a 2011, as regiões metropolitanas que tiveram
os melhores resultados nesse índice foram Salvador (-2,8 p. p.)
e Porto Alegre (-1,3 p. p.). A taxa de ocupação também mostrou
índices satisfatórios: cresceu 2,3% em relação a 2011. Com exce-
ção de Porto Alegre, todas as regiões metropolitanas avaliadas
apresentaram aumento na taxa, em especial Recife, com cres-
cimento de 4,2%. Outros dois índices importantes foram o de
informalidade, que decaiu de 34,8%, em 2011, para 33,9%, em
2012, e o rendimento médio do trabalhador, que cresceu 0,7%
e ficou na faixa de R$ 1787,70. Contudo, a ainda precária inser-
ção dos psicólogos das organizações e do trabalho no mercado
de trabalho (POT – Psicologia das Organizações e do Trabalho)
mantinha-se constante e restrita (Bastos & Gondim, 2010).

No cenário da atuação do Profissional de Psicologia Organi-


zacional e do Trabalho, durante os anos de 2012/2013, houve uma
intensificação da atuação do Conselho Federal de Administração
junto aos concursos públicos no sentido de gerar uma reserva de
vagas na área de Gestão de Pessoas/Recursos Humanos restrita
ao profissional de Administração. Foram três concursos em que o
Conselho Federal de Psicologia e a SBPOT – Associação Brasileira
de Psicologia Organizacional e do Trabalho – precisaram atuar
junto a essa demanda de proteção aos profissionais de Psicologia.

Naquele período, os cenários mundial e brasileiro confluíram


para que eventos internacionais fossem sediados nos países que
compunham o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul). O Brasil seria sede da Copa do Mundo e, na sequên-
cia, seria sede das Olimpíadas em 2016. Alguns congressos como
o da IUPSyS – International Union of Psychological Science – foi re-

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 214


alizado na África do Sul em 2012 e o ICAP – International Congress
of Applied Psychology – estava sendo negociado para acontecer
na China. Existia uma demanda para que o congresso da IUPSyS
ocorresse no Brasil em 2020 ou 2024. Em termos de conexões com
entidades, ressalta-se um período de relações fortalecidas junto à
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
– ANPEPP, articulada à época por suas presidências. Em relação
ao Conselho Federal de Psicologia, no entanto, esse foi um perí-
odo de conexões conturbadas devido a concepções políticas dos
grupos que estavam à frente da entidade.

O lançamento da candidatura foi palco para uma série de


negociações para ampliação e garantia de abertura da associa-
ção para os diversos grupos no cenário de POT no Brasil. Ao
lançarmos nossa candidatura para a gestão 2012-2014 da SBPOT,
apresentamos um Plano de Ação na Assembleia do V Congres-
so Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho – V
CBPOT, no Rio de Janeiro (Tabela 1). Éramos docentes nas Uni-
versidades de Brasília (Presidente, 1º Secretário), Pontifícia Uni-
versidade Católica de Goiânia (Vice-Presidente), empregado de
uma organização pública federal (1º Tesoureiro, 2º Tesoureiro) e
da Universidade Metodista de São Paulo (2º Secretário).

Abaixo seguem as propostas feitas pela chapa 2012-2014:

1. Organizar e separar, em termos orçamentários, financeiros e con-


tábeis, o que diz respeito às demandas da rPOT, CBPOT e SBPOT;
2. Fortalecer a marca por meio da reformulação de logomarca e
adotar formas de divulgação.
3. Ampliar a interlocução da SBPOT com os profissionais, iden-
tificando dificuldades de interlocução, similaridades de atuação

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 215


com áreas afins (consumidor, ambiental), com o objetivo de pro-
mover o fortalecimento e a integração dos saberes e fazeres vol-
tados para o “trabalho” e para as “organizações”, enquanto cons-
truções interdependentes.
4. Elaborar e propor, submetendo à votação em assembleia, alte-
rações no estatuto para inserir alterações no artigo 3º, incorporar a
rPOT, inserir novas áreas de atuação e meios de comunicação com
sócios, incluindo assembleias e votações.
5. Estreitar relações com áreas do conhecimento que fazem inter-
face com a POT, sobretudo, com parcerias políticas de interesse
comum, em eventos e aproximações com profissionais não acadê-
micos, pesquisadores e IES.
6. Fortalecer e ampliar a regionalização da SBPOT no Brasil por
meio da identificação de consultorias jrs. nas áreas de atuação da
SBPOT, e propor parcerias para a realização de eventos. Criação de
delegados regionais, buscando fortalecer eventos regionais, como
atividades pré-congresso (CBPOT).
7. Aproximar a SBPOT das suas correspondentes internacionais,
possibilitando intercâmbios continuados sobre conteúdo e formas de
gestão e outros. Procurar interlocução com países sul-americanos, e
com Portugal, Espanha, Escandinávia, Austrália, Alemanha e Japão.
Promover o estabelecimento de parcerias entre a SBPOT e outras
entidades de mesma natureza e finalidade, a exemplo da European
Association of Work and Organizational Psychology – EAWOP.
8. Aproximar a SBPOT de instituições, sociedades e associações
que discutem políticas para a área de Organizações e Trabalho no
Brasil. Estabelecer parcerias com instituições como a Associação
Brasileira de Recursos Humanos – ABRH, a Organização Interna-
cional do Trabalho – OIT, o National Institute for Occupational
Safety and Health – NIOSH, a Occupational Safety and Health

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 216


Administration – OSHA, A Fundação Jorge Duprat e Figueiredo –
FUNDACENTRO.
9. Ampliar mecanismos de interlocução com associados, otimizan-
do recursos atuais como lista de associados, “fale conosco” no site e
o “perguntas frequentes”, e ampliar para implementação do sistema
de votação online para assuntos que envolvam todos os associados.
10. Ampliar o número de associados e favorecer o pagamento das
anuidades, organizando o cadastro, aprimorando a diferenciação
nas modalidades de associações, e buscando a afiliação à SBPOT,
por meio de divulgação, inclusive de egressos dos cursos de Psico-
logia e áreas afins.
11. Divulgar a atuação da SBPOT, por meio de participação em
congressos nacionais e internacionais, e ampliar a visibilidade da
SBPOT na mídia.

Após ter sido eleita e tomado posse, a nova diretoria da SBPOT atuou
estabelecendo estratégias políticas para aproximar a associação dos pro-
fissionais de POT não docentes, e incluí-los no quadro de associados.
Também estabelecemos parcerias para apoio jurídico e proteção da atua-
ção contra intimidações ilegais advindas do sistema Conselho de Admi-
nistração. Elaboramos documentos de defesa da atuação dos Psicólogos
na área de Gestão de Pessoas, especialmente garantindo sua participação
em concursos públicos. Planejamos e apoiamos atividades de regionaliza-
ção da SBPOT no Brasil (Poços de Caldas, Juiz de Fora, São Luís e Mato
Grosso do Sul, entre outras localidades) e de ampliação da sua abrangên-
cia para incluir temáticas mais próximas das psicologias social, ambiental
e do consumidor, além das temáticas típicas relacionadas a trabalho e or-
ganizações. Elaboramos estratégias de comunicação visando remodelar o
site da associação e redesenhar a logomarca da instituição. Discutimos e
atualizamos o estatuto da associação, com o intuito de utilizar a internet

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 217


como meio de tomada de decisão dos sócios e recebimento de boletins
informativos. Participamos de atividades para a inserção da SBPOT em
redes internacionais de associações congêneres e estabelecemos a inde-
pendência financeira e administrativa da rPOT. Reestruturamos a gestão
financeira da associação, estabelecemos taxas bianuais para a associa-
ção, e conseguimos que os sócios mantivessem suas anuidades em dia.
Apoiamos, com estruturação administrativo-financeira, a realização do
CIP – Congresso Interamericano de Psicologia – em Brasília.

Após o início da nossa gestão, em 1º de junho de 2012, fizemos


reuniões para definir atividades visando operacionalizar as propostas
do nosso plano. Na Tabela 1, apresentamos as propostas discutidas na
assembleia de lançamento da chapa para a gestão 2012-2014. Os pro-
pósitos da chapa eram aproximar a associação do seu público-alvo e
minimizar a “imagem acadêmica” que prevalecia entre muitos profis-
sionais que deveriam ser parte do seu público-alvo. Além disso, mesmo
entre os participantes do público “acadêmico” da entidade, havia uma
percepção da associação como ligada a um grupo restrito da Psicologia
das Organizações e do Trabalho no Brasil. A área pode ser considera-
da bastante endógena (Neiva & Corradi, 2010), o que era refletido na
configuração da associação, na sua imagem e em seus membros. Foram
feitas longas discussões sobre quais fatores poderiam levar os associa-
dos a se aproximar da entidade, e muitos esforços foram empreendidos
nessa direção, a exemplo da regionalização da SBPOT.

Ao longo de dois anos, as ações propostas foram alcançadas


em sua quase totalidade, embora seja possível fazer uma avalia-
ção de que algumas propostas eram difíceis de serem realizadas.
Na coluna direita da Tabela 1, apresentamos as atividades reali-
zadas para alcançar cada uma das propostas elaboradas em 2012.

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 218


Tabela 1. Proposta e ações executadas
na Gestão 2012/2014
Proposta da chapa O que foi realizado
para a gestão da SBPOT até julho de 2014

• Contas separadas - prestação de contas de 2012


já considerou a separação por centros de custo;
Organização das demandas • Valores recebidos com doações são exclusivos
da rPOT, CBPOT e SBPOT da rPOT, e gerenciados por seus editores;
• SBPOT com recursos de anuidades e lucros
do congresso.

• Processo de reformulação da logomarca


quase concluído;
Fortalecimento • Registro definitivo do nome “Associação Brasileira
da marca de Psicologia Organizacional e do Trabalho”;
• Incremento do uso do Facebook, Linkedin
e outras redes sociais.

• Negociação de parcerias para o VI CBPOT, envol-


Ampliação da
vendo várias entidades e áreas afins;
interlocução da
• Negociação com a empresa júnior Praxis para iden-
SBPOT com os
tificar pontos de aproximação com outras áreas;
profissionais
• Apoio ao Congresso de Habilidades Sociais.

Alteração • Proposta de alteração do estatuto elaborada,


do Estatuto avaliada por advogados e submetida a votação.

• Negociação com a empresa júnior Praxis para iden-


Regionalização tificar pontos de aproximação com outras áreas;
SBPOT • Proposição, no estatuto, e estudo da possibilidade
de instituição de delegados regionais.

• Participação da SBPOT nos seguintes eventos


internacionais: Simpósio de Comportamento Orga-
Aproximação com nizacional (Portugal, Lisboa/2012); Participação de
correspondentes membros da SBPOT no EAWOP/2013 e Participação
internacionais da SBPOT no III CIAPOT 2013- Argentina;
• Apoio e participação no XXXIV Congresso
Interamericano de Psicologia.

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 219


Aproximação com
• Programação de encontros entre diretores
instituições, sociedades
da SBPOT e outras entidades;
e associações afins
• Estabelecimento de parceria para o VI CBPOT.
no âmbito nacional

• Otimização dos mecanismos de comunicação


pelas redes sociais;
• Proposta de estatuto para votação online;
• Identificação de possibilidades e elaboração
de proposta de mecanismo de votação online
estudados e com proposta pronta;
Ampliar interlocução • Avaliação de propostas de benefícios como
com associados serviços de advocacia; renegociação
de parceria com editora;
• Descontos em congressos regionais (Rio de Janei-
ro, Parnaíba, Aracaju, Poços de Caldas);
• Apoio ao Projeto “O ensino da psicologia do tra-
balho e das organizações e das organizações nas
Américas, Europa e África de Língua Portuguesa”.

• Reorganização do cadastro da SBPOT;


• Oferecimento de serviços aos sócios por meio
Ampliar número
do site (declarações, etc.);
de associados e garantir
• Estudo de propostas de benefícios, como
pagamento das anuidades
serviço de advocacia, concursos de artigos
científicos e distribuição de bolsas.

Ampliação da
• Proposta de alteração no estatuto.
área de abrangência

Divulgar a atuação • Participação em vários congressos


da SBPOT nacionais e internacionais.

A Tabela 1 apresenta a série de ações, realizadas pela dire-


toria 2012/2014, que tiveram repercussões para a SBPOT até os
dias atuais. Fizemos e apoiamos vários eventos fora dos eixos
Brasília-Rio de Janeiro-São Paulo-Bahia, que estavam presentes
nas ações da SBPOT. Esses eventos foram muito importantes

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 220


para a divulgação da SBPOT e aproximação junto ao público-
-alvo. Foram pequenos eventos, com orçamento limitado, mas
de muita repercussão nos locais de realização. Foram muitas as
ações responsáveis e compromissadas com a manutenção da
entidade e com efetivas melhorias. Algumas ações demandaram
muito trabalho e renderam pouca repercussão para a associa-
ção e a diretoria da época, como, por exemplo, a estruturação
administrativo-financeira para a realização do CIP – Congresso
Interamericano de Psicologia – em Brasília. A tesouraria e a pre-
sidência da SBPOT trabalharam com afinco no apoio à comissão
que conduzia o congresso, apesar da invisibilidade para o grande
público. Outro exemplo foram as tentativas de aproximação com
entidades da área de Recursos Humanos, que resultaram apenas
em algumas divulgações da SBPOT em eventos dessas entidades.

Na Assembleia Ordinária da SBPOT, realizada no V CBPOT, em


04 de maio de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, juntamente com
o lançamento da nossa candidatura, foi aprovada a realização do
VI CBPOT na cidade de Bonito - Mato Grosso do Sul. A herança
da organização do VI CBPOT em Bonito - MS foi um grande desa-
fio. A decisão do local foi pautada pelo intuito de fazer circular a
realização do congresso em diferentes regiões brasileiras, contri-
buindo para a consolidação da POT para além dos circuitos cen-
trais, junto ao atrativo turístico da cidade de Bonito - MS. Trata-se
de uma cidade que exige gastos financeiros altos e muito esfor-
ço para acesso ao local, o que impedia a participação de alunos
de graduação, bem como de profissionais de outras localidades
e que não estavam diretamente vinculados às universidades. A
organização do congresso mostrou-se cara e com apoio logístico

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 221


muito trabalhoso. Apesar do pequeno número de inscritos no
congresso (aproximadamente 400 congressistas), a comissão or-
ganizadora atuou de maneira receptiva, somando-se à qualidade
da estrutura física e das atividades realizadas. As restrições or-
çamentárias impostas à comissão organizadora gerou cortes no
suporte dos próprios membros da direção da SBPOT e de con-
vidados para que houvesse o pagamento do local de realização
do congresso, além dos gastos com agência de eventos local. Os
recursos alcançados via órgãos de fomento foram considerados
incipientes pela equipe local organizadora do congresso, o que
gerou altos custos para a associação. A principal preocupação da
diretoria foi tornar o congresso viável financeiramente e garantir
a sobrevivência da associação nos próximos biênios. Nesse senti-
do, foi necessário que a diretoria da SBPOT realizasse cortes nos
gastos, gerando tensões entre a diretoria e as comissões científi-
ca e organizadora. Essa tensão foi tema de discussões acirradas
na Assembleia Ordinária ocorrida durante as atividades do refe-
rido congresso, demarcando um dos momentos mais difíceis da
história da associação. Os membros da diretoria dispensaram os
benefícios comumente concedidos e se disponibilizaram a arcar
com os custos da participação no congresso, apesar de compre-
ender que a escolha da cidade onde seria o congresso ser fruto
de uma decisão coletiva. Esses desafios geraram um importante
aprendizado para os anos seguintes, implicando uma mudança
no processo de escolha dos locais onde seria realizado o CBPOT,
de modo que a diretoria passaria a participar efetivamente das
deliberações e seus membros integrariam as comissões organi-
zadoras e científicas dos CBPOTs seguintes.

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 222


Além das atividades descritas na Tabela 1, mantivemos outras
desenvolvidas pela gestão anterior, como a parceria da SBPOT com
a ARTMED. A parceria contemplava importantes benefícios para os
associados, a saber: i. possibilidade de indicação de obras e autores;
ii. disponibilização das obras da ARTMED nos eventos da SBPOT,
com desconto aos participantes; iii. desconto de 15% para associa-
dos para compras diretas em site da editora, incluindo todas as obras
da ARTMED. A nossa gestão avançou no sentido de proporcionar ao
sócio desconto na ARTMED a partir da impressão da sua situação
como sócio no próprio site da associação. Aliás, a nossa gestão auto-
matizou o acesso do sócio ao site, com possibilidade de pagamento,
emissão de documentos e acesso aos benefícios.

Um ponto que merece destaque foi nossa participação em todas


as reuniões do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasi-
leira (FENPB), que, na época, eram realizadas no CRP/SP (Conselho
Regional de Psicologia/São Paulo). Fomos representados pela Presi-
dente, que fez deslocamentos constantes para participar da reunião.
As pautas eram diversas: relação do sistema Conselho com outras
entidades da Psicologia; Projeto de Lei (PL) do Ato Médico; Congres-
so Nacional de Psicologia (CNP); ética na pesquisa; BVS-PSI; estabe-
lecimento de remunerações e honorários mínimos para atuação de
Psicólogos no Brasil; Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e
Profissão; produção e atividades desenvolvidas por GTs do FENPB
(Ensino Médio, Políticas Públicas e Formação em Psicologia e Resi-
dência Multiprofissional); acompanhamento de projetos de lei (PLs)
que tratavam da Psicologia; tabela de referências de honorários pro-
fissionais. A participação no FENPB foi importante para diminuir o
clima delicado que existia entre as duas instituições, à época.

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 223


A participação da SBPOT mostrou que era possível um trabalho
conjunto, e foi extremamente importante a discussão sobre a remu-
neração básica dos psicólogos, que era, e ainda é, bastante irrisória,
considerando-se o cenário das profissões brasileiras. O pagamento
recebido por psicólogos por hora de trabalho em sessões de terapia
continua sendo muito irrisório.

Os resultados associados às propostas inicialmente feitas por


nós foram apresentados no final da gestão 2012-2014, durante as-
sembleia realizada no VI CBPOT ocorrido entre os dias 8 e 11 de
abril de 2014, em Bonito - MS. Do ponto de vista administrativo,
as ações as quais consideramos muito importantes foram:

1. aprimoramento do sistema de pagamento de anuidades


(inclusão do pagamento por cartão de crédito);
2. implantação do sistema de declaração on-line;
3. separação da conta da rPOT das contas da SBPOT;
4. apoio ao XXXIV CIP;
5. investimento em ações para promoção do
pagamento da anuidade em dia;
6. implantação da bienalidade.

Os eventos que contaram com a participação da diretoria foram:

1. 1º Congresso de Psicologia Organizacional e do Tra-


balho da Região Nordeste (16 a 18 de agosto de 2012)
– Participação na mesa redonda sobre Atuação do Psi-
cólogo em POT;
2. Evento de Extensão “Café com RH: promovendo ações em
prol da melhoria da qualidade de vida dentro e fora do tra-
balho em Macaé”, da Universidade Federal Fluminense;

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 224


3. V Congresso de Psicologia Social e do Trabalho de Po-
ços de Caldas – Mesa Redonda promovida pela SBPOT;
4. VIII Congresso Norte e Nordeste de Psicologia;
5. Simpósio de Comportamento Organizacional em Lis-
boa – Simpósio sobre a Pesquisa, o Ensino de Gradua-
ção e Pós-graduação em POT no Brasil;
6. Apoio e participação no XXXIV Congresso Interameri-
cano de Psicologia;
7. Mesa Condições do trabalho do Psicólogo - NAPG4 – CFP.

Nossa gestão encerrou com 527 sócios ativos. Pagaram suas


anuidades: 108, em 2013, e, em 2014, 58 pagaram suas bienalida-
des. Houve 59 e 58 novas afiliações, respectivamente, em 2013 e
2014. O balanço financeiro da instituição foi o maior até o mo-
mento, o que demandou três eventos de fiscalização das contas
da associação por parte da Secretaria da Receita do Distrito Fe-
deral e da Receita Federal.

Enfim, a gestão da SBPOT foi um desafio no sentido de lidar


com negociações que envolviam interesses políticos individuais
e coletivos. Para a diretoria da época, os momentos foram de
aprendizado, e, muitas vezes, agregaram experiências praze-
rosas e de sofrimento. Trata-se de construir um pensamento
estratégico maior de desenvolvimento da entidade, unificando
os interesses em prol de um objetivo para a grande área de co-
nhecimento, levando em consideração os pesquisadores, pro-
fissionais e estudantes para que o fortalecimento da Psicologia
Organizacional e do Trabalho no Brasil se concretize para além
de interesses individuais ou de grupos específicos.

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 225


Referências

Bastos, A. V. B., & Gondim S. M. G. (2010). O trabalho do Psicólo-


go no Brasil. Porto Alegre: Artmed.

IPEA (2012). Análise do Mercado de Trabalho. Boletim Mercado


de Trabalho - Conjuntura e Análise, 53 (fevereiro), 1-18. Recupera-
do em 1º de março de 2022, de: https://www.ipea.gov.br/portal/
index.php?option=com_content&view=article&id=5748

Neiva, E. R., & Corradi, A. A. (2010). A Psicologia organizacional


e do trabalho no Brasil: uma análise a partir das redes sociais
de pesquisadores da pós-graduação. Revista Psicologia: Organi-
zações e Trabalho, 10(2), 67-84. Recuperado em 2 de março de
2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex-
t&pid=S1984-66572010000200006&lng=pt&tlng=pt.

Capítulo 7 - Gestão 2012 – 2014 226


Capítulo 1 227
GESTÃO 2014 2016

Adriano de Lemos Alves Peixoto – Presidente


Helenides Mendonça – Vice-presidente
Fabiana Queiroga – 1ª Tesoureira
Eliandro Rômulo Cruz Araújo – 2º Tesoureiro
Magno Oliveira Macambira – 1º Secretário
Lucia Helena de Freitas Pinho França – 2ª Secretária
Diretoria da SBPOT e Simone Roballo – Coordenadores do
VII CBPOT
Capítulo 8
Gestão 2014 – 2016

Adriano de Lemos Alves Peixoto


Fabiana Queiroga
Eliandro Rômulo Cruz Araújo
Lucia Helena de Freitas Pinho França
Magno Oliveira Macambira
Simone Robalo

R
egistrar as memórias de um período de gestão da SBPOT
traz um duplo desafio: primeiro, identificar e recuperar
elementos relevantes que ajudem o leitor a compreender
um processo complexo que se desenrola ao longo do tempo e
que conta com a participação de variados atores e distintas pers-
pectivas; e, em segundo lugar, construir uma linha argumentati-
va coerente que contemple esses diversos olhares e experiências
e que, ao mesmo tempo, constitua uma leitura minimamente
agradável. Certamente que essa não é uma tarefa fácil, ainda
mais que foge ao estilo tradicional de literatura científica com a
qual estamos acostumados a escrever... De qualquer forma, vale
o desafio. Então, vamos lá!

229
E
ra uma vez um grupo de profissionais e pesquisadores
da Psicologia Organizacional e do Trabalho que se reu-
niram em uma cidade muito, muito distante chamada
Bonito, para um encontro que acontecia a cada dois anos. E foi lá
que tudo começou… Essa foi a primeira vez que os membros da
gestão 2014/16 se encontraram, para a assembleia geral ordinária
que se realiza a cada dois anos durante o Congresso Brasileiro de
Psicologia Organizacional e do Trabalho (CBPOT). A cidade é um
paraíso do ecoturismo localizado no estado de Mato Grosso do
Sul, distante cerca de trezentos quilômetros da capital do estado,
Campo Grande. Sua escolha para sediar o evento foi considerada
como um marco na trajetória do evento. Era a primeira vez que o
congresso se realizava no interior do país e distante dos grandes
centros. E a ideia de nos reunirmos em um ambiente natural tão
rico e exuberante animava a nossa comunidade.

Entretanto, a realidade se mostrou um pouco mais dura do


que se havia originalmente imaginado. Não era fácil chegar a Bo-
nito. Não havia voos diretos da maioria das capitais à época, o que
obrigava a longas escalas nos aeroportos pelo país. Havia ainda a
necessidade de um deslocamento de carro de cerca de quatro ho-
ras para vencer a distância do aeroporto (em Campo Grande) até a
cidade. Isso certamente impactou no preço/custo ao participante,
de modo que o quantitativo de inscrições ficou abaixo do espe-
rado. Para a comissão organizadora local, realizar um congresso
longe da sua sede principal também se mostrou um desafio, pois
alguns detalhes de estrutura e organização da própria cidade e do
espaço do evento não eram de domínio da comissão.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 230


Certamente essa estória deve ter sido contada com mais pro-
priedade no capítulo anterior, mas consideramos importante
resgatá-la aqui porque as dificuldades experimentadas pela or-
ganização impactaram o evento, no seu orçamento, e ajustes ti-
veram que ser feitos de última hora. Isso significou, entre outras
coisas, um corte em despesas mais elevadas, e alguns palestrantes
que já estavam confirmados tiveram que ser desconvidados (em
função do custo das passagens aéreas, principalmente), gerando
profundo mal-estar entre a diretoria da SBPOT, a Comissão Orga-
nizadora e membros mais antigos da nossa comunidade, que esta-
vam de alguma forma envolvidos no congresso. O resultado disso
tudo foi um clima de muita tensão e conflito na assembleia geral.
E foi nesse contexto que uma nova diretoria foi eleita e assumiu.
Tensões e conflitos na associação são bastante comuns e, em ge-
ral, a ideia de atuar em prol de um objetivo coletivo e os laços
afetivos que unem vários dos seus membros costumam contribuir
para a superação das principais dificuldades. Em uma tentativa
de acalmar um pouco os ânimos, uma faixa de papel crepom foi
improvisada e posta no novo presidente que, acenando para a as-
sembleia, desejou a todos a paz mundial…

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 231


Adriano com faixa presidencial de papel
crepom após eleição da diretoria em Bonito-MS.

A nova diretoria era composta por três membros que vinham


da gestão anterior, Helenides, Magno e Eliandro, e três novos
membros, Adriano, Fabiana e Lucia. Esse padrão de renovação
parcial, comum na gestão da entidade, buscava, entre outras
coisas, preservar a memória e manter uma certa continuidade
entre as ações.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 232


Diretoria SBPOT 2014/2016. Da esquerda para direita: Fabiana Queiroga, Eliandro Araú-
jo, Lucia França, Magno Macambira, Helenides Mendonça e Adriano Peixoto.
Foto tirada durante a abertura do VII CBPOT em Brasília, 2016.

Uma das questões centrais, que desde o primeiro momento


se colocou para a diretoria eleita, foi: o que fazer para ampliar a
participação da comunidade de POT na associação? Ou, posto de
outra forma: por que uma pessoa (profissional ou pesquisador)
deve se filiar à SBPOT? Com essas questões em perspectiva, a
gestão se pautou por três diretrizes estratégicas, que foram ori-
ginariamente apresentadas à assembleia geral antes da eleição,
conforme previsto no art. 16 § 2 do estatuto:

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 233


A atual diretoria da SBPOT buscará desenvolver suas ativida-
des em torno de três orientações estratégicas:

a) Apoiar ações e iniciativas que promovam e/ou se apoiem


no protagonismo estudantil;
b) Desenvolver mecanismos efetivos de comunicação da
SBPOT com os associados e a sociedade;
c) Fortalecer a identidade profissional dos Psicólogos que
atuam em POT.

Em linhas gerais, o tópico a) consistiu em apoiar, principal-


mente, as ações das empresas juniores de Psicologia, partindo
do pressuposto de que os seus membros são potenciais profis-
sionais e pesquisadores de POT no futuro. Para dar conta dessa
orientação foi proposto um projeto chamado SBPOT Junior que
envolveu a criação de um perfil específico no Facebook, o levan-
tamento de todas as EJs de Psicologia no país, a incorporação de
um espaço no CBPOT ( já havia acontecido um encontro de EJs
em Bonito) e a criação de um bóton com a marca. A ideia era
participar ativamente do processo de desenvolvimento das EJs
facilitando a sua gestão do conhecimento, através da homepage
da SBPOT e da troca de experiências1. A principal ação nessa
linha foi o apoio à implantação da EJ de Psicologia da Universi-
dade Federal de Santa Catarina. Apesar da universidade possuir
uma legislação interna apoiando este tipo de iniciativa, forças
políticas internas ao curso de Psicologia se colocaram contrárias
a essa iniciativa. A SBPOT inclusive lançou uma nota, Manifesto

1 A Elziane Campos, que na época fazia doutorado na UnB, chegou a ser convidada para
tocar esse projeto. Ela já havia trabalhado com o tema das EJs no mestrado e seguia com
a temática no doutorado. Infelizmente, não conseguimos efetivar essa parceria.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 234


da SBPOT em Defesa das Empresas Juniores (2013)2, e um artigo foi
publicado na rPOT na seção Ponto e Contraponto, a convite do
editor, fazendo essa defesa3.

De uma perspectiva mais ampla, pode-se argumentar que esse


projeto não teve o alcance desejado. Olhando retrospectivamente
para o seu relativo insucesso, podemos dizer que pelo seu tama-
nho e importância ele necessitava de um grau de envolvimento
e participação mais amplos do que a capacidade da diretoria de
atuar nele. Ou seja, era necessário um grupo (ou equipe) dedica-
do exclusivamente a essa atividade. Essa constatação deu início a
uma reflexão sobre a estrutura organizacional da própria SBPOT,
que vai se aprofundando em atividades e projetos posteriores,
e que pode ser resumida na seguinte ideia: uma diretoria com
três titulares (presidente, tesoureiro e secretário) e três vices (vi-
ce-presidente, 2º secretário e 2º tesoureiro) não dá conta do tra-
balho que efetivamente precisa ser feito para que se tenha uma
sociedade científica atuante e dinâmica. Principalmente porque
os cargos são voluntários e todos os membros têm outras ativida-
des principais. Há também a questão das expectativas associadas
à descrição formal dos cargos, tal como apresentados no estatuto.
Por exemplo, a expectativa do vice-tesoureiro é a de substituir o
tesoureiro nos seus impedimentos, ponto! E parte do convenci-
mento relacionado à participação nas chapas, de pessoas normal-
mente sobrecarregadas de atividades, está justamente no caráter

2 Disponível em https://old.sbpot.org.br/download/47

3 Peixoto, Adriano de Lemos Alves. (2014). Empresas juniores de psicologia: capacitar,


desenvolver e transformar. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 14(4), 464-474.
Recuperado em 24 de fevereiro de 2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=s-
ci_arttext&pid=S1984-66572014000400012&lng=pt&tlng=pt.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 235


eventual e esporádico das atividades. Até o momento em que este
capítulo está sendo escrito, a questão da estrutura da diretoria (or-
ganização da gestão) da SBPOT não foi enfrentada.

A orientação estratégica (b) se desdobrou em uma série de


ações de comunicação que serão descritas com mais detalhes
logo a seguir, e que se caracterizaram como, provavelmente, a
marca mais visível da gestão; e a orientação (c) se desdobra em
uma série de iniciativas que andam junto com as ações de comu-
nicação, mas que têm a sua expressão mais forte e significativa
na proposição do modelo de competências para atuação em Psi-
cologia Organizacional e do Trabalho que começou a ser discu-
tido em março de 2016 e que foi finalmente publicado em 2021.

A burocracia necessária
e a desnecessária

Uma das maiores dificuldades da gestão que se iniciava foi


tomar pé na parte burocrática da SBPOT, na execução daquelas
coisas que são importantes e necessárias para a sua existência
formal, tais como banco, cartório, contabilidade… Nesse cam-
po, os problemas foram de duas ordens principais: a) até aquele
momento a SBPOT tinha aquilo que poderíamos chamar de exis-
tência virtual. Apesar de possuir um endereço comercial (o da
sala da secretaria do Instituto de Psicologia da UnB), seus docu-
mentos e materiais encontravam-se dispersos por vários lugares
– com os ex-diretores, na sala de alguns professores da UnB, no
escritório de contabilidade que atendia a entidade, em um laptop
já meio velho quando do início da gestão, e em uma mala de

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 236


rodinhas… o arquivo móvel da POT! Esse tipo de situação não
favorecia termos uma memória documental, um registro orga-
nizado que explicasse o que estava acontecendo e orientasse as
ações da gestão. Uma segunda dificuldade remete ao fato de que,
sendo quase todo o trabalho da SBPOT realizado de forma volun-
tária, não existem repositórios físicos ou humanos que possam
ser consultados para dar explicações e informações. Sérgio e
Elaine (tesoureiro e presidente da gestão anterior) foram bastan-
te solícitos e forneceram as informações de que eles dispunham
durante algum tempo, mas insuficientes para as necessidades da
nova gestão. Quem chega muito pouco sabe do funcionamento
cotidiano da associação. Assim, tivemos que recuperar uma sé-
rie de informações, o que demandou um enorme esforço.

A primeira grande dificuldade foi o registro da ata de pos-


se da diretoria no cartório de Brasília. Saímos de Bonito sem as
assinaturas da diretoria eleita na ata da assembleia geral, isso
gerou a necessidade de circularmos uma correspondência pelo
país colhendo assinaturas – reconhecidas em cartório, para so-
mente depois podermos registrar a ata no cartório de Brasília,
onde está depositado o estatuto de associação. Tudo isso deman-
dou algum tempo. Vencida esta etapa, assumir o controle efetivo
das contas no Banco do Brasil e Caixa Econômica se tornou um
verdadeiro suplício. Foram inúmeras visitas às agências, com
seus prazos, seus documentos, suas exigências e suas verifica-
ções, que muitas vezes não estavam de acordo com o ritmo e
as expectativas de uma associação científica. Desse movimento
ficou patente que ter um membro da diretoria em Brasília, no
nosso caso, Fabiana (como tesoureira), facilitava muito todo esse

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 237


processo, uma vez que a presença física para a realização des-
sas atividades era necessária. Outra coisa que também ajudou
bastante, foi uma ida de Adriano a Brasília para participar de
um evento. Ele aproveitou a estadia para resolver uma série de
pendências administrativas e tomar pé de questões burocráticas
do dia a dia, fazendo, por exemplo, uma visita ao escritório de
contabilidade que atendia à SBPOT. Esse contato pessoal com as
contadoras permitiu colocar um rosto em importantes prestado-
res de serviço, ao mesmo tempo que questões gerais de funcio-
namento foram explicadas. Foi aí no escritório da contabilidade,
que, vendo-se as caixas de documentos contábeis da associação
acumuladas, surgiu pela primeira vez (nessa gestão) a ideia de
que uma sala própria era uma necessidade. Dessa visita surgiu
também um grupo de WhatsApp que envolvia a presidência, a
tesouraria e a contabilidade da SBPOT, o que possibilitou uma
grande agilidade na solução de problemas.

Mas voltemos aos bancos, pois a situação era um pouco mais


complicada do que deixamos explícito até aqui. Como já disse-
mos acima, quando nossa gestão se iniciou, a SBPOT tinha uma
conta na agência da Caixa Econômica da UnB. Era por aí que
entravam os recursos de pagamento das anuidades dos associa-
dos, especialmente aquelas que eram pagas via boleto bancário,
a principal forma de cobrança até aquele momento. Além disso,
tínhamos duas aplicações em fundos naquela agência. Ou seja,
era uma conta central para a SBPOT. O problema básico é que
essa era a última conta de pessoa jurídica existente na agência, e
qualquer problema gerava uma grande dor de cabeça e inúmeras
consultas, uma vez que já não havia ninguém que soubesse como

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 238


resolver. A agência fica situada dentro do ICC da UnB, a poucos
metros da sala de vários ex-membros e presidentes da SBPOT. Em
algum momento fez todo o sentido ter uma conta lá, mas naquele
momento isso já se apresentava como um estorvo. Some-se a isso
o fato de que a Caixa passou a não mais aceitar a emissão de bole-
tos não registrados, a forma como cobrávamos anuidades. Então,
estar nessa agência se tornou um problema a ser resolvido.

Paralelamente a isso, tínhamos as contas na agência do


Banco do Brasil, também na UnB. Sim, contas, no plural. Em
2014, administrávamos ao menos quatro contas no BB. Uma era
a que chamamos conta SIP, que continha o saldo do congresso
da Sociedade Interamericana de Psicologia realizado em Brasília
em 2013. Eram recursos expressivos, mas que não eram nossos.
Uma parte cabia à própria SIP e teve que ser enviada para eles.
O restante era dividido em partes iguais para o Instituto de Psi-
cologia da UnB e para o UniCEUB, que organizaram o evento. A
parte que cabia à SIP foi saldada ainda em 2014, como vemos
abaixo no e-mail enviado por Jairo Borges para uma das conta-
doras da SBPOT (em 3 de julho de 2014).

Prezada Maria Helena (cópia para presidentes e tesoureiros ante-


riores e atuais da SBPOT)

Dando prosseguimento ao email anterior (abaixo), encaminho


arquivos .jpg com os comprovantes do pedido que fiz para trans-
ferência de US$38,630.33 da conta CIP2013/SBPOT para a conta
da SIP nos EUA, referente à divisão do superávit obtido com a
realização do CIP em Brasília.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 239


Hoje fui informado de que esta transferência exige pagamento de
imposto, por parte da SBPOT. Para isto, solicito a gentileza de
emitir uma DARF e me enviar por email. Farei o pagamento com
os recursos da conta CIP2013/SBPOT, é claro.
Fui informado, pelo funcionário Áureo Menezes, da agência do
Banco do Brasil do Liberty Mall (fone 31016950), responsável
por câmbio de moedas, que o valor desse imposto, para emissão
da DARF, seria R$15.270,38. O código de recolhimento seria 422.
Sugiro confirmar tais dados com ele.
Aguardo a DARF, para efetivar o pagamento4. Depois que este for
feito, farei uma cópia digitalizada e enviarei, tal como fiz com os
anexos da presente mensagem, para que a Century e a Diretoria
da SBPOT acompanhem todo o processo.

Att

Já parte que cabia a UnB foi transferida em 2016, como pode-


mos ver no e-mail abaixo recebido em 24 de junho de 2016….

Prezado Prof. Adriano de Lemos Alves Peixoto


Presidente da SBPOT
(cc: Prof. Jairo Eduardo Borges-Andrade)

Seguindo o encaminhamento, em nome da Direção do IP/


UnB gostaria de oficializar a solicitação da doação no valor
de R$ 87.226,46, referente à 50% do saldo do CIP2013 segun-
do o extrato enviado a mim no dia 23 passado (em anexo),
para fins de utilização no Evento Comemorativo dos 10 Anos

4 O DARF em nome da SBPOT com o valor devido do imposto foi saldado em 3 de julho
de 2014.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 240


dos Programas de Pós-Graduação do IP/UnB, que passo a de-
talhar.
O referido evento incluirá, prioritariamente, a realização e
lançamento de um número especial da Revista Psicologia: Te-
oria e Pesquisa, incluindo artigos provenientes de pesquisas
realizadas no âmbito dos 4 Programas de Pós-Graduação do
IP. Estima-se a inclusão de 6 a 8 artigos por área, cujo processo
de seleção e revisão de pares ficará sob responsabilidade de
4 Editores externos convidados e cuja publicação será bilín-
gue (português-inglês). Incluirão ainda nas comemorações
um pré-evento em homenagem aos Professores Eméritos do
IP, que receberão o título em 2016, e uma mesa-redonda de
discussão sobre a produção científica do IP nos últimos 10
anos, quando o número especial será lançado. A gestão finan-
ceira e operacional do Evento ficará a cargo da Fundação de
Empreendimentos Científicos e Tecnológicos da UnB (FINA-
TEC), em cuja conta se solicita que se efetue o depósito: CNPJ:
37.116.704/0001-34. Banco do Brasil, Agência: 3382-0; Conta
corrente: 13364-7 (Favor, ver mais detalhes no anexo).
Desta maneira, a FINATEC, representada por sua Gerência
de Eventos (que recebe cópia desta mensagem) gostaria ain-
da de solicitar o CNPJ da Associação Brasileira de Psicolo-
gia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) e endereço, para
emissão da Nota de Doação ou Nota de Patrocínio à SBPOT,
aquela que for mais conveniente à Associação.

Atenciosamente,
Claudio V. Torres
Vice-Diretor IP

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 241


O saldo correspondente ao UniCEUB permaneceu em nosso
poder durante toda a gestão5.

Havia ainda a conta da revista (a rPOT). Ela era abastecida com


os royalties pagos pela Artmed decorrentes dos livros (obras coleti-
vas) cujos direitos haviam sido cedidos pelos autores à SBPOT6. A
assembleia Geral de Bonito reforçou a necessidade de que esses re-
cursos fossem direcionados exclusivamente para a revista, e a forma
mais fácil de fazer esse controle foi centralizar os recursos em uma
única conta. É importante que fique claro: tirando verbas eventuais
de alguns editais, a rPOT é integralmente financiada pelos livros que
são publicados com a sua marca. A parceria estratégica mantida du-
rante muitos anos com a editora (Artmed) incluía também a revisão
ortográfica dos artigos a serem publicados na revista! Essa política
de financiamento é bastante singular e expressa o compromisso de
um coletivo não somente com a produção de conhecimento rele-
vante para a área, mas com a sua sustentabilidade.

Nesse ponto, precisamos fazer um breve adendo e aprofun-


dar um pouco mais essa discussão. Em algum momento durante
a gestão, fizemos um levantamento junto à Artmed do histórico
de recursos repassados à SBPOT ao longo dos anos. E foi possí-
vel perceber que, com algumas exceções, a regra básica é a de
recursos decrescentes com o tempo. Ou seja, quanto mais an-
tigo um livro, menos royalties ele gera, porque menos livros são

5 Os recursos estavam à disposição da coordenação do curso de Psicologia do CEUB, e


foram transferidos no ano de 2019. Os recursos foram usados para a comemoração dos
50 anos do curso de Psicologia do CEUB

6 Nesse grupo encontramos os chamados: Livro verde, Livro vermelho, os três livros de
medidas, o manual de treinamento…

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 242


vendidos, ainda que o Livro Verde tenha mantido um elevado
padrão de vendas por um bom período. Por outro lado, as des-
pesas com a publicação de um número da revista apresentavam
tendência de crescimento7. Isso acendeu uma luz amarela so-
bre a questão da sustentabilidade da própria SBPOT em médio
prazo. Não podemos nos esquecer que tanto o CBPOT quanto a
revista funcionam com o CNPJ da SBPOT. Ou seja, não são ativi-
dades separadas, ainda que durante muito tempo tenham sido
tratadas (ou sejam ainda percebidas por algumas pessoas) dessa
forma. E os eventuais problemas de financiamento da revista ou
do congresso devem ser supridos com o caixa da associação.

Por outro lado, quando olhamos mais de perto, percebemos que


os royalties cedidos à associação provêm basicamente de um grupo
específico da ANPEPP. Ainda que não houvesse nenhum tipo de obs-
táculo a que outros grupos oferecessem sua produção à SBPOT para
publicação, na prática, isso não acontecia. Essas obras coletivas
emergem, na maioria das vezes, a partir de projetos coletivos desen-
volvidos pelos grupos de trabalho da ANPEPP. E no período dessa
gestão, esse grupo de trabalho optou por produzir artigos a serem
submetidos a um número especial da rPOT. Com isso não houve a
incorporação de um novo produto bibliográfico que contribuísse
para o financiamento da revista8 renovando esse ciclo.

7 Diferentes tipos de indexação, DOI, marcação XML dos textos, tradução para inglês,
formatação….

8 Nota de Adriano: No período de gestão seguinte também não houve nenhuma edição
de novo livro, tendo o GT optado por outro número especial. Considero que isso fragi-
lizou a relação com a editora parceira, que precisa de produções dentro de sua linha
editorial para a manutenção dessa relação estratégica.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 243


Essa questão dos livros também se relaciona com as temáti-
cas de participação e distribuição de poder na associação. Isso
certamente merece uma discussão específica, mais do que um
breve comentário em um capítulo de memórias. De forma resu-
mida: a SBPOT é um projeto coletivo que só se viabiliza pela par-
ticipação e envolvimento direto de um conjunto de pessoas. As
diretorias eleitas não são capazes de realizar muitas mais coisas
do que tocar as atividades diárias e alguns projetos específicos,
por um motivo simples, o seu reduzido tamanho. E sempre exis-
te algum tipo de perda de participação pelo caminho. No nosso
caso, por exemplo, Lúcia França se afastou logo nos primeiros
meses da gestão para tratar de uma doença, e Fabiana Queiroga
tirou licença maternidade por seis meses. Em termos práticos,
isso significa que sempre existe a necessidade de pessoas novas
se envolvendo e se doando para a construção e desenvolvimen-
to dessas atividades, todas voluntárias. Não temos notícia, até
esta data, de que qualquer pessoa tenha sido deliberadamen-
te mantida afastada de qualquer ação. Nesse sentido, algumas
ideias podem não ser implementadas simplesmente porque não
há braço suficiente para fazê-lo. Isso significa que a maneira de
participar da SBPOT é estar diretamente envolvido na associa-
ção. E esse talvez seja o maior de todos os desafios da associação:
envolver o maior número possível de pessoas e grupos na sua
(permanente) construção e manutenção.

Falávamos sobre as contas da SBPOT no Banco do Brasil


antes dessa longa digressão…havia uma terceira conta que mo-
vimentava os recursos dos CBPOTs. Essa conta foi criada pelo
fato de que, de um modo geral, são os coordenadores locais do

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 244


congresso que fazem despesas para o funcionamento do evento.
E é nessa conta que chegam as receitas. Um registro separado
permite um maior controle e facilita a prestação de contas. Uma
coisa que muita gente não sabe é que as notas fiscais relativas
às inscrições no CBPOT são emitidas pela SBPOT, através de sua
tesouraria, e registradas contabilmente pelo nosso escritório de
contabilidade. Daí porque uma estreita relação entre diretoria
e coordenação do evento é uma necessidade imperiosa. E ha-
via ainda a quarta conta no BB da UnB, que era aquela que a
diretoria da SBPOT movimentava para as suas despesas gerais e
cotidianas, que são poucas, mas que existem.

E como se isso tudo não fosse suficiente, descobrimos que


ainda havia uma conta aberta em Florianópolis, por ocasião da
realização do III CBPOT, que continuava ativa, ainda que sem re-
cursos. Encerrar essa conta deu uma dor de cabeça monumen-
tal. Isso tudo sem falarmos em senhas, sites, contatos, e-mails e
coisas do gênero. Aqui também não mencionamos aspectos es-
pecíficos relacionados à participação e envolvimento na política
científica, de forma ampla9, e na política da Psicologia, de manei-
ra específica. Assim, uma importante realização desse período
foi a construção de um Manual de Organização que consolidava

9 Um exemplo típico do envolvimento da SBPOT neste tipo de atividade foi a parti-


cipação no Fórum das Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas. Nessa época se
discutiam os limites e as restrições que a resolução 466 do CNS colocava à pesquisa
nessas áreas, e a necessidade de uma resolução de ética em pesquisa específica. Dessas
discussões nasceu a resolução 510 do Conselho Nacional de Saúde. Outro exemplo, é a
possibilidade de a SBPOT votar, como sociedade científica, para a escolha de membros
do Comitê Assessor do CNPQ para a área de Psicologia, e assim colaborar para a constru-
ção e aplicação da política científica para a área. Mas para isso tem uma senha específica
para participar da votação no sistema do CNPq. E quem sabia dizer qual era...?

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 245


todas essas informações em um pequeno livreto que continha,
ainda, alguns comentários que permitiriam a qualquer membro
da diretoria que viesse depois compreender o que existia e o que
era necessário fazer para funcionar no dia a dia.

Com isso, queremos destacar um importante aspecto do


funcionamento de uma sociedade científica, que é a sua gestão
cotidiana. Um tema que normalmente não tem visibilidade, mas
que é fundamental para a nossa existência. Isso merece uma
maior atenção e cuidado por parte de nossa comunidade.

As Ações de Comunicação

Na assembleia de Bonito/MS foi aprovada a nova identida-


de visual da SBPOT, que passou a ser aplicada em nossa gestão.
Eliandro, que vinha da gestão anterior, autodeclarou- se, ao as-
sumir, coordenador de comunicação. A reflexão que ele fazia era
a da necessidade de uma ação de marketing no fortalecimento e
posicionamento da marca SBPOT, e que não havia ninguém que
fizesse isso. E assim seguimos.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 246


Eliandro em frente ao painel do VIII CBPOT
com a aplicação da marca da SBPOT.

Uma das primeiras ações pós identidade visual criada, foi


confeccionar bótons, marca-páginas, adesivos e cartões de visita
com a marca da SBPOT para serem distribuídos nos congressos e
nas diversas atividades institucionais que contassem com a par-
ticipação de um dos membros da diretoria. Imediatamente ficou
claro que esse pequeno gesto de dar um bóton, por exemplo, era
bem-vindo e gerava nas pessoas que o recebiam uma simpatia,
uma predisposição positiva com a marca SBPOT. Era como se as
pessoas se sentissem valorizadas e mais próximas da associação
por “levar a POT no peito”10.

10 Nota de Adriano: Ninguém levou essa divulgação da marca mais a sério do que Elian-
dro. Lembro que fomos ao 9 CONPSI, no centro de convenções de Salvador, em 2015, e
Eliandro distribuía alegremente seus cartões de visita ao pessoal que passava, no qual,
por sinal, constava o título de Coordenador de Comunicação como seu cargo na SBPOT…
quando perguntei a ele por que fazia isso, a resposta foi: marketing…, acompanhada de
um largo sorriso, como era seu costume.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 247


Bóton e frente e verso do marca-página com a nova programação visual
e indicação das redes sociais e endereços eletrônicos da SBPOT

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 248


O Manual da marca SBPOT, bem como os arquivos para aplicação (em extensões diver-
sas), pode ser encontrado no site da SBPOT: Institucional → programação visual

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 249


Apesar da existência desse material e da disponibilidade do
manual e dos arquivos em múltiplas extensões no site da SBPOT,
não deixa de ser curioso observar que, ainda hoje, a marca e suas
aplicações não são integralmente respeitadas. Isso provavelmen-
te é um indicador da dificuldade de uma ação mais organizada e
profissional na gestão ou desconhecimento da existência desse
material por parte de nossa comunidade. Podemos ainda supor
que existe uma tendência, de quem vai usar a marca, a baixar
um arquivo ou copiar uma imagem qualquer da internet. De
toda forma, estendemos a padronização da marca para a rPOT
em 2016, reforçando a identidade da revista com a associação.
Nas imagens abaixo vemos o antes e o depois da aplicação da
marca da SBPOT à diagramação dos artigos da revista.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 250


Uma extensão natural de todo esse trabalho de organização e
padronização da identidade visual da SBPOT consistiu na atuali-
zação do nosso site para um formato mais moderno e interativo.
O site trazia algumas novidades potencialmente interessantes
que tiveram graus de sucesso, por assim dizer, variados. Coloca-
mos muita expectativa em uma seção voltada para a publicação
de pequenos textos, ao estilo blog. A ideia era a de que associa-
dos poderiam gerar um movimento via reflexões sobre a ciência
e a prática de nossa profissão. Durante vários meses publicamos
um artigo por semana, mas a esmagadora maioria foi a convite
da diretoria SBPOT. Nossa comunidade não aderiu de forma es-
pontânea a essa forma de comunicação. Apesar de falarmos de
400 a 500 palavras, ficou a impressão de que os convidados trata-
vam as postagens como se fossem artigos acadêmicos mais ela-
borados, com pedidos de prazos e coisas do gênero. Nenhum se
animou a enviar e manter um fluxo de reflexão, como um blog. Já
os poucos textos que recebemos sem convite precisaram de boa
dose de revisão. Isso mostrou um lado não previsto inicialmente,
a necessidade de uma editoria mínima para essa seção, o que
significava mais braços (de que não dispúnhamos!). De qualquer
forma, a ideia era boa.

Outra novidade interessante era a área dos associados, pensa-


da como um espaço fechado no qual os associados podiam trocar
informações livremente e onde documentos de interesse da as-
sociação poderiam ser disponibilizados, tais como o registro das
atas em cartório, as demonstrações contábeis e coisas do gênero.
Nele, o cadastro dos membros ativos estava disponível para todos.
Bom, essa novidade também não foi acolhida pela comunidade,

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 251


talvez por falta de informação, talvez por falta de interesse, puro e
simples, uma vez que as trocas são feitas por outras redes.

Esse cadastro atualizado, disponibilizado na área de inscri-


to, trazia uma novidade muito interessante e importante, mas
invisível. Ele estava conectado com o novo sistema de acompa-
nhamento dos associados. Até esse momento, cada vez que um
associado se inscrevia e pagava sua anuidade, era preciso que o
tesoureiro fizesse um lançamento manual no sistema de contro-
le. Em função da forma de cobrança das anuidades, isso envolvia,
muitas vezes, a necessidade do envio de cópia do comprovante
de pagamento. Com o novo site, passa a haver uma integração do
sistema de gestão de associados e os sistemas de cobrança ban-
cários, com atualização automática e em tempo real das infor-
mações. Isso trouxe uma grande tranquilidade para a tesouraria.

Uma terceira novidade do site, era um link direto para o ca-


nal do YouTube que criamos, o SBPOT TV (https://www.youtube.
com/c/SBPOTTV). A ideia era gerar uma biblioteca de conteúdos
digitais, produzida pela associação, que fosse um dos benefícios
a mais disponíveis para os associados. No momento em que este
capítulo está sendo escrito, o canal tem mais de 60 vídeos publi-
cados, havendo ainda a previsão de que as atividades gravadas du-
rante o IX CBPOT (totalmente virtual em função da pandemia da
COVID) sejam postadas no canal, superado o período de embargo.

No campo das redes sociais, nossa ação se concentrou na pági-


na do Facebook. Marcamos presença constante com postagens nas
datas mais importantes para a nossa área e nossa associação. E fazí-
amos um benchmarking básico comparando o desempenho de nossa

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 252


página com o de outras associações da Psicologia. Nós nos engaja-
mos em algumas campanhas importantes, e constantemente demos
visibilidade às nossas notícias. No período da gestão, multiplicamos
por quatro o engajamento do público com nossa página, e ultrapas-
samos as entidades que acompanhávamos. Todo esse movimento
tinha um objetivo principal: ampliar a comunicação com o associa-
do, de modo que ficasse explícito, pelo tipo e pelo volume das ações
desenvolvidas, a importância de se associar à SBPOT, a questão bási-
ca que discutimos desde o primeiro dia de gestão. Alguns exemplos
de postagens desse período podem ser vistos na sequência.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 253


Nesse período também apoiamos alguns eventos da área
que ostentavam a nossa marca (como vemos na sequência), ofe-
recendo como contrapartida apoio na sua divulgação. Em alguns
casos, membros da diretoria eram convidados a participar.

Nessa época, com a identidade visual estabelecida, pensa-


mos em criar a SBPOTstore para comercializar produtos com a
marca e aumentar ainda mais a relação indivíduo-associação,
no entanto, não conseguimos colocar em prática.11 O fato é que
tivemos um trabalho intenso para dar visibilidade às ações
da SBPOT ao mesmo tempo que buscávamos reforçar a nossa

11 Essa era uma das ideias do coordenador de comunicação, Eliandro! Uma loja virtual com
elementos da marca SBPOT foi criada em 2021 com link de acesso pelo site da associação.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 254


imagem junto à comunidade científica e profissional e stake-
holders de nossa área, dando continuidade e aprofundando um
pouco mais o trabalho que já vinha sendo feito pelas gestões
anteriores. Entretanto, a maior realização da comunicação foi a
criação de uma hahstag (#) que se tornou um lema, e que até hoje
reverbera na internet: POTÉTOP!!!

O Modelo de Competências

De todas as ações realizadas nesta gestão, talvez a mais impor-


tante e significativa tenha sido a proposição do modelo de com-
petências para formação e atuação em POT. O modelo nasceu de
uma questão bastante simples: o que é o trabalho do profissional
de POT, o que ele faz? Apesar de existirem várias tentativas de
apresentação da diversidade e amplitude de possibilidades de
atuação, principalmente por parte de pesquisadores de nossa
área, a realidade se apresentava muito mais restritiva. Não cabe,
no âmbito deste capítulo, aprofundar esta discussão, mas no co-
tidiano percebíamos que estudantes, e mesmo profissionais, ti-
nham uma visão bastante limitada das nossas possibilidades de
atuação. É certo que o núcleo de nossa identidade profissional
está associado às atividades da área de recursos humanos, no
geral, e de recrutamento e seleção, de forma mais específica.

Por outro lado, em vários cursos de graduação há um am-


biente hostil à POT, que se justifica com base em concepções
atrasadas sobre a área que talvez fizessem sentido nos anos 80,
mas que não expressam a nossa realidade atual, nem em termos
de atuação profissional e nem em termos do objeto, variedade e

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 255


qualidade do conhecimento produzido. Havia também a convic-
ção de que a formação na graduação não era capaz de fornecer
o conjunto de competências necessárias à atuação profissional.
Não é incomum que os cursos de graduação sequer tenham com-
ponentes curriculares de POT, ainda que muitos tenham apenas
uma ou duas disciplinas. Nesse contexto, estava claro que preci-
sávamos afirmar de forma positiva o alcance e o nosso potencial
de atuação, daí porque orientar sobre que tipo de conhecimento
que o profissional de Psicologia deve buscar para atuar na área
é uma tarefa importante para a sociedade científica. Por fim,
Adriano, que fez seu doutorado na Inglaterra, teve a oportunida-
de de conhecer de perto o modelo de qualificação profissional
da Sociedade Britânica de Psicologia para a POT (que lá se cha-
ma Psicologia Ocupacional)12. E, nessa mesma direção, o padrão
de qualificação EuroPsy13 para a área. É dessa confluência que
surge a ideia de criar um modelo de Competências em Psicolo-
gia Organizacional e do Trabalho no Brasil.

Em termos objetivos, uma iniciativa desse tipo somente teria


possibilidade de prosperar se, desde a sua origem, ela tivesse o
envolvimento de pessoas com reconhecida competência e res-
peito na área. Foi nesse espírito que, no final de 2015, Adriano
entrou na sala de Virgílio Bastos14 para lhe apresentar a ideia
e convidá-lo a participar do seu desenvolvimento. A conversa
prosperou, e nesse mesmo dia já ligaram para a Gardênia Abbad

12 https://www.bps.org.uk/qualifications/occupational-psychology

13 https://www.europsy.eu

14 Antonio VIRGÍLIO Bittencourt Bastos. Nesse período Adriano e Virgílio trabalhavam jun-
tos na UFBA, na Superintendência de Avaliação e Desenvolvimento Institucional (SUPAD).
Virgílio era o Superintendente e Adriano o Coordenador de Desenvolvimento Institucional.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 256


para articular o trabalho. Foi a partir da convergência das agen-
das desses dois participantes que a data da primeira reunião de
trabalho foi marcada. Desde essa primeira conversa de Adriano
com Virgílio, já se havia delineado o formato básico do trabalho.
Ficou certo de que seria formado um grupo de especialistas, com
um representante de cada uma das áreas básicas existentes no
EuroPsy, o modelo que mais se aproximava daquilo que já vinha
sendo discutido no país. E a esse grupo reduzido seria atribuída
a tarefa de construir um modelo nacional para a POT.

Estabelecida a data e convidados os participantes, o passo se-


guinte foi viabilizar a reunião inicial (um workshop), que aconte-
ceu no início de março de 2016 nas dependências do Conselho
Federal de Psicologia, em função do apoio fornecido para esta
atividade. A ideia foi casar a discussão com a realização de um
diálogo on-line15. O grupo de trabalho inicial foi composto por
Adriano Peixoto – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antonio
Virgílio Bastos – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Rodolfo
Ambiel – Universidade São Francisco (USF), Helenides Mendonça
– Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Gardênia
da Silva Abbad – Universidade de Brasília (UnB), Mary Sandra Car-
lotto – Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Rober-
to Moraes Cruz – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Thaís Zerbini – Universidade de São Paulo (USP/RP), e Juliana
Porto (UnB). Pela SBPOT estiveram presentes Eliandro Araújo –

15 O diálogo era uma atividade corrente do CFP, transmitida ao vivo pela internet. O vídeo da
apresentação do modelo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=gOhIDeKxtYg
. Existe ainda no canal do CFP uma série de vídeos gravados pelos participantes do workshop
que falam sobre a importância desse modelo, como por exemplo https://www.youtube.com/
watch?v=EFqxiKWZGRc&t=6s

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 257


Conselho Regional do Maranhão (CRP-MA), e Fabiana Queiroga
– Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Participou ainda do
workshop, Júlia, filha de Fabiana, com quatro meses e meio de ida-
de, que foi aceita como membro honorário da SBPOT.

Júlia, quatro meses e meio.


Até então, a mais nova associada da SBPOT

Card de divulgação do debate on-line


no qual o modelo foi apresentado.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 258


Participantes do workshop da SBPOT que construiu as bases do modelo de competên-
cias. Em pé, da esquerda para direita: Rodolfo Ambiel, Roberto Cruz, Adriano Peixoto,
Antonio Virgílio Bastos, Eliandro Araújo. Sentadas, da esquerda para a direita: Juliana
Porto, Gardênia Abbad, Mary Sandra Carlotto, Thais Zerbini, Helenides Mendonça.

Saímos desse encontro em Brasília com a estrutura básica


do modelo já pronta e apenas com alguns pontos pendentes de
revisão. Esse material foi apresentado e discutido já em uma me-
sa-redonda no mês seguinte, no CBPOT de Brasília.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 259


O VII Congresso Brasileiro de Psicologia
Organizacional e do Trabalho

A boa prática, e o estatuto também assim indica, sugere que


durante a assembleia geral ordinária da SBPOT sejam apresenta-
das as diversas opções (se houver), e que seja escolhida a sede do
próximo CBPOT. Entretanto, não foi isso o que ocorreu em Boni-
to. Saímos da cidade sem ter nenhuma indicação firme de onde
poderíamos realizar o evento. Aliás, houve, sim, uma sugestão,
mas ela foi feita à noite durante uma das confraternizações que
normalmente ocorrem durante os eventos. Marly Perreli, do Pa-
raná, sugeriu que o CBPOT fosse realizado em Curitiba, na Univer-
sidade Positivo. Ela disse que conhecia o coordenador do curso,
Raphael Di Lascio, e que se dispunha a fazer a ligação. Algum tem-
po depois tivemos uma conversa com o Raphael, que se colocou à
disposição, mas a ideia acabou sendo descartada. Diante dos pro-
blemas experimentados em Bonito, havia uma expectativa de que
o congresso seguinte transcorresse de forma mais tranquila. Por
outro lado, não havia ninguém da SBPOT no Paraná que pudes-
se assumir a coordenação do evento. Colocar um congresso com
a importância do CBPOT sob a responsabilidade de uma pessoa

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 260


que não fazia parte da associação naquele momento e que não
conhecia a dinâmica do evento, seu tamanho e sua complexida-
de, parecia ser algo que não fazia muito sentido. Assim, a ideia
acabou sendo descartada. Sondamos ainda os grupos da UFMG e
o da UFRN, ambos sem sucesso. Equipe reduzida, pessoas sobre-
carregadas. Salvador também chegou a ser cogitada, mas para o
ano seguinte já havia a previsão de realização do Congresso Nor-
te Nordeste de Psicologia na cidade, sendo que os membros da
SBPOT na UFBA também faziam parte da Organização do CONSPI.
Era impossível organizar dois grandes congressos em um espaço
de tempo tão curto. Ou seja, ficamos sem opções.

Foi neste contexto que surgiu a ideia do congresso voltar


para Brasília16. Centro do país, boa conexão aérea com todas as
capitais e a existência de um grupo comprometido com a SBPOT
disponível para trabalhar no evento. Fabiana sondou a coorde-
nação do curso no UniCEUB - Centro Universitário de Brasília.
Eles já haviam recepcionado, em 2013, o Congresso da SIP - So-
ciedade Interamericana de Psicologia, uma experiência exitosa
tanto para a Psicologia Brasileira quanto para a instituição17.
Assim, formou-se uma parceria UnB (responsável pela parte
científica) /CEUB e o congresso ganhou nova casa. Simone Ro-
ballo18, Coordenadora do Curso de Psicologia do CEUB, ficou na

16 Nós também recebemos propostas de bureaux de eventos para realizarmos o congresso


em Gramado e em Curitiba. Descartamos essas possibilidades por não termos grupo ligado à
SBPOT nesses locais. Até o momento, a SBPOT não fez nenhum congresso administrado à dis-
tância, como é comum em outros eventos... Talvez essa seja uma hipótese a ser considerada.

17 O XXXIV CIP – Congresso Interamericano de Psicologia contou com mais de 2 mil par-
ticipantes.

18 Importante observar, Simone não atua em POT, mas na clínica.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 261


Coordenação Geral do evento, e Jairo Eduardo Borges Andrade
(UnB) assumiu a presidência da Comissão Científica. Na parte
de secretaria executiva, o congresso repetiu a parceria desen-
volvida com a Win Eventos, que também havia trabalhado no
congresso da SIP e já conhecia bem a dinâmica da Psicologia.

Simone Roballo, coordenadora do VII CBPOT

O VII CBPOT trouxe consigo várias novidades. Uma das pou-


cas condições postas pelo UniCEUB para receber o evento foi a de
que ele ocorresse no mês de julho, durante o período das férias
escolares. Com isso, não haveria nenhum tipo de interrupção das
atividades normais da universidade, e o congresso poderia usar
a infraestrutura disponível que estaria ociosa nesse período. Tra-
dicionalmente, os CBPOTs ocorriam nos meses de abril ou maio,
como uma forma de evitar o choque com outros congressos já
consolidados no meio do ano ou no segundo semestre.

Foi também em Brasília que surgiram as primeiras atividades di-


retamente voltadas para o aprofundamento de um relacionamento
com o mercado. Para isso o evento contou com uma coordenação

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 262


específica a cargo da prof.ª Janice Pereira (UniCEUB). E foi assim
que surgiram as atividades de rodas de consultoria, onde empresas
apresentavam seus problemas e possíveis linhas de ação eram dis-
cutidas por profissionais com experiência específica na área, e as
boas práticas, atividade na qual as empresas apresentavam/promo-
viam boas práticas de gestão que elas utilizavam, e discutiam com o
público características de sua aplicação. Foi também desse CBPOT
o Café com, um espaço informal de conversa de grandes nomes da
área, que compartilhavam de forma livre estórias e reflexões sobre
suas pesquisas e suas trajetórias com aqueles que quisessem ouvir e
tomar um café19.

Outra novidade do CBPOT de Brasília foram as chamadas ativi-


dades preparatórias: um conjunto de mesas-redondas, transmitidas
ao vivo pela internet, que já traziam a marca do congresso e que ti-
nham por objetivo promover discussões que atraíssem o interesse
e a atenção para o congresso. Foram promovidas três discussões
(todas disponíveis na SBPOT TV): uma sobre gestão de competên-
cias no setor público, seus limites e possibilidades (https://www.
youtube.com/watch?v=DWjptDl6pfI&t=1944s); uma sobre avaliação
psicológica nos processos seletivos públicos (https://www.youtube.
com/watch?v=Vyraa0Rgcq4&t=11s); e uma sobre saúde, qualidade
de vida e bem-estar no trabalho (https://www.youtube.com/watch?-
v=t5CfD0cXpUo&t=7s). Podemos dizer que esse conjunto de experi-
ências abre de forma definitiva a SBPOT para o uso das ferramentas
on-line como forma de comunicação e produção do conhecimento.

19 As salas dos Café com tinham de fato café e biscoitos. Os convidados também se sen-
tavam em poltronas ou pufes ao redor do convidado, reforçando a ideia de proximidade
e informalidade.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 263


Uma estória interessante desse CBPOT foi a submissão da
proposta de financiamento ao edital do PAEP-CAPES20. Um dos
pontos fundamentais para o sucesso do evento é a possibilidade
de captação de recursos pelas agências de financiamento. Caso
sejamos bem-sucedidos nisso, uma série de despesas importan-
tes são cobertas dessa forma, o que contribui fortemente para
o sucesso do evento21. A expectativa da diretoria era de que a
organização do CBPOT cuidasse dessa parte. Acompanhávamos,
mas não prestávamos atenção aos detalhes. Eis que, um belo
dia de tarde, por volta das 15:30, Adriano, que estava na fila do
banco, recebe uma ligação da tesoureira do congresso, Daniela
Borges (UniCEUB), dizendo que ele precisava submeter o projeto
ao PAEP. Ela, tesoureira do evento, não poderia fazê-lo. A regra
dizia que só o presidente da sociedade científica ou o presidente
do congresso, se tivesse título de doutor, poderia fazê-lo. E o pra-
zo era a meia-noite daquele dia!!!

Imediatamente bateu o desespero. Adriano ligou para Jairo,


que não estava disponível. Não tinha jeito. Ele teria que fazer a
submissão. Nesse ponto, ele inicia uma ligação com Fabiana que
se estenderá por várias horas, ela larga o que estava fazendo e os
dois se dirigem para suas casas para preparar a submissão. Na
prática, eles seguiram se falando e construindo o projeto, das 17

20 Programa de Apoio a Eventos no país.

21 Deve-se lembrar que a SBPOT financia suas atividades com os recursos que sobram
da realização do CBPOT. Assim, se as despesas são cobertas por patrocínio, apoio e fi-
nanciamento, o que sobrar, basicamente inscrições, manterá a associação pelos dois
anos seguintes. Ainda que nosso padrão de despesas seja baixíssimo, esses recursos são
fundamentais.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 264


horas até pouco depois da meia-noite22. Uma agonia total. Por
volta das 11 horas, depois do projeto pronto para submissão, eles
descobrem que é necessário um documento com assinatura e
carimbo da entidade! Nessa altura, a solução foi acionar o mari-
do de Fabiana, Renato Rojas, que, especialista em design gráfico,
começou a construir um carimbo digital. E manda o arquivo. E o
arquivo não abre. E falta outro documento. E o arquivo não che-
gava. E a meia-noite se aproximava… Quando faltavam dez mi-
nutos para a meia-noite, o sistema da CAPES travou… Desespero
total!!! Tenta de novo, 11h55... Outra vez, 11h57… fica tentando...
meia-noite! A vaca foi para o brejo… mas tenta uma última vez,
vai que dá certo... 00h07…FUNCIONOU!!!!!! Quer dizer, conse-
guimos enviar a proposta. Agora era esperar e saber se ela havia
sido efetivamente aceita, já que o prazo havia estourado. E eis
que para nossa grande alegria, fomos contemplados com a se-
gunda ou terceira maior verba do edital PAEP daquele ano.

Uma grande conquista para todos! E um dos fatores que con-


tribuíram para o sucesso daquele CBPOT.

Uma coisa interessante que fala da necessidade de memó-


ria e de um razoável grau de organização administrativa para a

22 Existia um projeto para o CBPOT, mas ele não cabia nos campos do sistema da
CAPES. Por outro lado, eles pediam informações que não estavam escritas. Assim é que
quase tudo teve que ser refeito à medida que as informações eram inseridas no sistema
e novas informações eram solicitadas.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 265


condução dos trabalhos de uma sociedade científica: a presta-
ção de contas desses recursos somente se encerrou em maio de
2021, cinco anos após a realização do congresso.

Outro fator importante para o sucesso dessa edição do


CBPOT, além daqueles já mencionados, foi a forma de organi-
zação da comissão local. Ela envolveu um conjunto importante
de professores e alunos em diversas comissões que deram su-
porte e garantiram o bom funcionamento das atividades. Entre
elas, vale destacar as seguintes comissões: voluntariado, logís-
tica, sociocultural, comunicação e articulação com o mercado

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 266


e organizações23. É esse espírito coletivo que marca as ativida-
des da SBPOT e que são a fonte de seu sucesso.

Bandeira da SBPOT criada para a abertura do congresso de Brasília

Uma das principais marcas do VIII CBPOT foi a bandeira.


Não deixa de ser engraçada a estória de como ela surgiu. Elian-
dro, o autodenominado diretor/coordenador de comunicação,
frequentemente enviava para Adriano uma mensagem pelo
WhatsApp com alguma ideia incrível para dominar o mundo da
Psicologia, bem ao estilo de Pink e Cérebro. Numa dessas, ele
enviou uns rabiscos, feitos à mão com caneta vermelha, de uma
bandeira. Adriano conta que achou o desenho horrível e a ideia
meio sem sentido. E, na conversa que estabeleceu, ele apontou
alguns problemas como forma de descartar a ideia. Eliandro,

23 Os membros das diversas comissões podem ser vistos em http://cbpot2016.sbpot.org.


br/site/pdf/resumos_VII_CBPOT_final.pdf

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 267


não satisfeito com a resposta, refez o desenho, mas agora usando
um programa no computador, e mudou a cor para azul, já no
padrão da SBPOT. Conversa vai, conversa vem, um brainstorm
se estabelece e eles associam a bandeira à ideia da bateria da
escola de samba na qual Jairo Borges tocava, e que participaria
da abertura do evento. Dessa forma, e com um pouquinho de
inspiração nas bandeiras das escolas de samba do Rio de Janei-
ro, é que Eliandro apresentou um novo desenho que parecia ser
muito interessante.

Nesse ponto, Adriano já estava empolgado e pensava mandar


confeccionar a bandeira no Rio de Janeiro, em alguma empresa
que trabalhasse para as escolas de samba. Em uma ligação tele-
fônica para Jairo, ele lhe contou a ideia e enviou a imagem. Jairo
se empolga com a ideia (no seu estilo peculiar) e descobre uma
costureira, em uma das cidades-satélite de Brasília, que confec-
cionava bandeiras, em tamanho oficial, para as escolas de sam-
ba do DF. Após um contato telefônico e o envio da imagem da
ideia (que era boa, mas estava longe de ser perfeita) a bandeira
ficou pronta. O resultado surpreendeu a todos pela qualidade do
material e a perfeição do trabalho.

A bandeira foi conduzida pela primeira vez, com toda pompa


e circunstância, pelo casal de mestre-sala (Flavinho Sambista)
e porta-bandeira (Tais Campelo Vieira Corrêa) que desfilavam à
frente da Bateria Furiosa, do Bloco Fio Desencapado, de Brasília,
durante a abertura do VIII CBPOT, causando um real impacto
nos participantes do evento. Outro destaque importante da aber-
tura do CBPOT foi a participação de Stanley Gacek, diretor do

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 268


escritório da Organização Internacional do Trabalho no Brasil,
que falou sobre Trabalho decente24.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira conduzindo


a bandeira da SBPOT na abertura do congresso

Durante a recepção aos congressistas que se seguiu à aber-


tura, várias pessoas tiraram fotos com a bandeira, que, ao final
da noite, foi solenemente entregue à diretoria pelo mestre-sala e
pelo diretor da Furiosa. Essa acabou sendo uma das marcas mais
interessantes da gestão.

Ao final do evento, a diretoria entregou uma placa para Simo-


ne Roballo, extensiva a todos aqueles que contribuíram para a
realização do evento, em reconhecimento ao trabalho realizado.

24 A fala de Stanley Gacek na abertura acabou sendo um pouco prejudicada porque


ele teve problemas com o trânsito de Brasília e atrasou um pouco a sua chegada, o que
acabou reduzindo o seu tempo de fala.

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 269


Essa placa marca o início de um processo de reconhecimento a
membros e pessoas da comunidade que, de alguma forma, con-
tribuem com a SBPOT. Esse movimento se estenderá, no período
seguinte, ao Prêmio Sigmar Malvezzi, que visa reconhecer pes-
soas que dedicaram sua vida profissional ao desenvolvimento de
nossa área.

A título de epílogo

As estórias aqui contadas são apenas uma parte da dinâmica


da gestão 2014/2016. Certamente existem outras. De qualquer
forma, buscamos apresentar aquelas que, de alguma forma, se
destacam pela sua relevância, pela sua curiosidade ou simples-
mente porque ilustram algum aspecto importante da gestão de
uma sociedade científica, e que tendem a passar despercebidas
da maioria das pessoas. Mais do que descrever fatos ou realiza-
ções, buscamos falar um pouco das dinâmicas que estavam por
trás dos fatos. Ao estilo, talvez, de uma estória social da gestão.
Apresentá-las em um livro de memórias contribui para que se

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 270


possa compreender um pouco mais a natureza do trabalho e dos
processos organizativos que nos envolvem.

Outro aspecto importante é que a estória vivida gera apren-


dizagem e nos leva a enxergar e conceber o trabalho da SBPOT
de outra forma. Hoje percebemos a necessidade de mudanças
organizacionais em nossa própria associação a fim de que ela
possa melhor exercer as suas atividades.

Não há dúvidas de que temos (nós, sociedade científica) um pa-


pel importante na construção da institucionalidade de nosso campo
específico, a Psicologia Organizacional e do Trabalho. Entretanto,
nossa atuação também ajuda a consolidar, fortalecer e demonstrar a
importância da produção de conhecimento do campo científico no
país. Uma atividade desta natureza não se esgota no espaço de tem-
po de uma gestão, ou mesmo no âmbito de um grupo limitado de
indivíduos. Se podemos usar uma metáfora para representar o tra-
balho, e a importância, da SBPOT, ele é como uma longa corrida de
revezamento na qual o bastão passa de mão em mão. Em qualquer
ponto dessa corrida, nossa posição sempre dependerá daqueles que
nos antecederam. Nós somos responsáveis por passar o bastão para
aqueles que nos sucederem, e são eles que terão a responsabilidade
de continuar com a nossa corrida, e que se beneficiarão dos frutos
que foram semeados ao longo desta jornada.

E aqui encerramos a nossa parte. E como se diz por aí, entrou


por uma porta e saiu pela outra. E quem quiser que conte outra,
porque….

#POTÉTOP

Capítulo 8 - Gestão 2014 – 2016 271


GESTÃO 2016 2018

Adriano de Lemos Alves Peixoto – Presidente


Fabiana Queiroga – Vice-presidente
Amalia Raquel Pérez – 1ª Tesoureira
Áurea de Fátima Oliveira – 2º Tesoureira
Marcos Aguiar de Souza – 1º Secretário
Marina Greghi Sticca – 2ª Secretária
Helenides Mendonça – Presidente do VIII CBPOT
Capítulo 9
Gestão 2016 – 2018

Adriano de Lemos Alves Peixoto


Fabiana Queiroga
Amalia Raquel Pérez

N
ormalmente, a história de uma gestão da SBPOT tende
a ser contada a partir da montagem da chapa para a di-
retoria que é eleita durante a assembleia geral dos asso-
ciados no CBPOT. Por certo que toda gestão tem algum grau de
continuidade, com membros da diretoria atuando em dois perí-
odos consecutivos. Entretanto, no caso específico desta gestão,
não há como marcar esse novo início de uma maneira tão nítida,
uma vez que o presidente (Adriano) e a vice (Fabiana) vêm da
gestão anterior. Mas de uma coisa o leitor pode ter certeza, nun-
ca foi essa a nossa intenção.

273
Tendo vivido o período de gestão, percebido seus proble-
mas e refletido sobre possíveis soluções, com a aproximação
da assembleia geral começamos a procurar pessoas que pu-
dessem estar interessadas em participar da nova diretoria1. A
ideia original era que uma nova chapa se reunisse e construísse
uma proposta de atuação antes do CBPOT. É óbvio que o cargo
principal era o de presidente. Fizemos contato com várias pes-
soas que já tinham uma certa trajetória na área e que ainda não
haviam ocupado essa posição, uma vez que buscávamos para a
presidência alguém com um perfil mais sênior. Entretanto, não
obtivemos sucesso. De um modo geral, ouvíamos, dos possíveis
pretendentes que contatávamos, que estavam sobrecarregados
de atividades, tinham outros planos, não estavam disponíveis
ou que já tinham contribuído de alguma forma com a SBPOT e,
com isso, achavam que já haviam dado a sua cota de colabora-
ção. É importante que se diga que essa busca por uma diretoria
envolvia consulta a pessoas dos principais grupos de trabalho da
ANPEPP que têm algum grau de relação e envolvimento direto
com a SBPOT.

1 Importante é ter em mente que estamos falando, neste início de texto, de um movi-
mento iniciado na gestão 2014-2016.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 274


Edital de convocação para assembleia geral da SBPOT no IX CBPOT

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 275


O resultado foi que chegamos no CBPOT sem a sugestão
de uma chapa para a eleição. O grupo que concorreu e que pas-
sou a compor a diretoria do período 2016-2018 foi formado du-
rante o próprio congresso. Outro ponto que é preciso destacar,
e que ajuda a compreender essa dinâmica eleitoral/sucessória,
é que, apesar do grande volume de realizações da SBPOT, o que
dá uma impressão de que somos uma associação numerosa,
a realidade é outra. O quadro de membros ativos é pequeno,
muito pequeno. E é composto por um grupo razoavelmente es-
tável de pessoas. Ainda que tenhamos vários profissionais de
Psicologia atuando em áreas correlatas à POT, nesse período,
a nossa pós-graduação ainda é restrita. E como somos marca-
damente uma entidade científica, nosso apelo para o mundo
profissional é baixo. Por outro lado, existem grupos dentro do
nosso campo, especialmente alguns daqueles que se dizem crí-
ticos, que não desejam participar da SBPOT, mesmo quando
convidados, porque entendem – de forma equivocada, ao que
nos parece – que a associação tende a ter uma postura pró-or-
ganização e não pró-trabalho2 . O que sem sombra de dúvida,
não custa reforçar, é um equívoco fundamental.

Em suma, as chapas da SBPOT tendem a acomodar diversos


grupos e são eleitas por consenso, uma vez que tem sido possí-
vel compor interesses distintos no nosso pequeno universo de

2 Esse tema da (falsa) oposição entre Organização e Trabalho, que segundo alguns expressa
uma oposição entre capital e trabalho ou empresa e trabalhador, merece uma discussão mais
aprofundada, mas que foge ao escopo deste capítulo, e mesmo desse livro. Como o próprio
manual de competências da SBPOT (2021) mostra, as áreas de atuação não são definidas por
perspectivas teóricas ou metodológicas específicas. Assim, a nossa associação comporta, aco-
lhe e reconhece todas as visões e abordagens da POT como legítimas, e está de portas abertas
a tod@s que queiram participar da construção da área. Pelo menos assim entendemos....

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 276


membros ativos. E como muitos consideram que já deram sua
contribuição, o espaço de manobra, por assim dizer, para a com-
posição de chapas é pequeno. E foi nesse espírito que surgiu a
gestão 2016-2018.

Logo no início da gestão, logo no início mesmo, perdemos a


primeira participante da diretoria: Áurea se afasta por ter que
cuidar de um familiar enfermo. Segundo o estatuto, a diretoria
deveria ter escolhido um novo membro, e posteriormente sub-
metido sua escolha à aprovação da assembleia. Isso não foi feito
e, avaliando retrospectivamente, talvez tenha sido um erro, já
que isso reduziu o tamanho da diretoria, que já é pequeno.

Extrato do estatuto da SBPOT

Essa questão da composição da diretoria se agravará um pou-


co mais quando Amália segue para um pós-doutorado na Espa-
nha. Apesar de ter se mantido em ação na tesouraria, o que é
possibilitado pela utilização do aplicativo do banco, a distância
gera uma série de limitações que impactam nossa dinâmica de
gestão, como veremos mais tarde, quando falarmos das contas
da SBPOT às vésperas do congresso, por exemplo.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 277


CBPOT Goiânia

De uma coisa o leitor pode ter certeza: nunca foi a nossa in-
tenção realizar um CBPOT, pela terceira vez em sequência, em
uma cidade do Centro-Oeste. Vínhamos de edições anteriores em
Brasília e, antes disso, em Bonito-MS. Entretanto, assim, como
ocorreu nas vezes anteriores, saímos do último congresso sem
uma definição de onde seria realizado o CBPOT seguinte. Uma
vez mais, contactamos os principais centros onde havia núcleos
de professores ligados à POT. Nossa ideia original era podermos
ir para uma cidade do Nordeste ou do Sul do país. E chegamos
mesmo a considerar a possibilidade de levar o congresso para
Gramado, uma vez que fomos contactados pelo Bureau de Con-
venções da cidade. E assim, como das vezes anteriores, obti-
vemos as mesmas respostas. Poucas pessoas disponíveis para
colaborar e se comprometer com um projeto/atividade dessa na-
tureza. Grupos sobrecarregados de trabalho. Ou problemas con-
cretos, como, por exemplo, o caso de Salvador, onde o centro de
Convenções havia desabado e a Universidade Federal não tinha
estrutura física para acomodar um congresso dessa natureza.

De alguma forma, essa dificuldade de identificar lugares para


a realização do CBPOT expressa as limitações do nosso modelo
de gestão do evento. Ao mesmo tempo, aponta para a importân-
cia e a necessidade de repensarmos e alterarmos a forma como
o congresso vem sendo realizado. Em linha gerais, o congresso
é realizado na cidade/universidade onde temos alguém, normal-
mente um grupo de professores, ligado à SBPOT que assume a
responsabilidade de organizar o evento. Nas edições iniciais,

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 278


como o CBPOT ainda não havia circulado pelos lugares onde
essa presença é mais expressiva, temos a impressão de que essa
definição da cidade seguia um processo mais fluido. Entretanto,
com o passar do tempo, e com as escolhas mais óbvias tendo
sido superadas, escolher uma cidade (= ter gente disposta a se
dedicar por um tempo a um evento) passa a ser algo mais com-
plexo e difícil de estabelecer. Foi neste contexto que nos volta-
mos para a região Centro-Oeste uma vez mais.

Helenides Mendonça tinha, havia pouco tempo, passado por


duas gestões consecutivas da associação, e era a coordenadora de
um dos grupos da ANPEPP com forte ligação com a SBPOT. Por
este motivo, achamos que valia a pena conversar com ela sobre a
dificuldade que estávamos enfrentando e pedir a sua colaboração
para superarmos essa dificuldade. Havia ainda três argumentos
que consideramos importantes, e que foram postos na nossa con-
versa de convencimento. A Win Eventos, empresa que havia fei-
to o trabalho de secretaria do CBPOT de Brasília e do Congresso
da SIP - Sociedade Interamericana de Psicologia, era sediada em
Goiânia. Assim, acreditávamos que se mantivéssemos a mesma
empresa organizadora, a proximidade e o conhecimento das nos-
sas limitações e necessidades facilitaria o processo3 de gestão do
congresso. Nessa mesma direção, a Go!Sites, empresa responsá-
vel pela criação, manutenção e hospedagem do site da SBPOT tam-
bém estava sediada em Goiânia4. Eles seriam responsáveis pela

3 Devemos registrar que a Win aparecia como uma indicação de uma parceria que havia
sido bastante exitosa em eventos anteriores. Ela nos parecia uma escolha óbvia. Não havia
nenhum outro tipo de contato ou relacionamento com a empresa.

4 Não sabemos explicar a explicar a origem dessas relações/escolhas na sua origem. Imagi-
namos que isso deve ser objeto de outros capítulos deste livro.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 279


construção e hospedagem do site do congresso, como já haviam
feito na edição anterior, o que facilitava, inclusive, a preservação
dos anais e padronizava o domínio do evento5; e achávamos que
Goiânia estava perto o suficiente de Brasília, onde a SBPOT tem
forte presença, para deslocamentos de participantes e eventuais
apoios da diretoria.

Com um pouquinho de insistência e algumas conversas,


Helenides aceitou receber o evento na Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, colocando apenas uma condição: que ela in-
dicasse os membros da comissão científica que iriam trabalhar
com ela. E os nomes que ela apontou eram todos de excelente
nível. E assim, nasceu o VIII CBPOT.

Definido o local, em março de 2017, aproveitando uma


viagem pessoal de Adriano a Brasília, ele, Fabiana e Michele
Nunes (à época estagiária da SBPOT) foram de carro à Goiânia,
visitar a Go!Sites6 e conhecer a PUC/GO. Lá tiveram a oportuni-
dade de conversar com alguns professores do curso e algumas

5 A página do congresso de Bonito havia sido hospedada em um servidor da região, e nós


tivemos grande dificuldade de recuperar as informações relativas a essa edição do congresso.

6 Assim como aconteceu com o escritório de contabilidade na gestão anterior, o pessoal da


Go!Sites se surpreendeu com a visita. Era a primeira vez que a diretoria ia a empresa. E como
acontecera antes, isso serviu para estreitar a relação com esse fornecedor.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 280


das gestoras (as pró-reitoras de graduação e pós-graduação) da
universidade, onde acertaram as bases dessa parceria para a re-
alização do nosso congresso…

Michele, Adriano Fabiana com Daniela e Victor da Go!Sites

E foi de lá que, no dia 23 de março de 2017, fizemos a primeira


transmissão on-line da SBPOT, anunciando para nossa comunida-
de a escolha da PUC-GO para sede do VIII CBPOT. Este vídeo pode
ser visto na página da SBPOT no Facebook. Desse ponto em diante,
a organização do congresso seguiu seu curso, até que…
… No dia 18 de maio de 2018 recebemos um e-mail da organiza-
ção informando que a vice-reitoria da universidade havia barrado a
gratuidade para a realização do congresso. Eles estavam cobrando
uma taxa que, segundo informavam, serviria para cobrir despesas
como água, luz e pessoal durante a realização do evento7. Em ou-
tras palavras, a universidade decidiu, às vésperas do congresso, que

7 A PUC-Go nos cobrou: R$ 7.900,00 de aluguel do espaço; R$ 2.700,00 de aluguel do estacio-


namento onde montamos os stands do congresso; e R$ 3.000,00 de hora extra dos técnicos/
pessoal que fizeram a limpeza, abriram as salas e coisas do gênero.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 281


a parceria acertada havia se transformado em uma atividade co-
mercial básica. Essa notícia pegou a todos (comissão organizadora
e diretoria da SBPOT) de surpresa. Chegamos a redigir uma carta
à comissão organizadora, a ser apresentada à direção da universi-
dade, explicando o significado do artigo 21 do nosso estatuto, que
trata da destinação de recursos que eventualmente sejam gerados
pelo congresso – isso representaria um ingresso efetivo de recursos
na instituição –, em uma tentativa de demover/convencer a direção
da universidade a voltar atrás em sua decisão. Na carta, lembramos
dos descontos específicos nos valores de inscrição para os alunos da
PUC e a participação dos professores...

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 282


Capítulo 1 283
Capítulo 1 284
Infelizmente não conseguimos êxito. E as coisas foram postas
nos seguintes termos: ou paga a taxa antes do evento ou não será
permitida a sua realização8. Chegamos a discutir na diretoria a
possibilidade de transferir o congresso para outro local na cidade,
mas acabamos desistindo da ideia por sua não viabilidade.

Mais uma vez, as contas da SBPOT

Quando você entra na diretoria da SBPOT ninguém lhe per-


gunta se você quer uma gestão tranquila ou com emoção. E a
nossa foi brindada com emoções fortíssimas!!! Faltando pouco
mais de um mês para o início do CBPOT, naquela fase em que
você começa a pagar pelas despesas básicas de funcionamen-
to do evento, Adriano precisou fazer uma cirurgia do siso (e se
afastou por uma semana), e nós (a diretoria) perdemos acesso
à conta da entidade. Se vocês voltarem ao capítulo anterior ve-
rão que a SBPOT faz a gestão de suas atividades por meio de um
conjunto de contas no Banco do Brasil. O acesso da diretoria, em
cada gestão, a essas contas se dá pela entrega ao banco da ata da
eleição depois de registrada em cartório. Nessa ata consta a data
da eleição, e no estatuto consta a informação de que a gestão
dura dois anos. Essa ata junto com o estatuto são enviados para
análise no departamento jurídico do banco (que naquela época
era situado em Curitiba), e eles determinam com base nas infor-
mações disponíveis o período de vigência deste acesso. Nós já
havíamos tido este tipo de problema na gestão anterior. A lógica

8 Depois descobrimos que nosso evento não foi o único que recebeu este tipo de pressão. Um
outro congresso previsto para a PUC/GO no mesmo período passou por situação semelhante.
Uma cobrança não prevista, às vésperas da atividade.

Capítulo 1 285
da SBPOT é a substituição de diretoria a cada CBPOT9. Assim,
precisamos de mais um pequeno tempo entre uma gestão e ou-
tra para uma transição suave. A lógica do banco é: o que está
escrito no estatuto? Se no estatuto fala que a gestão dura dois
anos e se o CBPOT anterior aconteceu em maio, não importa que
a gestão seja substituída em junho. A conta (temporal) não fecha
e o acesso a conta é encerrado pelo banco. Pura e simples. E foi
assim que chegamos ao CBPOT….

Imagine a loucura! A solução que encontramos para contornar


essa situação é ilustrativa de quanto o sistema muitas vezes não faz
sentido algum. O(a) editor(a) da rPOT movimenta os recursos da re-
vista através de procuração passada pela diretoria da SBPOT relativa
a uma conta específica, mantida no mesmo banco e com o CNPJ
da associação. Afinal, a revista não tem personalidade jurídica, e
a conta, o dinheiro e a responsabilidade são, em última análise da
SBPOT. Assim, a conta principal da entidade foi bloqueada, mas a
conta da entidade movimentada por procuração continuava ativa…
E essa foi a salvação. Acertamos com Thaís Zerbini, à época editora
da revista, que faríamos os pagamentos pela conta da revista, e que
depois esse dinheiro seria devolvido para que o fluxo da rPOT não
fosse alterado/interrompido. No papel, parece uma coisa simples e
tranquila, mas na prática, com pressão de todos os lados, prazos,
eventos, tesoureira na Espanha… No final das contas, deu certo.
Mas como diz o rei: são tantas as emoções!

9 Nós imaginávamos que havíamos aprendido a lição e estabelecemos uma ressalva na


ata de eleição da diretoria informando sobre a autorização para gestão da conta por um
período além da eleição de nova diretoria. A ideia é que desse tempo para a nova gestão
realizar os procedimentos burocráticos necessários para poder assumir as contas. Mas
isso de nada adiantou.

Capítulo 1 286
Estandarte do Divino

Uma das marcas mais significativas do congresso de Goiânia


foi o Estandarte da SBPOT em alusão à festa do Divino. Diante
do impacto positivo que tivemos no evento anterior (CBPOT de
Brasília) com a bandeira, imaginamos que ter um símbolo que
representasse a cidade e o evento seria uma ideia interessante.
Partindo dessa premissa básica, começamos a imaginar que
produto seria esse. Uma busca na internet por tradições popu-
lares de Goiás mostrou que a festa do Divino Espírito Santo, de
Pirenópolis, era uma das manifestações mais tradicionais e fa-
mosas do estado. E foi assim que surgiu a ideia do estandarte.

Mas onde mandar confeccionar? Se Pirenópolis é a inspira-


ção, vamos procurar as costureiras/artesãs da cidade, que são as
guardiãs da festa, e vamos pedir que elas façam um estandarte do
Divino para a SBPOT!!! A ideia era boa, mas operacionalizá-la deu
um certo trabalho… O caminho para as artesãs foi um contato
telefônico inicial com a secretaria de cultura do município. Liga
para um, fala com outro, e assim fizemos diversos contatos antes
de chegarmos a elas10… Se fazer o contato deu trabalho, conseguir
que a encomenda fosse aceita também não foi fácil. Nossa pri-
meira conversa aconteceu em algum momento no início do ano
e nosso pedido foi recusado. Como naquele ano a festa da cida-
de seria realizada no mês de abril11, elas estavam ocupadas e não

10 Infelizmente não conseguimos recuperar o nome das artesãs que produziram o es-
tandarte. Temos uma foto delas, mas não foi possível recuperar seus nomes nos nossos
registros.

11 A festa do Divino acontece 50 dias após o Domingo de Páscoa, sendo, portanto, uma
festa móvel.

Capítulo 1 287
tinham disponibilidade para nos atender antes disso. Aí o jeito foi
esperar o tempo passar e voltar a insistir após a festa. E assim o
fizemos e, dessa vez, conseguimos que aceitassem confeccionar
o estandarte. O pedido envolveu a presença da pomba branca,
representando o Divino Espírito Santo, e elementos caracterís-
ticos típicos da região de cerrado que se apresentam na forma
de uma letra S, lembrando a marca da SBPOT. O estandarte foi
apresentado à nossa comunidade pela primeira vez na abertura
do congresso, sendo conduzido por um grupo de brincantes da
festa do Divino.

Grupo de brincantes do Divino conduzem


estandarte na abertura do CBPOT em Goiânia

Na mesa de encerramento do CBPOT tivemos a bandeira ex-


posta do lado esquerdo e o estandarte do Divino no lado direito.
Nesta altura, já imaginávamos que cada congresso pudesse ter a
sua marca/objeto cultural. A ideia que tivemos era a de que eles
fossem sendo coletados ao longo dos anos, como uma expressão

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 288


dos lugares por onde passamos, mas também de nossa identida-
de. Depois de vários anos teríamos um acervo de objetos culturais
associados à SBPOT. Testemunhos de nossas tradições e história.
É óbvio que isso se trata de uma coisa que pode ser ou não seguida
pelas gestões posteriores, que não há regra que vincule a criação/
produção deste tipo de material. Entretanto, é preciso reconhecer
que à época isso parecia ser uma coisa óbvia, quase genial… :)

Estandarte do Divino da SBPOT

Tanto a bandeira quanto o estandarte estão guardados na


sala da SBPOT na Universidade de Brasília. Mais adiante tratare-
mos em detalhe da nossa sede na UnB!

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 289


Prêmio Sigmar Malvezzi

Uma outra marca interessante da gestão é o lançamento do


prêmio Sigmar Malvezzi (PSM) - Reconhecimento de uma vida
dedicada à Psicologia Organizacional e do Trabalho, o que ocor-
reu na abertura do CBPOT. A ideia do prêmio havia surgido já há
algum tempo, e vinha inserida na lógica de ampliar e fortalecer
os laços e vínculos dentro de nossa comunidade. Premiar signi-
fica reconhecer o esforço, a dedicação, a entrega ou o mérito em
algum tema de interesse da nossa associação. Todo nosso traba-
lho tem natureza voluntária e coletiva. Nada mais natural do que
mostrar publicamente que a SBPOT reconhece os diversos tipos
de contribuição a esse processo. Nesse sentido, o PSM foi pen-
sado como sendo a uma primeira premiação de muitas outras.

Tivemos uma dificuldade inicial com o PSM, que foi, justa-


mente, a de escolher um nome. Começamos de uma maneira
bastante informal a conversar com os mais antigos, buscando
identificar o primeiro nome nacional que poderia ser associado à
ideia de pioneiro da POT. Por informal entendam-se um bate papo
na mesa do restaurante, uma conversa em corredor de congresso,
uma revisitação ao que já havia sido feito e uma pequena revisão
de literatura12. Alguns outros nomes surgiram em meio a essas
conversas, mas foram sendo descartados porque ou as ações que
desenvolveram foram pontuais ou estavam identificadas com a
ditadura, ou ainda porque estavam mais para antecedentes histó-
ricos do que pioneiros com atuação específica. Um desses nomes,

12 Nessas sondagens por um nome a questão sempre era posta como uma curiosidade,
sem explicitar o motivo da pergunta, para deixar os(as) interlocutores(as) mais livres.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 290


por exemplo, foi o de Emilio Mira y Lopez13, que, em 1947, foi o
diretor do ISOP – Instituto de Seleção e Orientação Profissional.
E nas diversas conversas, em diversos momentos, o nome Sigmar
Malvezzi sempre emergia como o nome de um psicólogo que des-
de a sua formação inicial se dedicou aos temas das organizações
e do trabalho.

De posse de um nome, havia a necessidade de comunicar


ao próprio que ele seria homenageado. Foi durante o Congres-
so Iberoamericano de Psicologia Organizacional y do Trabalho
- CIAPOT, realizado em Cali, Colômbia, que Adriano encontrou
Sigmar, consultando-o sobre o uso do seu nome e se ele aceita-
ria a homenagem.

“Me lembro bem desse momento. Estávamos eu, Sigmar e Jairo


(Borges-Andrade) sentados em um sofá, em um canto do congres-
so, conversando no intervalo das atividades, quando coloquei
para Sigmar a questão do prêmio. Me lembro de toda uma pre-
paração e solenidade para falar com ele… Desse ponto em dian-
te, minha lembrança é da sua surpresa e da cara de Jairo, que
parecia estar achando aquilo meio estranho, já que havia me
emocionado um pouco na conversa (Fala de Adriano)”.

13 Mira y Lopez foi um médico psiquiatra cubano que veio para o Brasil em 1945 a
convite do Instituto de Organização Racional e do Trabalho- IDORT, da Universidade de
São Paulo. É também bastante conhecido no Brasil por ter criado o PMK.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 291


Adriano Peixoto, Jairo Borges-Andrade e Sigmar Malvezzi
durante o CIAPOT em Cali – CO

A ideia original do PSM é a de homenagear apenas uma pessoa


a cada edição do CBPOT. O perfil típico do prêmio é o de con-
templar uma pessoa por sua trajetória e contribuição à área, o
que se expressa, na prática, no perfil de alguém já mais próximo
ao final da carreira. Isso significa escolher entre múltiplas pos-
sibilidades, e traz embutida ainda uma ideia de valorização. Se
o prêmio é escasso, poucos receberão, então essa é uma grande
distinção. Generalizar o prêmio significa também diminuir seu
valor. Entretanto, desde o início essa ideia recebe algum tipo de
oposição, mesmo dentro da diretoria. Há um impulso de querer
homenagear várias pessoas ao mesmo tempo e assim evitar even-
tuais conflitos e possíveis ciúmes. E essa é uma questão que ficou
sem uma solução definitiva14. Nada impede que outros prêmios
sejam criados e que possam ser ofertados com base em outros
critérios. Aliás, imaginamos que isso poderia e deveria acontecer.

14 Quando o prêmio foi efetivamente outorgado, na edição seguinte do CBPOT, essa


mesma discussão emergiu uma vez mais.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 292


Sigmar Malvezzi com o prêmio à sua frente

Durante a abertura do CBPOT, Erico Rentería (Universidad del


Valle - Colômbia), que foi orientando de Sigmar no doutorado,
e seu colaborador de longa data, fez uma fala apresentando e
resumindo a trajetória do homenageado, que, daquele momento
em diante, passaria a nomear um prêmio da SBPOT15.

15 Duas curiosidades: a regra original do prêmio explicitava que a diretoria SBPOT


indicaria uma comissão para avaliar as propostas recebidas pela comunidade, e, com
base nos critérios estabelecidos, faria uma indicação à diretoria, como forma de reduzir
a pressão sobre a gestão. O PSM foi inspirado em uma das múltiplas premiações ofereci-
das pela SIOP - Society of Industrial and Organizational Psychology, nos EUA (pensando
bem, será que isso será usado como evidência para apontar que a SBPOT é herdeira da
tradição da Psicologia Industrial americana?!?!)

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 293


A sede da SBPOT - Sala na
Universidade de Brasília

Desde a gestão anterior já tínhamos a ideia de que precisá-


vamos de um local fixo de referência para SBPOT, por diversos
motivos: havia a necessidade de guardar os documentos que a
entidade ia gerando ao longo dos anos; às vezes a associação ti-
nha uma estagiária que auxiliava nas tarefas do dia a dia e que
não possuía um local fixo de trabalho... De qualquer forma, a
ideia de ter uma sede real dava materialidade e avançava o pro-
cesso de institucionalização de nossa associação. Algo do tipo:
vejam, estamos crescendo! Por outro lado, a sede era também
uma oportunidade de juntar as ações da SBPOT e da rPOT em um
único lugar, fortalecendo a noção de que são duas atividades que
fazem parte do mesmo conjunto.

Formalmente, a SBPOT estava situada em uma sala da se-


cretaria administrativa do Instituto de Psicologia da UnB, mas
na prática se alguém chegasse ao IP e perguntasse pela entida-
de as pessoas não saberiam o que dizer. Antes que tivéssemos
um espaço próprio, algumas opções foram tentadas: entre elas,
as salas dos professores Jairo Borges (que já cedia parte do seu
espaço para a Empresa Júnior de Psicologia da UnB), a sala
da Prof.ª Gardênia Abbad (que também estava cheia) e a sala
da Prof.ª Juliana Porto (onde nos instalamos por um tempo).
É importante registrar que mesmo uma simples mudança de
uma sala para outra, dentro do próprio IP da UnB, equivale a
uma mudança formal de endereço da entidade. Na prática isso
significa alterar o estatuto (o que pressupõe uma aprovação em

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 294


assembleia16e registro no cartório) e alterar também os regis-
tros nas secretarias de fazenda do estado e na Receita Federal.

Fac-símile de mensagens de e-mail trocadas entre a diretoria


e o escritório de contabilidade sobre a alteração no endereço da SBPOT

Aqui nós adiantamos a nossa flecha do tempo quando fala-


mos da relação com a ANPEPP. Vamos retroceder um pouco para
que possamos retomar a linha narrativa...

16 A aprovação do novo endereço (número da nova sala) da SBPOT foi feita na assem-
bleia geral ordinária realizada no IX CBPOT, em Goiânia.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 295


Enquanto buscávamos uma alternativa viável e permanente
junto aos professores da UnB, o IP iniciou uma reforma de sua
estrutura física, incluindo um reordenamento/redistribuição
dos espaços disponíveis. Foi nesse contexto que o Prof. Jairo nos
informou que haveria a possibilidade de solicitar uma sala espe-
cífica para a SBPOT, e assim o fizemos. É o que vemos na carta
abaixo. Apesar do pedido ter sido encaminhado na gestão ante-
rior (setembro de 2015), a sala somente foi entregue à SBPOT/
rPOT no final de agosto de 2016.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 296


No tempo decorrido entre o pedido e a cessão do espaço, al-
gumas mudanças ocorreram, e de sala da SBPOT passamos para
sala das revistas e sala das entidades. Ou seja, a direção do IP
foi ampliando a destinação do espaço. Depois de algum tempo,
ficou certo que a SBPOT/rPOT compartilhariam a sala com a
ANPEPP - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação
em Psicologia, que passaria a ter uma sede formal em Brasília17.

17 Apenas para registro, já que essa é uma estória que não nos cabe contar… Essa sede
formal da ANPEPP em Brasília encerra uma polêmica que pouco antes havia sacudido
a entidade: durante um tempo se cogitou o aluguel de um espaço para abrigar a sede
no Rio de Janeiro.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 297


Com a entrega da sala18, um novo e inimaginável conjunto de
problemas surgiu… Em termos de espaço físico, a sala era rela-
tivamente grande, mas não tinha janela ou ventilação natural.
Dessa forma, um ar-condicionado era uma necessidade funda-
mental. Por outro lado, ela tinha apenas um ponto de energia
elétrica. E precisávamos de um ponto de internet. E não pode-
mos nos esquecer: a estrutura do ICC da UnB é tombada pelo
patrimônio histórico, assim, existe uma série de restrições em
relação ao que se pode e o que não se pode fazer. E como se isso
tudo não bastasse, uma nova direção no Instituto de Psicologia
passou a questionar o nosso modo de ocupar a sala (horários de
entrada na sala, recebimento dos funcionários para manuten-
ção, etc.). Uma das muitas expressões dessa dificuldade encon-
tramos, por exemplo, na tentativa de mobiliar o espaço. Amalia
tomou para si essa tarefa e foi ao depósito de móveis da UnB,
onde fica o mobiliário já descartado pelas unidades acadêmicas
e administrativas, mas que ainda tem condições de uso. Ela fez
uma busca minuciosa e identificou alguns móveis que poderiam
ser usados. Para que pudéssemos ter acesso a eles e tê-los na
sala de nossa sociedade/revista científica na UnB, bastava que
um pedido formal fosse feito pela direção ou por um professor…
Entretanto, a direção do IP, além de vetar o uso, proibiu que o
pedido fosse feito. E assim, seguimos para a aquisição de um
mobiliário específico. Também nos foi negado o uso da internet
da universidade, e passamos a operar com o modem de uma das
operadoras de telefonia da cidade.

18 A SBPOT passou a ocupar um espaço que originariamente era usado como sala de
espelho para ensino de prática de avaliação psicológica.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 298


E aqui entramos em um longo processo de negociação com a
ANPEPP acerca da divisão e organização do espaço físico. Quem
esteve à frente dessa tarefa foi Fabiana, em diálogo com a Profa.
Maria Cláudia Oliveira (UnB), que participava da diretoria ANPEPP.
Chegamos a contratar um arquiteto para fazer um projeto para esse
uso compartilhado, mas não chegamos a implementá-lo.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 299


O fato é que, ao final, chegamos a bom entendimento sobre a
convivência no espaço da sala na UnB. E todo esse processo teve
o efeito positivo de aprofundar a já boa relação entre as duas en-
tidades. Abaixo vemos um pequeno resumo de como o processo
foi conduzido e de como ficou acertada a divisão do espaço.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 300


Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 301
Placas na porta da sala da SBPOT na Unb

A sala na UnB rendeu um bocado nessa gestão. Uma das mar-


cas da sala, que depois veio a se tornar um dos símbolos da SBPOT,
é a ilustração em formato de painel, criada por Mauro Martins,
um ilustrador de Brasília19. Ele já foi apontado como um dos 200
melhores ilustradores do mundo, já tendo feitos trabalhos para
LinkedIn, Burger King, Facebook, ESPN, Deloitte, Vodka Absolut,
SBPOT…. E tantos outros. A ideia de termos um painel veio atra-
vés de Fabiana. Mauro havia feito uma ilustração para a empresa
onde Renato, marido de Fabiana, trabalhava. O painel ficou muito
bacana e o preço bastante acessível. Aí ela se empolgou e pensou:
por que não termos um na nossa sala? E assim foi.

Feito um contato e acertada a encomenda, o passo seguinte foi


uma conversa com o artista, na qual contamos fatos relacionados
com a história da entidade que pudessem servir de inspiração. E
assim nasceu o nosso painel. Com um olhar um pouco mais aten-
to é possível encontrar a nossa marca, a data de fundação, uma

19 Uma mostra do trabalho de Mauro Martins pode ser vista no seu instagram: @
mauromartinscom.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 302


referência aos livros que a SBPOT publica, a bandeira do CBPOT
de Brasília, uma referência às empresas juniores, ao canal do You-
Tube, aos congressos e a Zanelli, Jairo e Virgílio, que, além de se-
rem os organizadores do livro verde20, ajudaram a conceber, criar,
e mesmo desenvolveram, várias iniciativas que hoje marcam a
nossa trajetória, como a própria SBPOT, a rPOT e o CBPOT. Mais
uma forma de reconhecer e homenagear pessoas que fazem parte
da nossa história, como foi o caso com o prêmio Sigmar Malvezzi.

O painel foi plotado e colado na parede de nossa sala21. Acre-


ditamos que a maioria das pessoas que veem a imagem do pai-
nel não tem a exata noção do tamanho real que ele possui. Um
detalhe interessante: na sua lateral esquerda a imagem não tem
contorno definido, representando uma história não acabada,
ainda em construção.

20 Livro verde ou dragão verde são formas comuns de referência ao livro: Zanelli, J.
C.; Borges-Andrade, J. E e Bastos, A. V. B (orgs.) (2015). Psicologia Organizações e Trabalho
no Brasil. Porto Alegre: Artmed.

21 A SBPOT possui um arquivo com a ilustração em alta definição para que faça uso
quando necessário. Esse arquivo precisa ser guardado com carinho.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 303


Ilustração de Mauro Martins alusiva a marcos da história da SBPOT

Foto da sala da SBPOT, na UnB, com painel de Mauro Martins

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 304


CONSULPSI - Empresa Júnior de Psicologia
da Universidade Federal de Uberlândia

E a mesma velha estória se repetiu durante essa nossa ges-


tão. Da mesma forma que o pessoal da PERSONA, a Empresa Jú-
nior de Psicologia da Federal de Santa Catarina, foi perseguido
por um grupo de professores e alunos que se opunham a sua
criação, dessa vez o alvo foram os alunos da Federal de Uberlân-
dia. Os argumentos são os mesmos de sempre, refletindo uma
mentalidade estreita, atrasada e equivocada. A SBPOT já havia
lançado um manifesto em dezembro de 2013 sobre essa questão.
E nessa gestão tivemos que voltar à carga.

Felizmente, quando começamos a postar nas redes sociais


nosso apoio à CONSULPSI, o movimento de resistência amainou
e a empresa pôde ser criada.

Fac-símile do manifesto de 2013

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 305


Cards da SBPOT – chamada para o encontro de Ejs
e bóton com a marca do projeto SBPOT Júnior

Articulando o próximo CBPOT

Diante da experiência de termos passado por dois CBPOTs se-


guidos sem que tivéssemos saído com a indicação de qual seria o
próximo local para sua realização, estabelecemos o compromisso
de indicar em Goiânia a sede do evento seguinte. E assim o fize-
mos. Na assembleia geral estiveram presentes os representantes
da Universidade Positivo de Curitba-PR (Raphael De Lascio, co-
ordenador do Curso, e Janete Knapig, professora), assim como o

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 306


presidente e o tesoureiro do CRP 08 (Paraná), João Baptista Fortes
de Oliveira e Francisco Mário Pereira Mendes, respectivamente.

Ao longo do ano, havíamos iniciado uma aproximação com


a Positivo. No capítulo anterior pode ser visto que um primeiro
contato com a universidade surgiu logo após o congresso de Bo-
nito, mas não havia prosperado. Dessa vez, tínhamos contatado
os potenciais candidatos bem mais cedo, e iniciado não somen-
te uma conversa, mas uma parceria. Nesse contexto, o Paraná
se apresentava como uma excelente possibilidade. É um estado
grande, importante, no qual tínhamos muito pouca expressão.
O acesso à cidade era muito fácil e a infraestrutura da univer-
sidade era excelente. Tivemos a possibilidade de participar de
um evento organizado pela universidade na Positivo antes do
CBPOT, o que facilitou esse contato.

No caso do CRP 08, a mesma situação se repetia. Tivemos a


oportunidade de participar de um evento promovido por eles,
onde colocamos a nossa disposição de levar o CBPOT para Curi-
tiba como forma de fortalecer essa área da Psicologia na região.
Encontramos acolhida a essa disposição, e o CRP se mostrou dis-
posto a apoiar o evento na Positivo, daí o porquê da participação
de seus conselheiros na assembleia. É importante que se diga:
essa disposição do CRP de nos apoiar se manifesta já no convite
que recebemos para participar do II Congresso Paranaense de
Psicologia, que aconteceu em agosto de 2018 em Foz do Iguaçu,
logo após o CBPOT. O CRP já havia convidado alguns dos mem-
bros do grupo de trabalho que tínhamos criado para desenvol-
ver as competências para atuação profissional em POT para que
participassem de palestras e mesas-redondas no evento. A ideia

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 307


era aproveitar essa participação no congresso deles e trabalhar
nos horários vagos na finalização desse material que havíamos
começado na gestão anterior. Essa já era uma clara indicação
dessa disposição de apoiar a SBPOT na realização do congresso
em Curitiba, e uma indicação de um potencial grande sucesso
para o CBPOT seguinte22. Ou seja, tínhamos feito o dever de casa
e aprendido a lição!

Mas nem tudo são flores. A assembleia geral da SBPOT ainda


guardava fortes emoções. Aliás, como dissemos antes, não falta-
ram fortes emoções nessa gestão… Uma delas diz respeito a uma
alteração no estatuto da associação. Como estávamos mudando de
sala na UnB, tínhamos que aprovar a mudança na assembleia para
podermos alterar o estatuto. Na prática estávamos mudando apenas
o número da sala. Aproveitando essa discussão, fizemos, na assem-
bleia, a sugestão de alterar a estrutura da diretoria, o que causou um
certo tumulto. A ideia básica era trazer para a diretoria da SBPOT o
coordenador do CBPOT seguinte, como um secretário de eventos,
seguindo um modelo de organização que acontece na ANPEPP. Isso
permitiria um acompanhamento mais próximo do congresso, pela
gestão, ao mesmo tempo que confere ao coordenador do evento
uma proximidade e diálogo com a gestão. A outra mudança consis-
tiam em ter alguém responsável especificamente pela comunicação
e redes sociais. Apesar de as mudanças não terem sido implantadas,

22 Tem um ditado que diz que não se pode contar com o ovo antes que a galinha o
ponha (o ditado não usa essas palavras exatas, mas é esse o espírito!). Quando fomos
nos aproximando do CBPOT de Curitiba, tudo que podia dar errado deu: a gestão do CRP
que nos apoiou não foi reeleita, a Universidade foi vendida para um grupo econômico
e parte dos seus professores foi demitida, a pandemia da COVID chegou e nos obrigou
a passar do formato presencial para o virtual, e a presidente da comissão científica
precisou se afastar por motivo de saúde.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 308


uma alteração na forma como a diretoria se organiza e a sua am-
pliação para que possa incorporar mais pessoas, e assim dividir um
pouco mais o trabalho, é uma necessidade que se mantém. A SBPOT
cresceu, suas demandas aumentaram. Sua estrutura precisa refletir
essa nova realidade.

Voltando ao assunto, é certo que deveríamos ter encaminhado


uma sugestão de mudanças com antecedência e aberto tempo para
consulta aos associados para que pudéssemos chegar à assembleia
com o terreno já preparado. Não fizemos isso… E, no pouco tempo
disponível para os inúmeros assuntos tratados, não houve tempo
hábil para apresentar e conduzir essa discussão de forma adequada.
O fato é que encontramos resistência, e, na mesma velocidade na
qual o assunto foi posto, ele foi retirado de pauta/discussão. Mas já
foi possível perceber que alguma coisa estava para acontecer…

Essa estória deve ser mais bem contada no próximo capítulo, já


que ele trata da composição da gestão seguinte. Mas aqui é impor-
tante destacar um ponto fundamental: assim como vimos acontecer
nas transições de diretoria anteriores, procuramos várias pessoas
– não foi uma, nem duas ou três – para que assumissem a cabeça de
chapa da gestão seguinte. E as respostas, como de costume, foram:
“estou sobrecarregado”, “não tenho tempo”, “já tenho outros com-
promissos”. Da mesma forma, não foi fácil compor o conjunto bá-
sico da diretoria. E aí, diante da falta de opções, voltamo-nos para o
tradicional convencimento individual (= pressão) para que Fabiana,
que era a então vice-presidente, assumisse a presidência na gestão
seguinte. Importante é deixar claro: ela resistiu à ideia e somente
aceitou depois que nenhum outro nome se prontificou a assumir
essa função. E aí tivemos outra assembleia marcada pelo mal-estar.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 309


Quando foi apresentada a chapa para compor a nova direto-
ria da SBPOT, fomos acusados de ter alterado o estatuto da enti-
dade de modo a permitir a participação de Fabiana na terceira
gestão consecutiva. Segundo se alegou, o estatuto proibia a par-
ticipação de membros da diretoria em mais do que duas gestões
seguidas, não importando a posição. A resposta a essa acusação
é simples e direta. Segundo o nosso estatuto, aprovado e regis-
trado em cartório em 2013, antes mesmo da primeira participa-
ção de Adriano e Fabiana na SBPOT, no seu artigo 14 vemos:

A redação é clara. Dispensa mais comentários. Mas o estrago


já estava feito…

Uma reflexão final

Uma coisa que aprendemos quando escrevemos artigos para


revistas científicas é que, ao final, devemos tecer algumas consi-
derações sobre as limitações de nossos estudos e oferecer algumas
indicações do que pode ser feito em futuras pesquisas. Apesar de
este ser um capítulo de crônicas, podemos aproveitar esse espírito e
oferecer algumas reflexões para as próximas gestões, e nossa comu-
nidade, baseadas na experiência pregressa.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 310


Ao enfatizar as estórias, talvez não tenhamos deixado claro
o papel e a importância da nossa entidade para a produção e di-
fusão do conhecimento em POT no Brasil. Imaginamos que isso
apareça de forma mais explicita nos outros capítulos. Mas não
custa lembrar: a rPOT é a maior e a melhor revista dedicada à
POT no Brasil; o CBPOT é o maior e o melhor congresso da área
na América Latina; os livros que publicamos são as referências
básicas na formação e atuação profissional e científica em POT
no Brasil. Ou seja, não é pouca coisa... Daí por que pensar sobre
nossa entidade, refletir sobre seu destino e colaborar para sua
manutenção e sustentabilidade é uma tarefa fundamental.

Existem algumas questões fundamentais sobre as quais nos-


sa comunidade precisa se debruçar, pensando em novas solu-
ções/arranjos de curto, médio e longo prazo. A reflexão precisa
ir além daquilo que uma gestão específica produz, uma vez que
seus impactos são amplos e duradouros, e que a nossa constru-
ção é essencialmente coletiva. A primeira delas é a da sustenta-
ção financeira da entidade. Temos dois eixos básico de ingresso de
recursos, o saldo do congresso e os royalties dos livros. O valor
das anuidades é muito baixo pelo pequeno número de associa-
dos ativos. O congresso já mostrou, pelas dificuldades que fre-
quentemente enfrentamos, que é um empreendimento de risco.
Pode dar certo, tem dado certo (graus variados de sucesso e re-
torno), mas pode dar errado. Os livros têm vida limitada, e seus
rendimentos têm sido decrescentes. Aliás, o próprio formato “li-
vro” está sendo posto em xeque. O que fazer para sustentar um
conjunto tão importante e variado de atividades? Essa questão é
urgente e não pode ser postergada.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 311


A segunda questão diz respeito à ampliação da base de associa-
dos. Esse tem sido um ponto que atravessa várias gestões, mas ainda
não encontramos uma resposta. Como ampliar e manter a base de
associados? Quais os benefícios que esse associado recebe? Como
ele percebe esses benefícios? Afinal, é para o associado e para o
campo científico que existimos. E todos nós que participamos da
POT de alguma forma somos seus associados (em potencial).

Um terceiro ponto se conecta com o tema anterior e fala da ne-


cessidade de ampliarmos a participação de nossa comunidade na
SBPOT, tanto de indivíduos quanto de grupos. Temos poucas opor-
tunidades de espaços de construção e interlocução. Reunimo-nos
em assembleia apenas uma vez a cada dois anos, no CBPOT. Tínha-
mos encontros nos intervalos, às vezes no CONPSI, outras vezes na
reunião da SBP. Entretanto, isso se perdeu no caminho. E durante
as assembleias a gestão está preocupada em apresentar seu balan-
ço, suas realizações. Há pouco espaço para discussão e construção
coletiva. Talvez devêssemos usar as ferramentas de tecnologia para
tentar superar essa dificuldade de alguma forma. Outra alternativa
pode ser constituir um conselho consultivo nos moldes do que faz
a SBP – Sociedade Brasileira de Psicologia, que é composto por ex-
-presidentes e membros eleitos (periodicamente renovados). Esse
conselho faria as vezes de conselho fiscal, mas constituiria uma ins-
tância de reflexão estratégica mais permanente. O objetivo não seria
o de tratar de questões cotidianas, mas o de ampliar e aprofundar a
reflexão estratégica. Mas isso não supera a necessidade de nos en-
contrarmos mais vezes23...
23 Durante os CBPOTs de Brasília e de Goiânia fizemos duas reuniões de planejamen-
to: uma da SBPOT e uma da rPOT. Tivemos mais gente participando destas atividades do
que nas assembleis dos dois congressos.

Capítulo 9 - Gestão 2016 – 2018 312


E uma quarta questão é o tamanho e a estrutura da nossa dire-
toria. Nós trabalhamos com um modelo de estrutura básica que
emerge do direito: a composição de uma direção mínima para
uma associação civil sem fins lucrativos24. Talvez devêssemos
começar a pensar na nossa estrutura a partir de nossas neces-
sidades de trabalho, dos desafios atuais que surgiram mais de
vinte anos após a nossa fundação. E isso, muito provavelmente,
implica uma ampliação de nossa gestão. Talvez incorporarmos a
noção de coletivo ampliado, talvez novos cargos...

São muitas as questões, e nós, certamente, não temos as res-


postas. Existem outros pontos que poderiam ser levantados, mas
já vamos nos estendendo e fugindo do objetivo deste capítulo. O
fato é que somos um patrimônio importante da POT brasileira.
Muito contribuímos, e temos muito mais a aportar nos próximos
anos. Refletir sobre nossas práticas e formatos é a maneira de
garantir que conseguiremos enfrentar os problemas e nos man-
ter relevantes pelos próximos anos. Participar da SBPOT é a for-
ma de contribuir para sua existência e manutenção.

Vamos em frente. Vamos juntos!

#POTETOP

24 Uma curiosidade: se nossa sigla é SBPOT por que somos a associação brasileira
de..., não a sociedade brasileira de...? Desconfiamos que isso emerge de uma questão
trazida pelos advogados (olha o direito impondo formato) no momento da constitui-
ção. Os advogados devem ter raciocinado em termos de tipo jurídico, enquanto quem
escolheu o nome pensava na denominação tradicional (ou nome fantasia): sociedades
científicas, SBPC, SBP... Mas uma coisa não é incompatível com a outra. O fato é que
aceitamos isso, e ficou uma coisa esquisita.

Capítulo 1 313
GESTÃO 2018 2020

Fabiana Queiroga – Presidente


Thaís Zerbini – Vice-presidente
Melissa Moraes – 1ª Tesoureira
Daiane Bentivi – 2º Tesoureira
Lara Martins – 1º Secretária
Raphael Di Lascio – 2ª Secretário
Capítulo 10
Gestão 2018 – 2020

Fabiana Queiroga
Thaís Zerbini
Melissa Moraes
Daiane Bentivi
Lara Martins
Raphael Di Lascio

F
azer parte da gestão de uma entidade nacional repre-
sentante da área de conhecimento e campos de atuação
em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) é uma
honra. Consiste em uma tarefa desafiante, que exige dedicação
mesmo para aqueles que não estavam no primeiro mandato na
SBPOT. A gestão 2018-2020 compunha-se de membros de diferen-
tes perfis: havia quem já tivesse participado de gestões anteriores,
havia quem estivesse ingressando na diretoria pela primeira vez e
havia ainda quem estivesse ingressando como membro da SBPOT
pela primeira vez, ainda que já acompanhasse os trabalhos da
Associação. Além disso, os membros eram de diferentes regiões
do país: Centro-Oeste (Brasília/DF), Sudeste (Ribeirão Preto/SP),
Nordeste (Salvador/BA), Sul (Passo Fundo/RS e Curitiba/PR).

315
O conhecimento produzido em POT consiste em práticas de
gestão de pessoas que podem ser sistematizadas em três gran-
des eixos: reciprocidade, comunicação e saúde ocupacional (van
Beurden et al., 2021). A base geral é que as práticas levam a um
incremento das habilidades, motivações e/ou oportunidades
(Teoria AMO – Ability, Motivation, Opportunity) no trabalho e, a
depender do foco, diferentes possibilidades explicativas se colo-
cam e também conduzem a diferentes tipos de resultados.

Nos próximos parágrafos contaremos como a sinergia das


habilidades do nosso grupo e das motivações de cada um dos
membros foi importante para realizarmos as ações desenvolvi-
das, e como lidamos com as oportunidades e contingências ao
longo do percurso. Concluímos e divulgamos um projeto iniciado
na gestão 2016-2018, denominado “Competências para a atuação
em psicologia organizacional e do trabalho: um referencial para
a formação e qualificação profissional no Brasil” (Associação Bra-
sileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho – SBPOT, 2020);
retomamos a participação no Fórum de Entidades Nacionais da
Psicologia (FENPB), participamos de diversos manifestos polí-
ticos relacionados à educação e ao trabalho no país; e seguimos
apoiando a Revista Psicologia Organizações e Trabalho (rPOT).
Por fim, enfrentamos a pandemia da COVID-19 fazendo o que está
no nosso propósito como entidade científica: produzindo conhe-
cimento. Foi elaborado neste período um e-book em três volumes
sobre contribuições da POT no contexto pandêmico, atendendo,
dessa forma, demandas urgentes da sociedade. Também fomos
demandados a tomar decisões estratégicas relacionadas ao IX
Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 316


(IX CBPOT), que acabou sendo coordenado pela gestão seguinte
graças à antecipação da nossa assembleia ordinária. Lidar com
todas essas questões em um contexto de exceção como o que foi
imposto pela pandemia da COVID-19 só foi possível porque houve
muito engajamento e parceria. Segue relato da nossa gestão.

No início, uma eleição levemente atípica

Mencionamos levemente porque talvez o típico seja que toda


eleição tenha certa atipicidade! No nosso caso, o evento atípico
ocorreu no momento da apresentação da chapa. A formação da
chapa ocorreu como frequentemente acontece: pouco tempo an-
tes do congresso, a diretoria atual faz consultas às pessoas que, di-
reta ou indiretamente, estão relacionadas às questões da SBPOT, e
busca-se a formação de uma chapa para ser votada na assembleia
ordinária que ocorre ao final do CBPOT. Em 2018, reconhecemos
que essa consulta encontrou um pouco mais de dificuldades para
receber respostas positivas. O presidente anterior havia sido ree-
leito em duas gestões e ocupava o cargo, ou seja, já estava nesse
cargo há quatro anos. Vários nomes foram consultados, mas, para
assumir a presidência, não obtivemos candidatos.

Foi nesse cenário que, em um momento informal ocorrido


no dia anterior às eleições, a chapa finalmente foi montada: Fa-
biana Queiroga (Vice-Presidente anterior) ocuparia a primeira
presidência, Thaís Zerbini retornaria à diretoria, após ter atuado
como primeira secretária na gestão 2010-2012, como vice-presi-
dente, e todos os demais membros iriam fazer parte da diretoria
pela primeira vez naquele ano. Melissa Moraes atuaria como

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 317


primeira tesoureira e Daiane Bentivi como segunda tesoureira.
Lara Martins como primeira Secretária e Raphael Di Lascio como
segundo secretário. A outra novidade é que esse cargo de segun-
do secretário seria ocupado pelo presidente do CBPOT seguinte.
Então, pela primeira vez, teríamos uma pessoa da organização
do congresso como membro do corpo diretivo da SBPOT.

Totalmente convencidos, é bem verdade que não estávamos.


Embora houvesse alteração de cargo, ter a candidata à diretora-
-presidente prosseguindo por três gestões consecutivas não pare-
cia a melhor opção. Atuar na diretoria da SBPOT é uma grande
oportunidade profissional, contudo, associam-se a responsabili-
dade e o quantitativo da função às demais atividades de trabalho
existentes na vida profissional do membro diretor. Portanto, além
de considerar a sobrecarga de trabalho, ponderamos que o mais
saudável para uma associação seria a alternância entre as gestões
e mais diversificação no perfil dos membros. Neste caso, porém,
não havia tempo hábil para manter a alternância e buscar o ideal.

A assembleia iniciou-se normalmente, e as informações do


CBPOT foram apresentadas. No momento antes da apresenta-
ção da chapa, o presidente atual, Adriano Peixoto, perguntou
se havia, até aquele momento, interesse na inscrição de alguma
chapa. Não houve manifestações. Assim, a chapa foi apresenta-
da. E então, houve manifestações. Pessoas de gestões anteriores
manifestaram estranheza em ver que a candidata à presidente
seguiria na diretoria pela terceira gestão consecutiva, e argu-
mentaram que não era permitido pelo estatuto. O curso da as-
sembleia foi alterado, e discussões foram feitas a respeito do
assunto, em especial, relacionadas a dúvidas sobre a última

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 318


atualização do estatuto registrado em cartório. Contudo, foi ve-
rificado que a candidatura era legítima.

Havia ainda a previsão de votação sobre alterações no esta-


tuto, como, por exemplo, o nome dos cargos do corpo diretivo.
Mas, diante da discussão sobre a legitimidade da chapa e inter-
pretações desse ponto no estatuto, suspendemos a votação. Ao
final, ficou esclarecido que o estatuto impede que um membro
permaneça no mesmo cargo por mais de duas gestões consecu-
tivas. Mas também estava claro, diante da discussão entre os
associados, que esse era um ponto que precisava ser alterado.
Ou seja, era mais razoável que um membro pudesse ficar no
máximo por duas gestões consecutivas, independente da alter-
nância do cargo. Assim, as dúvidas e discussões relacionadas à
eleição da chapa 2018-2020 foram importantes para promover
alterações do estatuto. Esse foi um dos pontos que trabalhamos
com afinco na nossa gestão.

O macro e o meso contexto de atuação da gestão

Após essa movimentada eleição, estava claro que seriam ne-


cessárias diversas reflexões e atividades a fazer. Além de pen-
sar na cuidadosa revisão do estatuto, foi inevitável incluir como
prioridade uma maior aproximação com nossos associados.

Contudo, um ponto de pauta urgente ocupou as reuniões. Cer-


ca de um mês e meio após a nossa eleição, várias entidades da
Psicologia começam a apresentar cartas de manifestação frente à
reformulação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de Psi-
cologia. A reformulação das DCN foi coordenada pela Associação

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 319


Brasileira de Ensino em Psicologia (ABEP) e contava com o apoio
do FENPB. A despeito da importância da reformulação das DCN e
da intenção de proteger uma formação em Psicologia de ser feita
em grande parte à distância, várias outras entidades identifica-
ram falhas na versão proposta pela ABEP, que seria encaminhada
ao Conselho Nacional de Educação (CNE).

No ensejo das manifestações que surgiam, a SBPOT também


foi consultada sobre seu posicionamento. Em outubro daquele ano
fizemos nossa carta de apoio dando suporte às demais entidades
que se opuseram ao documento das DCN reformuladas, e, por
consequência, outra questão também se colocou na diretoria: por
qual razão a SBPOT não estava mais participando de discussões no
FENPB? A SBPOT, desde sua fundação, participou das discussões
do FENPB com o objetivo de contribuir com a psicologia brasileira,
em especial, com o avanço da POT no país. Nossa vice-presiden-
te relatou sua experiência em participações das reuniões mensais
do FENPB como primeira secretária na gestão 2010-2012 e sugeriu
que voltássemos a frequentar o grupo de entidades diversas. E o
momento pareceu mais do que pertinente para resgatar esse laço.
Ainda em outubro de 2018, a SBPOT confirmou a participação no
FENPB e levou seu posicionamento para a reunião. Naquele mo-
mento, apesar de sermos oposição em algumas questões delibera-
das no FENPB, fomos muito bem recebidos. Contudo, a discussão
das DCN estava entre os informes, e foi feito apenas um breve rela-
to sobre o andamento do processo de construção do documento, o
qual se ampliou ao longo da reunião.

Para que se pudesse avançar para os demais pontos da pau-


ta que estavam previstos, o FENPB sugeriu que se formasse um

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 320


grupo de trabalho (GT) sobre o assunto. A sugestão foi a de que
esse GT pudesse ser formado por entidades que fossem repre-
sentativas das áreas da Psicologia e que tivessem disponibilidade
de contribuir. Além da própria SBPOT, o GT ficou composto pelas
seguintes entidades: CFP, FENAPSI, ABEP, ABRAPEE, ANPEPP
e IBAP. O professor Virgílio Bastos, fundador e associado da
SBPOT, também foi convidado para ingressar no grupo de tra-
balho, tendo em vista sua participação nas DCN de Psicologia
ao longo dos anos e desde a década de 1980. Além das entidades
citadas, a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), que não par-
ticipa do FENPB, também foi convidada.

O objetivo do GT consistia em promover uma discussão em


torno dos pontos que estavam causando mais divergência entre
as entidades. A primeira reunião ocorreu em São Paulo/SP, e a
SBPOT foi representada por nossa vice-presidente. A continui-
dade das discussões ocorreu na sede do CFP em Brasília. Muito
trabalho remoto e presencial foi realizado no sentido de trazer
contribuições para as DCN antes que elas fossem enviadas ao
Conselho Nacional de Educação (CNE). Consideramos que uma
das contribuições mais importantes foi trazer a perspectiva das
competências para as DCN. Do ponto de vista político, a discussão
das DCN foi importante para reaproximar a SBPOT das demais
entidades e ter apoio para pautas importantes do nosso campo.

Uma dessas pautas é a PLS 439/2015 em que se reivindica, en-


tre várias questões, que a área de Recursos Humanos (RH) seja
campo privativo do administrador. Estivemos atentos a essa ques-
tão e procuramos apoio entre as entidades do FENPB, em espe-
cial com o CFP, para melhor dialogar com o Conselho Federal de

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 321


Administração (CFA). Essa pauta não é recente. Há muitos anos
essa tensão entre as áreas está em pauta, e a SBPOT vem se po-
sicionando. Mas em setembro de 2019 o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) ratificou a decisão do Tribunal Regional Federal, 4ª.
Região (TRF 4), e confirmou que a área de RH é campo privativo
do administrador. Essa notícia volta a nos mobilizar em torno da
PLS 439, e mais uma vez recorremos ao CFP para pedir apoio em
ações preventivas. Durante a nossa gestão, foi elaborado e dispo-
nibilizado o Dossiê PLS 439/2015, em defesa da área de Recursos
Humanos como campo de conhecimento e atuação multidiscipli-
nar. Infelizmente, pouco avanço concreto foi realizado sobre essa
pauta, visto que o diálogo com o CFA é bem precário.

Por fim, outro ponto que marca o macro contexto de atuação


da nossa gestão é a pandemia da COVID-19. Jamais poderíamos
imaginar que, por motivos diferentes, o final da nossa gestão seria
tão agitado quanto o início! Embora a epidemia tenha seu começo
datado em dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) decretou, como início da pandemia, o 11 de março de 2020,
o que mudou os rumos dos últimos meses de nossa gestão.

Naturalmente, o CBPOT, que ocorreria em julho de 2020, em


Curitiba/PR, passa a ser rediscutido. Adiamos todo cronograma
de execução do congresso, reabrimos inscrições de trabalhos e
acabou sendo inevitável discutir a adesão ao recurso disponível
mais recorrente no momento: a modalidade virtual, tornando
a oferta do CBPOT de forma remota, decisão sacramentada na
assembleia final da gestão 2018-2020, na qual também foi eleita
a gestão 2020-2022.

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 322


O micro contexto de atuação:
ações da POT desenvolvidas pela gestão

Um outro desdobramento decorrente do retorno ao FENPB


foi um convite para participarmos do V CBP – Congresso Brasi-
leiro de Psicologia, que ocorreu em novembro de 2018. Além da
participação em atividades institucionais, as entidades tiveram
a oportunidade de divulgar seus materiais em um estande de
entidades científicas. Uma das propostas era passar um vídeo
institucional om o objetivo de contar um pouco da história da
entidade. Consideramos esse convite como uma oportunidade
de sistematizar as informações sobre a história da SBPOT. Pedi-
mos aos nossos associados que gravassem depoimentos sobre
sua afiliação. Reunimos também o depoimento de três impor-
tantes associados que simbolicamente representam os fundado-
res da SBPOT: Antônio Virgílio Bittencout Bastos, Jairo Eduardo
Borges-Andrade e José Carlos Zanelli. Os dois últimos fizeram
seu depoimento na própria sala da SBPOT, localizada na Univer-
sidade de Brasília (UnB), com uma ilustração simbólica da enti-
dade, que também conta a nossa história, ao fundo.

Dando seguimento às ações de aproximação aos associados, foi


realizada a retomada da distribuição regular de boletins informa-
tivos. Os primeiros boletins foram distribuídos no final da gestão
2010-2012. Os boletins eram elaborados e enviados mensalmente
por e-mail, aos associados adimplentes, com relatos de todas as
ações da gestão, e, posteriormente, publicados no site da SBPOT.

Além disso, notícias concernentes ao mundo do traba-


lho e programações relativas à Associação foram publicadas

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 323


regularmente nas redes sociais (Facebook e Instagram). A
SBPOT TV contou com novos projetos, como o “Percorrendo a
pesquisa em POT pelo Brasil”, que divulgou grupos de pesquisa
e laboratórios brasileiros em POT (dois episódios); debates virtu-
ais com convidados; além de outros vídeos, como, por exemplo,
“COVID-19: Prevenção e Dicas”.

O apoio à rPOT, com vistas a dar visibilidade às produções


científicas sobre POT publicadas na revista, esteve presente nos
compartilhamentos dos estudos publicados na rede social da re-
vista nas redes sociais da Associação. Além do projeto SBPOT-r-
POT “Para que(m) serve esse conhecimento?”, o qual elaborava e
divulgava vídeos gravados pelos autores de artigos selecionados
de cada número da rPOT para disseminar as principais implica-
ções dos resultados da pesquisa publicada (cinco episódios).

Como descrito no Capítulo X, referente à Gestão 2016-2018, ao


final da gestão da editora-chefe da rPOT, Thaís Zerbini (entre agosto
de 2018 e junho de 2019), mantiveram-se as seguintes atividades: i)
reuniões mensais com os editores associados onde também se rea-
lizava atendimento personalizado aos editores; ii) revisão de forma
e conteúdo dos manuscritos para a publicação; iii) divulgação, nas
redes sociais e nas redes de contato, dos números 3 e 4 de 2018 e
dos números 1 e 2 de 2019 da revista; iv) elaboração dos editoriais
dos números publicados no período, em conjunto com os editores
associados; v) divulgação, nas redes sociais, de dois artigos de cada
número, escolhidos pela editora-chefe.

Foram realizados, ainda nessa gestão, o cronograma e as


orientações para o número especial de “Desenho do Trabalho” e

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 324


o treinamento de transição do novo editor-chefe, Roberto Cruz,
que incluiu tanto questões operacionais quanto a discussão do
planejamento estratégico elaborado da revista. Entre essas su-
gestões estava a inserção do editor sênior e do editor júnior, que
começaram a atuar com o Prof. Roberto.

Outra missão foi a de tornar públicos os Anais dos CBPOTs


realizados até aquele momento, com a publicação dos resumos
de trabalhos. Foi possível compilar e disponibilizar, no site da
SBPOT, os anais dos seguintes eventos: edições V (2012), VII
(2016) e VIII (2018). Das primeiras edições, I (2004) e II (2006),
existe apenas a programação. Falta ainda disponibilizar os do III
(2008), IV (2010) e VI (2014).

Outra ação que merece destaque é a criação do projeto “Repre-


sentantes Regionais”, a partir da articulação com associados. A ideia
era aproximar profissionais e pesquisadores das ações da SBPOT
e ampliar a divulgação do IX CBPOT (que estava programado para
ser realizado em Curitiba em junho de 2020), com a realização de
eventos regionais a serem organizados por representantes locais. Ao
longo da nossa gestão, conseguimos realizar cinco eventos prepara-
tórios do IX CBPOT nas cinco regiões do país, a saber:

1. Norte: realizado em Roraima


e organizado por Alexandra Marçulo;

2. Nordeste: realizado em Pernambuco


e organizado por Ilda Moraes;

3. Centro-Oeste: realizado no Mato Grosso do Sul


e organizado por Eveli Vasconcelos;

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 325


4. Sudeste: realizado em São Paulo
e organizado por Renato Marcondes; e

5. Sul: realizado no Paraná


e organizado por Raphael Di Lascio.

Também nos orgulhamos de termos finalizado o Referen-


cial Nacional de Competências para a Atuação do Psicólogo
Organizacional e do Trabalho (SBPOT, 2020), um sonho antigo
que começou a tomar corpo ainda na gestão 2014-2016, com os
primeiros workshops de trabalho acolhidos pelo CFP. Na nossa
gestão, foram realizadas: i) a conclusão da descrição das com-
petências por um grupo de especialistas; ii) a revisão e validação
das competências por um grupo de especialistas diferente do
que descreveu as competências; iii) a etapa de consulta pública;
iv) a elaboração e editoração do Referencial; e v) divulgação à co-
munidade de profissionais, pesquisadores e estudantes de POT.

O referencial procura complementar o que já está previsto


nas DCN quanto à formação de um psicólogo que busca atuar
em POT e detalhar o que se espera desse profissional em termos
de competências profissionais. Como associação nacional que
busca continuamente dar apoio para uma atuação profissional
competente, a SBPOT pretende, com a oferta desse referencial,
adicionar mais uma ferramenta para que os profissionais pos-
sam ter a oportunidade de obter sua educação e praticar sua
profissão com qualidade. Com isso, pretende-se também que
clientes, cidadãos ou instituições individuais possam cada vez
mais obter serviços de psicólogos competentes, de acordo com
os seus interesses e direitos.

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 326


Destaca-se que o referencial foi elaborado ao longo de quatro
anos por um grupo de especialistas, professores e pesquisado-
res reconhecidos nacionalmente nos diferentes subcampos de
POT (Psicologia Organizacional, Psicologia do Trabalho, Gestão
de Pessoas, Estudo e Pesquisa). Os encontros foram realizados
presencialmente (workshops em Brasília/DF e Foz do Iguaçu/
PR) e a distância (etapa de validação). A etapa da consulta públi-
ca ocorreu na modalidade on-line, na qual foi enviado, para os
associados da SBPOT e participantes de grupos de trabalho de
POT do Brasil credenciados na Associação Nacional de Pesqui-
sa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), um questionário
composto pelas competências profissionais das quatro áreas de
atuação. As respostas foram analisadas pela diretoria da SBPOT,
e o documento final foi finalizado.

O empenho das nossas estagiárias do curso de psicologia,


Giulia Veiga, Emilly Lima e Vitória Ferreira, na compilação dos
comentários de especialistas e público consultado, foi importan-
te para tornar esse processo mais fluido e célere. O dia 20 de
agosto de 2020 é a “data de nascimento” do nosso Referencial,
marcada por uma live de lançamento que ocorreu dentro dos
eventos comemorativos do dia do psicólogo.

Entre as últimas ações da nossa gestão está a elaboração da


coletânea “O Trabalho e as Medidas de Contenção da COVID-19”.
A pandemia impactou o mundo do trabalho, e buscamos rapi-
damente produzir um material de apoio para os trabalhadores
naquele primeiro momento de teletrabalho compulsório. O pri-
meiro volume, “Orientações para o home office durante a pande-
mia da COVID-19”, foi lançado em maio graças ao enorme esforço

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 327


dos autores, que prontamente atenderam ao nosso pedido. No
mês seguinte, em junho, o segundo volume, “Os impactos da pan-
demia para o trabalhador e suas relações com o trabalho”, foi lan-
çado com a intenção de ampliar a discussão sobre as repercussões
da pandemia. Ainda nessa direção de ampliar, e coerente com as
articulações políticas encadeadas pela SBPOT, o terceiro volume,
“Retrato da psicologia brasileira no cenário da COVID-19”, com-
pila textos construídos com representantes de outras entidades
participantes do FENPB, e buscou discutir o trabalho em diversos
contextos profissionais.

Aqui cabe um destaque para dizer que este último volume foi
especialmente desafiante porque tratou de reunir entidades com
visões epistemológicas e metodológicas bem distintas dentro da
Psicologia. O percurso para alcançar um produto que atendesse
ao propósito inicial demandou muito manejo político. Embora
elas estivessem reunidas em torno de um mesmo fórum há mui-
to anos, essa foi a primeira vez que 15 entidades da Psicologia se
reuniram em torno de um projeto que resultou em um produto
coletivo oferecido à comunidade. O resultado nos trouxe muita
satisfação! Para manter a coerência com outra ação, a de ampliar
o intercâmbio internacional com outras entidades científicas, os
três volumes foram publicados também na versão em inglês, para
que pudessem ser divulgados para públicos fora do país.

A elaboração da coletânea, vivendo nós mesmos o efeito dela


no nosso trabalho, foi realmente desafiante. Mas talvez o nos-
so maior desafio ainda estivesse por vir: a discussão do forma-
to do IX CBPOT. Muito esforço estava sendo empreendido para
preparar o congresso, muitas atividades previstas, muito com-

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 328


prometimento da comissão executiva e científica. Mas, até que
a pandemia tivesse alterado o nosso modo de atuar, tudo vinha
sendo pensado para o formato presencial. As várias decisões
que circundavam o nosso congresso nos levaram, inclusive, a
adiantarmos em um mês a nossa assembleia para a troca de ges-
tão. E tudo que foi preparado até o momento para o CBPOT foi
apresentado na assembleia.

Preparação do IX CBPOT
e os desafios da pandemia da COVID-19

A gestão que começou atípica também terminou atípica: foi


a primeira vez na história da SBPOT que o CBPOT foi preparado,
mas não executado durante a gestão correspondente. Já havíamos
realizado oito edições do CBPOT, e apenas uma delas (o III CBPOT)
tinha sido realizada no Sul (Florianópolis/SC). Por isso, já havia al-
gum tempo um grupo de psicólogos ligados à POT desejava poder
levar mais uma vez um CBPOT ao Sul do Brasil. Entre os partici-
pantes do grupo do Paraná estavam Raphael Di Lascio (à época
coordenador do curso de Psicologia da Universidade Positivo), a
professora Dra. Marly Perreli, o então Presidente do CRP-PR, João
Batista Fortes, a psicóloga e consultora Gisele Meter, a professora
Marina Pires Machado, além de haver o apoio do professor Dr.
José Carlos Zanelli, de Santa Catarina, entre outros psicólogos.

Essas pessoas estavam se articulando havia algum tempo,


e em 2017 esse movimento veio a tomar maior proporção com
o apoio da Diretoria e Plenária do CRP/PR. Na ocasião, a ideia
de que o CBPOT fosse sediado em Curitiba foi apresentada no

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 329


Fórum de coordenadores dos cursos de Psicologia do Paraná, e
estavam presentes professores de POT de diversas Instituições
de Ensino Superior (IES), além de profissionais de Psicologia. A
partir de então, foram reunidas ideias e montada uma proposta
para a candidatura da cidade. Para tanto, era necessário con-
seguir apoio de uma IES com boa infraestrutura e que pudesse
acomodar com segurança um evento do porte do CBPOT.

Como Raphael Di Lascio estava coordenando o curso de Psi-


cologia da Universidade Positivo (UP) em 2017, a proposta foi
apresentada para a Reitoria e para a alta administração da uni-
versidade visando sediar o IX CBPOT, a ser realizado presencial-
mente em julho de 2020. A proposta foi aceita pela universidade,
com a concessão da infraestrutura que precisaríamos, de forma
totalmente gratuita, para conseguirmos realizar esse grande
evento sem maiores custos.

A estrutura contemplava um auditório de 700 lugares, mais


dois auditórios de 220 lugares – todos equipados com datashow,
luzes e sistema de som com microfones –, além de um grande
espaço para eventos, para os stands dos patrocinadores e tam-
bém para a apresentação dos banners. Havia ainda um espaço
para convivência (café e sala VIP para palestrantes), mais 30
salas para a apresentação das mesas redondas, trabalhos orais,
palestras, minicursos, todas equipadas com datashow. A maio-
ria desses espaços estava localizada em um mesmo bloco, o que
facilitaria o deslocamento e acesso dos participantes, contri-
buindo para a integração entre todos. Adicionalmente, teríamos
acesso e condições de uso dos três restaurantes para os partici-
pantes (cada um com capacidade para 1000 pessoas), além das

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 330


lanchonetes, também dentro da instituição e com negociação de
bons valores para as refeições. Enfim, uma infraestrutura com
amplas e modernas condições para podermos realizar um exce-
lente congresso, o que nos deixou muito contentes, confiantes e
com condições de poder pleitear esse evento.

Para mostrarmos a compatibilidade da infraestrutura aos


diretores da SBPOT, no início de 2018 foi realizado um evento
teste e preparatório na UP para que o grupo do Paraná pudesse
melhor pleitear a candidatura desse evento. Assim, foi criada e
realizada, em abril de 2018, a I Jornada Paranaense de POT, com
o apoio do CRP/PR e de diversas IES da região. A Diretoria 2016-
2018 da SBPOT foi convidada para conhecer toda a infraestrutu-
ra citada e também o grupo paranaense que estava fazendo essa
articulação. Assim, a I Jornada Paranaense de POT contou com a
presença do então presidente da SBPOT, Adriano Peixoto, além
de outros psicólogos influentes na área, que nos ajudariam a fa-
zer uma corrente visando apresentar a proposta. Em razão do
apoio do CRP/PR, a equipe de marketing e design desenvolveu
a marca e a logo do IX CBPOT que foram usadas na divulgação.

Desta forma, em julho de 2018, durante a assembleia que


ocorreu no VIII CBPOT na cidade de Goiânia/GO, a proposta foi
apresentada pelo professor Raphael Di Lascio e pela professora
de POT, da UP, Janete Knapik. Havia ainda a presença e o apoio do
Presidente do CRP/PR, João Batista, e de outro membro do Conse-
lho Diretor, o psicólogo Francisco Mendes. Após a apresentação,
a proposta foi votada, e houve a aprovação de que o IX CBPOT
ocorresse em Curitiba, sediado pela UP, em julho de 2020, e de
que contaria com a coordenação geral do professor Raphael Di

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 331


Lascio. A próxima votação prevista seria a eleição da nova direto-
ria da SBPOT, que, conforme já narrado, contou pela primeira vez
com o coordenador geral do CBPOT no corpo diretivo.

A partir de agosto de 2018, deu-se início ao planejamento da or-


ganização do IX CBPOT com a constituição da comissão organiza-
dora local. Foram convidados os professores de POT da UP: Marina
Pires Machado, Janete Knapik, Carolina Walger, Fernanda Luiz Bor-
dignon e Gilberto Gaertner. Os conselheiros do CRP/PR e membros
da comissão de POT designaram a professora Carolina Walgerum
como representante na comissão local, que contou ainda com coor-
denadores de outras instituições de ensino (como a PUC-PR) e ain-
da com outros profissionais de POT de Curitiba (como a professora
Dra. Maria Julia Trevisan e a presidente do Sindicato dos Psicólogos
do Paraná, Dra. Marly Perrelli), além dos alunos das instituições. As
reuniões da comissão foram coordenadas por Raphael Di Lascio, e
seguiram um cronograma previamente estipulado. Foram, em sua
maioria, realizadas em uma sala da UP, e realizadas com todos para
o planejamento e organização desse evento, o qual passou a fazer
parte da rotina dessa comissão.

O primeiro desafio foi pensar na escolha do presidente da Co-


missão Científica, dada a relevância e importância dessa função
para esse congresso. Inicialmente, foi convidada a Professora
Dra. Gardênia Abbad. O convite foi aceito, e o primeiro desa-
fio parecia ter sido superado! Com ela, começamos a planejar e
organizar a comissão científica e escolha de seus componentes.
Entretanto, no início de 2019, devido a problemas particulares
de saúde, a professora Gardênia precisou se afastar da presidên-
cia da Comissão Científica do IX CBPOT.

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 332


Nesse ensejo, tivemos que convidar outro profissional com
qualificações, experiência e relevância, na área, que fossem
compatíveis com essa função. Convidamos, então, o professor
Dr. Adriano Peixoto, que muito gentilmente aceitou o convite e o
desafio para presidir essa comissão científica e ajudar a compor
a comissão. Certamente, sua experiência recente na presidência
da SBPOT seria importante naquela situação emergencial. Além
disso, tratava-se de um nome que conhecia com propriedade as
incumbências da comissão científica, visto sua vivência e capa-
cidade demonstradas em CBPOT anteriores. Essa experiência
foi importante para que ele assumisse essa responsabilidade
rapidamente, pois havia preocupações com várias questões de
regras e regulamentos, para a inscrição de trabalhos, a serem re-
solvidas para colocar as inscrições de trabalhos para divulgação.

A comissão organizadora, junto com o presidente da Co-


missão Científica e algum membro adicional designado para
participar, reunia-se toda semana, com distribuição de metas e
atividades para cada componente da comissão, tais como: logís-
tica do evento, preparação dos stands para os patrocinadores e
expositores (com desenho da planta do local e tamanho dos es-
paços para a definição dos valores para os patrocinadores), sala
de passatempo e bate-papo, sala de café e espera entre eventos,
salas de apresentação dos trabalhos orais, minicursos, palestras,
workshops, seminários, mesas-redondas etc. Definimos uma em-
presa oficial de turismo para compra de passagens, translado
e reserva de hotéis, selecionamos o serviço médico de plantão
com ambulância de emergência, definimos os brindes para os
participantes e para os palestrantes.

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 333


Também estávamos preparando uma sala de apoio para as
mães congressistas que tivessem crianças pequenas e precisas-
sem trocar fraldas e fazer a amamentação, entre outros cuida-
dos. Foi prevista ainda uma recreação para crianças um pouco
maiores, através de alunos de pedagogia e psicologia como mo-
nitores. A ideia era viabilizar a participação de qualidade, ao
evento, das mães que não tinham com quem deixar seus filhos.
A professora da UP, e psicóloga, Fernanda Bordignon Luiz ficou
como responsável pela monitoria. Ela recrutaria, faria a convo-
cação e o treinamento de monitores para as várias atividades do
evento, o acompanhamento dos palestrantes, sala VIP para os
palestrantes, restaurante, ida e volta entre o aeroporto e o hotel.
Haveria um acompanhamento completo, inclusive com passeios
turísticos por Curitiba, também apoio e controles em auditórios
e salas das atividades, espaços de apresentação de trabalhos, en-
tre outros espaços de atividades do evento.

Para agilizar as decisões, foi criado um Petit Comitê compos-


to por: Guilherme Ramos, Mariana Bacellar, Vanessa Feitosa e
Raphael Di Lascio. A ideia era tornar céleres as decisões mais
macro do IX CBPOT e, com isso, promover eficiência nas deci-
sões e no processo de controle, organização, financeiro e reali-
zação como um todo. A primeira decisão foi a criação do site do
evento com todas as informações e regulamentos para que os
interessados pudessem se inscrever e participar.

Fizemos uma parceria com o sistema de inscrição do CFP


através de articulações e apoio conseguido junto ao CFP por nos-
sa Tesoureira e depois Vice-Presidente Daiane Bentivi. O CFP deu
toda assistência para que as inscrições e a submissão de trabalhos

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 334


pudessem acontecer. Também ajustamos com o Mercado Pago as
questões de pagamento e controle das inscrições, possibilitando o
recebimento por cartão de crédito ou boleto. Realizamos reuniões
constantes com a Comissão Científica para afinar os processos,
principalmente na submissão dos trabalhos com o processo de
aceite e devolução para ajustes do trabalho, e também por estar-
mos realizando um congresso científico-acadêmico, mas com
participação da academia e também de profissionais do mercado.
A comissão científica criou o regulamento para a inscrição dos
trabalhos, visando ordenar e padronizar a apresentação.

Em razão de as empresas que realizam eventos cobrarem va-


lores altos, e como precisávamos realizar um congresso com qua-
lidade, viável principalmente pela questão financeira, e por ser o
CBPOT a principal fonte geradora de recurso para sobrevivência
da SBPOT, optamos por realizar com o Petit Comitê e a Comissão
Organizadora várias dessas atividades das empresas, e contratar
uma profissional, a psicóloga Rafaela Rosendo, para trabalhar
e ajudar na função de secretária do congresso. Sua função seria
acompanhar, atender, orientar e responder todas as dúvidas sobre
o evento, acompanhando os problemas gerados nas inscrições de
trabalhos e dos participantes, e dos palestrantes. Enfim, dar apoio
para todos que precisassem regularizar sua situação, inclusive em
relação ao pagamento ou mesmo devolução, ou para quem tivesse
com alguma dúvida sobre o CBPOT. Sabíamos que a demanda era
grande e que precisaríamos de alguém dedicado nessa questão.

Criamos um grupo destinado à comunicação do evento com


a psicóloga especializada em marketing, Gisele Meter, que dava
as coordenadas para lançarmos as mensagens através do site do

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 335


congresso e para as redes sociais, como Instagram, Facebook
e outras disponíveis, para atingirmos o público. Foram criados
posts e vídeos com a Diretoria da SBPOT e com as coordenações
geral e científica do congresso, além de profissionais tanto da
academia quanto pesquisadores de POT de influência e relevân-
cia para a área. Criamos cartazes para distribuir nas IES e filipe-
tas para divulgação.

Na logística, nosso membro da comissão organizadora, a


professora da UP Marina Pires Machado, ajudou a acertar nego-
ciações para fazermos acordo e parceria com uma empresa de
turismo (a Agatur, que ficou como agência oficial do evento e nos
proporcionou descontos para negociações das passagens dos pa-
lestrantes e convidados), bem como com hotéis de quatro cate-
gorias, para palestrantes, convidados, público em geral e para
estudantes. Em razão da negociação com a Agatur, conseguimos
um serviço de van gratuito, cedido pelos hotéis conveniados
para o evento, para os palestrantes e convidados.

Havíamos negociado contrato com uma empresa de ambu-


lância para emergências durante o evento. Também tínhamos
conseguido, pela UP, o serviço de limpeza e segurança pelo
preço de custo do contrato da universidade. Conseguimos uma
parceria para serviços de técnicos de som e imagem para os
auditórios, com monitoria nas palestras. Em relação à alimen-
tação, realizamos uma parceria com os três restaurantes que
fazem parte da UP, e conseguimos um preço de custo para as
refeições dos congressistas e palestrantes do congresso; além de
café cortesia na sala de eventos para participantes, e um coffe
break para os palestrantes e convidados VIP. Como a UP era pa-

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 336


trocinador master e oficial, os seus alunos tiveram um valor sub-
sidiado, com um bom desconto, para que pudessem se inscrever
e participar do congresso.

Abrimos em agosto de 2019 a inscrição do congresso, e o


volume de inscritos para apresentação de trabalhos foi grande,
com significativa demanda de análise à Comissão Científica,
que corrigia e emitia parecer dos trabalhos para serem arru-
mados ou reprovados. Os inscritos com trabalho aprovado pela
Comissão Científica teriam que comprovar inscrição e efetuar
o pagamento. Incentivamos as IES, principalmente do Paraná,
por ser o primeiro CBPOT a ser realizado no estado, a inscrever
seus alunos com trabalhos de conclusão de curso, entre outros.
Evidentemente, esse trabalho de divulgação foi feito em todas as
regiões do Brasil.

Definimos lotes de inscrição, com um valor de inscrição que


aumentava até próximo do dia da realização, prevista para 08 a
11 de julho de 2020. Também promovemos a inscrição em grupos
que proporcionavam um desconto ou uma inscrição gratuita. Vi-
ramos o ano, para 2020, buscando ativar a divulgação visando
incentivar ainda mais as inscrições. As tratativas, metas e parce-
rias estavam dentro do esperado, até que em março de 2020 se
firmaram as consequências da pandemia e o cenário ficou difícil
para todas as atividades presenciais. Houve o fechamento das
universidades e isolamento das pessoas para o controle da crise
sanitária que se iniciava. O engajamento de todos os envolvidos
continuou elevado, porém tivemos que começar a repensar os
aspectos práticos que havíamos planejado durante dois anos.

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 337


Em uma situação completamente atípica, comunicamos a
todos a suspensão do congresso, sem previsão para retomada,
dado o cenário, e de todas as atividades presenciais; a exemplo,
todos os congressos foram suspensos. Começamos os estudos de
como nos adequar ao cenário do momento. Avaliamos, em um
primeiro momento, alterar para realizar presencialmente em
julho de 2021. Porém, diante de um cenário mundial que não
se estabilizava, alteramos para novembro de 2021. Mas nada
definido, pois tudo estava em compasso de espera, tudo muito
incerto. Nosso maior receio era o grande pedido de desistência e
a devolução das inscrições, pois tínhamos 360 inscritos pagos até
aquele momento e aproximadamente 200 aguardando ou pen-
dentes para concluir e pagar a inscrição.

Apesar da nossa expectativa de manter a tradição de um


grande encontro presencial, estávamos acompanhando o desen-
volvimento da pandemia, que trazia muitas incertezas, o que não
deixava segurança para estimar o tempo de quando seria possí-
vel realizar o congresso de forma presencial. Com as informa-
ções que passávamos para os inscritos, como SBPOT e comissões
Organizadora e Científica, conseguimos manter a credibilidade.
Com isso, mantivemos também a grande maioria dos inscritos
que estavam em compasso de espera, e tivemos poucas desistên-
cias. Em razão dessa incerteza, deixamos a decisão da realização
para a gestão seguinte, pois nosso mandato terminava em julho
de 2020. Por ter a organização e o controle do IX CBPOT, Rapahel
Di Lascio foi convidado a participar da nova gestão 2020/2022,
que assumiria com a incumbência de repensar a realização do
IX CBPOT em seu formato e época junto com seu grupo. E foi as-

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 338


sim que a gestão 2018/2020 atipicamente não terminou sua ges-
tão em assembleia tradicionalmente ocorrida dentro do CBPOT,
e também foi assim que a estreia da gestão posterior (2020/2022)
é o CBPOT e não o seu encerramento. Mas, essa será uma histó-
ria narrada no próximo capítulo, o da gestão seguinte!

Referências
Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Traba-
lho [SBPOT]. (2020). Competências para a atuação em psicologia
organizacional e do trabalho: um referencial para a formação e
qualificação profissional no Brasil [recurso eletrônico]. Brasília,
DF: UniCEUB.

Van de Voorde, K., Paauwe, J., & Van Veldhoven, M. J. P. M.


(2012). Employee Well-being and the HRM-Organizational
Performance Relationship: A Review of Quantitative Studies.
International Journal of Management Reviews, 14(4), 391–407. doi.
org/10.1080/09585192.2020.1759671

Capítulo 10 - Gestão 2018 – 2020 339


GESTÃO 2020 2022

Maria Nivalda de Carvalho-Freitas – Presidente


de junho de 2020 a janeiro de 2022

Daiane Rose Cunha Bentivi – Vice-presidente


e presidente de janeiro a agosto de 2022

Melissa Machado de Moraes – 1ª Tesoureira


Sabrina Cavalcanti Barros – 2ª Tesoureira
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro – 1ª Secretária
Raphael Henrique Castanho Di Lascio – 2º Secretário
e Coordenador geral do IX CBPOT

Juliana Porto – Presidente do X CBPOT


Capítulo 11
Gestão 2020 – 2022

Maria Nivalda de Carvalho-Freitas


Daiane Rose Cunha Bentivi
Melissa Machado de Moraes
Sabrina Cavalcanti Barros
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro
Raphael Henrique Castanho Di Lascio

A
décima diretoria da SBPOT foi eleita em 6 de junho de
2020, em assembleia realizada por meio virtual, pela
primeira vez desvinculada do Congresso Brasileiro de
Psicologia Organizacional e do Trabalho. Iniciou em um contex-
to completamente atípico no cenário macrossocial sanitário de
trabalho e emprego no país; no cenário meso, relativo ao campo
da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT); e no cenário
micro da própria gestão da associação.

O objetivo do presente capítulo é compartilhar os caminhos


percorridos pela gestão, as escolhas dos projetos realizados e
os desafios que identificamos durante a gestão, e para o futu-
ro da associação. Essa história, para ser melhor compreendida,

341
necessita ser situada, ainda que brevemente, dentro do contexto
macrossocial e político aliado ao contexto do trabalho e da POT
no país e no mundo.

1. Cenários em que trabalhamos


durante a gestão 2020-2022

No cenário macrossocial, estávamos vivendo em plena pande-


mia de Covid-19, que se caracterizava como uma situação de emer-
gência, com o mais alto nível de alerta da Organização Mundial de
Saúde (OMS) devido à sua letalidade e ausência de conhecimentos
científicos sobre a causa, o tratamento e a prevenção da doença. A
estratégia identificada para interromper a propagação do vírus era
o isolamento social. Quarentenas e lockdowns, como protocolos de
prevenção, passaram a fazer parte da vida das pessoas no mundo.
Até março de 2022 já haviam morrido cerca de 6,13 milhões de
pessoas no mundo, e, no Brasil, cerca de 660 mil pessoas1. Houve
uma corrida solidária mundial entre os cientistas para o desenvolvi-
mento de vacinas e para a identificação de protocolos de vacinação,
tratamentos e formas de prevenção. Um cenário jamais visto de
contribuições internacionais e trabalho coletivo em que o objetivo
de proteger a vida da humanidade prevalecia, a despeito de qual-
quer outro tipo de interesse no meio acadêmico e nos laboratórios
mundiais. No final de 2020, já tínhamos vacinas autorizadas para
uso da população, embora ainda não se tivesse clareza de sua efe-
tividade ao longo do tempo. Continuamos não tendo clareza sobre
isso no momento da escrita deste capítulo.

1 Segundo https://ourworldindata.org/explorers/coronavirus-data-explorer.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 342


No entanto, esse cenário de trabalho coletivo e de solidarieda-
de entre cientistas da saúde não era o padrão de comportamento
mundial. Pudemos ver concretizar-se um preceito marxiano de
que a história não se desenrola de forma linear, de que ela é um
processo dialético. Teses e antíteses são suas molas propulsoras.
Então, ao lado de processos colaborativos dos pesquisadores tive-
mos processos disruptivos no cenário político brasileiro e em vá-
rios países do mundo. Esses processos se iniciaram antes mesmo
da pandemia, com a ascendência ao poder de governos conserva-
dores, de direita e com uma concepção obscurantista de ciência.
No governo Bolsonaro, a negação da gravidade da Covid-19 causou
cisões, divisões e mortes. Esse cenário explicitava um recado para
todos nós de que os interesses individuais, econômicos e políticos
lutam para fazer prevalecer sua força e hegemonia, mesmo em
situações em que a morte envia sinais da finitude da humanidade,
numa antítese às possibilidades de solidariedade que vimos emer-
gir em busca da erradicação do coronavírus.

Nesse período, tivemos também um aumento significativo do


desemprego, embora em dezembro de 2021 a taxa de desocupa-
ção no país, de 11,2% (PNAD Contínua, 20222), já fosse similar ao
ano de 2016. No entanto, a pandemia pode ser considerada um
marco divisor na reconfiguração do mundo do trabalho. Algumas
evidências de mudanças: a chegada da chamada revolução
industrial 4.0, trazida com a internet, a inteligência artificial,
a robótica e a biologia sintética (Perasso, 2016), com uma

2 https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
noticias/33240-desemprego-cai-para-11-2-no-trimestre-encerrado-em-janeiro-menor-
-taxa-para-o-periodo-desde-2016.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 343


reorganização do trabalho de forma sem precedentes na história,
e potencializada pela pandemia. Destacamos também a precariza-
ção do trabalho, que se refere a perdas de direitos dos trabalhado-
res relacionadas tanto ao vínculo contratual quanto à emergência
cada vez mais presente da incerteza em relação à continuidade da
atividade de trabalho, à estabilidade, a garantias de emprego, e à
vulnerabilidade econômica e social (Siegmann & Schiphorst, 2016).
Alguns fenômenos passaram a fazer parte, de maneira extensiva,
do mundo do trabalho: home office, trabalho por hora ou intermi-
tente, uberização, empreendedorismo, pejotização etc.

Na psicologia, cenário meso, continuam presentes forças


que historicamente estiveram em disputa pelo poder de fazer
valer suas visões: do que deveria ser esse campo disciplinar;
do papel das associações profissionais; das estratégias de busca
de influência nas diversas esferas de tomada de decisão, par-
ticipação em conselhos, fóruns de entidades etc. – como é ca-
racterístico da atuação política nos diversos campos do saber.
Nada de muito novo. No entanto, a ameaça externa à pesquisa
e às universidades colocada pelo governo Bolsonaro impôs que
agentes normalmente com posições teóricas, epistemológicas e
axiológicas distintas se unissem para fazer parte de uma frente
de defesa da psicologia brasileira, buscando contribuir para o
desenvolvimento da psicologia, que completa 60 anos em 2022.

Tal conjuntura influenciou a política da psicologia à época.


Em 2019, surgiu o movimento da Frente em Defesa da Psicologia
Brasileira, que venceu o processo eleitoral do Conselho Federal
de Psicologia e iniciou sua gestão no ano de 2020. A Frente, que
reunia acadêmicos, lideranças de entidades, pesquisadores e pro-

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 344


fissionais, tinha como principais pautas: a defesa do pensamen-
to progressista, dos Direitos Humanos, da ciência, da ética e de
condições dignas para o exercício profissional. O FENPB (Fórum
de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira) buscava definir
seu planejamento estratégico e se mobilizava diuturnamente para
fazer frente a demissões de professores universitários, defesa dos
direitos humanos, defesa do trabalho e da ciência etc.

Além da atuação política como imperativo de manutenção e


desenvolvimento do campo de atuação da psicologia como um
todo, e da POT mais especificamente, questões relacionadas à
relação do homem com o trabalho ganharam grande centralida-
de neste período da gestão, como, por exemplo, pesquisas sobre
saúde e trabalho, transformações sociais, questões relacionadas
à diversidade e aos direitos do trabalhador. Nesse contexto, apa-
recem como pano de fundo as discussões sobre as relações entre
a sociedade e o sofrimento psíquico. Paradoxalmente, num con-
texto de pandemia e, mais recentemente, de ameaça de amplia-
ção da guerra entre Ucrânia e Rússia para o mundo, o estatuto de
ideal de modelo de comportamento social a perseguir baseado
na positividade3 permanece. A premissa ‘nós podemos’ ganha
ascendência nas mídias sociais e nos contextos de trabalho. A
valorização da realização, da velocidade e da superação cons-
tantes desloca a máxima do modelo de sociedade disciplinar do
dever fazer para o poder fazer. No entanto, esse excesso de po-
sitividade tem levado as pessoas ao esgotamento refletido coti-
dianamente nos sintomas da síndrome de burnout, no estresse e

3 É importante esclarecer que não estamos tratando aqui dos pressupostos da Psico-
logia Positiva.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 345


na depressão, discutida por Han (2017) no que ele denomina de
sociedade do cansaço. Nesse contexto, a síndrome de burnout, já
reconhecida pela OMS como transtorno mental relacionado ao
trabalho, em 2000 (Cardoso, Baptista, Sousa, & Goulart Junior,
2017), passa a ganhar maior evidência em 2022.

2. Nossa gestão: propostas


e ações realizadas

Dentro desse contexto, a décima diretoria da SBPOT foi elei-


ta em junho de 2020 (Figura 1). O grupo foi constituído a partir
de duas ideias centrais: realizar uma transição tranquila entre
as gestões e garantir diversidade no que diz respeito tanto à
regionalidade quanto ao pertencimento em distintos grupos de
pesquisadores. Assim, compôs-se a chapa contendo, da gestão
anterior, Prof.ª Daiane Bentivi, Prof. Raphael Di Lascio e Melissa
Machado de Moraes, e incluindo três novos membros advindos
de GTs da ANPEPP distintos, Prof.ª Maria Nivalda de Carvalho-
-Freitas, Prof.ª Elisa Maria Barbosa de Amorim-Ribeiro e Prof.ª
Sabrina Cavalcanti Barros, que instituíram como lema da gestão:
Diversidade e Inclusão.

Um ponto interessante da composição da chapa é que, por ter


sido constituída no contexto pandêmico, acabou por ser eleita e
empossada no ambiente virtual, e manteve a virtualidade até o
fim da gestão. Assim, muitos dos membros da gestão nunca se
encontraram presencialmente, até o momento final da gestão,
no CBPOT, realizado em formato presencial em São João del-Rei,
em julho de 2022.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 346


Figura 1. Composição da Gestão 2020-2022 na posse,
durante a Assembleia Geral ocorrida virtualmente

Os valores pensados para embasar a gestão eram os seguintes:


respeito à história da entidade e às realizações das gestões anterio-
res, buscando uma construção coletiva da SBPOT; diálogo, visan-
do construir ações descentralizadas e consensuais, tendo como
parâmetro o exercício ético e democrático da Psicologia Organi-
zacional e do Trabalho enquanto campo científico e profissional;
diversidade como possibilidade de aprendizagem com a diferença,
com a divergência e com a tensão; e inclusão como parâmetro in-
tegrador da diversidade e como potencializador da POT.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 347


A plataforma de gestão almejava alcançar as seguintes metas:

1. Executar o IX CBPOT a partir das diretrizes planejadas pela


gestão anterior, porém adaptado para o formato virtual, e asse-
gurar a realização do X CBPOT em 2022.

2. Ampliar maciçamente a divulgação da SBPOT e da rPOT nas


redes sociais.

3. Criar uma comissão para discutir e avaliar as mudanças no


trabalho, no país, e elaborar recomendações aos profissionais
que atuam na POT.

4. Manter a participação da SBPOT nos diversos fóruns regionais


e nacionais, via representações já existentes.

5. Sistematizar e operacionalizar o oferecimento de cursos de


atualização e aperfeiçoamento via acesso remoto, e/ou via
educação à distância, para alunos de graduação em Psicologia
e para profissionais que atuam na POT em todo o país (com
certificados de participação). Essa última ação pressupunha:
i) a construção de cursos que tivessem por referência o Ma-
nual de Competências já elaborado pelo grupo; ii) a busca de
parcerias e a formação de pequenos grupos de pesquisadores
referência, nas diversas áreas de competência, para a orga-
nização dos cursos; iii) elaboração de manuais das diversas
áreas de competência, baseados em evidências de pesquisas
(caso ainda não tivessem sido elaborados), para servir como
materiais de suporte para a prática profissional em POT; iv)
construção de parcerias com editoras e com plataformas de
formação já existentes no país para auxílio na viabilização das
ações; v) envolvimento de alunos da pós-graduação, caso ne-
cessário, para a operacionalização dos cursos.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 348


A Prof.ª Nivalda permaneceu na presidência da SBPOT no
período de junho de 2020 a janeiro de 2022. Em 27 de janeiro de
2022, a Prof.ª Daiane assumiu a presidência da SBPOT em fun-
ção da renúncia da presidente, que, embora não participando
mais da gestão, continuou trabalhando para concluir alguns pro-
jetos (livro: Psicologia Organizacional e do Trabalho: perspectivas
teórico-práticas e o curso “Capacitismo e Inclusão”) e auxiliar na
coordenação da parte presencial do X CBPOT na Universidade
Federal de São João del-Rei.

Meta 01: IX e X CBPOT

Diante do contexto pandêmico em que nossa Gestão


2020/2022 assumiu a entidade, o primeiro grande dilema posto
foi se realizaríamos o IX CBPOT naquele ano (2020), pois tinha
sido adiado pela gestão anterior por causa da pandemia de Co-
vid-19 iniciada em março de 2020. Essa decisão foi muito difícil
pela impossibilidade de realizá-lo presencialmente, pois o país
ainda mantinha as medidas de distanciamento social para a con-
tenção da pandemia. Uma importante justificativa nos fez seguir
em frente: o lucro advindo do CBPOT é a principal receita da
entidade e garante a publicação da rPOT. Nesse sentido, apesar
dos desafios de realizar pela primeira vez na história da entidade
um evento na modalidade virtual, o IX CBPOT precisava ocorrer
para assegurar a saúde financeira da entidade, além de manter
a periodicidade do congresso de dois em dois anos. E assim, o
IX CBPOT, integralmente virtual, foi organizado em apenas três
meses – de agosto a novembro de 2020 –, o que exigiu de nós
muita criatividade, empenho, esforço e dedicação.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 349


O congresso já dispunha de 350 pessoas que haviam se inscri-
to anteriormente para participação na modalidade presencial.
Assim, seguimos a organização do congresso, buscando adaptar
o modelo de nosso congresso para o modelo virtual. Além do
desafio de transpor as atividades para o meio virtual, mantendo
a qualidade e experiência marcante que é participar do nosso
congresso, outro ponto importante que não tiramos de vista foi
a questão financeira: o congresso virtual tinha que ser um con-
gresso financeiramente viável para a manutenção da entidade
no biênio seguinte. A Diretoria da SBPOT assumiu o compro-
misso para a realização desse Congresso de forma 100% virtual,
reiniciando as atividades da Comissão Organizadora, da Secre-
taria e da Comissão Científica – que já havia organizado parte
das atividades para o presencial – e inserindo mais parceiros,
profissionais da área que atuaram como voluntários durante o
evento (Figura 2).

Figura 2. Equipe organizadora do IX CBPOT.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 350


O congresso ocorreu em 2020, ao longo de duas semanas de
evento alternando manhãs, tardes e noites, iniciando no sábado, 31
de outubro, com os minicursos, e finalizando no dia 14 de novem-
bro. O evento contou com atividades diversas, como lançamento de
livros, mesas-redondas, apresentação de trabalhos, mesas temáti-
cas, relatos de experiência, palestras, também uma abertura com
solenidade, o encerramento com a entrega do Prêmio “Sigmar Mal-
vezzi”, e uma apresentação artística. Um diferencial do congresso
virtual foi que todas as atividades ficaram gravadas, e permanece-
ram disponibilizadas até março de 2021 aos participantes.

Os desafios e as dificuldades para isso acontecer foram mui-


tos. Tivemos muito trabalho de organização na busca de ferra-
mentas e tecnologia: fomos atrás de informações, contratamos
profissionais técnicos com conhecimento de plataforma e de
site, visando dar suporte e apoio, entre outras questões. Durante
os três meses que tínhamos para a realização do evento, nós bus-
camos, aprendemos e nos ajustamos. Podemos dizer que conse-
guimos, com muito esforço e trabalho de todos e com todas as
limitações e dificuldades que tivemos, fazer um ótimo IX CBPOT,
trazendo um resultado necessário para nossa sobrevivência. Po-
demos afirmar que não perdemos a qualidade e mantivemos a
boa imagem de nossa SBPOT.

Findado o IX CBPOT, seguimos para a organização do


próximo congresso, o X CBPOT (Figura 3). Sendo a segunda Di-
retoria a assumir a missão de dois congressos em uma única
gestão, o desafio era grande. Para a escolha da sede, decidimos
por São João del-Rei (Minas Gerais), tendo como anfitriã e Presi-
dente do congresso, a Prof.ª Maria Nivalda de Carvalho-Freitas.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 351


Escolhemos a Universidade Federal de São João del-Rei
(UFSJ) para sediar as atividades presenciais do evento porque ela
é um polo de educação que possibilita a formação acadêmica em
nível de ensino superior e de pós-graduação para a população do
município e região e área de influência imediata em Minas Ge-
rais. Sua pós-graduação oferece 30 cursos, sendo um deles o de
Psicologia. A UFSJ conta atualmente com cerca de 40 pesquisa-
dores bolsistas do CNPq, e vem desenvolvendo, também, ações
no quesito internacionalização, possuindo, no presente momen-
to, mais de 60 acordos de colaboração ativos com universidades
estrangeiras de reconhecido prestígio acadêmico, localizadas em
países de todos os continentes. Somam-se a isso o vínculo com
seis redes internacionais e o desenvolvimento de programas de
pós-graduação sanduíche com universidades estrangeiras.

Figura 3. Logomarca do X Congresso Brasileiro de Psicologia


Organizacional e do Trabalho.

Após a renúncia da Prof.ª Nivalda Carvalho-Freitas do cargo


de presidente da entidade e do congresso, em janeiro de 2022,
a Prof.ª Daiane Bentivi assumiu interinamente a presidência do
congresso, passando-a, posteriormente, para a Prof.ª Juliana

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 352


Barreiros Porto em maio do mesmo ano. A presidência da Co-
missão Científica, então, ficou a cargo da Prof.ª Ligia Caroline
Oliveira-Silva. Para a coordenação do congresso virtual, foi con-
vidada a Prof.ª Pricila Zarife, permanecendo, na coordenação do
evento presencial, a Prof.a Nivalda.

Com o objetivo de conferir maior dinamismo, diálogo, in-


clusão e participação de diferentes perspectivas da Psicologia
Organizacional e do Trabalho (POT), em nível nacional e inter-
nacional, no X CBPOT, as Comissões Científica e Organizadora
do congresso convidaram pesquisadores e profissionais para co-
laborar com a organização científica do evento em diversas áre-
as temáticas, subáreas e temas. Para tanto, foi aberto um edital
para que pesquisadores com notório conhecimento e produção
científica, em ao menos uma das subáreas da POT contempladas
no e-book intitulado Competências para a atuação em POT (SBPOT,
2020), se candidatassem à coordenação de áreas. As discussões
sobre diversidade ganharam relevo e status de uma subárea do
congresso devido à temática escolhida para o X CBPOT: “Diver-
sidade, inclusão e equidade: desafios e possibilidades para o
mundo do trabalho” (https://cbpot2022.sbpot.org.br/). As coor-
denações de área passaram a ter um papel ativo na organização
das atividades científicas, colaborando nos processos de divulga-
ção, avaliação, premiação e coordenação das atividades durante
o evento, tanto no formato virtual, quanto no presencial.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 353


Meta 02: Ampliar maciçamente a divulgação
da SBPOT e da rPOT nas redes sociais

As ações de comunicação estiveram integradas às demais


ações da gestão, funcionando como suporte e catalizadoras das
mesmas. Ao longo dos últimos 20 anos, a associação tem investido
em iniciativas de ampliação do contato com os associados e com
a comunidade de pesquisadores e profissionais da área. As estra-
tégias nessa direção convergiram, progressivamente, do boletim
impresso, encaminhado via correio, para o uso de ferramentas
virtuais, começando pelo e-mail e alcançando as redes sociais.

Após um período de transição e resgate das ações de comu-


nicação geridas pela gestão anterior e dos projetos associados a
essas ações, buscamos dar continuidade e incrementar as ações
já em crescente expansão. Do e-mail ao Instagram, a associação
experienciou a inserção em diversas redes sociais (Twitter, Face-
book, Instagram, LinkedIn, YouTube). Diante do volume e natu-
reza das demandas de comunicação dirigidas à associação, seja
por pesquisadores, profissionais da área ou outras entidades, um
primeiro esforço foi o de integrar as decisões sobre a natureza e
frequência do nosso conteúdo aos objetivos centrais da SBPOT e à
nossa capacidade de operacionalizá-los. Nesse sentido, no intuito
de integrar a publicação de informes nas diferentes mídias, opta-
mos por centralizar as ações de comunicação para o @sbpot no
Instagram, replicadas para o @sbpot no Facebook e disponibiliza-
das no formato integral no @sbpottv no Youtube (lives e cursos).

As decisões sobre produção e publicação de conteúdo fo-


ram pautadas na assunção dos objetivos centrais da associação,

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 354


como disseminar o conhecimento científico e contribuir para
o aprimoramento da prática profissional da área. Os conteúdos
produzidos para os perfis da SBPOT estão organizados em eixos
temáticos, a saber: marcos da história; rPOT; notícias no mundo
do trabalho; eventos e lançamentos promovidos pela associação;
apoio a movimentos de defesa à ciência e à profissão em psicolo-
gia; e datas comemorativas associadas ao contexto do trabalho.

O eixo “Marcos da História” resgata publicações e eventos


importantes no processo de consolidação da área de POT no Bra-
sil, dando destaque ao processo de construção coletiva da área.
Um subgrupo de conteúdos colocou em cena o lançamento de
novos volumes da rPOT, assim como seus avanços, a exemplo da
incorporação de editores estrangeiros e indexação em bases in-
ternacionais. O “Notícias do mundo do trabalho” articulou acon-
tecimentos noticiados na mídia nacional e internacional com
artigos científicos. Esses posts tinham por objetivo promover a
disseminação do conhecimento científico produzido, disponibili-
zando reflexões teóricas e empíricas à comunidade em geral e evi-
denciando o papel da ciência nos problemas sociais cotidianos.

As diversas ações realizadas pela associação, como lança-


mento de publicações da SBPOT, lives, eventos preparatórios do
congresso, rodas de supervisão e consultoria, e comemorações
foram comunicadas e disponibilizadas à comunidade via site e re-
des sociais, contemplando os últimos eixos. Diante do momento
histórico de desmonte das universidades e centros de pesquisa, e
da crescente precarização do trabalho, a associação foi convocada
constantemente a se posicionar e publicizar o apoio a manifestos
em defesa da ciência, da profissão e dos trabalhadores.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 355


Dando continuidade a ações de produção de conhecimento
acessível à comunidade em geral, mantivemos a publicação de tex-
tos, disponibilizados na aba blog do site da SBPOT, com destaque a
temáticas correntes como saúde e trabalho no contexto da pande-
mia, capacitismo e gestão da diversidade, além de tensões e disputas
entre as áreas de atuação da psicologia e da administração.

Durante 20 anos a comunicação da associação foi opera-


cionalizada por membros da diretoria e estagiários, atores que
subsidiaram a construção e manutenção do site, atraindo um
expressivo número de seguidores nas redes sociais. Ancorada
nesse background, e no intuito de profissionalizar as ações de-
senvolvidas na área de comunicação, a diretoria da SBPOT optou
por contratar serviços de produção e design de conteúdo, tanto
para as redes como para o site. Esse trabalho permitiu agilizar,
qualificar e padronizar as artes produzidas para as mídias da as-
sociação, e garantir a regularidade tanto das postagens como das
respostas ao público usuário dos perfis. O site foi reformulado,
atualizando o funcionamento de abas e sessões às necessidades
da associação e do seu público-alvo.

Embora a SBPOT tenha expressiva legitimidade no campo


profissional e científico, são frequentes os desafios à garantia de
sobrevivência financeira da associação. As reflexões sobre como
alcançar um número maior de associados e/ou quais seriam estra-
tégias viáveis de sustentabilidade financeira foram foco constante
de preocupação da diretoria. Como estratégia de incremento de
benefícios para associados, e para atingir outros objetivos cen-
trais da associação, implementamos o projeto Rodas de Conversa.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 356


As Rodas de Conversa da SBPOT visaram: promover a disse-
minação do conhecimento científico e de tecnologias na área de
POT; contribuir para o aprimoramento da prática profissional
da área; facilitar a troca de experiência entre os participantes; e
estimular a formação de redes de apoio mútuo. Com duração de
duas horas e periodicidade mensal, elas aconteceram de formas
alternadas entre Rodas de Supervisão e Rodas de Consultoria.
As Rodas de Supervisão são um espaço em que profissionais e
pesquisadores compartilham dúvidas, debatem sobre problemas
e lacunas da área de atuação com um convidado de referência
no tema escolhido. Os debates giram em torno das temáticas de
estágio profissionalizante, orientação de carreira, sobrecarga
no trabalho virtual, capacitismo e inclusão, design instrucional
e escrita de artigos científicos. Já as Rodas de Consultoria são
um espaço para a apresentação e discussão de casos de inter-
venção profissional na área de POT. Foram apresentados casos
de intervenção em desenvolvimento de competências, inovação,
inclusão de pessoas com deficiência, segurança psicológica e as-
sédio moral e sexual. Nas duas modalidades do evento houve a
interação face a face (virtual) entre pesquisadores, profissionais
e estudantes de graduação, concretizando ações de intercâmbio
profissional, acadêmico e de formação na área.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 357


Meta 03: Criar uma comissão para discutir
e avaliar as mudanças no trabalho no país,
e para elaborar recomendações aos
profissionais que atuam na POT

Durante o encaminhar dos trabalhos da gestão, e tendo


como cenário a necessidade de atendimento a demandas ex-
cessivas de realização de multitarefas pelos pesquisadores e
dificuldades de mobilização sistemática das pessoas, decidi-
mos reconfigurar esta meta, e propusemos a elaboração de um
primeiro livro de uma coleção da SBPOT que teve como obje-
tivo central apresentar ao público profissional e aos alunos e
docentes dos cursos de graduação em Psicologia, principal-
mente, contribuições atualizadas sobre a diversidade temática,
epistemológica e metodológica do campo da Psicologia Organi-
zacional e do Trabalho, além de apresentar possibilidades de
utilização e apropriação desses saberes no fazer cotidiano das
organizações e do trabalho, em suas diversas configurações.
As decisões sobre a concepção do livro e sobre os convites aos
autores se pautaram nos valores da diversidade e da inclusão
como parâmetros para potencializar as ações de POT.

O primeiro volume da coleção Psicologia Organizacional e do


Trabalho teve como foco perspectivas teórico-práticas, e buscou
contemplar arcabouço teórico a respeito de temas que versam
sobre as mudanças no trabalho no país e as competências técni-
cas necessárias ao exercício profissional, conforme Manual de
Competência de POT (SBPOT, 2020).

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 358


Esse primeiro volume envolveu professores-pesquisadores
de oito Grupos de Trabalho da Associação Brasileira de Pesquisa
e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), sendo composto por
16 capítulos e autores oriundos de 17 estados brasileiros e do
Distrito Federal. Os capítulos apresentaram discussões recentes
sobre atuações mais clássicas da POT, temas relacionados à cul-
tura organizacional, inclusão e saúde, e discussões sobre o cená-
rio atual do trabalho e possíveis formas de resistência a serem
pensadas pelos profissionais de POT. O livro foi publicado pela
Vetor Editora e lançado no X CBPOT (Figura 4).

Figura 4. Capa do livro organizado pela diretoria da SBPOT.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 359


Meta 04: Manter a participação da SBPOT
nos diversos fóruns regionais e nacionais,
via representações já existentes

O contexto de crise política, econômica, social e pandêmica,


anunciado anteriormente, impôs alguns desafios para a ciência
como um todo e, em especial, para a psicologia. Para o enfren-
tamento dessas questões, a SBPOT se manteve ativa em dois fó-
runs: o Fórum das Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas,
Letras, Linguística e Artes (FCHSSALLA) e o Fórum de Entidades
Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB).

No FCHSSALLA, atuamos ativamente em três pontos princi-


pais: na defesa da Capes, na ocasião do movimento de destituição
do Conselho Técnico Científico do Ensino Superior; na discussão
sobre o projeto de lei 7082/2017, que retrocede em relação à Re-
solução CNS 510/2016 e regulamenta que as pesquisas da área de
ciências humanas e sociais sejam apreciadas pelo CONEP; e nos
debates acerca da renovação da Lei de Cotas.

No FENPB, nossa gestão se manteve ativa nas atividades de-


senvolvidas pelo Fórum, em especial na participação do Planeja-
mento Estratégico desse coletivo, compondo diversos grupos de
trabalho e participando ativamente nas discussões. Além disso,
manifestamos apoio por meio de notas, de entrevistas-debates e
de participação nos debates, no formato de lives, fomentados pe-
las demais entidades ali representadas, entre outras ações. Entre
elas, destacamos:

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 360


1. Live “Por uma Psicologia Anticapacitista”, realizada pelo
CFP, em 20204;

2. Nota Pública sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal


(STF) acerca da comercialização de testes psicológicos, em 20215;

3. Nota Pública sobre as demissões de docentes e pesquisa-


dores do Ensino Superior no país e a educação no país, em 20216;

4. Entrevista ao CFP sobre a Proposta de Emenda à Constitui-


ção (PEC-32/2020), em 20217;

Contribuímos ainda com as discussões prévias à elaboração


da Resolução CFP 02/2022, que regulamenta a avaliação psi-
cossocial no trabalho8, tendo como representantes da SBPOT o
Prof., e atual editor-chefe da rPOT, Roberto Cruz e a Prof.ª Daia-
ne Bentivi. Além disso, constituímos a Comissão Científica do
6º Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão (6º CBP),
realizado em novembro de 2022.

A SBPOT também se fez presente em atividades científicas


promovidas por entidades parceiras, a exemplo da mesa insti-
tucional, no EnANPAD 2021 (Encontro da Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração), intitulada
“Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (GPR) e Psicologia
4 www.youtube.com/watch?v=eymCu26KkP8

5 https://old.sbpot.org.br/noticias/nota-publica-decisao-do-stf-acerca-da-comerciali-
zacao-de-testes-psicologicos/

6 https://www.sbpot.org.br/post-manifesto/nota-publica/

7 https://site.cfp.org.br/psicologia-organizacional-e-do-trabalho-presidente-da-sbpo-
t-fala-sobre-impactos-da-reforma-administrativa-na-psicologia/

8 https://site.cfp.org.br/resolucao-cfp-02-2022-regulamenta-avaliacao-psicossocial-
no-trabalho/

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 361


Organizacional e do Trabalho (POT): diálogos e convergências”,
com vistas a ampliar o diálogo entre a POT e a Administração no
campo da pesquisa. Também nos fizemos representar em con-
gressos das entidades parceiras do FENPB, como o Instituto Bra-
sileiro de Avaliação Psicológica (IBAP), a Associação Brasileira
de Orientação Profissional (ABOP) e a Associação Brasileira de
Editores Científicos de Psicologia (ABECIPSI).

Meta 05: Sistematizar e operacionalizar


o oferecimento de cursos de atualização
e aperfeiçoamento, via acesso remoto e/ou
via educação à distância, para alunos de
graduação em Psicologia e para profissionais
que atuam na POT em todo o país
(com certificados de participação)

Tínhamos como meta a construção de cursos, tendo por re-


ferência o Manual de Competências (SBPOT, 2020) e incluindo
pesquisadores das diversas áreas de competência, alunos de
graduação e pós-graduação. A proposta ancorava-se na constru-
ção de parcerias com editoras e com plataformas de formação já
existentes no país, viabilizando a operacionalização da ação, uma
vez que a diretoria da SBPOT não possuía estrutura tecnológica, e
nem de pessoal, para a implementação dos cursos online. Tenta-
mos durante cerca de oito meses negociar com a editora parceira
da SBPOT, que pedia prazos para responder a cada demanda ou
sugestão de ação que fazíamos. Depois desse tempo percebemos
que a editora não estabeleceria conosco a parceria, pois a última

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 362


justificativa dada é que ela também não tinha recursos humanos
suficientes para uma ação daquela envergadura.

Frente a esse cenário, decidimos elaborar o primeiro curso


online da SBPOT com os recursos que tínhamos. Seria uma for-
ma de avaliar a viabilidade operacional desse tipo de ação, além
de estimar um possível retorno financeiro para a associação.

O curso online de “Inclusão e Gestão do Trabalho de Pessoas


com Deficiência”, com carga horária total de 45 horas, foi elaborado
pela então presidente da SBPOT, Maria Nivalda, e por Joelma Cristi-
na Santos, orientanda de doutorado do Programa de Pós-graduação
em Psicologia da UFSJ. O curso contou com o intérprete de Libras
Oswaldo Vinícius Rocha, e teve como público-alvo profissionais de
Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), e de Recursos Hu-
manos/Gestão de Pessoas, pesquisadores e estudantes. O curso foi
disponibilizado em ambiente virtual de aprendizagem (Sympla) e
foi estruturado de forma que cada aula contenha:

1. Texto didático: sobre a temática de cada aula.

2. Videoaulas: foram disponibilizadas 16 videoaulas, três depoi-


mentos de pessoas com deficiência que atuam com inclusão, e
uma roda de consultoria de um caso de reabilitação de pessoa
que se acidentou no trabalho (atuação realizada pela psicóloga).

3. Caso ilustrativo: foram disponibilizados casos concretos para


que o participante identificasse a aplicabilidade dos conceitos
teóricos. Nos conteúdos mais práticos foram indicadas possí-
veis ações, checklist, fluxogramas etc.

4. Conteúdo para reflexão: foram colocadas questões para que o


participante refletisse a partir de suas próprias vivências.

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 363


5. Leitura complementar: foram disponibilizados, em todas as
aulas, artigos científicos publicados sobre o tema.

6. Avaliações: no final do curso, o participante deve responder a


uma avaliação de reação e a uma avaliação de aprendizagem
com feedback imediato das respostas corretas.

7. Certificado: o participante recebe certificado de participação


no curso.

A avaliação do retorno desse tipo de ação deverá ser realizada


pelas próximas gestões, analisando-se, por exemplo: valor do cur-
so a ser comercializado, estratégias de divulgação, possibilidade
de parceria com editoras não consultadas pela presente diretoria.

3. Outras ações realizadas pela gestão

Comemoração dos 20 anos da SBPOT:


entrevistas, Live e e-book

Em 2021, a SBPOT completou 20 anos de existência, no dia


26 de maio (Figura 5). Desde que assumimos a gestão, buscamos
dar continuidade ao trabalho, iniciado em gestões anteriores,
de levantamento e organização da história da associação. Sendo
um ano de celebração, nossa intenção era fazer uso dos regis-
tros que marcaram a entidade para comemorar esses 20 anos.
Um dos maiores desafios para recuperar esses registros, no en-
tanto, foi a escassez de material digitalizado devido à ausência
de dispositivos tecnológicos à época das primeiras gestões. Mes-
mo contando com os arquivos pessoais cedidos pelos membros

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 364


das diretorias anteriores, esses documentos não davam conta
de refletir o conjunto de atividades mais representativas daque-
las gestões.

Em vista disso, desenvolvemos esta produção de um livro,


em formato eletrônico, por meio do qual as gestões passadas e
atual pudessem narrar essas memórias da SBPOT, da perspectiva
e olhar dos próprios atores de cada gestão. Pretendíamos, com
este e-book, compartilhar com a comunidade científica e profis-
sional a história e as memórias de nossa associação. Convida-
mos, então, os ex-presidentes de todas as gestões da associação,
os quais ficaram responsáveis por reunir os demais membros
diretores, bem como aqueles que assumiram, nos períodos cor-
respondentes às gestões, a organização do CBPOT. Incluímos
também dois capítulos sobre a rPOT: o primeiro, contando com
a participação do primeiro editor-chefe e, o segundo, com os
editores-chefes atual e anteriores da revista.

Paralelamente a essa ação, e com o intuito de construirmos


registros históricos da nossa associação, realizamos entrevistas
com todos os ex-presidentes da SBPOT, resgatando: 1) sua in-
serção na SBPOT; 2) a composição da diretoria; 3) aspectos do
contexto macrossocial da época, bem como do mundo do tra-
balho; 4) a situação da POT no cenário brasileiro da época; 5) as
principais ações desenvolvidas na gestão; e 6) conselhos para os
psicólogos e psicólogas do trabalho e das organizações do Brasil.
Para a divulgação em nosso canal no YouTube (SBPOT TV), dis-
ponibilizamos uma compilação do conjunto dessas entrevistas9.

9 https://youtu.be/n1JpSCzwHMc

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 365


Para a celebração dos 20 anos, realizada em 26 de maio de
2021, organizamos um encontro, mediado por plataforma vir-
tual e transmitido em nosso canal SBPOT TV10. Nele, contamos
com a participação dos ex-presidentes da associação, do CBPOT
e da rPOT. Foi um encontro marcado por momentos importan-
tes na história de nossa associação, muitas conquistas e lutas,
além de desafios e projeções futuras para a entidade e para o
desenvolvimento do campo da POT.

Figura 5. Logomarca de comemoração dos 20 anos da SBPOT.

Representações da SBPOT:
atuação internacional

Entre as novidades trazidas pela gestão, encontra-se a in-


dicação de uma pessoa de fora da diretoria para atuar como
representante internacional da SBPOT nos diversos fóruns e es-
paços em que a associação atua. Esse movimento se desenvolve

10 https://youtu.be/kMzICzZZELk

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 366


a partir da constatação de que os membros formais da gestão
não conseguem acompanhar diretamente todas as atividades de
representação que envolvem a entidade, caminhando assim, na
direção do que poderíamos chamar de um coletivo ampliado.
Esse coletivo seria formado por pessoas que frequentemente
colaboram (ou apoiam) a gestão e que atuariam em espaços ou
atividades mais específicas.

O empurrão para essa função foi um convite que a SBPOT rece-


beu para participar do OPAL - Observatorio de La Psicología en America
Latina, uma iniciativa de entidades da Colômbia (Asociación Colom-
biana de Facultades de Psicología - ASCOFAPSI e Colegio de Psicólogos de
Colombia - COLPSI) juntamente com a International Union of Psycho-
logical Science - IUPSYS. A OPAL tem como objetivo registrar e anali-
sar o desenvolvimento da psicologia na América Latina, bem como
suas contribuições para a ciência e para a sociedade. A participação
inicial foi feita pela então presidente da SBPOT, Prof.ª Nivalda, sendo
assumida, em seguida, pelo Prof. Adriano Peixoto, sendo instituído
o International Affairs Officer.

O outro espaço no qual o International Affairs Officer atua é na


participação do Big Tent, uma iniciativa da Alliance for Organi-
zational Psychology que reúne entidades/associações/sociedades
científicas da POT em todo o mundo. Essa iniciativa se propõe
a ser um espaço de articulação, troca e fortalecimento da área.

No momento que este capítulo foi escrito, essa ação interna-


cional ainda apresentou um caráter muito reativo. Existe uma
expectativa de uma atuação mais proativa para o futuro, mas
isso depende, em alguma medida, da entrada da temática da

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 367


internacionalização na agenda estratégica da SBPOT associada
ao estabelecimento de algum objetivo estratégico específico.

Parceria da SBPOT:
Pesquisa do Censo da Psicologia

Diante da comemoração dos 60 anos de regulamentação da


Psicologia enquanto profissão, o Conselho Federal de Psicologia
convidou a SBPOT e o Grupo de Trabalho Configurações do Tra-
balho na Contemporaneidade e a Psicologia Organizacional e do
Trabalho (GT83) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Gra-
duação em Psicologia (ANPEPP) para apoiarem a pesquisa “Cen-
so da Psicologia Brasileira”. O objetivo da pesquisa é produzir
um retrato da profissão no país. Os resultados da pesquisa serão
difundidos em um livro a ser publicado pelo CFP e em simpósios
a serem apresentados no 6º Congresso Brasileiro de Psicologia,
que ocorrerá em novembro de 2022.

Gestão da atividade financeira

As principais fontes de renda para a sustentabilidade da


SBPOT, desde sua criação, têm sido os congressos e os direitos
autorais dos livros que possuem o selo da entidade. Acerca des-
tes últimos, há alguns anos a associação tem enfrentado uma
diminuição drástica nos valores recebidos das vendas dos livros,
devido, entre outras razões, à pirataria propiciada pela internet.
O contexto de pandemia, já mencionado anteriormente, nos
exigiu a busca por alternativas que garantissem a sustentabili-
dade da associação, a exemplo do IX CBPOT no formato virtu-
al e da construção de um curso EaD, para diversificar as fontes

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 368


de ingresso financeiro. Foram ações inovadoras para a SBPOT,
mas ainda em fase incipiente. O momento é de transição, sob os
efeitos do mundo digital e dos inúmeros desafios impostos pelo
contexto atual, e exigirá, das gestões futuras, seguire buscando
ações inovadoras que contribuam para garantir a sustentabilida-
de financeira da nossa associação.

Eleição do Conselho Fiscal

Foi realizada a eleição da Comissão Fiscal da SBPOT em 3 de


outubro de 2020, tendo sido eleitos Hugo Sandall, Eveli Freire de
Vasconcelos e Rayana Santedicola Andrade.

Revista Psicologia:
Organizações e Trabalho (rPOT)

Embora haja, neste livro, um capítulo específico para a rPOT,


é importante sublinhar que a nossa gestão garantiu a manutenção
financeira da revista, visando manter a universalização do acesso
ao conhecimento científico. Além disso, como desdobramento
da aproximação da SBPOT com a ANPAD, a rPOT participou, pela
primeira vez, do fast track dos melhores artigos do EnANPAD 2021.

4. Desafios identificados durante


a gestão: pensando no futuro da SBPOT

Um grande desafio de participar da gestão da SBPOT, da for-


ma como a entidade está estruturada, é a dificuldade em com-
patibilizar a atuação profissional dos membros da diretoria em
suas instituições de origem com a grande demanda de trabalho

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 369


necessário para a manutenção da consolidação da associação e
para a ampliação de sua atuação para os diversos públicos da
POT: pesquisadores, docentes, profissionais do campo, gestores,
alunos de graduação e pós-graduação etc.

A SBPOT é uma pequena-grande entidade. Grande por sua


importância para a área e para a sociedade, por seus feitos e pelo
fortalecimento da identidade do campo. Porém, é pequena no
que tange à sua estrutura de gestão. Um grande desafio para os
membros da Diretoria é a gestão do dia a dia da entidade, com
a responsabilidade de atuar em toda a parte operacional, muito
por conta de questões financeiras.

Acreditamos que o maior desafio da SBPOT é conseguir am-


pliar a quantidade de associados e a sua estrutura de gestão.
Muitas são as frentes de atuação da entidade, muitos são os pro-
jetos a serem tocados, e trazer parcerias de profissionais que
possam contribuir com a gestão possibilitaria mais agilidade
para as ações. Acreditamos que plantamos a semente da ideia
de gestão ampliada – contando com a colaboração dos repre-
sentantes regionais da SBPOT, Eveli Vasconcelos, Ilda Moraes,
Alexandra Marçulo e Renatto Marcondes, e com o Prof. Adriano
Peixoto como Representante Internacional –, e os ganhos foram
positivos. Quem sabe onde poderemos chegar se pudermos con-
tar com mais colegas para coordenar projetos futuros?

Outro ponto importante é a manutenção da saúde financeira


da entidade em um contexto de crise econômica. Faz muitos anos
que a maior parte dos recursos que mantêm financeiramente a
SBPOT e a rPOT são advindos do congresso, e a dependência dos

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 370


recursos provenientes do congresso traz grande insegurança
para a entidade. Assim, esta gestão plantou duas sementes para
a diversificação de captação de recursos: a produção de livros
próprios pela SBPOT, que terão os royalties cedidos para a enti-
dade; o projeto SBPOT Academy, com um conjunto de cursos de
atualização profissional na área de organizações e trabalho.

Referências

Cardoso, H. F., Baptista, M. N., Sousa, D. F. A., & Goulart Júnior,


E. (2017). Síndrome de burnout: análise da literatura nacional
entre 2006 e 2015. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho,
17(2), 121-128. https://dx.doi.org/10.17652/rpot/2017.2.12796

Han, B. C. (2017). Sociedade do cansaço. Petrópolis:Vozes.

Perasso, V. (2016). O que é a 4ª revolução industrial - e como ela


deve afetar nossas vidas. BBC. Disponível em: https://www.bbc.
com/portuguese/geral-37658309

SBPOT (2020). Competências para a atuação em psicologia organi-


zacional e do trabalho: um referencial para a formação e qualifica-
ção profissional no Brasil. Brasília: UniCEUB.

Siegmann, K. A., & Schiphorst, F. (2016). Understanding the


globalizing precariat: From informal sector to precarious
work. Progress in Development Studies, 16(2), 111-123. https://doi.
org/10.1177/1464993415623118

Capítulo 11 - Gestão 2020 – 2022 371


Revista Psicologia:
Organizações
e Trabalho (rPOT) 2001 2005

José Carlos Zanelli – Editor Geral


Capítulo 12
Revista Psicologia:
Organizações
e Trabalho (rPOT)
2001 – 2005

José Carlos Zanelli

O nascimento e os cinco primeiros


anos da Revista Psicologia:
Organizações e Trabalho

N
o capítulo intitulado “O contexto e as transformações
que culminaram com a criação da SBPOT” (Zanelli, Bor-
ges-Andrade, Bastos), deste livro, esclarecemos que as
três últimas décadas do século XX foram marcadas por uma pro-
gressiva inquietação dos profissionais dedicados à Psicologia Or-
ganizacional e do Trabalho quanto à então evidente necessidade
de institucionalizar pelo menos três aspirações deste segmento de
especialistas: a Revista Psicologia: Organizações e Trabalho – rPOT, a
Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho

373
– SBPOT e os Congressos Brasileiros de Psicologia Organizacional
e do Trabalho – CBPOTs. Assim, nessa sequência, de fato sucede-
ram e foram materializadas na primeira metade dos anos 2000.

Embora a intenção de criar a Revista fosse bem anterior, foi


no ano 2000 que a rPOT germinou e a proposta foi debatida, em
assembleia que coordenamos junto aos participantes do Grupo
de Trabalho Psicologia Organizacional e do Trabalho – GTPOT, da
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia
- ANPEPP. Logo após os debates, que indicaram diretrizes e refi-
naram a proposta, pela ocasião de um edital do Conselho Federal
de Psicologia – CFP, que anunciava a possibilidade de apoio finan-
ceiro a empreendimentos que objetivavam a consolidação das
subáreas da Psicologia, elaboramos (com a participação do Prof.
Roberto Cruz/UFSC), e submetemos à aprovação do CFP, um pro-
jeto com a finalidade de conseguir verba para a criação da Revista.

Simultaneamente, ainda no ano 2000, passamos a anunciar,


pelas redes dos participantes do GTPOT e outros meios, a gesta-
ção da Revista. O movimento foi exitoso, a ponto de recebermos,
ainda em germinação, originais de artigos que, devidamente
avaliados, foram suficientes para compor o primeiro número.
Tínhamos, portanto, elementos suficientes para levar a notícia e
solicitar a alocação da rPOT no Programa de Pós-Graduação em
Psicologia – PPGP, da Universidade Federal de Santa Catarina –
UFSC. O acolhimento foi pleno, confirmado pela infraestrutura
física, técnica e instrumental que nos foi provida no âmbito do
Departamento de Psicologia/UFSC. Durante os cinco anos ini-
ciais e depois, enquanto a rPOT foi se tornando compartilhada
com outros programas de pós-graduação, e mesmo quando foi

Capítulo 12 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 374


incorporada à SBPOT, o acolhimento e o suporte do PPGP/UFSC
se estenderam, pelo menos até o final daquela década.

O primeiro número da rPOT – v. 1 n. 1 (2001) – veio à luz no pri-


meiro semestre de 2001. Apresentou cinco artigos, três de autores
brasileiros, um de autor português e outro de autora espanhola.
Além disso, duas resenhas de livros referenciais compuseram o nú-
mero. No editorial, em seu início, o contentamento ficou registrado:
“Brindemos! Hoje os psicólogos organizacionais e do trabalho têm
motivo para uma festa”. Logo em seguida, escrevemos:

A falta de identidade do segmento chega ao ponto de alguns


colegas revelarem que ‘já nem se sentem psicólogos’, tal é a
intensidade das leituras, práticas e interações com profissio-
nais de outras origens acadêmicas. A existência de um pe-
riódico da área, a partir de hoje, aumenta as oportunidades
de cada um espelhar-se nas atividades dos pares e ampliar o
próprio fazer (Zanelli, 2001, p. 7).

O primeiro número contava, afora o Editor Geral, com cinco


Editores Regionais, contemplando as diversas regiões geográfi-
cas brasileiras, e onze membros no Conselho Editorial, sendo
uma espanhola e outro argentino – todos eles profissionais evi-
dentemente reconhecidos na área. Os critérios e características
técnicas para o envio dos originais inéditos, a serem avaliados
pelos consultores ad hoc, estavam explícitos na contracapa in-
terna de cada exemplar. A Revista oferecia oportunidade de pu-
blicação a artigos originais produzidos em língua portuguesa,
espanhola, francesa e inglesa, em edições semestrais.

Capítulo 12 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 375


Até o quarto número – v. 2 n. 2 (2002) –, os custos com o pro-
cesso de editoria da Revista foram amparados, em grande parte,
pela verba obtida com a aprovação do projeto pelo CFP. Além
de prover a infraestrutura, as despesas de distribuição dos nú-
meros aos assinantes ficaram sob a responsabilidade do PPGP/
UFSC, prolongada por largo período. A partir do quinto número
– v. 3 n. 1 (2003) –, após seu segundo ano de existência, a Revista
passou a contar, em parte, com verba do Conselho Nacional de
Pesquisa – CNPq, complementada significativamente pela cap-
tação de assinantes e manutenção das assinaturas.

Novos assinantes eram captados, principalmente nos con-


gressos e pela colaboração dos que se dispunham a levar o Car-
tão de Assinatura para as cidades onde residiam e seus locais de
trabalho. Nos congressos, nos empenhávamos para apresentar
as cópias físicas dos números publicados, obter assinaturas e
solicitar a colaboração dos que se prontificavam a divulgar. Com
a publicação do “Psicologia, organizações e trabalho no Brasil”
(Zanelli, Borges-Andrade, Bastos, 2004), o “livro verde” passou a
acompanhar os números da rPOT nos eventos científicos.

Capítulo 12 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 376


Figura 1. Capa do primeiro número da rPOT e cartão de assinatura.

Capítulo 12 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 377


Vale a pena registrar as reações de satisfação e, até, de entu-
siasmo dos congressistas que, pela primeira vez, tomavam co-
nhecimento da existência do nosso periódico e do “livro verde”.
Justificavam suas reações expressando que a POT, finalmente,
consolidava uma literatura com suporte em pesquisas brasileiras.

A recepção de artigos para avaliação, por sua vez, ganhava vigor.


Os artigos extrapolavam o escopo das atividades mais tradicionais
da POT, ampliando-se para outras subáreas da Psicologia e para ou-
tras áreas de conhecimento, é claro, com interesses ou objetos de
investigação conexos. Também os autores ultrapassavam as frontei-
ras nacionais, e as procedências se tornavam internacionalizadas.

Os anos seguintes não diferiram muito em termos da neces-


sária busca de sustentação financeira e dos cuidados com os
procedimentos que assegurassem a qualidade almejada. O pro-
cesso editorial foi sendo aprimorado em suas etapas: recepção,
leitura e aceitação dos originais; escolha dos avaliadores ad hoc
e envio dos artigos para avaliação; recepção e análise das ava-
liações (pareceres); reenvio dos originais com observações dos
avaliadores aos autores; recepção e análise das versões corrigi-
das pelos autores; reenvio das versões corrigidas aos avaliadores
para validação e novos pareceres; reexame dos novos pareceres;
comunicação dos resultados aos autores; preparação e compo-
sição inicial dos artigos aprovados; redação do editorial; envio
da composição inicial para revisão ortográfica e gramatical;
reexame dos artigos revisados; envio da composição inicial da
revista ao designer gráfico; análise e aprovação da diagramação
proposta pelo designer; envio da composição diagramada para a
gráfica; exame da primeira prova gráfica (e de outras, se neces-

Capítulo 12 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 378


sárias) e, se tudo estivesse adequado, autorização para impres-
são. Finalmente, recebimento das cópias impressas pela gráfica.

Destacamos, pelo marcado comprometimento com a qualida-


de da Revista em seus primeiros anos a Assistente Editorial naque-
le período, a estudante de graduação em Psicologia/UFSC, Suzana
Almeida Araújo (atualmente, doutoranda na Universidade Federal
de Minas Gerais). De tal modo, juntamo-nos em agradecimentos a
todos os autores, pesquisadores, professores e estudantes que, na
época, cooperaram e contribuíram com nosso trabalho.

Desde a sua gestação até o final do quinto ano – v. 5 n. 2


(2005) –, coordenamos o projeto inicial e o processo editorial, da
captação (de artigos e de assinaturas) à distribuição das cópias
impressas aos assinantes e à divulgação da Revista, em variados
contextos e eventos brasileiros e estrangeiros. Após seis anos
(2000 a 2005), quando transferimos a editoria, a “menina rPOT
estava adequadamente desenvolvida e saudável, conforme os
padrões esperados para a sua idade e época”.

A rPOT era e é motivo de orgulho da categoria!

Referências
Zanelli, J. C. (2001). Prefácio. Revista Psicologia: Organizações e
Trabalho, 1(1), 7-8. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/
pdf/rpot/v1n1/v1n1a01.pdf

Zanelli, J. C., Borges-Andrade, J. E., & Bastos, A.V. B. (Orgs.)


(2004). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre:
Artmed.

Capítulo 12 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 379


Revista Psicologia:
Organizações
e Trabalho (rPOT) 2006 2021

José Carlos Zanelli e Narbal Silva (2006 e 2010)


Gardênia Abadd, Narbal Silva, Pedro Bendassolli,
Suzana Tolfo, Juliana Porto e
Mauro Magalhães (2007 - 2012)
Katia Puente-Palacios (2013 - 2014)
Pedro Bendassolli (2014 – 2016)
Thaís Zerbini (2017 – 2019)
Roberto Moraes Cruz (2019 – atual)
Jairo Borges-Andrade – Editor Sênior (2019 – atual)
Capítulo 13
Revista Psicologia:
Organizações
e Trabalho (rPOT)
2006 - 2021

Roberto Moraes Cruz


Jairo Borges-Andrade
Thaís Zerbini
Pedro Bendassolli
Katia Puente-Palacios
Mauro Magalhães
Juliana Porto
Suzana Tolfo
Narbal Silva
Gardênia Abadd

Trajetória da Revista: Psicologia,


Organizações e Trabalho (rPOT) (2006 a 2021)

A
Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) com-
pletou 20 anos de existência em 2021. Durante esse
período, a rPOT se consolidou como uma fonte im-
portante de acesso a conhecimentos especializados, gratuitos e
qualificados, desempenhando um papel fundamental na disse-
minação de informação na área das Organizações e do Trabalho,
particularmente, em língua portuguesa.

381
Em 2006, a editoria do primeiro volume da rPOT foi compar-
tilhada pelos professores José Carlos Zanelli e Narbal Silva. No
segundo volume, já inteiramente assumido pelo professor Nar-
bal Silva, são publicados artigos originados do II CBPOT. Entre
2007 e 2012, a editoria da rPOT voltou a ser compartilhada por
um grupo de pesquisadores: Gardênia da Silva Abadd, Narbal
Silva, Pedro Bendassolli, Suzana da Rosa Tolfo, Juliana B. Porto,
Mauro Magalhães, com a colaboração de outros profissionais na
edição de números especiais - Sonia Maria Guedes Gondim, Su-
sana M. Tavares e José Carlos Zanelli. A rPOT passa a ser publi-
cada quadrimestralmente em 2011, e, a partir de 2014, ela passa
a ser publicada trimestralmente.

Podemos afirmar que foi um período profícuo de mudanças na


rPOT. Destaca-se a inserção da rPOT no Sistema de Editoração Ele-
trônica de Revistas Científicas (SEER), protagonizada pelo professor
Narbal Silva, junto com as professoras Gardênia Abbad da Silva e
Sonia Gondim, e operacionalizada na UFSC, passo importante para
a indexação da revista e busca de uma melhor classificação no Qua-
lis Periódicos da CAPES. O SEER possibilitou a realização on-line
de todos os passos da editoração da revista, desde a submissão de
manuscritos pelos autores até a avaliação dos artigos pelos consul-
tores e a hospedagem dos artigos em página da internet. Além disso,
possibilitou uma gestão mais moderna da editoração dos artigos, re-
duzindo etapas, facilitando o controle do ritmo das avaliações dos
manuscritos, e a disponibilização dos artigos na íntegra para todos.
Os exemplares da Revista que na época migraram para o Repositó-
rio Institucional/UFSC poderão ser encontrados no endereço eletrô-
nico: https://repositorio.ufsc.br/.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 382


Em 2010, a rPOT migrou para o sistema do Portal Eletrônico
de Periódicos em Psicologia (PePsic) e passou a integrar essa ini-
ciativa da BVS-Psi, ABECIP, União Latino-Americana de Entidades
de Psicologia (ULAPSI), com apoio do Centro Latino-Americano e
do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. A partir daquele
momento, a rPOT passou a utilizar o método Scielo: Open Journal
System (OJS), que permitiu a gestão integral e eletrônica da revista
científica. Com essa integração ao PePsic e à Scielo, a rPOT adqui-
re maior visibilidade, submissões e acesso aos manuscritos.

Nesse período de gestão compartilhada foram atualizadas as


normas para a submissão de manuscritos, com exigência de de-
claração de direitos autorais para publicação na rPOT, que passa
a adotar, definitivamente, as normas da Associação Americana
de Psicologia (APA). A linha editorial e as seções de submissão
foram definidas e consolidadas. O prazo médio de tramitação,
em 2012, foi reduzido para 5 meses, e a revista encontrava-se
indexada no IndexPsi, Lilacs, Latindex. Estava aceita no Ebsco
e com processos em andamento na Redalyc e Scielo. Vale des-
tacar o apoio oferecido pela editora Artmed na revisão de tex-
tos dos artigos publicados e nas dificuldades já enfrentadas por
uma infraestrutura reduzida. Além disso, foram formalizadas
as exigências pela declaração de cessão de direitos autorais dos
artigos e da carta de autorização para publicação, assinada por
todos os autores e coautores.

A passagem da rPOT para a publicação de quatro números


por ano, ocorrida a partir de 2014, consolidou o processo de edi-
toração eletrônica da rPOT, desde a submissão até a publicação,
com planejamento e administração financeira à cargo da SBPOT.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 383


Durante essa gestão foram publicados dois números especiais -
Cultura Organizacional e Fatores Psicossociais Relacionados ao
Trabalho, além de um dossiê sobre a temática Inovação, Criativi-
dade e Empreendedorismo, em cuja organização a Revista con-
tou com a participação de editores convidados. Todavia, cabe
resgatar que a qualificação da rPOT na categoria B1 do Qualis/
CAPES é obtida em 2012, e um novo projeto gráfico para a re-
vista é lançado. Posteriormente, entre 2013 e 2014, a professora
Katia Elizabeth Puente-Palacios assume como editora-chefe da
revista, trabalhando com a equipe composta pelos professores
Luciana Mourão, da Universidade Salgado de Oliveira - UNI-
VERSO, e Janice Janissek de Souza, da Universidade Federal da
Bahia. Ainda nesse período, a rPOT passa a integrar o Portal de
Periódicos Eletrônicos de Psicologia (Pepsic), adquirindo maior
visibilidade e acesso e volume de submissões aos autores.

No último número de 2014, e até o ano de 2016, o professor


Pedro Bendassolli passa a exercer o papel de editor-chefe do
rPOT. Durante esse período, a rPOT passou por mudanças téc-
nicas e estruturais importantes visando a sua modernização no
cenário dos periódicos indexados: i) atualização de normas de
submissão e mudança no layout, visando aproximar a rPOT das
tendências internacionais; ii) aprimoramento do questionário
para pareceristas; iii) indexação da rPOT na PsycINFO, visando
o aumento das citações de publicações da rPOT pela comunida-
de científica; iv) ampliação de publicações em língua inglesa,
visando a melhoria das citações recebidas pela rPOT, conforme
o SCImago Journal Rank (medida da importância ou prestígio de
periódicos acadêmicos); v) a rPOT passa a ter o seu próprio Iden-

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 384


tificador de Objeto Digital (DOI) e, também, para cada artigo pu-
blicado; vi) adoção de prazos mais rápidos para a tramitação de
manuscritos na rPOT, visando a redução do tempo de tramitação
de manuscritos.

Durante esse período foram publicados os resultados da VII


CBPOT e dois números especiais. O primeiro com foco em es-
tudos teóricos, visando aprimorar a qualidade das produções
teóricas e das revisões da literatura, e o segundo, sobre trans-
formações no mundo do trabalho e a terceirização. Um aconte-
cimento muito importante desse período foi a avaliação da rPOT
no Qualis/Capes, que foi elevada para A2.

Entre o final de 2016 até o segundo volume de 2019, a editora-


-chefe passa a ser a professora Thaís Zerbini. A equipe de editores
associados (EA) da gestão foi composta por professores de diferen-
tes localidades do país, a saber: Maria do Carmo Fernandes Martins
(Universidade Metodista de São Paulo); Mary Sandra Carlotto (Uni-
versidade do vale do Rio do Vale dos Sinos); Daniela Moscon (Uni-
versidade de Salvador); Marina Greghi Sticca (Universidade de São
Paulo/ Ribeirão Preto); e Marcos Ricardo Micheletto (Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”). Compôs a equipe a Pro-
fa. Teresa Rebelo da Universidade de Coimbra, cumprindo seu pa-
pel de Editora Associada Internacional da rPOT. Além dos editores
associados, nossa assistente editorial, Michelle Nunes, completa o
quadro dos profissionais que trabalharam em equipe nessa gestão.

Ao longo da gestão foram realizadas diversas atividades, sendo


exclusivas da editora-chefe (EC): i) organizar as reuniões mensais
com os editores associados; ii) atender, de forma personalizada,

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 385


os editores associados; iii) revisar forma e conteúdo dos manus-
critos aprovados para a publicação; iv) elaborar os Editoriais dos
números publicados no período, em conjunto com os editores
associados; v) definir os dois artigos que seriam divulgados nas
redes sociais a cada número; vi) realizar a manutenção do banco
de potenciais pareceristas. Além de tais atividades, havia aquelas,
também exclusivas da EC, relacionadas à tesouraria da revista,
como: i) pagar os profissionais terceirizados (tradutores e diagra-
madores); ii) pagar o DOI; iii) realizar o controle financeiro men-
sal da revista; iv) enviar relatórios de entradas e saídas financeiras
à empresa de contabilidade. Os Editores Associados (EA) eram
responsáveis por: i) selecionar pareceristas; ii) comunicar-se com
os autores do manuscrito; iii) avaliar a qualidade dos pareceres;
iv) emitir o parecer final.

Durante a gestão foi aprimorado o uso das redes sociais


para divulgação dos artigos produzidos. A assistente editorial da
rPOT era responsável pela criação de posts e legendas de divul-
gação dos artigos escolhidos, os quais, após a aprovação da EC,
eram divulgados – em especial no Facebook e no LinkedIn. A
importância dessa divulgação consiste na aproximação entre a
ciência e a sociedade civil, com linguagem acessível a todas as
pessoas interessadas no tema e não somente aos pesquisadores.
Ainda era enviado um newsletter para contatos de todo o país por
e-mail, informando sobre a divulgação de um novo número da
revista. Exemplos de posts podem ser vistos na Figura 2.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 386


Figura 2. Posts de artigos científicos publicados no Facebook.

Associada a essa demanda, a assistente editorial ainda rea-


lizava as seguintes atividades: i) contato com os prestadores de
serviço; ii) controle do serviço de diagramação; iii) elaboração de
cronogramas de publicação e datas associadas a cada número da
revista; iv) resolução das dúvidas dos EA e da EC quanto ao uso do
sistema de submissão e avaliação; v) auxílio no preenchimento
de formulários de indexadores.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 387


Uma das primeiras atividades da gestão foi o acompanha-
mento do n.º 4 de 2016 sobre “Aspectos teóricos, metodológicos
e epistemológicos em POT”. A EC tirava as dúvidas dos autores
referentes ao cronograma e tramitação dos manuscritos. Os
artigos publicados nesta edição foram publicados em inglês, o
que deu maior visibilidade ao conteúdo produzido internacio-
nalmente. Outra atividade realizada nesta gestão foi a chamada
para o número especial “Psicologia das Organizações, do Traba-
lho e dos Recursos Humanos em Portugal”. A proposta foi feita
pela editora associada internacional, Teresa Rebelo. A ideia era
que o número 4 do ano de 2017 contemplasse exclusivamente
produções de pesquisadores portugueses. O objetivo era enfati-
zar a produção de Portugal sobre a área da Psicologia das Orga-
nizações, do Trabalho e dos Recursos Humanos, com o intuito
de aproximar e estreitar os laços das comunidades científicas
portuguesa e brasileira neste domínio. Portanto, foram aceitos
apenas artigos de pesquisadores portugueses.

O número consistiu em uma Chamada Pública, no referi-


do país, com o objetivo de atrair pesquisas desenvolvidas por
investigadores de instituições de ensino superior portuguesas
que: i) estivessem relacionados, em termos de tópicos aborda-
dos, na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT)
e Recursos Humanos (RH) e ii) que apresentassem resultados
relacionados aos contextos e realidades portuguesas. A proposta
foi um sucesso, e conseguimos entregar um número com artigos
de extrema relevância à comunidade.

O comprometimento e o interesse por parte dos pesquisado-


res portugueses em publicar na rPOT nos fez ampliar as parcerias

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 388


internacionais. No V Congreso Iberoamericano de Psicología de
las Organizaciones y el Trabajo (CIAPOT), realizado na Universi-
dad Del Valle em Cali, Colômbia, entre os dias 18 e 20 de outubro
de 2018, o Presidente da SBPOT na época, Prof. Adriano Peixoto,
fez um convite oficial aos colegas da América Latina, em nome
dos Editores da rPOT, para pensarmos em uma Chamada Pú-
blica. Os professores Erico Rentería Pérez, da Universidad Del
Valle, e Elisa Ansoleaga, da Universad Diego Portales, aceitaram
prontamente e foi estabelecida parceria de trabalho, sendo eles
os editores convidados desse número especial.

Outras atividades realizadas nessa gestão foram o cronogra-


ma e as orientações para o número especial de “Desenho do Tra-
balho”, e o processo de transição do novo Editor-Chefe, Roberto
Moraes Cruz, que incluiu tanto o treinamento de questões ope-
racionais quanto a discussão do planejamento estratégico elabo-
rado da revista. Entre as sugestões para a próxima gestão estava
a inserção do Editor Sênior e do Editor Júnior, que começaram
a atuar com Prof. Roberto Moraes Cruz, como pode ser visto na
Figura 3. A inclusão da figura do Editor Sênior teve como objeti-
vo apoiar as gestões dos novos editores-chefes, além de manter
a história da revista, e a do editor júnior, o de preparar novos
pesquisadores para assumir futuras posições de editorias em re-
vistas nacionais e internacionais.

A atividade de destaque da Gestão 2016-2019 se deu com a


conquista de um importante indexador: o DOAJ (Directory of Open
Access Journals), diretório de revistas eletrônicas de acesso aberto
mantido pela Lund University Libraries, na Suécia. Ele permite o
acesso gratuito a revistas científicas e acadêmicas de qualidade.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 389


A conquista do DOAJ consistia em um dos objetivos estratégicos
propostos pela revista em busca do reconhecimento de seu pro-
cesso editorial. Um agradecimento especial à nossa assistente
editorial anterior, Daniele Souza Paulino, que foi fundamental no
acompanhamento da solicitação do referido indexador. Quem se
interessar pelos critérios (55 no total) e dados necessários para
que a rPOT fosse avaliada dentro da qualidade esperada, consulte
o Apêndice 1. Foi mais um desafio conquistado.

Figura 3. Proposta à nova gestão de nova estrutura da rPOT.

Destaca-se, ainda, o investimento da rPOT na formação da


editora-chefe ao financiar sua ida ao “XXV Curso de Editoração
Científica”, promovido pela Associação Brasileira de Editores
Científicos (ABEC) e realizado em São Paulo entre os dias 21 e
23 de junho de 2017 no Anfiteatro Altino Antunes, localizado na
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. O XXV
CEC visou capacitar os envolvidos em publicação de artigos
científicos para atribuição de qualidade aos periódicos brasilei-
ros. Por meio de palestras, mesas-redondas e minicurso, foram
abordados os temas fundamentais para a publicação científica.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 390


Os palestrantes com larga experiência em publicação científica
e/ou gestão de periódicos disponibilizaram conhecimento para
os participantes enfrentarem os desafios impostos à publicação
dentro das regras exigidas pela comunidade científica.

Outro fato ocorrido ao final da gestão foi a necessidade de a


rPOT realizar o pagamento de prestadores de serviços em nome
da SBPOT, para que fosse possível a ocorrência do VIII Congres-
so Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho (VIII
CBPOT) em Goiânia, pois, naquele momento, a conta da SBPOT
no Banco do Brasil encontrava-se bloqueada. No momento em
foi possível, a SBPOT repôs os valores investidos.

Ao final da gestão foram elaborados tópicos de um planejamen-


to estratégico da rPOT para ser repassado à gestão seguinte. Entre
os abordados, estavam: 1) mapear os artigos por área; 2) solicitar a
incorporação da rPOT na Scopus em 2021 (a espera de 5 anos termi-
naria em 2021); 3) promover incentivos aos aceites de pareceristas
por meio da indicação de, pelo menos, quatro nomes de parece-
ristas no ato da submissão, divulgar e trabalhar junto aos colegas
pesquisadores o quão imenso é a chance de aprender ao revisar um
trabalho de sua área; e ampliar o número de bons revisores; 4) dis-
cutir se o número de editores é adequado (há revistas com mais de
20 editores, entre os quais há Editor de Entrevistas, de Debates, de
Criação, Sênior e Júnior); 5) ampliar a internacionalização; 6) bus-
car novas fontes de financiamento – discutir se a adoção de taxas de
publicação será necessária a longo prazo e candidatar-se em editais;
5) analisar constantemente o fator de impacto, lembrando que ele
é da revista e não do autor e que, hipoteticamente, toda revista tem
como calcular, sendo a fórmula: Total de Citações/Total de Artigos

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 391


(Média por 2 anos). De qualquer modo, existe o cálculo do Web of
Science - JCR Journal Citation Reports – Clarivate; 6) lembrar que cita-
ções erradas podem influenciar no fator de impacto.

Por fim, a gestão 2016 -2019 destaca a importância de res-


saltar que a ciência está mais aberta do que nunca. Por isso, é
importante aumentar a publicação de vídeos e de entrevistas
com autores nas páginas oficiais da rPOT e SBPOT, assim como
ampliar a utilização de mídias sociais.

A partir do terceiro número da rPOT, publicado em 2019, e até o


momento (dezembro de 2022), o professor Roberto Moraes Cruz as-
sume como editor-chefe, tendo como assistente editorial, Pedro Au-
gusto Crocce Carlotto. Durante esse período foram realizadas ações
visando a modernização e o aperfeiçoamento do fluxo de trabalho
da rPOT. Foi alterado o layout da revista, buscando-se aproximá-la
das publicações internacionais. Um importante aspecto a ser con-
siderado foi a mudança no conteúdo do Editorial, que passou a ser
escrito como um artigo científico, visando promover a reflexão de
temas atuais de interesse da comunidade científica em POT.

Ainda em 2019, seguindo as sugestões da gestão anterior, a


rPOT passa a contar com dois editores juniores (doutorandos de
PPGs em Psicologia) – um projeto inovador voltado à formação
de novos editores –, que também passam a assinar o editorial
da rPOT juntamente com os demais editores associados. Além
disso, foi ampliado o quadro de editores associados com a incor-
poração de dois brasileiros e quatro do exterior (Portugal, Espa-
nha, Chile e Moçambique), dentro da política de ampliação da
revista na América Latina e no contexto ibero-americano.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 392


Um dos principais desafios enfrentados nesse período, assim
como nas gestões anteriores, tem sido acelerar o sistema de revi-
são por pares e o processo de editoração e publicação dos artigos
em sua forma definitiva. Todos esses esforços e mobilização de
pareceristas e editores se alinham ao propósito de rapidamente
difundir os conhecimentos produzidos, sem perder de vista a ga-
rantia da qualidade da produção científica disponibilizada.

No espírito de reduzir o custeio do processo de diagramação


externo à revista, foi adquirido o software Adobe InDesign, que
passou a ser utilizado pelo assistente editorial para diagramar
os artigos da rPOT, com uma redução significativa de despesas
nesse item e, ao mesmo tempo, o aumento do controle da equipe
editorial sobre o processamento dos manuscritos. Além disso,
foram substituídos os fornecedores – de pessoa física para pes-
soa jurídica, também com vistas à redução dos custos de presta-
ção de serviços autônomos.

Durante esse período de gestão foram editados dois núme-


ros especiais. O primeiro, em 2019, “Desenho do Trabalho e sua
Relação com Processos e Resultados Organizacionais”, foi edita-
do por Lívia de Oliveira Borges, Erico Rentería Pérez e Roberto
Moraes. O segundo, “Tribute to José Maria Peiró”, publicado em
inglês, foi editado por Jairo Borges-Andrade, Vicente Gonzále-
z-Romá, Amalia Raquel Pérez-Nebra e Ana Zornoza Abad. No
momento, uma das metas centrais da rPOT é a indexação nas
bases de dados Scopus e Web of Science. Atualmente a rPOT conta
com o seguinte quadro de editores associados nacionais: Alex-
sandro Luiz de Andrade (UFES), Daniela Campos Bahia Moscon,
Nádia Kienen, Marcos Ricardo Datti Micheletto, João Viseu,

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 393


Mussa Abacar, Maria Elisa Ansoleaga Moreno, Mª Inmaculada
López-Nuñez.

Durante a pandemia da Covid-19, a rPOT, em seus editoriais, pro-


curou mobilizar pesquisadores e profissionais da POT, e áreas afins,
para a publicação de produções científicas relacionadas à pandemia
e seus impactos na saúde dos trabalhadores, na gestão de trabalho e
dos processos organizacionais. A rPOT, nesse contexto, se alinhou a
um movimento expressivo de periódicos científicos nacionais e in-
ternacionais, reconhecendo o fato de que a pandemia desencadeou
mudanças relevantes na produção e nas atividades organizacionais,
afetando a saúde mental e a dinâmica dos processos de trabalho.
Esses aspectos foram intensamente retratados nos artigos publica-
dos na rPOT em 2020 e 2021, tornando-se uma fonte de informações
importantes para acadêmicos, líderes, psicólogos organizacionais,
gestores de recursos humanos e trabalhadores em geral (Cruz et al.
2020, Cruz et al., 2021a; Cruz et al., 2021b; Cruz et al., 2021c).

Em março de 2020, e depois em novembro de 2021, a rPOT


disputou e se saiu vitoriosa em dois editais da Associação Na-
cional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP) vol-
tados ao financiamento de parte do processo de editoração de
periódicos científicos vinculados a programas de pós-graduação
filiados à entidade. Esse aporte, mais o financiamento da SBPOT,
tem mantido uma média de 14-15 artigos por número. A tradu-
ção dos editoriais na íntegra para o inglês contribuiu para uma
das metas propostas no projeto editorial, que era ampliar a in-
ternacionalização da rPOT. Outra meta atingida foi a manuten-
ção do pagamento do DOI, que garante o livre acesso eletrônico
aos artigos publicados na rPOT.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 394


O editorial do n.º 4 da RPOT (out./dez. 2021), intitulado “20
anos da rPOT e o papel dos periódicos científicos na pandemia
da COVID-19”, comemorou a trajetória exitosa da revista, o que
pode ser confirmado com uma rápida análise da produção cien-
tífica veiculada pela rPOT nesse período. Em 20 anos de exis-
tência, foram publicados, na rPOT, 60 números e 551 artigos,
refletindo uma produção de conhecimentos científicos em dife-
rentes domínios da POT e áreas afins (Cruz et al., 2021d).

Desde o seu início, a rPOT se tornou uma fonte importante de


acesso a conhecimentos especializados, gratuitos e qualificados,
desempenhando um papel fundamental na disseminação de in-
formação na área das Organizações e do Trabalho. A história da
rPOT reflete o esforço empreendido por seu corpo de editores e pa-
receristas em divulgar achados científicos, o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento de teorias, métodos e tecnologias, assim como em
promover a reflexão crítica na formação e atualização profissionais.

Uma visão da quantidade de publicações realizadas pela


rPOT entre 2001 e 2021 (tabela 1) demonstra o aumento signi-
ficativo da quantidade de manuscritos publicados por volume e
número ao longo dos anos.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 395


Gráfico 1. Quantidade anual e acumulada da produção
científica publicada na rPOT entre 2001 e 2021.

Recentemente, a rPOT, citada no Historical Perspectives in In-


dustrial and Organizational Psychology (Feitosa & Sim, 2021) foi
considerada a mais importante revista científica na América La-
tina e um dos mais importantes periódicos do mundo no campo
da POT (Cruz et al., 2021c). A rPOT, vinculada à SBPOT, ganha,
definitivamente, reconhecimento internacional por seu históri-
co de contribuições científicas e profissionais.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 396


Referências

Cruz, R. M., Borges-Andrade, J. E., Andrade, A. L. D., Moscon,


D. C. B., Viseu, J., Micheletto, M. R. D., & Carlotto, P. A. C.
(2020). COVID-19: emergência e impactos na saúde e no traba-
lho. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 20(2), I-III. ht-
tps://doi.org/10.17652/rpot/2020.2.editorial

Cruz, R. M., Borges-Andrade, J. E., Andrade, A. L. D., Moscon,


D. C. B., Viseu, J., Micheletto, M. R. D., ... & Carvalho-Freitas,
M. N. D. (2021a). Produção e divulgação de conhecimentos
científicos em tempos de pandemia da COVID-19. Revista Psico-
logia Organizações e Trabalho, 21(1), I-II. https://doi.org/10.5935/
rpot/2021.1.editorial

Cruz, R. M., Borges-Andrade, J. E., Andrade, A. L. D., Moscon, D.


C. B., Viseu, J., Micheletto, M. R. D., ... & Carvalho-Freitas, M. N. D.
(2021b). O legado da pandemia da COVID-19 para a psicologia das
organizações e do trabalho. Revista Psicologia Organizações e Traba-
lho, 21(2),1-2. https://doi.org/10.5935/rpot/2021.2.editorial

Cruz, R. M., Borges-Andrade, J. E., Andrade, A. L. D., Moscon,


D. C. B., Viseu, J., Micheletto, M. R. D., ... & Carvalho-Freitas,
M. N. D. (2021c). Ciência e conflitos éticos na gestão da pan-
demia da COVID-19. Revista Psicologia Organizações e Trabalho,
21(3), I-III. https://doi.org/10.17652/rpot/2020.3.editorial

Cruz, R. M., Borges-Andrade, J. E., Andrade, A. L. D., Moscon,


D. C. B., Viseu, J., Micheletto, M. R. D., ... & Carvalho-Freitas,
M. N. D. (2021d). 20 anos da rPOT e o papel dos periódicos
científicos na pandemia da COVID-19. Revista Psicologia Organi-
zações e Trabalho, 21(4), 1-3.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 397


Zanelli, J. C. (2001). Prefácio. Revista Psicologia: organizações e traba-
lho, 1(1), 7-8. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpot/v1n1/v1n1a01.pdf

Zanelli, J. C., Borges-Andrade, J. E., & Bastos, A.V. B. (Orgs.) (2004).


Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed.

Capítulo 13 - Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT) 398


Apêndice 1 - Critérios e dados exigidos para a
obtenção do indexador DOAJ.

Informação sobre
Questão Respostas
a revista/ Critério

1 Revista Psicologia:
Nome
Organizações e Trabalho

2 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
URL
php?script=sci_serial&pid=1984-6657

3 Título alternativo rPOT

4 ISSN da revista (versão impressa) Não se aplica

5 ISSN da revista (versão eletrônica) 1984-6657

6 Associação Brasileira de Psicologia


Editora
Organizacional e do Trabalho

7 Associação Brasileira de Psicologia


Sociedade ou Instituição
Organizacional e do Trabalho

8 Periódicos Eletrônicos de Psicologia


Plataforma, Host ou Agregador
(PePSIC)

9 Nome do contato para a revista Thaís Zerbini

10 Endereço de email do contato thais.zerbini@gmail.com

11 Confirme o endereço de email do


thais.zerbini@gmail.com
contato

12 Qual é o país onde a editora (insti-


Brasil
tuição) está sedeada?

13 A revista cobra taxas de processa-


Não
mento dos artigos?

14 Introduza a URL onde esta infor- http://submission-pepsic.scielo.br/


mação pode ser encontrada index.php/rpot/index

15 Valor Não se aplica

16 Moeda Não se aplica


17 A revista cobra taxas de submissão
Não
de artigos?

18 Introduza a URL onde esta infor- http://submission-pepsic.scielo.br/


mação pode ser encontrada index.php/rpot/index

19 Valor Não se aplica

20 Moeda Não se aplica

21 Quantos artigos a revista publicou


31
no último ano civil?

22 http://pepsic.bvsalud.org/scie-
Introduza a URL onde esta infor-
lo.php?script=sci_issues&pi-
mação pode ser encontrada
d=1984-6657&lng=es&nrm=isso

23 A revista tem uma política de isen-


ção de pagamento de taxas para
Não
publicação (para autores de países
em desenvolvimento etc.)?

24 Introduza a URL onde esta infor- http://submission-pepsic.scielo.br/


mação pode ser encontrada index.php/rpot/index

25 Qual é a política de arquivamento


http://pepsic.bvsalud.org/
digital usada pela revista?

26 Introduza a URL onde esta infor- http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


mação pode ser encontrada rpot/paboutj.htm

27 A revista permite o rastreamento


automático na web de seu conte-
údo por robôs/spiders (também Não
conhecido como mineração de
texto)?

28 Quais são os identificadores dos


DOI
artigos usados pela revista?

29 A revista fornece, ou deseja forne-


cer, metadados em nível do artigo Sim
ao DOAJ?

30 A revista fornece estatísticas de


Sim
download para artigos?
31 http://analytics.scielo.org/w/
Introduza a URL onde esta infor-
accesses/list/articles?jour-
mação pode ser encontrada
nal=1984-6657&collection=psi

32 Qual foi o primeiro ano e volume


em que a revista disponibilizou
em acesso aberto o conteúdo de
2001
seus artigos? (O texto integral pode
ser fornecido como PDFs. Não se
aplica às novas revistas).

33 Indique, por favor, quais os forma-


tos os artigos estão disponíveis em HTML e PDF
texto completo.

34 People Management, Meaning of


Adicione as palavras-chave que Work, Well-being in Organizations,
melhor descrevem a revista. Career and Retirement, Mental
Health at Work

35 Selecione o idioma(s) no qual os


Português, Ingês, Espanhol e Fran-
artigos em texto completo estão
cês
publicados.

Qualidade e transparência do processo editorial

36 Qual é a URL para a página do http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


Conselho Editorial? rpot/pedboard.htm

37 Selecione, por favor, o processo de


Double blind peer review
revisão dos manuscritos.

38 Introduza a URL onde esta infor- http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


mação pode ser encontrada rpot/pinstruc.htm

39 Qual é a URL para a página do http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


âmbito e objetivos? rpot/pinstruc.htm

40 Qual é a URL para a página com as http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


instruções aos autores? rpot/pinstruc.htm

41 A revista tem uma política de veri-


Sim
ficação de plágio?
42 http://submission-pepsic.scielo.
Introduza a URL onde esta infor-
br/index.php/rpot/about/submis-
mação pode ser encontrada
sions#authorGuidelines

43 Qual é o número médio de sema-


nas entre a submissão e apubli- 20
cação?

A revista é de acesso aberto (Open Access)?

44 Qual é a URL para a declaração do http://submission-pepsic.scielo.br/


acesso aberto da revista? index.php/rpot/about

Licenciamento de conteúdo

45 A revista embute, exibe ou incor-


pora a informação sobre licença
CC nos metadados dos artigos de Sim (CC-BY-NC)
forma que essa seja legível tam-
bém por máquinas?

46 http://pepsic.bvsalud.org/scie-
Introduza a URL onde esta infor-
lo.php?script=sci_serial&pi-
mação pode ser encontrada
d=1984-6657&lng=pt&nrm=isso

47 A revista permite a reutilização de


seu conteúdo, de acordo com uma
licença Creative Commons ou ou- Sim
tro tipo de licença com condições
semelhantes (selecione ‘Outro’)?

48 Quais das seguintes opções de


licença a revista adota? (Assinale CC-BY-NC
todas que se aplicam)

49 http://pepsic.bvsalud.org/scie-
Introduza a URL onde esta infor-
lo.php?script=sci_serial&pi-
mação pode ser encontrada
d=1984-6657&lng=pt&nrm=isso
50 A revista permite aos leitores “ler,
baixar, copiar, distribuir, imprimir,
pesquisar, ou link para o texto
Sim
completo” de seus artigos e permi-
te que seu uso para qualquer outra
finalidade lícita?

51 Em qual diretório de política de


depósito a revista registrou sua Romeo
política?

Copyrights e permissões

52 A revista permite que o autor (es)


mantenha os direitos de autoria Não
sem restrições?

53 Introduza a URL onde esta infor- http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


mação pode ser encontrada rpot/pinstruc.htm

54 A revista permite que o autor


retenha os direitos de publicação Não
sem restrições?

55 Introduza a URL onde esta infor- http://pepsic.bvsalud.org/revistas/


mação pode ser encontrada rpot/pinstruc.htm

Informações sobre você

54 Nome Thaís Zerbini

55 Endereço de email thais.zerbini@gmail.com

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Título SBPOT:
20 anos de história
Organizadores Sabrina Cavalcanti Barros
Daiane Rose Cunha Bentivi
Elisa Maria Barbosa de Amorim Ribeiro
Maria Nivalda de Carvalho-Freitas
Melissa Machado de Moraes
Raphael Henrique Castanho Di Lascio
ISBN 978-65-88076-47-7
Editora Caravela Selo Cultural
Coordenação editorial José Correia Torres Neto
Revisão de texto Ana Luisa Camino
e tipográfica
Normalização Sabrina Cavalcanti Barros
bibliográfica
Projeto gráfico, Edit. Rafael Campos
Eletrônica e Capa
Número de páginas 406
Tipologia Roboto ,Source Serif
Local e data Natal (RN), julho de 2023

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