Tut 6
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2. CONCEITOS E TERMOS
O PEATE consiste no registro da atividade elétrica que ocorre no sistema auditivo, da orelha
interna até o tronco encefálico (TE), decorrente da apresentação de um estímulo acústico.
Caracteriza-se como um exame objetivo, simples e não invasivo, que avalia a função
auditiva e tem sido amplamente utilizado para a detecção de perdas auditivas em crianças,
uma vez que não requer a colaboração do paciente+10. Esta técnica apresenta respostas
bioelétricas que resultam da ativação sucessiva da cóclea e das fibras nervosas desta
viall-13.
2.1. Componentes do PEATE
Durante a pesquisa do PEATE, é possível obter sete ondas, expressas em algarismos
romanos. Cada onda possui uma origem: a onda I é originada na porção distal do nervo
auditivo; a Il é gerada na porção proximal do nervo auditivo; a IlI inicia-se nos núcleos
cocleares; as ondas IV e V originam-se no lemnisco lateral superior ipsi e contralateral; e as
ondas VI e VII têm origem nos potenciais mesencefálicos2,3,14.
Todavia, observa-se regularmente na prática clínica o aparecimento apenas das primeiras
cinco ondas, embora se considere como mais imprescindível a análise dos valores das
latências absolutas das ondas I, III e V. Também são considerados os valores das latências
interpicos I-III, III-V e I-V, que é o intervalo entre as ondas. Além disso, a diferença interaural
(comparação entre as latências) da onda V é outro parâmetro importante a ser observado,
que por sua vez deve ser igual ou menos que 0,3ms para se encaixar no padrão de
normalidade.
3. APLICAÇÕES CLÍNICAS
As aplicações clínicas do PEATE em crianças foram descritas pela primeira vez por Hecox e
Ga-lambos!5. Desde então, inúmeras pesquisas têm sido realizadas com este potencial,
visto que é o mais utilizado clinicamente devido às suas propriedades de localização e
reprodutibilidade.
A principal aplicação clínica do PEATE é o diagnóstico diferencial entre alterações cocleares
e retrococleares. Além disso, permite avaliar a maturação do sistema auditivo central em
neonatos e fazer o diagnóstico de alterações no limiar auditivo, caracterizando o tipo de
perda auditiva 6-17.
Entre as demais aplicações clínicas dessa técnica, destaca-se a avaliação de pacientes
difíceis de serem testados, uma vez que avalia a audição de recém-nas-cidos, crianças
pequenas, indivíduos hiperativos, com distúrbios emocionais, com alterações neurológicas e
indivíduos difíceis de serem avaliados por meio dos métodos comportamentais.
3.1. Diagnóstico Diferencial entre Alterações Cocleares e Retrococleares e Pesquisa
da Integridade da Via Auditiva
Para distinguir as alterações cocleares das retro-cocleares, é necessário que haja uma
interpretação precisa dos traçados das ondas, dos intervalos interpi-cose, principalmente,
da diferença interaural da onda
V. Ademais, os dados coletados durante a anamnese são fundamentais na interpretação do
resultado.
Quando observamos latências absolutas dentro dos padrões de normalidade e diferença
interaural menor ou igual a 0,3 ms, associado à alteração do exame de audiometria e/ou
Emissões Otoacústicas (EOA), pode-se inferir que há alteração coclear. Por outro lado, se
os limiares audiométricos se encontram dentro ou fora dos padrões de normalidade, as
EOA não revelam alterações e o PEATE apresenta anormalidades nas latências absolutas
das ondas, nos intervalos interpicos e/ou demonstra diferença interaural maior que 0,3 ms,
é possível sugerir que há alteração retrococlear'*.
Para realizar a pesquisa da integridade de via auditiva, por sua vez, é necessário, antes de
iniciar o procedimento, verificar os seguintes parâmetros: tipo de transdutor, posicionamento
dos eletrodos, estímu-lo, polaridade, velocidade do estímulo e intensida-de?", Destaca-se,
ainda, que a impedância individual
Temporary Protocol Setup
dos eletrodos não deve ultrapassar 5 kOhms (quilo-
-homs) e a diferença entre eles não deve ser maior que 2 kOhms. Para a obtenção desses
parâmetros, é fundamental a limpeza minuciosa da pele, preferen-cialmente, com pasta
abrasiva.
Na prática clínica, é comum o início da pesquisa com fones de inserção, estímulo clique,
polaridade ra-refeita, velocidade do estímulo de 27,7 estímulos/s ou 21,1 estímulos/se
intensidade a 80 dB nHL (Figura 2).
E fundamental observar a formação dos traçados das ondas I, III e V, o que permitirá
avaliar, posteriormen-te, suas latências absolutas, seus intervalos interpicos e a diferença
interaural. Para uma morfologia de onda satisfatória, é imprescindível que o paciente
permaneça deitado de maneira confortável e com os olhos fechados, evitando, assim, a
interferência de artefatos musculares'. Destaca-se, ainda, que é necessário haver replicação
das ondas. Alguns autores sugerem o uso da polaridade condensada. Além disso, se
durante a anamnese o avaliador observar indícios de perda auditiva severa ou profunda, o
exame poderá adotar a intensidade de 100 dB nHL.
Quando há perda auditiva condutiva, observam-se latências absolutas das ondas 1, III e V
aumenta-das, com intervalos interpicos normais. O aumento nas latências absolutas das
ondas ocorre devido ao impedimento situado na orelha média, o que resulta no atraso da
condução do estímulo acústico às vias auditivas?,
Em contrapartida, quando os limiares eletrofisiológicos estão elevados, as latências
absolutas das ondas I, Ill e V encontram-se dentro dos padrões de normalidade, bem como
os intervalos interpicos, e a diferença interaural revela-se menor que 0,3 ms, é provável que
exista uma alteração de origem coclear.
A normalidade nas latências absolutas das ondas e nos intervalos interpicos deve-se ao fato
de o PEATE iniciar sua atividade a partir do nervo auditivot?, Em relação às alterações
retrococleares, diversos traçados podem identificar este tipo de acometimen-to. São eles:
ausência das ondas I e III, com presença da onda V e diferença interaural maior que 0,3 ms;
ausência das ondas III e V, com presença de onda 1; ausência das ondas I, III e V, com
limiar psicoacús-tico apresentando respostas nas frequências de 2 a 4 kHz; aumento na
latência interpico I-V, apresentando característica aumentada nos interpicos I-III e III-V,
indicando alteração de tronco encefálico baixo e alto respectivamente, além da
impossibilidade de repli-cabilidade das ondas. Desta forma, cada uma dessas
características conduzirá ao diagnóstico da doença da via auditiva.