Técnicas Cromatográficas
Técnicas Cromatográficas
Técnicas Cromatográficas
'10.37885/220509051
RESUMO
CROMATOGRAFIA
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critérios como o tipo de fase móvel e estacionária empregados e os princípios de separação
dos componentes da amostra.
Cromatografia
Planar Coluna
*
Clássica CLAE
*
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
Fonte: Adaptado de Degani et. al., 1998.
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quando a fase estacionária é um líquido, o processo de separação é baseado na diferença
de solubilidade dos componentes da mistura nas duas fases líquidas (COLLINS, 2006b).
No processo químico de separação por troca iônica, os íons da amostra se ligam aos
grupos funcionais ionizáveis da fase estacionária. Nesse processo, a fase estacionária é for-
mada por uma matriz em que são adicionados grupos ionizáveis e a fase móvel é constituída
por uma solução iônica com propriedades tamponantes. Assim, a separação ocorre através
de trocadores iônicos. Os trocadores aniônicos, os quais contêm carga positiva, retêm ânions
e os trocadores catiônicos, que contêm carga negativa, retêm os cátions. Na bioafinidade,
a mistura a ser separada possui ligantes bioespecíficos que vão se ligar covalentemente
com o suporte da fase estacionária através de interações biológicas, como os antígenos,
os quais vão se ligar com os anticorpos (componente complementar) presentes na amos-
tra (COLLINS, 2006b; GE HEALTHCARE, 2007). E no processo por exclusão, o princípio
de separação baseia-se no tamanho das partículas da amostra. Geralmente, as partículas
menores passam com mais facilidade pela fase estacionária que é formada por uma matriz
inerte com partículas de forma, tamanho e porosidade uniformes (COLLINS, 2006b).
A cromatografia em papel pode ser considerada a técnica mais simples entre as cro-
matografias. Neste procedimento é necessária pequena quantidade de amostra para rea-
lizar a separação de compostos polares. A distribuição dos componentes de uma amostra
durante a análise é baseada nas diferentes solubilidades dos compostos nas fases móvel e
estacionária. Os componentes mais solúveis na fase móvel possuem maior movimentação
do que aqueles que interagem mais com a fase estacionária, os quais ficam mais retidos
no papel (BRAGA, 2006).
Nessa técnica os componentes de uma amostra são separados por extração líquido-lí-
quido e não por extração sólido-líquido. A celulose absorve até 22% de água, sendo a água
sobre a celulose considerada a fase estacionária (BRAGA, 2006; ENGEL et al., 2012). A se-
paração da mistura ocorre através da partição dos solutos entre a água presente nas fibras
do papel e o solvente (fase móvel) (FAUST, 1997).
Uma análise qualitativa desta técnica pode ser obtida em função do fator de retenção
(do inglês Retention factor – Rf), que é expresso pela seguinte relação (Equação 1):
(Equação 1)
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Quando a técnica é realizada em condições especificadas, o valor de Rf pode ser uma
constante característica de um composto (Figura 2). Além disso, esse valor pode contribuir
para a identificação de um composto desconhecido (ENGEL et al., 2012).
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celulose e poliamida como os mais comuns (LOPES, 2006). A escolha do adsorvente de-
pende da amostra a ser analisada. Por isso, sempre que for necessário utilizar a CCD para
separação dos componentes de uma amostra, é recomendado consultar a literatura para
auxiliar na escolha do adsorvente mais adequado, que promova a melhor separação, e assim
garanta maior reprodutibilidade nas análises.
Cromatografia em Coluna
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Os constituintes de uma amostra podem ser separados utilizando dois modos de eluição:
isocrático, com a utilização de apenas um sistema de solvente ao longo de todo o procedi-
mento cromatográfico; ou gradiente, onde são utilizados dois ou mais solventes em diferentes
proporções que variam à medida que ocorre a eluição dos analitos na coluna. A mistura dos
solventes é preparada para que a polaridade da fase móvel seja aumentada gradativamente,
permitindo assim a separação dos compostos de acordo com as diferenças de polaridades
(VICHENEWSKI, 2006). A escolha do gradiente de solventes depende das características
da amostra a ser separada.
Com o desenvolvimento das técnicas cromatográficas, diversas fases estacionárias
quimicamente modificadas estão sendo comercializadas com diâmetros de partículas cada
vez menores, que proporcionam maior eficiência nas separações (maior número de inte-
rações entre os analitos com a fase estacionária – maior número de pratos teóricos). Com
isso, surge a necessidade do uso de sistemas de bombeamento (bombas de baixa pressão)
que forçam a passagem do solvente pela fase estacionaria, daí o termo cromatografia flash,
que inicialmente foi empregada para descrever o procedimento cromatográfico que utilizava
sílica com partículas de diâmetro entre 230–400 mesh (ENGEL et al., 2012).
A separação dos componentes na cromatografia em coluna pode ocorrer por diferentes
métodos, tais como adsorção, troca iônica, exclusão e bioafinidade. Estes processos serão
discutidos na sequência.
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Cromatografia por Troca Iônica
Nota: A–E: Etapas do processo de separação por troca iônica. M e N: Compostos a serem separados.
Y+, W+ e X+: : Íons contidos no eluente.
Fonte: Adaptado de Spadaro, 2006a.
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A fase estacionária exerce um efeito significativo na eficiência da separação cromato-
gráfica. Existe um grande número de fases estacionárias para aplicação na cromatografia por
troca iônica, que pode ser formada por materiais orgânicos e inorgânicos. É importante que
todos os materiais possuam grupos funcionais carregados em sua superfície, que possam
trocar íons. Os materiais mais comumente usados nessa técnica são: resinas de polímeros
orgânicos modificadas, sílica gel modificada, sais inorgânicos, vidros, zeólitas, óxidos metáli-
cos e derivados de celulose (LUCY, HATSIS, 2004; EITH et al., 2006-07; SPADARO, 2006a).
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com os sítios ativos dos ligantes imobilizados na fase estacionária passam pela coluna sem
serem retidos, enquanto que os compostos que interagem com os sítios ativos ficam retidos,
de acordo com a intensidade da afinidade (Figura 5) (COLLINS, 2011).
Os componentes que não ficaram retidos na coluna saem primeiro. Aqueles que ficaram
retidos podem ser eluídos alterando o pH da fase móvel ou a força iônica do meio, utilizando
um solvente específico, ou ainda modificando a temperatura. Estas alterações desestabilizam
o complexo composto-ligante, levando à sua dissociação. A eluição também pode ser feita
utilizando compostos que apresentem maior afinidade pelo ligante do que o composto que
se deseja separar (Figura 5) (COLLINS, 2011).
Essa técnica pode ser aplicada para separação de uma grande variedade de macro-
moléculas, tais como na purificação de enzimas, antibióticos, antígenos, ácidos nucleicos,
proteínas, hormônios, entre outros sistemas biológicos. Uma boa separação é alcançada
com a escolha correta da matriz, do ligante específico e das condições de retenção e eluição
das moléculas da amostra (SPADARO, FONSECA, 2006b).
A separação de biomoléculas também pode ser feita através da Cromatografia de
Afinidade de Íons Metálicos (IMAC), essa técnica se baseia na interação entre espécies
doadoras de elétrons presentes na superfície de biomoléculas em solução e íons metálicos
quelatados imobilizados em um suporte sólido (BRESOLIN et al., 2009).
O método IMAC é baseado na afinidade de íons metálicos imobilizados em uma matriz
sólida por meio de ligações covalentes (agentes quelantes) por grupamentos expostos na
superfície de uma molécula em solução. A afinidade entre o agente quelante e as biomo-
léculas resulta de ligações de coordenação reversíveis formadas entre os dois componen-
tes. Os íons metálicos mais utilizados na técnica são Fe3+, Co2+, Ni2+, Cu2+, Zn2+, Al3+ e Ca2+,
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porém, outros íons podem ser utilizados desde que possuam a capacidade de interagir com
biomoléculas de maneira reversível (KARMALI, 2000; BRESOLIN et al., 2009).
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APLICAÇÕES DAS TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS
Hoje temos conhecimento que quase toda informação biológica dos seres vivos está
armazenada no DNA (ácido desoxirribonucleico), o qual é constituído por quatro principais
bases nitrogenadas – adenina, citosina, timina e guanina e que as proteínas são principal-
mente formadas por 20 aminoácidos. A genômica funcional descreve a função específica de
genes e proteínas e inclui o estudo da atividade molecular, como transcriptoma, proteômica
e metabolômica (FRAGOSO et al., 2011).
A proteômica envolve o estudo das proteínas provenientes de uma célula, organismo ou
fluido biológico. O estudo de um proteoma possui diferentes aplicações, como a descoberta
das vias metabólicas dos estágios do ciclo celular, identificação de novas moléculas bioati-
vas em produtos naturais e caracterização de marcadores biológicos. Dentre as principais
técnicas utilizadas no estudo do proteoma estão a cromatografia líquida de alta eficiência,
a eletroforese bidimensional, e a espectrometria de massas.
A metabolômica envolve o estudo do metabolismo secundário de diversas classes
de compostos, como alcaloides, flavonoides, terpenos, entre outros. Com a descoberta e
identificação de novos compostos biologicamente ativos, levando em conta que muitos são
complexos e estão presentes em pequenas quantidades, é possível através dos estudos
de engenharia genética, identificar os genes e as rotas biossintéticas com o objetivo de
expressá-los de modo a intensificar a produção dos compostos de interesse. Neste sentido
para que se possam identificar os metabólitos, genes e alvos biológicos é imprescindível o
uso das técnicas cromatográficas, como CLAE e a CCD (FRAGOSO et al., 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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11. ETTRE, L. S. Chromatography: the separation technique of the 20th century. Chroma-
tographia, v. 51, n. 1/2, p.7–17, 2000.
12. FAUST, B. Modern chemical techniques: an essential reference for students and
teachers. Royal Society of Chemistry, 1997. Cap. 5, p.116–159.
15. JARDIM, I. C. S. F.et al. Cromatografia líquida de alta eficiência. In: COLLINS, C. H. et
al. Fundamentos de cromatografia. Campinas: UNICAMP, 2006. Cap. 9, p. 273–398.
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18. LUCY, C. A.; HATSIS, P. Ion chromatography. In: HEFTMANN, E. Chromatography:
fundamentals and applications of chromatography and related differential migration.
Amsterdam: ELSEVIER, 2004. Cap. 4, p. 171–211.
22. SILVA, R. G. C. et al. Cromatografia líquida capilar: estado da arte e aplicações. Quí-
mica Nova, v. 34, n. 5, p. 841–849, 2011.
25. SPADARO, A. C. C. Cromatografia por troca iônica. In: COLLINS, C. H. et al. Funda-
mentos de cromatografia. Campinas: UNICAMP, 2006a. Cap. 5, p. 103–137.
27. TONHI, E. et al. Fases estacionárias para cromatografia líquida de alta eficiência em
fase reversa (CLAE–FR) baseadas em superfícies de óxidos inorgânicos funcionali-
zados. Química Nova, v. 25, n. 4, p. 616–623, 2002.
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