E3 - Permissividade e Tan de Perdas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
LABORATÓRIO DE ALTA TENSÃO

Laboratório de Materiais Elétricos

Medição de Capacitância, Permissividade


Relativa e Perdas em Dielétricos

2007
_________________________________________________________________________2

MEDIÇÃO DA CAPACITÂNCIA, CONSTANTE DIELÉTRICA


E DO FATOR DE DISSIPAÇÃO DIELÉTRICA
1. OBJETIVO

Determinar a capacitância, a constante dielétrica, e o fator de dissipação


dielétrica (tg ) de materiais elétricos isolantes e equipamentos de alta tensão, usando pontes
tipo ponte Schering para a medição. Também é objetivo do experimento, o treinamento para o
uso de instrumentos de medição e montagem de circuitos de alta tensão.

2. MATERIAL UTILIZADO

Abaixo estão listados os materiais e equipamentos usados nas medições em


alta tensão e em baixa tensão:
 Ponte de medição TELMES;
 Ponte de medição TINSLEY;
 detector de nulo;
 gerador de sinais;
 capacitor padrão;
 transformador 1kV/300kV,300kVA;
 isolador de vidro - 15kV (tipo suspensão);
 isolador de porcelana - 15kV (tipo suspensão);
 capacitor de 600pF - 100kV;
 capacitor de 1200pF - 100kV e
 mesa de comando.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 PERMISSIVIDADE DIELÉTRICA OU CONSTANTE DIELÉTRICA

O capacitor é um componente elétrico constituído por dois eletrodos separados


por um espaçamento. Faraday mostrou experimentalmente que a capacitância de um capacitor
cresce se o espaço entre os condutores for preenchido com um material dielétrico.
Considerando Co a capacitância de um capacitor sem matéria entre os eletrodos
e C, uma capacitância quando o espaço entre os eletrodos é preenchido com um dielétrico. A
permissividade intrínseca de um material dielétrico é definida como a razão:

r  CC 0

O valor de  r , de um material dielétrico, pode ser determinado


experimentalmente, medindo-se a capacitância no vácuo (quase vácuo) e a capacitância do
capacitor com o dielétrico.  r é comumente conhecido por constante dielétrica.
No SI de unidades, a constante dielétrica de um material dielétrico é definida
como:
  0 r
onde o = 8,85 x 10-12 F/m.  0 representa a permissividade do vácuo.

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Um dielétrico ideal não apresenta perdas e seu comportamento em um campo
elétrico pode ser completamente descrito por sua constante dielétrica. r expressa em escala
macroscópica, o resultado da interação do campo elétrico aplicado externamente com os
átomos ou moléculas do material.
A constante dielétrica, r ,depende de vários fatores, tais como:

 freqüência da tensão aplicada ao dielétrico;


 amplitude da tensão aplicada ao dielétrico;
 temperatura;
 pressão;
 umidade e
 polarização.

Analisando a existência da polarização em um dielétrico pode-se distinguir


alguns tipos de polarização:
 Polarização dos elétrons ou eletrônica: é proveniente de um
deslocamento elástico dos elétrons ligados ao núcleo de um átomo, pela ação de um campo
elétrico externo. A polarização eletrônica aparece em todos os tipos de isolantes;
 Polarização dos íons ou polarização iônica: é característica dos
sólidos, iônicos, baseando-se num deslocamento dos íons, elasticamente posicionados em seus
lugares;
 Polarização dipolar ou orientacional: é a rotação do dipolo de acordo
com o sentido do campo externo aplicado. A polarização dipolar decresce com aumento da
freqüência elétrica; sendo característico de dielétricos polares.
 Polarização iônica de relaxação: íons fracamente ligados, por ação do
campo elétrico externo, adicionado pelo movimento aleatório induzido pelo calor, são
deslocadas na direção do campo;
 Polarização por migração: é um mecanismo de polarização adicional
que se manifesta nos sólidos de estrutura não homogênea, quando as heterogeneidades são
macroscópicas e o material apresenta impurezas.
 Polarização estrutural: aparece apenas em corpos amorfos e em
sólidos cristalinos polares. A polarização estrutural vem a ser a orientação de estruturas
complexas de material, perante a ação de um campo externo, aparecendo devido a um
deslocamento de íons e de dipolos, na presença de aquecimentos devido a perdas Joule.

3.2 PERDAS EM MATERIAIS DIELÉTRICOS E O FATOR DE DISSIPAÇÃO


DIELÉTRICA (tg ):

O dielétrico quando usado como isolante, tem a função de separar duas massas
condutoras que se encontram em potenciais diferentes impedindo ao máximo a passagem de
corrente elétrica. Outra função do dielétrico é armazenar energia (ex.: o uso de materiais
dielétricos em capacitores). Em qualquer dos casos, existem perdas quando o dielétrico é
exposto a um campo elétrico. As perdas dependem de vários fatores, tais como:

 a condutividade intrínseca dos dielétricos;


 a condutividade superficial;
 a polarização orientacional;
 a presença de impurezas;

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A condutividade intrínseca deve-se ao fluxo de elétrons livres no dielétrico.
Esta condutividade é em geral muito baixa, podendo ser ignorada em bons dielétricos sólidos
para uso em baixa tensão.
A condutividade superficial é função das condições da superfície do dielétrico
(temperatura, umidade, grau de polimento, poluição da superfície e se o material é polar e
solúvel).
Em altas tensões, os principais fenômenos físicos responsáveis por perdas
dielétricas são:
* Perdas por Condução: da condução eletrônica ou iônica. Os dielétricos
possuem condutividade finita, que traz como conseqüência perdas Joule (aquecimento);
* Perdas por Polarização: decorrente do trabalho realizado pelo campo
aplicado sobre a estrutura do material, com orientação dipolar provavelmente diferente do
campo aplicado;
* Perdas por Ionização: decorrente da ionização do isolante, efeito corona
e descargas parciais.

3.3 CAPACITORES PADRÃO

Em fontes de altas tensões (>20kV) o capacitor padrão é quase que invariavelmente


um capacitor a gás comprimido com capacitância entre 30 e 200pF. Devido o seu design
(Figura 1), proposto por Schering e Vieweg, o capacitor padrão combina tensão de ruptura alta
com baixíssimos fatores de dissipação (tan10-6).

Figura 01. Vista da secção transversal para o capacitor a gas comprimido.

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A capacitância efetiva consiste de dois eletrodos tubulares coaxiais (1 e 2) dentro de
um câmara de pressão feita de papel tubular comprimido (4). O eletrodo de baixa tensão é
quase totalmente circundado pelo eletrodo de alta tensão, sendo assim protegido contra
distúrbios de campos do ambiente. O cabo de baixa tensão é um cabo coaxial passando dentro
do tubo de metal aterrado (3) que suporta o eletrodo de baixa tensão. Para obter uma alta
tensão de ruptura, o capacitor é preenchido com nitrogênio seco ou CO2 em pressões entre
cerca de 10 a 14 atm. Estruturas mais novas também usam gases eletronegativos como o SF6
em pressões de cerca de 3,5 atm que permite uma significativa redução do seu peso.
As variações de pressão a volume constante causadas pela mudança da temperatura
ambiente não causam variação da capacitância, desde que a densidade do gás permaneça
constante. Expansões mecânica e térmica resultam em apenas pequenas variações de
capacitância já que a geometria coaxial é razoavelmente insensível aos deslocamentos
excêntrico e axial.

3.4 DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PERDAS.

Considere um capacitor real submetido a uma tensão senoidal. Um circuito


equivalente que represente o capacitor deve reproduzir as perdas ativas e a energia
armazenada.
Se o capacitor real for substituído por um capacitor ideal em paralelo com um
resistor, (Figura 2.a), ou por um capacitor ideal em série com um resistor (Figura 2.b). Na
realidade um capacitor possui tanto a resistência paralelo como a série mas, dependendo da
freqüência da tensão aplicada, apenas uma delas predomina. Em baixas freqüências, o circuito
equivalente paralelo (Figura 2.a) é o mais apropriado.

Z2 RS
IA RP C IC
Z1
P CS

(a) (b)
Figura 02. Circuito equivalente (a) paralelo e (b) série de um capacitor real

Ambos os circuitos são equivalentes se as impedâncias vistas pelos seus


terminais forem as mesmas ( Z1 = Z2 = Z). A análise que se segue é feita para o circuito
paralelo da Figura (2.a).
A componente ativa da corrente Ia é chamada corrente de perdas. Quanto
menor a corrente de perdas melhor será o dielétrico. A corrente de perdas também é conhecida
como corrente de fuga.
No caso de dielétricos usados como isolantes, o ideal seria que a corrente fosse
nula. No entanto, aparecerão sempre duas componentes de corrente: A componente ativa Ia
(resistiva) e a componente reativa Ic (capacitiva).

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Para dielétricos usados em capacitores tem-se, também, as componentes Ia e
Ic. Neste tipo de aplicação usa-se normalmente dielétricos de alta constante dielétrica e que
tenham uma rigidez dielétrica satisfatória. Assim os dielétricos obtém um alto valor da
componente Ic (alta energia armazenada).
Em ambos os tipos de aplicações, como é óbvio, deseja-se o menor valor
possível de Ia.

A Tabela 01 mostra os valores da constante dielétrica e da rigidez dielétrica de


alguns materiais dielétricos

Tabela 01 - Constante dielétrica e rigidez dielétrica de várias substâncias.


Substância Constante Dielétrica Rigidez dielétrica, kV/mm
Baquelite 4,9 24
Mica 5,4 10-100
Neopreno 6,9 12
Óleo de transformador 2,24 12
Papel 3,7 16
Parafina 2,1-2,5 10
Plexiglas 3,4 40
Poliestireno 2,55 24
Porcelana 7 5,7
Vidro (pirex) 5,6 14

Como pode ser observado na Figura 2, o valor de Ia está associado um ângulo


, o ângulo definido como ângulo de perdas e representa o complemento para 90º do ângulo
de defasagem , entre a corrente e a tensão em um capacitor. Os bons dielétricos possuem
baixo valor de .

Ic

IA

Figura 03. Diagrama vetorial de um capacitor com perdas.

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O ângulo , ou o valor de sua tangente (tg ), é um indicativo da energia
dissipada na estrutura do dielétrico, caracterizando a qualidade do dielétrico como tal. O
ângulo de perdas contém informações sobre as perdas por condução, polarização e ionização.
Se as perdas dielétricas acima das admissíveis levam a um aquecimento do isolante, podendo
atingir à sua destruição, uma vez que as propriedades isolantes são praticamente todas
afetadas pela elevação de temperatura, e cada isolante tem, assim, uma temperatura limite,
acima da qual o material não deve mais ser utilizado até os valores plenos das suas
características.

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4. ROTEIRO EXPERIMENTAL

4.1 INTRODUÇÃO

O experimento proposto é dividido em duas partes. A primeira parte trata de


um circuito para baixa tensão que utiliza uma ponte de medição de capacitância e tangente ,
usada para determinar a constante dielétrica de alguns materiais isolantes sólidos, líquidos e
gasosos em várias freqüências. Esta ponte funciona à base do princípio da ponte Schering. A
segunda parte consiste em um circuito para alta tensão em que será utilizada uma ponte
Schering, agora para utilização em altas tensões, para a medição da capacitância e do fator de
perdas de isoladores e equipamentos de alta tensão na freqüência industrial.

4.2 O SISTEMA DE MEDIÇÃO

Os métodos de ponte com corrente alternada fornece os resultados mais


precisos para a determinação de capacitância. A ponte Schering é usada para determinar a
capacitância e o fator de dissipação dielétrica, tg , de materiais isolantes e equipamentos de
alta e baixa tensão. O campo primário de aplicação do sistema inclui a pesquisa,
desenvolvimento e atividades de controle de qualidade de equipamentos. Ela é usada ainda
para testar cabos de potência, geradores, transformadores para instrumentos, buchas e
amostras de materiais isolantes.
Um sistema completo de medição consiste em:
 fonte de tensão;
 ponte de medição: para determinação da capacitância e do fator de
dissipação dielétrica (tg  ) é utilizado uma ponte de Schering, que se baseia nos princípios,
para a obtenção do valor de resistências, da ponte de Wheastone;
 detetor de nulo: voltímetro, osciloscópio ou amperímetro, e
 capacitor padrão: apresentam um elevado valor da tensão de ruptura
combinada com um baixo fator de dissipação ( tg   10-6 ).

4.3 O CIRCUITO DE BAIXA TENSÃO

O circuito básico para a montagem em baixa tensão é apresentado na Fig. 4:

C
C3 CxR x

R3

G A M B
R2 C1
C2

Figura 04. Ponte de medição tipo Schering para baixa tensão.

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onde:
Cx Objeto de teste;
C1 capacitor padrão de alta qualidade;
C2 capacitância balanceável;
C3 capacitância balanceável;
R2 resistência balanceável;
R3 resistência balanceável;
M detetor de nulo e
G gerador de sinal com freqüência variável.

O balanceamento da ponte é feito através de sucessivas variações de resistores e


capacitores. No equilibrio, os pontos A e B têm o mesmo potencial. Os produtos das
impedâncias dos ramos opostos são iguais:

Zx.Z2 = Z1.Z3.

O objeto sob teste, representado por Zx, é um capacitor real, portanto pode ser
representado por um resistor e um capacitor ideal. Considerando que o capacitor padrão é de
alta qualidade, o valor de R1 é adotado como zero. As impedâncias de cada braço são:

 1   1 
Z x  R x    Z 1   
 j. .C x   j . .C1 

 1   1   1   1 
      j. .C 3       j. .C 2 .
 Z 3   R3   Z2   R2 

Como forma de facilitar o manuseio da ponte, visando o seu equilibrio, o


fabricante adotou algumas simplificações de ordem prática, a saber:
a impedância Z3 é constituído pela resistência de R3 e pela reatância
capacitiva de C3, em paralelo. O resistor R3 apresenta uma resistência baixa. O capacitor C3
escolhido tem uma capacitância muito baixa e, portanto, uma reatância muito alta. Assim a
impedância Z3 consiste apenas da resistência R3 , ou Z3 = R3.
Substituindo Z3 por R3, no equilíbrio pode-se escrever:

 1   1  1 
R x     R3       j. .C 2 
 j. .C x   j. .C1   R2 
 1   R3   R3 .C 2 
R x         .
 j . .C x   j . .C1 2  
.R C1 

Igualando as partes reais e imaginárias, tem-se:

Rx = R3.(C2/C1)

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Cx = C1.(R2/R3)

* o ajuste dos valores de R2 e R3 não é feito individualmente, mas segundo a razão


(R2/R3), que assume os seguintes valores: 1, 10, 100 ou 1000.
O fator de dissipação dielétrica (tg ) será:

tg  . Cx . Rx ou tg  . C2 . R2

* o capacitor C2 possui uma capacitância, variável de forma contínua, A1, e de uma


capacitância que varia de forma discreta, A2, em paralelo com A1. A capacitância A = A1 +
A2 é equivalente a C2.
* a capacitância Cx é proporcional a C1 pela razão (R2/R3) que assume os valores 1, 10,
100 ou 1000, como indicado no painel da ponte.
* a variável B que aparece na ponte representa o valor (2..R2). Portanto, o cálculo da
capacitância Cx e da tangente de perdas, tg , pode ser expresso por:

Cx = K.C1, onde: K = 1, 10, 100 ou 1000 e

tg  = A.B.f, onde: f é dada em kHz.

Finalmente, para encontrar a constante dielétrica em fluidos e sólidos, o


procedimento é o seguinte:
Em fluidos: Mede-se a capacitância do arranjo com o material dielétrico e
depois, mede-se a capacitância sem o material dielétrico, considerando-se o ar como vácuo. A
constante dielétrica será a razão entre estas capacitâncias, ou seja:
r = Cx/Co.

Em sólidos: Como as amostras de materiais isolantes sólidos têm formas e


dimensões definidas, deve-se utilizar a expressão:

Cx = o. r.(A/d) ,ou r = (Cx . d) / (o . A)

onde:
A = área de seção transversal;
d = espessura da amostra e
CX = capacitância medida.

3.4. Circuito de Alta Tensão

O circuito utilizado para as medições em alta tensão é mostrado na Figura 5:

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RL C
C1 C2
CAT

A M B
CBT
R4 R3
Mesa
220V de
60Hz Controle C3
D
Voltímetro

Figura 05. Ponte de medição tipo Schering para alta tensão.

onde:
C1 objeto de teste;
C2 capacitor padrão;
R3 resistência a ser fixada;
R4 resistência balanceável;
C3 capacitância balanceável;
RL resistência limitadora de corrente;
M detetor de nulo e
Cat/Cbt divisor capacitivo de tensão 800 pF / 600 kV.

O equilíbrio da ponte se dará quando Z1.Z3 = Z2.Z4. As impedâncias de cada


braço são dadas por:

 1   1 
Z 1  R1    Z 2   
 j. .C1   j. .C 2 

 1   1 
Z 4  R4       j. .C 3 .
 Z 3   R3 

Na condição de equilíbrio, tem-se:

 1   1   1 
R1     R4       j. .C 3 
 j. .C1   j. .C 2   R3 
 1   R4   R3 .C 3 
R1         .
 j. .C1   j. .C 2 .R3   C 2 

Igualando as partes reais e imaginárias, tem-se:

R1 = R4.C3/C2

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e
C1 = R3.C2/R4.

O fator de dissipação dielétrica (tg ) será:

tg   .C1. R1 ou tg   .C3 . R3 .

Para facilitar o manuseio da ponte, o valor de R3 é fixado em (105/2..60) = 265


 . O capacitor padrão a gás comprimido tem uma capacitância de 97,5 pF. Assim, o valor de
C1 dependerá unicamente da resistência R4. Tomando C3 em microfarad e f = 60Hz, então
tg  = 0,1.C3.
A vantagem apresentada pela ponde de Schering é o fato de que ambos, a
capacitância e o fator de dissipação da amostra podem ser medidos com segurança em plena
tensão. Neste circuito típico somente poucos volts são aplicados aos elementos R3, C3 e R4. Se
uma ruptura ou descarga superficial ocorre nos capacitores C1 ou C2 cresce a tensão dos
terminais A e B, e os elementos ajustáveis e o operador são protegidos pelo surgimento de
sobretensão.

4.4 ROTEIRO

4.4.1 Baixa Tensão


1. Proceda a montagem e energização dos equipamentos, de acordo com a Figura 3 e sob a
orientação do professor ou monitor
2. Anote na Tabela 02 as capacitâncias de cada recipiente, fornecidas pelo fabricante.
3. Faça a medição da capacitância para o ar na temperatura e pressão ambiente, com uma
frequência de 10 kHz.
4. Faça a medição da capacitância para o óleo isolante em 04 frequências diferentes e anote os
valores na Tabela 03. Observe o nível do óleo antes da medição.
5. Meça a espessura, o diâmetro das amostras dos materiais isolantes sólidos e anote na
Tabela 04
6. Meça a capacitância e os parâmetros A e B, na frequência de 10 kHz, das amostras de
isolantes sólidos utilizadas e anote os valores na Tabela 04.
7. Após medir os parâmetros do papel isolante hidratado naturalmente, coloque-o na estufa
para desidratá-lo e depois meça novamente os seus parâmetros.

4.4.2 Alta Tensão


1. Monte o circuito de alta tensão mostrado na Fig. 04, com os seguintes objetos de teste:
1.1. Isolador de porcelana tipo suspensão - 15 kV;
1.2. Isolador de vidro tipo suspensão - 15 kV;
1.3. Capacitor de 600 pF - 100 kV;
1.4. Capacitor de 1200 pF - 100 kV

2. Variando os valores de R4 e C3, equilibre a ponte e meça os valores da capacitância e da


tangente de perdas, para as tensões indicadas na Tabela 08.

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5. AVALIAÇÃO.

1. Compare o valor obtido, na medição da capacitância para o ar na temperatura e pressão


ambiente, com uma freqüência de 10 kHz, com o valor fornecido.

2. Apresente, na forma de gráficos, o comportamento da constante dielétrica relativa versus


freqüência e da tangente de perdas versus freqüência, para os valores obtidos do óleo
isolante. Explique o comportamento do óleo isolante com a freqüência, para estes dois
parâmetros elétricos (não se limite à faixa de freqüência adotada no experimento).

3. Calcule os valores da constante dielétrica obtidos através do experimento e indique na


Tabela 06.

4. Calcule os valores da tangente de perdas medidos e indique na tabela 07.

5. Compare os valores medidos com os valores teóricos encontrados na literatura para tg  e


r.

6. Analise os valores da constante dielétrica e da tangente de perdas do papel isolante antes e


após a sua desidratação. Com base no fenômeno da polarização, explique a diferença.

7. Analise o comportamento da capacitância e da tangente de perdas para os equipamentos


utilizados no experimento em alta tensão, com a variação da tensão aplicada (não se limite
aos níveis de tensão aplicados no experimento).

8. Comente os requisitos ou características para o uso dos materiais na confecção dos


capacitores padrão: material isolante do revestimento externo, material ou meio isolante
interno.

9. Quantitativamente como deve ser os valores da capacitância, tg e a variação da


capacitância com a temperatura para o capacitor padrão?

10. Qual a vantagem da utilização do método da Ponte de Schering para a medição da


capacitância e fator de dissipação do dielétrico em altas tensões?

5.1 O relatório deverá conter :

Titulo;
Objetivo;
Materiais utilizados;
Resumo da experiência (descrição sucinta do experimento);
Apresentação, análise e discussão dos resultados: questões, gráficos,
comentários, tabelas, etc;
Conclusão e
Referências bibliográficas.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES :
 O relatório deverá ser entregue, no máximo, até 7 dias da realização do experimento.
 Relatórios iguais ou bem parecidos terão nota dividida pelo número de alunos que
compartilharam o relatório.

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 Os gráficos deverão ser feitos em papel milimetrado.
 Todos os dados experimentais devem ser apresentados no relatório.

6. BIBLIOGRAFIA.

1. Operating Instructions for Dielectric Coefficient & Loss Factor Testing Set type TR-9701 -
TELMES, 1968.
2. Operating Instructions for Schering Bridge type 4550 - H. TINSLEY & CO. LTD., 1975.
3. Apostila do Curso de Materiais Elétricos - Dielétricos, Ricardo J. A. Loureiro, DEE/UFPB,
Nov/1985.
4. Guia de Experimentos - Lab. de Materiais Elétricos, Edson Guedes da Costa, DEE/UFPB,
Out/1992.
5. Physics of Dielectric Materials, B. M. Tareev, Ed. Mir, 1979.
6. Electrical Engineering Materials, A. J. Dekker, Prentice Hall, 1964.
7. Lectures on the Electrical Properties of Materials, L. Solymar and D. Walsh, Oxford
University Press, Fifth Edition, 1993.
8. High-Voltage Measurement Techniques, A. J. Schwab, The Massachusetts Institute of
Technology Press, 1972.

A última revisão deste guia foi realizada pelos alunos do PET/Elétrica da


FEJ/UDESC (Joinville - SC):

Francisco José do Nascimento Júnior


Marco Antonio Maschio

sob orientação do Prof. Edson Guedes da Costa, M.Sc.

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7. TABELAS.

7.1 TABELA 02 - CAPACITÂNCIA DOS RECIPIENTES NO VÁCUO:

Recipiente A
Recipiente B

7.2 TABELA 03 - PARÂMETROS PARA FLUÍDOS:

Material Cx (pF) A (pF) B C1 f (kHz)


Ar (recipiente A) 10
10
Óleo Mineral
(recipiente B)

7.3 TABELA 04 - PARÂMETROS DOS MATERIAIS SÓLIDOS:

Material Diâmetro Espessura Cx A B C1 f


(mm) (mm) (pF) (pF) (kHz)
Papel hidratado
Nylon
Resina Epoxi
Acrílico
Papel seco

7.4 TABELA 05 - CONSTANTE DIELÉTRICA E TANGENTE DE PERDAS DE


FLUIDOS:

Material A.B.f tg  (teórico) r (medido) r


(tg  medido) (teórico)
Ar

Óleo Mineral

7.5 TABELA 06 - CONSTANTE DIELÉTRICA DE SÓLIDOS:

Material S (área) d (espessura) Cx  = Cx.d/S r = /o


Papel hidratado
Nylon
Resina epoxy
Acrílico
Papel seco

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7.6 TABELA 07 - TANGENTE DE PERDAS DE SÓLIDOS:

Material Tg  (A.B.f) tg  r r
(medido) (teórico) (medido) (teórico)
Papel hidratado
Nylon
Resina epoxy
Acrílico
Papel seco

7.7 TABELA 08 - PARÂMETROS DOS EQUIPAMENTOS DE ALTA TENSÃO:

Equipamento Tensão R4 C3 C1 C2 tg 
(kV)
Isolador porcelana 5
10
Isolador vidro 5
10
Capacitor (1200 pF) 10
20
Capacitor (600 pF) 10
20

7.8 CONSTANTE DIELÉTRICA E TANGENTE DE PERDAS DE ALGUNS


MATERIAIS(*):

Material Constante dielétrica a 20°C tg 


Acetona 20,70 x
Acrílico 2,6 0,0038
Água 80,40 x
Ar 1,00058 x
Benzina 2,20 x
EPR 2,6 0,007
Óleo de transformador 2,20 0,004
Papel para isolação elétrica 2,4 0,002
Papelão 3,6-5,5 x
Polietileno 2,30 0,0001
Porcelana 6,0 0,0017
PVC 3,2 0,06
Resina epoxi 3,8 0,006
Teflon 2,0 0,0002

(*) Os valores que não se encontram nesta tabela devem ser obtidos na bibliografia.

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