Gestão Empresarial e Contabilidade

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 123

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Reitora
Cicília Raquel Maia Leite
Vice-Reitor
Francisco Dantas de Medeiros Neto
Diretor da Editora Universitária da Uern - EDUERN
Francisco Fabiano de Freitas Mendes
Chefe do Setor Executivo da Editora Universitária da Uern - EDUERN
Jacimária Fonseca de Medeiros
Chefe do Setor de Editoração da Editora Universitária da Uern - EDUERN
Emanuela Carla Medeiros Queiros
Conselho Editorial das Edições UERN
Edmar Peixoto de Lima
Filipe da Silva Peixoto
Francisco Fabiano de Freitas Mendes
Isabela Pinheiro Cavalcanti Lima
Jacimária Fonseca de Medeiros
José Elesbão de Almeida
José Cezinaldo Rocha Bessa
Maria José Costa Fernandes
Kalidia Felipe de Lima Costa
Regina Célia Pereira Marques
Revisão
Sarah Kimberly de Oliveira Cananeia
Capa e Diagramação
Ana Beatriz Caldas Davi
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Gestão Empresarial e Contabilidade [recurso eletrônico]. /
Maria Auxiliadora de Oliveira Morais, Mayara Muniz de Oliveira, Sandra de
Souza Paiva Holanda, Sidnéia Maia de Oliveira Rego (orgs.). - Mossoró, RN:
Edições UERN, 2023.
122 p.
ISBN: 978-85-7621-406-9 (E-book).
1. Administração de Empresas. 2. Gestão Empresarial. 3. Contabilidade. I.
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. II. Título.
UERN/BC 658.4 CDD
Bibliotecário: Aline Karoline da Silva Araújo CRB 15 / 783
Editora filiada à:
APRESENTAÇÃO
Este e-book intitulado como Gestão empresarial e Contabilidade é proveniente da
produção científica da XVII Semana do Administrador é um evento anual realizado pelo curso
de Administração da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) do Campus Pau
dos Ferros.

O referido e-book é composto por sete artigos que trazem abordagens teóricas e práticas
envolvendo as áreas de gestão empresarial e contabilidade. No tocante às metodologias de
pesquisa, ressalta-se que a maior parte dos artigos possui seus objetivos de pesquisa vinculados
à pesquisa descritiva, utilizando estudo de caso, levantamento, pesquisa documental e pesquisa
de campo. Dentre as abordagens do problema, os artigos apresentados pelo presente e-book
enfatizaram a abordagem qualitativa, tendo apenas uma pesquisa com ênfase na abordagem
quantitativa.

Destaca-se que, três trabalhos abordam temas relacionados à gestão empresarial,


trazendo assuntos como: gestão da diversidade, gestão da qualidade e gestão de estoque. E quatro
trabalhos trazem assuntos relacionados à contabilidade, como por exemplo: contabilidade de
custos, demonstração do valor adicionado, ordem de pagamentos na gestão pública e matriz
curricular dos cursos de contabilidade nas universidades públicas.

O dinamismo das metodologias de pesquisa dos trabalhos apresentados, possibilita


uma maior compreensão e aprofundamento acerca das abordagens teóricas e práticas: Gestão
empresarial e contabilidade, contribuindo para o avanço de pesquisas científicas na referida
temática.

Desejamos a todos uma excelente leitura!

As Organizadoras
Sumário
...................................... 7
CAPÍTULO 1

GESTÃO DA DIVERSIDADE: A percepção do gestor e colaboradores de uma


empresa do ramo da construção civil
Suzane Maria Souza Oliveira
Juliana Carvalho de Sousa

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
CAPÍTULO 2

GESTÃO DA QUALIDADE: Um estudo na AABB em Pau dos Ferros-RN


Marina Amanda do Nascimento Barros
Almeida, Ma. Sandra de Souza Paiva Holanda

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
CAPÍTULO 3

GESTÃO DE ESTOQUE: Estudo de caso em um supermercado


Ms. Antônio Batista Júnior
Eline Kaliane Barbosa da Silva
José Fernandes Júnior
Raquel Carvalho de Lima

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
CAPÍTULO 4

CONTABILIDADE DE CUSTOS: Caso de uma indústria de temperos


pauferrense
Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais
Dr. Alexsandro Gonçalves da Silva Prado
Esp. Lyana Glecia Gurgel Melo
Dr. Roosevelt Bezerra da Silva Filho
Sumário
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
CAPÍTULO 5

GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Análise das


empresas listadas no ISE (índice de sustentabilidade empresarial)
Angelina Rodrigues da Silva
Dr. Alexsandro Gonçalves da Silva Prado
Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais
Esp. Lyana Glecia Gurgel Melo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
CAPÍTULO 6

MATRIZES CURRICULARES DE CONTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES


PÚBLICAS NORTE-RIO-GRANDENSES E O CURRÍCULO MUNDIAL
Raiane Oliveira de Sousa
Ma. Taynara Milene da Silva
Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
CAPÍTULO 7

PERCEPÇÃO DOS CONTADORES DO MÉDIO OESTE POTIGUAR SOBRE


ORDEM CRONOLÓGICA DE PAGAMENTOS DOS MUNICÍPIOS AOS
CREDORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Thalyta Paula Gomes Pereira
Ma. Taynara Milene da Silva
Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais
CAPÍTULO 1
GESTÃO DA DIVERSIDADE: a percepção do gestor e colaboradores de uma empresa
do ramo da construção civil

DIVERSITY MANAGEMENT: the perception of the manager and employees of a


company in the construction industry

Suzane Maria Souza Oliveira


Graduanda em Administração (UERN)
Email: suzane850@gmail.com
Juliana Carvalho de Sousa
Graduanda em Administração (UERN)
Email: juli.cs1009@gmail.com

RESUMO
O presente estudo, tem como objetivo entender como a gestão da diversidade é percebida
pelo gestor e colaboradores de uma empresa no ramo de materiais de construção no Alto
Oeste Potiguar. Trata-se de um levantamento de natureza qualitativa e caráter descritivo. Os
dados foram levantados a partir da realização de entrevista com os sujeitos da pesquisa; o
universo da pesquisa foi composto por 14 colaboradores; o instrumento de coleta de dados
foi adaptado de Silva (2015) e do Instituto Ethos (2016). Os dados foram tratados através da
análise de conteúdo de Bardin (2009). Os resultados demonstram diferentes visões de como é
lidar com um ambiente diverso, mostram que não existem programas de incentivo e promoção
da diversidade, evidenciam a existência do preconceito com as mulheres em um ambiente
tipicamente masculino e as dificuldades de contratação de uma pessoa com deficiência no ramo
da construção civil.

Palavras-chave: Gestão da Diversidade; Diversidade; Construção Civil.

ABSTRACT
The present study aims to understand how diversity management is perceived by the manager
and employees of a company in the construction materials industry in the Upper West of Potiguar.
This is a qualitative and descriptive survey. The data were collected from the interview with
the research subjects; the research universe was composed of 14 employees; the data collection
instrument was adapted from Silva (2015) and the Ethos Institute (2016). The data were treated
through the content analysis of Bardin (2009). The results show different views of how it is to
deal with a diverse environment, show that there are no incentive programs and promotion of
diversity, highlight the existence of prejudice against women in a typically male environment

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


7
CAPÍTULO 1

and the difficulties of hiring a person with disabilities in the construction industry.

Keywords: Diversity Management; Diversity; Civil Construction.

1 INTRODUÇÃO
O papel das pessoas dentro das organizações passou por muitas mudanças ao longo dos
anos, as empresas visavam alta produção e maximização dos seus lucros. Com o passar dos
anos, as empresas modificaram seu modus operandi e o homem foi ganhando espaço dentro
das organizações, e esta passou a valorizar o capital intelectual de seus colaboradores. Em
um mundo globalizado e caracterizado pela efemeridade, as empresas devem adaptar-se às
mudanças que o mercado exige e buscar constantemente, forças de trabalhos (ORNELLAS,
2021)
Os primeiros estudos sobre diversidade começaram a surgir na década de 90, com
estudos de Cox (1991) e Thomas (2001). O termo diversidade tem muitos significados, dentre
eles, Fleury (2000) retrata como sendo um mix de pessoas com identidades e características
diversas que interagem no mesmo meio social.
O departamento de Recursos Humanos, tem como principal papel gerir pessoas e
gerenciar seus talentos. Com isso, as práticas de gestão da diversidade passaram a ter grande
relevância nas últimas décadas e tornou-se objeto de estudo para as organizações, visto que,
se bem administrado, trará inúmeros benefícios a estas e , consequentemente, proporcionará
vantagem competitiva e conduzirá a empresa ao melhor desempenho de suas tarefas (ALVES;
GALEÃO-SILVA, 2004; SICHEROLLI; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2011).
As políticas e leis que obrigam que as empresas tenham no seu quadro de colaboradores
pessoas consideradas como minorias, não são suficientes para integrar grupos marginalizados.
Cabe às empresas, sejam elas de grande ou pequeno porte, adotar as práticas de gestão da
diversidade através de códigos de ética e políticas de diversidade capazes de eximir a
descriminação existente (MOURA; CAMPOS; CAETANO, 2019).
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, com uma população diversificada
e marcada pela discriminação e pela desigualdade social (FLEURY, 2000), percebe-se que, em
virtude da cultura já existente e enraizada, grande parte dos colaboradores das empresas são
compostas por homens brancos e héteros. Segundo o Instituto Ethos (2016), grupos compostos
por mulheres e negros ainda são excluídos nas organizações, representando um percentual de
31,3% e 6,3%, respectivamente, em cargos de gerência.
De acordo com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção
(ANAMACO), o setor de varejo de material de construção terminou o ano de 2020 com um
crescimento de cerca de 11%, no entanto, por ser considerado um trabalho pesado, este é um

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


8
CAPÍTULO 1

segmento que ainda é dominado por indivíduos do sexo masculino.


Partindo deste ponto de vista, questiona-se: Como a gestão da diversidade é percebida
pelo gestor e colaboradores de uma empresa do ramo de construção civil? Nesse contexto,
o presente estudo tem como objetivo compreender como a gestão da diversidade é percebida
pelo gestor e colaboradores de uma empresa no ramo de materiais de construção no Alto Oeste
Potiguar.
A realização deste estudo, justifica-se pela importância desse estudo para as organizações
brasileiras e para o próprio país que ainda é considerado um país desigual e preconceituoso.
É de grande relevância para a comunidade acadêmica, uma vez que levantará questões e
discussões a respeito do tema e poderá servir como referência para trabalhos futuros na área.
Para as empresas que têm o interesse de implantar políticas de diversidade, podendo conhecer
os desafios e limitações inerentes a essa implementação. Se faz importante também para a
empresa objeto de estudo que é uma empresa de pequeno porte e estudos sobre diversidade em
pequenas empresas ainda são escassos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, será apresentado sob perspectiva teórica os temas acerca da diversidade,
sua origem e conceitos e os desafios inerentes a sua implementação.

2.1 ORIGEM E CONCEITOS DE GESTÃO DA DIVERSIDADE


Desde a década de 60, questões relacionadas a grupos minoritários e diversidade
foram levantados nos Estados Unidos, através de movimentos como o Affirmative Action, que
tinham como intuito combater a discriminação e a desigualdade, a fim de promover integração
e acesso à educação para todos. No Canadá, surge o Federal Contractors Program, com o
objetivo de ampliar o espaço da população considerada como minoria, promovendo justiça e
equidade na esfera trabalhista (FLEURY, 2000; MARQUES JUNIOR; MARQUES; DANTAS,
2020). Conforme Souza et al. (2020) no Brasil, as preocupações com questões relacionadas à
diversidade se deram na década de 90, em consonância com a globalização econômica.
No entanto, é importante diferenciar ações afirmativas de gestão da diversidade, de
acordo com Alves e Galeão-Silva (2004), as ações afirmativas são as políticas voltadas para
membros de grupos sociais que são excluídos e lhes é negado tratamento igualitário; enquanto a
gestão da diversidade seriam as medidas que se preocupam com a alavancagem das diferenças
individuais ou grupais que trariam benefícios à organização (SILVA, 2015).
Ter uma equipe diversa e com diferentes pontos de vista, fará com que a empresa

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


9
CAPÍTULO 1

responda de maneira mais rápida o processo de tomada de decisão. Para as organizações,


gerenciar a diversidade e cultivar ideias é de grande importância e pode ser sinônimo de
inovação (ADIGUZEL; CAKIR, 2020).
Neste sentido afirma que:

A diversidade inclui todos, não é algo que seja definido por raça ou gênero.
Estende-se a idade, história pessoal e corporativa, formação educacional, função e
personalidade. Inclui estilo de vida, preferência sexual, origem geográfica, tempo de
serviço na organização, status de privilégio ou de não-privilégio e administração ou
não-administração (THOMAS, 2001, p.334-335).

Percebe-se então, que o termo diversidade tem diversos significados, que vão de acordo
com o qual é inserido, podendo ter diferentes significados dependendo de qual contexto seja
empregado, podendo estar ligado a aspectos como classe social e religião (ARANHA, 2018).
Ainda que a Gestão da Diversidade possa trazer diversos benefícios para as organizações,
é sabido que implementá-la não é fácil, representando assim um grande desafio (ALVES E
GALEÃO-SILVA, 2004). Se mal gerenciada, a diversidade trará mais pontos negativos que
positivos (SICHEROLLI; MEDEIROS; VALADÃO JÚNIOR, 2011).
Segundo Silva et al. (2016), se não for administrada de maneira adequada, haverá
mais possibilidades de proporcionar o aumento do turnover, implicará falhas e dificulta a
comunicação e culminará na existência de mais conflitos interpessoais na empresa. Outros
obstáculos, estão na descrença por parte dos funcionários da empresa quanto a efetividade dos
programas de diversidade e o preconceito com os indivíduos beneficiados (ALVES; GALEÃO-
SILVA, 2004).
Quando bem gerenciada, a diversidade proporcionará vantagem competitiva à
organização e, consequentemente, desempenha melhor suas funções: alavancando a inovação,
criatividade, produtividade, um bom clima organizacional e a organização será bem-vista
perante a sociedade. Quanto ao desenvolvimento das pessoas, fará com que cada indivíduo
desenvolva suas habilidades (SILVA, 2015). Sicherolli, Medeiros, Valadão Júnior (2011, p. 4),
completam:

Já para os indivíduos, a diversidade gerenciada permite com que cada um expresse


a sua personalidade e seja respeitado dentro do ambiente corporativo. Acredita-
se, ainda, que isso permite que o colaborador identifique seus princípios com os
princípios da empresa, alcançando, então, um crescimento profissional e pessoal ao
mesmo tempo.

Desta forma, promover e incentivar a diversidade possibilitará a empresa o desempenho


pessoal e profissional do seu colaborador.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


10
CAPÍTULO 1

2.2 A DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS

A diversidade refere-se a diferentes características, neste tópico , será apresentado


alguns dos fatores de diversidade presentes nas organizações brasileiras.

2.2.1 Diversidade por gênero


É sabido que, a história e evolução das mulheres no mercado de trabalho é marcada
por lutas e pela busca de espaço em ambientes dominados predominantemente por homens e
totalmente machistas. Situações de exploração da mão de obra da mulher só foi mudada a partir
da criação de leis trabalhistas de amparo às mulheres (SIQUEIRA; SAMPARO, 2017).
A cada dia, as mulheres têm ocupado espaços antes ocupados apenas por
homens, no entanto, segundo o Instituto Ethos (2016), há um afunilamento hierárquico nas
organizações, onde, a participação das mulheres diminui conforme a posição hierárquica e suas
atribuições são maiores, essa diferença pode ser observada na tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição do pessoal por sexo (%)


Homens Mulheres
Conselho de Administração 89,0 11,0%
Quadro Executivo 86,4 13,6
Gerência 68,7 31,3
Supervisão 61,2 38,8
Quadro Funcional 64,5 35,5
Trainees 57,4 42,6
Estagiários 41,1 58,9
Aprendizes 44,1 55,9
Fonte: Instituto Ethos (2016)

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que no Brasil


em 2016, apenas 39,1% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres. Mesmo que as
mulheres, a cada dia tenham maior participação dentro das empresas e constituindo mais da
metade da população brasileira; as mulheres são sub-representadas dentro das organizações
(IBGE, 2016). Ainda segundo o IBGE (2019), a desigualdade de remuneração entre homens e
mulheres, mostrou que as mulheres recebiam cerca de 77,7% do rendimento dos homens. Na
figura 1, é possível visualizar que, em todas as faixas etárias, os homens têm maior representação
em cargos gerenciais.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


11
CAPÍTULO 1

Figura 1 – Cargos gerenciais, por sexo, segundo os grupos de idade e cor ou raça (%)

Fonte: IBGE (2016).

Essa disparidade entre gêneros, se dá também, pelo fato das mulheres estarem
ocupadas com afazeres domésticos (IBGE, 2019). No setor de construção civil, as mulheres
estão vinculadas aos serviços de limpeza. Mas isso tem mudado, uma vez que, os cursos de
engenharia têm mostrado o crescente interesse das mulheres por estas funções (LIMA; MELO;
BENTO, 2019).

2.2.2 Diversidade por raça


O Brasil é um país plural, composto por pessoas de raças e etnias diferentes. Mas
desde o seu descobrimento, que a história mostra a discriminação e preconceito enraizado na
sociedade brasileira até os dias atuais. Mas a abolição da escravidão e a lei de cotas raciais
não são suficientes, uma vez que, o acesso e permanência de negros em sistemas educacionais
ainda representa um grande desafio (ANAMACO, 2021).
De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Econômicos - DIEESE (2013), nos anos de 2011 e 2012, mostrou o
crescimento da participação de negros no mercado de trabalho. No entanto, brancos e negros
ainda apresentavam condições de trabalhos distintos, tendo os negros como ocupantes de
cargos mais baixos.
Silva (2015) diz que nos estudos já realizados, grande parte está centralizada nas
diferenças existentes entre brancos e negros, a participação de negros, pretos e pardos nas
organizações é alta nos cargos de aprendizes, mas relativamente baixos nos cargos de lideranças.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


12
CAPÍTULO 1

Os cargos de maiores atribuições, são ocupados , principalmente, por brancos, enquanto os


negros ocupam um percentual de 4,9% nos cargos de liderança (INSTITUTO ETHOS, 2016).

2.2.3 Diversidade a pessoas com deficiências (PCD)


Por muito tempo, pessoas com deficiências eram vistas como pessoas doentes,
renegadas pela sociedade que as oprimiam, atualmente essa visão tem sido abandonada. Mas
incluir pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um grande desafio, pois o preconceito
é uma das muitas barreiras que estes encontram (SILVA, 2015).
Como forma de reparar e propiciar igualdade, foi criada a Lei nº 8.213 (BRASIL,
1991), conhecida também como Lei de Cotas com o intuito de beneficiar e propiciar inclusão
aos portadores de deficiências, essa lei determina que empresas com mais de 100 funcionários,
2% a 5% destes devem ser compostos por indivíduos com deficiência.
Em 2015, foi sancionada a Lei nº 13.146/2015 (BRASIL, 2015), a Lei Brasileira
de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), “destinada a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania”.
Mas para Souza et al. (2020), diversidade vai além de ter no quadro de funcionários
pessoas com deficiência física ou mental, pois é nas organizações que há grupos diversos, com
visões diferentes e muitas formas de enriquecê-la. Mesmo que seja visto grupos minoritários
ocupando posições antes não vistas, as empresas refletem uma sociedade cheia de preconceitos,
mas que de maneira gradual e lenta tem promovido a diversidade (INSTITUTO ETHOS, 2016).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto aos procedimentos metodológicos, utilizados com o intuito de responder à
questão problema, o presente estudo caracteriza-se como um estudo de natureza qualitativa.
Conforme Denzin Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa é realizada no ambiente natural onde
o fenômeno acontece de forma que os pesquisadores buscam entender o significado que as
pessoas atribuem a este. Richardson (1999), completa dizendo que o objetivo da pesquisa
qualitativa está no aprofundamento e compreensão do fenômeno social.
Quanto aos meios, é classificado como um levantamento, uma vez que, os sujeitos
da pesquisa são interrogados a fim de entender como determinado fenômeno acontece (GIL,
2002). Quanto aos fins, pode ser classificado como descritivo, pois através da interpretação
dos dados coletados será possível analisar a percepção do grupo sobre a gestão da diversidade

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


13
CAPÍTULO 1

(GIL, 2002).
O lócus da pesquisa, será uma empresa de pequeno porte especializada no comércio
varejista de materiais de construção, localizada na região do Alto Oeste Potiguar, no interior
do Rio Grande do Norte. Os sujeitos da pesquisa serão os colaboradores desta empresa,
atualmente, a empresa conta com cerca de 14 colaboradores, podendo este número variar em
alguns períodos do ano em decorrência da sazonalidade. Buscou-se realizar as entrevistas com
todos os colaboradores da empresa.
Para se obter as informações necessárias e se chegar ao objetivo pretendido, foi
aplicado o instrumento de coleta de dados e , posteriormente, estes serão organizados, tratados
e interpretados. O processo de coleta de dados foi realizado através de entrevistas presenciais
gravadas com os colaboradores, seguindo um roteiro semiestruturado. Segundo Gil (2008, p.
109), a entrevista é a “técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe
formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação”.
As entrevistas foram realizadas entre os dias 10 e 25 de setembro/2021, o instrumento
utilizado foi composto por dois roteiros de Silva (2015) e adaptado do Instituto Ethos (2016),
adaptado para a realidade da organização objeto de estudo. As entrevistas foram aplicadas com
o gestor da empresa e com os demais colaboradores.
Dos 14 colaboradores da empresa, foram entrevistados 9 destes. Visto que, as
informações obtidas se assemelhavam e apresentavam redundância, foi utilizado o princípio
de saturação teórica, uma vez que, pouco acrescentariam na análise dos dados (FALQUETO;
HOFFMANN; FARIAS, 2018). Para resguardar os respondentes e, a fim de manter o sigilo das
informações, estes serão identificados pelos códigos de E1 a E9, conforme o quadro abaixo
mostra o perfil destes.

Quadro 1 – Distribuição do pessoal


Tempo de atuação
Código Cargo Idade Sexo Escolaridade
na empresa
E1 Gestor 26 anos Masculino Nível Superior 5 anos
E2 Consultora de vendas 28 anos Feminino Nível Superior 2 anos
E3 Consultor de vendas 37 anos Masculino Nível Médio 5 anos
E4 Auxiliar de Serviços Gerais 39 anos Feminino Nível Médio 3 anos
E5 Operadora de Caixa 34 anos Feminino Nível Médio 3 anos
E6 Entregador/Carregador 21 anos Masculino Nível Médio 5 anos
Nível
E7 Entregador/Carregador 32 anos Masculino 2 anos
Fundamental
Nível
E8 Motorista 36 anos Masculino 7 anos
Fundamental
Nível
E9 Entregador/Carregador 49 anos Masculino 2 anos
Fundamental
Fonte: dados da pesquisa (2021).

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


14
CAPÍTULO 1

Os dados foram tratados através da análise de conteúdo, que, conforme Moraes (1999,
p. 2), “compreende procedimentos especiais para o processamento de dados científicos”. A
análise foi baseada nas técnicas de Bardin (2016), que se divide em três etapas: a pré-análise:
fase de organizar os dados e sistematizar ideias, selecionar material e definir objetivos; A
exploração do material: codificação e categorização do material pré-analisado; Tratamento dos
dados obtidos e interpretação: interpretar os dados e inferir informações.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Nesta seção, será apresentado os resultados da pesquisa, a análise dos dados obtidos a
partir das entrevistas. Os resultados foram apresentados nos aspectos da diversidade, as práticas
em prol da diversidade e o relacionamento entre os colaboradores.

4.1 ASPECTOS E CONCEITOS LIGADOS À DIVERSIDADE


Quando perguntado ao gestor o que ele entendia por diversidade e como administrá-la
no contexto do trabalho. O respondente afirma:

Diversidade é a questão da pluralidade né, cada um pensar da sua forma, cada um ter
suas escolhas entre religião, de cor, de opinião. É cada um ter suas escolhas de onde
quer ir, pra onde quer voltar, como quer deixar o cabelo, se é gordo, baixo ou magro.
Aqui a gente é aberto, aceita todo mundo e abraça todo mundo; claro que é difícil
lidar com pessoas e ainda mais quando cada uma tem sua própria particularidade, mas
o que prevalece é o respeito (E1).

Mesmo que o conceito de diversidade seja amplo e que tenham muitos significados,
em sua fala, o E1 demonstra compreender bem o significado de diversidade, dizendo ainda que
na organização aceitam-se pessoas de todos os perfis; essa diversidade entre os colaboradores,
pode trazer benefícios para empresa (ADIGUZEL; CAKIR, 2020) se administrado de maneira
adequada. E como relatado em sua fala a complexidade de lidar com pessoas, este deixa claro
que o respeito é de suma importância para que se possa mediar e administrar essa diversidade.
Conviver num ambiente diverso, por vezes, representa um grande desafio. Questionados
como é lidar com um ambiente diverso, estes respondem da seguinte forma:

Bom, não tenho nada o que reclamar não, acho que dá pra gente aprender com isso,
não fica aquela coisa monótona de só gente igual. Então acredito que seja válido
trabalhar com gente diferente (E5).

Acho que uma das partes mais interessantes, é o que torna é (...), como se fala, mais
especial né, cada dia você tem que se dedicar mais e se aperfeiçoar (E6).

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


15
CAPÍTULO 1

Normal, a gente tem que saber lidar com as pessoas, claro, porque fulano é diferente
de mim, possa ser que eu não concorde né, mas eu tenho que respeitar ele e ele me
respeitar (E9).

Em suas falas, é possível visualizar diferentes visões de como é lidar com um ambiente
diverso, o que mais chama atenção é a fala dos indivíduos E6 e E9, onde opinam “[...] é o que
torna é..., como se fala, mais especial né [...]” (E6) e “[...] possa ser que eu não concorde né,
mas eu tenho que respeitar ele e ele me respeitar” (E9). Falas como essas, denotam o quão
importante se faz a implementação da diversidade por parte das organizações.
A fim de entender também a visão dos demais colaboradores, foi questionado quais
seriam os pontos positivos e negativos de se trabalhar com pessoas diversas:

Opiniões diferentes e ideias diferentes faz você crescer né, gera muito conhecimento.
Nem sempre você vai tá certo, ai às vezes isso analisa muito você. Tipo, com ele aqui
(faz menção ao gestor) “assim tá certo” ai você “não, tá errado”, mas aí você vai ver,
acabamos chegando a resolução de um problema, onde tem a participação e visão dos
colaboradores e chegamos a uma boa solução. Da mesma forma que pode contribuir
as opiniões diferentes, elas às vezes acabam gerando discussão, claro que tem o lado
positivo né, mas quando levam em conta alguns outros fatores... (E2).

Quanto mais opiniões e sugestões melhor pra empresa né, se você queira fazer a
empresa crescer né, fora que com certeza a gente aprende muito com isso também. E
assim, é, como se diz, traz muito conflito né, porque opiniões diferentes né, porque
assim, eu quero fazer uma coisa a outra pessoa acha melhor de outro jeito e já fazer
do seu jeito, é sempre nesse conflitosinho, mas sempre chega a um consenso, quando
não chega vai pro gerente e o gerente que tem que resolver (E3).

Cada um tem sua opinião né, isso ajuda a empresa a crescer. Mas o principal ponto
negativo que pode trazer, é a confusão. (E8).

De forma unânime, todos os respondentes citam pontos positivos de um ambiente


diverso. No entanto, grande maioria, cita que por mais que as diversas opiniões tragam
positividade, estas também são fatores que geram negatividade. Nestas ocasiões, é de
fundamental importância o papel de um gestor mediador de conflitos. No tocante a isso,
Sicherolli, Medeiros e Valadão Júnior (2011), corroboram que se mal gerenciada, a diversidade
trará mais pontos negativos que positivos.

4.2 PRÁTICAS E POLÍTICAS EM PROL DA DIVERSIDADE


Com o intuito de saber a respeito das práticas e políticas em prol da diversidade
presentes na organização, foi questionado ao E1 se a organização detinha alguma ação ou
política em prol da diversidade, onde ele respondeu que por ser uma empresa pequena não
detinham de políticas voltadas para isso.
Segundo a fala do entrevistado: “Não, por sermos uma empresa pequena e interiorana,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


16
CAPÍTULO 1

a gente não tem isso estabelecido (E1)”. De acordo com Silva (2015), a empresa que não detém
práticas ou políticas em prol da diversidade, acaba por ter perdas em relação à produtividade,
aumento de conflitos, reter talentos e alta rotatividade.
Referente aos fatores e limitações, que poderiam comprometer a implementação de
políticas voltadas a diversidade, é possível visualizar que o principal problema seria a falta de
compreensão por parte daqueles que não seriam beneficiados com as políticas de diversidade:

Eu acho que é mais a questão da limitação, assim, para os outros colaboradores


entender né. Que, vamos supor né, como é ramo de material de construção, às vezes
pegar alguma mercadoria, fazer alguma coisa, algum esforço físico, muitas vezes
aquela pessoa com deficiência não vai conseguir fazer justamente por suas limitações,
e os outros podem não entender isso de uma forma legal (E1).

A fala do entrevistado, vai de acordo com o que aponta Alves e Galeão-Silva (2004),
que a implementação além de não ser fácil, geraria conflitos relacionados à descrença dos que
não se beneficiaram do programa, em relação a sua efetividade.

4.3 A DIVERSIDADE POR GÊNERO NUMA EMPRESA DO RAMO DE CONSTRUÇÃO


Desde o século XX, a presença das mulheres no ramo da construção civil, restringia-
se quase que inteiramente a tarefas relacionadas à limpeza (LIMA; MELO; BENTO, 2019).
Por ser um ambiente tipicamente masculino, buscou-se entender como a mulher era vista no
ambiente de trabalho, de acordo com os entrevistados:

Note, não é preconceito, vou logo dizendo. Tem que ter mulher, mas, na minha
opinião se eu fosse o dono eu não contrataria mulher devido o peso, só se for só
naquelas área ali, como nós trabalha com venda, carregar carro essas coisas assim,
mulher não tem como pegar num cimento porque é muito pesado né; é, não tem como
pegar numa tinta. Então é um serviço muito pesado pra mulher por isso, mas assim,
se for só pra vender aí tem que ter mulher, agora quando tem que vender e carregar
aí sou de acordo de ter só homem. Como é o que eu digo sempre ao gestor, é sempre
complicado colocar mulher é complicado por isso, porque é só eu de homem, agora
não porque agora que tão arrumando ali os homens fica lá é só eu de homem aqui, eu
tenho que carregar por elas, aí fica pesado é pra minha pessoa (E3).

Tem que ter ajuda masculina, porque as mulheres não conseguem por força pra pegar
um cimento ou um vergalhão, mas tem que ter, na parte de vender, nas áreas mais
voltadas a administração (E7).

Eu vejo como uma coisa normal hoje, agora longe da possibilidade de uma mulher tá
fazendo carga e descarga de caminhão com mercadoria né, porque é muito pesado e
é trabalho de homem (E8).

Falas como a do E3, onde este evidencia “[...] se eu fosse o dono eu não contrataria
mulher devido ao peso [...]”, deixam evidente o quão dominado pelos homens é o ramo de
construção civil. Mesmo com a aceitação da mulher no ambiente de trabalho, é visto que, sem

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


17
CAPÍTULO 1

o homem as mulheres não seriam capazes de exercer suas atribuições. De acordo com a maioria
dos respondentes, as tarefas que as mulheres poderiam desempenhar estariam ligadas às áreas
administrativas (LOMBARDI, 2006). É percebido, até mesmo por parte das próprias mulheres,
o preconceito e discriminação existente (LIMA; MELO; BENTO, 2019).

4.4 A DIVERSIDADE A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (PCD) NUMA EMPRESA DO


RAMO DE CONSTRUÇÃO
É sabido que, por muito tempo, portadores de deficiências foram renegados pela
sociedade; no entanto, com as mudanças na sociedade, estes foram inseridos nas empresas.
Quanto a possibilidade de empregabilidade de um portador de deficiência por parte da empresa,
os entrevistados E2, E3 e E5 relatam:

Eu acho que hoje não, hoje não, agora diante do que vai crescer aí, tem tudo pra
crescer aí se Deus quiser, eu acho que se encaixaria e seria uma boa opção (E2).

É como eu disse, se for pra ficar em um lugar específico, como aqui não tem, assim,
você pra fazer só isso aqui não tem como, depende da deficiência, aí não tem como.
Agora não, se for só pra ficar numa área específica, como o caixa aí tem como encaixar
uma pessoa só no caixa porque tem alguma deficiência (E3).

Acho que a gente tem que liberar espaço para todos os tipos de pessoas né, então
acredito que não tenha problema não, nenhum, claro que teria que ser numa função
que não exigisse força e carregar peso né (E5).

De acordo com as respostas, é possível visualizar que os colaboradores enxergam a


possibilidade de uma pessoa com deficiência atuar na empresa; no entanto, estes ressaltam que
teria de ser em um cargo que não exigisse força. Essa dificuldade, também é relatada por Silva
(2015), e se dá pelo fato de a natureza do trabalho ser predominantemente braçal.
Ainda sobre empregabilidade a um PCD, foi questionado ao gestor sobre a lei de cotas
e qual seria a forma adequada de inserir essa pessoa na organização. De acordo com este “[...]
a gente não consegue dar espaço hoje, porque a gente não tem como determinar uma função
específica pra uma pessoa, e, se a gente inserisse hoje um deficiente, ele teria ações limitadas
justamente por sua deficiência e sobrecarregar os demais [...]” (E1).
Em sua fala, assim como os demais colaboradores, o gestor relata que por não haver
uma distinção de função única, não haveria como dar espaço a essas pessoas ,uma vez quem,
acabaria por sobrecarregar os demais. Conforme Custódio e Fernandes (2019), a maioria das
empresas contratam pessoas com deficiências, apenas para cumprir a legislação, mas o gestor
da empresa demonstra interesse na contratação de um PCD.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


18
CAPÍTULO 1

4.5 ASPECTOS LIGADOS AO RELACIONAMENTO ENTRE COLABORADORES


Nas organizações, as relações de trabalho são extremamente necessárias e importantes
para o funcionamento das empresas. Questionados a respeito de conflitos relacionados a religião,
orientação sexual, idade, raça, experiências profissionais e/ou outros fatores, foi relatado:

Já, só que nada que tenha causado uma discussão maior, geralmente o que mais
ocorre, até entre mim e entre as pessoas que sou mais próxima, é em relação a times,
um torcedor tira um pouco de onda com o outro porque seu time perdeu, isso é bem
rotineiro e digo que a gente tem que se acostumar (E2).

Não. Tem assim... trabalho. Mas coisas que envolvam coisas pessoais não existe (E4).

Não, raça, idade essas coisas não. No início, a gente via assim, porque aqui só tinha
homem né, aí quando entrou eu e entrou a, aqui só tinha uma menina e a menina da
limpeza, aí quando eu entrei aí tinha aquela coisa via outra menina aí diziam “vixe
mulher de novo”. Porque aqui é só homem, é pesado, mas aí depois os meninos
souberam conciliar tudo sabe, ficou tudo mais fácil (E5).

De acordo com a grande maioria dos entrevistados, não há conflitos envolvendo


religião, orientação sexual, idade, raça, experiências profissionais e/ou outros fatores. No
entanto, os entrevistados E2 e E5, relataram respectivamente, conflitos relacionados a times de
futebol e a inserção da mulher na organização.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo, teve por objetivo compreender como a gestão da diversidade é
percebida pelo gestor e colaboradores de uma empresa no ramo de materiais de construção no
Alto Oeste Potiguar. A partir dos resultados discutidos, conclui-se que, o gestor e os colaboradores
da empresa entendem o conceito de diversidade e que por mais difícil que seja gerenciá-la
e conviver com as diferenças no ambiente organizacional. Foi possível visualizar também,
o preconceito em relação às mulheres na construção civil. E as dificuldades relacionadas à
contratação de um PCD numa empresa de construção civil.
Acredita-se que, este trabalho tenha grande relevância gerencial, uma vez que, temas
relacionados à diversidade estão em alta e é sinônimo de competitividade para estas. É de
suma importância social, pois, assim será possível garantir espaço e visibilidade. Quanto a
importância acadêmica, pode ser utilizado de base para trabalhos futuros na área.
Referente às limitações da pesquisa, evidencia-se a resistência de alguns entrevistados,
visto que, havia a desconfiança de que algo poderia o prejudicar dentro da empresa, o tempo
para a coleta e análise dos dados e a falta de estudos relacionados à diversidade em pequenas
e médias empresas.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


19
CAPÍTULO 1

Sugere-se que, novas investigações sejam realizadas a fim de suprir essa necessidade.
Recomenda-se também a realização de trabalhos de natureza mista, assim, será possível
aprofundar o conhecimento sobre o tema; realizar estudos comparativos entre a realidade de
empresas de grande e pequeno porte; pesquisas relacionadas à implementação de políticas em
prol da diversidade nas empresas brasileiras.

REFERÊNCIAS
ADIGUZEL, Zafer; CAKIR, Fatma Sonmez. Role of diversity management and charismatic
leadership on innovation and performance in the globalized era. International Journal Of
Innovation, v. 8, n. 3, p. 489-515, 17 dez. 2020. University Nove de julho. http://dx.doi.
org/10.5585/iji.v8i3.17595

ALVES, Mario Aquino; GALEÃO-SILVA, Luis Guilherme. A Crítica da Gestão da Diversidade


nas Organizações. Revista de Administração de Empresas, v. 44, n. 3, 2004. https://doi.
org/10.1590/S0034-75902004000300003

ANAMACO. Crescimento do setor de varejo de material construção foi de 11% em


2020. ANAMACO. São Paulo, 2021. Disponível em: https://www.anamaco.com.br/post/
crescimento-do-setor-de-varejo-de-material-constru%C3%A7%C3%A3o-foi-de-11-em-2020.
Acesso em: 19 de ago. 2021.

ARANHA, Daniel Fernando. Diversidade nas Organizações: uma análise crítica sobre a teoria
e a prática. 2018. 79 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração de Empresas, Escola
de Administração de Empresas de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas - FGV, São Paulo,
2018. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/24863 Acesso em:
19 de ago. 2021.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70. 2016;

BRASIL. Lei 13.146/2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em 21
de ago. 2021.

BRASIL. Lei n. 8.213/1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e


dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.
htm. Acesso em 21 de ago. 2021;

COX, Taylor. BLAKE, Stacy. Managing cultural diversity: implications for organizational
competitiveness. Academy of Management Executive, v. 5, pp. 45-56. 1991. https://doi.
org/10.5465/ame.1991.4274465

CUSTÓDIO, Fernanda Crivaro; FERNANDES, Josiele da Silva. INCLUSÃO DA PESSOA


COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO. Administração de Empresas em
Revista, Curitiba - PR, v. 4, n. 8. 2019. Disponível em: http://revista.unicuritiba.edu.br/index.
php/admrevista/article/view/2315. Acesso em 4 de out. 2021.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


20
CAPÍTULO 1

DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. S. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitativa.


In: DENZIN, N. K. e LINCOLN, Y. S. (Orgs.). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias
e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 15-41;

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS


SOCIOECONÔMICOS (DIEESE). Os negros no mercado de trabalho: regiões metropolitanas
de São Paulo, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre e no Distrito Federal.
Sistema PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego, nov., 2013. Disponível em: https://www.
dieese.org.br/analiseped/2013/2013pednegrosmet.pdf. Acesso em 10 de nov. de 2021.

FALQUETO, Junia Maria Zandonade; HOFFMANN, Valmir Emil; FARIAS, Josivania Silva.
Saturação Teórica em Pesquisas Qualitativas: relato de uma experiência de aplicação em
estudo na área de administração. Revista de Ciências da Administração, [S.L.], p. 40-53, 22
dez. 2018. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). http://dx.doi.org/10.5007/2175-
8077.2018v20n52p40

FLEURY, Maria Tereza Leme. Gerenciando a diversidade cultural: experiência de empresas


brasileiras. RAE - Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 3, 2000.
https://doi.org/10.1590/S0034-75902000000300003

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estatísticas de


Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil. 1.ed. Pesquisa 2016, atualizada em 2018.
Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf
Acesso em 10 de nov. de 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estatísticas de


Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil. 2.ed. Pesquisa 2019. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf.
Acesso em 10 de nov. de 2021.

Instituto ETHOS e Ibope Inteligência. Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores
empresas do Brasil e suas ações afirmativas. 6.ed. Pesquisa 2016. Disponível em: https://
issuu.com/institutoethos/docs/perfil_social_tacial_genero_500empr.
Acesso em 8 ago. 2021.

LIMA, Aryana Brigida Pereira; MELO, Virginia Spinassé de; BENTO, Kaique Dias. O
concreto é mais pesado para as mulheres? Uma análise sobre a “generificação” no mercado de
trabalho da engenharia civil. In: X ENEO - Encontro Nacional de Estudos Organizacionais
da ANPAD. 2019;

LOMBARDI, Maria Rosa. Engenheiras brasileiras: inserção e limites de gênero no campo


profissional. Cadernos de Pesquisa, [S.L.], v. 36, n. 127, p. 173-202, abr. 2006. FapUNIFESP
(SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0100-15742006000100008

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


21
CAPÍTULO 1

MARQUES JÚNIOR, Eles Calheiros; MARQUES, Ana Luzia de Barros Andrade; DANTAS,
Anderson de Barros. Gestão da diversidade no Brasil: artigos publicados na base spell no
período 2006 - 2016 ## Diversity management in brazil. Amazônia, Organizações e
Sustentabilidade, [S.L.], v. 9, n. 1, 10 ago. 2020, p. 27-49. Galoa Events Proceedings. http://
dx.doi.org/10.17648/aos.v9i1.1217

MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32,
1999;

MOURA, Renan Gomes de; CAMPOS, Claudia Maria Abreu; CAETANO, Gilcemar Ferreira
de Carvalho. “Linkamos a Diversidade com o Negócio”: A Gestão da Diversidade pela Ótica da
Alta Gerência. In: X ENEO - Encontro Nacional de Estudos Organizacionais da ANPAD.
2019;

ORNELLAS, M. Uma nova ordem organizacional. São Paulo: Jandaíra, 2021.


PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho
Científico: métodos e técnicas de pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo Hamburgo:
FEEVALE, 2013;

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999;

SICHEROLLI, Monique de Biaggio; MEDEIROS, Cintia Rodrigues de Oliveira; VALADÃO


JÚNIOR, Valdir Machado. Gestão da Diversidade nas Organizações: uma Análise das Práticas
das Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil. In: Encontro de Gestão de Pessoas e
Relações de Trabalho, João Pessoa, 2011;

SILVA, Luzia Félix da. A INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO


DE TRABALHO: Desafios e Superações no Ambiente de Trabalho. Trabalho de Conclusão
de Curso do Serviço Social: Universidade Estácio de Sá, 59 p. 2015. Disponível em:https://
www.monografias.com/pt/trabalhos3/inclusao-pessoa-deficiencia-mercado-trabalho/inclusao-
pessoa-deficiencia-mercado-trabalho2.shtml. Acesso em 10 de nov. de 2021.

SILVA, Pablo Marlon Medeiros da. GESTÃO DA DIVERSIDADE EM ORGANIZAÇÕES


DO RAMO DA CONSTRUÇÃO CIVIL. 2015. 117 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Programa de Pós-Graduação Scricto Sensu em Administração, Universidade Potiguar - Unp,
Natal, 2015.

SILVA, Pablo Marlon Medeiros da; ROCHA NETO, Manoel Pereira da; BRITO, Lydia Maria
Pinto; BARRETO, Laís Karla da Silva; GURGEL, Fernanda Fernandes. A influência da gestão
da diversidade na produtividade em organizações do ramo da construção civil. Exacta, [S.L.],
v. 14, n. 1, p. 109-126, 10 maio 2016. University Nove de julho. http://dx.doi.org/10.5585/
exactaep.v14n1.6196

SIQUEIRA, Dirceu Pereira; SAMPARO, Ana Julia Fernandes. OS DIREITOS DA MULHER


NO MERCADO DE TRABALHO: da discriminação de gênero à luta pela igualdade. Revista
Direito em Debate, [S.L.], v. 26, n. 48, p. 287, 28 dez. 2017. Editora Unijui. http://dx.doi.
org/10.21527/2176-6622.2017.48.287-325

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


22
CAPÍTULO 1

SOUZA, Ana Caroline da Silva; MARTINS, Keith da Silva; SILVEIRA, Regina Coeli da;
BARBOSA, Marcus Vinícius; MOURA, Renan Gomes de. O VALOR DA DIVERSIDADE
NAS ORGANIZAÇÕES: um mero discurso ou uma experiência efetiva. Revista Valore, Volta
Redonda - RJ, v. 5, n. 5, p. 371-383, dez. 2020. https://doi.org/10.22408/reva502020871371-
383

THOMAS JR., Roosevelt. Beyond Race and Gender: Unleashing the Power of Your Total
Work Force by Managing Diversity. New York: AMACON, 1991. https://ascelibrary.org/doi/
pdf/10.1061/(ASCE)1532-6748(2001)1:3(16)

THOMAS, David. ELY, Robin. Making differences matter: a new paradigm for managing diversity.
Harvard Business Review, v. 74, pp. 79-90. 1996; Disponível em: https://hbr.org/1996/09/
making-differences-matter-a-new-paradigm-for-managing-diversity?language=pt. Acesso em
14 de ago. de 2021.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


23
CAPÍTULO 2
GESTÃO DA QUALIDADE: Um estudo na AABB em Pau dos Ferros-RN

QUALITY MANAGEMENT: A study at AABB in Pau dos Ferros-RN

Marina Amanda do Nascimento Barros e Almeida


Graduada em Administração (UERN)

Email: marina.amanda@hotmail.com

Sandra de Souza Paiva Holanda


Doutoranda em Desenvolvimento Urbano (UFPB)

Email: sandrapaiva@uern.br

RESUMO
A pesquisa analisou a gestão dos fatores da qualidade em produtos e serviços na visão dos
clientes internos, externos e do gestor da AABB da cidade de Pau dos Ferros, RN. Foram
aplicados métodos de caráter descritivo com análise de conteúdo. Através da interpretação e
tabulação dos dados, identificou-se falhas nos produtos e serviços existentes na organização,
sendo avaliados entre regular e bom, indicando assim que o local precisa de algumas mudanças.
Assim, as conclusões apontam para a necessidade de reestruturação do ambiente, com ênfase
na organização dos espaços e atendimento ao cliente, bem como, recomendou-se criar um
programa de qualidade para desenvolver o ambiente de acordo com a opinião dos consumidores
do local.

Palavras-Chave: Qualidade; Produtos; Serviços; AABB.

ABSTRACT
The research analyzed the management of quality factors in products and services from the
point of view of internal and external customers and the manager of AABB in the city of
Pau dos Ferros, RN. Descriptive methods with content analysis were applied. Through the
interpretation and tabulation of the data, flaws in the existing products and services in the
organization were identified, being evaluated between regular and good, thus indicating that
the place needs some changes. Thus, the conclusions point to the need for restructuring the
environment, with emphasis on the organization of spaces and customer service, as well as it
was recommended to create a quality program to develop the environment according to the
opinion of local consumers.
Keywords: Quality; Products; Services; AABB.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


24
CAPÍTULO 2

1 INTRODUÇÃO
A Gestão para a Qualidade procura enfatizar a importância do papel da gerência, em
todos os níveis, liderada pela administração da empresa na conquista e melhoria contínua da
qualidade dos produtos e serviços que são ofertados.
No Brasil, nas últimas décadas, a questão de qualidade tem sido um ponto fundamental,
não apenas para sobrevivência das empresas, mas para continuidade, por meio das necessidades
de soluções dos problemas nos mercados que atuam, cujas implementações surgem em forma
de novos produtos e serviços para que possam se perpetuar e crescer em um mercado cada vez
mais competitivo e globalizado.
Com o intuito de aprofundar os conhecimentos teóricos e práticos sobre os fatores
da qualidade na gestão dos produtos e serviços, observou-se a possibilidade da realização de
um estudo detalhado desses elementos e sua importância frente aos clientes internos, externos
e o gestor; sobre a temática da qualidade e as formas de satisfação de suas necessidades na
Associação Atlética do Banco do Brasil – Pau dos Ferros – RN.
Com a finalidade de se obter mais clareza sobre a gestão da qualidade, buscaram-se
informações com respostas para o seguinte questionamento: Quais as percepções dos fatores
de qualidade encontrados nos Produtos e Serviços ofertados na visão do gestor, dos clientes
internos e externos da AABB – Associação Atlética do Banco do Brasil de Pau dos Ferros-RN?
Desse modo, o presente estudo tem como objetivo analisar a qualidade dos produtos
fornecidos pela Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB, na cidade de Pau dos Ferros,
na percepção do gestor, dos clientes internos e externos, de modo a identificar falhas e buscar
suas melhorias.
A presente pesquisa justifica-se por conhecer os fatores da qualidade praticados pela
gestão da AABB de Pau dos Ferros - RN, no que tange os conceitos e definições de qualidade em
produtos e em serviços, seus processos de qualidade e a percepção e avaliação dos indicadores
de qualidade pelos clientes internos e externos, e pelo próprio gestor.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 QUALIDADE EM PRODUTOS
A qualidade nos produtos atende as expectativas dos clientes, fazendo com que os
consumidores se mantenham satisfeitos. Para Frederico et al. (2014), é importante observar
que quando as pessoas compram algo, procuram muito mais do que as características físicas
existentes, mas que os produtos mostram benefícios suficientes para motivar a compra do

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


25
CAPÍTULO 2

consumidor. Assim, as empresas atuais devem observar seus clientes para antecipar seus
desejos com qualidade a um menor custo.
Segundo Gurgel (2007), o simples atendimento dos requisitos de mercado é um
conceito de qualidade restrito, e não compatível com a cultura da administração do produto,
que procura ampliar o produto no desenvolvimento, sempre superando as expectativas.
De acordo com Kotler e Keller (2006), qualidade é a totalidade dos atributos e
características de um produto que afetam sua capacidade de satisfazer necessidades declaradas
ou implícitas. Quanto mais propriedades, características, performances e vantagens tiverem um
produto, mais chances ele tem de sobreviver no mercado competitivo.
Para Maximiano (2000), a qualidade do produto está na tomada de decisão da
organização, em relação ao mercado, e ao tipo de produto produzido, para que a empresa possa
planejar a melhor forma de fabricação e prever a receita advinda das vendas.
Os produtos na visão dos clientes se traduzem numa sequência de expectativas, que
têm a necessidade de ser superados todos os dias. Oakland (1994), diz que a qualidade de um
produto é empregada com o significado de excelência.

2.2 QUALIDADE EM SERVIÇOS


A qualidade nos serviços é um dos pontos principais para a fidelização do cliente. O
desafio mais constante do serviço, é que sua realização causa efeito imediato na percepção
do consumidor ou usuário. Para que a percepção do cliente com relação ao serviço seja
satisfatória, ele deve ter qualidade através do cumprimento das promessas e evitando erros
possíveis (SANTOS; ANJOS, 2018).
É importante estar sempre atento à forma como os serviços são oferecidos, buscar a
opinião do cliente quanto a possíveis erros que possam estar sendo cometidos. Segundo Kotler
e Keller (2006), a chave para o sucesso competitivo está na valorização e na melhoria da
qualidade dos serviços.
A dificuldade de executar serviços de excelência é visível. Kotler e Keller (2006),
afirmam que os serviços normalmente exigem mais controle de qualidade, credibilidade do
fornecedor e adaptabilidade. Sem contar no tempo que deve ser considerado, dependendo do
serviço, para a satisfação do cliente.

2.3 A PERCEPÇÃO DOS CLIENTES EM PRODUTOS E SERVIÇOS


A opinião dos clientes tem sido cada vez mais valorizada, pois, atualmente um dos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


26
CAPÍTULO 2

maiores objetivos do mercado é atender as necessidades dos consumidores; uma vez que várias
empresas adentram no mercado com o mesmo objetivo, há a necessidade dessas organizações
se destacarem de alguma forma: preço, qualidade, atendimento, são algumas das formas de se
distinguirem.
A forma como os consumidores percebem o serviço, determinam se tiveram uma
experiência de serviços qualitativa ou não, bem como, se a experiência atingiu as expectativas.
Esse é o foco centrado no serviço percebido, à medida que os serviços são caracterizados,
podemos observar que a percepção é levada em consideração com respeito às expectativas do
entrevistado (LIMA, 2013).
A qualidade pode ser percebida através da comparação, feita pelos clientes em relação
a outros produtos (ANDERSON; FORNELL; LEHMANN, 1994; BEI; CHIAO, 2001). Para
os serviços, a qualidade pode ser percebida através da avaliação que o cliente faz dos serviços,
durante ou após a experiência no local pesquisado (TINOCO; RIBEIRO, 2008).Um dos
modelos que visa observar a opinião dos clientes, onde medem o nível de qualidade através
de questionários respondidos pelos consumidores é o Gap; ou diferença entre a expectativa e a
percepção, é uma medida da qualidade do serviço em relação a uma especificidade. Onde o 5.º
Gap é o confronto entre a realidade do produto com o que é esperado pelo cliente, sendo este a
soma dos quatro Gap, portanto, o mais importante deles (ESCH; STEFANO, 2010).
As organizações precisam saber que tipo de serviços os clientes querem, e que problemas
podem estar identificando na sua empresa; observar também como está sua empresa em relação
aos concorrentes, para que possam descobrir se há necessidade de melhoria (SADGROVE,
1995).
Para Cobra (2009, p. 22), “construir a satisfação do cliente por meio da qualidade
e valor é o ponto-chave do novo pensamento mercadológico”. E esse pensamento parte da
premissa básica de que os consumidores comprarão da empresa que entregar o maior valor.”
Cobra diz ainda, que é preciso descobrir os desejos dos clientes, para que as organizações
possam saber o que oferecer a esses consumidores.
O aspecto principal para se identificar uma boa qualidade de serviços, é obtido quando
as percepções do cliente ultrapassam suas expectativas. Mas não basta entender a importância
de se fornecer produtos e serviços de qualidade, é necessário que haja um processo contínuo
de monitoração das percepções dos clientes em relação à qualidade, identificar suas possíveis
causas e estabelecer formas de melhorias. (FADEL; REGIS FILHO, 2009).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Através das observações na Associação Atlética do Banco do Brasil, a pesquisa

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


27
CAPÍTULO 2

caracteriza-se em descritiva, pois busca descrever os fatos por meio do instrumento de


pesquisa, que segundo Vergara (2005), nos mostra e descreve as características de uma parcela
representativa da população pesquisada ou de determinado fenômeno, além de permitir as
relações entre as variáveis em estudo.
Foram utilizadas as abordagens qualitativas, onde o pesquisador precisa ter
conhecimento dos comportamentos e seus atributos a serem estudados e contextualizados. Para
Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), “As características da pesquisa qualitativa são: objetivação
do fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural”. E a
quantitativa, baseando-se em dados específicos ou números para trazer os significados dos
problemas encontrados, conforme afirmam Gerhardt e Silveira (2009), que esse método busca
explicações sobre os porquês das coisas, no entanto, não se submetem a prova dos fatos, uma
vez que os números representam os fatos.
Quanto aos procedimentos, foi realizado levantamento de dados com clientes externos
e internos da organização estudada. Santos (2012), aborda que o levantamento apresenta
estudos interrogando-se, de forma clara e objetiva, os participantes desta pesquisa para buscar
respostas sobre seus comportamentos de necessidades e desejos de consumo; neste caso,
aplicados à AABB. Gil (2008), completa que o pesquisador deve usar o levantamento por meio
de solicitação de respostas e informações das pessoas pesquisadas sobre o problema estudado.
Com um nível de confiança de 95%, e um erro amostral de 5%, num percentual máximo
de 10%, a população de 180 sócios ativos. O formulário foi aplicado com 79 clientes externos,
e o segundo formulário com todos os clientes internos, os quais são 6 ao todo.
Foram aplicados três questionários com os funcionários, gestor e clientes, na busca de
fazer uma melhor análise de todos o serviço ofertados na percepção deles, sobre os fatores da
qualidade. Desse modo, foram avaliados 22 itens a partir de seis características que aparecem
no quadro com números de 1 a 6, os números significam: 1-Péssimo; 2-Ruim; 3-Regular;
4-Bom; 5-Ótimo; 6-Excelente. Os vinte e dois itens estão em siglas, as siglas significam: E –
Estacionamento; ELE – Encontrar um Lugar para Estacionar; CG – Chegada ao Galpão; CM –
Conseguir uma Mesa; CHG – Chamar o Garçom; AM – Analisar o Menu; FP – Fazer o Pedido;
LAPS – Limpeza e Atratividade dos Pratos Servidos; QSC – Qualidade e Sabor da Comida;
AP – Acesso às Piscinas; QA – Qualidade da Água; ACF – Acesso ao Campo de Futebol;
UCF – Uso do Campo de Futebol; AQF – Acesso à Quadra de Futsal; UQF – Uso da Quadra
de Futsal; AQA – Acesso à Quadra de Areia; UQA – Uso da Quadra de Areia; AB – Acesso
aos Banheiros; UB –Uso dos Banheiros; PC – Pedir a Conta; PAC – Pagar a Conta; SL – Sair
do Local.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


28
CAPÍTULO 2

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PERFIS
Inicialmente, buscou - se identificar o perfil dos clientes internos, externos e do gestor
da AAB. Os perfis dos clientes internos, são demonstrados na tabela 1.

Tabela 1 – Perfil dos clientes internos

Perfil Clientes Internos


Gênero No %
Masculino 4 67%
Feminino 2 33%
Naturalidade No %
Pau dos Ferros 4 33%
Rafael Fernandes 1 16%
Iracema 1 17%
Marcelino Vieira 1 17%
José da Penha 1 17%
Estado Civil No %
Solteiro 1 17%
Casado 5 83%
Faixa Etária No %
Entre 26 e 30 anos 1 16%
Entre 31 e 35 anos 3 50%
Entre 36 e 40 anos 1 17%
Mais de 41 anos 17%
Grau de Instrução N o
%
Fundamental Completo 2 33%
Médio Completo 2 33%
Médio Incompleto 1 17%
Superior Incompleto 1 17%
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

De acordo com a tabela 1, percebe-se que o quadro de funcionários da empresa é maior


representado por pessoas do sexo masculino (67%), a grande maioria são naturais de Pau dos
Ferros (33%), sendo casados (83%); 50% dos funcionários têm idade entre 31 e 35 anos, e o
grau de escolaridade deles está entre o ensino fundamental completo (33%) e o ensino médio
completo (33%).
Em seguida, no intuito de conhecer o perfil dos clientes que a organização possui,
buscou-se traçar o perfil dos clientes externos, conforme a tabela 2.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


29
CAPÍTULO 2

Tabela 2 – Perfil clientes externos

Perfil clientes externos


Gênero N° %
Feminino 44 56%
Masculino 35 44%
Naturalidade N° %
Rio Grande do Norte 67 85%
Paraíba 5 7%
Pernambuco 1 1%
Ceará 4 5%
Pará 1 1%
Distrito Federal 1 1%
Faixa Etária N° %
Entre 18 a 20 anos 6 8%
Entre 21 e 25 anos 13 16%
Entre 26 e 30 anos 14 18%
Entre 31 e 35 anos 9 11%
Entre 36 e 40 anos 18 23%
Mais de 41 anos 19 24%
Grau de Instrução N° %
Fundamental Completo 4 5%
Fundamental Incompleto 2 3%
Médio Completo 35 44%
Médio Incompleto 5 6%
Superior Completo 14 18%
Superior Incompleto 9 12%
Pós-Graduação 9 11%
Mestre 1 1%
Estado Civil N° %
Casado 38 48%
Solteiro 25 32%
União Estável 9 11%
Divorciado 6 8%
Viúvo 1 1%
Frequentadores com filhos N° %
Sim 58 73%
Não 21 27%
Frequência que vai a AABB N° %
Raramente 36 46%
Frequentemente 20 25%
Quase Sempre 8 10%
Sempre 15 19%
Dia Preferido Para Frequentar a AABB N° %
Sábado 27 34%
Domingo 52 66%
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


30
CAPÍTULO 2

De acordo com a tabela 2, observa-se que os maiores frequentadores da AABB são


Mulheres (56%), naturais do Rio Grande do Norte (85%), as faixas etárias mais presentes estão
entre 36 e 40 anos (23%), e mais de 41 anos (24%); 44% possuem o ensino médio completo,
48% dos frequentadores são casados, 73% possuem filhos, vão raramente a AABB (46%), e
preferem frequentar o local aos domingos (66%).
Após examinar-se os perfis dos clientes internos e externos, é possível identificar o
perfil do Presidente do local estudado.

Tabela 3-Perfil do presidente da AABB

Perfil Presidente
Gênero Masculino
Naturalidade Pereiro – CE
Faixa Etária Mais de 41 anos
Grau de Instrução Superior Completo
Tempo de Presidência no
15 anos
Local
Dias dedicados a Gestão do Quase Sempre aos Sábados e
Local Domingos
Perfil de Gestão Centralizador
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Na tabela 3, percebe-se que o gestor está presidindo o local há 15 anos, dedica dois dias
a gestão do local e sua gestão é centralizada, ou seja, os funcionários não possuem autonomia
para tomar decisões referentes ao ambiente de trabalho.

4.2 IDENTIFICAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA QUALIDADE EM PRODUTOS E SERVIÇOS


OFERTADOS
Para melhor entender a qualidade, é preciso um contexto amplo e de longo prazo em
que a qualidade é vista inserida em um ambiente. Assim, buscou-se a definição de qualidade
segundo cinco estudiosos da área, e pediu-se que os clientes escolhessem uma delas, baseadas
na prática do atendimento da Associação, caso o entrevistado não visse nenhuma dessas
definições na AABB, este deveria marcar a alternativa que acreditava que deveria existir. As
definições estão expostas nas tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Conceitos de qualidade na visão dos clientes externos

Qualidade é Satisfazer o Cliente (Ishikawa) 37 46,84%


Qualidade é Conformidade com os Requisitos (Crosby) 4 5,06%

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


31
CAPÍTULO 2

Qualidade é o Atendimento das Expectativas (Feigenbaum) 12 15,19%


Qualidade é a Adequação ao Uso (Juran) 18 22,78%
Qualidade Significa Uniformidade e Confiabilidade (Deming) 8 10,13%
Total 79 100%
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Conforme a tabela 4, compreende-se que 46,84% dos clientes externos acreditam que a
definição de qualidade que mais se adéqua ao atendimento dos serviços da AABB é a satisfação
do cliente; dois dos clientes entrevistados pela pesquisadora, disseram que não visualizavam
nenhum desses conceitos na prática do atendimento, mas acreditam que a satisfação do cliente
deve ser sempre priorizada. Aplicando esses mesmos conceitos na visão dos clientes internos
(tabela 5), eles também acreditam que a satisfação do cliente é o conceito visualizado no
atendimento do local.

Tabela 5 - Conceitos de qualidade na visão dos clientes internos

Qualidade é Satisfazer o Cliente (Ishikawa) 4 66,66%


Qualidade é conformidade com os requisitos (Crosby) 1 16,67%
Qualidade significa uniformidade e confiabilidade (Deming) 1 16,67%
Total 6 100%
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

O Gestor da Associação visualizou dois conceitos que são necessários adquirir no local,
segundo a visão do mesmo, ainda não há a utilização deles, mas são de muita importância, os
conceitos são: Qualidade é Satisfazer o cliente (Ishikawa), e Qualidade é o atendimento das
expectativas (Feigenbaum).
A partir da observação das escolhas dos entrevistados, entende-se que as visões
dos clientes e do gestor, estão em conformidade. Embora alguns visualizem os conceitos no
atendimento e outros não consigam ter essa mesma visão, mas todos eles assumem que o
conceito de qualidade mais importante na prática do atendimento dos serviços é a satisfação do
cliente e o atendimento às expectativas deles.
Os clientes foram questionados quanto a qualidade ideal dos produtos e serviços da
Associação Atlética do Banco do Brasil, para analisar a diferença entre a qualidade idealizada
pelos clientes e a qualidade ofertada no local, 22,78% dos respondentes disseram que a
qualidade ideal já existe.
A qualidade ideal do local, segundo a visão dos clientes Externos, seria um lugar que
disponibilizasse de atendimento, segurança, alimentos e uma estrutura física de qualidade;
embora 22,78% dos entrevistados tenham respondido que a qualidade existente no local já é
ideal, podemos perceber que os demais clientes pensam diferente.
Segundo a visão dos funcionários, a qualidade ideal dos serviços oferecidos “seria um

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


32
CAPÍTULO 2

clube que pudesse funcionar conforme as exigências dos associados, seja em melhorias físicas
ou mesmo no atendimento”. Já o gestor, presidente do local, acredita que a qualidade ideal
deve ser “um serviço de cozinha e ambientação melhor apresentado, maior disponibilidade de
opções para entretenimento e opções alimentares”.
Por conseguinte, perguntou-se aos clientes Externos, Internos e ao gestor, se a qualidade
oferecida no local atende às exigências. No gráfico 1, seguem as opiniões dos clientes externos.

Gráfico 1 – A qualidade oferecida no local atende às exigências dos clientes externos?

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Dentre os clientes externos, 61% responderam que a qualidade atende às exigências,


e os demais 39%, responderam que a qualidade não atende às exigências. Além dos números,
observa-se que as justificativas negativas são mais fundadas e mais bem justificadas pelos
clientes.
Referente aos clientes internos, 50% responderam que a qualidade atende às
exigências, e os demais 50% responderam que a qualidade não atende às exigências. Além
desses percentuais, as justificativas negativas retratam a falta de recurso para desempenhar suas
funções e a falta de investimento no clube.
Ao questionar o gestor se a qualidade oferecida atende as exigências, ele respondeu:
“Ainda não! Pequena disponibilidade de recursos financeiros para complementar com urgência
as deficiências mais urgentes”.
Comparando as respostas dos entrevistados, percebe-se que a maioria compartilha da
mesma visão, há uma deficiência na infraestrutura e no atendimento do local, que segundo
o gestor, a falta de recursos financeiros faz com que a qualidade no local seja reduzida. No
entanto, através de conversas informais com clientes internos e externos que são frequentadores
assíduos do local, a AABB dispõe da mesma estrutura a bastante tempo, algumas coisas foram

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


33
CAPÍTULO 2

deixando de funcionar devido à falta de manutenção, e ao longo dos anos foram ficando apenas
os serviços principais, os mais utilizados pelas crianças e adultos. Esses resultados, corroboram
com as afirmações de Scariot (2009), quando diz que a satisfação é medida na relação entre
percepção e expectativa, se a percepção for maior que a expectativa, o consumidor ficará saciado,
por outro lado, se a percepção for menor que a expectativa, o consumidor possivelmente não
ficará satisfeito.
No tocante a avaliação da infraestrutura, conforme apresentado na tabela 6, sugeriu - se
que os clientes externos avaliassem a Associação de acordo com nove itens citados, com notas
que variaram de 0 a 10 (0 para uma avaliação ruim e 10 para uma boa avaliação); podemos
observar na tabela 6, avaliando notas que cada item recebeu, dentre as médias dos itens de
infraestrutura, a piscina foi a que obteve melhor média (7,4) e a pintura e conservação dos
ambientes obteve a menor média (4,8).

Tabela 6 – Avaliação da infraestrutura da AABB

Médias
Itens
Internos Externos Gestor
Restaurante 6,7 6,2 6
Piscina 7,3 7,4 7
Quadra de Areia 9 7 8
Campo de Futebol 5,3 6 4
Estacionamento 7,5 6,7 5
Área Arborizada 8,7 6,7 8
Parque Infantil 8 5,1 7
Pintura e Conservação dos Ambientes 5,7 4,8 7
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Conforme a tabela 6, a média de notas dos clientes internos, mostra que o campo de
futebol foi o item com menor avaliação (5,3) e a quadra de areia obteve a melhor pontuação
(9,0). Na avaliação do Gestor, entre as infraestruturas do local, o campo de futebol obteve menor
média (4), e a quadra de areia e a área arborizada com melhores notas (8), conforme consta no
quadro 6. A partir dessas médias, é notável que a pintura e conservação dos ambientes, bem
como o campo de futebol, necessitam de atenção. A avaliação ruim do campo de futebol se faz
justificável devido à crise hídrica que assola a cidade no momento, isso fez com que a grama
do campo morresse completamente, fazendo com que os jogos não acontecessem.

4.3 NÍVEL ATUAL DE GESTÃO DOS FATORES DA QUALIDADE


A função dos fatores identificados, com base nos indicadores da qualidade, visam
avaliar a percepção dos clientes a partir de elementos escolhidos pelos gestores, assim, eles
são importantes para mostrar a realidade e os padrões de qualidade desejados. (CARVALHO E

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


34
CAPÍTULO 2

PALADINI ET AL, 2005)


No gráfico 2, apresenta-se a avaliação do gestor na visão dos clientes externos, pedimos
que os clientes avaliem o gestor escolhendo uma das cinco características, entre: ótimo, bom,
regular, ruim ou péssimo.

Gráfico 2 – Avaliação do gestor na visão dos clientes externos

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

No gráfico 2, percebe-se que os clientes externos avaliam o gestor em bom (48%) e


regular (29%), isso significa que o gestor precisa dar mais atenção ao local e aos clientes internos
e externos. Os clientes internos, definiram a gestão da associação como sendo boa e regular, e
nas suas justificativas acrescentaram que devem ser melhoradas diversas coisas, por exemplo,
a presença do gestor no local, investimento em toda sua infraestrutura e no atendimento.
Os dois tipos de clientes compartilham da mesma opinião, ou seja, o local dispõe
de um bom gestor, mas precisa dar mais atenção ao local, e consequentemente melhorar a
comunicação com os funcionários e investir na manutenção do local. O gestor do local também
se auto avaliou, e definiu sua gestão como sendo boa, através da seguinte justificativa: “A
gestão apresenta grandes dificuldades pelo fato de não ter conseguido a ampliação do quadro
social”. Com isso, percebe-se que a ausência de melhorias se deve ao fator financeiro, pois a
receita gerada pela quantidade de sócios atual não supre as despesas e manutenções necessárias
para o funcionamento do local.
Na tabela 7, apresentam-se as médias de avaliações feitas pelos clientes externos nos
itens variaram entre 3,3 (média de avaliação do Uso do campo de futebol – UCF) e 4,0 (média
de avaliação dos indicadores Conseguir uma mesa – CM; Uso da quadra de futsal – UQA),
entre a menor e a maior média de avaliação dos itens, podemos identificar que os demais itens

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


35
CAPÍTULO 2

avaliados pelos clientes externos estão com avaliações entre regular (3) e bom (4), isso significa
que os clientes externos veem a necessidade de melhorias no ambiente, para melhorarem sua
avaliação em relação a estes indicadores.

Tabela 7 – Avaliação da percepção dos indicadores dos fatores da qualidade

Médias
Indicadores
Externos Internos Gestor
E 3,5 3,7 4
ELE 3,6 4 4
CG 3,9 4,3 4
CM 4 3,7 4
CHG 3,6 3,5 3
AM 3,6 3,8 4
FP 3,6 3,8 4
LAPS 3,9 4,2 4
QSC 3,8 4,2 4
AP 3,9 4,3 5
QA 3,6 4,3 4
ACF 3,5 3,8 5
UCF 3,3 3,2 4
AQF 3,8 3,7 4
UQF 3,5 3,6 3
AQA 3,9 4,3 5
UQA 4 4,4 5
AB 3,8 4,3 5
UB 3,4 4,2 4
PC 3,7 4 4
PAC 3,6 4,2 4
SL 3,9 4,5 4
Fonte: dados da pesquisa (2016)

Ainda na tabela 7, os clientes internos avaliaram os mesmos itens dos clientes externos,
seguindo também as mesmas instruções, nas médias dos itens avaliados a variação foi de 3,2
(média de avaliação do Uso do campo de futebol – UCF) a 4,4 (média de avaliação do Uso da
quadra de areia – UQA), assim como os clientes externos, os clientes internos também avaliaram
os itens em regular (3) e bom (4); os clientes internos também acreditam haver necessidade de
melhoria, de acordo com as avaliações dos indicadores, fica visível que o padrão da qualidade
do local necessita ser melhorado.
A tabela 7, também demonstra a avaliação do gestor da Associação Atlética, sua média
de notas foi 4,1 (bom), e dentre as notas dos itens avaliados a menor foi 3 (média de avaliação
para chamar o garçom) e 5 (média de avaliação do Acesso às piscinas – AP; Acesso ao campo
de futebol – ACF; Acesso e uso da quadra de areia – AQA/UQA e o Acesso aos banheiros –

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


36
CAPÍTULO 2

AB), ele avaliou os itens entre regular (3) e ótimo (5).


Portanto, na tabela 7, da percepção dos indicadores, demonstra que a visão dos
entrevistados é bastante próxima, e que a qualidade dos fatores necessita de melhorias. Os
indicadores, são propostos para medir o comportamento em áreas importantes do negócio, no
entanto, não existem manuais sobre seu uso, é necessário um estudo em relação aos clientes, e
sua opinião em relação ao local (MARTINS E NETO, 1998).
Nessa pesquisa, 59% dos clientes sugeriram produtos novos, que ainda não constam no
cardápio, é necessário ver a procura pelo produto para saber se é viável a venda, por exemplo,
a cerveja sem álcool, a galinha caipira, o camarão e os lanches mais saudáveis. O self servisse
também foi sugestão citada por clientes. Já os clientes internos, quando questionados sobre
sugestões de melhorias nos produtos, 50% não deram sugestões, e os demais 50% sugeriram
um cardápio acessível e diversificado aos clientes.
Também foram indagados quanto às reclamações em relação à qualidade dos produtos,
uma vez que o foco da fabricação desses produtos são os clientes externos e internos. Os clientes
externos, enfatizaram que o preço, a pouca diversidade de produtos, a qualidade da comida,
a ausência de lanches saudáveis, além do atendimento demorado: que é uma reclamação de
serviço, que os clientes ressaltaram, são os que mais incomodam os frequentadores do local.
Já os clientes internos, reclamaram da estrutura do clube, e da falta de equipamento necessário
para a manutenção do local.
Da mesma forma, perguntou-se aos clientes quanto a sugestões e reclamações em
relação aos serviços, dentre as sugestões de serviços dos clientes externos estão: isolar as
quadras de areia e futsal com tela de proteção, incluir rede de proteção também no campo de
futebol, criar eventos esportivos, incentivar os esportes, acrescentar a maquineta de cartão de
crédito no caixa, fazer manutenção em todo o local. Os clientes internos sugeriram melhorias
na estrutura no clube, no preço das piscinas e melhoria de atendimento do garçom.
Dentre as reclamações em serviços na visão dos clientes externos, a falta de atenção
ao cliente, e ao ambiente são os pontos mais abordados, vale ressaltar que 64,56% dos clientes
não reclamam dos serviços. Assim, reclamações devem ser vistas como importantes em
vários casos, principalmente, para identificar falhas e proporcionar à empresa a oportunidade
de melhorar seus serviços. Sem reclamações a empresa pode não perceber a existência de
problemas, e consequentemente, não conseguir satisfazer seus clientes (SCARIOT, 2009).
Quanto aos aspectos que levam os clientes externos a frequentar a Associação, eles
relataram que o ambiente familiar, o ambiente para as crianças, são os principais motivos. E
alguns clientes citaram o fato de não haver outro ambiente de lazer na cidade, ou seja, na visão
de alguns clientes a falta de concorrência é o que faz com que eles frequentem o local.
Os clientes externos, relataram acerca dos principais motivos que os levariam a deixar
de frequentar a AABB, dentre os entrevistados 45,57%, não responderam ou não pensam em

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


37
CAPÍTULO 2

deixar de frequentar o local; em meio as justificativas a que mais chama atenção é a falta
de manutenção no espaço físico, percebe–se que há uma desatenção não só do gestor, mas
também dos funcionários. Scariot (2009), acredita que é importante estarmos atentos quando
os erros aparecem, para que a empresa não tenha surpresas negativas, com clientes que não
reclamaram de alguma situação. Ainda segundo o autor, é necessário planejar, programar e
treinar os funcionários para identificar possíveis falhas, sejam elas falhas em produtos ou em
serviços, após esse treinamento é viável iniciar um planejamento que agregue valor ao cliente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, teve como objetivo analisar a gestão dos fatores da qualidade
encontrados nos produtos e serviços na percepção do gestor e dos clientes internos e externos
da AABB. Nessa perspectiva, a pesquisa atendeu aos objetivos, bem como, identificou as visões
dos clientes e do gestor, além de fornecer sugestões de melhorias para o local pesquisado.
Os clientes gostam do espaço, é um ambiente bom para as crianças; no entanto, é necessário
padronizar o atendimento, a alimentação, de forma que os clientes elogiam o local para outros
clientes em potencial, uma vez que o clube necessita de aumentar o quadro de sócios.
Compreendeu-se ainda, que o ambiente necessita de uma reestruturação, organizar
melhor os espaços, separar o ambiente das crianças do ambiente dos adultos, incentivar os jogos,
treinar os funcionários para atenderem bem a todos e saber fornecer informações a respeito das
regras dos sócios, divulgar o ambiente para outras pessoas saberem onde se localiza a AABB,
e principalmente, focar no cliente, manter pesquisas de satisfação e se possível atender suas
reivindicações.
Após o estudo da qualidade, buscando a visão dos clientes externos, clientes internos
e em consonância com a política e os objetivos da Qualidade Total da AABB, ressaltamos a
importância do treinamento com a qualificação em todos os setores da AABB nas áreas de recursos
humanos, visando proporcionar desenvolvimento dos funcionários e seu comprometimento
com a organização; além da necessidade de um estudo sobre o marketing, para observar o local,
saber vender seus pontos positivos e superar os aspectos negativos, que fundamentalmente com
um programa de qualidade, como o melhor caminho para o desenvolvimento dos produtos
e serviços de forma que atraia sempre os correntistas para se tornarem clientes ativos deste
importante clube social e integrativo da grande família do Banco do Brasil.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


38
CAPÍTULO 2

REFERÊNCIAS
ANDERSON, E. W.; FORNELL, C.; LEHMANN, D. R. Customer satisfaction, market share,
and profitability: Finding from Sweden. Journal of Marketing, v. 58, n.3, p. 53-66, Jul 1994.
https://doi.org/10.1177/002224299405800304

BEI, L.-T.; CHIAO, Y.-C. An Integrated Model for the Effects of Perceived Product,
Perceived Service Quality, and Perceived Price Fairness on Consumer Satisfaction and
Loyalty. The Journal of Consumer Satisfaction, Dissatisfaction and Complaining Behavior, v.
14, p. 125–140, 2001. https://jcsdcb.com/index.php/JCSDCB/article/view/110

CARVALHO, M. M.; PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: Teoria da Qualidade. Rio de


Janeiro: Campos. 2005.

COBRA, M. Administração de Marketing no Brasil. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

ESCH, T.; STEFANO, G. B. Endogenous reward mechanisms and their importance in stress
reduction, exercise and the brain. Archives of Medical Science: AMS, v. 6, n. 3, p. 447, 6 jun.
2010. https://doi.org/10.5114/aoms.2010.14269.

FADEL, A. V. REGIS FILHO, I. Percepção da qualidade em serviços públicos de saúde: um


estudo de caso. Revista de Administração Pública, v. 43, n. 1, p. 7–22, 2009. https://www.
scielo.br/j/rap/a/s9cqck9PcGsKx5tHJQyhGYz/?format=pdf&lang=pt

FREDERICO, C. et al. Comportamento do consumidor: Fatores que determinam o processo


de compra no mercado varejista em Palmas - TO. Revista Científica do ITPAC, v. 7, n. 3,
2014. https://assets.unitpac.com.br/arquivos/Revista/73/artigo4.pdf

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. – São Paulo: Atlas,2010.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed – São Paulo: atlas,2008

GERHARDT, Tatiana; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa . Porto Alegre:


Editora da UFRGS, 2009.

GURGEL, F. A. Administração da embalagem. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

JURAN, J.M; a qualidade desde o projeto: os novos passos para o planejamento da


qualidade em produtos e serviços; São Paulo,1992

KOTLER, P. KELLER, K. L. Administração de Marketing. 12. Ed. São Paulo: Pearson,


2006.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: procedimentos


básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4.ed.
São Paulo: Atlas,1992.

LIMA, F. E. G. de O. Diferenciação e Percepção de Qualidade: um estudo de caso sobre


a entrega de serviço educacional em uma pós-graduação. Dissertação. Faculdade Boa

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


39
CAPÍTULO 2

Viagem. Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração. Recife, 2013. Disponível


em:https://1library.org/document/eqo2400y-diferenciacao-percepcao-qualidade-estudo-
entrega-servico-educacional-graduacao.html. Acesso em 10 jun. 2016.

MARTINS, R. A. et al. Indicadores de desempenho para a gestão pela qualidade total: uma
proposta de sistematização. Gestão & Produção, v. 5, n. 3, p. 298–311, dez. 1998. http://
dx.doi.org/10.1590/s0104-530x1998000300010

MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Oakland, John. Gerenciamento da qualidade total. São Paulo: Nobel, 1994.

SADGROVE, K. Gerência de Qualidade Total: o guia para o ISO-9001. São Paulo: Clio
Editora, 1995

SANTOS I. E. Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica. 9 ed. Niterói-RJ:


Impetus, 2012

SANTOS, R. A.; ANJOS, M. A. D. Marketing de relacionamento para fidelização do cliente:


Um estudo de caso em uma empresa do varejo na cidade de Monte Carmelo – MG. Revista
GeTeC, v. 7, n. 17, p. 81–96, 12 maio 2018. https://revistas.fucamp.edu.br/index.php/getec/
article/view/1373

SCARIOT, E. Proposta de Retenção de Clientes. Um estudo de caso aplicado na empresa


Sotrima Agrícola LTDA – Filial Caxias do Sul - RS. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade
Serra Gaúcha – FSG, 2009. Disponível em: https://pt.slideshare.net/NiloarBissani/proposta-
de-reteno-de-clientes-um-estudo-de-caso. Acesso em 10 jun. 2016.

TINOCO, M. A. C.; RIBEIRO, J.L. , D. Estudo qualitativo dos principais atributos que
determinam a percepção de qualidade e de preço dos consumidores de restaurantes a la
carte. Gestão & Produção, v. 15, n. 1, p. 73–87, 2008. https://doi.org/10.1590/S0104-
530X2008000100008

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6 ed. São Paulo:


Atlas. 2005

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


40
CAPÍTULO 3
GESTÃO DE ESTOQUE: Estudo de caso em um supermercado

INVENTORY MANAGEMENT: Case study in a supermarket

Ms. Antonio Batista Junior


Mestre em Administração pela Universidade Potiguar (UNP)

Email: juniorbatistaadm@gmail.com

Eline Kaliane Barbosa da Silva


Email: elinekaliane@gmail.com

José Fernandes Júnior


Email: jrfernandes71@hotmail.com

Raquel Carvalho de Lima


Email: raquel.carvalhorn@gmail.com

RESUMO
A gestão de estoque tem um papel fundamental para a rentabilidade das organizações, logo,
os investimentos financeiros em estoque podem causar lucratividade ou prejuízos financeiros
a depender do seu gerenciamento, sendo assim as empresas precisam utilizar métodos,
procedimentos e tecnologias para auxiliarem na tomada de decisão; desse modo, o objetivo geral
do trabalho é analisar o gerenciamento do estoque do Supermercado Dois Irmãos, localizado
no município de Areia Branca/RN. O estudo se enquadra como tipo de pesquisa descritiva
com uma abordagem qualitativa, a coleta de dados foi realizada através de uma entrevista
semiestruturada com o gestor da organização sobre o processo de entrada, estocagem, exposição
e saída do estoque. Contudo, percebe-se que, através da experiência de mercado, a organização
faz o gerenciamento de estoque, no entanto, há necessidade de utilizar métodos mais efetivos,
e assim, obter subsídios na tomada de decisão, bem como gerar vantagem competitiva.

Palavras-chave: Controle de Estoque; Métodos; Competitividade.

ABSTRACT
Inventory management plays a key role in the profitability of organizations, so financial
investments in stock can cause profitability or financial losses depending on their management,
so companies need to use methods, procedures and technology to assist in decision making. ,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


41
CAPÍTULO 3

thus, the general objective of the work is to analyze the stock management of the Dois Irmãos
Supermarket, located in the municipality of Areia Branca/RN. The study fits as a type of
descriptive research with a qualitative approach, the data collection was carried out through
a semi-structured interview with the manager of the organization about the process of entry,
storage, exposure and exit of the stock. However, it is clear that, through market experience, the
organization manages inventory, however there is a need to use more effective methods, and
thus obtain subsidies in decision making, as well as generate competitive advantage.

Keywords: Inventory Control; Methods; Competitiveness.

1 INTRODUÇÃO
As organizações estão inseridas em um cenário de competitividade acirrada, diante
desta conjuntura, atender as necessidades e desejos dos clientes torna-se o grande desafio das
corporações, tendo em vista que, além dos consumidores estarem cada vez mais exigentes, as
inovações tecnológicas, possibilitam uma ampliação de mecanismos cuja principal finalidade
é facilitar a vida das pessoas no processo de aquisição de algum bem, ou seja, os atendimentos
são realizados com rapidez, proporcionando principalmente comodidade e segurança.
Outrossim, as ferramentas tecnológicas se estabelecem no mercado como um elemento
no qual apresenta um conjunto de atributos, sendo tangíveis e intangíveis, concedendo ao
público-alvo adquirir um produto com valor agregado; desse modo, exige-se das empresas a
obrigatoriedade de ofertar produtos/serviços que garantam qualidade, confiabilidade e agilidade
através da praticidade.
Esta configuração permite ao cliente um número maior de alternativas, consequentemente
há condições de comparar variáveis determinantes no momento da compra, no entanto, em
segmentos nos quais existe pouca diferenciação, os produtos são padronizados, desse modo, os
consumidores priorizam o menor preço.
Nessas circunstâncias, práticas adequadas no gerenciamento de estoque, pode
condicionar as empresas à melhores resultados, considerando-se os problemas causados por
compras mal planejadas, bem como desperdícios de mercadorias, esses fatores contribuem
diretamente no preço final para o cliente, portanto operando seu estoque de maneira eficiente, a
organização tem condições de reduzir custos, e ter condições de comercializar com preço mais
competitivo.
Para isso, a gestão de estoque tem o propósito de controlar os materiais, tendo sob
domínio informações sobre quantidades, obsolescência, métodos e custos, evitando desperdício
e auxiliando nas atividades a respeito do tempo de efetuar pedidos, estoque de segurança e
desempenho de fornecedores.
Assim, torna-se imprescindível avaliar criteriosamente escolha das estratégias, haja
vista que manter níveis de estoque elevados, pode afetar significativamente os custos e no

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


42
CAPÍTULO 3

capital de giro; no entanto, caso a organização mantenha níveis de estoque menores, pode
acarretar a falta de mercadorias, culminando na perda da venda, gerando também insatisfação
do cliente.
Perante o exposto, este estudo tem o propósito de responder a seguinte pergunta: quais
as ferramentas utilizadas no Supermercado Dois Irmãos para o gerenciamento de estoque?
Desse modo, tem como objetivo geral analisar o gerenciamento do estoque do
Supermercado Dois Irmãos, e como objetivos específicos: verificar os meios para realização
dos pedidos, avaliar os procedimentos de recebimento e conferência das mercadorias, investigar
os métodos utilizados no gerenciamento do estoque.
Referente aos procedimentos metodológicos, o estudo de caso se caracteriza como
uma pesquisa descritiva, tendo abordagem qualitativa, a coleta de dados realizou-se através de
uma entrevista semiestruturada com o gestor em março de 2021.
Os resultados constataram que a própria loja efetua a compra diretamente com o
fornecedor e também pela central da rede, no ato da entrega, a nota fiscal do fornecedor é
comparada com anotações do pedido, caso esteja em conformidade, inicia o procedimento de
conferência. Para o gerenciamento de estoque, de maneira não sistematizada, usa-se o método
PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai). O método programado periodicamente pela
organização corresponde ao Inventário Físico, a contagem do estoque pode ser realizada em
situações esporádicas, como festas de fim de ano, período de veraneio, carnaval, etc.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 GESTÃO DE ESTOQUE
De acordo com Slack apud Ching (2006), o conceito de gestão de estoque originou-se
na função de compras em empresas que compreenderam a importância de integrar o fluxo de
materiais a suas funções de suporte, tanto por meio do negócio, como por meio de fornecimento
aos clientes imediatos.
Segundo Pozo (2004), o objetivo maior da administração de materiais é prover o
material certo, no local de produção certo, no momento certo e em condição utilizável ao custo
mínimo para a plena satisfação do cliente e dos acionistas.
Uma das funções dos estoques, é manter a disponibilidade de produtos ou serviços ao
cliente em níveis que satisfaçam a sua grande exigência nesse quesito. Com essa disponibilidade,
consegue-se, além de manter o cliente, aumentar a quantidade de produtos vendidos (CAXITO,
2011).
Segundo Ballou (2007), o ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e demanda,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


43
CAPÍTULO 3

de maneira a tornar a manutenção de estoque desnecessária. Entretanto, como é impossível


conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a
qualquer momento, deve-se acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias
e minimizar os custos totais de produção e distribuição.
Ching (2006) complementa que, o controle de estoque exerce influência muito grande
na rentabilidade da empresa e os estoques absorvem o capital que poderia ser investido de
outras maneiras, desviam fundos de outros usos potenciais com o mesmo custo de capital que
qualquer outro projeto de investimento da empresa.
Para Bertaglia (2006), em muitos casos, a formação do estoque proporciona um
balanceamento das operações da organização, possibilitando aumento na eficiência operacional,
redução de custos e mão-de-obra, além da maximização da capacidade instalada.
Pozo (2004) acrescenta que a gestão de estoque tem, além da preocupação com
quantidades, a busca constante da redução dos valores monetários e seus estoques, atuando
para mantê-los os mais baixos e dentro de níveis de segurança, tanto financeiro, quanto aos
volumes para atender a demanda.

2.2 CURVA ABC


Ballou (2007), a curva ABC deriva da obtenção dos perfis de produtos em muitas
empresas - que a maior parte das vendas é gerada por relativamente poucos produtos da linha
comercializada - e do princípio conhecido como curva de Pareto, ou seja, 80% das vendas
provêm de 20% dos itens da linha do produto.
O gráfico de Pareto, também conhecido como curva ABC ou ainda chamado de gráfico
80-20, apresenta uma aplicação bem simples, seguindo os seguintes passos: (CAXITO, 2011).

Quadro 01. Etapas para elaboração da Curva ABC


Etapas Descrição
1º Passo Relaciona-se todos os itens que foram consumidos em determinado período. (1)
Para cada item, registra-se o preço unitário e o consumo no período considerado (se a análise fosse
2º Passo sobre vendas, ou sobre transporte, ao invés de consumo seria utilizada a quantidade vendida, ou a
quantidade transportada etc). (2 e 3)
3º Passo Para cada item, calcula-se o valor do consumo, que é dado pelo preço unitário x consumo. (4)
Registra-se a classificação do valor do consumo (1 para o maior valor, 2 para o segundo maior
4º Passo
valor, e assim por diante). (5)
5º Passo Ordenam-se os itens de acordo com a classificação
Para cada item, lança-se o valor de consumo acumulado, que é igual ao seu valor de consumo
6º Passo
somado ao valor de consumo acumulado da linha anterior. (6)
Para cada item, calcula-se o percentual sobre o valor total acumulado, que é igual ao seu valor de
7º Passo
consumo acumulado dividido pelo valor de consumo acumulado do último item. (7)
Fonte: Adaptado de Caxito (2011).

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


44
CAPÍTULO 3

O objetivo é definir grupos para os quais diferentes sistemas de controle de estoque


serão mais apropriados, resultando em um sistema total mais eficiente em custos.
Os itens mais importantes de todos, seguindo a ótica do valor agregado, denominam-se
itens da classe A, os intermediários, itens da classe B, e os menos importantes, itens da classe
C (CAXITO, 2011).

Tabela 01. Classificação da Curva ABC

% ITENS % CUSTO
CLASSE A 20 50
CLASSE B 20 a 30 20 a 30
CLASSE C 50 20
Fonte: Gomes; Reis, 2003 apud Caxito (2011).

Pode-se adotar qualquer critério para definição das classes A, B e C, cada empresa
adota seu critério com base em diversos fatores, como quantidade de itens em estoque e a
importância estratégica do item para cada empresa (CAXITO, 2011).

2.3 MÉTODO DAS DUAS GAVETAS


Segundo Dias (2010), pode-se considerar que esse método é o mais simples para
controlar os estoques. Por sua simplicidade, é recomendável sua utilização para as peças classes
C. Tem seu uso bastante difundido em revendedores de autopeças e no comércio varejista
de pequeno porte. Portanto, a maior vantagem desse método é a redução de todo processo
burocrático facilitando o momento de reposição dos produtos.

Figura 01. Estágio inicial

Fonte: Dias (2010)

Segundo Dias (2010), o estoque que inicia o processo é armazenado nestas duas caixas
ou gavetas. A Caixa A, tem uma quantidade de material suficiente para atender o consumo

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


45
CAPÍTULO 3

durante o tempo de reposição, mais o estoque de segurança, ou seja:


Equação 1: Q = (C x TR) + E x Mn
A Caixa B, possui um estoque equivalente ao consumo previsto no período. As
requisições de material que chegam ao almoxarifado são atendidas pelo estoque da Caixa
B; quando esse estoque chegar a zero (Caixa vazia), isso indica que será providenciado uma
reposição de material, pedido de compra. Para não interromper o ciclo de atendimento, passa a
se atender às requisições de estoque da Caixa A. (DIAS, 2010).
Nesse intervalo, deverá ser recebido o material comprado quando a Caixa B foi a
zero; deve-se então completar o nível de estoque da Caixa A, e o saldo completar a Caixa B,
voltando-se a consumir o estoque da Caixa B (Figura 02) (DIAS, 2010).

Figura 02. Início da Utilização

Fonte: Dias (2010)

A grande vantagem desse método consiste em uma substancial redução do processo


burocrático de reposição de material (DIAS, 2010).

2.4 PRIMEIRO QUE ENTRA, PRIMEIRO QUE SAI (PEPS) E ÚLTIMO QUE ENTRA,
PRIMEIRO QUE SAI (UEPS)
No método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que sai), o controle é feito pela ordem
cronológica das compras, ou seja, da primeira até a última realizada, sendo substituído na
mesma ordem. Isso porque, os custos reais dos produtos serão aplicados, o que serve para
valorização do estoque (DIAS, 2010).

Já o método UEPS, considera que os últimos itens que deram entrada no estoque é
quem deve sair, fazendo com que os preços sejam avaliados de acordo com as últimas entradas.
O emprego desse método, tem como premissa estabilizar o estoque e avaliar os valores e os
custos de mercado (DIAS, 2010).

Em comparação aos dois métodos, vale ressaltar que ambos são utilizados para avaliar
os estoques e resolver o problema de custo de reposição dos mesmos, embora a conjuntura dos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


46
CAPÍTULO 3

preços esteja em alta, em baixa ou estáveis (DIAS, 2010).

2.5 INVENTÁRIO FÍSICO


Pozo (2004) afirma que, periodicamente, as organizações efetuam contagem física
de seus itens em estoque e em processos, para comparar a quantidade física com os dados
contabilizados em seus registros, a fim de eliminar a discrepância que possa existir entre os
valores contábeis, dos livros, e o que realmente existe em estoque.
Ainda segundo Pozo (2004), os principais tipos de inventário são o inventário geral - é
feito no fim de cada exercício, ou ano, sendo realizada a contagem física de todos os produtos
de uma só vez, sendo necessária a parada total do setor operacional. E o inventário rotativo -
acontece no desenvolver do ano fiscal da empresa, não ocorrendo nenhuma parada no processo
operacional, sendo avaliadas por grupo de produtos, e podem ser realizadas por semanas ou
meses.

2.6 CUSTOS COM ESTOQUE


Os custos, se apresentam como fator vital na continuidade da organização, especialmente
se tratando dos custos com estoque, pois em algumas circunstâncias, este item pode não está
sendo mensurado pela empresa, devido não acompanhamento de algumas rotinas como pedidos,
falta e até mesmo obsolescência de estoque.
De acordo com Póvoa e Chaves (2014), os custos envolvidos é um dos fatores de
grande relevância que contribuem diretamente na tomada de decisão dos gestores em relação
a manter estoque. Ainda para Póvoa e Chaves apud Slack et al (2009), os custos com estoque
podem ser divididos nas seguintes fases:

Quadro 02. Tipos de custo de estoque


Tipos de Custos Fases do Processo
Custos de colocação do pedido Quando é colocado para reabastecimento.
Concedido pelos fornecedores para uma grande quantidade de
Custos de desconto de preço
compras.
Quando há falta de estoque por erro de quantidade, a geração de um
Custos de falta de estoque
novo pedido incidirá em mais custos para a empresa.
Coloca-se um pedido de reabastecimento para os fornecedores, sendo
que estes demandam pagamento dos produtos e fornecimento para os
Custos de capital de giro
próprios clientes, onde os mesmos vão demandar os recebimentos, e a
empresa terá de ter fundos para manter o estoque durante esse período.
Estão associados a armazenagem física dos produtos, como locação,
Custos de armazenagem
iluminação e climatização do local, e também o seguro.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


47
CAPÍTULO 3

Tipos de Custos Fases do Processo


Quando se envolve uma quantidade muito grande de pedidos fazendo
Custos de obsolescência com que permaneçam em estoques por longos períodos, correndo o
risco desses itens ficarem obsoletos.
Fonte: Adaptado de Póvoa e Chaves apud Slack et al (2009).

Tratando-se de gestão de estoques, sempre que possível todos os custos acima


mencionados precisam ser analisados e minimizados na empresa, além de ressaltar a segurança
de informação dentro dela.

2.7 RESSUPRIMENTO
Chama-se de ponto de ressuprimento ou reabastecimento, quando a quantidade de
itens que se tem no estoque dá para atender a produção sem que ela sofra qualquer problema
enquanto aguarda a chegada de um novo lote de compras. Póvoa e Chaves (2014), destacam
que quando um determinado item atinge seu ponto de pedido deve-se fazer o ressuprimento do
estoque, colocando um pedido de compra, e para o cálculo do ponto de reposição utiliza-se a
fórmula a seguir:
Equação 2: PR = (CxTR) + Es

Onde: PR= Ponto de Ressuprimento; C= Consumo normal da peça; TR= Tempo de


Reposição; ES= Estoque de Segurança.
Assim como outras políticas de revisão, a conferência periódica do estoque reduz o
custo de monitoramento como também de controle (PÓVOA E CHAVES, 2014).

2.8 ESTOQUE DE SEGURANÇA


O estoque mínimo, também chamado de estoque de segurança, é a quantidade mínima
que deve existir no estoque e tem como finalidade cobrir algum eventual atraso no ressuprimento
para que não haja interrupção no processo produtivo. Dias (2010), ressalta que a determinação
do estoque mínimo é uma das mais importantes informações para o gerenciamento de estoque.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


48
CAPÍTULO 3

Figura 03. Estoque de Segurança

Fonte: Autoria Própria, 2021.

O estoque mínimo ou de segurança estabelecido pela organização, é o princípio para um


novo pedido, ou seja, é o risco que ela está disposta a assumir em relação à falta de mercadoria.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo de caso se caracteriza, no que diz respeito aos fins, a uma pesquisa descritiva,
pois o objetivo do estudo foi analisar o gerenciamento do estoque do Supermercado Dois
Irmãos. Segundo Vergara (2000), a pesquisa descritiva expõe características de determinada
população ou de determinado fenômeno. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que
descreve, embora sirva de base para tal explicação.
Com intuito de compilar informações que exponham a realidade sobre os aspectos
relativos à Gestão de Estoque, optou-se entrevistar o gestor por ser a pessoa de maior
conhecimento dos procedimentos logísticos praticados na organização.
A população da pesquisa, representa a totalidade de elementos que possuem
determinadas características definidas para um estudo; desse modo, à população é constituída
pelo gestor do supermercado localizado no município de Areia Branca/RN (BARROS, 2000).
A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada com o gestor
da organização, o questionário aplicado possui 10 perguntas abertas referentes ao processo
de entrada, estocagem, exposição e saída do estoque. O questionário foi entregue e coletado
diretamente com o gestor do supermercado in loco, no momento da entrevista durante o mês
de março de 2021.
De acordo com Lakatos (2003), a coleta de dados é a etapa da pesquisa na qual inicia
a aplicação dos instrumentos e das técnicas selecionadas, com intuito de efetuar a coleta dos
dados previstos.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


49
CAPÍTULO 3

Quadro 03. Variáveis do Estudo e os Objetivos Específicos da Pesquisa


Variáveis do Estudo Objetivos Específicos
Pedidos Verificar os meios para realização dos pedidos.
Recebimento e Conferência
Avaliar os procedimentos de recebimento e conferência das mercadorias.
dos Pedidos
Métodos para Gestão do
Investigar os métodos utilizados no gerenciamento do estoque.
Estoque
Fonte: Autoria própria (2021)

O Quadro 03, apresenta a relação entre as variáveis investigadas no estudo e os


objetivos específicos, na intenção de identificar com clareza o processo de gerenciamento de
estoque, e para obter respaldo nas análises, o tratamento dos dados ocorreu pelo confronto das
respostas do proprietário da organização com a literatura especializada.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Supermercado Dois Irmãos - Rede Ideal, localizado no centro do município de Areia
Branca/RN, fundado em 1973, pelos irmãos: José Fernandes e Luiz Fernandes (por isso o
nome), eles romperam esta sociedade em meados dos anos 1990, figurando neste cenário entre
os 04 maiores da cidade, conta com 05 check-outs, 24 funcionários, atua no ramo varejista de
alimentos.

4.1 COMPRAS
De acordo com o gestor, a empresa recebe visitas periódicas dos representantes
comerciais, essas visitas variam de acordo com o produto ofertado, podendo ser entre 7, 15 e
30 dias, no ato da negociação são verificados através do inventário físico de estoque e anotação
de consumo dos itens coletadas pelos repositores semanalmente, desse modo, identifica-se
a necessidade de compra, e a quantidade a ser adquirida varia de acordo com a demanda,
tendo em vista que, a empresa não utiliza um ponto de reposição, ou seja, esse procedimento é
realizado pela análise do histórico de demanda.
Gonçalves (2010), afirma que o método de previsão de compras baseado em dados
históricos possui como fonte a observação do consumo, na qual considera que os dados históricos
contêm informações relevantes sobre o comportamento futuro do fenômeno, servindo de base
para estimativas futuras, dentro de certos limites.
A responsabilidade pela aquisição das mercadorias, concentra-se no gerente de compras
em conjunto com o proprietário do estabelecimento, no entanto, em algumas negociações,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


50
CAPÍTULO 3

se beneficia da participação da Rede Ideal, na qual adquire melhores condições de preço e


prazo. Desse modo, Pozo (2004, p. 151), ressalta que “comprar bem, negociar corretamente é
fundamental para reduzir custos reduzidos do processo operacional e manter-se operante nos
mercados”.

4.2 PEDIDOS
No que se refere aos pedidos, quando a própria loja efetua a compra diretamente com o
fornecedor, cada item é anotado de maneira manual, contendo informações sobre as condições,
pois a maioria dos representantes utilizam dispositivos eletrônicos e não entregam cópias dos
pedidos.
Quando os pedidos são realizados pela área central, os fornecedores entram em contato
com a gerência da Rede, que repassa as ofertas do dia e estabelece quantidade e prazo para
confirmação da transação, caso seja vantajosa, há um sistema informatizado de pedidos através
da sede da rede (centro de distribuição e atacado) no qual são processados os pedidos.
Diante deste cenário, Pozo (2004), constata a necessidade de uma empresa comprar
cada vez melhor e com parceria contribuindo significativamente na obtenção de resultados
que torne permanente sua existência, portanto, empreendedores orientam seus setores de
suprimentos na racionalização dos processos produtivos e com estoques reduzidos.
Sobre o ponto de pedido, apesar de possuir sistema comercial com controle, o critério
sempre tem sido a verificação do estoque, baseado em experiência empírica em relação à
rotatividade dos produtos.

4.3 RECEBIMENTO E CONFERÊNCIA DOS PEDIDOS


O recebimento dos pedidos segue o seguinte fluxo: no ato da entrega, o funcionário
do setor de estoque recebe a nota fiscal do fornecedor e compara com anotações sobre as
condições do pedido, caso esteja em conformidade, inicia o procedimento de conferência, cada
mercadoria é verificada em relação a sua quantidade, especificidades, validade e integridade
física.
A atividade de recebimento, pretende garantir o rápido despacho dos materiais adquiridos
pela empresa, de maneira atenciosa para que as entradas estejam de acordo com a quantidade
estabelecida, na época certa, ao preço contratado, e na qualidade especificadas nas encomendas
(VIANA, 2010).

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


51
CAPÍTULO 3

4.4 REGISTROS DE ENTRADA E SAÍDA DOS ITENS


Efetiva-se o lançamento dos itens no sistema de gerenciamento comercial (SYSPDV),
no qual, inserem-se as notas fiscais, cadastro de produtos, cadastro e atualização de preços,
codificação NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), Código C’EST (Código Especificador
da Substituição Tributária) em alguns casos, por exemplo: em caso de alíquota de PIS/COFINS
é zero, ou monofásico. Cadastra-se em sequência: o item, atualização de preço, o regime de
tributação, fornecedor, informações de controle de estoque, validade, se é composto (banda de
boi inteira, depois fracionada) ou normal.
No que concerne à saída dos itens, não há um registro referente ao deslocamento de
mercadorias do estoque para as gôndolas, a baixa no sistema consiste na frente da loja, com a
saída dos produtos pelos check-outs.
Segundo Viana (2010, p. 411), “o registro, controle e acompanhamento dos processos
de recebimento de materiais visa à agilização da atividade e à correspondente atualização de
informações em tempo real”.

4.5 CUSTOS COM O ESTOQUE


Segundo o gestor, a empresa acompanha seus custos, no entanto não especifica por
áreas, desse modo, os custos logísticos são dissolvidos nos custos gerais, considerando que a
estrutura de armazenamento do estoque está compreendida no mesmo prédio e os funcionários
nos quais realizam atividades no estoque, não são exclusivos deste setor.
De acordo com Gonçalves (2010, p. 68), “o estoque de materiais tem custo que se
desdobra em vários componentes e, dependendo do enfoque utilizado, o estoque pode ter
objetivos conflitantes nos diversos órgãos da administração”.
Sendo assim, torna-se imprescindível o registro e monitoramento dos custos com
estoque, pois além de auxiliar na tomada de decisão, o desempenho influencia diretamente na
rentabilidade da organização.

4.6 MÉTODOS UTILIZADOS PARA GERENCIAMENTO DO ESTOQUE


A empresa adota dois métodos para gerenciamento de estoque, de maneira não
sistematizada, usa-se o método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que sai), apesar de não
conhecer com esta nomenclatura, este método compreende racionalmente a dinâmica do
controle de estoque, logo, o supermercado precisa de giro de estoque e o PEPS proporciona

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


52
CAPÍTULO 3

evitar/minimizar avarias.Segundo Slack et al. (2006), no método PEPS, as operações servem


aos consumidores na exata sequência das suas chegadas, processando a solicitação na ordem
em que vieram.
O método programado periodicamente pela organização corresponde ao Inventário
Físico, sendo assim, a contagem do estoque pode ser realizada em situações esporádicas, dada
uma situação eventual de aumento de demanda, como festas de fim de ano, período de veraneio,
carnaval, etc. E pode ser realizada trimestralmente com intuito de comparar o estoque físico
com o sistema, na tentativa de prevenir perdas, anomalias, furtos, etc.
Viana (2010), destaca o objetivo do Inventário Físico, afirmando que esta atividade
estabelece auditoria contínua de estoque, garantindo a confiança, bem como, a exatidão de
registros contábeis e físicos, aspectos primordiais no funcionamento eficiente do sistema.

4.7 IDENTIFICAÇÃO DE PERDAS E DESPERDÍCIOS


A principal estratégia usada pela empresa para evitar/minimizar perdas e desperdícios,
consiste no acompanhamento da validade dos produtos para que sejam promovidas ações como
rebaixamentos de preços, com objetivo de viabilizar o escoamento dos referidos a vencer.
Viana (2010, p. 58), informa que “quando a empresa adquire determinado material para
ser utilizado em data oportuna, e, se porventura não houver consumo, sua utilização poderá não
ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos”.

Quadro 04. Recomendações quanto à preservação dos materiais


Recomendações quanto à Preservação dos Materiais
Determinar lotes de compra mais racionais, em função do tempo de armazenagem
permitido.
Programar revisões periódicas para detectar falhas de estocagem, visando corrigi-las e
baixar materiais sem condições de utilização.
Selecionar adequadamente os locais de estocagem, utilizando técnicas adequadas de
manuseio e transporte de materiais, bem como transmitir orientações aos funcionários
envolvidos quanto aos cuidados a serem observados.
Fonte: Adaptado de Viana, 2010.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os fatores existentes no processo de gerenciamento de estoque, estabelecem
informações relevantes nas quais auxiliam na tomada de decisão, sendo assim, compreender os
procedimentos utilizados desde a realização do pedido até venda ao consumidor final, torna-se
cada vez mais imprescindível, tendo em vista que, o gerenciamento do estoque permite avaliar

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


53
CAPÍTULO 3

o desempenho da organização, identificar gargalos e corrigir os possíveis erros.


Nesse contexto, a aplicação de métodos, inclusive de ferramentas tecnológicas,
contribui para a criação de vantagem competitiva, assim o Supermercado Dois Irmãos necessita
estruturar a gestão de estoque para atender a sua demanda, ao mesmo tempo em que deve evitar
a perda de vendas/clientes.
O estudo analisa o ambiente de um supermercado, segmento bastante competitivo,
principalmente por se tratar de um setor varejista caracterizado pela disputa intensa do menor
preço, haja vista que os produtos ofertados pelos concorrentes são os mesmos.
Diante do objetivo geral proposto pelo trabalho, os resultados demonstraram, através
das informações repassadas pelo gestor, que o gerenciamento do estoque do Supermercado
Dois Irmãos, é realizado de maneira empírica e não sistemática, no entanto, possui como fator
positivo a participação em uma rede, na qual auxilia a organização a obter melhores preços,
justamente por realizar compra em conjunto com outros associados, e em grandes volumes
obtém poder de barganha.
No que se refere aos pedidos, a empresa processa a compra de maneira direta,
junto ao fornecedor e a intermediada pela central da rede, sendo assim, a entrega do pedido
consiste na comparação das anotações do pedido com a nota fiscal do fornecedor, estando em
conformidade, inicia o procedimento de conferência. Neste procedimento, percebe-se que a
organização destina uma atenção rigorosa, pois caso haja divergências, a resolução é imediata.
Apesar de não reconhecer a prática de forma sistematizada, a empresa usa, para
gerenciamento do estoque, o método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai). No entanto,
o gestor junto com os funcionários, possuem o Know How adquirido pela experiência de
mercado. O método programado periodicamente pela organização, corresponde ao Inventário
Físico, a contagem do estoque pode ser realizada em situações esporádicas.
Portanto, constata-se que a gestão de estoque, através da utilização de métodos,
programação, registros e acompanhamento de pedidos, a empresa consegue reduzir custos com
avarias e obsolescência, obtendo preço mais competitivo, gerando assim vantagem competitiva.
Os limitadores da pesquisa, consistem inicialmente pela resistência das organizações
em disponibilizar informações, posteriormente, por apresentar apenas uma empresa, a
realização da pesquisa em mais de uma empresa possibilitaria a comparação e a identificação
das principais carências, bem como potencialidades da gestão de estoque da cidade de Areia
Branca/RN.
A sugestão para trabalhos futuros que contribuam para aprofundamento de pesquisas
relacionadas à gestão de estoque, propõe-se realizar estudos comparativos entre os supermercados
da cidade de Areia Branca/RN.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


54
CAPÍTULO 3

REFERÊNCIAS
BALLOU, R. H. Logística empresarial. São Paulo. Atlas, 2007.

BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos da


metodologia científica: um guia para iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Pearson Makron
Books, 2000.

BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo:


Saraiva, 2006.

CAXITO, Fabiano. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011.

CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2006.

DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 5 ed. São
Paulo: Atlas, 2010.

GONÇALVES, P. S. Administração de materiais. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia


científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

PÓVOA, B. B. CHAVES, G.L.D. Ponto de ressuprimento para materiais com demanda


sazonal e aleatória: o caso de uma empresa de grande porte. Revista de Gestão Industrial.
v.8, n.1, p.584-618, 2014. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/revistagi/article/
view/1853 Aceso em: 2 mar. 2021

POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais. 3.ed. São Paulo:


Atlas, 2004.

RODRIGUES, G. L. SOUZA, C.A.; DALFIOR, V.A.O. Avaliação do método de mensuração


dos estoques de uma empresa S.A. um estudo de caso. In: XII Simpósio de excelência em
gestão e tecnologia, Resende-RJ, 2015. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/
artigos15/512243.pdf. Acesso em 2 mar. 2021.

SLACK, Nigel.; CHAMBERS, Stuart.; HARLAND, Christine. HARRISON, Alan.


JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2006.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia


científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3 ed. Rio


de Janeiro: Atlas, 2000.

VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. 1 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


55
CAPÍTULO 4
CONTABILIDADE DE CUSTOS: Caso de uma indústria de temperos pauferrense

COST ACCOUNTING: The case of a seasoning industry from pauferrense

Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais


Mestre em Contabilidade (UERN)

Email: auxiliadora.o.morais@gmail.com

Dr. Alexsandro Gonçalves da Silva Prado


Doutor em Economia (UFPB)

Email: alexsandro.prado@ufersa.edu.br

Esp. Lyana Glecia Gurgel Melo


especialização em MBA em controladoria financeira

Email: Lyana.gurgel@acerttacontabilidade.com.br

Dr. Roosevelt Bezerra da Silva Filho


Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Email: rooseveltbfilho@gmail.com

RESUMO
Com a evolução da contabilidade de custos a mesma tornou-se uma dessas ferramentas que
contribui para a continuidade da empresa, pois fornece informações que tem por finalidade
auxiliar na tomada de decisão. Considerando esses aspectos, esse estudo teve como objetivo
averiguar o uso da contabilidade de custos como ferramenta gerencial em uma Indústria de
temperos da cidade de Pau dos Ferros/RN. Para o alcance do objetivo e desenvolvimento do
trabalho foi realizada uma pesquisa de campo, onde foi aplicado um questionário formado de
12 questões fechadas e abertas a gerente financeira da Indústria de temperos da cidade de Pau
dos Ferros/RN, a fim de conhecer se essa empresa usa a contabilidade de custos em sua gestão.
Os resultados da pesquisa mostraram que a empresa estudada utiliza a contabilidade de custos e
considera a mesma como uma ferramenta gerencial para auxiliar o gestor na tomada de decisão.

Palavras-chave: Contabilidade de Custos; Ferramentas; Tomada de Decisão.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


56
CAPÍTULO 4

ABSTRACT
With the evolution of cost accounting, it has become one of those tools that contributes to the
continuity of the company, as it provides information that aims to assist in decision making.
Considering these aspects, this study aimed to investigate the use of cost accounting as a
management tool in a seasoning industry in the city of Pau dos Ferros/RN. In order to reach the
objective and development of the work, a field research was carried out, where a questionnaire
consisting of 12 closed and open questions was applied to the financial manager of the spice
industry in the city of Pau dos Ferros/RN, in order to know if this company uses cost accounting
in its management. The research results showed that the company studied uses cost accounting
and considers it as a management tool to assist the manager in decision making.

Keywords: Cost Accounting; Tools; Decision Making.

1 INTRODUÇÃO
Antigamente, a contabilidade de custos tinha somente como objetivo avaliar o
crescimento ou não da organização, mas com a evolução na economia a mesma passou por
essas transformações benéficas levando aos usuários a oportunidade de analisar o produto ou
serviço e os valores agregados a eles (MARTINS, 2010).
Na contabilidade de custos há duas funções a serem ressaltadas: o auxílio ao controle
e às tomadas de decisões. Ela passou de uma mera ferramenta de avaliação de estoques e lucro
para se tornar uma arma de suma importância no controle e decisões gerenciais nas últimas
décadas (MARTINS, 2010).
Neste sentido, a contabilidade de custos é responsável pelo processo de mensuração do
valor de custo de diversas entidades de interesse dos administradores, com o objetivo de que
eles possuam informações que auxiliem na tomada de decisões sobre os mais variados eventos
da gestão (MARTINS, 2010).
Dessa forma, a contabilidade de custos auxiliará nos aspectos gerenciais, fornecendo
informações necessárias para que se tomem as decisões corretas e nos momentos certos,
fazendo com que as empresas maximizem seus lucros, aumentem a produtividade e o mais
importante, esteja sempre reduzindo custos sem reduzir a qualidade do produto ou serviço e
consequentemente manter a organização competitiva no mercado deixando os consumidores
satisfeitos.
Perante esse contexto, essa pesquisa tem como propósito responder o seguinte
questionamento: A Indústria de temperos pauferrense utiliza a contabilidade de custos como
ferramenta gerencial? Como hipótese provável, acredita-se que ela não utiliza a contabilidade
de custos como ferramenta gerencial.
O presente trabalho, tem como objetivo geral averiguar se a Indústria de temperos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


57
CAPÍTULO 4

pauferrense utiliza a contabilidade de custos como ferramenta gerencial.


A pesquisa se justifica tendo em vista que a contabilidade de custos cria transparência
ao fornecer as informações detalhadas de custos que a administração precisa para avaliar as
operações atuais e planejar o futuro. Essas informações são utilizadas pela administração para
decidir como alocar recursos para as áreas mais eficientes e rentáveis do negócio. As informações
de custo fornecem uma base para determinar o custo do produto e os preços de venda e ajudam
a administração a planejar e controlar as operações (GRYTZ; KROHN-GRIMBERG E, 2018).
Neste sentido, torna- se relevante investigar se as empresas estão fazendo uso dessa importante
ferramenta, com o intuito de descrever o cenário local e contribuir com a literatura sobre o
assunto.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTABILIDADE DE CUSTO
Na atualidade, com um mercado altamente competitivo, independentemente do
tamanho de uma empresa, a mesma necessita dispor de ferramentas que explorem seu produto
ou serviço de forma detalhada para o auxílio dos gestores em seus trabalhos e assim a empresa ter
continuidade em suas atividades, na atualidade a contabilidade de custos é uma das ferramentas
que fornece essas informações privilegiadas.
De acordo com Bornia (2010, p. 11);

A contabilidade de custos surgiu com o aparecimento das empresas industriais


(Revolução Industrial) com o intuito de determinar os custos dos produtos fabricados.
Antes disso, os artigos normalmente eram produzidos por artesãos que, via de regra,
não constituíam pessoas jurídicas, e praticamente só existiam empresas comerciais, as
quais utilizavam a contabilidade financeira basicamente para avaliação do patrimônio
e apuração de resultado do período.

Atualmente, a contabilidade de custos atua na gestão como uma ferramenta de auxílio


na tomada de decisões das organizações, seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste
na alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências
de curto e longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de
preços de venda, opção de compra ou produção, etc. (MARTINS, 2010).
A contabilidade de custos não pode ser somente aplicada nas indústrias, por mais que
seja dada uma ênfase maior a esse tipo de empresa pelo motivo delas apresentarem mais custos
em suas atividades, pois é possível e viável que se calcule os custos em instituições financeiras,
empresas comerciais, firmas de prestação de serviços, etc.
Considerando que a contabilidade se tornou uma ferramenta gerencial, Leone (2000,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


58
CAPÍTULO 4

p. 20), descreve as necessidades gerenciais;

a. informações que servem para determinação da rentabilidade e do desempenho das


diversas atividades da entidade;
b. informações que auxiliam a gerência a planejar, a controlar e administrar o
desenvolvimento das operações;
c. informações para tomada de decisões.

Ao longo dos anos, com a necessidade de se ter um conhecimento mais específico


dos gastos gerados pelas operações, a contabilidade de custos foi se transformando em uma
ferramenta de controle e gerenciamento que ficou indispensável para organizações que tinham
como objetivo crescer a cada dia, atendendo a todas as necessidades gerenciais.
Neste contexto, entre os assuntos abordados pela contabilidade de custos, pode-se
ressaltar os conceitos básicos em relação à terminologia básica de Contabilidade de custos
mostrada na tabela 01.

Tabela 01: Terminologia básica em contabilidade de custos


Conceito Autor
Gastos são todos os esforços financeiros que a organização incorre com
Gasto objetivo de receber um produto ou serviço em troca, eles recebem uma Padoveze (2010)
distinção de acordo com suas origens e fins
Esse é um gasto ativado, considerando que a empresa realiza esse
quanto tem como objetivo obter retorno no futuro da empresa, ou
Investimentos seja, tem relação direta com a receita. A empresa incorre com esse Padoveze (2010)
gasto quanto tem ciência de que adquirindo um bem ou serviço nesse
momento poderá obter ganhos no futuro
“gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens
e serviços; são todos os gastos relativos à atividade de produção. Os Viceconti e Neves
Custos
custos são ativados e integram o estoque de produtos em elaboração e (2010, p. 16)
o de produtos”
As despesas são os gastos que ocorrem durante as operações de
Despesas comercialização. Ela é representada pelo consumo de bens e serviços Dutra (2003)
em decorrência direta e indireta da obtenção de receitas
“são bens ou produtos consumidos de forma anormal e involuntária.
Berti (2002, p.
Perdas São gastos não intencionais decorrentes de fatores externos, fortuitos
28)
ou da atividade produtiva normal da empresa”.
Fonte: Elaborado pelos autores (2022)

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS E MÉTODOS DE CUSTEIOS


Os custos, recebem classificação para que atendam a finalidade e se tornem passíveis
de análise. Existem duas classificações básicas a eles aplicadas respectivamente quanto à
apuração, que são diretas ou indiretas, e quanto ao volume produzido, que são variáveis ou
fixos (MEGLIORINI, 2007).

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


59
CAPÍTULO 4

Conforme os conceitos da literatura de custos, mostrados na tabela 02. Os custos


diretos são aqueles que não precisam de rateio para alocação, pois estes são mensuráveis de
forma objetiva, ou seja, é atribuído direto a um determinado produto ou departamento. Já os
custos indiretos, são os que se utilizam de rateios para sua locação do seu valor aos produtos
ou serviços. E os custos fixos, são aqueles que não incorreram em alterações em função do
volume determinado a produzir. Os custos variáveis ficam definidos como aqueles que sofrerão
mudanças em relação ao volume que a empresa produzir.

Tabela 02: Classificação dos custos


Conceito Autor
“os custos diretos são aqueles que podemos
Bomfim e
Custos identificar como pertencendo a este ou aquele
Quanto a Apuração Passarelli (2006,
Diretos produto, pois há como mensurar quanto pertence a
p. 53),
cada um, de forma objetiva direta”.
Os custos indiretos são aqueles que não estão
apropriados diretamente a um determinado produto
Custos ou serviço, ocorrem no processo de produção de
Padoveze (2010).
Indiretos vários produtos ou na realização de vários serviços
devido a isso é necessário a utilização de rateios
para fazer a distribuição para cada produto
“Alguns gastos são independentes da quantidade
Quanto a Quantidade Custos produzida ou vendida. Um aumento ou redução Santos (2001, p.
Produzida Fixos nessa quantidade deixa inalterados esses gastos, 165)
que por este motivo são denominados custos fixos”

“os custos variáveis são aqueles cujos valores


Custos Viceconti e Neves
se alteram em função do volume de produção da
Variáveis (2010, p. 18),
empresa”.
Fonte: Elaborado pelos autores (2022)

Em relação aos métodos de custeios, Martins e Rocha (2010, p. 44), relata que “a
expressão método de custeio diz respeito à composição do valor de custo de um evento,
atividade, produto, atributo, etc.; ou seja, de uma entidade objeto de custeio de interesse do
gestor”.
Percebe-se, que conhecer detalhadamente o custo apropriado a cada produto ou serviço
é fundamental, a partir disso o gestor ficará possibilitado a decidir quais as melhores alternativas
naquele momento para continuidade das operações da organização.
Dentre os métodos de custeio existem várias classificações, o custeio por absorção,
custeio variável e custeio por atividades ou Activity Based Costing (ABC), são as principais
classificações, os demais são diferenciados de acordo com a natureza dos custos (PADOVEZE,
2010).
Desse modo, os gestores utilizam-se dessa ferramenta a fim de encontrar uma
informação mais enxuta, de modo a facilitar sua interpretação dos dados e possibilite quanto às

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


60
CAPÍTULO 4

medidas que a organização venha a tomar. A principal finalidade desse custeio, é possibilitar os
gestores a fazer uma análise depois de interpretados os dados e a partir dela ficar possibilitado
a tomar decisões sobre o produto ou serviço. A tabela 03, traz os conceitos desses métodos.

Tabela 03: Métodos de custeios


Custeio Conceito Autor
Nesse método os custos incorridos são todos apropriados aos produtos ou
Custeio Por serviços, independentemente da sua classificação em direto ou indireto e Crepaldi
Absorção fixo ou variável, considerando todas as características da Contabilidade (2008)
de Custos
Nesse tipo de método de custeio, somente os custos variáveis são
usados na produção de um produto ou serviço. É um tipo de sistema
que considera como custo de produção do período apenas os custos
Crepaldi
Custeio Variável variáveis incorridos. Os custos fixos, não são considerados como custos
(2009)
de produção, são considerados como despesas pelo fato de existirem
mesmo que não haja produção, sendo encerrados diretamente contra o
resultado do período
Nesse sistema os custos são alocados primeiramente as atividades
Custeio Baseado envolvidas na produção de um determinado produto ou na realização
em Atividades - de algum serviço. Para alocar os custos as suas respectivas atividades Martins e
Activity Based utilizam-se de uma metodologia designada direcionadores de custos. Os Rocha (2010)
Costing (ABC) direcionadores têm como função explicar o comportamento dos custos
que serão agregados às atividades
Fonte: Elaborado pelos autores (2022)

2.3 ANÁLISE DE CUSTO-VOLUME-LUCRO


A análise do custo-volume-lucro, é considerada na contabilidade de custo como uma
ferramenta gerencial que serve de auxílio aos gestores, pois é através dela que as organizações
podem relacionar os custos e volumes de produção com a margem de lucro desejado (STARK,
2007).
Diante do contexto, fica notório a essencialidade da análise de custo-volume-lucro nas
organizações, é a partir dela que os gestores encontram informações viáveis para suas tomadas
de decisões; nessa análise, os gestores se possibilitam a realizar uma comparação entre o preço
de venda de determinado produto, o volume produzido e o lucro que obterá nele.
Neste contexto, a margem de contribuição é o restante de dinheiro que sobra da venda
depois de retirar os custos e despesas variáveis associados ao produto comercializado. Tal
valor, contribuirá para pagar os custos fixos da empresa e obter lucro (WERNKE, 2004).
Para Martins (2010, p.179), “a margem de contribuição é a diferença entre o preço de
venda e o custo variável de cada produto”. Portanto, pode-se observar a equação 1, pela qual se
pode calcular a margem de contribuição;
MC = preçodevenda – Custosvariáveis – despesasvariáveis (1)

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


61
CAPÍTULO 4

Neste sentido, destaca-se que o cálculo da margem de contribuição é realizado através


da subtração dos custos e despesas variáveis do preço de venda. Consiste em uma importante
ferramenta de gestão, propiciando rapidamente o estudo e identificação das variáveis que estão
afetando o lucro de um determinado produto.
Já o ponto, é definido como o ponto em que o total da margem de contribuição da
quantidade vendida/produzida se iguala aos custos e despesas fixas. Assim, o ponto de equilíbrio
calcula os parâmetros que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para
não ter prejuízo, mesmo que ao custo de um lucro zero. O ponto de equilíbrio, é também
denominado de ponto de ruptura (break-even point) (PADOVEZE, 2010).
O ponto de equilíbrio é representado graficamente no gráfico 1.

Gráfico 1: Gráfico do Ponto de Equilíbrio

Fonte: Martins (2010, p. 258)

A partir do gráfico, observa-se que o ponto de equilíbrio acontece no ponto onde a


linha dos custos e despesas totais se encontram com a linha das receitas totais, não ocasionando
nem lucro, nem prejuízo. Antes desse ponto, tem-se a área de prejuízos porque a linha dos
custos e despesas totais está acima da linha da receita total e depois do encontro dessas linhas
chega se a área de lucro.
Para Martins (2010), o ponto de equilíbrio pode ser calculado através da equação 2:

Sendo assim, o ponto de equilíbrio pode ser considerado um instrumento, que


compreende a uma situação pela qual determinado montante de receita é suficiente para
cobertura de todos os custos e despesas variáveis ou fixas.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


62
CAPÍTULO 4

A presente pesquisa, tem como objeto de estudo a indústrias de temperos da cidade


de Pau dos Ferros pertencente ao Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Com o intuito
de observar se a mesma faz uso da contabilidade de custos como ferramenta gerencial. E
caracteriza-se através de seus procedimentos metodológicos como uma pesquisa bibliográfica,
pesquisa de campo (ocorreu por meio da observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente) e um estudo de caso (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Neste sentido, a pesquisa se classifica como qualitativa, porque envolve o estudo do
uso e a coleta de uma variedade de materiais empíricos (estudo de casos; experiência pessoal;
introspecção; história de vida; entrevista; artefatos; textos e produções culturais; textos
observacionais/registros de campo; históricos interativos e visuais) que descrevem momentos
significativos rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos (GUERRA, 2014).
Quanto aos objetivos do trabalho, a pesquisa se caracteriza como descritiva, pois tem
como propósito descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta
de dados obtidas por meio de questionário (PRODANOV; FREITAS, 2013).
A coleta dos dados foi por meio de aplicação de um questionário com 12 perguntas
fechadas e abertas à agente financeira da indústria de temperos da cidade de Pau dos Ferros/
RN, assim como pesquisas bibliográficas sobre o assunto em livros e sites da internet. Os
dados foram analisados com base nas respostas da entrevistada comparando com a revisão
de literatura sobre o assunto. A tabulação foi feita por meio do Atlas.ti 9, a codificação foi
realizada conforme descrição da tabela 04.

Tabela 04: Constructo da Pesquisa


Categoria Pergunta
Uso da contabilidade de custos A empresa utiliza a contabilidade de custos? Por quê?
Você acha importante a utilização da contabilidade de custos?
Importância da Contabilidade
de custos Quais os benefícios o uso da contabilidade de custos pode trazer para a
empresa?
Há na empresa separação entre os custos diretos e indiretos
A empresa utiliza critério de rateio para os custos indiretos? Quais? se
não, por quê?
A empresa calcula a margem de contribuição dos seus produtos?
Demonstra conhecimento sobre
a contabilidade de custos Você acha importante fazer o cálculo da margem de contribuição dos
produtos? por quê?
A empresa calcula o valor ou quantidade do ponto de equilíbrio?
Você acha importante para a empresa calcular o valor ou quantidade do
ponto de equilíbrio? por quê?
Você acha que a contabilidade de custos geral alguma informação útil
Ferramenta gerencial
para tomada de decisão?
Fonte: Dados da pesquisa (2022)

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


63
CAPÍTULO 4

Foi realizada uma a análise de conteúdo, que em termos gerais, relaciona estruturas
semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula
a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que determinam suas características
(variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e processo de produção de mensagem)
(OLIVEIRA, 2008).

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


4.1 USO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS
A gerente financeira quando questionada se a empresa faz uso da contabilidade de
custos respondeu que sim, conforme figura 01.

Figura 01: Uso da contabilidade de custos

Fonte: dados da pesquisa (2022)

Essa informação corrobora com a literatura que afirma que a contabilidade de custos
vem se tornando uma das áreas de grande importância nas empresas, de acordo com Crepaldi
(2008, p. 6);

A contabilidade de custos, cuja função inicial era fornecer elementos para avaliação
de estoques e apuração do resultado, passou, nas últimas décadas, a prestar duas
funções muito importantes na contabilidade gerencial: a utilização dos dados de
custos para auxílio ao controle e para tomada de decisões. É hoje, talvez, a área mais
valorizada no Brasil e no mundo. Tornou-se muito importante com a redução da taxa
de inflação e a abertura econômica aos produtos estrangeiros. Fornece importantes
informações na formação de preços das empresas.

Diante disso, percebe-se o quanto é importante uma empresa utilizar-se da contabilidade


de custos, tendo em vista que ela fornece informações relevantes para uma boa gestão da
empresa.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


64
CAPÍTULO 4

4.2 IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS


A respondente demonstrou que considera a contabilidade de custos importante
ao afirmar que ela auxilia na tomada de decisões a curto, médio e longo prazo e diminui a
possibilidade de erros, conforme mostrado na figura 02.

Figura 02: Importância da contabilidade de custos

Fonte: dados da pesquisa (2022)

Corroborando com a ideia, Martins (2012), relata que a contabilidade de custos atua
na gestão como uma ferramenta de auxílio na tomada de decisões das organizações, seu
papel reveste-se de suma importância, pois consiste na alimentação de informações sobre
valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e longo prazo sobre medidas
de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou
produção, etc.

4.3 DEMONSTRA CONHECIMENTO SOBRE A CONTABILIDADE DE CUSTOS


A gerente financeira demonstrou conhecer a Terminologia básica da contabilidade de
custos, e a importância de se fazer análise de custo volume e lucro para a tomada de decisão
e relatou que a empresa faz uso dessas informações para o processo de decisões conforme
mostradas na figura 03.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


65
CAPÍTULO 4

Figura 03: Demonstra conhecimento sobre Contabilidade de Custos

Fonte: dados da pesquisa (2022)

Neste sentido, podemos destacar que a contabilidade de custos utiliza dessas


terminologias diferenciando os gastos com a finalidade de melhorar o entendimento e
possibilitar a interpretação dos usuários das informações extraídas, por isso há a necessidade
dessa diferenciação.

4.4 FERRAMENTA GERENCIAL


Quando questionada se a Contabilidade de custo pode ser considerada uma ferramenta
gerencial, a respondente relatou que sim, já que ela gera suporte para a tomada de decisões em
todos os setores da empresa conforme a figura 04.

Figura 04: Ferramenta Gerencial

Fonte: dados da pesquisa (2022)

Corroborando com a ideia, podemos destacar por exemplo a análise do custo-volume-


lucro que é considerada na contabilidade de custo como uma ferramenta gerencial que serve
de auxílio aos gestores, pois é através dela que as organizações podem relacionar os custos e
volumes de produção com a margem de lucro desejado (STARK, 2007). Por isso, é importante a
análise de custo-volume-lucro nas organizações, pois, é a partir dela que os gestores encontram

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


66
CAPÍTULO 4

informações viáveis para suas tomadas de decisões; nessa análise os gestores se possibilitam a
realizar uma comparação entre o preço de venda de determinado produto, o volume produzido
e o lucro que obterá nele.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de boas ferramentas e ter um bom planejamento, são essenciais para a tomada
de decisões em qualquer empresa. Porém, não há um padrão de informações que supra a
necessidade de todos os usuários de uma organização, visto que cada uma tem sua necessidade
informacional. Pode-se dizer, que o sistema de informação é completo quando se consegue
atingir todas as áreas de uma empresa, fornecendo informações relevantes para uma boa gestão.
A pesquisa em questão, teve como objetivo investigar o uso da contabilidade de custos
como ferramenta gerencial na indústria de temperos da cidade de Pau dos Ferros/RN. Observa-
se, que a indústria estudada usa a contabilidade de custos em sua gestão corroborando com
a literatura onde relata que a contabilidade de custos é uma área de grande importância para
continuidade da empresa, pois essa tem por finalidade fornecer informações para dar auxílio
aos gestores, na tomada de decisão é fundamental utilizar-se da mesma. Com isso, a hipótese
levantada no início da pesquisa não foi aceita, pois se acreditava que a Indústria pesquisada
não utilizava a contabilidade de custos como ferramenta gerencial e confirmou que a empresa
estudada não apenas utiliza , como também, destacou a sua importância para o processo
decisória da empresa.
Entretanto, a presente pesquisa não é dada por encerrada, pois a averiguação foi realizada
com uma indústria da cidade de Pau dos Ferros do Estado do Rio grande do Norte, podendo
haver diferentes resultados para a mesma temática em outras Indústrias. Como sugestões para
futuras pesquisas, recomenda-se a aplicação do questionário com mais empresas para poder
comparar os resultados.

REFERÊNCIAS
BERTI, Anélio. Custos: uma estratégia de gestão. São Paulo: Ícone, 2002.

BEUREN, Ilse Maria. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e


prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

BOMFIM, Eunir de Amorim; PASSARELLI, João. Custos e Formação de Preços. 5. ed. São
Paulo: Thomson, 2006.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


67
CAPÍTULO 4

BORNIA, Antonio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas.


Porto Alegre: Bookman,3 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

COLLIS, J.; HUSSEY, R. Pesquisa em Administração: um guia prático para alunos de


graduação e pós-graduação. 2ª ed. Porta Alegre: Bookman, 2005.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 4. Ed. São Paulo:
Atlas, 2008.

DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 5ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2003.

FARIA, A. C. de; COSTA, M. de F. G. da. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2005.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GRYTZ, R.; KROHN-GRIMBERGHE, A. Business intelligence & analytics cost accounting:


Review and synthesis of the literature. In: Proceedings of the 22nd Pacific Asia Conference
on Information Systems - Opportunities and Challenges for the Digitized Society:
Are We Ready?, PACIS 2018, June, 2018. Disponivel em: https://www.researchgate.net/
publication/326065546_Business_Intelligence_Analytics_Cost_Accounting_Review_and_
Synthesis_of_the_Literature Acesso em: 08 ago. 2022.

GUERRA, E. L. DE À. Manual de Pesquisa qualitativa. Belo Horizonte: Ănima Educação,


2014.

LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de Contabilidade de Custos. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MARTINS, Eliseu; ROCHA, Welington. Métodos de custeio comparados. São Paulo: Atlas,
2010.

MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. 2ª ed. – São Paulo: Pearson - Education,
2007.

OLIVEIRA, D. C. DE. Análise de conteúdo temático-categorial: uma proposta de sistematização.


Rev. Enfermagem UERJ, v. 16, n. 4, p. 569–576, 2008.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. DE. Metodologia do trabalho científico: : métodos e


técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média


empresa. São Paulo: Atlas, 2001.

STARK, José Antônio. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


68
CAPÍTULO 4

TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. Petrópolis:


Vozes, 2005.

VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez; NEVES, Silvério. Contabilidade de custos: um


enfoque direto e objetivo. 9. ed. São Paulo: Frase Editora, 2010.

WARREN, Carl. S.; REEVE, James. M. FESS, Philip. E. Contabilidade gerencial. 6. ed. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

WERNKE, Rodney. Gestão de custos: Uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2004.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


69
CAPÍTULO 5
GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO: Análise das empresas
listadas no ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial)

GENERATION AND DISTRIBUTION OF VALUE ADDED: Analysis of


companies listed on ISE (Corporate Sustainability Index)

Angelina Rodrigues da Silva


Email: angelrodrigues015@gmail.com
Dr. Alexsandro Gonçalves da Silva Prado
Doutor em Economia (UFPB)
Email: alexsandro.prado@ufersa.edu.br
Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais
Mestre em Contabilidade (UERN)
Email: auxiliadora.o.morais@gmail.com
Esp. Lyana Glecia Gurgel Melo
especialização em MBA em controladoria financeira
Email: Lyana.gurgel@acerttacontabilidade.com.br

RESUMO
No âmbito empresarial, a sustentabilidade tem sido incrementada de forma ampla. Possibilitando-
se um equilíbrio nas finanças, além da preservação ao meio em que se está inserido. Portanto,
a pesquisa tem por objetivo averiguar se a geração e distribuição do valor adicionado das
empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) são comparáveis às demais
empresas listadas na B3. Quanto aos procedimentos metodológicos, trata-se de um estudo
descritivo, documental e quantitativo. Os dados foram coletados a partir das demonstrações
financeiras divulgadas pelas empresas no site da BM & FBOVESPA. Para análise dos dados
aplicou-se o teste de correlação. Os resultados mostraram que a média em relação à análise
de geração de riqueza das empresas que compõem o ISE foram superiores que às demais. Os
testes estatísticos Shapiro-wilk e Wilcoxon demonstram, ao nível de significância de 5% que as
empresas pertencentes ao ISE e as não pertencentes apresentam diferenças estatísticas.

Palavras-chave: Sustentabilidade Empresarial; Geração de valor; Distribuição de valor.

ABSTRACT
In the business sphere, sustainability has been broadly increased. Enabling a balance in finances,
and in addition to preserving the environment in which it is inserted. Therefore, the research

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


70
CAPÍTULO 5

aims to determine whether the generation and distribution of added value of companies listed
on the Corporate Sustainability Index (ISE) are comparable to other companies listed on B3.
As for the methodological procedures, this is a descriptive, documentary and quantitative
study. Data were collected from the financial statements published by the companies on the
BM&FBOVESPA website. For data analysis, the correlation test was applied. The results
showed that the average in relation to the wealth generation analysis of the companies that
make up the ISE were higher than the others. The Shapiro-wilk and Wilcoxon statistical tests
demonstrate, at the level of insignificance of 5%, that companies belonging to the ISE and
those not belonging to the ISE show statistical differences.

Keywords: Corporate Sustainability; Value Generation; Value distribution.

1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, exigiu-se das empresas a adoção de políticas de gestão associadas a
ecoeficiência, empenhando-se para atender aos requisitos legais aplicáveis, voltados a avaliar
sobre seus quesitos de qualidade, meio ambiente, saúde e responsabilidade social. Assim,
mediante a procura dos stakeholders por um desenvolvimento econômico, social e ambiental,
conhecido ainda como três pilares da sustentabilidade, tornou-se mais evidente o interesse das
empresas por tais mudanças.
Os três pilares de sustentabilidade, também conhecidos como o triple bottom line,
vem sendo amplamente debatidos no âmbito acadêmico e empresarial para fundamentar as
condutas, os projetos e os investimentos ambientais, sociais e econômicos. De fato, para uma
entidade se portar de forma sustentável, é necessário ser socialmente justa, ambientalmente
responsável e financeiramente viável (JOHN ELKINGTON, 1994).
No âmbito empresarial, a sustentabilidade tem sido incrementada de forma ampla,
sendo vista com inúmeras oportunidades. Possibilitando-se um equilíbrio nas finanças, e
além da preservação ao meio em que se está inserido, estimula práticas sociais propícias ao
desenvolvimento da sociedade, no entanto, garante a sobrevivência da organização, e o seu
crescimento. Para Hart & Milstein (2004), sustentabilidade empresarial não é inconciliável com
crescimento econômico; de outro modo, é uma indispensável fonte de vantagem competitiva e
de geração de valor para acionistas e partes interessadas no longo prazo.
Para Donaire (1994), as empresas buscaram se empenhar com a questão ambiental e
procuraram elaborar ações a fim de atender a essa nova crescente demanda de seu ambiente
externo. Dessa forma, o êxito das empresas, portanto, não está associado somente à sua
capacidade de produção e à participação no mercado, mas também a sua preocupação com o
meio que se está inserido, por via de práticas ambientais.
No mercado monetário, os investidores reconhecem empresas de caráter, sobretudo
responsáveis, sustentáveis e rentáveis para investir seus recursos. Os tipos de investimentos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


71
CAPÍTULO 5

chamados “investimentos socialmente responsáveis” (SRI), são estratégias que pelo


reconhecimento dos critérios de desenvolvimento ambiental, social e de governança corporativa
(ESG - Environmental, Social and Governance, em inglês) consideram que empresas sustentáveis
concebem valor para o acionista a longo prazo. Essas possibilidades de investimentos
sustentáveis, inclusive podem ser ainda, conhecidos como fundos verdes. Assim, presume-se
que empresas que apresentam atuações de responsabilidade social e sustentável agregam valor
aos stakeholders, pois se mostram mais preparadas à mercê de riscos econômicos, sociais e
ambientais (BM & FBOVESPA, 2020).
Com início em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), é um mecanismo
de análise comparativa do desempenho das empresas listadas na B3 sob olhar da sustentabilidade
corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança
corporativa (BM&FBOVESPA,2020).
Além disso, dentre os papéis da contabilidade, enfatizando o levantamento
informacional à sociedade por meio da elaboração das demonstrações contábeis, aqui destaca-
se a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Disposto aqui, como um mecanismo de
pesquisa por ser um importante meio de avaliar as atuações da entidade frente a sociedade que
a abriga. Assim, é evidenciado no Pronunciamento Técnico CPC 09, onde se encontram as
normas referentes a sua elaboração e apresentação.
Desse modo, a análise sobre as empresas em relação aos aspectos da sustentabilidade
tendo por método a DVA, acaba sendo objetivo de discussão em diversas pesquisas acadêmicas,
com o propósito, por exemplo, de identificar e retratar os clusters formados por empresas que
apresentam indicadores de geração e distribuição de riquezas similares (NUNES; MIRANDA,
2016); analisar a distribuição de riqueza gerada por empresas avaliadas positivamente por
seus funcionários (GOULART et al., 2018), explorar as DVA’s publicadas pelas companhias
de capital aberto componentes da carteira do ISE (SOUSA; FARIA, 2018); como também,
acerca da avaliação na criação de riqueza pelas cooperativas agropecuárias brasileiras e a sua
distribuição aos agentes econômicos que ajudaram a criá-la, comparando o processo ao das
empresas de finalidade lucrativa que atuam no agronegócio (LONDERO et al., 2019).
Ante o exposto, a pesquisa se apresenta com a seguinte problemática: A geração
e distribuição do valor adicionado das empresas listadas no Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE), são comparáveis às demais empresas listadas na B3? Desse modo, utiliza-
se como instrumento para análise, a DVA. Complementando-a, Cunha (2002), afirma que essa
demonstração se caracteriza como um mecanismo essencial para planejamento e gerenciamento,
que auxilia na tomada de decisões.
O presente estudo, tem por objetivo averiguar se a geração e distribuição do valor
adicionado das empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) são
comparáveis às demais empresas listadas na B3. Para tanto, foram determinados os seguintes

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


72
CAPÍTULO 5

objetivos específicos: i) Analisar as demonstrações de valor adicionado das empresas listadas


no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); ii) Avaliar e comparar o desempenho de forma
geral das empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) com as demais
empresas listadas na B3.; e iii) identificar em quais atividades o valor adicionado se designou
em função da sustentabilidade empresarial.
A pesquisa, justifica-se por sua relevância em contribuir empiricamente com achados,
atualizando a discussão acadêmica acerca da temática, que denota a influência do ISE na
performance de crescimento das entidades no mercado. Com efeito, é evidente que investir na
sustentabilidade sob política dos critérios ESG, consequentemente, estimula a competitividade,
sendo socialmente positivo, reduz assim os riscos e aumenta sua lucratividade. Desse modo,
além de fornecerem informações sobre como as companhias regem seus negócios, isto gera mais
credibilidade para tomada de decisão e a garantia de que o investimento feito será sustentável
no longo prazo.
Dessa forma, essa pesquisa apresenta, além desta introdução, um referencial teórico;
em seguida, a metodologia empregada, os resultados e as considerações finais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)
O processo de evidenciação da geração e distribuição de riqueza, são apresentadas na
Demonstração do Valor Adicionado (DVA), que até 2007 eram publicadas de forma voluntária
por algumas entidades. Todavia, com a criação e aprovação da Lei 11.638/2007, tornou-se
obrigatório a divulgação da DVA para as companhias abertas do Brasil. Desse modo, conforme
a lei, tinha-se que exibir o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os
elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores,
acionistas, governo e outros, bem como, a parcela da riqueza não distribuída. Adicionalmente,
De Luca (1998, p. 28), antes disso, já afirmava que a DVA é um conjunto de informações de
natureza econômica. Assim, apresenta-se por meio de um relatório contábil que visa demonstrar
o valor da riqueza gerada pela empresa e a sua distribuição para os recursos que contribuíram
para sua geração.
De acordo com Santos (2007), a DVA é como um meio competente, criado pela
contabilidade, para ser um auxílio em medir e demonstrar a capacidade de geração e distribuição
da riqueza de uma entidade. Zanluca (2018), complementa, que a DVA é uma importante fonte
de informações já que traz dados sobre a geração de receita de determinado período, como por
exemplo, que tipos de receitas a entidade auferiu e o que ela desembolsou em prol das receitas,
como os insumos adquiridos.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


73
CAPÍTULO 5

Logo, houve a emissão do Pronunciamento Técnico – CPC 09 em 2008, pelo comitê


de Pronunciamentos Contábeis, onde foi emitida devido à necessidade de padronização na
elaboração e divulgação das demonstrações pelas companhias. Nesse sentido, o CPC 09
apresenta que a Demonstração do Valor Adicionado em sua primeira parte deve apresentar a
riqueza criada pela entidade e na segunda parte como essa riqueza foi distribuída. Ademais, a
distribuição da riqueza criada deve ser detalhada, minimamente, da seguinte forma: (a) pessoal
e encargos; (b) impostos, taxas e contribuições; (c) juros e aluguéis; (d) juros sobre o capital
próprio (JCP) e dividendos; (e) lucros retidos/prejuízos do exercício. Iudícibus, Gelbcke e
Martins (2013), acrescentam que a DVA tem por objetivo apresentar o valor da riqueza gerada
pela entidade como resultado do esforço coletivo e sua distribuição entre os componentes que
contribuíram para a sua criação
De Lucca (1998), acrescenta que essa demonstração surgiu como uma ferramenta
para avaliar a capacidade das empresas pertencentes à sociedade, e que abrange uma gama de
seus segmentos, tais como os stakeholders e shareholders. De fato, confirma Cunha (2002),
explanando que a DVA deve ser compreendida como um meio de contribuir na mensuração da
capacidade da geração e distribuição de riqueza nas entidades.
Nesse sentido, fazendo um comparativo entre a DVA e a Demonstração do Resultado
do exercício (DRE), nessa última, a evidenciação baseia-se apenas na parcela da riqueza criada
destinada aos sócios, representada pelo lucro líquido. Enquanto na DVA, além de também
apresentar essa parcela, a ideia se estende ainda aos credores, empregados e ao governo (Santos
& Hashimoto, 2003; Santos, 2005). Dessa forma, a DVA traz uma informação complementar
em relação ao lucro, mostrando a alocação da riqueza criada pela empresa entre os seus diversos
stakeholders.
Deve-se ressaltar ainda, que a importância da elaboração e divulgação dessa
demonstração, que além de ser obrigatória no Brasil, serve como instrumento de informações
relevantes e como uma ferramenta fundamental e eficiente para fins da tomada de decisões por
parte dos usuários (TINOCO et al., 2011).
Marion (2010), destaca que a riqueza gerada pelas empresas pode influenciar diretamente
a formação do Produto Interno Bruto (PIB), e por isso é uma demonstração relevante em países
emergentes.
De acordo com Konraht, Schäfer e Ferreira (2014), a DVA proporcionou grandes
avanços na divulgação de informações de caráter social, ao estabelecer para as Sociedades
Anônimas de Capital Aberto a obrigação de elaborar e divulgar esta demonstração.
Iudícibus et al. (2010), aborda que as informações da DVA são essenciais para: analisar
a capacidade de geração de valor e a forma de distribuição de riquezas de cada empresa; permitir
a análise do desempenho econômico da empresa; permitir auxiliar no cálculo do PIB e de
indicadores sociais; fornece informações sobre os benefícios (remunerações) obtidos por cada

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


74
CAPÍTULO 5

um dos fatores de produção (trabalhadores e financiadores – acionistas e credores) e governo;


auxiliar a empresa a informar sua contribuição na formação da riqueza à região, Estado, país,
etc. em que se encontra instalada.
Santos (2005), esclarece que informações úteis e necessárias para análises sobre
investimentos, concessões de empréstimos, avaliação de subsídios ou definições para a
instalação de projetos que possam ter grande repercussão social estão disponíveis de forma
ordenada na DVA.
No Brasil, conforme Santos (2005), os primeiros estudos sobre DVA foram
desenvolvidos no Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), pelo professor
Eliseu Martins.

2.2 DISCLOSURE VOLUNTÁRIO AMBIENTAL


Berthelot, Cormier e Magnan (2003), definem disclosure ambiental como um conjunto
de informações que apresentam o passado, presente e futuro do desempenho e da gestão
ambiental da organização, assim como, as implicações financeiras das ações e das decisões
voltadas ao meio.
Logo, Braga e Salotti (2007), relatam o disclosure ambiental como um processo interno
e questionam que a evidenciação voluntária é baseada em interesses, aos quais, só assim a
empresa evidenciaria esse tipo de informação. Descrevendo a importância das informações
ambientais, Nossa (2002), afirma que a informação é capaz de amenizar a incerteza sobre
determinado assunto, e para que tenha qualidade, deve conter características qualitativas e levar
benefícios superiores ao seu custo. É necessário entender que o que impulsiona os gestores a
evidenciarem determinada informação é o intuito de aumentar sua credibilidade e seu valor no
mercado (DYE, 1985).
A partir dos anos 50, nos Estados Unidos e na Europa, surgiram as primeiras demandas
quanto à inserção das empresas em ter uma postura socialmente responsável. Além disso, a partir
dessa década houve um crescimento dos investimentos empresariais nas questões ambientais,
fato que alavancou a prática do disclosure ambiental voluntário nos relatórios financeiros, nas
homepages e também pela divulgação de relatórios ambientais específicos como o do Global
Reporting Initiative (GRI) e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE)
(NOSSA 2002).
Assim, as pesquisas no assunto disclosure voluntário surgiram na década de 1980, com
os trabalhos seminais de Verrecchia (1983) e Dye (1985). No entanto, as pesquisas começaram
a se difundir com a divulgação da pesquisa de Verrecchia (2001), que detalhou os modelos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


75
CAPÍTULO 5

matemáticos dessa temática. Segundo Salotti e Yamamoto (2005), existem custos relacionados
à evidenciação, logo, o objetivo do gestor é alavancar os resultados financeiros da empresa;
desse modo, o gestor divulga apenas a informação que beneficia o resultado da companhia.
Por esse motivo, Verrecchia (2001) e Dye (2001), encontraram evidências de que as empresas
divulgam mais informações favoráveis do que negativas.
Por conseguinte, no conjunto de informações a serem divulgadas pelas organizações,
estão inseridas as compulsórias, exigidas por leis e regulamentos, e as voluntárias, baseadas
em diretrizes e recomendações. No Brasil, como não há obrigatoriedade da evidenciação
ambiental, o disclosure é considerado voluntário. Dessa forma, apresentando informações
discricionárias de natureza qualitativa e/ou quantitativa em relatórios elaborados para tais fins,
visando aumentar sua transparência e reduzir a assimetria informacional. Conforme Goulart
(2003), a “transparência” é reconhecida quando a empresa divulga tanto informações positivas,
como também as negativas, pois desta forma estaria contribuindo no sentido de informar com
fidedignidade sua situação.
Considerando a relevância das informações ambientais divulgadas, Berthelot, Cormier
e Magnan (2003), afirmam, que os investidores consideram o disclosure voluntário e que as
demonstrações financeiras não são as únicas fontes de dados utilizadas no processo decisório.
Segundo Lima et al. (2006), a busca dos investidores por maior disclosure, accountability e
comportamento ético por parte das empresas, tem se tornado constante.
Esse avanço da contabilidade ambiental, alavancou o interesse dos pesquisadores
no conhecimento dos fatores que impulsionam as empresas a investirem na melhoria da sua
relação com o meio ambiente e posteriormente, compilar e divulgar essas informações aos seus
diversos usuários. Segundo Gamerschlag, Moller, Verbeeten (2010), a maioria das empresas
divulgam informações ambientais porque é do interesse econômico da companhia, pois ao
aderir à prática do disclosure ambiental voluntário prevê que os benefícios esperados sejam
maiores que os custos da divulgação.
Paralelamente a esse contexto, a evidenciação de informações ambientais de maneira
voluntária para as organizações que já se enquadram como socialmente responsáveis se torna
um fator diferencial positivo de sua transparência, sob olhar dos stakeholders. Com efeito,
se mostram mais preparadas para enfrentar os riscos econômicos, sociais e ambientais, que
consequentemente, geram valor para o acionista no longo prazo (BOVESPA, 2020).
Corroborando com essa tendência, foi criado pela Bolsa de Valores de São Paulo
juntamente com várias instituições, um índice referencial para os investimentos socialmente
responsáveis, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (BOVESPA, 2020).
A Bovespa (2020), considera Índice de Sustentabilidade Empresarial um mecanismo
que mede o retorno total de uma carteira teórica. Desse modo, apoia os investidores em
suas tomadas de decisões, e assim, induz as empresas a adotarem as melhores práticas de

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


76
CAPÍTULO 5

sustentabilidade, que por sua vez, contribuem para a continuidade dos negócios. Nesse sentido,
são selecionadas as ações mais negociadas na Bovespa com relação à liquidez, sendo ponderadas
na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. O conselho deliberativo,
presidido pela Bovespa, é quem seleciona as empresas que apresentarem melhor classificação.
Está incluso na avaliação, elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros, acrescidos
mais três, dos 5 grupos de indicadores: a) critérios gerais; b) critérios de natureza do produto;
e c) critérios de governança corporativa. (BOVESPA, 2020).

2.3 ESTUDOS CORRELATOS AO TEMA


Foram identificados diversos estudos empíricos que relacionam com a temática
trabalhada no presente estudo. Ademais, Sousa e Faria (2019), buscaram analisar as DVA’s
publicadas pelas companhias de capital aberto componentes da carteira 2018 do Índice de
Sustentabilidade Empresarial da B3, no período de análise entre 2014 e 2018. Para isso, foram
estudadas e analisadas 60 empresas que possuem capital aberto na bolsa de valores B3, sendo
30 empresas pertencentes a carteira ISE e outras 30 empresas não pertencentes a essa carteira,
visando a comparação dessas empresas frente ao seu desempenho nos indicadores de geração
e distribuição de riqueza do valor adicionado. Conclui-se, que o fato das empresas da amostra
pertencerem ou não ao Índice de Sustentabilidade Empresarial no período analisado, não é
refletido significativamente na DVA dessas empresas, considerando os indicadores utilizados
na pesquisa.
Freitas et al. (2019), procuram identificar se existe relação entre a Sustentabilidade
empresarial e o Tax Avoidance das empresas sob a ótica da DVA. A partir de uma amostra
composta por 266 observações de 93 companhias que integram o IbrX 100 da B3, referentes ao
período de 2015 a 2017. Os resultados indicaram que, para a amostra analisada, o coeficiente
da variável ISE foi considerado estatisticamente significativo e negativo, logo, empresas
que integram o índice de sustentabilidade, tendem a pagar mais tributos em relação ao valor
adicionado total a distribuir. Todavia, empresas mais alavancadas, com maior índice de
imobilização de seus ativos, e com maior taxa de distribuição da riqueza para seus empregados,
tendem a pagar menos tributos proporcionalmente à riqueza disponível à distribuição.
Miecoanski e Palavecini (2017), verificam a rentabilidade desses bancos tidos como
sustentáveis, e se a participação destes no Índice de Sustentabilidade Empresarial gera algum
retorno financeiro superior àqueles que não fazem parte do índice. É realizado com o sub
setor bancário que representa 15% das empresas do índice, com isso, a amostra deste estudo
foi composta por 6 bancos participantes do ISE e 24 bancos não participantes. Os resultados
obtidos com o Teste não paramétrico de Mann-Whitney, indicaram que os bancos que não
participam do ISE têm uma rentabilidade igual ou superior àqueles que participam do índice,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


77
CAPÍTULO 5

indicando que participar do índice não afeta o desempenho econômico desses bancos.
Castro (2017), procura avaliar o desempenho financeiro de empresas participantes
do ISE e das demais que não compõem o índice da BM & FBovespa. A amostra consistiu
de 56 companhias brasileiras, sendo 28 empresas não financeiras participantes do ISE e 28
empresas atuantes no mesmo setor econômico, porém, não atuantes do ISE. Os resultados do
trabalho, revelaram não haver diferença significativa do desempenho financeiro das empresas.
Dessa forma, concluiu-se que não há evidências de que custos adicionais decorrentes de
ações de sustentabilidade de empresas participantes do ISE impactam negativamente em seu
desempenho financeiro.
Silva (2017), verifica a relação das empresas listadas no ISE com o percentual da
riqueza da empresa que é distribuída para a sociedade, levando em conta qual parcela dessa
riqueza permanece retida na empresa ou distribuída aos acionistas. Foram utilizados os
demonstrativos do período de 2011 a 2015, considerando a possibilidade de haver variações
entre demonstrativos de um ano para o outro. A pesquisa analisou as empresas listadas no ISE
e as empresas não listadas no ISE, para definir o comportamento das empresas pertencentes
ao índice, analisando a Demonstração do Valor. Verificou-se que, apesar de a empresa obter
reconhecimento por melhores práticas sustentáveis, estas não são as que distribuem maior
volume de riqueza à sociedade, sendo marcadas por características de maior remuneração aos
acionistas ou reinvestimento da riqueza na própria empresa.
Haller et al. (2016), busca determinar se as informações de valor agregado
relatadas são úteis para revelar a justiça distributiva das distribuições de valor entre as
partes interessadas. Analisando a qualidade da divulgação , portanto, a transparência das
divulgações corporativas sobre distribuições de valor entre as partes interessadas contribuintes.
Os resultados, mostram que as informações de valor agregado divulgadas nos relatórios de
sustentabilidade, são mais limitadas do que se esperava e argumenta-se com base em sua
relevância, que as informações de valor agregado divulgadas carecem de concisão e clareza
conceituais, verificabilidade, comparabilidade e portanto, utilidade. O valor agregado (ou EVG
& D, ou algo semelhante) deve ser um indicador exigido em todos os relatórios de RSC.
Kocmanová (2016), discorre na apresentação de um modelo de Sustentabilidade
Ambiental, Social e Valor Agregado de Governança Corporativa (SESGVA), que se baseia nos
pontos fortes do SVA original, mas supera suas fraquezas. O objetivo da pesquisa empírica, é
se concentrar em medir e gerenciar a sustentabilidade da indústria de transformação em termos
do modelo SESGVA e, com base em pesquisa e dados de 2009 a 2013, para propor um modelo
SESGVA para empresas de manufatura. O modelo SESGVA é destinado a proprietários,
investidores e outras partes interessadas para apoiar sua tomada de decisão e avaliação de
sustentabilidade.
Kassai et al. (2011), analisam a geração e distribuição de riqueza das empresas que

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


78
CAPÍTULO 5

compõem o ISE referente ao ano de 2011, comparativamente com as empresas que já fazem
parte desta carteira teórica, tendo sido excluídas por deixarem de atender a qualquer dos
critérios. A amostra foi formada por empresas de capital aberto listadas no ISE, totalizando 47
companhias de vários setores da economia que foram divididas em dois grupos: as companhias
atuais e as companhias excluídas, no período de dezembro de 2009 a novembro de 2010. Os
resultados relacionados à distribuição da riqueza gerada, certificam-se com a tendência do
comprometimento das empresas com responsabilidade social e sustentabilidade, dado que
sugerem que as mesmas investem a maior parcela da riqueza criada em prol da comunidade,
seja voluntariamente ou por meio de tributos, acreditando que o governo repassará a parcela da
arrecadação tributária em forma de benefícios à sociedade, tais como: educação e saúde, além
de incentivar práticas ambientais.
Diante das análises dos estudos, observa-se que, a inserção e os investimentos em
práticas socialmente sustentáveis proporcionam aspectos positivos, trazendo-lhes uma imagem
transparente e preocupada com o meio inserido. Assim, tendo a DVA como um suporte para
essa análise, é verificado significativamente as informações no âmbito econômico e social.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Essa pesquisa, é classificada como descritiva, pois segundo Gil (2002), seu objetivo
principal é descrever, analisar e identificar as características de uma população ou evento
estabelecendo associação entre as variáveis. Nesse sentido, são descritos e analisados os dados
informados nas Demonstrações do Valor Adicionado das companhias analisadas listadas no
índice de sustentabilidade empresarial e as demais empresas não listadas.
Quanto aos procedimentos, é do tipo documental, assim afirma Gil (2002), que esse
tipo de pesquisa se opera com dados sem tratamento analítico e que poderão ainda ser tratados
conforme o objetivo da pesquisa. De fato, Silva (2003) salienta, que a pesquisa documental se
utiliza de materiais que estão dispersos e não receberam nenhum tratamento analítico podendo
ser tratado conforme o objetivo da pesquisa.
A abordagem dessa pesquisa em sua natureza, é apoiada na perspectiva quantitativa,
pois se utiliza instrumentos tanto no recolhimento, quanto na análise dos dados, segundo
Beuren (2006). De forma que interprete os dados apresentados nas demonstrações, buscando
decompor esses demonstrativos para se obter informações mais analíticas.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


79
CAPÍTULO 5

3.1 A AMOSTRA DA PESQUISA


O estudo utiliza como amostra as 6 companhias abertas listadas na carteira de 2020
do Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE e 6 companhias não - ISE listadas na B3,
operantes no setor de energia elétrica, classificado como utilidade pública, totalizando 12
empresas. Sendo utilizado as demonstrações de valor adicionado, no período de 2010 a 2020,
visando a comparação dessas empresas frente ao seu desempenho nos indicadores de geração e
distribuição de riqueza do valor adicionado. O quadro 1 a seguir, apresenta as empresas listadas
no ISE e demais empresas não listadas, do setor de energia:

Quadro 1 – Empresas listadas no ISE e demais empresas não listadas do setor de energia.
Empresas listadas no ISE Empresas não listadas no ISE
AES Tiete Alupar
Cemig CELPE
Neoenergia Coelce
Copel CESP
CPFL Sabesp
Engie Taesa
Fonte: Bolsa, Brasil e Balcão (B3).

3.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS


Os dados utilizados, foram coletados a partir das demonstrações financeiras divulgadas
pelas empresas no site da BM & FBOVESPA (2021). Foi elaborado então, no programa
Microsoft Excel, uma planilha contendo os valores do Valor Adicionado, Receita, Ativo,
Patrimônio Líquido, Pessoal, Governo, Remuneração de capital de terceiros e Remuneração de
capital próprio, sendo esses, dados utilizados no cálculo do conjunto de indicadores fornecidos
pela literatura contábil apresentados a seguir, para uma análise comparativa do desempenho
dessas empresas integrantes do ISE e não integrantes do ISE.
Souza (2015), explica que os indicadores elaborados a partir da DVA são bons
avaliadores ao permitirem que a riqueza da empresa seja analisada desde a sua geração até
a sua distribuição aos demais membros da sociedade. Os quocientes selecionados que serão
analisados, estão vinculados ao desenvolvimento das hipóteses de pesquisa e à proposta
apresentada por Santos (2007), apresentados na Tabela 2.

Tabela 1 - Quocientes de análise do valor adicionado


Classe Índice Fórmula
Geração Produtividade da mão de obra Valor adicionado líquido / número de empregados
Geração Produtividade das vendas Valor adicionado líquido / faturamento
Geração Quociente entre VA e ativo total Valor adicionado líquido / ativo total

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


80
CAPÍTULO 5

Classe Índice Fórmula


Geração Quociente entre VA e PL Valor adicionado distribuído / PL
Distribuição Partic. dos empregados no VA (VAD aos empregados/ VAD) x 100
Distribuição Partic. do governo no VA (Impostos, taxas e contribuições / VAD) x 100
Distribuição Partic. de terceiros no VA (Remuneração de capital de terceiros/ VAD) x 100
Distribuição Partic. do capital próprio no VA (Remuneração do capital próprio/ VAD) x 100
Legenda: Partic. – Participação; VA – Valor Adicionado; VAD – Valor Adicionado Distribuído; PL-Patrimônio
Líquido.
Fonte: Adaptado de Santos (2007)

Como procedimentos metodológicos, foram realizados testes de diferenças de médias


com a finalidade de averiguar a existência de divergências significativas entre as empresas
listadas no ISE e demais empresas não listadas, do setor de energia. Logo, foi utilizado o
programa R para os processamentos estatísticos de correlação, e do teste de soma de postos
de Wilcoxon, ao nível de significância de 5%. Para a escolha do teste adequado, a amostra foi
submetida a um teste de normalidade conhecido como Shapiro-Wilk.
O teste não-paramétrico de soma de postos de Wilcoxon com correção de continuidade
comparou as medidas de posição dos indicadores considerando a hipótese nula de que não
havia diferença significativa entre os dois grupos.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Na análise dos dados do presente artigo, conforme a metodologia empregada, antes de
aplicar o teste de correlação, aplicou-se o teste de normalidade de Shapiro-Wilk, conforme pode
ser observado na Tabela 2, aplicado para testar se os dados apresentam distribuição normal, que
segundo Hair Jr. et al. (2009), representa o grau de distribuição dos dados.

Tabela 2 – Teste de normalidade Shapiro-Wilk


Indicadores W P-value
Produtividade de mão de obra 0,91 0
Produtividade de vendas 0,94 0
Quociente entre VA e ativo total 0,6 0
Quociente entre VA e PL 0,22 0
Participação dos empregados no VA 0,51 0
Participação do governo no VA 0,96 0
Participação de terceiros no VA 0,84 0
Participação do capital próprio no VA 0,83 0
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Por meio do teste de normalidade, com a estimativa do p-value inferior a 0,05, foi
possível observar que os dados não apresentaram distribuição normal. Com isso, se fez
necessário testes específicos para dados que não apresentam normalidade na distribuição dos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


81
CAPÍTULO 5

dados. O teste de diferença de médias de Wilcoxon, demonstrado na Tabela 3, é utilizado para


dados que não apresentam normalidade na distribuição dos dados ou não-paramétricos.

Tabela 3 – Teste não-paramétrico Wilcoxon


Indicadores W P-value Decisão
Produtividade de mão de obra 3046 0,00 Rejeita H0
Produtividade de vendas 2035 0,52 Não rejeita H0
Quociente entre VA e ativo total 3463 0,00 Rejeita H0
Quociente entre VA e PL 3281 0,00 Rejeita H0
Participação dos empregados no VA 1921 0,24 Aceita H0
Participação do governo no VA 2875 0,00 Rejeita H0
Participação de terceiros no VA 1127 0,00 Rejeita H0
Participação do capital próprio no VA 2234 0,80 Não rejeita H0
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Por meio da Tabela 3, foi possível observar se de fato as medianas apresentadas são
diferentes entre as empresas listadas e não listadas no ISE, no setor de energia elétrica. Com
a significância estatística de 5%, a hipótese nula ou H0 representa que não existem diferenças
entre as duas amostras e H1 representa que existem diferenças.
Assim, no que tange aos índices de análise de geração de riqueza, o primeiro indicador
analisado comparou a produtividade da mão de obra entre os dois grupos de entidades. Dessa
forma, foi possível perceber que há diferença significativa entre os grupos analisados, salientando
que a participação média de cada funcionário na riqueza criada é menor nas empresas não
listadas no ISE quando estas são comparadas às empresas listadas.
O segundo indicador apresentado na tabela, evidencia a produtividade de vendas das
entidades. Observou-se que, em média, as empresas do ISE, transformam a parcela das vendas
em riqueza quando comparadas às demais empresas que não são listadas no ISE, de forma
equivalente.
O terceiro indicador, revela o volume de ativos aplicados na obtenção da riqueza
criada pelas entidades. Nesse índice, foi perceptível divergências entre as duas amostras, com a
rejeição da hipótese nula. No entanto, pode-se afirmar que as empresas do ISE, empregam com
maior eficiência seus recursos, a fim de aumentar a rentabilidade da empresa, diferentemente
das demais empresas não listadas.
O último indicador, relacionado a geração de riqueza: o quarto apresentado, mostra o
volume de capital próprio aplicado na obtenção da riqueza criada pela entidade. Os resultados
mostram que as empresas do ISE apresentam uma maior relação entre a riqueza criada
e a quantidade de capital próprio aplicado na sua obtenção, quando comparadas às demais
empresas não-ISE. Isso sugere que as últimas mencionadas criam menos valor com a aplicação
dos recursos dos proprietários do que as demais pertencentes ao ISE.
Com relação aos índices de distribuição do valor adicionado, para verificar a diferença

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


82
CAPÍTULO 5

estatística em suas distribuições, comparou-se a amostra de empresas do ISE com a das demais
empresas não-ISE. Os trabalhadores, formam o primeiro grupo de distribuição do valor
adicionado evidenciado na DVA. Assim, o quinto indicador, evidencia a parcela de distribuição
do VAD para pessoal, englobando tanto a remuneração direta quanto os benefícios recebidos
pelos funcionários. Desse modo, a hipótese sendo aceita, indica que a parcela distribuída aos
funcionários não é significativamente diferente quando se analisam os dois grupos da amostra.
Com relação ao segundo grupo de distribuição do valor adicionado, o governo, que é o
sexto indicador da Tabela, denota-se que foi encontrada diferença estatística entre a parcela da
riqueza criada destinada para impostos, taxas e contribuições pelas entidades listadas no ISE e
das demais empresas não-ISE.
O terceiro grupo de distribuição do valor adicionado, evidencia a parcela de riqueza
criada pela entidade destinada à remuneração do capital de terceiros. Nesse sentido, no sétimo
indicador sendo rejeitada a hipótese nula, significa que há diferença entre os grupos no que
tange à parcela da riqueza criada destinada para remunerar capitais de terceiros.
Por fim, o último indicador evidenciado na Tabela, apresenta a participação do capital
próprio no valor adicionado sendo composto tanto pela parte diretamente distribuída ao
investidor, quanto pela parcela retida na entidade para continuidade de suas atividades. Assim,
conforme os dados, a parcela de riqueza criada destinada à remuneração do capital próprio, é
em proporção equivalente entre os dois grupos da análise.
Assim, são apresentados os testes de correlação (tabela 4), e o objetivo dessa análise
foi de avaliar se há relação do ISE entre as variáveis estudadas dos indicadores da DVA.

Tabela 4 - Quocientes de análise do valor adicionado


Partic. Partic.
Produt. Quoc. entre Quoc. Partic. do Partic. de
Produt. De dos Capital
de mão de VA e ativo entre VA e governo no terceiros
Vendas empreg. Próprio no
obra total PL VA no VA
no VA VA
0.3140227 -0.0989051 0.4128402 0.2198814 -0.22662 0.27197 -0.38368 0.12934
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Conforme o quadro 2, os testes de correlação se expressam por coeficientes com


amplitude entre (–) 1,00 e (+) 1,00. O coeficiente (–) 1,00 indica correlação negativa perfeita
e o coeficiente (+) 1,00 correlação positiva perfeita. O coeficiente igual a zero, por sua vez,
indica a inexistência de qualquer relação entre as variáveis (GIL, 2008, p. 163).

Quadro 2 - Legenda da classificação da correlação de Pearson


-0,59 === -0,3 0,3 === 0,59
-1,0 === -0,6 -0,29 === -0,1 0,1 === 0,29 0,6 === 1,0
Correlação Correlação
Forte correlação Fraca correlação Fraca correlação Forte correlação
moderada moderada
negativa negativa positiva positiva
negativa positiva
Fonte: Adaptado de Gil (2008)

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


83
CAPÍTULO 5

Dessa forma, a Tabela 4, demonstra as correlações entre os devidos indicadores


apresentados, das empresas listadas no ISE e as demais empresas não listadas, no setor de
energia, do que há correlação moderada positiva, (+) 0,41284, entre o ISE e indicador de
quociente entre o valor adicionado e o ativo total e (+) 0,31402 entre o ISE e a produtividade
de mão de obra. A correlação é negativa moderada, (-) 0,38368 entre o ISE e a participação de
terceiros no valor adicionado. Entre o ISE e participação dos empregados no valor adicionado
(-) 0,22662, a correlação se apresenta fraca negativa, já em relação ao quociente entre o VA e PL
(+) 0,21988, e participação do governo no VA (+) 0,27197, as correlações são fracas positiva.
Entre o ISE e a produtividade de vendas (-) 0,09890, a correlação é fraca negativa, todavia, já
em relação à participação de capital próprio no VA (+) 0,12934, a correlação é fraca positiva.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do estudo acerca do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial),
perante sua contribuição como uma variável de análise do desempenho e rentabilidade,
é importante para os estudos na área da sustentabilidade. Logo, tem obtido crescimento no
campo acadêmico, o que provoca o estímulo para utilização de políticas mais sustentáveis para
a sociedade.
O trabalho, por meio de testes de médias estatísticas e análises, analisou
comparativamente a geração e distribuição do valor adicionado entre as empresas que
compõem a carteira do ISE e as que não compõem a carteira, do setor de utilidade pública em
especificação, energia elétrica. O período da análise foi de 2010 a 2020, com o estudo acerca de
12 empresas que possuem capital aberto na bolsa de valores B3, sendo 6 pertencentes a carteira
ISE e outras 6 não pertencentes à mesma.
Os resultados expostos na estatística dos indicadores, mostraram que a média em
relação à análise de geração de riqueza das empresas que compõem o ISE foram superiores que
as demais. No grupo dos indicadores de distribuição do valor adicionado, demonstrou-se que
as empresas do ISE tiveram uma melhor performance mediante as empresas não-ISE. Assim,
na participação do capital próprio no valor adicionado a média entre os grupos foi indiferente.
A partir dos testes estatísticos Shapiro-wilk e Wilcoxon, pode-se perceber, ao nível de
significância de 5% que as empresas pertencentes ao Índice de Sustentabilidade Empresarial
e as não pertencentes apresentam diferenças estatísticas. Desse modo, apresentam pequenas
variações significativas em relação ao período da análise, com o p-value inferior a 0,05 na
maioria dos indicadores.
Portanto, pode-se inferir que o fato de que as empresas da amostra estarem pertencentes
ou não ao Índice de Sustentabilidade Empresarial, é refletido de forma significativa em baixa
escala na DVA dessas empresas, considerando-se assim os indicadores da pesquisa.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


84
CAPÍTULO 5

O estudo, limitou-se a analisar as empresas pertencentes ao ISE na carteira de 2020


do setor de energia elétrica, classificado como de utilidade pública. Outra limitação é em
detrimento ao período que foi de 2010 a 2020. Como sugestão para pesquisas futuras: utilizar
de outros indicadores da DVA presentes na literatura contábil, assim como, também realizar
outros testes estatísticos acerca de analisar a significância dos indicadores. Outra sugestão,
seria aumentar sua amostra, desenvolvendo o trabalho com mais setores da B3.

REFERÊNCIAS
BM & FBOVESPA: A Nova Bolsa. Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/ Acesso em:
20 nov. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 09 -


Demonstração do Valor Adicionado. Disponível em: Acesso em: 15 nov. 2020.

BERTHELOT, S.; CORMIER, D.; MAGNAN, M. Environmental disclosure research: review


and synthesis. Journal of Accounting Literature, Gainesville, v.22, n.1, p.1-44, 2003.
Disponível em: view_and_synthesis Acesso em: 15 nov. 2020.

CUNHA, J.V.A. Demonstração contábil do valor adicionado –DVA: um instrumento de


mensuração da distribuição da riqueza das empresas para os funcionários. 2002.
Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) –Faculdade de Economia e
Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo.

DE LUCA, Márcia Martins Mendes. Demonstração do valor adicionado: do cálculo da


riqueza criada pela empresa ao valor do PIB. São Paulo: Atlas, 1998.

DONAIRE, D. (1994) - Considerações sobre a influência da variável ambiental na empresa.


Revista de Administração de Empresas (RAE), São Paulo: FGV, v.34, n.2, p.68-77.
DYE, R. Disclosure of nonproprietary information. Journal of Accounting Research, v. 23, p.
123-145, 1985. https://doi.org/10.1590/S0034-75901994000200008

ELKINGTON, J. The triple bottom line. Gestão ambiental: leituras e casos, v. 2, 1994
GAMERSCHLAG, R.; MÖLLER, K.; VERBEETEN, F. Determinants of voluntary CSR
disclosure: empirical evidence from Germany. Review of Managerial Science, v. 10, p. 10-
52, 2010. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=1760790. Acesso em: 15 nov. 2020.

HAIR JR. J. F. Análise multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009
Hart, S. L. Milstein, M. B.. Criando valor sustentável. RAE Executivo, 3(2), 65-79. maio/
julho 2004. Disponível em: https://codecamp.com.br/artigos_cientificos/2004_criando_valor_
sustentavel.pdf Acesso em: 15 nov. 2020.

IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E.R.; SANTOS, A. Manual de contabilidade


societária: aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2013.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


85
CAPÍTULO 5

LIMA, G. A. S. F. et al. Influência do disclosure voluntário no custo de capital de terceiros. In:


CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE E AUDITORIA, 11., 2006,
Coimbra. Anais..., Associação dos Institutos Superiores de Contabilidade e Administração.
Disponível em: https://congressousp.fipecafi.org/anais/artigos72007/11.pdf. Acesso em 15
nov. 2020.

NOSSA, V. Disclousure Ambiental: Uma Análise do Conteúdo dos Relatórios Ambientais


de empresa do Setor de Papel e Celulose em Nível Internacional.2002. 249 f. Tese
(Doutorado em Controladoria e Contabilidade). Programa de Pós-Graduação em Controladoria
e Contabilidade, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2002. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/
tde-21122005-101506/pt-br.php Acesso em 15 nov. 2020

NUNES, Victor Malta; MIRANDA, Gilberto José. Geração e distribuição do valor adicionado
em 2013: análise das companhias listadas no IBrX-100. Revista Evidenciação Contábil &
Finanças, João Pessoa, v. 4, n. 1, p. 18-32, jan./abr. 2016. Disponível em: https://periodicos.
ufpb.br/ojs2/index.php/recfin/article/view/24844 Acesso em: 15 nov. 2020.

RICHTER LONDERO, P., Lopes Stanzani, L. M., & Dos Santos, A. (2019). Análise Uma
análise da contribuição econômica e social das cooperativas agropecuárias brasileiras pela
Demonstração do Valor Adicionado. Revista de Educação e Pesquisa Em Contabilidade
(REPeC), 13(3), 291–309. https://doi.org/10.17524/repec.v13i3.2149

SANTOS, Ariovaldo dos. DVA – uma demonstração que veio para ficar. Revista Contabilidade
e Finanças – USP, São Paulo: Editorial, n. 38, p. 3, maio/ago. 2005. https://doi.org/10.1590/
S1519-70772005000200001

SANTOS, A. Demonstração do valor adicionado: – Como elaborar e analisar a DVA. 2ª Ed.,


São Paulo: Atlas, 2007.

Sousa, T. S. de, & Faria, J. A. de. Demonstração Do Valor Adicionado (Dva): Uma Análise Da
Geração E Distribuição De Riquezas Das Empresas Listadas No Índice De Sustentabilidade
Empresarial (Ise)-B3. Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, 8(2), 137–154, 2019.
http://dx.doi.org/10.18028/rgfc.v8i2.7376

Tinoco, J. E. P., Moraes, P. B., Peleiras, I. R., Claro, J. A. C. S., & João, B. N. (2011). Estudo
sobre a carga tributária de empresas brasileiras através da demonstração do valor adicionado
(DVA) – período de 2005 A 2007. Rev. Ciênc. Admin, 17(1), 84-111. Disponível em: https://
ojs.unifor.br/rca/article/view/3222/pdf Acesso em: 15 nov. 2020

SCHAFER, J. D.; KONRAHT, J. M.; FERREIRA, L. F. O custo tributário nas empresas


brasileiras de energia elétrica: uma análise por meio da Demonstração do Valor Adicionado.
Revista Capital Científico - Eletrônica, v. 14, n. 3, p. 84-99, 2016. Disponível em: https://
revistas.unicentro.br/index.php/capitalcientifico/article/view/4122/3135 Acesso em: 15 nov.
2020.

VERRECCHIA, R. E. Information quality and discretionary disclosure. Journal of Accounting


and Economics, n. 12, p. 365-380, 1990. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


86
CAPÍTULO 5

science/article/pii/016541019090021U Acesso em: 15 nov. 2020.

ZANLUCA, Júlio César. Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Disponível em http://


www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/demonstracaodovalor.htm . Acesso em: 15 de
dezembro de 2020.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


87
CAPÍTULO 6
MATRIZES CURRICULARES DE CONTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES
PÚBLICAS NORTE-RIO-GRANDENSES E O CURRÍCULO MUNDIAL

CURRICULUM MATRICES OF ACCOUNTING AT PUBLIC UNIVERSITIES


NORTE-RIO-GRANDENSES AND THE WORLD CURRICULUM

Raiane Oliveira de Sousa


Email: anneoliveira866@gmail.com

Taynara Milene da Silva


Mestra em Administração (UNP)

Email: taynara_milene@hotmail.com

Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais


Mestre em Contabilidade (UERN)

Email: auxiliadora.o.morais@gmail.com

RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo analisar e comparar o índice de conformidade das matrizes
curriculares dos cursos de Ciências Contábeis disponibilizados nas universidades públicas norte-
rio-grandenses, em comparação ao Currículo Mundial (CM), proposto pelo Intergovernmental
working group on experts on international Standards on accounting and reporting (ISAR). A
pesquisa se caracteriza como exploratória, documental, quanto à abordagem do problema se
define como quali-quantitativa. os dados foram coletados nos portais eletrônicos dos cursos de
graduação em Ciências Contábeis. O estudo se limitou em analisar apenas a nomenclatura de
cada disciplina, não se estendendo aos conteúdos estudados. Os resultados mostraram que o nível
de adequação entre as Universidades e Currículo Mundial apresentado pela ONU/UNCTAD/
ISAR apresentam um baixo nível de adequação uma média de 22,72% de semelhança, e que
isso pode influenciar de maneira negativa na formação acadêmica dos graduandos.

Palavras-chave: Similaridade; Currículo Mundial; Matrizes Curriculares.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


88
CAPÍTULO 6

ABSTRACT
This research aimed to analyze and compare the conformity index of the curricular matrices
of the Accounting Sciences courses available in public universities in the state of Rio Grande
do Sul, compared to the World Curriculum (CM), proposed by the Intergovernmental working
group on experts on international Standards on accounting and reporting (ISAR). The research
is characterized as exploratory, documental, as the approach to the problem is defined as
qualitative-quantitative. data were collected on the electronic portals of undergraduate courses
in Accounting. The study was limited to analyzing only the nomenclature of each discipline,
not extending to the contents studied. The results showed that the level of adequacy between
the Universities and the World Curriculum presented by the ONU/UNCTAD/ISAR present a
low level of adequacy, an average of 22.72% of similarity, and that this can negatively influence
the academic formation of the undergraduates.

Keywords: Similarity; World Curriculum; Curriculum Matrixes.

1 INTRODUÇÃO

Diante da necessidade da harmonização contábil, a Organização das Nações Unidas


(ONU) através do grupo de trabalho da conferência das Nações Unidas sobre comércio
e desenvolvimento (UNCTAD), dedicou-se em produzir o Currículo Mundial (CM), que
de acordo com a ONU/UNCTAD/ISAR (1999) teria como finalidade “servir de referência
para reduzir o tempo e o custo de negociações de acordos de reconhecimento mútuo”, bem
como, “criar referência para a qualificação de contadores profissionais que se seguidas, lhes
permitiriam funcionar melhor e servir melhor a economia global”.
De acordo com Czesnat, Veneroso e Carvalho (2009), a ONU/UNCTAD/ISAR
evidencia que a constituição de um programa de estudo padrão, possibilita a concretização
de uma linguagem dentro das normas internacionais, obtendo uma maior facilidade de
entendimento sobre os procedimentos contábeis utilizados nas empresas, e com isso, diminuir
custos e tempo nas negociações. Assim, pode-se compreender a importância da adoção do
Currículo Mundial (CM) pelas instituições de ensino superior, ao possibilitar que o profissional
contábil seja capaz de atuar frente a mudanças econômicas e financeiras em nível mundial.
Estudos anteriores como os de (OLIVEIRA; VENEROSO, CARVALHO, 2009;
CAVALCANTE et al, 2011; ZONATTO; DANI, DOMINGUES, 2011; MULATINHO, 2007;
LAY et al 2016; REZENDE; CARVALHO, BUFONI, 2017), mostram que algumas instituições
estão de acordo com o currículo mundial, mas que o nível de semelhança ainda apresenta
alguma necessidade de melhoria, pois seus planos pedagógicos apresentam disciplinas que não
estão presentes no CM.
Portanto, vale salientar, a relevância de uma comparação entre a adaptação por parte
das instituições com o modelo de currículo deliberado pela ONU/UNCTAD/ISAR quanto à

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


89
CAPÍTULO 6

convergência da contabilidade. Diante desse contexto, surge a seguinte problemática: Qual o


nível de adequação do currículo adotado pelos cursos de Ciências Contábeis das Universidades
públicas localizadas no Estado do Rio Grande do Norte ao Currículo Mundial de contabilidade
proposto pela ONU/ UNCTAD/ISAR?
Dessa forma, tem-se como objetivo geral do estudo, verificar o nível de conformidade
entre o Currículo Mundial proposto pela ONU e o currículo das universidades públicas
localizadas no Estado do Rio Grande do Norte. O estudo, se justifica tendo em vista que há
uma notória importância da harmonização do currículo do curso de Ciências Contábeis das
universidades públicas, com o Currículo Mundial (CM) proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR,
visto que possibilita uma padronização entre as instituições, buscando tornar o profissional
contábil cada vez mais apto a atuar em qualquer organização ao nível mundial.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo, pretende dar um embasamento teórico à pesquisa, apresentando uma breve
conceituação sobre currículo e qual a sua finalidade, como também, de trazer uma discussão
sobre a adoção do Currículo Mundial de contabilidade proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR.

2.1 CURRÍCULO MUNDIAL DE CONTABILIDADE


Na opinião de Magalhães e Andrade (2006), o currículo reflete um plano didático
desenvolvido pelas instituições de ensino superior (IES) aos quais são responsáveis por sua
fundamentação, implementação e avaliação.
Já para Tcheou (2002, p. 77) “é um conjunto de disciplinas, organizadas em sequência
lógica de conteúdo, que busca atender às necessidades e às expectativas da sociedade em relação
ao indivíduo a ser formado por ela”. Diante do que foi exposto, entende-se como currículo um
documento que dispõe de forma harmoniosa conteúdos essenciais na formação de um indivíduo
perante as perspectivas sociais.
Por sua vez, Peleias (2006, p. 137) afirma que, “[...] os currículos permitem obter o
elemento norteador para o processo de ensino e aprendizagem completando as necessidades
básicas para a formação profissional do graduando”.
Visando atender essa necessidade das instituições de ensino superior de transmudar
a contabilidade em uma linguagem única entre seus usuários, foi produzido em fevereiro de
1999, na cidade de Genebra por intermédio do grupo de Intergovernmental working group on
experts on international Standards on accounting and reporting (ISAR), grupo de trabalho
das conferências das Nações Unidas sobre comércio e desenvolvimento (UNCTAD), entidade

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


90
CAPÍTULO 6

ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), em sua décima sexta sessão, o grupo dedicou-
se para desenvolver um currículo global de contabilidade e outras imposições na qualificação
para contadores profissionais, com intuito de servir como base para as instituições de ensino na
elaboração de seus projetos pedagógicos, alocando disciplinas fundamentais na formação do
profissional em contabilidade. (UNCTAD, 1999).
O Currículo Mundial, foi desenvolvido juntamente com especialista da Sociedade
Árabe de Contadores Certificados, a Associação de Contadores Certificados, os Contadores
Gerais e Certificados do Canadá, a Comissão Europeia, a Fédération Internationale des Experts
Comptables Francophones (FIDEF), o Instituto de Contadores Colegiados de Escócia, o
Conselho Polonês de Padrões Contábeis, a Federação Internacional de Contadores (IFAC) e
representantes do mundo acadêmico e empresas internacionais de contabilidade. (UNCTAD,
2003).
O modelo, é disposto em duas categorias: a TD/ B / COM.2/ISAR/ 05, intitulada
“Desenvolvimento de um currículo global de contabilidade e outras qualificações requisitos”,
que apresenta as diretrizes do currículo global para a qualificação contábil; e a TD / B / COM.2
/ ISAR / 6 que apresenta um modelo de currículo para adequar a educação contábil entre as
instituições.
De acordo com Erfurth (2009), um dos propósitos do ISAR ter publicado em 1999 a
TD/B/COM.2/ISAR/5, foi buscar fortalecer a profissão de contador no mundo e qualificar o
mesmo a oferecer seus serviços além dos limites nacionais.
Como apresentado na TD/B/COM.2/ISAR/5, os elementos básicos para a destreza
dos contadores são os seguintes: a) conhecimentos gerais e suas aptidões; (b) programa de
estudo específico para formação técnica; c) teste de capacidade profissional; d) experiência
considerável; e) didática profissional continuada; e (f) sistema de Certificação contábil.
Já a TD/B/COM.2/ISAR/6, apresenta um modelo de estudo que segue as seguintes
diretrizes, que os discentes devem apresentar conhecimento para estarem aptos a atuar no
mercado internacional: a) conhecimento sobre ambiente corporativo e institucional; b)
tecnologia da informação; c) conhecimento sobre contabilidade e áreas afins.
Em 2003, o grupo apresentou em sua vigésima sessão, o modelo de currículo revisado,
o novo modelo propõe criar referência para qualificação profissional, é importante ressaltar que
as informações contidas no modelo currículo é uma revisão de 7 (sete) currículos nacionais
de organizações profissionais reconhecidas pela sua alta qualidade. (UNCTAD 2003). Para o
desenvolvimento deste trabalho, foi utilizado este novo modelo revisado por ser o mais atual,
o novo currículo TD/B/COM.2/ISAR/21 (Revised Model Accounting Curriculum, MC), é
disposto em quatro blocos de conhecimento conforme mostra o quadro 01.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


91
CAPÍTULO 6

Quadro 01-Blocos de conhecimento Currículo Mundial ISAR/UNCTAD/ONU


Bloco III -
Bloco IV -
Contabilidade básica,
Bloco I - Conhecimento Contabilidade, finanças
Bloco II - Tecnologia da auditoria, tributação
organizacional e eletivas (avançada),
informação e conhecimento
empresarial e conhecimento
relacionado com à
relacionado
contabilidade
4.1   - Módulo sobre
2.1 - Módulo de tecnologia 3.1   - Módulo sobre contabilidade financeira
1.1   - Módulo de economia
da informação (TI) contabilidade básica avançada e relatórios para
indústrias especializadas
1.2   - Módulo sobre 4.2   - Módulo sobre
3.2   - Módulo sobre
métodos quantitativos e contabilidade gerencial
contabilidade financeira
estatísticos para negócios avançada
1.3   - Módulo sobre
políticas gerais de
3.3   - Módulo sobre
negócios, estrutura 4.3   - Módulo sobre
contabilidade financeira
organizacional básica tributação avançada
avançada
e comportamento
organizacional
1.4   - Módulo sobre
3.4   - Módulo sobre
funções de gerenciamento 4.4   - Módulo sobre direito
contabilidade gerencial
e gestão de práticas e empresarial avançado
conceitos básicos
operações
1.5   - Módulo de 3.5   - Módulo sobre 4.5   - Módulo sobre
Marketing tributação auditoria avançada
3.6   - Módulo sobre
4.6   - Módulo sobre
1.6   - Módulo sobre sistema de informação
financiamento empresarial
contábil (AIS)
3.7   - Módulo sobre
direito empresarial
Fonte: Elaborado pelos autores, com base no modelo de currículo contábil revisado pela United Nations
Conference on Trade and Development (2003).

A qualificação profissional do contador, não apresenta um critério de padronização


entre as instituições, desse modo, o Currículo Mundial traz como proposta uma uniformização
entre as disciplinas ofertadas nos cursos de graduação em Ciências Contábeis, possibilitando
que os profissionais de contabilidade estejam em conformidade com as normas contábeis.
Além disso, contribui com as IES para a construção de suas grades curriculares, ofertando
disciplinas essenciais para formação acadêmica do profissional e qualificando-o para atuar no
cenário mundial.
No Brasil, o Curso de Contabilidade é regulamentado pela Constituição Federal (1988),
e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96) que rege e orienta
em linhas gerais o funcionamento da educação no Brasil. Em âmbito nacional, a profissão
contábil é regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), órgão incumbido por
elaborar as Normas Brasileira de Contabilidade (NBC) e responsável pela criação do Comitê
de Procedimentos Contábeis (CPC), com o intuito de estabelecer pronunciamentos técnicos
sobre práticas contábeis e prestar informações para a elaboração das normas pelas instituições

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


92
CAPÍTULO 6

reguladoras no Brasil.
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2019), o Comitê de
Procedimentos Contábeis tem como objetivo “centralizar e uniformizar o processo de
produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais”.
Conforme o que estabelece Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação
Superior, em sua Resolução CNE/CES 10, de 16 de dezembro de 2004, as Universidades
que dispõem do curso de Ciências Contábeis a título de Bacharel, devem apresentar em seus
projetos pedagógicos disciplinas fundamentais que possibilite preparar os discentes a atuar no
mercado, com conhecimentos essenciais referentes às normas internacionais de contabilidade,
e alcançar o perfil desejável de formação exigida para o formando.
O art. 5º da Resolução CNE/CES 10, traz os conteúdos básicos que o graduando deve
dominar na sua formação acadêmica:

I - Conteúdos de Formação Básica: estudos relacionados com outras áreas do


conhecimento, sobretudo Administração, Economia, Direito, Métodos Quantitativos,
Matemática e Estatística;
II - Conteúdos de Formação Profissional: estudos específicos atinentes às Teorias da
Contabilidade, incluindo as noções das atividades atuariais e de quantificações de
informações financeiras, patrimoniais, governamentais e não-governamentais, de
auditorias, perícias, arbitragens e controladoria, com suas aplicações peculiares ao
setor público e privado;
III - Conteúdos de Formação Teórico-Prática: Estágio Curricular Supervisionado,
Atividades Complementares, Estudos Independentes, Conteúdos Optativos, Prática
em Laboratório de Informática utilizando softwares atualizados para Contabilidade.

Estudos anteriores, como os de (OLIVEIRA; VENEROSO, CARVALHO, 2009;


CAVALCANTE et al, 2011; ZONATTO; DANI, DOMINGUES, 2011; MULATINHO, 2007;
LAY et al 2016; REZENDE; CARVALHO, BUFONI, 2017), mostram que algumas instituições
estão de acordo com o currículo mundial, mas que o nível de semelhança ainda apresenta
alguma necessidade de melhoria, pois seus planos pedagógicos apresentam disciplinas que não
estão presentes no CM.
Dessa maneira, pode-se evidenciar a importância na adequação das universidades ao
modelo de Currículo Mundial durante a elaboração de suas matrizes curriculares, assim seria
possível diminuir as diferenças existentes entre as normas contábeis e buscar uma padronização
entre elas.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


93
CAPÍTULO 6

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo, será apresentada a metodologia adotada para a construção deste
trabalho, detalhando todos os passos sobre a investigação, técnica e procedimentos e os sujeitos
participantes da pesquisa.

3.1 TIPOLOGIA DO ESTUDO


Este estudo, utiliza-se da área de ensino em contabilidade como tema de sua
investigação, voltada a averiguar o nível de adequação das ementas dos cursos de Ciências
Contábeis das universidades públicas do Estado do Rio Grande do Norte, com o Currículo
Mundial (CM) proposto pela ISAR/UNCTAD/ONU. Para alcançar o desígnio deste trabalho,
foi comparado os conteúdos dispostos nas grades curriculares da amostra selecionada com o os
conteúdos propostos pelo no CM. O estudo, teve como base a TD / B / COM.2 / ISAR / 21 de
31 de julho de 2003.
No que concerne à tipologia dessa pesquisa, pode-se classificar como sendo descritiva,
documental e bibliográfica com abordagem qualitativa. Segundo Vergara (1998), a pesquisa
descritiva consiste em estipular as peculiaridades de uma população ou fenômeno, não tem
a finalidade de explicação dos fatos, mas se utiliza de base para sua elucidação. Em relação
à pesquisa, se caracterizou como documental, pois o principal procedimento a ser utilizado
para a coleta dos dados foi efetuar o recolhimento de informações através dos sites eletrônicos
de cada instituição que compreende a amostra e documentos oficiais elaborados pela ONU/
UNCTAD/ISAR.
No que se refere aos procedimentos utilizados para atingir o pressuposto deste artigo,
foi necessário a realização de pesquisas bibliográficas em artigos acadêmicos, dissertações e
teses já publicadas sobre essa temática.
Quanto à abordagem do problema, se define como predominantemente qualitativa
pela necessidade de analisar o nível de adequação entre as matrizes curriculares da amostra
selecionada com as disciplinas proposta pelo CM, que conforme Richardson (1999), “os
estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de
determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar
processos dinâmicos vividos por grupos sociais.”
Para calcular o nível de aderência de cada instituição da amostra com o modelo de
currículo recomendado pela ONU, foi indispensável distribuir uma pontuação para todas as
disciplinas ofertadas nas grades curriculares, e por fim, foi utilizado um cálculo matemático
para medir a percentagem de semelhança apresentada por cada unidade da amostra como o

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


94
CAPÍTULO 6

CM.

3.2 UNIDADE DE ANÁLISE


A seleção da amostra, deu-se mediante aplicação do seguinte critério: foram
selecionadas para esse estudo apenas as universidades do Estado do Rio Grande do Norte que
dispõe do curso de graduação em Ciências Contábeis, as quais são Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN), Universidade Federal Rural do Semi- Árido (UFERSA) e
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, (UFRN), conforme demonstrados na tabela 1.

Tabela 1 - Mostra com o total de disciplinas ofertadas


TOTAL DE
UNIDADE DA TOTAL DE DISCIPLINAS TOTAL DE
DISCIPLINAS
AMOSTRA OBRIGATÓRIAS DISCIPLINAS
OPTATIVAS
UERN 46 140 186
UFERSA 41 55 96
UFRN 40 22 62
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

As universidades foram escolhidas como proposta dessa pesquisa por não apresentarem
nenhum estudo anterior voltado às mesmas, e por propiciar aos discentes do curso de graduação
em contabilidade de compreender a importância da adoção desse currículo e como ele pode
influenciar em sua formação profissional.

3.3 PROCEDIMENTOS
A construção da análise dos dados foi realizada com base no método disclosure, utilizado
por Malaquias e Lemes (2013), Gubiani et al (2010) e adaptado a um estudo semelhante por
Campos e Lemes (2012).
Para realização do cálculo do índice de disclosure, foram confrontadas as disciplinas
dispostas no CM, com as disciplinas que compõem as ementas dos cursos de graduação em
Ciências Contábeis da amostra selecionada. A análise dos dados, foi feita de maneira que cada
disciplina que concordasse ou apresentasse maior grau de semelhança com as propostas pelo
Currículo Mundial ela receberia a pontuação 1, caso não apresentasse nenhuma semelhança
recebeu a pontuação 0, por fim, se chegaria a uma pontuação total referente aos blocos de
conhecimento.
As disciplinas, foram consideradas de duas maneiras: a primeira análise, foi que
independente de ser classificadas como optativas ou obrigatórias foram analisadas com todos

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


95
CAPÍTULO 6

os blocos de conhecimentos, já a segunda análise, foi considerada apenas as disciplinas


obrigatórias de cada instituição.
Como método de avaliação, foi utilizado o mesmo critério do estudo realizado por
Campos e Lemes (2012, p.10), “consideram-se como atendidos os conteúdos que apresentam
semelhança entre contextos (apesar da nomenclatura diferente, o contexto pode ser o mesmo).”
Para análise dos dados, limitou-se a considerar apenas as disciplinas que apresentaram o mesmo
nome entre os currículos, não se estendendo aos conteúdos estudados.
Podemos citar um exemplo de como foi utilizado esse critério, o bloco 3.5 - módulo
sobre tributação, onde foram consideradas como atendidas as disciplinas de contabilidade
tributária, contabilidade e planejamento tributário e contabilidade e legislação tributária, por
considerar que os conteúdos estudados sobre o mesmo abrangem a proposta pelo currículo.
Por fim, foi realizado o cálculo do nível de similaridade de cada instituição que deu
através da equação 1.

Após pontuar todas as disciplinas, com valores 1 e 0, foi alcançado o somatório total
de cada instituição sobre os blocos de conhecimento do CM, obtendo assim a pontuação para
cada universidade onde o resultado do somatório foi dividido pelo total de disciplinas ofertadas
em cada grade curricular das instituições, e multiplicado por 100 para obter o percentual de
disciplinas atendidas. Através da mesma, foi possível se chegar à percentagem de semelhança
de cada instituição perante o CM.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Para alcançar o objetivo da pesquisa, foi comparado o conteúdo abordado em cada
grade curricular das IES, com os conteúdos dispostos no CM. Após analisadas as disciplinas
e serem distribuídas a pontuação para cada uma delas, foi possível obter a pontuação de cada
disciplina conforme mostrados nas tabelas a seguir.

Tabela 2 – Pontuação das disciplinas obrigatórias da UFRN


BLOCO DE
DISCIPLINAS UFRN OBRIGATÓRIAS CONHECIMENTO DO PONTUAÇÃO
(CM)
INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO 1.4 1
CONTABILIDADE BÁSICA I 3.1 1
INTRODUÇÃO A ECONOMIA 1.1 1
CONTABILIDADE BÁSICA II 3.1 1

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


96
CAPÍTULO 6

BLOCO DE
DISCIPLINAS UFRN OBRIGATÓRIAS CONHECIMENTO DO PONTUAÇÃO
(CM)
ELEMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL 3.7 1
MATEMÁTICA FINANCEIRA 4.6 1
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 3.5 1
MÉTODOS QUANTITATIVOS APLICADOS À
1.2 1
CONTABILIDADE I
CONTABILIDADE AVANÇADA 4.2 1
MÉTODOS QUANTITATIVOS APLICADOS À
1.2 1
CONTABILIDADE II
CONTABILIDADE DE CUSTOS 3.4 1
INTRODUÇÃO A AUDITORIA 3.8 1
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAL 3.9 1
PONTUAÇÃO TOTAL 13
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A tabela 2, mostra as disciplinas obrigatórias da UFRN e a tabela 3, apresenta as


disciplinas optativas e suas respectivas pontuações.

Tabela 3 – Pontuação das Disciplinas Optativas da UFRN


BLOCO DE
DISCIPLINAS OPTATIVAS CONHECIMENTO DO PONTUAÇÃO
(CM)
ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL 3.1 1
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 3.5 1
PONTUAÇÃO TOTAL 2
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Portanto, observa-se que a UFRN apresentou no total uma pontuação de 15 (13


referente às disciplinas obrigatórias e 2 referentes às disciplinas optativas). A grade curricular
do curso de Ciências Contábeis da UFRN, dispõe de 40 disciplinas de caráter obrigatório e 22
disciplinas de caráter optativo, foi possível observar que de todas as 40 disciplinas dispostas na
grade curricular da UFRN apenas 13 apresentam estar de acordo com as disciplinas propostas no
Currículo Mundial de contabilidade, e que das 22 disciplinas ofertadas como optativas apenas
2 estão presente no currículo mundial; ainda foi perceptível que o bloco que apresentou maior
nível de similaridade com a ementa do curso foi o bloco 3 (Contabilidade básica, auditoria,
tributação e conhecimento relacionado com à contabilidade), já o bloco 2 sobre tecnologia
da informação não foi apresentado nenhuma disciplina na grade curricular do curso. Pode-se
considerar, que do somatório de todas as disciplinas obrigatórias e optativas um total de 66
disciplinas, apenas 15 disciplinas estão de acordo com o currículo mundial, ou seja, apresenta
o nível de 22,73% de similaridade com o CM.
Em seguida, foi analisada a grade curricular da Universidade Federal Rural do Semi-

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


97
CAPÍTULO 6

Árido (UFERSA), conforme as tabelas 4 e 5. Em relação às disciplinas ofertadas, é possível


observar que a grade curricular dela é composta de 41 disciplinas obrigatórias e 55 disciplinas
optativas.

Tabela 4 – Pontuação das disciplinas obrigatória da UFERSA


BLOCO DE
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS CONHECIMENTO PONTUAÇÃO
DO (CM)
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO 1.4 1
FUNDAMENTOS DE ECONOMIA 1.1 1
FUNDAMENTOS DA MATEMÁTICA 1.2 1
TÓPICOS DE INFORMÁTICA 2.1 1
DIREITO EMPRESARIAL 3.7 1
MATEMÁTICA FINANCEIRA 4.6 1
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 3.1 1
LIDERANÇA E COMPORTAMENTO
1.3 1
HUMANO
ESTATÍSTICA 1.2 1
CONTABILIDADE DE CUSTOS 3.4 1
PRÁTICA CONTÁBIL I 4.7 1
CONTABILIDADE AVANÇADA 4.2 1
CONTABILIDADE E PLANEJAMENTO
3.5 1
TRIBUTÁRIO
PRÁTICA CONTÁBIL II 4.7 1
AUDITORIA I 3.8 1
PRÁTICA CONTÁBIL III 4.7 1
AUDITORIA II 4.5 1
PONTUAÇÃO TOTAL 17
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A tabela 4, mostra as disciplinas obrigatórias da UFERSA, e a tabela 5, apresenta as


disciplinas optativas e suas respectivas pontuações.

Tabela 5 – Pontuação das disciplinas optativas da UFERSA


BLOCO DE
DISCIPLINAS OPTATIVAS CONHECIMENTO PONTUAÇÃO
DO (CM)
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 1.3 1
ECONOMIA BRASILEIRA 1.1 1
GOVERNANÇA CORPORATIVA 1.3 1
SISTEMA DE INFORMAÇÕES CONTÁBEIS 2.1 1
FUNDAMENTOS DE MARKETING 1.5 1
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
2.1 1
COMUNICAÇÃO
AUDITORIA AMBIENTAL E ECOLÓGICA 4.5 1
PONTUAÇÃO TOTAL 7
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


98
CAPÍTULO 6

Portanto, observa-se que a UFERSA apresentou no total uma pontuação de 24 (17


referente às disciplinas obrigatórias e 7 referentes às disciplinas optativas).
Com base nos dados, é possível inferir que o nível de similaridade do total das 96
disciplinas ofertadas pela instituição chega a 25% de aderência com o modelo de currículo
proposto pela ONU, tendo em vista que a ementa curricular do curso apresenta 17 disciplinas
obrigatórias e 7 disciplinas optativas que estão de acordo com o currículo mundial, e que o bloco
que apresentou maior nível de adequação foi o bloco 1 sobre (Conhecimento organizacional e
empresarial), a grade curricular do curso apresenta disciplinas que abrangem todos os blocos
do CM.
Por fim, foi analisada a ementa do curso de Ciências Contábeis da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte onde se obteve os seguintes resultados como mostra a tabela
6 e 7.

Tabela 6 – Pontuação das disciplinas obrigatórias da UERN


BLOCO DE
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS CONHECIMENTO PONTUAÇÃO
DO (CM)
CONTABILIDADE BÁSICA I 3.1 1
INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO 1.4 1
MATEMÁTICA BÁSICA 1.2 1
CONTABILIDADE BÁSICA II 3.1 1
LEGISLAÇÃO E ÉTICA EM CONTABILIDADE 31 1
ESTATÍSTICA I 1.2 1
MATEMÁTICA COMERCIAL E FINANCEIRA 4.6 1
CONTABILIDADE E LEGISLAÇÃO 3.5 1
TRIBUTÁRIA
DIREITO DO TRABALHO I 3.7 1
INTRODUÇÃO A ECONOMIA 1.1 1
CONTABILIDADE DE CUSTOS I 3.4 1
CONTABILIDADE E FINANÇAS 3.9 1
CONTABILIDADE E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 3.5 1
DIREITO EMPRESARIAL I 4.4 1
CONTABILIDADE DE CUSTOS II 3.4 1
AUDITORIA I 3.8 1
CONTABILIDADE AVANÇADA 4.2 1
AUDITORIA II 4.5 1
CONTABILIDADE GERENCIAL 3.4 1
ESTÁGIO SUPERVISIONADO I 4.7 1
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II 4.7 1
PONTUAÇÃO TOTAL 21
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A tabela 6, mostra as disciplinas obrigatórias da UERN e a tabela 7 apresenta as

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


99
CAPÍTULO 6

disciplinas optativas e suas respectivas pontuações.

Tabela 7 – Pontuação das disciplinas optativas da UERN


BLOCO DE
DISCIPLINAS OPTATIVAS CONHECIMENTO PONTUAÇÃO
DO (CM)
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS I 1.4 1
ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS II 1.4 1
ANÁLISE DE SISTEMAS CONTÁBEIS 3.6 1
CONTABILIDADE E GOVERNANÇA CORPORATIVA 1.3 1
CONTABILIDADE INDUSTRIAL 4.1 1
CONTABILIDADE INTERNACIONAL 1.6 1
DIREITO DO TRABALHO II 3.7 1
DIREITO EMPRESARIAL II 3.7 1
ECONOMIA DE EMPRESAS 1.1 1
ÉTICA 3.1 1
ÉTICA I 3.1 1
ÉTICA II 3.1 1
MARKETING CONTÁBIL 1.5 1
MERCADO DE CAPITAIS FUTUROS 3.9 1
RELAÇÕES PÚBLICAS E HUMANAS 1.5 1
TEORIA CONTÁBIL II 3.1 1
TEORIA MACROECONÔMICA I 4.6 1
TEORIA MICROECONÔMICA I 1.1 1
PONTUAÇÃO TOTAL 18
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Portanto, observa que a UERN apresentou no total uma pontuação de 39 (21 referente
às disciplinas obrigatórias e 18 referentes às disciplinas optativas).
A UERN, apresenta em sua matriz curricular 46 disciplinas em caráter obrigatório e
140 disciplinas em caráter optativas, logo após a análise realizada, foi permissível alcançar os
seguintes resultados: a universidade foi a que apresentou um maior nível de aderência com o
currículo mundial, das 46 disciplinas obrigatórias 21 delas estão de acordo com as disciplinas
proposta pelo CM, e das 140 disciplinas optativas apenas 18 estão de acordo com o modelo
proposto pela ONU.
Apesar de ter sido a instituição que apresentou maior número de disciplinas com
semelhança ao currículo mundial, o seu nível de similaridade foi mais baixo com apenas 20,96%.
Esse resultado se deu pelo fato de que a instituição apresenta um grande número de disciplinas
optativas, depois de realizado o cálculo houve influência no seu resultado, mostrando que
apesar da diversidade dos conteúdos, esses estão em desacordo com os conteúdos presentes no
currículo mundial.
O bloco de maior aderência pela universidade foi o bloco 3: (Contabilidade básica,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


100
CAPÍTULO 6

auditoria, tributação e conhecimento relacionado com à contabilidade), assim como a


Universidade Federal do Rio Grande do Norte não apresentou em sua grade curricular nenhuma
disciplina relacionada ao bloco 2 (tecnologia da informação).
A tabela 8, mostram respectivamente as universidades e sua pontuação e nível de
similaridade com o modelo de currículo proposto pelo ONU/UNCTAD/ISAR:

Tabela 8 - Níveis de similaridade das universidades com o CM


PONTUAÇÃO (OBRIGATÓRIAS E NÍVEL DE
UNIVERSIDADE
OPTATIVAS) SIMILARIDADE %
1º UFERSA 24 25%
2º UFRN 15 22,73%
3º UERN 39 20,96%
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Pode-se observar, que a universidade que apresentou um maior nível de adequação foi
a Universidade Federal Rural do Semi- Árido (UFERSA), pois a mesma apresentou um nível
de aderência de 25% ao currículo de contabilidade proposto pela ONU, em segundo lugar está
a Universidade Federal do Rio Grande do Norte com um nível de similaridade de 22,73%
e por último a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, apesar de sua pontuação ter
sido a maior, o que se pode notar através de sua ementa curricular é que apresenta um grande
número de disciplinas optativas em relação às demais instituições, mas que sua grade curricular
apresenta um baixo nível de similaridade visto a quantidade de disciplinas ofertadas apenas
20,96% estão de acordo como o CM.
Assim como o estudo de Czesnat, Cunha e Domingues (2009), o bloco sobre tecnologia
da informação foi o menos contemplado, apenas a UFERSA dispõe de uma disciplina voltada
ao sistema contábil ao qual foi considerada como atendida. Segundo os autores, essa ausência
pode ocasionar com que os graduandos que não se adequarem às constantes mudanças e que não
apresentarem capacidade profissional para lidar com os sistemas contábeis estarão excluídos
do mercado de trabalho.
A segunda maneira de análise, onde foi levado em consideração apenas as disciplinas
obrigatórias, foi perceptível uma alteração nos índices calculados como mostra a tabela 9.

Tabela 9 - Níveis de similaridade das universidades com o CM


UNIVERSIDADE PONTUAÇÃO (OBRIGATÓRIAS) NÍVEL DE SIMILARIDADE %
1º UERN 21 45,65%
2º UFERSA 17 41,46%
3º UFRN 13 32,5%
Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Pode-se perceber, que ao considerar apenas as disciplinas obrigatórias pertencentes às


grades curriculares das universidades, ele influenciou no resultado obtido anteriormente, onde

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


101
CAPÍTULO 6

a UERN revelou-se a instituição com o maior nível de similaridade ao currículo mundial, com
índice de 45,65% e que como foi mencionada na primeira análise as disciplinas optativas que
influenciaram no resultado, pois devido à quantidade de disciplinas ofertadas como optativas
não estão em conformidade com o CM. Já a UFRN, passou a ser a instituição com menor índice
de 32,5%, onde a mesma na primeira análise apresentou um índice de 22,73%. Diante disso,
percebe-se que as universidades devem reavaliar em seus planos pedagógicos as disciplinas
optativas, pois a partir delas compreende-se que as mesmas estão distantes das disciplinas
sugeridas no Currículo Mundial de contabilidade proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR,
deixando uma disparidade entre as instituições que oferecem disciplinas dispostas no CM.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, teve como objetivo analisar o Currículo Mundial de contabilidade
recomendado pelo ISAR/UNCTAD/ONU e comparar os conteúdos nele apresentado com
as matrizes curriculares das universidades públicas do Estado do Rio Grande do Norte, para
que fosse possível medir o nível de aderência de cada uma das instituições. Foram analisadas
as 3 (três) universidades públicas, que ofertam o curso de Ciências Contábeis, sendo elas:
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Universidade Federal do Estado do
Rio Grande do Norte (UFRN) e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). A
coleta das informações se deu através dos seus sites eletrônicos.
A partir disso, foi calculado o nível de similaridade de cada instituição, onde foi
permissível obter uma percentagem para medir a semelhança entre as matrizes curriculares de
cada universidade com o CM. Para a realização do cálculo, foi atribuída pontuação 1, para as
disciplinas que estavam presentes no currículo mundial, e desconsideradas as disciplinas que
não estavam em conformidade, obtendo uma pontuação de disciplinas optativas e obrigatórias.
Verificou-se, que na primeira análise a universidade que apresentou melhor adequação
foi a UFERSA, pois a mesma alcançou um nível de 25% de conformidade com currículo de
contabilidade proposto pela ONU, seguido da UFRN, que obteve um nível de similaridade de
22,73% e por último a UERN que embora tenha obtido uma pontuação maior, percebe-se que
o total de disciplinas ofertadas como optativas influenciou no seu resultado, o que mostrou um
nível de adequação de 20,96%, e que apesar da diversidade de disciplinas não apresentam estar
em conformidade com o modelo do currículo sugerido pela ONU.
Já na segunda análise, onde não foram consideradas as disciplinas em caráter optativo,
houve uma variação entre os índices calculados onde a UERN aumentou em 25,22% o nível
de adequação ao CM, a UFERSA apresentou uma variação de 16,46 e a UFRN um nível de
9,77%; dessa maneira, foi possível perceber que as optativas influenciaram no resultado e que
após desconsiderar as mesmas obteve-se um resultado positivo.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


102
CAPÍTULO 6

Diante dos resultados obtidos, percebe-se que na primeira análise as universidades


apresentaram pequenas variações entre si, uma diferença entre 2,27% e 1,77% de nível de
similaridade, onde foi notável que a única universidade que apresentou disciplinas em todos
os blocos sugeridos pela ONU foi a UFERSA, e que também apresentou um melhor nível de
aderência ao Currículo Mundial.
A análise dos dados, acusou que o bloco de conhecimento do CM que apresentou
maior número de disciplinas atendidas pelas universidades foi o bloco 3 com um total de 33
disciplinas entre as 3 universidades participantes do estudo, o que mostra que a maior parte
das disciplinas ofertadas pelas universidades estão voltadas a contabilidade básica, auditoria,
tributação e conhecimentos voltados à contabilidade.
Observou-se, que das instituições a UERN foi à única que apresentou uma disciplina em
caráter optativo sobre contabilidade internacional, o que demonstra que as demais universidades
não estão cumprindo com o estabelecido pela resolução CNE/CES 10, ao estabelecer que as
instituições de ensino superior devem conter em seus planos pedagógicos conteúdos voltados
à contabilidade internacional.
Faz-se necessário destacar algumas limitações notadas durante a elaboração desse
estudo. Por se tratar de uma pesquisa, que teve como objetivo analisar os conteúdos dispostos
nas grades curriculares de cada instituição da amostra com o currículo mundial, o estudo se
limitou a observar apenas a nomenclatura de cada disciplina, por não ser possível conhecer a
fundo o conteúdo abordado em cada disciplina.
Conclui-se através desse estudo, que os currículos dos cursos de Contabilidade das
universidades pesquisadas apresentam um baixo nível de adesão ao Currículo Mundial proposto
pela ONU/UNCTAD/ISAR, o que passa a ser preocupante para o futuro do profissional contábil.
Recomenda-se, que as universidades devem passar por mudanças em suas matrizes
curriculares, pois a ausência de conteúdos adequados ao Currículo Mundial poderá culminar
que seus graduados não estarem aptos a atuar no mercado de trabalho com a mesma capacidade
de profissionais que concluíram em universidades com uma adesão satisfatória ao CM, e que
novos estudos voltados a essa temática ampliem a amostra entre universidades públicas e
privadas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução N.10, de 16 de dezembro de 2004. Institui as
diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Ciências Contábeis, bacharelado
e dá outras providências. Brasília, DF, maio. 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
cne/arquivos/pdf/rces1004.pdf Acesso em: 18 ago. 2019.

CAMPOS, L. C.; LEMES, S. Análise comparativa entre o currículo mundial proposto pela

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


103
CAPÍTULO 6

ONU/UNCTAD/ISAR e as universidades federais do estado de Minas Gerais. Administração:


Ensino e Pesquisa, v. 13, n. 1, p. 155–194, 31 mar. 2012. https://doi.org/10.13058/raep.2012.
v13n1.101

CAVALCANTE, Danival Sousa et al. Adequação dos currículos dos cursos de contabilidade
das universidades federais brasileiras ao currículo mundial de contabilidade e o desempenho
no Enade. Pensar contábil, Rio de Janeiro, v. 13, n. 50, p. 42-52, jan./abr. 2011. Disponível
em: http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/pensarcontabil/article/view/905
Acesso em: 31 jul. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. FACPC realizará XVI Seminário


Internacional CPC Normas Contábeis Internacionais em 21 de outubro de 2019 Site
institucional. Disponível em: https://cfc.org.br/noticias/facpc- realizara-xvi-seminario-
internacional-cpc-normas-contabeis-internacionais-em-21-de- outubro-de-2019/ Acesso em:
24 jan. 2020

CZESNAT, Aline Fernandes de Oliveira; CUNHA, Jacqueline Veneroso; DOMINGUES, Maria


José Carvalho. Análise comparativa entre os currículos dos cursos de Ciências Contábeis das
universidades do estado de Santa Catarina listadas pelo MEC e o Currículo Mundial proposto
pela ONU/UNCTAD/ISAR. Gestão & Regionalidade, São Caetano do Sul - V. 25, n. 75, p.
22-30, set./dez.2009. Disponível em: https://seer.uscs.edu..br/index.php/revista_gestao/article/
view/186. Acesso em: 04 ago. 2019.

ERFURTH, A. E. Estrutura curricular do curso de Ciências Contábeis na universidade de


Buenos Aires versus a estrutura curricular proposta pelo ISAR/UNCTAD. In: Seminário de
Ciências Contábeis - FURB, 2008, Blumenau. Anais... Blumenau: PPGCC/FURB, 2008,
Vol.4, p.1-15.

ERFURTH, A. E.; DOMINGUES, M. J. C. DE S. Currículo mundial e o ensino de contabilidade:


Estudo dos cursos de graduação em ciências contábeis em instituições de ensino superior
brasileiras e argentinas. Contexto - Contabilidade em Texto, v. 13, n. 23, p. 47–60, 30 abr.
2013. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/ConTexto/article/view/30444/pdf Acesso
em: 27 jul. 2019.

ERFURTH, Alfredo Ernesto et al . O ISAR/UNCTAD, as diretrizes curriculares brasileiras


e as disciplinas de contabilidade de custos: reflexões na área de contabilidade. Anais do
XVI congresso brasileiro de custos. Anais... 2009. Disponível em: https://anaiscbc.emnuvens.
com.br/anais/article/view/1114 Acesso em: 03 ago. 2019.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GUBIANI, A.C.; SANTOS, V. dos; KLANN, R.C.; FILHO, J.R.T. Disclosuredos


derivativos nas notas explicativas das empresas dos segmentos de papel e celulose e de
carnes e derivados. In: SEMEAD – SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, 13., 2010,
Anais…São Paulo, 2010. Disponível em: http://sistema.semead.com.br/13semead/resultado/
trabalhosPDF/470.pdf Acesso em: 03 ago. 2019

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


104
CAPÍTULO 6

KOULOUKOUI, D. et al. Currículo mundial e ensino de contabilidade: estudo comparativo


da matriz curricular de ciências contábeis em instituições de ensino superior brasileiras e
francesas. Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 15, n. 1, p. 62–83,
2 out. 2017. https://doi.org/10.19094/contextus.v15i1.876

LAY, L. A. et al. Nível de Similaridade dos Currículos dos Cursos de Ciências Contábeis de
Instituições Catarinenses em Relação ao Currículo Mundial Proposto pelo ISAR/UNCTAD/
ONU. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, v. 4, n. 2, p. 68–81, 30 ago. 2016.
Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/recfin/article/view/27940/16070
Acesso em: 27 jul. 2019.

MAGALHÃES, Francyslene Abreu Costa; ANDRADE, Jesusmar Ximenes. A educação


contábil no Estado do Piauí diante da proposta de convergência internacional do currículo de
Contabilidade concebida pela ONU/UNCTAD/ISAR. In: congresso USP de controladoria
e contabilidade, 2006, São Paulo. Anais. São Paulo: USP, 2006. Disponível em: https://
congressousp.fipecafi.org/anais/artigos62006/550.pdf Acesso em: 22 ago. 2019.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6.ed. São


Paulo: Atlas, 2007. p. 261-265.

ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. de. Como elaborar um artigo científico. [200_]. Disponível
em: https://posticsenasp.paginas.ufsc.br/files/2014/04/ArtigoCientificoNBR6022-2003.pdf
Acesso em: 10 out 2017.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


105
CAPÍTULO 7
PERCEPÇÃO DOS CONTADORES DO MÉDIO OESTE POTIGUAR SOBRE
ORDEM CRONOLÓGICA DE PAGAMENTOS DOS MUNICÍPIOS AOS CREDORES
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PERCEPTION OF ACCOUNTANTS IN THE POTIGUAR MIDWEST ON


CHRONOLOGICAL ORDER OF PAYMENTS BY MUNICIPALITIES TO PUBLIC
ADMINISTRATION CREDITORS

Thalyta Paula Gomes Pereira


Email: thalytta_britto13@hotmail.com
Ma.Taynara Milene da Silva
Mestra em Administração (UNP)
Email: taynara_milene@hotmail.com
Ma. Maria Auxiliadora de Oliveira Morais
Mestre em Contabilidade (UERN)
Email: auxiliadora.o.morais@gmail.com

RESUMO
A ordem cronológica de pagamentos é objeto de discussão desde a promulgação da Lei 8.666/93.
No entanto, tornou-se necessária a sua regulamentação nos municípios jurisdicionados pelo
Tribunal de Contas do RN, mediante a resolução 032/2016. De modo geral, esta normativa visa
promover o equilíbrio no fluxo processual, bem como a garantia de um tratamento isonômico
e impessoal para com os credores da Administração Pública. A partir disso, o estudo objetivou
analisar a percepção dos contadores quanto à observância da ordem cronológica de pagamentos
em municípios do Médio Oeste Potiguar. A pesquisa, se caracteriza como bibliográfica, estudo
de campo e descritiva. A coleta de dados ocorreu por meio de questionário. Os resultados
analisados revelam que os contadores em sua totalidade, deparam-se com limitações ao cumprir
a ordem de pagamentos, em função do desequilíbrio financeiro entre receitas e despesas,
especificamente ao que se refere à ausência de planejamento nos municípios.

Palavras-chave: Administração pública; Ordem cronológica de pagamentos; Percepção dos


contadores.

ABSTRACT
The chronological order of payments has been the subject of discussion since the enactment
of Law 8,666/93. However, it became necessary to regulate it in the municipalities under
the jurisdiction of the RN Court of Auditors, through resolution 032/2016. In general, this
regulation aims to promote balance in the procedural flow, as well as the guarantee of an
isonomic and impersonal treatment towards the creditors of the Public Administration. From
this, the study aimed to analyze the perception of accountants regarding the observance of the

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


106
CAPÍTULO 7

chronological order of payments in municipalities in the Middle West Potiguar. The research is
characterized as bibliographical, field study and descriptive. Data collection took place through
a questionnaire. The analyzed results reveal that the accountants in their entirety are faced with
limitations when fulfilling the payment order, due to the financial imbalance between income
and expenses, specifically with regard to the lack of planning in the municipalities.

Keywords: Public administration; Chronological order of payments; Accountants’ perception.

1 INTRODUÇÃO
Dentre as determinações exigidas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande
do Norte (TCE-RN), há uma regulamentação para os municípios quanto à observância da
ordem cronológica de pagamentos, normatizada através da resolução 032/2016, cujo teor está
relacionado ao artigo 5º, da Lei 8.666, de junho de 1993, que estabelece as normas para licitações
e contratos da administração pública, na qual se institui procedimentos para o pagamento das
obrigações relativas ao fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação de
serviços, devendo cada unidade da administração obedecer a cronologia das datas de suas
exigibilidades de cada fonte oriunda de recursos, salvo quando presentes relevantes razões
de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente
publicada. (BRASIL, 1993).
A observância da ordem cronológica de pagamentos, é objeto de discussão desde
a promulgação da referida lei, todavia, percebe-se que, apesar de ser uma discussão antiga,
os municípios buscam adaptar-se a essa realidade, haja vista, que as normatizações e
complementações feitas pelos Tribunais de Contas ocorreram somente em 2016. Para tanto, o
papel do contador é de fundamental importância na implantação desta regra, tendo em vista o
trabalho realizado por esses profissionais no controle e no monitoramento dos gastos públicos.
Além disso, é importante considerar que antes da regulamentação da ordem cronológica
de pagamentos, as despesas públicas eram pagas de forma individualizada, de acordo com a
realidade e com o planejamento financeiro de cada município, seguindo critérios instaurados
pela própria gestão. Com a normatização da ordem cronológica, os municípios têm que se
adequar e observar esta nova realidade, e os contadores, especificamente, a partir de sua
responsabilidade nos aspectos de natureza financeira e orçamentária, são fundamentais em sua
aplicação, isso se justifica por estes profissionais estarem diretamente ligados à estruturação
desta ordem. Logo, torna-se relevante investigar a seguinte questão: Qual a percepção dos
contadores dos municípios do Médio Oeste Potiguar quanto à observância da ordem cronológica
de pagamentos?
Desse modo, esta pesquisa objetivou analisar a percepção dos contadores em relação à
observância da ordem cronológica de pagamentos, especificamente no que se refere às exigências
desta norma, à sua eficácia, bem como, às dificuldades de sua aplicação, considerando como

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


107
CAPÍTULO 7

universo de pesquisa o Médio Oeste, uma microrregião do Oeste Potiguar, constituído por seis
municípios: Campo Grande, Janduís, Messias Targino, Paraú, Triunfo Potiguar e Upanema.
A pesquisa se justifica, porque se trata de um tema recente, e de notória escassez de
trabalhos científicos que abordem sobre a temática. Diante disso, com o objetivo de contribuir
com a literatura com a construção de novos conhecimentos e com evidências empíricas acerca da
aplicação das normativas pelos entes públicos como forma de esclarecimentos a administração
pública, a comunidade acadêmica e a sociedade em geral.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTABILIDADE NA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS DESPESAS
Segundo Andrade (2013), a contabilidade pública é considerada uma ramificação da
ciência contábil, que diferentemente da contabilidade privada, é permitido executar somente
o que está fixado em lei, enquanto na área privada é concedido efetuar todos os atos que a lei
não proíbe. Além disso, a contabilidade pública constitui-se de inúmeros mecanismos capazes
de assegurar sua efetivação de forma organizada e eficiente. Neste sentido, os profissionais
contábeis juntamente com a governança devem tomar como base o orçamento público e as leis
que o constituem.
Orçamento público ou orçamento-programa, é a concretização do planejamento do
Estado, quer na manutenção de sua atividade (ações de rotina), quer na execução dos seus
projetos (ações com início, meio e fim). Constitui a ferramenta do Poder Público para expressar
seus programas de atuação, definindo a origem e o montante dos recursos (receitas) a serem
obtidas, bem como, a natureza e o montante dos dispêndios (despesas) a serem efetuadas.
(ANDRADE, 2013).
Dessa forma, as contribuições de Andrade (2013), apontam a necessidade de se
observar os instrumentos constitucionais fixados no processo de planejamento orçamentário,
onde são definidas as metas a serem alcançadas pela gestão, tendo em vista que a execução
orçamentária e a financeira devem estar em consonância uma com a outra, visto que ao executar
uma despesa, é necessária a existência de recursos para filtrá-la.
Esta observação, aponta para uma fragilidade existente nas gestões municipais e
proporciona reflexões sobre as consequências dessa realidade, sendo relevante atentar para a
programação financeira das entidades, em que segundo o Manual de Contabilidade Aplicado
ao Setor Público (2019), trata-se da consonância entre os pagamentos efetuados e o fluxo de
recebimento, no qual visa o ajuste entre despesas e receitas, a fim de que não haja frustrações
nas estimativas realizadas pelo o orçamento anual, com o intuito de atingir os resultados
previstos pela Lei das Diretrizes Orçamentária, visto que esse descontrole implicaria em um

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


108
CAPÍTULO 7

desequilíbrio das contas públicas, onde acarretaria o endividamento da entidade.


Nesse sentido, torna-se evidente a dependência orçamentária no processo de realização
da despesa, sendo indispensável observar se tais ações constam no orçamento público da
entidade, conforme tratado nos dispositivos da Lei Complementar que estabelece normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, nº 101/00:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete


aumento da despesa será acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em
vigor e nos dois subseqüentes;
II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária
e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e
com a lei de diretrizes orçamentárias. (BRASIL, 2000)

Tomando como base a necessidade de um planejamento adequado que atenda aos


anseios da população de forma organizada e responsável, sob este aspecto, destaca-se cada vez
mais a relevância do profissional contábil nas instituições públicas, como forma de orientar os
gestores a não ocasionar despesas mais do que seja possível arrecadar.
No tocante às despesas, Andrade (2013, p. 72), traz uma contribuição ao conceituar a
despesa pública como “toda saída de recursos ou de todo pagamento efetuado a qualquer título,
pelos agentes pagadores para saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial e
destinados à execução dos serviços públicos”. Conforme o explicitado e de acordo com o que
está previsto nos dispositivos da Lei 4.320/64, que institui normas gerais de direito financeiro
para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal, a execução da despesa pública cumpre-se em três etapas, sendo: empenho,
liquidação e pagamento da despesa.
O empenho, de acordo o art. 58 da lei 4.320/64, “é o ato emanado de autoridade
competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de
condição” (BRASIL, 1964). Por sua vez, Andrade (2013), o evidencia como o comprometimento
prévio do poder público para com o seu fornecedor ou prestador de serviços, garantindo-lhes
dotação orçamentária para realização da despesa, de acordo com o limite de crédito permitido
no orçamento anual da entidade, no entanto, este ato se materializa através da nota de empenho,
ferramenta utilizada para formalizar o processo de reserva orçamentária.
Sendo o empenho a primeira etapa da execução da despesa, é importante salientar a
sua relevância no tocante ao equilíbrio orçamentário da entidade, tendo em vista que esta fase
assegura a observância dos valores fixados em orçamento, o total em que foi gasto e o que
ainda resta. No entanto, os empenhos podem ser ordinários, globais e estimativos, nos quais
variam de acordo com os tipos de despesa.
A fase de liquidação da despesa propriamente dita, na qual consiste no estágio de

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


109
CAPÍTULO 7

averiguação do bem ou serviço adquirido pela Administração Pública, com base em documentos
comprobatórios que atestem o cumprimento por parte dos fornecedores ou prestadores de
serviços, definido no art. 63 da Lei 4.320/64 como liquidação da despesa.
Por último, encerra-se o processo de execução da despesa com o seu
correspondente pagamento, momento no qual a despesa é saldada e consequentemente a dívida
é quitada. Nessa perspectiva, a Lei 4.320/64, em seu artigo 64, define a ordem de pagamento
como sendo “o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja
paga”.

2.2 ORDEM CRONOLÓGICA DE PAGAMENTOS

A ordem cronológica de pagamentos é determinada pela Lei 8.666/93, que institui


normas para licitações e contratos da Administração Pública, em seu art. 5º:

[...] devendo cada unidade da Administração, no pagamento das obrigações relativas


ao fornecimento de bens, locações, realização de obras e prestação de serviços,
obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das
datas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes razões de interesse
público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente
publicada. (BRASIL, 1993)

Conforme o texto da lei, a obrigatoriedade para o cumprimento da ordem cronológica


de pagamento já havia sido prevista; contudo, apresentou-se necessária a regulamentação
desta norma. Nessa perspectiva, a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas aprovou
as Diretrizes de Controle Externo a serem adotados pelos Tribunais de Contas do Brasil,
expedindo-lhes as recomendações através da resolução 08/2014, cujo teor está relacionado ao
cumprimento do art. 5º da lei 8.666/93.
Em síntese, a legislação instituída para a efetivação da ordem cronológica de
pagamentos nos órgãos públicos, visa tão somente à padronização do fluxo processual e a
execução dos princípios básicos que regem a Administração Pública, tais como o da legalidade,
da impessoalidade, da eficiência, da moralidade, da publicidade e da isonomia, uma vez que
esta normativa propõe-se a cumprir as exigências legais no processo de execução das despesas;
o tratamento igualitário entre os fornecedores, como também a utilização de mecanismos
eficazes, capazes de fornecer informações da ordem em que se encontram os credores, a fim
de abolir o número de inadimplências injustificadas existentes no âmbito da administração
pública.
No entanto, o artigo 62 da Lei 4.320/64 determina que “o pagamento das despesas só
será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.”. Desse modo, a cronologia dos
pagamentos se dá a partir das datas de liquidação, tendo em vista que esse é o momento em que

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


110
CAPÍTULO 7

a despesa é atestada pelos fiscais de contratos e encaminhada para pagamento. Nesse sentido,
Andrade (2013, p. 108), destaca que “o agente público deverá verificar primeiramente se a
despesa já foi liquidada, em seguida a existência de recursos financeiros e finalmente a ordem
cronológica de exigibilidade de pagamentos.”.
Uma observação relevante a ser apontada, é que o descumprimento desta norma é
considerado um ato ilícito e sujeito a penalidades, haja vista os dispositivos do Decreto-lei nº
201/67, no qual se considera crime por parte do Prefeito Municipal, “antecipar ou inverter a
ordem de pagamento dos credores do Município, sem vantagem para o erário.”. Além disso,
essa afirmativa encontra-se explicitada no artigo 92 da Lei 8.666/93 a qual enfatiza pena de
detenção, de dois a quatro anos, e multa (BRASIL, 1993).

2.3 REGULAMENTAÇÃO DA ORDEM CRONOLÓGICA DE PAGAMENTOS NO ESTADO


DO RIO GRANDE DO NORTE
Com base na legislação aplicada, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do
Norte (TCE-RN), normatizou a observância da ordem cronológica de pagamentos dos contratos
firmados no âmbito das unidades pertencentes a esta jurisdição, mediante a resolução 032/2016
promulgada em 1º de novembro de 2016, como pode ser observado no trecho abaixo:

Art. 1º A presente Resolução institui procedimentos, rotinas, deveres e


responsabilidades para a adequada observância da ordem cronológica de pagamentos
de obrigações de natureza contratual e onerosa firmados por cada unidade da
Administração Pública pertencente ao Estado do Rio Grande do Norte e a qualquer
dos seus Municípios, com vistas ao cumprimento ao art. 5º da Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, bem como, estabelece diretrizes para a edição de regulamentos
próprios acerca da matéria por parte dos jurisdicionados do Tribunal de Contas do
Estado. (RIO GRANDE DO NORTE, 2016).

Essa resolução ainda passou por diversas alterações, as quais impossibilitaram a sua
aplicação no ano de 2017, período previsto para dar início, dando prazos para os municípios e
demais órgãos do estado se adequarem, tornando o estrito cumprimento da norma a partir de
1º de janeiro de 2018.
Conforme divulgado no endereço eletrônico do Tribunal de Contas do Estado do Rio
Grande do Norte, “a prorrogação se deu em função de alterações no texto da Resolução e
da execução das ações necessárias para operacionalização da nova regulamentação por parte
da Secretaria de Controle Externo.”. As modificações foram instituídas mediante a resolução
024/2017, promulgada em 28 de novembro de 2017, na qual altera e ao mesmo tempo acrescenta
dispositivos na normativa 032/2016.
Tendo em vista as discussões ocorridas para a implantação da norma nos municípios,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


111
CAPÍTULO 7

algumas despesas se tornaram dispensadas perante a ordem, podendo ser pagas a qualquer
tempo, sem que sejam incluídas nas listas compostas pelos credores, como por exemplo,
concessões diárias, auxílios financeiros, serviços de telefonia, energia elétrica, água potável
entre outros. Além disso, torna-se admissível a quebra da ordem em determinadas situações,
as quais estão previstas no art. 15º da resolução 032/2016, citam-se alguns exemplos como
a grave perturbação da ordem; estado de emergência; calamidade pública; decisão judicial;
decisão do Tribunal de Contas que determine a suspensão de pagamento; e relevante interesse
público, mediante deliberação expressa e fundamentada do ordenador de despesas.
Dessa forma, ao alterar a ordem dos pagamentos, a unidade gestora terá como obrigação
justificar tal descumprimento e em seguida tornar público o motivo pela qual ocasionou a
quebra da ordem, conforme determinações instituídas no parágrafo 2 do art. 15º, da resolução
032/2016.
No entanto, as justificativas referentes à descontinuação da ordem cronológica de
pagamentos dos municípios pertencentes à jurisdição do Tribunal de Contas do Estado, são
encaminhadas para o Diário Oficial dos municípios do Rio Grande do Norte, na qual se encontra
explicitado no endereço eletrônico da Federação dos Municípios do RN (FEMURN), como
também, podem ser divulgados em Diários Municipais próprios, nos quais são publicadas a
quebras das ordens de pagamentos, acompanhadas das suas justificações.
Dessa forma, o descumprimento da ordem cronológica de pagamentos sem o
acompanhamento da sua devida justificativa é considerado um ato ilícito, podendo acarretar
penalidades ao gestor, conforme tratado pela própria resolução, da qual o seu conteúdo
estar relacionado ao artigo 92 da lei 8.666/93 já citado neste estudo, na qual definem as suas
penalidades.
Essa normativa, também se caracteriza por atender ao princípio da publicidade, tendo
em vista a transparência acerca da situação financeira da entidade a partir de sua adoção, nos
quais são lançados os registros relativos à ordem cronológica em que se encontram as despesas
realizadas pelas unidades gestoras, uma vez que as listas de exigibilidades devem constar nos
portais de transparência dos municípios, acompanhadas dos registros contábeis efetuados no
processo (RIO GRANDE DO NORTE, 2016).
Outra observação relevante a ser apontada, é o tratamento desta norma em relação
aos restos a pagar, uma vez que os gestores ficam impedidos a ocasionar despesas sem antes
observar os restos anuais restantes, inclusive dando prazos para os gestores quitarem suas
dívidas, com a finalidade de abolir o número de inadimplências no setor público, bem como, o
seu endividamento.
A partir das regulamentações instituídas pela Lei 8.666/93 e das resoluções posteriores,
observa-se que esta normativa tem como objetivo impedir o tratamento diferenciado do poder
público para com os seus credores, além de seguir rigorosamente os princípios que rege a

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


112
CAPÍTULO 7

administração pública, especificamente o da isonomia e impessoalidade.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para este estudo, delimitou-se como universo de pesquisa os contadores das Prefeituras
Municipais, pertencentes à microrregião do Oeste Potiguar, especificamente do Médio Oeste,
onde é constituído por seis municípios, sendo: Campo Grande, Janduís, Messias Targino,
Paraú, Triunfo Potiguar e Upanema. Nesse processo, a definição se deu por conveniência e
acessibilidade, ou seja, “o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que
estes possam, de alguma forma, representar o universo.” (GIL, 2008, p. 94).
A coleta de dados, deu-se mediante questionário aplicado aos contadores dos seis
municípios, estruturado em um quantitativo de 10 questões abertas, conforme consta no apêndice
1 deste estudo. No entanto, a escolha por esse procedimento deve-se a sua aplicabilidade, pois,
segundo Gil (2008, p. 121), o questionário é “a técnica de investigação composta por um
conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre
conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores
[...]”.
Tendo em vista a aplicação dos questionários aos 06 (seis) contadores, obtivemos
retorno de apenas 04 (quatro) respondentes, os quais correspondem a uma amostra de 66,66%
da população. Por sua vez, o estudo está centrado na análise dos questionários recebidos,
considerando o uso de um mesmo critério para entrega e prazo de devolução para todos os
contadores durante esta pesquisa.
Portanto, a amostra foi constituída por parte dos profissionais contábeis atuantes nas
prefeituras municipais pertencentes ao Médio Oeste Potiguar. Sendo os mesmos, durante
as apresentações, nomeados como: Contador A, Contador B, Contador C e Contador D,
respectivamente. A partir daí, foram obtidas as informações necessárias para as análises dos
dados, bem como a construção dos resultados.
O estudo, se classifica como pesquisa bibliográfica, estudo de campo e descritiva. Silva
(2017, p. 149), destaca que “a bibliográfica é um tipo de pesquisa realizada pela maioria dos
pesquisadores mesmo no seu preâmbulo.”. Daí a necessidade de recorrermos a esta pesquisa.
Para o autor, a pesquisa de campo consiste na coleta direta e informação no local em que
acontecem os fenômenos, é aquela que se realiza fora do laboratório, no próprio terreno das
ocorrências.
Por último, identifica-se o estudo como descritivo, já que “[...] são incluídas neste grupo
as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população”
(GIL, 2008, p.28). Este estudo, por sua vez, busca analisar a percepção dos contadores acerca

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


113
CAPÍTULO 7

da ordem cronológica de pagamentos.


Quanto à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual,
“preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na
compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais” (SILVEIRA E CÓRDOVA, 2009,
p. 32). A tabulação dos dados foi realizada por meio do ATLAS.ti 9, e a análise dos dados
ocorreu através de análise de conteúdo das respostas dos questionários e da legislação sobre o
tema.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Com a aplicação dos questionários, buscou-se conhecer o ponto de vista dos contadores
a respeito dessa regulamentação no âmbito das prefeituras municipais em que atuam. Desse
modo, iniciou-se com indagações sobre a efetivação da norma nas prefeituras. Todavia, ainda
que se trate de uma regulamentação obrigatória, na qual a sua inobservância está sujeita a
penalidades, com a análise dos dados constatamos que apenas 2 (dois) dos 4 (quatro) municípios
respondentes estão com a norma efetivada, enquanto os demais afirmaram que o processo de
implantação se encontra em andamento.
Sobre isso, destaca-se o posicionamento do Contador C, ao ser questionado sobre esse
aspecto, ao afirmar que “o setor financeiro não despertou interesse em cumprir as exigências da
legislação pertinente ao equilíbrio das finanças públicas em nosso município”. É perceptível,
então, a resistência de alguns municípios ao cumprir as exigências explicitadas na resolução.
Ao normatizar a resolução 032/2016, o Tribunal de Contas do Estado ofertou
treinamentos sobre a execução da norma, com o objetivo de capacitar os profissionais
responsáveis pela sua efetivação. Entretanto, os Contadores A, B e D confirmaram em suas
respostas a participação nesse processo de qualificação ocasionado pela série de encontros
promovidos pelo próprio Tribunal de Contas. Além desse momento, os contadores também
participaram de debates oportunizados pela Federação dos Municípios do Rio Grande do
Norte (FEMURN). Em situação oposta à apresentada anteriormente, o Contador C, apesar
de ter estado ciente das formações, afirmou não ter participado das capacitações específicas à
aplicação da resolução nos municípios.
Por ser tratar de uma norma estabelecida por órgão superior à gestão municipal, em
grande parte, sua efetivação é vista como um fator complicador para o município e, na tentativa
de garantir a qualidade na realização desse processo, o Tribunal de Contas oferece momentos
de discussão nos quais os representantes são conscientizados e preparados para esta realidade;
porém, a capacitação é um passo inicial, como mostramos nos parágrafos anteriores. Sob este
enfoque, buscamos investigar como os contadores observam a ordem e obtivemos percepções
divergentes, que variam em relação ao olhar de cada contador.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


114
CAPÍTULO 7

O Contador D, em sua fala, destaca ter conhecimento da existência da ordem


cronológica, presente na Lei 8.666/93, mas aponta que “muitos municípios começaram a olhar
para este assunto depois do pronunciamento do TCE/RN”. Essa observação é objetiva em
relação aos demais contadores, os quais atentaram para outros aspectos da ordem, como pode
ser identificado no trecho demonstrado na tabela 01.

Tabela 01: Resposta Contador A


Nome da Citação Conteúdo de Citação
A responsabilidade na gestão fiscal deve ter clara a ação bem planejada e
o mais transparente possível, de forma a evitar riscos e também a corrigir
Contador A erros que podem afetar o equilíbrio das contas públicas. É preciso ter um
controle firme sobre as contas públicas, principalmente no que tange ao
que o município arrecada e o que ele tem de gastos públicos.
Fonte: Dados da pesquisa

Um ponto relevante da afirmação do Contador A é o destaque dado por ele ao equilíbrio


das contas públicas, o que evidencia o cuidado a ser tomado na gestão fiscal, desde o planejamento
orçamentário à execução financeira, garantindo maior controle do que se arrecada e o que se
tem a pagar. De forma ainda mais específica, o Contador B, ao evidenciar a existência de vários
motivos que dificultam a observância da norma, destaca que “talvez o principal seja a cultura
da falta de planejamento entre receitas arrecadadas e despesas realizadas sempre a maior”, o
que pode ser, segundo ele, a dificuldade no cumprimento da norma.
Sobre o assunto, Andrade (2013), aponta a necessidade de se observar os instrumentos
constitucionais fixados no processo de planejamento orçamentário, onde são definidas as metas
a serem alcançadas pela gestão, tendo em vista que a execução orçamentária e a financeira
devem estar em consonância uma com a outra, visto que ao executar uma despesa, é necessária
a existência de recursos para filtrá-la.
Nas falas analisadas, nota-se que a maior parte dos contadores relacionam a observância
da norma ao equilíbrio financeiro da entidade, especificamente aos impasses identificados,
devido à desproporção entre receitas e despesas. No entanto, essas não são as únicas dificuldades
identificadas. O Contador C alerta para outro problema existente conforme descrito na tabela
02.

Tabela 02: Resposta Contador C


Nome da Citação Conteúdo de Citação
Em termos técnicos a observância do cumprimento legal da resolução do TCE/
RN, deveriam partir das unidades administrativas que ordenam despesas, para as
Contador C
mesmas manterem um relacionamento junto aos setores contábil e financeiro da
Prefeitura, a fim de cumprirem o que determina a Lei.
Fonte: Dados da pesquisa

Em suma, podemos inferir que o Contador C associa as dificuldades enfrentadas à

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


115
CAPÍTULO 7

falta de comunicação entre os setores administrativos, uma vez que ao ordenar uma despesa
é necessário averiguar se existe disponibilidade orçamentária e saldo em caixa para efetuar o
pagamento.
Neste sentido, deve-se ressaltar que o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor
Público (2019), trata-se da consonância entre os pagamentos efetuados e o fluxo de recebimento,
no qual visa o ajuste entre despesas e receitas, a fim de que não haja frustrações nas estimativas
realizadas pelo o orçamento anual, com o intuito de atingir os resultados previstos pela Lei das
Diretrizes Orçamentária, visto que esse descontrole implicaria em um desequilíbrio das contas
públicas, onde acarretaria o endividamento da entidade.
Os contadores também foram questionados a respeito das melhorias trazidas pela
norma para o gerenciamento das despesas públicas nas prefeituras e como pode ser constatado
no trecho abaixo relatado pelo Contador A, conforme mostrado na tabela 03.

Tabela 03: Resposta Contador A


Nome da Citação Conteúdo de Citação
O respeito à ordem cronológica é direito subjetivo de cada contratado, credor da
Administração Pública, não cabendo à administração escolher qual dentre os vários
credores primeiro receberá os valores devidos. A cronologia a ser observada pela
administração deve estar balizada por duas condições e nessa linha de prioridade:
primeiro, a data de apresentação da fatura e documentação complementar e
Contador A
segundo, a data da liquidação, quando se reconhece a dívida apta para pagamento.
Portanto, dentro do prazo contratual estabelecido para pagamento, uma vez
liquidada a fatura, deverá ser observada a ordem cronológica para pagamento.
De se ressaltar que na atividade de exame documental, para fins de pagamento,
o fiscal deverá priorizar a ordem cronológica de apresentação da documentação.
Fonte: Dados da pesquisa

Abordados sobre os benefícios advindos com a efetivação da ordem cronológica de


pagamentos, os contadores expressaram argumentos diferentes. Como pode ser identificado
no trecho acima, o Contador evidencia a norma como algo positivo, na qual reafirma a sua
relevância, no que se refere ao tratamento isonômico e impessoal entre os credores.
Em detrimento dessas afirmações, o Contador B reafirmou que a efetivação da norma
se encontra em andamento em seu município, ressaltando que, “o processo de implantação
ainda não estar 100% efetivado daí não podemos afirmar tal melhoria”, em consonância com
esta afirmativa, o Contador C destaca que “a norma não trouxe benefícios, devido à grande
morosidade da aplicação da legislação em vigor”. Nessa perspectiva, o Contador D enfatiza ser
algo “complicado, devido à demanda das despesas serem maiores que as das receitas” e ainda
reitera essa afirmação salientando que, para tanto, “falta um setor ativo na área de planejamento
das ações.”.
Nessa perspectiva, tornou-se imprescindível conhecer o ritmo da execução orçamentária
dos municípios, destacando se existe compatibilidade dos recursos arrecadados com os

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


116
CAPÍTULO 7

executados. Assim, oportunizamos os dispositivos da lei 4.320/64, que regulamenta acerca da


programação financeira no âmbito da Administração Pública, conforme mostrada na tabela 04.

Tabela 04: Conteúdo da Lei 4.320/64


Nome da Citação Conteúdo de Citação
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos
limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais
da despesa que cada unidade orçamentária ficará autorizada a utilizar. Art.
48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes
Lei 4.320/64 objetivos: a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de
recursos necessários e suficientes à melhor execução do seu programa anual de
trabalho; b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre
a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais
insuficiências de tesouraria.
Fonte: Lei 4320/64

Diante disso, em resposta a esse questionamento, percebeu-se a disparidade das


respostas dos contadores, uma vez que o Contador A afirmou que “Sim, o Poder Executivo está
sempre ajustando o fluxo de dispêndios às sazonalidades da arrecadação, visando compatibilizar
os gastos à efetiva entrada de recursos”. E, por outro lado, os demais destacaram não haver
essa compatibilidade entre os recursos arrecadados e os gastos efetuados, na qual dificulta o
cumprimento da ordem de pagamentos, uma vez que as despesas serão sempre maiores que os
recursos financeiros existentes.
Sobre esse aspecto, o Contador C, responde de forma negativa e ao mesmo tempo
justifica sua resposta ao salientar que “em decorrência das necessidades populacionais, os
municípios de pequeno porte que vivem exclusivamente do FPM, sempre ordenam despesas
além de sua capacidade de pagamento”. Sob a mesma ótica, o Contador D corrobora com este
debate ao afirmar que “os gastos com educação, saúde e assistência social é muito alto, os
recursos federais não cobrem os gastos, daí o município tem que arcar com recurso próprio que
já é pouco”.
Em relação a essa temática, pode-se evidenciar que o artigo 62 da Lei 4.320/64
determina que “o pagamento das despesas só será efetuado quando ordenado após sua regular
liquidação.”. Desse modo, a cronologia dos pagamentos se dá a partir das datas de liquidação,
tendo em vista que esse é o momento em que a despesa é atestada pelos fiscais de contratos e
encaminhada para pagamento. Nesse sentido, Andrade (2013, p. 108) destaca que “o agente
público deverá verificar primeiramente se a despesa já foi liquidada, em seguida a existência
de recursos financeiros e finalmente a ordem cronológica de exigibilidade de pagamentos.”.
No tocante às limitações encontradas, ao se observar esta normativa, questionamos
sobre as dificuldades enfrentadas após normalização da ordem cronológica de pagamentos
e os contadores reafirmaram o confronto entre despesas e receitas diretamente ligadas ao
planejamento orçamentário dos municípios.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


117
CAPÍTULO 7

Nessa perspectiva, o Contador A afirma que “uma das maiores dificuldades existentes
é manter os compromissos em virtude da queda de receita”. Sobre isso, o Contador B certifica
que os impasses estão relacionados à “falta de cultura nas entidades públicas de se trabalhar
o planejamento orçamentário (receitas versus despesas)”. Seguindo essa mesma linha, o
Contador C alega que “o desequilíbrio financeiro não permite a realização de um cronograma
de desembolso para melhor atender as exigências da resolução”. Por último, o Contador D
reitera essa discussão ao assegurar que “os recursos não são compatíveis com os gastos”.
Observa-se, portanto, que os contadores em sua totalidade têm um posicionamento
crítico, que se aproxima das observações apontadas por Angélico (1995), sendo pertinentes
atualmente, as quais evidenciam que com a ausência da programação financeira nos municípios,
os créditos orçamentários logo serão utilizados nos meses iniciais do ano, gerando um déficit
financeiro, devido os problemas de insuficiências de caixa, uma vez que a entrada de receitas
é realizada de forma gradativa, ao longo do exercício. Com base nessa realidade apontada
por Angélico (1995), buscamos investigar o conhecimento dos contadores no que se refere às
quebras de ordem de pagamentos nos municípios onde atuam e os mesmos em sua totalidade,
afirmaram não tomarem ciência de tal ocorrência, haja vista se tratar de uma atitude que não
parte do setor contábil e sim dos ordenadores de despesas.
Conforme já mencionado neste estudo, a ordem cronológica também se destaca
por atender ao princípio da publicidade, tendo em vista que se torna transparente a situação
em que se encontra o andamento dos pagamentos realizados pela gestão. Nesse sentido, foi
necessário para fins de análise, averiguar se nos municípios analisados esse princípio estava
sendo cumprido. Em detrimento dessa temática, o Contador A destacou que “sim, a lista da
ordem cronológica de pagamentos é disponibilizada diariamente no portal da transparência do
município.”. O mesmo procedimento foi realizado no município de Contador D. Percebe-se,
assim, o cumprimento do disposto no parágrafo único do artigo 19 da Resolução 032/2016 a qual
determina que “[...] até o décimo dia de cada mês, deverá se dar no Portal da Transparência a
disponibilização da “lista de exigibilidades” relativa ao mês anterior, da qual haverá de constar,
por fonte diferenciada de recursos”.
Enquanto o princípio da publicidade é observado nas falas dos Contadores A e D, o
Contador B, ao referir-se a disponibilização da ordem no portal da transparência diz que “não,
haja vista que a norma ainda não está estabelecida no município”. O Contador C, por sua vez,
foi sucinto em sua resposta: “dispenso a pergunta, tendo em vista que a norma não ter sido
implantada em seu município”.
Por último, questionou-se a respeito da eficácia da resolução quando se trata dos restos
a pagar, tendo em vista que a norma estipula prazos de pagamentos contados a partir da abertura
do exercício financeiro e orçamentário, sendo especificamente de no máximo 15 (quinze) dias.
Sobre esse aspecto, a resposta do contador A é mostrada na tabela 05.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


118
CAPÍTULO 7

Tabela 05: Resposta contador A


Nome da Citação Conteúdo de Citação
Não. A concentração de empenhos nos últimos dias do exercício financeiro
é um dos fatores que contribuem para o aumento de restos a pagar, pois essas
Contador A
despesas geralmente não conseguem cumprir todo o processo legal de tramitação
e, consequentemente, não se consegue pagá-las dentro do exercício.
Fonte: Dados da pesquisa

O Contador A, além de não identificar a eficácia da resolução, aponta como negativa


a existência dos restos a pagar, como sendo consequência do excesso de despesas empenhadas
nos últimos dias do exercício, o que dificultou o cumprimento dos pagamentos. Já o Contador
C, em seu entendimento da questão, associou a eficácia da resolução à quitação de todos os
restos a pagar, afirmando que “a percepção dessa eficácia se dá quando realmente o pagamento
acontece cronologicamente, isto é, o município não deixa restos a pagar com suficiência de
fundos”. As respostas dos contadores B e D foram divergentes, tendo o Contador D afirmando
que não percebe essa eficácia e justificou: “não acompanho a organização da ordem e sim o
setor financeiro. O nosso setor registra o que ocorreu.”. Diferentemente dessa observação, o
Contador B destacou ser relativo, pois “tem ano que sim e outros não”, o que inferimos estar
ligado à inconstância da eficácia.
A última questão aplicada tinha como proposta que os contadores avaliassem a
aplicabilidade da resolução 032/2016 nos locais em que atuam. As respostas, atribuídas em
forma de notas de 0 (zero) a 10 (dez), refletem a percepção destes contadores sobre a situação
dos municípios investigados. Apresentando-as em uma ordem decrescente, as notas da avaliação
foram 8 (oito), 5 (cinco) e 5 (cinco), dos contadores A, B e C, respectivamente. O Contador
D, no entanto, não atribuiu nota e afirmou: “não tenho como opinar, porque o nosso setor não
acompanha, mas posso afirmar que o gestor faz de tudo para cumprir a ordem.”.
Por fim, ao encerrarmos esta análise, percebendo a emergência de muitos pontos
conflitantes diretamente ligados à contabilidade pública e, especificamente, às gestões
municipais, como, por exemplo, o envolvimento do setor contábil na prestação de assessoria às
unidades administrativas, tendo em vista as suas responsabilidades nos aspectos orçamentário,
financeiro e econômico. Além disso, é perceptível a atitude defensiva dos contadores em suas
respostas, destinando as responsabilidades a outros setores, como planejamento, por exemplo,
conforme pode ser comprovado nas falas analisadas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ordem cronológica de pagamentos visa garantir o tratamento isonômico e impessoal
do poder público para com os seus credores, bem como, a padronização do fluxo processual,

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


119
CAPÍTULO 7

instituindo-lhes critérios para liquidação e pagamento das despesas. No entanto, apesar de se


tratar de uma discussão antiga, foi necessária a sua regulamentação no âmbito da Administração
Pública do Estado do Rio Grande do Norte.
Quanto objetivo geral deste estudo, que era analisar a percepção dos contadores acerca
da ordem cronológica de pagamentos e as exigências advindas da resolução 032/2016 (TCE-
RN), assim como a eficácia desta norma e as dificuldades em sua efetivação em municípios do
Médio Oeste Potiguar, constatamos a dificuldade na realização desse processo que já deveria
ter ocorrido, de acordo com os prazos estabelecidos pelo Tribunal de Contas do Rio Grande
do Norte, e concluímos que, a partir da observação dos contadores, essas dificuldades estão
associadas ao desequilíbrio das contas públicas gerado pela falta de planejamento orçamentário
e financeiro dos municípios, o que impossibilita o estrito cumprimento da ordem cronológica
de pagamentos.
Contudo, apesar das dificuldades enfrentadas para sua efetivação, os seus benefícios
ainda são evidenciados, especificamente no que se refere ao tratamento igualitário entre
credores, ainda que esta observação não seja unânime entre os contadores pesquisados.
É perceptível, portanto, a preocupação dos profissionais contábeis acerca do
planejamento orçamentário e financeiro, tendo em vista que para equilibrar as contas públicas e
abolir o número de inadimplências, e, consequentemente, conseguir cumprir a ordem cronológica
de exigibilidades, em conformidade com os prazos e cronologia correta, é necessário utilizar-
se de mecanismos para programar as despesas, ajustando-as com as suas respectivas receitas.
Por último, refletimos sobre a necessidade de maior integração entre os setores
pertencentes a cada gestão, a fim de que seja garantida a qualidade da administração pública,
na qual não prevalece a individualidade dos setores, sendo mantida total ou parcial ligação
administrativa entre todos que a compõem. Sobre as limitações do estudo, está na dificuldade de
devolutas dos questionários dos pesquisados e as sugestões de pesquisas futuras, esta pesquisa
pode ser aplicada em outros municípios ou estados brasileiros com métricas de avaliação
quantitativas de comparação, por exemplo.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Nilton de Aquino. Contabilidade pública na gestão municipal: métodos com
base nas Normas Brasileiras de contabilidade Aplicadas ao setor público (NBCASP) e nos
padrões internacionais de contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

ANGÉLICO, João. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. Contabilidade Pública: da teoria à prática. 2. ed. rev. e
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2009.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


120
CAPÍTULO 7

BRASIL, Decreto- lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a responsabilidade


dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,
[1967]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0201.htm Acesso em: 18 jan. 2019.

BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República, [2000]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/lcp/lcp101.htm Acesso em: 10 ago. 2019.

BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle de orçamentos e balanços da União dos Estados, dos Municípios
e do Distrito Federal. Brasília, DF: Presidência da República, [1964]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm Acesso em: 17 ago. 2019.

BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1993]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 3 ago. 2019.

BRASIL, Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Manual de contabilidade aplicada ao setor


público. Brasília, DF: STN, 2019. Disponível em:
h t t p : / / w w w. t e s o u r o . f a z e n d a . g o v. b r / d o c u m e n t s / 1 0 1 8 0 / 6 9 5 3 5 0 / C P U _
MCASP+8%C2%AA%20ed+-+publica%C3%A7%C3%A3o_com+capa_3vs_
Errata1/6bb7de01-39b4-4e79-b909-6b7a8197afc9. Acesso em: 30 jan. 2020.

CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 4. ed. rev. ampl. e atualizada.


Salvador: JusPODIVM, 2017.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia de


pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros,
2016.

QUINTANA, Alexandre Costa et al. Contabilidade pública: de acordo com as novas normas
brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público e a lei de responsabilidade fiscal. 1. ed.
São Paulo: Atlas, 2011.

RIO GRANDE DO NORTE, Resolução nº 024, de 28 de novembro de 2017. Altera e


acrescenta dispositivos à Resolução nº 032, de 01 de novembro de 2016, que dispõe sobre
a observância da ordem cronológica de pagamentos nos contratos firmados no âmbito das
unidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte e dá outras
providências. Natal, RN [2017]. Disponível em: http://www.tce.rn.gov.br/as/Legislacao_site/
download/resolucoes_tce_rn/Resolu%C3%A7%C3%A3o_n.%C2%BA_024.pdf. Acesso em:
16 ago. 2019.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


121
CAPÍTULO 7

RIO GRANDE DO NORTE, Resolução nº 032, de 01 de novembro de 2016. Dispõe sobre


a observância da ordem cronológica de pagamentos nos contratos firmados no âmbito das
unidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte e dá outras
providências. Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte. Natal, RN [2016].
Disponível em:
http://www.tce.rn.gov.br/as/Legislacao_site/download/resolucoes_tce_rn/Resolucao_322016_
atualizada_ate_032018.pdf. Acesso em: 15 ago. 2019.

SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada à contabilidade.


Salvador: UFBA, Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.

SILVEIRA, Denise Tolfo; CÓRDOVA, Fernanda Peixoto. (org.). Métodos de pesquisa. 1. Ed.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

SLOMSKI, Valmor. Manual de contabilidade pública: um enfoque na contabilidade


municipal, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SOUZA, Leonardo Studzinski. A eficiência da renúncia fiscal: um método de controle


para o Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. 2014. Dissertação (Mestrado em
Administração) –Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2014. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/129370 Acesso em: 15 ago. 2019.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Após ajustes, TCE


prorroga resolução que determina pagamentos por ordem cronológica Site institucional.
Disponível em: http://www.tce.rn.gov.br/Noticias/NoticiaDetalhada/3531 Acesso em: 20 nov.
2019.

GESTÃO EMPRESARIAL E CONTABILIDADE


122

Você também pode gostar