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TIC ORGANIZAÇÕES

SEM FINS LUCRATIVOS


Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação nas Organizações
Sem Fins Lucrativos Brasileiras

2022—
ICT NONPROFIT
ORGANIZATIONS
Survey on the Use of Information and
Communication Technologies in Brazilian
Nonprofit Organizations
Atribuição Não Comercial 4.0 Internacional
Attribution NonCommercial 4.0 International

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http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR
Brazilian Network Information Center

TIC ORGANIZAÇÕES
SEM FINS LUCRATIVOS
Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias
de Informação e Comunicação nas
Organizações Sem Fins Lucrativos Brasileiras

2022

ICT NONPROFIT
ORGANIZATIONS
Survey on the Use of Information and
Communication Technologies in Brazilian
Nonprofit Organizations

Comitê Gestor da Internet no Brasil


Brazilian Internet Steering Committee
www.cgi.br

São Paulo
2023
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR - NIC.br
Brazilian Network Information Center - NIC.br
Diretor Presidente / CEO : Demi Getschko
Diretor Administrativo / CFO : Ricardo Narchi
Diretor de Serviços e Tecnologia / CTO : Frederico Neves
Diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento / Director of Special Projects and Development : Milton Kaoru Kashiwakura
Diretor de Assessoria às Atividades do CGI.br / Chief Advisory Officer to CGI.br : Hartmut Richard Glaser

Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação – Cetic.br


Regional Center for Studies on the Development of the Information Society – Cetic.br
Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination : Alexandre F. Barbosa
Coordenação de Projetos de Pesquisa / Survey Project Coordination : Fabio Senne (Coordenador / Coordinator),
Ana Laura Martínez, Daniela Costa, Fabio Storino, Leonardo Melo Lins, Luciana Portilho, Luísa Adib Dino, Luiza Carvalho
e /and Manuella Maia Ribeiro
Coordenação de Métodos Quantitativos e Estatística / Statistics and Quantitative Methods Coordination : Marcelo Pitta
(Coordenador / Coordinator), Camila dos Reis Lima, Mayra Pizzott Rodrigues dos Santos, Thiago de Oliveira Meireles e /and
Winston Oyadomari
Coordenação de Métodos Qualitativos e Estudos Setoriais / Sectoral Studies and Qualitative Methods Coordination : Graziela Castello
(Coordenadora / Coordinator), Javiera F. Medina Macaya e /and Luciana Piazzon Barbosa Lima
Coordenação de Gestão de Processos e Qualidade / Process and Quality Management Coordination : Nádilla Tsuruda
(Coordenadora / Coordinator), Maísa Marques Cunha, Rodrigo Gabriades Sukarie e /and Victor Gabriel Gonçalves Gouveia
Coordenação da pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos / ICT Nonprofit Organizations Survey Coordination :
Catarina Ianni Segatto
Gestão da pesquisa em campo / Field management : Ipec - Inteligência em Pesquisa e Consultoria: Denise Alcântara,
Guilherme Militão, Letícia Passos, Moroni Alves e /and Rosi Rosendo
Apoio à edição / Editing support team : Comunicação NIC.br: Carolina Carvalho e /and Renato Soares
Preparação de texto e revisão em português / Proofreading and revision in Portuguese : Tecendo Textos
Tradução para o inglês / Translation into English : Prioridade Consultoria Ltda.: Isabela Ayub, Lorna Simons, Luana Guedes,
Luísa Caliri e / and Maya Bellomo Johnson
Projeto gráfico / Graphic design : Pilar Velloso
Editoração / Publishing : Grappa Marketing Editorial (www.grappa.com.br)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas organizações sem fins lucrativos brasileiras : TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos 2022 [livro eletrônico] = Survey on the use of information and communication technologies in Brazilian nonprofit
organizations : ICT Nonprofit Organizations 2022 / [editor] Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. -- 1. ed. -- São Paulo :
Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2023.
PDF
Edição bilíngue : português / inglês
Vários colaboradores
Vários tradutores
ISBN 978-65-85417-00-6
1. Internet (Rede de computadores) - Brasil 2. Organizações sem fins lucrativos 3. Tecnologia da informação e da comunicação - Brasil -
Pesquisa I. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. II. Título : Survey on the use of information and communication technologies
in Brazilian nonprofit organizations : ICT Nonprofit Organizations 2022.
23-148311 CDD-004.6072081
Índices para catálogo sistemático:
1. Brasil : Tecnologias da informação e da comunicação : Uso : Pesquisa 004.6072081
2. Pesquisa : Tecnologia da informação e comunicação : Uso : Brasil 004.6072081
Esta publicação está disponível também em formato digital em www.cetic.br
As
Thisideias e opiniões
publication expressas
is also nainseção
available "Artigos"
digital format são as dos respectivos autores e não refletem necessariamente as do NIC.br e do CGI.br.
at www.cetic.br
The ideas and opinions expressed in the section of "Articles" are those of the authors. They do not necessarily reflect those of NIC.br and CGI.br.
As ideias e opiniões expressas na seção “Artigos‟ são as dos respectivos autores e não refletem necessariamente as do NIC.br e do CGI.br.
The ideas and opinions expressed in the section of “Articles‟ are those of the authors. They do not necessarily reflect those of NIC.br and CGI.br.
Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
Brazilian Internet Steering Committee – CGI.br
(em março de 2023/ in March, 2023)

Coordenador / Coordinator
José Gustavo Sampaio Gontijo

Conselheiros / Counselors
Beatriz Costa Barbosa
Carlos Manuel Baigorri
Cláudio Furtado
Demi Getschko
Domingos Sávio Mota
Evaldo Ferreira Vilela
Fernando André Coelho Mitkiewicz
Jackline de Souza Conca
Jeferson Denis Cruz de Medeiros
José Alexandre Novaes Bicalho
Henrique Faulhaber Barbosa
Laura Conde Tresca
Marcos Dantas Loureiro
Maximiliano Salvadori Martinhão
Nivaldo Cleto
Orlando Oliveira dos Santos
Percival Henriques de Souza Neto
Rafael de Almeida Evangelista
Rosauro Leandro Baretta
Tanara Lauschner

Secretário executivo / Executive Secretary


Hartmut Richard Glaser
Agradecimentos Associação Brasileira de Captadores de Recursos
(ABCR)
Fernando Nogueira
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)
Beatriz Costa Barbosa e Laura Conde Tresca
Consultores
Carlos Alberto Afonso, João Paulo Vergueiro e
Lais de Figueiredo Lopes
Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence)
Pedro Luis do Nascimento Silva
Fundação Getulio Vargas (FGV-SP)
Mário Aquino Alves

A
Fundação José Luiz Egydio Setúbal
pesquisa TIC Organizações Sem Fins Flávio Leão Pinheiro, Marcos Paulo Lucca Silveira e
Lucrativos 2022 contou com o apoio Pietro Carlos de Souza Rodrigues
de uma destacada rede de especialistas, Fundação Telefônica
sem a qual não seria possível produzir Catherine Rojas Merchán e Andre Luiz da Cunha
os resultados aqui apresentados. A
Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife)
contribuição desse grupo se realizou por
Patricia Kunrath Silva
meio de discussões aprofundadas sobre
os indicadores, o desenho metodológico e a definição Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
das diretrizes para a análise de dados. A manutenção Alessandro Pinheiro, Thiego Ferreira e Vinícius
desse espaço de debate tem sido fundamental para Fonseca
identificar novas áreas de investigação, aperfeiçoar os Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
procedimentos metodológicos e viabilizar a produção Carla Bezerra
de dados precisos e confiáveis. Cabe ressaltar, Instituto Ibirapitanga
ainda, que a participação voluntária desses e dessas Iara Rolnik
especialistas é motivada pela importância das novas
tecnologias para a sociedade brasileira e a relevância Rede Nossa São Paulo (RNSP)
Clara Meyer Cabral
dos indicadores produzidos pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil (CGI.br) para o desenvolvimento Universidade de São Paulo (USP)
de políticas públicas e de pesquisas acadêmicas. Patrícia M. Emerenciano de Mendonça
Na 4ª edição da pesquisa TIC Organização Sem Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)
Fins Lucrativos, o Centro Regional de Estudos para Paula Chies Schommer
o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br) agradece aos seguintes especialistas:

7
Acknowledgements Brazilian Fundraisers Association (ABCR)
Fernando Nogueira
Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE)
Alessandro Pinheiro, Thiego Ferreira and Vinícius Fonseca
Brazilian Internet Steering Committee (CGI.br)
Beatriz Costa Barbosa and Laura Conde Tresca
Consultants
Carlos Alberto Afonso, João Paulo Vergueiro and Lais de
Figueiredo Lopes
Getulio Vargas Foundation (FGV)
Mário Aquino Alves

T
Group of Institutes, Foundations and Enterprises (Gife)
Patricia Kunrath Silva
he ICT Nonprofit Organizations 2022 Ibirapitanga Institute
survey had the support of a notable Iara Rolnik
network of experts, without which it
would not be possible to deliver the results Institute for Applied Economic Research (Ipea)
Carla Bezerra
presented here. This group’s contribution
occurred through in-depth discussions José Luiz Egydio Setúbal Foundation
about indicators, methodological design, Flávio Leão Pinheiro, Marcos Paulo Lucca Silveira and
and the definition of guidelines for data analysis. Pietro Carlos de Souza Rodrigues
The maintenance of this space for debate has been National School of Statistical Sciences (Ence)
fundamental for identifying new areas of investigation, Pedro Luis do Nascimento Silva
refining methodological procedures, and enabling the
Our São Paulo Network (RNSP)
production of accurate and reliable data. It is worth
Clara Meyer Cabral
emphasizing that the voluntary participation of
these experts is motivated by the importance of new Santa Catarina State University (Udesc)
technologies for the Brazilian society and the relevance Paula Chies Schommer
of the indicators produced by the Brazilian Internet Telefônica Foundation
Steering Committee (CGI.br) for policymaking and Catherine Rojas Merchán and Andre Luiz da Cunha
academic research.
University of São Paulo (USP)
For the 4th edition of the ICT Nonprofit Patrícia M. Emerenciano de Mendonça
Organizations survey, the Regional Center for Studies
on the Development of the Information Society
(Cetic.br) would like to specially thank the following
experts:

9
Sumário / Contents

7 Agradecimentos / Acknowledgements, 9
17 Prefácio / Foreword, 143
21 Apresentação / Presentation, 147

25 Resumo Executivo – TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022


151 Executive Summary ‑ ICT Nonprofit Organizations 2022
33 Relatório Metodológico
159 Methodological Report
47 Relatório de Coleta de Dados
173 Data Collection Report
55 Análise dos Resultados
181 Analysis of Results

Artigos / Articles
89 Uso de tecnologia na coprodução de dados por cidadãos e associações civis
213 Use of technology in data coproduction by citizens and civil associations
Fernanda Lima-Silva, Mário Martins, Lívia Castro Degrossi e / and Maria Alexandra Cunha

99 A periferia na rede: as TIC e a mobilização coletiva durante a pandemia


223 The periphery online: ICT and collective mobilization during the pandemic
Patricia Maria E. Mendonça, Jessica Gonçalves e / and Cássio Aoqui

109 Moeda social, tecnologias e desenvolvimento: o Banco Comunitário ICOM na pandemia


233 Social currency, technologies, and development: The ICOM Community Bank in the pandemic
Camilla Reis, Paula Chies Schommer e / and Willian Carlos Narzetti

119 Implicações do uso de mídias sociais em organizações da sociedade civil


243 Implications of social media use by civil society organizations
Laura Conde Tresca

129 TIC, doações individuais e organizações sem fins lucrativos


253 ICT, individual donations, and nonprofit organizations
João Paulo Vergueiro, Flávio Pinheiro e / and Marcos Paulo de Lucca-Silveira

266 Lista de Abreviaturas / List of Abbreviations, 267

11
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 — ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Lista de gráficos / List of charts

27 Organizações, por dispositivo (2022)


153 Organizations by devices (2022)
27 Organizações, por uso de Internet (2022)
153 Organizations by Internet use (2022)
29 
Organizações, por website e/ou redes sociais, por porte e atividade (2022)
155 
Organizations by websites and/or social networks, by size and activity (2022)
29  rganizações que possuem perfil ou conta própria em alguma plataforma ou rede social
O
online, por atividades realizadas (2022)
155 
Organizations with social network profile or accounts by activities carried out (2022)
58 Organizações, por público (2022)
184 Organizations by target audience (2022)
59 Organizações, por abrangência de atuação (2016-2022)
185 Organizations by scope of operation (2016-2022)
60 Organizações, por presença de área/ departamento (2016-2022)
186 Organizations by presence of areas/ departments (2016-2022)
62 Organizações, por fonte de recursos (2016-2022)
187 Organizations by sources of funding (2016-2022)
63 Organizações, por dispositivo (2022)
188 Organizations by devices (2022)
64 Organizações, por uso de Internet (2022)
189 Organizations by Internet use (2022)
66 
Organizações que utilizaram a Internet, por tipo de atividade (2016-2022)
191 
Organizations that used the Internet, by type of activity (2016-2022)
67 Organizações que recebem doações pela Internet (2016-2022)
192 
Organizations that receive donations through the Internet (2016-2022)
69 Organizações, por tipo de serviço de governo eletrônico (2016-2022)
194 
Organizations by type of e-government service (2016-2022)
72 
Organizações, por website e/ou redes sociais, por porte e atividade (2022)
196 
Organizations by websites and/or social networks, by size and activity (2022)
73 Organizações, por tipo de de plataforma ou rede social online em que estão presentes (2022)
197 Organizations by type of online platform or social network on which they are present (2022)
74 Organizações que possuem website, por recursos oferecidos nos últimos 12 meses (2022)
198 
Organizations with websites by resources offered in the last 12 months (2022)

12
75 
Organizações que possuem perfil ou conta própria em alguma plataforma ou rede social online,
por atividades realizadas (2022)
200 
Organizations with social network profiles or accounts by activities carried out (2022)
77 
Organizações nas quais os serviços de TIC foram desempenhados por equipe própria, voluntários
e/ou empresa privada terceirizada (2022)
201 
Organizations where ICT-related services were performed in-house, by volunteers and/or by outsourced
enterprises (2022)
78 
Organizações que utilizaram computador, por tipo de dificuldade para o uso de computador e
Internet (2022)
202 
Organizations with computers by difficulty with using computers and the Internet (2022)
79 
Organizações, por área ou pessoa responsável ou contratação de serviços de terceiros para a
implementação da LGPD (2022)
203 
Organizations by areas or persons responsible or third parties hired for the implementation of the
Brazilian General Data Protection Law (LGPD) (2022)
80 Organizações, por recursos relacionados à LGPD disponibilizados no website (2022)
204 
Organizations by resources related to the LGPD made available on their websites (2022)
121 
Organizações que possuem perfil ou conta própria em alguma plataforma ou rede social online,
por tipo de rede social (2022)
245 
Organizations with social network profiles or accounts by type of social network (2022)
122 Organizações que possuem perfil ou conta próprio em alguma rede social, por atividades
realizadas (2022)
246 
Organizations with social network profiles or accounts by activities carried out (2022)
124 
Organizações que utilizaram computador, por tipo de dificuldade para o uso de computador
e Internet (2022)
248 
Organizations with computers by type of difficulty with using computers and the Internet (2022)
132 Organizações, por principal fonte de recursos (2012-2022)
255 Organizations by main source of funding (2012-2022)
133 Organizações que recebem doações individuais, por região (2012-2022)
257 
Organizations that receive donations from individuals, by region (2012-2022)
134 Organizações que recebem doações individuais, por porte (2012-2022)
258 
Organizations that receive donations from individuals, by size (2012-2022)
135 Organizações que recebem doações individuais, por área de atuação (2012-2022)
259 
Organizations that receive donations from individuals, by area of operation (2012-2022)
136 Organizações que recebem doações pela Internet, por canal de captação (2016-2022)
260 Organizations that receive donations through the Internet, by fundraising channel (2016-2022)

13
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 — ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Lista de tabelas / List of tables

35 Categorização das organizações em atividades-fim


161 Classification of organizations by core activity
47 Amostra planejada, por região, atividade-fim e porte
173 Planned sample by region, core activity and size
51 Ocorrências finais de campo
177 Final field situations
52 Taxa de resposta, por região, atividade-fim e porte
178 Response rates, by region, core activity, and size
114 Aprendizagens sobre o uso das TIC no Banco Comunitário ICOM
238 Lessons learned about the use of ICT in the ICOM Community Bank

14
Lista de figuras / List of figures

92 E xemplo do mapa base do OSM em Rio Branco antes (março 2020) e depois (junho 2022) do
mapeamento
216 Example of the OSM base map in Rio Branco before (March 2020) and after (June 2022) mapping
94 Aplicativo móvel do Projeto Dados à Prova D'Água
217 Waterproofing Data Project mobile application
95  istribuição dos dados coproduzidos por cidadãos no aplicativo Dados à Prova D'Água entre
D
1 dezembro 2021 e 30 junho 2022
218 Distribution of the data co-produced by citizens in the Waterproofing Data application between
December 1, 2021 and June 30, 2022
111 Fluxo de apoio Banco Comunitário ICOM
235 ICOM Community Bank support flow

15
Prefácio

E
m setembro de 2022, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto
BR (NIC.br) celebrou a notável marca de 5 milhões de nomes registrados
sob o domínio .br1. Se considerarmos os países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Grupo dos 20
(G20), o .br ocupa a quinta posição entre os domínios de topo para código
de país (country-code Top Level Domain [ccTLD]) mais populares.
Durante o ano de 2022, o domínio .br registrou ainda a marca de mais
de 1,5 milhão de domínios protegidos pela tecnologia Domain Name System Security
Extensions (DNSSEC), que assegura que o conteúdo do Sistema de Nomes de Domínio
(Domain Name System [DNS]) é corretamente validado. Essa tecnologia impede ataques
ao sistema e garante a origem fidedigna da resolução do domínio.
O modelo de ações do NIC.br é considerado referência internacional em áreas
técnicas e operacionais quanto à governança da Internet. Esse modelo permite que a
receita proveniente do registro de domínios seja revertida para projetos adicionais, que
contribuem para o fortalecimento da Internet no país. Entre as atividades conduzidas
pelo NIC.br, destacam-se: a implementação e a operação de Pontos de Troca de
Tráfego (IX.br), uma interconexão metropolitana direta entre redes que compõem a
Internet brasileira; a medição da qualidade da banda larga por sistemas desenvolvidos
internamente e tornados disponíveis a todos; o tratamento de incidentes de segurança
na rede e ações para a disseminação de boas práticas na Web.
O NIC.br também oferta periodicamente cursos e eventos de capacitação para
representantes dos setores público e privado, ampliando de forma sustentável os
conhecimentos entre atores relevantes para a governança da Internet.2
Está ainda entre as atribuições do NIC.br produzir e divulgar dados estatísticos
confiáveis e representativos sobre o acesso e o uso das tecnologias digitais nos diversos
segmentos da sociedade. Tal atividade está a cargo do Centro Regional de Estudos para
o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br)3, que conduz pesquisas

1
Para mais informações, ver a notícia NIC.br passa a marca de cinco milhões de domínios registrados. https://nic.br/noticia/
releases/nic-br-passa-a-marca-de-cinco-milhoes-de-dominios-registrados/
2
Para mais informações, ver: https://nic.br/atividades/
3
Para mais informações, ver: https://cetic.br/
17
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

e estudos setoriais regulares e confiáveis. Essa atuação do Cetic.br|NIC.br ganhou


destaque nacional e internacional em função da qualidade e da forma inovadora de
produção de dados estatísticos sobre as tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Desde a publicação da primeira edição das pesquisas TIC Domicílios e TIC
Empresas, em 20054, o Cetic.br|NIC.br acumula mais de 18 anos de atuação contínua
na produção de dados estatísticos, pautada em metodologias rigorosas e comparáveis
internacionalmente. Essa experiência o posiciona como um centro de referência
mundial dedicado à medição das oportunidades e dos desafios relacionados ao uso
das tecnologias digitais pela sociedade. Os indicadores produzidos pelo Cetic.br|NIC.br
geram uma relevante série histórica de dados que permite o acompanhamento
das mudanças ocorridas na oferta e na demanda de Internet no país, facilitando o
monitoramento dos avanços nas políticas de inclusão digital nas últimas duas décadas.
Por meio da constante atualização de seus projetos e da implementação de inovações
metodológicas, os estudos e pesquisas conduzidos pelo Cetic.br|NIC.br também
permitem o acompanhamento de temas emergentes e das novas tendências observadas
no setor. Em um momento de rápida disseminação de tecnologias disruptivas – como
o crescimento do uso de sistemas baseados em Inteligência Artificial (IA) em muitos
setores da sociedade e a expansão da economia digital cada vez mais pautada em
armazenamento, processamento e fluxo de dados –, os estudos conduzidos pelo
Cetic.br|NIC.br tornam-se importantes fontes de referência e de embasamento para
o debate qualificado sobre os impactos desses temas na sociedade.
Tais estudos também estão em consonância com pautas essenciais para o
desenvolvimento social sustentável. Isso inclui a promoção da educação, da assistência
à saúde e ao bem-estar, da acessibilidade e da diversidade, da cultura, do acesso
democrático e participativo a serviços governamentais, da segurança digital, da atenção
à privacidade e de outros direitos nos espaços online e offline.
Os indicadores produzidos pelo Cetic.br|NIC.br geram insumos para que gestores
públicos possam elaborar ações mais efetivas na expansão do acesso e do uso das
tecnologias para a população. Além disso, tais indicadores são fundamentais para
pesquisadores e organizações internacionais e da sociedade civil na avaliação das
implicações das TIC nos diversos grupos e contextos sociais.
Ao ter em mãos esta publicação, o leitor se juntará às centenas de especialistas,
entidades, instituições e organizações que compõem a rede de apoiadores das ações
realizadas pelo NIC.br. A edição, seja em meio físico, seja na tela de um dispositivo
digital, é a materialização do esforço empreendido pela equipe do Cetic.br|NIC.br e
sua ampla rede de colaboração para distribuir mais um conjunto de dados atualizados
e, assim, continuar contribuindo para a evolução da Internet no Brasil.
Boa leitura!

Demi Getschko
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br

4
Para mais informações, ver a publicação Pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil
2005 – TIC Domicílios e TIC Empresas. https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-2005.pdf
18
Apresentação

E
m dezembro de 2019, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto
BR (NIC.br) e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – em
parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO) e o governo brasileiro, por meio do Ministério
de Relações Exteriores (MRE) e do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC) –, promoveram o Fórum Regional
sobre Inteligência Artificial na América Latina e Caribe. Sediado na
Universidade São Paulo (USP), o fórum teve como tema Inteligência Artificial: rumo a
uma abordagem humanística e reuniu especialistas em diversas áreas do conhecimento
para debater as oportunidades, os avanços e os pontos críticos relacionados à crescente
disseminação de sistemas que usam Inteligência Artificial (IA). Pouco mais de três
anos após a realização do fórum, muitos dos assuntos discutidos ganharam mais
relevância e urgência. A ética algorítmica e a necessidade de melhor definição para
dimensões como explicabilidade e transparência no desenvolvimento de sistemas e
agentes de IA são alguns deles.
Recentemente, o debate acerca desses assuntos ganhou mais atenção em razão
da crescente disseminação do uso de sistemas baseados em IA generativa, como os
chatbots, e da sua integração a aplicações, plataformas e software de uso corrente pela
população, como: servidores de e-mail; sistemas de busca na Internet; plataformas de
compartilhamento de conteúdos digitais; software de elaboração de textos e planilhas,
entre outros diversos exemplos.
O desenvolvimento da IA está ocorrendo de forma acelerada. No final de 2022, a
empresa OpenIA anunciou o lançamento do ChatGPT-3, um dos principais serviços
baseados em IA do mercado. Em poucos meses, esse serviço havia sido acessado por
milhões de usuários. Pouco mais de três meses depois, em março de 2023, a empresa
anunciou uma nova versão do ChatGPT, com aprimoramentos que atribuíram maior
precisão às respostas do sistema, tornando ainda mais difícil a diferenciação de um
texto produzido por um agente de IA de um texto produzido pelo ser humano.

21
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Diante do novo contexto, o Estado e a sociedade devem se dedicar a produzir


soluções que favoreçam a inovação, ao mesmo tempo que mitigam os riscos inerentes
à adoção de tecnologias disruptivas. O Brasil tem dado passos importantes na
transformação digital da sociedade, das organizações e do governo, como é o caso do
lançamento da Estratégia Brasileira de Transformação Digital (e-Digital)1, em 2018. Já em
2021, foi lançada a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia)2, que estabelece
diretrizes para o desenvolvimento da IA no país, com o objetivo de impulsionar a
inovação, a produtividade e a geração de valor para a sociedade. Todos esses esforços
são fortalecidos pela atuação do CGI.br e do NIC.br na governança da Internet, cujo
papel é fundamental para que tais debates se consolidem, com base em uma perspectiva
multissetorial.
Cabe lembrar que no eixo de governança da IA, a Ebia prevê a criação de um
observatório para mapeamento de presença e monitoramento dos impactos desses
sistemas de IA nos diferentes setores da sociedade. A criação do Observatório
Brasileiro de Inteligência Artificial (Obia) contará com a experiência do NIC.br e com
a cooperação de atores estratégicos, como o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
(CGEE); o Center for Artificial Intelligence (C4AI), da USP, e a Fundação Seade do
Governo do Estado de São Paulo.
O Cetic.br, departamento do NIC.br, produz e divulga anualmente dados
estatísticos, análises e estudos confiáveis e atualizados por meio das pesquisas TIC,
provendo insumos fundamentais para monitorar a implementação das estratégias
digitais, como a Ebia e a e-Digital. As pesquisas realizadas pelo Cetic.br|NIC.br também
são importantes para a elaboração de políticas digitais em diversos setores e para o
acompanhamento do avanço das tecnologias digitais no Brasil.
Os indicadores das pesquisas TIC são referências essenciais no cumprimento do
propósito do governo brasileiro de ampliar a conectividade, a inclusão e a educação
digital em todas as regiões do país, como uma das vias para a promoção da equidade,
da universalidade e da democratização da qualidade de vida para a população.

José Gustavo Sampaio Gontijo


Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br

1
Para mais informações, ver a publicação disponibilizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em
https://www.gov.br/governodigital/pt-br/estrategia-de-governanca-digital/eDigital.pdf
2
Para mais informações, ver a publicação disponibilizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em
https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/arquivosinteligenciaartificial/ebia-documento_
referencia_4-979_2021.pdf

22
RESUMO
EXECUTIVO

PESQUISA
TIC ORGANIZAÇÕES
SEM FINS
LUCRATIVOS

2022
Resumo Executivo
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

E
m sua quarta edição, a pesquisa TIC com um número elevado de voluntários: 86%
Organizações Sem Fins Lucrativos delas contaram com ao menos um voluntário
2022 foi realizada entre os meses de e mais da metade contou com no mínimo dez
fevereiro e julho de 2022, em um pessoas voluntárias (58%).
contexto marcado pelos efeitos da No que se refere às capacidades financeiras,
pandemia COVID-19 e pela retomada a maioria das organizações contou com
das atividades presenciais. Os doações voluntárias por pessoas físicas (63%),
resultados da pesquisa permitem proporção que aumentou
identificar as mudanças 12 pontos percentuais em
relacionadas ao acesso, aos usos AVANÇOS relação à edição de 2016. No
e à apropriação das tecnologias RELACIONADOS À caso das organizações que
de informação e comunicação INFRAESTRUTURA receberam doações por pessoas
(TIC) nas organizações sem OCORRERAM, MAS físicas, metade delas recebeu
fins lucrativos brasileiras doações esporadicamente,
AINDA HÁ DESAFIOS
influenciadas pelo contexto 46% mensalmente e apenas
PARA UMA
da pandemia, bem como os 2% semestralmente. Também
desafios de acesso e de uso CONECTIVIDADE foi frequente a proporção de
que ainda persistem. Os dados MAIS SIGNIFICATIVA organizações que contaram
também mostram os efeitos do com o pagamento de
uso das TIC na atuação dessas mensalidade e anuidades pelos
organizações e na relação entre elas e seus associados (47%). Houve um aumento nas
públicos, outras organizações, atores-chave e a proporções das organizações que receberam
sociedade em geral. recursos de igrejas e organizações religiosas,
bem como de outras organizações sem
PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES fins lucrativos. Já em relação aos recursos
Os indicadores relacionados às capacidades governamentais, a proporção registrada em
administrativas das organizações mostram que, 2022 diminuiu em relação à edição de 2016.
em 2022, houve um aumento na proporção de
organizações com áreas ou departamentos INFRAESTRUTURA DE TIC
específicos. Exemplo disso é que 80% das Os resultados da TIC Organizações Sem
organizações possuíam área ou departamento Fins Lucrativos 2022 apontam que avanços
administrativo e 68% delas tinham áreas ou relacionados à infraestrutura ocorreram, mas
departamentos de finanças ou contabilidade. ainda há desafios para uma conectividade
As organizações que apresentaram maiores mais significativa. Os dados mostram um
proporções de presença de todas as áreas predomínio do uso do telefone celular, o que
investigadas são aquelas com dez ou mais pode impor barreiras à diversificação das
pessoas remuneradas e as que atuam na área de atividades realizadas. Ainda, houve maiores
educação e pesquisa. As organizações também proporções do uso de computadores de mesa
contrataram serviços de terceiros, sobretudo nas organizações com dez ou mais pessoas
serviços de finanças ou contabilidade (68%) e de remuneradas e naquelas que atuam na área de
tecnologia da informação ou informática (31%). educação e pesquisa (Gráfico 1). Além disso,
Além disso, as organizações do setor contaram entre aquelas que utilizaram dispositivos, na
25
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

maioria dos casos, eles eram pessoais e não de website da organização, campanhas ou sites
propriedade das organizações, o que foi mais de financiamento coletivo ou crowdfunding).
comum entre as de menor porte e aquelas Contudo, os canais digitais foram utilizados
que atuam com desenvolvimento e defesa de em baixas proporções.
direitos e habitação e meio ambiente. Os resultados da pesquisa mostram que,
Em relação ao uso da Internet, observou- entre as organizações que usaram a Internet,
se um aumento desde a edição de 2016, ainda 68% delas realizaram alguma atividade de
que esteja mais presente nas governo eletrônico nos 12
organizações com dez ou mais meses anteriores à pesquisa.
pessoas remuneradas e entre A PRESENÇA ONLINE Assim como ocorre em outros
aquelas que atuam na área de VIA WEBSITE indicadores, as proporções
educação e pesquisa (Gráfico 2). MANTEVE-SE são maiores entre aquelas
Acompanhando o crescimento ESTÁVEL, com dez ou mais pessoas
do uso da Internet, houve uma remuneradas e as que atuam
ENQUANTO A
ampliação do uso da fibra ótica. na área de educação e pesquisa.
A pesquisa mostra ainda que
PRESENÇA EM As atividades mais realizadas
a maioria das organizações PLATAFORMAS E incluem aquelas relacionadas
utilizou Wi-Fi, mas somente REDES SOCIAIS à busca de informações e
38% o disponibilizaram para o AUMENTOU às transações. Houve um
público. Com a maior presença crescimento na realização de
de fibra ótica nas organizações algumas dessas atividades,
sem fins lucrativos, a velocidade das conexões sobretudo o pagamento online de impostos e
reportadas também foi maior. Exemplo disso de taxas.
é que conexões com velocidade acima de 30 a Em relação à finalidade de uso de software, a
100 Mbps foram utilizadas por cerca de metade adoção foi maior para atividades relacionadas
das organizações. a finanças e contabilidade e ao armazenamento
de arquivos digitais. A utilização de Customer
USO DAS TIC Relationship Management (CRM) foi baixa, já
A edição de 2022 da pesquisa mostra que apenas 12% reportaram utilizá-lo nos 12
que as atividades realizadas na Internet em meses anteriores à pesquisa. No que se refere ao
maiores proporções continuam sendo aquelas pagamento por serviços em nuvem, apenas 21%
relacionadas à comunicação, como o envio de das organizações pagaram pelo armazenamento
e-mail ou o uso de mensagens instantâneas, de arquivos ou banco de dados, 19% por e-mail,
e à busca de informações. Crescimentos 11% por software de escritório e 11% por
expressivos entre 2016 e 2022 foram capacidade de processamento em nuvem.
observados no uso mensagens instantâneas e
telefone via Internet, VoIP ou videoconferência PRESENÇA NA INTERNET
via Internet. Em relação à captação de recursos As organizações sem fins lucrativos ainda
pela Internet, 22% das organizações receberam estão presentes de forma restrita na rede,
doações pela Internet em 2022, patamar que sobretudo no que se refere aos websites, tanto
aumentou substancialmente em relação à próprios como de terceiros. A presença online
edição de 2016. via website manteve-se estável, enquanto
No que se refere ao canal de recebimento a presença em plataformas e redes sociais
das doações pela Internet, houve um aumentou, sendo o Facebook a mais usada.
aumento entre 2016 e 2022 de todos os As organizações de maior porte apresentaram
investigados (plataformas ou redes sociais uma maior presença em websites e redes sociais
em que a organização estava presente, do que àquelas de menor porte (Gráfico 3).
26
RESUMO EXECUTIVO

GRÁFICO 1

ORGANIZAÇÕES, POR DISPOSITIVO (2022)


Total de organizações (%)

100 93 93
91
84 83
80 75 74
70

58
60

40
33

21 22
20

0
Celulares Notebooks Computadores de mesa Tablets

Nenhuma pessoa remunerada De 1 a 9 pessoas remuneradas De 10 ou mais pessoas remuneradas

GRÁFICO 2

ORGANIZAÇÕES, POR USO DE INTERNET (2022)


Total de organizações (%)

100 97 97
92
88 86 87 88
83 84
82 81 80
79 77
80
69 70
66

60

40

20

0
Nenhuma pessoa remunerada

De 1 a 9 pessoas remuneradas

De 10 ou mais pessoas remuneradas

Religião

Outros
Cultura e recreação

Educação e pesquisa
Associações patronais e profissionais

Desenvolvimento e defesa de direitos

Saúde e assistência social

Habitação e meio ambiente


Total

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

PORTE REGIÃO ATIVIDADE

27
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Os indicadores relativos às atividades por organizações sem fins lucrativos,


realizadas pelas organizações nas redes sociais selecionados aleatoriamente com base no
mostram que elas são similares aos recursos Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2020
disponibilizados em seus websites, e as mais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
frequentes são as relacionadas à divulgação de (IBGE). A coleta dos dados foi realizada entre
informações e de atividades (Gráfico 4). fevereiro e julho de 2022 por meio de entrevistas
telefônicas assistidas pelo computador (CATI).
METODOLOGIA DA PESQUISA E ACESSO AOS Os resultados da pesquisa TIC Organizações
DADOS Sem Fins Lucrativos, incluindo as tabelas de
A pesquisa TIC Organizações Sem Fins proporções, totais e margens de erro, estão
Lucrativos tem por objetivo mapear a disponíveis no website do Cetic.br|NIC.br
infraestrutura, o uso e a apropriação das TIC nas (https://cetic.br). Os relatórios metodológico e
organizações sem fins lucrativos brasileiras. Em de coleta de dados podem ser consultados tanto
2022, foram entrevistados 1.529 responsáveis na publicação impressa como no website.

22% 11% 6% 4%
das organizações das organizações por meio do website por meio de
receberam doações receberam doações por da organização campanhas ou sites de
pela Internet meio de plataformas financiamento coletivo
ou redes sociais ou crowdfunding

Barreiras para o uso das TIC


Há desafios relacionados à infraestrutura de TIC e à capacidade de tecnologia da informação (TI)
entre as organizações sem fins lucrativos brasileiras. Entre as dificuldades no uso de computador,
a maioria delas relatou que havia poucos recursos financeiros para investimento na área de
tecnologia. Outras dificuldades incluíram falta de dispositivos adequados ao acesso à Internet e
falta de habilidades digitais das equipes.
A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 abordou questões sobre a adaptação à
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) nessas organizações, e aponta que esse processo
ainda é um desafio para as organizações. Exemplo disso é que apenas 27% delas afirmaram que
ofereceram treinamento interno sobre privacidade e proteção de dados às pessoas remuneradas
ou voluntárias nos 12 meses anteriores à pesquisa, prática mais comum em organizações com dez
ou mais pessoas remuneradas e naquelas que atuam nas áreas de educação e pesquisa e religião.
Apenas 10% reportaram que pagaram cursos externos sobre o tema para seu pessoal.

76% 60% 51%


das organizações usaram das organizações usaram das organizações usaram
celulares pessoais computadores de mesa de notebook de propriedade
propriedade da organização da organização

28
RESUMO EXECUTIVO

GRÁFICO 3

ORGANIZAÇÕES, POR WEBSITE E/OU REDES SOCIAIS, POR PORTE E ATIVIDADE (2022)
Total de organizações (%)

100
89 88
81 81 83
80 76
71 72
62 63 64 64 61
60
53 52
48
40 38
40 36 36 34
29
22
20 16

0
Total

Religião

Outros
Nenhuma pessoa remunerada

Cultura e recreação

Educação e pesquisa
De 1 a 9 pessoas remuneradas

Desenvolvimento e defesa de direitos

Habitação e meio ambiente


De 10 ou mais pessoas remuneradas

Saúde e assistência social


Associações patronais e profissionais

PORTE ATIVIDADE

Website Rede social

GRÁFICO 4

ORGANIZAÇÕES QUE POSSUEM PERFIL OU CONTA PRÓPRIA EM ALGUMA PLATAFORMA OU


REDE SOCIAL ONLINE, POR ATIVIDADES REALIZADAS (2022)
Total de organizações com acesso à Internet e que possuem perfil ou conta própria em alguma plataforma ou
rede social (%)
100
83 86
82
80 76
73
63
57
60
43
40

20

0
Promover Postar opiniões/ Responder a Solicitar Fazer lives ou Divulgar vídeos Postar fotos Postar notícias
petições, posicionamentos comentários doações transmissões ou áudios de de atividades sobre temas
campanhas de da sua e dúvidas de online em tempo atividades realizadas relacionados à
conscientização organização beneficiários real de eventos realizadas área de atuação
ou mobilização sobre temas ou público da organização
relacionados a atendido
sua atuação SERVIÇOS E
CAPTAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE
MOBILIZAÇÃO INTERAÇÃO RECURSOS CONTEÚDO INFORMAÇÕES

29
Acesse os dados completos da pesquisa
acesse
A publicação completa e os resultados da pesquisa estão www.cetic.br
disponíveis no website do Cetic.br, incluindo as tabelas de
proporções, totais e margens de erro.
NONONONONONONONO

RELATÓRIO
METODOLÓGICO

PESQUISA
TIC ORGANIZAÇÕES
SEM FINS
LUCRATIVOS

2022
Relatório Metodológico
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos

O
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do
Ponto BR (NIC.br), apresenta a metodologia da pesquisa sobre o uso das
tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas organizações sem
fins lucrativos – TIC Organizações Sem Fins Lucrativos. A pesquisa busca
aprofundar a compreensão sobre o uso das TIC nas organizações da
sociedade civil no Brasil, instituições centrais para a promoção do desenvolvimento
humano e sustentável.
A pesquisa foi construída a partir de outras pesquisas internacionais e nacionais,
como As fundações privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil (Fasfil) e Handbook
on non-profit institutions in the system of national accounts (Manual sobre as instituições
sem fins lucrativos no sistema nacional de contas). A construção da pesquisa também
considerou outros estudos sobre organizações da sociedade civil e contou com a
colaboração de especialistas no tema.

Objetivos da pesquisa
A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos tem como objetivo principal
produzir indicadores e estatísticas sobre a incorporação das TIC nas organizações
da sociedade civil, seu uso para gestão e realização de suas atividades e possíveis
benefícios para as comunidades em que atuam. Também coleta dados sobre
dimensões relacionadas às capacidades administrativas e financeiras dessas
organizações. Especificamente, busca investigar:
1. infraestrutura de TIC;
2. uso das TIC para gestão e realização de atividades;
3. capacidades e habilidades em TIC;
4. capacidades financeiras e administrativas das organizações.
33
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Conceitos e definições
Para permitir análises comparativas com outros países, a pesquisa TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos baseia seu marco conceitual no Handbook on non-profit institutions
in the system of national accounts (Manual sobre as instituições sem fins lucrativos
no sistema nacional de contas), elaborado pela Divisão de Estatísticas das Nações
Unidas (UNSD) em conjunto com a Universidade Johns Hopkins (JHU) e publicado
em 2002 (Organização das Nações Unidas [ONU], 2002). A investigação também
considerou as experiências anteriores de aplicação de parâmetros internacionais
para a avaliação do cenário brasileiro, como é o caso do estudo Fasfil, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), realizado em 2016 e publicado em 2019.

ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS


Diante destes marcos referenciais, as organizações sem fins lucrativos analisadas
são definidas como:
a. privadas e, portanto, não integrantes do aparelho do Estado;
b. sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais
excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão
primeira de existência a geração de lucros – podendo até gerá-los, desde que
aplicados nas atividades-fim;
c. institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas;
d. autoadministradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e
e. voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer
grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade
é livremente decidida pelos sócios ou fundadores (IBGE, 2019).
Para a definição do público-alvo da pesquisa, foi utilizada a Classificação dos
Objetivos das Instituições sem Fins Lucrativos a Serviço das Famílias (COPNI). Essa
definição corresponde à classificação adotada na última pesquisa Fasfil, coletada pelo
IBGE em 2016. A partir da classificação utilizada, foram consideradas algumas das
atividades COPNI para definir o universo de instituições que seriam pesquisadas.
A Tabela de Natureza Jurídica identifica a constituição jurídico-institucional
das entidades públicas e privadas no país segundo cinco grandes categorias:
“administração pública”, “entidades empresariais”, “entidades sem fins lucrativos”
“pessoas físicas e organizações internacionais” e “outras instituições extraterritoriais”
(IBGE, 2021).

ATIVIDADES-FIM
A categorização das organizações por atividade-fim é elaborada a partir de um
conjunto de atividades coletadas na pesquisa Fasfil, do IBGE, conforme disposto na
Tabela 1.

34
R E L AT Ó R I O M E T O D O L Ó G I C O

TABELA 1

CATEGORIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES EM ATIVIDADES-FIM

Atividade-fim COPNI Descrição COPNI


Outros serviços de saúde
Saúde e assistência social 022 e 050
Assistência social

Cultura e arte
Cultura e recreação 031 e 032
Esporte e recreação

Estudos e pesquisas
Educação e pesquisa 046 e 048
Outras formas de educação/ensino

Associações de moradores
Centros e associações comunitárias
Desenvolvimento rural
Desenvolvimento e 091, 092, 093,
defesa de direitos 094, 095 e 096 Emprego e treinamento
Defesa de direitos de grupos e minorias
Outras formas de desenvolvimento e defesa
de direitos

Religião 060 Religião

Associações empresariais e patronais


Associações patronais
073, 074 e 075 Associações profissionais
e profissionais
Associações de produtores rurais

Habitação
Habitação e meio ambiente 010 e 080
Meio ambiente e proteção animal

Outras instituições privadas sem fins lucrativos


Outros 108
não especificadas anteriormente

PORTE
Com relação ao porte das organizações, a pesquisa TIC Organizações Sem Fins
Lucrativos considera aquelas com nenhuma pessoa remunerada, de 1 a 9 pessoas
remuneradas, e com 10 ou mais pessoas remuneradas. Pessoas remuneradas são
aquelas, com ou sem vínculo empregatício, que recebem pagamento regular pelo
seu trabalho.1

1
Para fins de seleção da amostra, são consideradas as quantidades de pessoas remuneradas no Cempre, definidas pelo
IBGE como aquelas com ou sem vínculo empregatício, remuneradas diretamente pela organização. O número de pessoas
remuneradas considera assalariados, autônomos remunerados diretamente pela organização, empregadores e sócios,
pessoas da família e trabalhadores temporários. Não são considerados terceirizados e consultores.

35
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

POPULAÇÃO-ALVO
A população-alvo da pesquisa compreende todas as organizações sem fins lucrativos
brasileiras listadas pelo Cadastro Central de Empresas (Cempre) do IBGE (IBGE,
2022) e que pertençam às naturezas jurídicas e aos setores da COPNI de interesse da
pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos.
De acordo com a Tabela de Natureza Jurídica (IBGE, 2021), foram consideradas
na pesquisa as organizações com as seguintes naturezas:
• 306-9 – Fundação privada;
• 323-9 – Comunidade indígena;
• 320-4 – Estabelecimentos, no Brasil, de fundação ou associações estrangeiras;
• 322-0 – Organização religiosa;
• 399-9 – Associação privada.2
Outro recorte importante definido pelo estudo TIC Organizações Sem Fins
Lucrativos refere-se à exclusão de hospitais e instituições de ensino formal (escolas e
universidades). Essa decisão tem o objetivo de considerar um grupo de organizações
mais homogêneo, tendo em vista as atividades especializadas desse tipo de instituição.
Outro motivo que orienta essa escolha é o fato de o Cetic.br|NIC.br já investigar
a penetração das TIC em estabelecimentos de saúde com a realização da pesquisa
TIC Saúde e em escolas públicas e privadas por meio da pesquisa TIC Educação.
No caso dos estabelecimentos de saúde, opta-se por não considerar no universo
as organizações classificadas como de “Atividade de atenção à saúde humana”.
Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0, essa
divisão compreende as atividades de hospitais gerais ou especializados que permitem
internações de longa ou curta duração, hospitais psiquiátricos, centros de medicina
preventiva, consultórios médicos e dentários, clínicas médicas e outras atividades
ambulatoriais. Essa divisão compreende também as atividades praticadas por todos
os profissionais relacionados à área da saúde, as atividades de apoio à gestão de saúde
e as de práticas integrativas e complementares à saúde humana.
Também são retiradas do universo de pesquisa as organizações dedicadas à
educação escolar, que, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), oferecem Educação Básica e Educação Superior. Além disso, são excluídas
as organizações de Educação Profissional de nível técnico e tecnológico, associadas
à educação escolar. Ainda, são retiradas as organizações que realizam atividades

2
Não são consideradas no estudo as naturezas:
303-4 – Serviço notarial e registral (cartório);
307-7 – Serviço social autônomo;
308-5 – Condomínio edifício;
310-7 – Comissão de conciliação prévia;
311-5 – Entidade de mediação e arbitragem;
313-1 – Entidade sindical;
321-2 – Fundação ou associação domiciliada no exterior; e
324-7 – Fundo privado.

36
R E L AT Ó R I O M E T O D O L Ó G I C O

de apoio à educação, tais como caixas e conselhos escolares, associações de pais e


mestres, círculos de mestres e similares. Segundo a pesquisa Fasfil, esses tipos de
organização não devem ser incluídos porque são criados a partir de exigências do
governo para repasse de recursos públicos, não atendendo, portanto, ao critério de
entidades que surgem de maneira voluntária (IBGE, 2019).
Sendo assim, não são consideradas na pesquisa as organizações com as seguintes
classificações na CNAE 2.0:
• Seção: Q – Saúde humana e serviços sociais
Divisão:
86 – Atividades de atenção à saúde humana
861 – Atividades de atendimento hospitalar;
862 – Serviços móveis de atendimento a urgências e de remoção de pacientes;
863 – Atividades de atenção ambulatorial executadas por médicos e odontólogos;
864 – Atividades de serviços de complementação diagnóstica e terapêutica;
865 – Atividades de profissionais da área de saúde, exceto médicos e odontólogos;
866 – Atividades de apoio à gestão de saúde;
869 – Atividades de atenção à saúde humana não especificadas anteriormente.
• Seção: P – Educação
Divisão:
85 – Educação
851 – Educação Infantil e Ensino Fundamental;
852 – Ensino Médio;
853 – Educação Superior;
854 – Educação Profissional de nível técnico e tecnológico;
855 – Atividades de apoio à educação.

UNIDADE DE ANÁLISE E REFERÊNCIA


A unidade de referência é a unidade local que, segundo a definição do IBGE,
corresponde:
ao(s) endereço(s) de atuação das empresas, usualmente designado(s)
estabelecimento(s). Na prática, a definição de unidade local do Cadastro Central
de Empresas do IBGE coincide com a dos cadastros da Administração Pública,
onde cada local de atuação da empresa recebe uma identificação fiscal própria
(número de registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ), podendo
ocorrer, em casos isolados, a identificação de mais de uma unidade em um mesmo
endereço. (...) Cada unidade local é identificada com um número CNPJ de 14
dígitos, cujos oito primeiros (raiz) identificam a empresa e são comuns a todas as
unidades locais, os quatro seguintes (sufixo) identificam os endereços de atuação
da empresa e os dois últimos são dígitos verificadores. (IBGE, 2007, p. 22)
37
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

DOMÍNIOS DE INTERESSE PARA ANÁLISE E DIVULGAÇÃO


Para as unidades de análise, os resultados são divulgados para os domínios definidos
com base nas variáveis e nos níveis descritos a seguir.
• região: corresponde à divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões,
segundo critérios do IBGE, que considera: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e
Centro-Oeste;
• porte: corresponde à divisão das organizações sem fins lucrativos segundo
o número de pessoas remuneradas, respectivamente: nenhuma pessoa
remunerada, de uma a nove pessoas remuneradas e de dez ou mais pessoas
remuneradas;
• atividade-fim: corresponde à classificação das organizações em assistência
social; associações de moradores; associações de produtores rurais; associações
empresariais e patronais; associações profissionais; centros e associações
comunitárias; cultura e arte; defesa de direitos de grupos e minorias;
desenvolvimento rural; emprego e treinamento; esporte e recreação; estudos
e pesquisas; habitação; meio ambiente e proteção animal; outras formas de
desenvolvimento e defesa de direitos; outras formas de educação/ensino; outras
instituições privadas sem fins lucrativos não especificadas anteriormente;
outros serviços de saúde; e religião.
Para fins de divulgação dos resultados, foram agrupados alguns domínios de
análise, com base nos erros amostrais obtidos após a coleta, nos seguintes grupos:
associações patronais e profissionais; cultura e recreação; educação e pesquisa;
desenvolvimento e defesa de direitos; religião; saúde e assistência social; habitação
e meio ambiente; e outros.3

Instrumento de coleta
INFORMAÇÕES SOBRE OS INSTRUMENTOS DE COLETA
Para a coleta dos dados, foi elaborado um questionário estruturado. Esse
questionário foi dividido em módulos relacionados ao objetivo geral e aos objetivos
específicos da pesquisa. Para mais informações a respeito dos módulos da pesquisa,
ver o “Relatório de Coleta de Dados”.

Plano amostral
O desenho considera a amostragem estratificada com seleção aleatória simples das
organizações dentro de cada estrato.

3
As atividades de “educação, lazer e cultura”, que estavam agregadas na edição de 2012 da pesquisa, foram desmembradas
em 2014 para “educação e pesquisa” e “cultura e recreação”. Também foi desmembrada em 2014 a opção “saúde e
assistência social”, que em 2012 estava agregada ao item “outros”. Não houve alteração entre as edições de 2014 e de
2016. Entre as edições de 2016 e 2022, foi retirada a categoria “associações sindicais” de “associações patronais, sindicais
e profissionais” e foi desmembrada “habitação e meio ambiente” de “outros”.
38
R E L AT Ó R I O M E T O D O L Ó G I C O

CADASTRO E FONTES DE INFORMAÇÃO


O Cempre, do IBGE, constitui uma consolidação e atualização das informações de
empresas e outras organizações formais, inscritas no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ), da Secretaria da Receita Federal, e suas respectivas unidades locais
que responderam as pesquisas econômicas do IBGE e/ou declararam a Relação Anual
de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho (IBGE, 2022). O IBGE
disponibiliza anualmente um panorama geral das organizações formais ativas no
país, com destaque para informações sobre natureza jurídica, pessoas remuneradas
e atividades econômicas.
Com o objetivo de produzir um retrato do uso das TIC nas organizações sem
fins lucrativos brasileiras, considerando-se as diferenças entre atividades-fim, portes
e regiões brasileiras, a pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos utiliza
informações oriundas do Cempre, que serve como cadastro-base para o desenho da
amostra e para a seleção das organizações a serem contatadas.

DIMENSIONAMENTO DA AMOSTRA
O tamanho da amostra inicialmente desenhada da pesquisa TIC Organizações Sem
Fins Lucrativos tem aproximadamente 3,5 mil organizações.

CRITÉRIOS PARA DESENHO DA AMOSTRA


A amostra da pesquisa é desenhada utilizando a técnica de amostragem
estratificada, que visa melhorar a precisão das estimativas e garantir a inclusão de
subpopulações de interesse. A estratificação ocorre em duas etapas.
A primeira etapa compreende a definição de estratos naturais a partir do cruzamento
das variáveis região (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e atividades-fim,
conforme descrito na Tabela 1. A partir de cada estrato natural, são definidos os
estratos finais, que consideram a divisão dos estratos naturais por faixa do número
de pessoas remuneradas na organização4. As faixas consideradas são: nenhuma
pessoa remunerada, de uma a nove pessoas remuneradas e de dez ou mais pessoas
remuneradas. A faixa do número de pessoas remuneradas considera a informação
obtida no Cempre.
Definidas as variáveis, os estratos possibilitam que todas as regiões, atividades-
fim e faixas de pessoas remuneradas estejam representadas na amostra, além de
permitir análises para os domínios definidos por essas três variáveis individualmente.
Contudo, com esse desenho não é possível tirar conclusões para categorias resultantes
do cruzamento entre pares de variáveis.

4
Apesar de o domínio de interesse ser “pessoas remuneradas”, a informação utilizada para estratificação são as pessoas
ocupadas, conforme está disponível no Cempre, como aquelas pessoas com ou sem vínculo empregatício, remuneradas
diretamente pela organização. O número de pessoas remuneradas considera assalariados, autônomos remunerados
diretamente pela organização, empregadores e sócios, pessoas da família e trabalhadores temporários. Não são
considerados terceirizados e consultores.
39
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

ALOCAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra de organizações sem fins lucrativos é obtida por amostragem aleatória
simples, sem reposição em cada estrato final. Dessa forma, dentro de cada estrato
final, as probabilidades de seleção são iguais.
A partir do número de entrevistas para cada estrato natural, distribui-se o número
de entrevistas por faixa de pessoas remuneradas, isto é, para os estratos finais. O
tamanho final da amostra para cada variável de estratificação é apresentado nos
relatórios de execução anuais da pesquisa.

SELEÇÃO DA AMOSTRA
Dentro de cada estrato, as organizações são selecionadas por amostragem aleatória
simples. Define-se o processo de seleção conforme a Fórmula 1.
FÓRMULA 1

N é o tamanho total da população


Nh Nh é o tamanho da população no estrato h
nh = n ×
N n é o tamanho da amostra
nh é o tamanho da amostra dentro de cada estrato h

Logo, as probabilidades de inclusão das unidades de amostragem i para cada


estrato h são dadas pela Fórmula 2.
FÓRMULA 2

nh
ih
=
Nh

Considera-se a taxa de resposta das organizações da edição anterior da pesquisa


e, com isso, é selecionada aleatoriamente em cada estrato uma amostra reserva
com o intuito de aproximar a amostra final do número inicialmente previsto de
organizações. O uso da amostra reserva depende dos controles realizados para
obtenção de entrevistas.

40
R E L AT Ó R I O M E T O D O L Ó G I C O

Coleta de dados em campo


MÉTODO DE COLETA
As organizações foram contatadas por entrevista com questionário estruturado a
partir da técnica de entrevista telefônica assistida por computador (em inglês, computer-
assisted telephone interviewing [CATI]). As entrevistas para aplicação do questionário
tiveram duração aproximada de 41 minutos.
Em todas as organizações pesquisadas, buscou-se entrevistar o principal gestor
(diretor, presidente ou membro executivo do conselho), ou seja, a pessoa que
conheça a organização como um todo, tanto no que diz respeito às capacidades
administrativas e financeiras, quanto à capacidade de TI e acesso e uso das TIC.

Processamento dos dados


PROCEDIMENTOS DE PONDERAÇÃO E CORREÇÃO DE NÃO RESPOSTA
A cada organização da amostra foi associado um peso amostral básico, obtido pela
razão entre o tamanho da população e o tamanho da amostra no estrato final
correspondente, conforme a Fórmula 3.

FÓRMULA 3

wih é o peso básico associado a cada uma das organizações


selecionadas, inverso da probabilidade de seleção do
N respondente, da organização i no estrato h
wih = n h
h n h é o tamanho da amostra de organizações no estrato h
Nh é o total de organizações no estrato h

Para corrigir os casos em que não se obteve a resposta de todos os selecionados,


foi realizada uma correção de não resposta. A correção de não resposta é dada pela
Fórmula 4.

FÓRMULA 4

Nh wih* é o peso com correção de não resposta da organização i


wih* = wih × no estrato h
∑wih
i

41
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

ERROS AMOSTRAIS
As medidas ou estimativas da precisão amostral dos indicadores da pesquisa
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos levam em consideração em seus cálculos
o plano amostral por estratos empregado na pesquisa.
Assim, a partir das variâncias estimadas, optou-se pela divulgação dos erros
amostrais expressos pela margem de erro. Para a divulgação, as margens de erro
foram calculadas para um nível de confiança de 95%. Isso indica que os resultados
baseados nessa amostra são considerados precisos, dentro do intervalo definido pelas
margens de erro. Se a pesquisa for repetida várias vezes, em 95% delas o intervalo
poderá conter o verdadeiro valor populacional. Outras medidas derivadas dessa
estimativa de variabilidade são comumente apresentadas, tais como erro padrão,
coeficiente de variação e intervalo de confiança.
O cálculo da margem de erro considera o produto do erro padrão (raiz quadrada da
variância) pelo valor 1,96 (valor da distribuição amostral que corresponde ao nível
de significância escolhido de 95%). Esses cálculos foram feitos para cada variável
das tabelas, o que significa que cada uma das tabelas de indicadores possui margens
de erros relacionadas às suas estimativas apresentadas em cada célula.

Disseminação dos dados


Os resultados desta pesquisa são divulgados de acordo com as seguintes variáveis
de cruzamento: porte da organização, região geográfica e atividade-fim.
Arredondamentos fazem com que, em alguns resultados, a soma das categorias
parciais supere 100% em questões de resposta única. O somatório de frequências
em questões de resposta múltipla usualmente ultrapassa 100%.
Vale ressaltar que, nas tabelas de resultados, o hífen ( – ) é utilizado para representar
a não resposta ao item. Por outro lado, como os resultados são apresentados sem casa
decimal, as células com valor zero significam que houve resposta ao item, mas ele é
explicitamente maior do que zero e menor do que um.
Os resultados desta pesquisa são publicados em formato online e disponibilizados
no website (https://www.cetic.br) e no portal de visualização de dados do
Cetic.br|NIC.br (https://data.cetic.br). As tabelas de proporções, totais e margens de
erros calculadas para cada indicador estão disponíveis para download em português,
inglês e espanhol. Mais informações sobre a documentação, os metadados e as
bases de microdados da pesquisa estão disponíveis na página de microdados do
Cetic.br|NIC.br (https://cetic.br/microdados/).

42
R E L AT Ó R I O M E T O D O L Ó G I C O

Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
(2007). Introdução à Classificação Nacional de
Atividades Econômicas – CNAE versão 2.0. http://
www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
classificacoes/cnae2.0/cnae2.0.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


(2019). As fundações privadas e associações sem
fins lucrativos no Brasil: 2016.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


(2021). Tabela de natureza jurídica 2021. https://
concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur-estrutura/
natureza-juridica-2021

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


(2022). Estatísticas do Cadastro Central de
Empresas: 2020.

Organização das Nações Unidas. (2002).


Handbook on non-profit institutions in the system
of national accounts. Studies in methods. Series F,
91. United Nations, Department of Economic
and Social Affairs, Statistics Division.

43
NONONONONONONONO

RELATÓRIO DE
COLETA DE DADOS

PESQUISA
TIC ORGANIZAÇÕES
SEM FINS
LUCRATIVOS

2022
Relatório de Coleta de Dados
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

O
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br) e do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR
(NIC.br), apresenta o “Relatório de Coleta de Dados” da pesquisa
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022. O objetivo do Relatório
é informar características específicas da edição de 2022 da pesquisa,
contemplando as eventuais alterações realizadas nos instrumentos de
coleta, a alocação da amostra e as taxas de resposta verificadas.
A apresentação completa da metodologia da pesquisa, incluindo os objetivos, os
principais conceitos e definições e as características do plano amostral empregado,
está descrita no “Relatório Metodológico”.

Alocação da amostra
A alocação da amostra é apresentada na Tabela 1.

TABELA 1

AMOSTRA PLANEJADA, POR REGIÃO, ATIVIDADE-FIM E PORTE

Amostra planejada
Norte 519

Nordeste 605

Região Sudeste 1 211

Sul 606

Centro-Oeste 519
CONTINUA „

47
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

„ CONCLUSÃO

Amostra planejada
Associações patronais e profissionais 350

Cultura e recreação 350

Educação e pesquisa 350

Desenvolvimento e defesa de direitos 700


Atividade-fim
Religião 350

Saúde e assistência social 700

Habitação 10

Meio ambiente 350

0 pessoas ocupadas 1 298

De 1 a 2 pessoas ocupadas 641

Porte De 3 a 9 pessoas ocupadas 638

De 10 a 49 pessoas ocupadas 466

De 50 a mais pessoas ocupadas 417

Instrumentos de coleta
ENTREVISTAS COGNITIVAS
Não foram realizadas entrevistas cognitivas para subsidiar a alteração de questionário
na pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022.

PRÉ-TESTES
O questionário estruturado da pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022
foi submetido a um pré-teste, com o objetivo de verificar o processo de recrutamento
dos entrevistados, a adequação das perguntas e o tempo de aplicação. Foram realizados
oito pré-testes entre fevereiro e março de 2022, por telefone, com organizações de
diferentes atividades-fim e portes, distribuídas em todas as regiões do país.

ALTERAÇÕES NOS INSTRUMENTOS DE COLETA


Em relação ao questionário da edição anterior da pesquisa, realizada em 2016, foram
incluídas novas perguntas e alteradas ou excluídas perguntas já existentes.
No módulo A do questionário, foi realizada uma alteração no enunciado da pergunta
sobre os públicos que a organização tem como foco de trabalho, especificando casos
em a organização não tem foco em um público específico. Nessa mesma pergunta,
também foram adicionados novos públicos, incluindo população de baixa renda e
dependentes químicos, e o item “outro” foi substituído por “algum outro público que
48
R E L AT Ó R I O D E C O L E TA D E D A D O S

não citei”. Além dessa, a pergunta sobre a organização manter colaboração com outras
sofreu uma modificação, sendo adicionados dois itens: “com outras organizações
do mesmo município” e “com outras organizações de outros municípios e estados”.
No módulo B, as perguntas sobre o uso de computadores e celulares foram alteradas
e passaram a compor uma pergunta única sobre o uso dos seguintes dispositivos:
computadores de mesa, notebooks, tablets e celulares. A pergunta sobre a propriedade
– da organização ou pessoal – dos celulares foi alterada, incorporando-se todos os
dispositivos mencionados pelo entrevistado. Algumas mudanças foram realizadas nos
itens das perguntas sobre uso da Internet, como inclusão de “serviços” no item “vender
produtos e serviços”, e na pergunta sobre acesso a sites de governo, em que se optou
pela exclusão dos itens “consultar PIS/Pasep [Programa de Integração Social/Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público] e FGTS [Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço] da organização” e “enviar relatórios e documentos de prestação
de contas com o governo”. Ademais, o item “realizar convênios com o governo” foi
substituído por “captar recursos governamentais”. Houve alteração nos itens sobre perfil
ou conta própria em plataformas ou redes sociais online. Também houve alteração em
alguns itens na pergunta sobre atividades realizadas nas redes sociais online e inclusão
de novos itens, como “postar publicações e estudos próprios ou de terceiros”, “postar
informações institucionais sobre a organização como contato e endereço”, “recrutar
voluntários”, “fazer lives ou transmissões online em tempo real de eventos como sessões,
palestras, reuniões”, “divulgar vídeos ou áudios de atividades realizadas” e “postar fotos
de atividades realizadas”. De maneira semelhante, foram incluídos itens na pergunta
sobre os recursos disponibilizados no website, como “lives ou transmissões online em
tempo real de eventos como sessões, palestras, reuniões”, “vídeos, áudios ou podcasts”,
“informações institucionais sobre a organização como contato e endereço”, “ferramenta
de busca nos conteúdos do website”, “link para perfil da organização nas redes sociais”
e “cadastro de usuários para envio de boletins de notícias”.
Nesse módulo, foram incluídas as perguntas sobre: a existência de Wi-Fi e a oferta
de Wi-Fi gratuito para o público, o uso de aplicativo para gerenciar informações
de clientes, o pagamento por anúncios na Internet e a oferta de aplicativo para
telefone celular ou tablet. Além disso, foram retiradas as perguntas sobre os motivos
de a organização não usar computador, o número de pessoas remuneradas e que
trabalham voluntariamente que utilizaram computador e Internet, os motivos de a
organização utilizar computador e celular, a frequência de postagem de conteúdo
em redes sociais online e a contribuição do uso do computador e da Internet para as
atividades da organização.
No módulo C, foram alteradas as faixas das velocidades de conexão utilizadas. Foram
incluídas perguntas sobre o tipo de software utilizado e o pagamento por serviços em
nuvem. Foram excluídas perguntas sobre posse de computadores próprios, número de
computadores próprios, condição (novo ou usado) desses computadores e introdução
de software novos.
Por fim, no módulo D, a pergunta sobre a realização de suporte técnico para
manutenção e reparo dos computadores da organização foi substituída pela
pergunta sobre os serviços, como reparo e manutenção dos equipamentos, suporte
técnico para sistema interno, desenvolvimento de website, instalação e reparo da
infraestrutura elétrica e redes e perfis ou contas da organização nas redes sociais
49
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

(se foram prestados por pessoas remuneradas, voluntários da organização ou prestador


de serviço terceirizado). Foram adicionadas perguntas sobre a existência de área ou
pessoa responsável por procedimentos e políticas para coleta, armazenamento e uso
de dados pessoais ou pela implementação das diretrizes da Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais (LGPD) e a contratação serviços de terceiros, como consultoria ou
assessoria, para auxiliar a organização com o tema de privacidade, proteção de dados e
adequação à LGPD. Também foi adicionada uma pergunta sobre os recursos oferecidos
pelo website da organização, como política de privacidade da organização, que informa
como os dados pessoais são tratados por ela, nome e contato do encarregado ou do
comitê encarregado de proteção de dados ou DPO, política de segurança da informação
e canal de atendimento para os titulares dos dados tirarem dúvidas e exercerem seus
direitos previstos na LGPD. Foram incluídas perguntas sobre o oferecimento de
treinamento interno e o pagamento de curso externo para desenvolver ou melhorar as
habilidades em informática e no uso de computadores e Internet e os conhecimentos
sobre privacidade e proteção de dados pessoais. Além disso, foi adicionada uma
pergunta sobre a periodicidade do recebimento de doações voluntárias de pessoas
físicas. Por fim, foi excluído o item “contribuições sindicais” da pergunta sobre origem
de recursos, em função da exclusão de sindicatos da amostra.

TREINAMENTO DE CAMPO
As entrevistas foram realizadas por uma equipe de entrevistadores treinados e
supervisionados. Esses entrevistadores passaram por treinamento básico de pesquisa,
treinamento organizacional, treinamento contínuo de aprimoramento e treinamento
de reciclagem. Além disso, houve um treinamento específico para a pesquisa TIC
Organizações Sem Fins Lucrativos 2022, que abarcou a abordagem ao público
respondente, o instrumento de coleta, os procedimentos e as ocorrências de campo.
A equipe do projeto também teve acesso ao manual de instruções da pesquisa,
que continha a descrição de todos os procedimentos necessários para a realização da
coleta de dados e o detalhamento dos objetivos e da metodologia da pesquisa, a fim
de garantir a padronização e a qualidade do trabalho. Ao todo, trabalharam na coleta
de dados 56 entrevistadores, dois supervisores e um auxiliar.

Coleta de dados em campo


MÉTODO DE COLETA
As organizações foram contatadas por entrevista com questionário estruturado,
baseado na técnica de entrevista telefônica assistida por computador (em inglês,
computer-assisted telephone interviewing [CATI]). As entrevistas para aplicação dos
questionários tiveram duração aproximada de 41 minutos.
Em todas as organizações pesquisadas, buscou-se entrevistar o principal gestor
(diretor, presidente, ou membro executivo do conselho), ou seja, a pessoa que conheça
a organização como um todo, tanto no que diz respeito às capacidades administrativas
e financeiras, quanto à capacidade de TI e acesso e uso das TIC.

50
R E L AT Ó R I O D E C O L E TA D E D A D O S

DATA DE COLETA
A coleta de dados da pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 ocorreu
entre fevereiro e julho de 2022.

PROCEDIMENTOS E CONTROLE DE CAMPO


Diversas ações foram realizadas a fim de garantir a maior padronização possível na
forma de coleta de dados. Assim, é definido um sistema de controle de ocorrências
que permite a identificação e o tratamento diferenciado de algumas situações na
coleta de dados, bem como a ajuda a controlar o esforço realizado para obtenção das
entrevistas. As ocorrências observadas durante a coleta de dados e o número de casos
no final dessa etapa estão na Tabela 2.

TABELA 2

OCORRÊNCIAS FINAIS DE CAMPO

Quantidade
Ocorrências finais Taxa
de casos
Estabelecimento não encontrado (telefone não atende,
telefone ocupado, sinal de fax, secretária eletrônica/ caixa
667 3%
postal, não foi possível completar a ligação, telefone fora de
área ou desligado)

Não elegível 4 880 23%

Não respondeu a pesquisa (excesso de discagem ou prazo


7 341 35%
para contato foi excedido)

Número inválido 3 841 18%

Realizada 1 520 7%

Recusa 1 390 7%

Telefone é válido, mas a entrevista não foi realizada 1 362 7%

Total geral 21 001 100%

Foram registradas ocorrências referentes a cada ligação ou tentativa de contato com


as organizações, segundo os procedimentos expostos na Tabela 2. Tais ocorrências
puderam ser acompanhadas por meio do histórico detalhado de ligações, a partir de
controles semanais contendo um resumo da quantidade de organizações por última
ocorrência em cada estrato. Os demais controles semanais continham informações
sobre a quantidade de entrevistas realizadas e faltantes por estrato, além da quantidade
de contatos disponíveis, usados e que ainda não haviam sido contatados nenhuma vez.

51
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

De forma concomitante à coleta de dados, uma equipe de pesquisadores ficou


dedicada ao trabalho de busca ativa de contatos para os casos nos quais não foi possível
contatar as organizações a partir dos telefones que constavam nas listagens. Para
esse trabalho, foram adotados procedimentos de busca na Internet e confirmação
de números de telefone com base em informações presentes no cadastro sobre as
organizações de interesse. Essa etapa incluiu ações como buscas em websites oficiais
das organizações; buscas em outras páginas oficiais das organizações, para aquelas
organizações que não possuíam websites próprios; busca de telefones alternativos ao
contatar outras organizações; e buscas em redes sociais, como Facebook, Instagram
e LinkedIn, por meio dos nomes das organizações e endereços.

RESULTADO DA COLETA
Ao todo, a TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 abordou 28.283 organizações
sem fins lucrativos, alcançando aproximadamente 6% de taxa de resposta. Assim, um
total de 1.520 de entrevistas foram realizadas (Tabela 3).

TABELA 3

TAXA DE RESPOSTA, POR REGIÃO, ATIVIDADE-FIM E PORTE

Taxa de resposta
Norte 5%

Nordeste 4%

Região Sudeste 6%

Sul 6%

Centro-Oeste 6%

Associações patronais e profissionais 6%

Cultura e recreação 5%

Educação e pesquisa 6%

Desenvolvimento e defesa de direitos 4%

Atividade-fim Religião 5%

Saúde e assistência social 7%

Meio ambiente 8%

Habitação 15%

Outros 3%

0 pessoas ocupadas 3%

De 1 a 2 pessoas ocupadas 4%

Porte De 3 a 9 pessoas ocupadas 8%

De 10 a 49 pessoas ocupadas 8%

De 50 a mais pessoas ocupadas 8%

52
ANÁLISE DOS
RESULTADOS

PESQUISA
TIC ORGANIZAÇÕES
SEM FINS
LUCRATIVOS

2022
Análise dos Resultados
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

A
pós um período de cinco anos em relação à última edição, a pesquisa TIC
Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 foi realizada em um contexto
de grandes mudanças no terceiro setor brasileiro. A aprovação do
Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), em
2014, avançou ao regular a relação entre poder público e organizações
da sociedade civil, tendo efeitos no fortalecimento e na continuidade
das organizações e de suas ações, inclusive na prestação de serviços
públicos, especialmente, nas políticas de assistência social, educação e saúde (Holanda
& Mendonça, 2021).
Mesmo com esses avanços, as organizações sem fins lucrativos ainda enfrentam
desafios relacionados tanto à prestação de contas e à transparência de suas ações
como às capacidades de captação de recursos e de desenvolvimento institucional,
especialmente, em função das fragilidades nas capacidades administrativas e financeiras
que caracterizam muitas dessas organizações. Além disso, nas últimas duas décadas,
houve uma redução nos recursos de cooperação internacional e, a partir de 2019, nos
recursos governamentais, principalmente entre aquelas que trabalham com defesa de
direitos, impondo desafios à trajetória de fortalecimento do campo (Alves & Costa,
2020; Mendonça et al., 2013).
Desde o início de 2020, a pandemia COVID-19 também produziu mudanças
importantes. Diante das medidas de distanciamento social, as organizações tiveram
que lidar com o fechamento de seus espaços físicos e a paralisação de atividades
presenciais, o que gerou desafios para a continuidade de suas ações e resultou em uma
migração de sua atuação para o ambiente virtual. Além disso, frente à emergência
de uma crise sanitária e de seus consequentes problemas sociais – como aumento da
fome e diminuição da renda, principalmente, de grupos mais vulneráveis –, o terceiro
setor passou a implementar diversas ações, incluindo a organização e a distribuição
de alimentos, remédios, equipamentos de proteção e materiais de higiene pessoal,
a transferência de renda para mulheres com filhos e doações de equipamentos para
hospitais da rede pública (Alves & Costa, 2020; Lucca-Silveira et al., 2021).
55
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Em muitos casos, o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC),


particularmente de websites e redes sociais, foi fundamental para a mobilização e a
comunicação das organizações com a sociedade. Em alguns deles, websites foram criados
para mobilizar e organizar apoio a ações para o enfretamento da pandemia, como
foi feito, por exemplo, pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), na
plataforma Emergência COVID-191, pela Associação Brasileira de Organizações Não
Governamentais (Abong), com a Rede Solidária2, e pela Fundação Tide Setubal, com a
Benfeitoria Matchfunding Enfrente3 (Alves & Costa, 2020; Lucca-Silveira et al., 2021).
É importante destacar que as TIC já tinham sido apontadas como instrumentos
para promover ganhos de eficiência e melhorar a comunicação interna e a interação
entre organizações sem fins lucrativos e outros atores, especialmente órgãos públicos
(Franklin et al., 2022). Além disso, as tecnologias digitais também influenciaram a
criação de novas experiências organizacionais no país, como os coletivos e a Rede
Nossa São Paulo (Gohn et al., 2020; Penteado et al., 2014; Winkler & Pozzebon,
2011). Ainda, as TIC e, particularmente, a Internet têm um potencial de ampliação
do espaço de atuação e ativismo das organizações sem fins lucrativos (Gomes et al., no
prelo), ampliando a esfera pública (Gripsrud & Moe, 2010). Exemplos disso incluem
protestos e mobilizações em diversos países como os movimentos Occupy Wall Street
e #MeToo (Castells, 2015; Etter & Albu, 2021; Xiong et al., 2019), o ciclo de protestos
ocorrido em 2013 (Gohn et al., 2020) e, mais recentemente, movimentos de extrema
direita (Cesarino, 2022; Rocha, 2021).
A atuação das próprias organizações sem fins lucrativos também pode ser
fundamental para a ampliação do acesso às TIC e seu uso a partir de experiências de
inclusão digital (Comitê Gestor da Internet no Brasil [CGI.br], 2022e). Ainda que seja
pequeno o número de organizações que fazem parte de redes comunitárias de Internet,
oferecem acesso à Internet em telecentros e, até mesmo, disponibilizam Wi-Fi gratuito
para a comunidade, esse é um debate central para o contexto brasileiro, como mostra a
publicação Redes Comunitárias de Internet no Brasil: experiências de implantação e desafios
para a inclusão digital (CGI.br, 2022e).
A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos busca contribuir para esse
debate a partir da coleta de dados sobre a adoção de tecnologias digitais no contexto
organizacional. Também coleta dados sobre como o uso das TIC interfere na atuação
dessas organizações e a relação entre elas e seus públicos, outras organizações, atores-
chave e a sociedade em geral.
Na medida em que a pesquisa abrange diversas organizações, incluindo organizações
não governamentais (ONG), associações, fundações e organizações religiosas, o
conjunto de indicadores permite compreender a diversidade de instituições que
compõem o terceiro setor e a diferença em suas capacidades administrativas e
financeiras. Ainda, a análise dos indicadores sobre o acesso e o uso das TIC pelas
organizações sem fins lucrativos possibilita uma maior compreensão sobre a relação

1
Para mais informações, ver https://emergenciacovid19.gife.org.br/
2
Para mais informações, ver https://www.redesolidaria.org.br/
3
Para mais informações, ver https://parcerias.benfeitoria.com/canal/enfrente2020

56
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

entre esses instrumentos e sua atuação, atividades e serviços prestados a seu público-
alvo, seu ativismo e mobilização para a garantia e a conquista de direitos e sua atuação
no campo das políticas públicas, incluindo seu relacionamento com governos, prestação
de serviços públicos, representação em espaços participativos e monitoramento das
ações governamentais.
Em 2022, a pesquisa incluiu indicadores sobre a adequação das organizações à Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), a existência de Wi-Fi e a oferta de Wi-Fi
gratuito para o público, a periodicidade do recebimento de doações voluntárias por
pessoas físicas, o pagamento por serviços em nuvem, entre outros, abordados em
maior profundidade nas próximas seções. Os resultados da pesquisa TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos são apresentados nas seguintes seções:
• Perfil das organizações sem fins lucrativos;
• Infraestrutura de TIC;
• Uso das TIC;
• Presença na Internet;
• Habilidades, barreiras e motivações;
• Privacidade e proteção de dados pessoais.

Perfil das organizações sem fins lucrativos


Uma das dimensões abordadas pela pesquisa refere-se ao perfil das organizações
sem fins lucrativos brasileiras, o que permite uma compreensão mais ampla de suas
capacidades administrativas e financeiras e possibilita avaliar como essas capacidades
se relacionam com a adoção das tecnologias digitais. A edição de 2022 da pesquisa traz
indicadores relacionados ao público-alvo, à abrangência de atuação, aos vínculos dos
colaboradores, entre outros.4
De acordo com os resultados da pesquisa, a maioria das organizações foi fundada
após a década de 1990, sendo 25% delas fundadas de 1991 a 2000, 23% de 2001 a 2010
e 20% de 2011 a 2021. É importante apontar que a regularização das organizações se
deu majoritariamente após a década de 1960, mas foi influenciada por mudanças na
regulamentação ao longo do tempo (Mello & Pereira, 2022).

4
Como apresentado no “Relatório Metodológico”, as comparações entre as edições de 2022 e as anteriores (2014 e
2016) devem considerar que foram excluídos os sindicatos, seguindo as mudanças da pesquisa As fundações privadas
e associações sem fins lucrativos no Brasil (Fasfil), coletada em 2016, em que foi adotada a Classificação dos Objetivos
das Instituições sem Fins Lucrativos a Serviço das Famílias (COPNI). Ainda nesta edição, as organizações que atuam nas
áreas de habitação e meio ambiente foram agrupadas em uma nova categoria, enquanto, nas edições de 2014 e 2016, as
organizações que atuam nessas áreas eram incluídas na categoria “outros”. Por fim, é importante considerar que a distância
entre as edições de 2016 e 2022 foi de seis anos, sendo superior à distância de dois anos entre as edições de 2014 e 2016.

57
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Houve uma concentração das organizações na região Sudeste (49%), resultado


convergente com levantamentos prévios, como o Mapa das Organizações da Sociedade
Civil, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) (2020), e
estudos, como o de Mello e Pereira (2022). O Sul concentrou 24% das organizações,
o Nordeste, 17%, o Centro-Oeste, 6% e o Norte, 4%.
No que se refere às áreas de atuação das organizações, houve uma predominância
daquelas que atuam nas áreas de assistência social, cultura, educação e religião. Uma
proporção menor de organizações atuou na atividade empresarial ou profissional,
nas temáticas de drogas, habitação e urbanismo, inclusão digital, questões agrárias e
agricultura e segurança pública. Sobre o público-alvo, o mais citado foram as crianças,
adolescentes e jovens, seguidas de população de baixa renda, mulheres e idosos e
terceira idade (Gráfico 1).

GRÁFICO 1

ORGANIZAÇÕES, POR PÚBLICO (2022)


Total de organizações (%)

Crianças, adolescentes e jovens 57

População de baixa renda 54

Mulheres 48

Idosos e terceira idade 42

Pessoas com deficiência 34

Negros e afrodescendentes 31

Enfermos 29

População de rua 26

Dependentes químicos 21

Trabalhadores de uma determinada categoria profissional 19

Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais 19

Povos indígenas ou quilombolas 17

Defesa de animais 12

Nenhum público em específico 36

0 20 40 60 80 100

As organizações sem fins lucrativos brasileiras atuaram, em sua maioria, localmente.


Mais da metade delas teve uma atuação circunscrita a um município ou uma
comunidade, como mostra o Gráfico 2. Um conjunto mais reduzido de organizações
atuou de maneira regional, nacional e internacionalmente. Apesar disso, em relação
a 2016, houve uma diminuição na proporção de organizações que atuaram em sua
comunidade e um aumento daquelas que atuaram em mais de um município.

58
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

GRÁFICO 2

ORGANIZAÇÕES, POR ABRANGÊNCIA DE ATUAÇÃO (2016-2022)


Total de organizações (%)
Internacional 4
4

Nacional 9
8
4
Em mais de um estado
1
7
Estadual 10
17
Em mais de um município no mesmo estado 10
45
Municipal 46
12
Na comunidade 19

0 20 40 60 80 100

2022 2016

Em 2022, a pesquisa passou a investigar a colaboração entre organizações sem


fins lucrativos. Foi mais comum a colaboração com outras organizações do mesmo
município (69%) e de outros municípios e estados (55%) do que de fora do Brasil (19%).
Os indicadores relacionados à capacidade administrativa das organizações apontam
um aumento na proporção de organizações com áreas ou departamentos específicos
(Gráfico 3). Esse crescimento sugere que houve um fortalecimento de suas capacidades
e/ou as organizações mais frágeis foram fechadas. Sobre isso, Mello e Pereira (2022)
mostram que cerca de um terço das organizações tiveram suas atividades encerradas,
sendo que a maior parte (93%) ocorreu após os anos 2000 e metade delas refere-se a
organizações que atuam na área de desenvolvimento e defesa de direitos.
Apesar desse aumento, há variações nas proporções observadas para diferentes
áreas ou departamentos: 68% das organizações possuíam áreas ou departamentos de
finanças ou contabilidade, 41% de captação de recursos, 39% de recursos humanos,
32% de comunicação institucional ou assessoria de imprensa e 31% de tecnologia
da informação (TI) ou informática, ainda que 80% possuíam área ou departamento
administrativo. Aquelas que apresentaram maiores proporções de presença de todas as
áreas investigadas são as organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas e aquelas
que atuam na área de educação e pesquisa, como pode ser observado no Gráfico 3.

59
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 3

ORGANIZAÇÕES, POR PRESENÇA DE ÁREA/ DEPARTAMENTO (2016-2022)


Total de organizações com uma ou mais pessoas remuneradas (%)
100
92
87

80 78
75
74 74
68
63 63 62 64
60

46 47 48
44 42 42
39 40
40 37
33 33 33 32 30 29
26 27 26
22 24 20
20 19
12 10 11

0
2022 2016 2022 2016 2022 2016 2022 2016 2022 2016 2022 2016
ADMINISTRATIVA FINANÇAS OU CAPTAÇÃO DE RECURSOS COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
CONTABILIDADE RECURSOS HUMANOS / ASSESSORIA DE IMPRENSA OU INFORMÁTICA

Nenhuma pessoa remunerada De 1 a 9 pessoas remuneradas De 10 ou mais pessoas remuneradas

A pesquisa também investigou a contratação de serviços de terceiros para gerenciar


algumas atividades da organização. Em 2022, 68% contrataram serviços de finanças ou
contabilidade, 31% de TI ou informática, 22% administrativos, 16% de comunicação
institucional ou assessoria de imprensa, 15% de recursos humanos e 13% de captação
de recursos.
Ainda sobre a capacidade administrativa das organizações, em 2022, 21% possuíam
1 ou 2 pessoas remuneradas, 18% de 3 a 9 e 22% de 10 ou mais pessoas remuneradas.
Por outro lado, 38% não possuíam nenhuma pessoa remunerada, mais frequente nas
organizações que atuam nas áreas de cultura e recreação (41%), desenvolvimento e
defesa de direitos (64%), religião (39%) e habitação e meio ambiente (49%). Entre
aquelas que possuem pessoas remuneradas, 27% contaram com 10 ou mais pessoas
remuneradas em regime CLT, mas 22% não contaram com nenhuma pessoa em regime
CLT. Esse tipo de contratação prevaleceu nas organizações de maior porte: 80% das
organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas contaram com pelo menos 10
pessoas remuneradas em regime CLT.
As organizações do setor seguiram contando com um número elevado de
voluntários. A pesquisa mostra que 86% das organizações contaram com ao menos
1 voluntário e que mais da metade delas contou com 10 ou mais pessoas voluntárias
(58%). Há maior presença nas organizações de menor porte: 71% das organizações
sem pessoas remuneradas e 54% daquelas com 1 a 9 pessoas remuneradas contaram
com 10 ou mais voluntários. As organizações que atuam nas áreas de desenvolvimento
e defesa de direitos, religião e habitação e meio ambiente também apresentaram em
maiores proporções presença de voluntários.

60
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

Na edição de 2022, foram incluídas perguntas sobre a formação específica do gestor


entrevistado. Os resultados indicam que em 36% dos casos os entrevistados tinham
formação em gestão de organizações do terceiro setor, enquanto 24% possuíam
formação relacionada ao uso de tecnologias.
Relacionados à capacidade financeira das organizações, a TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos traz indicadores sobre as fontes de recursos com as quais as
organizações contaram nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa. Em 2022, a
maioria das organizações contou com doações voluntárias por pessoas físicas (63%),
proporção que aumentou 12 pontos percentuais em relação à edição de 2016. Isso
se relaciona ao argumento de Vergueiro e Estraviz (2015) de que há uma cultura de
doação no país, ainda que seja difícil mensurar sua relevância em termos de montantes
e frequência dessas doações (Reinach, 2013).
Também foi frequente a proporção de organizações que contaram com o pagamento
de mensalidade e anuidades pelos associados (47%). Em menores proporções, estão
as seguintes fontes de recursos: igrejas ou organizações religiosas (27%), venda de
produtos e serviços (24%), empresas privadas (22%), órgãos governamentais municipais
(19%), outras organizações sem fins lucrativos (15%), órgãos governamentais estaduais
(13%) e órgãos governamentais federais (10%) (Gráfico 4).
Destaca-se que houve um aumento das proporções das organizações que receberam
recursos de igrejas e organizações religiosas (de 18% em 2016 para 27% em 2022) e
de outras organizações sem fins lucrativos (de 10% em 2016 para 15% em 2022). Já
em relação aos recursos governamentais, em 2022, 24% das organizações receberam
esse tipo de recurso, proporção que diminuiu em relação a 2016, quando 32%
das organizações relataram que receberam recursos de alguma das três esferas de
governo. Uma parte dessa redução pode ser explicada pela diminuição na proporção
de organizações que recebem recursos governamentais federais (de 15% em 2016
para 10% em 2022).

61
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 4

ORGANIZAÇÕES, POR FONTE DE RECURSOS (2016-2022)


Total de organizações (%)
63
Doações voluntárias por pessoas físicas
52

47
Mensalidades e anuidades pagas pelos associados
51

27
Igrejas ou organizações religiosas
18

24
Venda de produtos/serviços
20

22
Empresas privadas
17

19
Órgãos governamentais municipais
21

15
Outras organizações sem fins lucrativos
10

13
Órgãos governamentais estaduais
15

10
Órgãos governamentais federais
15

2
Empresas públicas ou mistas
2

2
Organismos internacionais
1

1
Governos de outros países
1

21
Outros
14

0 20 40 60 80 100

2022 2016

Buscando aprofundar a compreensão sobre a captação de recursos, a pesquisa


coletou dados sobre a periodicidade das doações por pessoas físicas. Doações podem
incluir pequenos doadores regulares, como pessoas físicas que doam pequenas
quantias mensalmente, por meio de canais digitais, telemarketing, mala direta,
street fundraising, entre outros, além de doadores médios e doadores de alto poder
aquisitivo que doam periódica ou esporadicamente (Abdal et al., 2019). No caso das
organizações que receberam doações de pessoas físicas, metade delas (50%) receberam
doações esporadicamente, 46% mensalmente e apenas 2% semestralmente. As doações
esporádicas foram mais comuns em organizações de maior porte, com 10 ou mais
pessoas remuneradas (65%). Já as doações mensais, fundamentais para assegurar
recursos contínuos e o planejamento e a execução das atividades da organização ao
longo do tempo, foram mais comuns em organizações de menor porte, com nenhuma
pessoa remunerada e com 1 a 9 pessoas remuneradas (50% e 47%, respectivamente).

62
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

Infraestrutura de TIC
Uma dimensão central para o acesso e o uso das tecnologias refere-se à infraestrutura
de TIC nas organizações, que inclui a disponibilidade de dispositivos adequados
e a qualidade das diferentes formas de conexão. A expansão da infraestrutura de
Internet no país foi central para a ampliação do acesso e do uso das tecnologias
digitais pela sociedade civil (Franklin et al., 2022). A pesquisa TIC Organizações Sem
Fins Lucrativos 2022 mostra, contudo, que há ainda desafios a serem enfrentados
pelas organizações para que alcancem uma conectividade mais significativa5. Os
dados apontam um predomínio do uso do telefone celular, o que impõe barreiras à
diversificação das atividades realizadas. Em 2022, o uso do celular alcançou 89% das
organizações, seguido do notebook (74%), do computador de mesa (70%) e do tablet
(23%). Os computadores de mesa estão mais presentes nas organizações de maior porte
(com 10 ou mais pessoas remuneradas) e naquelas que atuam na área de educação e
pesquisa (Gráfico 5).

GRÁFICO 5

ORGANIZAÇÕES, POR DISPOSITIVO (2022)


Total de organizações (%)
100 93 93
91
84 83
80 75 74
70

58
60

40
33

21 22
20

0
Celulares Notebooks Computadores de mesa Tablets

Nenhuma pessoa remunerada De 1 a 9 pessoas remuneradas De 10 ou mais pessoas remuneradas

O Gráfico 6 mostra que as organizações sem fins lucrativos utilizaram tanto


computadores (computadores de mesa, notebooks e tablets) quanto celulares. Apenas 5%
das organizações utilizaram exclusivamente computadores e apenas 6% exclusivamente
celulares, enquanto 82% delas utilizaram ambos. No entanto, entre aquelas que
utilizaram dispositivos, na maioria dos casos eram pessoais e não de propriedade

5
Segundo a Alliance for Affordable Internet (A4AI) (2021), conectividade significativa compreende o acesso a uma conexão
de Internet estável, que pode ser utilizada regularmente, e com velocidades apropriadas, uma conexão de banda larga
ilimitada e dispositivos com capacidade suficiente.

63
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

das organizações. No caso do celular, em 76% das organizações os equipamentos


utilizados eram pessoais e apenas em 35% de propriedade da organização. No caso
de computador de mesa e notebook, a situação é inversa: em 60% das organizações os
computadores de mesa eram de propriedade da organização e em 32% pessoais, e em
51% os notebooks eram de propriedade da organização e em 43% pessoais.
Assim como no indicador sobre a presença de computador, as organizações que
apresentam em proporções maiores dispositivos próprios são aquelas de maior porte
(com 10 ou mais pessoas remuneradas) e que atuam com educação e pesquisa. Já
as menores proporções são observadas entre as de menor porte e que atuam com
desenvolvimento e defesa de direitos e habitação e meio ambiente.
Em relação ao uso da Internet, observa-se um aumento desde a última medição da
pesquisa, passando de 71% em 2016 para 82% em 2022. Esse aumento foi observado
sobretudo entre as organizações com nenhuma pessoa remunerada e com 1 a 9 pessoas
remuneradas e naquelas situadas nas regiões Nordeste e Sul do país. No entanto, o uso
da Internet segue mais presente nas organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas
e entre aquelas que atuam na área de educação e pesquisa (Gráfico 6).

GRÁFICO 6

ORGANIZAÇÕES, POR USO DE INTERNET (2022)


Total de organizações (%)

100 97 97
92
88 86 87 88
83 84
82 81 80
79 77
80
69 70
66

60

40

20

0
Nenhuma pessoa remunerada

De 1 a 9 pessoas remuneradas

De 10 ou mais pessoas remuneradas

Religião

Outros
Cultura e recreação

Educação e pesquisa

Habitação e meio ambiente


Associações patronais e profissionais

Desenvolvimento e defesa de direitos

Saúde e assistência social


Total

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

PORTE REGIÃO ATIVIDADE

64
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

Ainda que a maioria das organizações tenha utilizado Wi-Fi (70%), somente 38% o
disponibilizaram para o público, serviço que pode indicar a presença de uma estratégia
de inclusão digital utilizada principalmente por organizações que atuam com grupos
mais vulneráveis, que historicamente enfrentam maiores barreiras ao acesso (CGI.br,
2022e). Em ambos os indicadores, também foram encontradas maiores proporções
nas organizações com maior porte (com 10 ou mais pessoas remuneradas) e entre
aquelas que atuam na área de educação e pesquisa.
Acompanhando o crescimento do uso da Internet, também houve uma ampliação
do uso da fibra ótica. Em 2016, apenas 30% das organizações utilizavam esse tipo de
conexão, enquanto, em 2022, ela se tornou a mais utilizada (81%). De forma menos
acentuada, a proporção de organizações que utilizaram conexão via modem 3G ou 4G
aumentou significativamente, indo de 32% em 2016 para 47% em 2022. Já a conexão
via cabo, que era mencionada por 42% das organizações em 2016, passou a ser utilizada
por 32% em 2022. O mesmo ocorreu com a conexão DSL, que era utilizada por mais
da metade das organizações (55%) em 2016 e passou a ser utilizada por menos de um
quarto delas (21%) em 2022. O acesso via rádio também se tornou menos utilizado,
indo de 14% para 8% no período.
Essa ampliação da fibra ótica foi resultado da expansão da oferta desse tipo de
conexão pelos provedores. Segundo a pesquisa TIC Provedores, 89% dos provedores
ofereceram fibra ótica a seus clientes em 2020 (CGI.br, 2021). Essa ampliação também
se deu em outras organizações, como empresas, em que 87% utilizaram esse tipo de
conexão (CGI.br, 2022a), e prefeituras, em que 94% a utilizaram (CGI.br, 2022b).
Com a maior presença de fibra ótica nas organizações sem fins lucrativos, a
velocidade das conexões reportadas também é maior. Conexões com velocidade acima
de 30 a 100 Mbps foram utilizadas por cerca de metade das organizações (51%) e
conexões acima de 10 Mbps a 30 Mbps por 13% em 2022, enquanto, em 2016, as
faixas de velocidade mais mencionadas foram acima de 1 a 5 Mbps (24%) e acima de
5 a 10 Mbps (23%).
Dentre aquelas que não usaram a Internet nos 12 meses anteriores à pesquisa, o alto
custo de conexão (69%) foi o motivo mais mencionado para a não utilização, seguido
pela falta de necessidade de usar a Internet (62%), pelo desequilíbrio entre o custo e
o benefício do uso da Internet (58%), pela falta de interesse em usar a Internet (50%),
pela falta de infraestrutura de acesso à Internet na região (26%), pela preocupação
com segurança ou privacidade (20%) e pela pouca habilidade da equipe com o uso da
Internet (17%). Destaca-se que a falta de infraestrutura de acesso à Internet foi mais
citada pelas organizações das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Uso das TIC


A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos abrange também diversos
indicadores que permitem a compreensão do uso das tecnologias por essas organizações
a partir de dados sobre as atividades realizadas na Internet, a utilização de ferramentas
de governo eletrônico e a adoção de software e sistemas específicos. Ainda que não
ocupem necessariamente um papel estruturante nas suas atividades, é possível observar
nos últimos anos uma maior incorporação das TIC no conjunto das organizações,
65
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

com aumento verificado na maior parte das atividades (Gráfico 7). A edição de 2022
da pesquisa mostra que as atividades realizadas na Internet em maiores proporções
continuam sendo o envio de e-mail (95%), o uso de mensagens instantâneas (88%) e
a busca de informações sobre produtos e serviços (85%). Os maiores crescimentos
entre 2016 e 2022 foram observados no uso de ferramentas de comunicação, como
mensagens instantâneas e telefone via Internet, VoIP ou videoconferência via Internet.

GRÁFICO 7

ORGANIZAÇÕES QUE UTILIZARAM A INTERNET, POR TIPO DE ATIVIDADE (2016-2022)


Total das organizações que tiveram acesso à Internet (%)

95
Enviar e receber e-mail 94

88
Usar mensagens instantâneas 56

85
Buscar informações sobre produtos ou serviços 76
Usar telefone via Internet (VoIP)/ 78
videoconferência via Internet 24
Fazer pagamentos, transferências 76
e consultas bancárias via Internet Banking 51

Oferecer serviços e informações aos seus 76


beneficiários ou público atendido 50

66
Treinar pessoas que trabalham na organização
44

62
Buscar informações sobre organizações governamentais
55

59
Interagir com organizações governamentais
28

Recrutar pessoal interno ou externo 47


28
Fazer transações financeiras como operações de 24
mercado de ações e seguros via Internet 13

Vender produtos e serviços 23


Vender produtos 9

0 20 40 60 80 100

2022 2016

As organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas e aquelas que atuam na área


de educação e pesquisa apresentaram maiores proporções de realização de todas as
atividades online investigadas na pesquisa. Exemplo disso é que, enquanto 76% das
organizações fizeram pagamentos, transferências e consultas bancárias via Internet
Banking, 87% das organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas e 84% das que
atuam na área de educação e pesquisa realizaram essa atividade.
Uma atividade importante para essas organizações realizada no ambiente virtual
refere-se à captação de recursos pela Internet, o que foi especialmente relevante
no contexto da pandemia (Arnesen & Sivesind, 2021). A pesquisa mostra que 22%
das organizações receberam doações pela Internet em 2022, patamar que aumentou
substancialmente comparado ao observado na edição de 2016 (6%) (Gráfico 8).

66
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

GRÁFICO 8

ORGANIZAÇÕES QUE RECEBEM DOAÇÕES PELA INTERNET (2016-2022)


Total das organizações (%)
100

80

60

40 34

22 23
20 18
14
6 4 5

0
Total Nenhuma pessoa De 1 a 9 pessoas De 10 ou mais
remunerada remuneradas pessoas remuneradas

2022 2016

No que se refere ao canal de recebimento das doações pela Internet, houve um


aumento entre 2016 e 2022 de todos os investigados (plataformas ou redes sociais
em que a organização estava presente, website da organização, campanhas ou sites de
financiamento coletivo ou crowdfunding). Essa tem sido uma tendência observada em
outros contextos, especialmente durante a pandemia (Arnesen & Sivesind, 2021),
dado que as estratégias de captação de recursos no ambiente digital têm sido usadas
para superar desafios relacionados às fragilidades administrativas e financeiras das
organizações. Tais estratégias permitem redução de custos, alcance de um número
maior de pessoas e maior engajamento e envolvimento de doadores, possibilitando
um relacionamento mais próximo entre as organizações e os doadores. Ainda, podem
produzir outros efeitos positivos, como o compartilhamento de campanhas e a
melhoria da imagem da organização (Di Lauro et al., 2019). Apesar disso, os resultados
da edição de 2022 da TIC Organizações Sem Fins Lucrativos mostram que os canais
digitais ainda são utilizados em baixas proporções. Apenas 11% das organizações
afirmaram que receberam doações por meio de plataformas ou redes sociais em que
estão presentes, 6% por meio do website da organização e 4% por meio de campanhas
ou sites de financiamento coletivo ou crowdfunding.
Em relação ao uso da Internet pelas organizações para se relacionarem com
governos, a pesquisa investiga em maior profundidade o uso que as organizações fazem
de serviços disponibilizados por diferentes órgãos governamentais na Internet. O uso
de serviços de governo eletrônico está relacionado às diversas atividades e transações
do setor público com cidadãos, empresas privadas e organizações da sociedade civil
que envolvem uso das TIC, especialmente da Internet e de tecnologias web. Essas
atividades incluem desde as mais informacionais, como a digitalização de informação
e a disponibilização de informações em websites, até as mais transacionais, como o uso
de redes sociais e canais de comunicação e a oferta de serviços online (Chu et al., 2010).

67
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

No caso das organizações sem fins lucrativos, os serviços de governo eletrônico


são importantes para o funcionamento das organizações, sua mobilização e atuação.
Podem incluir atividades que dão sustentação a suas ações, como registro, pagamento
de impostos e taxas e acesso a recursos governamentais, bem como a participação
nas decisões sobre políticas públicas, no controle do uso de recursos públicos e no
monitoramento de políticas.
Os resultados da pesquisa mostram que, entre as organizações que usam a Internet,
68% delas realizaram alguma atividade de governo eletrônico nos 12 meses anteriores
à pesquisa. Assim como ocorre em outros indicadores, as proporções são maiores
entre aquelas com 10 ou mais pessoas remuneradas (92%) e as que atuam na área de
educação e pesquisa (91%).
As atividades mais realizadas incluem tanto aquelas que envolvem busca
de informações quanto transações, sendo que estas últimas estão entre as que
apresentaram maiores proporções de realização pelas organizações, como fazer
pagamentos online de impostos e taxas (49%), consultar a situação fiscal e a dívida ativa
(37%) e prestar contas com o governo sobre recursos recebidos (37%), por exemplo.
Houve um crescimento na realização de algumas dessas atividades, especialmente
fazer pagamentos online de impostos e taxas, o que está relacionado à maior oferta
desses serviços por organizações públicas que vem sendo observada nos últimos
anos. Segundo a pesquisa TIC Governo Eletrônico, em 2021, 63% das prefeituras
ofereceram o serviço de emissão de tributos ou outras guias de pagamento, proporção
que alcançava apenas 38% em 2017 (CGI.br, 2018; 2022b).
Apesar do crescimento nesses indicadores, os resultados apontam estabilidade
em algumas atividades. Dentre elas, estão: atividades relacionadas a controle social,
fiscalização e acompanhamento da administração pública, como buscar informações
sobre conferências e audiências públicas (23%), acompanhar e fiscalizar a execução
de serviços públicos (19%), inscrever a organização em conferências e audiências
públicas (19%) e buscar informações sobre gastos públicos e orçamento público
(17%). Ainda que a quase totalidade das prefeituras tenha publicado em seus websites
informações sobre contas públicas ou prestação de contas (91%), apenas 39% das
prefeituras ofereceram ferramentas de consulta pública online e 28% de votação online,
de acordo com a TIC Governo Eletrônico (CGI.br, 2022b). Também não houve
crescimento na realização pelas organizações de atividades de captação de recursos,
como buscar informações de editais para realizar convênios com o governo (27%) e
participar deles (23%) (Gráfico 9).

68
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

GRÁFICO 9

ORGANIZAÇÕES, POR TIPO DE SERVIÇO DE GOVERNO ELETRÔNICO (2016-2022)


Total das organizações (%)

49
Fazer pagamentos online de impostos, taxas, etc. 31
37
Prestar contas com o governo 29

Consultar a situação fiscal e dívida ativa 37


39
Buscar informações ou obter licenças e
35
permissões, por tipo de atividade realizada

Obter licenças e permissões 36

35
Buscar informação sobre impostos
37
Buscar informações de editais para
26
realizar convênios com o governo
Buscar informações sobre editais
27
para captar recursos governamentais
Buscar informações sobre conferências 23
e audiências públicas 25
Participar de editais para realizar
convênios com o governo 21

Participar de editais para captar


23
recursos governamentais
Inscrever a organização em conferências 19
e audiências públicas 19

19
Acompanhar/fiscalizar a execução de serviços públicos
23
Buscar informações sobre gastos 17
públicos/orçamento público 21

0 20 40 60 80 100

2022 2016

Em relação ao uso das TIC para apoiar as atividades das organizações, a pesquisa
traz indicadores sobre o tipo de software utilizado, os motivos para uso dos diferentes
tipos de licenças e a finalidade de uso de software. Sobre os tipos de licença, 33% das
organizações que utilizaram computador usaram software por licença de uso e 18%
declararam que desenvolvem suas próprias aplicações. Quanto maior o porte das
organizações, maior a proporção daquelas que utilizaram software por licença de uso
e desenvolvidos pela própria entidade, alcançando, entre as organizações com 10 ou
mais pessoas remuneradas, 48% e 26%, respectivamente.
Os resultados também apontam que 33% das organizações utilizaram software por
licença livre. Ainda que tenha sido mais comum entre as organizações com maior
porte, a diferença entre elas e as organizações menores não é tão expressiva: enquanto
31% das organizações com nenhuma pessoa remunerada usaram software por licença
livre, 40% daquelas com 10 ou mais pessoas remuneradas o utilizaram. O principal
motivo relatado para seu uso foi justamente a gratuidade (62%), especialmente entre
aquelas que não contam com pessoas remuneradas (69%). Ainda que a adoção de

69
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

software livre seja considerada importante no campo da sociedade civil, pois possibilita
maior autonomia por parte de quem utiliza, apenas 8% das organizações o adotaram
porque a organização tem como princípio o uso desse tipo de software.
Em relação à finalidade de uso de software, a adoção foi maior para atividades
relacionadas a finanças e contabilidade (37%) e armazenamento de arquivos digitais
(37%). Foi menos comum o uso de software para compras (17%), recursos humanos
(16%), contratos e convênios (14%) e patrimônio (10%). Assim como ocorreu em
outros indicadores, foi mais frequente a utilização de software para diversas finalidades
em organizações com maior porte do que naquelas com menor porte. Exemplo disso
é que 36% das organizações com nenhuma pessoa remunerada utilizaram software
de finanças e contabilidade, enquanto 51% de organizações com 10 ou mais pessoas
reportaram utilizá-lo.
A utilização de Customer Relationship Management (CRM), ou seja, de sistemas que
podem automatizar o contato com beneficiários, associados ou público-alvo, ainda é
baixa, já que apenas 12% reportaram utilizá-los nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Assim como em outros indicadores, seu uso foi maior entre organizações com 10 ou
mais pessoas remuneradas (23%) e que atuam na área de educação e pesquisa (23%).
Destaca-se que, de acordo com a TIC Empresas 2021, entre as empresas privadas
brasileiras, o uso do CRM foi mais comum, sendo reportado por 27% delas em 2021
(CGI.br, 2022a).
No que se refere ao pagamento por serviços em nuvem, apenas 21% das organizações
pagaram pelo armazenamento de arquivos ou banco de dados, 19% por e-mail, 11% por
software de escritório e 11% por capacidade de processamento em nuvem. Destacam-
se que essas proporções entre as organizações sem fins lucrativos são baixas quando
comparadas com o pagamento desses serviços por empresas privadas brasileiras. Em
2021, a pesquisa TIC Empresas apontou que 47% delas pagaram por e-mail, 45% por
armazenamento de arquivos ou banco de dados, 39% por capacidade de processamento
em nuvem e 32% por software de escritório (CGI.br, 2022a).

Presença na Internet
O uso de tecnologias digitais também envolve a presença na Internet por meio
de websites e redes sociais, que viabilizaram a intensificação da comunicação interna
(Leonardi et al., 2013; Ihm & Kim, 2021), bem como a ampliação das atividades e da
atuação das organizações para o ambiente virtual (Castells, 2015; Etter & Albu, 2021;
Gaby & Caren, 2012; Gohn et al., 2020; Gomes et al., no prelo; Lovejoy & Saxton,
2012; Theocharis et al., 2015; Tremayne, 2014; Vasi & Suh, 2016; Xiong et al., 2019),
possibilitando o desenvolvimento de novas experiências organizacionais na sociedade
civil (Gohn et al., 2020; Penteado et al., 2014; Winkler & Pozzebon, 2011). No caso
da Rede Nossa São Paulo, por exemplo, o uso de website, de fóruns virtuais e de um
observatório digital apoiam tanto a sua organização interna e a divulgação de suas
ações e o resultado delas, como o monitoramento do Programa de Metas e o Mapa
da Desigualdade (Winkler & Pozzebon, 2011).

70
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

Ainda que tenha havido uma grande expansão do número de usuários de Internet
no Brasil nos últimos anos, alcançando 81% da população brasileira de 10 anos ou mais
em 2021 (CGI.br, 2022c), as organizações sem fins lucrativos ainda estão presentes
de forma restrita na rede, sobretudo no que se refere aos websites. Em 2022, apenas
36% das organizações possuíam website ou página na Internet, proporção similar à
encontrada em 2016 (37%). Apesar disso, as proporções variam de acordo com o
perfil das organizações: websites ou páginas na Internet estão mais presentes entre
aquelas com maior porte e que atuam na área de educação e pesquisa, ao passo que
estão menos presentes entre organizações de menor porte e que atuam em outras
áreas (Gráfico 10). É importante destacar que apenas 32% das organizações apontaram
que pretendem criar um website nos próximos 12 meses.
As organizações sem fins lucrativos também apresentam uma presença restrita
na rede por meio de websites ou páginas de terceiros. Em 2022, essa proporção foi de
apenas 5% – percentual que diminuiu nos últimos anos, considerando que, em 2016,
19% das organizações tinham presença online dessa forma.
Apesar de a presença online via website manter-se estável, houve um aumento na
proporção de organizações que possuem perfil ou conta própria em plataformas e
redes sociais, alcançando 71% em 2022 (frente a 60% em 2016). As organizações
de maior porte também apresentaram uma maior presença em redes sociais do
em relação àquelas de menor porte: 89% das organizações com 10 ou mais pessoas
remuneradas e 81% daquelas com 1 a 9 pessoas remuneradas possuíam perfil ou conta
própria em plataformas e redes sociais em 2022, enquanto a presença em plataformas
e redes sociais foi reportada em menor proporção pelas organizações sem pessoas
remuneradas (53%). As organizações que atuam com educação e pesquisa também
apresentaram uma maior presença na Internet do que as organizações que atuam nas
demais áreas (Gráfico 10).

71
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 10

ORGANIZAÇÕES, POR WEBSITE E/OU REDES SOCIAIS, POR PORTE E ATIVIDADE (2022)
Total de organizações (%)

100
89 88
83
81 81
80 76
71 72

62 63 64 64
61
60
53 52
48
40
40 36 36 38
34
29
22
20 16

0
Total

Religião

Outros
Nenhuma pessoa remunerada

Cultura e recreação

Educação e pesquisa
De 1 a 9 pessoas remuneradas

De 10 ou mais pessoas remuneradas

Saúde e assistência social

Habitação e meio ambiente


Associações patronais e profissionais

Desenvolvimento e defesa de direitos

PORTE ATIVIDADE

Website Rede social

Observa-se, assim, que as organizações com maior porte expandiram sua presença
online, tanto por meio de websites ou páginas na Internet como por meio de perfil
ou conta própria em plataformas e redes sociais. Já no caso das organizações com
menor porte, a presença na Internet por meio de plataformas e redes sociais foi mais
comum do que por meio de websites ou páginas na Internet, o que pode ser explicado
pelas fragilidades em suas capacidades administrativas e financeiras, especialmente
relacionadas à TI.
Em relação às plataformas e às redes sociais, o Facebook foi o mais usado pelas
organizações sem fins lucrativos: 61% delas possuíam perfil próprio nessa plataforma.
WhatsApp ou Telegram (55%), Instagram, TikTok ou Flickr (48%) e YouTube ou
Vimeo (37%) também são redes sociais em que as organizações possuíam contas
ou perfis próprios. Em menores proporções, foram mencionados Twitter (10%),
LinkedIn (9%) e WordPress, Blogspot ou Medium (6%). De maneira semelhante
a outros indicadores, as organizações com maior porte e que atuam nas áreas de
educação e pesquisa, saúde e assistência social e cultura e recreação apresentaram
maiores proporções no uso de Facebook, como pode ser observado no Gráfico 11.

72
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

GRÁFICO 11

ORGANIZAÇÕES, POR TIPO DE DE PLATAFORMA OU REDE SOCIAL ONLINE EM QUE ESTÃO


PRESENTES (2022)
Total de organizações (%)
100

81
80
70 71 71

61 63
60 55 55
48
45 45 43
41
40 37
32
25
20 20
20
10 9 9 9 10 9
5 6 6 5

0
Facebook WhatsApp ou Instagram, YouTube ou Twitter LinkedIn WordPress,
Telegram TikTok ou Vimeo Blogspot ou
Flickr Medium

Total Nenhuma pessoa remunerada De 1 a 9 pessoas remuneradas De 10 ou mais pessoas remuneradas

Os websites das organizações oferecem recursos informacionais em maiores


proporções do que recursos de outros tipos, com destaque para a disponibilização de
informações sobre as atividades da organização (80% das organizações que possuem
website), divulgação de notícias sobre a organização (78%) e informações institucionais
sobre a organização (78%), como pode ser observado no Gráfico 12. Apenas 38% das
organizações que possuem website divulgam em suas páginas informações e balanços
sobre prestações de contas da organização.
Destaca-se que as ferramentas de transmissão de vídeos ao vivo ou streaming, que
eram pouco disponibilizadas em 2016 (22%), apresentaram aumento significativo em
2022 (61%), o que pode ter sido resultado das mudanças decorrentes da pandemia
COVID-19. Outros recursos que podem ter tido seu uso ampliado por conta da crise
sanitária referem-se à disponibilização de vídeos, áudios ou podcasts, presente em 52%
dos websites ou páginas das organizações; de ambiente de educação à distância, que foi
de 27% em 2022, percentual que era de 12% em 2016; e de ferramentas para receber
doações pela Internet, que foi de 14% em 2016 para 37% no período.
No que se refere aos recursos do website que envolvem a relação entre as organizações
e o público atendido por elas, em 60% delas foi mencionada a oferta de recursos
relacionados aos serviços oferecidos a seus beneficiários ou público atendido. Outros
recursos investigados na pesquisa pela primeira vez em 2022 incluem publicações
e estudos próprios e de terceiros (47%) e catálogos de produtos vendidos pela
organização (19%). Ainda, destaca-se que foi mencionada em menores proporções a
disponibilização de alguns recursos que podem apoiar na mobilização e divulgação
de determinadas ações e atividades, como cadastro para recebimento de boletins
de notícias (44%) e acesso a petições e campanhas online ou abaixo assinados (16%).

73
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 12

ORGANIZAÇÕES QUE POSSUEM WEBSITE, POR RECURSOS OFERECIDOS NOS ÚLTIMOS 12


MESES (2022)
Total de organizações que possuem website (%)
100

80
80 78

60 61
60
52
47

40 37 38

19
20 16

0
Acesso a Catálogos Ferramenta Serviços Publicações Vídeos, Lives ou Informações Divulgação Informações
petições e de produtos para receber aos seus e estudos áudios ou transmissões e balanços de notícias sobre as
campanhas vendidos doações beneficiários próprios e podcasts online em sobre sobre a atividades da
online ou pela pela ou público de terceiros tempo real prestações organização organização
abaixo organização Internet atendido de eventos de contas da
assinados organização

MOBILIZAÇÃO SERVIÇOS E CAPTAÇÃO DE RECURSOS CONTEÚDO DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES

As redes sociais também podem ser usadas para apoiar as atividades internas
das organizações. Assim, elas têm o potencial de diminuir os custos de transação e
comunicação e reduzir as barreiras para a comunicação e a difusão de informações
(Leonardi et al., 2013; Ihm & Kim, 2021). O uso das redes sociais nas atividades
internas pode envolver criação, circulação, compartilhamento e troca de informações
em diferentes formatos entre as pessoas voluntárias e remuneradas que trabalham
nas organizações (Leonardi et al., 2013; Ihm & Kim, 2021). Já no relacionamento com
atores externos, o uso das redes sociais faz parte de um movimento de deslocamento
de uma parte do ativismo para o ambiente virtual, entendido por alguns como uma
forma de ampliação da esfera pública, chamada de esfera pública digital (Gripsrud
& Moe, 2010).
As redes sociais incidem sobre as principais atividades das organizações, ou
seja, sobre a habilidade de se conectar com pessoas e de mobilizá-las em torno de
determinados propósitos. Seu uso reduz o tempo dos ciclos de atuação política,
“quebra” barreiras geográficas e influencia as práticas das organizações, que são
“traduzidas” para as redes sociais, reconfigurando seu ativismo e criando novas formas
de ação coletiva, como a mobilização da sociedade para apoiar pautas específicas
por meio do uso de hashtags (Castells, 2015; Etter & Albu, 2021; Gohn et al., 2020;
Gomes et al., no prelo; Xiong et al., 2019).
A literatura tem ressaltado de que forma características e dinâmicas de funcionamento
das plataformas, como o número de caracteres por postagem e a possibilidade de
marcar um usuário e de usar hashtags, influenciam o tipo de atividade realizada pelas
74
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

organizações. Exemplos disso incluem o agendamento de eventos, o relato de histórias e


o recrutamento de membros no Facebook, o uso de hashtags e “microblogging” no Twitter
e o compartilhamento de fotos e vídeos por meio do Instagram, do TikTok e do YouTube
(Gaby & Caren, 2012; Lovejoy & Saxton, 2012; Theocharis et al., 2015; Tremayne, 2014;
Vasi & Suh, 2016). No entanto, essas características e dinâmicas também podem resultar
em um direcionamento das atividades online das organizações, como a escolha de pautas
que produzam postagens mais “compartilháveis” e “clicáveis” (Etter & Albu, 2021),
além da possibilidade de monitoramento da atuação das organizações e, até mesmo,
da limitação de determinadas postagens (Gomes et al., no prelo).
Os indicadores relativos às atividades realizadas pelas organizações nas redes sociais
mostram que elas são similares aos recursos disponibilizados em seus websites, sendo
as atividades mais frequentes aquelas relacionadas à divulgação de informações e
atividades: postar notícias sobre a organização (86%), fotos das atividades realizadas
(86%) e vídeos e áudios das atividades realizadas (83%). Entre as atividades que
possibilitam maior interação entre as organizações e seu público ou a sociedade em
geral, as mais comuns foram responder a comentários e dúvidas (76%) e realizar lives
ou transmissões online em tempo real de eventos (73%). As organizações também
usaram as redes sociais para mobilizar e chamar atenção sobre determinados temas,
o que incluiu a postagem de opiniões e posicionamentos sobre temas relacionados a
sua atuação (63%) e a divulgação de produtos ou serviços (57%), ao passo que ainda
era mais restrito o uso das redes para solicitação de doações (43%) (Gráfico 13).

GRÁFICO 13

ORGANIZAÇÕES QUE POSSUEM PERFIL OU CONTA PRÓPRIA EM ALGUMA PLATAFORMA OU


REDE SOCIAL ONLINE, POR ATIVIDADES REALIZADAS (2022)
Total de organizações com acesso à Internet e que possuem perfil ou conta própria em alguma plataforma ou
rede social (%)

100

86
83 82
80 76
73

63
60 57

43
40

20

0
Promover Postar opiniões/ Responder a Solicitar Fazer lives ou Divulgar vídeos Postar fotos Postar notícias
petições, posicionamentos comentários doações transmissões ou áudios de de atividades sobre temas
campanhas de da sua e dúvidas de online em tempo atividades realizadas relacionados à
conscientização organização beneficiários real de eventos realizadas área de atuação
ou mobilização sobre temas ou público da organização
relacionados a atendido
sua atuação SERVIÇOS E
CAPTAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE
MOBILIZAÇÃO INTERAÇÃO RECURSOS CONTEÚDO INFORMAÇÕES

75
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Ainda sobre a presença das organizações sem fins lucrativos na Internet, a pesquisa
investigou pela primeira vez, na edição de 2022, a oferta de aplicativos próprios para
celular ou tablet, presente em apenas 11% das organizações com acesso à Internet. Já o
pagamento por anúncios na Internet também apresentou uma baixa proporção (13%).
Sobre esse último indicador, a pesquisa TIC Empresas 2021 indica que o pagamento
de anúncios pela Internet foi mais comum entre empresas privadas, sendo reportado
por 40% delas (CGI.br, 2022a).

Habilidades, barreiras e motivações


As capacidades internas de TI são fundamentais para que as TIC possam ser usadas
tanto para viabilizar as atividades internas da organização como para a comunicação
e mobilização com seus doadores, parceiros, beneficiários e a população em geral.
Apesar disso, as capacidades em TI das organizações sem fins lucrativos ainda são
limitadas. Em relação ao desenvolvimento de website, 22% daquelas que possuíam
website contrataram prestadores de serviço terceirizado para isso, 12% contaram
com voluntários e apenas 8% reportaram que pessoas remuneradas realizaram essa
atividade. A situação é um pouco melhor no caso da administração de perfis ou
contas nas redes sociais, em que 36% das organizações que possuíam perfis próprios
contaram com voluntários para isso, 25% com pessoas remuneradas e 14% contrataram
prestadores de serviço terceirizado para realizar essa atividade.
No caso de serviços de reparo e manutenção de equipamentos, a maioria das
organizações contratou prestadores de serviço terceirizado (49%), enquanto 26% das
organizações contaram com voluntários para isso e 12% com pessoas remuneradas.
As proporções são semelhantes no caso dos serviços de suporte técnico para
sistema interno e dos serviços de reparo da infraestrutura elétrica e redes, em que
predominaram a contratação de serviços terceirizados, mencionada por cerca de
metade das organizações (44%). Cerca de um quarto de organizações mencionou
que contou com voluntários para a realização desses serviços e uma parcela ainda
menor de organizações contam com pessoas remuneradas para isso (Gráfico 14).
Em todos os tipos de serviços investigados, tanto a presença de pessoas responsáveis
remuneradas quanto a contratação de serviço terceirizado foram mais comuns nas
organizações de maior porte e naquelas que atuam nos segmentos de educação e
pesquisa e religião, enquanto entre as organizações com menor porte foi mais comum
que voluntários realizassem esses serviços ligados à TI.

76
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

GRÁFICO 14

ORGANIZAÇÕES NAS QUAIS OS SERVIÇOS DE TIC FORAM DESEMPENHADOS POR EQUIPE


PRÓPRIA, VOLUNTÁRIOS E/OU EMPRESA PRIVADA TERCEIRIZADA (2022)
Total de organizações (%)
100

80

60
49

40 36

26 25
22
20
14
12 12
8

0
Pessoas Voluntários Prestador Pessoas Voluntários Prestador Pessoas Voluntários Prestador
remuneradas da de serviço remuneradas da de serviço remuneradas da de serviço
da organização terceirizado da organização terceirizado da organização terceirizado
organização organização organização

REPARO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS DESENVOLVIMENTO DE WEBSITE PERFIS OU CONTAS DA ORGANIZAÇÃO NAS REDES SOCIAIS

Em relação a iniciativas de formação destinadas à equipe, importante para fortalecer


as capacidades em TI, 26% das organizações reportaram que ofereceram treinamento
interno sobre informática, computador e/ou Internet às pessoas remuneradas e/
ou voluntárias nos 12 meses anteriores à pesquisa, e 12% que pagaram por cursos
externos sobre o tema. As organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas e
aquelas que atuam nas áreas de educação e pesquisa e religião apresentaram maiores
proporções em ambos os indicadores. A TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022
também identificou que cerca de um quarto dos gestores entrevistados (24%) possuíam
formação específica sobre o uso de tecnologias no terceiro setor.
Para compreender os desafios relacionadas à infraestrutura de TIC e à capacidade
de TI entre as organizações sem fins lucrativos brasileiras, a pesquisa investigou as
dificuldades no uso de computador junto às organizações. A maioria delas (64%)
relatou que havia poucos recursos financeiros para investimento na área de tecnologia,
seguida de dificuldades relacionadas à existência de dispositivos adequados ao acesso
à Internet e à falta de habilidades digitais da equipe (Gráfico 15).

77
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 15

ORGANIZAÇÕES QUE UTILIZARAM COMPUTADOR, POR TIPO DE DIFICULDADE PARA O USO


DE COMPUTADOR E INTERNET (2022)
Total de organizações que utilizaram computador (%)

Poucos recursos financeiros para 64


investimento na área de tecnologia
Equipamentos ultrapassados 35

Número insuficiente de computadores 34


conectados à Internet
Número insuficiente de computadores 34

Pouca capacitação da equipe no


32
uso de computador e Internet
Ausência de suporte técnico 30

Baixa velocidade na conexão de Internet 27

0 20 40 60 80 100

Privacidade e proteção de dados pessoais


A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 também abordou
questões sobre a adaptação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) (Lei
n. 13.709/2018) nas organizações e sobre recursos disponíveis em seus websites que
indiquem sua adequação à Lei. Aprovada em 2018, a LGPD buscou garantir direitos
básicos relacionados aos dados pessoais, incluindo determinações sobre o tratamento,
a coleta, o armazenamento e o compartilhamento desses por organizações privadas,
públicas e sem fins lucrativos. Isso é especialmente importante para as organizações
sem fins lucrativos que trabalham com públicos que sofrem discriminação ou violência,
pois nesses casos pode haver coleta e uso de dados de seus públicos, inclusive dados
sensíveis (Duarte et al., 2021; Lopes et al., 2021).
A construção de capacidades internas é fundamental para o desenvolvimento de
uma cultura de proteção de dados nas organizações, mas esse processo parece estar
em seu estágio inicial. Apenas 29% das organizações reportaram que tinham uma área
ou pessoa responsável pela implementação da LGPD, proporção que não é muito
distinta da encontrada nas empresas privadas (23%) (CGI.br, 2022d). A existência
de uma área ou pessoa responsável por isso foi mais comum nas organizações com
10 ou mais pessoas remuneradas (46%) e naquelas que atuam na área de educação e
pesquisa (50%). No caso das organizações que não têm área ou pessoa responsável
pela implementação da LGPD, apenas 7% delas afirmaram que contrataram serviços
de terceiros com essa finalidade.

78
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

O Gráfico 16 mostra as organizações que tinham uma área ou pessoa responsável


pela implementação da LGPD ou que contrataram serviços de terceiros para isso.

GRÁFICO 16

ORGANIZAÇÕES, POR ÁREA OU PESSOA RESPONSÁVEL OU CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS


DE TERCEIROS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA LGPD (2022)
Total de organizações (%)

100

80

60 56

40 34 36

25
20

0
Total Nenhuma pessoa De 1 a 9 pessoas De 10 ou mais
remunerada remuneradas pessoas remuneradas

Ainda sobre a construção de capacidades internas, 27% das organizações afirmaram


que ofereceram treinamento interno sobre privacidade e proteção de dados às
pessoas remuneradas ou voluntárias nos 12 meses anteriores à pesquisa, prática mais
comum em organizações com 10 ou mais pessoas remuneradas (37%) e naquelas
que atuam nas áreas de educação e pesquisa (41%) e religião (34%). Apenas 10%
reportaram que pagaram cursos externos sobre o tema para seu pessoal. Destaca-se
que tanto o treinamento interno como o pagamento de cursos externos são centrais
para a sensibilização das pessoas que trabalham nas organizações (remuneradas ou
voluntárias) sobre a importância e a necessidade do tratamento de dados pessoais e
dos riscos relacionados a isso.
Em relação à conformidade com a LGPD, entre as organizações que possuíam website,
cerca de metade delas disponibilizou em seus websites sua política de privacidade,
incluindo informações sobre como os dados pessoais são tratados por elas e um canal
de atendimento para os titulares dos dados tirarem dúvidas e exercerem seus direitos
previstos na LGPD. Ainda, 44% disponibilizaram a política de segurança da informação
e 31%, nome e contato do encarregado ou do comitê encarregado de proteção de dados
ou Data Protection Officer (DPO)6 (Gráfico 17).

6
O encarregado é responsável por “[...] supervisionar a implementação do programa de governança em privacidade de
dados, traduzir as obrigações legais em ações concretas, documentar as atividades e decisões de tratamento de dados e
treinar pessoal relevante como parte do programa de governança” (Centre for Information Policy Leadership [CIPL], & Centro
de Direito, Internet e Sociedade do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa [CEDIS-IDP], 2021, p. 4).
79
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 17

ORGANIZAÇÕES, POR RECURSOS RELACIONADOS À LGPD DISPONIBILIZADOS NO


WEBSITE (2022)
Total de organizações que possuem website (%)
100

80

60 57
52 52 53
49 48 49 48
44 45 45
39
40 35
31 32
28

20

0
Política de privacidade da Nome e contato do Política de segurança Canal de atendimento para os
organização, que informa encarregado ou do comitê da informação titulares dos dados tirarem
como os dados pessoais encarregado de proteção dúvidas e exercerem seus
são tratados por ela de dados ou DPO direitos previstos na LGPD

Total Nenhuma pessoa remunerada De 1 a 9 pessoas remuneradas De 10 ou mais pessoas remuneradas

Considerações finais: agenda para políticas públicas


Os dados coletados pela TIC Organizações sem Fins Lucrativos 2022 apontam para
uma maior disseminação das tecnologias digitais no terceiro setor brasileiro. A expansão
da infraestrutura de Internet, incluindo a fibra ótica, resultou em um aumento do acesso
à Internet pelas organizações. Esse acesso incluiu formas de conexão mais estáveis e com
maiores velocidades. O contexto da pandemia COVID-19 também levou a uma intensificação
do uso das TIC, na medida em que impôs a migração de algumas atividades para o ambiente
virtual, o que foi retratado, por exemplo, pela alta proporção de organizações que realizaram
lives ou transmissões online em tempo real de eventos e pela maior presença na Web das
organizações por meio de perfis e contas próprias nas redes sociais.
A literatura aponta que as tecnologias têm um potencial de trazer mudanças para a
sociedade civil. Internamente, podem possibilitar ganhos de eficiência e melhorias nos
processos de governança, comunicação e formação. Externamente, elas influenciaram
novas formas de divulgação de informações, ações e eventos; viabilizaram o uso de
serviços de governo eletrônico, incluindo acesso a recursos governamentais, a serviços
digitais e a canais de participação e de controle social; e reconfiguraram as práticas de
mobilização e ativismo. A presença online, especialmente por meio das redes sociais,
permite que as organizações chamem atenção sobre determinados temas, campanhas
e ações por meio do uso de hashtags, agendem eventos e mobilizações, compartilhem
fotos e vídeos, divulguem relatos e “microblogs” de acontecimentos em tempo real.
Apesar disso, a exclusão digital ainda está longe de ser completamente superada
entre as organizações da sociedade civil: 18% das organizações sem fins lucrativos
brasileiras não utilizaram a Internet nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa.
80
A N Á L I S E D O S R E S U L TA D O S

Mesmo entre as organizações que acessaram à Internet, a predominância do uso de


celulares, em muitos casos, pessoais, e a baixa presença online por meio de websites, por
exemplo, demonstram que há outros desafios para um uso mais efetivo das TIC. Ainda,
poucas organizações atuaram para aumentar a inclusão digital de suas comunidades
ofertando Wi-Fi gratuito em suas instalações.
Esses desafios no acesso e no uso das TIC podem estar relacionados às fragilidades
nas capacidades administrativas e financeiras das organizações sem fins lucrativos.
É expressivo o número de organizações que não possuíam áreas ou departamentos
específicos para apoio em seus processos de gestão e que não contavam com o trabalho
de pessoas remuneradas. Ao contrário, a maioria delas contava com um número
elevado de voluntários. Também é comum que as organizações careçam de capacidades
em TI, que incluem a existência de pessoas responsáveis pelas diversas atividades
de TI e de recursos financeiros adequados e suficientes para investimento na área
de tecnologia. Os resultados da edição de 2022 indicam que essas fragilidades estão
presentes sobretudo nas organizações de menor porte e naquelas que atuam na área
de desenvolvimento e defesa de direitos e habitação e meio ambiente.
O fortalecimento das capacidades administrativas e financeiras das organizações sem
fins lucrativos envolve a discussão sobre suas fontes de recursos. Poucas organizações
contaram com recursos de organismos e organizações internacionais, reforçando uma
tendência já observada de saída da cooperação internacional no Brasil (Mendonça
et al., 2013). Os avanços na regulação da relação entre órgãos públicos e organizações
sem fins lucrativos, com a aprovação do MROSC, não se refletiram em um aumento
nas proporções das organizações que contaram com recursos governamentais. A
maioria delas contou com recursos provenientes da própria sociedade, isto é, doações
voluntárias e pagamento de mensalidade e anuidades pelos associados. Ainda, apesar
das mudanças produzidas pela pandemia, com a intensificação do uso das redes sociais,
poucas organizações utilizaram estratégias de captação de recursos no ambiente digital.
Na edição de 2022 da pesquisa, também foram incluídos indicadores relacionados
às ações de garantia da privacidade e da proteção de dados pessoais, fundamentais no
processo de transformação digital das organizações e particularmente importantes para
a proteção de dados sensíveis de populações mais vulneráveis. Os resultados da pesquisa
mostram, no entanto, que há uma baixa institucionalização desse tema nas organizações
sem fins lucrativos brasileiras, constituindo-se como um desafio urgente para elas.
A pesquisa mostra que a intensificação do uso das TIC e a diversificação das atividades
realizadas online envolvem o fortalecimento de capacidades das organizações, ao mesmo
tempo que o uso das TIC abre para elas novas possibilidades de atuação e mobilização.
A presença online das organizações, por meio do ativismo digital, da interação com
órgãos governamentais e da representação em formas de participação eletrônica
(e-participação), reforça a ideia de que a esfera pública é ampliada no ambiente virtual.
No entanto, dois aspectos são evidenciados pela pesquisa. Em primeiro lugar, não
são todas as organizações que fazem parte dessa esfera pública digital. Mesmo entre
aquelas que estão presentes no ambiente virtual, há desigualdades sociodigitais que
as caracterizam e que marcam seus contextos e impõem barreiras ao acesso e ao
uso das TIC. Em segundo lugar, as características e dinâmicas de funcionamento
das plataformas e das redes sociais online também influenciam a presença online das
organizações sem fins lucrativos, incluindo a capacidade e o alcance da sua atuação.
81
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Referências
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85
ARTIGOS

Uso de tecnologia na coprodução de dados por
cidadãos e associações civis
Fernanda Lima-Silva1, Mário Martins2, Lívia Castro Degrossi3 e Maria Alexandra Cunha4

O
presente artigo aborda o papel da sociedade civil e de instituições
acadêmicas na coprodução de dados sobre desastres socioambientais.
Especificamente, busca discutir as práticas mediadas por tecnologia
para promover o engajamento de cidadãos na geração, no uso e na
circulação de dados relacionados a inundações em áreas urbanas de alta
vulnerabilidade socioambiental. Ele parte da experiência do projeto
“Dados à Prova D’Água: engajando as partes interessadas na governança
sustentável dos riscos de inundação para a resiliência urbana”, uma parceria de
pesquisa internacional e multidisciplinar entre instituições acadêmicas, da sociedade
civil e governamentais do Brasil, Alemanha e Reino Unido, que teve como áreas de
intervenção bairros vulneráveis a inundações nos municípios de Rio Branco e São
Paulo. Os objetivos do projeto foram analisar a governança dos dados relacionados
ao risco de inundações, enfatizando seus aspectos culturais e sociais, e promover
a participação dos cidadãos nesse processo de governança para, assim, aumentar a
resiliência das comunidades aos desastres socioambientais.

1
Doutora e mestre em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas (FGV EAESP). Atuou como pesquisadora de pós-doutorado no projeto Dados à Prova D’Água. Pesquisadora
nas áreas de política social e urbana, com foco nas ações voltadas para populações em situação de vulnerabilidade social,
política e ambiental.
2
Doutor e mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atuou como pesquisador
de pós-doutorado no projeto Dados à Prova D’Água. Pesquisador na área de percepção e comunicação de riscos
socioambientais e vulnerabilidades urbanas relacionadas a desastres e à mudança climática.
3
Doutora e mestre em Ciência da Computação pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade
de São Paulo (ICMC-USP). Atuou como pesquisadora de pós-doutorado no projeto Dados à Prova D’Água. Pesquisadora nas
áreas de sistemas colaborativos e ciência cidadã voltadas ao domínio de desastres socioambientais.
4
Professora e coordenadora da área de Tecnologias e Governos do Centro de Estudos de Administração Pública e Governo
da FGV EAESP. Pesquisadora sênior do projeto Dados à Prova D’água. Pesquisa governo eletrônico, administração pública e
gestão de tecnologia da informação (TI).

89
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

A relevância desse tipo de estudo reside no crescente interesse e no investimento em


pesquisas sobre Big Data e citizen generated data propiciado pela recente disseminação de
novas tecnologias digitais e pela popularização dos smartphones, o que foi caracterizado
como “revolução dos dados” (Organização das Nações Unidas [ONU], 2013). Esta
nova forma de se produzir e analisar dados em larga escala contribui para a geração de
novos conhecimentos, suprindo lacunas de dados e aprimorando processos de tomada
de decisão. Além disso, a produção de dados pela população e pelas organizações
da sociedade civil pode aumentar a alfabetização científica dos cidadãos (Bonney
et al., 2009), avançar o conhecimento científico e preencher lacunas de dados,
particularmente em áreas onde eles simplesmente não existem ou não são liberados
para uso público (Requier et al., 2020; Sy et al., 2020), e alavancar a democratização e
a participação social (Bott & Young, 2012; Porto de Albuquerque & Almeida, 2020).
O envolvimento voluntário na produção de dados pode impactar na democratização
e na qualidade desses dados, uma vez que aumenta a participação da sociedade civil
e de cidadãos, bem como na melhoria das ações e políticas públicas. Esse fenômeno
vem ganhando relevância e escala nas áreas de justiça ambiental (Mah, 2017) e de
gestão de risco de desastres socioambientais (Albagli & Iwama, 2022; Cieslik et al.,
2019; Vadjunec et al., 2022; Wolff et al., 2021). Argumenta-se que ele pode ajudar as
comunidades em situação de vulnerabilidade a ampliar o conhecimento sobre a área
em que moram numa perspectiva crítica e a agir para melhorar sua resiliência durante
e após os desastres (Porto de Albuquerque & Almeida, 2020).
Entretanto, a produção de dados de forma participativa e voluntária enfrenta
desafios empíricos e metodológicos, principalmente quando envolvem populações
em situação de vulnerabilidade socioeconômica em países do Sul Global (Requier et al.,
2020; Wolff et al., 2021). De um lado, existem claras desigualdades relacionadas ao
acesso à tecnologia e à Internet. Embora 39% dos domicílios brasileiros possuam
computador e 82% tenham acesso à Internet, esses valores atingem, respectivamente,
apenas 10% e 61% dos domicílios das classes DE (Núcleo de Informação e
Coordenação do Ponto BR [NIC.br], 2022). Organizações da sociedade civil, que
podem representar ou auxiliar populações em situação de vulnerabilidade em
seus esforços de produção de dados, também enfrentam dificuldades e barreiras
variadas no acesso e no uso de novas tecnologias (Bobsin & Pozzebon, 2017). Entre
as organizações sem fins lucrativos, em 2022, 70% usam computadores de mesa,
74% notebooks, 23% tablets e 89% celulares (NIC.br, 2023).
Do mesmo modo, existem dificuldades no que tange à capacidade e à expertise dessas
populações. As pessoas geralmente envolvidas com Big Data e iniciativas de ciência
cidadã tendem a ter mais escolaridade e renda, além de mais familiaridade e acesso à
tecnologia (Mah, 2017). Portanto, o engajamento de populações em situação de maior
vulnerabilidade socioeconômica e risco de desastres socioambientais, que possuem
conhecimento sobre realidades locais que frequentemente não está refletido nas bases
oficiais de dados, requer o entendimento e a superação de situações de exclusão e de
divisão digital (Arora, 2016).
Neste artigo, buscou-se refletir sobre os desafios, atuais e potenciais, que organizações
da sociedade civil e acadêmicas enfrentam ou podem enfrentar na promoção de
iniciativas para produzir, fazer circular e integrar dados. Houve particular interesse

90
A RT I G O S

pelos dados que incorporam e se baseiam em memórias de inundação preexistentes e


no conhecimento local de risco de inundação (Garde-Hansen et al., 2017). Além disso,
também foi dado destaque às formas de mediação com dados efetuadas por meio de
tecnologias, tendo em vista seu potencial transformador e sua integração ao modelo de
sociedade contemporânea (Allenby & Sarewitz, 2011). Logo, foram selecionadas para
essa discussão duas práticas de engajamento: o mapeamento dialógico participativo
em assentamentos informais e a elaboração e o uso de um aplicativo para promover
a produção e a circulação de dados sobre inundações.

Mapeamento dialógico participativo


O mapeamento participativo é uma atividade colaborativa para a geração de dados
geográficos sobre ruas, rodovias e edificações. Ele foi desenvolvido e é crescentemente
aprimorado com o uso de ferramentas tecnológicas, como a plataforma de mapeamento
colaborativo OpenStreetMap (OSM), cujo objetivo é criar um banco de dados
geográficos de todo o mundo e disponibilizá-lo na forma de mapa digital gratuito e
editável. Plataformas de mapeamento colaborativo, como o OSM, permitem a geração
de uma grande quantidade de dados geográficos em um curto período sobre qualquer
território, sejam áreas afetadas por um desastre socioambiental (Zook et al., 2010)
ou assentamentos informais (Porto de Albuquerque et al., 2019). Além disso, o OSM
permite que os mapas sejam produzidos e modificados por qualquer pessoa, seja ela uma
profissional de governo local, de uma organização sem fins lucrativos ou um cidadão.
A experiência na realização de mapeamentos colaborativos com OSM, feitos em
parceria com associações locais de forma presencial e remota (Xavier et al., 2020),
e a avaliação crítica de sua condução possibilitaram a identificação de desafios
potenciais da aplicação dessas atividades. A aplicação desses mapeamentos enfrentou
dificuldades de conhecimento, de infraestrutura e de mobilização. As populações
com quem trabalhamos tinham níveis desiguais de conhecimento acerca de mapas
e Internet, o que exigiu a promoção de oficinas de mapeamento e de OSM. Além
disso, nos bairros onde atuamos, a Internet era por vezes instável e os computadores,
insuficientes para permitir a participação de todos os inscritos, o que foi parcialmente
resolvido por parcerias com organizações da sociedade civil locais e faculdades. Por
fim, a mobilização dos moradores para as atividades de mapeamento ficou aquém
do esperado, o que foi associado com o tema mobilizador: a pesquisa estruturou-se a
partir da percepção sobre inundações, fenômeno que ou não era visto como um risco
socioambiental ou nos vinculava à ação governamental, associada, em muitos casos,
ao risco de remoção pelos moradores.
Sobre os potenciais benefícios, a promoção de atividades de mapeamento
participativo permitiu (i) expandir o conhecimento dos cidadãos e das organizações
sobre mapas, de forma geral, e sobre os dados geográficos da região onde atuam e
moram; (ii) criar novos dados geográficos, particularmente nas áreas de ocupação
informal, que tendem a ser pouco representadas em mapas oficiais – a Figura 1, por
exemplo, mostra o mapa de Rio Branco, no Acre, antes e depois das atividades de
mapeamento; (iii) ancorar ações e reflexões sobre práticas sociais, possibilidades de
parceria com órgãos governamentais e não governamentais e de melhorias da área.

91
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

FIGURA 1

EXEMPLO DO MAPA BASE DO OSM EM RIO BRANCO ANTES (MARÇO 2020) E DEPOIS
(JUNHO 2022) DO MAPEAMENTO Rio Branco _06_04_2020
http://fieldpapers.org/atlases/29hah4su/A1

TRUE 0 METERS 500


NORTH

F O N T E : A C E R V O D O P R O J E T O D A D O S À P R O V A D 'Á G U A ( 2 0 2 2 ) .

A partir desse histórico, foi proposto o mapeamento dialógico participativo, um


método que parte do diálogo e da identificação de temas de relevância local para
a coprodução de dados geográficos e a promoção de uma reflexão crítica sobre a
realidade local. Esse método foi desenvolvido em 2022 em uma parceria entre uma
organização da sociedade civil, associações de moradores e populações residentes em
áreas vulneráveis a inundações de três cidades brasileiras e pesquisadores.
O contato inicial entre os atores envolvidos deu-se por meio da representação
de espaços de vivência dos cidadãos, de modo a aproximá-los do uso de mapas e,
eventualmente, promover seu letramento cartográfico a partir da realidade local.
Essa proposta inicial recebeu o nome de “mapeamento afetivo”, pois mobilizou
emocionalmente os moradores com vistas a garantir que o aprendizado não se dava
única e exclusivamente no âmbito cognitivo: ao mapear o que lhes é próximo, os
moradores entendiam e sentiam que podiam fazer uso dessa ferramenta. Por meio do
mapeamento afetivo, foi possível identificar e coletar informações relevantes sobre o
território, bem como incentivar os moradores a relatarem os problemas enfrentados,
as oportunidades e potencialidades do território e os projetos e sonhos que idealizam
para a comunidade.
A forma de execução do mapeamento afetivo depende da experiência e das
possibilidades disponíveis a associações, pesquisadores e cidadãos. Ferramentas como
rotas de caminhada, rodas de conversa e mapeamentos de melhorias podem ser úteis a
depender da caracterização dessa demanda. Durante esse processo, a disponibilização
do instrumental técnico e científico para as comunidades deve ser constante a fim
de que possam se familiarizar, cada vez mais, com a linguagem da ferramenta e
experimentá-la em seus territórios, expressando suas territorialidades.
Seguiu ao mapeamento afetivo, dos problemas e das potencialidades, o mapeamento
digital georreferenciado. A formulação desses mapas se deu, inicialmente, a partir de
caminhadas pelos bairros, em que houve o levantamento de dados com uso da Kobo
ToolBox, uma ferramenta colaborativa útil em ambientes remotos e de difícil acesso
ou sem conexão com a Internet, e da FieldPapers, ferramenta para o mapeamento em

92
A RT I G O S

campo, que permite aos usuários delimitar a área de estudo e imprimir o mapa base em
formato de papel A3. Após essa etapa, os dados coletados foram ingressados no OSM,
o que permitiu a criação, visualização, edição e análise de dados georreferenciados.
A participação da população local, novamente, contou com a realização de oficinas
de capacitação e com o apoio de parceiros externos para acesso à infraestrutura e à
Internet adequadas.
Os resultados dessa pesquisa indicam que os dados geográficos coproduzidos
viabilizaram a elaboração de um mapa base atualizado e detalhado, com informações
sobre ruas, imóveis e pontos de referência dos bairros analisados, que pode ser
usado em diálogo com os resultados do mapa afetivo para descrever o bairro e
identificar geograficamente onde se localizam as oportunidades e os problemas locais.
Adicionalmente, os mapas foram utilizados para fomentar reflexões sobre a área e
para incentivar o diálogo com atores locais, como servidores públicos que atuam na
região implementando serviços públicos e interagindo com os cidadãos, chamados de
burocratas de nível de rua, e outras autoridades governamentais locais.

Elaboração e uso de um aplicativo sobre inundações


As atividades iniciais do projeto apontaram para a oportunidade de desenvolver
um aplicativo móvel para permitir que os cidadãos não apenas gerem dados sobre
inundações (por exemplo, medições de chuva e áreas inundadas), mas também tenham
acesso a dados oficiais de inundações sobre sua vizinhança (como áreas de risco de
inundação e dados oficiais sobre chuva). Para apoiar esse processo, foram organizados
grupos focais com alunos de escolas, associações locais e gestores governamentais, nos
quais os participantes discutiram a situação atual e exteriorizaram sua visão de mundo
e percepções da realidade. A discussão coletiva e a análise crítica dessas situações
visaram promover a consciência crítica, ao mesmo tempo que revelavam potenciais
caminhos transformadores que poderiam ser suportados pelo novo software. Isso
levou ao lançamento do aplicativo móvel de código aberto “Dados à Prova D’Água”,
que visava apoiar a ciência cidadã baseada em dados sobre impactos de inundações.
O aplicativo foi lançado em versão beta em novembro de 2021 (Figura 2).

93
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

FIGURA 2

APLICATIVO MÓVEL DO PROJETO DADOS À PROVA D'ÁGUA

F O N T E : A C E R V O D O P R O J E T O D A D O S À P R O V A P R O V A D 'Á G U A ( 2 0 2 2 ) .

O uso e a disseminação do aplicativo foram realizados por meio de uma “polinização”:


engajamos facilitadores locais nas escolas, associações civis e defesas civis municipais –
“os polinizadores” – a fim de que nos ajudassem a espalhar as sementes que cultivamos
em nossos “jardins de dados”. Desses, 21 “polinizadores” foram destacados para as
atividades do nosso projeto, que nos ajudaram a expandir para nove cidades em cinco
estados brasileiros diferentes. Como estávamos no meio da pandemia COVID-19 com
restrições de viagem e preocupações com segurança, nossos “polinizadores” participaram
de um programa de capacitação online por quatro meses, abrangendo conceitos básicos
de ciência cidadã e inundações. Eles realizaram o engajamento de alunos da escola.
A Figura 3 mostra os envios de dados usando nosso aplicativo móvel, que inclui
mais de 6.600 linhas de dados gerados por 318 repórteres cidadãos localizados em
24 escolas parceiras e 13 agências de proteção civil. Esse processo de coprodução de
dados possibilitou a identificação de desafios relacionados ao uso, como dificuldades
para baixar e utilizar o aplicativo, e à mobilização social para produção dos dados.
Por outro lado, evidenciou inúmeros potenciais: (i) produção de informações e
conhecimento atualizado e pormenorizado sobre as chuvas e inundações ocorridas
nos bairros; (ii) ampliação da informação disponível para moradores e associações
civis atuarem na prevenção e minimização de riscos de inundações; (iii) fomento
à articulação com atores de outras organizações sem fins lucrativos e de órgãos
governamentais, por meio da utilização de tecnologia para produção de dados.

94
A RT I G O S

FIGURA 3

DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS COPRODUZIDOS POR CIDADÃOS NO APLICATIVO DADOS À


PROVA D'ÁGUA ENTRE 1 DEZEMBRO 2021 E 30 JUNHO 2022

FONTE: PORTO DE ALBUQUERQUE ET AL. (2022).

Conclusão
Os resultados encontrados com base nos estudos de caso mostram que há um
potencial de integração de organizações da sociedade civil, acadêmicos e moradores
de áreas de risco no uso da tecnologia para produção e análise de dados sobre desastres
socioambientais, como inundações, em virtude da automatização que essas tecnologias
permitem. Da mesma maneira, possibilitam a disseminação do conhecimento científico
por meio da prática com dados e conexão com as realidades dos cidadãos. Nossos
parceiros institucionais também apontaram que o uso de tais tecnologias propiciou
melhorias em processos internos de gestão, por exemplo, os mapeamentos colaborativos
contribuíram para produzir dados geográficos novos e aprimorar o serviço de
monitoramento de desastres socioambientais no estado do Acre. Por fim, vale salientar
que houve considerável diminuição de lacunas de dados (data gaps), o que pode acarretar
melhores subsídios para a tomada de decisões pelas partes interessadas e envolvidas
nos processos de governança, por exemplo, durante a emissão de alertas de desastres
socioambientais em centros de monitoramento que carecem desses dados em nível local.

95
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

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A periferia na rede: as TIC e a mobilização
coletiva durante a pandemia1
Patricia Maria E. Mendonça2, Jessica Gonçalves3 e Cássio Aoqui4

Q
uando a pandemia COVID-19 chegou ao Brasil, em março de 2020, o
cenário de políticas de saúde e assistência social encontrava-se fragilizado
em decorrência de sucessivos cortes de gastos. A economia informal
crescia em ritmo mais acelerado que os empregos com carteira assinada,
sobretudo pela expansão da “economia dos aplicativos” (Canzian, 2021).
As populações mais vulneráveis, os desempregados e os trabalhadores
informais foram os mais impactados pelas crises econômica e sanitária
decorrentes da pandemia. Aliado a isso, atrasos e descoordenações
sucessivas nas respostas governamentais aumentaram a incerteza para
essas populações mais afetadas.
Nas periferias urbanas, ficar em casa ou lavar as mãos não eram escolhas possíveis
para todos, uma vez que muitos estavam sujeitos a condições insalubres, como falta
de acesso a saneamento básico ou necessidade de locomoção em transportes públicos
superlotados (Gobbi & Diamente, 2021). Porém, esses territórios não pararam de
inovar, e houve uma intensa produção de conhecimento (Mendonça et al., 2021), em
diferentes linguagens, que resultou em novas possibilidades, com destaque para os
podcasts, que foram impulsionados na pandemia e serviram para difundir informações
e amplificar ações comunitárias. Os chamados “coletivos periféricos” ganharam
proeminência nessas ações.

1
Os autores agradecem a Leticia Cardoso e Vanessa Prata pela colaboração nesta pesquisa.
2
Professora e pesquisadora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), com
agenda focada nas parcerias e colaborações intersetoriais.
3
Graduada em Comunicação e Multimeios pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em
Gestão de Projetos Sociais em Organizações do Terceiro Setor pela mesma universidade. Coordenadora de projetos na
ponteAponte, consultoria para investimento social e filantropia.
4
Doutorando do Programa Mudança Social e Participação Política, na EACH-USP, no qual pesquisa temas relacionados à
sociedade civil brasileira. Mestre e bacharel em administração pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e
Atuária (FEA-USP) e professor de inovação social e estratégia na Fundação Instituto de Administração (FIA). É sócio-diretor
da ponteAponte e cofundador da startup de viagens QMTL?.

99
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Nesse contexto, o objetivo deste artigo é analisar iniciativas com uso das tecnologias
de informação e comunicação (TIC) que emergiram nas periferias brasileiras durante
a pandemia, de modo a tentar compreender o ainda pouco estudado fenômeno dos
coletivos periféricos de comunicação no atual cenário de mudança social no país.
Gobbi e Diamente (2021) realizaram um mapeamento dos coletivos na cidade de
São Paulo e os definiram da seguinte forma:

Apresentam-se como organizações solidárias em que prevalece a convivência de


pensamentos de diferentes matizes, admitindo a discordância e a perseverança
pela comunidade, evidenciando práticas menos hierarquizadas e ampliando
possibilidades de discussões e formação política. O que pudemos observar é que
alguns surgem de modo pontual, com objetivos de resolução a questões imediatas,
em outros prevalecem perspectivas amplas concernentes à mudança social (...).
Alguns deles, de caráter feminista, trazem explicitamente questões voltadas
à formação de mulheres, periféricas em sua grande maioria, das quais derivam
preocupações com processos educativos antimachistas e antirracistas. (Gobbi &
Diamente, 2021, p. 25)
As experiências dos coletivos periféricos no combate aos efeitos da COVID-19
envolveram diferentes formas de enfrentamento e estratégias, a depender dos recursos,
capacidades, articulações internas e externas existentes nos territórios. Fleury e
Menezes (2021), em estudo que focaliza as ações na Região Metropolitana do Rio
de Janeiro, apontam que havia ações já estruturadas, articuladas e implementadas
pelos coletivos, porém muitas vezes pontuais e não unificadas nos territórios, que
rapidamente criaram “gabinetes de crise” acompanhados de diversas ações integradas.
Os aprendizados propiciados pelo uso das TIC tiveram um papel importante na
atuação dos coletivos periféricos no combate aos efeitos da pandemia, difundindo
informação, instrumentalizando ações e estratégias de articulação interna e externa e
angariando recursos (Aoqui et al., 2022). Conclusões similares podem ser encontradas
em outros levantamentos sobre ações de combate aos efeitos da pandemia em favelas,
como os realizados pelo Dicionário de Favelas Marielle Franco (2021) e pela Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) (2022).
O uso das TIC é especialmente desafiador nesse contexto. A pesquisa Educação,
Cultura, Periferia e Racismo mostra que o acesso à Internet entre crianças e jovens é
feito comumente por meio de celulares. Há um baixo acesso via computadores ou
tablets (Central Única das Favelas [Cufa] & Instituto Locomotiva, 2020). As edições
da pesquisa TIC Domicílios têm mapeado as desigualdades no acesso à Internet. Sua
edição de 2021, em comparação com a de 2020, aponta retração no acesso de indivíduos
à Internet nas classes DE (de 67% para 66%), de mulheres (de 85% para 80%) e entre
os com Ensino Fundamental (de 73% para 71%), por exemplo (Núcleo de Informação
e Coordenação do Ponto BR [NIC.br], 2022).
Com base nesse cenário, este trabalho apresenta uma sistematização de dados
secundários referentes a oito organizações focadas em públicos periféricos ou não
hegemônicos que direta ou indiretamente atuam com comunicação sobre o uso das
TIC em suas ações implementadas desde março de 2020. São elas:

100
A RT I G O S

1. Agência Mural de Jornalismo das Periferias (São Paulo, SP)


2. Alma Preta (São Paulo, SP)
3. Fundo Positivo: Comunicação Positiva Covid-19 (São Paulo, SP)
4. LabJaca (Rio de Janeiro, RJ)
5. Nós, Mulheres da Periferia (São Paulo, SP)
6. Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN: Canto da Coruja (Brasília,
DF, e Santa Inês, MA)
7. Rede Wayuri de Comunicação Indígena (Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro
e São Gabriel da Cachoeira, AM)
8. Redes da Maré: ações de comunicação com autonomia (Rio de Janeiro, RJ)
A partir da análise de dados secundários, as cinco primeiras organizações da
lista foram selecionadas para a coleta de dados primários por meio de entrevistas
semiestruturadas com membros e gestores dos coletivos, conduzidas no período
de janeiro a agosto de 2022. A partir da coleta e análise desses dados, buscou-se
compreender em profundidade:
• como as TIC auxiliaram o trabalho de mobilização realizado durante a
pandemia;
• se houve formas novas de utilização das TIC e, em caso positivo, quais foram elas;
• se o acesso à Internet limitou o uso das TIC e, em caso positivo, se houve
alguma solução ou paliativo para lidar com essa limitação.

Uso das TIC nas mobilizações durante a pandemia


De acordo com os casos analisados, constata-se que as TIC foram fundamentais
na mobilização das populações de seus territórios de atuação durante a pandemia,
sobretudo nas periferias dos grandes centros urbanos, via acessos por celular. Com o
compromisso de produzir conteúdos relevantes relacionados à COVID-19 para sua
audiência, as iniciativas baseiam-se nas TIC para a disseminação de seus conteúdos,
bem como para a articulação com os territórios.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias tem como missão “minimizar
as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre
as periferias da Grande São Paulo” (Agência Mural de Jornalismo das Periferias,
s.d., para. 1). Para tanto, o aplicativo de mensagens WhatsApp tornou-se central
durante a pandemia no relacionamento entre a agência e seu público. Por conta do
distanciamento social, a organização mudou a forma como trabalhava: sua equipe
de correspondentes passou a produzir reportagens exclusivamente por telefone ou
online – com exceção do fotógrafo – e, com isso, os repórteres estabeleceram uma rede
de informações mais dinâmica com o público, por meio do WhatsApp. Conforme
aponta o entrevistado da Agência:

101
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Intensificamos o contato com quem acompanhava a gente. A rede no WhatsApp


faz nascer o podcast “Em Quarentena” e foi muito importante para ouvir as
demandas e necessidades que as pessoas tinham naquele momento e para
entender o que estava chegando para elas, porque foi um momento em que
chegavam muita desinformação e muitas mentiras.
O WhatsApp e o podcast propiciaram uma interação entre as pessoas ao longo do
tempo. Conforme apontado por Paulo Talarico, editor-chefe e cofundador da Agência:

No disparo do podcast diário, conversávamos com os leitores da Agência Mural


pelo aplicativo de mensagens. Não era apenas um veículo institucional, era uma
conversa com retorno, com trocas de ideias e escuta, e dessa conversa surgiam as
pautas para as próximas reportagens.
As listas de distribuição do WhatsApp também foram essenciais para a associação
Redes da Maré, com atuação desde os anos 1980, na zona norte do Rio de Janeiro,
cuja missão é “tecer as redes necessárias para efetivar os direitos da população do
conjunto de 16 favelas da Maré, onde residem mais de 140 mil pessoas” (Redes da
Maré, s.d., seção de Apresentação). Durante a pandemia, a organização lançou o
“Ronda Coronavírus Maré de Notícias”, que consistiu em um acompanhamento diário
das principais notícias sobre o coronavírus na comunidade, divulgadas também em
listas de transmissão para líderes comunitários, formadores de opinião, jornalistas e
moradores da Maré. Segundo a gestora financeira do LabJaca:

O WhatsApp foi uma ferramenta para angariar voluntários e espalhar ações. Da


mesma forma que as fake news o utilizam para o compartilhamento de mensagens,
a gente se baseou nele para chegar a mais pessoas no Jacarezinho [...], além de ter
sido uma ferramenta muito boa de comunicação interna e comunicação com os
voluntários [durante o distanciamento].
Diferentemente dos demais casos estudados, o Labjaca, laboratório de dados e
narrativas na favela do Jacarezinho, surgiu em decorrência da pandemia COVID-19,
a partir da campanha “Jaca contra o Corona”. O grupo é formado por jovens negros
que têm o audiovisual como carro-chefe para a divulgação dos dados científicos e
a potencialização das narrativas faveladas e periféricas, tornando as pesquisas mais
acessíveis à população das comunidades. Diversas produções audiovisuais foram
publicadas no YouTube, para serem compartilhadas via WhatsApp.
Já a associação Fundo Positivo iniciou a produção de conteúdos e a promoção
de debates reflexivos sobre a realidade das pessoas que convivem com o vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e populações LGBTQIA+ na pandemia. Tem como
objetivo disseminar informações de cuidado e prevenção para esse público e incidir
sobre temas sensíveis, como dificuldades de falar sobre prevenção ao HIV durante a
pandemia, saúde mental, racismo e recorte racial na COVID-19 e vulnerabilidades sociais
de pessoas LGBTQIA+ na pandemia. Além disso, incluiu, na pauta das lives, estratégias
para colaborar com movimentos contra as fake news e o negacionismo científico.
Assim como no caso da Agência Mural e do LabJaca, de acordo com a assistente
de projetos do Fundo Positivo no Amapá, o WhatsApp sedimentou uma nova forma
de comunicação com sua rede:

102
A RT I G O S

Acredito que somos um dos poucos financiadores no Brasil que têm uma
comunicação direta com as organizações apoiadas. A cada novo edital, criamos
um grupo no WhatsApp com os coordenadores as pessoas que trabalham no
projeto. A gente mantém a comunicação muito próxima por meio do WhatsApp.
Outro destaque relacionado ao uso das TIC, aponta a entrevistada, foram as lives,
realizadas pelo Instagram e pelo YouTube, e os podcasts. Essas iniciativas produzidas
pelo Saúde Positiva alcançaram 295.957 pessoas entre 2020 e 2021.
Os podcasts se apresentaram como um canal importante de disseminação de
informações para além do ambiente urbano. Exemplo disso foi o Instituto Sociedade,
População e Natureza (ISPN), que atua com foco em populações tradicionais e pequenos
agricultores familiares desde os anos 1990 (ISPN, 2022). Atualmente em sua quarta
temporada, o programa de áudio do ISPN “Canto da Coruja Comunidade”, em formato
de podcast, tem o intuito de facilitar o acesso à informação sobre pautas do campo
socioambiental. Conta com entrevistas com representantes dos povos tradicionais, de
organizações da sociedade civil, dos governos e de colaboradores do ISPN. Na pandemia,
o podcast produziu conteúdos especiais para falar sobre prevenção e vacinação.
Para além do WhatsApp e dos podcasts, estratégias de comunicação via mídias
sociais também foram mencionadas pelas organizações entrevistadas. “Tivemos o
[uso do] Facebook, que é uma das poucas redes sociais que não consomem dados5
e tem bastante fóruns e grupos”, relata a entrevistada do Labjaca. Isso também foi
notado pela jornalista do Nós, Mulheres da Periferia, website jornalístico dedicado a
repercutir a opinião e a história de mulheres negras e periféricas:

A gente está muito focado nas redes sociais em si e em explorar as plataformas.


Abrimos o Twitter porque vimos bastante potencial para o jornalismo, lançamos
o podcast “Conversas de Portão” em 2020 no Spotify e em outras plataformas de
streaming e abrimos o Telegram em 2022 para falar de política, já que este ano
é de eleição.

Limitações de acessos às TIC e alternativas encontradas


A despeito da adoção ou da ampliação do uso das TIC durante a pandemia por todas
as organizações analisadas, não faltaram desafios tecnológicos, haja vista que todos
os casos estudados apresentam como foco a comunicação com populações periféricas
e/ou não hegemônicas. Entre os principais problemas, destacam-se a limitação do
acesso à Internet de qualidade e a falta de dispositivos, como computador, tablets e
celulares. Alcançar a audiência fora dos grandes centros urbanos também constituiu
uma barreira aos veículos de mídia independentes e periféricos.
Na Alma Preta, agência de jornalismo especializada na temática racial, durante a
pandemia, foi possível expandir a produção de conteúdo e chegar a mais espaços. A
gerente de projetos da Agência reforçou essa ideia:

5
No Brasil, existem planos de telefonia móvel com zero-rating ou aplicativos patrocinados que não consomem a franquia
de dados do plano.

103
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Com elas [as TIC], conseguimos alcançar cada vez mais pessoas. Porém,
obviamente, existem grupos que, por questões de tecnologia e recursos
financeiros, não têm um aparelho para acessar nossos conteúdos, nem mesmo
dispositivos móveis. Mas eu acredito que se não fossem as TIC, o Alma Preta não
existiria e não chegaria onde está.
Já o LabJaca realizava suas ações de acompanhamento e apoio à comunidade numa
quadra esportiva do Jacarezinho. No local, havia muitas dificuldades relacionadas à
qualidade da conexão à Internet e era necessário utilizar o pacote de dados de pessoas
voluntárias que apoiam o projeto. A entrevistada apontou que:

O acesso à Internet aqui no Jacarezinho não é de qualidade. Na quadra, não tem


roteador, o pacote de dados é bem ruim e isso dificultou algumas ações nossas.
Deixávamos tudo no Google Drive online [formulários que eram aplicados aos
moradores], com várias versões ou no computador pessoal de alguém, mas, na
maioria das vezes, não conseguimos utilizar a Internet.
Em casos como esses, em que houve limitação de acesso às TIC, outras estratégias
foram utilizadas, entre as quais: (1) o uso de tecnologias sociais presentes no
ambiente offline, como carros de som e parcerias com rádios comunitárias para
circular informações sobre o contexto pandêmico nos territórios; (2) a adoção de
panfletos, flyers e comunicação boca a boca; (3) a distribuição de equipamentos
para as comunidades; e (4) o estabelecimento de parcerias com grandes veículos
de comunicação.
A Agência Alma Preta, por exemplo, firmou parceria com uma rádio comunitária
da Brasilândia, bairro da zona Norte de São Paulo, para distribuir o podcast de
produção própria, “Pandemia sem Neurose”. A Rede Wayuri de Comunicação
Indígena foi formada em novembro de 2017, no município mais indígena do Brasil,
São Gabriel da Cachoeira (AM), por um grupo de 17 jovens de oito etnias. Na fase
mais aguda da pandemia na região, foram produzidos conteúdos de prevenção em
línguas indígenas co-oficiais e em português, que foram distribuídos pelo WhatsApp,
em carros de som nas comunidades e em parceria com a rádio local por meio do
programa “Papo de Maloca”, a fim de levar informações sobre a COVID-19 para os
povos indígenas da região.
De forma complementar aos informativos em áudio, foram elaboradas cartilhas nas
línguas indígenas e houve o envio diário de informações pela radiofonia da Federação
das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), pelo canal 790 do Alto Rio Negro.
Assim, os comunicadores foram fundamentais para ajudar as autoridades sanitárias
a educar e informar a população. O trabalho rendeu ao coletivo o título “Heróis da
Informação”, concedido pela ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras, que premiou
30 pessoas e meios de comunicação que contribuíram para salvar vidas durante a
pandemia do novo coronavírus.
Assim como a Rede Wayuri, outros grupos também optaram por panfletos e flyers
nessas situações de limitação. O coordenador de comunicação do LabJaca destacou:
“As principais tecnologias sociais que utilizamos para além das redes sociais foram
ações mais próximas, como distribuição de flyers, além da boa e velha comunicação
boca a boca”.

104
A RT I G O S

As organizações estudadas também estabeleceram diversas parcerias com a grande


mídia brasileira para divulgar seus conteúdos. No caso da Agência Mural, que já tinha
um blog com notícias das periferias em um dos principais jornais do país, a Folha de
S.Paulo, foi firmada uma nova parceria com a rádio CBN, das Organizações Globo,
para combater as fake news que circulam facilmente pelos grupos do WhatsApp. O Nós,
Mulheres da Periferia se articulou com o portal UOL para divulgar os conteúdos do
podcast “Conversas de Portão”, além de integrar a bancada do Roda Viva, um dos mais
tradicionais programas de entrevista da televisão brasileira, exibido na TV Cultura.
O Alma Preta firmou parceria com o YouTube, que tem viabilizado a construção do
seu estúdio físico para produções audiovisuais.
As organizações entrevistadas relataram dois outros desafios: a concorrência com
as fake news e a insegurança digital. Respondente da Alma Preta salientou: “Com as
listas de transmissão, conseguimos distribuir conteúdos para a nossa rede de forma
mais fácil. Contudo, ao mesmo tempo em que essas mídias de comunicação instantânea
ajudam, elas atrapalham por conta da distribuição de fake news. Então a gente também
disputa esses espaços”.
Com o aumento da visibilidade dessas iniciativas, houve maior exposição e
vulnerabilidade à segurança digital. A página de Instagram do Nós, Mulheres da
Periferia sofreu um ataque digital em 31 de maio de 2021, em que foram apagados sete
anos de conteúdos sobre histórias e vozes das mulheres periféricas. Para o coletivo,
esse ataque foi consequência de racismo e intolerância política. Tal ataque despertou
a necessidade do Nós e de outros veículos de mídia independente que são alvo fácil
de ataques virtuais para fortalecer a segurança digital das suas páginas e plataformas.
Além dos ataques sofridos virtualmente, a entrevistada do Nós, Mulheres da
Periferia sinalizou também a questão dos links que trazem fake news e vírus. Lívia
Lima explica que:

Desde que hackearam o nosso Instagram e perdemos a conta por um tempo,


temos sido mais preocupadas com as questões de senhas e de segurança. Temos
investido na segurança do site e entendendo que o site é o nosso coração, porque
as plataformas podem acabar da noite para o dia, mas o site ainda terá todo o
nosso conteúdo. Este ano diminuímos o uso do WhatsApp e focamos mais no
Telegram. O nosso uso no WhatsApp era divulgando as matérias publicadas no
site. Pensando nas fake news, muitas recomendações contra golpes na Internet
são não clicar em links, então, nem sempre conseguimos migrar as pessoas do
WhatsApp para nosso conteúdo no site.

Considerações finais
Este artigo buscou analisar as ações das organizações que atuam com comunicação
focada em públicos periféricos ou não hegemônicos, especificamente, para entender
se e como as TIC auxiliaram o trabalho de mobilização realizado durante a pandemia,
quais foram suas novas formas de utilização e se o acesso à Internet limitou o uso
das TIC.

105
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

A análise dos casos mostra que as TIC foram fundamentais na mobilização das
populações dos territórios de atuação durante a pandemia, sobretudo nas periferias dos
grandes centros urbanos. Nesse contexto, destacaram-se três estratégias: 1) a utilização
do WhatsApp como ferramenta para o compartilhamento massivo de mensagens,
principalmente por meio de listas de transmissão; 2) a ascensão dos podcasts como
canal de apropriação da informação; e 3) a ampliação de divulgação de informações
via redes sociais e plataformas digitais, como o YouTube.
A despeito da adoção ou da ampliação do uso de TIC durante a pandemia por todas
as organizações analisadas, não faltaram, entretanto, desafios. Entre os principais,
destacam-se a limitação em relação ao acesso e à qualidade da Internet e a falta de
dispositivos, como computadores, tablets e celulares. De forma correlata, alcançar a
audiência fora dos grandes centros urbanos também constituiu uma barreira, seja
pelo isolamento geográfico de algumas regiões brasileiras, seja pelo alcance limitado
de cobertura dos coletivos de comunicação ou pela escassez ainda maior de acessos
às TIC das populações não urbanas.
Nos casos em que houve desafios relacionados ao acesso e à qualidade das TIC,
outras estratégias foram utilizadas, entre as quais 1) o uso de tecnologias sociais
presentes no ambiente offline, como carros de som e parcerias com rádios comunitárias
para circular nos territórios informações sobre o contexto pandêmico; 2) a adoção de
panfletos, flyers e comunicação boca a boca; 3) a distribuição de equipamentos; e 4)
o estabelecimento de parcerias com grandes veículos de comunicação. Tais desafios,
bem como as soluções alternativas encontradas, surgiram como uma constante nessas
organizações e coletivos de comunicação periférica e não hegemônica e são intrínsecos
aos seus modelos de negócio que, por sua vez, estão atrelados ao acesso a recursos.
Outros desafios foram levantados pelos entrevistados: a concorrência com as
fake news e a insegurança digital crescente, que emergem como questões ainda em
aberto em se tratando de TIC e coletivos periféricos, temas a serem aprofundados
em pesquisas futuras.

106
A RT I G O S

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[Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.
com/watch?v=wBij2gA1NK8

107
Moeda social, tecnologias e desenvolvimento:
o Banco Comunitário ICOM na pandemia
Camilla Reis1, Paula Chies Schommer2 e Willian Carlos Narzetti3

O
Banco Comunitário ICOM4 foi implementado em 2020 pelo Instituto
Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) e seus parceiros, em resposta
à pandemia COVID-19. Neste artigo, descrevemos a experiência do Banco
Comunitário ICOM como uma tecnologia social facilitada pela utilização
de tecnologias de informação e comunicação (TIC). Quatro aspectos
são apresentados: 1) o uso de TIC no contexto de vulnerabilidade e
distanciamento social imposto pela pandemia COVID-19; 2) a existência
de uma plataforma digital para circulação de moedas sociais, compartilhada com
organizações da sociedade civil, no âmbito da Rede Brasileira de Bancos Comunitários;
3) a relevância do uso de tecnologias online na governança do Banco Comunitário,
envolvendo múltiplas organizações, famílias, comércios, doadores e parceiros; e
4) as aprendizagens dos atores envolvidos quanto às possibilidades do uso de TIC em
suas atividades cotidianas.

1
Atuou desde o início no desenho e na implementação do Banco Comunitário ICOM e coordenou parte da iniciativa.
É bacharel em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e mestranda em Administração
pela mesma instituição, contribuindo como pesquisadora no Núcleo de Inovações Sociais na Esfera Pública (NISP). Possui
mais de 3 anos de experiência profissional no campo social e desde 2014 contribui como voluntária em organizações da
sociedade civil.
2
Professora de Administração Pública e líder do grupo de pesquisa Politeia – Coprodução do Bem Público: Accountability e
Gestão, da Udesc. Presidente do Instituto Comunitário Grande Florianópolis. Doutora pela Fundação Getulio Vargas (FGV),
mestre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e graduada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS-RS).
3
Gerente executivo do Instituto Comunitário Grande Florianópolis. Doutor e mestre em Administração pela Udesc. Graduado
em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui mais de 15 anos de experiência na gestão de
organizações da sociedade civil. Cofundador do Instituto Padre Vilson Groh (IVG), que articula oito organizações em Santa
Catarina. Cofundador e atual presidente da Associação Amigos da Guiné-Bissau.
4
Para mais informações sobre o ICOM, acesse: www.icomfloripa.org.br

109
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

O Banco Comunitário ICOM: origem e funcionamento


O Banco Comunitário ICOM surgiu a partir da mobilização do ICOM, em abril
de 2020, como resposta emergencial à situação de crise e fome em áreas vulneráveis
da Grande Florianópolis, agravada pela pandemia. O ICOM é uma organização da
sociedade civil que atua há 17 anos, orientada pelo modelo de fundações comunitárias,
promovendo o desenvolvimento comunitário por meio de três linhas de ação:
1) conhecimento e articulação da comunidade; 2) fortalecimento da sociedade civil
organizada; e 3) estímulo ao investimento social privado (ICOM, 2021). O Instituto
participa da Rede Iberoamericana de Fundações Comunitárias5, que define fundações
cívicas ou comunitárias como “Instituições sem fins lucrativos que mobilizam e
investem recursos técnicos e financeiros em uma determinada área geográfica. Têm
como objetivo melhorar a qualidade de vida da população articulando pessoas e
organizações na promoção do desenvolvimento comunitário” (Rede Iberoamericana
de Fundações Comunitárias, 2022).
A tecnologia social dos bancos comunitários existe no Brasil desde a década de 1990.
A experiência pioneira é a do Banco Palmas6, no conjunto Palmeiras, no Ceará. Essa
tecnologia foi difundida no país sob diversos modelos, originando a Rede Brasileira de
Bancos Comunitários, presente em 22 estados e no Distrito Federal (Instituto Banco
Palmas, 2022). O ICOM passou a integrar essa Rede em 2020.
A iniciativa do Banco Comunitário ICOM foi pioneira no estado de Santa
Catarina. Contou com a orientação e a parceria do Instituto E-dinheiro Brasil7 e da
Rede Brasileira de Bancos Comunitários e com a colaboração de parceiros, como o
Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina, uma agência da Organização das
Nações Unidas, o Instituto Padre Vilson Groh e oito organizações de base comunitária
na Grande Florianópolis (ICOM, 2021).
Embora o ICOM seja uma organização experiente na mobilização de recursos, na
articulação com variados parceiros e no uso de TIC em sua gestão e comunicação, a pandemia
COVID-19 acelerou a mudança de diversas práticas. A criação do Banco Comunitário se
insere nesse contexto, permitindo aprendizagens e escala de atuação inéditas.
Por meio do Banco, 1.335 famílias foram apoiadas com recursos financeiros em
moedas sociais digitais, entre 2020 e 2021, utilizando os recursos em 50 estabelecimentos
comerciais localizados nos territórios apoiados. Os recursos foram provenientes de
doações de pessoas físicas e jurídicas. O cadastro e o acompanhamento das famílias
e dos comerciantes foram realizados por organizações comunitárias parceiras e pelo
ICOM, com intermediação de TIC.
A doação do recurso financeiro via moeda social digital substituiu a prática tradicional
de doação de cestas básicas, o que facilitou a logística de distribuição e diminuiu a
necessidade de contato entre as pessoas. Com as moedas sociais, as famílias passaram a
ter autonomia no gerenciamento do recurso e puderam adquirir itens de alimentação,

5
Para saber mais sobre a Rede Iberoamericana de Fundações Comunitárias, acesse: http://fciberoamericanas.org/pb/a-rede/
6
Para saber mais sobre o Banco Palmas, acesse: http://www.institutobancopalmas.org/rede-brasileira-de-bancos-comunitarios/
7
Para saber mais sobre o E-dinheiro Brasil, acesse: http://edinheirobrasil.org/sobre-nos/

110
A RT I G O S

como carnes, legumes e frutas, itens de limpeza e higiene, como fralda descartável, e
outros itens que não estão contemplados nas cestas básicas usualmente doadas.
Em dois anos, mais de dois milhões de reais em moedas sociais circularam em seis
territórios vulneráveis da Grande Florianópolis. Seguindo a lógica da tecnologia social
dos bancos comunitários, as moedas sociais somente foram aceitas em comércios das
localidades em que o Banco operou, fortalecendo a economia local. Grande parte dos
comércios apoiados era de pequeno porte, com até três funcionários. Além dos 50
mercados, 12 famílias beneficiadas que empreendiam na área da alimentação foram
cadastradas como comerciantes, gerando mais uma fonte de renda.
A Figura 1, a seguir, ilustra o fluxo de apoio do Banco Comunitário ICOM,
conforme demonstrado no website da organização.

FIGURA 1

FLUXO DE APOIO BANCO COMUNITÁRIO ICOM

Comércios locais
Pessoas físicas e são fortalecidos
empresas doam para o
Banco Comunitário ICOM

Famílias compram os itens de que


precisam nos comércios locais em
suas comunidades

ICOM, IVG e parceiros transformam Organizações da Sociedade Civil


o Real em moedas sociais e doam a locais auxiliam no atendimento
famílias em vulnerabilidade social às famílias e comerciantes
durante todo o processo

FONTE: ICOM (2021).

Bancos Comunitários, moedas sociais e tecnologias digitais


Os Bancos Comunitários surgem da capacidade de mobilização comunitária e
da ação coletiva e como expressão da democracia (Rigo, 2020a; Torres Jr., 2022).
Mostram novas formas possíveis para o desenvolvimento econômico e social. A busca
de respostas aos desafios da pandemia COVID-19 e o uso mais intensivo das TIC
impulsionaram a diversificação e a expansão dessas possibilidades de desenvolvimento.

111
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

A iniciativa pioneira do Banco Palmas contou com um baixo investimento inicial


e com a emissão de moedas sociais em papel-moeda, chamada Palmas (Borges, 2011;
França Filho & Silva Junior, 2009). O impacto no território foi tão significativo que,
em pouco mais de dez anos, o volume de compras das famílias no bairro passou de 20%
para 93%. Em 2011, a riqueza que circulava no bairro era de cerca de R$ 68 milhões
(Cernev & Diniz, 2020). Outros bancos comunitários, quando surgiram, também
emitiram moedas sociais em papel-moeda.
A evolução do dinheiro físico para o digital, por meio da plataforma E-dinheiro,
ocorreu em 2015, motivada principalmente pela expansão dos Bancos Comunitários
pelo país. Essa expansão inclui diferentes modelos de organização (Rigo, 2020a).
O aplicativo E-dinheiro é uma plataforma que utiliza tecnologia digital móvel para
moedas sociais, também chamadas de moedas complementares (Gonzalez et al., 2020;
Rigo, 2020b). A plataforma é gerenciada pelo Instituto E-dinheiro Brasil. Moedas
complementares digitais (MCD) incorporam tecnologias da informação como forma
de viabilizar sua circulação no território em que operam (Gonzalez et al., 2020). A
plataforma E-dinheiro fornece uma conta corrente digital para os usuários e oferece
serviços bancários e está disponível para organizações interessadas em implementar
um banco comunitário em determinada região.
A digitalização permitiu o compartilhamento e a multiplicação do uso da tecnologia
social. Além disso, a nova forma de circulação da moeda ampliou os serviços oferecidos
pelos bancos comunitários, como pagamento de contas, transferências, consulta de
saldos, recargas de celular e ferramentas para facilitar a educação financeira dos
usuários (Cernev & Diniz, 2020). Todas essas novas possibilidades, articulando
tecnologia social e TIC, contribuíram para a inserção de pessoas em vulnerabilidade
social no serviço bancário.
A existência das tecnologias e a disponibilidade de apoio e orientação do Instituto
E-dinheiro, que integra a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, foram fundamentais
para a agilidade e a qualidade da ação do Banco Comunitário ICOM, na Grande
Florianópolis.

O uso das TIC no cotidiano da gestão do Banco Comunitário ICOM


Por meio do uso das TIC, a operação do Banco Comunitário ICOM foi realizada
100% online, permitindo agilidade, baixo custo de resposta aos desafios e respeitando
os protocolos de distanciamento exigidos à época. Comunidades vulneráveis
da região, geralmente excluídas do mundo da tecnologia, acessaram o aplicativo
E-dinheiro para obtenção e circulação das moedas. Grupos comunitários, por meio
de aplicativos de mensagens instantâneas, facilitaram os processos de tomada de
decisão e comunicação em rede.
A implementação contou com reuniões online semanais de acompanhamento com
as organizações envolvidas – de abril de 2020 a dezembro de 2021 –, o que propiciou
proximidade, aprendizagem, confiança, adaptação e resposta rápida às demandas
e adversidades que surgiam. Além disso, foram usados aplicativos de mensagens
instantâneas para fluxos de informações e tomada de decisão. O monitoramento e a

112
A RT I G O S

avaliação junto a famílias e comerciantes ocorreram via formulários online. Entre os


aspectos avaliados, estavam as percepções sobre a experiência de receber ou de aceitar
moedas sociais. Os resultados das avaliações são relevantes para o aprimoramento e
novas possibilidades de uso das moedas sociais na região.
Para além do uso das moedas, os formulários permitiram fazer um diagnóstico
mais aprofundado a respeito da percepção das famílias atendidas sobre o seu próprio
território. As respostas expressaram desafios e sonhos das pessoas nas unidades
atendidas pelo Banco. Essas respostas foram utilizadas pelo ICOM e pelas organizações
locais para subsidiar novos projetos e ações locais, alinhadas com os desafios mais
latentes e com os desejos da população interessada.
A própria plataforma, com dados das famílias e fluxos, e os sistemas de
monitoramento facilitaram a prestação de contas para doadores e parceiros. Esses
dados permitiram conhecer mais as comunidades e suas especificidades e desenhar
novas linhas de ação. Por exemplo, na Frei Damião, localidade no município de
Palhoça, a constatação de que 90% das famílias apoiadas eram chefiadas por mulheres
motivou uma organização parceira a realizar uma ação de prevenção da violência
contra a mulher (Nações Unidas Brasil, 2021).

Aprendizagens e perspectivas
A experiência com o Banco Comunitário ICOM permitiu uma série de
aprendizagens aos participantes. Envolveu mudanças e inovações de processos de
práticas, da organização do trabalho e das relações. O depoimento de uma gestora de
uma organização parceira exemplifica como isso ocorreu:

Uma coisa que me inspirou muito foi a reunião virtual de mães [encontro virtual
com as famílias beneficiadas pelo Banco Comunitário]. Foi desafiador para as
famílias que não estavam acostumadas com o trabalho virtual, pois muitas das
pessoas têm trabalhos manuais e não utilizam o meio virtual para isto. Elas
toparam participar, foi muito inspirador. Depois da reunião com as mães, eu
fiquei muito motivada a fazer um grupo virtual para atendimento e acolhimento
com as famílias (ICOM, 2021).
A Tabela 1 sintetiza aprendizagens sobre o uso das TIC com a experiência do Banco
Comunitário ICOM entre 2020 e 2021.

113
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

TABELA 1

APRENDIZAGENS SOBRE O USO DAS TIC NO BANCO COMUNITÁRIO ICOM

Organizações da
Famílias
sociedade civil Comerciantes ICOM Doadores
atendidas
parceiras
Implementação de Necessidade de Necessidade de Novo olhar para Ampliação da
novas práticas de inclusão digital e inclusão digital e trabalhar em rede transparência sobre
trabalho usando democratização do treinamento de como com as organizações os resultados do
ferramentas online acesso à Internet. utilizar a tecnologia da sociedade civil. projeto.
(salas de reuniões, para ampliar seus
formulários, negócios.
armazenamento e A utilização das Gestão de dados Retorno mais
compartilhamento redes sociais sobre as informações detalhado aos
de informações). facilita o contato, Possibilidade dos públicos envolvidos sobre o
a disseminação de resolver os atendidos. perfil das famílias
das informações problemas técnicos apoiadas, o destino
Nova forma de e a realização e sanar dúvidas em e o impacto das
pensar sobre o de reuniões de tempo real. Possibilidade de doações.
atendimento das acompanhamento conhecer melhor a
famílias e a garantia de projetos e ações realidade em que
de mais proteção às comunitárias. Possibilidade atua. Gerenciamento das
equipes envolvidas de mapear, doações de forma
durante a pandemia. cadastrar e apoiar mais simples.
financeiramente Nova expertise
empreendedores e ferramenta
informais e formais para responder a Possibilidade de
das comunidades de situações de crises. que as doações
atuação. chegassem aos
beneficiários com
Possibilidade de baixo custo.
ampliação de sua
atuação com o
Banco em outras
cidades.

Ampliação de seu
impacto no território
de atuação.

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES.

Muitas famílias tinham acesso limitado à Internet e falta de smartphones para


manusear o aplicativo. Este foi o principal desafio encontrado pelo ICOM no uso das
TIC. Ficou evidente a necessidade de democratizar o acesso à Internet em áreas mais
vulneráveis e incentivar a inclusão digital. Embora Florianópolis se destaque no setor
de tecnologia, sendo chamada de “Ilha do Silício brasileira” por concentrar pesquisas,
organizações e investimentos públicos e privados em tecnologia da informação, essa
não é a realidade para muitas pessoas que vivem nas áreas mais vulneráveis da região.

114
A RT I G O S

O desafio na digitalização da moeda havia ocorrido também no Conjunto Palmeiras.


A solução encontrada pelo Banco Palmas para contornar o custo do dispositivo e
fomentar a utilização do aplicativo foi oferecer financiamentos de celulares de baixo
custo, com pagamento de muitas parcelas e a juros baixos (Cernev & Diniz, 2020),
contribuindo para a inclusão digital das pessoas. Já no caso do Banco Comunitário
ICOM, na Grande Florianópolis, a solução encontrada foi realizar uma doação para
as organizações da sociedade civil parceiras, que compraram smartphones e fizeram
uma espécie de comodato para os comerciantes. Isso porque no modelo utilizado para
as doações somente os comerciantes necessitam de um celular, facilitando para os
beneficiários, que puderam comprar com o seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) no
mercado cadastrado. Ao fim do ciclo de doações das moedas sociais, as organizações da
sociedade civil puderam utilizar os celulares adquiridos para as suas próprias atividades.
Durante a pandemia, a tecnologia social do banco comunitário e das moedas virtuais
foram fundamentais para o trabalho do ICOM e seus parceiros. Para além da pandemia,
o uso das TIC com o Banco Comunitário possibilitou que a atuação do ICOM chegasse
a diferentes regiões de Santa Catarina e atendesse a outras necessidades. A tecnologia
foi utilizada, por exemplo, para apoiar famílias atingidas por um ciclone no estado,
também em 2020.
A partir da experiência do Banco Comunitário ICOM, uma das organizações
parceiras seguirá atuando em algumas das comunidades da Grande Florianópolis
em caráter regular. O ICOM seguirá usando a tecnologia social em situações
emergenciais. Além disso, seguirá atuando no apoio ao desenvolvimento de novos
bancos comunitários e produção de conhecimento sobre o tema em Santa Catarina,
bem como o uso de MCD para fortalecimento territorial e pagamento de benefícios,
como a renda básica.

Conclusão
O contexto da pandemia COVID-19 acelerou a incorporação do uso das TIC
nos trabalhos desempenhados por organizações da sociedade civil, principalmente
aquelas que precisaram reinventar suas formas de trabalho para se adaptar ao contexto
(Andion, 2020). No caso do ICOM, apesar de ser uma organização experiente no
território e que já utilizava TIC em algumas iniciativas, a experiência com o Banco
Comunitário ICOM gerou aprendizagens inéditas e possibilitou ampliar o impacto
social na região da Grande Florianópolis. Este é apenas um dos milhares exemplos
espalhados pelo Brasil em que é possível perceber uma atuação rápida, criativa e
transformadora por organizações da sociedade civil, não restrito à pandemia.
Para avançar, mais indivíduos, poder público e empresas podem se tornar parceiros
dessas organizações, investindo para desenvolver novas habilidades, adquirir novos
sistemas, conhecimentos e experiências. O potencial de transformação social nas áreas
mais vulneráveis pode ser impulsionado no desenvolvimento e uso de tecnologias
sociais, como as do banco comunitário e da moeda social, e das TIC, por meio de
parcerias envolvendo a população local e variadas organizações.

115
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Essa combinação entre tecnologia social e TIC é a grande inovação evidenciada pelos
bancos comunitários e moedas sociais digitais. Diante da emergência da pandemia
COVID-19, de modo rápido e efetivo, foi possível envolver famílias, pequenos
comércios locais, associação de moradores e outras organizações da sociedade civil
comunitárias, redes de tecnologias sociais, doadores individuais e empresariais,
órgãos governamentais e organismos internacionais. Ações como essa do Banco
Comunitário ICOM vão além da alimentação e do fortalecimento da economia local,
na medida em que contribuem para a inclusão digital de famílias vulneráveis e para
o desenvolvimento comunitário. A experiência mostra que isso é possível, ainda que
haja desafios em termos de escala e continuidade da mobilização de recursos, para
além de situações emergenciais.

116
A RT I G O S

Referências
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Rigo, A. S. (2020a). Community Development
França Filho, G. C., & Silva Junior, J. T. (2009). Banks. In R. A. List, H. K. Anheier, & S. Toepler
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Coronavírus. https://drive.google.com/file/
d/117ss6iDSS-BxNdBslK_Svz_JV6pqsejY/
view

117
Implicações do uso de mídias sociais em
organizações da sociedade civil1
Laura Conde Tresca2

C
riar estratégias de comunicação para mídias sociais tornou-se fundamental
em organizações de qualquer natureza. Há uma vasta literatura, inclusive
com manuais, para otimizar o uso de plataformas para, no caso de
organizações sociais, aumentar vendas e promover causas, por exemplo3.
Entretanto, pouco se discute sobre os efeitos do uso dessas estratégias
nas organizações sem fins lucrativos. Quando elas optam por basear sua
estratégia de comunicação nas redes sociais tradicionais, quais são as
implicações de tal escolha? E que modelo de Internet está sendo fomentado?
O objetivo deste artigo é abordar, com base nos dados da pesquisa TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos 2022, o quanto o uso de redes sociais tornou-se fundamental
para comunicação de causas, mobilização social e, eventualmente, captação de
recursos para as organizações sociais. Ao mesmo tempo, analisa de que modo o uso
das redes alimenta um processo comunicacional limitante, com impactos profundos
para a construção da sociedade do conhecimento. Desse modo, este artigo analisa
o uso de redes sociais por organizações sem fins lucrativos e as implicações do uso
dessa estratégia de comunicação, assim como aponta alternativas para processos
comunicacionais mais alinhados à perspectiva de justiça social.

1
Agradeço ao professor Rafael Evangelista pela indicação de bibliografia.
2
Mãe. Cientista social pela Universidade de São Paulo (USP), jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Metodista
de São Paulo (Umesp). Atua com políticas de Internet desde 2007. Em 2018, participou do International Visitor Leadership
Program (IVLP), oferecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. No mesmo ano, coordenou um projeto sobre
redes comunitárias que recebeu o Prêmio Frida do LACNIC. É diretora-executiva da associação govDADOS e conselheira do
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
3
Exemplos desses manuais incluem: A bíblia do marketing digital: tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade
na Internet e não tinha a quem perguntar (2018); Planejamento de marketing digital (2017); Spreadable Media: Creating
Value and Meaning in a Networked Culture (2013).

119
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Uso de redes sociais por organizações da sociedade civil


Os registros de websites .com.br e .org.br são as principais escolhas de domínios para
páginas web de organizações da sociedade civil (Núcleo de Informação e Coordenação
do Ponto BR [NIC.br], 2023), embora não sejam as únicas opções disponíveis, já que
há também o domínio .ong.br, por exemplo. Hoje existem 52.432 websites registrados
com o final .org.br, sendo um dos domínios .br com maior número de registros
no Brasil (NIC.br, 2022). A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022,
entretanto, demonstra que apenas 36% das organizações sem fins lucrativos brasileiras
possuem website ou página na Web e 65% delas não pretendem criar um website ou
homepage nos próximos 12 meses. Ainda, 70% não pretendem registrar um domínio
nos próximos 12 meses.
Se, de um lado, os registros de domínios por organizações da sociedade civil são
relevantes para que o .br seja um dos Country Code Top-Level Domains (ccTLD) mais
numerosos do mundo, dados da TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 indicam
que as organizações da sociedade civil estão apostando em apenas criar perfis em redes
sociais como estratégia de comunicação com seu público.4
Segundo a pesquisa, 71% das organizações possuem um perfil ou conta própria
em alguma plataforma ou rede social online (NIC.br, 2023). Por isso, para existir
digitalmente, não é mais imperativo registrar o próprio domínio. É necessário ter
páginas nas maiores redes sociais, nomeadamente Meta (empresa holding do Facebook,
Instagram e WhatsApp), YouTube, Twitter, LinkedIn ou TikTok. Inclusive, muitas
empresas ou organizações optam por apenas ter conta nas redes sociais e não ter um
domínio próprio. Em outros casos, a página institucional acaba sendo mero “cartão
de visitas”, e os conteúdos e produtos são efetivamente divulgados nas redes sociais
– afinal, é onde o público-alvo está interagindo e consumindo informações.
A principal rede social utilizada é o Facebook, mencionado por 61% das organizações
sociais. É importante notar que o uso institucional dos comunicadores instantâneos,
como WhatsApp ou Telegram, ganhou relevância, sendo mencionados por 55% das
organizações sociais. São seguidos por Instagram, TikTok ou Flickr, com 48% (NIC.br,
2023), conforme é possível observar no Gráfico 1.

4
Atento a essa tendência, o NIC.br criou em 2017 uma funcionalidade que incorpora o redirecionamento de páginas a partir de
domínios .br (https://www.nic.br/noticia/na-midia/nic-br-incorpora-redirecionamento-de-paginas-a-partir-de-dominios-br/).

120
A RT I G O S

GRÁFICO 1

ORGANIZAÇÕES QUE POSSUEM PERFIL OU CONTA PRÓPRIA EM ALGUMA PLATAFORMA OU


REDE SOCIAL ONLINE, POR TIPO DE REDE SOCIAL (2022)
Total de organizações (%)
100

80

61
60 55
48

40 37

20
10 9
6

0
Facebook WhatsApp Instagram, YouTube Twitter LinkedIn WordPress,
ou Telegram TikTok ou Flickr ou Vimeo Blogspot
ou Medium

FONTE: ELABORADO PELA AUTORA COM BASE EM NIC.BR (2023).

Os principais usos de redes sociais são: postar fotos, vídeos ou áudios de atividades
realizadas e postar notícias sobre a organização e notícias sobre temas relacionados
à sua área de atuação (NIC.br, 2023), conforme é possível observar no Gráfico 2.

121
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 2

ORGANIZAÇÕES QUE POSSUEM PERFIL OU CONTA PRÓPRIO EM ALGUMA REDE SOCIAL,


POR ATIVIDADES REALIZADAS (2022)
Total de organizações com acesso à Internet e que possuem perfil ou conta própria em alguma plataforma ou
rede social (%)

Postar notícias sobre a organização 86

Postar fotos de atividades realizadas 86

Divulgar vídeos ou áudios de atividades realizadas 83

Postar notícias sobre temas relacionados


à área de atuação da organização 82

Postar informações institucionais sobre


a organização como contato e endereço 80

Responder a comentários e dúvidas


76
de beneficiários ou público atendido

Fazer lives ou transmissões online em tempo real de eventos 73

Postar opiniões e posicionamentos da sua organização


63
sobre temas relacionados a sua atuação

Divulgar produtos ou serviços 57

Promover petições, campanhas de conscientização ou mobilização 57

Postar publicações e estudos próprios ou de terceiros 54

Postar informações para prestação de contas da organização 50

Divulgar ações e campanhas de outras organizações 49

Solicitar doações 43

Recrutar voluntários 34

0 20 40 60 80 100

FONTE: ELABORADO PELA AUTORA COM BASE EM NIC.BR (2023).

Uma hipótese possível é que as redes sociais são atrativas para organizações sem
fins lucrativos, pelo potencial que têm para a construção de relações com os diversos
interessados.

O sucesso das organizações sem fins lucrativos depende em grande parte de sua
capacidade de construir relacionamentos de qualidade com os principais grupos
interessados, como doadores, beneficiados, doadores e candidatos a doações
e o público em geral. O capital social das organizações sem fins lucrativos,
portanto, compreende os recursos embutidos nessas alianças estratégicas e
relacionamentos com as partes interessadas. (Doerfel et al., 2017, como citado
em Xu & Saxton, 2019, p. 32)
Os dados da pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 revelam
que o uso de redes sociais tornou-se fundamental para a comunicação de causas, a
mobilização social e até mesmo a captação de recursos. Essa estratégia de comunicação

122
A RT I G O S

das organizações sociais tem sido, inclusive, mais relevante que a criação de páginas
web com domínios próprios (NIC.br, 2023).

O canto da sereia
O surgimento da Web foi um período de efervescência criativa de linguagens,
estéticas e experimentações sobre as melhores práticas para divulgar produtos e
informações na Internet. É possível fazer uma analogia com o surgimento do cinema.
No começo, houve um entusiasmo em produzir obras baseadas em manifestações
artísticas inovadoras. Com o passar do tempo, a indústria do entretenimento passou
a padronizar técnicas como formas de enquadramento, luz, movimento de câmeras,
narrativas, etc. Com isso, a indústria paulatinamente determinou o que é cinema.
No início da Web, “todos” tinham um blog. Não era necessário muito conhecimento
de tecnologia, nem de técnicas de gravação de vídeos, estruturas narrativas e design.
Hoje, quase já não existem blogueiros. Eles foram substituídos por influencers, que
atuam em certas plataformas. Assim como aconteceu com o cinema, com o passar
do tempo, o desenvolvimento das plataformas de mídias sociais tem determinado o
que é a experiência de navegar ou estar na Web.
As redes sociais assemelham-se ao canto da sereia, pois as redes sociais são prazerosas,
fáceis de usar e encantadoras. As sereias são tão lindas e cantam com tanta doçura que
atraem os tripulantes dos navios para que colidam com os rochedos e afundem. A partir do
momento em que as redes sociais atingiram um público numeroso, quando se tornaram a
principal maneira de estar na Web, as comunicações passaram a ter seu alcance limitado.
Hoje, somente quem pode patrocinar seus conteúdos consegue entregá-los.
No entanto, essa dinâmica nem sempre predominou. Até pouco tempo atrás, as
redes sociais foram fundamentais para a afirmação de direitos.

Quando muitos estudiosos começaram a realizar pesquisas sobre mídias


sociais, fomos inspirados pelo que pensávamos ser as possibilidades e efeitos
democratizantes das plataformas de mídias sociais. Para a Tunísia, na Primavera
Árabe de 2011, os Indignados espanhóis e, posteriormente, o Ocupe Wall Street
(Gerbaudo, 2012), as plataformas de mídias sociais – como o Twitter – foram
elogiadas como ferramentas-chave para facilitar a organização de movimentos
sociais, servindo como um mecanismo de costura. Ou seja, os manifestantes foram
capazes de usar o Twitter para unir uma rede de redes humanas e redes baseadas
em tecnologia (Agarwal, Bennett, Johnson, & Walker, 2014; Bennett, Segerberg,
& Walker, 2014). Pesquisas evidenciaram repetidamente que os ativistas foram
recrutados com sucesso em plataformas de mídias sociais (González-Bailón,
Borge-Holthoefer, Rivero, & Moreno, 2011) e os ativistas também adotaram
as mídias sociais para compartilhar notícias, informações e declarações de
solidariedade (Gruzd & Tsyganova, 2015; Nahon, Hemsley, Mason, Walker, &
Eckert, 2013; White, Castleden, & Gruzd, 2014). (Hemsley et al., 2018, p. 1)
No campo dos direitos das mulheres no Brasil, por exemplo, as redes sociais foram
essenciais para o que ficou conhecido como Primavera das Mulheres, em 2015.
Campanhas como #meuprimeiroassedio, #meuamigosecreto e #agoraéquesãoelas
deixaram as redes virtuais, tomaram as ruas e influenciaram o debate público.

123
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Entretanto, a partir de 2018, o Facebook (principal rede social usada pelas


organizações sem fins lucrativos, conforme supracitado) mudou seu algoritmo
de distribuição de conteúdo e limitou o alcance orgânico das postagens. Hoje,
praticamente apenas postagens patrocinadas são distribuídas, dinâmica que ocorre
também em outras redes sociais. No entanto, a pesquisa TIC Organizações Sem Fins
Lucrativos 2022 demonstra que apenas 13% dessas organizações pagaram por anúncios
na Internet. Entre as que possuem computador, a principal dificuldade para o uso do
dispositivo e da Internet é dispor de “poucos recursos financeiros para investimento
na área de tecnologia” (Gráfico 3). Em um contexto em que inexiste o engajamento
e a viralização orgânica, e em que as organizações não têm dinheiro para patrocinar
seus conteúdos, elas passam a ter um alcance restrito na Web.

GRÁFICO 3

ORGANIZAÇÕES QUE UTILIZARAM COMPUTADOR, POR TIPO DE DIFICULDADE PARA O USO


DE COMPUTADOR E INTERNET (2022)
Total de organizações que utilizaram computador (%)

Poucos recursos financeiros para investimento na área de tecnologia 64

Equipamentos ultrapassados 35

Número insuficiente de computadores conectados à Internet 34

Número insuficiente de computadores 34

Pouca capacitação da equipe no uso de computador e Internet 32

Ausência de suporte técnico 30

Baixa velocidade na conexão de Internet 27

Outros motivos 1

0 20 40 60 80 100

FONTE: ELABORADO PELA AUTORA COM BASE EM NIC.BR (2023).

Ademais, o patrocínio de postagens não é o único custo envolvido. Uma nova


cadeia produtiva de comunicação foi criada para atender às demandas de produção e
disseminação de conteúdo nas redes sociais. São necessários profissionais específicos,
com habilidades para escrever, criar cards, editar vídeos, criar vinhetas para podcasts,
editar áudio, criar conteúdo, gerenciar postagens, contatos, impulsionamentos,
etc. Assim como aconteceu com o cinema, as redes sociais exigem padrões
estéticos e técnicas específicas e especializadas. Contudo, de acordo com a pesquisa
TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022, essas organizações eventualmente até
contam com serviços contratados de tecnologia da informação (TI) ou informática
(31%), mas apenas 16% contam com assessoria de imprensa/comunicação institucional.

124
A RT I G O S

Além disso, por meio de uma nítida intervenção no livre fluxo de informações,
as plataformas têm o poder de impulsionar (ou não) certas causas. Pagar para o
conteúdo circular nem sempre é uma opção viável para as organizações sociais
no atual contexto. Por isso, para uma campanha ganhar visibilidade mínima, ela
necessita ganhar a chancela de uma plataforma. Como parte de suas atividades de
“responsabilidade social”, algumas plataformas distribuem créditos de impulsionamento
para organizações sociais. Porém, ao fazerem isso, induzem o público a acessar
informações específicas, de acordo com seus próprios interesses. Desse modo, as
plataformas de mídias sociais vão moldando o debate público e, no limite, vão criando
os padrões do que é a própria sociedade da informação.
Isso traz novos desafios às organizações sem fins lucrativos, já que elas precisam
“aparecer” para “ser”. Durante muito tempo, as mídias analógicas, por meio do agenda
setting, cumpriram o papel de dar visibilidade no debate público a certos assuntos,
causas ou organizações. Hoje, a Internet e, em especial, as redes sociais, potencializaram
a necessidade de exposição:

Visibilidade é pressuposto de existência pública. Na “sociedade da autopromoção”


(Thompson, 2008), por um lado, experimentamos a potencialização das
possibilidades de expressão em público, de estarmos na arena de visibilidade e,
por outro lado, tendemos a nos tornar muito dependentes dela. De acordo com
Trivinho (2011, p. 113 – grifo do autor), trata-se “[...] de uma existência (pessoal,
grupal, governamental, corporativa etc.) inteiramente condicionada à aparição
na visibilidade mediática”, pois que o ethos da atual civilização reivindica a
presença dos sujeitos para a alteridade “[...] independentemente de ela conceder
ou não a atenção requerida”; assim, consiste em “(super)expor-se ou tornar-se
visível” para “[...] existir de alguma forma (como simulacro) perante o conjunto
dos sentidos percepcionais da alteridade”. (Silva & Baldissera, 2021, p. 161)
As organizações sociais têm a falsa sensação de estarem adotando a melhor estratégia
(ou a estratégia de comunicação possível) no contexto digital. Entretanto, sem dinheiro
para patrocinar conteúdos, sem criar suas próprias páginas web e sem estratégias de
comunicação alternativa, as organizações sem fins lucrativos acabam por alimentar
uma nova versão da agenda setting – liderada por algoritmos. E há grandes riscos de
“não serem”, porque alcançar visibilidade é difícil, apesar da falsa aparência de abertura
e potencial de viralização.
Assim, ao privilegiar essa estratégia de comunicação, para além de contribuir para
a concentração do mercado de atenção, as organizações sem fins lucrativos estão
fomentando um modelo de comunicação baseado em “representações desequilibradas
de pontos de vista, fragmentação do público e o domínio de interesses comerciais”
(Bruns & Highfield, 2016, como citado em Xu & Saxton, 2019, p. 30 ). Há, ainda,
críticas ao modelo de negócios baseado no perfilamento e na publicidade segmentada,
que influenciam a subjetividade dos indivíduos – ou seja, criam e estimulam
sentimentos de maneira artificial, causando sequelas emocionais nas pessoas e
consequências sociais e políticas.

125
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Conclusão
As organizações sem fins lucrativos enfrentam dificuldades para expandirem sua
atuação e chamarem atenção para suas causas, pois precisam ter perfis em redes sociais
para existirem digitalmente. Entretanto, se não pagarem anúncios nem patrocinarem
suas postagens, não são vistas. Infelizmente, a realidade das organizações sociais no
Brasil é bastante desafiadora com relação à sustentabilidade, conforme demonstrado
por dados da pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022, supracitados.
As mídias sociais poderiam ter um papel, como talvez já tiveram, de catalisadoras de
mobilização e promoção das causas sociais. No entanto, hoje, se tornam mais um fator
de peso no orçamento das organizações sem fins lucrativos, que se veem obrigadas a
pagar para que alguma mensagem chegue a seu público. Ainda assim, não têm muita
certeza dos impactos efetivos dessa comunicação, mas têm a percepção de que estão
executando a estratégia de comunicação correta, já que é a que todos estão fazendo.
É o canto da sereia chamando para o rochedo.
Pensar e adotar estratégias de comunicação na Internet, mais alinhadas às causas
defendidas e ao desenvolvimento social e econômico da sociedade, é um desafio, mas
talvez um imperativo para não afundar. Nesse sentido, as infraestruturas e os meios
alternativos e comunitários que têm presença digital podem ser uma alternativa a ser
explorada pelas organizações. Exemplo disso é a rede social Black e Black (https://
www.blackeblack.com/), que se apresenta como um ambiente em que negros e negras
se sentem mais à vontade para expor suas ideias e seus pensamentos. Essa pode ser uma
rede social alternativa para postar fotos, vídeos ou áudios de atividades realizadas e
notícias sobre as organizações ou temas relacionados à área de atuação. Outro exemplo
refere-se à coletiva MariaLab, que promove a rede autônoma Fuxico (https://www.
marialab.org/fuxico/). Nela, uma servidora com conteúdo feminista é instalada em
uma Raspberry Pi e distribuída por meio de uma rede local, que, inclusive, pode ter um
aplicativo de comunicação instantânea. Trata-se de um exemplo de como distribuir
conteúdos por meio de redes autônomas ou comunitárias. A lista de exemplos é
extensa. Com pesquisa e criatividade, é possível pensar em estratégias de comunicação
mais condizentes com valores de justiça social.

126
A RT I G O S

Referências
Hemsley, J., Jacobson, J., Gruzd, A., & Mai, P.
(2018). Social media for social good or evil: An
introduction. Social Media + Society, 4(3), 1-5.
https://doi.org/10.1177/2056305118786719

Jenkins, H., Ford, S., & Green, J. (2013).


Spreadable media: Creating value and meaning in
a networked culture. New York University Press.

Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto


BR. (2022). Estatísticas. https://registro.br/
dominio/estatisticas/

Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto


BR. (2023). Pesquisa sobre o uso das tecnologias
de informação e comunicação nas organizações
sem fins lucrativos: TIC Organizações Sem Fins
Lucrativos 2022 [Tabelas]. https://cetic.br/pt/
pesquisa/osfil/indicadores/

Silva, D. W., & Baldissera, R. (2021, maio-


agosto). Comunicação organizacional e
interesse público: estratégias de (in)visibilidade
nas mídias sociais. Intercom: Revista Brasileira
de Ciências da Comunicação, 44(2), 157-174.
https://doi.org/10.1590/1809-5844202128

Xu, W., & Saxton, G. D. (2019). Does


stakeholder engagement pay off on social
media? A social capital perspective. Nonprofit
and Voluntary Sector Quarterly, 48(1), 28-49.
https://doi.org/10.1177/0899764018791267

127
TIC, doações individuais e organizações sem
fins lucrativos
João Paulo Vergueiro1, Flávio Pinheiro2 e Marcos Paulo de Lucca-Silveira3

É
consenso na academia que as doações são fonte relevante de recursos para
as organizações sem fins lucrativos (Osfil). Na literatura internacional, há
grande produção acadêmica e não acadêmica sobre o assunto, que inclusive
discute os motivos que levam as pessoas a doar (por exemplo, Bekkers &
Wiepking, 2011).
As Osfil, porém, são instituições complexas. Não do ponto de vista jurídico,
já que formalmente existem apenas três principais tipos no Brasil: associações,
fundações e organizações religiosas (Lei n. 13.109/2014). Porém, essas organizações
tornam-se complexas em razão da forma como são financiadas e como geram seus
recursos. Em face dessa questão, este artigo busca discutir as diferentes formas de
captação de recursos pelas Osfil.
Ainda pouco estudadas no Brasil, as receitas das organizações podem ter origens
variadas. Uma das fontes mais comuns é a administração pública, sobretudo o Poder
Executivo. Em 2018, por exemplo, a União transferiu R$ 12,9 bilhões para instituições
em todo o país (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada [Ipea], 2021), sendo boa
parte desse recurso transferido para organizações que prestam serviços no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS), em localidades espalhadas por todo o país.

1
Professor e coordenador do Fundo de Bolsas e do Alumni na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
Doutorando em Administração pela Fundação Getulio Vagas (FGV-SP), na qual estuda filantropia. Mestre em Administração
e bacharel em Administração e Direito pela mesma instituição. Conselheiro da Fundação Amor Horizontal, da Kibô-no-Iê, da
NHR Brasil e do Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP). Foi diretor-executivo da Associação Brasileira de
Captadores de Recursos (ABCR) de maio de 2015 a janeiro de 2023.
2
Pesquisador principal do Núcleo de Pesquisa em Filantropia da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e professor da pós-
graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC). Doutor em Relações Internacionais e Ciência
Política pela Universidade de São Paulo (USP) desde 2014. Em 2016 e 2017, foi pesquisador visitante, como aluno de
pós-doutorado, do Niehaus Center for Globalization and Governance (NCGG) (Woodrow Wilson School, Princeton University)
e, de 2011 a 2013, foi pesquisador visitante na University of California, San Diego (UCSD).
3
Pesquisador coordenador do Núcleo de Pesquisa em Filantropia da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e professor da Escola
de Economia de São Paulo na FGV-SP. Doutor e mestre em Ciência Política pela USP. Graduado em Ciências Sociais pela
mesma universidade. Seus temas principais de pesquisa são filantropia, justiça distributiva, saúde e ética aplicada.
129
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Outra origem comum de tais recursos é a geração de receita própria, aqui entendida
como a venda de produtos ou a prestação de serviços realizada diretamente pelas
instituições ou por negócios por elas controlados. Não há, no Brasil, restrição jurídica
para que uma organização sem fins lucrativos gere renda utilizando-se dos mesmos
instrumentos formais das demais empresas. A única ressalva é que elas não podem
distribuir lucros auferidos e devem reinvestir o superávit nas atividades da própria
instituição (Aninat et al., 2022). Ao mesmo tempo, é pouco conhecida a realidade das
organizações que obtêm recursos dessa forma, pois não há nenhuma pesquisa que
indique o quanto eles representam para o setor no país. Nos Estados Unidos, porém,
constatou-se que a receita própria é a maior fonte de recursos de todo o setor de
organizações sem fins lucrativos, com geração de mais de 1 trilhão de dólares em
2015 (Pratt & Aanestad, 2020).
Por fim, a terceira origem mais relevante das receitas das Osfil são as doações.
Caracterizadas formalmente como a transferência voluntária de recursos para o
bem comum, as doações individuais filantrópicas (para instituições formalmente
constituídas) resultaram em mais de R$ 10,3 bilhões em 2020 (Instituto para o
Desenvolvimento do Investimento Social [Idis], 2021), e as doações das grandes
empresas, mais de R$ 1,9 bilhão no mesmo ano (Comunitas, 2021).
Ao analisar as doações no mundo todo, observa-se a prevalência das realizadas
por indivíduos (pessoas físicas), principalmente quando comparadas às que são feitas
pelas empresas. Se, no Brasil, as doações individuais são quase 10 vezes maiores que as
corporativas, nos Estados Unidos, a diferença é ainda maior, na proporção de quase
15 para 1 (Pratt & Aanestad, 2020).
Apesar do considerável volume arrecadado, identificado nas pesquisas, os reais
fatores que tornam as Osfil bem-sucedidas no uso das doações individuais ainda são
pouco conhecidos no campo da filantropia e da administração de Osfil no Brasil.
Não há dúvidas de que as doações oriundas de pessoas físicas são parte fundamental
dos recursos que possibilitam o funcionamento das Osfil no Brasil (Vergueiro &
Rodríguez, 2015). Gouveia e Daniliauskas (2010), por exemplo, apontam que as
doações individuais ganharam mais importância ao longo dos anos 2000. De acordo
com os autores, no final da década, 90% das organizações vinculadas à Associação
Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) retiravam dessa fonte até
20% de sua receita total.
No entanto, há poucas análises que discutem em maior profundidade as variáveis
associadas à atividade de captação dessas doações e ao uso de tecnologias de informação
e comunicação (TIC) para essa finalidade. De acordo com Salla et al. (2019), a ausência
de um conhecimento sistematizado sobre o assunto decorre dos seguintes fatores:
falta de parâmetros para o monitoramento, dificuldade de acesso a informações e
desatualização de dados existentes. Consequentemente, o uso das TIC por Osfil na
captação de recursos (doações, uso de crowdfunding, Pix, etc.) é uma temática ainda
pouco pesquisada de maneira sistemática no Brasil, como também em outros países
do Sul Global.

130
A RT I G O S

Tendo em vista essa lacuna de estudos, este artigo tem como objetivos avaliar as
dinâmicas que determinam a variação nas doações voluntárias de pessoas físicas como
fonte de recurso para as Osfil, bem como sua relevância, e analisar as demais origens
financeiras. A referência para o artigo serão os dados das pesquisas TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos de 2022 e de edições anteriores (Comitê Gestor da Internet no
Brasil [CGI.br], 2013, 2015, 2017).

Doações voluntárias de pessoas físicas para Osfil entre 2012


e 2022
A pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos mensura diferentes aspectos
relacionados às doações voluntárias de pessoas físicas e ao uso das TIC. Mesmo sem o
uso dos microdados para esta análise, os dados disponibilizados permitem uma reflexão
sobre o papel das doações como fonte de recursos para as Osfil, especialmente diante da
comparação com resultados de pesquisas similares conduzidas em 2012, 2014 e 2016.
Ao longo da última década, houve pouca variação no papel das doações voluntárias
de pessoas físicas como principal fonte de recursos para as Osfil. Se comparadas com as
demais fontes, como pode ser observado no Gráfico 1, as doações e mensalidades são as
as fontes de receitas mais citadas e se distanciam em muito das demais, como recursos
oriundos de empresas, das entidades governamentais, das organizações religiosas
e provenientes de produtos e serviços4. A diferença entre doações e mensalidades
e as demais fontes aumentou em 2022; porém, no que tange apenas às doações, e
levando em conta a margem de erro, representada pelas barras de erro no topo das
barras principais, ela é praticamente inexistente. Por exemplo, teria valor máximo
de 25,8% em 2012 e 25,9% em 2016, e valor mínimo de 26,1% em 2022 (Núcleo
de Informação e Coordenação do Ponto BR [NIC.br], 2023). Portanto, mesmo
considerando as mudanças impostas pela pandemia COVID-19 e diante da queda
de recursos públicos, não é possível observar o ganho de importância das doações
individuais em comparação ao das mensalidades.

4
No Gráfico 1, foram incluídas apenas as principais fontes. No entanto, as categorias originais são as seguintes: “Governos
de outros países”, “Organismos internacionais”, “Doações voluntárias de pessoas físicas”, “Venda de produtos/serviços”,
“Contribuições sindicais”, “Mensalidades e anuidades pagas pelos associados”, “Órgãos governamentais federais”, “Órgãos
governamentais estaduais”, “Órgãos governamentais municipais”, “Empresas privadas”, “Outras organizações sem fins
lucrativos”, “Igrejas ou organizações religiosas”, “Empresas públicas ou mistas” e “Outros”.

131
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 1

ORGANIZAÇÕES, POR PRINCIPAL FONTE DE RECURSOS (2012-2022)


Total das organizações (%)
100%

80%

60%

40%

20%

0%
2012 2016 2022

Empresas Religiosas Serviços/produtos Estadual


Federal Municipal Doações Mensalidades
FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM BASE EM NIC.BR (2023).

Pode-se debater se esta é uma questão mais relacionada à oferta ou demanda. Por
um lado, pode existir pouca oferta de doação, com poucos indivíduos doando ou
propensos a doar; por outro, existe uma possibilidade de que haja pouca demanda
de doação, com as organizações sem interesse em recorrer à captação de recursos
ou fazendo-o de forma inadequada. Na pesquisa Doação Brasil (Idis, 2021), 40% da
população informou ter feito pelo menos uma doação às Osfil em 2020. Mesmo
que consideremos apenas a população economicamente ativa do país (Secretaria de
Política Econômica [SPE], 2022), ainda assim seriam mais de 50 milhões de doadores.
Para entender esse assunto em maior profundidade, a dinâmica das doações foi
observada entre 2012 e 2022, tendo em conta as características das organizações,
como localização (regiões), tamanho e área de atuação. Para tanto, utilizaram-se duas
questões da pesquisa: a que estudou a proporção de organizações que recebem doações
voluntárias de pessoas físicas, entre outras fontes, e a que apresentou a proporção das
organizações que têm as doações como a principal fonte de receita (NIC.br, 2023).
No Gráfico 2, que apresenta o resultado das duas questões segmentado por país e
por regiões, pode-se verificar um leve aumento da proporção nacional de organizações
que passaram a receber doações a partir de 2022: de 52% para 63% (NIC.br, 2023).
A margem de erro fica restrita a três pontos percentuais de crescimento real. No
entanto, não é possível falar em diferenças regionais com os dados disponíveis.

132
A RT I G O S

O mesmo pode-se dizer para as organizações que contam com esse tipo de doação
como principal fonte de recurso. Entre 2012 e 20165, os números foram praticamente
idênticos, como já apontamos no Gráfico 1, sem que seja possível identificar uma
diferença regional significativa entre as organizações.

GRÁFICO 2

ORGANIZAÇÕES QUE RECEBEM DOAÇÕES INDIVIDUAIS, POR REGIÃO (2012-2022)


Total das organizações (%)
Doações individuais Doações individuais como principal fonte de recursos
100% 100%

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
2012 2014 2016 2022 2012 2016 2022

Brasil Centro-Oeste Norte


Nordeste Sul Sudeste

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM BASE EM NIC.BR (2023).

Para a análise da dinâmica das doações de acordo com o porte das organizações, o
número de funcionários foi utilizado como proxy e as organizações foram divididas
em três categorias: a) sem funcionários remunerados, b) com 1 a 9 funcionários
remunerados, e c) com mais de 10 funcionários remunerados.
O Gráfico 3 indica que, a partir de 2022, aumentou o número de organizações de
maior porte que receberam doações individuais, uma vez que esse número era de
40% em 2012 e foi para 62% em 2022. Apesar dessa variação, são as instituições de
menor porte que contam com maior proporção de doações como fonte de recursos.
No entanto, não é possível afirmar que a importância dessa fonte tenha variado ao
longo dos últimos dez anos (NIC.br, 2023).

5
Essa pergunta não consta da pesquisa de 2014.

133
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 3

ORGANIZAÇÕES QUE RECEBEM DOAÇÕES INDIVIDUAIS, POR PORTE (2012-2022)


Total das organizações (%)
Doações individuais Doações individuais como principal fonte de recursos
100% 100%

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
2012 2014 2016 2022 2012 2016 2022

0 1-9 +10

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM BASE EM NIC.BR (2023).

Apesar disso, as Osfil das áreas religiosa, de saúde e assistência social e de habitação
e meio ambiente se destacam das demais, como observado no Gráfico 4. Além disso,
quando olhamos para as organizações que têm as doações individuais como principal
fonte de recurso, as que atuam na área religiosa e aquelas da habitação e meio ambiente
são as que se sobressaem.
De forma geral, a análise mostra uma baixa variação ao longo dos últimos dez anos.
Primeiro, é necessário salientar que, nas diferentes edições, as áreas foram categorizadas
de diferentes formas. Em 2012, eram cinco as áreas de atuação mencionadas e, nesta
última edição, são oito: “associações patronais e profissionais”, “cultura e recreação”,
“educação e pesquisa”, “desenvolvimento e defesa de direitos”, “religião”, “saúde e
assistência social”, “habitação e meio ambiente” e “outros”.

134
A RT I G O S

GRÁFICO 4

ORGANIZAÇÕES QUE RECEBEM DOAÇÕES INDIVIDUAIS, POR ÁREA DE ATUAÇÃO


(2012-2022)
Total das organizações (%)
Doações individuais Doações individuais como principal fonte de recursos
100% 100%

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
2012 2014 2016 2022 2012 2016 2022

Associações patronais e profissionais Cultura e recreação Desenvolvimento e defesa de direitos Educação e pesquisa
Habitação e meio ambiente Outros Religião Saúde e assistência social

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM BASE EM NIC.BR (2023).

Uma das questões que chamam a atenção quando refletimos sobre a busca por
doações individuais é o baixo uso da tecnologia por parte das Osfil, mais especificamente
da Internet.
Apesar disso, pode-se constar efetivamente um aumento de captação por meio
digital, quando comparamos os anos de 2016 e 20226. O Gráfico 5 mostra que, em
2016, 5% das organizações receberam doações pela Internet, enquanto esse número
passou para 22% em 2022. No entanto, observou-se uma baixa institucionalização
da prática, com pouco uso de campanhas de financiamento coletivo (crowdfunding) e
da página das próprias organizações na Internet (website).

6
A pergunta foi apresentada apenas nas pesquisas realizadas nos anos identificados no Gráfico 5.

135
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

GRÁFICO 5

ORGANIZAÇÕES QUE RECEBEM DOAÇÕES PELA INTERNET, POR CANAL DE CAPTAÇÃO


(2016-2022)
Total das organizações (%)
100%

80%

60%

40%

20%

0%
2016 2022

Crowdfunding Redes sociais Site próprio Total

FONTE: ELABORADO PELOS AUTORES COM BASE EM NIC.BR (2023).

Conclusão
Embora seja importante estudar e entender a questão das doações como fonte de
receita das organizações sem fins lucrativos, no Brasil, o tema ainda recebe pouca
atenção científica. São raros estudos como a pesquisa TIC Organizações Sem Fins
Lucrativos, que nos permite um olhar atento sobre o assunto. A edição de 2022 tem o
mérito de dar continuidade às versões anteriores e consolida uma série histórica sobre
as principais fontes de receita das Osfil brasileiras e como estas utilizam tecnologia
para a captação de recursos.
Ainda que a variação da doação individual como fonte de recursos tenha sido
pequena nos resultados de 2022, conforme apresentamos na análise, é importante
notar que ela se consolidou como a mais comum fonte no setor, ultrapassando, na
proporção, a relevância das taxas associativas. Ademais, e à exceção das doações e das
taxas associativas, nenhuma outra fonte de recursos pesquisada é comum a mais de
10% das instituições brasileiras, reforçando a relevância dessas duas fontes.
Na análise, observa-se também que o perfil das organizações pouco influencia o
peso que a doação tem como fonte de receita. Independentemente do tamanho das
organizações, de sua localização no Brasil ou de sua área de atuação, a doação aparece
na mesma proporção para todas elas. Isso pode nos levar a inferir que, de forma geral,
todo o setor de organizações sem fins lucrativos já esteja efetivamente priorizando a
doação como fonte de receitas, sem distinção de perfil.

136
A RT I G O S

Caso essa realidade se altere positivamente nas próximas edições da pesquisa, a


tendência é que as doações individuais passem a ter relevância ainda maior para as
instituições sem fins lucrativos brasileiras. Um ponto interessante a se estudar no
futuro, que a pesquisa não consegue captar, é que o tipo de doação recebido pelas
Osfil pode variar, bem como o volume, o que nos permitiria uma compreensão ainda
mais abrangente do tema.
Outra consideração importante é que, dado o peso que os canais digitais têm na
captação de recursos nas organizações, eles ainda são bem pouco utilizados, conforme
os dados apresentados na pesquisa. Seria esperado, porém, que esse resultado
fosse diferente, considerando que o Brasil passou nos últimos anos pela pandemia
COVID-19, que teve como resultado indireto o aumento expressivo da conectividade
entre pessoas e corporações. Talvez esse avanço não tenha sido refletido na realidade
das Osfil, no que diz respeito à captação de recursos, por mais que as técnicas digitais
estejam amplamente disponíveis no momento.
Por fim, mesmo que não seja essa a intenção primordial da pesquisa TIC Organizações
Sem Fins Lucrativos, ela permite avanços no estudo das doações filantrópicas no
Brasil. Essa compreensão é fundamental para que o próprio setor possa desenvolver
estratégias e práticas que alavanquem ainda mais as doações, tornando as organizações
cada vez mais independentes por meio da contribuição financeira das pessoas que
nelas acreditam.

137
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022

Referências
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2012. https://cetic.br/pt/publicacao/pesquisa- entre a administração pública e as organizações
sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao- da sociedade civil, em regime de mútua
e-comunicacao-nas-organizacoes-sem-fins- cooperação, para a consecução de finalidades
lucrativos-brasileiras-tic-organizacoes-sem- de interesse público e recíproco, mediante
fins-lucrativos-2012/ a execução de atividades ou de projetos
previamente estabelecidos em planos de
Comitê Gestor da Internet no Brasil. (2015). trabalho inseridos em termos de colaboração,
Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação em termos de fomento ou em acordos de
e comunicação nas organizações sem fins lucrativos cooperação; define diretrizes para a política
brasileiras: TIC Organizações Sem Fins Lucrativos de fomento, de colaboração e de cooperação
2014. https://cetic.br/pt/publicacao/pesquisa- com organizações da sociedade civil; e altera as
sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao- Leis n°s 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790,
e-comunicacao-nas-organizacoes-sem-fins- de 23 de março de 1999. http://www.planalto.
lucrativos-brasileiras-tic-osfil-2014/ gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/
L13019compilado.htm
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Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto
e comunicação nas organizações sem fins lucrativos BR. (2023). Pesquisa sobre o uso das tecnologias
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e-comunicacao-nas-organizacoes-sem-fins- pt/pesquisa/osfil/indicadores/
lucrativos-brasileiras-tic-osfil-2016/

138
A RT I G O S

Pratt, J., & Aanestad, K. (2020). An NPQ


exclusive: The 2020 map of the nonprofit
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nonprofitquarterly.org/infographics/npqs-
illustrated-nonprofit-economy/

Salla, A. L. M., Sanches, M. B. B., & Salinas, N.


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individual no Brasil. Gife; FGV-SP; FGV-
RJ. https://sinapse.gife.org.br/download/
incentivos-regulatorios-a-filantropia-
individual-no-brasil

Secretaria de Política Econômica. (2022).


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua: Pnadc. https://www.gov.br/
fazenda/pt-br/centrais-de-conteudos/
publicacoes/conjuntura-economica/emprego-
e-renda/2022/informativo-pnad-jan2022.html

Vergueiro, J. P. A., & Rodríguez, M. E. (2015).


São os indivíduos. In Comitê Gestor da Internet
no Brasil. Pesquisa sobre o uso das tecnologias
de informação e comunicação nas organizações
sem fins lucrativos brasileiras: TIC Organizações
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https://cetic.br/pt/publicacao/pesquisa-
sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-
e-comunicacao-nas-organizacoes-sem-fins-
lucrativos-brasileiras-tic-osfil-2014/

139
ENGLISH
Foreword

I
n September 2022, the Brazilian Network Information Center (NIC.br) celebrated
the outstanding mark of 5 million names registered under the .br domain1. If
we consider the countries that are members of the Organisation for Economic
Co-operation and Development (OECD) and the G20, .br occupies the fifth
position among the country code Top-Level Domains (ccTLD).
In 2022, the .br domain also registered the milestone of more than 1.5 million
domains protected by Domain Name System Security Extensions (DNSSEC),
which ensures that the contents of the Domain Name System (DNS) are properly
validated. This technology prevents attacks on the system and ensures the reliable
origin of domain resolution.
The NIC.br action model is considered to be an international benchmark in
technical and operational areas regarding Internet governance. This model allows the
revenue from the registration of domains to be reverted to additional projects, which
contribute to the strengthening of the Internet in the country. Among the activities
conducted by NIC.br, the following stand out: the implementation and operation
of Internet exchange points (IX.br), a direct metropolitan interconnection between
networks that make up the Brazilian Internet; the measurement of broadband quality
by systems developed internally and made available to all; and the handling of network
security incidents and actions for the dissemination of good practices on the Web.
NIC.br also offers regular training courses and events for representatives of the
public and private sectors, sustainably expanding knowledge among relevant actors
for Internet governance.2
The responsibilities of NIC.br also include the production and dissemination of
reliable and representative statistical data on access to and use of digital technologies
in the various segments of society. This activity is carried out by the Regional Center
for Studies on the Development of the Information Society (Cetic.br)3, which conducts
regular and reliable sector surveys and studies. The work carried out by Cetic.br|NIC.br

1
For more information, see the news story NIC.br passes the mark of five million registered domains. https://nic.br/noticia/
releases/nic-br-passa-a-marca-de-cinco-milhoes-de-dominios-registrados/
2
For more information, see: https://nic.br/atividades/
3
For more information, see: https://cetic.br/
143
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

has gained national and international prominence due to the quality and innovative
methods used for producing statistical data on information and communication
technologies (ICT).
Since the publication of the first edition of the ICT Households and ICT Enterprises
surveys, in 20054, Cetic.br|NIC.br has carried out more than 18 years of ongoing work
in the production of statistical data, based on rigorous and internationally comparable
methodologies. This experience makes it a world reference center dedicated to
measuring the opportunities and challenges related to the use of digital technologies
by society. The indicators produced by Cetic.br|NIC.br have generated an important
historical series of data that allows the monitoring of changes in Internet supply and
demand in the country, facilitating the monitoring of advances in digital inclusion
policies in the last two decades.
Through the constant updating of its projects and the implementation of
methodological innovations, the studies and surveys conducted by Cetic.br|NIC.br
also allow the monitoring of emerging themes and new trends observed in the sector.
At a time of rapid spread of disruptive technologies – such as the growth in the use
of systems based on Artificial Intelligence (AI) in many sectors of society and the
expansion of the digital economy increasingly based on data storage, processing, and
flow –, the studies conducted by Cetic.br|NIC.br have become important sources of
reference and a basis for qualified discussions on the impacts of these trends on society.
These studies are also in line with essential guidelines for sustainable social
development. This includes the promotion of education, well-being and health care,
accessibility and diversity, culture, democratic and participatory access to government
services, digital security, and attention to privacy and other rights, in both online
and offline spaces.
The indicators produced by Cetic.br|NIC.br generate input so that public managers
can develop more effective actions in expanding the population’s access to and use
of technologies. Additionally, these indicators are essential for researchers and
international and civil society organizations in assessing the implications of ICT in
various social groups and contexts.
With this publication in hand, readers will join the hundreds of experts, entities,
institutions, and organizations that make up the network of those who support the
actions carried out by NIC.br. This edition, whether in print or on the screen of a
digital device, is the materialization of the endeavor undertaken by Cetic.br|NIC.br
teams and its wide collaboration network to distribute another set of updated data
and thus continue contributing to the evolution of the Internet in Brazil.
Enjoy your reading!

Demi Getschko
Brazilian Network Information Center – NIC.br

4
For more information, see the publication Survey on the Use of Information and Communication Technologies in Brazil 2005
- ICT Households and ICT Enterprises. https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-2005.pdf

144
Presentation

I
n December 2019, the Brazilian Network Information Center (NIC.br) and
the Brazilian Internet Steering Committee (CGI.br) – in partnership with the
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO)
and the Brazilian government, through the Ministry of Foreign Affairs (MRE)
and the Ministry of Science, Technology, Innovations and Communications
(MCTIC) – held the Regional Forum on Artificial Intelligence in Latin America
and the Caribbean. The forum took place at the University of São Paulo (USP)
and its theme was Artificial Intelligence: Towards a Humanistic Approach. It brought
together experts in various fields of knowledge to discuss the opportunities, advances
and critical points related to the increasing dissemination of systems that use Artificial
Intelligence (AI). It is now a little over three years since the forum was held, and
many of the issues discussed have gained more relevance and urgency. They include
algorithmic ethics and the need to better define dimensions such as explainability
and transparency in the development of AI systems and agents.
Recently, the debate about these issues has gained more attention due to the
growing dissemination of the use of systems based on generative AI, such as chatbots,
and their integration into applications, platforms and software commonly used by
the population, such as: email servers; Internet search systems; platforms for sharing
digital content; and spreadsheet and word processing software, among others.
The development of AI is occurring at an accelerated pace. In late 2022, the company
OpenAI announced the launch of ChatGPT-3, one of the leading AI-based services
on the market. Within a few months, this service had been accessed by millions of
users. Just over three months later, in March 2023, the company announced a new
version of ChatGPT, with enhancements that gave the system’s responses greater
accuracy, making it even more difficult to differentiate text produced by an AI agent
from text produced by humans.
Faced by this the new context, governments and societies must dedicate themselves
to producing solutions that favor innovation, while mitigating the risks inherent in the
adoption of disruptive technologies. Brazil has taken important steps toward the digital
transformation of society, organizations, and the government, such as the launch of the

147
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Brazilian Digital Transformation Strategy (e-Digital)1 in 2018. In 2021, the Brazilian


Artificial Intelligence Strategy (Ebia)2 was launched, establishing guidelines for the
development of AI in the country, with the aim of driving innovation, productivity,
and the generation of value for society. All these initiatives are strengthened by the
work of CGI.br and NIC.br in Internet governance, and their role is fundamental for
the consolidation of these debates, based on a multisectoral perspective.
It is worth mentioning that in the area of AI governance, Ebia foresees the creation
of an observatory to map the presence and monitor the impacts of these AI systems
in the different sectors of society. The creation of the Brazilian Artificial Intelligence
Observatory (Obia) will rely on the experience of NIC.br and the cooperation of
strategic players, such as the Center for Strategic Studies and Management (CGEE),
the Center for Artificial Intelligence (C4AI) of USP, and the Seade Foundation of the
Government of the state of São Paulo.
Cetic.br, a department of NIC.br, annually produces and publishes updated and
reliable statistical data, analyses, and studies through ICT surveys, providing essential
input to monitor the implementation of digital strategies such as Ebia and e-Digital.
The surveys conducted by Cetic.br|NIC.br are also important for the development
of digital policies in various sectors and for monitoring the progress of digital
technologies in Brazil.
The ICT survey indicators are essential references in fulfilling the Brazilian
government’s goals related to expanding connectivity, inclusion, and digital
education to all regions of the country, as one way to promote equity, universality,
and democratization of the quality of life for the population.

José Gustavo Sampaio Gontijo


Brazilian Internet Steering Committee – CGI.br

1
For more information, see the publication made available by the Ministry of Science, Technology and Innovations (MCTI) at
https://www.gov.br/governodigital/pt-br/estrategia-de-governanca-digital/eDigital.pdf
2
For more information, see the publication made available by the Ministry of Science, Technology and Innovations (MCTI) at
https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/arquivosinteligenciaartificial/ebia-documento_
referencia_4-979_2021.pdf

148
EXECUTIVE
SUMMARY

ICT NONPROFIT
ORGANIZATIONS
SURVEY

2022
E X E C U T I V E S U M M A RY

Executive Summary
ICT Nonprofit Organizations 2022

I
n its fourth edition, the ICT Nonprofit Regarding financial capacities, most
Organizations 2022 survey was carried out organizations relied on voluntary donations by
between February and July 2022, in a context individuals (63%), a proportion that increased
marked by the effects of the COVID-19 by 12 percentage points compared to the 2016
pandemic and the resumption of face-to- edition. In the case of organizations that received
face activities. The survey results allow us to donations from individuals, half received
identify the changes related to information donations occasionally, 46% monthly, and only
and communication technologies (ICT) access, 2% biannually. The proportion of organizations
use, and appropriation in Brazilian nonprofit that relied on monthly or annual fees paid by
organizations influenced by the context of the members was also significant (47%). There was
pandemic, as well as the challenges to access an increase in the proportion of organizations
and use that still persist. The that received funding from
data also reflects the effects of churches and religious
ICT use on the operations of THERE WERE organizations, as well as other
these organizations and the ADVANCES nonprofit organizations. As for
relationship between them and RELATED TO government funding, there was
their target audiences, other a decrease in the proportion
INFRASTRUCTURE,
organizations, key actors, and found in 2022 when compared
BUT THERE ARE
society in general. to the 2016 edition.
STILL CHALLENGES
PROFILE OF ORGANIZATIONS TO MORE ICT INFRASTRUCTURE
Indicators related to the MEANINGFUL The results of the ICT
organizations’ administrative CONNECTIVITY Nonprofit Organizations
capacities show that in 2022 2022 survey point out that
there was an increase in the there were advances related
proportion of organizations with specific to infrastructure, but there are still challenges
areas or departments. An example is that to more meaningful connectivity. The data
80% of organizations had administrative shows a predominance of mobile phone use,
areas or departments, and 68% had finance which imposes barriers to the diversification
or accounting areas or departments. The of the activities carried out. Furthermore,
organizations that presented the highest there were higher proportions of the use of
proportions of all the areas investigated were desktop computers in organizations with
those with 10 or more paid workers and 10 or more paid workers and in those that
those that operated in the area of education operated in the area of education and research
and research. Organizations also hired third- (Chart 1). In addition, among those that used
party services, most notably those related to devices, most were personal and not owned by
finance or accounting (68%) and information the organizations, which was more common
technology or informatics services (31%). In among smaller organizations and those that
addition, organizations in the sector presented worked in development and defense of rights,
a high number of volunteers: 86% had at least and housing and the environment.
one volunteer and more than half had at least Regarding the Internet use, an increase was
ten volunteers (58%). observed since the 2016 edition, although it
151
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

was more present in organizations with 10 or performed activities include those that involve
more paid workers and among those in the searching for information and transactions.
area of education and research (Chart 2). Along There was an increase in some of these activities,
with the growth in Internet use, there was also especially paying taxes and fees online.
expansion in the use of fiber-optic connections. Regarding the type of software, adoption
The survey also shows that most organizations was highest to carry out activities related to
used Wi-Fi, but only 38% finance and accounting and
made it available to the public. storage of digital archives. The
With the greater presence of ONLINE PRESENCE use of customer relationship
fiber-optic connections in VIA WEBSITES management (CRM) software
nonprofit organizations, the was low, as only 12% reported
REMAINED STABLE,
speed of reported connections having used it in the 12
WHILE PRESENCE
was also higher. An example is months before the survey.
that connections with speeds ON ONLINE When it comes to paying for
over 30 up to 100 Mbps were PLATFORMS AND cloud services, only 21% of
used by about half of the SOCIAL NETWORKS organizations paid for file
organizations. INCREASED storage or database in the
cloud, 19% for e-mail in the
ICT USE cloud, 11% for office software
The 2022 edition of the survey shows that in the cloud, and 11% for processing capacity
the online activities carried out at higher in the cloud.
proportions were still those related to
communication, such as sending e-mails or INTERNET PRESENCE
using instant messaging, and searching for The online presence of nonprofit
information. Significant growth between 2016 organizations was still restricted, especially
and 2022 was observed in the use of instant with regard to websites, both their own and
messaging and telephone via the Internet and third-party ones. Online presence via websites
VoIP calls or videoconferences via Internet. remained stable, while presence on online
Regarding fundraising via the Internet, 22% social platforms and networks increased,
of organizations received donations through being Facebook the most commonly used.
the Internet in 2022, a level that increased Larger organizations had a greater presence
substantially compared to the 2016 edition. via websites and social networks than smaller
Regarding online fundraising channels, ones (Chart 3). The indicators related to the
there was an increase between 2016 and 2022 activities carried out by organizations on social
in all investigated channels (social networks networks show that they were similar to the
or platforms where organizations are present, resources available on their websites, and
organization websites, and crowdfunding the most frequent were those related to the
campaigns or websites). However, digital dissemination of information and activities
channels were used at low proportions. (Chart 4).
The results of the survey show that among
organizations that had Internet access, 68% had SURVEY METHODOLOGY AND ACCESS TO DATA
carried out some e-government activity in the 12 The ICT Nonprofit Organizations survey
months prior to the survey. As occurs with other aims to map out the infrastructure, use, and
indicators, the proportions were higher among appropriation of ICT in Brazilian nonprofit
those with 10 or more paid workers and those organizations. In 2022, 1,529 managers of
operating in education and research. The most nonprofit organizations were interviewed,

152
E X E C U T I V E S U M M A RY

CHART 1

ORGANIZATIONS BY DEVICES (2022)


Total number of organizations (%)

100 93 93
91
84 83
80 75 74
70

58
60

40
33

21 22
20

0
Mobile phones Portable computers Desktop computers Tablets

No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid workers

CHART 2

ORGANIZATIONS BY INTERNET USE (2022)


Total number of organizations (%)

100 97 97
92
88 86 87 88
83 84
82 81 80
79 77
80
69 70
66

60

40

20

0
No paid workers

1 to 9 paid workers

10 or more paid workers

Religion

Others
Culture and recreation

Education and research


Employer and professional associations

Development and defense of rights

Health and social assistance

Housing and the environment


Total

North

Northeast

Southeast

South

Center-West

SIZE REGION ACTIVITY

153
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

randomly selected based on the 2020 Organizations 2022 survey, including the tables
Central Register of Enterprises (Cempre) of proportions, total values, and margins of
of the Brazilian Institute of Geography and error, are available on the Cetic.br|NIC.br
Statistics (IBGE). Data collection was carried website (https://cetic.br). The methodological
out between February and July 2022 through and data collection reports can be consulted in
computer-assisted telephone interviews both the printed publication of the survey and
(CATI). The results of the ICT Nonprofit on the website.

22% 11% 6% 4%
of organizations of organizations through the through
received donations received donations organization crowdfunding
via the Internet through platforms or websites campaigns
social networks or websites

Barriers to ICT use


The results show that there are challenges related to ICT infrastructure and information technology
(IT) capacity among Brazilian nonprofit organization. Among the difficulties in computer use, most
reported having limited financial resources to invest in technology. Other difficulties included lack
of adequate devices to access the Internet and lack of digital skills of team members.
The ICT Nonprofit Organizations 2022 survey addressed issues related to compliance with the
Brazilian General Data Protection Law (LGPD) in these organizations. However, the results point out
that this process is still a challenge for organizations. An example is that only 27% of organizations
had offered internal training on privacy and data protection to paid workers and/or volunteers in the
last 12 months. This practice was more common among organizations with 10 or more paid workers
and those in the areas of education and research, and religion. Only 10% reported that they paid for
external courses on the topic for their staff.

76% 60% 51%


of organizations used personal of organizations used desktop of organizations used laptops
mobile phones computers owned by the owned by the organizations
organizations

154
E X E C U T I V E S U M M A RY

CHART 3

ORGANIZATIONS BY WEBSITES AND/OR SOCIAL NETWORKS, BY SIZE AND ACTIVITY (2022)


Total number of organizations (%)

100
89 88
81 81 83
80 76
71 72
62 63 64 64 61
60
53 52
48
40 38
40 36 36 34
29
22
20 16

0
Total

No paid workers

Religion

Others
1 to 9 paid workers

10 or more paid workers

Culture and recreation

Education and research


Employer and professional associations

Development and defense of rights

Health and social assistance

SIZE ACTIVITY Housing and the environment

Websites Social networks

CHART 4

ORGANIZATIONS WITH SOCIAL NETWORK PROFILE OR ACCOUNTS BY ACTIVITIES CARRIED


OUT (2022)
Total number of organizations with Internet access and social network profiles or accounts (%)
100
83 86
82
80 76
73
63
57
60
43
40

20

0
Promoting Posting Replying to Requesting Streaming or Publicizing Posting Posting news
petitions and opinions/ comments and donations real-time video or audio pictures of about themes
awareness or positions of the questions of online recordings activities related to the
mobilization organization on beneficiaries broadcasting of activities carried out organization’s
campaigns themes related or the public of events carried out area of activity
to its area of assisted
activity
SERVICES AND DISSEMINATING
MOBILIZATION INTERACTION FUNDRAISING CONTENT INFORMATION

155
Access complete data from the survey
access
The full publication and survey results are available on the www.cetic.br
Cetic.br website, including the tables of proportions, totals
and margins of error.
NONONONONONONONO

METHODOLOGICAL
REPORT

ICT NONPROFIT
ORGANIZATIONS
SURVEY

2022
Pe s q u i s a T I C C U LT U R A 2 0 2 2 — I C T H e a l t h S u r v e y 2 0 2 2
Methodological Report
ICT Nonprofit Organizations

T
he Brazilian Internet Steering Committee (CGI.br), through the Regional
Center for Studies on the Development of the Information Society (Cetic.br),
a department of the Brazilian Network Information Center (NIC.br),
presents the methodology of the survey on the use of information and
communication technologies (ICT) in Brazilian nonprofit organizations
– ICT Nonprofit Organizations. This survey seeks to broaden the
understanding of the use of ICT in civil society organizations in Brazil,
institutions that are central in promoting sustainable human development.
The survey was developed based on other international and national studies, such
as the Private Foundations and Non-profit Associations in Brazil (Fasfil) and the Handbook
on Non-Profit Institutions in the System of National Accounts. The construction of the
survey also considered other studies on civil society organizations and received the
collaboration of experts on the subject.

Survey objectives
The main objective of the ICT Nonprofit Organizations survey is to produce
indicators and statistics on the incorporation of ICT in civil society organizations, their
use in managing and carrying out activities, and possible benefits for the communities
in which they operate. It also collects data on dimensions related to the administrative
and financial capacities of these organizations. Specifically, it seeks to investigate:
1. ICT infrastructure;
2. use of ICT for managing and carrying out activities;
3. ICT capability and skills;
4. financial and administrative capacities of the organizations.

159
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Concepts and definitions


In order to allow comparative analyses with other countries, the ICT Nonprofit
Organizations survey based its conceptual framework on the Handbook on Non-Profit
Institutions in the System of National Accounts produced by the United Nations Statistics
Division, in conjunction with Johns Hopkins University (JHU), and published in 2002
(United Nations [UN], 2002). The investigation also considered previous experiences
regarding the use of international standards to evaluate the Brazilian scenario, as in
the case of the Fasfil study, conducted by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE) and the Institute for Applied Economic Research (Ipea) in 2016
and published in 2019.

NONPROFIT ORGANIZATIONS
Considering this conceptual framework, the analyzed nonprofit organizations
were defined as:
a. private and, therefore, not integrated with the state apparatus;
b. nonprofit, i.e., organizations that do not distribute potential surpluses
among owners or directors and whose primary motivation for being in
operation is not to generate profit – they might generate it, as long as it
is invested in their core activities;
c. institutionalized, i.e., legally constituted;
d. self-managed or capable of managing their own activities; and
e. voluntary, which means that they can be freely constituted by any
group of people, i.e., the activity of that association or foundation of
the organization is freely decided by partners and founding members
(IBGE, 2019).
The survey’s target population was defined by using the Classification of the
Purposes of Non-Profit Institutions Serving Households (COPNI). This definition
corresponds to the classification adopted in the last Fasfil study, collected by IBGE in
2016. Based on the classification used, some of the COPNI activities were considered
to define the universe of institutions that would be surveyed.
The Table of Legal Nature identifies the legal-institutional constitution of private
and public organizations in the country according to five broad categories: “public
administration,” “business organizations,” “nonprofit organizations,” “individuals and
international organizations,” and “other extraterritorial institutions” (IBGE, 2021).

CORE ACTIVITIES
The classification of organizations by core activity was developed from a set of
activities collected from IBGE’s Fasfil study, as shown in Table 1.

160
M E T H O D O L O G I C A L R E P O RT

TABLE 1

CLASSIFICATION OF ORGANIZATIONS BY CORE ACTIVITY

Core activity COPNI COPNI description


Other health services
Health and social assistance 022 and 050
Social assistance

Culture and art


Culture and recreation 031 and 032
Sport and recreation

Studies and surveys


Education and research 046 and 048
Other forms of education/teaching

Neighborhood associations
Community centers and associations

Development and defense of 091, 092, 093, 094, Rural development


rights 095, and 096 Employment and training
Defense of the rights of groups and minorities
Other forms of development and defense of rights

Religion 060 Religion

Business and employers associations


Employer and professional
073, 074, and 075 Professional associations
associations
Rural producers associations

Housing
Housing and environment 010 and 080
Environment and animal protection

Other private nonprofit institutions not specified


Other 108
above

SIZE
Regarding organization size, the ICT Nonprofit Organizations survey considers
those with no paid workers, those with 1 to 9 paid workers, and those with 10 or
more paid workers. Paid workers are those with or without employment contracts
who are paid regularly for their work.1

1
This sample selection considered the numbers of paid workers according to Cempre, defined by IBGE as those with or
without employment contracts who are remunerated directly by the organization. The number of paid workers includes
salaried employees, freelancers paid directly by the organization, employees and associates, family members, and temporary
workers. Third parties and consultants are not included.

161
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

TARGET POPULATION
The survey’s target population includes all Brazilian nonprofit organizations
registered with IBGE’s Central Register of Enterprises (Cempre) (IBGE, 2022),
classified under the legal natures and COPNI sectors that are relevant to the ICT
Nonprofit Organizations survey.
According to the Table of Legal Nature (IBGE, 2021), organizations with the
following natures were considered in the survey:
• 306-9 – Private foundations;
• 323-9 – Indigenous communities;
• 320-4 – Establishments in Brazil that belong to foreign foundations or
associations;
• 322-0 – Religious organizations;
• 399-9 – Private associations.2
Another important aspect defined by the ICT Nonprofit Organizations survey
was the exclusion of hospitals and formal educational institutions (schools and
universities). This decision mean that a more homogenous group of organizations
is considered, given the specialized activities of these types of institutions. Another
reason for this choice is that Cetic.br|NIC.br already investigates ICT penetration in
healthcare organizations by carrying out its ICT in Health survey, and in public and
private schools through its ICT in Education survey.
Healthcare facilities, classified as “Human healthcare activities,” are not included.
According to the National Classification of Economic Activities (CNAE) 2.0, this division
includes activities carried out in general and specialized hospitals allowing long- or
short-term inpatient admission, psychiatric hospitals, centers for preventive medicine,
medical and dental offices, medical clinics, and other outpatient activities. This division
also includes activities carried out by all professionals involved in health care, health
management support, and integrative and complementary practices for human health.
Organizations dedicated to school education, which, according to the Brazilian
National Education Guideline and Framework Law (LDB), provide Basic Education
and Tertiary Education, are also removed from the universe of the survey. Additionally,
organizations providing vocational training at the technical and technological levels
associated with school education are removed as well. Finally, organizations that
carry out activities to support education, such as school trust funds, school councils,

2
The following legal natures are not considered in the survey:
303-4 – Notary and Registrar Services (Notary Public);
307-7 – Autonomous Social Work;
308-5 – Residential Condominiums;
310-7 – Commissions for Preliminary Conciliation;
311-5 – Entities for Mediation and Arbitration;
313-1 – Labor Union Entities;
321-2 – Foundations or Associations based abroad; and
324-7 – Private Funds.

162
M E T H O D O L O G I C A L R E P O RT

parent-teacher associations, faculty groups, and others, are also removed. According
to the Fasfil study, these types of organizations should not be included because they
are created in response to government demands for fund distribution, and therefore
do not meet with the criterion according to which entities must have been created
voluntarily (IBGE, 2019).
Thus, organizations pertaining to the following CNAE 2.0 classifications are not
considered:
• Section: Q – Human health and social work activities
Division:
86 – Human healthcare activities;
861 – Hospital activities;
862 – Mobile urgency care service and patient transfer;
863 – Ambulatory care activities carried out by physicians and odontologists;
864 – Complementary diagnosis and therapy service activities;
865 – Professional activities in health care, except physicians and odontologists;
866 – Healthcare management support activities;
869 – Previously unspecified human healthcare activities.
• Section: P – Education
Division:
85 – Education
851 – Pre-primary and primary education;
852 – Secondary education;
853 – Higher education;
854 – Technical and vocational secondary education;
855 – Educational support activities.

REFERENCE AND ANALYSIS UNIT


The reference unit is the local unit that, according to the IBGE definition,
corresponds to:

163
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

The address(es) where the company operates, usually defined as establishment(s).


In practice, the definition of the local unit by IBGE’s Central Register of
Enterprises coincides with Public Administration registries, in which each
location where the company operates receives a unique fiscal identification
(National Registry of Legal Entities – CNPJ); however, in isolated cases, more
than one unit may be identified at the same address. (…) Each local unit is
identified with a 14-digit CNPJ number, of which the first eight numbers (root)
identify the enterprise and are shared by all local units; the next four numbers
(suffix) identify the addresses where the enterprises operate; and the last two
numbers are verification digits. (IBGE, 2007, p. 22)

DOMAINS OF INTEREST FOR ANALYSIS AND DISSEMINATION


For the analysis units, the results are presented for the domains defined based on
the variables and levels described below.
• region: Corresponds to the division of Brazil into macro-regions according
to IBGE criteria: North, Northeast, Southeast, South, and Center-West;
• size: Corresponds to the division of nonprofit organizations according to
the number of paid workers: no paid workers, 1 to 9 paid workers, and 10 or
more paid workers;
• core activity: Corresponds to the classification of organizations as social
assistance; neighborhood associations; rural producers associations; employers
and business associations; professional associations; community centers and
associations; culture and art; defense of the rights of groups and minorities;
rural development; employment and training; sports and recreations; studies
and surveys; housing; environment and animal protection; other forms of
development and defense of rights; other forms of education/teaching; other
private nonprofit institutions not specified above; other health services;
and religion.
For the purpose of presentation of the results, some analysis domains were clustered,
based on post-collection sampling errors, into the following groups: employer and
professional associations; culture and recreation; education and research; development
and defense of rights; religion; health and social assistance; housing and environment;
and other.3

3
“Education, leisure and culture” activities, which were aggregated in the 2012 edition of the survey, were divided in 2014
into “education and research” and “culture and recreation.” “Health and social assistance,” which was included in “other” in
2012, was also separated in 2014. There was no change between the 2014 and 2016 editions. Between the 2016 and 2022
editions, the category “labor union associations” was removed from “employer, labor union, and professional associations,”
and “housing and environment” was separated from the category “other.”

164
M E T H O D O L O G I C A L R E P O RT

Data collection instrument


INFORMATION ON THE DATA COLLECTION INSTRUMENT
A structured questionnaire was created for data collection. This questionnaire was
divided into modules related to the survey’s general and specific objectives. For more
information about the survey modules, see the “Data Collection Report.”

Sampling plan
The design considered stratified sampling with simple random selection of
organizations within each stratum.

SURVEY FRAME AND SOURCES OF INFORMATION


IBGE’s Cempre consolidates and maintains updated information about enterprises
and other formal organizations registered in the Federal Revenue Secretariat’s CNPJ,
and local units that responded to IBGE economic surveys and/or are included in
the Ministry of Labor’s Annual Social Information Report (Rais) (IBGE, 2022).
IBGE provides an annual overview of active formal organizations in the country,
emphasizing information on their legal nature, number of employed persons, and
economic activity.
To provide a picture of ICT use in Brazilian nonprofit organizations, considering
the differences between core activities, size, and Brazilian regions, the ICT Nonprofit
Organizations survey uses information from Cempre, which served as a base registry
for sample design and for selecting organizations to be contacted.

SAMPLE SIZE DETERMINATION


The initial sample size designed for the ICT Nonprofit Organizations survey was
approximately 3,500 organizations.

SAMPLE DESIGN CRITERIA


The survey sample is designed using the stratified sampling technique, which aims
at improving the precision of estimates and guaranteeing inclusion of subpopulations
of interest. Stratification occurs in two stages.
The first stage includes the definition of natural strata by correlating the variables
region (North, Northeast, Southeast, South, and Center-West) and core activities,
as described in Table 1. The final strata were defined based on each natural stratum
and considered the division of natural strata by the range of the number of employed

165
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

persons in organizations4. Ranges of employed persons considered were: no employed


persons, 1 to 9 employed persons, and 10 or more employed persons. The range related
to the number of employed persons considers the information provided by Cempre.
Once the variables are defined, the strata allow all regions, core activities, and
ranges of employed persons to be represented in the sample, in addition to enabling
analyses of domains defined by these three variables individually. However, this design
does not allow conclusions about the categories resulting from the crossing between
pairs of variables.

SAMPLE ALLOCATION
The sample of nonprofit organizations was obtained by simple random sampling
without replacement in each final stratum. Therefore, selection probabilities were
equal within each final stratum.
Based on the number of interviews for each natural stratum, interviews were
distributed according to the range of employed persons, i.e., to final strata. The
final sample size for each stratification variable is presented in the survey’s annual
implementation reports.

SAMPLE SELECTION
Within each stratum, organizations underwent simple random selection. The
selection process is defined as demonstrated in Formula 1.
FORMULA 1

N is the total population size


Nh Nh is the population size in stratum h
nh = n ×
N n is the sample size
nh is the sample size within each stratum h

4
Although the domain of interest was “paid workers,” the information used for stratification is employed persons, as
provided by Cempre, and defined as individuals with or without employment contracts who are remunerated directly by the
organizations. The number of employed persons includes salaried employees, freelancers paid directly by the organization,
employers and partners, family members, and temporary workers. Third parties and consultants are not included.

166
M E T H O D O L O G I C A L R E P O RT

Thus, the probability of including sampling unit i for each stratum h is given by
Formula 2.
FORMULA 2

nh
ih
=
Nh

The response rate from the survey’s previous edition is considered and a reserve
sample is randomly selected for each stratum to approximate the final sample to the
initially expected number of organizations. The use of a reserve sample depends on
the controls completed to obtain interviews.

Data collection procedures


DATA COLLECTION METHOD
Organizations were contacted to be interviewed with the structured questionnaire
using the computer-assisted telephone interviewing (CATI) technique. The interviews
to administer the questionnaire had an approximate duration of 41 minutes.
In all organizations surveyed, the aim was to interview the main administrator
(director, president, or executive member of the board), i.e., a person who is familiar
with the organization as a whole, regarding its administrative and financial capacities,
its IT capability, and ICT use and access.

Data processing
WEIGHTING PROCEDURES AND NONRESPONSE CORRECTIONS
Each organization in the sample was associated to a basic sample weight, obtained
by dividing population size by the sample size in the corresponding final stratum, as
demonstrated in Formula 3.
FORMULA 3

wih is the base weight associated with each selected


organization, the inverse probability of selection of a respondent
Nh from organization i in stratum h
wih = nh n h is the sample size of organizations in stratum h
Nh is the total number of organizations in stratum h

167
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

In cases where not every selected organization responded the survey, a nonresponse
correction was employed. The nonresponse correction is given by Formula 4.
FÓRMULA 4

Nh wih* is the adjusted weight of nonresponse of organization i


wih* = wih × in stratum h
∑wih
i

SAMPLING ERRORS
Calculation of sampling error measurements or estimates for indicators of the ICT
Nonprofit Organizations survey takes into consideration the sample plan by strata
employed in the survey.
From estimated variances, we chose to disclose sampling errors expressed by
the margin of error. For purposes of results disclosure, the margins of error were
calculated for a 95% confidence level. This indicates that the results based on this
sample are considered accurate within the interval defined by the margins of error. If
the survey was repeated several times, the interval would include the true population
value in 95% of the cases. Other measures derived from this variability estimate
are commonly presented, such as standard deviation, coefficient of variation, and
confidence interval.
Calculations for the margin of error consider the product of the standard error (the
square root of the variance) by 1.96 (the value of the sample distribution corresponding
to the chosen significance level of 95%). These calculations were carried out for each
variable in the tables, which means that each indicator table has margins of error
related to the estimates presented in each table cell.

Data dissemination
The results of this survey were published according to the following correlated
variables: organization size, geographic region, and core activity.
In some results, rounding caused the sum of the partial categories to exceed 100%
in single-answer questions. The sum of frequencies in multiple-answer questions
usually exceeds 100%.
It is worth mentioning that, in the tables of results, hyphens (–) are used to represent
nonresponse. Furthermore, since the results are presented without decimal places,
cells with zero value mean that there was an answer to the item, but it is explicitly
greater than zero and lower than one.

168
M E T H O D O L O G I C A L R E P O RT

The results of this survey are published online and made available on the website
(https://www.cetic.br/) and on the data visualization portal of Cetic.br|NIC.br
(https://data.cetic.br/). The total and proportion tables and margins of error for
each indicator are available for download in Portuguese, English, and Spanish. More
information about the survey documentation, metadata, and microdata bases is
available on the microdata page of Cetic.br|NIC.br (https://cetic.br/microdados/).

169
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

References
Brazilian Institute of Geography and Statistics.
(2007). Introdução à Classificação Nacional de
Atividades Econômicas – CNAE versão 2.0. http://
www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
classificacoes/cnae2.0/cnae2.0.pdf

Brazilian Institute of Geography and Statistics.


(2019). As fundações privadas e associações sem
fins lucrativos no Brasil: 2016.

Brazilian Institute of Geography and Statistics.


(2021). Tabela de natureza jurídica 2021. https://
concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur-estrutura/
natureza-juridica-2021

Brazilian Institute of Geography and Statistics.


(2022). Estatísticas do Cadastro Central de
Empresas: 2020.

United Nations. (2002). Handbook on non-profit


institutions in the system of national accounts.
Studies in methods. Series F, 91. United Nations,
Department of Economic and Social Affairs,
Statistics Division.

170
DATA COLLECTION
REPORT

ICT NONPROFIT
ORGANIZATIONS
SURVEY

2022
Data Collection Report
ICT Nonprofit Organizations 2022

T
he Brazilian Internet Steering Committee (CGI.br), through the Regional
Center for Studies on the Development of the Information Society (Cetic.br)
and the Brazilian Network Information Center (NIC.br), presents the
“Data Collection Report” of the ICT Nonprofit Organizations 2022 survey.
The objective of this report is to provide information about specific
features of the survey carried out in 2022, including changes made to
data collection instruments, sample allocation, and response rates.
The complete survey methodology, including the objectives, main concepts,
definitions, and characteristics of the sampling plan, is described in the
“Methodological Report”.

Sample allocation
Table 1 presents the sample allocation considered for the survey.

TABLE 1

PLANNED SAMPLE BY REGION, CORE ACTIVITY AND SIZE

Planned sample
North 519

Northeast 605

Region Southeast 1 211

South 606

Center-West 519

CONTINUES „

173
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

„ CONCLUSION

Planned sample
Employer and professional associations 350

Culture and recreation 350

Education and research 350

Development and defense of rights 700


Core activity
Religion 350

Health and social assistance 700

Housing 10

Environment 350

No employed persons 1 298

1 to 2 employed persons 641

Size 3 to 9 employed persons 638

10 to 49 employed persons 466

50 or more employed persons 417

Data collection instruments


COGNITIVE INTERVIEWS
Cognitive interviews were not carried out to support the changes made to the ICT
Nonprofit Organizations 2022 survey.

PRETESTS
The structured questionnaire of the ICT Nonprofit Organizations 2022 survey was
submitted to a pretest, in order to verify the recruitment process for respondents,
the adequacy of the questions, and the application time. Eight pretests were carried
out between February and March 2022, by telephone, with organizations of different
core activities and sizes, distributed across all regions of the country.

CHANGES TO THE DATA COLLECTION INSTRUMENTS


Compared to the questionnaire of the previous edition of the survey, which was
conducted in 2016, new questions were included, and existing questions were changed
or deleted.
In module A of the questionnaire, a change was made in the wording of the
question about the audiences that the organization focuses on, specifying cases in
which the organization does not have a specific target. In this same question, new
174
D ATA C O L L E C T I O N R E P O RT

audiences were also added, including the low-income population and people with
chemical dependency, and the item “other” was replaced by “some other public I
did not mention.” In addition, the question about the organization collaborating
with other organizations underwent a change, and two items were added: “with
other organizations in the same municipality” and “with other organizations in other
municipalities and states.”
In module B, the questions about the use of computers and mobile phones were
changed to a single question about the use of the following devices: desktop computers,
portable computers, tablets, and mobile phones. The question about ownership –
either by the organization or personal – of mobile phones was changed, incorporating
all devices mentioned by the respondents. Some changes were made to the items in
the questions on Internet use, such as the inclusion of “services” in the item “selling
products and services” and the access to government websites, in which the items
“checking the organization’s Social Integration Program/Program of Formation of the
Patrimony of Public Servants (PIS/PASEP) and Social Security Labor Fund (FGTS)”
and “sending reports and documents for rendering of accounts to the government”
were deleted. In addition, the item “setting up government agreements” was replaced
with “participating in calls for proposals to collect government resources.” There was
a change in the items on profiles or accounts on online platforms or social networks.
There was also a change in some items in the question about activities performed on
online social networks and inclusion of new items, such as “posting the organization’s
or third-party publications and studies,” “posting institutional information about
the organization such as contact and address,” “recruiting volunteers,” “streaming
or real-time online broadcasting of events such as sessions, lectures, meetings,”
“publicizing video or audio recordings of activities carried out,” and “posting pictures
of activities carried out.” Similarly, items were included in the question about the
resources made available on their websites, such as “tools for streaming or real-time
online broadcasting of events such as sessions, lectures, meetings,” “videos, audios
or podcasts,” “institutional information about the organization such as contact and
address,” “search engine for the contents of the website,” “link to the organization’s
social network profile,” and “subscription of users to send newsletters.”
In this module, questions were included about: the existence of Wi-Fi and
the provision of free Wi-Fi to the public, use of application to manage customer
information, payment for online advertising, and the provision of an application for
mobile phones or tablets. In addition, questions were removed about the reasons why
the organization did not use computers, the number of paid workers and volunteers
who used computers and the Internet, the reasons why the organization used computers
and mobile phones, the frequency of posting content on online social networks, and
the contribution of computer and Internet use to the organization’s activities.
In module C, the ranges of connection speeds used were changed. Questions about
the type of software used and payment for cloud services were included. Questions
about ownership of computers, number of owned computers, condition (new or used)
of these computers, and introduction of new software were deleted.
Finally, in module D, the question about whether technical support was provided
for the maintenance and repair of the organization’s computers was replaced by

175
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

a question about services such as equipment repair and maintenance, technical


support for internal systems, website development, installation and repair of electrical
infrastructure and networks, and the organization’s social network profiles or accounts
(whether provided by organization’s paid workers or volunteers or an outsourced
service provider). Questions were added about the existence of an area or person
responsible for procedures and policies for collecting, storing and using personal
data or for implementing the guidelines of the Brazilian General Data Protection
Law (LGPD) and the hiring of third-party services, such as consulting or advisory
services, to assist the organization with the topic of privacy, data protection, and
compliance with the LGPD. A question was also added about the resources offered by
the organization’s website, such as the organization’s privacy policy, which provides
information about how personal data is processed by the organization, the name and
contact details of the data protection officer (DPO) or committee in charge of data
protection, information security policies, and the customer service channel for data
subjects to ask questions and exercise their rights under the LGPD. Questions were
included about the provision of internal training and payment for external training
to develop or improve skills in computer and Internet use and knowledge of privacy
and personal data protection. In addition, a question was added about the frequency
of receiving voluntary donations from individuals. Finally, the item “labor union
contributions” was deleted from the question about the origin of resources, due to
the exclusion of labor unions from the sample.

INTERVIEWER TRAINING
The interviews were conducted by a team of trained and supervised interviewers.
They underwent basic research training, organizational training, ongoing improvement
training, and refresher training. They also underwent specific training for the ICT
Nonprofit Organizations 2022 survey, which addressed approaching the selected
respondents, the data collection instrument, and all field procedures and situations.
The data collection team also had access to the survey’s instruction manual, which
contained a description of all the necessary procedures to collect data and details about
the survey objectives and methodology, thus ensuring the work standardization and
quality. Data collection was carried out by 56 interviewers, two supervisors, and
one assistant.

Data collection procedures


DATA COLLECTION METHOD
The organizations were contacted and interviewed with a structured questionnaire,
based on the computer-assisted telephone interviewing (CATI) technique. Interviews
to apply the questionnaire lasted 41 minutes on average.
In all the surveyed organizations, the aim was to interview the main administrator
(director, president, or executive member of the organization board), i.e., a person
who was familiar with the organization as a whole, in terms of administrative and
financial aspects, IT capabilities, and ICT access and use.
176
D ATA C O L L E C T I O N R E P O RT

DATA COLLECTION PERIOD


Data collection for the ICT Nonprofit Organizations 2022 took place between
February and July 2022.

FIELD PROCEDURES AND CONTROLS


Several actions were developed to ensure the greatest standardization possible
in data collection. A system to control field situations was created to allow the
identification and differentiated treatment of some data collection situations, in
addition to controlling the effort expended to complete the interviews. The situations
that took place during the data collection and the number of cases by the end of this
stage are described in Table 2.

TABLE 2

FINAL FIELD SITUATIONS

Final situations Number of cases Rate


Organization not found 667 3%

Ineligible 4 880 23%

Did not answer the survey 7 341 35%

Invalid phone number 3 841 18%

Interview fully completed 1 520 7%

Refused 1 390 7%

Phone number is valid, but the interview


1 362 7%
has not yet been completed

Overall total 21 001 100%

Situations were registered for each call or attempt to contact the organizations,
according to the procedures set out in Table 2. These situations could be followed up
through the detailed history of calls, from weekly controls containing a summary of the
number of organizations by final situation in each stratum. The other weekly controls
contained information about the number of interviews completed and pending per
stratum, as well as the number of contacts available, used, and not yet contacted.
Concurrently with the data collection, a team of researchers was dedicated to the
active search for contacts in cases where it was not possible to contact the organizations
using the telephone numbers on the lists. For this work, we adopted procedures for
searching the Internet and confirming telephone numbers based on information in
the survey frame about the organizations of interest. This stage included actions such
as searches on the organizations’ official websites; searches on other organizations’

177
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

official pages, for those organizations that did not have their own websites; searches
for alternative phone numbers when contacting other organizations; and searches on
social networks such as Facebook, Instagram, and LinkedIn, through the organizations’
names and addresses.

DATA COLLECTION RESULTS


The ICT Nonprofit Organizations 2022 survey attempted to contact 28,283
nonprofit organizations, reaching a response rate of approximately 6%. Therefore,
a total of 1,520 interviews were conducted (Table 3).

TABLE 3

RESPONSE RATES, BY REGION, CORE ACTIVITY, AND SIZE

Response rate
North 5%

Northeast 4%

Region Southeast 6%

South 6%

Center-West 6%

Employer and professional associations 6%

Culture and recreation 5%

Education and research 6%

Development and defense of rights 4%

Core activity Religion 5%

Health and social assistance 7%

Environment 8%

Housing 15%

Other 3%

No employed persons 3%

1 to 2 employed persons 4%
Size
3 to 9 employed persons 8%

10 to 49 employed persons 8%

50 or more employed persons 8%

178
ANALYSIS
OF RESULTS

ICT NONPROFIT
ORGANIZATIONS
SURVEY

2022
Analysis of Results
ICT Nonprofit Organizations 2022

A
fter five years since the last edition, the ICT Nonprofit Organizations
2022 survey was carried out in a context of major changes in the Brazilian
third sector. The approval of the Brazilian Regulatory Framework for
Civil Society Organizations (MROSC), in 2014, represented progress by
regulating the relationship between public authorities and civil society
organizations. This framework helped strengthen and give continuity
to organizations and their actions, including the provision of public
services, especially in social assistance, education, and healthcare policies (Holanda
& Mendonça, 2021).
Even with these advances, nonprofit organizations still face challenges related
to both accountability and transparency of their actions, as well as fundraising and
institutional development capacities, especially due to the weaknesses in administrative
and financial capacities that characterize many of these organizations. Moreover, in
the last two decades, there has been a reduction in international cooperation resources
and, as of 2019, in government resources, especially among those working with rights
advocacy, making it difficult to strengthen the field (Alves & Costa, 2020; Mendonça
et al., 2013).
Since the beginning of 2020, the COVID-19 pandemic has also brought about
important changes. Because of social distancing measures, organizations had to deal
with the closure of their physical spaces and the cessation of on-site activities, which
generated challenges for the continuity of their actions and resulted in a migration of
their operations to the virtual environment. In addition, faced with the emergence
of a health crisis and its consequent social problems – such as increased hunger and
decreased income, especially among the most vulnerable groups – the third sector
began to implement various actions, including the organization and distribution of
food, medicine, personal protection equipment, and personal hygiene materials, the
transfer of income to women with children, and donations of equipment to public
hospitals (Alves & Costa, 2020; Lucca-Silveira et al., 2021).

181
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

In many cases, the use of information and communication technologies (ICT),


particularly websites and social networks, was fundamental to promoting the
mobilization and communication of organizations with society. In some cases,
websites were created to mobilize and organize support for actions to deal with the
pandemic. This was the case, for example, of the Group of Institutes, Foundations and
Enterprises (Gife), on the COVID-19 Emergency platform1, created by the Brazilian
Association of Non-Governmental Organizations (Abong), with the Solidarity
Network2, the Tide Setubal Foundation, and the Benfeitoria Matchfunding Enfrente3
(Alves & Costa, 2020; Lucca-Silveira et al., 2021).
It is important to highlight that ICT had already been pointed out as tools to
promote efficiency gains and improve internal communication and interaction
between nonprofit organizations and other actors, especially public organizations
(Franklin et al., 2022). In addition, digital technologies have also influenced the
creation of new organizational experiences in the country, such as collectives and the
network Rede Nossa São Paulo (Our São Paulo Network) (Gohn et al., 2020; Penteado
et al., 2014; Winkler & Pozzebon, 2011). Furthermore, ICT and, particularly the
Internet, have the potential to expand the realm of action and activism of nonprofit
organizations (Gomes et al., in press), expanding the public sphere (Gripsrud & Moe,
2010). Examples of this include protests and mobilizations in various countries such
as Occupy Wall Street and #MeToo (Castells, 2015; Etter & Albu, 2021; Xiong et al.,
2019), the cycle of protests that took place in 2013 (Gohn et al., 2020) and, more
recently, far-right movements (Cesarino, 2022; Rocha, 2021).
The operation of nonprofit organizations themselves can also be essential to expand
access to ICT and its use based on experiences of digital inclusion (Brazilian Internet
Steering Committee [CGI.br], 2022e). Although there are still few organizations that
are part of community networks, offer Internet access in telecenters, and even provide
free Wi-Fi to the community, this is a central discussion in the Brazilian context, as
shown in the publication Community Networks and the Internet in Brazil: Experiences
and challenges for digital inclusion (CGI.br, 2022e).
The ICT Nonprofit Organizations survey seeks to contribute to this discussion
through the collection of data about the adoption of digital technologies in the
organizational context. It also collects data on how the use of ICT interferes with
the operation of these organizations and the relationship between them and their
public, other organizations, key actors, and society in general.
The survey covers various organizations, including non-governmental organizations
(NGOs), associations, foundations, and religious organizations, allowing the
understanding of the diversity of institutions that make up the third sector and the
differences in their administrative and financial capacities. Furthermore, the analysis
of indicators on access to and use of ICT by nonprofit organizations enables greater
understanding of the relationship between these entities and their performance,

1
For more information, see https://emergenciacovid19.gife.org.br/
2
For more information, see https://www.redesolidaria.org.br/
3
For more information, see https://parcerias.benfeitoria.com/canal/enfrente2020
182
ANALYSIS OF RESULTS

activities, services provided to their target audiences, activism, and mobilization to


guarantee and achieve people’s rights, and operation in the field of public policies,
including their relationship with governments, public service provision, representation
in participatory arenas, and monitoring of government actions.
In 2022, the survey included indicators on the compliance of organizations to
the Brazilian General Data Protection Law (LGPD), the presence of Wi-Fi and
the provision of free Wi-Fi to the public, the frequency with which they received
voluntary donations from individuals, and payment for cloud services, among others,
covered in greater depth in the following sections. The results of the ICT Nonprofit
Organizations survey are divided into the following sections:
• Profile of nonprofit organizations;
• ICT infrastructure;
• ICT use;
• Internet presence;
• Skills, barriers, and motivations;
• Privacy and personal data protection.

Profile of nonprofit organizations


One of the dimensions addressed by the survey refers to the profile of Brazilian
nonprofit organizations, which allows broader understanding of their administrative
and financial capacities and enables an evaluation of how these capacities relate to the
adoption of digital technologies. The 2022 edition of the survey presents indicators
related to their target audiences, scope of action, and employment relationships,
among others.4
According to the survey results, most organizations were founded after the 1990s,
with 25% founded from 1991 to 2000, 23% from 2001 to 2010, and 20% from 2011 to
2021. It is important to point out that the regularization of organizations occurred
mostly after the 1960s but was influenced by changes in regulation over time (Mello
& Pereira, 2022).
Organizations were mostly located in the Southeast region (49%), a result that
corroborates previous surveys, such as the Map of Civil Society Organizations
produced by the Institute for Applied Economic Research (Ipea) (2020), and studies
such as that of Mello and Pereira (2022). The South concentrated 24% of organizations,
the Northeast, 17%, the Center-West, 6%, and the North, 4%.

4
As presented in the “Methodological Report,” the comparisons between the 2022 edition and the previous ones (2014
and 2016) should take into account that unions were excluded, in accordance with the Private Foundations and Non-
profit Associations in Brazil (Fasfil) survey, whose data were collected in 2016, when they adopted the Classification of the
Purposes of Non-profit Institutions Serving Households (COPNI). Still in this edition, organizations working in the areas of
housing and the environment were grouped into a new category, while in the 2014 and 2016 editions, these organizations
were included in the “others” category. Finally, it is important to consider that there were six years between the 2016 and
2022 editions, longer than the two years between the 2014 and 2016 editions.
183
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Regarding the organizations’ areas of operation, those that worked in the areas of
social assistance, culture, education, and religion predominated. A smaller proportion
of organizations worked in business or professional activities, in the areas of drugs,
housing and urbanism, digital inclusion, agrarian issues and agriculture, and public
security. Regarding the target audiences, the most cited were children, adolescents, and
young people, followed by low-income populations, women, and the elderly (Chart 1).

CHART 1

ORGANIZATIONS BY TARGET AUDIENCE (2022)


Total number of organizations (%)

Children and youths 57

Low-income population 54

Women 48

Older persons 42

Persons with disabilities 34

Black people and Afro-descendants 31

Population living with illness 29

Homeless population 26

Chemical dependents 21

Workers from a specific professional category 19

Lesbians, gays, bisexuals and transgenders 19

Indigenous peoples or quilombolas 17

Animal protection 12

No public in particular 36

0 20 40 60 80 100

Brazilian nonprofit organizations mostly operated locally. More than half operated
within a single municipality or community, as shown in Chart 2. A smaller set of
organizations acted regionally, nationally, and internationally. Nevertheless, compared
to 2016, there was a decrease in the proportion of organizations that worked in their
communities and an increase in those that worked in more than one municipality.

184
ANALYSIS OF RESULTS

CHART 2

ORGANIZATIONS BY SCOPE OF OPERATION (2016-2022)


Total number of organizations (%)

International 4
4

National 9
8
4
In more than one state
1
7
State 10
17
In more than one municipality in the same state 10
45
Municipal 46
12
In the community 19

0 20 40 60 80 100

2022 2016

In 2022, the survey started investigating collaboration between nonprofit


organizations. Collaboration with other organizations in the same municipality
(69%) and in other municipalities and states (55%) was more common than with
those outside Brazil (19%).
Indicators related to organizations’ administrative capacity show an increase in
the proportion of organizations with specific areas or departments (Chart 3). This
growth suggests that there has been a strengthening of their capacities and/or the
most fragile organizations were closed down. On this topic, Mello and Pereira (2022)
indicates that about one-third of organizations had to end their activities, with most
of these (93%) occurring after the 2000s and half referring to organizations that work
in the area of development and defense of rights.
Despite this increase, there were variations in the proportions observed in
different areas or departments: 68% of the organizations had areas or departments
dedicated to finance or accounting, 41% to fundraising, 39% to human resources,
32% to institutional communication or media management, and 31% to information
technology (IT) or informatics, although 80% had administrative areas or departments.
Organizations with 10 or more paid workers and those working in education and
research were the most present in all of the investigated areas, as shown in Chart 3.

185
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 3

ORGANIZATIONS BY PRESENCE OF AREAS/ DEPARTMENTS (2016-2022)


Total number of organizations with one or more paid workers (%)

100
92
87

80 78
75
74 74
68
63 63 62 64
60

46 47 48
44 42 42
39 40
40 37
33 33 33 32 30 29
26 27 26
22 24 20
20 19
12 10 11

0
2022 2016 2022 2016 2022 2016 2022 2016 2022 2016 2022 2016
ADMINISTRATIVE FINANCE OR FUNDRAISING HUMAN INSTITUTIONAL INFORMATION
ACCOUNTING RESOURCES COMMUNICATION /MEDIA TECHNOLOGY
MANAGEMENT

No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid workers

The survey also investigated the hiring of third-party services to manage some of
the organizations’ activities. In 2022, 68% hired finance or accounting services, 31%,
IT or informatics, 22%, administrative, 16%, institutional communication or media
management, 15%, human resources, and 13%, fundraising services.
Still regarding organizations’ administrative capacity, in 2022, 21% had 1 or 2 paid
workers, 18% from 3 to 9, and 22% had 10 or more paid workers. Moreover, 38% had
no paid workers, a situation that was more frequent in organizations that worked in
the areas of culture and recreation (41%), development and defense of rights (64%),
religion (39%), and housing and the environment (49%). Among those who had paid
workers, 27% had 10 or more paid workers under the Brazilian consolidation of labor
laws (CLT) system, but 22% did not have any workers under the CLT system. This type
of employment relationship prevailed in larger organizations: 80% of organizations
with 10 or more paid workers had at least 10 workers under the CLT system.
Organizations in the sector continued to rely on a high number of volunteers. The
survey showed that 86% of organizations had at least 1 volunteer and that more than
half had 10 or more volunteers (58%). There was a greater presence of volunteers in
smaller organizations: 71% of organizations without paid workers and 54% of those
with 1 to 9 paid workers had 10 or more volunteers. Organizations working in the
areas of development and defense of rights, religion, and housing and the environment
also had a higher proportion of volunteers.
The 2022 edition included questions about the specific training of the responding
managers. The results show that in 36% of the cases, the respondents were trained in the
management of third-sector organizations, while 24% had training in the use of technologies.
In terms of organizations’ financial capacity, the ICT Nonprofit Organizations
186 survey provides indicators of the funding sources that organizations used in the
ANALYSIS OF RESULTS

12 months prior to the survey. In 2022, most organizations received voluntary


donations by individuals (63%), a proportion that increased by 12 percentage points
compared to the 2016 edition. This is related to the suggestion by Vergueiro and
Estraviz (2015) that Brazil has a donation culture, although it is difficult to measure
its importance in terms of amounts and frequency (Reinach, 2013).
The proportion of organizations that depended on monthly or annual fee paid by
members was also frequent (47%). The following sources of funds were less common:
churches or religious organizations (27%), selling of products/services (24%),
private companies (22%), local government organizations (19%), other nonprofit
organizations (15%), state government organizations (13%), and federal government
organizations (10%) (Chart 4).
It is noteworthy that there was an increase in the proportions of organizations that
received funds from churches and religious organizations (from 18% in 2016 to 27% in
2022) and from other nonprofit organizations (from 10% in 2016 to 15% in 2022). In
turn, regarding government funding, in 2022, 24% of organizations received this type
of resource, a proportion that decreased compared to 2016, when 32% of organizations
reported that they received funding from any of the three levels of government. Part
of this reduction can be explained by the decrease in the proportion of organizations
that received funding from federal organizations (from 15% in 2016 to 10% in 2022).

CHART 4

ORGANIZATIONS BY SOURCES OF FUNDING (2016-2022)


Total number of organizations (%)
63
Voluntary donations by individuals
52

47
Monthly or annual fee paid by members
51

27
Churches or religious organizations
18

24
Selling of products/ services
20

22
Private companies
17

19
Local government organizations
21

15
Other nonprofit organizations
10

13
State government organizations
15

10
Federal government organizations
15

2
Public or mixed-capital companies
2

2
International organizations
1

1
Foreign governments
1

21
Others
14

0 20 40 60 80 100

2022 2016
187
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Seeking to deepen the understanding of fundraising, the survey collected data on the
periodicity of donations from individuals. Donations can include regular small donors,
such as individuals who donate small amounts monthly, through digital channels,
telemarketing, mass mailing, and street fundraising, among others, medium donors, and
high-earning donors who donate periodically or occasionally (Abdal et al., 2019). In the
case of organizations that received donations from individuals, half (50%) received them
occasionally, 46% monthly, and only 2% biannually. Occasional donations were more
common in larger organizations with 10 or more paid workers (65%). Monthly donations,
which are essential to ensure continuous resources and the planning and execution of the
organizations’ activities over time, were more common in smaller organizations with no
paid workers or with 1 to 9 paid workers (50% and 47%, respectively).

ICT infrastructure
A central dimension for access to and use of technologies refers to the ICT infrastructure
in organizations, which includes the availability of adequate devices and the quality of
the different forms of connection. The expansion of the Internet infrastructure in the
country has been central to the expansion of access to and use of digital technologies by
civil society (Franklin et al., 2022). The ICT Nonprofit Organizations 2022 survey shows,
however, that there were still challenges for organizations to achieve more meaningful
connectivity5. The data pointed to a predominance of mobile phone use, which imposes
barriers to the diversification of the activities carried out. In 2022, the use of mobile
phones reached 89% of organizations, followed by portable computers (74%), desktop
computers (70%), and tablets (23%). Desktop computers were more present in larger
organizations (with 10 or more paid workers) and in those that operated in the field of
education and research (Chart 5).

CHART 5

ORGANIZATIONS BY DEVICES (2022)


Total number of organizations (%)
100 93 93
91
84 83
80 75 74
70

58
60

40
33

21 22
20

0
Mobile phones Portable computers Desktop computers Tablets

No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid workers

5
According to the Alliance for Affordable Internet (A4AI) (2021), meaningful connectivity includes access to a stable Internet
188 connection that can be used regularly, at appropriate speeds, with unlimited broadband connection, and adequate devices.
ANALYSIS OF RESULTS

Chart 6 shows that nonprofit organizations used both computers (desktop computers,
portable computers, and tablets) and mobile phones. Only 5% of organizations exclusively
used computers, and only 6% exclusively used mobile phones, while 82% used both.
However, among those that used devices, in most cases they were personal and not
owned by the organizations. In the case of mobile phones, in 76% of organizations the
devices were personal, and only in 35% they were owned by the organization. In the
case of desktop computers and portable computers, the situation was inverted: 60% of
organizations owned desktop computers and 32% used personal desktops; furthermore,
51% owned the portable computers used and 43% used personal ones.
As in the indicator for the presence of computers, the organizations that presented
higher proportions of having their own devices were the larger ones (with 10 or
more paid workers) and those that worked in education and research. The lowest
proportions were observed among smaller organizations and those that worked in
development and defense of rights, and housing and the environment.
Regarding Internet use, an increase was observed since the last edition of the
survey, from 71% in 2016 to 82% in 2022. This increase was observed mainly among
organizations with no paid workers or with 1 to 9 paid workers and in those located
in the Northeast and South regions of the country. However, the use of the Internet
was still more present in organizations with 10 or more paid workers and among
those operating in the area of education and research (Chart 6).

CHART 6

ORGANIZATIONS BY INTERNET USE (2022)


Total number of organizations (%)

100 97 97
92
88 86 87 88
83 84
82 81 80
79 77
80
69 70
66

60

40

20

0
No paid workers

1 to 9 paid workers

10 or more paid workers

Religion

Others
Culture and recreation

Education and research

Housing and the environment


Employer and professional associations

Development and defense of rights

Health and social assistance


Total

North

Northeast

Southeast

South

Center-West

SIZE REGION ACTIVITY


189
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Although most organizations had Wi-Fi (70%), only 38% made it available to the
public, a service that could indicate the presence of digital inclusion strategies used
especially by organizations that work with more vulnerable groups, which historically
face greater barriers to access (CGI.br, 2022e). Regarding both indicators, higher
proportions were also found in larger organizations (with 10 or more paid workers)
and among those operating in the area of education and research.
Along with the growth in Internet use, there was also expansion in the use of fiber-
optic connections. In 2016, only 30% of organizations used this type of connection,
while in 2022 it became the most used (81%). In a less pronounced way, the proportion
of organizations that used connection via 3G or 4G modems increased significantly,
from 32% in 2016 to 47% in 2022. Cable connection, which was mentioned by 42%
of organizations in 2016, was used by 32% in 2022. The same occurred with DSL
connections, which were used by more than half of organizations (55%) in 2016 and
was used by less than a quarter (21%) in 2022. Radio connection also became less
used, going from 14% to 8% in the same period.
This expansion of fiber optics was the result of the expansion of the supply of
this type of connection by Internet service providers (ISP). According to the ICT
Providers survey, 89% of ISP offered fiber-optic connections to their customers in
2020 (CGI.br, 2021). This expansion also occurred in other organizations, such as
enterprises, of which 87% used this type of connection (CGI.br, 2022a), and local
government organizations, with 94% (CGI.br, 2022b).
With the greater presence of fiber-optic connections in nonprofit organizations,
the speed of reported connections was also higher. Connections with speeds over 30
Mbps up to 100 Mbps were used by about half of organizations (51%) and connections
over 10 Mbps up to 30 Mbps by 13% in 2022, while in 2016 the most mentioned speed
ranges were over 1 Mbps up to 5 Mbps (24%) and over 5 Mbps up to 10 Mbps (23%).
Among those that did not use the Internet in the 12 months prior to the survey,
the most common reason was the high cost of connection (69%), followed by the
organization not needing to use the Internet (62%), cost-benefit of using the Internet
was not worth it (58%), the organization having no interest in using the Internet
(50%), lack of access infrastructure in the region (26%), concern about security or
privacy (20%), and lack of skills among the team to use the Internet (17%). It is
noteworthy that lack of Internet access infrastructure was most cited by organizations
in the North, Northeast, and Center-West regions.

ICT use
The ICT Nonprofit Organizations survey also covers several indicators that promote
an understanding of how these technologies are used in organizations based on data
about activities carried out online, the use of e-government tools, and the adoption of
specific software and systems. Although they do not necessarily occupy a structuring
role in their activities, in recent years there has been a greater incorporation of ICT
in all organizations, with an increase in most activities (Chart 7). The 2022 edition of
the survey shows that the activities carried out on the Internet in greater proportions

190
ANALYSIS OF RESULTS

continued to be sending e-mails (95%), using instant messaging (88%), and searching
for information on products or services (85%). The largest growths between 2016
and 2022 were observed in the use of communication tools such as instant messaging
and telephone via the Internet, VoIP calls, or Internet videoconferences.

CHART 7

ORGANIZATIONS THAT USED THE INTERNET, BY TYPE OF ACTIVITY (2016-2022)


Total number of organizations with Internet access (%)

95
Sending and receiving e-mails 94

88
Using instant messaging 56

85
Searching for information on products or services 76

78
VoIP calls/videoconferences via Internet
24
Making bank payments, transfers 76
and checks via Internet banking 51
Offering services to beneficiaries 76
or the public assisted 50
Providing training and education 66
to people working in the organization 44

62
Seraching for information on government organizations
55

59
Interacting with government organizations
28

Recruiting internal or external staff 47


28
Making financial transactions such as stock 24
market and insurance operations via Internet 13

Selling products or services 23


Selling products 9

0 20 40 60 80 100

2022 2016

Organizations with 10 or more paid workers and those in the area of education and
research were the ones that most carried out all of the online activities investigated
in the survey. An example of this is that while 76% of organizations made bank
payments, transfers, and checks via Internet banking, 87% of organizations with 10
or more paid workers and 84% of those in the area of education and research carried
out this activity.
An important activity for organizations carried out in the virtual environment
refers to fundraising via the Internet, which was especially relevant in the context of
the pandemic (Arnesen & Sivesind, 2021). The survey shows that 22% of organizations
received donations through the Internet in 2022, a level that increased substantially
compared to 2016 (6%) (Chart 8).

191
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 8

ORGANIZATIONS THAT RECEIVE DONATIONS THROUGH THE INTERNET (2016-2022)


Total number of organizations (%)
100

80

60

40 34

22 23
20 18
14
6 4 5

0
Total No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid
workers

2022 2016

Regarding online fundraising channels, there was an increase between 2016 and
2022 in all investigated channels (social networks or platforms where the organizations
were present, organization websites, and crowdfunding campaigns or websites). This
trend has been observed in other contexts, especially during the pandemic (Arnesen
& Sivesind, 2021), given that fundraising strategies in the digital environment have
been used to overcome challenges related to the administrative and financial fragility
of organizations. Such strategies allow cost reductions, reaching larger numbers of
people, and producing greater engagement and involvement of donors, enabling
closer relationships between organizations and donors. Still, they can produce other
positive effects, such as sharing of campaigns and improvement of organizations’
images (Di Lauro et al., 2019). Despite this, the results of the 2022 edition of ICT
Nonprofit Organizations show that digital channels were still used at low proportions.
Only 11% of organizations said they received donations through social networks or
platforms where the organizations were present, 6% through organization websites,
and 4% through crowdfunding campaigns or websites.
Regarding the use of the Internet by organizations to relate to governments, the
survey investigated in greater depth the use that organizations make of services
provided by different government entities on the Internet. The use of e-government
services is related to the various activities and transactions between the public sector
and citizens, private enterprises, and civil society organizations that involve the use
of ICT, especially Internet and web technologies. These activities range from the
most informative, such as the information digitization and information availability
on websites, to more transactional ones, such as the use of social networks and
communication channels, and the provision of services online (Chu et al., 2010).

192
ANALYSIS OF RESULTS

In the case of nonprofit organizations, e-government services are important for


the functioning, mobilization, and operations of organizations. They may include
activities that support their actions, such as registration, payment of taxes and fees,
and access to government resources, in addition to participation in public policy
decisions, control of the use of public resources, and policy monitoring.
The results of the survey show that, among organizations that had Internet access,
68% had carried out some e-government activity in the 12 months prior to the
survey. As occurs with other indicators, the proportions were higher among those
with 10 or more paid workers (92%) and those operating in the area of education
and research (91%).
The most performed activities include both those that involve searching for
information and transactions, the latter being among those that presented higher
proportions by organizations, such as paying taxes and fees online (49%), checking
fiscal status and active debt (37%), and rendering accounts to the government (37%),
for example. There has been growth in some of these activities, especially paying
taxes and fees online, which is related to the greater provision of these services by
government organizations that has been observed in recent years. According to the
ICT Electronic Government survey, in 2021, 63% of local governments generated
tax payment slips or other payment tabs, a proportion that reached only 38% in 2017
(CGI.br, 2018; 2022b).
Despite the growth in these indicators, the results indicated stability in some
activities. This includes: activities related to social control, supervision, and
monitoring of public administration, such as searching for information about
conferences and public hearings (23%), monitoring the execution of government
services (19%), registering for conferences and meetings (19%), and searching for
information on public expenses/government budget (17%). Although almost all of
the local governments published information on their websites regarding public
accounts or accountability (91%), only 39% of municipalities offered online public
consultation tools, and 28% offered online voting tools, according to the ICT
Electronic Government survey (CGI.br, 2022b). There was also no growth in the
organizations’ performance in searching for information on bids to set up government
agreements (27%) and registering for them (23%) (Chart 9).

193
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 9

ORGANIZATIONS BY TYPE OF E-GOVERNMENT SERVICE (2016-2022)


Total number of organizations (%)

49
Paying taxes and fees online 31

Rendering accounts to the goverment 37


29

Checking fiscal status and active debt 37


39

Searching for information about licenses and permits 35

Obtaining licenses and permits 36

35
Searching for information on taxes 37
Searching for information on calls to
26
set up government agreements
Searching for information on calls 27
to collect government resources
Searching for information on conferences 23
and public hearings 25

Submitting calls for setting up government agreements 21

Participating in calls to collect government resources 23

Registering the organization for 19


conferences and public hearings 19

19
Monitoring /supervising the execution of public services
23
Searching for information on public 17
expenses/government budget 21

0 20 40 60 80 100

2022 2016

Regarding the use of ICT to support organization activities, the survey provided
indicators of the type of software used, reasons for using different types of licenses,
and the reasons for using that type of software. Regarding license types, 33% of
organizations that used computers used licensed use software, and 18% developed in-
house applications. The larger the organization, the greater the proportion of those
that used licensed software or developed it in-house, reaching, among organizations
with 10 or more paid workers, 48% and 26%, respectively.
The results also indicated that 33% of organizations used open source software.
Although it was more common among larger organizations, the difference between
them and smaller organizations was not as significant: While 31% of organizations
with no paid workers used open source software, 40% of those with 10 or more
paid workers used it. The main reason reported for its use was that it is free (62%),
especially among those who did not have paid workers (69%). Although the adoption
of open source software is considered important in the field of civil society, because
it allows for greater autonomy for those who use it, in only 8% of organizations the
use of open source software was part of the organization’s principles.

194
ANALYSIS OF RESULTS

Regarding the reason for using software, adoption was highest to carry out activities
related to finance and accounting (37%) and storage of digital archives (37%), followed
by purchases (17%), human resources (16%), government contracts and agreements
(14%), and assets (10%). As occurred in other indicators, higher proportions of use of
software for different purposes were more frequently in the largest organizations than
smaller ones. An example of this is that 36% of organizations with no paid workers
used finance or accounting software, while 51% of organizations with 10 or more
workers reported using it.
The use of customer relationship management (CRM) software, i.e., systems that
can automate contact with beneficiaries, associates or target audiences, was still low,
since only 12% reported using it in the 12 months prior to the survey. As in other
indicators, its use was higher among organizations with 10 or more paid workers (23%)
and those that operated in the area of education and research (23%). It should be noted
that, according to ICT Enterprises 2021 survey, among Brazilian private enterprises,
the use of CRM was more common, reported by 27% in 2021 (CGI.br, 2022a).
When it comes to paying for cloud services, only 21% of organizations paid for file
storage or database in the cloud, 19% for e-mail in the cloud, 11% for office software
in the cloud, and 11% for processing capacity in the cloud. It is noteworthy that these
proportions among nonprofit organizations were low when compared with payment
for these services by Brazilian private enterprises. In 2021, the ICT Enterprises survey
showed that 47% of enterprises paid for e-mail in the cloud, 45% for file storage or
database in the cloud, 39% for processing capacity in the cloud, and 32% for office
software in the cloud (CGI.br, 2022a).

Internet presence
The use of digital technologies also involves online presence via websites and social
networks, which enable the intensification of internal communication (Leonardi et al.,
2013; Ihm & Kim, 2021), in addition to the expansion of the activities and performance
of organizations for the virtual environment (Castells, 2015; Etter & Albu, 2021; Gaby
& Caren, 2012; Gohn et al., 2020; Gomes et al., in press; Lovejoy & Saxton, 2012;
Theocharis et al., 2015; Tremayne, 2014; Vasi & Suh, 2016; Xiong et al., 2019), enabling
the development of new organizational experiences in civil society (Gohn et al., 2020;
Penteado et al., 2014; Winkler & Pozzebon, 2011). In the case of Rede Nossa São Paulo
(Our São Paulo Network), for example, the use of websites, virtual forums, and a digital
observatory support both its internal organization and the dissemination of its actions
and their results, in addition to monitoring of the Programa de Metas (Goals Program)
and Mapa da Desigualdade (Inequality Map) (Winkler & Pozzebon, 2011).
Although there has been great expansion in the number of Internet users in Brazil
in recent years, reaching 81% of the Brazilian population 10 years old and older in
2021 (CGI.br, 2022c), the online presence of nonprofit organizations is still restricted,
especially regarding websites. In 2022, only 36% of organizations had websites or web
pages on the Internet, a proportion similar to that found in 2016 (37%). Despite this,
the proportions varied according to the profile of the organizations: Websites or web
pages were more present among larger organizations and those that work in the area
of education and research, while they were less present among smaller organizations
195
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

and those that worked in other areas (Chart 10). It is important to note that only 32%
of organizations indicated that they intended to create websites in the next 12 months.
Nonprofit organizations also have an online presence through third-party websites
or web pages. In 2022, this proportion was only 5%; this is a percentage that has
decreased in recent years, considering that in 2016, 19% of organizations had this
kind of online presence.
Despite the online presence through websites remaining stable, there was an
increase in the proportion of organizations that had profiles or accounts on social
platforms and networks, reaching 71% in 2022 (up from 60% in 2016). Larger
organizations also had a greater presence on social networks than smaller ones: 89%
of organizations with 10 or more paid workers and 81% of those with 1 to 9 paid
workers had profiles or accounts on platforms and social networks in 2022, while
the presence on platforms and social networks was reported at a lower proportion
by organizations without paid workers (53%). Organizations that work in education
and research also had a greater Internet presence than organizations that operated
in other areas (Chart 10).

CHART 10

ORGANIZATIONS BY WEBSITES AND/OR SOCIAL NETWORKS, BY SIZE AND ACTIVITY (2022)


Total number of organizations (%)

100
89 88
83
81 81
80 76
71 72

62 63 64 64
61
60
53 52
48
40
40 36 36 38
34
29
22
20 16

0
Total

No paid workers

Religion

Others
1 to 9 paid workers

10 or more paid workers

Culture and recreation

Education and research


Employer and professional associations

Development and defense of rights

Health and social assistance

Housing and the environment

SIZE ACTIVITY

Websites Social networks

Thus, it is observed that the largest organizations expanded their online presence,
196
ANALYSIS OF RESULTS

via both websites and web pages and via their own profiles or accounts on platforms
and social networks. In the case of smaller organizations, online presence via platforms
and social networks was more common than via websites or web pages, which can be
explained by the weaknesses in their administrative and financial capacities, especially
related to IT.
In relation to platforms and social networks, Facebook was the most commonly
used by nonprofit organizations: 61% had profiles on this platform. WhatsApp
or Telegram (55%), Instagram, TikTok or Flickr (48%), and YouTube or Vimeo
(37%) were also social networks in which organizations had their own accounts
or profiles. At smaller proportions, Twitter (10%), LinkedIn (9%), and WordPress,
Blogspot or Medium (6%) were mentioned. Similar to other indicators, the largest
organizations and those that worked in the areas of education and research, health
and social assistance, and culture and recreation presented higher proportions of
Facebook use, as shown in Chart 11.

CHART 11

ORGANIZATIONS BY TYPE OF ONLINE PLATFORM OR SOCIAL NETWORK ON WHICH THEY


ARE PRESENT (2022)
Total number of organizations (%)
100

81
80
70 71 71

61 63
60 55 55
48
45 45 43
41
40 37
32
25
20 20
20
10 9 9 9 10 9
5 6 6 5

0
Facebook WhatsApp or Instagram, YouTube or Twitter LinkedIn WordPress,
Telegram TikTok or Vimeo Blogspot or
Flickr Medium

Total No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid workers

Organization websites offered informational resources at greater proportions


than other types of resources, with emphasis on information on the activities of the
organization (80% of organizations that had websites), dissemination of news about
the organization (78%), and institutional information about the organization (78%),
as can be seen in Chart 12. Only 38% of organizations that had websites provided
information and statements on their rendering of accounts.

197
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

It should be noted that the tools for streaming or real-time online broadcasting of
events, which were little available in 2016 (22%), showed a significant increase in 2022
(61%), which may have been the result of changes caused by the COVID-19 pandemic.
Other resources that may have had their use expanded due to the health crisis refer
to the availability of videos, audios or podcasts, present in 52% of organizations’
websites or web pages; distance education environments, which went up to 27% in
2022, from 12% in 2016; and tools to receive donations through the Internet, going
from 14% to 37% in the same period.
Regarding website resources that involve the relationship between organizations
and the public served by them, 60% offered services to beneficiaries or the assisted
populations. Other resources investigated in the survey for the first time in 2022
included posting the organizations’ or third-party publications and studies (47%) and
catalogs of products sold by the organizations (19%). It is also noteworthy that the
availability of some resources that can support the mobilization and dissemination
of certain actions and activities was mentioned at smaller proportions, such as
subscriptions to receive newsletters (44%), and access to online campaigns and
petitions or collection of signatures (16%).

CHART 12

ORGANIZATIONS WITH WEBSITES BY RESOURCES OFFERED IN THE LAST 12 MONTHS


(2022)
Total number of organizations with websites (%)

100

80
80 78

60 61
60
52
47

40 37 38

19
20 16

0
Access Catalogues Tools to Offering Organizations' Videos, Tools for Information Dissemination Information
to online of products receive services to and third audios or streaming and of news on the
campaigns sold by the donations beneficiaries party podcasts or real-time statements about the activities
and petitions organization through or the publications online on the organization of the
or collection the Internet public and studies broadcasting organization's organization
of signatures assisted of events rendering of
accounts

MOBILIZATION SERVICES AND FUNDRAISING CONTENT DISSEMINATING INFORMATION

198
ANALYSIS OF RESULTS

Social networks can also be used to support the internal activities of organizations.
They have the potential to lower transaction and communication costs and reduce
barriers to communication and dissemination of information (Leonardi et al., 2013;
Ihm & Kim, 2021). The use of social networks in internal activities can involve
the creation, circulation, sharing, and exchange of information in different formats
between volunteers and paid workers in organizations (Leonardi et al., 2013; Ihm &
Kim, 2021). In the relationship with external actors, the use of social networks is part
of a trend toward moving part of organizations’ activism to the virtual environment,
understood by some as a form of public sphere expansion, called the digital public
sphere (Gripsrud & Moe, 2010).
Social networks focus on the main activities of organizations, i.e., on the ability
to connect with people and mobilize them around certain causes. Their use reduces
the time of political action cycles, “breaks” geographical barriers, and influences
organizations’ practices, which are “translated” into social networks, reconfiguring
their activism and creating new forms of collective action, such as the societal
mobilization to support specific agendas through using hashtags (Castells, 2015; Etter
& Albu, 2021; Gohn et al., 2020; Gomes et al., in press; Xiong et al., 2019).
The literature has highlighted how the characteristics and dynamics of the functioning
of the platforms, such as the number of characters per post and the possibility of tagging
users and using hashtags, influence the types of activities carried out by organizations.
Examples of this include scheduling events, telling stories and recruiting members on
Facebook, using hashtags and “microblogging” on Twitter, and sharing photos and
videos through Instagram, TikTok, and YouTube (Gaby & Caren, 2012; Lovejoy &
Saxton, 2012; Theocharis et al., 2015; Tremayne, 2014; Vasi & Suh, 2016). However,
these characteristics and dynamics can also result in directing organizations’ online
activities, such as the choice of agendas that produce more “sharable” and “clickable”
posts (Etter & Albu, 2021), in addition to the possibility of monitoring organizations’
performance and even limiting certain posts (Gomes et al., in press).
The indicators related to the activities carried out by organizations in social
networks show that they are similar to the resources made available on their websites,
the most frequent activities being those related to the dissemination of information
and activities: posting news about the organization (86%), posting pictures of activities
carried out (86%), and publicizing video or audio recordings of these same activities
(83%). Among the activities that enable greater interaction between organizations
and their public or society in general, the most common were replying to users’
comments and questions (76%) and streaming or real-time online broadcasting of
events (73%). Organizations also used social networks to mobilize and draw attention
to certain topics, which included posting opinions/positions of the organization on
themes related to its area of expertise (63%), and selling of products/services (57%),
while the use of social networks to request donations was restricted (43%) (Chart 13).

199
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 13

ORGANIZATIONS WITH SOCIAL NETWORK PROFILES OR ACCOUNTS BY ACTIVITIES


CARRIED OUT (2022)
Total number of organizations with Internet access and social network profiles or accounts (%)

100

86
83 82
80 76
73

63
60 57

43
40

20

0
Promoting Posting Replying to Requesting Streaming or Publicizing Posting Posting news
petitions and opinions/ comments and donations real-time video or audio pictures of about themes
awareness or positions of the questions of online recordings activities related to the
mobilization organization on beneficiaries broadcasting of activities carried out organization’s
campaigns themes related or the public of events carried out area of activity
to its area of assisted
activity
SERVICES AND DISSEMINATING
MOBILIZATION INTERACTION FUNDRAISING CONTENT INFORMATION

Still regarding nonprofit organizations’ online presence, in 2022, the survey


investigated for the first time the organizations that offered mobile or tablet
applications, present in only 11% of organizations with Internet access. Paying
for online ads also showed a low proportion (13%). On this last indicator, the ICT
Enterprises 2021 survey pointed out that paying for online ads was more common
among private enterprises, reported by 40% (CGI.br, 2022a).

Skills, barriers, and motivations


Organizations’ IT capacities are essential in order for ICT to be used, to enable both
internal activities and communication and mobilization with their donors, partners,
beneficiaries, and the population in general. However, nonprofit organizations’ IT
capacities are still limited. Regarding websites development, 22% of those with
websites hired outsourced service providers to this end, 12% counted on volunteers,
and only 8% reported that paid workers of the organizations’ teams carried out this
activity. The situation was slightly better in the case of the administration of profiles
or accounts on social networks, where 36% of organizations with their own profiles
relied on volunteers, 25% on paid workers, and 14% hired outsourced service providers
to carry out this activity.

200
ANALYSIS OF RESULTS

In the case of equipment maintenance and repair services, most organizations


hired outsourced service providers (49%), while 26% of organizations relied on
volunteers for this, and 12% on paid workers. The proportions were similar in the
case of technical support for internal systems and repair of electrical infrastructure
and networks, in which the hiring of outsourced services predominated, mentioned
by about half of the organizations. About a quarter of organizations reported that
they relied on volunteers to carry out these services, and an even smaller part of
organizations relied on paid workers to this end (Chart 14).
In all types of services investigated, both the presence of paid responsible persons
and the hiring of outsourced services were more common in larger organizations
and in those operating in the education and research, and religion segments, while
among smaller organizations it was more common for volunteers to perform these
IT-related services.

CHART 14

ORGANIZATIONS WHERE ICT-RELATED SERVICES WERE PERFORMED IN-HOUSE, BY


VOLUNTEERS AND/OR BY OUTSOURCED ENTERPRISES (2022)
Total number of organizations (%)

100

80

60
49

40 36

26 25
22
20
14
12 12
8

0
Paid Volunteers Third-party Paid Volunteers Third-party Paid Volunteers Third-party
workers service workers service workers service
providers providers providers

REPAIR AND MAINTENANCE OF DEVICES WEBSITE DEVELOPMENT ORGANIZATIONS' SOCIAL MEDIA PROFILES OR ACCOUNTS

Regarding training initiatives aimed at team members, which are important to


strengthen IT capacities, 26% of organizations had provided internal training on
informatics, computers and/or the Internet to paid and/or volunteer workers in the
12 months prior to the survey, and 12% had paid for external courses on the topic.
Organizations with 10 or more paid workers and those working in the areas of

201
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

education and research, and religion, presented higher proportions for both indicators.
The ICT Nonprofit Organizations 2022 survey also identified that one out of four
respondents (24%) had specific training on the use of technologies in the third sector.
To understand the challenges related to ICT infrastructure and IT capacity among
Brazilian nonprofit organizations, the survey investigated the barriers to computer
use among organizations. Most of them (64%) reported that they had limited financial
resources to invest in technology, followed by barriers related to the presence of
adequate devices to access the Internet and the lack of digital skills of members of
the teams (Chart 15).

CHART 15

ORGANIZATIONS WITH COMPUTERS BY DIFFICULTY WITH USING COMPUTERS AND THE


INTERNET (2022)
Total number of organizations with computers (%)

Insufficient financial resources 64


to invest in technology
Outdated equipment 35

Insufficient number of computers 34


connected to the Internet
Insufficient number of computers 34

Lack of training among the teams to


32
use computers and the Internet
Lack of technical support 30

Low speed of connection to the Internet 27

0 20 40 60 80 100

Privacy and personal data protection


The ICT Nonprofit Organizations 2022 survey also addressed issues related to
compliance with the Brazilian General Data Protection Law (LGPD) (Law No.
13.709/2018) in organizations and about resources available on their websites.
Approved in 2018, the LGPD seeks to guarantee basic rights related to personal
data, including determination of the treatment, collection, storage, and sharing of
these data by private, public, and nonprofit organizations. This is especially important
for nonprofit organizations that work with audiences that suffer discrimination or
violence, as in these cases data may be collected from their public, including sensitive
data (Duarte et al., 2021; Lopes et al., 2021).
Building internal capacities is critical to developing a data protection culture in
organizations, but this process appears to be in its early stages. Only 29% of organizations
reported that they had areas or persons responsible for the implementation of the
LGPD, a proportion that was not very different from that found in private enterprises
(23%) (CGI.br, 2022d). The presence of areas or persons responsible for this purpose
was more common in organizations with 10 or more paid workers (46%) and in those
that worked in education and research (50%). In the case of organizations that did
202
ANALYSIS OF RESULTS

not have areas or persons responsible for the implementation of the LGPD, only 7%
stated that they hired third-party services for this purpose.
Chart 16 shows the organizations that had areas or persons responsible for the
implementation of the LGPD or that contracted third-party services to this end.

CHART 16

ORGANIZATIONS BY AREAS OR PERSONS RESPONSIBLE OR THIRD PARTIES HIRED FOR THE


IMPLEMENTATION OF THE BRAZILIAN GENERAL DATA PROTECTION LAW (LGPD) (2022)
Total number of organizations (%)

100

80

60 56

40 34 36

25
20

0
Total No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid workers

Still on internal capacity building, 27% of organizations had offered internal training
on privacy and data protection to paid workers and/or volunteers in the last 12
months. This practice was more common among organizations with 10 or more paid
workers (37%) and in those in the areas of education and research (41%) and religion
(34%). Only 10% reported that they paid for external courses on the topic for their
staff. It should be noted that both internal training and paying for external courses are
key to raising the awareness of people working in organizations (paid or voluntarily)
about the importance of and need for the processing of personal data and related risks.
Regarding compliance with the LGPD, among the organizations with websites,
about half made their privacy policies available, including information on how
personal data is processed by the institution and a service channel for data subjects
to ask questions and exercise their rights under the LGPD. Also, 44% provided their
Information Security Policies, and 31%, the name and contact information of the
persons or committees in charge of data protection or the Data Protection Officer
(DPO)6 (Chart 17).

6
Data holders are responsible for “[...] supervising the implementation of a data privacy governance program, translating
legal obligations into concrete actions, documenting data processing activities and decisions, and training relevant
personnel as part of the governance program” (Centre for Information Policy Leadership [CIPL], & Center for Internet, Law,
and Society of the Brazilian Institute of Education, Development, and Research [CEDIS-IDP], 2021, p. 4).
203
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 17

ORGANIZATIONS BY RESOURCES RELATED TO THE LGPD MADE AVAILABLE ON THEIR


WEBSITES (2022)
Total number of organizations with websites (%)
100

80

60 57
52 52 53
49 48 49 48
44 45 45
39
40 35
31 32
28

20

0
Organization's privacy Name and contact information Information Customer service channels
policy, which details how of DPOs or committees in security policies for data subjects to ask
personal data is processed charge of data protection questions and exercise their
by the organization rights under the LGPD

Total No paid workers 1 to 9 paid workers 10 or more paid workers

Final considerations: An agenda for public policies


The data collected by the ICT Nonprofit Organizations 2022 survey points out
to greater dissemination of digital technologies in the Brazilian third sector. The
expansion of Internet infrastructure, including fiber-optic connections, has resulted
in an increase in Internet access by organizations. This access has included more
stable forms of connection at higher speeds. The context of the COVID-19 pandemic
also led to intensified ICT use, imposing the migration of some activities to the
virtual environment, which was portrayed, for example, by the high proportion of
organizations that streamed or provided real-time online broadcast of events and by
the greater online presence of organizations through their own profiles and accounts
on social networks.
The literature indicates that technologies have the potential to bring changes to civil
society. Internally, they can enable efficiency gains and improvements in governance,
communication, and training processes. Externally, they have influenced new forms
of information dissemination, actions, and events; enabled access to e-government
services, including access to government funding, use of digital services, and social
participation and control; and reconfigured mobilization and activism practices.
Online presence, especially through social networks, allows organizations to draw
attention to certain themes, campaigns, and actions using hashtags, schedule events
and mobilizations, share photos and videos, and disseminate reports and “microblogs”
about events in real time.
Despite this, the digital divide is still far from being completely overcome among
civil society organizations: 18% of Brazilian nonprofit organizations did not use the
Internet in the 12 months prior to the survey. Even among organizations that accessed
204
ANALYSIS OF RESULTS

the Internet, the predominance of the use of mobile phones, which were in many
cases personal devices, and the low online presence through websites, for example,
demonstrate that there are other challenges to more effective use of ICT. Additionally,
few organizations have acted to increase the digital inclusion of their communities
by offering free Wi-Fi in their facilities.
These challenges to ICT access and use may be related to weaknesses in the
administrative and financial capacities of nonprofit organizations. The number
of organizations that did not have specific areas or departments to support their
management processes and that did not have paid workers was significant. On the
contrary, most of them had a large number of volunteers. It was also common for
organizations to lack IT capacities, which included the presence of people responsible
for the various IT activities and adequate and sufficient financial resources to invest
in technology. The results of the 2022 edition indicates that these weaknesses were
present mainly in smaller organizations and in those that work in the areas of
development and defense of rights, and housing and the environment.
Strengthening the administrative and financial capacities of nonprofit organizations
involves discussing their funding sources. Few organizations relied on resources
from international organizations and entities, reinforcing a trend already observed in
Brazil’s withdrawal from international cooperation (Mendonça et al., 2013). Advances
in the regulation of the relationship between public organizations and nonprofit
organizations, with the approval of the MROSC, were not reflected in an increase
in the proportions of organizations that relied on government funding. Most relied
on resources from society itself, i.e., voluntary donations by individuals and payment
of monthly and annual fees by members. Still, despite the changes produced by the
pandemic, with the intensification of the use of social networks, few organizations
relied on fundraising strategies in the digital environment.
In the 2022 edition of the survey, indicators related to actions to guarantee privacy
and personal data protection were also included, which is essential to the process
of organizations’ digital transformation and particularly important for sensitive
data protection of the most vulnerable populations. The results of the survey show,
however, that there was low institutionalization of this theme in Brazilian nonprofit
organizations, representing an urgent challenge to be addressed by them.
The survey highlights that the intensification of the ICT use and the diversification
of online activities involve strengthening organizations’ capacities, while the ICT
use opens up new possibilities for them to operate and mobilize. Organizations’
online presence, through digital activism, interaction with government agencies,
and representation in forms of electronic participation (e-participation), reinforces
the idea that the public sphere is expanded in the virtual environment.
However, two aspects are highlighted by the survey results. First, not all
organizations are part of this digital public sphere. Even among those who are
present in the virtual environment, there are social and digital inequalities that feature
them, marking their contexts and imposing barriers to ICT access and use. Second,
the characteristics and dynamics of the functioning of online platforms and social
networks also affect nonprofit organizations’ online presence, including the capacity
and scope of their activities.
205
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

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209
ARTICLES

Use of technology in data coproduction by
citizens and civil associations
Fernanda Lima-Silva1, Mário Martins2, Lívia Castro Degrossi3, and Maria Alexandra Cunha4

T
his article addresses the role of civil society and academic institutions in
the co-production of data on socioenvironmental disasters. Specifically, it
discusses technology-mediated practices to promote citizen engagement
in the generation, use, and circulation of flood-related data in urban areas
of high socioenvironmental vulnerability. It builds on the experience
of “Waterproofing data: Engaging stakeholders in the sustainable
governance of flood risks for urban resilience” project, an international
and multidisciplinary research partnership between academia, civil society, and
government institutions in Brazil, Germany, and the United Kingdom. The project
carried out interventions in neighborhoods vulnerable to floods in the Brazilian
municipalities of Rio Branco and São Paulo. The objectives of the project were to
analyze the governance of data related to flood risk, emphasizing its cultural and social
aspects, and to promote the participation of citizens in this governance process to
increase the resilience of communities to socioenvironmental disasters.

1
Ph.D. and master’s degree in public administration and government from the São Paulo School of Business Administration
of the Getulio Vargas Foundation (FGV EAESP). She worked as a post-doctoral researcher in the Waterproofing Data project.
Researcher in the fields of social and urban policies, with a focus on actions aimed at populations in situations of social,
political, and environmental vulnerability.
2
Ph.D. and master’s degree in social psychology from the Pontifical Catholic University of São Paulo (PUC-SP). He worked as
a post-doctoral researcher in the Waterproofing Data project. Researcher in the field of perception and communication of
socio-environmental risks and urban vulnerabilities related to disasters and climate change.
3
Ph.D. and master’s degree in computer science from the Institute of Mathematical and Computer Sciences of the University
of São Paulo (ICMC-USP). She worked as a post-doctoral researcher in the Waterproofing Data project. Researcher in the
fields of collaborative systems and citizen science focused on socio-environmental disasters.
4
Professor and coordinator of technologies and government at the Center for Public Administration and Government
Studies at FGV EAESP. Senior researcher of the Waterproofing Data project. She researches electronic government, public
administration, and information technology (IT) management.

213
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

The relevance of this type of study lies in the growing interest and investment
in research on Big Data and citizen-generated data because of the recent spread of
new digital technologies and the popularization of smartphones, which has been
characterized as a “data revolution” (United Nations [UN], 2013). This new way
of producing and analyzing data on a large scale contributes to generation of new
knowledge, filling data gaps, and improving decision-making processes. In addition,
the production of data by the population and civil society organizations can increase
the scientific literacy of citizens (Bonney et al., 2009), advance scientific knowledge,
and fill data gaps, particularly in areas where it simply does not exist or is not released
for public use (Requier et al., 2020; Sy et al., 2020). Furthermore, it can also leverage
democratization and social participation (Bott & Young, 2012; Porto de Albuquerque
& Almeida, 2020).
Voluntary involvement in data production can have an impact on democratization
and the quality of this data, since it increases the participation of civil society and
citizens, as well as improve actions and public policies. This phenomenon has been
gaining relevance and scale in the areas of environmental justice (Mah, 2017) and
socioenvironmental risk management (Albagli & Iwama, 2022; Cieslik et al., 2019;
Vadjunec et al., 2022; Wolff et al., 2021). It is argued that it can help vulnerable
communities broaden knowledge about the areas in which they live from a critical
perspective and improve their resilience during and after disasters (Porto de
Albuquerque & Almeida, 2020).
However, participatory and voluntary data production faces empirical and
methodological challenges, especially when it involves populations in situations of
socioeconomic vulnerability in the countries of the Global South (Requier et al., 2020;
Wolff et al., 2021). First, there are clear inequalities related to access to technology
and the Internet. Although 39% of Brazilian households have computers and 82%
have access to the Internet, these values reach only 10% and 61% of households in
classes DE (Brazilian Network Information Center [NIC.br], 2022). Civil society
organizations, which can represent or assist vulnerable populations in their data
production efforts, also face varying difficulties and barriers in accessing and using
new technologies (Bobsin & Pozzebon, 2017). Among nonprofit organizations, by
2022, 70% used desktop computers, 74% laptops, 23% tablets, and 89% mobile phones
(NIC.br, 2023).
There are also problems with the capability and expertise of these populations.
People who are usually involved with Big Data and citizen science initiatives tend to
have higher education levels and income, as well as more familiarity with and access
to technology (Mah, 2017). Therefore, the engagement of populations in situations
of greater socioeconomic vulnerability and risk of socioenvironmental disasters, who
have knowledge about local realities that is often not reflected in official databases,
requires understanding and overcoming situations of digital exclusion and the digital
gap (Arora, 2016).
This article presents a reflection on the current and potential challenges that civil
society and academic organizations face or may face in promoting initiatives to produce,
circulate and integrate data. There was particular interest in data incorporating and

214
A RT I C L E S

drawing on preexisting flood records and local knowledge of flood risk (Garde-Hansen
et al., 2017). In addition, technology-based mediation methods with data were also
highlighted, in view of their transformative potential and their integration into the
contemporary society model (Allenby & Sarewitz, 2011). Therefore, two engagement
practices were selected for this discussion: participatory dialogical mapping in informal
settlements, and the development and use of an application to promote the production
and circulation of flood data.

Participatory dialogical mapping


Participatory mapping is a collaborative activity for the generation of geographic
data on streets, highways, and buildings. It has been developed and is increasingly
improved with the use of technological tools such as the OpenStreetMap (OSM)
collaborative mapping platform, whose objective is to create a geographical database
of the entire world and make it available in the form of a free and editable digital
map. Collaborative mapping platforms, such as OSM, generate a large amount of
geographical data in a short period over any territory, including areas affected by
a socioenvironmental disaster (Zook et al., 2010) or informal settlements (Porto
de Albuquerque et al., 2019). In addition, OSM allows maps to be produced and
modified by anyone, whether they are a local government professional, a nonprofit
organization, or a citizen.
Experience with carrying out collaborative mapping with OSM in partnership with
local associations in person and remotely (Xavier et al., 2020) and critical evaluation of
its conduct made it possible to identify potential challenges in the application of these
activities. The application of this mapping faced difficulties relative to knowledge,
infrastructure, and mobilization. The populations involved had unequal levels of
knowledge about maps and the Internet, which resulted in the development of
mapping and OSM workshops. In addition, in the neighborhoods where we operated,
the Internet was sometimes unstable and computers insufficient to allow everyone
who enrolled to participate, being partially solved by partnerships with local civil
society organizations and colleges. Finally, the mobilization of residents for mapping
activities fell short of what was expected, which was associated with the mobilizing
theme: The research was structured from the perspective of floods, a phenomenon
that was either not seen as a socioenvironmental risk or linked us to government
actions that in many cases were associated with the risk of resident evacuation.
Regarding possible benefits, the promotion of participatory mapping activities
allowed: (i) the expansion of citizens’ and organizations’ knowledge about maps, in
general, and about the geographical data of the regions where they work and live; (ii)
the creation of new geographical data, particularly in areas of informal occupation,
which tend to be poorly represented on official maps – Figure 1, for example, shows
the map of Rio Branco, in Acre, before and after mapping activities; and (iii) the
grounding of actions and reflections on social practices, potential partnerships with
governmental and nongovernmental organizations, and improvements in the area.

215
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

FIGURE 1

EXAMPLE OF THE OSM BASE MAP IN RIO BRANCO BEFORE (MARCH 2020) AND AFTER
(JUNE 2022) MAPPING
Rio Branco _06_04_2020
http://fieldpapers.org/atlases/29hah4su/A1

TRUE 0 METERS 500


NORTH

S O U R C E : C O L L E C T I O N O F T H E W AT E R P R O O F I N G D ATA P R O J E C T ( 2 0 2 2 ) .

Based on this experience, participatory dialogical mapping was proposed, a method


that starts with dialogue and identification of themes of local relevance for the co-
production of geographical data and the promotion of a critical reflection on the local
reality. This method was developed in 2022 in a partnership between a civil society
organization, associations of residents and populations living in flood-vulnerable
areas of three Brazilian cities, and researchers.
The initial contact between the parties involved was through the representation
of living spaces of citizens, in order to increase their familiarity with the use of maps
and, eventually, promote their cartographic literacy based on the local reality. This
initial proposal was called “affective mapping” because it emotionally mobilized the
residents to ensure that learning did not occur solely and exclusively in the cognitive
sphere: By mapping what is close to them, the residents understood and felt that they
could make use of this tool. Through affective mapping, it was possible to identify
and collect relevant information about the territory, as well as encourage residents
to report the problems faced, the opportunities and possibilities of the territory, and
the projects and dreams they had for their communities.
The way the affective mapping is carried out depends on the experience and
possibilities available to associations, researchers, and citizens. Walking routes,
conversation circles, and participatory mapping can be useful tools depending on
demand. During this process, technical and scientific instruments should be constantly
available to the communities. This way, they can become familiar with the language
of the tool and experience it in their areas, expressing their territoriality.
The affective mapping was followed by the georeferenced digital mapping. The
initial development of these maps took place from walks through the neighborhoods.
Data was collected using Kobo ToolBox, a collaborative tool helpful in remote
environments difficult to access or without Internet connection, and FieldPapers, a
tool for field mapping that allows users to delimit the study areas and print base maps
in A3 paper format. After this step, the collected data was entered into the OSM,
allowing the creation, visualization, editing and analysis of the georeferenced data.
216
A RT I C L E S

The participation of local populations relied on training workshops and the support
of external partners to access adequate infrastructure and Internet.
The results of this research indicated that the co-produced geographic data enabled
updated and detailed base maps, with information on streets, real estate, and landmarks
in the analyzed neighborhoods. This information can be used, together with the results
of affective mapping, to describe the neighborhoods and geographically identify where
local opportunities and problems are located. Additionally, the maps were used to
foster reflections on the areas and to encourage dialogue with local stakeholders,
such as public servants who implement public services and interact with citizens,
called street-level bureaucrats, in the region and other local government authorities.

Development and use of a flood application


Initial project activities pointed out to the opportunity to develop a mobile app to
enable citizens, not only to generate flood data (e.g., rain measurements and flooded
areas), but also to have access to official flood data about their neighborhoods (such
as flood risk areas and official rain data). To support this process, focus groups
that included school students, local associations, and government managers were
organized, in which the participants discussed the current situation and externalized
their world views and perceptions of reality. The collective discussion and critical
analysis of these situations aimed to raise awareness, while revealing potential
transformative paths that could be supported by the new software. This led to the
launch of the open-source mobile app “Waterproofing Data,” which aimed to support
data-driven citizen science on the impact of floods. The app was released in a beta
version in November 2021 (Figure 2).

FIGURE 2

WATERPROOFING DATA PROJECT MOBILE APPLICATION

S O U R C E : C O L L E C T I O N O F T H E W AT E R P R O O F I N G D ATA P R O J E C T ( 2 0 2 2 ) .

217
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

The use and dissemination of the app were carried out through “pollination”: We
engaged local facilitators in schools, civil associations, and municipal civil defense –
the “pollinators” – to help us spread the seeds we cultivated in our “data gardens.” Out
of all these “pollinators,” 21 were assigned to our project activities, which helped us
expand to nine cities in five different Brazilian states. Since we were in the midst of
the COVID-19 pandemic with travel restrictions and safety concerns, our “pollinators”
participated in a four-month online capacity-building program, covering citizen
science basics and flooding. They carried out the activities, engaging students from
schools. Figure 3 shows data submissions using our mobile app, which includes more
than 6,600 rows of data generated by 318 citizen reporters located in 24 partner
schools and 13 civil defense agencies. This process of co-producing data helped identify
challenges related to use, such as difficulties in downloading and using the application,
and social mobilization for data production. However, it also showed numerous
potentials: 1) production of updated, detailed knowledge and information about the
rain and floods that occurred in the neighborhoods; 2) expansion of the information
available to residents and civil associations in order to prevent and minimize flood
risks; and 3) promotion of joint coordination with other nonprofit organizations and
government agencies, to produce data through the use of technology.

FIGURE 3

DISTRIBUTION OF THE DATA CO-PRODUCED BY CITIZENS IN THE WATERPROOFING DATA


APPLICATION BETWEEN DECEMBER 1, 2021 AND JUNE 30, 2022

SOURCE: PORTO DE ALBUQUERQUE ET AL. (2022).

218
A RT I C L E S

Conclusion
Based on the case studies, the results showed that there is a potential to integrate
civil society organizations, academia, and residents in areas of risk in using technology
for the production and analysis of data on socioenvironmental disasters, such as floods,
due to the automation that these technologies allow. In the same way, they enable the
dissemination of scientific knowledge through data-based practice and connection
with the realities of citizens. Our institutional partners also pointed out that the use
of these technologies led to improvements in internal management processes. For
example, collaborative mapping contributed to the production of new geographic
data and improved monitoring services for socioenvironmental disasters in the state
of Acre. Finally, it is worth noting that there was a considerable decrease in data gaps,
which can help in the decision-making process by those interested and involved in
governance processes, for example, when socioenvironmental disaster alerts are issued
in monitoring centers that lack such data at the local level.

219
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

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221
The periphery online: ICT and collective
mobilization during the pandemic1
Patricia Maria E. Mendonça2, Jessica Gonçalves3, and Cássio Aoqui4

W
hen the COVID-19 pandemic arrived in Brazil in March 2020, the
healthcare and social welfare policies scenario was fragile due to
successive spending cuts. The informal economy grew at a faster
pace than formal employment, especially because of the expansion
of the “app economy” (Canzian, 2021). The most vulnerable
populations, the unemployed, and informal workers were the
most impacted by the economic and health crises resulting from
the pandemic. Within this context, successive delays and lack of coordination in
government responses increased uncertainty for these most affected populations.
In the urban peripheries, staying at home and hand washing were not possibilities
for everyone, because many were subject to unsanitary conditions, such as lack of
access to basic sanitation or the need to use overcrowded public transport (Gobbi &
Diamente, 2021). However, these territories did not stop innovating, and there was
intense production of knowledge (Mendonça et al., 2021) in different languages,
which resulted in new possibilities, particularly podcasts, boosted in the pandemic
and served to disseminate information and amplify community actions. The so-called
“peripheral collectives” gained prominence in these actions.

1
The authors thank Leticia Cardoso and Vanessa Prata for their collaboration in this research.
2
Professor and researcher at the School of Arts, Sciences and Humanities of the University of São Paulo (EACH-USP), with an
agenda focused on intersectoral partnerships and collaborations.
3
Bachelor’s degree in communication and multimedia from the Pontifical Catholic University of São Paulo (PUC-SP) and
specialist in social project management in third-sector organizations from the same university. Project coordinator at
ponteAponte, consulting for social investment and philanthropy.
4
PhD student in the social change and political participation program at EACH-USP, in which he researches topics related
to Brazilian civil society. Master’s and bachelor’s degrees in administration from the School of Economics, Business and
Accounting at the University of São Paulo (FEA-USP) and professor of social innovation and strategy at the Institute of
Administration Foundation (FIA). Managing partner of ponteAponte and cofounder of QMTL? travel startup.

223
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

In this context, the objective of this article was to analyze initiatives using
information and communication technologies (ICT) that emerged in the Brazilian
peripheries during the pandemic, in order to try to understand the still little-studied
phenomenon of peripheral communication collectives in the country’s current
scenario of social change.
Gobbi and Diamente (2021) mapped out the collectives in the city of São Paulo
and defined them as follows:

They present themselves as solidarity organizations in which there is a prevalence


of the coexistence of different ideas, admitting disagreement and perseverance
by the community, with less hierarchical practices and the expansion of
possibilities for discussions and political formation. What we have been able to
observe is that some arise in a one-off way, with the goal of solving immediate
issues, while in others there is a prevalence of broad perspectives concerning
social change (...). Some of them are of a feminist nature and explicitly bring up
issues related to the development of women, marginalized in their vast majority,
from which they derive concerns with anti-sexist and anti-racist educational
processes. (Gobbi & Diamente, 2021, p. 5)
The experiences of marginalized collectives in combating the effects of COVID-19
involved different forms of coping and strategies, depending on the resources,
capacities, and internal and external forms of organization existing in the territories.
Fleury and Menezes (2021) conducted a study that focused on actions in the
Metropolitan Region of Rio de Janeiro in which they pointed out that there were
actions that had already been structured, organized, and implemented by collectives,
but often in a one-off manner and not unified within the territories, which quickly
created “crisis offices” accompanied by several integrated actions.
The learning provided by the use of ICT played an important role in the performance
of marginalized collectives in combating the effects of the pandemic, disseminating
information, and instrumentalizing actions and strategies for internal and external
coordination and fundraising (Aoqui et al., 2022). Similar conclusions can be found
in other surveys on actions to combat the effects of the pandemic in favelas, such
as those carried out by the Marielle Franco Dictionary of Favelas (2021) and by the
Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz) (2022).
The use of ICT is especially challenging in this context. The survey Educação,
Cultura, Periferia e Racismo (Education, Culture, Outskirts, and Racism) showed that
Internet access among children and young people is commonly done through mobile
phones. There is low access via computers or tablets (Central Única das Favelas [Cufa]
& Instituto Locomotiva, 2020). Editions of the ICT Households survey have mapped
inequalities in Internet access. The 2021 edition showed, compared to that of 2020, a
reduction in the access to the Internet of individuals in classes DE (from 67% to 66%),
women (from 85% to 80%), and among those with an Elementary Education (from
73% to 71%), for example (Brazilian Network Information Center [NIC.br], 2022).
Based on this scenario, this article presents a systematization of secondary data on
eight organizations focused on marginalized or non-hegemonic groups that directly or
indirectly act with communication about the use of ICT in their actions implemented
since March 2020. They are:
224
A RT I C L E S

1. Agência Mural de Jornalismo das Periferias (Outskirts Bulletin Board Agency)


(São Paulo, São Paulo)
2. Alma Preta (Black Soul) (São Paulo, São Paulo)
3. Fundo Positivo: Comunicação Positiva Covid-19 (Positive Fund: COVID-19
Positive Communication) (São Paulo, São Paulo)
4. LabJaca (Jacarezinho Laboratory) (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro)
5. Nós, Mulheres da Periferia (We, Women from the Outskirts) (São Paulo,
São Paulo)
6. Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN: Canto da Coruja (Society,
Population and Nature Institute - ISPN: Owl’s Song) (Brasília, Federal District,
and Santa Inês, Maranhão)
7. Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas (Wayuri Network of Indigenous
Communicators) (Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro and São Gabriel da
Cachoeira, Amazonas)
8. Redes da Maré: ações de comunicação com autonomia (Tidal Networks:
Communication actions with autonomy) (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro)

Based on the analysis of secondary data, the first five organizations on the list
were selected for the collection of primary data through semi-structured interviews
with members and managers of the collectives, conducted between January and
August 2022. By collecting and analyzing the data, the goal was to reach an in-depth
understanding of:
• how ICT assisted the mobilization during the pandemic;
• whether new ways of using ICT were created, and, if so, which ones;
• whether Internet access limited the use of ICT and, if so, whether there were
any solutions or palliative actions taken to address this limitation.

Use of ICT in mobilizations during the pandemic


The analysis of the selected cases showed that ICT was essential for mobilizing the
populations of their territories of operation during the pandemic, especially in the
peripheries of large urban centers, via mobile phone access. With the commitment
to produce relevant content related to COVID-19 for their audiences, the initiatives
were based on ICT to disseminate their content and to work in coordination with
the territories.
The mission of the Agência Mural de Jornalismo das Periferias was to “minimize
information gaps and contribute to the deconstruction of stereotypes about the
peripheries of Greater São Paulo” (Agência Mural de Jornalismo das Periferias, n.d.,
para. 1). To this end, the WhatsApp messaging application became central during
the pandemic in the relationship between the organization and its audiences. Because

225
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

of social distancing, the organization had to change the way it operated. Its team of
correspondents began to produce reports exclusively by phone or online – with the
exception of the photographer – and, with this, the reporters established a more
dynamic information network with the public, via WhatsApp. As pointed out by an
interviewee of the Agência:

We intensified contact with those who followed us. The network on WhatsApp
originated the podcast “In Quarantine” and it was very important to listen to
the demands and needs that people had at that moment and to understand what
was reaching them, because it was a time when a lot of misinformation and lies
were circulating.
WhatsApp and the podcast provided interaction among people over time. As stated
by Paulo Talarico, editor-in-chief and cofounder of the Agência:

When we released the podcast daily, we talked to the readers of the organization
through the messaging application. It was not only an institutional vehicle, but
it was also a conversation with feedback, with ideas being exchanged and people
listening, and these conversations resulted in the agendas for the next news
reports.
WhatsApp distribution lists were also essential for the Redes da Maré association,
which has been operating since the 1980s in the North Zone of Rio de Janeiro. Its
mission is to form the necessary networks to implement the rights of the population
of the 16 favelas of the Maré, where more than 140,000 people live (Redes da Maré,
n,d., Presentation section). During the pandemic, the organization launched the “Maré
Coronavirus News Round,” which consisted of daily updates of the main news about
the coronavirus in the community, which were also disseminated in broadcast lists
for community leaders, opinion makers, journalists, and Maré residents. According
to LabJaca’s financial manager:

WhatsApp was a tool to gather volunteers and disseminate actions. Similar to


how fake news uses this tool to share messages, we used it to reach more people
in Jacarezinho [...], as well as being a very good tool for internal communication
and communication with volunteers [during social distancing].
Unlike the other cases studied, LabJaca, data and narrative laboratory in the
Jacarezinho slum, was a result of the COVID-19 pandemic, from the “Jaca against
the Coronavirus” campaign. The group is made up of young black people who use
the audiovisual medium as their flagship to disseminate scientific data and leverage
favela and peripheral narratives, making research more accessible to the population
of the communities. Several audiovisual productions were published on YouTube,
and then shared via WhatsApp.
The Fundo Positivo association began producing content and promoting reflective
debates about the reality of people living with HIV and LGBTQIA+ populations
during the pandemic. Its goal is to disseminate care and prevention information to
this audience and focus on sensitive topics, such as the difficulties of talking about HIV
prevention during the pandemic, mental health, racism, racial profiling in COVID-19,
and social vulnerabilities of LGBTQIA+ people in the pandemic. In addition, it created

226
A RT I C L E S

a live broadcast agenda that included strategies to support actions against fake news
and scientific denialism.
As in the case of the Agência Mural and LabJaca, according to the project
assistant of the Fundo Positivo in Amapá, WhatsApp has established a new form of
communication with their network:

I believe that we are one of the few funders in Brazil that have direct
communication with the supported organizations. With each new public call,
we create a WhatsApp group with the coordinators of those who work on the
project. We maintain very close communication via WhatsApp.
Another highlight related to the use of ICT, as pointed out by the interviewees,
was the live broadcasts transmitted on Instagram or YouTube, in addition to the
podcasts. These initiatives produced by Saúde Positiva (Positive Health) reached
295,957 people between 2020 and 2021.
The podcasts represented an important channel for disseminating information
beyond the urban environment. An example of this is the Instituto Sociedade,
População e Natureza (ISPN), which has operated with a focus on traditional
populations and small family farmers since the 1990s (ISPN, 2022). Currently in
its fourth season, the ISPN audio program “Canto da Coruja Comunidade,” (Owl’s
Song Community) in podcast format, aims to facilitate access to information on
agendas in the socioenvironmental field. It features interviews with representatives of
traditional peoples, civil society organizations, governments, and ISPN staff. During
the pandemic, the podcast produced special content to talk about prevention and
vaccination.
In addition to WhatsApp and podcasts, communication strategies via social media
were also mentioned by the organizations interviewed. “We had [the use of] Facebook,
which is one of the few social networks that does not consume data5 and has a lot of
forums and groups,” as reported by the interviewee of LabJaca. This was also noted
by the journalist at Nós, Mulheres da Periferia, a journalistic website dedicated to
reflecting the opinion and history of Black and marginalized women:

We’re very focused on social media itself and exploring the platforms. We
opened a Twitter account because we saw a lot of potential for journalism; we
launched the podcast “Conversas de Portão” (Gate Talks) in 2020 on Spotify and
other streaming platforms; and we opened a Telegram account in 2022 to talk
about politics, since this year is an election year.

Limitations to ICT access and alternatives found


Despite adopting or expanding ICT use during the pandemic, all the studied
organizations faced technological challenges, which was evidenced by the fact
that all of the studied cases focus on communication with marginalized and/or

5
In Brazil, there are zero-rating mobile data plans or sponsored apps that do not consume data under the plans.

227
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

non-hegemonic populations. The main problems included limitations on quality


Internet access and lack of devices, such as computers, tablets, and mobile phones.
Reaching audiences outside major urban centers was also a barrier to independent
and marginalized media outlets.
During the pandemic, Alma Preta, a journalism agency specializing in racial issues,
was able to expand content production and reach more spaces. The project manager
at the Agency reinforced this idea:

With them [ICT], we can reach more and more people. However, obviously
there are groups that, due to technological and financial resource problems, do
not have devices to access our content, not even mobile devices. But I believe
that if it was not for ICT, Alma Preta would not exist and would not have
reached as far as it has.
In the case of LabJaca, they carried out its monitoring and support actions with
the population in a community sports court in Jacarezinho. There were many
difficulties with that location relative to the quality of the Internet connection, and
it was necessary to use the data packets of volunteers who supported the project. The
respondent reported:

Internet access here in Jacarezinho is not of high quality. On the community


sports court, there is no router, the data packet is very limited, and this hindered
some of our actions. We put everything in Google Drive online [forms that were
administered to the residents], with various versions or on someone’s personal
computer, but most of the time, we were not able to use the Internet.
In cases such as these, in which there was limited access to ICT, other strategies were
used, including: 1) the use of social technologies present in the offline environment,
such as sound trucks and partnerships with community radio stations to circulate
information about the pandemic in the territories; 2) using leaflets, flyers and word-of-
mouth communication; 3) distributing equipment to communities; and 4) establishing
partnerships with major media outlets.
The Alma Preta Agency, for example, partnered with a community radio station
in Brasilândia, a neighborhood in the North Zone of São Paulo, to distribute its
podcast “Pandemia sem Neurose” (Pandemic without Neurosis). The Rede Wayuri
de Comunicadores Indígenas was formed in November 2017, in the most Indigenous
municipality in Brazil, São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), by a group of 17
young people from eight ethnic groups. In this region, in the most acute phase of
the pandemic, prevention content was produced in co-official Indigenous languages
and in Portuguese. The content was disseminated via WhatsApp, sound trucks in
the communities, and in partnership with a local radio station through the “Papo
De Maloca” (Maloca Talk) program, providing information about COVID-19 to the
Indigenous peoples of the region.
In addition to audio information, booklets in Indigenous languages were prepared
and daily information was sent via the radio station of the Federation of Indigenous
Organizations of Rio Negro (Foirn), through channel 790 of Alto Rio Negro. Thus,

228
A RT I C L E S

communicators were critical in helping healthcare authorities educate and inform the
population. The work earned the collective the title “Heroes of Information,” awarded
by the French NGO Reporters Without Borders, which awarded 30 persons and
media that have contributed to saving lives during the new coronavirus pandemic.
Like the Wayuri network, other groups also opted for leaflets and flyers in these
situations of limitation. LabJaca’s communication coordinator pointed out: “The main
social technologies we used beyond social networks were actions closer to the people,
such as distributing flyers, in addition to good old word-of-mouth communication.”
The organizations studied also established several partnerships with the Brazilian
mainstream media to disseminate their content. In the case of the Agência Mural,
which already had a blog with news from the peripheries in one of the main newspapers
in the country, Folha de S. Paulo, a new partnership was signed with CBN radio, of
the Globo Organizations, to combat fake news that had circulated freely in WhatsApp
groups. The Nós, Mulheres da Periferia organization worked together with the UOL
portal to disseminate the contents of the “Conversas De Portão” podcast, in addition
to being part of the interviewers of Roda Viva, one of the most traditional interview
programs on Brazilian television, shown on the TV channel TV Cultura. Alma Preta
signed a partnership with YouTube, which enabled the construction of its physical
studio for audiovisual productions.
The organizations interviewed reported two other challenges: competition with
fake news and digital insecurity. The interviewee from the Alma Preta stressed:
“With broadcast lists, we were able to distribute content to our network more easily.
However, while these instant communication media help, they also work against us
because of the distribution of fake news. So, we also dispute these spaces.”
With the increased visibility of these initiatives, there was greater exposure and
vulnerability to digital security threats. The Nós, Mulheres da Periferia Instagram
page suffered a digital attack on May 31, 2021, in which seven years of content about
stories and voices of marginalized women were deleted. For the collective, this attack
was a consequence of racism and political intolerance. Such an attack has awakened
Nós, Mulheres da Periferia and other independent media outlets that are easy targets of
cyberattacks to the need to strengthen the digital security of their pages and platforms.
In addition to the attacks suffered virtually, the respondent from Nós, Mulheres
da Periferia also pointed out the issue of links that lead to fake news and viruses.
Lívia Lima explained:

Since our Instagram was hacked and we lost the account for a while, we have
been more concerned with the issue of passwords and security. We have invested
in the safety of the site with the understanding that the site is our heart. The
platforms may end overnight, but the site will still have all our content. This
year we have decreased the use of WhatsApp and focused more on Telegram.
Our use of WhatsApp was to disseminate the materials published on the
website. Thinking about fake news, many recommendations against scams on
the Internet are “do not click on links,” so we haven’t always been able to migrate
people from WhatsApp to the content on our site.

229
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Final considerations
The aim of this article was to analyze the actions of organizations that act with
communication focused on marginalized or non-hegemonic groups. Specifically, the
goal was to understand whether and how ICT supported the mobilization work carried
out during the pandemic, what its new forms of use were, and whether Internet access
limited the use of ICT.
The analysis of the cases showed that ICT was essential to mobilizing the populations
of the territories in which the organizations operated during the pandemic, especially
in the peripheries of large urban centers. Three strategies stood out: 1) the use of
WhatsApp as a tool for massive sharing of messages, mainly through transmission
lists; 2) the rise of podcasts as a channel for appropriating information; and 3) the
expansion of information dissemination via social networks and digital platforms,
such as YouTube.
Despite the adoption of ICT or the expansion of its use during the pandemic by
all the organizations analyzed, however, there were still challenges. The main ones
included limitations in access and quality of the Internet and lack of devices such as
computers, tablets, and mobile phones. In a related way, reaching the audience outside
the large urban centers also constituted a barrier, either because of the geographical
isolation of some Brazilian regions, or the limited coverage of communication
collectives, or the even greater scarcity of access to ICT by non-urban populations.
In cases in which there were challenges related to ICT access and quality, other
strategies were used, including: 1) the use of social technologies present in the offline
environment, such as sound trucks and partnerships with community radio stations
to circulate information about the pandemic in the territories; 2) the use of leaflets,
flyers, and word-of-mouth communication; 3) the distribution of equipment to
communities; and 4) the establishment of partnerships with major media outlets.
These challenges, as well as the alternative solutions found, have emerged as a
constant in these marginalized and non-hegemonic communication organizations
and collections and are intrinsic to their business models, which, in turn, are tied to
access to resources.
Other challenges were mentioned by the interviewees: competition with fake news
and increasing digital insecurity, which emerge as issues not solved in dealing with
ICT and marginalized collectives. These are themes to be explored more deeply in
future research.

230
A RT I C L E S

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debate, 44, 267-280.

231
Social currency, technologies, and
development: The ICOM Community Bank in the
pandemic
Camilla Reis1, Paula Chies Schommer,2 and Willian Carlos Narzetti3

T
he ICOM Community Bank4 was implemented in 2020 by the Instituto
Comunitário Grande Florianópolis (Greater Florianópolis Community
Institute [ICOM]) and its partners, in response to the COVID-19 pandemic.
This article describes the experience of the ICOM Community Bank as
a social technology facilitated by using information and communication
technologies (ICT). Four aspects are presented: 1) ICT use in the context
of vulnerability and social distancing imposed by the COVID-19 pandemic;
2) the presence of a digital platform for circulating social currencies, shared with
civil society organizations, within the framework of the Rede Brasileira de Bancos
Comunitários (Brazilian Network of Community Banks); 3) the relevance of using
online technologies in the governance of the Community Bank, involving multiple
organizations, families, businesses, donors, and partners; and 4) the learning of the
stakeholders involved regarding the possibilities of using ICT in their daily activities.

1
Reis worked from the beginning in the design and implementation of the ICOM Community Bank and coordinated part of
the initiative. She has a bachelor’s degree in public administration from the State University of Santa Catarina (Udesc) and
a master’s degree candidate in administration from the same institution, contributing as a researcher to the Center for
Social Innovations in the Public Sphere (NISP). She has over three years of professional experience in the social field and has
contributed since 2014 as a volunteer in civil society organizations.
2
Professor of public administration and leader of the research group Politeia-Coproduction for the Public Good:
Accountability and Management of Udesc. President of the Instituto Comunitário Grande Florianópolis. PhD from the Getulio
Vargas Foundation (FGV), master’s degree from the Federal University of Bahia (UFBA), and bachelor’s degree from the
University of Caxias do Sul (UCS-Rio Grande do Sul).
3
Executive manager of the Instituto Comunitário Grande Florianópolis. PhD and master’s degree in administration from
Udesc. Bachelor’s degree in economics from the Federal University of Santa Catarina (UFSC). Narzetti has more than 15
years of experience in the management of civil society organizations and is co-founder of the Padre Vilson Groh Institute
(IVG), which coordinates eight organizations in Santa Catarina. Co-founder and current president of the Friends of Guinea-
Bissau Association.
4
For more information about ICOM, visit: www.icomfloripa.org.br

233
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

The ICOM Community Bank: Origin and operation


The ICOM Community Bank emerged from the mobilization of ICOM, in April
2020, to provide an emergency response to the crisis and hunger situation in vulnerable
areas of Greater Florianópolis, aggravated by the pandemic. ICOM is a civil society
organization that has been operating for 17 years, which is guided by the community
foundation model and promotes community development through three lines of
action: 1) promoting community knowledge and coordination; 2) strengthening of
organized civil society; and 3) promoting private social investment (ICOM, 2021). The
Institute participates in the Ibero-American Network of Community Foundations5,
which defines civic or community foundations as “nonprofit institutions that mobilize
and invest technical and financial resources in a given geographic area. They aim to
improve the quality of life of the population by organizing people and organizations
to promote community development” (Ibero-American Network of Community
Foundations, 2022).
The social technology of community banks has existed in Brazil since the 1990s.
The pioneering experience was that of Banco Palmas (Palmas Bank)6 in the Palmeiras
community in the state of Ceará. This technology has been disseminated in the country
according to various models, giving rise to the Rede Brasileira de Bancos Comunitários
(Brazilian Network of Community Banks), which is present in 22 states and the
Federal District (Instituto Banco Palmas, 2022). ICOM joined this network in 2020.
The ICOM Community Bank initiative was pioneered in the state of Santa
Catarina. It had the guidance and partnership of Instituto E-dinheiro Brasil (E-money
Brazil)7 and the Brazilian Network of Community Banks, and also depended on the
collaboration of several partners, such as the Public Labor Prosecutor’s Office of
Santa Catarina, an agency of the United Nations, the Padre Vilson Groh Institute,
and eight community-based organizations in Greater Florianópolis (ICOM, 2021).
Although ICOM is an organization experienced in mobilizing resources, working
in coordination with various partners, and using ICT in its management and
communication, the COVID-19 pandemic has accelerated changes in several practices.
The creation of the Community Bank is part of this context, allowing unprecedented
learning and scale of action.
The Bank supported 1,335 families were supported with financial resources in
digital social currencies between 2020 and 2021, using resources in 50 businesses
located in the supported territories. The funds came from donations from individuals
and legal entities. Registration and monitoring of families and business owners were
carried out by partner community organizations and ICOM, with ICT intermediation.

5
To learn more about the Ibero-American Network of Community Foundations, visit: http://fciberoamericanas.org/
pb/a-rede/
6
To learn more about Banco Palmas, visit: http://www.institutobancopalmas.org/rede-brasileira-de-bancos-comunitarios/
7
To learn more about E-dinheiro Brasil, visit: http://edinheirobrasil.org/sobre-nos/

234
A RT I C L E S

The donation of the financial resources via digital social currency replaced the
traditional practice of donating food baskets, which facilitated the logistics of
distribution and decreased the need for contact among people. With the social
currencies, families began to have autonomy in the management of the financial
resources and were able to acquire food items such as meat, vegetables, and fruits,
cleaning supplies, hygiene items such as disposable diapers, and other items that are
not included in the food baskets usually donated.
In two years, more than BRL 2 million in social currency circulated in six vulnerable
territories of Greater Florianópolis. Following the logic of the social technology of
community banks, social currencies were only accepted in businesses where the bank
operated, strengthening the local economy. Most of the establishments supported
were small, with up to three employees. In addition to the 50 markets, 12 beneficiary
families engaged in the food sector were registered as business owners, generating
another source of income.
Figure 1 illustrates the flow of support from the ICOM Community Bank, as shown
on the organization’s website.

FIGURE 1

ICOM COMMUNITY BANK SUPPORT FLOW

Local business is
Individuals and strengthened
companies donate to the
ICOM Community Bank

Families buy items they need from


local business owners in their
communities

ICOM, IVG, and partners transform Local civil society organizations


the Brazilian Real into social assist families and business
currency and donate it to families owners throughout the process
in social vulnerability

SOURCE: ICOM (2021).

235
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Community banks, social currencies, and digital technologies


Community banks arise from the capacity for community mobilization and
collective action and as an expression of democracy (Rigo, 2020a; Torres Jr., 2022).
They show new possible ways of economic and social development. The need for
answers to the challenges of the COVID-19 pandemic and more intensive use of ICT
have driven the diversification and expansion of these development possibilities.
The pioneering initiative of Banco Palmas relied on a low initial investment and
the issuance of social coins in paper money, called Palmas (Borges, 2011; França Filho
& Silva Junior, 2009). The impact on the territory was so significant that, in just
over ten years, the volume of purchases by families in the neighborhood went from
20% to 93%. In 2011, the wealth circulating in the neighborhood was about BRL 68
million (Cernev & Diniz, 2020). Other community banks, when they emerged, also
issued social paper currency.
The evolution from physical to digital money, through the E-dinheiro platform,
occurred in 2015, mainly motivated by the expansion of community banks across
the country. This expansion includes different models of organization (Rigo, 2020a).
The E-dinheiro app is a platform that uses mobile digital technology for social
currencies, also called complementary currencies (Gonzalez et al., 2020; Rigo, 2020b).
The platform is managed by the E-dinheiro Brasil Institute. Digital complementary
currencies incorporate information technologies to enable their circulation in the
territories in which they operate (Gonzalez et al., 2020). The E-dinheiro platform
provides a digital checking account for users and offers banking services, and is available
to organizations interested in implementing a community bank in a given region.
Digitization has allowed the sharing and multiplication of the use of social
technology. In addition, the new form of currency circulation has expanded the services
offered by community banks, such as bill payment, transfers, balance consultation,
mobile phone recharges, and tools to facilitate users’ financial education (Cernev
& Diniz, 2020). All these new possibilities, integrating social technology with ICT,
contributed to the insertion of people with social vulnerability into banking services.
The presence of technologies and the availability of support and guidance from
the E-dinheiro Brasil Institute, which is part of the Brazilian Network of Community
Banks, were essential to the agility and quality of the actions of the ICOM Community
Bank, in Grande Florianópolis.

The use of ICT in the daily management of the ICOM Community


Bank
Using ICT, the operation of the ICOM Community Bank was carried out 100%
online, allowing agility and low cost of response to challenges, while respecting the
distancing protocols required at the time. Vulnerable communities in the region,
which are generally excluded from the world of technology, accessed the E-dinheiro
application to obtain and circulate the currency. Community groups, through instant
messaging applications, facilitated decision-making and communication processes.
236
A RT I C L E S

The implementation included weekly online follow-up meetings with the


organizations involved – from April 2020 to December 2021 - which provided
proximity, learning, trust, adaptation, and rapid response to the demands and
difficulties that arose. In addition, instant messaging applications were used for
information and decision-making flows. Monitoring and evaluation with families
and business owners took place using online forms. One of the aspects evaluated was
their perceptions of the experience of receiving or accepting social currencies. The
results of the evaluations are important for improvement and finding new possibilities
for using social currencies in the region.
In addition to the use of social currencies, the forms made it possible to make a
more in-depth diagnosis regarding the perceptions of the supported families about
their own territory. The responses expressed people’s challenges and dreams in the
units served by the Bank. These responses were used by ICOM and local organizations
to underpin new local projects and actions that are aligned with the most latent
challenges and with the wishes of the interested populations.
The platform itself, with data from families and flows, and the monitoring systems
facilitated accountability for donors and partners. This data allowed better knowledge
about the communities and their characteristics and the creation of new lines of
action. For example, in Frei Damião, a town in the municipality of Palhoça, the results
showed that 90% of the supported families were headed by women. This motivated
a partner organization to carry out a program to prevent violence against women
(United Nations Brazil, 2021).

Lessons learned and perspectives


The experience with the ICOM Community Bank allowed the participants to learn
a series of lessons. It involved changes and innovations in processes and practices, in
the organization of work and in relationships. The remarks of a partner organization's
manager exemplify this:

One thing that inspired me was the virtual meeting of mothers [virtual meeting
with beneficiary families of the Community Bank]. It was challenging for families
who were not used to virtual work, because many people have manual jobs and
do not use virtual mediums to this end. They were up to participating, that was
very inspiring. After the meeting with the mothers, I was very motivated to
create a virtual group to assist and welcome families (ICOM, 2021).
Table 1 summarizes the lessons learned on the use of ICT from the experience of
the ICOM Community Bank between 2020 and 2021.

237
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

TABLE 1

LESSONS LEARNED ABOUT THE USE OF ICT IN THE ICOM COMMUNITY BANK

Partner
Beneficiary
civil society Business owners ICOM Donors
families
organizations
Implementation of Need for digital Need for digital New outlook Increased
new work practices inclusion and inclusion and on networking transparency about
using online tools democratization of training on how to with civil society project results.
(meeting rooms, Internet access. use technology to organizations.
forms, information grow their business.
storage and More detailed
sharing). The use of social Management of feedback to those
networks facilitates Possibility of solving data on information involved on the
making contact, technical problems about the profile of the
New way of thinking disseminating and answering populations served. families supported,
about how to information, and questions in real the destinations,
assist families holding meetings time. and impact of the
and guarantee to monitor projects Possibility of donations.
more protection and community learning more about
for the teams actions. Possibility the reality in which
involved during the of mapping, it operates. Simpler
pandemic. registering management of
and financially donations.
supporting New expertise and
informal and formal tools to respond to
entrepreneurs in crisis situations. Possibility for
the communities donations to reach
served. beneficiaries at a
Possibility of low cost.
expansion of its
operations with the
bank in other cities.

Expansion of
its impact on
the territory of
operation.

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHORS.

Many families had limited Internet access and lack of smartphones to work with
the application. This was the main challenge faced by ICOM in using ICT. The
need to democratize Internet access in the most vulnerable areas and encourage
digital inclusion became evident. Although Florianópolis stands out in the technology
sector, being known as the “Brazilian Silicon Valley” for concentrating research,
organizations, and public and private investments in information technology, this
is not the reality for many people living in the most vulnerable areas of the region.

238
A RT I C L E S

Digitizing the currency was also a challenge in the Conjunto Palmeiras community.
The solution found by Banco Palmas to circumvent the cost of devices and promote the
use of the application was to offer low-cost mobile phone financing, with payments in
many installments and at low interest rates (Cernev & Diniz, 2020), contributing to
digital inclusion. In the case of the ICOM Instituto Comunitário Grande Florianópolis,
the solution found was to make donations to the partner civil society organizations,
which bought smartphones and then offered a type of loan to business owners. This
was the case as, in the model used for donations, only the business owners needed
mobile phones, making it easier for beneficiaries, who could buy with their Individual
Taxpayer Numbers in the registered stores. At the end of the social currency donation
cycle, civil society organizations were able to use the purchased mobile phones for
their own activities.
During the pandemic, the social technology of community banking and the virtual
currencies were central to the work of ICOM and its partners. In addition to helping
in the pandemic, the use of ICT by the Community Bank made it possible for ICOM to
reach different regions of Santa Catarina and meet other needs. The technology was
used, for example, to support families affected by a cyclone in the state, also in 2020.
Based on the experience of the ICOM Community Bank, one of the partner
organizations will continue to operate in some of the communities of Greater
Florianópolis on a regular basis. ICOM will continue to use social technology in
emergency situations. Additionally, it will continue supporting the development of
new community banks and the production of knowledge on the topic in Santa Catarina,
as well as using digital complementary currencies for territorial strengthening and
payment of benefits, such as basic income.

Conclusion
The COVID-19 pandemic accelerated the incorporation of the use of ICT in
the work performed by civil society organizations, especially those that needed to
reinvent their forms of work to adapt to the context (Andion, 2020). In the case of
ICOM, despite being an experienced organization in the territory and already using
ICT in some initiatives, the experience with the ICOM Community Bank generated
unprecedented learning and made it possible to expand the social impact in the Greater
Florianópolis region. This is just one of the thousands of examples spread across Brazil
in which it is possible to perceive rapid, creative and transformative action by civil
society organizations that is not restricted to the pandemic.
To move forward, more individuals, governments, and businesses could become
partners of these organizations, investing in developing new skills, and acquiring
new systems, knowledge, and experiences. The potential for social transformation
in the most vulnerable areas can be boosted by the development and use of social
technologies, such as the Community Bank and social currency, and ICT, through
partnerships involving local people and various organizations.

239
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

This combination of social technology and ICT is a great innovation, available


through community banks and digital social currencies. Faced with the emergency
of the COVID-19 pandemic, it was possible to quickly and effectively involve
families, local small businesses, resident associations, and other community civil
society organizations, social technology networks, individual and business donors,
government agencies, and international organizations. Similar actions implemented
by the ICOM Community Bank go beyond feeding and strengthening local economies,
because they contribute to the digital inclusion of vulnerable families and community
development. Experience shows that this is possible, although there are challenges
in terms of scale and continuity of resource mobilization beyond the emergency
situations.

240
A RT I C L E S

References
Andion, C. (2020). Atuação da sociedade civil Instituto Comunitário Grande Florianópolis.
no enfrentamento dos efeitos da COVID-19 no (2021). Relatório da Linha de Apoio Emergencial
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936–951. https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/ d/117ss6iDSS-BxNdBslK_Svz_JV6pqsejY/
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França Filho, G. C., & Silva Junior, J. T. (2009). Rigo, A. S. (2020b). Community Currency.
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Gonzales, L., Kemmer-Cernev, A., Araujo, governance, collective action, democracy
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Administração Pública, 24(5), 487-506. http:// Edward Elgar Publishing Limited. https://
dx.doi.org/10.1590/0034-761220200234 www.e-elgar.com/assets/Companion-
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fciberoamericanas.org/pb/a-rede/ United Nations Brazil. (2021, December 6).
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de Bancos Comunitários. http://www. un.org/pt-br/161837-unops-realiza-oficina-
institutobancopalmas.org/rede-brasileira-de- sobre-violencia-domestica-em-comunidade-
bancos-comunitarios/ de-santa-catarina

241
Implications of social media use by civil society
organizations1
Laura Conde Tresca2

C
reating communication strategies for social media has become essential in
organizations of any nature. There is a vast literature, including manuals,
aimed at optimizing the use of platforms to increase sales and promote
causes, for instance, in the case of social organizations3. However, little
is discussed about the effects of using these strategies in nonprofit
organizations. When they choose to base their communication strategy
on traditional social networks, what are the implications of such a choice?
And what Internet model is being fostered?
The objective of this article was to address, based on the data of the ICT Nonprofit
Organizations 2022 survey, to what extent the use of social networks has become
essential to communication about causes, social mobilization, and, lastly, fundraising
for social organizations. At the same time, it analyzed how the use of networks boosts
a limiting communication process, with profound impacts on the construction of the
knowledge society. Thus, this article analyzed the use of social networks by nonprofit
organizations and the implications of the use of this communication strategy, in
addition to indicating alternatives for communication processes that are more aligned
with the perspective of social justice.

1
I would like to thank Professor Rafael Evangelista for the bibliography suggestions.
2
Mother. Undergraduate social science degree from the University of São Paulo (USP), journalist and master's degree in
communication from the Methodist University of São Paulo (Umesp). She has been working with Internet policy since 2007.
In 2018, she participated in the International Visitor Leadership Program (IVLP), offered by the US Department of State. In the
same year, she coordinated a project on community networks that received LACNIC's Frida Award. She is executive director
of the govDADOS Association and advisor to the Brazilian Internet Steering Committee (CGI.br).
3
Examples of these manuals include: A bíblia do marketing digital: tudo o que você queria saber sobre marketing e
publicidade na Internet e não tinha a quem perguntar (2018); Planejamento de marketing digital (2017); Spreadable media:
Creating value and meaning in a networked culture (2013).

243
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

The use of social networks by civil society organizations


The registrations of .com.br and .org.br websites are the top choices of domains
for the Web pages of civil society organizations (Brazilian Network Information
Center [NIC.br], 2023), although they are not the only options available: There is
also the .ong.br domain, for example. Today there are 52,432 websites registered with
the .org.br ending, representing one of the .br domains with the highest number of
registrations in Brazil (NIC.br, 2022). However, the ICT Nonprofit Organizations
2022 survey demonstrated that only 36% of Brazilian nonprofits had websites or Web
pages, and 65% did not intend to create a website or homepage in the next 12 months.
Furthermore, 70% did not intend to register a domain name in the next 12 months.
If domain registrations by civil society organizations are relevant for .br to be one of
the most numerous country code Top-Level Domains (ccTLD) in the world, data from
the ICT Nonprofit Organizations 2022 survey indicated that civil society organizations
are betting on only creating profiles on social networks as a communication strategy
with their audience.4
According to the survey, 71% of organizations had profiles or accounts on social
networks or online platforms (NIC.br, 2023). For this reason, in order to exist
digitally, it is no longer imperative to register the domain name itself. It is necessary
to have pages on the most important social networks, namely Meta (holding enterprise
for Facebook, Instagram, and WhatsApp), YouTube, Twitter, LinkedIn, or TikTok.
In fact, many enterprises or organizations choose to only have an account on social
networks and not create their own domain name. In other cases, the institutional page
ends up being a mere “business card,” and the organization’s content and products
are effectively disseminated on social networks – after all, this is where the target
audience is interacting and consuming information.
The main social network used was Facebook, mentioned by 61% of social
organizations. It is important to note that the institutional use of instant messaging
applications, such as WhatsApp or Telegram, was also considerable, mentioned by
55% of social organizations. They are followed by Instagram, TikTok or Flickr, with
48% (NIC.br, 2023), as shown in Chart 1.

4
Aware of this trend, in 2017, NIC.br created a feature that incorporates the redirection of pages from .br domains (https://
www.nic.br/noticia/na-midia/nic-br-incorpora-redirecionamento-de-paginas-a-partir-de-dominios-br/)

244
A RT I C L E S

CHART 1

ORGANIZATIONS WITH SOCIAL NETWORK PROFILES OR ACCOUNTS BY TYPE OF SOCIAL


NETWORK (2022)
Total number of organizations (%)
100

80

61
60 55
48

40 37

20
10 9
6

0
Facebook WhatsApp Instagram, YouTube Twitter LinkedIn WordPress,
or Telegram TikTok or Flickr or Vimeo Blogspot
or Medium

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHOR BASED ON NIC.BR (2023).

The main uses of social networks were: posting pictures, videos or audio of activities
carried out, and posting news about themes related to the organization’s area of
activity (NIC.br, 2023), as can be seen in Chart 2.

245
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 2

ORGANIZATIONS WITH SOCIAL NETWORK PROFILES OR ACCOUNTS BY ACTIVITIES


CARRIED OUT (2022)
Total number of organizations with Internet access and that had their own profiles or accounts on online
platforms or social networks (%)

Posting news about the organization 86

Posting pictures of activities carried out 86

Publicizing video or audio recordings of activities carried out 83

Posting news about themes related


to the organization’s area of activity 82

Posting institutional information about the


organization such as contact and address 80

Replying to comments and questions of


76
beneficiaries or the public assisted

Streaming or real-time online broadcasting of events 73

Posting opinions/positions of the organization


63
on themes related to its area of activity

Promoting products or services 57

Promoting petitions and awareness or mobilization campaigns 57

Posting the organization's or third-party publications and studies 54

Posting information for the rendering of accounts of the organization 50

Publicizing actions and campaigns of other organizations 49

Requesting donationss 43

Recruiting volunteers 34

0 20 40 60 80 100
SOURCE: PREPARED BY THE AUTHOR BASED ON NIC.BR (2023).

One possible hypothesis is that social networks are attractive to nonprofits because
of their potential for building relationships with diverse stakeholders.

Nonprofit organizations’ success hinges in large part on their ability to build


quality relationships with key sets of stakeholders such as donors, clients, grant
makers and grant seekers, and the public at large. Nonprofits’ social capital, thus,
comprises the resources embedded in these strategic alliances and stakeholder
relationships. (Doerfel et al., 2017, as cited in Xu & Saxton, 2019, p.32)
Data from the ICT Nonprofit Organizations 2022 survey showed that the
use of social networks has become essential for communicating about causes,
social mobilization, and even fundraising. This communication strategy of social
organizations has been more important than the creation of Web pages with their
own domain names (NIC.br, 2023).

246
A RT I C L E S

The siren’s song


The emergence of the Web was a period of high creativity for languages, aesthetics,
and experimentation on best practices for disseminating products and information
on the Internet. It is possible to draw an analogy with the emergence of cinema. In
the beginning, there was enthusiasm about producing works based on innovative
artistic manifestations. Over time, the entertainment industry has come to standardize
techniques such as framing forms, light, camera movement, narratives, etc. With
this, the industry gradually determined what cinema is. At the beginning of the Web,
“everyone” had a blog. Not much knowledge of technology was required, nor of video
recording techniques, narrative structures, or design. There are almost no bloggers
anymore. They were replaced by influencers, who operate on certain platforms. As
with cinema, over time, the development of social media platforms has determined
what the experience of browsing or being on the Web is.
Social networks are like the siren’s song, as they are pleasurable, easy to use, and
charming. Mermaids are so beautiful and sing so sweetly that they lure in sailors
who run their ships onto the rocks and sink. From the moment social networks
reached a large audience, when they became the main way to be on the Web, the
reach of communications began to be limited. Today, only those who can sponsor
their content can deliver it.
However, this dynamic has not always been prevalent. Until recently, social
networks were essential for the affirmation of rights.

When many scholars began conducting research on social media, we were


inspired by what we thought of as the democratizing possibilities and effects
of social media platforms. For Tunisia in the Arab Spring of 2011, the Spanish
indignados, and later Occupy Wall Street (Gerbaudo, 2012), social media
platforms—like Twitter—were lauded as key tools to facilitate the organization
of social movements by serving as a stitching mechanism. That is, protestors
were able to use Twitter to stitch together a network of both human and
technology-based networks (Agarwal, Bennett, Johnson, & Walker, 2014;
Bennett, Segerberg, & Walker, 2014). Research has repeatedly evidenced that
activists were successfully recruited on social media platforms (González-
Bailón, Borge-Holthoefer, Rivero, & Moreno, 2011), and activists also embraced
social media to share news, information, and statements of solidarity (Gruzd
& Tsyganova, 2015; Nahon, Hemsley, Mason, Walker, & Eckert, 2013; White,
Castleden, & Gruzd, 2014). (Hemsley et al., 2018, p. 1)
In the field of women’s rights in Brazil, social networks were essential for what
became known as Women’s Spring in 2015. Campaigns such as #meupreimeiroassedio
(my first harassment), #meuamigosecreto (my secret friend) and #agoraéquesoelas
(now it’s women’s turn) left the virtual networks, took to the streets, and influenced
the public debate.
However, starting in 2018, Facebook (the main social network used by nonprofit
organizations, as mentioned above) changed its content distribution algorithm
and limited the organic reach of posts. Today, practically only sponsored posts
are distributed, a dynamic that also occurs on other social networks. However,

247
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

the ICT Nonprofit Organizations 2022 survey demonstrated that only 13% of
these organizations paid for online advertising. Among those who had computers,
the main difficulty in using the devices and the Internet was having “Insufficient
financial resources to invest in technology” (Chart 3). In a context in which there
is no engagement or organic viralization, and in which organizations do not have
money to sponsor their content, they begin to have restricted reach on the Web.

CHART 3

ORGANIZATIONS WITH COMPUTERS BY TYPE OF DIFFICULTY WITH USING COMPUTERS AND


THE INTERNET (2022)
Total number of organizations that used computers (%)

Insufficient financial resources to invest in technology 64

Outdated equipment 35

Insufficient number of computers connected to the Internet 34

Insufficient number of computers 34

Lack of training among the team to use computers and the Internet 32

Lack of technical support 30

Low speed of connection to the Internet 27

Other reasons 1

0 20 40 60 80 100

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHOR BASED ON NIC.BR (2023).

Moreover, post sponsorship is not the only cost involved. A new communication
production chain has been created to meet the demands of producing and disseminating
content on social networks. Specific professionals are needed, with skills to write,
create cards, edit videos, develop vignettes for podcasts, edit audio clips, create content,
and manage posts, contacts, boosts, etc. As with cinema, social networks require
specific and specialized aesthetic and technical standards. However, according to the
ICT Nonprofit Organizations 2022 survey, these organizations sometimes contracted
information technology (31%), but only 16% had institutional communication/media
management services.
In addition, through clear intervention in the free flow of information, platforms
have the power to boost (or not) certain causes. Paying for the circulation of content
is not always a viable option for social organizations in the current context. Therefore,
for a campaign to gain minimal visibility, it needs to earn the seal of a platform. As
part of their “social responsibility” activities, some platforms distribute boost credits
to social organizations. However, by doing so, they induce the public to access specific

248
A RT I C L E S

information, according to their own interests. In this sense, social media platforms are
shaping public debate and, ultimately, creating the standards for what the information
society itself is.
This brings new challenges to nonprofit organizations, since they need to “be
seen” before they can “be.” For a long time, analog media, through agenda setting, has
fulfilled the role of giving visibility in the public debate to certain issues, causes, or
organizations. Today, the Internet and, in particular, social networks, have enhanced
the need for exposure:

Visibility is the presupposition of public existence. In “society of self-promotion”


(Thompson, 2008), on the one hand, we experience the enhancement of the
possibilities of public expression, of being in the arena of visibility, and on the
other hand, we tend to become very dependent on it. According to Trivinho
(2011, p.113 – emphasis added), There is “[...] an existence (personal, group,
governmental, corporate, etc.) entirely conditioned on its appearance in
media visibility,” because the ethos of current civilization claims the presence
of the subjects for otherness” [...] regardless of whether it grants the required
attention”; thus, it consists in “(over)exposing oneself or becoming visible” to
“[...] exist in some way (as a simulacrum) before the set of perceptual senses of
otherness.” (Silva & Baldissera, 2021, p.161).
Social organizations have the false feeling that they are adopting the best strategy
(or a possible communication strategy) in the digital context. However, without
money to sponsor content, without creating their own Web pages, and without
alternative communication strategies, nonprofit organizations end up nurturing a
new version of agenda-setting – led by algorithms. And there are great risks of “not
being,” because achieving visibility is difficult, despite the false appearance of openness
and potential for viralization.
Thus, by giving priority to this communication strategy, in addition to contributing
to the concentration of the attention market, nonprofit organizations foster a
communication model based on “unbalanced representations of viewpoints, audience
fragmentation, and the dominance of commercial interests” (Bruns & Highfield,
2016, as cited in Xu & Saxton, 2019, p. 30). There are also critiques of the business
model based on profiling and targeted advertising, which influence the subjectivity of
individuals - that is, they create and stimulate feelings artificially, causing emotional
sequels in people and social and political consequences.

Conclusion
Nonprofit organizations face difficulties in expanding their operations and drawing
attention to their causes, because they need to have profiles on social networks to
exist digitally. However, if they do not pay for ads or sponsor their posts, they are not
seen. Unfortunately, the reality of social organizations in Brazil is quite challenging
with regard to sustainability, as demonstrated by data from the ICT Nonprofit
Organizations 2022 survey, cited above.

249
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Social media could play a role, as perhaps it already has, as a catalyst for mobilizing
and promoting social causes. However, today, it has become another weighty factor
in the budget of nonprofit organizations, which are forced to pay for some messages
to reach their audiences. Still, they are not very sure of the effective impacts of this
communication, but they have the perception that they are executing the correct
communication strategy, since everyone is doing it. It is the siren’s song calling the
sailors out onto the rocks.
Thinking about and adopting communication strategies on the Internet, more
aligned with the causes defended and the social and economic development of society,
is a challenge, but perhaps an imperative not to fail. In this sense, alternative and
community infrastructure and media that have a digital presence can be an alternative
to be explored by organizations. An example of this is the social network Black e Black
(https://www.blackeblack.com/), which presents itself as an environment in which
Black individuals feel more comfortable to expose their ideas and thoughts. This can
be an alternative social network to post photos, videos or audios of activities carried
out and news about organizations or topics related to that area of activity. Another
example is the MariaLab Collective, which promotes the autonomous network Fuxico
(https://www.marialab.org/fuxico/). On it, a server with feminist content is installed
on a Raspberry Pi and distributed over a local network, which may even have an
instant communication application. This is an example of how to distribute content
through autonomous or community networks. The list of examples is extensive. With
research and creativity, it is possible to think of communication strategies that are
more consistent with social justice values.

250
A RT I C L E S

References
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Brazilian Network Information Center.


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251
ICT, individual donations, and nonprofit
organizations
João Paulo Vergueiro1, Flávio Pinheiro2, and Marcos Paulo de Lucca-Silveira3

I
t is a consensus in academia that donations are an important source of funds for
nonprofit organizations (NPO). In the international literature, there is substantial
academic and non-academic production on the subject, which even discusses the
reasons why people donate (e.g., Bekkers & Wiepking, 2011).
However, NPO are complex institutions. Not from a legal standpoint, since
formally there are only three main types in Brazil: associations, foundations, and
religious organizations (Law No.13.109/2014). However, these organizations become
complex because of how they are financed and how they generate their resources. In
view of this issue, this article discusses the different ways in which NPO raise funds.
Still understudied in Brazil, the revenues of organizations can have varied origins.
One of the most common sources is public administration, especially the executive
branch. In 2018, for example, the federal Brazilian government transferred BRL 12.9
billion to institutions throughout the country (Institute of Applied Economic Research
[Ipea], 2021), and a good part of these resources was transferred to organizations that
provide services within the Unified Health System (SUS) in locations throughout
the country.

1
Professor and coordinator of the Scholarship Fund and Alumni at the Álvares Penteado School of Commerce Foundation
(Fecap). PhD candidate in administration at the Getulio Vagas Foundation (FGV-SP), where he studies philanthropy. Master’s
degree in administration and bachelor’s degree in administration and law from the same institution. Advisor to the Amor
Horizontal Foundation, Kibô-no-Iê, NHR Brasil and the Regional Board of Directors of São Paulo (CRA-SP). He was executive
director of the Brazilian Association of Fundraisers (ABCR) from May 2015 to January 2023.
2
Main researcher at the philanthropy research center of the José Luiz Egydio Setúbal Foundation and professor of the
graduate program in public policy at the Federal University of ABC (UFABC). PhD in international relations and political science
from the University of São Paulo (USP) in 2014. In 2016 and 2017, he was a visiting researcher, as a postdoctoral fellow, at
the Niehaus Center for Globalization and Governance (NCGG) (Woodrow Wilson School, Princeton University) and, from 2011
to 2013, he was a visiting researcher at the University of California, San Diego (UCSD).
3
Researcher coordinator of the philanthropy research center of the José Luiz Egydio Setúbal Foundation and professor at the
São Paulo School of Economics at FGV-SP. PhD and master’s degree in political science from USP. Bachelor’s degree in social
sciences from the same university. His main research topics are philanthropy, distributive justice, health, and applied ethics.

253
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Another common source of these resources is the generation of their own revenue,
here understood as the sale of products or the provision of services carried out directly
by institutions or by businesses that they control. In Brazil, there is no legal restriction
on nonprofit organizations generating income using the same formal instruments as
other enterprises. The only caveat is that they cannot distribute profits earned and
must reinvest any surplus in the activities of the institutions themselves (Aninat et al.,
2022). At the same time, the reality of organizations that obtain resources in this way
is little known, since there is no research that indicates how much they represent
for the sector in the country. In the United States, however, it was found that own
revenue was the largest source of funds of the entire nonprofit sector, generating
more than 1 trillion dollars in 2015 (Pratt & Aanestad, 2020).
Finally, the third most important source of NPO income is donations. Formally
characterized as the voluntary transfer of resources for the common good,
philanthropic individual donations (to formally constituted institutions) amounted
to more than BRL 10.3 billion in 2020 (Institute for the Development of Social
Investment [Idis], 2021), and donations from large enterprises were more than BRL
1.9 billion in the same year (Comunitas, 2021).
When analyzing donations worldwide, there is a prevalence of those made by
individuals, especially when compared to those made by enterprises. If, in Brazil,
individual donations are almost 10 times greater than corporate donations, in the
United States, the difference is even greater, at a ratio of almost 15 to 1 (Pratt &
Aanestad, 2020).
Despite the considerable amounts collected, as identified in surveys, the real factors
that make NPO successful in the use of individual donations are still poorly known
in the field of philanthropy and NPO management in Brazil. There is no doubt that
donations from individuals are an essential part of the resources that enable NPO to
function in Brazil (Vergueiro & Rodríguez, 2015). Gouveia and Daniliauskas (2010)
pointed out that individual donations grew in importance throughout the 2000s.
According to these authors, at the end of the decade, 90% of organizations linked to
the Brazilian Association of Non-Governmental Organizations (Abong) derived up
to 20% of their total revenue from this source.
However, few analyses discuss in greater depth the variables associated with the
activity of raising these donations and the use of information and communication
technologies (ICT) for this purpose. According to Salla et al. (2019), the absence
of systematized knowledge on the subject stems from the following factors: lack of
monitoring parameters, difficulty in accessing information, and outdated existing data.
Consequently, the use of ICT by NPO in fundraising (donations, use of crowdfunding,
digital payment systems such as Pix, administered by Brazil’s Central Bank, etc.) is a
subject that has not yet been systematically researched in Brazil, as well as in other
countries of the Global South.
In view of this gap in studies, this article aims to evaluate the dynamics that
determine the variation in voluntary donations of individuals as a source of funds
for NPO, as well as its relevance, and analyze the other financial origins. This article
is based on data from the 2022 ICT Nonprofit Organizations survey and previous
editions (Brazilian Internet Steering Committee [CGI.br], 2013, 2015, 2017).
254
A RT I C L E S

Voluntary donations from individuals to NPO between 2012 and 2022


The ICT Nonprofit Organizations survey measures different aspects related to
voluntary donations made by individuals and the use of ICT. Even without the use of
microdata for this analysis, the available data allows reflection on the role of donations
as a source of funds for NPO, especially when compared with the results of similar
surveys conducted in 2012, 2014, and 2016.
Over the past decade, there has been little variation in the role of voluntary
donations from individuals as the main source of funds for NPO. If compared with
the other sources, as can be seen in Chart 1, donations and monthly fees are the
most mentioned sources of income, far outweighing other sources, such as from
companies, government organizations, religious organizations, and selling of
products/services4. The difference between donations and membership fees and
the other sources increased in 2022; however, with regard to donations alone, and
taking into account the margin of error, represented by the error bars at the top of
the main bars, it is practically non-existent. For example, it would have a maximum
value of 25.8% in 2012 and 25.9% in 2016, and a minimum value of 26.1% in 2022
(Brazilian Network Information Center [NIC.br], 2023). Therefore, even considering
the changes imposed by the COVID-19 pandemic and the drop in public resources, the
importance of individual donations did not increase when compared to monthly fees.

CHART 1

ORGANIZATIONS BY MAIN SOURCE OF FUNDING (2012-2022)


Total number of organizations (%)
100%

80%

60%

40%

20%

0%
2012 2016 2022

Enterprises Religious organizations Services/products State


Federal Municipal Donations Monthly fees

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHORS BASED ON NIC.BR (2023).

4
In Chart 1, only the main sources were included. The original categories are as follows: “Foreign governments,” “International
organizations,” “Voluntary donations from individuals,” “Selling of products/services,” “Labor union contributions,” “Monthly
or annual fees paid by members,” “Federal government organizations,” “State government organizations,” “Municipal
government organizations,” “Private companies,” “Other nonprofit organizations,” “Churches or religious organizations,”
“Public or mixed-capital companies,” and “Others.” 255
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

It can be discussed whether this is an issue related to supply or demand: On the


one hand, there may be little supply of donations, with few individuals donating
or likely to donate; on the other, there is a possibility that there is little demand for
donations, with organizations being uninterested in resorting to fundraising or doing
so inappropriately. In the survey Doação Brasil (Brazil Donation) (Idis, 2021), 40% of
the population reported having made at least one donation to a NPO in 2020. Even
if only the economically active population of the country is considered (Secretariat
of Economic Policy [SPE], 2022), there would still be more than 50 million donors.
To understand this topic in greater depth, the dynamics of donations was observed
between 2012 and 2022, considering the characteristics of the organizations, such as
location (regions), size, and area of activity. To this end, two research questions were
used: one that studied the proportion of organizations that received voluntary donations
from individuals, among other sources, and one that presented the proportion of
organizations whose main source of income was donations (NIC.br, 2023).
Chart 2, which presents the results of the two questions segmented by country and
by region, shows a slight increase in the national proportion of organizations that
have received donations since 2022: from 52% to 63% (NIC.br, 2023). The margin
of error is restricted to three percentage points of real growth. However, it was not
possible to discuss regional differences with the available data.
The same can be said for organizations that rely on this type of donation as the main
source of funding. Between 2012 and 20165, the figures were practically identical, as
has already been pointed out in Chart 1, and it was not possible to identify a significant
regional difference between the organizations.

5
This question was not included in the 2014 survey.

256
A RT I C L E S

CHART 2

ORGANIZATIONS THAT RECEIVE DONATIONS FROM INDIVIDUALS, BY REGION (2012-2022)


Total number of organizations (%)
Voluntary donations from individuals Voluntary donations from individuals as the main source of funds
100% 100%

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
2012 2014 2016 2022 2012 2016 2022

Brazil Center-West North


Northeast South Southeast

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHORS BASED ON NIC.BR (2023).

For the analysis of the dynamics of donations according to the organizations' size,
the number of employees was used as a proxy, and organizations were divided into
three categories: a) no paid employees; b) with 1 to 9 paid employees; and c) with
more than 10 paid employees.
Chart 3 shows that, as of 2022, the number of large organizations that received
individual donations had increased: in 2012, this percentage was 40%, and in 2022,
62%. Despite this variation, the smaller institutions had the highest proportion of
donations as a source of funds. However, it cannot be said that the importance of this
source has varied over the past ten years (NIC.br, 2023).

257
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 3

ORGANIZATIONS THAT RECEIVE DONATIONS FROM INDIVIDUALS, BY SIZE (2012-2022)


Total number of organizations (%)
Voluntary donations from individuals Voluntary donations from individuals as the main source of funds
100% 100%

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
2012 2014 2016 2022 2012 2016 2022

0 1-9 +10

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHORS BASED ON NIC.BR (2023).

Despite this, NPO in the religious, health and social assistance, and housing and
environment areas stood out from the others, as observed in Chart 4. In addition,
when we look at the organizations that have individual donations as their main
source of funding, emphasis goes to those that work in the religious and housing
and environment areas.
In general, the analysis shows low variation over the last ten years. First, it is
necessary to point out that in the different editions, areas were categorized in different
ways. In 2012, there were five areas of activity mentioned and, in this last edition,
there were eight: “Employer and professional associations,” “Culture and recreation,”
“Education and research,” “Development and defense of rights,” “Religion,” “Health
and social assistance,” “Housing and the environment,” and “Other”.

258
A RT I C L E S

CHART 4

ORGANIZATIONS THAT RECEIVE DONATIONS FROM INDIVIDUALS, BY AREA OF OPERATION


(2012-2022)
Total number of organizations (%)
Voluntary donations from individuals Voluntary donations from individuals as the main source of funds
100% 100%

80% 80%

60% 60%

40% 40%

20% 20%

0% 0%
2012 2014 2016 2022 2012 2016 2022

Employer and professional associations Culture and recreation Development and defense of rights Education and research
Housing and the environment Others Religion Health and social assistance

SOURCE: PREPARED BY THE AUTHORS BASED ON NIC.BR (2023).

One of the issues that drew attention when considering the search for individual
donations was the low use of technology by NPO, more specifically the Internet.
Despite this, an effective increase can be observed in fundraising via digital means
when comparing 2016 and 20226. Chart 5 shows that in 2016, 5% of organizations
received donations through the Internet, while this figure rose to 22% in 2022.
However, there was low institutionalization of the practice, with little use of
crowdfunding campaigns and organization websites.

6
The question was presented only in the surveys conducted in the years identified in Chart 5.

259
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

CHART 5

ORGANIZATIONS THAT RECEIVE DONATIONS THROUGH THE INTERNET, BY FUNDRAISING


CHANNEL (2016-2022)
Total number of organizations (%)
100%

80%

60%

40%

20%

0%
2016 2022

Crowdfunding Social networks Organization website Total


SOURCE: PREPARED BY THE AUTHORS BASED ON NIC.BR (2023).

Conclusions
Although it is important to study and understand the issue of donations as a source
of income for nonprofit organizations, in Brazil, the topic still receives little scientific
attention. There are few studies, such as the ICT Nonprofit Organizations survey, that
provide a close look at this topic. The 2022 edition has the merit of giving continuity
to the previous versions and consolidates a historical series on the main sources of
revenue of Brazilian NPO and how they use technology to raise funds.
Although the variation in individual donations as a source of funds was small in
the 2022 survey results, as presented in the analysis, it is important to note that it has
been consolidated as the most common source in the sector, surpassing, in proportion,
the relevance of membership fees. In addition, and with the exception of donations
and membership fees, no other source of funds researched was common to more
than 10% of Brazilian institutions, reinforcing the significance of these two sources.
In the analysis, it was also observed that the profile of the organizations had little
influence on the weight that donations as a source of income. Regardless of the size
of the organizations, their location in Brazil, or their area of operation, donations
appear in similar proportions for all of them. This may lead us to infer that, in general,
the entire nonprofit sector is already effectively prioritizing donations as a source of
income, regardless of the organization’s profile.

260
A RT I C L E S

If this reality changes positively in the next editions of the survey, the trend is
for individual donations to have even greater importance for Brazilian nonprofit
institutions. An interesting point to study in the future, which the survey fails to
capture, is that the types of donations received by NPO can vary, as well as the volume,
which would allow for even more comprehensive understanding of the topic.
Another important consideration is that, given the relevance of digital channels
in raising funds in organizations, they are still very little used, according to the data
presented in the survey. It would be expected, however, that this result would be
different, considering that Brazil has gone through the COVID-19 pandemic in
recent years, which had as an indirect result a significant increase in connectivity
between people and corporations. Perhaps this advance has not been reflected in
the reality of NPO with regard to fundraising, even though digital techniques are
now widely available.
Finally, even if this is not the primary intention of the ICT Nonprofit Organizations
survey, it allows advances in the study of philanthropic donations in Brazil. This
understanding is essential so that the sector itself can develop strategies and practices
that further leverage donations, making organizations increasingly independent
through the financial contribution of the people who believe in them.

261
ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

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263
Pesquisa TIC Organizações Sem Fins Lucrativos 2022 — ICT Nonprofit Organizations Survey 2022

Lista de Abreviaturas

A4AI – Alliance for Affordable Internet LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ABEP-TIC – Associação Brasileira de Entidades LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação
MROSC – Marco Regulatório das Organizações da
Abong – Associação Brasileira de Organizações não Sociedade Civil
Governamentais
NIC.br – Núcleo de Informação e Coordenação do
BCD – Bancos comunitários de desenvolvimento Ponto BR
CATI – Computer-assisted telephone interviewing ONG – Organização não governamental
ccTLD – country code Top-Level Domains Osfil – Organizações sem fins lucrativos
CEDIS-IDP – Centro de Direito, Internet e Sociedade Rais – Relação Anual de Informações Sociais
do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e
RBS – Revista Brasileira de Sociologia
Pesquisa
SPE – Secretaria de Política Econômica
Cempre – Cadastro Central de Empresas
TI – Tecnologia da informação
Cetic.br – Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação TIC – Tecnologias de informação e comunicação
CGI.br – Comitê Gestor da Internet no Brasil
CIPL – Centre for Information Policy Leadership
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
COPNI – Classificação dos Objetivos das Instituições
sem Fins Lucrativos a Serviço das Famílias
CPF – Cadastro de Pessoa Física
CRM – Customer Relationship Management
DPO – Data Protection Officer
Fasfil – Fundações privadas e associações sem fins
lucrativos no Brasil
FGV – Fundação Getulio Vargas
Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz
GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis
Idis – Instituto para o Desenvolvimento do
Investimento Social
Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

266
List of Abbreviations

A4AI – Alliance for Affordable Internet ICT – Information and Communication Technology
ABEP-TIC – Brazilian Association of State Information LDB – Education Guidelines and Framework Law
and Communication Technology Entities
LGPD – Brazilian General Data Protection Law
Abong – Brazilian Association of NGOs
MROSC – Regulatory Framework for Civil Society
BCD – Community Development Banks Organizations
CATI – Computer-assisted telephone interviewing NGO – Nongovernmental Organization
ccTLD – country code Top-Level Domains NIC.br – Brazilian Network Information Center
CEDIS-IDP – Center for Internet, Law, and Society of NPO – Nonprofit Organizations
the Brazilian Institute of Education, Development, and
Rais – Annual List of Social Information
Research
RBS – Brazilian Journal of Sociology
Cempre – Central Register of Enterprises
SPE – Secretariat of Economic Policy
Cetic.br – Regional Center for Studies on the
Development of the Information Society
CGI.br – Brazilian Internet Steering Committee
CIPL – Centre for Information Policy Leadership
CNPJ – National Registry of Legal Entities
COPNI – Classification of the Purposes of Non-Profit
Institutions Serving Households
CPF – Individual Taxpayer Registration Number
CRM – Customer Relationship Management
DPO – Data Protection Officer
Fasfil – Private Foundations and Nonprofit
Associations in Brazil
Fiocruz – Oswaldo Cruz Foundation
GIFE – Group of Institutes, Foundations and
Companies
IBGE – Brazilian Institute of Geography and Statistics
ICOM – Greater Florianópolis Community Institute
Idis – Institute for the Development of Social
Investment
Ipea – Institute for Applied Economic Research
IT – Information Technology

267
Tel 55 11 5509 3511
Fax 55 11 5509 3512
www.cgi.br
www.nic.br
www.cetic.br

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